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Aviso legal: Este é um modelo inicial que deve ser adaptado ao caso concreto por profissional habilitado.

Verifique sempre a vigência das


leis indicadas, a jurisprudência local e os riscos de improcedência. Limitações de uso: Você NÃO PODE revender, divulgar, distribuir ou
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AO JUÍZO DE DIREITO DA ________ DA COMARCA DE ________ .

Por dependência à Ação de Execução Fiscal número: ________

GERALDO MARTINS DOS SANTOS , casado,


comerciante, inscrito no CPF sob nº 374.376.826-
72,residente e domiciliado na Rua Monteiro Lobato , 199,
casa 04, bairro Ouro Preto. CEP 31310-530vem à presença
de Vossa Excelência, por seu representante constituído,
com fulcro no ART. 914 do CPC, apresentar,

EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL

movida pela FAZENDA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE


BELO HORIZONTE , diante dos substratos fáticos e
jurídicos que passa a expor:
DA INEXISTÊNCIA OU NULIDADE DA CITAÇÃO

Nos termos do art. 238 do CPC, a Citação é o ato pelo qual são
convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação
processual, indispensável para a validade do processo, conforme leciona a
doutrina:

"A citação é indispensável para a validade do


processo e representa uma condição para concessão da
tutela jurisdicional, ressalvadas as hipóteses em que o
processo é extinto sem afetação negativa da esfera
jurídica do demandado (indeferimento da petição inicial
e improcedência liminar). Não se trata de requisito de
existência do processo. O processo existe sem a citação:
apenas não é válido, acaso desenvolva-se em prejuízo do
réu sem a sua participação." (MARINONI, Luiz
Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO,
Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. 3ª ed.
Revista dos Tribunais, 2017. Vers. ebook. Art. 239)

Trata-se, portanto, de matéria de ordem pública que pode


ser alegada em qualquer fase de jurisdição, não ficando ocorrendo a
preclusão, conforme leciona Arruda Alvim ao disciplinar sobre a matéria:

“o processo sem citação (ou com citação nula


somada à revelia) é juridicamente inexistente em
relação ao réu, enquanto situação jurídica apta a
produzir ou gerar sentença de mérito (salvo os casos de
improcedência liminar do pedido – art. 332 do
CPC/2015). Antes a essencialidade da citação para o
desenvolvimento do processo, não há preclusão para
a arguição da sua falta ou de sua nulidade, desde
que o processo tenha corrido à revelia. Pode tal vício ser
alegado inclusive em impugnação ao cumprimento da
sentença proferida no processo viciado, ou até mesmo por
simples petição, ou, se houver interesse jurídico, em ação
própria (= ação declaratória de inexistência)” (Novo
contencioso Cível no CPC/2015. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2016, n.3.1.3, p. 204.)

Ocorre que no presente caso, o embargante teve conhecimento da


presente ação apenas quando da realização de penhora do seus bens , ou seja,
não foi regularmente citado nos termos da lei.

Desta forma, requer seja reconhecida a nulidade da citação, com


retorno do processo ao cômputo do prazo para contestação, tornando- sem
efeito todos os atos posteriores.

Da ausência de notificação - Inobservância ao


contraditório e à ampla defesa

O artigo 23 do Decreto nº 70.235, de 1972, que dispõe sobre o


processo administrativo fiscal, estabelece claramente:

Art. 23. Far-se-á a intimação:


(...)
II - por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio
ou via, com prova de recebimento no domicílio
tributário eleito pelo sujeito passivo;
Ocorre que tal intimação não houve, fato que não fica
demonstrado em momento algum do processo administrativo. Tem-se por
necessário, portanto, a nulidade do processo administrativo, por ausência de
comprovação de notificação válida (com consequente nulidade do título
executivo que aparelha a execução fiscal embargada), conforme precedentes
sobre o tema:

EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. NULIDADE DO


TÍTULO EXECUTIVO. DESRESPEITO AO DEVIDO
PROCESSO LEGAL. CONTRADITÓRIO NÃO
GARANTIDO. Viola o devido processo legal a
ausência de notificação de lançamento de crédito
tributário, pois a omissão impossibilita o
exercício do contraditório e a instauração de
processo administrativo fiscal mediante
apresentação de impugnação. (TRF-4 - AC:
50354217520144047000 PR 5035421-75.2014.404.7000,
Relator: LUIZ CARLOS CERVI, Data de Julgamento:
14/02/2017, SEGUNDA TURMA)

ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. PROCESSO


ADMINISTRATIVO. OFENSA À AMPLA DEFESA E AO
CONTRADITÓRIO. NULIDADE DA CDA. OCORRÊNCIA.
EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO FISCAL. 1. Em se tratando de
processo administrativo para aplicação de multa por danos
ambientais, devem ser observados o contraditório e a
ampla defesa, oportunizando-se ao autuado a efetiva
notificação pessoal ou postal para fins de manifestação
quanto à autuação e ciência acerca de seu resultado. 2.
Havendo nulidade no processo administrativo que
gerou a inscrição em dívida ativa, deve ser
declarada a nulidade da certidão e da execução
nela embasada. 3. Sentença mantida. (TRF-4 - AC:
50122421920134047107 RS 5012242-19.2013.404.7107,
Relator: VIVIAN JOSETE PANTALEÃO CAMINHA, Data
de Julgamento: 26/04/2017, QUARTA TURMA)

Cabe esclarecer, que o lançamento tributário é ato isolado,


decorrente de procedimento prévio a fim de apurar a ocorrência do fato gerador,
identificar o sujeito passivo e quantificar a exação.

