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Memória

O mais recente escândalo de Gabriel


García Márquez - uma �lha fora do
casamento
Aqui, a maior imoralidade é esta: o escritor não respeitou os limites da família, o círculo
sagrado do casamento. É isso, o escândalo, que envergonhado de tão miserável, não diz o
seu nome

Por Urariano Mota 21/01/2022 10:47

A Carta Maior, foi fundada em 2001. Era o início da rede mundial de computadores no
Brasil. O Facebook foi lançado em 2004, o You Tube em 2005 e o Twitter, em 2006. No
dia 25 de janeiro de 2021 completamos 20 anos. O GOLPE de 2016, atingiu a Carta Maior
violentamente, quase nos levando ao desaparecimento. Porém, nossos leitores não
permitiram que isso ocorresse e nos trouxeram até aqui. Agora precisamos avançar,
criando outras formas de comunicação.
Se você valoriza o que obtém da Carta Maior e quer mais, junte-se a nós com uma doação,
para que possamos crescer e fazer o jornalismo que é necessário e que os próximos anos
nos exigirão. Doe 1 real por dia (R$30,00 mês) e se puder doe mais. Precisamos de todos.
Créditos da foto: Gabriel García Márquez (Paco Junqueira/Getty Images)

A revelação veio no artigo “Una hija, el secreto mejor guardado de Gabriel García
Márquez” de Gustavo Tatis, publicado em El Universal, da Colômbia. E a notícia
pareceu a muitos leitores do continente latino uma imoralidade, uma vergonhosa
intimidade não sabida. Dizia-se no texto que

“Um segredo do escritor colombiano Gabriel García Márquez, vencedor do Prêmio


Nobel de Literatura de 1982, foi revelado quase oito anos após a sua morte: ele teve
uma �lha fora do casamento com uma jornalista e escritora mexicana. A �lha se
A Carta Maior, foi fundada em 2001. Era o início da rede mundial de computadores no
chama
Brasil. O Indira Cato.
Facebook foi lançado em 2004, o You Tube em 2005 e o Twitter, em 2006. No
dia 25 de janeiro de 2021 completamos 20 anos. O GOLPE de 2016, atingiu a Carta Maior
violentamente, quase nos levando ao desaparecimento. Porém, nossos leitores não
Casado por 50 anos com Mercedes Barcha, morta em 2020, García Márquez manteve
permitiram que isso ocorresse e nos trouxeram até aqui. Agora precisamos avançar,
um relacionamento
criando outras formascom a até agora desconhecida Susana Cato, uma mexicana 33
de comunicação.
Se vocêmais
anos valoriza o que
jovem queobtém da Carta
ele e que Maior e quer
ele conheceu mais, junte-se a nós com uma doação,
em Cuba”.
para que possamos crescer e fazer o jornalismo que é necessário e que os próximos anos
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Ora, o escândalo não era bem a revelação de uma amante do genial escritor. O que
já seria um pecado grave, digamos. Mas o crime era ter uma �lha à margem do
casamento. Aqui, a maior imoralidade é esta: o escritor não respeitou os limites da
família, o círculo sagrado do casamento. É isso, o escândalo, que envergonhado de
tão miserável, não diz o seu nome.

Então para completar – ou justi�car – a “falha” moral do mestre, na repercussão do


texto citavam-se uma declaração de García Márquez, como um argumento ad
hominem:

“Os escritores têm três vidas: uma pública, uma privada e outra secreta. No meu
caso, em cada uma de minhas três vidas, as mulheres têm sido chave”.

Na verdade, as três vidas de um escritor sempre estiveram unidas no que ele


escreve. De modo claro ou implícito, concreto ou imaginado sob disfarces como
num sonho, a sua melhor realização sempre esteve no que os seus textos revelam. E
diria, até mesmo naquele segredo terrível que ele nem às paredes confessa, para
lembrar o belo nome do fado português, no seu texto se encontra. Desse modo, a
sua vida particular, íntima, a mais secreta, se torna pública. Não seria di�ícil
mostrar o quanto da melhor poesia, conto, crônica, teatro ou romance, é um retrato
do autor, se por retrato do autor não entendermos uma cópia, como na famosa
toalha de Verônica, que dizem ter revelado o rosto de Cristo.

