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TRADIÇÃO JUDAICA

Pr. Cleodson Cunha


Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 2

04
Introdução

11
A Torá

25
Os céus e a terra

38
Adão

64
Noé

78
ÍNDICE

A torre de Babel

83
Abraão
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 3

Olá Graça e Paz!

Permita que eu me apresente, eu me chamo


Cleodson Cunha, sou pastor, bacharel em
Teologia com Licenciatura em ensino religioso,
Dou aula à 25 anos em algumas cadeiras
teológicas, sou diretor e fundador do Instituto
IBFT, e ao longo desta Jornada temos a alegria
de ter participação direta na formação teológica
de mais de 6.450 pessoas, entre elas, centenas
de obreiros, obreiras e pastores.
Por dez anos de nossa caminhada, exercemos
em tempo integral o ministério da palavra como
conferencista, e pudemos ministrar a palavra
em quase todo Brasil e em alguns países da
Europa, ministrando durante este tempo para
quase meio milhão de pessoas, o que foi uma
realização de um sonho, alimentado desde
muito novo, e que aprove a Deus nos conceder.
Hoje, desejo continuar compartilhando com um
número ainda maior o conhecimento das
sagradas escrituras, com o desejo de que
possamos somar de alguma forma para o
crescimento de cada um. Que as linhas deste e-
book lhe sejam úteis para seu crescimento na
graça e no conhecimento.
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INTRODUÇÃO
É com muito prazer que eu reúno neste trabalho
informações que fazem vibrar o coração de
todos os que são Apaixonados Pela palavra de
Deus. Sabemos que a bíblia é rica em suas
informações, mesmo sem ter o objetivo de ser
um livro detalhista, pois, seu principal propósito
é nos apresentar o criador e nos dar
informações sobre o seu plano redentor para a
humanidade, não se preocupando com
detalhamentos de biografias ou episódios que,
não estejam diretamente ligados a seu
propósito maior.

Entretanto como estudantes da palavra de


Deus, ficamos sedentos, buscando cada vez
mais e mais conhecimento.
Deus ao longo de seu relacionamento com o
homem, onde, segundo estudiosos, se revelou
10.775 vezes, sobretudo através da Nação de
Israel. O Eterno entregou inúmeras revelações,
que hoje podemos conhecer pelas páginas da
bíblia sagrada. Contudo, sabemos que além da
revelação escrita
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existe a tradição oral, chamada também de torá


oral, que segundo os sábios do Judaísmo, foi
entregue a Moisés no monte Sinai junto com a
lei escrita.
Dentro da tradição oral, milhares de
informações foram transmitidas e preservadas
de geração em geração. Conhecimentos estes
que não eram escritos inicialmente, e que de
forma extraordinária revelam as entrelinhas de
eventos e biografias de personagens sagrados,
que apenas eram passados oralmente de pai
para filho, de mestre para aluno, e que assim
permaneceu por muito tempo.

Hoje embora o acesso ainda não seja tão


simples para muitos, sobre tudo pela barreira
linguística, já se abrem possibilidades para
alcançarmos este conhecimento tão
enriquecedor. É apaixonante observarmos a
profundidade e a grandeza do conhecimento
que a cultura Judaica é capaz de trazer para os
apaixonados pelas escrituras sagradas.

Ficamos impressionados com obras como: a


mishná, a guemará os midrashim. Verdadeiros
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compêndios, com as análises exegéticas e


homiléticas, feitas pelos dedicados sábios e
mestres do judaísmo ao longo dos anos. É
incalculável a satisfação de poder mergulhar
nos textos da palavra de Deus, conhecendo, por
exemplo, os Midrashim que enriquecem de
informações quem busca conhecer mais sobre
os eventos registrados nas sagradas páginas da
bíblia sagrada e seus personagens envolvidos, e
como os mestres transmitiam tamanho
conhecimento aos seus alunos, os talmidim.

TALMIDIM

Segundo o autor ED RENÉ KIVITZ, no livro


“Talmidim”, os meninos em Israel começavam a
estudar a Torá aos 6 anos. Aprendendo então a
lei de Moisés, o Pentateuco, os cinco primeiros
livros da Bíblia! Aos 10 anos, concluindo o
primeiro ciclo de estudos chamado Beit Sefer,
esses meninos já haviam decorado a Torá. A
partir daí alguns voltavam para casa e
aprendiam o ofício da família, enquanto os que
se destacavam continuavam num segundo
estágio, o Beit Talmud.
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Os que haviam sido selecionados para dar


seguimento aos seus estudos, aos 14 anos já
sabiam de cor todas as Escrituras; além da
Torah (a Lei de Moisés, composta pelos cinco
primeiros livros da Bíblia), também os livros
históricos, de sabedoria e todos os profetas.

Com essa idade eram também iniciados na


tradição oral, a sabedoria dos rabinos
acumulada ao longo da história de Israel, e
passavam a discutir as interpretações e
aplicações da Lei de Moisés.

Aos 14 e 15 anos, somente os melhores entre os


melhores estavam estudando, geralmente aos
pés de um rabino famoso e respeitado. Esses
meninos extraordinários eram chamados
Talmidim, plural da palavra hebraica Talmid, que
no novo Testamento é traduzido como
discípulo.

Neste trabalho eu tenho a honra de reunir


alguns dos midrashim, e exegeses rabínicas,
buscando ampliar nosso conhecimento e nossa
paixão pelas sagradas escrituras. Todo
conhecimento compilado aqui busca tornar
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maior nossa compreensão sobre a revelação


divina em sua palavra.

MIDRASHIM

Mas o que são os Midrashim? O midrash ou


midrashim (plural) são exegeses e histórias
apresentadas pelos sábios da cultura judaica.
Estes estudos nos permitem obter informações
e esclarecimentos com detalhes, que de outra
forma não teríamos, por envolverem costumes
da época, e tradições dos povos daquele
período. Alguns as consideram apenas como
histórias ou lendas, enquanto outros mestres
afirmam, incisiva e categoricamente que:
“considerar a tradução de midrashim como
“lendas”, “fábulas” ou “contos” é não somente
inadequada como, na verdade, errônea”. (Rabino
Moshe Weisman).

O termo “Midrash” é derivado do radical hebraico


darash, que significa pesquisar, investigar.
Então o midrash é na verdade uma exposição
dos sábios estudiosos judeus, que depois de
terem sondado profundamente cada nuance da
Torá, cada palavra e letra ali contida, buscaram
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o seu verdadeiro significado. Ou ainda nos


relatando detalhes sobre os episódios bíblicos e
seus personagens, que tornam nossa
compreensão sobre cada um deles ainda maior.

Que os conhecimentos reunidos aqui possam


nos permitir mergulhar mais e mais
profundamente nas revelações de Deus em sua
palavra. Que cada conteúdo nos ajude a nos
aproximar do Criador ainda mais e também
levarmos outras pessoas através deste
conhecimento a se aproximarem mais de Deus e
de sua revelação sagrada.

Um conselho:

Como professores, pregadores ou estudiosos,


tenhamos sempre a responsabilidade ao
compartilharmos esse conhecimento, assim
como tudo que ensinamos. Não tenhamos a
pretensão de passarmos este conhecimento
como se fossemos superiores, querendo
apenas impressionar os ouvintes. Sempre
anteceda cada informação com uma declaração
responsável e madura, do tipo: “segundo a
cultura judaica”, “segundo os sábios judeus” ou
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mesmo “segundo estudiosos da Torá”, para que


os ouvintes não confundam entre o que está
escrito nas páginas da Bíblia com o que os
sábios e a cultura Judaica nos trazem.

É possível utilizar este conhecimento em


mensagens, estudos ou palestras desde que
guardemos estes cuidados. Desta forma você
permite que o ouvinte saiba distinguir entre o
que está na bíblia e o que você está
apresentando, que é parte da cultura judaica.

Sejamos enriquecidos por estas informações e


façamos uso delas como verdadeiras
ferramentas de crescimento, sabendo que são
trazidas por aqueles que ouviram de seus pais,
geração após geração e que são informações
preservadas com reverência, e que só após
muito tempo, devido às perseguições e exílios,
temendo que este conhecimento se perdesse,
decidiram documentá-los na forma escrita. E
isto nos permite ter acesso a tamanhas riquezas
hoje.
A TORÁ
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A TORÁ

Enquanto estamos acostumados ao termo bíblia


para nos referirmos à palavra de Deus, os
Judeus utilizam o termo Torá. O termo Torá é
derivado de uma raiz que significa instruir,
ensinar ou preceito, com vistas a uma ação. Os
judeus entendem que todas as histórias e
versos presentes na Torá possuem um
propósito e nenhuma palavra está lá por acaso
ou por acidente ou que seja redundante. Como
afirma o tratado talmúdico Sanhedrin 99b, "seu
propósito essencial é ensinar preceitos ao ser
humano para que ele os cumpra.”

Além do termo Torá, é utilizado o termo Tanakh


para se referir a toda bíblia judaica. Tanakh é um
acrônimo utilizado dentro do judaísmo para
denominar seu conjunto principal de livros
sagrados. O conteúdo do Tanakh é equivalente
ao Antigo Testamento cristão, porém com uma
divisão diferente:

A Torá, composta pelos cinco livros


conhecidos como Pentateuco, os mais
importantes dos livros do judaísmo.
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Neviim "Profetas"
Kethuvim "os Escritos"

Vejamos abaixo como são as divisões dos livros


na bíblia hebraica.

Torá:
1. Gênesis
2. Êxodo
3. Levítico
4. Números
5. Deuteronômio

Neviin:
1. Josué
2. Juizes
3. Samuel 1 e 2
4. Reis 1 e 2
5. Isaías
6. Jeremias
7. Ezequiel
8. O livro dos doze: Oséias, Joel, Amós, Obadias,
Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias,
Ageu, Zacarias e Malaquias.
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Ketuvim:
1. Salmos
2. Provérbios
3. Jó
4. Cântico dos Cânticos
5. Rute
6. Lamentações
7. Eclesiastes
8. Ester
9. Daniel
10. Esdras e Neemias ,(considerado um único
livro).
11. crônicas 1 e 2

A pergunta que surge é: por que a bíblia judaica


possui menos livros que a nossa em português?
Para que não haja confusão, o fato da Bíblia
traduzida para o português trazer 39 livros e não
24, se dá apenas em razão dos livros terem sido
divididos de forma diferente.

OS DOIS TIPOS DE TORÁ

Para os Judeus existem dois tipos de Torá, a


escrita e a oral. A Torá escrita é onde constam
registrados os 613 mandamentos, entregues por
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Deus a Moisés. Dentre esses 613 mandamentos,


248 são considerados os ensinamentos
positivos, que guiam o povo judeu ao que deve
ser feito e os outros 365 são ensinamentos
considerados negativos, que os instruem ao que
não deve ser feito.

