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Curso - Tecnologia Do Concreto0011
Curso - Tecnologia Do Concreto0011
Apresentação
Os textos apresentados como base para o este mini-curso são artigos
publicados nos anais do 44o e 45o Congresso Brasileiro do Concreto,
realizados em 2002 e 2003 respectivamente, e nos anais do V Simpósio EPUSP
sobre Estrutura de Concreto, realizado em 2003. Os trabalhos foram
desenvolvidos pelo grupo de materiais, sob a coordenação dos professores
Arnaldo Carneiro e Paulo Regis, e com a participação de alunos de iniciação
científica do curso de Engenharia Civil do CTG da UFPE.
Os textos estão distribuídos em quatro partes, o primeiro trata da análise de
concretos dosados com agregado seixo rolado, sendo o valor do ensaio da
“Abrasão los Angeles” em torno de 60%. O conteúdo dos demais textos é
sobre a análise das propriedades de concretos nos estados fresco e
endurecido, e que foram dosados com agregados graúdos, que tiveram sua
composição granulométrica modificada com misturas ternárias. Ao final tem
um quinto texto com as referências bibliográficas dos textos.
Resumo
Este trabalho tem o objetivo, através de misturas otimizadas de agregados graúdos para constituição
de concretos, em fazer análise através das resistências à compressão dos mesmos; para isso foram
feitas 6 misturas binárias com dois seixos de distribuição granulométricas diferentes; a saber: Mistura
1 – 100% de seixo médio; Mistura 2 – 100% de seixo fino; Mistura 3- 50% seixo médio + 50% seixo
fino; Mistura 4 – 40% seixo médio + 60% seixo fino; Mistura 5 – 30% de seixo médio + 70% de seixo
fino; Mistura 6 – 20% de seixo médio + 80% de seixo fino. Objetiva reduzir o consumo de cimento;
com a otimização do emprego do agregado graúdo pois o mesmo representa 80% da composição do
concreto e reduzir impactos ambientais em função da exploração de jazidas de agregados. A
dosagem do concreto utilizada está de acordo com o método IPT/EPUSP (traço 1:5, com teor de
argamassa variando). Os materiais utilizados são os Cimento CP II-Z-32; a areia utilizada na cidade
de Belém e as misturas binárias otimizadas de agregados graúdos. Foram moldados corpos-de-
provas para ensaios à resistência à compressão na idade de 28 dias. A partir das análises dos
resultados, foi observado que vale a pena otimizar a composição granulométrica de misturas binárias
do agregado graúdo natural para concreto, pois a mesma diminuiu o consumo de cimento, o de água
e aumentou a resistência à compressão.
1. Introdução
O estudo da composição do material concreto está em constante avanço, sempre em busca da sua
maior durabilidade frente aos agentes agressivos. Este trabalho objetiva analisar propriedades nos
estados fresco e endurecido do concreto de cimento, areia e pedra; sendo o agregado graúdo, a
pedra, caracterizada por misturas binárias otimizadas de agregados graúdos encontrados na região
Metropolitana da cidade de Belém, onde há a predominância de apenas um tipo de agregado,
denominado de seixo rolado, com duas classes de distribuição granulométrica, denominada de fina e
média. As misturas binárias utilizadas neste trabalho já foram analisadas em outro estudo intitulado
“Otimização de misturas binárias de agregados para a produção de concreto” (CARNEIRO et al,
2002), assim as análises dos resultados aqui obtidos serão observações do efeito dessas misturas
binárias nas propriedades do concreto.
A necessidade do estudo das propriedades de concretos com ênfase no agregado graúdo é devido
essa fração inerte representar cerca de 80% da composição de um concreto e que contribui
predominantemente para a sua massa específica, módulo de elasticidade e estabilidade dimensional
do concreto (METHA et al, 1994). Dentre as características do agregado, que podem influenciar o
desempenho do concreto, como a densidade, a resistência ao esmagamento, a forma e a textura, a
reatividade com os álcali do cimento, a massa unitária e a distribuição granulométrica. Neste trabalho,
serão analisadas apenas a influência da massa unitária e da distribuição granulométrica, das misturas
binárias de agregado graúdo nos concretos aqui estudados.
Os estudos da possibilidade do aumento da resistência mecânica do concreto através da otimização
da composição granulométrica do agregado graúdo remonta ao início do século XX, quando FULLER
(1907) desenvolveu um estudo de dosar concretos a partir de misturas de agregados com diferentes
composições granulométricas, em que buscava a maior compacidade do agregado, pois observou
que resulta em concretos com maior resistência mecânica; isto ocorria porque havia para cada grupo
de agregados uma proporção de ideal de mistura. O mesmo autor observou que cada mistura tinha
uma curva de distribuição granulométrica padrão, cujo perfil era semelhante a uma curva formada:
parte pela metade da curva de uma parábola e a outra parte formada por ¼ da curva de uma elipse,
como ilustra o gráfico da Figura 1. Esses estudos foram de caráter empírico, mas que proporcionou
aos pesquisadores do futuro o desenvolvimento de muitas teorias para obter uma curva de
distribuição granulométrica ideal, dentre esses destaca-se o trabalho de FURNAS (1931)
desenvolveu um estudo, em que a composição granulométrica ideal para dosar um concreto poderia
ser obtida através da equação de uma Progressão Geométrica- P.G. tanto o estudo de Fuller como
Furnas vem demonstrar que o aumento da continuidade da distribuição granulométrica aumenta a
resistência mecânica e reduz a água de amassamento para uma mesma trabalhabilidade desejada.
2
% Passante
Peneira (mm)
Figura 1 – Croqui da curva de distribuição granulométrica de mistura binária de agregado graúdo para
concreto proposta por Fuller
Este estudo foi realizado por analogia com as conclusões obtidas por CARNEIRO et al. (1997) que
observou a influência direta das características dos agregados miúdos, a areia, na resistência
mecânica da argamassa, com redução do consumo de aglomerantes e da água de amassamento.
Assim infere-se que se as composições granulométricas das misturas binárias, de agregado graúdo
dos concretos, que tiverem a maior compacidade e continuidade, os concretos produzidos com essas
misturas irão fornecer as melhores propriedades mecânicas, com redução do consumo de
aglomerantes e da água de amassamento. Deste modo, acredita-se que esse concreto terá
maior durabilidade frente aos agentes agressivos.
2. Método de Estudo
O método de estudo para a análise dos concretos consistiu na dosagem de concretos, com o método
de dosagem IPT/EPUSP (HELENE et al, 1993), em que foi mantida fixa a relação
aglomerante:agregado, a relação água/cimento e o abatimento, tendo como variação a composição
granulométrica do agregado graúdo. A proporção de aglomerante:agregado foi fixada em 1:5; este
valor foi escolhido por ser considerado um traço usual na cidade de Belém. O valor do abatimento do
concreto no estado fresco escolhido foi de 80,0 ± 10,0mm, por representar a trabalhabilidade usual
em obras civis. A relação água cimento (a/c) foi fixada inicialmente em 0.6, no entanto por motivos de
uma mistura otimizada apresentar maior consumo de água do que outra ou vice-versa, e sabendo
que o importante é acharmos o teor de argamassa ideal para a mistura otimizada para o abatimento
de referência, a relação água cimento pode variar.
