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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

ELISANGELA APARECIDA MORETTI


EMILY CRISTINA LIZARDO MARTINS
ISABELLA RADIS TIRADO
ALETHEA PATRICIA ASSUNÇÃO DOS SANTOS
RAÍSSA MONIQUE ANTONIO

DIREITO DA INOVAÇÃO
Políticas de Inovação de Israel nas últimas décadas

CAMPINAS
2021
ELISANGELA APARECIDA MORETTI
EMILY CRISTINA LIZARDO MARTINS
ISABELLA RADIS TIRADO
ALETHEA PATRICIA ASSUNÇÃO DOS SANTOS
RAÍSSA MONIQUE ANTONIO

DIREITO DA INOVAÇÃO
Políticas de Inovação de Israel nas últimas décadas

Trabalho apresentado no curso de


Direito da Inovação, correspondente a
nota da primeira prova intermediaria do 6º
semestre, do curso de Direito da
Universidade Presbiteriana Mackenzie –
campus Campinas, avaliado pelo
Professor Marcelo Chiavassa de Mello
Paula Lima.

CAMPINAS
2021
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 4
2. DADOS DE ISAREL .......................................................................................................... 4
2.1. BREVE CONTEXTO HISTÓRICO ............................................................................... 4
2.2. INFRAESTRUTURA.................................................................................................... 5
2.3. ECONOMIA ................................................................................................................ 5
3. INOVAÇÃO ....................................................................................................................... 7
4. POLÍTICAS DE INOVAÇÃO ............................................................................................. 8
4.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................... 8
4.2. ATORES ................................................................................................................... 10
4.3. POLITICAS PÚBLICAS DE 1970 ATÉ 2018 ............................................................. 11
5. INICIATIVA PRIVADA ..................................................................................................... 14
5.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................. 14
5.2. INICIATIVAS PRIVADAS DE INOVAÇÃO DE 1990 ATÉ 2000.................................. 14
5.3. VENTURE CAPITAL E STARTUPS .......................................................................... 17
5.4. PARQUES TECNOLÓGICOS ................................................................................... 20
6. ARTIFICIOS DAS INTITUIÇÕES PARA IMPULSIONAR A INOVAÇÃO .......................... 20
6.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................. 20
6.2. CULTURA ................................................................................................................. 21
6.3. EDUCAÇÃO .............................................................................................................. 22
6.4. EXÉRCITO ................................................................................................................ 22
6.5. DEMAIS PRINCIPIOS ............................................................................................... 23
7. PANDEMIA ..................................................................................................................... 24
7.1. CHEGADA DA PANDEMIA EM ISRAEL ................................................................... 24
7.2. INOVAÇÃO NO COMBATE A PANDEMIA ................................................................ 26
8. CONCLUSÃO.....................................................................................................................27
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo dissertar sobre as políticas públicas de
inovação em Israel nos últimos 50 anos, analisando criteriosamente seu
desenvolvimento, bem como, todos os esforços que foram empregados para que o
país chegasse ao patamar atual. A trajetória econômica de um país deriva muito de
sua própria história e a de seu povo. O conceito introdutório de políticas públicas é
explicitado como medidas tomadas pelo governo a fim de garantir os direitos e a
assistência da população, possibilitando assim que a população tenha uma boa
qualidade de vida e oportunidades de crescimento.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
estima que a inovação é o principal fator para o crescimento econômico nos países
desenvolvidos, que apresentam alto nível de desenvolvimento econômico e social.
Esse fator permite maior competitividade, rápida adaptação às mudanças sociais e
garante um padrão de vida mais elevado nesses países.
Será realizado um paralelo das políticas públicas de inovação aos métodos
e estratégias adotados por Israel de forma a alavancar não somente a qualidade de
vida, mas também o desenvolvimento, a tecnologia, a educação e a economia do
país. Por fim, será feita uma análise entre as políticas públicas empregadas,
vinculando-seeste fato com o crescimento da inovação do país, havendo ilustração
em gráfico sobreo constante crescimento industrial. É de suma importância social,
econômica e acadêmica compreender a aplicação de políticas inovadoras em um
projeto estruturalde tamanho sucesso como tem sido em Israel.
Identificar as causas e as consequências das diferentes medidas econômicas
e políticas de inovação, permite identificar as estratégias que elevaram Israel de um
país destruído pelo pós-guerra a uma potência de reconhecimento mundial na
esferade inovações.