Conhecido por nós como Pentateuco, nome


derivado do prefixo grego penta, que significa
cinco, a Torá é o nome dado aos cinco primeiros
livros da bíblia. Segundo a tradição judaica
Moisés os recebeu diretamente de Deus no
Monte Sinai, em um shabat em 6 de sivan do ano
2448, 50 dias após a libertação de Israel da
escravidão do Egito. Também chamados de
Chumash , do hebraico chamishá , que significa
cinco, são estes os livros que Moisés recebeu
conforme seus nomes em hebraico e suas
traduções:

Bereshit (Gênesis), - Princípio


Shemot (Êxodo), - Nomes
Vayikra (Levítico), - E chamou
Bamidbar (Números) - No deserto
Devarim (Deuteronômio). – Palavras
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O ROLO DA TORÁ

O rolo da Torá é confeccionado em pergaminho,


feito da pele de um animal kosher. Neste
pergaminho é onde são escritos os cinco livros
por um sofer (O termo “Sofer” vem da raiz
hebraica que significa “contar”). Este calígrafo é
um artesão especialmente treinado para
escrever os textos sagrados em pergaminhos,
usando a forma tradicional da caligrafia
hebraica. Além de escrever os textos, um sofer
pode gastar um tempo significativo para
verificar os textos existentes, para que se tenha
certeza de que foram feitos corretamente e que
não tenham sido danificados ao longo do tempo.

De acordo com o Talmud, esses estudiosos


contavam cada letra da Torá. Todo o trabalho de
um sofer é levado tão a sério que deve ser
executado de acordo com padrões rígidos de
tamanho, estilo de letras e layout.
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COMO A TORÁ É USADA?

Os rolos da Torá ficam guardados na arca. A


arca, também chamada de Arca da Lei, em
hebraico Aron, ou Aron Ha-qodesh ("arca
sagrada"), trata-se de um gabinete ornamentado
onde são guardados os Rolos sagrados da Torá,
usados ​para adoração pública. Este é o lugar
mais sagrado da sinagoga, pois, simboliza o
Santo dos Santos do antigo Templo de
Jerusalém, e portanto é o ponto focal da
oração.

A arca é comumente posicionada de forma que


o adorador que esteja voltado para ela, também
"fique de frente para Jerusalém". Quando os
rolos são removidos para os serviços religiosos,
a congregação se levanta e uma cerimônia
solene acompanha a abertura e o fechamento
das portas da arca.

Os judeus Ashkenazi (rito alemão) cobrem as


portas da arca com um pano ricamente bordado
(parochet), enquanto os judeus sefarditas (rito
espanhol) colocam o pano dentro da arca. Antes
ou próximo do armário fica pendurada a luz
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eterna (ner tamid), e geralmente uma inscrição


dos Dez Mandamentos (muitas vezes de forma
abreviada) ou algum outro texto sagrado
relevante é colocado acima das portas.

Ner tamid , (hebraico: “luz eterna”).

Ner tamid é a lâmpada que arde perpetuamente


nas sinagogas judaicas, localizada antes ou
perto da arca (aron ha-qodesh). Isso lembra a
congregação da santidade dos rolos da Torá que
estão armazenados dentro da arca e faz
referência à presença permanente de Deus e
seu cuidado providencial para com o povo judeu.
O ner tamid também representa a luz que
queimava continuamente na seção oeste do
antigo Templo de Jerusalém.

Desde a época de Esdras (IV século a.EC.), a


leitura da Torá é feita em público três vezes por
semana (nas segundas, quintas e sábados) nos
dias de festa ou feriado religioso. Para que a
realização desta leitura seja feita em público, é
necessária a presença de no mínimo dez
homens que já tenham feito Bar-mitzvá. Antes
da leitura, geralmente realizada por um
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especialista em canto litúrgico (chazan), são


chamadas de três a sete pessoas para
recitarem uma bênção e/ou ler uma passagem.

A Torá é totalmente lida no decorrer do ano,


sendo dividida em cinqüenta e quatro porções.
Em cada Shabat é lido uma porção diferente.
Desta forma, semanalmente a história bíblica
acompanha o povo judeu desde a criação do
mundo até a morte de Moisés e a entrada na
“Terra Prometida”. No mundo inteiro, todos os
judeus leem o mesmo texto, no mesmo dia. De
forma excepcional, pode haver uma leitura
diferente durante algumas semanas em Israel,
devido ao tempo das Festas ser mais curto que
na Diáspora.

Após a leitura das bênçãos matinais, dos


salmos, do Shemá Israel e da Amidá são
retirados os rolos da lei da Arca Sagrada (Aron
Hakodesh). O rolo da Torá é tratado com grande
reverência. É revestido de tecido bordado (pelos
Ashkenazic) ou estojos (pelos Sefardita). Quando
chega a hora da leitura da Torá, o pergaminho é
cuidadosamente removido do gabinete e o
rabino desfila com ele pela sinagoga,
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acompanhado pelos membros da congregação


que estarão lendo a Torá naquele dia. Os
membros da congregação tocam o invólucro
exterior da Torá com seus livros de oração
(siddurim) ou com o tzitzit (franjas do talit), em
seguida, beijam o objeto que tocou a Torá.

Enquanto a Torá é conduzida por entre a


congregação nas mãos do rabino, músicas são
cantadas. Quando o rolo da Torá faz o seu
caminho de volta para a arca, ele é então
desembrulhado e colocado sobre a bima (pódio)
onde é lido. Vários leitores e auxiliares ficam
próximos. Ao realizar-se a leitura usa-se um
ponteiro em forma de mão, chamado yad (que
significa "mão" em hebraico), pois é proibido
tocar nas letras. Depois que as leituras são
concluídas, a torá é levantada (hagbah) e então
enrolada e amarrada novamente (gelilah).

A TORÁ ORAL

A “Torá Oral” (em hebraico: Torá Sheba'al Peh),


significa literalmente “Torá da boca”. Segundo
os sábios judeus a Torá oral foi entregue a
Moisés juntamente com a Torá escrita no Monte
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Sinai. Embora dada ao mesmo tempo em que a


torá escrita, essa lei deveria ser transmitida
apenas oralmente, de geração em geração. Nela
constam todas as orientações que os judeus
precisam para praticar plenamente os
mandamentos da lei escrita. Sendo assim a
tradição oral também é uma parte vital da
instrução divina.

De Gênesis a Deuteronômio Lemos


constantemente que Moisés Transmite as
instruções de Deus para o povo. Mas é evidente
que Moisés transmitiu muito mais do que foi
possível escrever nos cinco livros. A tradição
oral envolve os detalhes, que seriam muitos,
para que fossem escritos.

Afirma-se também que a lei oral era assim


mantida e que não deveria ser escrita, pois se
fossem escritas as gerações poderiam relaxar
pensando que bastaria consultar os escritos
quando precisassem de alguma informação.
Mas, uma vez que era transmitida
exclusivamente de pai para filho, de professor
para aluno de forma oral, era necessário
guardar, memorizar cada parte das orientações,
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tornando-a mais viva e parte da vida do aluno.

A tradição oral é composta de:

Leitura correta do texto, sua pontuação,


vogais e cantilena (tipo de canto próprio),
junto com o significado das palavras.

Compilação de leis e decisões conhecidas


como Mishná, junto com outras
compilações.

·Discussão e o debate desse material,


conhecido como Talmud ou Gemará,

As obras Místicas (frequentemente


conhecidas como Cabalah) e guias éticos
baseados na Torá e compostos por
estudiosos da Torá,

Histórias e suas lições coletadas nas obras


do Talmud e do Midrash,

Qualquer outro ensino que tenha sido aceito


por um consenso de longo prazo da
comunidade judaica praticante, porque está
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firmemente baseado em algum precedente ou


porque foi demonstrado que emergiu por meios
aceitos de textos e opiniões anteriores.

O VALOR DA TORÁ

Segundo um conto registrado no talmude,


houve um poderoso governo que baixou um
decreto em que proibia aos judeus de
estudarem a Torá e praticarem sua fé. Em
determinada ocasião Papus bar yehuda viu o
Rabi Akiva que mesmo diante das proibições
estava reunido publicamente com seus
discípulos e ensinando a torá. Virando-se para
Rabi Akiva, papus lhe disse: "Rabi Akiva você não
tem medo do governo?" Akiva respondeu: “vou
lhe explicar sobre isso com uma parábola".

"Certa vez uma raposa estava caminhando ao


longo das margens de um rio quando viu um
cardume de peixes nadando de um lado para o
outro. A raposa imediatamente lhes perguntou:
“Do que vocês estão fugindo”? Os peixes
responderam: "das redes dos pescadores", logo
a astuta raposa disse: "vocês não gostariam de
vir aqui para a terra seca de modo que
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possamos viver juntos como nossos ancestrais


viveram”? os peixes então responderam: “e você
se considera o mais inteligente dos animais?
Como você é tola! se nós já temos medo dentro
da água, o elemento no qual vivemos, mas medo
teríamos se fôssemos para a terra, onde
morreríamos Com certeza". "Veja só"
acrescentou Rabi Akiva, "ocorre o mesmo
conosco. Se já temos problemas quando
sentamos e estudamos a torá, imagine como
seria muito pior deixarmos de fazer isso. “A torá
é como a água: somente nadando no seu mar é
que temos alguma chance de sobreviver”.
OS CÉUS
E A TERRA
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“No princípio criou Deus os céus e a terra” Gn.1.1

Conta-se que em certa ocasião um filósofo


questionou a Rabban Gamaliel acerca de Deus e
sua criação:
Disse o filósofo:
-Deus foi um grande artista, embora deva ter
encontrado bons materiais para ajudá-lo.
[R. Gamaliel] perguntou:
-Quais são os materiais?
O filósofo respondeu:
-Chaos (tohu), confusão (bohu), escuridão, água,
vento (ruach) e abismos.
Então R. Gamaliel lhe deu a seguinte resposta:
- "Que saia deste homem a sua alma!", pois, com
todos esses elementos a Escritura usa o termo
"criação"!
- Quanto ao "Caos e confusão" está escrito: “faço
a paz e crio o mal” Is. 45:7
- Quanto as "Trevas": Formo a luz e crio as
trevas…Eu, o Senhor , faço todas estas coisas.
(Is. 45.7).
- Quanto as "Água": louvai-o, céus dos céus, e
águas que estão acima do
- Céus (Sl. 148,4); porque? Porque Ele deu a
ordem e eles foram criados (Sl.148.5)
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- Sobre o “Vento”: Pois eis que molda as


montanhas e cria o vento (Am.4, 13).
- E do "Abismo": Quando o abismo ainda não
existia, fui gerado (Pv..8,24).

TUDO COMEÇA COM O BET

A primeira letra que inicia o texto sagrado é a


segunda do alfabeto hebraico, o bet na palavra
“bereshit” (no pricípio). Discursões rabínicas
consideram o significado do por que o texto da
torá não começa com o alef (primeira letra do
alfabeto hebraico). E lições preciosas são
extraídas daqui.

Considerando que a língua hebraica é lida e


escrita da direita para a esquerda, Por que razão
o relato sobre a criação do mundo se inicia com
a letra Bet? Tal como a forma da letra "Bet" é
fechada de três lados e aberta apenas para
frente, isso nos ensina que não devemos nos
preocupar com o que está debaixo ou por cima
da terra, nem com o que aconteceu antes deste
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mundo ser criado... Devemos, tão somente, nos


preocupar com o que aconteceu a partir da
Criação do mundo, e com o que está perante
nós na terra (Midrash Bereshit Rabá Apud:
IUSIM, 1966, p. 67).

