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Filipa Oliveira e Susana Lousa Cabral - 31º CLE

História da Enfermagem
[Enfermeiro João Paulo]

Epistemologia – ramo da filosofia que estuda a estrutura, os métodos e a validade do


conhecimento. Opõe as crenças ou opiniões ao conhecimento, sendo que a crença é
um determinado ponto de vista subjetivo e o conhecimento é uma crença verdadeira e
justificada. É o sentido das coisas.
Conhecimento
-Só devem ocorrer mudanças com base na evidência.

- Crenças/Opinião VS Conhecimento

Temos que aproximar as crenças


do conhecimento.

As várias práticas de enfermagem, começam ao longo da história, a mostrar


uma certa carência, ou seja, têm a mesma natureza e começamos a entender uma
certa lógica entre si, o que as leva a construir um todo.
A natureza das coisas faz com que, mesmo diferentes, as unidades tenham
entre si, algo de comum. A natureza das coisas é o que dá sentido às coisas.
Para definir a natureza de algo temos de ir ao seu íntimo. É ir para além das
aparências. Mesmo quando faltam os actos há sempre alguma coisa para fazer. O
sentido dos actos tem de ser o mesmo, esta será a definição de Enfermagem. ("A
Enfermagem é o coração do hospital")

[Enfermeira Paula Assumpção]

Divide-se em 3 fases:
 “Enfermagem” Antiga ou Época dos Cuidados
 Enfermagem Moderna (séc. XIX)
 Enfermagem Científica (séc. XX)

“Enfermagem” Antiga ou Época dos Cuidados

Cuidados Matriarcais – eram as mulheres/mães que cuidavam das crianças, velhos,


doentes e feridos – transmissão oral de conhecimentos e observação da natureza.

Civilizações pré-cristãs do Mediterrâneo - A doença como castigo dos Deuses ou dos


Espíritos; a “enfermagem” e a “medicina” estavam interligadas pois eram os
sacerdotes que ministravam as práticas religiosas como tratamentos
- Curandeiras e Feiticeiras (a doença como castigo dos Deuses e Espíritos -
medicina popular; parte do ser humano bastante observadora, o ser humano aprendeu
a usar aquilo que a natureza lhes dá - infusões (chá) ); acreditavam na cura através da
oração.

Civilização Egípcia - civilização que teve alguma importância


 Preocupação com a Higiene Corporal;
 Preocupação com higiene e conservação de bens alimentares (regras sanitárias
ditas pelo faraó);
 Conhecimento de sinais e sintomas de doenças devido à técnica de
embalsamamento (por começarem a embalsamar começou a ter-se um
conhecimento mais detalhado sobre aquilo que acontecia no corpo da pessoa).
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Hebreus (Judeus) - lavavam tudo mt compulsivamente


 Saúde = pureza perante Deus
 Regras religiosas/sanitárias para a saúde da comunidade
Nota: Foi o primeiro povo em que há registos de que implementaram o período de quarentena.

Civilização Grega
 Hipócrates e a medicina “científica”: tratamento adequado dos sintomas de
cada doente + juramento de Hipócrates (promessa de que jamais se faria mal a
alguém pelo poder científico que o médico possui)
- Tentou introduzir o método científico.

Civilização Romana
 Salubridade pública
 Medicina grega + Cirurgiões do exército
 Construções de esgotos, aquedutos, sanitas, banhos públicos

Cuidados caritativos ou a influência do Cristianismo (séc. 0 – XIX) – as primeiras