2.1.2-Agregados
A natureza mineralógica dos agregados miúdo e graúdo, areia e pedra respectivamente, empregados
no experimento são de natureza quartzosa. O agregado graúdo e as misturas binárias compostas
com eles foram caracterizados quanto a distribuição granulométrica, coeficiente de uniformidade e a
massa unitária no estado seco. Para a areia natural foi determinada a curva granulométrica e massa
unitária.
A determinação da massa unitária no estado seco foi de acordo com a NBR 7251- Determinação da
massa unitária em estado solto e a determinação da composição granulométrica de acordo com a
NBR 7217- Determinação da composição granulométrica dos agregados. O coeficiente de
uniformidade foi determinado de acordo com o método Allen -Hazen que relaciona C= d60/d10, isto é,
d60 é o diâmetro que equivalente a 60% da porcentagem passante de material (CAPUTO, 1983).
Estes ensaios foram utilizados também para a caracterização das misturas binárias (Tabela 1). A
massa unitária seixo médio e seixo fino são respectivamente, 1,350 kg/dm3 e 1,454 kg/dm3 , e os
coeficientes de uniformidade são respectivamente, C = 1,66 e C =4,14. As curvas granulométricas do
seixo médio e seixo fino estão no gráfico da Figura 2.
Sobre a reatividade com os álcalis do cimento dos agregados aqui utilizados nos concretos, não há
registro de patologias dessa natureza em concretos na Cidade de Belém – Pa , pelo que prescreve-
3
se que o agregado aqui utilizado, o seixo rolado, pode ser considerado inerte. E, sobre a sua
resistência ao esmagamento os ensaios de “Abrasão Los Angeles”, desenvolvidos no Laboratório de
Materiais de Construção Civil da UFPa, de acordo com a NBR 6465 – Ensaio de Abrasão Los
Angeles, os resultados sempre obtidos foi maior do que 60%, indicado que esse agregado é muito
friável. No entanto, apesar de estudos que indicam a influência negativa do agregado friável na
resistência mecânica do concreto, como por exemplo FERREIRA (1999), este agregado é
correntemente utilizado na cidade de Belém. Quanto, a influência da forma e da textura esse
agregado é considerado com formato mais próximo do regular e com textura lisa.
100
90
80
70 %Passa 1- Seixo médio
% Passante
O agregado miúdo utilizado, a areia natural, foi o disponível na Região Metropolitana da Cidade
Belém, com massa unitária igual 1,44 kg/dm3 . A curva granulométrica está no gráfico da figura 3.
Essa areia é considerada muito uniforme, pois apresenta grande concentração de uma única faixa de
grãos, sua interferência não será considerada na analise, uma vez que o procedimento de dosagem
adotado não leva em consideração a distribuição granulométrica da areia.
120
100
80
% Passante
60 %Passante
Areia(1,44 Kg/dm3)
40
20
0
0,01 0,1 1 10
# Peneiras
4
Tabela 1 – Características das misturas binárias para dosagem do concreto
Proporções (%) Massa unitária Coeficiente de
Misturas
Seixo médio Seixo fino (kg/dm3) Uniformidade
1 100 0 1,350 1,60
2 0 100 1,454 4,14
3 50 50 1,373 3,70
4 40 60 1,446 2,7
5 30 70 1,402 3,4
6 20 80 1,368 3,0
Da analise dos dados das composições binárias, tabela 1, observa-se que o coeficiente do agregado
natural seixo médio é o valor mais baixo, isto é, uma curva muito uniforme em relação as demais, o
seixo fino apresenta o maior coeficiente, isto é, apresenta a maior continuidade, e que com variação
da porcentagem entre esses agregados é possível o aumento da compacidade e da continuidade da
distribuição granulométricas das misturas, conforme o gráfico da figura 4. O fato da massa unitária da
mistura M6 não ser maior indica que está não possui uma grande concentração de grãos de
agregados de um mesmo tamanho no conjunto de partículas. Como ocorre com a mistura 4 que tem
uma massa unitária elevada, mais tem um baixo coeficiente de uniformidade.
50
40
30
20
10
0
0,01 0,1 1 10 100
Peneira (mm)
Figura 4 – Curvas de distribuição granulométrica das misturas binárias de seixo médio e seixo fino
5
Tabela 2 – Teores de argamassa utilizados nos concretos
Determinação do Teor de Argamassa para o traço Básico de 1:5
Teor de Argam.(%) Traço unitário a Traço unitário p Cimento (Kg) Areia (Kg)
- - - Total Acresc. Total Acresc.
30 0,8 4,2 8,33 0,12 6,67 0,6
31 0,86 4,14 8,45 0,12 7,27 0,62
32 0,92 4,08 8,57 0,13 7,89 0,64
33 0,98 4,02 8,7 0,13 8,53 0,66
34 1,04 3,96 8,83 0,14 9,19 0,68
35 1,1 3,9 8,97 0,14 9,87 0,7
36 1,16 3,84 9,11 0,14 10,57 0,72
38 1,28 3,72 9,4 0,15 12,04 0,77
39 1,34 3,66 9,55 0,16 12,81 0,8
40 1,4 3,6 9,71 0,16 13,61 0,82
41 1,46 3,54 9,87 0,17 14,43 0,85
42 1,52 3,48 10,04 0,18 15,28 0,88
43 1,58 3,42 10,22 0,18 16,16 0,91
44 1,64 3,36 10,4 0,19 17,07 0,95
45 1,7 3,3 10,59 0,2 18,02 0,98
46 1,76 3,24 10,79 0,2 19 1,02
47 1,82 3,18 10,99 0,21 20,02 1,06
48 1,88 3,12 11,2 0,22 21,08 1,1
49 1,94 3,06 11,42 0,23 22,18 1,14
50 2 3 11,65 0,24 23,32 1,19
51 2,06 2,94 11,89 0,25 24,51 1,24
52 2,12 2,88 12,14 - 25,75 -
Observação: esta tabela serve só para o traço 1:5 e para uma quantidade de agregado graúdo de
35,40kg.
6
3 – Análise dos dados
Os dados obtidos foram analisados com base nas seguintes relações: coeficiente de uniformidade
versus teor de argamassa; Coeficiente de uniformidade versus resistência à compressão; massa
unitária dos agregados versus teor de argamassa e massa unitária dos agregados versus resistência
à compressão. O concreto composto com os agregados seixo fino e médio forma os valores de
referência, considerados para efeito de analise neste trabalho; o seixo médio como o limite superior e
o seixo fino como limite inferior.
60
M1
50 M3
M4 M6 M5
Teor de argamassa (%)
40 M2
30
20
10
0
1,66 2,7 3 3,4 3,7 4,14
Coeficiente de uniformidade
Da analise do gráfico da figura 6, observa-se que as maiores resistências nos concretos foram os
produzidos com as misturas M6, M1 e M2. A maior resistência obtida apenas com agregado seixo
médio M1 ocorreu devido ao maior teor de argamassa no concreto, e com o seixo fino M2 foi devido a
maior continuidade da distribuição granulométrica desse agregado. E , o bom resultado foi o obtido no
concreto produzido com a mistura M6 pois foi a que demandou o menor teor de argamassa, mais a
sua resistência à compressão foi a maior em função da sua continuidade, apesar do valor C = 3,0 ser
um valor intermediário.
