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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RGS – PUCRS

Sistemas de Tratamento de Água


Filtração
1. Importância da Filtração
No tratamento de águas temos dois processos para a purificação:
FILTRAÇÃO e a CLORAÇÃO. Sabe-se que existem microrganismos que são
muito resistentes à cloração (ameba histolítica, cercarie da equistosomose,etc...)
e que a desinfecção não é 100 % eficiente e nem ocorre instantaneamente.

2. Eficiência
A capacidade de purificação dos FILTROS é extraordinária. Adotando-se a
turbidez como índice, teremos como exemplo:
Água bruta - 200 Ut
Água Decantada - 5 Ut
Água Filtrada - 0,5 Ut Ut = Unidade de turbidez

Cabe ressaltar que a Portaria 2914 estabelece como limite máximo de


turbidez na saída da ETA 0,5 Ut.

3. Fenômenos
Ocorrem fenômenos diversos ao mesmo tempo durante a FILTRAÇÃO:
químicos, físicos e biológicos.
Filtração
4. Mecanismos
Os flocos são encaminhados pela água e ficam retidos entre os grãos do
meio filtrante e na superfície dos mesmos, formando um “depósito”. Outras
substâncias também ficam retidas, aumentando a PERDA DE CARGA. Quando esta
atingir um determinado valor, lavam-se os filtros.

5. Materiais Filtrantes
AREIA - ANTRACITO - GRANADA - PEDRA POME

6. Requisitos dos Materiais Filtrantes


● Durabilidade ● Facilidade de obtenção
● Inalterabilidade ● Baixo custo
● Forma adequada ● Dureza
● Peso específico satisfatório
Filtração

Tipos de Filtros
Filtração
7. Filtros de Múltiplas Camadas
Areia - Peso específico 2,65
Antracito - Peso específico 1,40
Granada - Peso específico 4,80

A água entra “suja” e, a medida que vai encontrando as camadas inferiores, torna-
se mais “limpa”. Todo o filtro de 2 camadas é uma ótima solução. A terceira
camada é um refinamento.
Vantagens dos Filtros de Dupla Camada:
● Carreira de Filtração mais longa entre lavagens
● Consome menos água de lavagem
● Produz água de melhor qualidade ( turbidez mais baixa)
8. Granulometria dos Materiais Filtrantes
Devemos nos preocupar com o Tamanho e a Distribuição dos tamanhos
dos grãos. São dois os parâmetros:
● TAMANHO EFETIVO
● COEFICIENTE DE UNIFORMIDADE
Filtração
9. Problemas da Filtração
A superfície deve ser regular, sem crateras ou despregamento do meio
filtrante. As crateras são devido a má lavagem. O despregamento deve-se a perda
de carga excessiva. Outros problemas estão relacionados a formação de bolas de
lodo e a presença de bolhas de ar.

10. Filtros Rápidos de Gravidade

Fluxograma do Processo
Filtração
11. Taxa de Filtração
Um dos elementos fundamentais no projeto e operação de filtros é a
denominada taxa de filtração, dada pela expressão: TF = Q / A
Onde:
TF = taxa de filtração, em m3/m2.dia
Q = vazão filtrada, em m³/dia
A = área da superfície filtrante, em m²

De acordo com a NBR-12216, o valor máximo dessa taxa deve ser


determinado através de ensaios realizados em filtro-piloto. Caso não for possível
realizar esses ensaios, as taxas máximas são as seguintes:
Filtros de camada simples: 180 m³/m².dia
Filtros de camada dupla: 360 m³/m².dia

12. Disposição Construtiva


Filtração
13. Número de Filtros
O número mínimo admissível é 2 e o mínimo desejável é 3 para reduzir a
sobrecarga durante a lavagem de um deles.
O número de filtros na ETA depende:
● da magnitude da ETA
● do número de etapas da construção
● do lay-out da ETA
● de fatores econômicos relacionados com tubulações e estruturas

Vazão (L/s) 20 50 250 500 1000 1500 2000


N° de Filtros 2 3 4 6 8 10 14

14. Forma e Dimensões


Os filtros normalmente são de forma quadrada ou retangular. Dimensões
finais em planta são estabelecidas em função:
● do tipo de fundo de filtro
● do tipo de lavagem auxiliar
● do espaçamento e das dimensões das calhas que recebem a água de lavagem
● da economia de paredes
Filtração
15. Espessura das Camadas e Altura da Caixa do Filtro

A altura do fundo falso deve ser ≥0,50 m. O valor mínimo é dado por:
H ≥ D + 0,25 onde D é o diâmetro da tubulação de água para lavagem.