comunidades cristãs puseram em prática a lei da caridade e desde o seu início os
enfermos e os pobres foram objeto de solicitude. Algumas matronas romanas sob a
influência de S. Jerónimo (séc.IV) destacaram-se neste serviço (Ex: Fabíola, Paula e
Eustáquia)
 Séc. VI – com S. Bento surgem mosteiros onde se cultivavam plantas
medicinais (tinham hortas com plantas medicinais e havia quem se dedicasse
ao seu estudo) e se mantinham enfermarias para socorrer os pobres, os
abandonados e os peregrinos
 Séc. X-XII – durante a Idade Média os lugares santos ficaram ocupados
surgindo as cruzadas como resposta
 As ordens dos cavaleiros (ordens religiosas) organizaram hospitais para tratar
os feridos e os peregrinos:
 Os Cavaleiros de S. João de Jerusalém estenderam a sua obra a diversos
países europeus, mais tarde esta obra fixou-se na ilha de Malta, onde
criaram um hospital, muito procurado pelos doentes que tinham dinheiro)
 Os Cavaleiros de S. Lázaro fundaram e mantiveram, durante 2 séculos,
Leprosarias (dedicavam-se aos leprosos das comunidades, aldeias vilas,
que se juntavam em cavernas, grutas pois eram expulsos dos locais onde
viviam). Eram os principais responsáveis pela diminuição do nº de casos na
Europa.
 Séc. VII – XI: Confrarias (não religiosas) – vão surgindo como organismo
regulador das diferentes Artes (organizações com fins de interajuda entre
pessoas com a mesma profissão) mas também tinham como objetivo amparar
os artífices e suas famílias em alturas de doença e na morte. Se houvesse
algum problema na família, esta ia procurar apoio na confraria. Era constituída
por civis que procuravam auxiliar, continuando a praticar a sua profissão.
 No final desta época, com o sucesso das cidades, ascensão de outras
classes sociais (ascendência dos burgueses face aos nobres devido ao
comercio) e o aumento da riqueza e dos prazeres, foi-se perdendo o espírito de
“serviço aos outros”
 Séc. XII – São Francisco de Assis (procurou auxiliar a todos, animais, pessoas,
pobres, ricos) instituiu a Ordem Terceira (para laicos) que contribuiu para o
progresso da “enfermagem”. Era uma ordem de pobreza, os seus monges
usavam só a capa sobre o corpo se dedicando só aos outros sem a
preocupação com algo supérfluo. Era também constituída por civis, religiosos
que trabalhavam, eram casados, com filhos e não podiam mudar-se para um
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mosteiro, mas tinham uma grande fé e queriam cuidar do próximo. Aprendiam


entre si e transmitiam o seu conhecimento aos outros. Esta ordem chegou a
criar hospitais da Ordem 3ª.
 Séc. XVI – XVIII: Renascença – com as grandes viagens intercontinentais
aumentou o conhecimento cientifico, o acesso a produtos exóticos e também o
bem-estar e riqueza o que levou a que surgissem, pela Europa, hospitais, nas
grandes cidades, e desenvolve-se medicina nas grandes Universidades.
 Surge a peste na europa, também devido às viagens intercontinentais,
porque quem voltava para a europa trazia microrganismos que eram
desconhecidos;
 As autopsias eram proibidas, eram consideradas como profanação do
corpo e eram condenadas com prisão
 Séc. XVI – XVII: França – S. Vicente de Paulo funda a congregação das Irmãs
da Caridade. Surge a ordem Vicentina que procurava juntar mulheres de fé
com comportamento exemplar, que não iriam prejudicar os pacientes, a quem
pudessem ensinar os seus conhecimentos. Estas mulheres não viviam num
mosteiro, iam visitar os doentes a casa. Como a ordem surgiu numa época de
guerra acabou por não ter muito impacto na altura, mas retomaram o trabalho
anos mais tarde.

Época obscura da “Enfermagem” - Séc. XVI: Consequências da Reforma Protestante


 Até ao século XVI todos eram cristãos, mas neste século surgem os
protestantes.
 Decadência dos hospitais e das “enfermeiras”
 Inicialmente, nas enfermarias só se encontravam freiras e monges a cuidar dos
doentes, com a reforma terminaram os mosteiros, pois surge com a ideia de
que não era preciso estar trancado para estar com Deus
 No protestantismo acreditavam que os crentes necessitavam de estudar a
religião, e que o pastor era um guia, um transmissor de conhecimentos, que
não tinham nenhuma ascensão.
 Nos países onde houve a implementação desta religião terminaram as ordens
religiosas cristas
 O hospital era encarado como “o sitio para morrer”, ninguém queria ir para os
hospitais.
 Houve uma quebra na qualidade dos cuidados pois deixaram de ter freiras e
monges a prestar cuidados (os laicos que também cuidavam apenas
auxiliavam nos cuidados, não administravam). As freiras foram substituídas por
mulheres que não tinha ocupação, família, mas que queriam ganhar dinheiro
(ladras, bêbadas, prostitutas)