Os concretos produzidos com as misturas M4, M5 e M3 obtiveram resistência à compressão próximos
em função dos teores de argamassas serem próximos, figura 5, apesar dos valores dos coeficiente
de uniformidade serem diferentes, neste caso o valor numérico de C = d60/d10 não foi significativo.
7
Resistência à compressão (MPa)
30 M2
M1
25
M6
M4 M5 M3
20
15
10
0
1,66 2,7 3 3,4 3,7 4,14
Coefiente de uniformidade
Do gráfico da figura 7, observa-se que as massas unitárias das misturas M2, M3,
M4, M5 e M6 são crescentes e maiores em relação a da mistura M1, e esta teve o
maior consumo de argamassa em função do seu elevado teor de vazios e do seu
baixo coeficiente de continuidade. O teor de argamassa nos concretos produzidos
com as misturas M4, M5 e M6 estão numa faixa com o intervalo, 35 até 40%,
indicando que as misturas produzidas tem eficiência. No entanto, observa-se que
concreto produzido com o agregado natural, M2, também está no intervalo, 35 até
40%; isto ocorreu provavelmente devido a ação da distribuição granulométrica
contínua do seixo fino, que contribuiu para trabalhabilidade do concreto.
Entre as misturas otimizadas observa-se que a mistura M3 teve o maior consumo de
argamassa, em torno de 47%, devido a mesma apresentar maior proporção de seixo
médio que tem uma composição granulométrica pouco contínua, em relação ao
seixo fino, requerendo consequentemente para uma mesma trabalhabilidade
estipulada maior teor de argamassa. E, em função da otimização da composição
granulométrica da mistura M6, isto é, tornando-a mais contínua, era de se esperar o
menor consumo de argamassa, em torno de 35%. Isto se explica por essa mistura
ter uma proporção de seixo fino maior que as outras, que tem uma maior
continuidade.
8
55
M1
M3
50
M5
Teor de argamassa (%)
45 M4
M2
40
M6
35
30
25
20
1,35 1,368 1,373 1,402 1,446 1,454
Massas unitárias (kg/dm 3)
26 M6 M2
M1
24
Resisência à compressão (MPa)
M5
22 M4
M3
20
18
16
14
12
10
1,35 1,368 1,373 1,402 1,446 1,454
Massas unitárias (kg/dm 3)
9
4 – Conclusão
Da analise dos dados obtidos das propriedades do concretos no estado fresco, o abatimento, e no
estado endurecido, a resistência à compressão, de concretos produzidos com misturas binárias,
produzidas a partir de agregados naturais com distribuição granulométricas distintas, depreende-se
que busca pela otimização da composição granulométrica binária é relevante, pois, favorece o
aumento da resistência do concreto com redução do consumo de argamassa, portanto de
aglomerante, o cimento, conforme ilustra o gráfico qualitativo da figura 9. O gráfico representa apenas
uma hipótese de que o comportamento é linear, para tal comprovação é necessário realizar um
estudo com amostragem estatística para saber qual tendência dessas relações: continuidade da
distribuição granulométrica do agregado graúdo com resistência mecânica e consumo de
aglomerante.
Continuidade
Consumo de aglomerante
Resistência mecânica
Figura 9 – Gráfico hipotético da relação continuidade da distribuição granulométrica do agregado
graúdo com a resistência mecânica e consumo de aglomerante do concreto
O procedimento para otimização de misturas binárias pode ser feito através da maior compacidade e
continuidade das misturas. A busca pelo aumento da continuidade de uma mistura binária deve ser a
meta principal para otimização da dosagem do concreto, pois, pode ocorrer casos em que o perfil da
curva granulométrica indica uma continuidade boa do agregado, mas a sua massa unitária é inferior a
de outro agregado, porém com curva granulométrica mais uniforme do que contínua, pois o fato da
sua massa unitária ser maior pode indicar apenas que existe uma concentração de uma única faixa
de grão do agregado.
Outrossim, o procedimento de otimizar a composição granulométrica do agregado, que possibilita o
seu uso racional, poderá contribuir para reduzir os impactos ambientais causados pela exploração de
jazidas de agregados.
10
Texto 2 – ANÁLISE DA TRABALHABILIDADE DO CONCRETO FRESCO
DOSADO COM AGREGADO GRAÚDO COMPOSTO A PARTIR DE UMA CURVA
GRANULOMÉTRICA CONTÍNUA OBTIDA POR UMA EQUAÇÃO ALGÉBRICA –
O EFEITO PAREDE
Resumo
Este trabalho tem por objetivo a análise da trabalhabilidade de concretos compostos com misturas
ternárias de agregados graúdos, brita 0, 1 e 2 encontrados na cidade do Recife. As misturas ternárias
foram compostas a partir da equação do somatório de uma progressão geométrica. Isto é, as
porcentagens retidas das frações granulométricas das curvas teóricas correspondem à proporção
para cada uma das britas utilizadas na mistura ternária; assim, foram preparadas quatro misturas
ternárias. Posteriormente as mesmas foram caracterizadas quanto à densidade de massa aparente e
coeficiente de uniformidade. A dosagem dos concretos foi realizada de acordo com o método
IPT/EPUSP, com os traços 1:3,5; 1:5 e 1:6,5, sendo que o teor de argamassa variou para cada
mistura ternária para atingir o abatimento de 80±10mm no traço 1:5, posteriormente, com este teor de
argamassa foram dosados os traços 1:3,5 e 1:6,5, acrescentando água para atingir valor em torno do
mesmo abatimento. Os materiais utilizados foram o Cimento CP II Z-32 e a areia utilizada na cidade
de Recife. A partir da análise dos resultados, foi observado que a modificação da composição
granulométrica da fração inerte o agregado graúdo, na busca da maior continuidade, proporciona
redução do consumo de aglomerante e da relação água/cimento para uma mesma faixa de
abatimento, isto foi possível em função do efeito parede, que favoreceu o rolamento entre as
partículas das misturas ternárias. O coeficiente de uniformidade das misturas ternárias pode ser
adotado como um indicador desta redução.
1. Introdução
Este trabalho tem por objetivo a análise da trabalhabilidade de concretos de cimento, areia e pedra;
em que o agregado graúdo, a pedra, caracteriza-se por misturas ternárias, obtidas com agregados
graúdos encontrados na região Metropolitana da cidade do Recife. A importância do estudo da
trabalhabilidade de concretos, com ênfase no agregado graúdo, é em função da fração inerte
representar cerca de 80% da sua composição, e por influenciar a densidade de massa aparente nos
estados fresco e endurecido, as resistências mecânicas, o módulo de elasticidade e a estabilidade
dimensional do concreto (METHA et al, 1994). Dentre as características do agregado que podem
influenciar o desempenho do concreto cita-se a resistência ao esmagamento; a forma e a textura; a
reatividade com os álcalis do cimento; a densidade de massa aparente e a distribuição
granulométrica. Neste trabalho a ênfase é a influência da distribuição granulométrica na
trabalhabilidade do concreto.
