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Disciplina: Máquinas e Mecanização Agrícola

Prof. Robson Shigueaki Sasaki

Aula 5 - Máquinas e Implementos Agrícolas para Distribuição de Corretivos de Solo

1. IMPORTÂNCIA DOS CORRETIVOS AGRÍCOLAS

Corretivos agrícolas de solo é utilizado principalmente para correções de acidez do


solo. Toda cultura existe uma faixa de pH ideal do solo. Na grande maioria das culturas a
faixa ideal do pH está entre 6 e 6,5. Solos ácidos, está associado a presença de alumínio
trocável e solos “básicos” pode indisponibilizar micronutrientes para as plantas, daí a
necessidade de se manter o pH nas faixas ideais para o desenvolvimento das culturas.
Existem diversos corretivos agrícolas para corrigir o pH do solo, sendo comumente
empregado o calcário. Outras formas também podem ser utilizadas, como, escória de
siderurgia; Cal; Silicato; etc.
Ressalta-se que para conhecer a quantidade ideal a ser aplicado, recomenda-se a análise
do solo, determinar a cultura a ser implantada, bem como as características do corretivo
(PRNT; reatividade, granulometria, etc).
2. TIPOS DE MÁQUINAS UTILIZADAS PARA APLICAÇÃO DE
CORRETIVOS AGRÍCOLAS

Classificam-se em distribuidores por gravidade ou a lanço.

2.1.Distribuidores por gravidade: o corretivo é distribuído em queda livre ao solo.

Quanto ao princípio de funcionamento das máquinas distribuidoras de corretivos


agrícolas por gravidade, as rodas acionam um conjunto de transmissão (Engrenagens) que
por sua vez aciona o sistema de correntes ou esteiras de borracha que transportam o
corretivo até a abertura de saída da máquina.
Com relação as regulagens das máquinas distribuidoras de corretivos agrícolas por
gravidade, uma vez determinada a quantidade a ser distribuída em uma determinada área, a
quantidade a ser distribuída pela máquina pode-se regular principalmente por duas
maneiras. A primeira delas trata-se alterando-se a velocidade da esteira. Quanto maior a
velocidade da esteira, maior a quantidade de corretivo distribuído. A velocidade da esteira
pode ser alterada por meio da relação de transmissão das engrenagens.

Outra maneira de alterar a quantidade a ser distribuída, é por meio da abertura ou


fechamento das janelas de saída do corretivo agrícola. Essa alteração geralmente se faz por
meio de uma alavanca lateral a máquina.

2.2.Distribuidores a lanço: Os corretivos são distribuídos ao solo por mecanismos


inerciais. Destacam-se principalmente os sistemas pendulares e centrífugos

2.2.1. Distribuidores a lanço do tipo pendular: São equipamentos que utilizam um


tubo (Pêndulo) para distribuir os corretivos. A TDP do trator aciona um eixo
cardã, que por sua vez está ligado a um volante e um mecanismo biela-
manivela, alterando-se o movimento rotativo em movimento linear, fazendo um
movimento semelhante a um vai-vem no tubo.
Quanto as regulagens das máquinas distribuidoras de corretivos a lanço do tipo
pendular, pode-se realizar de 3 formas: 1) Alterando a abertura do orifício de saída. Quanto
maior a abertura maior a quantidade distribuída; 2) Ângulo de funcionamento do tubo:
Quanto maior o ângulo de funcionamento do pêndulo, maior a faixa de abertura de
distribuição do corretivo; 3) Comprimento do tubo: Quanto maior o comprimento do tubo,
maior a faixa de abertura de distribuição do corretivo.

2.2.2. Distribuidores a lanço do tipo centrífugo: A distribuição é feita por meio de


um ou dois discos rotativos, por meio da força centrífuga. A TDP do trator
aciona um eixo cardã, que por sua vez está ligado a um conjunto de engrenagens
(pinhão e coroa) movimentando-se o disco centrífugo.
Quanto as regulagens das máquinas distribuidoras de corretivos a lanço do tipo
centrífugo, ocorre por 3 formas: 1) Velocidade do rotação do disco. Quanto maior a
velocidade maior a faixa útil de aplicação. 2) Posição das aletas do disco rotativo. Em
algumas máquinas existe a possibilidade de alterar a posição da aleta. Quanto mais externo
as aletas maior é a faixa útil de aplicação. 3) Aberturas de saída: Pode-se alterar a abertura
de saída do corretivo. Quanto maior a abertura maior a quantidade distribuída.

3. OUTROS DISTRIBUIDORES DE CORRETIVOS AGRÍCOLAS

Existem outros distribuidores de corretivos agrícolas além dos já mencionados. Existem


distribuidores centrífugos em que utilizam-se dois discos distribuidores de corretivos. A
vantagem de utilizarem-se dois discos é quanto a uniformidade de distribuição do corretivo.
Outro tipo de distribuidor de corretivo é o sistema por gravidade, por um mecanismo de
rosca sem fim.
4. CALIBRAÇÃO DAS MÁQUINAS PARA APLICAÇÃO DE CORRETIVOS
DE AGRÍCOLAS

Uma vez realizado a análise do solo, e de acordo com a cultura a ser implantada é
calculado a quantidade a ser distribuído na área. Posteriormente, deve-se ajustar a máquina
para distribuir a quantidade desejada.
Para calibração das máquinas distribuidoras de corretivos, deve-se conhecer
principalmente a velocidade de deslocamento da máquina (V), a faixa útil de aplicação (f) e
a vazão do produto (kg min-1).