 Séc. XVIII – XIX: A Revolução Industrial e as suas consequências – as


descobertas científicas
 O trabalho era essencialmente rural, mas nesta época surgem as fábricas e a
produção em massa o que leva a que aconteça um grande movimento de
pessoas do campo para a cidade pois era necessária mão de obra barata.
 As cidades não eram canalizadas, famílias vivam num só quarto e todos
trabalhavam na fábrica, mesmo os mais pequenos
 Havia muitas doenças e muita falta de cuidados o que leva a que surja a
preocupação com a saúde do trabalhador. Surge a epidemiologia
 Nesta época dá-se o aumento da poluição, da riqueza e do conhecimento
cientifico

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Enfermagem Moderna

 Florence Nightingale (1820-1910) (mãe da enfermagem como profissão


organizada)
 Teve uma esmerada educação diferente da que era habitual para as meninas
da alta sociedade inglesa. Como Florence não tinham irmãos rapazes o seu pai
educou-a como se fosse um rapaz logo aprenderam mais do que só a cuidar
da casa, aprendeu matemática, inglês, francês, grego, latim, alemão
 Cedo mostrou vocação para ser Enfermeira e por volta dos 18-19 anos, nesta
época toda gente fazia um passeio pela europa para conhecer novas culturas,
ir a bailes para que pudessem conhecer alguém com quem casar, mas
Florence fez algo diferente, fugiu para a Alemanha onde sabia que havia um
pároco protestante que tinha um plano diferente que auxiliava as pessoas em
casa e crianças abandonadas.
 1847 – Completa o programa de Kaiserswerth
 1853 – Estuda em Paris (França era um país católico) com as Irmãs da
Caridade no melhor hospital de frança, para aprender como e que elas
prestavam os cuidados.
 Quando chegou a Inglaterra estudou como eram os cuidados dos soldados nos
hospitais militares porque viu que os soldados tinham taxas de mortalidade
muito elevada mesmo em tempos de paz, isto porque estavam mal preparados.
 1854 – Nomeada pelo governo como intendente do pessoal de enfermagem do
hospital de campanha na guerra de Crimeia. Preocupava-se muito com a
higiene, com a alimentação, lavandaria
 A Sra. Da Lamparina como ficou conhecida porque durante o dia preocupava-
se com toda a gestão do hospital e enviava relatórios detalhados para o
governo ingles, só de noite é que tinha tempo para visitar doentes, e como já
estava escuro tinha de andar com uma lamparina para acudir os doentes, se
tivessem dores, para ver se estavam limpos, bem cuidados, dava-lhes sempre
uma palavra amiga. Os soldados enviavam cartas para Inglaterra a falar sobre
a Sra da Lamparina.
 Conseguiu baixar a mortalidade dos soldados feridos de mais ou menos 40%
para 2%, sem penicilina, sem antibióticos, so com a higiene através da nova
organização do hospital de campanha para 4000 feridos – através das
mudanças a nível da comida, higiene, arejamento e apoio individual.
 Regressa doente e muito debilitada e publica “Notas sobre o Exército Inglês”,
que descreve com detalhes todos os seus cuidados de enfermagem
 1859 – Escreve “Notas sobre os Hospitais” e depois “Notas sobre os Hospitais”
que obtêm grande impacto na opinião pública
 1860 – É feita uma colheita de dinheiro que forma o fundo Nightingale, que lhe
é atribuído e funda a primeira Escola de Enfermagem Moderna
 A escola funcionava junto do hospital St. Thomas para que as alunas
pudessem praticar depois de aprenderem a teoria. A seleção de alunas era
cuidada, tinham de saber ler e escrever e também ter uma historia de vida
impecável, era muito importante a ética e a moral viviam em regime de
internato, a duração do curso era de 1 ano, orientadas nas enfermarias por
irmãs, o corpo médico do hospital ministrava os conhecimentos em aulas,
conferências e na prática clínica.
 Depois dos exames passavam a ser enfermeiras certificadas, eram colocadas
em hospitais escolhidos pela escola para que estrategicamente pudessem
influenciar o serviço onde eram colocadas
 Inicia-se assim uma nova fase para a Enfermagem em que fica estabelecida a
necessidade de uma preparação profissional – união da técnica, com a
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vertente científica e moral para exercer esta atividade que mais tarde se
organiza como profissão. Pela primeira vez havia uma escola com enfermeiras
à frente
 Conceito naturalista de enfermagem: “… o nosso trabalho consiste em colocar
o paciente nas melhores condições possíveis para que a natureza o cure.
Devemos fornecer boa alimentação, higiene, limpeza, ar fresco e estabelecer
com o doente uma relação em que se sinta apoiado pela enfermaria…”
(Florence)
 Séc. XIX – no final deste século este modelo de enfermagem estava
implementado nos hospitais ingleses.
 D. Pedro IV tentou implementar este tipo de enfermagem em portugal, mas cá
as mulheres não sabiam ler nem escrever
 Esta evolução foi extraordinária pois considerava-se que toda a mulher era
enfermeira por instinto e Florence veio dizer que ser mulher não bastava, era
necessário ter estudos
 1919 – o parlamento inglês concede o registo do diploma de enfermagem,
privilégio dado pela 1ª vez a uma corporação de mulheres profissionais
 Os EUA foram o primeiro país a associar a enfermagem à medicina e há tanto
reconhecimento dos médicos como dos enfermeiros