Feitos tais procedimentos, é indispensável a notificação do


sujeito passivo, para pagar o valor indicado ou para apresentar impugnação,
na forma do artigo 11, II, do Decreto nº 70.235, de 1972, que dispõe:

Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo


órgão que administra o tributo e conterá
obrigatoriamente:
(...)
II - o valor do crédito tributário e o prazo para
recolhimento ou impugnação;

Assim, em fase posterior ao lançamento deve ser garantido ao


contribuinte o exercício do contraditório, constitucionalmente assegurado pelo
artigo 5º, LV, da Constituição Federal.

Diante da ausência deste procedimento, resta evidenciado o


desrespeito às normas constitucionais e legais regulatórias dos processos em
geral e, especificamente, do processo administrativo fiscal, culminando na não-
perfectibilização do lançamento e, consequentemente, na nulidade dos
títulos executivos embasados no crédito defeituosamente
constituído.
DA IMPENHORABILIDADE DOS BENS DE
FAMÍLIA

Diferentemente do que foi sustentado pelo embargado , o


imóvel indicado ,bem como os bens que guarnecem a
residencia familiar , não pode ser penhorado, conforme
clara disposição da Lei 8.009/90, ao dispor:

Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da


entidade familiar, é impenhorável e não
responderá por qualquer tipo de dívida civil,
comercial, fiscal, previdenciária ou de outra
natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos
que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas
hipóteses previstas nesta lei.

Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o


imóvel sobre o qual se assentam a construção, as
plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os
equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis
que guarnecem a casa, desde que quitados.

Assim, considerando que não existem, conforme certidões em


anexos, outros imóveis capazes de viabilizar a residência, tem-se o
necessário e imediato reconhecimento da impenhorabilidade:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO.


IMPENHORABILIDADE. BEM DE FAMÍLIA. A
impenhorabilidade do bem de família é matéria de
ordem pública, pode ser alegada e comprovada a
qualquer tempo. Nos termos da Lei nº 8.009/90, para
que seja reconhecida a impenhorabilidade do bem de
família necessária a demonstração de que o imóvel
penhorado seja utilizado pela entidade familiar para
moradia, o que ocorreu no caso concreto. NEGARAM
PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO.
UNÂNIME. (TJRS, Agravo de Instrumento 70077971349,
Relator(a): Walda Maria Melo Pierro, Vigésima Câmara
Cível, Julgado em: 11/07/2018, Publicado em:
18/07/2018).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO


ESPECIFICADO. AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA.
PENHORA DE BENS QUE GUARNECEM A RESIDÊNCIA
DO DEVEDOR. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO
STJ. BENS IMPENHORÁVEIS. DECISÃO MANTIDA.
Consoante entendimento do STJ os bens móveis que
guarnecem a residência do devedor são impenhoráveis,
pois abrangidos pela Lei 8.009/1990 que dispõe sobre a
impenhorabilidade do bem de família. Caso. Parte
agravante requereu a reforma da decisão que indeferiu a
penhora de bens que guarnecem a residência da agravada.
Correto o entendimento, pois sequer mencionado quais os
bens que pretende penhorar, considerando a
impenhorabilidade de utensílios necessários a manutenção
básica da unidade familiar. NEGADO PROVIMENTO AO
AGRAVO DE INSTRUMENTO. UNÂNIME. (Agravo de
Instrumento Nº 70078216926, Décima Sétima Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Giovanni Conti,
Julgado em 13/09/2018).(TJ-RS - AI: 70078216926 RS,
Relator: Giovanni Conti, Data de Julgamento:
13/09/2018, Décima Sétima Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 19/09/2018)
Portanto, a penhora dos bens de família configuram uma
ILEGALIDADE, passível de condenação pelo Judiciário.

DOS PEDIDOS

Ex positis, o Embargante requer a Vossa Excelência a atender aos


seguintes pedidos:

1. O recebimento e o processamento do presente Embargo à Execução;

2. Que seja determinada a intimação da Embargada para, querendo,


responder o presente Embargo;

3. O acolhimento das preliminares bem como pelas razões de mérito, com a


extinção imediata da ação de execução.

4. A condenação do Embargado ao pagamento de honorários advocatícios


no valor de 20% do valor da Execução e ao pagamento das custas
judiciais;

Valor da causa: R$ 65.773,17 ( Sessenta e cinco mil setecentos e setenta e três


reais e dezessete centavos.)

Nestes termos, pede deferimento.

Belo Horizonte , 17 de junho de 2019


________ , OAB/ ________ , nº ________

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