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Yussef Daibert Salomão de Campos
Complementa Figueiredo:
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Proposições para o patrimônio cultural
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Para Soumanni:
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Conclusão
O fluxo intercontinental marcou a dimensão do Império
português e sua “original globalidade”,xlvii e propiciou o
intercâmbio de culturas e saberes. O retorno dos afro-
brasileiros à África, a constituição de uma comunidade
“brasileira” no antigo Daomé e a transferência de saberes às
seguintes gerações marcaram a paisagem cultural do Benin.
A mesquita de Porto Novo se apresenta como exemplo da
abrangência das redes sociais, políticas, comerciais e culturais,
bem como da ressonância daquilo que se convencionou
chamar Antigo Regime nos trópicos.
A interação entre os portos do Brasil e do Benin foi porta
para a construção de parte de um patrimônio cultural único,
que nasceu dos açoites do tráfico negreiro e do retorno à
pátria mãe. Tal dimensão atlântica “[...] não seria mais uma
questão da história da África ou do Brasil, ou das relações
Brasil-África, mas da história de um espaço que articulava
estes lugares e sociedades”.xlviii Afirma Law:
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–––––––––––––––
i
RUSSEL-WOOD, A. J. R. Prefácio. In: BICALHO, Maria Fernanda;
FRAGOSO, João & GOUVÊA, Maria de Fátima (orgs.). O Antigo
Regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-
XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. p.15.
ii
GRAÇA FILHO, Afonso de Alencastro. Resenha. BICALHO, Maria
Fernanda; FRAGOSO, João & GOUVÊA, Maria de Fátima (orgs.). O
Antigo Regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos
XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. In: Rev.
Bras. Hist. vol.22 no.44 São Paulo, 2002. s/p.
iii
RUSSEL-WOOD, idem, p.17.
iv
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. Ed. –
Rio de Janeiro: DP&A, 2006. p.49.
v
RUSSEL-WOOD, A. J. R. Centros e Periferias no Mundo Luso-
Brasileiro,1500-1808. In: Revista Brasileira de História. Vol 18, nº 36,
p. 187-249, 1988. p.205.
vi
BARBIERI, Renato. Mesquitas na África. Vitruvius, ano 01,
mai 2007. Disponível em: http://vitruvius.es/revistas/read/
arquiteturismo/01.003/1325. s/p.
vii
TURNER, J. Michael. Escravos brasileiros no Daomé. Afro Ásia.
UFBA, nº10-11, p. 05-23, 1970. p.05.
viii
FIGUEIREDO, Eurídice. Os brasileiros retornados à África.
Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Diálogos Interamericanos, nº
38, p. 51-70, 2009. p.51.
ix
FREYRE apud VERGER, Pierre. Fluxo e refluxo do tráfico de
escravos entre o Golfo do Benin e a Bahia de Todos os Santos dos
séculos XVII a XIX. Tradução de Tasso Gadzanis. Salvador: Corrupio,
2002. p.632.
x
HESPANHA, A. Manuel. Porque é que foi “portuguesa” a expansão
portuguesa? ou O revisionismo nos trópicos. Conferência proferida
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xliv
Localizado na parte leste da área histórica, o tecido vernacular
é o mais antigo. Estão nele concentrados: os palácios reais, os
grandes templos vodu, paisagens sagradas nas quais habitaram
grandes famílias. O bairro afro-brasileiro no centro-norte da cidade
corresponde à implantação originária das famílias afro-brasileiras,
no momento em que desempenharam um papel econômico e social.
O elemento central e representativo é a mesquita, que seria uma
réplica da Catedral Católica Romana de São Salvador. GONODOU,
Alain. Le projet de réhabilitation de Porto-Novo (Bénin): objectifs en
termes de conservation et de développement durable. In: Limites
disciplinaires Repenser les limites: l’architecture à travers l’espace,
le temps et les disciplines.Disponível em: http://www.inha.fr/
colloques/document.php?id=1653. s/p, s/d.
xlv
Estas mesquitas estão espalhadas, grosso modo, em uma área
triangular que tem seu ápice ao sul da cidade de Llorin e sua base ao
longo do Golfo de Benin, Porto Novo (República do Benin), a oeste,
e Lagos a leste . À primeira vista, elas são muitas vezes confundidas
com as igrejas, por conta de uma elevação frontal composta por um
frontão central, ladeada por duas torres. Este erro tem uma base de
fato: para os antepassados são as igrejas barrocas dos séculos 17 e
18 da cidade da Bahia (Salvador), na costa do Brasil, no Noroeste do
Atlântico.
xlvi
A Mesquita Central em Porto Novo, Benin, foi iniciada em 1912 por
africanos repatriados da América do Sul. Ela domina o tecido urba-
no horizontal relativamente baixo da cidade, bem como as catedrais
da Europa medieval. Esta mesquita representa, talvez, o sincretismo
entre as tradições baianas e africanas, espacial e decorativamente. A
diversidade de cores pastel sobre os exteriores são um exemplo im-
portante desta ligação. Motivos vegetais para decoração são estiliza-
dos com um grau de abstração que os torna quase irreconhecíveis. No
entanto, como um todo, a relação entre as duas culturas é bastante
evidente. DE BENEDETTI, Carla, and HALLEN, Barry. Afro-Brazilian
Mosques in West Africa. In MIMAR 29: Architecture in Development.
Singapore: Concept Media Ltd. 1988. p.21.
xlvii
RUSSEL-WOOD, 2010, p.13.
xlviii
SOUMONNI apud SOUZA, Mônica Lima e. Entre margens: o
retorno à África de libertos no Brasil (1830-1870). Tese de doutorado
apresentada à Universidade Federal Fluminense. 2008. p.89.
xlix
Esta separação de dados africanos e americanos, que deve ser
salientada, é adotada por conveniência da exposição, uma vez que é
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