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Beth Midrash
Abril, maio e junho de 2022 | Nissan, Iyar e Sivan de 5782
LIÇÕES CONTEXTUALIZADAS PARA
COMUNIDADES JUDAICO-ADVENTISTAS
בראשית
Bereshit Jacques Doukhan
2T
AUTOR Jacques Doukhan
בראשית
Bereshit
EDITOR Cliford Goldstein
CONTEXTUALIZAÇÃO
EDITOR Roberto Rheinlander Rebello
PROJETO GRÁFICO ORIGINAL
Henrique Felix Jacques Doukhan
CONTEXTUALIZAÇÃO Carlos Muniz,
Paulo Ferreira, Claudia Masiero,
Roberto Rheinlander, Júlio Flores,
Roger Rheinlander,
REVISORES Lucas Fridman, Carlos
Muniz, Roger Rheinlander, Tamar
Guimarães Índice
CONSELHEIROS Dr. Richard Amram
Elofer, Dr. Reinaldo Siqueira, Cristiano Silva.
Sobre o Autor 04
Introdução 05
1 A criação 06
2 A queda 14
3 Cáin e seu legado 22
4 O dilúvio 30
5 Todas as nações e Bavel 38
6 As raízes de Avraham 46
CONFERÊNCIA GERAL
Reinaldo Siqueira
7 A aliança (B'rit) com Avraham 54
8 A promessa 62
9 Iaacóv, o enganador 70
BELO HORIZONTE, MG
Rua Aveiro 367 - S. Francisco
10 Iaacóv - Israel 78
Marcelo Matos Gomes 11 Iossêf, senhor dos sonhos 86
CAMPINAS, SP 12 Iossêf, príncipe do Egito 94
Rua Joaquim Teodoro Teixeira de Souza, 227
Edinelson Sudre Storch
13 Israel no Egito 102
Estudos Diários 110
CURITIBA, PR
CCA Rua Lysimaco Ferreira da Costa, 980 Glossário e Abreviações 114
Miguel Santos
Calendário 126
FLORIANÓPOLIS, SC Bençãos Diversas 128
Rua José Boiteux, 53 - Centro
Filipe Canarin
MANAUS, AM
Rua M/N, 5 - Morada do Sol
David Riarte
Jacques B. Doukhan
J acques Doukhan nasceu na Argélia em uma família judia tra-
dicional. Desde cedo estudou hebraico e estudos judaicos da
Bíblia e Talmud.
Concluiu faculdade de Filosofia e Teologia; mestrado em
Egiptologia pela Universidade de Montpellier; Doutorado em
Hebraico pela Universidade de Estrasburgo; Doutorado em Teo-
logia pela Universidade Andrews; Pós-doutorado pela Universi-
dade Hebraica de Jerusalém.
Autor de vários livros, entre eles: The Mystery of Israel,
Drinking at the sources e Secrets of Daniel.
É professor emérito de Hebraico e exegese do Tanah na Universidade Andrews, Michi-
gan, EUA.
4 Bereshit|בראשית
Introdução
O livro do começo
Moshê (Moisés) escreveu Bereshit (Gênesis), que fala sobre nosso Criador, Mantenedor
e Redentor. Séculos depois, Yochanan revelou o Mashiach no relato da criação (Jo 1:1-4)
"No princípio" todas as coisas foram feitas, tudo que não existia passou a existir, desde
galáxias em forma de cata-ventos de fogo e luz até o meticuloso DNA trançado miraculo-
samente na célula em ondas quânticas. O Senhor criou e sustém tudo. O livro Bereshit é
a primeira história das Escrituras que fala da criação e da redenção e apresenta o único
relato "oficial" das origens.
Bereshit ()בראשית, no princípio, a qual inicia as palavras do livro (sendo, portanto, a
primeira expressão da Torá), deu origem a palavra grega genesis (γένεσις), começo, que,
por sua vez, deu origem a palavra Gênesis em português. Bereshit nos dá o fundamento
sobre o qual estão as Escrituras. Por ser o primeiro livro, e tão fundamental para o que vem
depois, provavelmente seja a obra mais citada de toda a Palavra de D'us.
Nesta época em que somos considerados criação do acaso em um universo materialis-
ta, Bereshit mostra que fomos criados à imagem de D'us (Tselem Elohim), de forma propo-
sital e perfeita. Além disso, explica a queda, ou seja, por que o mundo é imperfeito. Porém,
o livro nos consola com a promessa da redenção. Neste trimestre, além de ler e estudar
Bereshit, desfrutaremos de suas lindas histórias e aprenderemos a caminhar com o D'us
da criação, o D'us de Avraham (Abrahão), Its’hac (Isaac) e Iaacóv (Jacob).
Os movimentos do livro, do Gan Eden a Bavel, à terra prometida, ao Egito, à perspec-
tiva do retorno à terra prometida, nos lembram da nossa jornada nômade e alimentam a
esperança da verdadeira terra prometida, no mundo vindouro. Com os personagens de
Bereshit descobriremos que, independentemente das diferenças da época, do lugar, da
cultura e das circunstâncias, as histórias deles são, em muitos aspectos, as nossas também.
A criação
VERSO PARA MEMORIZAR
"Bereshit bará Elohim hashamayim veet haaretz - No princípio, D'us criou os céus e a
Terra." (Gn 1:1)
LEITURAS DA SEMANA
SI 100:1-3; Gn 1-2; Êx 20:8-11; 40:33; Mt 25:14-30; 19:7-9
Introdução
B ereshit (Gênesis) e, portanto, toda a Bíblia começa com os atos divinos da criação.
Esse fato é muito importante, pois significa que nossa criação marca o início da
história humana e bíblica. Isso também indica que o relato da criação contido em
Bereshit tem a mesma veracidade histórica de outros eventos da história humana e
bíblica.
Os dois textos sobre a criação (Gn 1 e 2) contêm lições sobre D'us e a humanidade.
Nesta semana, entenderemos melhor o profundo significado do Shabat e refletire-
mos sobre o ato divino de criar o ser humano à Sua imagem a partir do pó da terra.
Ficaremos fascinados com o propósito da árvore do conhecimento do bem e do mal e
entenderemos sua conexão com a árvore da vida (Ets Háim).
A lição mais importante das histórias bíblicas sobre as origens é acerca da graça
(chessed). Nossa existência é puramente um ato da graça. D'us criou os céus e a Terra
enquanto os seres humanos ainda não existiam. Assim como nossa criação, nossa
redenção também é um presente divino. E o fato de ambos os conceitos, criação e
redenção, coexistirem na mitsvá do Shabat é algo muito profundo.
LEITURAS DA SEMANA
6 Bereshit|בראשית
27 de março | יום ראשוןYom Rishon 24 Adar II Domingo
O D'us da criação
1. Qual é a reação humana ao Deus da criação? Por quê? SI 100:1-3
"E lohim (D'us)" está na primeira frase do relato da criação (Gn 1). Na tradução, le-
mos: "No princípio, D'us" (Gn 1:1). Na primeira linha, a palavra "Elohim" está no
meio do verso, e no canto litúrgico tradicional é pronunciada com maior entonação para
enfatizar Sua importância. Sendo assim, o texto da criação começa dando ênfase a D'us,
seu Autor.
O livro de Bereshit inicia com duas apresentações diferentes de D'us. O primeiro
relato da criação (Gn 1:1-2:4) O apresenta como infinitamente distante do ser humano,
o D'us transcendente, Elohim, cujo nome traduz a supremacia divina. O nome Elohim
denota preeminência e força, e o uso da forma plural expressa a ideia de majestade e
transcendência.
O segundo relato da criação (Gn 2:4-25) apresenta D'us como próximo e pessoal, o
D'us imanente ()יהוה, cujo nome para muitos indica proximidade e relacionamento. Por-
tanto, o texto da criação como um todo é um apelo implícito para adorarmos a D'us, es-
tarmos cientes de Sua grandeza e de Seu poder infinitos em primeiro lugar e, ao mesmo
tempo, reconhecermos nossa dependência Dele, pois Ele nos criou, "e não nós" (Sl 100:3).
Por isso, com frequência, muitos salmos associam a adoração com a criação (Sl 95:1-6;
139:13, 14 [compare com Ap 14:7]).
Esse conceito duplo de um D'us que é majestoso, poderoso e que ao mesmo tempo é
próximo, amoroso e Se relaciona conosco, contém um ponto importante sobre como de-
vemos nos aproximar do Criador na adoração. Temor e reverência devem acompanhar
a alegria e a certeza da familiaridade com D'us, bem como do perdão e do amor divinos
(ver Sl 2:11). A sequência das duas apresentações sobre D'us contém uma mensagem: a
experiência da proximidade divina e da intimidade de Sua presença segue a experiência
de Seu distanciamento. Somente quando percebemos que Ele é grande, somos capazes de
apreciar Sua graça e desfrutar, com reverência, de Sua presença maravilhosa e amorosa
em nossa vida.
Pense no vasto poder de D'us, que sustenta o cosmos e ainda pode estar tão perto
de cada um de nós. Por que essa verdade maravilhosa é tão incrível?
A criação
2. Qual é o significado da expressão "era bom"? Qual é a lição implícita na conclusão
da criação (Gn 2:1-3)? (Leia Gn 1:4, 10, 12, 18, 21, 25, 31; 2:1-3).
E m cada etapa do relato da criação, D'us avaliou Seu trabalho como ( טובtov), bom. Em
geral, por meio desse adjetivo entende-se que a obra divina da criação foi bem-suce-
dida e que a observação de que "era bom" indica que deu certo. A luz iluminava (Gn 1:4),
as plantas davam frutos (Gn 1:12) e assim por diante.
Contudo, essa palavra indica mais do que eficiência. A palavra ( טובtov) também é
usada na Bíblia para expressar uma apreciação estética de algo belo (Gn 24:16). Também
é usada em contraste com ( ָר עrá), o mal (Gn 2:9), que está associado à morte (Gn 2:17).
A frase "era muito bom (tov meod)" significa que a criação funcionava bem, era linda
e perfeita. O mundo "ainda não" era como o nosso mundo, afetado pelo pecado e pela
morte, como vemos na introdução ao segundo relato da criação (Gn 2:5).
Essa descrição da criação contradiz radicalmente as teorias da evolução, que decla-
ram de forma dogmática que o mundo se formou progressivamente por acontecimentos
acidentais, partindo de uma condição inferior para uma superior.
Em contraste, o autor afirma que D'us intencional e repentinamente criou o mundo
(Gn 1:1). Não houve casualidade nem incerteza. O mundo não surgiu por si mesmo, mas
apenas como resultado da vontade e da palavra divinas (Gn 1:3). Em Bereshit está escri-
to: "No princípio, D'us criou os céus e a Terra" (Gn 1). O verbo ( בראbará) foi traduzido
como "criou" e ocorre apenas com D'us como sujeito, denotando algo repentino: D'us fa-
lou e aconteceu.
O texto da criação nos informa que "tudo" já havia sido feito e, segundo o próprio
Criador, tudo que foi criado era "muito bom (tov meod)" (Gn 1:31). O primeiro verso (pas-
suk) declara o evento, a criação do céu e da Terra (Gn 1:1); e o capítulo 2 declara que o
evento foi encerrado (Gn 2:1). Toda a obra, incluindo o Shabat, foi concluída em sete dias.
8 Bereshit|בראשית
29 de março | יום שלישיYom Shlishi 26 Adar II Terça
O Shabat
3 . Por que o Shabat está relacionado à criação? Como isso afeta nosso modo de ob-
servar esse dia? (Gn 2:2, 3 e Êx 20:8-11).
F oi precisamente por ter concluído a criação que D'us instituiu o Shabat, que é, portan-
to, a expressão de nossa confiança, pois cremos que o Criador concluiu Seu trabalho
e considerou tudo tov meod (muito bom). Observar esse dia é unir-se ao Criador no reco-
nhecimento do valor e da beleza de Sua criação.
Podemos cessar nossos trabalhos, assim como D'us cessou os Dele. A guarda do Sha-
bat significa concordar com o tov meod (muito bom), o que inclui nosso corpo físico. Ao
contrário de algumas crenças, nada nas Escrituras, sugere que o corpo seja mau. Esse é
um conceito pagão, não bíblico. Os observadores do Shabat são gratos pela criação, que
inclui seu próprio corpo. Por isso, desfrutam da criação e cuidam dela.
O Shabat, que marca o primeiro "fim" da história humana, é também um sinal de
esperança para a humanidade sofredora e para os lamentos do mundo. É interessante
que a ideia de obra acabada reaparece no fim da construção do santuário (Êx 40:33) e no
fim da construção do templo de Shelomo (Salomão) (lRs 7:40, 51) - ambos os lugares em
que a lição das boas novas e da redenção foi ensinada.
Após a queda do homem, o Shabat apontou para o milagre da redenção, que acon-
tecerá somente por meio do milagre de uma nova criação (Is 65:17; Ap 21:1). Esse dia é
um sinal no fim da semana humana de que o sofrimento e as provações deste mundo
também terão fim.
Por causa da esperança simbolizada no Shabat, Yeshua escolheu esse dia como o
mais apropriado para refuá shlemá (cura completa) dos enfermos (Lc 13:13-16). Ao con-
trário de algumas tradições às quais os líderes zelavam, por meio das curas aos Shabatot,
Yeshua indicava o tempo em que toda dor, sofrimento e morte acabariam, que é a con-
clusão do processo da redenção. Portanto, cada Shabat nos aponta para a esperança da
redenção no mundo vindouro.
A criação da humanidade
O s seres humanos são o clímax da criação, o propósito para o qual a Terra foi feita.
Somente o ser humano foi criado à ( צלם אלהיםtsélem Elohim), imagem divina, (Gn 1:25,
27). Com frequência, essa fórmula tem sido limitada à natureza espiritual dos humanos, ou
seja, à ideia de que a "imagem de D'us" significa apenas a função administrativa de represen-
tá-Lo, ou a função espiritual de relacionamento com Ele ou com os outros.
Embora essas interpretações sejam corretas, não abrangem a importante realidade física
da criação. Ambas as dimensões estão, de fato, incluídas nas duas palavras, "imagem" e "seme-
lhança", que descrevem esse processo em Bereshit (Gn 1:26). Enquanto a palavra hebraica צלם
(tselem), imagem, se refere à forma concreta do corpo físico, a palavra מותֵ ( דdemut), seme-
lhança, se refere às qualidades abstratas que são comparáveis à Pessoa divina.
A noção hebraica da "imagem de D'us" deve ser entendida no sentido integral da visão bí-
blica da natureza humana. O texto afirma que homens e mulheres foram criados à imagem de
D'us física e espiritualmente. A escritora Ellen G. White escreveu: "Quando Adam saiu das
mãos do Criador, trazia em sua natureza física, intelectual e espiritual, a semelhança de seu
Criador" (1).
Essa compreensão integral da imagem de D'us, incluindo o corpo físico, é reafirmada no
outro relato da criação, o qual diz que "o homem se tornou um ser vivente" (Gn 2:7), literalmen-
te, ( נפש חיהnefesh hayá), uma alma vivente, como resultado de duas operações divinas: D'us
"formou" e D'us "soprou".
Observe que o "fôlego" muitas vezes se refere à dimensão espiritual, mas também está li-
gado estreitamente à capacidade biológica de respirar, a parte do homem formada "do pó da
terra". É o "fôlego de vida", isto é fôlego (espiritual) e vida (física).
D'us fez mais tarde uma terceira operação, dessa vez para criar a mulher a partir do corpo
do homem (Gn 2:21, 22), uma forma de enfatizar que ela é da mesma natureza do homem.
10 Bereshit|בראשית
31 de março | יום חמישיYom Hamishi 28 Adar II Quinta
O dever da humanidade
A ssim que D'us criou o primeiro homem, ofereceu-lhe três presentes: o Jardim do
Éden (Gan Eden) (Gn 2:8), o alimento (Gn 2:16) e a mulher (Gn 2:22).
5. Qual é o dever do homem para com a criação e para com D'us? Como esses deveres
se relacionam? (Gn 2:15-17).
O primeiro dever do homem diz respeito ao ambiente natural em que D'us o colocou:
cultivar e guardar (Gn 2:15). O verbo ( עבדavad), cultivar, refere-se a trabalhar. Não bas-
ta receber um dom, deve-se trabalhar nele e torná-lo frutífero, lição que Yeshua repetiu
na parábola dos talentos (Mt 25:14-30). O verbo מרֽ ָ ( שshamar), guardar, implica a res-
ponsabilidade de preservar o que se recebeu.
O segundo dever diz respeito ao alimento. D'us o deu aos seres humanos (Gn 1:29) e
disse: "você pode comer livremente" (Gn 2:16). Os seres humanos não criaram as árvores,
nem seus frutos. Esses são dádivas, presentes da graça.
Mas há uma mitsvá aqui também: eles deveriam receber a oferta divina e desfrutar"
de toda árvore", porém D'us adicionou uma restrição: não deveriam comer de uma árvo-
re em particular. Desfrutar sem qualquer restrição levaria à morte. Esse princípio estava
correto no contexto do Gan Eden e, em muitos aspectos, esse mesmo princípio existe no
presente.
O terceiro dever do homem diz respeito à mulher, o terceiro dom de D'us: "o homem
deixa pai e mãe e se une à sua mulher" (Gn 2:24). Essa declaração extraordinária destaca
a responsabilidade humana para com a aliança conjugal e o propósito de ser "uma só
carne", ou seja, uma só pessoa (compare com Mt 19:7-9).
A razão pela qual é o homem (e não a mulher) que deve deixar seus pais pode ter a
ver com o uso genérico do masculino na Bíblia; portanto, talvez a mitsvá se aplique tam-
bém à mulher. Seja como for, embora o vínculo do matrimônio seja um presente de D'us,
uma vez que tenha sido recebido, envolve a responsabilidade que deve ser cumprida
fielmente pelo homem e pela mulher.
Pense em tudo o que você recebeu de D'us. Quais são suas responsabilidades para
com esses dons?
Estudo adicional
LEITURA COMPLEMENTAR
Ellen G. White, Educação, p. 89, 90 [128, 129]
Ídem, História da Redenção, p. 15, 16 [21, 22] .
REFERÊNCIAS
(1)
Ellen G. White, Educação, p. 8 [15] (contextualizado)
(2)
Ibidem, p. 89, 90 [128, 129] (contextualizado)
12 Bereshit|בראשית
Shabat
HACHODESH NISSAN
A queda
VERSO PARA MEMORIZAR
"E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência;
ela te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar." (Gn 3:15)
LEITURAS DA SEMANA
Gn 3; 2Co 11:3; Ap 12:7-9; Jo 8:44; Rm 16:20; Hb 2:14; 1Tm 2:14, 15
Introdução
E m meio a tudo o que D'us deu aos nossos primeiros pais no Gan Eden, veio tam-
bém um aviso: "De toda árvore do jardim podes comer. Mas da árvore do conhe-
cimento do bem e do mal não comerás, pois no dia em que dela comeres morrerás!"
(Gn 2:16, 17). Esse aviso contra comer da árvore do conhecimento do bem e do mal
mostra que, embora Adam e Havá devessem conhecer o bem, não deviam conhecer
o mal. Certamente, podemos entender o porquê, não é mesmo?
A ameaça de morte associada à advertência sobre a desobediência (Gn 2:17) se
cumpriria: eles morreriam (Gn 3:19). Além de serem proibidos de comer da árvore,
também foram expulsos do Gan Eden (Gn 3:24) e, portanto, não tinham mais acesso
ao que poderia ter-lhes dado a vida eterna como pecadores (Gn 3:22).
No entanto, em meio a essa tragédia, veio a esperança apresentada em Bereshit
(Gn 3:15), chamada de "primeira esperança", ou "a primeira promessa de boas no-
vas" encontrada na Bíblia, a primeira vez que os humanos ouviram que, apesar da
queda, D'us criou uma saída para todos nós.
LEITURAS DA SEMANA
14 Bereshit|בראשית
3 de abril | יום ראשוןYom Rishon 2 de Nissan Domingo
A serpente
1. Quem era a serpente e como esta enganou Havá (Eva)? (Gn 3:1; 2 Co 11:3; Ap 12:7-
9).
O texto começa com "a serpente". A sintaxe da frase sugere ênfase: Além disso, "a ser-
pente" tem o artigo definido, indicando que se trata de uma figura bem conhecida,
como se o leitor já devesse saber quem é. Assim, a existência desse ser é afirmada desde
a primeira palavra do capítulo. As Escrituras identificam a serpente como o inimigo de
D'us (Is 27:1) e explicitamente a chamam de "Malshin (o acusador) e Satan (o Adversá-
rio)" (Ap 12:9). Da mesma forma, no antigo Oriente Próximo, a serpente personificava o
poder do mal.
"Para realizar sua obra sem que fosse percebido, Satan preferiu fazer uso da serpen-
te como médium, um disfarce bem adequado ao seu propósito de enganar. Naquele tem-
po, a serpente era uma das criaturas mais astutas e belas da Terra. Tinha asas e, enquan-
to voava, apresentava um esplendor deslumbrante, tendo a cor e o brilho de ouro polido"
(1)
.
Ao falar sobre o adversário, em qualquer forma que apareça, a Bíblia não traz uma
simples metáfora. Satan é descrito como um ser literal e não apenas um símbolo retórico
ou um princípio abstrato para representar o mal ou o lado tenebroso da humanidade.
A serpente não se apresentou como inimiga de D'us, ao contrário, se referiu às pala-
vras de D'us, as quais ela repetiu e parecia apoiar. Ou seja, desde o início, podemos ver
que Satan gosta de citar D'us e, como se verá mais tarde, até cita as próprias Escrituras
(Mt 4:6).
Observe também que a serpente não discutiu imediatamente com a mulher, mas fez
uma pergunta indicando que acreditava no que o Eterno disse. Afinal, perguntou: "É
verdade que D'us disse [...]" (Gn 3:1)? Assim, desde o início, podemos ver o quanto esse
ser era astuto e enganador.
Se Satan foi capaz de enganar uma pessoa no Gan Eden, quanto mais vulneráveis
somos nós? Qual é a nossa melhor defesa contra seus enganos?
O fruto proibido
2. Compare as palavras da ordem divina a Adam com as palavras da serpente à mu-
lher. Quais são as 2 diferenças entre as falas e qual é o significado dessas diferenças?
(Gn 2:16, 17 e 3:1-6 (ver também Jo 8:44).
O bserve os paralelos entre a conversa de D'us com Adam (Gn 2:16, 17) e a conversa de
Havá com a serpente. E como se a serpente tivesse substituído D'us e soubesse ainda
mais do que Ele. A princípio, ela apenas fez uma pergunta, dando a entender que a mu-
lher talvez tivesse entendido mal a ordem divina; porém, em seguida, Satan questionou
abertamente as intenções de D'us e até O contradisse.
O ataque de Satan envolvia duas questões: a morte e o conhecimento do bem e do
mal. Enquanto D'us afirmou de maneira clara e enfática que a morte deles seria certa
(Gn 2:17), Satan disse que, ao contrário, não morreriam, sugerindo que os humanos eram
imortais (Gn 3:4). Enquanto D'us proibiu Adam e Havá de comer do fruto, Satan os enco-
rajou a fazê-lo, pois, comendo-o, seriam como D'us (Gn 3:5).
Os dois argumentos de Satan, imortalidade e semelhança com D'us, convenceram
Havá a comer o fruto. É preocupante o fato de que tão logo a mulher decidiu desobedecer
a D'us e comer o fruto proibido, ela se comportou como se D'us não estivesse mais pre-
sente e tivesse sido substituído por ela mesma. O texto bíblico alude a essa mudança de
personalidade. Na avaliação de Havá sobre o fruto proibido, a Bíblia usou a linguagem
de D'us: "vendo a mulher que aquela árvore era boa (tov) para se comer" (Gn 3:6). Isso
lembra a avaliação de D'us sobre Sua criação: "e viu [...] que era boa (tov)" (Gn 1:4).
Essas duas tentações, a de ser imortal e a de ser como D'us, estão na raiz da ideia de
imortalidade das antigas religiões egípcia e grega. O desejo de imortalidade, que acredi-
tavam ser um atributo divino, obrigava essas pessoas a buscar a condição divina a fim de
adquirir a imortalidade. Sorrateiramente, essa forma de pensar se infiltrou nas culturas
judaico-cristãs e deu origem à crença na imortalidade da alma e reencarnação, que ain-
da subsiste em muitas sinagogas e igrejas.
Algumas crenças ensinam que há algo inerentemente imortal em nós. Nossa com-
preensão do estado dos mortos nos protege contra esse engano?
16 Bereshit|בראשית
5 de abril | יום שלישיYom Shlishi 4 Nissan Terça
Escondendo-se de D'us
3. Por que Adam (Adão) e Havá (Eva) sentiram a necessidade de se esconder de D'us?
Por que D'us perguntou "Onde você está?" Como eles procuraram justificar seu com-
portamento? (Gn 3:7-13).
D epois de pecar, Adam e Havá se sentiram nus, pois tinham perdido suas vestes
de glória, que refletiam a presença de D'us (ver Sl 8:5, compare com Sl 104:1, 2).
