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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIA EXATAS


Departamento de Química

RELATÓRIO

IDENTIFICAÇÃO DOS CÁTIONS DOS GRUPOS I E II

Sarah Kateelin Conceição Trindade

Relatório acadêmico do Curso de


Graduação de Química
apresentado como parte das
exigências da disciplina de
Química Analítica Qualitativa, sob
orientação da professora
Rosangela Cristina Barthus.

Vitória
Maio/2023
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SUMÁRIO
1. Introdução……………………………………………………2
2. Objetivos……………………………………………………..4
3. Materiais e métodos………………………………………….5
4. Resultados e discussão ………………………………………7
5. Conclusão…………………………………………………….8
6. Bibliografia...…………………………………………………8
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1) INTRODUÇÃO
Cátios do Grupo I: Na+, K+ e NH4+
Os íons dos metais alcalinos Na+ e K+ são os maiores cátions do período, possuem
carga consideravelmente pequena e sua estrutura se assemelha à de um gás nobre.
Consequência deste fato é que tais materiais possuem uma fraca atração por ânions e
moléculas, o que torna seus sais muito solúveis em água.
Propriedades dos cátions do grupo I
● Sódio: os sais de sódio possuem coloração branca tipicamente solúveis em água.
Em solução aquosa são quimicamente inertes e não são reduzidos a sus íons
metálicos e os sais deste composto frequentemente cristalizam como hidratos;
● Potássio: Os sais de potássio são geralmente brancos e solúveis em água. O
hidróxido de potássio é muito solúvel em água e é uma base forte;
● Amônio: As propriedades deste cátion são semelhantes às dos metais alcalinos.
Seus sais são de coloração branca e solúveis em água.
A identificação dos elementos dos grupos I e II pode ser feita por meio de reações
químicas e também por meio do teste de chama. Tais reações podem ser descritas
conforme as seguintes equações no que tange à identificação dos cátions do grupo I:
● Reação com Cobaltonitrito de Sódio (identificação do potássio K+ e do íon
amônio NH4+)
3K+(aq) + [Co(NO)63-](aq) ⇌ K3[Co(NO2)6] (s)
3NH3+(aq) + [Co(NO)63-](aq) ⇌ 3NH3+[Co(NO2)6] (s)
Sendo assim, o resultado esperado é que na presença do cobaltonitrito, os
cátions K+ e NH4+ formem um precipitado. No caso em que houver ambos os
cátions em uma solução, haja vista que ambos se precipitam na mesma
coloração, o ideal seria realizar um teste de chama com a mistura inicial dos
cátions, o que torna tal procedimento não tão definitivo na identificação destes
cátions, haja vista que na presença do sódio, por exemplo, seria necessário o uso
do vidro de cobalto para visualizar o espectro do K+, o que também fornece um
aspecto bem sutil da característica de tal cátion e exigiria maior cautela e
atenção durante a análise;

● Reação com base forte NaOH (identificação do cátion NH4+): A reação com base
forte aumenta a concentração do íon OH-, tornando o meio básico. Tal reação
está descrita como se expõe a seguir:
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NH4+(aq) + OH-(aq) ⇌ NH3(aq) + H2O(l)


sendo assim, o deslocamento do pH de um caráter ácido para um caráter básico
quando em contato com uma base forte indica a presença do íon NH4+;

● Reação com Ácido Perclórico (identificação do K+): Tal método consiste na


adição do ácido perclórico na solução que há a hipótese da presença de K+. Tal
reação é expressa da seguinte forma:
K+(aq) + ClO4-(aq) ⇌ KClO4(s)
Conclui-se, portanto que, com base em tal reação, a formação de um precipitado
de coloração branca na presença de ácido perclórico indica a presença do cátion
K+