2. DADOS DE ISRAEL

2.1. BREVE CONTEXTO DE ISRAEL


Israel, denominado oficialmente como Estado de Israel, é um país que dispõe
da sua independência desde 13 de maio de 1948, localizado no Oriente Médio,
centralizado em uma das regiões onde o conflito é contínuo, por questões religiosas
e políticas entre os habitantes por fazer fronteira com o Egito, a Jordânia, a Síria
e o Líbano.
Em um breve contexto histórico, logo após Israel conquistar sua
independência, em menos de um dia o povo israelita lutou a conhecida como
“Guerra da Independência”, mesmo na época considerados pouco preparados em
questão de armamento e um país recém-formado, ainda sim a Defesa de Israel
(IDF) conseguiu expulsar os invasores. Com o ocorrido, em 1949, para tentar
melhorar as relações internacionais, a Organização das Nações Unidas (ONU)
tentou com que cada um dos países que invadiram Israel entrasse em negociação
entre eles, este plano deu certo com exceção do Iraque, que se recusou com tal
acordo com Israel.

2.2. INFRAESTRUTURA
Israel é considerado um país de um alto desenvolvimento, tem como um de
seus principais pontos as comunicações, energia, transporte, saúde e educação. O
desenvolvimento tecnológico e econômico do país é considerado um dos mais
modernos, considerando que Israel começou sua história em 1948, possui centros
de pesquisa e desenvolvimento, com finalidade de criar aplicativos e maneiras de
facilitaro trabalho humano, como por exemplo, na parte tecnológica podemos
citar o israelense Uri Levine, criador do Waze, aplicativo de transito orientado como
GPS,assim como inovaram os trabalhos agrícolas, como é o caso da irrigação por
gotejamento, desenvolvida em 1965 em Israel, visto que a agricultura era feita em
partes desérticas.

2.3. ECONOMIA
A economia de Israel, após a independência do país passou por um processo
de desenvolvimento em várias áreas, contudo, mesmo com um crescimento
relativamente rápido, houve dificuldades para tal evolução. Após 1948, Israel
passou a ter uma visão ótica do desenvolvimento, atingindo entre 1950 e 1964 a taxa
média de crescimento do produto nacional (PNB) de aproximadamente 11% ao ano.
Com a evolução de Israel em menos de 20 anos, passaram a ter objetivos
fundamentais de cunho econômico e político, que fizeram toda diferença para o
crescimento do país.
Em 1949 até final da década de 60, ocorreu uma elevada taxa no crescimento
econômico no país, com o auxílio de instituições criadas para este fim, permitindo a
imigraçãoe fazendo questão dela para o aumento da taxa, que se deu de um conjunto
dos naturalizados e imigrantes em Israel, ganhando neste período em questões
como a pressão inflacionaria e redução do déficit do balanço dos pagamentos. O
crescimento do país foi tão rápido, que de fato, em 1971, ao completar um pouco
mais de 20 anos, a população de Israel chega em três milhões de habitantes.
Contudo, o desenvolvimento do país não parou em instituições e imigração,
não foi apenas baseada nisto, Israel passou a ter um forte desenvolvimento em
parque industrial e agrícola, trazendo um novo ramo de lucro e aumento na
economia. Contudo, a nível internacional, começou a ser inserido a integração com
a economia mundial com a significativa relação de exportação durante os anos,
sendo um país rico em pedrarias, mas com outros ramos de serviços, como
agricultura, minerais, metais, produtos químicos, veículos, maquinário, eletrônicos,
principalmente para a América do Norte, Europa e Asia, desde 1995 até 2019.