A análise da trabalhabilidade dos concretos será com base no conceito do efeito parede, que foi
introduzido por CAQUOT (1936), e que pode ser entendido do seguinte modo: seja um sistema de
partículas em equilíbrio dispostas num espaço infinito. Se, posteriormente o espaço infinito for
delimitado, o sistema de partículas sofre uma perturbação tendendo para um novo arranjo no interior
desse espaço limitado, ocorrendo uma alteração no índice de vazios do sistema na vizinhança da
parede que limita o espaço. O valor do índice de vazios é máximo na vizinhança da parede e diminui
à medida que se afasta da parede. Este fenômeno foi observado por CAQUOT (1936) para um
sistema binário de partículas e para um sistema multidimensional; neste último, o mesmo autor
observou que a influência do efeito parede é maior nas partículas menores do que nas partículas
maiores, em função do envolvimento das partículas maiores pelas partículas menores. Os desenhos
das figuras 1 e 2 representam de forma esquemática a idéia de CAUOT (1936).
11
Figura 1 – Esquema do efeito parede de um sistema binário
Outro autor, FURNAS (1931), introduziu a idéia do rolling-ball, rolamento de partículas entre elas
mesmas do seguinte modo: as partículas maiores rolam sobre as partículas menores, isto é, o
rolamento ocorre em função do efeito parede das partículas menores sobre as maiores. Assim, se a
distribuição granulométrica do sistema de partículas multidimensional for contínua, o rolamento entre
as partículas será mais fácil em relação ao sistema de partículas multidimensional com distribuição
granulométrica uniforme, isto é, com a predominância de partículas de um mesmo tamanho.
Assim, a fim de dar continuidade a linha de trabalho desenvolvida por estes autores, em tecnologia de
concreto, no Departamento de Engenharia Civil – DECIV do Centro de Tecnologia e Geociências da
UFPE: dosagem de concretos com otimização da composição granulométrica da fração inerte, foi
realizado um estudo de concretos em que na dosagem foi variada a composição do agregado graúdo,
isto é, a preparação de misturas ternárias. As misturas ternárias foram preparadas com os agregados
graúdos brita 0, brita 1 e brita 2, tendo como base para as proporções das britas, as porcentagens
retidas das curvas de composição granulométricas contínuas teóricas, geradas a partir de uma
equação do somatório de uma progressão geométrica. Isto é, as porcentagens de cada agregado,
brita 0, brita 1 e brita 2, para as composições ternárias foram obtidas das porcentagens retidas em
cada fração granulométrica da curva teórica.
Diante do exposto, e por analogia das conclusões obtidas por CARNEIRO et al. (2002) que observou
a influência de misturas binárias de agregado graúdo nas propriedades dos concretos, como a
resistência mecânica, com redução da água de amassamento e do teor de argamassa, infere-se que
a variação da continuidade da distribuição granulométrica das misturas ternárias poderá proporcionar
aumento do abatimento no concreto com redução do teor de argamassa e da relação água/cimento.
Isto ocorre em função do efeito parede entre os grãos das misturas ternárias, isto é, os grãos maiores
são apoiados nos grãos menores que servem de parede de apoio para o rolamento.
2. Método de Estudo
O método de estudo para a análise dos concretos consistiu nas seguintes partes:
- composição das misturas ternárias do agregado graúdo;
- dosagem do concreto e
- determinação da consistência pelo ensaio de abatimento.
12
As curvas granulométricas teóricas foram geradas a partir da equação geral do somatório dos termos
de uma progressão geométrica (Equação 1) proposta por FURNAS (1931) apud CARNEIRO (1999).
Sn = A (1-Prn)/(1-Pr) (Equação 1)
Sendo:
Sn = somatório da P.G. A – primeiro termo da P.G.
Pr – razão da P.G. n – número de termos da P.G.
A dosagem dos concretos foi com base no método de dosagem IPT/EPUSP (HELENE et al, 1993),
em que foi determinado o teor de argamassa ideal para que com o traço 1:5 fosse obtido o
abatimento em torno de 80 ± 10mm. Posteriormente, com este mesmo teor de argamassa
determinado, foram dosados os traços 1:3,5 e 1:6,5, com adição de água para obter o mesmo
abatimento. Este procedimento foi repetido para quatro composições granulométricas ternárias, isto
é, para cada mistura foram dosados três concretos, de modo que foram obtidos 12 traços de
concretos.
A determinação do abatimento foi determinada de acordo com a NM 67:96 Concreto – Determinação
da consistência pelo abatimento do trono de cone.
Para a análise dos dados não foi dosado um concreto de referência, assim a comparação será entre
os concretos dosados, tendo em vista a maior ou menor continuidade da curva de distribuição
granulométrica das misturas ternárias.
2.1.2 Agregados
A natureza mineralógica dos agregados miúdo e graúdo, areia e pedra respectivamente, empregados
no experimento é de natureza quartzosa. O agregado graúdo e as misturas ternárias compostas com
eles foram caracterizados quanto ao coeficiente de uniformidade e a densidade de massa aparente
no estado seco. Para a areia natural foram determinadas a curva granulométrica e a densidade de
massa aparente.
A determinação da massa unitária no estado seco foi de acordo com a NBR 7251 - Determinação da
massa unitária em estado solto e a determinação da composição granulométrica de acordo com a
NBR 7217- Determinação da composição granulométrica dos agregados. O coeficiente de
uniformidade foi determinado de acordo com o método Allen -Hazen que relaciona C= d60/d10, isto é,
13
d60 e d10 são os diâmetros equivalentes a 60% e 10%, respectivamente, da porcentagem passante
de material (CAPUTO, 1983). Estes ensaios foram utilizados também para a caracterização das
misturas ternárias.
O agregado miúdo utilizado, a areia natural, foi o disponível na Região Metropolitana da Cidade do
Recife. Essa areia é considerada muito uniforme, pois apresenta grande concentração de uma única
faixa de grãos, sua interferência não será considerada na analise, uma vez que o procedimento de
dosagem adotado não leva em consideração a distribuição granulométrica da areia.
Os dados da areia natural constam na Tabela 2 e curva de distribuição granulométrica no gráfico da
figura 2.
Na Tabela 3 e 4 constam os dados das britas e no gráfico da figura 4 as curvas granulométricas das
britas.
100,00
90,00
80,00
70,00
Passante (%)
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
-
0,01 0,1 1 10
Peneiras (mm)
A partir da análise dos dados da Tabela 4, observa-se que nas britas 0, 1 e 2 as concentrações
granulométricas estão nas seguintes faixas:
- 79% do material da brita 0 fica retido na peneira com abertura 4,80mm;
- 92% do material da brita 1 fica retido na peneira com abertura 9,80mm e
- 96% do material da brita 2 fica retido na peneira com abertura 12,5mm.
