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Após ataque a escola, deputados cobram Tarcísio por


ensino de cultura afro-brasileira em SP

Caroline Oliveira
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 31 de Março de 2023 às 15:44

Ouça o áudio:

03:11

Governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) deve explicar andamento da aplicação de lei
antirracista nas escolas - Mônica Andrade/Governo do Estado de SP

A deputada federal Luciene Cavalcante e o deputado estadual Carlos Giannazi, ambos do PSOL em
São Paulo, o�ciaram o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) com
questionamentos sobre quais medidas estão sendo tomadas para a aplicação de estudos
antirracistas nas escolas. O ofício também foi protocolado no Ministério da Igualdade Racial,
che�ado por Anielle Franco.

O documento foi apresentado em 28 de março, um dia após o ataque na Escola Estadual


Thomazia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, quando um adolescente de 13 anos
matou uma professora a facadas e feriu outras cinco pessoas.    

A motivação ainda está em investigação, mas uma semana antes do ataque, o adolescente teria
proferido xingamentos racistas a outro aluno. Na ocasião, o agressor teria sido repreendido pela
professora Elisabeth Tenreiro, a primeira a ser atacada no dia 28.

Leia mais:  'Não existe apenas um culpado', diz pesquisadora sobre ataque em escola de SP

Após o caso, Cavalcante e Giannazi pediram a aplicação da Lei 10.639/2003, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional para incluir no currículo o�cial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira".

"A Lei que implementou de forma obrigatória o ensino de cultura e história afro-brasileira nas
escolas completou 20 anos de vigência neste ano, porém ainda há dúvidas se está sendo
praticada de fato nas escolas. O episódio na E.E. Thomazia Montoro suscitou a importância deste
aprendizado", a�rmam os parlamentares no ofício.

"Tal conteúdo, lecionado de forma transversal a outras matérias, como arte, história e literatura,
é imprescindível para a formação de uma sociedade crítica ao racismo e antirracista, visto que é
por meio da educação que haverá a conscientização do processo de formação da sociedade
brasileira com seus múltiplos agentes e seus legados, livre de estereótipos", ressaltam.

Ao Brasil de Fato, Luciene Cavalcante argumentou que o ataque na escola de São Paulo faz parte
de um tipo de "violência especí�ca que tem fundamentos de grupos supremacistas, neofascistas
e racistas. A gente consegue identi�car isso pelo que vem sendo revelado nas investigações e
pelos símbolos que os agressores utilizam. No caso especí�co desse ataque, a gente teve de fato
uma situação de racismo envolvida".

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"Como a lei que implementa nas escolas a garantia desses estudos antirracistas irá completar 20
anos, a gente pede informações das políticas educacionais do estado de São Paulo para o
governador e o Ministério da Igualdade Racial. Como estão fazendo essa interlocução com o MEC
para que de fato a lei seja implementada?", questiona a deputada. "A lei 10.639 é extremamente
importante para o nosso país e inclusive para a gente enfrentar esse tipo de violência."
No mesmo dia do ataque, Cavalcante apresentou um requerimento na Câmara dos Deputados
solicitando a criação da Frente Parlamentar em Defesa dos Pro�ssionais da Educação. O
documento conta o apoio formal de 203 dos 513 deputados. "Nessa escalada de violência que a
gente enfrenta contra as escolas, nunca foi tão fundamental a gente ter uma frente parlamentar
focada na valorização dos pro�ssionais da educação", defende Cavalcante.

Edição: Nicolau Soares

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