Enfermagem Científica
 Formação profissional – nível superior politécnico em Portugal (grau de
licenciatura), universitário a partir dos anos 20/30 nos EUA
 Metodologia científica de trabalho – Processo de Enfermagem (aplicação do
método de resolução de problemas à enfermagem)
 Investigação científica na área da Enfermagem como forma de produzir novos
conhecimentos que proponham soluções na prestação de cuidados ou na
gestão dos serviços

Evolução em Portugal
 1942 – No reinado de D. João II inicia-se a construção do Hospital Real de
Todos-os-Santos
 D. Leonor, sua esposa, incentiva a criação de Hospitais Termais – Caldas da
Rainha
 1498 – Sob orientação espiritual de frei Miguel Contreiras funda a Irmandade
da Misericórdia: irmãos laicos praticavam as 7 obras da caridade
 1538 – S. João de Deus funda a Ordem dos Irmãos Hospitalares. Organiza um
pequeno hospital em que os doentes mentais têm enfermarias específicas
onde eram tratados com carinho e suavidade.
 Séc. XX – só aqui surgem de forma continuada Escolas de Enfermagem
destinadas aos profissionais de enfermagem dos hospitais
 Reformas do Ensino de Enfermagem
 No nosso país a evolução de enfermagem esteve diretamente dependente das
reformas do ensino. No concelho inglês, em 1919 houve pela 1ª vez a entrega
de um certificado a reconhecer o curso de enfermagem.
 1947 – Organiza-se o ensino para melhorar a preparação profissional tendo
especial atenção aos aspetos técnicos cientificos e morais. Surge também o
curso de auxiliares de enfermagem. Ser enfermeiro era algo para a qual era
preciso uma vocação. Tudo o que o enfermeiro fazia era ditado pelo médico.
 1952 – O curso geral de enfermagem passa a ter a duração de 3 anos, a
profissão é considerada vocacional; as escolas de enfermagem passam a ter
autonomia pedagógica, mas com exames finais nas escolas do estado; surge o

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curso complementar para monitoras (professoras de enfermagem). O estado


