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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DO PIAUÍ

CAMPUS TERESINA – CENTRAL, DIRETORIA DE ENSINO


DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES, LETRAS E CIÊNCIAS
DISCIPLINA DE QUÍMICA INORGÂNICA EXPERIMENTAL
PROF. RAFAEL LISANDRO PEREIRA ROCHA

SÍNTESE DOS OXALATOS DE MAGNÉSIO (Mg), CÁLCIO (Ca),


ESTRÔNCIO (Sr) E BÁRIO (Ba)

LUIS HENRIQUE DA COSTA MANO

TERESINA, 2022
RESUMO

Os matais alcalinos do grupo 2 da tabela periódica podem se associar com o ânion oxalato e
formar oxalatos dos respectivos metais. Em geral, a síntese envolve duas espécies, os doadores
de metais catiônicos, e outro doador do ânion oxalato, ambos sendo sais solúveis em água. Se
os doadores de cátions metálicos forem insolúveis, neste caso a síntese deverá percorrer um
caminho alternativo que inclui a adição de ácido, a fim de liberais os cátions metálicos em
solução. Neste experimento foi a síntese dos oxalatos dos metais do grupo 2 da tabela periódica,
usando os carbonatos destes metais em meio ácido como doador de cátions, e oxalato de amônio
como dador de ânion. Os resultados obtidos mostraram que a síntese do oxalato favoreceu mais
o oxalato de magnésio, uma vez que seu rendimento foi maior. Possíveis hipóteses estão
envolvidas para explicar isso, entre elas o tamanho aproximado dos íons do composto que
desfavorece a solubilidade.

Palavras chave: oxalato; metais do grupo 2; solubilidade.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 4
2 PARTE EXPERIMENTAL ......................................................................................... 5
2.1 Materiais ........................................................................................................................ 5
2.2 Reagentes ....................................................................................................................... 5
2.3 Procedimentos ............................................................................................................... 5
2.3.1 Parte I - Síntese dos oxalatos .......................................................................................... 5
2.3.2 Parte II – Filtração e rendimento .................................................................................... 6
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 7
4 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 13
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 14
APÊNDICE A – CÁLCULO DOS RENDIMENTOS DOS OXALATOS ............ 15
4

1 INTRODUÇÃO

Os cátions dos metais alcalinos (Grupo 1), e também dos metais alcalinos terrosos
(Grupo 2), normalmente são encontrados em minerais e águas naturais, e alguns são
constituintes importantes de fluidos biológicos, tais como o sangue. O sódio e o potássio, por
exemplo, são os mais abundantes na biosfera da Terra (2,6% e 2,4% respectivamente), mas não
ocorrem naturalmente no estado elementar. As principais fontes de Na e K são sal-gema (NaCl
quase puro), salmouras naturais e água do mar, silvita (KCl), silvinita (KCl/NaCl) e carnalita
(KCl. MgCl2 . 6H2O). Outros minerais contendo Na e K, como o bórax
(Na2 [B4 O5 (OH)4 ]. 8H2 O; e o salitre do Chile (NaNO3 ) são fontes comercialmente importantes
de outros elementos (por exemplo, B e N, respectivamente) (HOUSECROFT; SHARPE, 2005).
A solubilidade é uma característica desses metais. Geralmente, os sais formados pelos
metais alcalinos apresentam solubilidade em água. Esta característica está associada ao
tamanho dos átomos desse grupo. Os metais alcalinos estão entre os átomos com maior raio
atômico da tabela periódica. A solubilidade esta que está associada as baixas energia de
ionização dos elementos desse grupo e, portanto, a espontaneidade para formação de cátions.
Devido ao seu tamanho, facilmente perdem seus elétrons para os ânions que formam com eles
o sal quando dissolvidos em água (RAYNER-CANHAM; OVERTON, 2003).
Os matais alcalinos do grupo 2 da tabela periódica podem se associar com o ânion
oxalato e formar oxalatos dos respectivos metais. Em geral o ânion oxalato possui dimensões
menores que os cátions metálicos. No entanto há pequenas variações que podem impactar os a
solubilidade e o rendimento. Na escala que vai do magnésio ao bário, a raio atômico aumenta
significativamente. À medida que aumentam, distanciam-se das proporções do ânion oxalato.
A diferença, mesmo que pequena, impacta o rendimento percentual numa síntese dos oxalatos
desses respectivos metais.
O ânion oxalato existe em uma conformação não planar onde os diedros O–C–C–O se
aproximam de 90° com simetria D2d aproximada. Quando quelado a cátions, o oxalato adota a
conformação planar, D2h (DEAN, 2012). No entanto, na estrutura de Cs2 C2 O4 o ângulo diedro
O–C–C–O é 81(1)° (DINNEBIER et al., 2003). Portanto, Cs2 C2 O4 é mais aproximado por
uma estrutura de simetria D2d porque os dois planos de CO2 são escalonados. Duas formas
estruturais de Rb2 C2 O4 foram identificados por difração de raios-X de cristal único: um contém
um oxalato planar e o outro um escalonado.
5