A DISPUTA DAS LETRAS

Há um midrash muito interessante que é tema


favorito do “Haggadot pedagógico”, cujo objetivo
é tornar a instrução elementar para os jovens,
mais interessante e atraente. Este é um
midrash cheio de beleza e lições que vão nos
enriquecer, então vamos conhecê-lo.

O midrash nos relata:

Quando Deus estava prestes a criar o mundo por


Sua palavra, as vinte e duas letras do alfabeto
desceram da terrível e augusta coroa de Deus,
sobre a qual foram gravadas com uma pena de
fogo flamejante. Elas rodearam Deus e, uma
após a outra, falavam e imploravam: "Crie o
mundo através de mim!" O primeiro a se
apresentar foi a letra Tav, que dizia:
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“Ó Senhor do mundo! Que seja Tua vontade criar


Seu mundo através de mim, visto que é através
de mim que Tu darás a Torá a Israel pela mão de
Moisés, como está escrito, ‘Moisés nos ordenou
a Torá’ ”. O Eterno, respondeu e disse:“ Não! ” O
Tav perguntou: "Por que não?" e Deus
respondeu: “Porque nos dias que virão te
colocarei como um sinal de morte sobre as
testas dos homens”. Assim que o Tav ouviu
essas palavras saírem da boca de Deus, retirou-
se de Sua presença desapontado.

O Shin então deu um passo à frente e implorou:


"Ó Senhor do mundo, crie Seu mundo através de
mim, visto que Seu próprio nome Shaddai
começa comigo." Infelizmente, é também a
primeira letra de Shaw, mentira, e de Sheker,
falsidade, e isso o incapacitou.

Resh não teve melhor sorte. Foi apontado que


era a letra inicial de Ra "perverso" e Rasha', "mal",
e depois disso a distinção que ela desfruta de
ser a primeira letra no Nome de Deus, Rahum, o
Misericordioso, não valia a pena.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 30

O Kof foi rejeitado porque Kelalah, maldição,


supera a vantagem de ser o primeiro em
Kadosh, o Santo.

Em vão Tsadi chamou a atenção para Tsadik, o


Justo; pois, havia tsarot, os infortúnios de
Israel, para testemunhar contra ele.

Pe tinha Podeh, redentor, para seu crédito, mas


também Pesha ', transgressão, desonra refletida
sobre ele.

'Ain foi declarado impróprio porque, embora


comece com' Anawah, humildade, ele executa o
mesmo serviço para 'Erwah, imoralidade.

Samek disse: “Ó Senhor, que seja Tua vontade


começar a criação comigo, pois Tu és chamado
Samek, depois de mim, o Sustentador de toda
aquela queda.” Mas Deus disse: "Tu és
necessário no lugar em que estás; tu deves
continuar a sustentar toda aquela queda."

Nun apresenta Ner, “a lâmpada do Senhor”, que


é “o espírito dos homens”, mas também
apresenta Ner, “a lâmpada dos ímpios”, que será
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apagada por Deus.

Mem inicia Melek, rei, um dos títulos de Deus.


Mas, como é a primeira letra de Mehumah,
confusão, também, não teve chance de realizar
seu desejo.

Na sua reivindicação, o Lamed preparou sua


refutação dentro de si. Ele lançou o argumento
de que era a primeira letra de Luhot, as tábuas
celestiais dos Dez Mandamentos; mas esqueceu
que as mesmas foram despedaçadas por
Moisés.

Kaf tinha certeza da vitória. Kisseh, o trono de


Deus, Kabod, Sua honra, e Keter, Sua coroa,
todos começam com ele. Deus teve que lembrá-
lo de que Ele uniria Suas mãos, Kaf, em
desespero com os infortúnios de Israel.

Yod à primeira vista parecia a letra apropriada


para o início da criação, por causa de sua
associação com Yah, Deus, se Yexer ha-Ra ', a
inclinação ao mal, não tivesse acontecido para
começar com ela também. No entanto, é
identificado com Yob, o bom. No entanto, o
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 32

verdadeiro bom não está neste mundo; isso


pertence a o mundo por vir.

Het é a primeira letra de Hanun, o Gracioso; mas


essa vantagem é compensada por seu lugar na
palavra para pecado, Hayyat.

Zain sugere Zakor, lembrança, mas é a própria


palavra para arma, o causador do mal.

Vav compõem o Nome Inefável de Deus; eles


são, portanto, muito exaltados para serem
pressionados a servir ao mundo mundano.

Se Dalet tivesse representado apenas Dabar, o


Verbo Divino, teria sido usado, mas também
representa Din, justiça, e sob o império da lei
sem amor o mundo teria caído à ruína.

Enfim, apesar de lembrar Gadol, ótimo, Gimel


não serviria, porque Gemul, retribuição, começa
com ela.

Depois que as reivindicações de todas essas


letras foram descartadas, Bet se aproximou do
Santo, bendito seja Ele, e implorou diante dEle:
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“Ó Senhor do mundo! Que seja Tua vontade criar


Seu mundo por meu intermédio, visto que todos
os habitantes do mundo louvam a Ti diariamente
por meu intermédio, como se diz: 'Bendito seja o
Senhor para sempre. Amém e Amém. "O Santo,
bendito seja Ele, imediatamente concedeu o
pedido de Bet. Ele disse: “Bendito o que vem em
nome do Senhor”. E Ele criou Seu mundo por
meio de Bet, como está escrito: "Bereshit, Deus
criou o céu e a terra."

A única letra que se absteve de exortar suas


reivindicações foi o modesto Alef, que ao ver
que o bet fora escolhido se afastou em silêncio.
"Alef" – chamou Deus – "não quer pedir por si
mesmo também?"

Alef suspirou: "Sou uma letra tão insignificante,"


disse humildemente. "Todas as outras letras do
Alef Bet valem mais que eu. O Bet vale dois, o
Guímel três, o Dalet quatro – mas sou apenas um
número pequeno, equivalente ao número um."
"Pelo contrário, Alef!" – exclamou Deus. "Você,
Alef, é o rei de todas as letras! Você é um, e Eu
sou Um, e a Torá é uma.
"Por isso, quando eu outorgar a Torá no Monte
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 34

Sinai, começarei com ninguém menos que você.


Alef estará no início dos Dez Mandamentos,
‘Anochi Hashem’ ‘Eu sou Deus.’"

UM DEUS QUE SABE O QUE FAZ

Um antigo midrash descreve como desde a


criação Deus em sua presciência já tinha tudo
projetado, demonstrando uma conexão entre a
criação do mundo e os futuros acontecimentos
que envolveriam seu povo eleito:

“No primeiro dia da criação”, teria dito Deus aos


anjos: “eu farei os céus e os colocarei em seus
lugares, assim Israel erguerá o tabernáculo,
como o local onde repousará minha glória”.

No segundo dia, eu colocarei uma divisão entre


as águas terrestres e as celestiais, assim, será
erguido um véu no Tabernáculo para separar o
local sagrado do mais sagrado.

No terceiro dia eu farei a terra produzir gramas


e vegetais, assim, Israel, comerá vegetais na
primeira noite da Páscoa e preparará pães em
minha honra.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 35

“No quarto dia, eu farei os luminários do céu,


assim, Israel, fará um candelabro de ouro para
mim”. (apud GINZBERG, 2003, p. 48).

A ORIGEM DOS CÉUS


“...criou os céus e a terra”.

O termo ‘céus’ em hebraico é shamaim, um


termo masculino na forma plural e que indica
um par, (como todos os nomes no hebraico que
terminam em aïm, como por exemplo: ênaïm =
olhos, yadaïm = mãos etc.). O Rabi Obadia
Sforno, (um rabino italiano, exegeta e
comentarista bíblico) analisando a palavra
shamaim (céus), considerou que a raiz desta
palavra seria shan ‘lá’, (um advérbio de lugar),
indicando o significado da palavra céus como:
longe de todas as direções. E portanto os céus
representam o inatingível em relação a terra
onde nós agimos.

Mas, Do que os céus foram feitos?

Outra análise do texto de genesis 1.1 é feita por


Rav. Segundo ele a palavra shamaim (céus), é
composta por dois termos: esh (fogo) + maim
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 36

(águas). E segundo o sábio Rabi Aba bar


Kahana,: “O Eterno, tomou o fogo e a água e
esfregou um no outro, e de lá nasceram os céus
(shamaim)” . (Bereshit Rabba, cap. 4)

Diante disto somos levados a observar a riqueza


dos textos sagrados desde suas primeiras
porções. Ainda analisando as primeiras linhas
do livro de Genesis, segundo a sabedoria
Judaica, seis coisas precederam a criação do
mundo. Algumas delas foram realmente criadas
enquanto outras, sua criação foram
predeterminada.

A Torá, como está escrito: “O Senhor me


possuía no início de sua obra, antes de suas
obras mais antigas.” Pv 8,22).

O Trono da Glória, pois está escrito: Seu


trono é firme desde os tempos antigos, etc.
(Sl 93.2).

A criação dos Patriarcas estava pré-


determinada, pois está escrito: Como uma
figueira nos seus primeiros frutos
contemplei os vossos pais (Os 9,10).
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 37

Israel estava previsto, porque está escrito:


Lembra-te da tua comunidade, que
adquiriste no passado (Sl 74,2).

O Templo foi predeterminado, pois está


escrito: Trono de glória, exaltado desde o
início, é o lugar do nosso santuário (Jr 17:12).

O nome do Messias estava previsto, pois


está escrito: Antes do sol, existia o seu
nome (Sl 72,17).

Bereshit Rabbah vol.I


ADÃO
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 39

ADÃO, O PRIMEIRO SER HUMANO.

“Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó


da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de
vida, e o homem passou a ser alma vivente.
E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na
direção do Oriente, e pôs nele o homem que
havia formado.” Gênesis 2:7,8

Após um relato revelando o poder Criador de


Deus através de sua palavra: “e disse Deus...”,
vemos neste texto o eterno, criando o homem
com suas próprias mãos. No versículo acima
temos a declaração de que Deus “formou” o
homem. Quando recorremos ao texto no
hebraico descobrimos que o que este versículo
está nos revelando é que Deus está criando
cada detalhe que compõe o corpo humano. No
hebraico o termo usado aqui é “yatsar” e tem o
sentido de modelar, o mesmo termo que é
usado para um oleiro dando forma a um vaso,
(Is. 29.16; Jr. 18.4).

A cultura Judaica observa que enquanto Deus


levou apenas alguns segundos para criar todos
os demais seres, Ele dedicou muitas horas na
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 40

criação do homem, demonstrando como era


importante para Ele. A tradição nos ensina que:

Na primeira hora Deus pensou em criar o


homem.

Na segunda hora Ele consultou os anjos


ministradores.

Na terceira hora Deus juntou o pó a partir do


qual formaria o homem.