começa a dar um subsidio às escolas privadas para as ajudar no apoio que
elas davam na formação.
 1965 – Passa a ser exigido 2º ciclo do liceu (9º ano) e a formação mais
equilibrada e polivalente permitindo aos enfermeiros trabalhar em qualquer
serviço; o ensino teórico passa a articular com os estágios. As enfermeiras e
professoras primarias não podiam casar, era necessária uma autorização
especial.
 1969 – 1974 – passam a enfermagem de 3ª após o curso de promoção
 1976 – O curso passa a contemplar a preparação para o enfermeiro atuar na
comunidade ou junto do indivíduo, a todos os níveis de prevenção e em todas
as fases do ciclo vital, tendo responsabilidades como agente de mudança, isto
depois de um grupo de enfermeiras terem ido para o Canadá, onde havia um
nível de formação mais elevado (porque abrangia também o ensino de
prevenção), logo quando voltaram eram as que tinham mais conhecimento em
Portugal, e depois do 25 de abril começaram com um novo plano de estudos
 1988 – Integra o ensino de enfermagem no sistema educativo nacional a nível
do ensino politécnico, conferindo o grau académico de bacharel. Surge a
Ordem dos Enfermeiros
 1999 – A 3 de Setembro o curso superior de enfermagem passou para a tutela
exclusiva do Ministério da Educação; a duração é de 4 anos e o grau é o de
licenciatura.
Teste:
1- Para que serve a enfermagem? Só auxilia os doentes?
2- Quais são os nossos principais objetivos?
3- Quais as 3 fases da enfermagem? Como se caracterizam?
4- A quem prestamos os serviços? Utente, família
5- Enfermagem em Portugal? Em que fase estamos?

Enfermeiro João Paulo (continuação)

O que é a Enfermagem? (área do saber)


Atualmente a enfermagem é apoiar de forma subsidiária as respostas
humanas. Este apoio implica estimular os mecanismos da pessoa, promover a sua
autonomia reforçando o processo de reabilitação sem nunca a substituir naquilo que
consegue fazer por si. Para um apoio profissional efetivo é necessário conhecer
atitudes e técnicas adequadas, saber executar as tarefas proficientemente e saber ser,
saber fazer e saber, isto é, ser um ser integral.
Nota: o apoio tem de ser subsidiário e NÃO paternalista.
-Define-se enfermagem não pelas práticas dos cuidados, mas pelo sentido que cada
prática possui, em cada momento, e pelo sentido comum a todas as práticas A
Enfermagem está visível nos actos mas invisível por trás dos mesmos.
- O porquê é mais do que o sentido dos actos, não se deve fazer as coisas só por
fazer, mas fazer com base nos conhecimentos por de trás doas actos.
Relação Interpessoal: é a arma da enfermagem; a maneira como se relacionam com
as pessoas (continuidade e relação).
Relação Terapêutica: componente da enfermagem; ajudar as pessoas a mudar
comportamentos.
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- O conhecimento acomodado está lá e pode ser desenvolvido e utilizado, em certas


ocasiões temos de saber improvisar, ou seja, ter uma capacidade elástica.
-O enfermeiro é 1 agente ativo - não se limita a utilizar o conhecimento como também
faz conhecimento. "O jogo ajuda a desbloquear os bloqueios"-> entrar num jogo
neutro, numa relação terapêutica.
-A questão não é fazer as coisas, é pensar nas coisas que faço. A diferença entre um
profissional e um não profissional é aquele que percebe o sentido da sua ação.
Pessoa autónoma- alguém que tem autoridade/competências que lhe são atribuídas
na área.
Diagnóstico médico – o que está a afetar a pessoa? Foca-se no processo
patológico (nos fatores de perturbação). (É universal)
Diagnóstico de Enfermagem – focam-se na resposta humana aos estímulos, em como
se dá a repercussão da doença no utente. (Cuidados personalizados, individuais - as
respostas humanas variam de pessoa para pessoa mesmo que as 2 pessoas

Profissão é o conjunto de atividades realizadas por um profissional.

O que é a Enfermagem na época científica?


1. Quando o Homem não tem nada que afete a sua vida, tudo decorre sem
problemas maiores, encontra-se em Homeostasia (equilíbrio dinâmico-
nunca está estático)
2. Surgem fatores de perturbação (vão ser tratados pelo médico), perturbam a
homeostasia e provocam um desequilíbrio homeostático (fatores de
perturbação – doença, algum fator mais psicológico – morte de um familiar,
problemas de trabalho sérios)
3. O Homem tem de procurar atingir uma nova homeostasia recorrendo às
respostas humanas (mecanismos próprios que visam a recuperação da
homeostasia) (auxiliados pelo enfermeiro):
o Bio fisiológicas - As respostas humanas são individuais
o Psicológicas - Quando cuido de alguém tenho de
o Sociais
procurar auxilia-lo a chegar às suas
o Culturais
respostas
o Espirituais
4. Restabelece-se uma nova homeostasia (diferente da anterior) e para aqui
chegarmos tivemos de passar por respostas eficazes e não eficazes