Por conseguinte, assim como para os cátions do grupo II, o grupo I pode ser
identificado por meio do teste de chamas.
O teste de chama baseia-se no fato de que quando uma certa quantidade de energia é
fornecida a um determinado elemento químico, alguns elétrons da última camada de
valência absorvem essa energia passando para um nível de energia mais elevado,
produzindo o que chamamos de estado excitado.[3]
Quando um destes elétrons excitado retorna ao seu estado fundamental, emite uma
quantidade de energia radiante igual àquela absorvida, cujo comprimento de onda é
característico do elemento e da mudança de nível eletrônico de energia.[3]
Assim, a luz de um comprimento de onda particular ou cor, é utilizado para
identificar o referido elemento.[3]

Cátions do Grupo II: Mg2+, Ba2+, Ca2+ e Sr2+


O grupo II, também chamado de Metais Alcalinos Terrosos, abriga o magnésio,
bário, cálcio e estrôncio, metais que fazem parte do conjunto deste grupo em que se
destina a análise qualitativa e sobretudo a separação analítica dos mesmos.
Por fazerem parte do mesmo grupo, tais compostos possuem características
semelhantes. Entretanto, o magnésio possui características específicas devido ao seu
tamanho.
Propriedades dos cátions do grupo II:
● Magnésio: Seus íons são incolores em solução, seus sais são de coloração branca
ou incolores (a menos que esteja presente um ânion colorido). Por ser pequeno,
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o magnésio possui alta solubilidade o que favorece a hidratação (com exceção


do hidróxido de magnésio, que é um composto com baixo produto de
solubilidade). Na presença da chama, o magnésio emite uma coloração branca
intensa;
● Cálcio: Entre os metais alcalinos terrosos é o mais abundante, seus compostos
menos solúveis são os carbonatos e oxalatos. Ao realizar o teste de chama, a
coloração emitida é um vermelho-tijolo;
● Estrôncio: O estrôncio possui características entre o cálcio e o bário e na
presença da chama, emite uma coloração vermelho-carmim;
● Bário: É o elemento mais pesado do grupo e seus íons são extremamente
tóxicos. Seu composto mais insolúvel é o cromato de bário e, na presença da
chama emite uma coloração verde intensa;
Observação: Embora solúveis em água, os nitratos de estrôncio e bário precipitam na
presença de ácido nítrico concentrado
Dadas tais características acerca destes cátions e com base na análise da tabela 1
pode-se, portanto, construir uma metodologia capaz de identificar e separar cada um
deles com base nos produtos de solubilidade de cada um dos seus compostos.

Tabela 1: Produtos de solubilidade em água de alguns compostos de Magnésio, Cálcio,


Estrôncio e Bário a 25 °C

Ânions Mg2+ Ca2+ Sr2+ Ba2+

OH- 5,9 x 10-12 - - -

CO32- 1,0 x 10-5 4,8 x 10-9 7,0 x 10-10 4,9 x 10-9

C2O42- 8,6 x 10-5 2,3 x 10-9 5,6 x 10-8 2,3 x 10-8

SO42- - 6,1 x 10-5 2,8 x 10-7 1,0 x 10-10

CrO42- - 7,1 x 10-4 3,6 x 10-6 1,2 x 10-10


Fonte: Referência 1.

Sendo assim, ao realizar as reações, deve-se observar cada produto de solubilidade, a


fim de que se constate ou não a formação de um precipitado característico de
determinado metal alcalino terroso.

2) OBJETIVOS
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Caracterizar e separar, a partir de uma amostra desconhecida, 4 cátions que podem ser
tanto do grupo I quanto do grupo II ou ambos.

3) MATERIAIS E MÉTODOS
3.1) Materiais
● Amostra desconhecida 4Q - 9
● 12 tubos de ensaio
● Fio de níquel-cromo
● Vidro de cobalto
● HCl 6,0 mol/L
● NH4OH 6,0 mol/L
● NH4SO4 2,5 mol/L
● NH4CO3 1,5 mol/L
● (NH4)2C2O4 0,25 mol/L
● NaHPO4 3,0 mol/L
● HÁc 6,0 mol/L
● C2H3NaO2
● K2Cr2O7 0,5 mol/L

3.2) Metodologia
Procedimento 1 - Teste de Chama
● Realizou-se a limpeza do fio de níquel-cromo com ácido clorídrico 6,0 mol/L e
aquecendo-o ao rubro na chama do bico de Bunsen até que a única coloração
emitida fosse apenas o azul característico da chama;
● extraiu-se uma pequena quantidade da amostra 9 com o auxílio do fio de
níquel-cromo e, em seguida, colocou-se a amostra em contato com a chama
(atentar-se para posicionar o material em cerca de ⅔ da chama a partir da saída
do bico, posição essa em que a temperatura encontra-se mais elevada);
● a fim de garantir que não haja a presença do cátion K+, aferiu-se o resultado
através do vidro de cobalto.