Na quarta hora Deus o preparou (misturou o


pó com água até formar um tipo de massa
como argila).

Na quinta hora Ele o formou.

Na sexta hora Deus pôs o homem em pé.

Na sétima hora Deus soprou a alma dentro


do homem (no hebraico: Neshamá).

Na oitava hora Deus levou o homem ao


jardim do Éden (paraíso).
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 41

Na nona hora Deus proibiu o homem de


comer da árvore do conhecimento.

Na décima hora o homem desobedeceu a


esse mandamento.

Na décima primeira hora ele foi julgado.

Na décima segunda hora Deus o perdoou.

O homem foi criado como um ser diferenciado.


Os sábios, ensinam que Deus criou o homem
com quatro atributos dos seres superiores
(celestiais), e com quatro atributos dos seres
inferiores (terrenos).

Deus criou o homem com 4 atributos dos seres


terrenos:

Comer e beber como o gado.

Gerar como o gado.

Jogar excrementos como o gado.

Morrer como o gado.


Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 42

Deus também criou o homem com 4 atributos


dos seres superiores:

Ficar sobre dois pés, como os anjos de


serviço.

Falar como os anjos.

Entender como os anjos.

Ver como os anjos.

O homem foi feito pelo Eterno com duas


substâncias; uma terrena e outra divina. O
homem foi criado do pó extraído da terra e com
o fôlego de vida, doado por Deus.

Os anjos foram criados à imagem e semelhança


de Deus, mas não procriam. Os seres inferiores
procriam, mas não foram criados a imagem e
semelhança de Deus. O eterno então criou o
homem como os seres superiores, à sua
imagem e semelhança e como parte dos seres
inferiores, com a capacidade de procriar.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 43

QUANDO O HOMEM FOI CRIADO E O SEU


PROPÓSITO

O talmude diz que o homem foi criado no sexto


dia da criação. No primeiro dia do mês de Tishrei
,(setembro/outubro), no dia que é celebrado
Rosh Hashaná. Adão foi criado como um homem
já com uns 20 anos de idade, Os sábios revelam
o propósito Divino ao criar o homem com poder
de escolha (livre arbítrio). O propósito era que o
homem proclamasse a Deus como o Senhor do
universo por livre e espontânea vontade e se
aproximasse dele e obedecesse a sua vontade.
Os sábios acrescentam: isto é tão sério que a
este ser foi dada a capacidade de aceitar ou até
de negar a existência do seu criador.

Logo a grandeza do homem não está em sua


força física, pois, existem animais na natureza
que são muito mais fortes que o homem, nem
em sua percepção espiritual, se compararmos
com a dos anjos, mas está em sua liberdade de
escolha. Isto faz com que todo ato humano
possua um valor incalculável.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 44

APENAS UM DIA NO PARAÍSO

Se observarmos com atenção, veremos que


Mesmo Adão sendo o primeiro homem, e tendo
vivido por 930 anos, o relato no livro de Genesis
sobre a sua vida se resume a apenas 40
versículos. Em apenas um capítulo e meio a
Bíblia retrata os principais acontecimentos da
vida de Adão.

Adão em toda a história foi o ser que mais


recebeu e o que mais rápido perdeu. Segundo
os estudiosos, passou-se apenas um dia desde
sua criação até a sua queda, ou seja, no mesmo
dia em que foi criado, Ele desobedeceu a ordem
divina e foi punido. O eterno então permitiu que
ele permanecesse no Jardim do Éden até que
terminasse o primeiro Shabat, e então, Adão e
Eva foram expulsos do jardim.

Foi muito curta a permanência de Adão e Eva no


Jardim do Éden. O compromisso deles era
cultivar e desfrutar do conforto e beleza
daquele espetacular Jardim plantado pelo
próprio Deus. Diante de tanta beleza e
privilégios apenas uma restrição foi lhes
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 45

apresentada.

"Poderás comer livremente de todas as árvores


do jardim, mas da Árvore da Sabedoria do Bem e
do Mal não comerás, pois no dia em que dela
comeres, com certeza morrerás".Gn.2.16,17

A bíblia nos informa que havia no jardim uma


serpente, e que este era o mais astuto dos
animais. Segundo o Midrash, a serpente falava e
andava sobre duas pernas.

Alguns estudiosos comentam, que a serpente


era a encarnação do próprio Satã, cujo objetivo
era fazer Adão e Eva desobedecerem a Deus.
Com a astuta estratégia de lançar dúvidas sobre
a orientação e intenção de Deus, a serpente
manipulou os pensamentos e sentimentos de
Eva.

O midrash conta que a serpente durante a


tentação, pegou uma das frutas da árvore e
comeu um pedaço, e disse à Eva; “comi da fruta
e Deus não me fulminou com a morte! Com
certeza, tu também não morrerás.” A serpente
não a pegou pelas mãos e a fez pecar,
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 46

mas usou toda sua artimanha para seduzir Eva,


para que ela cometesse o pecado. Segundo os
Rabinos Apenas três horas antes do shabat
começar, Adão e sua mulher comeram da
Árvore proibida, transgredindo assim a única
proibição Divina.

UM SER ESPECIAL PARA DEUS

Repare que o texto bíblico nos mostra que o


Senhor só criou o homem no sexto dia, após
tudo já está criado e em seu devido lugar. O
Midrash trás luz a este fato através de uma
parábola, para nos explicar uma das razões para
o homem ter sido a ultima das criações de Deus:

“Um rei decidiu oferecer um grande banquete a


um convidado de honra. Antes de trazer seu
convidado para o palácio, o rei ordenou que
todas as iguarias e bebidas fossem servidas e
que todos os seus servos estivessem prontos
para atender ao convidado. Revelam nossos
sábios que quando Adão foi criado, todos os
outros seres haviam sido designados por Deus
para servi-lo e para lhe proporcionar deleite
eterno.”
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 47

O Midrash conta ainda que o primeiro homem,


utilizando-se do alfabeto hebraico, deu nomes
aos animais, a ele mesmo e finalmente ao Todo-
Poderoso. Um feito que os anjos não
conseguiram realizar.

O IMPRESSIONANTE ALFABETO HEBRAICO.

O Alfabeto hebraico em sua forma original era


transcrito por meio de imagens (pictogramas). O
texto mais antigo, chamado de escrita “proto
canaíta”, consistia de 22 formas que
representavam imagens comuns. A primeira
letra do alfabeto hebraico é o Alef enquanto a
última é o Tav. A imagem do Alef era
representada pelo pictograma de um boi,
enquanto a imagem do tav era representada
pelo pictograma ou sinal em forma de Cruz.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 48

São essas letras do alfabeto hebraico que nos


revelam de forma extraordinária como o plano
da redenção já estava elaborado por Deus,
começando com sacrifícios de animais e
terminando na cruz do Calvário. O próprio
Senhor Jesus disse "eu sou o alfa e o ômega"
(Ap.1.8), quando Jesus faz esta declaração ele
está se comparando à primeira e a última letra
do alfabeto grego, o que em hebraico é como se
ele estivesse dizendo eu sou o Alef e o tav.

A riqueza do alfabeto hebraico é tão grande, que


na vigésima primeira letra temos o Shin que
desde o mais primitivo uso a forma desta letra é
semelhante ao nosso “W”. No período de Moisés,
Arão o sumo sacerdote era orientado a
abençoar o povo com a benção sacerdotal que
está registrada em Números 6. 25-27. E a
tradição nos ensina que o sacerdote ao recitar a
benção, usava ambas as mãos com as palmas
voltadas para fora e os dedos polegares se
tocando com os quatro dedos das mãos
abertos, simbolizando a letra “Shin”
representando o nome Shaday o todo poderoso,
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 49

fazendo menção direta a Deus.

O LUGAR ONDE ADÃO FOI CRIADO

Os Sábios revelam que “Adam Ha-Rishon”


(Primeiro homem) foi criado por Deus no Monte
Moriá, e após ter sido criado ele erigiu um altar
neste mesmo lugar. Deus juntou o pó da terra
deste lugar, para formar o corpo de Adão e só
mais tarde o primeiro homem foi levado por
Deus ao Jardim do Éden.

A tradição nos diz; Do Moriá Deus retirou o pó


para fazer o homem. Pois, Deus sabia que o
homem não é perfeito e que isso o levaria a
errar, e que precisaria do perdão. Então
sabendo disso, Deus retirou a matéria prima
para fazer o homem do lugar onde mais tarde
seria erguido o altar (Mizbeah), onde ele
receberia o perdão.

MORIÁ UM LUGAR MARCADO POR DEUS.

O Monte Moriá revela-se um local


geograficamente escolhido pelo Eterno.
Inúmeros acontecimentos importantes
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 50

foram registrados neste lugar até a construção


do Templo (Beit Hamicdash).

No Moriá, Deus criou Adão, que após ser


criado erigiu um altar a Deus.

No Moriá, Caim e Abel ofereceram seus


sacrifícios a Deus.

Em 1656 AC, no Moriá, Noé, após o dilúvio


ergueu um altar para agradecer a Deus pela
sua salvação.

Em 2168 AC, No Moriá, Jacó, teve a visão da


escada, onde subiam e desciam anjos, e Ele
declarou que no futuro ali seria a casa de
Deus.

Em 2085 AC No Moriá, foi erguido o Altar


onde seria sacrificado Isaque, mas no final o
cordeiro foi morto em seu lugar.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 51

O IDIOMA EM QUE DEUS E ADÃO CONVERSAVAM

A tradição Judaica nos ensina que o primeiro


homem, Adão, falava com Deus no Jardim do
Éden através de uma forma antiga do hebraico.
Adão ao ser criado por Deus recebeu a
habilidade e o domínio sobre o idioma, Isto fica
claro, pois ele mesmo deu nome aos animais.

“Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra


todos os animais do campo e todas as aves dos
céus, os trouxe-os ao homem, para ver como
este lhes chamaria; e o nome que o homem
desse a todos os seres viventes, esse seria o
nome deles. Deu nome o homem a todos os
animais domésticos, às aves dos céus e a todos
os animais selváticos; para o homem, todavia,
não se achava uma auxiliadora que lhe fosse
idônea.” Gn 2:19,20

Adão e Eva também são registrados na Bíblia


ouvindo e entendendo a voz de Deus no Jardim.
O texto sagrado nos diz que Deus entrava no
Jardim do Éden na Viração do dia. O texto no
hebraico tem o significado de que Deus vinha no
ruach, fazendo alusão ao vento. Então podemos
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 52

dizer que Deus passeava pelo jardim no soprar


do vento. Isto está plenamente de acordo com o
que a Bíblia nos diz em II Samuel 22.11 "cavalgava
um querubim e voou e foi visto sobre as asas do
vento" o idioma com que Adão falava foi passado
de Adão à Noé alcançando assim as primeiras
dez gerações dos homens. Gn. 5.3-32

ADÃO O HOMEM PERFEITO

Adão foi criado pelas mãos de Deus perfeito. A


tradição nos ensina que ele não foi criado como
uma criança mas como um homem de 20 anos
de idade e que as dimensões de seu corpo eram
gigantescas. Alguns sábios chegam a dizer que
após o pecado, quando o texto revela que ele se
escondeu entre as árvores, Já estava revelando
uma das consequências do pecado que foi
diminuir de estatura. “Sua perfeição e beleza era
tão grande que entre as gerações posteriores
de homens havia poucos que em certa medida
se assemelhavam a Adão em seu tamanho
extraordinário e perfeições físicas. Sansão
possuía a sua força, Saul o seu pescoço,
Absalão os seus cabelos , Asael a sua agilidade
de pés, Uzias a sua testa, Josias as suas
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 53

narinas, Zedequias os seus olhos e Zorobabel a


sua voz”.