As Respostas Humanas são todo o tipo de mecanismos (de caracter biológico,


psicológico, sociocultural e espiritual) que o ser humano utiliza a fim de tentar
restabelecer a homeostasia - o equilíbrio homeostático quando este se encontra
ameaçado.
As respostas humanas podem ser: suficientes, insuficientes, exacerbadas.
Resposta humana exacerbada – pode levar à morte (ex. alérgico a amendoins comer
amendoins)

- Assessment = abordagem;
3 componentes importantes para o
- Management = gestão;
- Evolution. Processo de Enfermagem

Médico é cientista da vida – igual a todos os seres humanos


Enfermeiro é cientista do viver – característico de cada um de nós, individualizado

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Enfermagem enquanto Ciência e Profissão


 Para que algo se possa tornar uma profissão temos de saber explicar o que é
 Para que algo se possa tornar uma ciência temos e saber encontrar um sentido
comum nos atos.

Formação nível 1 – enfermagem antiga: não há oportunidade de decisão nem


pensamento próprio, desempenha tarefas segundo indicação estrita, não tem
autonomia, a sua formação é somente no âmbito pratico e deve subordinação ao
decisor.

Formação nível 2 – enfermagem moderna: há já um nível de proficiência. O operário


pode escolher a melhor forma de cumprir uma determinada ordem, mas ainda assim
não tem autonomia sobre a decisão, deve ainda subordinação ao decisor. Vai
acumulando conhecimento sobre determinada ação que lhe é constantemente pedida
o que lhe permite refinar a prática.

Formação nível 3 – enfermagem científica: método cientifico que avalia situações


formulando diagnósticos, pondera varias opções, escolhendo uma, planifica, executa
ou prescreve ações. Devido à responsabilidade acrescida tem autonomia, logo deve
efetuar uma avaliação das suas performances, coopera interdisciplinarmente para
objetivos comuns e já acumula conhecimento e gera a própria teoria. A formação é
como técnico superior. É aqui que se encontra a enfermagem.

Modelo –– representação da realidade; realidade é constituída por modelos de


fenómenos concretos, palpáveis, concretos (empíricos) e por modelos de fenómenos
subjetivos, abstratos e não palpáveis (conceptuais/teóricos)
Os modelos não apagam a nossa identidade, mas moldam a forma como atuamos.

Modelo teórico – conceitos abstratos/subjetivos; algo que não é palpável,


(sentimentos, valores)
Modelo empírico – realidades palpáveis, algo concreto (representação de uma
cadeira)

Modelo universal de enfermagem – apoiar subsidiariamente as respostas humanas.

Modelos teóricos – realidades não palpáveis

Método Criação de Teorias - A realidade é complexa, logo para representá-la temos


de formular teorias sobre essa mesma realidade, i.e., construir hipóteses que
expliquem porções da realidade que queremos conhecer e representar –

Fazer teoria – trabalho de ler a mente; pensar sobre a realidade, refletir sobre as
causas dos fenómenos que estão a nossa responsabilidade e sobre o caminho de
superação das dificuldades. Fazer teoria significa poder justificar as minhas decisões e
deixar que os outros confiem em mim

Modelo de enfermagem – surgem através de mulheres que olharam para o fenómeno


da enfermagem e deram a sua visão. Modelo dinâmico = modelo teórico + modelo
empírico.

A teoria em enfermagem serve para:


a) Melhorar a pratica
b) Fornecer conhecimento, aumentar o poder da enfermagem
c) Ajudar nas ações programadas
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d) Fornecer autonomia, guiando a pratica, o ensino e a pesquisa

Quando há ligação e coerência entre varias teorias surge um modelo explicativo da


realidade. Tanto as teorias como os modelos são construções mentais, mas diferem
no seu grau de complexidade. Uma teoria pode ser muito simples, mas um modelo
tem de ser obrigatoriamente complexo pois enquadra varias teorias que se relacionam
entre si que tenham sido validadas.