14
Tabela 4 – Composição granulométrica das britas de acordo com a NBR 7217
Peneiras (mm) Brita 0 (%retida) Brita 1 (% retida) Brita 2 (%retida)
25 0 0 0
19 0 2,3 42,2
12,5 7,7 56,2 55,3
9,5 25,19 35,4 2,2
6,3 40,36 5,5 0,3
4,8 16,41 0,3 0,04
2,4 7,34 0,16 0,02
1,2 1,65 0,05 0,02
0,6 0,7 0,03 0,005
0,3 0,5 0,03 0,01
0,15 0,10 0,03 0.02
0,075 0,10 0,1 0
100,00
90,00
Brita 0
80,00 Brita 1
70,00 Brita 2
Passante (%)
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
-
0,01 0,1 1 10 100
Peneiras (mm)
15
Curva Teórica A
120
Curva Teórica B
Passante (%) 100 Curva Teórica C
80 Curva Teórica D
60
40
20
0
1 10 100
Peneiras (mm)
Os valores correspondentes à peneira “1” não são levados em consideração, constam na tabela
apenas para que a soma seja 100%. Os valores da peneira “1” poderiam ser considerados como
parte da fração do agregado miúdo, pois corresponde à fração passante na peneira 4,8mm de
abertura, que neste trabalho não está sendo levada em consideração na curva de distribuição
granulométrica ternária.
Com as porcentagens de cada brita foram compostas as misturas ternárias e em seguida
determinada à composição granulométrica real, a fim de observar o quanto diferente ficou da mistura
teórica. Na Tabela 6 constam os valores reais das porcentagens retidas de cada mistura ternária e no
gráfico da figura 6 as respectivas curvas granulométricas.
100,00
90,00
Curva A
80,00
Curva B
70,00
Passante (%)
60,00 Cruva C
50,00 Curva D
40,00
30,00
20,00
10,00
-
0,01 0,1 1 10 100
Peneiras (mm)
16
Tabela 6 – Composições granulométricas das mistura ternárias efetivas
Peneiras (mm) Curva A – 0,5 Curva B – 0,6 Curva C – 0,75 Curva D – 0,85
(%retida) (%retida) (%retida) (%retida)
25 0 0 0 0
19 31,4 21,86 11,40 17,5
12,5 40,61 43,5 31,80 44,3
9,5 16,5 18,2 22,8 23,0
6,3 8,9 9,53 20,0 13,4
4,8 2,0 3,32 7,50 1,70
2,4 0,59 1,85 3,0 0,1
1,2 0 1,2 1,5 0,0
0,6 0 0,54 1,0 0,0
0,3 0 0 1,0 0,0
0,15 0 0 0,0 0,0
0,075 0 0 0,0 0,0
Densidade de
massa aparente 1,699 1,690 1,61 1,500
(kg/dm3)
Coeficiente de
1,5 2,0 2,5 1,5
uniformidade
Tabela 7 – Dados dos concretos dosados com diferentes misturas ternárias para um mesmo traço
Traço 1:3,5
Curvas
Características
A – 0,50 B – 0,60 C – 0,75 D – 0,85
Coeficiente de uniformidade 1,5 2,0 2,5 1,5
Densidade de massa aparente
1,699 1,690 1,610 1,500
(kg/dm3)
Teor de argamassa (%) 42 45 58 46
Abatimento
85 80 70 80
(mm)
Relação a/c 0,37 0,37 0,43 0,41
Consumo de cimento (kg/m3) 480 430 500 489
17
Tabela 8 – Dados dos concretos dosados com diferentes misturas ternárias para um
mesmo traço
Traço 1:5
Curvas
Características
A – 0,50 B – 0,60 C – 0,75 D – 0,85
Coeficiente de
1,5 2,0 2,5 1,5
uniformidade
Densidade de massa
1,699 1,690 1,610 1,500
aparente (kg/dm3)
Teor de argamassa (%) 42 45 58 46
Abatimento
90 70 75 85
(mm)
Relação a/c 0,46 0,50 0,43 0,55
Consumo de cimento
370 360 390 359
(kg/m3)
Tabela 9 – Dados dos concretos dosados com diferentes misturas ternárias para um
mesmo traço
Traço 1:6,5
Curvas
Características
A – 0,50 B – 0,60 C – 0,75 D – 0,85
Coeficiente de
1,5 2,0 2,5 1,5
uniformidade
Densidade de massa
1,699 1,690 1,610 1,500
aparente (kg/dm3)
Teor de argamassa (%) 42 45 58 46
Abatimento
85 80 70 75
(mm)
Relação a/c 0,55 0,57 0,66 0,63
Consumo de cimento
290 320 310 289
(kg/m3)
100,00 100,00
90,00 90,00
80,00 80,00
Passante (%)
Curva A Curva B
18
100,00 100,00
90,00 90,00
80,00 80,00
70,00 % Curva C 70,00 % Curva D
Passante (%)
60,00
Passante (%)
Curva Teórica C 60,00 Curva Teórica D
50,00
50,00
40,00
40,00
30,00
30,00
20,00
20,00
10,00
10,00
-
1 10 100 -
1 10 100
Peneiras (mm)
Peneiras (mm)
Curva C Curva D
Figura 7 – Gráfico das misturas ternária teórica e real
O gráfico da figura 8 demonstra que com o aumento do coeficiente de uniformidade das curvas
granulométricas das misturas ternárias, a densidade de massa diminui; isto ocorre porque à medida
que aumentam a continuidade de uma distribuição granulométrica, deixa de haver a predominância
de grãos com uma única dimensão, passa a ter grãos de dimensões variáveis, o que diminui a
densidade de massa medida, apesar da boa compacidade do sistema de grãos. Quando ocorre a
predominância de um único tipo de grão a densidade de massa tende a ser maior em relação a uma
mistura de grãos contínua, pois esta predominância aumenta o valor da densidade de massa, mas a
compacidade do sistema de grãos não é satisfatória, pois deixa de haver o preenchimento dos vazios
entre grãos de diâmetro D, por grãos de diâmetro d, onde D >> d.
O caso das misturas A e D terem o mesmo coeficiente de uniformidade, mas densidade de massas
diferentes, pode ser um indicativo de que o ponto ótimo para misturar as três britas é com a curva C;
isto é, o fato de aumentar a continuidade através do aumento da razão da progressão geométrica da
equação 1 não contribui para a aumentar a compactação do sistema.
Coeficiente de uniformidade
3 1,75
Densidade de massa aparente (kg/dm3)
Densidade de massa aparente
1,7
Coeficiente de uniformidade
2,5
1,65
2
(kg/dm3)
1,6
1,5
1,55
1
1,5
0,5 1,45
0 1,4
A B C D
Curvas
19
Em ambos gráficos, das figuras 9 e 10, observa-se que a faixa de abatimento é maior para os
concretos com a proporção 1:3,5 e reduzindo para as proporções 1:5 e 1:6,5. Este fato pode ser
explicado pela variação da distribuição granulométrica das misturas ternárias, pois os menores
valores de abatimento correspondem às curvas com menor continuidade, e as curvas mais contínuas
são as que fornecem os concretos mais consistentes.