Figura1

Considerando os produtos que Israel exportava, é possível observar seu


crescimento econômico e mundial, quando entramos nos anos 2000, com base
nos dados do The Observatory of Economic Complexity - OEC o maior produto
continua sendo diamantes, com 29,6%, porém quando comparado com as décadas
anteriores analisamos que é o maior, mas não o único, muitos produtos como
telefones por exemplo estão crescendo no país, tendo os Estados Unidos como o

1 Atlas os Economic Complexity. <Disponível em: O Atlas da Complexidade Econômica


(harvard.edu)> Acesso: 30 de agosto de 2021.
local de maior exportação com 38,3%.

Extortação: 2000 Exportação: 2019

Figura2 Figura3
Por fim, é relevante a comparação do começo dos anos 2000 com 2019, os
diamantes passaram a ter apenas 9,15% de exportação, fazendo com que os demais
produtos tivessem espaço na economia de Israel, assim como na área da tecnologia
em que telefones diminuíram, mas os circuitos integrados eletrônicos aumentaram
de 2,81% para 3,58%, se fazendo mais exportado que os telefones nos anos 2000.

3. INOVAÇÃO
Israel é um país, de fato, novo em aspectos como o de desenvolvimento,
tecnologia, economia. Com 73 anos de história é possível notar que na questão de
inovação está acima de vários países, como é o caso do Start Up Ranking, no qual
ocupa a 10ª posição dentre vários países analisados, ou seja, é um país de
economiae desenvolvimento avançado, considerado seu tempo de independência.
Como já foi abordado, a inovação de Israel começou desde o começo, com
uma visão de desenvolvimento do país na tecnologia e economia, com isto,
investemem cunha de pesquisa cientifica e tecnológica, sem contar na informativa

2 The Observatory of Economic Complexity <Disponível em: Israel (ISR) Exports, Imports, and Trade
Partners | OEC - The Observatory of Economic Complexity> Acesso em: 01 de setembro de 2021.
3 The Observatory of Economic Complexity <Disponível em: Israel (ISR) Exports, Imports, and Trade

Partners | OEC - The Observatory of Economic Complexity> Acesso em: 01 de setembro de 2021.
inserida nasescolas. Após este breve contexto no que já foi abordado, é possível
analisar de fatoa inovação no Estado de Israel e como uma das referências em alta
tecnologia.
As Startups, que são empresas iniciantes buscando explorar as inovações
do mercado de trabalho, o termo foi criado em 1990 para separar as empresas e
ideias novas e inovadoras das empresas já criadas e desenvolvidas, em Israel tem
uma grande relevância no país tendo em vista o ramo da denominada Agtech, na
qual dizrespeito as inovações de técnicas agrícolas, para melhorar o cuidado com
plantas, animais e microrganismos, assim como na área de Foodtech, abordando a
inovação em avanços alimentícios, visando a saúde dos consumidores e habitantes.
Portanto, Israel não incentiva apenas a tecnologia no ramo de eletrônicos,
sendo forte em inovações agrícolas e alimentares, mesmo que o país esteja
crescendo em questão de desenvolvimento atualmente, sua inovação está acima
de muitos países considerando sua idade. Quando pensamos na trajetória do país
em questão da inovação tecnológica, e analisamos as décadas anteriores, a
conclusão desde 1948 é de que cresce a cada década de uma maneira
extraordinária, com forte incentivo, publico e privado, como veremos seu processo
posteriormente.