Há métodos diversos para a síntese dos oxalatos metálicos. Em geral, a síntese envolve
a duas espécies, os doadores de metais catiônicos, e outro doador do ânion oxalato, ambos sais
solúveis em água. Se os doadores de cátions metálicos forem insolúveis, neste caso a síntese
deverá percorrer um caminho alternativo que inclui a adição de ácido, a fim de liberais os
cátions metálicos em solução. Na síntese dos oxalatos é recomendado o uso de uma alguma
base que possa aumentar a alcalinidade do meio, isto é, para fazer com que o pH solução
aumente, a fim de evitar a formação de hidrogenoxalato. A formação do ânion hidrogeno
oxalato (𝐻𝐶2 𝑂4− ) no meio reacional pode fazer com a formação do ânion oxalato diminua,
diminuindo o potencial de precipitação deste com o metal.
Com base nisto, o objetivo deste experimento foi a síntese dos oxalatos dos metais do
grupo 2 da tabela periódica, usando os carbonatos destes metais em meio ácido como doador
de cátions, e oxalato de amônio como dador de ânion.

2 PARTE EXPERIMENTAL

2.1 Materiais 2.2 Reagentes

▪ 12 Tubos de ensaio; ▪ Óxido de magnésio (MgO);


▪ Vidros de relógio; ▪ Óxido de cálcio (CaO);
▪ Pipetas de 5 mL; ▪ Hidróxido de bário (Ba(OH)2 ) sol. sat.
▪ 2 béquer de 50 mL; ▪ Solução de Fenolfatleina;
▪ 1 proveta de 25 mL; ▪ Cloreto de magnésio (MgCl2 );
▪ 2 funis; ▪ Cloreto de cálcio (CaCl2 );
▪ Bastão de vidro; ▪ Nitrato de estrôncio (Sr(NO3 )2 );
▪ 2 erlenmeyer de 250 mL ▪ Cloreto de bário (BaCl2 ).
▪ Estantes para tubos de ensaio Papel
de filtro