A imagem divina foi afetada pelo pecado. O verbo "fazer (")יעש, na frase "fizeram
(ּש ו
ׂ )ַי ֲעcintas para si" (Gn 3:7), era até então aplicado apenas a D'us, o Criador ( ש ַ )י
ׂ ַע
(Gn 1:7, 16, 25, etc.). É como se eles substituíssem o Eterno ao tentar encobrir seus
pecados, um ato que Shaul denuncia como justiça pelas ações (Gl 2:16).
Ao Se aproximar, D'us perguntou: "Onde você está?" (Gn 3:9), o mesmo tipo de
pergunta que fez a Cain (Caim) (Gn 4:9). Claro, D'us sabia as respostas. Suas per-
guntas foram feitas em benefício dos culpados, para ajudá-los a perceber o que
haviam feito e, ao mesmo tempo, levá-los ao arrependimento e à salvação. A partir
do momento em que os humanos pecaram, o Eterno esteve trabalhando para sua
salvação e redenção.
Todo o cenário reflete a ideia do juízo de D'us, que começa com o Juiz, que in-
terroga o culpado (Gn 3:9) a fim de prepará-lo para a sentença (Gn 3:14-19). Mas Ele
também faz isso para levar ao arrependimento, que conduzirá à redenção (Gn 3:15).
No início, Adam e Havá tentaram fugir da acusação, procurando culpar um ao
outro, atitude comum entre pecadores. À pergunta de D'us, Adam respondeu que foi
a mulher que o Eterno lhe tinha dado (Gn 3:12) que o havia levado a fazer isso. Foi
culpa dela (e, implicitamente, de D'us também), não dele.
Havá respondeu que foi a serpente que a enganou. O verbo hebraico ( נחשnashá),
"enganar" (Gn 3:13), significa dar às pessoas falsas esperanças, levando-as a acredi-
tar que estão fazendo a coisa certa (2Rs 19:10; Is 37:10; Jr 49:16).
Adam culpou a mulher, dizendo que ela lhe deu o fruto, e Havá culpou a serpen-
te, dizendo que ela a enganou. Porém, os dois eram culpados.
Por que é tão fácil cair na mesma armadilha, de tentar culpar outra pessoa pelo
próprio erro? Será que temos coragem de permitir que a graça do Eterno nos leve à
confissão do erro?
O destino da serpente
4. "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descen-
dência; ela te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar." (Gn 3:15). O que significam
as palavras do Eterno à serpente, e que esperança está implícita nesse verso?
D 'us começou Seu julgamento com a serpente, pois foi ela que deu início a todo o drama
na Terra. A serpente foi o único ser amaldiçoado nessa narrativa.
Há uma espécie de "reversão" da criação. Enquanto a criação levou à vida, à apre-
ciação do bem e das bênçãos, o juízo levou à morte, ao mal e às maldições, mas também
à esperança e à promessa de salvação. Junto ao quadro sombrio da serpente subjugada
comendo pó (Gn 3:14) resplandeceu a esperança da salvação da humanidade, que aparece
em forma de profecia. Mesmo antes das condenações de Adam e Havá, o Eterno lhes deu
esperança da redenção (Gn 3:15). Sim, eles pecaram e sofreriam e morreriam por causa
disso. Contudo, existe esperança de salvação.
5. Como o plano da redenção, bem como o conflito cósmico, é revelado nas Escritu-
ras? (Compare Gn 3:15 com Rm 16:20, Hb 2:14 e Ap 12:17)
Observe os paralelos entre Bereshit e o livro Revelação (Gn 3:15 e Ap 12:17): o dragão
(serpente), enfurecido (inimizade); a descendência (semente); a mulher no Gan Eden, a
mulher em Revelação (Ap 12:17). A batalha (o conflito cósmico) que se moveu para o Gan
Eden, com a queda, continuará até o fim dos dias. No entanto, a promessa da derrota de
Satan já foi feita no Gan Eden: sua cabeça seria esmagada, tema mais explicitamente reve-
lado nas Escrituras (Revelação), que descreve sua derrota final (Ap 20:10). Ou seja, desde o
início, a humanidade recebeu a esperança de que haveria uma saída para a terrível confu-
são advinda do conhecimento do mal, esperança de que todos nós podemos compartilhar.
Por que é tão reconfortante observar que, no próprio Gan Eden, onde o pecado e o
mal tiveram início na Terra, o Eterno começou a revelar o plano da redenção?
18 Bereshit|בראשית
7 de abril | יום חמישיYom Hamishi 6 Nissan Quinta
Destino humano
6. Como resultado da queda, o que aconteceu com Adam e Havá? (Gn 3:15-24).
E mbora o juízo divino sobre a serpente seja explicitamente identificado como maldição
(Gn 3:14), não acontece o mesmo quanto ao juízo divino sobre a mulher e o homem.
A única vez que a palavra "maldita" é usada novamente se aplica apenas à "terra", o solo
(Gn 3:17). Ou seja, D'us tinha outros planos para o homem e a mulher. Eles receberam uma
esperança que não foi oferecida à serpente.
Ainda que vivessem verdadeiramente no paraíso e não tivessem absolutamente ne-
nhuma razão para duvidar do Criador, de Suas palavras ou de Seu amor por eles, nossos
primeiros pais desobedeceram a D'us de modo aberto e flagrante. Entretanto, como qual-
quer pai amoroso, o Eterno queria apenas o bem para eles, não o mal. Porém, visto que
conheciam o mal, D'us faria tudo o que pudesse para salvá-los dele. Assim, mesmo em meio
a esses juízos, a esperança não se perdeu para eles.
Visto que o pecado da mulher ocorreu devido à sua associação com a serpente, o verso
que descreve o juízo divino sobre a mulher está relacionado ao juízo da serpente. Não
apenas no verso (passuk) 16 do capítulo 3 de Bereshit segue imediatamente ao 15, mas os
paralelos entre as duas profecias indicam de forma clara que a profecia sobre a mulher
deve ser lida em conexão com a profecia messiânica do verso anterior (Gn 3:16 e 3:15).
O juízo divino sobre a mulher, incluindo a gravidez, deve, portanto, ser entendido sob a
perspectiva positiva da redenção (compare com 1Tm 2:14, 15).
O pecado do homem aconteceu porque ele ouviu a mulher em lugar de D'us. Por isso,
foi amaldiçoado o solo de onde o homem havia sido tirado (Gn 3:17). Como resultado, ele
teria que trabalhar arduamente (Gn 3:17-19), e então voltaria à terra (Gn 3:19), algo que
nunca deveria acontecer e que nunca fez parte do plano original divino.
É significativo que, contra essa perspectiva desesperadora da morte, Adam tenha se
voltado para a mulher, em quem viu esperança de vida por meio do parto (Gn 3:20), mes-
mo em meio à sentença de morte.
Estudo adicional
C onsidere a conexão entre "a árvore da vida (ets háim)" e "a árvore do conhecimento do
bem e do mal (ets hadaat tov ve rá)". Ambas estão "no meio do jardim" (Gn 2:9), porém há
mais entre as duas árvores do que uma relação geográfica. O ser humano tirou o fruto do
conhecimento do bem e do mal e desobedeceu a D'us. Assim, perdeu o acesso à árvore da
vida, e não poderia viver para sempre, pelo menos no estado de pecado. Essa conexão é a
base de um princípio profundo. As escolhas morais e espirituais têm impacto na vida bioló-
gica, como vemos na instrução de Shelomo a seu filho (Pv 3:1, 2). Essa conexão reaparece no
mundo vindouro, onde apenas a árvore da vida estará (Ap 22:2).
"Ao criar Havá, D'us pretendia que ela não fosse nem inferior nem superior ao homem,
mas em todas as coisas lhe fosse igual. O casal não devia ter nenhum interesse independente
um do outro e, no entanto, cada um possuía individualidade de pensamento e de ação. De-
pois do pecado de Havá, porém, tendo ela sido a primeira na transgressão, o Eterno lhe disse
que Adam teria domínio sobre ela. Devia ser sujeita a seu marido, o que constituía parte da
maldição. Em muitos casos, essa maldição tem tornado o destino da mulher extremamente
doloroso, fazendo de sua vida um fardo. O homem tem abusado em muitos aspectos da su-
perioridade que D'us lhe deu, exercendo poder arbitrário. A sabedoria infinita idealizou o
plano da redenção, pelo qual a humanidade tem segundo tempo de graça mediante outra
prova" (2).
REFERÊNCIAS
(1)
Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 29 [53] (contextualizado)
(2)
Ídem, Testemunhos, V. 3, p. 402 [484] (contextualizado)
20 Bereshit|בראשית
Shabat
SHABAT HAGADOL
LEITURAS DA SEMANA
Gn 4; Hb 11:4; Mq 6:7; Is 1:11; 1Co 10:13; 1Jo 3:12; Gn 5; 6:1-5
Introdução
LEITURAS DA SEMANA
22 Bereshit|בראשית
10 de abril | יום ראשוןYom Rishon 9 Nissan Domingo
Cáin e Hével
1. O que aprendemos sobre o nascimento de Cáin (Caim) e Hével (Abel)? Gn 4:1, 2.
Que coisas na vida são verdadeiramente Hével ("vaidade”), mas que tratamos como
se fossem mais valiosas do que de fato são? Por que devemos saber a diferença en-
tre o que é importante e o que não é?
As duas oferendas
O contraste entre Cáin e Hével, conforme refletido em seus nomes, não dizia
respeito apenas às suas personalidades; também se manifestava em suas res-
pectivas ocupações. Enquanto Cáin era "agricultor", profissão que exigia trabalho
físico árduo, Hével era "pastor de ovelhas" (Gn 4:2), o que implicava sensibilidade
e compaixão.
Essas duas ocupações não apenas explicam a natureza das duas oferendas (ali-
mentos de Cáin e uma ovelha de Hével), mas também falam das duas atitudes psico-
lógicas e mentalidades diferentes associadas a elas: Cáin trabalhava para "adquirir"
o fruto que produzia, enquanto Hével tinha o cuidado de "guardar" as ovelhas que
recebia.
2. Por que D'us aceitou a oferta de Hével e rejeitou a de Cáin? Como devemos enten-
der o que aconteceu ali? (Gn 4:1-5 e Hb 11:4).
Embora essas oferendas devessem ter um significado espiritual, não tinham valor
mágico em si mesmas. Sempre foram meros símbolos, imagens que apontavam para
o D'us que provê ao pecador não apenas o sustento, mas também a redenção (Mq
6:7; Is 1:11). Como aplicar o princípio contido nesses textos em nossa vida e adora-
ção?
24 Bereshit|בראשית
12 de abril | יום שלישיYom Shlishi 11 Nissan Terça
O crime
3. O que levou Cáin a matar seu irmão? (Gn 4:3-8. Veja também 1 Jo 3:12).
A reação de Cáin foi dupla: "Cáin irou-se muito e descaiu-lhe o semblante" (Gn
4:5). Ao que parece, a raiva de Cáin foi dirigida a D'us e a Hével. Ele sentiu rai-
va de D'us porque pensava que estava sendo vítima de injustiça, e raiva de Hével
porque tinha ciúmes de seu irmão. Ciúmes de quê? Devido à oferta? É evidente que
algo mais aconteceu nos bastidores e que não é revelado nesses poucos textos. Cáin
entristeceu-se, pois sua oferta não havia sido aceita.
As duas perguntas de D'us a Cáin estão relacionadas às condições dele (Gn 4:6).
Observe que o Eterno não o acusou. Da mesma forma que fez com Adam, D'us fez
perguntas, não porque não soubesse as respostas, mas porque desejava que Cáin
olhasse para si mesmo e entendesse a razão de sua própria condição. Como sempre,
o Eterno procura redimir Seu povo, mesmo quando este O abandona abertamente.
Então, depois de perguntar, D'us aconselhou Cáin.
Primeiro, o exortou a "fazer o bem". Foi um chamado ao arrependimento e à
mudança de atitude. D'us prometeu a Cáin que ele seria "aceito" e perdoado; mas
isso deveria acontecer nos termos Dele, não nos de Cáin. Por outro lado, "se puderes
suportar isto bem, ser-te-á perdoado, mas, se não, na porta jaz o pecado, e fazer-te
pecar é o seu desejo, mas tu podes dominá-lo." (Gn 4:7). O conselho divino revelou a
raiz do pecado e esta se encontrava no próprio Cáin. Novamente, D'us o aconselhou,
procurando guiá-lo no caminho que devia seguir.
O segundo conselho divino diz respeito à atitude que se deveria tomar em re-
lação àquele pecado, que estava à porta e cujo desejo era contra Cáin. D'us reco-
mendou autocontrole: "é necessário que você o domine". O mesmo princípio ecoa
no livro de Yaacov (Tiago): "cada pessoa é tentada ao ser arrastada e atraída pelo
engano do seu desejo. 15 Então, tendo sido concebido, o desejo" (Tg 1:14). As Escri-
turas oferecem não só o perdão, mas também a vitória sobre o pecado (lCo 10:13).
Cáin não tinha ninguém para culpar por seu pecado, exceto a si mesmo. Em geral,
não é isso também o que acontece a todos nós?
O que essa história triste ensina sobre o livre-arbítrio e sobre o fato de que D'us não
nos força a obedecer?
A punição de Cáin
4. Por que D'us perguntou: "Onde está Hével, o seu irmão?" Qual é a relação entre
o pecado de Cáin e o fato de se tornar "fugitivo e errante pela terra" (Gn 4:12)? (Gn
4:9-16).
A pergunta de D'us a Cáin relembra a pergunta feita pelo Eterno a Adam no Eden: "Onde
você está?" (Gn 3:9).
Cáin, porém, não reconheceu seu pecado. Ao contrário, o negou, algo que Adam não
fez, embora tentasse colocar a culpa em outro. Cáin, por sua vez, desafiou abertamente a
D'us, que não perdeu tempo confrontando-o com seu crime. Quando o Eterno fez a tercei-
ra pergunta "O que foi que você fez?", Ele nem mesmo esperou por uma resposta, apenas
relembrou a Cáin que sabia de tudo, pois a voz do sangue de Hével O alcançava desde a
terra (Gn 4:10), imagem que significava que D'us sabia sobre o assassinato e reagiria. Hé-
vel havia voltado à terra, estava enterrado, uma ligação direta com a queda e com o que o
Eterno disse que aconteceria a Adam (ver Gn 3:19).
O sangue de Hével tinha sido derramado na terra. Por isso, ela foi amaldiçoada no-
vamente (Gn 4:12). Como resultado, Cáin foi condenado a se tornar um refugiado, longe
do Eterno. Somente quando Cáin ouviu a sentença divina, reconheceu o significado da
presença de D'us, pois sem Ele, temeu por sua própria vida. Mesmo após ter assassinado
a sangue frio seu irmão e ter se rebelado, o Eterno mostrou misericórdia para com ele, e
ainda que Cáin tenha se retirado "da presença do Eterno" (Gn 4:16), Ele lhe deu algum tipo
de proteção. Não sabemos o que exatamente era esse "sinal" (Gn 4:15), mas foi dado apenas
por causa da graça de D'us para com ele.
"Da Tua presença serei escondido" (Gn 4:14). É possível se esconder da presença de
D'us? Que situação trágica! Sendo pecadores, qual é a única maneira de evitar essa
situação?
26 Bereshit|בראשית
14 de abril | יום חמישיYom Hamishi 13 Nissan Quinta
Estudo adicional
A frase "Hanóh (Enoque) andou com D'us" (Gn 5:22, 24) significa companheirismo ín-
timo e diário com o Eterno. O relacionamento pessoal de Hanóh com D'us era tão
especial que "D'us o levou" (Gn 5:24). Essa última frase é única na genealogia de Adam e
não apoia a ideia de vida após a morte para aqueles que "andam com D'us". Observe que
Nôah também andou com D'us (Gn 6:9) e morreu como todos os outros, incluindo Adam e
Metusalém. Também é interessante notar que nenhuma razão é dada para justificar essa
graça especial. "Enoque se tornou um pregador da justiça, tornando conhecido ao povo
o que D'us lhe revelara. Aqueles que temiam ao Eterno procuravam esse santo homem,
para compartilharem de sua instrução e de suas orações. Hanóh trabalhava também
publicamente, levando a mensagem de D'us a todos os que desejavam ouvir as palavras
de advertência. Seus labores não se restringiam aos descendentes de Shet. Na terra em
que Cáin procurara fugir da presença divina, o profeta de D'us tornou conhecidas as ma-
ravilhosas cenas que havia observado em visão. Ele declarou: 'Adonai veio com miríades
de santos para executar o juízo contra todos, isto é, condenar todos os ímpios por seus
atos iníquos' (Jd 14, 15)". (3)
REFERÊNCIAS
(1)
Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 20 [31] (contextualizado)
(2)
Ídem, Patriarcas e Profetas, p. 47 [71] (contextualizado)
(3)
Íbidem, p. 60 [86] (contextualizado)
(4)
Elie Wiesel, Messengers of God: Biblical Portraits and Legends, p. 58 ](contextualizado)
28 Bereshit|בראשית
Shabat
O Dilúvio (Mabul)
VERSO PARA MEMORIZAR
"Como foi nos dias de Nôah (Noé), assim também será na vinda do Filho do homem." (Mt
24:37)
LEITURAS DA SEMANA
Gn 6:13-7:10; 2Pe 2:5-9; Gn 7; Rm 6:1-6; SI 106:4; Gn 8; 9:1-17
Introdução
“E o Eterno viu que era grande a maldade do homem na terra e que todo impul-
so dos pensamentos do seu coração era exclusivamente mau todo dia” (Gn
6:5). O verbo "viu" leva o leitor de volta a cada passo da criação original; porém, o
que D'us viu naquele momento, em vez de ( טובtov), bom, era ( רעrá), mau. É como
se o Criador tivesse Se arrependido de ter criado o mundo, o qual estava cheio de rá,
maldade.
Contudo, o arrependimento de D'us também contém elementos de salvação. A
palavra hebraica ( נחםnacham), entristecer-se ou arrepender-se, é ecoada no nome
de Noé (Nôah), que significa "consolo" (Gn 5:29). Assim, a resposta divina a essa
maldade apresenta duas funções. Contém a ameaça da justiça, que leva alguns à
destruição, e ainda apresenta a promessa de consolo e misericórdia, que leva ou-
tros à salvação.
Essa "função dupla" já havia estado presente na situação de Cáin (Caim) e Hével
(Abel)/Shet e por meio do contraste entre as duas linhagens-de Shet (os "filhos de
D'us") e de Caim (os "filhos dos homens"). No caso do dilúvio, apresenta-se nova-
mente quando D'us diferenciou Nôah do restante da humanidade.
LEITURAS DA SEMANA
30 Bereshit|בראשית
17 de abril | יום ראשוןYom Rishon 16 Nissan Domingo
C omo Daniel, Nôah foi um profeta que predisse o fim dos tempos. A palavra he-
braica para "arca" (Gn 6:14) é ( ֵת ַבtevá), a mesma palavra emprestada do egípcio
e usada para o "cesto" em que Moshe foi escondido e preservado para salvar Israel
do Egito (Ex 2:3).
Além disso, alguns observaram na estrutura geral da arca (tevá) paralelos com
a arca (aron) do tabernáculo (Êx 25:10). Assim como a arca do dilúvio permitiu a
sobrevivência da humanidade, a arca da aliança, sinal da presença de D'us no meio
de Israel (Êx 25:22), apontava para a ação divina de salvação em favor de Seu povo.
A frase "conforme tudo o que D'us lhe havia ordenado, assim ele fez" (Gn 6:22)
conclui a seção preparatória. O verbo שׂה ֽ ָ ( ָעassá), fez, referindo-se à ação de Nôah,
responde ao verbo assá, faça, na ordem divina que inicia a seção e é repetido cinco
vezes (Gn 6:14-16). Esse eco entre a ordem divina e a ação de Nôah sugere obediên-
cia absoluta do patriarca ao que D'us lhe tinha dito que fizesse, assá. É interessante
que essa frase foi usada no contexto da construção da arca da aliança (Êx 39:32, 42;
40:16).
"D'us deu a Nôah as dimensões exatas da arca e instruções claras em relação à
sua construção em todos os detalhes. A sabedoria humana não poderia ter concebi-
do uma estrutura de tão grande resistência e durabilidade. D'us foi o Projetista, e
Nôah o construtor-chefe" (1).
Novamente, o paralelo entre as duas "arcas" reafirma sua função redentiva co-
mum. A obediência desse patriarca é, portanto, descrita como parte do plano divino
da redenção. Ele foi salvo porque teve confiança para fazer o que D'us lhe havia
ordenado (ver Hb 11:7). Ele foi um dos primeiros exemplos da confiança que se
manifesta na obediência, o único tipo de fé que importa (Tg 2:20).
Em suma, embora Nôah tivesse encontrado favor (ou graça) “aos olhos do Eter-
no" (Gn 6:8), foi em resposta a essa graça, já concedida a ele, que o profeta agiu fiel
e obedientemente às ordens divinas. Não é assim que todos nós deveríamos agir?
Por que apenas a família de Nôah foi salva? Que lição aprendemos com a histó-
ria de Nôah a respeito de nosso papel em alertar o mundo sobre o juízo? (2 Pe 2:5-9).
PESSACH - 2º DIA
OMER DIA 1
O dilúvio
O verbo שׂה
ֽ ָ ( ָעassá), fazer, que se refere às ações de Nôah, também é uma palavra-cha-
ve no relato da criação em Bereshit (Gn 1:7, 16, 25, 26, 31; 2:2). Os atos de obediência
de Nôah a D'us são como os atos divinos de criação. O que podemos deduzir dessa ligação
é que o dilúvio não tem a ver apenas com o juízo divino sobre a humanidade, mas tam-
bém com a redenção que D'us nos oferece.
2. Por que a descrição do dilúvio lembra o relato da criação? Que lições aprendemos
com os paralelos entre esses dois eventos? (Gn 7).
Uma leitura atenta do texto sobre o dilúvio revela o uso de muitas palavras e expres-
sões comuns à história da criação: "sete" (Gn 7:2, 3, 4, 10; compare com 2:1-3); "macho
e fêmea" (Gn 7:2, 3, 9, 16; compare com Gn 1:27); "Segundo as suas espécies" (Gn 7:14;
compare com Gn 1:11, 12, 21, 24, 25); "animais", "aves", "animal que rasteja" (ver Gn 7:8,
14, 21, 23; compare com 1:24, 25); e "fôlego de vida" (Gn 7:15, 22; compare com 2:7).
Esses ecos dos relatos da criação ajudam a revelar que o D'us que cria é igual ao D'us
que destrói (Dt 32:39), mas também transmitem a mensagem de esperança: o dilúvio foi
projetado para ser uma nova criação, a partir das águas, que leva a uma nova existência.
O movimento das águas mostra que esse evento criativo na verdade reverte o ato
criativo do início de Bereshit (Gn 1). Em contraste com o relato inicial (Gn 1), que descre-
ve a separação das águas acima e das águas debaixo do firmamento (Gn 1:7), o dilúvio
envolve sua reunificação à medida que se rompem além de suas fronteiras (Gn 7:11).
Esse processo carrega uma mensagem paradoxal: D'us teve que destruir o que havia
antes para permitir uma nova criação depois. A criação da nova Terra exigiu a destrui-
ção da antiga. O evento do dilúvio prefigura a salvação futura do mundo no fim dos dias
(acharit hayamim): "Então vi novos céus e nova terra, pois o antigo céu e a antiga terra
tinham passado; e o mar já não estava mais ali." (Ap 21:1); compare com Ieshaiahu "Pois
hei de criar nova terra e novos céus; e coisas do passado não mais serão lembradas nem
ocorrerão à Minha mente." (Is 65:17).
O que em nós precisa ser destruído para então ser recriado? (Veja Rm 6:1-6).
PESSACH - 3º DIA
OMER DIA 2
32 Bereshit|בראשית
19 de abril | יום שלישיYom Shlishi 18 Nissan Terça
O fim do Dilúvio
3. O que significa a expressão D'us "se lembrou de Noé (Nôah)"? (Leia Gn 8:1)
O verbo ָכר
ַ ( זzachar), lembrar, significa que D'us não havia se esquecido; é mais
do que mero exercício mental. No contexto bíblico, o "D'us que se lembra" significa
o cumprimento da promessa divina e, com frequência, refere-se à redenção (ver Gn
19:29). No contexto do dilúvio, a expressão "D'us se lembrou" significa que a chuva
"deteve-se" (Gn 8:2) e que Nôah em breve poderia deixar a arca (Gn 8:16).
Embora não tivesse recebido ordem direta para sair, Nôah tomou a iniciativa e
enviou primeiramente um corvo, e depois uma pomba, para testar a situação. Final-
mente, quando a pomba não voltou, ele entendeu que "secaram as águas de sobre a
terra; e Noé (Nôah) tirou a coberta da arca, e olhou e eis que se haviam secado as
faces da terra." (Gn 8:13).
O comportamento de Nôah é rico em lições práticas. Por um lado, ele nos ensina
a confiar em D'us, embora Ele ainda não houvesse falado diretamente; por outro
lado, a confiança não nega o valor de pensar e testar, e não exclui o dever de buscar
e ver se o que aprendemos é verdade.
No entanto, Nôah só saiu quando D'us lhe disse que saísse (Gn 8:15-19). Mesmo
quando soube que era seguro sair, ele ainda confiou em D'us e esperou Seu sinal
antes de deixar a arca.