A história mostra que essas excelências físicas


terminaram não sendo uma bênção para muitos
de seus possuidores, pois, elas culminaram na
ruína de quase todos.

“A força extraordinária de Sansão causou sua


morte; Saul se matou cortando seu pescoço
com sua própria espada; enquanto acelerava
rapidamente, Asael foi perfurado pela lança de
Abner; Absalão foi preso pelos cabelos em um
carvalho e, assim, suspenso encontrou a morte;
Uzias foi ferido com lepra na testa; Os dardos
que mataram Josias entraram por suas narinas,
e os olhos de Zedequias ficaram cegos”.

As qualidades espirituais de Adão eram tão


extraordinárias quanto suas características
físicas, pois Deus modelou sua alma com
cuidado especial. “Ela é a imagem de Deus e,
como Deus enche o mundo, a alma enche o
corpo humano. Como Deus vê todas as coisas e
não é visto por ninguém, assim a alma vê, mas
não pode ser vista. Assim como Deus guia o
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 54

mundo, a alma guia o corpo, como Deus em Sua


santidade é puro, assim é a alma, e como Deus
habita em segredo, o mesmo ocorre com a
alma”. Adão era um ser tão especial, que nos diz
a tradição que: “Quando Adão tinha apenas uma
hora de idade, Deus reuniu todos os animais
diante dele e dos anjos. Estes últimos foram
chamados a nomear os diferentes tipos de
animais, mas não estavam à altura da tarefa”.
Porém Adão, sem hesitar, deu nome a cada um
deles, de acordo com suas características. “Mas,
sem o dom do espírito santo, Adão não poderia
ter encontrado nomes para todos; ele era na
verdade um profeta, e sua sabedoria uma
qualidade profética”.

“Os nomes dos animais não foram a única


herança transmitida por Adão às gerações
posteriores, Adão também criou todos os
ofícios, especialmente a arte de escrever. Além
de inventar todas as setenta línguas, ele ainda
designou quais lugares deveriam ser
colonizados mais tarde pelos homens e quais
lugares deveriam permanecer desertos.
(Ginzberg, Louis - LEGENDS OF THE JEWS -
pág.59)
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 55

ADÃO E EVA DEIXAM O PARAÍSO

“Por isso o Senhor Deus o mandou embora do


jardim do Éden para cultivar o solo do qual fora
tirado. Depois de expulsar o homem, colocou a
leste do jardim do Éden querubins e uma espada
flamejante que se movia, guardando o caminho
para a árvore da vida.” Gn 3:23,24

Como consequência de seu pecado Adão e Eva


foram expulsos do jardim. Deus os conduziu
para fora do Éden. Segundo a tradição judaica,
primeiro Deus pôs Adão num lugar escuro da
Terra chamado Êrets. Não havia luz alguma
naquele lugar e Adão ficou profundamente
assustado. Tudo o que conseguia enxergar era a
lâmina de uma espada girando a sua volta, sem
parar. Adão estava arrependido por ter
escutado a Eva.

“E, expulso o homem, colocou querubins ao


oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma
espada que se revolvia, para guardar o caminho
da árvore da vida.” Gn. 3:24

Para se purificar, Adão imergiu nas águas do rio


Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 56

Giom. Então, Deus teve pena dele e o colocou


num lugar melhor, chamado Adamá.

CAIM E ABEL

"Coabitou o homem com Eva, sua mulher. Esta


concebeu e deu à luz a Caim; então, disse:
Adquiri um varão com o auxílio do Senhor .
Depois, deu à luz a Abel, seu irmão. Abel foi
pastor de ovelhas, e Caim, lavrador.” Gn 4:1,2

Segundo o exegeta Rashi, Adão teve relações


com sua mulher Eva antes de pecar e ser
expulso do Jardim do Éden. O mesmo se aplica
a gravidez de Eva e ao nascimento de Caim e
Abel. Em seu comentário da torá, ele explica
que, devido ao fato de no hebraico o sujeito está
colocado antes do verbo, ao invés da forma
usual da linguagem bíblica, este verbo adquiri
um caráter pretérito-mais-que-perfeito.
Indicando uma ação já concluída antes de outra,
que também já passou. Revelando assim que
Adão e Eva já haviam tido relações sexuais e Eva
já havia dado à luz a Caim e Abel, antes de serem
expulsos do jardim do Éden.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 57

AS IRMÃS GÊMEAS DE CAIM E ABEL

A tradição ensina que uma irmã gêmea nasceu


junto com Caim, e duas nasceram com Abel. No
texto em hebraico está presente na descrição
do nascimento dos irmãos Caim e Abel a palavra
hebraica ‫( את‬êt). E esta partícula segundo os
sábios e estudiosos da Torá, traz um significado
importante para o texto conforme podemos ver
no comentário abaixo:

"A palavra ‫( את‬êt) é geralmente entendida


gramaticalmente como um acusativo. No
entanto, também tem um sentido inclusivo e
aumentativo, pelo fato de se referir à essência e
à totalidade de uma coisa, que inclui tudo o que,
por pertencer à mesma ordem, intrinsecamente
a acompanha". (Bereshit Raba 12: 4).

Ao enunciá-los, a Torá nos ensina que junto com


Caim uma irmã gêmea nasceu, e junto com Abel
duas nasceram. Por isso, em relação ao parto de
Abel, cita-se a expressão: ‫( ַוֹּ֣תֶס ף‬wat·tō·sep̄)
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 58

Literalmente "acrescentou ela." Segundo os


estudiosos Isso sugere que Eva “acrescentou”
outro filho aos mencionados no versículo. Os
dois primeiros (‫ את‬referindo-se a caim no vs. 1 e
aquele que se refere à palavra ‫אחיו‬, “seu irmão"),
indicam duas irmãs. O verbo ‫( ותיסף‬wat·tō·sep̄),
indica que adicionou outra irmã (Sifte
Hachamim). Berechit Raba 22: 3.

A BRIGA DE CAIM E ABEL

"Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe


Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor.

Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu


rebanho e da gordura deste. Agradou-se o
Senhor de Abel e de sua oferta;

ao passo que de Caim e de sua oferta não se


agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e
descaiu-lhe o semblante.

Então, lhe disse o Senhor: Por que andas irado, e


por que descaiu o teu semblante?
Se procederes bem, não é certo que serás
aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 59

pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti,


mas a ti cumpre dominá-lo.

Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo.


Estando eles no campo, sucedeu que se levantou
Caim contra Abel, seu irmão, e o matou". Gn. 4:3-
8

A tradição nos ensina que os dois eram


totalmente diferentes. O filho mais velho, Caim,
era orgulhoso e egoísta, enquanto Abel era
humilde. Adão então orientou a seus filhos
dizendo: "É conveniente que vocês ofereçam
um sacrifício a Deus no altar (Mizbêach) que eu
construí." como já dissemos após ter sido criado
pelas mãos de Deus, Adão construiu um altar no
Monte Moriá onde adorou ao Criador.

Caim como agricultor colhia em todas as


estações lindas frutas. Mas tomou a decisão de
guardar as melhores frutas que havia colhido
para si, comendo até ficar satisfeito e só então
ofereceu para Deus o que sobrou. Segundo a
tradição oral, Caim sequer ofereceu para Deus
as frutas das árvores, mas apenas os frutos da
terra.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 60

“Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe


Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor”.
Gênesis 4:3

Abel era pastor, e ele matou suas melhores e


mais gordas ovelhas que possuía e ofereceu a
Deus sobre o altar. Vendo Deus que Abel o
honrava com o seu melhor, enquanto seu irmão
Caim ao contrário trazia um sacrifício miserável,
O eterno sentiu satisfação com o sacrifício
apresentado por Abel e enviou um fogo do céu
que devorou todo o sacrifício apresentado por
ele e não ao que Caim ofereceu.

A vergonha e o ciúme tomaram conta de Caim


pelo fato de Deus ter aceito o sacrifício de seu
irmão mais novo e recusado o seu.

O eterno observando o que se passava no


interior de Caim, falou para ele encorajando-o:

- "você pode melhorar se quiser", e disse mais:


"você não trouxe um sacrifício Digno, mas pode
melhorar no futuro e tornar-se maior que seu
irmão Abel”.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 61

Mas ao invés de se arrepender e corrigir seu


caminho, Caim não quis escutar a orientação de
Deus. Depois disto Caim e Abel estavam juntos
no campo, e Caim começou a discutir com seu
irmão:
- "Não é justo", reclamou Caim "Deus aceitou seu
sacrifício, mas não aceitou o meu."
- Ouvindo isto, Abel respondeu: "Deus é sempre
justo, ele aceitou a minha oferta porque gostou
do modo como eu a ofereci e ele recompensa os
justos e Castiga os pecadores".
- "você está errado", Indignado respondeu Caim.

Caim e Abel continuaram discutindo, até que


Caim ficou totalmente irado, pegou uma pedra e
acertou na cabeça de Abel, que morreu. Abel era
um justo (do hebraico um Tsadic), Por isso sua
alma voou direto para o paraíso e Deus lhe deu
as maiores recompensas.

Caim além de ter matado o seu irmão com a


pedra, queimou o corpo de Abel e depois pegou
todas as suas ovelhas e levou para a sua tenda.

- "Onde está teu irmão Abel?", Perguntou o


Eterno a Caim.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 62

- “Eu guardo os campos, devo guardar também


meu irmão para saber onde ele está?", Caim
respondeu a Deus.

Caim pensava que Deus sabia apenas o que


acontecia nos céus e que não tinha
conhecimento das coisas que aconteciam na
terra.

- "Eis que o sangue de seu irmão clama por


mim". Deus então lhe falou.
- “como pode saber?”, Caim então perguntou.
- "Tolo, eu sei tudo e vou castigá-lo. de agora em
diante, quando você cultivar a terra, ela só
produzirá uma pequena quantidade de grãos.
Além disso, não poderá viver em paz em um
lugar fixo, você irá perambular de um país a
outro." Deus respondeu a Caim.

- Assim que ouviu as palavras de Deus, Caim


admitiu: "realmente pequei muito. Tenho medo
que enquanto perambular pela terra, sem Abrigo
os animais me matem."

- Deus disse a ele: "vou lhe proteger” então o


eterno colocou o seu nome na testa de Caim
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 63

como um sinal. E disse: “quando os animais lhe


virem ficarão com medo e não lhe atacarão.”

