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ACE - FACULDADE GUILHERME GUIMBALA | Curso de Psicologia – 4º B

Disciplina: Psicologia da Saúde e Hospitalar


Professor: Ms Hudelson dos Passos
Acadêmica: Frida Lima

Estudo de Caso – Fases do Luto


Ana Beatriz Cerisara – a boa morte

No emocionante depoimento oferecido por Ana Beatriz Cerisara para a


Revista Veja, Ana relata ter recebido diagnóstico de câncer, três tumores no
intestino além de intestino curto. Ana relata que após a cirurgia de colocação de
bolsa de colostomia passou por momentos muito difíceis e um estado de depressão
profunda.
Ana passa do estágio de negação descrito por Elizabeth Klüber-Ross em seu
livro Sobre a Morte e o Morrer (1985) vivenciando o quarto estágio das fases do luto
descrito por Ross é o estágio da depressão, quando o paciente em fase terminal não
pode mais negar sua doença, quando é forçado a submeter-se a mais uma cirurgia
ou hospitalização, quando começa a apresentar novos sintomas e torna-se mais
debilitado e mais magro, não pode mais esconder a doença.
Ana relata que quando conseguiu se apropriar da decisão de parar com os
procedimentos ela foi invadida por uma sensação de calma e começou a enxergar a
finitude da vida com serenidade. Quando diz, “estou pronta para morrer”
reconhecendo o seu valor enquanto ser humano, independentemente do câncer.
Ross descreve essa fase de aceitação, sendo o quinto e último estágio, é quando o
paciente teve o tempo necessário para externar seus sentimentos (isto é, que não
tive uma morte súbita e inesperada) atingindo dessa forma um estágio em que não
mais sentirá depressão nem raiva quanto a seu "destino".
Quando Ana decide oferecer a entrevista encontra-se neste estágio de
aceitação, o que lhe permite olhar para a morte sem que a morte seja um fracasso.
Ana relata que está procurando viver intensamente o período que tem de vida.
Durante todo o período do depoimento Ana expressa serenidade e sabedoria
que a vida lhe trouxe. Fala sobre o velório a ser realizado em uma igrejinha simples
no Campeche, segundo ela, um lugar fofo e querido, e depois o corpo será levado
para cremação. Ao mesmo tempo que não deseja que sua morte dê trabalho aos
que ficarem, diz que: “a mim só me cabe morrer”. Eles (a família) podem fazer o que
quiser tanto durante o velório quanto com o destino que será dado as cinzas após a
cremação.
Ana relata estar aproveitando intensamente o seu tempo com a família e que
se sente muito bem ao fazer faxinas em casa, e tudo que não usa há mais de um
ano não é necessário, trocou os armários e isso lhe trouxe uma sensação de bem-
estar, uma sensação de vida organizada.
Uma cena marcante no depoimento foi quando Ana conta sobre sua neta, que
lhe pergunta: “quantos anos a vovó terá quando eu tiver 15 anos?” A princípio Ana
leva um “baque”, mas percebe que pela fala da neta chegou o momento de tocar no
assunto e explicar que quando ela fizesse 15 anos talvez a vovó não estivesse mais
ali, e tenha virado estrelinha. “Mas a vovó vai estar sempre com você”, e com a
sabedoria que somente as vovós têm, Ana diz para a neta que sempre que ela
colocar a mão no peito e sentir as batidas do coração ela poderá sentir que a vovó
está com ela.
Ao expressar esse momento de finitude da vida, Ana diz estar “deslizando”
nesse processo de ir soltando a vida e percebe o seu sentimento desse momento
com um toque de amor à fraqueza.
Ana compara a boa morte com o processo da gestação e espera pelo
nascimento, ela está gestando a morte boa na vida boa, no seu espaço, no seu
quarto, na sua cama, um lugar bom de estar, o seu lugar de escolha para a boa
morte, e a boa morte é a boa vida que ela está vivendo.

REFERÊNCIAS

Revista VEJA. Depoimento de Ana Beatriz Cerisara – a boa morte. Disponível em


<https://www.youtube.com/watch?v=WrW76uIfmLo&t=65s> Acesso agosto de 2021.

Kubler-Ross Elizabeth. Sobre a morte e o morrer. Rio de Janeiro: Editora Martins


Fontes. 1985.

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