"Havendo entrado por ordem de D'us, [Nôah] esperou instruções especiais para
sair. Finalmente um anjo desceu do Céu, abriu a pesada porta e mandou o patriarca
e sua casa saírem à terra e levarem consigo todos os seres vivos" (1).
O que significa a expressão "D'us se lembrou"? Como Ele lhe mostra que "se lembra"
de você? (Leia Gn 8:1; 19:29 e Sl 106:4).
PESSACH - 4º DIA
OMER DIA 3
4. Qual foi a primeira coisa que Nôah fez ao sair da arca e por quê? Gn 8:20
A exemplo de Adam (Adão) e Havá (Eva), que certamente adoraram a D'us no Shabat
logo após os seis dias da criação, Nôah adorou logo após o dilúvio, outro evento da criação.
Porém, há uma diferença entre esses dois atos de adoração. Ao contrário de Adam e Havá,
que adoraram o Eterno de forma direta, Nôah teve que recorrer a um sacrifício. Nas Escri-
turas, essa é a primeira menção de um altar. O sacrifício foi um "holocausto" (olah), o mais
antigo e frequente. Para Nôah, era uma oferta de ação de graças (compare com Nm 15:1-11)
a fim de expressar sua gratidão ao Criador, que o salvou.
5. Como o dilúvio afetou a dieta humana? Qual era o princípio por trás das restrições
divinas?(Gn 9:2-4)
Por causa do efeito do dilúvio, os vegetais não estavam mais disponíveis como antes.
Portanto, o Eterno permitiu que os humanos comessem carne animal. Essa mudança na
dieta gerou uma mudança na relação entre seres humanos e animais. No relato da criação,
humanos e animais compartilhavam a mesma dieta vegetal e não ameaçavam uns aos
outros. No mundo pós-diluviano, a morte de animais para alimento acarretou uma relação
de medo e pavor (Gn 9:2). Sem dúvida, depois que começaram a se alimentar uns dos ou-
tros, humanos e animais desenvolveram um relacionamento bem diferente do que ha-
viam desfrutado no Gan Eden.
A tolerância divina, no entanto, tinha duas restrições: nem todos os animais eram ade-
quados para alimento, fato implícito na distinção entre animais "limpos e impuros", casher
e não-casher, que fazia parte da ordem da criação (ver Gn 8:19, 20; compare com 1:21, 24);
eles deviam se abster de consumir sangue, pois a vida está no sangue (Gn 9:4).
PESSACH - 5º DIA
OMER DIA 4
34 Bereshit|בראשית
21 de abril | יום חמישיYom Hamishi 20 Nissan Quinta
A frase "estabeleço a Minha aliança" é repetida três vezes (Gn 9:9, 11, 17), marcando
o clímax e o cumprimento da promessa inicial de D'us (Gn 6:18). Após a seção anterior
(Gn 9:1-7), paralela ao sexto dia do relato da criação, está a passagem paralela à seção que
fala do sétimo dia do relato da criação, o Shabat (Sábado). Dentro do texto, a repetição da
palavra "aliança" por sete vezes estabelece uma ligação com o Shabat. Assim como ele, o
arco-íris é o sinal da aliança (Gn 9:13, 14, 16; compare com Êx 31:12-17). Além disso, como
o Shabat, o arco tem um alcance universal; isto é, se aplica a todos. Da mesma forma que
o Shabat, como sinal da criação, é para todos, em todos os lugares, a promessa de que ne-
nhum outro dilúvio mundial virá é para todos, em todos os lugares.
Da próxima vez que você vir um arco da aliança (arco-íris), pense nas promessas
de D'us para nós. Por que podemos confiar nessas promessas? Como ele nos ajuda
nisso?
PESSACH - 6º DIA
OMER DIA 5
Estudo adicional
REFERÊNCIAS
(1)
Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 66 [92] (contextualizado)
(2)
Ibidem, p. 73, 74 [101, 102] (contextualizado)
PESSACH - 7º DIA
OMER DIA 6
36 Bereshit|בראשית
Shabat
PESSACH - 8º DIA
OMER DIA 7
Todas as nações
e Bavel
VERSO PARA MEMORIZAR
"Por isso, chamou seu nome Babel (Bavel), pois ali confundiu o Eterno a língua de toda a
terra; e dali espalhou-os o Eterno sobre a face de toda a terra." (Gn 11:9)
LEITURAS DA SEMANA
Gn 9:18- 11:9; Lc 10:1; Mt 1:1-17; Lc 1:26-33; SI 139:7-12; Gn 1:28; 9:1
Introdução
A pós o dilúvio, o relato bíblico muda o foco no único indivíduo, Nôah (Noé), para seus três
filhos, Shem, Ham e Iáfet (Sem, Cam e Jafet). A atenção especial a Ham, o pai de Canaan
(Kenáan) (Gn 10:6, 15), introduz a ideia de "Canaã", a terra prometida (Gn 12:5), uma anteci-
pação de Avraham, cuja bênção se estenderia a todas as nações (Gn 12:3).
No entanto, essa sequência foi interrompida pela torre de Bavel (Gn 11:1-9). Mais uma
vez, os planos de D'us para a humanidade foram interrompidos. O nascimento de todas as
nações, que deveria ser uma bênção, tornou-se maldição. As nações se uniram para tentar
tomar o lugar do Eterno, que respondeu com um juízo sobre elas. E, com a consequente
confusão, as pessoas se dispersaram por todo o mundo (Gn 11:8), cumprindo assim o plano
original divino de que enchessem a Terra (Gn 9:1).
Apesar da maldade humana, D'us transformou o mal em bem. Como sempre, é Dele a
última palavra. A maldição de Ham na tenda de Nôah (Gn 9:21, 22) e a maldição das nações
confundidas na torre de Bavel (Gn 11:9), no fim, se transformariam em bênção para todos.
.
LEITURAS DA SEMANA
38 Bereshit|בראשית
24 de abril | יום ראשוןYom Rishon 23 Nissan Domingo
A maldição de Ham
1. Qual é a mensagem dessa história estranha? (Gn 9:18-27).
A atitude de Nôah em sua vinha lembra Adam no Gan Eden. As duas histórias contêm
temas comuns: comer da fruta resultou em nudez. Em seguida, houve uma cobertu-
ra, uma maldição e uma bênção. Nôah se reconectou às suas raízes adâmicas e, infeliz-
mente, deu continuidade ao fracasso.
A fermentação da fruta não fazia parte da criação original de D'us. Nôah bebeu do
suco fermentado, perdeu o controle e ficou nu. O fato de Ham ter "visto" sua nudez re-
lembra Havá (Eva), que também "viu" a árvore proibida (Gn 3:6). Esse paralelo sugere
que Ham não apenas "viu" furtivamente, por acidente, a nudez de seu pai. Ele andou ao
redor e falou sobre isso, sem nem mesmo tentar resolver o problema. Em contraste, a
reação imediata de seus irmãos de cobrir seu pai, enquanto Ham o havia deixado nu,
denunciou implicitamente as atitudes do filho mais moço.
A questão em jogo tem a ver com o respeito aos pais. Deixar de honrar seus pais, que
representam seu passado, afetará seu futuro (Êx 20:12; compare com Ef 6:2). Daí a mal-
dição, que influenciou o futuro de Ham e de seu filho Kenáan.
Claro, é erro teológico grosseiro e crime étnico usar esse texto para justificar teorias
racistas. A profecia é estritamente restrita a Kenáan, filho de Ham. O autor bíblico tinha
em mente algumas práticas corruptas dos cananeus (Gn 19:5-7, 31-35).
Além disso, a maldição contém uma promessa de bênção, jogando com o nome ֑ע ן ַ כְּ ָנ
(Kenáan - Canaan), que deriva do verbo ( כנkana), subjugar. Subjugando Kenáan, o povo
de D'us, descendentes de Shem, entraria mais tarde na terra prometida e prepararia o
caminho para a vinda do Messias, que engrandeceria Iafet "nas tendas de Shem" (Gn
9:27). Essa é uma alusão profética à expansão da B’rit (aliança) de D'us a todas as nações,
que abraçariam a mensagem de salvação de Israel para o mundo (Dn 9:27; Is 66:18-20;
Rm 11:25). A maldição de Ham resultou, na verdade, em bênção para todas as nações,
incluindo os descendentes de Ham e Kenáan que aceitassem a redenção oferecida pelo
Eterno.
Nôah, o "herói" do dilúvio, bêbado? O que isso nos diz sobre nossas imperfeições e o
motivo pelo qual carecemos da graça divina em todos os momentos?
OMER DIA 8
A genealogia em Bereshit
A s informações cronológicas sobre a idade de Nôah nos fazem perceber que ele
serviu de elo entre as civilizações pré e pós-diluviana. Os dois últimos versos do
relato anterior (Gn 9:28, 29) nos levam de volta ao último elo da genealogia de Adam
(Gn 5:32). Visto que Adam morreu quando Lémeh, pai de Nôah, tinha 56 anos, Nôah
certamente deve ter ouvido histórias sobre Adam, as quais poderia ter transmitido a
seus descendentes antes e depois do dilúvio.
2. Qual é o propósito dessa genealogia na Bíblia? (Gn 10. Veja também Lc 3:23-38.)
A genealogia bíblica tem três funções. Primeiro, enfatizar a natureza histórica dos
eventos, que estão relacionados a pessoas reais que viveram e morreram e cujos dias
estão precisamente contados. Em segundo lugar, demonstrar a continuidade desde o
passado até a época em que viveu o escritor, estabelecendo uma ligação clara entre o
passado e o "presente". Terceiro, lembrar-nos da fragilidade humana e do efeito trágico
da maldição do pecado e seus resultados mortais em todas as gerações que se seguiram.
A classificação "camita", "semita" e "jafetita" não segue critérios claros. As 70 nações
prefiguram os 70 membros da família de Iaacóv (Gn 46:27) e os 70 anciãos de Israel no
deserto (Êx 24:9). A ideia de uma correspondência entre as 70 nações e os 70 anciãos
sugere a missão de Israel para com as nações: "Quando o Altíssimo distribuía as heran-
ças às nações, quando separava os filhos dos homens, fixou os limites dos povos por
causa do número dos filhos de Israel" (Dt 32:8). Seguindo esse padrão, Yeshua enviou
70 líderes para ensinar as nações (Lc 10:1).
O que essa informação nos mostra é a ligação direta entre Adam e os patriarcas;
todos eles são figuras históricas, pessoas reais, de Adam em diante. Isso também nos
ajuda a entender que os patriarcas tiveram acesso direto a testemunhas que tinham
lembranças pessoais dos eventos antigos.
De acordo com esse texto, essas pessoas eram reais? Por que saber e crer que elas
eram reais é importante para nossa confiança em D’us?
OMER DIA 9
40 Bereshit|בראשית
26 de abril | יום שלישיYom Shlishi 25 Nissan Terça
Um idioma
3. Por que as pessoas de "toda a terra" estavam tão ansiosas para alcançar a unida-
de? (Gn 11:1-4).
A frase ָ֖ר ץ
ֶ( ָכל־ ָהאKol haaretz), "toda a terra", refere-se a um pequeno número de
pessoas, as que viviam na época após o dilúvio. O motivo dessa reunião está clara-
mente indicado: queriam construir uma torre para chegar aos céus (Gn 11:4). Na ver-
dade, sua real intenção era ocupar o lugar do próprio D'us, o Criador. A descrição das
intenções e atitudes do povo ecoam as intenções e ações divinas no relato da criação:
"e disseram" (Gn 11:3, 4; compare com Gn 1:6, 9, 14, etc.); "Vamos fazer" (Gn 11:3, 4;
compare com Gn 1:26). A sua intenção ficou explicitamente declarada: "e faremos para
nós fama" (Gn 11:4), expressão que se destina exclusivamente a D'us (Is 63:12, 14). Em
suma, os construtores de Bavel alimentavam a ambição equivocada de substituir D'us,
o Criador (sabemos quem inspirou isso, não é mesmo? [Is 14:14]). A lembrança do dilú-
vio deve ter desempenhado uma função nesse plano. Eles construíram uma torre alta
para sobreviver a outra inundação, se houvesse, apesar da promessa divina. A memó-
ria do dilúvio foi preservada na tradição babilônica, embora distorcida, em conexão
com a construção de Babel (Babilônia). Esse esforço para alcançar o céu e usurpar o
lugar de D'us, de fato, caracterizaria o espírito de Bavel.
Por isso, a história da torre de Babel também é um tema tão importante no livro de
Daniel. A referência a Sinar, no início do relato sobre a torre de Babel (Gn 11:2), reapa-
rece no livro de Daniel, designando o lugar para onde Nabucodonosor levou os utensí-
lios do templo de Yerushalayim (Jerusalém) (Dn 1:2). Entre outras passagens do livro, o
episódio de Nabucodonosor erguendo a estátua de ouro, provavelmente no mesmo lu-
gar, na mesma "planície", é o que mais ilustra esse estado de espírito. Em suas visões do
( אחרית הימיםacharit hayamim), fim dos dias), Daniel viu o mesmo cenário das nações
da Terra se reunindo contra D'us (Dn 2:43; 11:43-45; compare com Ap 16:15, 16), embo-
ra essa tentativa falhe, como também aconteceu com Bavel.
Um escritor francês disse que o propósito da humanidade era tentar "ser D'us''. O
que há em nós, a começar com Havá (Gn 3:5), que é atraído para essa mentira pe-
rigosa?
OMER DIA 10
Vamos descer
4. Por que D'us desceu à Terra? O que motivou essa reação divina? (Gn 11:5-7 e Sl
139:7-12).
I ronicamente, embora os homens estivessem subindo, D'us teve que descer até eles. O
Elerno desceu para afirmar Sua supremacia. Ele sempre estará além do alcance hu-
mano. Qualquer esforço humano para se elevar a Ele e encontrá-Lo no céu é inútil e
ridículo. Por isso, para nos libertar, o Messias desceu a nós; não havia outra maneira de
fazer isso.
Uma ironia no relato da torre de Bavel é vista na declaração: "ver a cidade e a torre"
(Gn 11:5). D'us não precisava descer para ver (Sl 139:7-12; Sl 2:4), mas Ele o fez mesmo
assim. O conceito enfatiza o envolvimento de D'us com a humanidade.
5. O que isso nos ensina sobre D'us vir até nós? (Lc 1:26-33).
A atitude de D'us de descer nos faz recordar também do princípio da justiça pela
fidelidade e do processo da graça divina. Independentemente da obra que realizemos
para D'us, Ele ainda terá que vir para Se encontrar conosco. Não é o que fazemos para
o Eterno que nos levará a Ele e à redenção. Em vez disso, é o movimento Dele em nossa
direção que nos salva. Duas vezes o texto em Bereshit fala sobre D'us descer, o que
parece indicar o quanto Ele Se importava com o que estava acontecendo ali.
De acordo com a passagem, o Eterno queria acabar com a profunda união deles, a
qual, dado o seu estado decaído, só poderia levar a outras maldades. Por isso, Ele esco-
lheu confundir seus idiomas, o que poria fim aos seus esquemas de união.
"Os planos dos construtores de Bavel terminaram com vergonha e derrota. O mo-
numento ao seu orgulho se tornou o memorial de sua loucura. No entanto, as pessoas
estão prosseguindo continuamente no mesmo caminho, confiando em si mesmas e re-
jeitando a Torá de D'us. É o princípio que Satan procurou pôr em prática no Céu, o
mesmo que governou Cáin (Caim) quando apresentou sua oferta" (1).
OMER DIA 11
42 Bereshit|בראשית
28 de abril | יום חמישיYom Hamishi 27 Nissan Quinta
A redenção do exílio
6. Por que a dispersão ocasionada por D'us foi redentiva? (Gn 11:8, 9 e 9:1; compare
com Gn 1:28).
O desígnio e a bênção de D'us para os humanos são relatados no seguinte passuk (verso):
Multipliquem-se e encham a Terra (Gn 9:1; Gn 1:28). Em oposição aos planos divinos,
os construtores de Babel preferiram ficar juntos como um só povo. Eles apresentaram a
razão pela qual queriam construir a cidade: "para que não sejamos espalhados por toda a
Terra" (Gn 11:4). Eles se recusavam a se mudar para outro lugar, talvez pensando que jun-
tos seriam mais poderosos do que separados e espalhados. E, em algum sentido, estavam
certos.
Infelizmente, eles procuraram usar seu poder de união para o mal, não para o bem.
Queriam tornar célebre o próprio nome, um poderoso reflexo de sua arrogância e orgulho.
Na verdade, sempre que o ser humano, em desafio aberto a D'us, quer "fazer um nome"
para si mesmo, podemos ter certeza de que não vai dar certo. Nunca deu.
Portanto, em um juízo contra seu desafio direto, D'us os espalhou por toda a superfície
da Terra (Gn 11:9), exatamente o que não queriam que acontecesse.
Curiosamente, o nome ָּבל ֶ ( בBavel), que significa "porta de D'us", está relacionado com
o verbo בָּ ַל לbalal, que significa "confundir" (Gn 11:9). Por terem desejado chegar à "porta"
de D'us, por se considerarem como D'us, acabaram confundidos e muito menos poderosos
do que antes.
"Os homens de Bavel tinham se decidido a estabelecer um governo que fosse indepen-
dente de D'us. No entanto, houve alguns entre eles que temiam ao Eterno, mas tinham sido
enganados pelas pretensões dos ímpios e enredados por seus desígnios. Por amor a esses
fiéis, o Eterno retardou Seus juízos e deu ao povo tempo para revelar seu verdadeiro cará-
ter. Enquanto isso, os filhos de D'us trabalharam para dissuadi-los de seu intuito; mas o
povo estava completamente unido em seu empreendimento insolente contra o Céu. Se eles
tivessem continuado sem ser impedidos, teriam pervertido o mundo já no início. Aquela
confederação foi fundada de modo revoltoso, um reino estabelecido para a exaltação pró-
pria, no qual D'us não poderia ter domínio nem honra" (2).
Por que devemos ter muito cuidado ao tentar "fazer um nome" para nós mesmos?
OMER DIA 12
Estudo adicional
LEITURA COMPLEMENTAR
Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 89-94 [117-124]
REFERÊNCIAS
(1)
Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 93 [123] (contextualizado)
(2)
Ibidem, p. 92, 93 [123] (contextualizado)
(3)
Ibidem, p. 90, 91 [118, 119] (contextualizado)
OMER DIA 13
44 Bereshit|בראשית
Shabat
OMER DIA 14
As raízes de Avraham
VERSO PARA MEMORIZAR
"Pela confiança, Avraham obedeceu, depois de ter sido convocado para se dirigir ao lugar
que D'us lhe daria como posse; de fato, ele saiu" sem saber aonde estava indo." (Hb 11:8)
LEITURAS DA SEMANA
Gn 12; Is 48:20; 36:6, 9; Jr 2:18; Gn 13; 14; Hb 7:1-10
Introdução
LEITURAS DA SEMANA
PARASHÁ 30 קדשיםKEDOSHIM [Santos]: Lv 19.1-20.27
HAFTARÁ: Am 9.7-15; Ez 20.2-20.
BRIT HADASHÁ: Mt 5.33-37; 5:43-48; 15.1-11; 19.16-30; 22.33-40; Mc 7.1-23; 12.28-34; Lc
10.25-39; Rm 13.8-10; Gl 5.13-26; Tg 2.1-9; 1Pd 1.13-21
TEHILIM: Sl 15
46 Bereshit|בראשית
1o de maio| יום ראשוןYom Rishon 30 Nissan Domingo
A partida de Avram
1. Por que D'us chamou Avram para deixar seu país e sua família? Como ele reagiu?
(Gn 12:1-9).
A última vez que D'us havia falado com alguém, conforme as Escrituras, foi com Nôah
depois do dilúvio, para tranquilizá-lo com a promessa de que Ele estabeleceria uma
aliança com toda a carne (Gn 9:15-17) e de que jamais haveria outra inundação mundial. A
nova palavra de D'us, então para Avram, se reconecta a esta promessa: todas as nações da
Terra seriam abençoadas por meio do patriarca.
O cumprimento dessa profecia começa com o abandono do passado. Avram deixou
tudo o que era familiar para ele, seus parentes e seu país, e até uma parte de si mesmo. A
intensidade dessa partida se reflete na repetição da palavra-chave "vá", que ocorre sete
vezes nesse contexto. Avram deveria primeiro deixar seu país, Ur dos caldeus, que também
era Bavel (Gn 11:31; Is 13:19). Esse chamado para "sair de Bavel (da Babilônia)" tem uma
longa história entre os profetas bíblicos (Is 48:20; Ap 18:4).
A partida de Avram envolveu sua família. Ele deveria deixar sua herança e muito do
que havia aprendido e adquirido, bem como sua educação e influência.
No entanto, o chamado divino para ir envolvia ainda mais. A frase ־ל ָך ְ ( לlech-lechá),
ְ ֶך
Vá!, significa "vá você mesmo" ou "vá por si mesmo". A partida de Avram de Bavel envolvia
mais do que o meio onde ele vivia, ou mesmo sua parentela. A frase hebraica sugere uma
ênfase em si mesmo. Avram tinha que deixar a si mesmo para se livrar da parte de si mes-
mo que continha seu passado babilônico.
O objetivo dessa partida era "uma terra" que D'us lhe mostraria. A mesma linguagem
foi usada no contexto do sacrifício de Isaac (akedat Its’hac) (Gn 22:2), para se referir ao
monte Moriá, onde seu filho seria oferecido e onde o templo seria construído (2Cr 3:1). A
promessa não é apenas sobre uma pátria física, mas sobre a salvação do mundo, o que é
reafirmado na promessa de bênção para todas as nações (Gn 12:2, 3). O verbo ( ברכbarach),
abençoar, aparece cinco vezes nessa passagem. O processo dessa bênção universal se daria
por meio da "descendência" de Avram (Gn 22:18; 26:4; 28:14). O texto se refere à "descen-
dência" que seria cumprida no Messias (At 3:25).
O que D'us pede que você deixe para trás para atender ao chamado divino?
OMER DIA 15
A tentação do Egito
2. Por que Avram deixou a terra prometida para ir ao Egito (Mitsráim)? Como o Faraó
se comportou em comparação a Avram? (Gn 12:10-20)
I ronicamente, Avram, que havia acabado de chegar à terra prometida, decidiu dei-
xá-la e ir para o Egito porque "havia fome naquela terra" (Gn 12:10). Textos egíp-
cios antigos mostram pessoas de Canaan indo para o Egito em tempos de fome. No
ensinamento egípcio de Merikare, texto da época do Império Médio (2060-1700
AEC), pessoas vindas de Canaan são identificadas como "miseráveis asiáticos"
(aamu) e descritas como pessoas "com falta de água [...], que não habitam um lugar;
a comida impulsiona suas pernas" (1).
A tentação do Egito era um problema frequente para os israelitas (Nm 14:3; Jr
2:18). O Egito se tornou um símbolo de seres humanos que confiam em seres hu-
manos em vez de D'us (2Rs 18:21; Is 36:6, 9). Nesse país, em que havia água diaria-
mente, a confiança em D'us não era necessária, pois a promessa da terra era visível.
Comparado com a terra da fome, o Egito parecia um bom lugar para ficar, apesar
do que D'us havia dito.
O Avram que deixou Canaan contrastava com o Avram que havia deixado Ur.
Antes, Avram era retratado como um homem de fé que deixou Ur em resposta ao
chamado divino; depois, Avram deixou a terra prometida por si mesmo, por sua
vontade. Antes, confiou em D'us; depois, se comportou como um político presun-
çoso, manipulador e antiético, que contava apenas consigo mesmo. "Durante sua
permanência no Egito, Avraham deu prova de que não estava livre de fraqueza
e imperfeição humanas. Ocultando o fato de que Sara era sua esposa, evidenciou
desconfiança no cuidado divino-falta daquela confiança e coragem sublime tão fre-
quente e nobremente exemplificada em sua vida" (2).
Ainda que um grande homem cometa erros, ele não é abandonado por D'us.
Quando os escritos da b’rit hadashá fala sobre Avraham como exemplo de redenção
pela graça, quer dizer exatamente isso: graça (chessed). Se não fosse a graça, não
haveria esperança para Avraham (nem para nós).
Para os fiéis, é fácil se desviar do caminho certo? Por que a desobediência nunca é
uma boa escolha?
OMER DIA 16
48 Bereshit|בראשית
3 de maio | יום שלישיYom Shlishi 2 Iyar Terça
Avram e Lot
3. O que essa história nos ensina sobre caráter? (Gn 13:1-18).
A vram voltou para onde estava antes, como se sua viagem ao Egito tivesse sido um
mero desvio infeliz. A história de D'us com Avram teve então um novo início, onde
havia parado desde sua primeira viagem à terra prometida. A primeira parada de
Avram foi Bet-El (Gn 13:3), assim como em sua primeira viagem à terra (Gn 12:3-8).
Avram se arrependeu e voltou a ser "ele mesmo": Avram, o homem de fé.
A reconexão de Avram com D'us se mostrou na sua relação com as pessoas, em
sua maneira de lidar com o problema de Lot, seu sobrinho, quanto ao uso da terra. O
próprio Avram propôs um acordo pacífico e permitiu que Lot escolhesse primeiro (Gn
13:9, 10), um ato generoso e bondoso, indicativo do tipo de homem que Avram era.