2.3 Procedimentos

2.3.1 Parte I - Síntese dos oxalatos


6

Foram pesados algo próximo de 25 mg (0,025 g) de carbonatos de magnésio, cálcio,


estrôncio e bário respectivamente. Após a pesagem, os respectivos compostos foram colocados
em quatro béqueres de 25 ml, sendo adicionado em cada béquer a 2 ml de água destilada. Em
seguida, a fim de dissolver os carbonatos, foi adicionado, em todos os béqueres, gota a gota,
uma solução de HCl 6,0 mol/L até que todo o carbonato tenha se dissolvido, sendo utilizado,
para isso, o agitador magnético.
Tendo formado uma solução incolor e transparente, as soluções nos béqueres foram
diluídas para 10 ml (sendo acrescentado 8 ml sobre os 2 ml inicialmente adicionados). A
diluição foi realizada apenas nos béqueres onde inicialmente adicionou-se os carbonatos de
cálcio, estrôncio e bário, sendo que para o béquer contendo carbonato de magnésio essa diluição
foi omitida. Depois, colocado em cada béquer uma gota do indicador vermelho de metila, onde
observou-se diferentes tonalidade de rosa. Ao mesmo tempo, foi adicionado 1,5 ml de oxalato
de amônio ((NH4 )2 C2 O4 ) seguido de 1,5 g de ureia. A adição de ureia foi realizada em todos
os béqueres, com exceção daqueles onde inicialmente foi adicionado carbonato de magnésio.
Sob agitação, deixou-se a solução entrar em ebulição branda, até que a cor mudasse de
vermelho para amarelo. Foi acrescentado mais água, quando necessário para compensar as
perdas por evaporação, a fim de evitar a precipitação da ureia. A precipitação de cristais
incolores dos respectivos oxalatos deve ser observada. A fim de facilitar a precipitação, foi
adicionado algumas gotas de uma solução 6,0 mol. L− de hidróxido de amónio, até que houvesse
precipitação.

2.3.2 Parte II – Filtração e rendimento

A pós os procedimentos da etapa anterior, todas as soluções foram deixadas esfriarem


até a temperatura ambiente. Depois foram filtrados os cristais que se formaram seguido de
lavagem com água gelada até que o teste para cloretos (com AgNO3 ) tenha dado negativo.
Todos os cristais foram deixados secando no papel de filtro, em seguida pesados após terem
secado, e calculado o rendimento da reação para cada oxalato sintetizado.
7

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A primeira etapa do experimento consistiu na liberação dos cátions Mg2+ , Ca2+ , Sr 2+ e


Ba2+ dos carbonatos em solução por meio de aquecimento e adição de ácido. Porém, deve-se
destacar que os carbonatos dos metais alcalinos terrosos (grupo 2) que foram usados para a
síntese dos oxalatos são insolúveis. Essa insolubilidade está relacionada ao tamanho dos íons
que formam esses compostos. Em geral, como a diferença de tamanho entre cátion do metal e
o ânion favorece a solubilidade em água, neste caso, porém, a solubilidade dos carbonatos é
impedida pelo tamanho aproximados dos cátions e ânions que formam os respectivos
compostos (CAVALEIRO, 1997). A adição de 2 ml água (item 2.3.1), portanto, resultou em
um precipitado suspenso e branco, onde foi possível constatar a insolubilidade dos respectivos
compostos. Por isso, o caminho percorrido para a liberação das espécies catiônicas em solução
foi HCl em aquecimento brando. A adição de ácido clorídrico ocasionou uma reação imediata
com os respectivos carbonatos, produzindo cloretos dos metais correspondentes, conforme o
esquema abaixo.

Figura 1 – Caminho alternativo para liberação de cátions dos carbonatos em solução

H2O, temp. ambiente HCl, t° > 30 ºC


Nada ocorre MCO3 MCl2 + CO2 + H2O
M = Mg, Ca, Sr ou Ba

M+ + Cl-
MgCO3 CaCO3 SrCO3 BaCO3

Os íons Mg2+ , Ca2+ , Sr 2+ e Ba2+ são necessários serem liberados em solução, uma vez
que serão precipitados com ânion oxalato (C2 O2−
4 ). Por outro lado, como a síntese dos oxalatos

dos respectivos metais se dá em meio básico para reter a formação de hidrogenoxalato, o


controle do pH da solução foi, durante toda a etapa, verificado e monitorado, adicionando para
isso o indicador vermelho de metila. A adição do indicador autenticou de imediato o carácter
ácido da solução. A acidez da solução está associada não apenas ao excesso de ácido
adicionado, mas também ao H2 CO3 remanescente e livre em solução que foi produzido na
reação entre os respectivos carbonatos com a solução de HCl (Figura 2).
8