4. POLÍTICAS DE INOVAÇÃO

4.1. CONTEXTUALIZAÇÃO

A inovação tem um importante papel no desenvolvimento da economia e da


competitividade no mercado mundial. Através da implantação de uma política de
inovação é possível realizar a interface entre investigação, política de
desenvolvimento tecnológico e política industrial. O Manual de Oslo afirma que:
“Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou
significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing,
ouum novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local
detrabalho ou nas relações externas” (MANUAL DE OSLO, 2006, p. 55). Assim, a
inovação pode serdividida em quatro tipos: inovações de produto, inovações de
processo, inovações organizacionais e inovações de marketing. A inovação, em
geral, está ligada com a criação de um novo objeto ou forma de realizar algo ou às
mudanças significativas deum objeto ou forma de realizar algo já existente.
A evolução tecnológica que vem ocorrendo nas últimas décadas permitiu que
os fenômenos do capitalismo e da globalização se estabelecesse e se consolidarem
ao redor do mundo. A facilidade de circulação de mercadorias, pessoas e
tecnologiasentre diferentes territórios de forma dinâmica e acelerada faz com que a
capacidade dos Estados em proporcionar um contexto institucional organizacional
favorável ao conhecimento e à inovação um fator essencial para fomentar sua
economia e o desenvolvimento do país. (GAMA; FERNANDES, 2013).
Se durante a primeira revolução industrial os recursos mais importantes para
odesenvolvimento eram as matérias-primas, as fontes de energia e a localização,
na atual economia mundial é o conhecimento e o domínio de competências técnicas
(“expertise”) que muitas vezes se tornam recursos decisivos para o
desenvolvimento industrial, principalmente considerando o destaque que as
empresas digitais têm na economia global (GAMA;FERNANDES, 2013).
Desta maneira, o Estado tem um importante papel em criar e apoiar políticas
públicas e instituições, como universidades e centros de pesquisa, que promovam
o desenvolvimento e que consigam arcar com o longo período de tempo e os altos
riscos de falha que estão ligados a procura por inovação, como também promover o
encontroentre estas tecnologias e o setor privado, procurando, assim, garantir
suaindependência tecnológica e fortalecimento econômico. Com apenas 9 milhões
de habitantes, Israel é considerado o país mais inovador do mundo. A nação
apresentamais empresas listadas na NASDAQ do que qualquer outro país,
excetuando-seEstados Unidos e China, possui o maior nível de investimento em
pesquisa edesenvolvimento (P&D) em relação ao PIB e o maior número de
cientistas,engenheiros, patentes médicas e profissionais em tecnologia em termos
per capita.Além disso, Israel possui o maior número de startups per capita, e o
maior mercadomundial de venture capital (VC) em relação ao PIB, superando até os
Estados Unidos.Tal performance, avassaladora, suscita imediatamente a pergunta:
o que torna Israel, com um território de tamanho equivalente ao do estado de
Sergipe, de vegetação predominantemente desértica, sem fontes de água
suficientes para a suapopulação e envolvido em contínuos conflitos territoriais com
vizinhos, tão inovador? A resposta certamente passa pelas próprias dificuldades
enfrentadas pelo país, associadas a massivos investimentos em pesquisa e
inovação. Israel se tornou lídermundial nas tecnologias de dessalinização e hoje
60% da água potável do País vemdo Mar Mediterrâneo, a partir de uma tecnologia
disruptiva para isso e exportada para mais de 40 países, entre eles os Estados
Unidos. O estado judeu tem como prioridadeos investimentos no setor de defesa (é o
país que mais aplica na área como proporção do PIB, 4,7%) e desenvolveu
significativas tecnologias militares, muitas das quaisacabaram sendo adaptadas
para finalidades civis, o que o torna líder em segurança cibernética, veículos
autônomos, agricultura e saúde digitais.

Em Israel, todos os jovens aos 18 anos devem servir nas Forças Armadas.
Os homens passam ao menos três anos à disposição do Exército, Marinha e
Aeronáutica,as mulheres pelo menos dois. As mentes mais brilhantes são pinçadas
para as áreas estratégicas A principal delas é a Unidade 8200, que cuida da
inteligência e cibersegurança. Ali, os jovens recebem treinamento de elite e
adquirem experiência na utilização e no desenvolvimento de tecnologias. É o que
leva muitos especialistasem desenvolvimento de C&T considerar a Unidade 8200
como a maior máquina de criar startups do mundo. A estimativa é de que mais de
mil empresas tenham sido criadas só por ex-integrantes dessa unidade. A lista inclui
nomes de atuação global como Waze, Wix, Check Point (inventora do firewall) e a
Mirabilis (criadora o ICQ). O rigor do serviço militar associado a ensino superior
extensivo e de qualidade(Israel é o 2º país com maior percentual de adultos com
formação universitária) acabam gerando uma avalanche de recursos humanos
altamente qualificado ao mercado de trabalho, o que atrai a atenção de gigantes da
tecnologia mundial como HP, Intel, IBM, Cisco, Huawei e Microsoft. Cerca de 300
multinacionais mantêm no país centros de P&D, o que as torna responsáveis por
mais da metade dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento em Israel. Em
nenhum outro país do mundo empresas estrangeiras investem tanto em P&D em
relação ao tamanho da economia.