O fato de Lot ter escolhido a melhor parte, a planície bem irrigada, sem se preocu-
par com a maldade de seus futuros vizinhos (Gn 13:10-13), revela sua ganância e seu
caráter. A frase "para si" lembra os antediluvianos, que tomaram "para si" (Gn 6:2).
Em contraste, a mudança de Avram foi um ato de confiança. Avram não escolheu a
terra, mas a recebeu pela graça de D'us. Ao contrário de Lot, Avram olhou para a terra
apenas por ordem divina (Gn 13:14). Somente quando Avram se separou de Lot foi que
D'us falou com ele novamente (Gn 13:14). Esse é o primeiro registro de que o Eterno
falou com Avram desde seu chamado em Ur. "Alça agora teus olhos, e olha desde o lugar
onde tu estás" (Gn 13:14, 15). D'us, então, convidou Avram a "percorrer" a terra como
um ato de apropriação. "Levanta-te, passeia pela terra no seu comprimento e na sua
largura; que a ti, dá-la-ei" (Gn 13:17).
O Eterno, porém, deixou bem claro que Ele, D'us, estava dando a terra a Avram. Era
um dom da graça, do qual Avram devia se apropriar pela confiança, uma fidelidade
que levasse à obediência. Somente o serviço de D'us realizaria tudo o que Ele havia
prometido a Avram (ver Gn 13:14-17).
Como podemos aprender a ser gentis e generosos com os outros, mesmo quando não
são assim conosco?
OMER DIA 17
A coalizão de Bavel
4. Que ponto relevante vemos no fato de que essa guerra ocorreu logo após a doa-
ção da terra prometida? O que essa história nos ensina sobre Avram? (Gn 14:1-17).
E ssa foi a primeira guerra narrada nas Escrituras (Gn 14:2). A coalizão de quatro
exércitos da Mesopotâmia e da Pérsia contra outra coalizão de cinco exércitos ca-
naneus, incluindo os reis de Sodoma e Gomorra (S’dom e Amorá) (Gn 14:8), sugere um
grande conflito (Gn 14:9). Essa operação militar está relacionada com a rebelião dos
povos cananeus contra seus suseranos babilônios (Gn 14:4, 5). Embora essa história se
refira a um conflito histórico específico, o momento dessa guerra "global", após a dádi-
va da terra prometida a Avram, confere a esse evento um significado espiritual parti-
cular.
O envolvimento de tantos povos de Canaan sugere que a questão em jogo era a
soberania sobre a terra. Ironicamente, o acampamento de Avram, a parte realmente
interessada, visto ser ele o dono da terra, é a única força que permaneceu fora do con-
flito, pelo menos no início.
A razão para a neutralidade de Avram é que, para ele, aquela terra não havia sido
adquirida pela força das armas nem por estratégias políticas. O reino de Avram foi um
presente de D'us. A única razão pela qual ele interviria seria pelo destino de seu sobri-
nho Lot, que fora feito prisioneiro durante as batalhas (Gn 14:12, 13).
"Avraham, habitando em paz nos carvalhais de Manre, soube por um dos fugitivos
a história da batalha e a calamidade que sobreviera ao seu sobrinho. Não havia guar-
dado no coração nenhum ressentimento pela ingratidão de Lot. Todo o seu afeto por ele
veio à tona, e decidiu resgatá-lo. Procurando antes de tudo o conselho divino, Avraham
se preparou para a guerra" (3).
Mas Avram não confrontou toda a coalizão. No que deve ter sido uma operação de
comando rápida e noturna, atacou apenas o campo em que Lot era mantido prisionei-
ro. Seu sobrinho foi salvo e com ele o rei de Sodoma. Assim, Avram demonstrou grande
coragem e força. Sua influência na região cresceu, as pessoas viram o tipo de homem
que ele era e aprenderam algo mais sobre o D'us a quem ele servia.
Qual é a influência de nossas ações? Que mensagem nossos atos dão sobre nossa
fidelidade?
OMER DIA 18
50 Bereshit|בראשית
5 de maio | יום חמישיYom Hamishi 4 Iyar Quinta
O dízimo de Malki-Tsédec
5. Quem foi Malki-Tsédec (Melquisedeque)? Por que Avram deu seu dízimo (um déci-
mo de tudo) a esse sacerdote, que parece ter surgido do nada? Gn 14:18-24; Hb 7:1-10
O súbito aparecimento do misterioso Malki-Tsédec não está fora de lugar. Depois que os
cananeus agradeceram a Avram, ele agradeceu ao sacerdote por meio do dízimo.
Malki-Tsédec veio da cidade de ( שָׁ ֵל֔םShalem - Salém), que significa "paz", uma mensa-
gem apropriada após o tumulto da guerra.
O componente ( ֶצֶדקtsedec), justiça, no nome de Malki-Tsédec (rei – justiça), aparece em
contraste com o nome do rei de Sodoma, Bera ("no mal"), e Gomorra, a Birsha ("na malda-
de"), provavelmente sobrenomes para o que eles representavam (Gn 14:2).
Malki-Tsédec apareceu após a reversão da violência e do mal representados pelos ou-
tros reis cananeus. Essa passagem contém também a primeira referência bíblica à palavra
( כֹהֵ֖ןCohen), sacerdote (Gn 14:18). A associação de Malki-Tsédec com o "D'us Altíssimo" (Gn
14:18), a quem Avram chamou de seu próprio D'us (Gn 14:22), indica claramente que o
patriarca o via como Cohen do D'us a quem servia. Malki-Tsédec, entretanto, não deve ser
identificado com o Mashiach. Ele era o representante de D'us entre o povo daquela época
(4)
.
Malki-Tsédec oficiava, de fato, como sacerdote. Ele serviu "cereal e vinho", uma asso-
ciação que muitas vezes sugeria o uso de suco de uva recém prensado (Dt 7:13; 2Cr 31:5),
que reaparece no contexto da entrega dos dízimos (Dt 14:23). Além disso, ele estendeu a
bênção a Avram (Gn 14:19).
Avram, entretanto, "... lhe deu (a Malki-Tsédec) um décimo de tudo" (Gn 14:20) em res-
posta ao D'us "que possui os céus e a Terra" (Gn 14:19). Esse título faz alusão à introdução
da história da criação (Gn 1:1), em que a expressão "céus e Terra" significa totalidade ou
"tudo". Como tal, entende-se que o dízimo é uma expressão de gratidão ao Criador, que
possui tudo (Hb 7:2-6; compare com Gn 28:22). Paradoxalmente, o adorador entende que
o dízimo é um presente de D'us, não um presente para D'us, pois é D'us quem nos dá tudo.
Além de ser uma expressão de fidelidade, o ato de devolver o dízimo também edifica
a confiança?
OMER DIA 19
Estudo adicional
"Q uando D'us escolheu Avraham, não foi apenas para ele ser o amigo especial de D'us,
mas para ser um instrumento por meio do qual o Eterno pudesse conceder às na-
ções privilégios preciosos e especiais. Ele devia ser uma luz em meio às trevas morais que
o cercavam.
Sempre que D'us abençoa Seus filhos com luz e verdade, não é unicamente para que
eles possam receber o dom da vida eterna, mas para que os que os cercam também possam
ser iluminados espiritualmente. [...] 'Vocês são o sal da Terra.' E quando D'us faz com que
os Seus filhos sejam sal, não é apenas para sua própria preservação, mas para que sejam
instrumentos para a preservação de outros. [...]
Estamos resplandecendo como pedras vivas no edifício de D'us?.[...] Não seremos pos-
suidores da genuína religião, a menos que ela exerça sobre nós uma influência controlado-
ra em cada transação comercial. A religião prática deve envolver nosso trabalho. Devemos
possuir a graça transformadora do Messias em nosso coração. Precisamos reduzir grande-
mente o eu, e ter mais de Yeshua" (5).
LEITURA COMPLEMENTAR
Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 102-114 [133-145]
REFERÊNCIAS
(1)
Miriam Lichtheim, Ancient Egyptian Literature, 6 v. I, p. 103, 104 (contextualizado)
(2)
Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 99, 100 [130] (contextualizado)
(3)
Ibidem, p. 105 [135] (contextualizado)
(4)
ver Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 1, p. 1203, 1204 (contextualizado)
52 Bereshit|בראשית
Shabat
OMER DIA 20
LEITURAS DA SEMANA
Gn 15- 19:29; Rm 4:3, 4, 9, 22; GI 4:21-31; Rm 4:11; 9:9; Am 4:11
Introdução
LEITURAS DA SEMANA
54 Bereshit|בראשית
8 de maio | יום ראשוןYom Rishon 7 Iyar Domingo
A confiança de Avraham
1. Como Avraham revelou o que significa viver pela confiança? Qual é o significado
do sacrifício que D'us pediu que Avram fizesse? (Gn 15; Rm 4:3, 4, 9, 22)
A primeira resposta de D'us à preocupação de Avram sobre um herdeiro (Gn 15:1-3) foi que
ele teria um filho e este seria "gerado por (Avram)" (Gn 15:4). A mesma linguagem foi usa-
da pelo profeta Natan para se referir à semente do futuro Melech Hamashiach (o Rei Messias)
(2Sm 7:12). Avram foi tranquilizado e "creu no Eterno" (Gn 15:6), porque compreendeu que o
cumprimento da promessa divina não dependia da sua própria justiça, mas da justiça de D'us
(Gn 15:6; compare com Rm 4:5, 6).
Essa noção é extraordinária, em especial naquela cultura. Na religião dos antigos egípcios,
por exemplo, o juízo se dava com base na contagem das obras humanas de justiça em compa-
ração à justiça da deusa Maat, que representava a justiça divina. Em suma, a pessoa devia ga-
nhar a "redenção".
Então, D'us preparou um serviço de sacrifício para Avram realizar. Basicamente, o sacrifí-
cio apontava para a morte do Messias. Somos libertos pela graça, o dom da justiça de D'us,
simbolizado por esses sacrifícios pelos nossos pecados. Contudo, esse serviço em particular
transmitiria mensagens específicas a Avram. As aves de rapina sobre os cadáveres dos animais
sacrificais (Gn 15:9-11) significavam que os descendentes de Avram seriam escravos por "qua-
trocentos anos" (Gn 15:13), ou quatro gerações. Na quarta geração, seus descendentes volta-
riam para lá (Gn 15:16).
A última cena do serviço de sacrifício foi dramática: "um fogareiro fumegante e uma tocha
de fogo passaram entre aqueles pedaços" (Gn 15:17). Esse acontecimento extraordinário signi-
ficou o compromisso de D'us em cumprir Sua promessa de aliança de dar terras aos descen-
dentes de Avraham (Gn 15:18).
Os limites da terra prometida, "desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates" (Gn 15:18),
nos lembram dos limites do Gan Éden (Gn 2:13, 14). Portanto, essa profecia tinha mais em vista
do que o êxodo e uma pátria para Israel. No horizonte distante dessa profecia, nos descenden-
tes de Avraham tomando o país de Canaan se vislumbrava a redenção do povo de D'us, que, no
tempo dos dias, retornará ao Gan Éden.
Como manter o foco e a esperança no Messias? Podemos depender das nossas ações?
OMER DIA 22
Dúvidas de Avraham
2. Qual é o significado da decisão de Avram de se envolver com Hagar, apesar da pro-
messa de D'us a ele? (Gn 16:1-16) Como as duas mulheres representam duas atitudes
de confiança (Gl 4:21-31)?
Q uando Avram duvidou (Gn 15:2), D'us assegurou que ele teria um filho. Dez anos depois,
Avram ainda não tinha descendente. O patriarca parecia ter perdido a confiança: não
mais acreditava que fosse possível ter um filho com Sarai, que, sem esperança, o incentivou
a recorrer a uma prática da época no antigo Oriente Próximo: arranjar uma substituta. Ha-
gar, serva de Sarai, foi nomeada para essa função. Funcionou. A estratégia pareceu mais
eficiente do que a confiança nas promessas divinas.
A passagem que descreve a relação de Sarai com Avram relembra a história de Adam e
Havá no Gan Éden (Jardim do Éden). Os dois textos compartilham uma série de temas co-
muns (Sarai, como Havá, foi ativa; Avram, como Adam, foi passivo), como também verbos e
frases ("ouvir a voz", "receber" e "dar"). Esse paralelo entre as duas histórias implica na desa-
provação divina quanto a esse curso de ação.
Rabi Shaul se referiu a essa história para mostrar seu ponto de vista sobre ações versus
graça (Gl 4:23-26). Em ambos os relatos, o resultado foi o mesmo: a recompensa imediata da
atitude humana alheia à vontade de D'us levou a problemas posteriores. Observe que D'us
esteve ausente durante toda a ação. Sarai falou sobre o Eterno, mas nunca falou com Ele;
nem D'us falou com nenhum deles. Essa ausência divina é marcante, especialmente depois
da intensa presença divina no capítulo anterior.
D'us apareceu a Hagar, mas somente depois que ela saiu da casa de Avram. Essa aparição
inesperada revela a presença do Eterno, apesar do esforço humano para agir sem Ele. A re-
ferência ao "Anjo do Eterno" (Gn 16:7) é um título frequentemente identificado com o Eterno,
( יהוהGn 18:1, 13, 22). Dessa vez foi D'us quem tomou a iniciativa e anunciou a Hagar que ela
daria à luz um filho, Ishmael () ִי שְׁ ָ מ ֵע אל, cujo nome significava "D'us ouve" (Gn 16:11). Ironica-
mente, a história, que termina com a ideia de ouvir ( שָׁ ַ מע- shamá), ecoa o ato de ouvir no
início da narrativa, quando Avram "ouviu" ( שָׁ ַ מע- shamá) a voz de Sarai (Gn 16:2).
Por que é tão fácil cometer o mesmo tipo de erro que Avram cometeu nesse caso?
OMER DIA 23
56 Bereshit|בראשית
10 de maio | יום שלישיYom Shlishi 9 Iyar Terça
A falta de confiança de Avram, como visto na história anterior (Gn 16), quebrou o fluxo da
jornada espiritual do patriarca com D'us. Nesse tempo, o Eterno ficou em silêncio. Pela
primeira vez então, D'us falou novamente com Avram. Ele Se reconectou a Avram e o trouxe
de volta ao ponto em que fez uma aliança com ele (Gn 15:18).
D'us lhe deu o sinal dessa aliança (b'rit). O significado da b'rit milá tem sido discutido há
muito tempo pelos estudiosos. Visto que a b'rit milá envolvia o derramamento de sangue
(ver Êx 4:25), poderia ser entendido no contexto do sacrifício, indicando que a justiça foi
imputada a ele (compare com Rm 4:11).
Também chama a atenção o fato de que essa b'rit, representada pela b'rit milá, seja des-
crita em termos que apontam para a primeira profecia messiânica (compare Gn 17:7 com Gn
3:15). O paralelo entre os dois textos sugere que a promessa de D'us a Avram diz respeito a
mais do que apenas o nascimento físico de um povo; contém a promessa espiritual de reden-
ção para todos os povos da Terra. E a promessa da "aliança eterna (b'rit olam)" (Gn 17:7) re-
fere-se o serviço da semente messiânica, o sacrifício do Messias que garante a vida eterna a
todos os que a reivindicam mediante a confiança e tudo o que a confiança envolve (compare
com Rm 6:23; Tt 1:2).
Curiosamente, essa promessa de um futuro eterno se relaciona à mudança do nome de
Avram e Sarai, os quais se referiam apenas ao seu status de então: ( ַא ְבָרםAvram) significa
"pai exaltado", e ( שריSarai) significa "minha princesa" (a princesa de Avram). A mudança de
seus nomes para "Avraham" e "Sara", respectivamente, referia-se ao futuro: ( ַא ְבָר ָה םAvraham)
significa "pai de muitas nações" e ָׂר ה
ָ( שSara) significa "a princesa" (de todos). Paralelamente,
mas não sem ironia, o nome de ( יצחקIts’hac) ("ele rirá") é uma lembrança da atitude de
Avraham (a primeira risada registrada nas Escrituras, Gn 17:17); uma risada de ceticismo ou,
talvez, de admiração. Embora acreditasse no que o Eterno claramente havia prometido a ele,
Avraham ainda lutava para ter confiança e confiança.
Como continuar acreditando em algo, mesmo quando, às vezes, lutamos contra essa
crença, como fez Avraham? Por que é importante não desistir, apesar dos momentos
de dúvida?
OMER DIA 24
O filho da promessa
A última cena da b'rit milá envolveu todos: não apenas Ishmael, mas todos os homens
da casa de Avraham foram circuncidados (Gn 17:23-27). A palavra ( לכkol), todos, é
repetida quatro vezes (Gn 17:23, 27). Foi nesse contexto inclusivo que D'us apareceu a
Avraham para confirmar a promessa de um filho, "Its’hac".
4. Que lições de hospitalidade aprendemos com Avraham? Como você explica a rea-
ção divina a essa hospitalidade? Gn 18:1-15; Rm 9:9
Não está claro se Avraham sabia quem eram os estrangeiros (Hb 13:2), embora agisse
para com eles como se o próprio D'us estivesse ali. Ele estava sentado "à entrada da tenda,
no maior calor do dia" (Gn 18:1), e, como visitantes são raros no deserto, provavelmente ele
desejasse encontrá-los. Avraham correu em direção aos homens (Gn 18:2), embora tivesse
99 anos. Ele chamou uma dessas pessoas de ( ֲא דָֹנ֗יAdonai), Senhor meu (Gn 18:3), título
frequentemente usado para D'us (Gn 20:4; Êx 15:17). Ele se apressou no preparo da refei-
ção, esteve ao lado deles, atento às suas necessidades e pronto para servi-los (Gn 18:6-8).
O comportamento de Avraham para com visitantes celestiais se tornaria um modelo
inspirador de hospitalidade (Hb 13:2). A atitude reverente de Avraham transmite uma fi-
losofia de hospitalidade. Mostrar respeito e atenção para com estranhos não é apenas um
belo gesto de cortesia. As Escrituras enfatizam que é um dever religioso, como se dirigido
ao próprio D'us (Mt 25:35-40). Ironicamente, D'us Se identifica mais com o estrangeiro fa-
minto e necessitado do que com o generoso que o recebe.
Por outro lado, a intrusão divina na esfera humana denota graça e amor para com a
humanidade. Essa aparição de D'us antecipava o Messias, que deixou o Céu e se tornou
servo humano para alcançar a humanidade (Fp 2:7, 8). A presença de D'us confirmou a
promessa. Ele viu Sara, que se escondeu "atrás de Avraham", e conhecia seus pensamentos
(Gn 18:10, 12). Ele sabia que ela tinha rido, e "riu" foi Sua última palavra. O ceticismo de
Sara se tornou o ponto em que Ele cumpriria Sua palavra.
"D'us se identifica mais com o estrangeiro faminto e necessitado do que com aquele
que o recebe''. Por que é tão importante nos lembrarmos disso?
OMER DIA 25
58 Bereshit|בראשית
12 de maio | יום חמישיYom Hamishi 11 Iyar Quinta
Lot em Sodoma
5. Como o serviço profético de Avraham afetou sua responsabilidade para com Lot?
(Gn 18:16-19:29).
OMER DIA 26
Estudo adicional
O apelo de Avraham em favor de Sodoma (Gn 18:22-33) deve nos encorajar a orar
pelos ímpios que estão em uma condição desesperadora de pecado. Além disso, a
resposta atenta de D'us à insistência de Avraham e Sua disposição de perdoar por
causa de apenas "dez" justos é um conceito "revolucionário", como aponta Gerhard F.
Hasel: "De maneira extremamente revolucionária, o antigo pensamento coletivo, que
punia o membro inocente da associação culpada, foi transposto a algo novo: a presen-
ça de um remanescente de justos poderia ter uma função preservadora para o todo.
[...] Por causa do remanescente justo, Hashem, em sua justiça [tsedacá], perdoaria a
cidade iníqua. Essa noção é amplamente expandida na declaração profética do Servo
de Hashem que opera a redenção 'para muitos" (2).
"Ao nosso redor, existem vidas que estão afundando em ruína tão irremediável
e terrível como aquela que recaiu sobre Sodoma. A cada dia o tempo de graça de
alguém se encerra. [...] Onde estão as vozes de aviso e apelo, dizendo para o pecador
fugir dessa condenação terrível? Onde estão as mãos estendidas para fazê-lo retro-
ceder do caminho da morte? Onde estão os que [...] intercedem junto a D'us por ele?
"O espírito de Avraham era o espírito do Messias. E o Filho de D'us é o grande
Intercessor em favor do pecador. Aquele que pagou o preço pela redenção do ser
humano sabe o valor de uma vida" (3).
REFERÊNCIAS
(1)
Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 125 [157, 158] (contextualizado)
(2)
Gerhard F. Hasel, The Remnant, p. 150, 151 (contextualizado)
(3)
Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 110 [140] (contextualizado)
LEITURA COMPLEMENTAR
Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 315-319 (370-373)
OMER DIA 27
60 Bereshit|בראשית
Shabat
OMER DIA 28
A promessa
VERSO PARA MEMORIZAR
"E Avraham (Abrahão) era velho, entrado em dias, e o Eterno o abençoara em tudo." (Gn
24:1)
LEITURAS DA SEMANA
Gn 22; Hb 11:17; Lv 18:21; Jo 1:1-3; Rm 5:6-8; Gn 23-25; Rm 4:1-12
Introdução
F inalmente, como D’us havia prometido, Sara ( )שרהdeu à luz um filho a Avraham
(Abrahão), “em idade avançada" (Gn 21:2), e ele chamou o bebê de Its’hac (Isaac)
(ver Gn 21:1-5). Mas a história de Avraham estava apenas começando, e atingiu seu
ápice quando ele levou seu filho ao monte Moriá para ser olah, oferenda queimada.
Contudo, Its’hac foi substituído por um carneiro (Gn 22:13), o que indicava o com-
promisso de D’us em abençoar as nações por meio “de seus descendentes” (Gn
22:17, 18), Yeshua (At 13:23). Nessa história surpreendente (e de certa forma pertur-
badora), revelou-se mais do plano da salvação. Sejam quais forem as profundas li-
ções espirituais desse relato, a família de Avraham, no entanto, deve ter ficado aba-
lada por isso, e o futuro do patriarca era incerto. Sara morreu imediatamente após
a oferenda queimada em Moriá (Gn 23), e Its’hac permaneceu solteiro.
Então, Avraham tomou a iniciativa de se certificar de que o futuro "certo" o se-
guiria. Ele arranjou o casamento de seu filho com Rivcá (Rebeca) (Gn 24), que daria
à luz dois filhos (Gn 25:21-23), e o próprio Avraham se casou com Keturá, que lhe
daria muitos filhos (Gn 25:1-6). Nesta semana, seguiremos Avraham até o fim de sua
vida (Gn 25:7-11).
LEITURAS DA SEMANA
62 Bereshit|בראשית
15 de maio | יום ראשוןYom Rishon 14 Iyar Domingo
Monte Moriá
1. Qual foi o significado desse teste? Que lições espirituais há nesse evento incrível?
(Gn 22:1-12 e Hb 11:17).
A história de Avraham e Its’hac no Moriá ensina a você lições sobre a sua própria
fidelidade?
OMER DIA 29
D’us proverá
2. Como D’us cumpriu Sua promessa de prover? O que foi provido? (Gn 22:8, 14, 18)
Quando Its’hac perguntou sobre o animal para o sacrifício, Avraham deu uma res-
posta intrigante: D’us "D'us proverá para Si o cordeiro para a oferta de elevação" (Gn
22:8). No entanto, a forma verbal hebraica pode significar “D’us proverá a Si como o
cordeiro". O verbo ֹלו-( ִי ְר ֶא הyiré lo), prover, é usado de uma forma que pode significar
"providenciar a si mesmo" (ou literalmente, "ver a si mesmo").
Sendo assim, o que nos é mostrado, então, é a essência do plano da redenção, com
o próprio Senhor providenciando e pagando em si mesmo a penalidade pelos nossos
erros!
3. Como esses versos nos ajudam a entender o que aconteceu no madeiro, prefigura-
do a oferenda queimada feita no monte Moriá? (Leia Jo 1:1-3 e Rm 5:6-8)
No monte Moriá, muito antes do sacrifício no madeiro, o cordeiro "preso pelos chi-
fres nos arbustos" (Gn 22:13) apontava diretamente para o Messias Yeshua. Ele é Aque-
le que foi "visto" ali, como Avraham explica mais tarde, “Neste Monte do Eterno (D'us)
aparecerá (a seu povo).” (Gn 22:14). O próprio Messias apontou para essa declaração
profética de Avraham, quando disse: “Avraham, o pai de vocês, alegrou-se porque veria
o meu dia, ele o viu e então se regozijou.” (Jo 8:56).
"Foi para impressionar a mente de Avraham com a realidade da vinda do Messias
e para provar sua confiança que D’us mandou que ele matasse seu filho. A aflição que
ele sofreu durante os dias tenebrosos daquela terrível prova foi permitida para que
compreendesse por sua própria experiência algo da grandeza do sacrifício feito pelo
infinito D’us para a redenção do ser humano" (1).
O que aconteceu no monte Moriá nos ajuda a entender melhor o evento no madeiro
e o que D’us sofreu por nós? Qual deve ser nossa resposta a isso?