Figura 2 – Etapas para o estado ácido da solução contendo os cátions dos metais alcalinos
terrosos e efeito sobre o indicador

OH
HCl, t° > 30 ºC N
a) MCO3 MCl + H2CO2 + H2O N
Amarelo CH3
M = Mg, Ca, Sr ou Ba N
CH3
b) H CO + 2H O 2H3O+ + CO2 -H
+
2 3 2 + H+

OH
N
N
H
+ CH3
N
Vermelho/rosa
CH3

A precipitação dos cátions de metais alcalinos presentes em solução foi imediata após a
adição da solução saturada de oxalato de amônio (NH4 )2 (COO)2 . O oxalato de amônio é pouco
solúvel em água (45 g. L−1 ), porém, por ser adicionado em meio ácido, a sua solubilidade
aumenta. Ao liberar ânions oxalatos já na solução inicialmente preparada, precipitou como
oxalato dos respectivos metais. Por ser uma solução saturada de oxalato de amônio, isto é, uma
solução com excesso de ânions oxalatos, logo, presume-se que todo o metal tenha sido
precipitado.
Pôde-se perceber que a rapidez como os precipitados eram formados variou para cada
um dos metais. Para o magnésio, por exemplo, as primeiras gotas adicionadas foram suficientes
para evidenciar a precipitação, enquanto para o bário o efeito visível da precipitação foi tímido,
mesmo após a adição dos 1,5 ml da solução de oxalato de amônio recomendado.
Sob aquecimento brando, após a adição da ureia, a precipitação dos cristais incolores
dos respectivos oxalatos foi observada com diferentes gradações. O oxalato de magnésio foi o
primeiro a formar cristais, enquanto os demais foram necessários mais tempo e calor no
processo.

MgCl2 + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ MgC2 O4 + 2NH4 Cl (1)

CaCl2 + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ CaC2 O4 + 2NH4 Cl (2)


9

SrCl2 + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ SrC2 O4 + 2NH4 Cl (3)

BaCl2 + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ BaC2 O4 + 2NH4 Cl (4)

Embora houvesse evidencia de precipitação, as soluções nos béqueres ainda estavam


ácidas, como ficou claro pela cor rosada do indicado. O carácter ácido das soluções, isto é, a
presença de H3 O+ , poderia fazer com que o oxalato presente na solução se convertesse em
hidrogenoxalato (Equação 5).

C2 O2− + −
4 + H3 O ⟶ HC2 O4 + H2 O (5)

Por isso, após esta etapa, a adição de ureia seguida de agitação e aquecimento foi
necessária para fazer com que o pH solução se elevasse a fim de evitar a formação de
hidrogenoxalato (Equação 3) e todo ânion oxalato fosse aproveitado na precipitação.

Figura 3 – Desprotonação do hidrogenoxalato pela ureia e formação


do ânion oxalato

Porém, embora esse fosse o previsto, a adição da ureia sob aquecimento na solução
contida nos béqueres não aumentou o pH tão significativamente como se esperava, exceto para
o magnésio, para quem a quantidade de ureia adicionada foi maior. Para as soluções com
Ca2+ , Sr 2+ e Ba2+ a adição de ureia não variou significativamente o pH. Isso ficou constatado
devido a coloração rosada das soluções pelo indicador ocasionado pelo meio ácido. Também
não houve precipitação nas soluções. Porém, a precipitação foi ocasionada pela adição de
hidróxido de amônio, que rapidamente alterou a coloração da solução.
A fim, portanto, de tornar o meio reacional mais alcalino, foi adicionado hidróxido de
amônio para a precipitação dos oxalatos de Ca, Sr e Ba. A adição dessa base tornou o conteúdo
dos béqueres amarelo, conforme o previsto, devido ao indicador. Pôde-se perceber que houve
10

ocorrência de precipitação com a adição de NH4 OH. O aumento do pH favoreceu a precipitação


do oxalato dos metais por dois motivos: primeiro o ânion hidróxido (OH− ) ajudou a evitar a
formação do hidrogenoxalato, capturando, assim, prótons para o aproveitamento das
precipitações; por outro lado, a adição de hidróxido de amônio aumentou a concentração de
NH+
4 , fazendo com que o equilíbrio se deslocasse para a direita, para a formação de cloreto de

amônio, abrindo espaço para a precipitação do metal correspondente (Figura 4).