De acordo com o gráfico da figura 11 a relação água/cimento tende a diminuir com o aumento do
abatimento, este fato pode ser explicado pelo aumento do coeficiente de uniformidade da mistura
ternária, que requer menos água para o concreto, e também, em função do aumento do teor de
argamassa. Neste mesmo gráfico, pode ser observado que as faixas de consumo de água tende a
diminuir com o aumento da proporção de aglomerante no concreto.
95 Abatimento1:3,5
Abatimento 1:5
90 Abatimento 1:6,5
85
Abatimento (mm)
80
75
70
65
60
1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 2,2 2,4 2,6
Coeficiente de uniformidade
95
Abatimento1:3,5
90 Abatimento 1:5
Abatimento 1:6,5
85
Abatimento (mm)
80
75
70
65
60
40 45 50 55 60
Teor de argamassa (%)
De acordo com gráfico da figura 12, o consumo efetivo de aglomerante entre os traços dos concretos
variou significativamente de acordo com a proporção aglomerante:agregado, a saber:
- traço 1:3,5 consumo de cimento 450 kg/m3a 500 kg/m3 ;
- traço 1:5,0 consumo de cimento 350 kg/m3a 400 kg/m3 e
- traço 1:6,5 consumo de cimento em torno de 300 kg/m3 .
20
0,7 Relação a/c 1:3,5
Relação a/c 1:5
0,65
Relação a/c 1:6,5
0,6
0,55
0,5
Relação a/c
0,45
0,4
0,35
0,3
0,25
0,2
60 65 70 75 80 85 90 95
Abatimento (mm)
Consumo 1:6,5
450
400
350
300
250
200
60 65 70 75 80 85 90 95
Abatimento (mm)
4. Conclusão
Da analise dos dados obtidos dos concretos dosados com as misturas ternárias, para obter um
concreto com abatimento em torno de 80±10mm, depreende-se que a modificação da composição
granulométrica do agregado graúdo pode interferir na consistência do concreto fresco, com a redução
da água de amassamento e do teor de argamassa, com redução do consumo de aglomerante.
Os coeficientes de uniformidade das misturas ternárias, quando relacionados com o abatimento do
concreto fresco conduz a conclusão que são inversamente proporcionais, isto é, quanto maior for a
continuidade da distribuição granulométrica do agregado graúdo mais consistente será o concreto no
estado fresco, em função da compacidade da mistura, pois os vazios dos grãos maiores são
preenchidos pelos grãos menores, fazendo que mistura seja tenha mais coesão. O contrário, isto é,
quando a distribuição granulométrica do agregado não é contínua resulta em um concreto com pouca
21
coesão, o que é prejudicial para mistura, pois pode ocasionar exsudação da água de amassamento.
O gráfico da figura 13 ilustra de maneira qualitativa esta conclusão.
Abatimento (mm)
Cf. Uniformidade
A análise da relação água/cimento versus abatimento do concreto fresco conduz a conclusão que são
inversamente proporcionais, isto é, é possível obter concretos com abatimento elevado com redução
da relação água/cimento, isto ocorre em função do efeito parede que facilita o rolamento dos grãos
maiores entre os grãos menores favorecendo a trabalhabilidade do concreto fresco. O gráfico da
figura 14 ilustra de maneira qualitativa esta conclusão.
Relação a/c
Abatimento (mm)
A otimização pode ser medida pela análise do coeficiente de uniformidade e pela densidade de
massa aparente das misturas, lembrando que uma análise qualitativa das curvas granulométricas
obtidas é pertinente, pois só o valor numérico não fornece a informação completa sobre
empacotamento do sistema.
22
Texto 3 - ANÁLISE DA ABSORÇÃO POR CAPILARIDADE DE CONCRETOS
PRODUZIDOS COM AGREGADOS COM CURVA DE DISTRIBUIÇÃO
GRANULOMÉTRICA OTIMIZADA
Resumo
Este trabalho tem por objetivo a análise da absorção por capilaridade de concretos compostos com
misturas ternárias de agregados graúdos, brita 0, 1 e 2 encontrados na cidade do Recife. As misturas
ternárias foram compostas a partir da equação do somatório de uma progressão geométrica. Isto é,
as porcentagens retidas das frações granulométricas das curvas teóricas correspondem à proporção
para cada uma das britas utilizadas na mistura ternária; assim, foram preparadas quatro misturas
ternárias. Posteriormente as mesmas foram caracterizadas quanto à densidade de massa aparente e
coeficiente de uniformidade; estas foram utilizadas para comparar com a absorção por capilaridade
de cada concreto dosado. A dosagem dos concretos foi realizada de acordo com o método
IPT/EPUSP, com o traço 1:5, com teor de argamassa variando para atingir o abatimento de
80±10mm. Os materiais utilizados são os Cimento CP II Z-32 e a areia utilizada na cidade de Recife.
Foram moldados corpos de provas para o ensaio aos 28 dias de absorção por capilaridade, com base
na NBR 9779 – Argamassas e Concretos/ Determinação da Absorção por Capilaridade; este método
tem por princípio medir a ascensão capilar num corpo de prova ao longo do tempo, em função da
variação de massa até a sua estabilização. A partir das análises dos resultados, foi observado que a
otimização da fração inerte o agregado graúdo proporciona redução da absorção por capilaridade em
função da maior compacidade do sistema aglomerante e agregado.
1. Introdução
Este trabalho tem por objetivo a análise da capilaridade do concreto de cimento, areia e pedra; em
que o agregado graúdo, a pedra, caracteriza-se por misturas ternárias, obtidas com agregados
graúdos encontrados na região Metropolitana da cidade do Recife, onde há a predominância do uso
de agregado graúdo de uma única pedreira.
Para a análise dos dados não foi dosado um concreto de referência, assim a comparação será entre
os concretos dosados, tendo em vista a maior ou menor continuidade da curva de distribuição
granulométrica das misturas ternárias.
2.Procedimentos de ensaio
O ensaio de caracterização dos concretos no estado fresco foi o abatimento, que é uma medida de
referência para a trabalhabilidade do concreto, e está diretamente relacionado com os fatores teor de
argamassa e consumo da água de amassamento, isto é, quanto maior forem esses fatores maior
será o valor do abatimento; neste trabalho, com já descrito, o valor do abatimento em relação a altura
do tronco de cone de ensaio foi de 80 ± 10 mm.
No estado endurecido foi realizado o ensaio de absorção de água por capilaridade de acordo com a
norma NBR 9779. Depois de moldados e armazenados em cura durante o período de 28 dias, os
corpos-de-prova foram retirados e colocados na estufa até que os mesmos atingissem constância de
massa. Obtivemos essa constância de massa no período de 72 horas (3 dias). Obtida a constância os
CP’s foram retirados da estufa e colocados para resfriar ao ar livre para ao coloca-los em contato com
a água não tivesse uma alta absorção inicial devido a alta temperatura dos nossos CP’s, evitando
com isso que o ensaio pudesse nos oferecer resultados errôneos.
Depois de resfriado e pesado foi obtida sua massa inicial, parâmetro importante para o cálculo de
absorção do nosso concreto, e posteriormente colocados em imersão parcial em água a temperatura
de 24,5ºC. Para essa imersão os corpos-de-prova foram colocados sobre suportes, preenchendo-se,
então, com água a bandeja do recipiente do ensaio, de modo que o nível d’água permanecesse
constante a (5 ± 1)mm acima do topo ou face inferior do corpo-de-prova.