Para que uma ocupação seja considerada profissão é preciso:


 Corpo sistemático de teoria
 Autoridade profissional
 Códigos éticos
 Uma cultura profissional

No caso da enfermagem como realidade, todas as teorias e modelos tem de ter por
base – pessoa + saúde + ambiente + cuidados de enfermagem.
Para construir uma teoria de enfermagem tenho de formular hipóteses que resultem da
interação entre 2 ou mais conceitos desta base.

Formulo muitas hipóteses que vão ser testadas e validadas pelo método cientifico de
produção do conhecimento logo posso dizer que estarei a dar corpo a um modelo de
enfermagem.

Paradigmas Sociais – grandes influencias do pensamento social que determinam,


não diretamente as práticas, mas sobretudo a organização das áreas de atividade
humana – a economia, a politica, a saúde… (Positivismo e Pós-Modernismo)
Paradigmas de saúde – decorrem do social e influenciam as politicas de saúde
(Categorização, Integração e Transformação)

Positivismo – Paradigma de Saúde de Categorização - não admite diferenças entre


pessoas, apaga a individualidade (somos tds iguais); o que conta é aquilo que se vê;
só pode resolver as coisas objetivas (ñ há subjetividade); só acredito no que vejo e
posso provar.
Pós-Modernismo – Paradigma de Saúde de Transformação
(Paradigma de Saúde de Integração é um modo de passagem entre o Positivismo e o
Pós-Modernismo) - subjetividade passa a ter valor, traz o individualismo e a
individualidade ("arranja-te"); temos possibilidade de ter diferentes pensamentos; o
valor de cada pessoa está na forma de pensar; educar é muito mais que prescrever.

Paradigma de Categorização – século XIX (época em que se começaram a identificar


alguns agentes patogénicos e se estabeleceu a relação com algumas doenças; dá-se
o inicio da medicina técnico-científica – tecnologia - e o objetivo passou a ser estudar
a causa da doença, formular um diagnostico preciso e propor um tratamento
especifico)
 Este paradigma caracteriza-se por olhar para os fenómenos de modo isolado,
sem os inserir no seu contexto
 O pensamento está apenas orientado para procurar um fator causal das
doenças e para associar esse fator a uma determinada doença ou quadro
sintomatológico característico.
 Utiliza medidas bem definidas, mensuráveis e categorizáveis
 A preocupação predominante é com o órgão afetado, com o diagnostico
medico, o tratamento e a cura

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 A pessoa é apresentada de modo fracionado, não integrado, o ambiente é algo


separado da pessoa e é ainda fragmentado em social, físico e cultural (pessoa
e ambiente são entidades distintas e separadas)
 Nesta altura os médicos começaram a delegar tarefas de rotina que era
costume praticarem, para a responsabilidade das enfermeiras. Os cuidados de
enfermagem são dirigidos para os problemas, limitações ou incapacidades das
pessoas. O sistema de prestação de cuidados fundamenta-se na
especialização de tarefas – cada enfermeira era responsável pela prestação de
um determinado cuidado a todos os doentes da enfermaria (até há muito pouco
tempo era este o sistema que funcionava em Portugal e atualmente ainda
acontece em alguns locais)
Na enfermagem há 2 orientações diferentes:
1- Orientação para a saúde publica com medidas de higiene e salubridade em
geral
2- Orientação para a doença em que a pessoa é um todo que resulta da soma
das suas partes que são separadas e identificáveis. Saúde é um estado de
equilíbrio – sinonimo de ausência de doença

Paradigma da Integração – surge nos anos 50, EUA, depois da 2ª GM


 Começa a perspetivar os fenómenos como multidimensionais e os
acontecimentos como contextuais
 São valorizados tantos os dados subjetivos como os objetivos
 Influenciou a orientação da enfermagem para a pessoa
 Dá-se um desenvolvimento notável das ciências sociais e humanas
 Os cuidados de enfermagem tinham como objetivo a manutenção da saúde da
pessoa. A enfermeira era responsável pela avaliação das necessidades de
ajuda à pessoa tendo em conta a sua globalidade
 A partir desta altura intervir significa “agir com” a pessoa, com o objetivo de
responder às suas necessidades
 A pessoa começou a ser entendida como um todo formado por partes em
interação – pessoa como ser bio-psico-socio-culturo-espiritual
 Saúde – doença: passaram a ser vistas como entidades distintas que
coexistem e que estão em interação dinâmica.
 Surgem aqui os primeiros modelos para precisar a pratica dos cuidados de
enfermagem e para orientar a formação e a investigação.