Os descendentes de Caim foram maus, não


sobrou nenhum deles, todos morreram mais
tarde no dilúvio.
NOÉ
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 65

NOÉ: O Tsadik (Justo)

“Noé era homem justo e perfeito em suas


gerações; Noé andava com Deus.” Gn 6:9

A bíblia revela que a maldade se havia


multiplicado absurdamente no gênero humano.
O estado da humanidade era tão repulsivo aos
olhos de Deus, que a Torá descreve que Deus se
arrependeu de ter feito o homem. Diante desta
situação tão caótica, os olhos do eterno
encontraram um que despertou a sua
misericórdia.

“Porém Noé achou graça diante do Senhor.” Gn.


6:8

O Talmud ensina: “O remédio precede o próprio


mal.” Enquanto a humanidade provocava a ira de
Deus e a iminente destruição, um homem
despertou o favor Divino. O eterno passou a
concentrar as suas atenções em Noé e tomou a
decisão de reconstruir o futuro a partir dele.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 66

UMA GERAÇÃO PERVERSA

"Viu o Senhor que a maldade do homem se havia


multiplicado na terra e que era continuamente
mau todo desígnio do seu coração; então, se
arrependeu o Senhor de ter feito o homem na
terra, e isso lhe pesou no coração". Gn. 6:5,6

A Bíblia nos revela que desde a época de Enos,


filho de sete e neto de Adão, a humanidade se
distanciou radicalmente da presença de Deus. A
geração do dilúvio mergulhou numa completa
devassidão pervertendo toda a terra em níveis
absurdos e ofensivos ao criador.

Após Adão e Eva, durante as dez gerações


seguintes, a terra foi povoada. Ao invés de
buscarem a Deus, infelizmente começaram a
adorar ao sol, à lua como se fossem reis
soberanos do universo. Também construíam
imagens de madeira e pedras gerando cada vez
mais infinidades de objetos para serem
adorados e glorificados, e isto despertou a ira
de Deus.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 67

A humanidade desceu a níveis ainda mais


baixos, não apenas praticando a idolatria.
Surgiram entre eles também mestres em magia
negra, que se apresentavam como invencíveis e
“mestres do universo” e afirmavam possuir
capacidade de controlar as forças do universo e
até os anjos encarregados do fogo e da água.

O nível de imoralidade era tão baixo que eles


agiam como animais e não como semelhança do
criador. Praticavam atos imorais, matavam e
roubavam uns aos outros, não se importando
com a vida nem com a propriedade alheia.
Praticavam estes atos abertamente em público,
pois não fazia diferença alguma, já que ao serem
julgados em um Tribunal, o próprio juiz e
testemunhas - por serem igualmente
inescrupulosos - nem se davam ao trabalho de
punir os culpados. Uma pessoa mais forte fazia
questão de oprimir o mais fraco. Se houvesse
alguém querendo desposar uma moça, surgia
um homem mais forte declarando que ela lhe
pertencia e casaria com ela antes.

Deus por duas vezes já havia ordenado que as


forças da natureza alagassem um terço do
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 68

mundo civilizado, mas mesmo isso não fez os


homens se arrependerem. Embora Deus tenha
dado tempo e oportunidade para que os homens
se arrependessem, eles negligenciaram. Então
o Eterno finalmente decidiu por um fim a
maldade que reinava sem freios na face da
terra.

DEUS ESCOLHEU NOÉ

“Lameque viveu cento e oitenta e dois anos e


gerou um filho; pôs-lhe o nome de Noé, dizendo:
Este nos consolará dos nossos trabalhos e das
fadigas de nossas mãos, nesta terra que o
Senhor amaldiçoou.”Gn 5:28,29

A torá lista o nome das dez gerações desde


Adão até Noé. Foi através dos descendentes de
sete, filho de Adão, que os conhecimentos
sobre o criador, os segredos da criação e as
tradições sobre o Jardim do Éden foram
fielmente preservados e transmitidos. Agora
Noé tem em suas mãos a responsabilidade de
preservar e transmitir essa sabedoria para as
gerações futuras. Noé em hebraico, (Noach)
significa descanso, alívio, conforto.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 69

Observe que o texto sobre o seu nascimento


tem um teor profético. Inclusive é dito que além
de extrema inteligência que possuía, Deus deu a
Noé a capacidade de entender a linguagem de
todas as criaturas, e ao entrar na arca lhe
concedeu a sabedoria necessária para entender
a natureza de cada animal, e assim cuidar deles.

A tradição nos conta que Deus encontrou em


Noé a possibilidade de restaurar sua criação.
Noé e sua esposa Naama, haviam criado seus
três filhos para serem justos. Noé decidiu se
distanciar daquela vizinhança corrompida, para
que a perversidade a sua volta não o fizesse
perverso também. Ele levou a sua família para
morarem em um lugar separado, conhecido
apenas por eles.

Noé passou o seu tempo estudando os livros


sagrados. Ele possuía os livros que os anjos
haviam escrito para Adão, e um outro que havia
recebido de seu bisavô Enoque. E foi através
destes livros que ele aprendeu a orar e a servir a
Deus. Diante do crescimento espiritual de Noé,
e seu nível de santidade, Deus decidiu se revelar
a ele.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 70

Quando Noé tinha 480 anos de idade, o eterno


se revelou a ele. Deus lhe comunicou que havia
um decreto proclamado nos céus: um terceiro
dilúvio, sendo que desta feita com uma
magnitude jamais vista antes, atingiria a terra
aniquilando todos os seus habitantes, e que
apenas Noé e sua família seriam poupados.

Noé é um verdadeiro exemplo, de que é possível


caminhar com Deus mesmo em meio a uma
sociedade corrompida. A retidão dele era
conhecida entre seus contemporâneos, pois
Noé se ocupava em viajar entre os homens
tentando convencê-los a mudar seus hábitos.

A descendência de Noé, e suas características


influenciariam significativamente as gerações
futuras. Os seus três filhos se salvaram na arca
e posteriormente tornam-se a base para povoar
o mundo novamente. Uma curiosidade salta a
respeito de Sem, que trazia consigo em
semelhança ao seu pai: ele nasceu circunciso,
pois ele estava destinado a se tornar ancestral
do patriarca Abraão.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 71

Sem, Representa a sabedoria.

Cão, as paixões.

Jafé, A beleza e o apreço pela arte.

PORQUE DEUS ORDENOU QUE NOÉ


CONSTRUÍSSE UMA ARCA.

Segundo Rashi, respeitado como maior


comentarista da Torá, a pergunta é: por que
Deus teria ordenado a Noé que construísse a
Arca, um trabalho árduo e cansativo, que levou
120 anos para ser concluído? Não restam
dúvidas de que o todo poderoso poderia ter
utilizado uma forma mais fácil e rápida de salvar
Noé e sua família. Rashi então responde: apesar
do decreto ter sido pronunciado, Deus em sua
imensa misericórdia, na verdade estava
concedendo mais 120 anos de oportunidade
para que se arrependessem e se salvassem.

Com certeza perguntariam a Noé o motivo de


tamanha construção. Cada dia era uma
oportunidade de mudar, mas mesmo com Noé
anunciando e chegando mesmo a implorar para
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 72

que não praticassem mais maldades, eles não


deram ouvidos.

O DILÚVIO

“No ano seiscentos da vida de Noé, aos dezessete


dias do segundo mês, nesse dia romperam-se
todas as fontes do grande abismo, e as
comportas dos céus se abriram, e houve copiosa
chuva sobre a terra durante quarenta dias e
quarenta noites.”
Gn. 7:11,12

No dia 16 do mês hebraico de Cheshvan O


Grande Dilúvio teve início. As águas tanto de
cima como de baixo aniquilaram todos os seres
viventes sobre a face da terra. A chuva que caia
era intensa e incessante e somada as águas
subterrâneas, inundaram o planeta. Choveu dia
e noite até o dia 28 de kislev, as chuvas duraram
40 dias e 40 noites.

40 DIAS DE CHUVA

Por que 40 dias exatos? O número 40 está ligado


a purificação, e o propósito do dilúvio era
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 73

exatamente limpar, e purificar o mundo como


uma Mikvê. Para ser válida uma mikvê precisa de
no mínimo 40 medidas de água de chuva ou de
fonte natural. Exatamente da mesma forma as
águas do dilúvio se organizaram tanto da chuva
como de fontes naturais da terra e inundaram o
planeta durante 40 dias.

As chuvas pararam, mas a terra continuou


coberta por água enquanto correntes
poderosas se abatiam contra ela. O homem foi o
último ser vivo a morrer, em mais uma
demonstração de misericórdia divina. O eterno
deu a última chance para que a humanidade se
arrependesse, mas isto não aconteceu.

No primeiro dia do mês de sivan as águas


começaram a baixar e no dia 17 do mesmo mês
de sivan, a arca aportou sobre o Ararate.
Finalmente no primeiro dia de Av, os Picos das
montanhas apareceram. Passaram-se 40 dias e
foi na data de 10 de Elul que Noé Então abre a
janela da arca e solta um corvo para saber se as
águas haviam baixado. O corvo deu voltas em
torno da arca e retornou para ela.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 74

Sete dias mais tarde Noé solta uma pomba, para


verificar se as águas ainda estavam altas ou se a
terra seca já havia Aparecido. A pomba não
encontrando onde pousar retornou para a arca.
Noé Deixa passar mais sete dias e novamente
solta a pomba. Desta vez ela passou o dia inteiro
fora, retornando à noite trazendo em seu bico
uma folha de Oliveira. Isto foi um sinal para Noé
de que as águas haviam baixado, e que as
árvores não estavam mais completamente
submersas, Noé então aguardou mais sete dias
e enviou a pomba novamente. e desta vez ela
não voltou mais para a Arca.

No primeiro dia do mês de tishrei, data em que


se comemora Rosh hashaná as águas do dilúvio
começaram a desaparecer da superfície da
terra. Mas foi apenas dois meses mais tarde, no
dia 27 de Cheshvan, que a terra secou por
completo. O grande Dilúvio inundou o mundo por
365 dias, exatamente um ano solar.

Este episódio vivido por Noé e sua família na


arca, é repleto de milagres. O número de
animais que couberam dentro da embarcação, a
habilidade para cuidar de todos os animais e o
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 75

fato do alimento ter sido suficiente para


alimentá-los, foram manifestações
sobrenaturais do cuidado de Deus.

NOÉ DESCE DA ARCA

Ainda que as águas do dilúvio tivessem secado,


Noé e sua família permaneceram na arca até
que Deus lhes deu a ordem para que saíssem.
Após sair da arca Noé constrói um altar para
Deus e oferece sacrifícios. O todo poderoso faz
uma aliança e promete que nunca mais
destruirá os seres vivos com água como Fizera
no dilúvio. O eterno abençoou Noé e seus filhos
e lhes deu uma ordem:

“Abençoou Deus a Noé e a seus filhos e lhes


disse: Sede fecundo, multiplique-vos e enchei a
terra.” Gn 9:1

Vendo Deus que Noé temia ter outros filhos


porque estava com medo de que perecessem
num outro dilúvio, Deus então o garante que
nunca mais enviaria outro dilúvio que destruísse
todos os habitantes da terra, e deixa ali como
sinal o arco-íris.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 76

Rashi o grande intérprete da Torá, explica que o


arco-íris aparece no mundo quando o Eterno
quer enviar o outro grande diluvio a terra, mas
ele não faz. Um sábio explicou dizendo que o
aparecimento de um arco-íris não significa que
o mundo inteiro está moralmente corrompido,
como na época do Grande Dilúvio. Contudo é um
sinal de que em algum lugar da Terra as pessoas
são tão Malvadas que Deus as destruiria, não
fosse pelo pacto feito com Noé.