Para que pudesse manter constante o nível d’água a altura recomendada por norma, foi feita a
marcação com giz verde a 5mm da base do CP e com isso sempre feito o preenchimento no
recipiente com água assim que o a coluna d’água estivesse abaixo do seu nível de marcação.
Durante o ensaio foi determinada a massa total do corpo-de-prova, nos seguintes tempos: 1 min; 4
min; 9 min; 16 min; ...; 2h 49 min e 3h e continuando o mesmo nas idades de 6 h, 24 h, 48 h e 72 h,
contadas a partir da colocação do corpo-de-prova em contato com a água.
O cálculo para a determinação da absorção por capilaridade dos corpos-de-prova é dado pela
equação 2:
C=A–B/S (Equação 1)
Onde:
23
C = Absorção de Água por Capilaridade (kg/cm3)
A = Massa do CP que permanece com uma das faces em contato com a água durante um período
de tempo especificado (Kg)
B = Massa inicial do CP seco em Estufa Ventilada, Temperatura de (40±5)ºC
S = Área da seção transversal da Superfície em contato com a Água (área da seção molhada inicial)
(cm2)
3. Dados obtidos
Os dados apresentados referentes ao concreto no estado fresco são o teor de argamassa e a relação
a/c, constantes na Tabela 1.
Os dados obtidos da absorção por capilaridade constam na Tabela 8 e correspondem aos tempos de
ensaio de 3horas; 6 horas, 24 horas, 48 horas e 72 horas. No gráfico da figura 1 são apresentadas as
curvas de absorção em quilo por centímetro quadrado (kg/cm2) versus tempo em minutos (min).
0,001
Absorção (kg/cm2)
0,0008
0,0006
0,0004
0,0002
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000
Tempo (min)
24
3 – Análise dos dados
No gráfico da figura 1 observa-se que o concreto produzido com a composição granulométrica
ternária C foi o que apresentou a curva de absorção de menor valor e que estabiliza logo nos
primeiros minutos. Os demais concretos apresentam uma absorção crescente ao longo do tempo,
tendendo para uma estabilização só após 48horas de ensaio. Os concretos dosados com as misturas
ternárias A e B têm as curvas de absorção com os maiores valores, sendo que o concreto dosado
com a composição ternária D apresenta o valor intermediário.
Na Tabela 8, observa-se que ao final de 72horas de ensaio o concreto dosado com a composição
granulométrica C foi o que apresentou a menor absorção.
Coeficiente de uniformidade
3 1,75
Densidade de massa aparente
(kg/dm3)
1,65
2
1,6
1,5
1,55
1
1,5
0,5
1,45
0 1,4
A B C D
Misturas ternárais
25
Absroção (kg/cm2)
0,0014 1,75
Densidade de massa
0,0012 1,7
0,001 1,65
Abosrção (kg/cm 2)
(kg/dm 3)
0,0008 1,6
0,0006 1,55
0,0004 1,5
0,0002 1,45
0 1,4
A B C D
Concretos
Figura 3– Densidade de massa aparente (kg/dm3) versus absorção por capilaridade (kg/cm2)
No gráfico da figura 4 observa-se que as misturas ternárias com maior coeficiente de uniformidade
forneceram os concretos com menor absorção capilar após 72 horas em função da maior
compacidade das misturas.
Coeficiente de uniformidade
3 0,0014
Absroção (kg/cm2)
Absorção por capilaridade (kg/cm2)
2,5 0,0012
Coeficiente de uniformidade
0,001
2
0,0008
1,5
0,0006
1
0,0004
0,5 0,0002
0 0
A B C D
Concretos
26
Teor argamassa ((%)
60 0,0012
em 72horas (kg/cm2)
50 0,001
40 0,0008
30 0,0006
20 0,0004
10 0,0002
0 0
A B C D
Concretos
Do gráfico da figura 6, observa-se que o concreto produzido com a mistura ternária C favoreceu a
redução da relação água/cimento, pelo que contribui também para a menor absorção no concreto.
Relação a/c
0,6 0,0014
Absroção (kg/cm2)
0,5 0,0012
Absorção (kg/cm2)
0,001
0,4
Relação a/c
0,0008
0,3
0,0006
0,2
0,0004
0,1 0,0002
0 0
A B C D
Concretos
4 – Conclusão
Da analise dos dados obtidos de absorção por capilaridade do concreto, para um abatimento fixo de
80±10mm, e dosado com misturas ternárias, compostas com brita 0, 1 e 2, depreende-se que a
otimização granulométrica influencia na redução da absorção do concreto, pois contribui para o
empacotamento do sistema aglomerante e agregados, miúdo e graúdo, conforme ilustra o gráfico
qualitativo da figura 7. O gráfico representa apenas uma hipótese de que o comportamento é linear,
para tal comprovação é necessário realizar um estudo com amostragem estatística para saber qual
tendência dessas relações: continuidade da distribuição granulométrica das misturas ternárias versus
absorção por capilaridade.
27
Absorção (kg/cm2)
Coeficiente de
continuidade
A otimização pode ser medida pela análise do coeficiente de uniformidade e pela densidade de
massa aparente das misturas, lembrando que uma análise qualitativa das curvas granulométricas
obtidas é pertinente, pois só o valor numérico não fornece a informação completa sobre
empacotamento do sistema.
28
Texto 3 – ANÁLISE DAS CURVAS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DE CONCRETOS
PRODUZIDOS COM AGREGADOS COM CURVAS DE DISTRIBUIÇÃO
GRANULOMÉTRICA OTIMIZADA
Resumo
Este trabalho tem por objetivo a análise das curvas de resistência de concretos compostos com
misturas ternárias de agregados graúdos, brita 0, 1 e 2 encontrados na cidade do Recife. As misturas
ternárias foram compostas a partir da equação do somatório de uma progressão geométrica. Isto é,
as porcentagens retidas das frações granulométricas das curvas teóricas correspondem à proporção
para cada uma das britas utilizadas na mistura ternária; assim, foram preparadas quatro misturas
ternárias. Posteriormente as mesmas foram caracterizadas quanto à densidade de massa aparente e
coeficiente de uniformidade; estas foram utilizadas para comparar com a absorção por capilaridade
de cada concreto dosado. A dosagem dos concretos foi realizada de acordo com o método
IPT/EPUSP, com os traços 1:3,5; 1:5 e 1:6,5, sendo que o teor de argamassa varia para cada mistura
ternária para atingir o abatimento de 80±10mm no traço 1:5, posteriormente, com este teor de
argamassa foram dosados os traços 1:3,5 e 1:6,5 apenas acrescentando água para atingir o mesmo
abatimento. Os materiais utilizados são os Cimento CP II Z-32 e a areia utilizada na cidade de Recife.