Figura 4 – Reação de síntese dos oxalatos dos respectivos metais em meio básico e sob
aquecimento

Não foi necessário a adição de NH4 OH para a precipitação do oxalato de magnésio


devido a espontaneidade para a formação desse precipitado. A diferença de tamanho entre
cátion do metal e o ânion favorece a solubilidade em água. No caso do oxalato de magnésio,
como ânion C2 O2− 2+
4 compartilha dimensões próximas ao cátion magnésio (Mg ), a precipitação

é quase que imediata, formando composto insolúvel. No caso dos outros metais, onde ao longo
do grupo o raio atômico vai aumentando, a dimensão do oxalato vai se distanciando
significativamente dos cátions dos metais respectivos. Consequentemente, o efeito solúvel dos
metais de Ca2+ , Sr 2+ e Ba2+ tende a ser mais significativo, impedindo a precipitação. Os íons
cloretos em solução também contribuem para impedir a precipitação, uma vez que tendem a
formar cloreto dos respectivos metais. A adição de hidróxido de amônia, portanto, ajuda a reter
os ânions cloretos em solução.
A filtragem foi realizada com água destilada fria após ter deixado esfriar à temperatura
ambiente. Embora os oxalatos dos respectivos metais sejam insolúveis, a utilização de água
para a filtragem igual ou acima da temperatura ambiente poderia aumentar a solubilidade dos
precipitados, fazendo com que os ânions desses metais passem pelo papel filtro, impactando o
rendimento. Por outro lado, objetivo da filtragem foi separar as impurezas eventuais que
poderiam acompanhar a formação dos oxalatos. Entre essas impurezas pode-se destacar os
remanescentes de solução ácida (H3 O+ , H2 CO3 ), de hidróxido de amônia, ureia e íons cloretos
11

e oxalatos de amônio remanescentes da solução saturada que foi empregado na síntese. Essas
impurezas foram todas arrastadas via água destilada durante a filtragem.
Todos as impurezas acima mencionadas possuem o potencial de serem arrastadas pela
água e, consequentemente, de serem separados do produto obtido. No entanto, os íons cloretos
possuem maior potencial de se adsorverem no composto, isto é, de se aderirem a superfície dos
respectivos oxalatos. Por isso, o principal foco da filtragem é a separação dos íons cloretos
remanescentes. No experimento, a solução coletada da filtragem era armazenada em béqueres.
Em seguida, a fim de verificar a presença de íons cloretos, coletava-se um volume de 1,5 mL e
adiciona-se em um tubo de ensaio, seguida da adição de nitrato de prata (AgNO3 ). O nitrato de
prata é solúvel em água, e em solução contendo íons cloretos, este precipita-se com a prata,
formando nitrato de prata (Equação 6), produzindo uma solução branco-turva.

AgNO3 + 2Cl− ⟶ AgCl2 + NO3− (6)

A repetição da filtragem variou para cada oxalato, sendo que em cada filtragem foi
realizada o teste com o nitrato de prata na solução remanescente coletada no tubo de ensaio. O
processo foi repetido até que o teste com o nitrato de prata não denunciasse evidência de íons
cloretos. Houve o controle da filtragem, de modo que, para cada oxalato, a frequência de
filtragem variou até que a solução ficasse incolor.