Procedimento 2 - Separação analítica dos cátions


Observação inicial: a fim de que os resultados obtidos fossem os mais precisos possível,
realizou-se o experimento em triplicata.
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2.1. Identificação do Mg2+


● Preparou-se uma solução aquosa a partir da amostra desconhecida fornecida e,
em seguida, adicionou-se a cada um dos tubos cerca de 4 mL de tal solução;
● a cada tubo, adicionou-se 6 gotas de HCl 6,0 mol/L, 6 gotas de NH4OH 6,0
mol/L e 3 gotas de NH4CO3 1,5 mol/L;
● aqueceu-se o conteúdo dos tubos em banho-maria por cerca de 5 minutos e, após
o resfriamento, levou-se os tubos para a centrífuga por também 5 minutos;
● após retirar da centrífuga, adicionou-se algumas gotas de NH4CO3 1,5 mol/L;
● separou-se o sobrenadante do corpo de fundo e reservou-se o primeiro para dar
continuidade à análise.

2.2. Identificação do Ba2+


● A cada tubo contendo os sobrenadantes da identificação anterior, adicionou-se 6
gotas de HÁc 6,0 mol/L, 6 gotas de C2H3NaO2 e 6 gotas de K2Cr2O7 0,5 mol/L;
● aqueceu-se o conteúdo dos tubos em banho-maria por cerca de 5 minutos e, após
o resfriamento, levou-se os tubos para a centrífuga por também 5 minutos;
● separou-se o sobrenadante do corpo de fundo e reservou-se o primeiro para dar
continuidade à análise.

2.3. Identificação do Sr2+


● A cada tubo contendo os sobrenadantes da identificação anterior, adicionou-se 6
gotas de NH4OH 6,0 mol/L e 3 gotas de NH4SO4 2,5 mol/L
● aqueceu-se o conteúdo dos tubos em banho-maria por cerca de 5 minutos e, após
o resfriamento, levou-se os tubos para a centrífuga por também 5 minutos;
● separou-se o sobrenadante do corpo de fundo e reservou-se o primeiro para dar
continuidade à análise.

2.4. Identificação do Ca2+


● A cada tubo contendo os sobrenadantes da identificação anterior, adicionou-se 6
gotas de (NH4)2C2O4 0,25 mol/L
● aqueceu-se o conteúdo dos tubos em banho-maria por cerca de 5 minutos e, após
o resfriamento, levou-se os tubos para a centrífuga por também 5 minutos;
● separou-se o sobrenadante do corpo de fundo e o segundo descartou-se.
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Procedimento 3 - Teste de chama


A fim de reafirmar os resultados obtidos por meio da separação analítica, realizou-se
o teste de chama com o corpo de fundo extraído dos 4 passos de identificação do
procedimento 2.

4) RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após aplicada a metodologia desenvolvida no procedimento 1, foi possível observar
uma emissão bem sutil da coloração verde, a emissão extremamente visível de um
laranja intenso e um pequeno feixe de luz de coloração avermelhada. Após observação
através do vidro de cobalto, não foi possível observar a coloração violeta, fazendo com
que a presença do cátion K+ fosse descartada.
Logo, a hipótese inicial são os seguintes cátions: Na2+, Mg2+, Ba2+, Sr2+ e Ca2+
A fim de que as hipóteses fossem confirmadas e aqueles que não forem identificados
fossem descartados, realizou-se a metodologia empregada no procedimento 2 para tratar
cada um dos cátions de forma individual, obtendo-se os seguintes resultados:

2.1.1. Identificação do Mg2+: Formação de um precipitado de coloração esbranquiçada.


Para afirmar precisamente que no sobrenadante não há mais cátions para precipitar,
adicionou-se 6 gotas de NH4CO3, composto este que possui o ânion carbonato e que,
segundo a tabela 1 de produtos de solubilidade, precipita o magnésio. Tal reação está
descrita como apresentado a seguir:
CO32-(aq) + Mg2+(aq) ⇌ MgCO3(s)
Portanto, o precipitado de coloração branca é o carbonato de magnésio e os demais
cátions estavam contidos no sobrenadante.

2.1.2. Identificação do Ba2+: Formação de um precipitado de coloração amarelada,


consequência da presença do ânion dicromato que, segundo o produto de solubilidade,
precipita o bário. A reação que justifica tal resultado é expressa da seguinte forma:
CrO42-(aq) + Ba2+(aq) ⇌ BaCrO4(s)
Sendo assim, o corpo de fundo apresentado é o dicromato de bário e os demais cátions
estavam presentes no sobrenadante.

2.3.3. Identificação do Sr2+: Formação de um precipitado de coloração branca. Tal


precipitação decorre da presença do ânion SO42- que, segundo o produto de solubilidade
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apresentado na tabela 1, precipita o estrôncio. Dado tal procedimento, a equação da


reação que justifica tal resultado é dada por:
SO42-(aq) + Sr2+(aq) ⇌ SrSO4(s)
Desta forma, confirma-se a hipótese de que haja a presença do cátion Sr2+, haja vista a
precipitação na presença do sulfato. Os demais cátions encontram-se no sobrenadante.

2.4.4. Identificação do Ca2+: Formação de um precipitado de um precipitado de


coloração branca, dada a presença do íon oxalato que, também segundo o produto de
solubilidade, precipita o cálcio. Dada a reação, a equação que justifica tal resultado é a
seguinte:
C2O42-(aq) + Ca2+(aq) ⇌ CaC2O4(s)
Dito isso, o corpo de fundo constatado trata-se do oxalato de cálcio, um composto
contendo o cátion Ca2+ que, segundo o produto de solubilidade, é insolúvel em água.

Dados os resultados apresentados, as hipóteses intermediárias são: Mg2+, Ba2+, Ca2+ e


Sr2+.
Para que se confirmasse que, de fato, os 4 cátions presentes na amostra desconhecida
eram estes, realizou-se o procedimento 3, o teste de chama. Após aplicada a
metodologia desenvolvida em tal, observou-se que todos os espectros emitidos a partir
do teste com os precipitados obtidos possuíam a coloração laranja.
A hipótese final apresentada, foi a presença dos 4 cátions do grupo II (Mg2+, Ba2+,
Ca e Sr2+), entretanto, o resultado esperado seria: Na+, Mg2+, Ba2+e Ca2+). Haja vista a
2+

presença do Na+, justifica-se o fato do teste de chama ter apresentado a coloração


laranja, dado que, a frequência relativa do sódio comparada à frequência relativa dos
demais cátions dos grupos I e II é muito maior e, por isso, o espectro de emissão de tal
material se sobressai sobre os demais.

5) CONCLUSÃO
Entende-se, portanto, que, para uma análise precisa e constatação assertiva dos cátions
dos grupos I e II, faz-se necessário não somente uma metodologia bem desenvolvida,
mas também uma observação lógica por parte do observador. No que diz respeito à
presença destes materiais, fatores como o pH do meio reacional tal como as
concentrações dos reagentes favorecem ou não a se obter o resultado esperado (tal como
na identificação do magnésio e do bário, respectivamente).

7) BIBLIOGRAFIA
1. Roteiro da Prática 1:Identificação dos Cátions do Grupo I.
2. Roteiros da Prática 2: Análise dos Cátions do Grupo II.
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3. BACCAN, N., GODINHO, O., ALEIXO, L. e STEIN, E. Introdução à


Semimicroanálise Qualitativa. 2°ed. 1988.

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