4.2. ATORES

O conceito de SNI, começou a ser desenvolvido no início dos anos de 1980, com os
estudos de Freeman (1987), Lundvall (1992) e Nelson (1993), para explicar o
ambiente de inovação. Esses autores se tornaram as principais referências no
assunto, pois seus trabalhos mudaram a compreensão de como um país/região se
organiza para fomentar o progresso técnico. O termo “sistema” procura contemplar
as redes de interação que se formam entre os vários atores que participam e
interagem no processo de inovação. No conjunto, os atores individuais são capazes
de formar um todo orgânico que contribui com o desempenho inovativo (NELSON,
1993). Considerando que as empresas não inovam sozinhas, o processo inovativo
deve ser visto como um processo coletivo de grande interação entre
empresas,universidades, institutos de pesquisa, agências governamentais,
instituições financeiras, entre outras. (MALERBA, 2002). Devemos salientar que o
Estado de Israel fica situado em um território de muitos conflitos religiosos, étnicos e
políticos. Diante dessa situação, desde meados do século XX, o governo israelense
buscou incentivar a indústria militar para se proteger dos ataques dos países
vizinhos. Ou seja, um problema nacional, foi o fator fundamental para a criação de
um sistema que buscou inovar em um setor de interesse e de necessidade nacional
(UNESCO, 2016). Diante disso, é criado dentro do país uma rede de interação entre
os atores que desempenham juntos o papel de influenciar o processo de inovação,
criando assim um sistema nacional de inovação.