OMER DIA 30
64 Bereshit|בראשית
17 de maio | יום שלישיYom Shlishi 16 Iyar Terça
A morte de Sara
B ereshit relata o nascimento de Rivcá (Rebeca) (Gn 22:23), que antecipa o futuro
casamento entre ela e Its’hac (Gn 24). Da mesma forma, o relato da morte e do
sepultamento da esposa de Avraham, Sara (Gn 23), antecipa o futuro casamento do
patriarca com Keturá (Gn 25:1-4).
O que Bereshit nos diz sobre a reputação de Avraham? (Gn 23:6). Por que isso é im-
portante para entender o que o Eterno fez por intermédio do patriarca?
OMER DIA 31
B ereshit conta a história do casamento de Its’hac após a morte de Sara (Gn 24). As
duas histórias estão relacionadas.
5. Por que Avraham não queria que seu filho se casasse com uma mulher dos ca-
naneus? (Gn 24)
Assim como Avraham queria adquirir a terra para sepultar a esposa, por cau-
sa da promessa de D’us aos seus descendentes de que possuiriam essa terra, ele
insistiu que Its’hac não se fixasse fora da terra prometida (Gn 24:7). Além disso, o
movimento de Its’hac para levar sua noiva até a tenda de Sara e a nota de que Rivcá
o confortou "pela morte de sua mãe" (Gn 24:67) ressaltam a dor dele pela perda.
A história está cheia de preces e respostas à elas e é rica em lições sobre a pro-
vidência de D’us e a liberdade humana. Tudo começou com a prece de Avraham.
Jurando pelo “Eterno, o D'us do céu e o D'us da terra" (Gn 24:3), essa oração é antes
de tudo um reconhecimento do Eterno como o Criador (Gn 1:1; 14:19), com influên-
cia direta sobre o nascimento dos descendentes de Avraham, incluindo o próprio
Messias.
A referência a "Seu anjo" e "o Eterno, o D'us do céu" (Gn 24:7), apontava para o
Anjo do Eterno, que desceu para resgatar Its’hac da morte (Gn 22:11). O D’us que
controla o Universo, que interveio para salvar Its’hac, o conduziria no casamento.
Avraham deixou em aberto, no entanto, a possibilidade de que a mulher não
respondesse ao chamado. Por mais poderoso que seja, D’us não força os humanos a
Lhe obedecer. Embora fosse o plano de D’us que Rivcá seguisse Eliezer, ela poderia
ter exercido sua liberdade. Ou seja, era possível que ela não quisesse ir; nesse caso,
não seria forçada.
Portanto, vemos nesse relato outro exemplo do mistério de como D'us nos deu,
como humanos, o livre-arbítrio, uma liberdade que Ele não desrespeita (se o fi-
zesse, não seríamos livres). No entanto, de alguma forma, apesar da liberdade e
das terríveis escolhas que fazemos, podemos crer que, no fim, o amor e a bondade
prevalecerão.
Por que é tão reconfortante saber que embora nem todas as coisas sejam da vonta-
de de D’us, Ele ainda está no comando? De que forma profecias (como Daniel 2, por
exemplo) nos mostram isso?
OMER DIA 32
66 Bereshit|בראשית
19 de maio | יום חמישיYom Hamishi 18 Iyar Quinta
D epois que Sara morreu, Avraham se casou novamente. Como Its’hac, ele foi con-
solado após a morte de Sara (Gn 24:67), cuja memória com certeza ainda devia
estar vívida na mente do patriarca, assim como na de seu filho.
A identidade de sua nova esposa não é clara. O cronista menciona os filhos de
Keturá (Quetura) e os filhos de Hagar, sem mencionar o nome de Hagar (lCr 1:28-
31). Os sábios nos dizem que Keturá e Hagar eram a mesma pessoa (2). Além disso,
Avraham se comportou com os filhos de Keturá da mesma forma que com o filho
de Hagar: ele os mandou embora para evitar qualquer influência espiritual e para
fazer distinção clara entre seu filho com Sara e os outros filhos.
Ele deu “todos os bens a Its’hac", enquanto "aos filhos de suas concubinas, deu
concessões" (Gn 25:5, 6). Em 1 Crônicas 1:32, 33, Keturá é chamada de "concubina".
Porém, não temos evidências conclusivas sobre essa possível identificação de Ketu-
rá com Hagar. A sutil alusão a Sara (Gn 24:67) foi um prelúdio ao novo casamento
de Avraham com Keturá.
Gn 25:1-4, 12-18 apresenta uma lista dos filhos que Avraham teve com Keturá,
bem como uma lista dos filhos de Ishmael (Ismael). O propósito da genealogia após
o casamento de Avraham com Keturá, que lhe deu seis filhos, em contraste com seus
outros dois filhos (Its’hac e Ishmael), talvez seja oferecer evidência imediata da
promessa de D’us de que Avraham seria o pai de muitas nações.
A segunda genealogia traz os descendentes de Ishmael, que compunham 12 tri-
bos (Gn 17:20), assim como aconteceria com Iaacóv (Jacob) (Gn 35:22-26), embora a
aliança de D’us seja reservada à descendência de Its’hac (Gn 17:21), não à de Ishma-
el, um ponto sobre o qual as Escrituras são claras. O relato da morte de Avraham,
entre as duas genealogias (Gn 25:7-11), testifica a bênção de D’us e revela o cum-
primento de Sua promessa a Avraham, feita muitos anos antes: de que ele morreria
"em idade avançada" (Gn 15:15; Ec 6:3).
O Eterno foi fiel às Suas promessas de graça ao fiel servo Avraham, cuja confian-
ça é descrita como um grande exemplo, senão o melhor, da confiança no D’us que
nos redime mediante confiança (Rm 4:1-12).
OMER DIA 13
Estudo adicional
A vraham foi um profeta extraordinário com quem D’us compartilhou, até certo ponto,
Seu plano da redenção por meio do sacrifício de Seu Filho (Gn 18:17).
“Its’hac era um símbolo do Filho de D'us, oferecido em sacrifício pelos pecados do
mundo. D’us queria imprimir na mente de Avraham a boa notícia da redenção para o ser
humano. A fim de fazê-lo, e tornar essa verdade real para ele, bem como provar-lhe a sua
confiança no Eterno, pediu que matasse seu querido Its’hac. [...] Foi-lhe feito compreender,
pela própria experiência, quão inexprimível era a abnegação de D’us em dar o próprio
Filho para morrer a fim de redimir o ser humano da total perdição. Nenhuma tortura
mental poderia ser para Avraham igual àquela que sofrera ao obedecer à ordem divina de
sacrificar seu filho" (3).
"Avraham já estava idoso e não esperava viver muito; no entanto, ainda precisava fa-
zer uma coisa que garantiria o cumprimento da promessa à sua posteridade. Its’hac era
aquele que havia sido divinamente designado para suceder-lhe como guardião da lei de
D’us e ser pai do povo escolhido. Contudo, Its’hac ainda era solteiro. Os habitantes de Ke-
na’an estavam entregues à idolatria, e D'us havia proibido casamentos entre Seu povo e
eles, sabendo que esses casamentos conduziriam à apostasia. O patriarca receou o efeito
das influências corruptoras que rodeavam seu filho. [...] Para Avraham, escolher uma es-
posa para seu filho era assunto de suma importância, pois queria que ele se casasse com
uma mulher que não o afastasse de D’us. [...]
"Confiando na sabedoria e no amor de seu pai, Its’hac estava satisfeito com a entrega
dessa questão a ele, crendo também que o próprio D’us dirigiria a escolha a ser feita" (4).
REFERÊNCIAS
(1)
Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 122 [154] (contextualizado)
(2)
Rashi Para Genesis 25:1
(3)
Ellen G. White, Testemunhos, v. 3, p. 305 [369], (contextualizado)
(4)
Ídem, Patriarcas e Profetas, p. 137 [171], (contextualizado)
OMER DIA 34
68 Bereshit|בראשית
Shabat
OMER DIA 35
Iaacóv, o enganador
VERSO PARA MEMORIZAR
"Esaú (Essáv) disse: Não se chama ele com razão Jacob (Iaacóv), visto que por duas vezes
me enganou? A minha primogenitura tomou, e eis que agora tomou minha bênção! – e
disse: Mas certamente reservaste para mim uma bênção?" (Gn 27:36)
LEITURAS DA SEMANA
Gn 25:21-34; 28:10-22; 11:1-9; 29:1-30; 30:25-32
Introdução
LEITURAS DA SEMANA
70 Bereshit|בראשית
22 de maio | יום ראשוןYom Rishon 21 Iyar Domingo
Iaacóv e Essáv
1. Compare as personalidades de Iaacóv e Essáv. Que qualidades de Iaacóv o predis-
puseram a ser digno da bênção de Its’hac? (Gn 25:21-34)
D esde o ventre de sua mãe, percebemos que Iaacóv e Essáv eram diferentes e lutariam
um contra o outro. Enquanto Essáv é descrito como perito caçador, homem do campo,
Iaacóv é visto como alguém tranquilo, assentado à tenda e meditando. A palavra hebraica
( תםtam), traduzida como "pacato", é a mesma aplicada a Ióv (Jó) e a Nôah (Noé), traduzida
como "íntegro" para Ióv (Jó 8:20) e "justo" para Nôah (Gn 6:9).
Essa diferença de caráter se tornaria evidente mais tarde (Gn 27- 28:5). Quando Essáv
chegou em casa cansado e com fome, Iaacóv havia preparado lentilhas para si. Para Essáv,
o prazer imediato visível e físico do alimento (Gn 25:32) foi mais importante do que a bên-
ção futura associada ao seu direito de primogenitura (compare com Hb 12:16, 17).
"As promessas feitas a Avraham e confirmadas ao seu filho eram consideradas por
Its’hac e Rivkah (Rebeca) o grande objetivo de seus desejos e esperanças. Essáv e Iaacóv
estavam familiarizados com essas promessas. Foram ensinados a considerar a primogeni-
tura algo de grande importância, pois incluía não somente a herança das riquezas terres-
tres, mas também a liderança espiritual. Aquele que a recebia devia ser o cohen (sacerdo-
te) da família, e na linhagem de sua posteridade viria o Redentor do mundo" (1).
Para Iaacóv, em contraste com seu irmão, o significado espiritual da bênção era o que
importava. No entanto, depois, instigado por sua mãe (Gn 27), Iaacóv enganou seu pai de
maneira aberta e proposital, até mesmo usando o nome do “Eterno, nosso Deus" (Gn 27:20)
ao perpetrar o artifício. Ele cometeu esse engano terrível, ainda que por algo que sabia ser
bom.
Os resultados foram trágicos, acrescentando mais disfunções a uma família já disfun-
cional.
Iaacóv queria algo bom, algo de valor, e isso era admirável (especialmente em com-
paração com a atitude de seu irmão); porém enganou e mentiu para conseguir seu
propósito. Como podemos evitar cair em armadilha semelhante?
OMER DIA 36
A escada de Iaacóv
A ssim que Essáv descobriu que Iaacóv havia recebido a bênção de seu pai, percebeu
que havia sido enganado pelo irmão (Gn 27:36) e quis matá-lo (Gn 27:42). Rivká se
preocupou e procurou evitar esse crime, que seria fatal para os dois filhos (Gn 27:45).
Assim, com o apoio de Its’hac (Gn 28:5), ela exortou Iaacóv a fugir para casa de parentes
(Gn 27:43). No caminho para o exílio, Iaacóv encontrou D’us em um sonho num lugar a
que ele chamou de Beit-El, "a casa de D’us", e ali fez um voto.
Nesse sonho, Iaacóv viu uma escada extraordinária ligada a D’us. O mesmo verbo
hebraico, ( נצבnatsav, conjugado no texto na forma “mutsav” )מצב, é usado para se re-
ferir à escada que é "posta na Terra" (Gn 28:12) e ao Eterno que "estava perto" de Iaacóv
(Gn 28:13), como se a escada e o Eterno fossem a mesma coisa.
A escada estava relacionada à tentativa de Bavel de alcançar o Céu. Como a torre de
Bavel, a escada chegava à "porta do Céu". Mas enquanto a torre representava o esforço
humano para subir e alcançar D’us, a escada de Beit-El enfatizava que o acesso a D’us
só podia ser alcançado pela vinda de D’us a nós, e não o contrário.
Quanto à "pedra" na qual Iaacóv colocou sua cabeça e teve o sonho, ela se tornou
o símbolo de Beit-El, "a casa de D’us" (Gn 28:17, 22), que apontava para o templo, o
mishcan (santuário), o centro da atuação salvífica de D’us em favor da humanidade.
Iaacóv não limitou ao espiritual e ao místico sua expressão de adoração e senso de
admiração em relação ao que lhe havia acontecido. Ele queria responder em termos
externos concretos. Assim, decidiu "dar maasser (dízimo)” a D’us, não para obter a
bênção divina, mas como uma resposta de gratidão ao presente de Eterno, que já tinha
sido dado a ele. Novamente vemos o conceito do maasser muito antes do surgimento
da nação de Israel.
“Um décimo" seria tirado "de tudo o que" D’us lhe concedesse (Gn 28:22). O que con-
cluímos do que Iaacóv disse sobre o maasser e o que ele representa?
OMER DIA 37
72 Bereshit|בראשית
24 de maio | יום שלישיYom Shlishi 23 Iyar Terça
O enganador enganado
3. Como Laván (Labão) enganou Iaacóv? Por que D’us permitiu isso? Que lições Iaa-
cóv aprendeu com essa experiência? (Gn 29:1-30)
A primeira coisa que Iaacóv viu ao chegar ao seu destino foi uma pedra, talvez uma
alusão à pedra de Beit-El, cujo significado era a presença divina (Gn 28:18, 19).
Afinal, foi essa pedra que deu a Iaacóv a oportunidade de interagir com Rahêl. Quando
ouviu dos pastores que Rahêl estava vindo com suas ovelhas para dar água ao rebanho,
exortou que rolassem a pedra. Eles não o fizeram, o que deu a Iaacóv a oportunidade
de fazer isso ele mesmo e de se apresentar a Rahêl (Gn 29:11).
A reação dela foi correr até sua família. Esse primeiro contato entre Iaacóv e Rahêl
foi produtivo: “Iaacóv apaixonou-se por Rahêl“ (Gn 29:18), tanto que os sete anos que
trabalhou para Lavan em troca dela foram como "poucos dias" (Gn 29:20).
Contudo, após esses sete anos, Iaacóv foi enganado. Na noite do casamento, ele en-
controu Le’ah em sua cama, a irmã mais velha, e não Rahêl. Tirando vantagem da con-
fusão da festa e da intensa emoção e vulnerabilidade de Iaacóv, Lavan executou esse
plano. Curiosamente, Iaacóv usou a mesma raiz da palavra "enganar" (Gn 29:25) que
Its’hac havia usado para caracterizar o comportamento de Iaacóv para com o próprio
pai e para com seu irmão (Gn 27:35).
O mesmo pensamento está implícito na lex talionis ("lei da retaliação"), "olho por
olho, dente por dente" (Êx 21:24; Gn 9:6), que forçava o culpado a se identificar com
sua vítima no sentido de que ele sofresse o que a vítima tivesse sofrido. Portanto, o que
Iaacóv tinha feito a outra pessoa fizeram a ele.
Iaacóv então entendeu o que era ser enganado. Ironicamente, D’us ensinou Iaacóv
sobre seu próprio engano por meio do engano de Lavan. Embora, como "enganador"
(Gn 27:12), Iaacóv soubesse bem o que significava isso, ele se surpreendeu quando foi
vítima. Assim, perguntou: "Por que [...] o senhor me enganou?" (Gn 29:25), o que mostra
que ele sabia que enganar era errado.
Embora Iaacóv fosse enganador, ele mesmo foi enganado. Como confiar em D’us
quando não vemos “justiça”, quando pessoas que praticam o mal se livram das con-
sequências e quando os inocentes sofrem?
OMER DIA 38
A bênção da família
P ara Iaacóv, os últimos sete anos de exílio foram um fardo e, mesmo assim, os mais fru-
tíferos . Iaacóv se tornou pai de 11 dos 12 filhos que se tornariam os ancestrais do povo
de D’us.
Essa seção constitui o centro da história de Iaacóv (Gn 25:19-35:26) e começa e termina
com a frase-chave: D'us “a tornou fértil", referindo-se a Leá (Gn 29:31) e a Rahêl (Gn 30:22;
compare com Gn 25:21). Cada vez que essa declaração é seguida por nascimentos, eles são
o resultado de um milagre divino.
D’us abriu o ventre de Leá, e ela teve um filho, Reuven (Rúben, )ראובן, cujo nome con-
tém o verbo raá ()רא, que significa "ver". Porque D'us "viu" que ela não era amada por Iaa-
cóv (Gn 29:31), essa criança foi uma compensação para ela em sua dor e seu sofrimento.
Além disso, deu o nome de Shimon (Simeão, )שמעון, que contém o verbo shama ()שמע,
"ouvir", ao seu segundo filho, porque D'us "ouviu" (shama) a profundidade e a humilhação
de sua dor e, portanto, teve pena dela assim como tinha ouvido a aflição de Hagar (Gn
29:33).
Shimon se conecta ao nome do filho de Hagar, Ishmael (Ismael, )ישמעאל, que significa
“D'us presta atenção [ou ainda, D'us ouviu]“ (Gn 16:11). Quando Leá deu à luz seu último
filho, o chamou de Iehudá (Judá, )יהודה, que significa "louvor". Leá não se referiu mais à
sua dor, nem mesmo à bênção. Ela se concentrou em D’us e O louvou por Sua graça.
É curioso que, somente quando Leá não conseguiu dar à luz novamente, D’us Se lem-
brou de Rahêl e abriu o ventre dela (Gn 30:22). A esposa amada esperou sete anos após seu
casamento e 14 anos após seu noivado com Iaacóv para ter seu primeiro filho (Gn 29:18,
27; Gn 30:25). Ela deu-lhe o nome de Iossef (José, )יוסףpara significar que "D'us removeu
(assaf, ")אסףdela a sua desgraça e lhe daria "ainda outro filho" (Gn 30:23, 24). Por mais
erradas que fossem algumas dessas atitudes, D’us foi capaz de usar essas ações, mesmo
que não as tolerasse, a fim de criar uma nação da semente de Avraham.
De que forma essa história revela que os propósitos divinos serão cumpridos no Céu
e na Terra, apesar das fraquezas e dos erros humanos?
OMER DIA 39
74 Bereshit|בראשית
26 de maio | יום חמישיYom Hamishi 25 Iyar Quinta
Iaacóv partiu
I aacóv, que enganou seu pai e seu irmão para adquirir a primogenitura e roubou a bên-
ção que Its’hac planejava dar a seu filho mais velho, permaneceu passivo em relação a
Lavan e o serviu fielmente. Iaacóv sabia que tinha sido enganado pelo sogro e, mesmo as-
sim, não fez nada. É difícil entender a passividade de Iaacóv considerando seu tempera-
mento. Ele poderia ter se revoltado, ter resistido com Lavan ou barganhado com ele. Mas
não fez isso. Apenas fez o que Lavan pediu, sem se importar com a injustiça.
No nascimento do primeiro filho de Rahêl, Iossef, Iaacóv chegou ao décimo quarto ano
de seu "serviço" a Lavan (Gn 30:26) e desejou retornar à terra prometida. Porém, Lavan se
preocupava em prover para sua "própria casa" (Gn 30:30).
5. O que aconteceu e que argumento Iaacóv usou? Qual foi a resposta de Lavan? (Gn
30:25-32)
Foi um longo desvio para Iaacóv, que havia saído de casa para encontrar uma esposa.
Provavelmente não fosse sua intenção original ficar longe de seu país por tanto tempo,
mas os acontecimentos o mantiveram afastado por anos. Era hora de voltar para casa, ele
e a família que havia formado.
Por que Iaacóv não deixou Lavan antes? A conformidade não natural de Jacob sugere
que talvez tivesse mudado e entendido a lição de confiar nos caminhos do Eterno. Ou seja,
Iaacóv esperou o sinal de D’us para partir. Iaacóv decidiu agir somente quando D’us falou
com ele.
D’us Se revelou a Iaacóv como "o D'us de Beit-El“ e ordenou que deixasse a casa de
Lavan e voltasse para “terra onde [ele] nasceu“ (Gn 31:13) com as mesmas palavras que
havia usado para chamar Avram (Abrão, ( )אברםGn 12:1).
O que o ajudou a ver que era hora de ir também foi a atitude de Lavan e de seus filhos
(Gn 31:1, 2). "Iaacóv teria deixado seu astuto sogro muito tempo antes, não fosse o medo de
se encontrar com Essáv. Agora via ele que estava em perigo por causa dos filhos de Lavan,
que, ao olhar para sua riqueza como se fosse deles, poderiam tomá-la pela violência" (2).
Portanto, ele pegou a família, seus bens e partiu, iniciando assim outra fase na grande
saga do povo da aliança de D’us.
OMER DIA 40
Estudo adicional
H ashem escolheu Iaacóv, não porque este merecesse, mas por causa de Sua graça. No
entanto, Iaacóv trabalhou arduamente para tentar merecê-la, o que em si é uma con-
tradição. Se a merecesse, então não seria graça; seriam ações (Rm 4:1-5), o que é contrário
ao propósito divino. Só depois Iaacóv entendeu a graça divina e o que significava confiar
em D’us, viver pela confiança em D’us e ser dependente de Eterno. O exemplo de Iaacóv
contém uma lição para o ambicioso: não se esforce para se promover às custas dos outros.
"Iaacóv havia pensado em obter o direito aos privilégios da primogenitura por meio do
engano, mas se viu desapontado. Achou que tivesse perdido tudo, sua ligação com o Eter-
no, seu lar, tudo; e ali estava ele, um fugitivo frustrado. Mas o que Hashem fez? Olhou para
ele em sua condição sem esperança, viu-lhe o desapontamento e entendeu que ali havia
potencial que ainda poderia render glória a D’us. Tão logo viu aquela condição, apresen-
tou em visão a escada que representa o Messias Yeshua. Ali estava um homem que havia
perdido a ligação com D’us, e Ele o contemplou e consentiu que o Messias transpusesse o
abismo que o pecado havia ocasionado.
"Poderíamos ter olhado e dito: Anseio pelo Céu, mas como posso alcançá-lo? Não vejo
como. Foi isso que Iaacóv pensou, e assim D’us lhe mostrou a visão da escada, e essa escada
liga a Terra ao Céu, Machiach. A pessoa pode subir por ela, pois sua base repousa na Terra,
e seu topo alcança o Céu" (3).
REFERÊNCIAS
(1)
Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 143 [177], (contextualizado)
(2)
Ibidem, p. 156 [193), (contextualizado)
(3)
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 1, p. 1206 (contextualizado)
TEXTO COMPLEMENTAR
Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 741-764
OMER DIA 41
76 Bereshit|בראשית
Shabat
OMER DIA 42
Iaacóv-lsrael
VERSO PARA MEMORIZAR
"E disse-lhe: Qual é teu nome? – e disse: Jacob (Iaacóv). E disse: Não, Jacob não será mais
teu nome, e sim Israel, pois lutaste com o anjo de D'us e com homens e prevaleceste." (Gn
32:28 e 29)
LEITURAS DA SEMANA
Gn 32:22-31; Os 12:3, 4; Jr 30:5-7; Gn 33; 34:30-35:29
Introdução
A mão de D'us e Sua fidelidade às promessas da aliança são reveladas na história fa-
miliar de Iaacóv (Jacob).
Nesta semana veremos Iaacóv voltando para casa, tendo que enfrentar Essáv (Esaú),
vítima de sua traição. O que seu irmão, tão gravemente injustiçado, faria com ele?
Felizmente, em meio ao medo do que estava por vir, o Eterno D'us dos pais de Iaa-
cóv apareceu novamente a ele em um incidente que mais tarde seria conhecido como
o "tempo de angústia para Iaacóv" (Jr 30:5-7). E, naquela noite, Iaacóv, o "enganador",
tornou-se "Israel"; um novo nome para um novo começo, que resultaria em uma nação
com o seu nome.
A história dos patriarcas e de sua família é contada nas Escrituras para nos mostrar
que D'us é fiel para cumprir o que prometeu e que o fará ainda que às vezes pareça que
Seu povo faz de tudo para impedir esse cumprimento.
LEITURAS DA SEMANA
78 Bereshit|בראשית
29 de maio | יום ראשוןYom Rishon 28 Iyar Domingo
L onge de Laván (Labão), Iaacóv logo teve outra experiência com D'us. Sabendo que
seu irmão, Essáv, estava se aproximando com "quatrocentos homens" (Gn 32:6),
ele orou fervorosamente ao Eterno e declarou: "Sou indigno de todas as misericórdias e
de toda a fidelidade que tens usado para com o Teu servo" (Gn 32:10). Iaacóv, na verdade,
estava entendendo melhor do que se tratava a graça. E como o Eterno respondeu?