Tabela 1 – Número de repetições de filtragem


seguida do teste com AgNO3
Composto Filtragens (repetição)
MgC2 O4 6
CaC2 O4 3
SrC2 O4 8
BaC2 O4 6

Após a filtragem, os cristais dos oxalatos dos metais correspondentes foram deixados
secar na capela. Depois, foram pesados e calculados os rendimentos. Os rendimentos foram
calculados a partir da massa teórica obtido da estequiometria da reação de síntese dos oxalatos
que se encontram no apêndice desse trabalho (Apêndice A). A reação base para calcular os o
rendimento teórico é a reação geral de todo o processo envolvendo os principais reagentes
(Equação 7).
12

MCO3 + 2HCl + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ MC2 O4 + 2NH4 Cl + CO2 + H2 O (7)

Pela equação, pode-se perceber que a relação estequiométrica do carbonato dos


respectivos metais (M = Mg, Ca, Sr ou Ba), principais reagentes na obtenção do oxalato, com
o produto oxalato dos mesmos é 1:1. Logo, as massas teóricas dos oxalatos ficaram em torno
de 0,031 ± 0,0023 (vide Apêndice A, parte II, Tabela B). Com base no rendimento teórico foi
possível calcular o rendimento percentual dos cristais obtidos (Tabela 2).

Tabela 2 – Rendimentos dos oxalatos obtidos


na síntese.
Composto Rendimento (%)
MgC2 O4 64,81
CaC2 O4 61,05
SrC2 O4 59,18
BaC2 O4 57,94

O oxalato de magnésio é o que obteve maior percentual no rendimento, seguido dos


oxalatos de cálcio, estrôncio e bário. De fato, no início da síntese o oxalato de magnésio
precipitou-se mais rapidamente que os demais oxalatos. Isso, como mencionado inicialmente,
pode ser explicado pela equivalência relativa das dimensões dos íons Mg2+ e C2 O2−
4 que

favorece o baixo potencial de solubilidade, fazendo com que o efeito da precipitação seja maior
(ATKINS; SHRIVER, 1999).

Figura 5 – Relação do raio atômico dos cátions


metálicos com a precipitação dos
oxalatos
13

No caso dos demais oxalatos, os metais, à medida que avançam do cálcio para bário no
grupo periódico, aumentam seus raios atômicos, distanciando suas dimensões do ânion oxalato,
isto é, o tamanho dos cátions se torna cada vez maior do ânion oxalato.

Tabela 3 – Rendimentos dos oxalatos obtidos


na síntese.
Solubilidade em água
Composto
(g/100g H2O)
MgC2 O4 0.03800
CaC2 O4 0.00061
SrC2 O4 Insolúvel
BaC2 O4 0.0000929
Fonte: RUMBLE, 2017

A diferença de tamanho dos íons favorece relativamente a solubilidade (Tabela 3).


Embora essa solubilidade não seja tão alta a ponto de não precipitar o composto, é o suficiente
para diminuir o rendimento, já que tendem a passar pelo papel filtro. Perdas eventuais durante
o experimento deve ser levado em consideração, uma vez que a adição de outros reagentes
podem ter arrastado consigo na filtragem os cátions metálicos de metais adsorvidos.

4 CONCLUSÃO

A síntese dos oxalatos no experimento está associada ao tamanho dos cátions metálicos
advindos dos carbonatos. Todos os metais que precipitaram com ânion oxalato pertencem ao
grupo 2 da tabela periódica, cujos raios aumentam de cima para baixo. A diferença de
dimensões dos respectivos cátions metálicos com o ânion oxalato favorece a solubilidade e
impacta o rendimento final. Isso pode explicar o rendimento do oxalato de magnésio, cujo maior
rendimento está associado a equivalência aproximada das dimensões dos íons Mg2+ e C2 O2−
4 ,

favorecendo a precipitação. Deferentemente deste, os demais oxalatos possuem cátions com


dimensões menores que o ânion oxalato, favorecendo a solubilidade, fazendo com fosse esses
cátions fossem arrastados na filtração. Embora a solubilidade dos demais oxalatos fosse
pequena, conforme previsto pela literatura, a ponto de evitar a precipitação dos mesmos, foi
suficiente para impactar os resultados obtidos. Isto, associado a constantes lavagens, torna-se
um agravante que justifica a hipótese acima mencionada.
14

REFERÊNCIAS

ATKINS, P. W.; SHRIVER, D. F. Química Inorgânica. 3. ed. Oxônia, Reino Unido:


Bookman Oxford University Press, Oxford, 1999.