A Torá finaliza a história de vida de Noé


relatando que ele ainda viveu 350 anos após o
dilúvio, falecendo aos 950 anos de idade, no ano
de 2006 do calendário judaico. O midrash revela
que o ano do dilúvio no qual Noé viveu na arca
cuidando dos animais não está incluído nesta
Contagem. O eterno lhe deu um ano a mais de
vida, em recompensa pelo seu trabalho árduo
cuidando dos animais na arca, pois durante todo
os 12 meses que viveram dentro da arca, nem
Noé nem seus filhos dormiram sequer um
minuto. Foi mais um milagre Divino que os
permitiram cuidar de todos os animais.

Com exceção dos peixes, todos os seres vivos


Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 77

da terra inclusive os pássaros pereceram no


dilúvio. Todos os descendentes de Adão e Eva
morreram e apenas Noé e sua família e os
animais que estavam dentro da arca se
salvaram. a Torá o honra com o título de tsadik
um homem justo e correto. Foi Noé que, frente
à maior catástrofe que os seres humanos já
conheceram, não apenas foi poupado, como
teve o mérito de salvar a humanidade e todo o
reino animal da completa extinção. Ficou na
responsabilidade de Noé e de seus familiares a
missão e o mérito de repovoar o mundo.

Os homens que viveram durante as primeiras 10


gerações do mundo são chamados de filhos de
Adão, depois disso são chamados de filhos de
Noé, o que o torna o pai da humanidade.
A TORRE
DE BABEL
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 79

A TORRE DE BABEL

“Ora, em toda a terra havia apenas uma


linguagem e uma só maneira de falar.”
“Sucedeu que, partindo eles do Oriente, deram
com uma planície na terra de Sinar; e habitaram
ali.”
“E disseram uns aos outros: Vinde, façamos
tijolos e queimemo-los bem. Os tijolos serviram-
lhes de pedra, e o betume, de argamassa.”
“Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma
cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus
e tornemos célebre o nosso nome, para que não
sejamos espalhados por toda a terra.” Gn. 11:1-4

Nos midrashim encontramos o relato sobre


causa da construção da Torre de Babel e a real
intenção de seus construtores. Sua construção
foi considerada uma rebelião contra Deus,
(Mek., Mishpaṭim, 20, ed. Weiss, p. 107; Gen. R.
38. 9).
Em suas declarações os construtores da Torre
de Babel, diziam:
“Ele, não tem o direito de escolher o mundo
superior para si mesmo, e deixar o mundo
inferior para nós; portanto, construiremos para
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 80

nós uma torre com um ídolo no topo segurando


uma espada de modo que possa parecer como
se pretendesse guerrear com Deus".(bereshit
rabbah 38.7 ; Tan., ed. Buber, Noah, 27. et seq.)

A construção da Torre de Babel servia para


desafiar tanto a Deus como a Abraão que os
teria exortado a reverenciar a Deus. A tradição
judaica também nos informa que os
construtores da Torre pronunciaram palavras
duras contra Deus, que não estão citadas na
Bíblia. Eles diziam; “a cada 1656 anos os céu
Oscila derramando água sobre a terra” ,(de
acordo com seder ‘olam , 1656 anos se passaram
entre a criação e o dilúvio), Então eles decidiram
sustentar o céu com colunas para que não
ocorresse outro dilúvio. (Gen. R. lc ; Tan. lc;
similarmente Josefo, "Ant." eu. 4, § 2).

Segundo o (Sanhedrin 109 a) e a passagem dos


livros sibilinos citados por Josefo, alguns
daquela geração quiseram até guerrear contra
Deus no céu e Eles teriam sido encorajados a
acreditar em que seria possível travar uma
guerra contra os habitantes dos céus. ("Sefer
ha-Yashar," Noah , ed. Leghorn, 12 b).
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 81

A CONSTRUÇÃO DA TORRE

Para a construção da gigantesca Torre de Babel


foram contratados 600 mil homens, ("Sefer ha-
Yashar", 12 a). A torre alcançou uma altura tão
grande que registra-se que levou um ano inteiro
para içar o material de construção necessário
até o topo da torre. Isto fez com que os
materiais fossem considerados tão valiosos por
eles, que chegavam a chorar quando um tijolo
caía e se quebrava, mas permaneciam
indiferentes quando um homem caía e morria.
Segundo (Apocalipse grego de Baruch III).

A crueldade era tão grande entre eles, que não


se importavam se alguém estava fraco ou
doente ou mesmo se uma mulher estava em
trabalho de parto, todos tinham que continuar
trabalhando na construção da Torre
independente de suas condições e não era
permitido parar.

Deus não os interrompeu na construção


imediatamente, pois esperava que eles
desistissem de seu empreendimento
pecaminoso. Mas vendo que eles continuaram,
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 82

Deus se esforçou para levá-los ao


arrependimento, mas toda a tentativa foi em
vão. (Gen. R. lc ; Tan. Lc; Mek., Beshallaḥ,
Shirah, 5).

No início Todos falavam hebraico então para


obrigá-los a desistirem do trabalho Deus
confundiu as línguas. Até para interromper
também a violência que estava instaurada pois
muitos estavam morrendo durante a
construção, devido à falta de paciência e
compreensão, pois quando alguém pedia pedra
o outro trazia argamassa e por não ter sido bem
compreendido por seu parceiro de trabalho, o
mesmo se irava e agredia o outro e lhe abria a
cabeça, ("Sefer ha-Yashar", 12 b ).

No que diz respeito à destruição da Torre,


segundo a tradição judaica um terço da torre foi
consumida pelo fogo, um terço afundou na
terra e um terço restante permaneceu de pé
(Sanh. lc ; Gen. R. lc 8). Para que se tenha uma
ideia da altura da torre é dito que se alguém
subisse sobre as ruínas e olhasse para as
Palmeiras mais altas a sua volta elas ainda
pareceriam gafanhotos pequenos.
ABRAÃO
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 84

ABRAÃO

Abraão é um dos mais icônicos personagens da


Bíblia Sagrada. Conhecido como amigo de Deus
e pai da fé, este personagem é tratado dentro
da cultura Judaica de forma extraordinária.
Alguns dos midrashim mais famosos são
histórias sobre Abraão e Sara. Entre esses
midrashim estão contos que estão embutidos
na tradição Judaica de tal forma, que muitas
vezes as pessoas sequer percebem que não
estão inseridos na Torá.

PORQUE DEUS ESCOLHEU ABRAÃO?

Quando autor apresenta Abraão que


inicialmente era chamado de Abrão, ele já está
em sua fase adulta. A Torá menciona que
Abraão é filho de um homem chamado Terá,
nascido em Ur dos caldeus, na Mesopotâmia,
berço da civilização segundo a história e
arqueologia. Abraão deixou seus pais, seu irmão
e sua família e viajou para Harã, conforme
Gênesis 11. 27-32. As primeiras palavras
proferidas por Deus para Abraão são
exatamente Quando Deus ordena que Abraão,
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 85

que agora estava com 75 anos de idade, “deixe


Harã e dirija-se para a terra de Canaã”. Gn 12

O que havia de tão especial em Abraão? O que


fez com que ele se destacasse? Quais eram as
características de seu caráter que motivaram
Deus a escolhê-lo dentre tantas pessoas? As
histórias midrashicas da Juventude do
escolhido Abraão nos dão as respostas para
estas perguntas. Eles retratam Abraão
possuindo dons lógicos e uma visão espiritual
Acima da Média, que lhe permitiam ver a
inconsistência e a incoerência nas práticas da
idolatria que existiam ao seu redor, e as
reivindicações teológicas as quais elas estão
vinculadas.

De acordo com o talmude (baba bathra 91-a) o


nascimento de Abraão foi previsto pelos
astrólogos do reino de Ninrode, que perceberam
o bebê como uma ameaça. Conta-nos que Terá
escondeu o jovem Abraão em uma caverna para
salvá-lo da morte, só Saindo da Caverna com 3
anos de idade. Abraão Então observa que existe
um Deus poderoso acima da natureza e que a
criou e que é esse Deus que ele adora.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 86

ABRAÃO E OS ÍDOLOS.

Em um outro conjunto de midrashim (Gênesis


Rabbah 38,1 tá na debei Elyahu), Encontramos
Abraão na loja de seu pai que vendia Ídolos.
Abraão então demonstra o seu pai o absurdo de
adorar os próprios ídolos que ele esculpe.

Na mais conhecida das histórias sobre Abraão, é


relatado que ele estava tomando conta da loja
na ausência de seu pai em determinada ocasião.
Enquanto estava lá, Abraão observou aqueles
ídolos de vários tamanhos e os dispôs cada um
em uma posição, encenando um atrito entre
eles. Ele afirmou que um grande ídolo enganou
os outros e os esmagou para tomar as suas
ofertas de grãos. Quando seu pai terá voltou
para a loja perplexo se recusou a acreditar na
história de Abraão, afinal os Ídolos não estão
vivos, afirmou Terá seu pai. Abraão muito
inteligente pega seu pai nesta falha lógica:
“Então por que adorar uma obra sem vida feita
pelas suas próprias mãos?”

Em outro conto semelhante, temos mais um


exemplo do uso que Abraão fez de sua razão,
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 87

para convencer os outros da falsidade da


adoração aos Ídolos, que era tão comum em Ur
dos caldeus.

Rabino Hiyya, disse que Terá, pai de Abraão, que


era um criador de ídolos, certa vez saiu e deixou
Abraão na sua loja para vender os ídolos em seu
lugar. Ele já o estava preparando para que
futuramente herdasse e tomasse conta dos
negócios. Uma pessoa então veio e pediu para
comprar um ídolo, e Abraão o perguntou:
Quantos anos você tem? E o homem respondeu
50 anos e Abraão disse: Por que um homem que
tem 50 anos precisa Adorar Um ídolo que só tem
um dia? O homem ficou sem graça e foi embora
deixando a loja sem comprar nada. (Genesis
rabbah 3813)

Nesses midrashim Abraão se revela um menino


muito inteligente e racional (e mais tarde um
homem com as mesmas características).
Abraão era um homem que não tinha medo de
desafiar as autoridades, com relação às
reivindicações religiosas mais básicas de sua
Sociedade.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 88

ABRAÃO UM MISSIONÁRIO EM AÇÃO.

Essas características tão marcantes que se


destacavam em Abraão fizeram dele um líder
mesmo antes de Deus falar com ele. Em
Gênesis Capítulo 12.5 no texto em hebraico
vamos aprender que Abraão foi para Canaã com
as almas que eles fizeram em Harã.