1. Qual é o significado espiritual dessa história incrível? (Gn 32:22-31 e Oseias 12:3, 4.
Iaacóv estava angustiado. Após fazer o que podia para proteger sua família, acampou
para passar a noite. Repentinamente, foi atacado por "um Homem" (Gn 32:24). Esse ter-
mo pode ter conotações especiais, evocando a presença divina (Is 53:3). Daniel o usou
para se referir ao Cohen do Céu, Mihael (Dn 10:5); essa palavra foi usada por Iehoshuá
(Josué) para descrever o "comandante do Exército do Eterno", a quem ele chamou pelo
próprio nome do Eterno (( )יהוהJs 5:13-15).
Em meio à luta, deve ter se tornado óbvio para Iaacóv que ele estava lutando com o
próprio D'us, como revelaram suas palavras: "Não O deixarei ir se Você não me abenço-
ar!" (Gn 32:26). No entanto, seu apego fervoroso a D'us e sua recusa em deixá-Lo também
revelam o ardente desejo m de perdão e de estar bem com Hashem.
"O erro que determinara o pecado de Iaacóv ao obter pela fraude a primogenitura
estava agora apresentado claramente diante dele. Não havia confiado nas promessas de
D'us, mas procurara pelos seus próprios esforços efetuar aquilo que D'us teria cumprido
no tempo e da maneira Dele" (1).
A evidência de que ele havia sido perdoado foi a mudança de seu nome, de uma lem-
brança de seu pecado para uma que celebrava sua vitória. "Não", disse o Anjo, "Jacob
(Iaacóv) [o enganador] não será mais teu nome, e sim Israel, pois lutaste com D'us e com
homens e prevaleceste." (Gn 32:28).
Qual tem sido sua experiência em relação à luta com D'us? O que significa isso e por
que às vezes é importante termos esse tipo de experiência?
OMER DIA 43
D e Peniel ("face de D'us"; Gn 32:30), o lugar em que teve essa experiência com D'us,
Iaacóv se dirigiu ao encontro com seu irmão. Após 20 anos de separação, Iaacóv
o viu chegando com 400 homens (Gn 33:1). Ele estava preocupado e, portanto, prepa-
rou a si mesmo e sua família.
Iaacóv se curvou sete vezes diante de seu irmão (Gn 33:3) a quem ele chamou vá-
rias vezes de Adoni "meu senhor" (Gn 33:8, 13, 15) e se identificou como seu "servo"
(Gn 33:5; compare com Gn 32:4, 18, 20). As sete reverências de Iaacóv relembram as
sete bênçãos de seu pai (Gn 27:27-29); além disso, quando se curvou, especificamen-
te reverteu a bênção de seu pai, que determinou que nações o reverenciassem (Gn
27:29).
É como se a intenção de Iaacóv fosse pagar sua dívida com seu irmão e devolver a
bênção que havia roubado dele (ver Gn 33:11). Quando Essáv viu Iaacóv, contra todas
as expectativas, correu para ele e, em vez de matá-lo, "o beijou; e choraram" (Gn 33:4).
Mais tarde, Iaacóv comentou com Essáv: "ver o seu rosto é como contemplar o
semblante de D'us" (Gn 33:10). A razão para essa declaração extraordinária de Iaacóv
é seu entendimento de que Essáv o havia perdoado. O verbo hebraico רצratsá, alcan-
çar favor (Gn 33:10), é um termo bíblico que se refere a qualquer sacrifício que seja
"agradável", "aceito" por D'us, o que então implica perdão divino (Lv 22:27; Am 5:22).
A experiência de Iaacóv com o perdão divino em Peniel, onde ele viu a face de
D'us, se repetiu em sua experiência com o perdão de seu irmão. Iaacóv viveu o Peniel
uma segunda vez, a primeira foi um preparo para a segunda. Iaacóv foi perdoado por
D'us e por seu irmão. Ele deve ter entendido, ainda mais do que antes, o significado
da graça.
O que você aprendeu sobre a graça do Eterno (chessed Hashem) pela maneira como
outras pessoas já o perdoaram?
OMER DIA 44
80 Bereshit|בראשית
31 de maio| יום שלישיYom Shlishi 1 Sivan Terça
A pós ter se reconciliado com seu irmão, Iaacóv desejou se estabelecer ( שָׁל וֹםshalom),
paz, na terra de Canaan. A expressão ( ַו ָּיבֹא שָׁ לֵםvaiyavo shalem), chegou são e salvo
(Gn 33:18), em que שלֵםָׁ (shalem), que deriva do verbo ( שלםshalam), "estar seguro", "es-
tar completo", "estar em paz", é usada pela primeira vez para caracterizar sua jornada.
Depois de ter comprado um pedaço de terra dos habitantes (Gn 33:19), Iaacóv ergueu
um altar ali, mostrando sua confiança e sua compreensão do quanto dependia do Eterno.
Para cada um dos sacrifícios oferecidos, havia um ato de adoração.
No entanto, pela primeira vez em sua vida, Iaacóv-Israel estava exposto aos proble-
mas de se estabelecer na terra. Como Its’hac em Gerar com Aviméleh (Gn 26:1-33), Iaacóv
tentava encontrar um lugar entre os cananeus.
3. O que aconteceu para atrapalhar os planos que o patriarca tinha de uma existên-
cia pacífica? (Gn 34).
Nesses relatos vemos engano após engano, bem como atos de bondade e graça. O
que isso nos diz sobre a natureza humana?
OMER DIA 45
Idolatria prevalecente
4. Que lições podemos aprender no capítulo 34 sobre adoração verdadeira? (Gn
34:30-35:15).
A pós a reclamação de Iaacóv de que sua shalom com os cananeus havia sido compro-
metida, e depois que seus dois filhos foram repreendidos (Gn 34:30, 31), D'us o exortou
a deixar Shehém e retornar a Bet-El a fim de renovar sua aliança. O Eterno lhe disse que,
uma vez lá, ele deveria construir um altar.
Depois da ordem de D'us, Iaacóv disse a seu povo que eliminasse os ídolos cananeus
saqueados da cidade de Shehém e os deuses domésticos roubados por Rahêl (Gn 31:19, 32).
Tudo isso também é crucial para a ideia da aliança com D'us.
Esses ídolos foram mantidos e, provavelmente, adorados, apesar do compromisso de
Iaacóv com D'us. Não bastou deixar Shehém para escapar da influência cananeia. Iaacóv
teve que tirar os ídolos do acampamento e do coração do povo.
A teshuvá consiste em mais do que uma mudança física de um lugar para outro. O mais
importante é que busquemos, B"H, eliminar a idolatria do nosso coração, independente-
mente de onde vivemos, pois podemos fazer ídolos de praticamente qualquer coisa.
Quando Iaacóv obedeceu a D'us e procedeu de acordo com o mandamento divino, o
Eterno finalmente interveio, e "o pavor de D'us" (Gn 35:5) afetou todas as pessoas ao seu
redor, e não ousaram atacar Iaacóv. Ele estava pronto para adorar com "todo o povo que
estava com ele" (Gn 35:6), sugerindo que a unidade familiar tinha sido restaurada. Iaacóv
deu àquele lugar o nome de El Bet-El, uma lembrança de seu sonho da escada, um sinal de
que a reconexão entre o Céu e a Terra, rompida por algum tempo, havia sido restaurada.
A ênfase está, dessa vez, no D'us de Bet-El, e não no lugar em si. Essa percepção pessoal
ecoou novamente quando D'us lembrou a Iaacóv de seu nome "Israel" (Gn 35:10), com a
dupla promessa que essa bênção indicava. A bênção de Iaacóv, em primeiro lugar, signifi-
ca fecundidade, a transmissão da semente messiânica e a geração de muitas nações (Gn
35:11); e em segundo lugar, aponta para a terra prometida (Gn 35:12).
De que maneira sutil a idolatria pode entrar em nossa vida? O que fazer a esse res-
peito?
OMER DIA 46
82 Bereshit|בראשית
2 de junho | יום חמישיYom Hamishi 3 Sivan Quinta
A morte de Rahêl
5. Que infortúnios Iaacóv teve em sua família disfuncional? Gn 35:15-29
A ssim que Iaacóv saiu de Bet-El, três incidentes relacionados entre si marcaram a últi-
ma etapa de sua jornada em direção à terra prometida: o último filho de Iaacóv nas-
ceu; Rahêl (Raquel) morreu; e Reuven, o primeiro filho de Iaacóv com Leá, dormiu com a
concubina de Iaacóv. Embora o texto não diga por que o jovem fez algo tão mau, pode ser
que ele quisesse de alguma forma desonrar o nascimento do último filho de Iaacóv e humi-
lhar a memória de Rahêl.
O nascimento do último filho de Iaacóv está ligado a Bet-léhem (Belém) (Gn 35:19), que
está dentro dos limites da terra prometida. Esse nascimento foi, então, o primeiro cumpri-
mento da promessa divina para o futuro de Israel. A parteira, profeticamente, se dirigiu a
Rahêl com as mesmas palavras que D'us usou para tranquilizar Avraham: "Não tenha
medo" (Gn 35:17, compare com Gn 15:1).
Iaacóv mudou o nome que Rahêl deu a seu filho, Ben-Oni ('filho da minha dor'), para
mostrar sua dor, para Benjamim [Biniamin], que significa "filho da mão direita", talvez
para indicar a direção do sul, a fim de expressar a esperança na terra prometida e o que
D'us disse que faria por Seu povo depois que se estabelecesse ali.
No entanto, durante esse tempo, Reuven teve relações sexuais com Bilá, a concubina de
seu pai, serva de Rahêl (Gn 35:25; 30:3). Não sabemos por que ele cometeu esse ato escan-
daloso, a não ser como outro exemplo de depravação humana.
Surpreendentemente, Iaacóv não reagiu a essa violação horrível (Gn 35:22). Talvez
nesse ponto de sua vida, ele acreditasse que D'us cumpriria Sua palavra, apesar do pecado
e do mal que às vezes acontecia ao seu redor. Essa lição de confiança está implícita na lista
dos 12 filhos de Iaacóv, ancestrais de Israel (Gn 35:22-26). Não eram as pessoas mais agra-
dáveis e gentis. No entanto, apesar dos problemas, das confusões e do completo mal, como
no caso de Reuven e Bilá, a vontade de D'us seria cumprida por meio dessa família, ainda
que fosse desordenada.
Apesar do erro humano, os propósitos de D'us serão cumpridos. Imagine o que acon-
teceria se as pessoas cooperassem e obedecessem. De modo muito mais fácil, com
menos sofrimento, estresse e demora, a vontade divina seria realizada, concorda?
OMER DIA 47
Estudo adicional
"A experiência de Iaacóv durante aquela noite de luta e angústia representa a prova
pela qual o povo de D'us deverá passar pouco antes da segunda vinda do Messias. O
profeta Irmiáhu (Jeremias), em visão, olhando para esse tempo, disse: 'Ouvimos uma voz
tremulante, repleta de receio e não de paz. [...]
Por que se empalidecem suas faces? Ó, quão grande é a dimensão deste dia! Nenhum
outro se pode comparar a ele; é um tempo de tribulações para Jacob (Iaacóv), mas ele será
salvo delas!' (Jr 30:5, 7). [...]
''Assim como Iaacóv foi ameaçado de morte por seu irmão irado, o povo de D'us estará
em perigo por parte dos ímpios, que procurarão destruí-lo. E assim como o patriarca lutou
toda a noite para conseguir livramento da mão de Essáv, os justos clamarão a D'us dia e
noite por livramento dos inimigos que os cercam. [...]
"Quando, em sua angústia, Iaacóv segurou o Anjo e com lágrimas implorou Seu favor,
o Mensageiro celestial, para provar-lhe a confiança, lembrou-o também de seu pecado e se
esforçou para escapar dele. Iaacóv, porém, não quis soltá-Lo. Tinha aprendido que D'us é
misericordioso e se entregou à Sua misericórdia. Fez referência ao arrependimento de seu
pecado e implorou livramento. Ao rever sua vida, quase chegou ao desespero; mas segurou
firmemente o Anjo e, com fortes gritos de aflição, insistiu em sua súplica até que prevale-
ceu.
"Assim será a experiência do povo de D'us em sua luta final com os poderes do mal." (2)
LEITURA COMPLEMENTAR
Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 158-164 [195-203]
REFERÊNCIAS
(1)
Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 160 [197, 198] (contextualizado)
(2)
Ibidem, p. 162 [201-203] (contextualizado)
OMER DIA 48
84 Bereshit|בראשית
Shabat
OMER DIA 49
LEITURAS DA SEMANA
Gn 37; Mt 20:26; At 7:9; Gn 38; 39; 40:1-41:36
Introdução
A história de Iossêf (José) (Gn 37-50) compreende a última seção do livro de Be-
reshit, desde seus primeiros sonhos em Canaan (Gn 37:1-11) até sua morte no
Egito (Gn 50:26). Ele ocupa mais espaço no livro de Bereshit do que qualquer outro
patriarca. Embora fosse apenas um dos filhos de Iaacóv, ele é apresentado em Be-
reshit como um grande patriarca, como Avraham, Its’hac e Iaacóv.
Como veremos, também, a vida de Iossêf destaca duas verdades teológicas im-
portantes: primeiro, D'us cumpre Suas promessas; segundo, Ele pode transformar
o mal em bem.
No estudo desta semana, vamos nos concentrar no início da vida de Iossêf. Ele é
o filho favorito de Iaacóv, que ironicamente é apelidado de ַּע ל ַה ֲח לֹמ֥וֹת
ַ ( בbaal hacha-
lomot), o "sonhador" (Gn 37:19), cujo significado literal é "senhor dos sonhos", o que
sugere que ele seria um especialista em sonhos. Esse título lhe cabe muito bem,
porque ele não só recebia, entendia e interpretava sonhos proféticos, mas também
os realizava em sua vida.
Nesses capítulos, veremos, novamente, que a providência de D'us é confirmada,
apesar da maldade e da perversidade do coração humano.
LEITURAS DA SEMANA
86 Bereshit|בראשית
5 de junho | יום ראשוןYom Rishon 6 Sivan Domingo
Problemas familiares
I aacóv finalmente se estabeleceu na terra. Enquanto Its’hac era apenas "um foras-
teiro", o texto diz que Iaacóv "habitou na terra" (Gn 37:1). No entanto, foi enquan-
to se estabelecia que os problemas começaram, dessa vez na família. A polêmica
não dizia respeito à posse da terra nem ao uso de um poço; era, principalmente,
espiritual.
1. Que dinâmica familiar predispôs os irmãos de Iossêf a odiá-lo tanto? (Gn 37:1-11).
Desde o início, entendemos que Iossêf, o filho da velhice de Iaacóv (Gn 37:3),
tinha uma relação especial com seu pai, que "o amava mais do que todos os outros
filhos" (Gn 37:4). Ele chegou a fazer para ele "uma túnica listrada com mangas com-
pridas." (Gn 37:3), vestimenta de príncipe (2Sm 13:18), uma indicação da intenção
secreta de Iaacóv de elevar Iossêf, o primeiro filho de Rahêl, à condição de primo-
gênito.
O futuro confirmaria os desejos de Iaacóv, pois Iossêf recebeu os direitos de
primogênito (lCr 5:2). Não é de admirar, então, que seus irmãos o odiassem tanto e
não pudessem nem mesmo ter conversas pacíficas com ele (Gn 37:4).
Além disso, Iossêf levava relatórios ruins a seu pai sobre qualquer comporta-
mento repreensível de seus irmãos (Gn 37:2). Ninguém gosta de delatores.
Então, quando Iossêf compartilhou seus sonhos, sugerindo que D'us o colocaria
em uma posição mais elevada que seus irmãos, que eles se curvariam diante dele,
eles o odiaram ainda mais. O caráter profético genuíno dos sonhos é confirmado
pela repetição (ver Gn 41:32). Embora Iaacóv tivesse repreendido abertamente seu
filho (Gn 37:10), guardou esse incidente na mente, refletindo sobre seu significado
e esperando que se cumprisse (Gn 37:11). Talvez, no íntimo, o pai acreditasse que
esses sonhos pudessem significar algo. E estava certo, por mais que não pudesse
saber disso naquele momento.
Que princípio crucial é revelado nessa passagem, e como podemos aprender a mani-
festar em nossa própria vida o que ela ensina? (Mt 20:26, 27)
SHAVUOT
O ataque a Iossêf
P or mais horríveis que tenham sido os eventos que se seguiram, não são difíceis de
compreender. Estar tão perto de alguém que você odeia, e até mesmo ter parentes-
co, levaria inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, a problemas.
2. Até que ponto um coração não regenerado pode ser perigoso e mau, e o que ele
pode levar qualquer um de nós a fazer? (Gn 37:12-36).
Os irmãos odiavam Iossêf porque tinham ciúmes do favor de D'us (At 7:9), confir-
mado a cada etapa do seguinte curso de eventos. Quando Iossêf se perdeu, um homem
o encontrou e o conduziu (Gn 37:15). Quando os irmãos de Iossêf planejaram matá-lo,
Reuven interveio e sugeriu que fosse jogado em uma cova (Gn 37:20-22).
É difícil imaginar o tipo de ódio expresso aqui, especialmente por alguém de sua
própria casa. Como esses jovens podem ter feito algo tão cruel? Eles não pensaram nem
por um momento sobre como isso impactaria seu próprio pai? Por mais ressentimento
que pudessem ter em relação ao pai por haver favorecido Iossêf, fazer isso com um de
seus filhos era desprezível. Que manifestação poderosa da maldade do ser humano!
"No entanto, alguns deles estavam inquietos e não sentiam a satisfação que haviam
esperado de sua vingança. Logo viram um grupo de viajantes se aproximando. Era
uma caravana de Ismaelitas de além do Jordão, a caminho do Egito, com especiarias e
outras mercadorias. Iehudá sugeriu então que vendessem seu irmão àqueles mercado-
res gentios, em vez de li o deixarem morrer. Assim, ele estaria fora do seu caminho, e
não seriam culpados do sangue dele, 'afinal', insistiu, 'é nosso irmão, é nossa carne'(Gn
37:27)" (1).
Depois de terem lançado Iossêf no poço, planejando matá-lo mais tarde, uma cara-
vana passou e Iehudá (Judá) propôs a seus irmãos que vendessem Iossêf. Ele foi ven-
dido aos midianitas (Gn 37:26-28), e estes o venderam a alguém no Egito (Gn 37:36),
antecipando assim sua glória futura.
Por que é tão importante buscar o poder de D'us para mudar os maus traços de ca-
ráter antes que se manifestem em algumas atitudes que você nunca imaginaria ter?
SHAVUOT
88 Bereshit|בראשית
7 de junho | יום שלישיYom Shlishi 8 Sivan Terça
Iehudá e Tamar
E ssa história não está fora de lugar. Aconteceu após a venda de Iossêf no Egito (Gn
38:1) e é coerente com o fato de que Iehudá (Judá) havia acabado de deixar seus
irmãos, o que aponta para seu desacordo com eles. Além disso, o texto compartilha
uma série de palavras e temas comuns com o capítulo anterior e traz a mesma lição
teológica: um ato mau que se tornaria um acontecimento positivo ligado à redenção.
Iehudá encontrou uma esposa cananeia (Gn 38:2) com quem teve três filhos, Er,
Onán e Shelá. Iehudá deu a cananeia Tamar como esposa a Er, seu primogênito, a fim
de garantir a genealogia própria. Quando Er e Onán foram mortos por D'us por causa
da maldade deles, Iehudá prometeu seu último filho, Shelá, a Tamar.
Quando, depois de algum tempo, Iehudá parecia ter esquecido essa promessa, indo
se consolar após a morte da esposa, Tamar decidiu disfarçar-se de prostituta para for-
çá-lo a cumprir sua promessa. Como Iehudá não tinha dinheiro para pagar a prostituta,
a quem não reconheceu, prometeu enviar a ela mais tarde um cabrito de seu rebanho.
Tamar, por sua vez, exigiu que lhe desse como garantia imediata de pagamento o
seu selo, o seu cordão e o seu cajado. Tamar engravidou como resultado desse encontro
único. Quando mais tarde foi acusada de se prostituir, mostrou ao acusador Iehudá seu
selo, seu cordão e seu cajado. Iehudá entendeu e se desculpou.
A conclusão dessa história sórdida foi o nascimento de Pérets, que significa "irrom-
per", o qual, de modo semelhante a Iaacóv, foi o segundo gêmeo a nascer mas acabou
se tornando o primeiro e foi nomeado na história da redenção como o ancestral de
David (Rt 4:18-22) e, finalmente, de Yeshua (Mt 1:3). Quanto a Tamar, ela é a primeira
das quatro mulheres, seguida por Rahav (Raabe), Rut e a esposa de Uriá (Urias) (Mt 1:5,
6), que, na genealogia, precederam Mirian, a mãe de Yeshua (Mt 1:16).
Uma lição que tiramos dessa história: assim como D'us salvou Tamar por Sua graça,
transformando o mal em bem, Ele salvará Seu povo por meio da morte de Yeshua. No
caso de Iossêf, Ele transformou seus problemas na redenção de Iaacóv e seus filhos
A gora retomamos o fluxo da história de Iossêf, que tinha sido "interrompido" pelo inci-
dente de Tamar. Iossêf trabalhava como escravo do "comandante da guarda", que era
encarregado da prisão dos oficiais reais (Gn 40:3, 4; 41:10-12).
4. À luz do exemplo de Iossêf como mordomo de Potifar, o que o levou a esse êxito?
(Gn 39).
Quase imediatamente, Iossêf foi considerado alguém de sucesso (Gn 39:2, 3). Ele era tão
bom e seu senhor confiava tanto nele que "lhe passou às mãos tudo o que tinha" e até o fez
"mordomo de sua casa" (Gn 39:4).
O sucesso de Iossêf, no entanto, não o corrompeu. Quando a esposa de Potifar o perce-
beu e quis dormir com ele, Iossêf se recusou e preferiu perder o emprego e sua segurança a
cometer tamanha maldade e pecar contra D'us (Gn 39:9). A mulher, humilhada com a recusa
de Iossêf, relatou falsamente a seus servos e a seu marido que Iossêf quis tomá-la a força.
Como resultado, Iossêf foi lançado na prisão.
Ele viveu o que todos nós por vezes vivemos: o sentimento de abandono por D'us, embo-
ra, mesmo nesse momento difícil, "E o Eterno esteve com José (Iossêf)" (Gn 39:21).
D'us agiu e impactou o relacionamento de Iossêf com o oficial da prisão. Ali, bem como
na casa de seu senhor, D'us o abençoou. Ele era obviamente um homem talentoso e, apesar
das circunstâncias ainda piores (afinal, antes, ele era um escravo!), procurou tirar o melhor
proveito disso. No entanto, não importavam quais fossem seus dons, o texto deixa claro que,
foi somente D'us que lhe trouxe o sucesso. "Não via o chefe do cárcere nada que estava nas
mãos dele, porquanto estava o Eterno com ele; e o que ele fazia, o Eterno o fazia prosperar."
(Gn 39:23). Quão importante é que todos os que são talentosos, que têm "sucesso", se lem-
brem de onde tudo vem!
Como Iossêf resistiu aos avanços da esposa de Potifar? (Gn 39:7-12). Por que ele dis-
se que fazer o que ela pedia seria um pecado contra D'us? Que compreensão Iossêf
mostrou sobre a natureza do pecado?
90 Bereshit|בראשית
9 de junho | יום חמישיYom Hamishi 10 Sivan Quinta
Os sonhos do Faraó
5. Como os sonhos do Faraó se relacionam com os sonhos dos oficiais? Qual é o signi-
ficado desse paralelo? (Gn 40:1-41:36).
O caráter providencial dos eventos continua. Com o tempo, Iossêf foi encarregado dos
prisioneiros, dois dos quais eram ex-oficiais de Faraó, um copeiro e um padeiro (Gn
41:9-11). Ambos estavam perturbados por sonhos que não compreendiam, porque não
havia quem o interpretasse (Gn 40:8). Iossêf, então, interpretou seus respectivos sonhos.
Faraó também teve dois sonhos, que ninguém podia interpretar (Gn 41:1-8). Naquele
momento, o copeiro lembrou-se de Iossêf e o recomendou ao governante (Gn 41:9-13).
Paralelamente aos outros sonhos, Faraó, como os oficiais, estava perturbado e, tam-
bém como eles, revelou seus sonhos (Gn 41:14-24) a Iossêf, que os interpretou. Da mesma
forma que os sonhos dos oficiais, os de Faraó exibiam símbolos paralelos: as duas séries de
sete vacas (gordas e magras), assim como as duas séries de espigas (boas e mirradas) repre-
sentavam duas séries de anos, bons e ruins, respectivamente. As sete vacas eram paralelas
às sete espigas, repetindo a mesma mensagem, uma evidência de sua origem divina, assim
como os sonhos de Iossêf (Gn 41:32; compare com Gn 37:9).
Embora Iossêf tenha interpretado o sonho para Faraó, ele garantiu ao soberano que
a interpretação era de D'us, Elohim, que mostrou ao rei as coisas que Ele iria fazer (Gn
41:25, 28). Parece que o monarca entendeu a mensagem porque, quando decidiu nomear
alguém para governar a terra, seu argumento foi o seguinte: "Visto que D'us revelou tudo
isto a você, não há ninguém tão ajuizado e sábio como você. Você será o administrador da
minha casa, e todo o meu povo obedecerá à sua palavra. Somente no trono eu serei maior
do que você" (Gn 41:39, 40).