A altura d’água mínima sobre o meio filtrante pode ser fixada por:
Taxa de Filtração Altura d’água
(m3/m2.dia) (m)
100 1,3
200 1,6
300 2,0
400 2,5
Filtração
16. Meio Filtrante
a) Filtro de Camada Simples (Areia):
● Espessura da camada: 0,55 m
● Tamanho efetivo: 0,5 a 0,6 mm
● Coef. de Uniformidade: < 1,6
● Tamanhos Mínimo e Máximo: 0,42 a 1,2 mm

Sob a camada de areia usa-se uma camada intermediária, de areia mais


grossa, conhecida como CAMADA TORPEDO com a seguinte granulometria:
● Espessura da camada: 0,08 a 0125 m
● Tamanho efetivo: 0,8 mm
● Coef. de Uniformidade: < 1,7

b) Filtro de Dupla Camada (Areia e Antracito):


Espessura da Camada Tamanho Efetivo Coef.
Var. Méd. Recom Var. Méd. Recom Unifor
Materiais
(m) (m) (m) (mm) (mm) (mm) midade

Antracito 0,45 - 0,70 0,55 0,55 0,7 - 1,3 1,0 0,9 < 1,8
Areia 0,15 - 0,30 0,20 0,25 0,3-0,5 0,4 0,4 < 1,6
Filtração
17. Camada Suporte
A camada suporte geralmente é composta de 5 sub-camadas com uma
altura total de 0,45 a 0,55m. Normalmente são adotados os seguintes tamanhos
para as sub-camadas de pedregulho:

Tamanho (mm) Espessura (mm)


4,8 – 2,4 75
12,5 – 4,8 75
19,0 – 12,5 100
38,0 – 19,0 100
63,0 – 38,0 150
Σ 500
18. Fundo dos Filtros

Tradicionalmente são utilizados três tipos:

● Fundo Falso com Bocais Distribuidores


● Sistema de Canalizações Perfuradas
● Dutos ou Blocos Distribuidores “Leopold”
Filtração
19. Fundo Falso com Bocais Distribuidores

Distância E (m) 0,125 0,15 0,20


N° de Bocais/ m² 64 45 25

Altura da Câmara Inferior: A ≥ D + 0,25

● Os bocais distribuidores podem ser de louça, PVC, vidro ou bronze.


● É importante especificarmos se a lavagem do filtro será feita com água ou com ar
e água.
● A perda de carga nos Bocais é um dado a ser fornecido pelo fabricante.
Normalmente fica compreendida entre 0,5 a 1,0 m durante a lavagem e 0,15 a 0,25
m durante a filtração.
Filtração
20. Sistema de Canalizações Perfuradas
As canalizações são instaladas sobre a laje de fundo do filtro.
Tubulação Principal ou
múltiplo

laterais

Canalização Principal (D): Dimensionadas em função da área do filtro.

Área do Filtro (m²) D (mm) Área do Filtro (m²) D (mm)


≤ 2,5 200 10 350
5,0 250 20 500
7,5 300 30 600
Filtração
Canalização Lateral (DL): Dimensionadas em função do comprimento do lateral.

Compr. L (m) 1,0 1,5 2,5


Diam. DL (mm) 50 75 75
Nota: L é considerado do múltiplo (centro do filtro) até a parede
O espaçamento dos Laterais e dos furos será idêntico (0,20 ou 0,25 ou 0,30 m)

Furos nos Laterais:

Espaçamento dos Espaçamento dos Laterais (m)


Furos (m) 0,20 0,25 0,30
0,20 1/2”
0,25 5/8”
0,30 3/4”
Filtração
Simplificação da Tecnologia
Filtração
21. Sistema com Blocos Distribuidores “Leopold”

Vantagens: ● Facilidade de Instalação Desvantagem: ● Maior Custo


● Excelente Distribuição Hidráulica
● Grande Durabilidade
● Redução da camada Suporte
● Redução da Perda de Carga
Filtração
22. Canalizações Imediatas dos Filtros
Um filtro é constituído de 4 Canalizações comandadas por válvulas e um
dreno cujo dimensionamento é estabelecido em função da Velocidade.
Canalizações Velocidades Limites (m/s)
Água Decantada (E) 0,30 – 0,70
Água Filtrada (S) 0,80 – 1,30
Água Lavagem (L) 1,80 – 3,60
Descarga Lavagem (D) 0,90 – 1,80
Dreno (R) (DN 50 – DN 300)
Filtração
23. Lavagem dos Filtros
A lavagem dos filtros é feita com água tratada à contra-corrente, com
grande vazão para poder expandir o meio filtrante dentro de certos limites.
A velocidade ascencional da água durante a lavagem deve ser
suficiente para expandir o meio filtrante e aumentar os espaços intergranulares.
A expansão deve estar compreendida entre 25 e 40%.

Velocidade Ascencional (m/min) para 35% de expansão (23°C)

Tamanho Areia Antracito


Efetivo (mm) P/ Fluidificar p/ Expandir P/ Fluidificar p/ Expandir
0,3 0,15 0,45
0,4 0,20 0,70
0,5 0,30 0,85
0,6 0,40 1,10 0,08 0,36
0,8 0,55 1,50 0,11 0,50
1,0 0,70 0,14 0,65
1,2 0,90 0,19 0,80
Filtração
A Vazão da água para Lavagem dos filtros é determinada:

Q (m3/min) = Área do Filtro (m²) x Velocidade Ascencional (m/min)

A capacidade do Reservatório de água para Lavagem depende do número de


Filtros da ETA e do Tempo de Lavagem de cada Filtro.