Na biogra�a de Gerald Martin, por exemplo, conhecemos que Gabriel García


Márquez, antes de ser escritor, era uma alma errante, uma alma perdida a vagar,
sem rumo de�nido. Mas com uma vontade louca de entender o mundo, com uma
fome voraz de alimentos de toda sorte, principalmente de literatura. Depois do
feijão, é claro.

A Carta Maior, foi fundada em 2001. Era o início da rede mundial de computadores no
Brasil. O Facebook foi lançado em 2004, o You Tube em 2005 e o Twitter, em 2006. No
dia 25 de janeiro de 2021 completamos 20 anos. O GOLPE de 2016, atingiu a Carta Maior
violentamente, quase nos levando ao desaparecimento. Porém, nossos leitores não
permitiram que isso ocorresse e nos trouxeram até aqui. Agora precisamos avançar,
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Indira Cato (Reprodução/El Diario de Coahuila)

É exemplar, modelar, a forma com que García Márquez fez tributo e rendeu
homenagens aos grandes que o precederam, inclusive aos grandes que só ele
conhecera, porque não ganharam fama. E de tal modo ele lhes reconhecia
excelência, que parecia nos dizer: “olhem, este sim era maior”. E também dos
grandes que alcançaram status de criador, como Juan Rulfo, o fecundo romancista
que o in�luenciou, mas não conheceu o boom milionário como ele, García Márquez.

Lembro que na pensão, em atividade clandestina, a literatura de Gabriel García


Márquez era melhor que cinema, viajar pelo mundo ou beber cerveja. Em meu
romance “A longa duração juventude” escrevo:

“Nas mãos de Luiz do Carmo, as páginas de Cem Anos de Solidão voavam, de voo
mesmo, não só pela rapidez com que eram passadas, mas com o bater de asas que
pareciam se agitar no espaço do quarto da pensão, onde as palavras eram pássaros.
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dia 25 de janeiro de 2021 completamos 20 anos. O GOLPE de 2016, atingiu a Carta Maior
Márquez”.
violentamente, quase nos levando ao desaparecimento. Porém, nossos leitores não
permitiram que isso ocorresse e nos trouxeram até aqui. Agora precisamos avançar,
criando outras formas deNa
Bem compreendíamos. comunicação.
adesão de Gabriel García Márquez ao socialismo havia
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um humanismo luminoso, aquele que narrou as pessoas do povo, o seu lugar, a sua
para que possamos crescer e fazer o jornalismo que é necessário e que os próximos anos
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todos.
máximo, Cem Anos de Solidão. Nele vemos: “O mundo era tão recente que muitas
coisas careciam de nome e para nomeá-las se precisava apontar com o dedo”. Assim
foi, assim é. Tudo continua a ser tão recente, que ainda precisa receber nomes
apontados com o dedo.

Na citação das três vidas de um escritor, a pública, a privada e a secreta, esquecia-


se, num passo digno das mutilações, a cópia inteira das palavras de Gabriel García
Márquez:

“Uma imaginação como a minha, na qual não acredito, porque na realidade quando
escrevo não faço mais nada senão lembrar-me. O que acontece é que me lembro
com critérios tão seletivos da nossa realidade, pelo menos do Caribe, que as coisas
parecem incríveis e ganhei a reputação de ser o grande inventor de fábulas, quando
na realidade não inventei nada. E foi isso que percebi quando comecei a escrever as
minhas memórias: cada vez que tentava recontar um evento, descobri que estava a
recontar um evento que já tinha estado nos meus romances. Também percebi, num
ato de consciência, que temos três vidas: a pública, a privada e a secreta”

Lá em cima no título, escrevi “O mais recente escândalo de Gabriel García Márquez”.


Digitei “o mais recente” porque outros escândalos virão. Mas já agora não se
percebe que o maior escândalo foi um homem, nas condições di�íceis em que viveu
e lutou Gabriel García Márquez, ter escrito o maior romance da América Latina. Um
dos maiores do mundo. Isso, sim, é que é o maior escândalo.

Uraniano Mota é jornalista do Recife. Autor dos romances “Soledad no Recife”,


“O �lho renegado de Deus” e “A mais longa duração da juventude”

*Publicado originalmente em Vermelho.org (https://vermelho.org.br/coluna/o-


mais-recente-escandalo-de-gabriel-garcia-marquez-uma-�lha-fora-do-
casamento/)
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