CAVALEIRO, A. M. V. DA S. V. Química Inorgânica Básica. Aveiro, Portugal:


Universidade de Aveiro, 1997.

DEAN, P. A. W. The Oxalate Dianion, C2O42–: Planar or Nonplanar? Journal of Chemical


Education, v. 89, n. 3, p. 417–418, 14 fev. 2012.

DINNEBIER, R. E. et al. Crystal and Molecular Structures of Alkali Oxalates: First Proof of
a Staggered Oxalate Anion in the Solid State. Inorganic Chemistry, v. 42, n. 5, p. 1499–
1507, 1 mar. 2003.

HOUSECROFT, C. E.; SHARPE, A. G. Inorganic Chemistry. 3. ed. Edinburgh Gate:


Pearson, 2005.

RAYNER-CANHAM, G.; OVERTON, T. Descriptive inorganic chemistry. [s.l.]


Macmillan, 2003.
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APÊNDICE A – Cálculo dos rendimentos dos oxalatos

PARTE I

Para calcular o rendimento dos precipitados, primeiro foram determinadas as massas dos
precipitados a partir das massas dos carbonatos dos respectivos metais. As reações envolvidas
no processo foram:

a) Para o oxalato de magnésio

MgCO3 + 2HCl ⟶ MgCl2 + CO2 + H2 O (i)


MgCl2 + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ MgC2 O4 + 2NH4 Cl (ii)
MgCO3 + 2HCl + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ MgC2 O4 + 2NH4 Cl + CO2 + H2 O (iii)

Foram usados 0,0256 g de carbonato de magnésio. Logo, considerando 1 mol para a terceira
equação:

MgCO3 + 2HCl + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ MgC2 O4 + 2NH4 Cl + CO2 + H2 O


84,31 g 112,32 g

0,0256 g 𝑚1

Portanto, a massa de MgC2 O4 que se deseja obter é:

0,0256 × 112,32
𝑚1 = ( ) g = 𝟎, 𝟎𝟑𝟒𝟏 𝐠 𝐝𝐞 𝐌𝐠𝐂𝟐 𝐎𝟒
84,31

O mesmo para os demais oxalatos obtidos.

b) Para o oxalato de cálcio

CaCO3 + 2HCl ⟶ CaCl2 + CO2 + H2 O (iv)


CaCl2 + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ CaC2 O4 + 2NH4 Cl (v)
CaCO3 + 2HCl + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ CaC2 O4 + 2NH4 Cl + CO2 + H2 O (vi)

Foram usados 0,0256 g de CaCO3 . Logo, o valor de CaC2 O4 que se deve obter será:

CaCO3 + 2HCl + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ CaC2 O4 + 2NH4 Cl + CO2 + H2 O


100,08 g 128,09 g

0,0256 g 𝑚2
16

0,0256 × 128,09
𝑚2 = ( ) g = 𝟎, 𝟎𝟑𝟐𝟕𝟔 𝐠 𝐝𝐞 𝐂𝐚𝐂𝟐 𝐎𝟒
100,08

c) Para o oxalato de estrôncio

SrCO3 + 2HCl ⟶ SrCl2 + CO2 + H2 O (vii)


SrCl2 + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ SrC2 O4 + 2NH4 Cl (viii)
SrCO3 + 2HCl + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ SrC2 O4 + 2NH4 Cl + CO2 + H2 O (ix)