Paradigma da Transformação – anos 70 – base de uma abertura das ciências de


enfermagem sobre o mundo; surgem autores como Watson, Rogers, Newman e Parse
 Os fenómenos são únicos, mas estão em interação com tudo o que os rodeia.
Um fenómeno único no sentido de que ele nunca se pode parecer totalmente
com outro, podem apresentar algumas semelhanças, mas nunca se parecer
totalmente com outro. Cada fenómeno é um padrão único
 A pessoa é um ser único maior que as somas das suas partes, com múltiplas
dimensões e indissociável do seu universo
 A saúde e um valor e uma experiencia vivida segundo a perspetiva de cada
pessoa englobando a sua unidade “ser humano – ambiente” e não é um estado
estável ou uma ausência de doença
 Os cuidados de enfermagem procuram manter o bem-estar tal como a pessoa
a define. Intervir significa “ser com” a pessoa, acompanhando-a nas suas
experiencias de saúde, no seu ritmo e segundo o caminho que ela própria
escolher. A enfermeira e a pessoa são parceiros nos cuidados individualizados
 A pessoa é colocada acima da instituição e a enfermeira assume-se como
advogada do utente, posicionando-se ao seu lado
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1ª Frequência
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Regulação da profissão
 É uma profissão autorregulada porque quem regula a pratica de enfermagem são
os próprios enfermeiros. E uma profissão autorregulada corresponde ao nível 3.
 Para que a enfermagem possa ser autorregulada, autónoma, capaz de se reger a
si própria, tem de existir uma ordem

Ordem dos Enfermeiros – criada em 1996


 Promove a defesa da qualidade e o desenvolvimento dos cuidados de
enfermagem prestados à população.
 Dá pareceres fundamentados sobre as questões.

Regulamento do exercício profissional dos enfermeiros – REPE


 Criado pela ordem dos enfermeiros
 Define o Estatuto profissional e o código deontológico
 Definiu os princípios gerais, respeitantes ao exercício profissional dos enfermeiros.
 Define os profissionais de enfermagem como Enfermeiros (generalistas) e
Enfermeiros Especialistas como profissionais habilitados com a formação
académica adequada e necessária, de forma a terem competências científicas,
técnicas e humanas para prestarem cuidados ao ser humano nos 3 níveis da
prevenção primária, secundária e terciária.
 Cuidados de enfermagem são intervenções autónomas ou interdependentes a
realizar pelo enfermeiro no âmbito das suas qualificações profissionais, têm
sempre por base uma interação entre o profissional e o utente/família/comunidade
e devem ter em conta o grau de dependência, mas numa atitude de
subsidiariedade relativamente ás competências funcionais do utente/família.
 Os objetivos fundamentais das intervenções autónomas e interdependentes de
enfermagem são a promoção da saúde dos utentes/família, a prevenção da
doença, o tratamento e reabilitação por forma a uma rápida reinserção social.
 As intervenções de enfermagem autónomas segundo o REPE são realizadas
apenas sob a sua responsabilidade e respetiva qualificação profissional no âmbito
da prestação direta de cuidados, ensino, gestão, formação, ou assessoria,
podendo utilizar os contributos da investigação em enfermagem.

Código deontológico
 As intervenções de enfermagem são realizadas com a preocupação da defesa da
liberdade e da dignidade da pessoa humana – respeitando os valores universais
os valores universais e os direitos humano universais.
 Deveres Deontológicos dos Enfermeiros:
 Responsabilidade das decisões e atos praticados ou delegados;
 Proteger e defender a pessoa humana;
 Ser altruísta e solidário;
 Defender e respeitar os direitos humanos universais, bem como o direito aos
cuidados;
 Manter o sigilo, informar, respeitar a intimidade do utente, respeitar o doente
terminal, a humanização dos cuidados, com os colegas e outros profissionais.

Sindicato dos enfermeiros portugueses


 Surge após o 25 de Abril
 Dá o seu contributo para a defesa dos interesses dos enfermeiros protegendo-os
das entidades patronais.

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1ª Frequência

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