Que fascinante! Com a graça de D'us, Iossêf saiu da posição de mordomo da casa de
Potifar para se tornar chefe da prisão e depois governante de todo o Egito. Que história
poderosa de como, mesmo em meio ao que pareciam circunstâncias terríveis, as providên-
cias divinas se revelaram.
Como podemos aprender a confiar em D'us e nos apegar às Suas promessas quando
os eventos não parecem nada providenciais, e D'us parece estar em silêncio?
Estudo adicional
"N o princípio de sua vida, exatamente quando passavam da adolescência para a ida-
de adulta, Iossêf e Daniel foram separados de seus lares e levados como cativos a
países pagãos. Iossêf esteve sujeito especialmente às tentações que acompanham grandes
mudanças na vida. Na casa paterna, uma criança mimada; na casa de Potifar, escravo, de-
pois confidente e companheiro, homem de negócios, educado pelo estudo, pela observação
e pelo contato com os homens; no calabouço de Faraó, prisioneiro de Estado, condenado
injustamente, sem esperança de reivindicação ou perspectiva de libertação; chamado em
uma grande crise para dirigir a nação - o que o habilitou a preservar sua integridade? [...]
"Em sua infância, a Iossêf havia sido ensinado o amor e temor a D'us. Muitas vezes, na
tenda de seu pai, sob as estrelas da Síria, foi contada a ele a história da visão noturna de
Bet-El, da escada do Céu à Terra e dos anjos que por ela desciam e subiam, e Daquele que,
do trono no alto, Se revelou a Iaacóv. Fora-lhe contada a história do conflito ao lado do rio
Iaboc (Jaboque), quando, renunciando a pecados cultivados, Iaacóv se tornou conquistador
e recebeu o título de príncipe com D'us. [...]
"No momento crítico de sua vida, quando fazia aquela terrível viagem do lar de sua
infância em Canaan para o cativeiro que o esperava no Egito, olhando pela última vez as
colinas que ocultavam as tendas de sua parentela, Iossêf se lembrou do D'us de seu pai.
Recordou-se das lições da infância, e seu coração comoveu-se com a resolução de mostrar-se
verdadeiro - agindo sempre como convém a um súdito do Rei celestial" (2).
REFERÊNCIAS
(1)
Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 172 [211] (contextualizado)
(2)
Idem, Educação, p. 36, 37 (contextualizado)
92 Bereshit|בראשית
Shabat
LEITURAS DA SEMANA
Gn 41:37-46; 1Rs 3:12; Gn 42; Rm 5:7-11; Gn 43; 44; 45
Introdução
I ossêf era então o líder do Egito, e seus próprios irmãos se curvaram diante dele
sem saber quem ele era (Gn 42). Os irmãos de Iossêf se humilharam quando ele os
forçou a voltar com Benjamim (Gn 43) e, quando temeram que a segurança de Ben-
jamim estivesse ameaçada (Gn 44), imploraram por graça diante daquele homem
poderoso, a quem viam como "o próprio Faraó". Quando Iossêf revelou sua iden-
tidade, entenderam que, apesar do que haviam feito, D'us reverteu tudo em bem.
Curiosamente, toda a seguinte sequência de eventos, que deveria ser sobre o
sucesso de Iossêf, fala mais sobre o arrependimento de seus irmãos. Suas viagens
de ida e volta, de Iossêf até o pai, e os obstáculos que encontraram fizeram com que
se lembrassem de sua maldade para com Iossêf e Iaacóv; eles então perceberam sua
iniquidade para com D'us. Os irmãos de Iossêf viveram toda essa experiência como
um juízo divino. No entanto, a conclusão comovente, que levou todos às lágrimas e
alegria, também continha uma mensagem de perdão para eles, apesar de seus atos
injustificáveis de maldade.
LEITURAS DA SEMANA
94 Bereshit|בראשית
12 de junho | יום ראשוןYom Rishon 13 Sivan Domingo
P ara Iossêf, os sonhos de Faraó revelavam o que D'us estava prestes a fazer na
terra (Gn 41:28). Iossêf, no entanto, não pediu a Faraó que acreditasse no seu
D'us. Em vez disso, a resposta imediata de Iossêf foi a ação. Ele propôs um programa
econômico. A parte econômica do discurso de Iossêf foi mantida por Faraó, que es-
tava interessado nessa estratégia que salvaria o Egito quando se cumprisse o signi-
ficado espiritual do sonho dado por D'us.
Faraó indicou Iossêf para assumir o comando não apenas porque tivesse in-
terpretado corretamente seus sonhos e revelado o futuro problema da terra, mas
porque tinha uma solução para esse problema, porque seu "conselho agradou a Fa-
raó" (Gn 41:37), opinião também compartilhada pelos servos do regente. A escolha
de Faraó parece ter sido mais pragmática do que religiosa. E ainda, ele reconheceu
que a presença do "Espírito de D'us" (Gn 41:38) estava em Iossêf, que foi qualificado
como "entendido e sábio" (Gn 41:39), expressão que caracteriza a sabedoria que
D'us dá (ver Gn 41:33; compare com 1Rs 3:12).
Todos os detalhes relatados no texto bíblico se encaixam na situação histórica
do Egito naquela época. Politicamente, o fato de Faraó ter nomeado Iossêf como
ministro (governador) não era incomum no antigo Egito, onde se atestaram casos
semelhantes.
Os sete anos seguintes foram de abundância de tal forma que a produção de
grãos se estendeu "além das medidas" (Gn 41:49), sinal de providência sobrenatural.
A comparação "como a areia do mar" (Gn 41:49) revela que essa era a bênção de
D'us (Gn 22:17). Iossêf refletiu pessoalmente essa bênção em sua fecundidade, uma
coincidência que evidenciou a presença de m D'us por trás dos dois fenômenos. Os
nomes dos filhos de Iossêf mostravam a providência divina na sua vida, que trans-
formou a memória da dor em alegria (Menashe - Manassés) e a antiga aflição em
benção (Efráim). Que exemplo poderoso de como D'us transformou algo ruim em
algo muito bom!
De que maneira os outros deveriam ser capazes de ver, a partir do estilo de vida que
levamos, quem é nosso D'us?
A fome obrigou Iaacóv a enviar seus filhos ao Egito para comprar grãos. Ironica-
mente, foi Iaacóv quem iniciou o projeto de comprar os cereais (Gn 42:1). O
infeliz ancião, vítima de circunstâncias além de seu controle, sem saber pôs em
movimento uma incrível cadeia de eventos que o levaria a se reencontrar com o
filho por quem havia chorado durante tanto tempo.
O caráter providencial desse encontro é destacado por meio de duas circunstân-
cias fundamentais: primeiro, ele é visto como uma realização dos sonhos de Iossêf.
O evento previsto nos seus sonhos proféticos ("os feixes de vocês [...] se inclinavam
diante do meu" [Gn 37:7]) estava acontecendo. Iossêf foi identificado como "gover-
nador daquela terra" (Gn 42:6) e "senhor da terra" (Gn 42:30, 33). Sua posição pode-
rosa contrasta com a de seus irmãos necessitados, que "se prostraram com o rosto
em terra, diante dele" (Gn 42:6), os mesmos dez irmãos que zombaram de Iossêf
sobre seu sonho e duvidaram de sua realização (Gn 37:8).
Em segundo lugar, esse encontro providencial é descrito como uma resposta. As
semelhanças linguísticas e temáticas entre os dois eventos destacam o caráter de
justa retribuição. A frase "disseram entre si" (Gn 42:21) também foi usada quando
começaram a conspirar contra Iossêf (Gn 37:19). A estada dos irmãos na prisão (Gn
42:17) relembra a de Iossêf (Gn 40:3, 4). Na verdade, seus irmãos relacionaram o
que estava acontecendo com eles com o que haviam feito, talvez 20 anos antes. "En-
tão disseram entre si: - Na verdade, estamos sendo castigados por causa de nosso
irmão, pois vimos a angústia de sua alma, quando nos pedia, e não lhe demos ouvi-
dos; por isso, nos sobrevém agora esta ansiedade" (Gn 42:21).
Reuven disse: "O sangue dele está sendo requerido de nós" (Gn 42:22). Essas
palavras relembraram sua advertência anterior: "Não derramem sangue" (Gn
37:22), e reforçaram a ligação entre o que estavam enfrentando e o que tinham fei-
to.
96 Bereshit|בראשית
14 de junho | יום שלישיYom Shlishi 15 Sivan Terça
Iossêf e Biniamin
I aacóv não poderia permitir facilmente a partida de Benjamim (Biniamin), seu único
filho com Rahêl que permanecia com ele. Tinha medo de perdê-lo, pois Já havia perdi-
do Iossêf (Gn 43:6-8). Somente quando não havia mais alimento (Gn 43:2) e quando Iehu-
dá (Judá) se comprometeu a garantir o retorno de Benjamim (Gn 43:9), Iaacóv finalmen-
te consentiu em uma segunda visita ao Egito e permitiu que Benjamim fosse com seus
irmãos.
O copo de adivinhação
4. Por que Iossêf colocou o copo de adivinhação no saco de mantimentos de Benja-
mim (Biniamin) e não no de outro irmão? (Gn 44).
E ssa história é paralela à anterior. Como antes, Iossêf deu instruções específicas; e, mais
uma vez, encheu os sacos com alimento. Dessa vez, no entanto, Iossêf adicionou a es-
tranha ordem para colocar seu precioso copo no saco de mantimentos de Benjamim.
Os eventos tomaram um curso diferente. Na viagem anterior, os irmãos voltaram a
Canaan para levar Benjamim com eles. Agora, eles precisavam voltar ao Egito para enfren-
tar Iossêf. Na situação anterior todos os irmãos encontraram a mesma coisa nos sacos.
Dessa vez, Benjamim foi apontado como aquele que tinha o copo de Iossêf. Inesperada-
mente, Benjamim, que sendo convidado de honra teve acesso à taça de Iossêf, tornou-se
suspeito de ter roubado aquele artigo precioso. Ele iria para a prisão.
O fato de Iossêf ter usado um copo de adivinhação não significava que acreditasse
nisso. "Nunca havia pretendido o poder de adivinhação, mas queria fazê-los crer que podia
ler seus segredos" (2).
O cálice mágico foi para Iossêf um pretexto para evocar o domínio sobrenatural e, as-
sim, despertar em seus irmãos o sentimento de culpa para com D'us. Foi assim que Iehudá
interpretou a mensagem implícita de Iossêf, porque ele se referiu à iniquidade que D'us
encontrou neles (Gn 44:16). Além disso, o roubo do copo precioso justificaria uma punição
severa e, assim, poria à prova o pensamento dos outros irmãos.
A intensidade da emoção dos irmãos e sua reação são significativas. Estavam todos
unidos na mesma dor, temendo por Benjamim, que estaria perdido como Iossêf, e como ele
se tornaria escravo no Egito, embora fosse também inocente. Por isso, Iehudá se ofereceu
para ser levado como escravo "em lugar" de Benjamim (Gn 44:33), assim como o carneiro
foi sacrificado "em lugar" do inocente Its’hac (compare com Gn 22:13). Iehudá se apresen-
tou como um sacrifício, uma substituição, cujo propósito era justamente enfrentar aquele
"mal" que assolaria seu pai (Gn 44:34).
98 Bereshit|בראשית
16 de junho | יום חמישיYom Hamishi 17 Sivan Quinta
Foi naquele exato momento, em que Iehudá falou sobre o "mal" que cairia sobre ָאבִ֔י
(avi), meu pai (Gn 44:34), que Iossêf "gritou" (Gn 45:1) e então "se deu a conhecer" aos ir-
mãos. Essa expressão, muitas vezes usada para se referir à autorrevelação de D'us (Êx 6:3;
Ez 20:9), sugere que foi D'us quem Se revelou ali. Ou seja, o Eterno mostrou que Sua provi-
dência reina, mesmo apesar das fraquezas humanas.
Os irmãos de Iossêf não podiam acreditar no que estavam ouvindo e vendo. Assim,
Iossêf foi obrigado a repetir: "Eu sou Iossêf, o irmão de vocês" (Gn 45:4), e somente na se-
gunda vez, quando ouviram as palavras precisas, "que vocês venderam para o Egito" (Gn
45:4), foi que acreditaram.
Iossêf então declarou: "D'us me enviou" (Gn 45:5). Essa referência a D'us tinha um du-
plo propósito. Não servia somente para tranquilizar seus irmãos e mostrar que Iossêf não
abrigava sentimentos ruins em relação a eles, mas era também uma profunda confissão de
confiança e uma expressão de esperança, porque o que tinham feito foi necessário para o
"grande livramento" e a sobrevivência de um "remanescente" (Gn 45:7).
Iossêf então exortou seus irmãos a ir para seu pai a fim de prepará-lo para vir ao Egito.
Ele proferiu palavras específicas sobre o lugar em que habitariam, isto é, Góshen, famoso
por seu rico pasto, "o melhor da terra" (Gn 45:18, 20). Também cuidou do transporte: foram
fornecidas carretas, o que convenceria Iaacóv de que seus filhos não mentiram para ele so-
bre o que acabaram de vivenciar (Gn 45:27). Iaacóv considerou essa demonstração visível
como evidência de que Iossêf estava vivo, e isso era o suficiente para que voltasse a viver
(compare com Gn 37:35; Gn 44:29).
Tudo ficou bem. Os 12 filhos de Iaacóv estavam vivos. Iaacóv então era chamado "Isra-
el" (Gn 45:28), e a providência divina havia sido manifestada de maneira poderosa.
Sim, Iossêf foi gentil com seus irmãos. Como podemos ser gentis com aqueles cujo
mal para conosco não teve um resultado tão bom como foi para Iossêf?
Estudo adicional
"O s três dias de confinamento foram de amarga tristeza para os filhos de Iaacóv. Eles
refletiram sobre seu procedimento errado no passado, especialmente sua cruelda-
de para com Iossêf. Sabiam que, se fossem condenados como espiões e não pudessem apre-
sentar provas da sua inocência, todos teriam que morrer ou se tornar escravos. Duvida-
vam de que qualquer esforço deles pudesse levar seu pai a consentir que Benjamim se
afastasse dele, após a morte cruel, como imaginava, que Iossêf havia sofrido. Tinham ven-
dido Iossêf como escravo e temiam que D'us planejasse puni-los, permitindo que se tornas-
sem escravos. Iossêf imaginava que seu pai e as famílias de seus irmãos pudessem estar
sofrendo por causa da fome, e ele estava convencido de que seus irmãos tinham se arre-
pendido do tratamento cruel que lhe haviam dado e que de forma nenhuma tratariam
Benjamim como o trataram" (3).
"Iossêf estava satisfeito. Provou seus irmãos e viu neles os frutos do verdadeiro arre-
pendimento dos seus pecados" (4).
LEITURA COMPLEMENTAR
Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p.174-182 [213-223]; p. 183-194 [224-232]
REFERÊNCIAS
(1)
Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 187, 188 [228, 229]). (contextualizada)
(2)
Ibidem, p. 188, 189 [229] (contextualizada)
(3)
Ellen G. White, Spiritual Gifts, v. 3, p. 155,156 (contextualizada)
(4)
Ibidem, v. 3, p. 165 (contextualizada)
100 Bereshit|בראשית
Shabat
Israel no Egito
VERSO PARA MEMORIZAR
" E Israel esteve na terra do Egito, na terra de Góshen; e adquiriram possessões,
frutificaram e multiplicaram-se muito." (Gn 47:27)
LEITURAS DA SEMANA
Gn 46; Rm 10:12, 13; Gn 47; 48; At 3:25, 26; Gn 49; Fp 2:10; Gn 49:29-50:21
Introdução
B ereshit inclui os últimos anos de Iaacóv (Israel) e Iossêf (José) juntos. Vimos Iaa-
cóv deixar Canaan (Gn 46) para se estabelecer no Egito (Gn 47), e lá ele morreu
(Gn 49:29-50:21). No entanto, mesmo nesse cenário egípcio, ainda havia a perspecti-
va da terra prometida (Gn 50:22-26).
Assim que chegou ao Egito, Iaacóv abençoou Faraó (Gn 47:7-10), cumprindo as-
sim (parcialmente, é claro) a promessa de Avraham de ser uma bênção para as nações (Gn
12:3). Posteriormente, prestes a morrer, Iaacóv abençoou os filhos de Iossêf (Gn 48) e tam-
bém seus próprios filhos (Gn 49:1-28) e ainda fez previsões impressionantes a respeito de
cada um deles no contexto das futuras 12 tribos de Israel (Gn 49:1-27).
O fato, porém, de que Israel "habitou" no exílio, no Egito, como estrangeiro, está em
desacordo com a esperança da terra prometida. Embora o livro de Bereshit termine com
os filhos de Israel no Egito, algumas das últimas palavras de Iossêf apontam para outro
lugar: "Iossêf disse a seus irmãos: 'Eu morrerrei, e D'us certamente vos visitará e vos fará
subir desta terra à terra que jurou a Abrahão (Avraham), a Isaac (Its’hac) e a Jacob (Iaa-
cóv).'" (Gn 50:24).
LEITURAS DA SEMANA
102 Bereshit|בראשית
19 de junho | יום ראשוןYom Rishon 20 Sivan Domingo
Q uando Iaacóv deixou Canaan, estava cheio de esperança. A certeza de que não sentiria
mais fome e as boas-novas de que Iossêf estava vivo devem ter dado a ele o impulso de
que precisava para deixar a terra prometida.
Sua partida relembra a experiência de Avraham, embora nesse caso ele estivesse indo
para a terra prometida. Iaacóv ouviu a mesma promessa que Avraham ouviu de D'us, a
saber, que Ele o tornaria "uma grande nação" (Gn 46:3; compare com Gn 12:2). O chamado
divino nesse caso também é uma reminiscência da aliança de D'us com Avraham; e:in
ambas as ocasiões, Ele usou as mesmas palavras tranquilizadoras, "não tenha medo" (Gn
46:3; Gn 15:1), que trazem a promessa de um futuro glorioso.
A lista abrangente dos nomes dos filhos de Israel que foram para o Egito, incluindo
suas filhas (Gn 46:7), lembra a promessa divina de fecundidade a Avraham, mesmo quan-
do ele ainda não tinha filhos. O número "setenta" (incluindo Iaacóv, Iossêf e seus dois fi-
lhos) expressa a ideia de totalidade. Refere-se a "todo o Israel" que foi para o Egito. Tam-
bém é significativo que o número 70 corresponda ao número de nações (Gn 10), sugerindo
que o destino de todas elas também estava em jogo na jornada de Iaacóv.
Essa verdade só se tornaria mais evidente muitos anos depois, após a morte do Messias
e a revelação mais completa do plano da redenção, que, é claro, foi para toda a humanida-
de, em todos os lugares, e não apenas para os filhos de Avraham.
Em outras palavras, por mais interessantes que sejam as histórias sobre essa família, a
semente de Avraham e quaisquer lições espirituais que possamos tirar delas, esses relatos
estão na Palavra de D'us pois fazem parte da história da redenção; são parte do plano divi-
no para trazer a redenção para o maior número possível de pessoas neste planeta caído.
"Não há diferença entre judeus e não-judeus - Adonai é o mesmo para com todos,
rico para com quem o invoca, porque todo que invocar o nome de Adonai será liber-
tado."' (Rm 10:12, 13 citando Jl 3:5(2:32)). O que Shaul disse nessa passagem mostra
a universalidade do mensagem divina? O que essas palavras nos dizem a respeito do
que nós devemos fazer para ajudar a difundir as boas novas Eternas?
I aacóv tinha ouvido que Iossêf estava vivo. Apesar disso, D'us lhe deu "visões, de
noite" (Gn 46:2) e ordenou que ele partisse. Iaacóv deixou a terra da promessa
para ir ao Egito, que depois se tornou o único lugar aonde o povo de D'us não devia
ir (Dt 17:16).
"Iossêf levou cinco de seus irmãos para os apresentar ao Faraó e recebeu dele
a concessão da terra para sua futura morada. A gratidão para com seu primeiro-
-ministro teria levado o rei a honrá-los, designando-os para cargos de Estado. Mas
Iossêf, fiel a Hashem, procurou poupar seus irmãos das tentações a que estariam
expostos em uma corte goi (gentílica).
Por essa razão, aconselhou-os a não omitir sua ocupação quando fossem inter-
rogados pelo rei. Os filhos de Iaacóv seguiram esse conselho, tendo também o cui-
dado de declarar que tinham vindo para peregrinar na terra, não para se tornar
habitantes permanentes ali, reservando assim o direito de partir, se quisessem. O
rei indicou-lhes um local para morar, oferecido 'no melhor da terra' (Gn 47:6), o
território de Góshen" (1).
Sabiamente, Faraó não incentivou esses estrangeiros a se tornar mendigos, vi-
vendo da generosidade de seu anfitrião. O monarca indagou sobre sua "ocupação"
para que se adaptassem melhor ao ambiente. Ele também estava ansioso para usar
seus conhecimentos e até sugeriu que o servissem como "responsáveis pelo gado"
(Gn 47:3, 6).
Embora Iaacóv fosse o estrangeiro, o inferior, ele se colocou diante do chefe da
terra e, como diz o texto, "abençoou Faraó" (Gn 47:7). Ele, o humilde estranho, foi
quem abençoou Faraó, o governante do poderoso Egito? Por que deveria ser assim?
O verbo ( ֲע ִ מֵד ִל ְפנֵיamid Lifnei), apresentar [colocar diante] (Gn 47:7), é normal-
mente usado em contextos sacerdotais (Lv 14:11). Considerando que no antigo Egito
o Faraó tinha a condição de sacerdote supremo, isso significa que, em sentido espi-
ritual, Iaacóv estava em posição mais elevada do que o sacerdote supremo do Egito,
o próprio Faraó.
Somos "o povo escolhido, Cohanim do Rei, a nação santa, povo pertencente a D'us"
(1Pe 2:9). O que isso significa na forma de tratar os outros? Que obrigações a con-
fiança nos impõe?
104 Bereshit|בראשית
21 de junho | יום שלישיYom Shlishi 22 Sivan Terça
À medida que Iaacóv se aproximava da morte, ele se lembrou de seu antigo re-
torno a Bet-El (Gn 35:1-15), quando recebeu de D'us a promessa renovada da
"propriedade perpétua" (Gn 48:4) que foi dada a Avraham (Gn 17:8). A esperança da
terra prometida era, portanto, um pensamento reconfortante que alimentava sua
esperança ao sentir a morte chegar. Iaacóv então se voltou para os dois filhos de
Iossêf, que nasceram no Egito, e os abençoou, mas o fez no contexto da promessa
futura sobre sua própria descendência.
3. Por que Iaacóv abençoou os dois filhos de Iossêf, e não seus outros netos? Gn 48.
Os dois filhos de Iossêf, Manashé e Efráim, são os únicos netos que Iaacóv aben-
çoou. Dessa forma, foram elevados da condição de netos à condição de filhos (Gn
48:5). Embora a bênção de Iaacóv indicasse uma preeminência do segundo (Efráim)
sobre o primeiro (Manassés), diz respeito essencialmente a Iossêf (Gn 48:15).
O que vemos é um testemunho pessoal sobre a fidelidade de D'us a eles no pas-
sado e Sua promessa para eles no futuro. Iaacóv referiu-se ao D'us de Avraham e
Its’hac, que os alimentou e protegeu. É o mesmo D'us que o tinha "livrado de todo
mal" (Gn 48:15, 16). Iaacóv também tinha em mente "o D'us de Betel" (Gn 31:13), com
quem lutou (Gn 32:29) e que mudou seu nome de Iaacóv para "Israel" (Gn 32:26-29).
Ao se referir a todas essas experiências, em que D'us transformou o mal em
bem, Iaacóv expressou sua esperança de que D'us não só cuidaria da vida presente
de seus netos, como fez por ele e por Iossêf, mas iria ampará-los também no futuro,
quando seus descendentes voltassem para Canaan. Essa esperança é clara em sua
referência a Siquém (Gn 48:22), que não era apenas um pedaço de terra que tinha
adquirido (Gn 33:19), mas também um lugar em que os ossos de Iossêf seriam enter-
rados (Js 24:32) e onde a terra seria distribuída às tribos de Israel (Js 24:1). Mesmo
em meio a tudo o que aconteceu, Iaacóv manteve em mente as promessas de D'us,
que havia dito que, por meio daquela família, seriam "benditas todas as famílias da
terra" (Gn 12:3).
A lém das profecias sobre as tribos de Israel, Iaacóv viu o Messias e a esperança de re-
denção, indicada nas primeiras palavras de Iaacóv, "nos dias que virão" (Gn 49:1), uma
expressão técnica que se refere à vinda do Melech mashiach (Rei Messias) (Is 2:2; Dn 10:14).
O texto então passa pela linhagem futura de cada um desses homens. Esses não são des-
tinos predestinados, como se D'us quisesse que cada um deles enfrentasse o que enfrentou;
antes, são expressões do que seu caráter e o caráter de seus filhos trariam. O fato de D'us
saber, por exemplo, que alguém matará um homem inocente é algo muito diferente de D'us
ter desejado que o assassino fizesse isso.