24. Calhas de Água de Lavagem


As calhas para recolhimento da água de Lavagem dependem:

● Fluxo da água durante a Lavagem


● Impurezas Arrastadas
● Dimensões do Filtro
Filtração

Dimensionamento das Calhas: Qcalha= 1,3.B.H3/2


Filtração
Filtração
Entrada e Saída dos Filtros
Filtração

Lavagem dos Filtros via Reservatório


Filtração
Um Filtro em Operação e outro em Processo de Lavagem
Filtração
Filtro Duplo da ETA Menino Deus
Filtração
Lavagem de um Filtro
Filtração
Filtro em Operação
Filtração
Galeria de Comando dos Filtros
Filtração
Filtro e no conjunto os Decantadores
Filtração
Calhas – ante-câmara e comando das válvulas
Filtração
Fundo falso com crepinas
Filtração

Trabalho 3 – Decantação/Filtração
Filtração
FILTROS – Aplicação Prática

Dimensionar as unidades de Filtração para uma Estação de Tratamento de Água


que irá tratar a vazão de 70 l/s (1ª Etapa).

Dados: Q = 70 l/s
N de Filtros Adotados: 3 unidades
Taxa de Média de Filtração:140 m3/m2.dia
Resolução:

a) Dimensões Úteis de cada Filtro:

Área Superficial:
0,070.86400
As = = 14 ,4 m2
140.3

Largura: (Função dos Decantadores)

B = 3,0 m
Filtração
Comprimento Útil:
14 ,4
L= = 4 ,80 m
3 ,0
Comprimento Total: LTotal = 4,80 + 0,20 + 0,70 = 5,70 m

b) Espessura das Camadas e altura da Caixa do Filtro:


Altura livre: 0,40 m
Altura d’água sobre o Meio Filtrante: 1,5 m
Altura do Meio Filtrante:
Camada de antracito: 0,50 m
Camada de areia: 0,25 m
Camada Suporte: 0,50 m (acima das tubulações)
Camada Torpedo: 0,15 m (areia grossa)
Altura Total da Caixa do Filtro:
0,40 + 1,5 + 0,50 + 0,25 + 0,50 + 0,15 + 0,20 = 3,50 m
Filtração
c) Fundo dos Filtros: “Múltiplo com Laterais ”

P/ areia com Tam. Efet. = 0,40 mm e antracito com Tam. Efet = 1,0 mm  vlav (Tabela)
vlav = 0,70 m/min. = 1,17 cm/s

Qlav = (3,0.4,8) .0,0117 m/s = 0,168 m3/s = 168 l/s

Tubulação de água de lavagem: Adotar-se-á DN 300

0 ,168.4
v = = 2 ,38 m / s (1,80 - 3,60 m/s)
π .(0 ,30 )2

Tubulações Laterais: DN 75  LLateral = 2,95 m


Orifícios dos Laterais:  = 12,7 mm (1/2”)Aorif = 1,26 cm2
Espaçamento dos Orifícios: 0,10 m intercalados
Espaçamento dos Laterais: 0,20 m

4 ,80
N de Laterais por Filtro: N °deLaterais = = 24
0 ,20
Filtração

2 ,95
N de Orifícios por Lateral: N °orif / lat = = 30
0 ,10
Qlav 168
Vazão por Lateral: qlat = = = 7 ,0 l / s .lat
N °lat 24

qlat 7 ,0
Vazão por Orifício: qorif = = = 0 ,23 l / s .orif
N °orif / lat 30
Filtração

Perda de Carga nos Orifícios: (qorif )2 (0 ,00023 )2


ho = = = 0 ,46 m
Cd 2 .Aorif 2 .2 g (0 ,61 )2 .(0 ,000126 )2 .2.9 ,81
Cd = coef. de descarga
0 ,00023
Velocidade nos orifícios: vorif = = 1 ,83 m / s em orifício
0 ,000126

0 ,007
Velocidade máx. laterais: vlat =
0 ,0044
= 1 ,59 m / s

0 ,168
Velocidade máx. múltiplo: vmult = = 1 ,05 m / s
0 ,40.0 ,40

d) Canalizações Frente-Filtro: Qfiltro= 70/3 = 23,3 l/s

Tubulação Diâmetro Velocidade Vazão/filtro


Lavagem DN 300 2,38 168
Filtrada DN 200 0,74 23,3
Decantada DN 250 0,48 23,3
Descarga DN 400 1,34 168
Filtração

e) Calhas de água de Lavagem:


Qcalha= 1,3.b x H3/2 Qlav=168 l/s

Adotando-se 2 calhas/filtro  Qcalha= 168/2 =84 l/s

Adotando-se H = 0,40 m  resulta b = 0,26 m

badotado = 0,30 m

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