Em que
Q = quantidade de produto distribuído (kg ha-1);
q = vazão de produto (kg min-1);
V = velocidade de deslocamento (km h-1); e
f = faixa útil de aplicação (m).
4.1.Determinação da velocidade de deslocamento da máquina

No campo, deve-se aferir a velocidade de deslocamento da máquina. Em hipótese


alguma deve-se utilizar a velocidade de deslocamento teórica, que constam em manual de
operação do trator. Para aferir a velocidade de deslocamento, deve-se demarcar uma
distância conhecida, escolher a marcha e rotação de trabalho, e cronometrar o tempo gasto
para percorrer a distância demarcada.

Exemplo: O trator levou 20s para percorrer a distância de 50m, logo:

ist ncia m m
, ms
tempo s s

A velocidade obtida foi de 2,5 m s-1. Deve-se transformar para velocidade em km h -1.
Basta multiplicar o valor encontrado por 3,6. V = 2,5 x 3,6 = 9 km h-1.

4.2.Determinação da vazão de produto

Para determinar a vazão de corretivo agrícola, deve-se coletar a quantidade de produto


distribuída por um período de um minuto. Na prática, muitas vezes, estica-se uma lona na
parte posterior da máquina, e “joga” o produto por um período de um minuto. Em seguida,
reúne-se todo o material distribuído e pesa-se a quantidade do produto.
Deve-se sempre obter a quantidade distribuída, em kg, no período de um minuto,
obtendo-se assim vazão do produto em kg min-1.

4.3.Determinação da faixa de aplicação

As máquinas distribuidoras de corretivos agrícolas a lanço, possuem perfil de


distribuição do tipo leque. Ao centro da máquina ocorre maior distribuição de corretivos, e
conforme distancia-se ocorre redução na quantidade de produto distribuído, semelhante a
uma curva de distribuição normal.

Em condições de campo, significa que próximo a máquina distribui maior quantidade


de produto. Para corrigir este fato, deve-se realizar sobreposições entre as passadas de
modo a aumentar a uniformidade de distribuição do produto ao longo da área.
A faixa de aplicação distingue-se duas denominações. Faixa total de aplicação e faixa
útil de aplicação. A faixa total é a distribuição de corretivo, sem as sobreposições entre as
passadas. Já a faixa útil é a faixa efetivamente tratada, descontando-se as sobreposições.
Para a calibração da máquina, deve-se utilizar a faixa útil de aplicação. Na
prática, a faixa útil corresponde aproximadamente 50 a 60% da faixa total. Para
determinar a faixa de aplicação, deve-se ligar a máquina e visualmente observar a distância
que o produto está sendo distribuído. Em seguida, com o auxílio de uma trena deve-se
realizar a medição da faixa total. Posteriormente, desconta-se a sobreposição, obtendo-se
assim a faixa útil.
Existem métodos mais precisos para determinar a faixa útil. Nesse caso, deve-se
distribuir bandejas equidistantes sob o solo e deixar a máquina ligada por um período de
tempo. Em seguida, com auxílio de uma planilha deve-se simular as sobreposições entre as
passadas, obtendo-se assim a faixa útil e a sobreposição exata entre as passadas.
Diversos parâmetros alteram a faixa de aplicação, como por exemplo, granulometria
do produto; velocidade do pêndulo ou disco centrífugo; comprimento do pêndulo ou aletas
do disco rotativo. Sendo assim, sempre que realizar qualquer alteração no produto ou
máquina deve-se realizar a medição da faixa novamente.
5. EXEMPLOS

1) Você observou os seguintes dados:


a. Velocidade: 4,6 km h-1;
b. Faixa útil de aplicação : 6m;
c. Vazão de produto : 4 kg min-1.
Qual a quantidade de produto está sendo aplicado por hectare?

q
, ,

Supondo que nesse caso, você chegou a campo para calibrar a sua máquina e
constatou-se que a mesma está distribuindo 86,95 kg ha -1. Porém, você deseja aplicar 400
kg ha-1. Como ajustar? Pode-se alterar a velocidade de deslocamento ou a vazão de produto.
Recomenda-se que sempre que possível ajustar a vazão de produto, nesse caso abrir os
orifícios de saída do corretivo. Quanto deverá ser a vazão para distribuir o desejado (400 kg
ha-1)?

v ,
q

2) No momento da calibração de um corretivo agrícola, você constatou que o


conjunto trator e implemento levou 30s para percorrer a distância de 50m. Em
seguida com o auxílio de uma lona, coletou-se a quantidade de produto por um
período de um minuto de 12 kg min-1. Deixou a máquina ligada por um período
de tempo e visualmente determinou que a faixa total de aplicação era de 15m,
com sobreposição de 50%. Sendo assim, qual a quantidade de corretivo agrícola
está sendo distribuída sob o solo?
ist ncia m m
, ms
tempo s s

q = 12 kg min-1
Faixa total de aplicação = 15 m.
Faixa útil de aplicação = 7,5 m.

q
,

Você deseja aplicar 200 kg ha-1. Qual a vazão de produto?

v ,
q
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALASTREIRE, L. A. Máquinas Agrícolas. São Paulo, Ed. Manole, 1987, 310 p.

Manual de instruções e catálogo de peças semeadora adubadora centrífuga Vicon®.


Série Giro. Disponível em:
<http://www.vicon.com.br/pdfs_files/pt/manual_0000017080.pdf>. Acesso
realizado em 21/04/2021.

Manual de instruções e catálogo de peças semeadora adubadora pendular Vicon®.


Série PS. Disponível em: <
http://www.vicon.com.br/pdfs_files/pt/manual_0000000069.pdf>. Acesso realizado
em 21/04/2021.

SILVEIRA, G. M. Máquinas para plantio e condução das culturas. Série


Mecanização. Volume 3. Viçosa – Editora Aprenda Fácil. 2001. 334 p.

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