Foram moldados corpos de provas cilíndricos (30x15)cm para o ensaio aos 28 dias de resistência à
compressão com base na NBR 7222 – Argamassas e Concretos/ Determinação da resistência a
compressão. A partir da análise dos resultados, foi observado que a otimização da fração inerte o
agregado graúdo proporciona redução do consumo de aglomerante para uma mesma resistência
requerida. A determinação da densidade de massa aparente e o coeficiente de uniformidade das
misturas ternárias podem ser adotadas como indicadores do ganho da resistência mecânica.
1. Introdução
Este trabalho tem por objetivo a análise de curvas de resistências de concretos de cimento, areia e
pedra; em que o agregado graúdo, a pedra, caracteriza-se por misturas ternárias, obtidas com
agregados graúdos encontrados na região Metropolitana da cidade do Recife, onde há a
predominância do uso de agregado graúdo de uma única pedreira.
Neste trabalho, será analisada a influência da densidade de massa aparente e da distribuição
granulométrica das misturas ternárias de agregado graúdo na resistência mecânica à compressão.
2. Procedimentos de ensaio
O ensaio de caracterização dos concretos no estado fresco foi o abatimento, que é uma medida de
referência para a trabalhabilidade do concreto, e está diretamente relacionado com os fatores teor de
argamassa e consumo da água de amassamento, isto é, quanto maior forem esses fatores maior
será o valor do abatimento; neste trabalho, como já descrito, o valor do abatimento em relação a
altura do tronco de cone de ensaio foi de 80 ± 10 mm.
No estado endurecido foi realizado o ensaio de resistência à compressão de acordo com a norma
NBR 7222. Depois de moldados e armazenados em cura durante o período de 28 dias, os corpos-de-
prova foram retirados e capeados com enxofre.
3. Dados obtidos
Os dados apresentados referentes ao concreto no estado fresco são o teor de argamassa e a relação
a/c, no estado endurecido são as resistências à compressão de cada família de curva com seus
respectivos traços e o consumo de cimento; nas Tabelas 1, 2, 3 e 4 constamos valores para cada
curva granulométrica ternária.
29
1:5 0,50 33,6 360
1:6,5 0,57 26,5 320
Do gráfico da figura 1 observa-se que as misturas ternárias com maior densidade de massa fornecem
as maiores resistências à compressão para um mesmo traço, em que é variada a continuidade das
misturas ternárias.
45
Resistência à compressão (MPa)
40
35
30
25
20
15 fc (MPa) 1:3,5
fc (MPa) 1:5
10
fc (MPa) 1:6,5
5
0
1,699 - A 1,69 - B 1,61 - C 1,5 - D
3
Densidade de massa aparente (kg/dm )
Figura 1 – Densidade de massa aparente (kg/dm3) versus resistência à compressão (MPa). Ao lado
do valor da densidade de massa consta a identificação da mistura ternária.
30
45
40
Resistência à compressão (MPa)
35
30
25
20 fc (MPa) 1:3,5
15 fc (MPa) 1:5
fc (MPa) 1:6,5
10
0
1,5 - A 2-B 2,5 - C 1,5 - D
Coeficiente de uniformidade
45
40
Resistência à compressão (MPa)
35
30
25
20
15
fc (MPa) 1:3,5
10 fc (MPa) 1:5
fc (MPa) 1:6,5
5
0
42 - A 45 - B 58 - C 46 - D
Teor de argamassa (%)
Figura 3 – Teor de argamassa versus resistência à compressão (MPa). Ao lado do valor teor de
argamassa consta a identificação da mistura ternária.
31
Outrossim, a composição granulométrica das curvas A e B, em todos os traços forneceram concretos
com maior resistência à compressão em relação à composição D, apesar de todos os concretos
dosados com as curvas A e B terem o menor teor de argamassa, 42% e 45% respectivamente, em
relação aos concretos dosados com a composição D, com teor argamassa igual a 46%, como ilustra
o gráfico da figura 3.
fc - Curva A
60
fc - Curva B
fc - Curva C
fc - Curva D
50
Expon. (fc - Curva A)
Resistência à compressão (MPa)
30
20
10
0
0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65
Relação a/c
32
50
45
Resistência à compressão (MPa)
40
35
30
fc - Curva A
25 fc - Curva B
fc - Curva C
20 fc - Curva D
Log. (fc - Curva A)
15 Log. (fc - Curva B)
200 250 300 350 400 450 500 Log. (fc
550- Curva C)
3
Consumo de cimento (kg/m ) Log. (fc - Curva D)
Do gráfico da figura 5, observa-se que para todos os concretos dosados com as misturas ternárias A,
B, C e D aumentam de resistência com o aumento do consumo de cimento, o que é esperado. As
curvas de relação fc (MPa) versus consumo (kg/m3) apresentam inclinação diferentes: as curvas
A, B e C são mais inclinadas em relação à curva D, assim, para um intervalo de consumo de
cimento, como exemplo 300 kg/m3 e 450 kg/m3 as faixas de resistências à compressão para as
curvas A, C e B são maiores em relação à mistura D.
Para uma resistência à compressão de 30 MPa a mistura que ternária que fornece o menor consumo
de cimento é a mistura A com 310 kg/m3, seguida da mistura B com 340kg/m3, e mistura C com 360
kg/m3. O maior consumo é necessário para a mistura D, 450kg/m3.
Para consumos de cimento entre 250 kg/m3 e 350kg/m3, o gráfico da figura 11 demonstra que a
influência da curva de distribuição das misturas ternária é mais significativa, como exemplo: para um
consumo de 300kg/m3 a variação, aproximadamente, das resistências para cada um dos concretos
com as respectivas misturas ternárias são: Curva A com fc = 28MPa; Curvas B e D com fc = 25MPa;
e Curva C com fc = 20MPa.
Para um consumo de 350kg/m3 observa-se a concentração das resistências à compressão em dois
grupos, em torno de 33MPa para os concretos dosados com as misturas ternárias A e B, e, em torno
de 27MPa para os concretos dosados com as misturas C e D.
Para o consumo de 250kg/m3 é necessário fazer uma extrapolação no gráfico da figura 5 para leitura
das resistências dos concretos, assim, são obtidos os seguintes dados: Curva A com fc = 25MPa;
Curva B com fc = 20MPa; Curva C com fc = 15MPa e Curva D com fc = 22MPa
5. Conclusão
Da analise dos dados obtidos da propriedade resistência à compressão dos concretos dosados com
as misturas ternárias, para um abatimento fixo de 80±10mm, depreende-se que a otimização
granulométrica influencia na redução do consumo de aglomerante sem prejuízo das resistências à
compressão.
As características das misturas ternárias, densidade de massa aparente e coeficiente de
uniformidade, quando relacionadas com a resistência à compressão do concreto indicaram ser
diretamente proporcional e inversamente proporcional, respectivamente; o gráfico da figura 6
demonstra de maneira qualitativa esta conclusão.
33
fc (MPa)
fc (MPa)
A B C
Consumo (kg/m3)
A otimização pode ser medida pela análise do coeficiente de uniformidade e pela densidade de
massa aparente das misturas, lembrando que uma análise qualitativa das curvas granulométricas
obtidas é pertinente, pois só o valor numérico não fornece a informação completa sobre
empacotamento do sistema.
34
Texto 4 – Referências bibliográficas dos textos 1, 2 e 3.
35