5. Que profecia é dada aqui e por que ela é importante? (Gn 49:8-12).
Além do livre-arbítrio humano, D'us conhece o futuro e providenciou que seria por meio
de Iehudá que o Messias viria. Iehudá (Gn 49:8-12), que é representado por um leão (Gn
49:9), refere-se à realeza e ao louvor. Ele geraria o rei David, mas também a Shiló, isto é,
Aquele que trará shalom (Is 9:6, 7). "A Ele obedecerão os povos" (Gn 49:10).
Nossos sábios há muito veem isso como uma profecia messiânica que aponta para a
vinda do Messias, nós também vemos esse texto como apontando para Yeshua. "A Ele obe-
decerão os povos" (Gn 49:10), o que, talvez, seja uma antecipação da promessa do Tanah de
"que em honra ao nome dado a Yeshua todo joelho se dobrará – no Céu, na Terra e debaixo
da Terra." (Fp 2:10).
"O leão, rei da selva, é um símbolo apropriado dessa tribo, da qual veio David e o Filho
de David, Shiló, o verdadeiro 'Leão da tribo de Iehudá', perante quem todos os poderes final-
mente se encurvarão, e todas as nações prestarão homenagem" (2)
Por que devemos prestar homenagem a Yeshua agora, antes mesmo que todas as
nações o façam?
106 Bereshit|בראשית
23 de junho | יום חמישיYom Hamishi 24 Sivan Quinta
Como esses versos representam nossa maior esperança? Sem essa promessa, que
esperança temos senão a morte como o fim dos nossos problemas?
Estudo adicional
"A vida de Iossêf ilustra a do Messias (Mashiach ben Iossêf). Foi a inveja que moveu os ir-
mãos de Iossêf a vendê-lo como escravo. Esperavam impedir que ele se tornasse supe-
rior a eles. [...]. Semelhantemente alguns líderes tinham inveja do Messias, temendo que ele
roubasse deles a atenção do povo. Mataram-no para impedir que ele se tornasse melech (rei);
mas, ao agirem assim, foi esse mesmo resultado que obtiveram.
"Iossêf, mediante seu cativeiro no Egito, tornou-se um salvador para a família de seu pai;
contudo, esse fato não diminuiu a culpa de seus irmãos. Da mesma forma, a morte do Messias,
pelos seus inimigos, fez dele o Redentor da humanidade, o Salvador de uma raça decaída e
Governador do mundo inteiro. No entanto, o crime de seus assassinos foi tão hediondo como
se a mão providencial de D'us não tivesse dirigido os acontecimentos para sua glória e o bem
do ser humano.
"Assim como Iossêf foi vendido aos não-judeus por seus próprios irmãos, o Messias foi
vendido aos piores de seus inimigos por um de seus discípulos (talmid). Iossêf foi acusado fal-
samente e lançado na prisão por causa de sua virtude; assim também o Messias foi desprezado
e rejeitado porque sua vida justa e abnegada era uma repreensão ao pecado;[...]. A paciência e
humildade de Iossêf [...] e a nobreza de sua generosidade para com seus irmãos desnaturados
representam o resignado sofrimento do Salvador [...] e seu perdão não somente aos seus assas-
sinos, mas a todos que vão a ele confessando seus pecados" (3).
LEITURA COMPLEMENTAR
Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 192-200 (233 -240)
REFERÊNCIAS
(1)
Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 192 (233) (Contextualizado)
(2)
Ibidem, p. 195 [236]). (Contextualizado)
(3)
Ibidem, p. 198, 199 (239, 240) (Contextualizado)
108 Bereshit|בראשית
Shabat
A
Abba [Aramaico corresponde a Av em He- almente chamado de antes de Cristo (a.C.).
braico] Meu Pai, Pai; A palavra abbá Ashur Assíria
em aramaico corresponde à forma en- Asseret hadibrot Mais comumente conhecida
fática ou definida de av, significando como os dez mandamentos. A tradução
literalmente "o pai" ou "ó Pai". que mais se aproxima de Assêret Hadi-
Achaz Acaz brot é "Dez Falas", "Dez pronunciamen-
Acharit hayamim Literalmente, "o fim dos tos" ou "Dez Ditos", sendo que estes são
dias". O tempo do fim ou os "últimos dez princípios que incluem toda a Torá e
dias", quando o 'alam hazeh chega ao seus 613 preceitos.
fim e o 'alam haba está a ponto de ini- Av em Hebraico Corresponde a "Abba" do
ciar-se (l Coríntios 10.11 +). aramaico quer dizer: Papai, Meu Pai.
Achim (do hebraico )א ִחיםָ Irmãos [Ha'Av] - O Pai
Adam (do hebraicoָדםָ )אAdam, Adão; masc. Homem Avinu Nosso Pai; Avinu, Malkeinu: Nosso
Adon Olam Senhor do Universo Pai, nosso Rei
Adonai (em hebraico:אדֹנָי, ֲ "meu Senhor") O Avinu Shebashamayim Nosso Pai celestial,
Eterno de Israel. Nosso Pai que está no céu
Adoneinu Nosso Senhor Avimelek (hebraico: )אבימלךAbimeleque
Amha'arets literalmente povo da terra. Pes- Aviyahu Abias
soas comuns, iletradas usado pejorati- Avodah zarah (Avoda zará) Adoração es-
vamente no primeiro século EC. trangeira, paganismo, Idolatria, adora-
Amma'us Emaús ção a deuses estrangeiros.
Amoni Amonitas Avram Abrão
A.e.c Vide antes da era comum Avraham Abraão
Antes da era comum (aec) Referido ao período usu-
B
Bavel Babilônia B'rit (Berit) Aliança;
Beit-Lechem Belém B'rit Hadashá: Nova Aliança. Também usa-
Beit HaKnesset - Knesset Templo, Sinagoga do para referir-se aos livros sagrados
Beit HaMiqdash Bet Hamikdash, Templo Sagrado ou período do novo testamento;
Beit'zata Betesda B'rit Milá: circuncisão
Bamidbar (Bemidbar, Bamidbar) Números (li- Ben Filho; Ben HaAdam: Filho dos homens;
vro), do hebraico "no deserto" Ben HaElohim: Filho de D'us
Bereshit (Bereshit) Gênesis - Livro Beth Midrash LeShabat Casa de estudo do
Bimá O púlpito onde lê-se a Torá Shabat. Usado também como referên-
Berachot Hashachar Benção da aurora, de- cia a Escola Sabatina.
voção matinal B'nei HaElohim Filhos de D'us
110
Glossário
D
Dammesek Damassés Devarim (Devarim) Deuteronômio (Livro)
D-s, D-us, Eterno Forma respeitosa de es- Derashá Sermão, palestra.
crever o nome de Deus sem citar seu Derashá al Haar Sermão da Montanha, ser-
nome completo. mão do monte
E
E.c Vide era comum Eheye = Eu sou o que Sou "Ehyeh" (hebrai-
Echad É um. ex: Adonai Echad; Um - Ela é co: ) ֶא ְהיֶהou "Ehyeh-Asher-Ehyeh" (hebr:
utilizada no tradicional Shemá, Deva- " אהיה אשר אהיה- conforme em Shemot 3:14)
rim 6:4. Ouve ó Israel, Adonai nosso Era comum (ec) Refere-se ao período comu-
D'us é Um. שמע ישראל יהוה אלקינו יהוה אחד mente chamado de Anno Domini (AD)
Shemá Isra'el Adonai Eloheinu Adonai ou depois de Cristo (dC).
Echad. Outros Exemplos Exemplo: "Dei- El-Elyion Eterno Altíssimo
xará portanto o homem seu pai e sua Eliyahu Elias
mãe e se unirá à sua mulher, e serão am- Elisheva (Isabel). Mãe de Yochanan, o Imer-
bos uma só carne" - Bereshit [Gn] 2:24 sor (Lc 1.5).
El'azar Lázaro Eloheinu Nosso D'us
Emissário(s) Apóstolo(s), HaShaliach, obreiro. Elohim Eterno; elohim: quando em minúscu-
Ehyeh Ehyeh Asher Ehyeh ou Eheye Asher lo refere-se a deuses.
111
Glossário
G
Galil Vide Hagalil Ger גרConverso goy (não-judeu)
Gan'Eden Paraíso. Literalmente jardim-do- Goy (Regular plural goyim )םיוגNação, gen-
-Éden; no judaísmo o termo também til, não judeu.
refere-se ao paraíso. Goyim (goyim) Plural de Goy nações (gen-
Gat-Sh'manim (Getsêmani) Jardim onde tios) não judeus
Yeshua orou e foi preso pela guarda do Guet (do hebraico )גטÉ o nome dado ao docu-
Templo. O termo significa literalmente mento de divórcio dentro do judaísmo.
"prensa de óleos". Gueulá ( )גאולהRedenção
Gavri'el Gabriel
H
Ha'Av O Pai, ver "Av" e "Abba" judeus nas festividades judaicas.
Habessorá [Hebr: שוָֹרה
ׂ ְּ ]הַבA palavra bessorá sig- Halachá Leis Judaicas
nifica novidades, notícias, mensagem, um Hananyah Ananias;
comunicado que recebeu, sentido do grego Hananyah e Shappirah Ananias e Safira
Evangelion. Boas Novas. Normalmente refe- Hamatvil O imersor; Batista.
rente às boas novas de Yeshua HaMashiach. HaMashiach Ver Yeshua HaMashiach e Mashiach.
HaElyon, El Elyon O Eterno Altíssimo O Ungido.
HafTorá ou Haftará [Hebr: הפטרה] [plural Hanokh Enoque
haftarot ou hafTorás] é um trecho de Hanucá ou Chanuká [do Hebraico Dedica-
texto dos Neviim (Os profetas) lidos na ção]; Também faz-se referência à festa
sinagogas geralmente após a leitura da da dedicação ou festa das luzes
Parashat haShavua Har HaZeitim הר הזיתיםO Monte das Oliveiras
HaG'vurah ou Hagvurá - "O Poder", eufemis- Hasatan o Adversário, o Satan
mo para designar o Eterno. Termo em Hashachar Alvorecer
hebraico utilizado para representar a HaShaliach Emissário; Apóstolo
majestade, ou poder, do Eterno. (Mt Hashem [do hebraico ]םשה, significando O
26.64). Nome. É uma forma para designar
Hagalil [Hebr: ]הגלילGalileia, Galil Eterno dentro do judaísmo, fora do
Hallel [Hebr: ]ה ְלל
ַ [do hebraico הלל, "Lou- contexto da reza ou da leitura pública
vor"] é de origem aramaica e significa do texto bíblico.
"cântico de louvor e exaltação a D'us", Havah - Chavá Eva
músicas que celebram a vida; É uma Havakuk Habacuque
oração judaica baseada em Tehilim Heilel (Lúcifer, Samael)
(Salmos 113-118), que é utilizada como Heilel ben-shachar הילל בן שחרEstrela da ma-
louvor e agradecimento, recitada pelos nhã (a estrela matutina), a estrela D'Alva.
112
Glossário
I
Igueret (igeret) carta em Hebraico; epístola; Izevel Jezabel
epístula (latim); epistulé (Grego). Plural:
Igerot (Igrot)
K
K'far-Nachum Cafarnaum Keneh ou qenéh ( )קנהCanônico
Kanai [ ]קנאיZelote - alguém que zela pelo Kohanim Ver Cohanim
nome do Eterno Kohen ver Cohen
Kaparah Propiciação, expiação, Interces- Kohen Gadol ver Cohen Gadol
são, mediação Kehilá Congregação, Comunidade
Kapporeth כַּפֶֹּרתTampa da Arca, Propiciató- Kol Goyim Todas as Nações
rio, lugar de intercessão, Expiação. Kosher (Kasher) A comida de acordo com a
Kasher Vide Kosher lei judaica. Baseada na Torá.
Kayim Caim Korban Ver Corban
Kayafa Caifás Korbanot Ver Corbanot
Kedoshim Tornar Santo, Povo Santo, Santificação Kasdim Caldeus
Kefa Pedro
L
Lashon Hará (Hebr: )לשון הרע, Lashon signi- má, ou língua maledicente. Fofoca.
fica língua e hará significa o mal/mau, Lavan Labão
então a melhor tradução seria língua Lemekh Lameque
M
Maasser Dízimo Mashiach (do hebraico mashiah, Moshiah,
Malakhi [ ]מלאכיmeu mensageiro, Malaquias. Mashiach, or Moshia") Que significa o
Malshin Acusador, informante, diabo. ungido. O Messias e traduzido para o
113
Glossário
N
Nakdimon Nicodemos Neviim [do hebraico ]נביאיםou Profetas; é o
Nôach Noé nome de uma das três seções do Tana-
Netilat-yadayim Ritual de lavar as mãos. ch, estando entre a Torá e Kethuvim.
O
Olam Hazê Este mundo Olam Rabá Mundo vindouro, reino Eterno,
Céu dos céus.
P
Paga Intercessão P'rush Parush, Fariseu;
Parokhet Cortina. Especificamente a que di- P'rushim: Parushim Fariseus
vidia o Santo dos Santos do restante do P'lishti [Pl. P'lishtim] filisteu
Templo ou tabernáculo. Pêssach Páscoa judaica, páscoa bíblica
Pessuk (pessukim) Passagem(ns) verso(s)
Purim Festa de Purim.
R
Rabban Título dado ao rabino superior (presidente) do Sinédrio, da qual ele é o
114
Glossário
T
Talmid [Pl: Talmidim] Seguidor, discípulo, estudante; xam essas caixinhas no braço e na tes-
Talmidot Discípulado ta, em obediência a Dt 6:8. São chama-
Tefilin [com raíz do hebraico Tefilá] Nome dos também de filactérios. Não deve
dado a duas caixas pretas, de couro, ser usado como adorno religioso (Mat-
que contêm pequenos rolos com passa- tityahu [Mt] 23.5).
gens bíblicas em seu interior (Shemot Tefilá [Pl: Tefilot] Oração
[Êx] 13.1-16; Dt 6.4-9; l1.13-21). Durante Tehilim Salmo, louvores.
as orações na sinagoga, os homens fi- Terumá ou Terumah Oferta
115
Glossário
Teshuvá [Hebr: תשובה, literalmente retorno] zes o termo "Torá"; Torat Moshê [ּתוַֹרת־
Conversão; é a prática de voltar às ori- ] מֹשֶׁה: lei de Moshê, também chamada
gens do judaísmo. Também tem o senti- de lei mosaica nos termos acadêmicos.
do de se arrepender dos pecados de ma- Tzaraat lepra Doença de pele. De modo ge-
neira profunda e sincera. Aquele que ral, não se trata do mal de Hansen (han-
passa pelo processo de Teshuvá com su- seníase), o significado moderno atribu-
cesso é chamado de Baal Teshuvá. ído à palavra "lepra".
Tanakh ou Tanach [Hebr: ]תנ״ךÉ um acrôni- Tarf ou treif Alimento não Kosher (não
mo utilizado para denominar seu con- Kasher), A comida que não estiver de
junto de livros sagrados Torá, Nevii- acordo com a lei judaica é chamada de
n(profetas) Ketuvin (escritos) treif ou treyf (em iídiche: טרייף, do he-
Tevilá ou Tevilah Imersão ou Batismo, Imer- braico |טֵר ָפה,
ְ transl. trfáh). Num sentido
são em água. mais técnico, treif significa "proibido",
T'oma Tomé. "dilacerado" e se refere à carne que veio
Tveryah (em hebraico: ֶריָה ְ ) Tiberíades ou
ְטב de qualquer animal que contenha algum
Tiberíade. defeito que o torne impróprio para o
Torá (Torá) (do hebraico תוָֹרה,
ּ Torá signifi- abatimento.
cando lei, instrução, apontamento). Lei Tzdukim Saduceus.
de D'us. É o nome dado aos cinco pri- Tsadic Homem Justo.
meiros livros do Tanach (também cha- Tzadikim justos.
mados de Hamisha Humshei Torá, Tzarot Mal, Aflições, problemas, preocupações
חמשה חומשי תורה- as cinco partes da Tzedaká [Pl: Tzedakot] Caridade, Oferta, fa-
Torá) Chamada também de Lei de zer Justiça, Justiça Social.
Moshê (Torat Moshê, )תוַֹרת־מֹשֶׁה,
ּ por ve-
V-Y-Z
Veachavta Lereacha Kamocha Amarás a teu dado às instituições para estudo da
próximo como a ti mesmo. Torá e do Talmud dentro do judaísmo
Vayikrá "E chamou" em Hebraico, Livro de Yerushalayim Jerusalém.
Levíticos. Yeshayahu Isaías.
Yarden Jordão. Yeshua Jesus, O nome hebraico Yeshua [ַיֵׁשוּע/]ישוע
Yehoshafat Josafá é uma forma alternativa de Yehoshua, Josué, e
Yehoram Jeorão é o nome completo de Jesus
Yehudah Judas; Yeshuá Salvação
Yehudah de K'riot: Judas Iscariotes. Yetser Hará/tov Inclinação para o mal/bem
Yehu Jéu. Yibum Levirato
Yako'ov Jacó, correspondente em hebraico Yitsak ou Yitschak Isaque
para Tiago. Yochanan João,
Yishmael Ismael. Yochanan Hamatvil Yochanan o imersor,
Yerichó Jericó. João Batista
Yeshivá [Hebr: [ ]ישיבהPl: Yeshivot] é o nome Yom Hadin Dia do Juízo
116
Abreviações
Yom Hashem Dia do Eterno, Dia do Senhor- Yonah Jonas
Juízo Yoshiyahu Josias
Yom Kipur ou Yom Hakipurim Dia da Expia- Zakkai Zaqueu
ção
117
Calendário
Adar II e Nissan
Abril
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Shabat
יום ראשון יום שני יום שלישי יום דביעי יום חמישי יום שישי שבת
1 2
כט א
29 1
Hachodesh Nissan
Parashá Tzaria
3 4 5 6 7 8 9
ב ג ד ה ו ז ח
2 3 4 5 6 7 8
Shabat HaGadol
Parashá Metsorá
10 11 12 13 14 15 16
ט י יא יב יג יד ט"ו
9 10 11 12 13 14 15
Omer: conte 1
Erev Pessach Pessach
1º Seder à noite 2º Seder à noite
17 18 19 20 21 22 23
יו יז יח יט כ כא כב
16 17 18 19 20 21 22
Omer 7
Omer 1 Omer 2 Omer 3 Omer 4 Omer 5 Omer 6
Pessach 8
Pessach 2 Pessach 4 Pessach 7 Pessach 5 Pessach 6 Pessach 7 Seudat Mashiach
24 25 26 27 28 29 30
כג כד כה כו כז כח כט
23 24 25 26 27 28 29
118
Calendário
Maio
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Shabat
יום ראשון יום שני יום שלישי יום דביעי יום חמישי יום שישי שבת
1 2 3 4 5 6 7
ל א ב ג ד ה ו
30 1 2 3 4 5 6
Rosh Chodesh Iyar Rosh Chodesh Iyar Yom Hazikaron Yom Haatzmaut Parashá Kedoshim
8 9 10 11 12 13 14
ז ח ט י יא יב יג
7 8 9 10 11 12 13
Parashá Emor
15 16 17 18 19 20 21
יד ט״ו יו יז יח יט כ
14 15 16 17 18 19 20
22 23 24 25 26 27 28
כא כב כג כד כה כו כז
21 22 23 24 25 26 27
29 30 31
כח כט א
28 29 1
Sivan e Tamuz
Junho
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Shabat
יום ראשון יום שני יום שלישי יום דביעי יום חמישי יום שישי שבת
1 2 3 4
א ב ג ד ה
1 2 3 4 5
Omer 49
Omer 46 Omer 47 Omer 48
Parashá Bamidbar
Erev Shavuot
5 6 7 8 9 10 11
ו ז ח ט י יא יב
6 7 8 9 10 11 12
12 13 14 15 16 17 18
יג יד ט״ו יו יז יח יט
13 14 15 16 17 18 19
Parashá
Behaalotechá
19 20 21 22 23 24 25
כ כא כב כג כד כה כו
20 21 22 23 24 25 26
Parashá Shelach
26 27 28 29 30
כו כז כח כט א
26 27 28 29 1
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Bençãos Diversas
ברכות תורה
Bênção para estudo da Torá
Baruch ata Adonai Bendito sejas Tu, Eterno, רוּך ַא ָתּה יהוה ְ ָבּ
Elohênu mélech nosso D'us, Rei do ְֱאלֹהֵֽינוּ מֶֽלֶך
haolam, asher universo, que nos ָהעוֹלָם ֲאשֶׁר
báchar bánu escolheu dentre ָֽחר בָּֽנוּ
ַבּ
mikol haamim todos os povos e nos ִמ ָכּל ָה ַע ִמּים
venátan lánu et torato. deste a Tua Torá. תּוֹרתוֹ
ָ ָתן ָלֽנוּ ֶאת ַ ְונ
Baruch ata Adonai, Bendito sejas Tu, Eterno, רוּך ַא ָתּה יהוה ְ ָבּ
noten hatora. que nos deste a Torá. תּוֹרה
ָ נוֹתן ַה ֵ
Benção posterior à leitura Benção posterior à leitura ברכה לאחר הקריאה׃
Baruch ata Adonai Bendito sejas Tu, Eterno, רוּך ַא ָתּה יהוהְ ָבּ
Elohênu mélech nosso D'us, Rei do ְ ֱאלֹהֵֽינוּ מֶֽל
ֶך
haolam, asher universo, que nos destes ָהעוֹלָם ֲאשֶׁר
nátan lánu torat a Lei da verdade e ֽתן ָלֽנוּ תּוַֹרת ַ ָנ
emet vechaie olam plantastes a vida ֱא ֶמת ְו ַחיֵּי עוֹלָם
nata betochênu. eterna entre nós. ָטע ְבּתוֹכֵֽנוּ ַנ
Baruch ata Adonai, Bendito sejas Tu, Eterno, רוּך ַא ָתּה יהוהְ ָבּ
noten hatora. que nos deste a Torá. תּוֹרהָ נוֹתן ַה ֵ
ברכות ההפטרה
Bênção para estudo da Haftará (profetas)
Baruch ata Adonai Bendito és Tu, Eterno, ּך ַא ָתּה יהוה ְ בָּרו
Elohênu mélech nosso D'us, Rei do ְ ֱאלֹהֵֽינ ּו מֶֽל
ֶך
haolam, asher báchar universo, que escolhestes ָֽחר
ַ ָהעוֹלָם ֲאשֶׁר ב
bineviim tovim bons profetas ׂבים ִ יאים טו ִ ְבִ ִבּנ
veratsa bedivrehem e que quisestes Suas יהםֶ ְוָרצָא ְב ִד ְבֵר
haneemarim palavras ditas ּא ָמִרים ֱ ַה ֶנ
beemet. verdadeiramente. ֶבּ ֱא ֶ מת
Baruch ata Adonai, Bendito sejas Tu, Eterno, ָבּרוּך ַא ָתּה יהוה ְ
habocher batora que escolhestes a Torá, ׂחר ַבּ ּתוָׂרה ֵ ַה ּבו
uveMoshê avdo Teu servo Moshê, Teu ֹשׂה ַע ְב ּדוֹ ֶ ּב מ ְו
uveisrael amo uvinvie povo de Israel e profetas יאי
ֵ ְב
ִ ּבנ
ִ ְׂר ֵאל ַע ּמוֹ ו ָּביִש ְו
haemet vehatsédek. da verdade e da justiça. ָה ֱא ֶמת ְו ֶצֶּדק
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Bençãos Diversas
Baruch ata Adonai Bendito és Tu, Eterno, nosso רוּך ַא ָתּה יהוה ְ ָבּ
Elohênu mélech haolam, D'us, Rei do universo, ֶך ָהעוֹלָםְ ֱאלֹהֵֽינ ּו מֶֽל
asher natan lánu que deu-nos a palavra da ָֽחר ָלֽנוַּ ֲאשֶׁר ב
hadevar haemet, verdade e plantou a vida ָׅא ֶמתֱ ַה ְד ַבר ה
vechaie olam nata eterna em nosso meio. ָטעַ ְו ַחיֵּי עוֹלָם נ
betochênu. Baruch ata Bendito sejas ְ ְבּתוֹכֵֽנוּ ָבּ
רוּך ַא ָתּה
Adonai noten habrit Tu, Eterno, que nos deste נוֹתן ַה ְבּׅריתֵ יהוה
haHadashá. a Nova Aliança. הםְ שׁ ָ ַה ַחָד
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Islamabad
Chade
Nigéria
Etiópia
República Sudão do Sul
Centro-Africana
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Camarões
CONGREGAÇÕES GRUPOS MEMBROS POPULAÇÃO
Somália TOTAL 13.126 14.181 4.230.666 215.082.000
Guiné Equatorial Uganda
PROJETOS
São Tomé Quênia
Congo 1 Estabelecer Congregação e escola em Belize, Angola.
São Tomé Gabão República
Ruanda 2 Esabelecer escola em luanda, Angola.
e Príncipe Democrática
do Congo Burundi 3 Centro de aconselhamento de combate à violência doméstica em Lombe, Angola.
DIVISÃO
4 Angola Malaui
Lilongwe
Zâmbia
Lusaka 6
Harare
Antananarivo
Namíbia Zimbábue
Madagascar
Botsuana
Moçambique
Windhoek
Gaborone
Pretória
Maputo
Mebabane Suazilândia
Maseru
Lesoto
África do Sul
Sul-Africana Oceano Índico
Bereshit|בראשית