Foram usados 0,0250 g de SrCO3 . Logo, o valor de SrC2 O4 que se deve obter será:

SrCO3 + 2HCl + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ SrC2 O4 + 2NH4 Cl + CO2 + H2 O


147,63 g 175,64 g

0,0250 g 𝑚3

0,0250 × 175,64
𝑚3 = ( ) g = 𝟎, 𝟎𝟐𝟗𝟕𝟒 𝐠 𝐝𝐞 𝐒𝐫𝐂𝟐 𝐎𝟒
147,63

d) Para o oxalato de bário

BaCO3 + 2HCl ⟶ BaCl2 + CO2 + H2 O (x)


BaCl2 + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ BaC2 O4 + 2NH4 Cl (xi)
BaCO3 + 2HCl + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ BaC2 O4 + 2NH4 Cl + CO2 + H2 O (xii)

Foram usados 0,0257 g de BaCO3 . Logo, o valor de BaC2 O4 que se deve obter será:

BaCO3 + 2HCl + (NH4 )2 C2 O4 ⟶ BaC2 O4 + 2NH4 Cl + CO2 + H2 O


197,34 g 225,34 g

0,0257 g 𝑚4

0,0257 × 225,34
𝑚4 = ( ) g = 𝟎, 𝟎𝟐𝟗𝟑𝟒 𝐠 𝐝𝐞 𝐁𝐚𝐂𝟐 𝐎𝟒
197,34
17

PARTE II

Portanto, o valor previsto da massa dos respectivos oxalatos são:

Tabela A – Dados da pesagem


Papel filtro antes da Papel filtro com o
Composto Peso do composto
filtração composto sintetizado
MgC2 O4 1,387 1,4091 0,0221
CaC2 O4 1,374 1,3940 0,0200
SrC2 O4 1,4095 1,4271 0,0176
BaC2 O4 1,358 1,3750 0,0170

Tabela B – Dados para o rendimento


Massa dos oxalatos
Composto
Massa prevista (g) Massa obtida (g)
MgC2 O4 0,03410 0,0221
CaC2 O4 0,03276 0,0200
SrC2 O4 0,02974 0,0176
BaC2 O4 0,02934 0,0170

O rendimento dos oxalatos foi calculado a partir da massa prevista pelos cálculos
estequiométricos (𝑚𝑝 ). Essa massa é o total previsto (100%). Como haverá perdas na síntese,
logo massa obtida (𝑚𝑖 ) corresponderá ao rendimento relativo (𝑟).

𝑚𝑝 100% 𝑚𝑖
𝑟𝐶𝑜𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 = × 100%
𝑚𝑝
𝑚𝑖 𝑟

a) Para o oxalato de magnésio (𝐌𝐠𝐂𝟐 𝐎𝟒 ):

0,03410 g de MgC2 O4 100%


0,0221
𝑟1 = × 100% = 64,81 %
𝑟1 0,03410
0,0221 g

b) Para o oxalato de cálcio (𝐂𝐚𝐂𝟐 𝐎𝟒 ):

0,03276 g de CaC2 O4 100%


0,020
𝑟2 = × 100% = 61,05 %
0,020 g 𝑟2 0,03276
18

c) Para o oxalato de estrôncio (𝐒𝐫𝐂𝟐 𝐎𝟒 ):

0,02974 g de CaC2 O4 100%


0,0176
𝑟3 = × 100% = 59,18 %
𝑟3 0,02974
0,0176 g

c) Para o oxalato de estrôncio (𝐁𝐚𝐂𝟐 𝐎𝟒 ):

0,02974 g de CaC2 O4 100%


0,0170
𝑟3 = × 100% = 57,94 %
𝑟3 0,02934
0,0170 g

Portanto, os rendimentos dos respectivos oxalatos são:

Tabela C – Rendimento dos oxalatos


Composto Rendimento (%)
MgC2 O4 64,81
CaC2 O4 61,05
SrC2 O4 59,18
BaC2 O4 57,94

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