“Levou Abrão consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló,


filho de seu irmão, e todos os bens que haviam
adquirido, e as pessoas (Hb. Nefesh = almas) que
lhes acresceram (Hb. ‫ – ָע ׂ֣שּו‬Asu = fizeram) em
Harã. Partiram para a terra de Canaã; e lá
chegaram”. Gn. 12:5

Nefesh no hebraico significa alma, mas também


é usado para se referir a seres humanos (ou
seja, aqueles que possuem almas). O texto diz
no hebraico: "e as almas que eles fizeram em
Harã" .

O Rabino elazar bem Zimra comenta, que este


texto deve ser lido da seguinte forma: "estes são
os convertidos que eles converteram".
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 89

Então porque está escrito "fazer", do hebraico


asu? Isto é para ensinar que todos que se
aproximam de um adorador de estrelas, ou seja,
um Pagão e o converte é como se ele criasse
uma nova pessoa. (Genesis rabbah 39: 14.)

No momento em que Deus chamou Abraão,


essas conversões já haviam acontecido. Esse
midrash nos permite entender, que quando
Deus escolhe Abraão, Abraão já havia escolhido
Deus. Abraão é um verdadeiro revolucionário da
Fé, ele se distingue não apenas pela aceitação
cega da ordem de Deus, mas pela sabedoria,
visão e liderança.

Abraão revelou logo cedo que não acreditava em


Deus, porque Deus havia falado com ele ou
porque havia provado que existisse. Em vez
disso um midrash mostra que Abraão descobriu
Deus por si mesmo.

Abraão chega ao conhecimento e à conclusão


sobre Deus passando por uma estrada. Quando
ele olha e vê um castelo e diz: esse Castelo deve
ter se construído sozinho e surgido aqui! Então
em sua própria análise, ele sorri e diz:
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 90

isso não seria possível. Este Castelo tão


complexo e tão bem feito, precisa ter tido um
engenheiro, um Construtor por detrás de toda
essa beleza e complexidade. Imediatamente ele
olhou a volta e disse: se este Castelo Precisou
de um Construtor um planejador um arquiteto
logo este mundo, muito mais complexo, exige a
existência de um criador único e Poderoso por
detrás de toda esta grandeza.

TRÊS ANJOS VISITAM ABRAÃO

“Apareceu o Senhor a Abraão nos carvalhais de


Manre, quando ele estava assentado à entrada da
tenda, no maior calor do dia.
Levantou ele os olhos, olhou, e eis três homens
de pé em frente dele. Vendo-os, correu da porta
da tenda ao seu encontro, prostrou-se em terra e
disse: Senhor meu, se acho mercê em tua
presença, rogo-te que não passes do teu
servo...”Gn. 18.1-3

Neste Episódio o Patriarca Abraão recepciona


três varões em sua tenda, cada um com uma
missão específica. Segundo os eruditos, um
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 91

deles, para anunciar a Sarah que teria um filho,


outro para destruir Sodoma e o terceiro para
curar Abraão. E três anjos eram necessários
porque o mesmo Anjo nunca cumpre duas
missões de uma natureza diferente. Observe no
texto que em toda a história o verbo que se
refere aos anjos está escrito no plural: "e
comeram"; "e lhe contaram." Mas quando se
trata do anúncio a Sara, está escrito no singular:
"E ele disse: Certamente voltarei para ti." E em
referência a destruição de Sodoma, também
está escrito no singular: "Bem, eu não posso
fazer nada;" para a destruição e também: "... não
para perturbar ..." E o terceiro anjo, (cujo nome
segundo a tradição judaica era Rafael), foi quem
curou Abraão.

O texto faz questão de revelar, já no primeiro


versículo deste capítulo, que esta visita era
especial. O texto declara inicialmente que o
senhor apareceu a Abraão nos Carvalhais de
Manre. O objetivo inicial desta visita revela o
cuidado de Deus. Segundo os eruditos, o eterno
foi visitar Abraão pois, aquele "Era o terceiro dia
após a sua circuncisão, e Deus veio perguntar
sobre seu estado de saúde."
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 92

No (Shabat 134b) afirma-se que os primeiros


dois dias são os mais perigosos para a saúde de
um menino que foi circuncidado, e em um
adulto o terceiro dia é o mais perigoso e é
quando sente maior dor. Este encontro também
não aconteceu em um lugar qualquer, Deus
visitou Abraão nas planícies de Manre. Mamre foi
quem aconselhou o Patriarca sobre a
circuncisão e por isso recebeu o crédito de
Deus se revelando em sua propriedade.

Como habitualmente fazia, Abraão recebeu os


três varões da melhor forma que podia. A
tradição ensina que a tenda de Abraão era como
um hotel em que ele costumava receber bem os
viajantes. O texto se desenvolve mostrando que
Abraão corre para preparar alimentos para seus
visitantes. Em primeiro lugar Abraão se dirige a
Sara sua mulher e pede que ela prepare pães e
em seguida se dirige ao Seu servo para que ele
prepare uma vitela. Observe que o texto
descreve Abraão levando a Vitela com manteiga
e leite prontos para os Viajantes, mas Sara ainda
não havia levado os pães. Inclusive um dos Anjos
pergunta a Abraão: “onde está Sara sua mulher?”
ao que ele responde: ela está na
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 93

tenda. A partir deste momento o anjo profetiza a


gravidez de Sara, e o Anjo diz: “Sara tua mulher
terá um filho”, o texto logo após relatar a
menção profética do anjo, reserva um versículo
para declarar que Abraão e Sara já eram velhos
adiantados em dias e que Sara já havia cessado
o costume das mulheres. Após esta declaração
do anjo o texto revela que ao ouvir a profecia
Sara riu. Segundo a tradição Sara estava rindo,
pois naquele momento, assim que o anjo
profetizou ela teve novamente o sangramento
tão comum às mulheres e por essa razão, não
pode levar o pão, pois naquele momento estava
impura para continuar fazendo a massa.

Enquanto o anjo falava o milagre já estava


acontecendo e o organismo de Sara já estava
sendo rejuvenescido, mas não só o de Sara mas
também o de Abraão, pois note que em sua
declaração, Sara não só descreveu seu estado
como também o de Abraão seu marido, que já
estava amortecido sexualmente, mas a partir
daquele momento passou a estar renovado para
gerar Isaque o filho da promessa. O Anjo então
faz uma forte declaração dizendo: “haveria coisa
alguma difícil ao Senhor?” Aquela visita foi
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 94

marcada pelo milagre realizado por Deus.

SARA UMA MULHER ESPECIAL

Sabemos que a torá frequentemente é


silenciosa em relação a personagens femininas,
porém a tradição rabínica enfatiza o mérito e
destaca o importante trabalho das ancestrais
mulheres. Os Midrashim iluminam a vida e as
obras das Imahot (as matriarcas).
Quando a torá faz menção pela primeira vez
acerca de Sara, ou Sarai Como ela foi chamada
inicialmente, vemos que ela está entre as
pessoas que deixaram Ur dos caldeus, com
Abraão e sua família. Tudo que se diz acerca
dela inicialmente é que ela era estéril e partir
desta informação, Sara surge no talmude como
uma parceira igual na obra de Deus, e uma
profetisa por direito próprio.

Conforme o midrash em Gênesis 12.5 "as


pessoas que eles fizeram em Harã" inclui Sara
no trabalho missionário que aconteceu. O
midrash faz a seguinte observação: Se apenas
Abraão tivesse realizado o trabalho missionário
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 95

estaria escrito que ele fez no singular, mas


Observe que o texto diz que eles fizeram, Rav
disse: “Abraão convertia os homens e Sara
convertia as mulheres".

Esta pequena introdução midráshica nos traz a


luz o papel de Sara nas primeiras origens do
povo Judeu. O talmude lista Sara entre as
profetisas femininas (Meguilá 14 a), e Sara foi
universalmente vista pelos sábios como uma
mulher de Sabedoria e Ação justa.

A TENDA DE SARA

A tradição também vai trazer Através de outros


contos o trabalho de Sara, em trazer estranhos
para mais perto da experiência com Deus. Isto é
feito retratando e comparando até mesmo a
tenda de Sara como precursor do Ohel Moed (do
hebraico: tenda do encontro, casa do
tabernáculo, que abrigava a Arca da Aliança), e o
beit Hamikdash (Templo em Jerusalém).

Na concepção Midráshica a tenda de Sara se


transformou em um lugar onde as bênçãos de
Deus podiam ser experimentadas. Quando Sara
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 96

morre, temporariamente os milagres e as boas


obras associadas à tenda são interrompidos, até
que Rebeca reativa a santidade da Tenda,
através de seu casamento com Isaque, filho de
Sara.

Todos os dias em que Sara viveu havia uma


nuvem presa a entrada de sua tenda. Desde que
ela morreu a nuvem cessou. Entretanto quando
Rebeca veio, a nuvem voltou.

Todos os dias em que Sara viveu as portas da


entrada da Sua Tenda foram abertas ao vento e
todos os dias em que Sara viveu, havia uma
benção enviada através da massa, com a qual
ela assava os pães e bolos.

“Todos os dias em que Sara viveu havia uma luz


acesa” (Genesis rabbah 80:16 Sobre Gênesis
24.67).

Segundo os sábios do judaísmo se observarmos


essas características descritas sobre a tenda de
Sara (que mais tarde se tornou de Rebeca), são
semelhantes as características do mishkan (o
Tabernáculo) e do templo. O pão de Sara é como
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 97

pão da proposição, a luz mantida acesa por ela,


como o da menorá e o vento que entrava por sua
porta, se assemelha ao Espírito Santo (Ruach
hakodesh), e em uma observação detalhada, a
nuvem mencionada no midrash faz alusão a
Shekinah.
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 98

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• Munk, Rabbi Elie, The Call of the Torah, An Anthology


of Interpretations on the Five Books of Moses,
Bereishis, ArtScroll Mesorah Series
• Chasidah, Yishai, The Encyclopedia of Biblical
Personalities, Shaar Press
• The ArtScroll Mesorah Series, Rosh Hashana, its
significance, laws and prayers, Mesorah Publications
Ltd.
• The Torah Anthology, Genesis 1, MeAm Loez by Rabbi
Yaacov Culi (1689-1732) traduzido pelo Rabino Aryeh
Kaplan.
• The Call of the Torah, An Anthology of Interpretations
on the Five Books of Moses, Bereishis, Rabbi Elie Munk,
ArtScroll Mesorah Series
• A Torá Viva - O Pentateuco e as Haftarot, por Rabino
Aryeh Kaplan, Tradução por Adolpho Wasserman
• Chumash - The Book of Genesis - The Gutnick Edition
with commentary from Classic Rabbinic Texts and the
Lubavitcher Rebbe
·Legends of the jews - Translated from the German
Manuscript by HENRIETTA SZOLD and Paul Radin -
volume one – Ginzberg, Louis
·Talmidim - O passo a passo de Jesus - Ed René Kivitz.
·Biblia sagrada – Almeida Revista e Atualizada
Tradição judaica - Pr. Cleodson Cunha 99

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