4.3. POLITICAS PÚBLICAS DE 1970 ATÉ 2018

Desde antes de sua criação em 1948, o Estado de Israel investe em pesquisa,


primeiramente para sanar as dificuldades geoclimáticas da região (agricultura e
energia) e, posteriormente, com a necessidade de desenvolvimento de uma indústria
militar robusta, devido sua condição geopolítica, se cria centros de pesquisa e
desenvolvimento, para impulsionar esse setor que posteriormente transbordaria para
indústria civil de alta tecnologia.
Outro segredo israelense é a boa cooperação entre instituições de pesquisa
públicas e empresas. O país é apontado como o terceiro no mundo neste quesito de
acordo com os dados do Global Innovation Index 2018. O modelo israelense
coleciona políticas públicas bem-sucedidas. É o caso do Yozma Program,
estabelecido em 1993, e que é considerado um dos principais responsáveis pelo
desenvolvimento do segmento de venture capital no país. Além disso, o país possui
programas que visam desenvolver novas empresas, a exemplo do Technological
Incubators, Early Stage Funds, Innovation Labs (TNUFA). Estas ações, organizadas
de maneira perene e contínua e sem cortes orçamentários, garantem os incentivos
necessários para a elevação dos investimentos privados.
Os esforços inovativos sempre são acompanhados de um grande número de
tentativas e erros, em um processo de aprendizado (NELSON, 1993). Entretanto,
essas tentativas geram custos para a empresa e ademais a incerteza sobre os
resultados dos esforços inovativos restringem tais investimentos. Por vezes, o
retorno esperado pelas firmas e o tempo previsto dos resultados podem não ser o
desejado. Por exemplo, a pesquisa na indústria farmacêutica, que necessita de
grandes investimentos para a descoberta de novos princípios ativos, nem sempre é
bem-sucedida, apesar do longo tempo de estudo. Logo, visando amenizar as
incertezas relacionadas aos esforços inovativos, o apoio ao investimento privado se
tornou uma estratégia para criar e potencializar sua capacidade tecnológica.
Visando estimular os investimentos privados em inovação, as políticas
públicas devem buscar dois objetivos: (i) incentivar as empresas a aumentarem seus
esforços de inovação e seus gastos em P&D; e (ii) realizar políticas de apoio à
inovação. Por exemplo, capacitação e formação de recursos humanos, a criação de
infraestrutura de apoio às atividades tecnológicas e o estabelecimento de vínculos
entre os agentes do processo. Os EUA, por exemplo, até a década de 1970, se
destacava como o grande modelo a ser seguido, pois possuía um forte sistema de
C,T&I como forma de diferenciação industrial. Essa posição de modelo a ser seguido,
decorre de altos investimentos governamentais em P&D (NELSON, 1993).
Segundo Mazzucato (2014), quando se busca crescimento puxado pela
inovação, é indispensável o papel do setor público incentivando as principais forças
empreendedoras, ou seja, o Estado assume os riscos do investimento em inovação.
A autora ressalta que uma invenção de grande impacto (por exemplo, a criação do
iPhone) que costuma ser vinculada a ideia genial de uma única pessoa (neste caso,
Steve Jobs), na grande maioria das vezes, são resultados de pesquisas financiadas
pelo Estado. “Do desenvolvimento da aviação, energia nuclear, computadores,
internet, biotecnologia até a tecnologia verde atual, foi o Estado – e não o setor
privado – que deu o pontapé inicial”. (MAZZUCATO, 2014; p. 39)
Com base no documento Doing Business in Israel 2018, desenvolvido
pelo Ministério da Economia de Israel no ano de 2018, para apresentar as principais
políticas de apoio à C,T&I que Israel desenvolve atualmente, podemos analisar o
ecossistema empreendedor que as empresas israelenses estão inseridas. No
mesmo ano, o Ministério da Economia e Indústria criou um órgão integrador,
denominado Invest in Israel, que serve como um balcão único para uma ampla gama
de investidores (potenciais e existentes), que tem como finalidade identificar
oportunidades de investimentos, mapear possíveis obstáculos e apoiar todo o
processo. Esse órgão busca constantemente conectar as necessidades do cliente
privado para promover atividades no âmbito do governo.
O país é bem classificado nos rankings recentes de inovação: em 2018 ficou
na 3ª colocação no Global Competitiveness. É líder mundial em percentual de P&D
em relação ao PIB. Desse esforço resulta que 45% das exportações de Israel são de
bens e serviços de alta tecnologia. Israel é o lar de um dos ecossistemas de alta
tecnologia mais vibrantes do mundo, com 94 empresas israelenses listadas na
NASDAQ em 2017. Diante desse cenário, muitas empresas multinacionais acabam
por se fixar em Israel. Em Israel, o processo de abertura ou iniciação de um novo
negócio segue conforme proposto pelo Banco Mundial, ou seja, é realizado de forma
muito simplificada, com duração de apenas 12 dias, seguido por 3 processos
regulatórios. O governo israelense busca constantemente dar inúmeros incentivos
ao investimento como, por exemplo, subvenções para investimento de capital,
programas de ajuda ao emprego e atividades de pesquisa e desenvolvimento e taxas
reduzidas de impostos, isenções e outros benefícios. Esses incentivos são divididos
em quatro tipos: emprego, benefícios de P&D, subsídios para depósitos de capital e
benefícios tributários. Os incentivos de capital fornecidos pelo governo israelense e
também alguns de seus benefícios fiscais estão especificados na "Lei para o
Incentivo ao Investimento de Capital". O objetivo da lei é atrair capital para Israel e
incentivar a iniciativa econômica e os investimentos do capital estrangeiro e local.
Existem dois programas principais estabelecidos para atingir o objetivo da lei: O
Programa de Subsídios e o Programa de Benefícios Fiscais. Além dos incentivos
tributários e subsídios, o governo israelense busca constantemente criar programas
que também incentivem e auxiliem as empresas à investirem em C,T&I.
O Ministério da Economia opera ainda vários programas de ajuda destinados
a incentivar a integração de trabalhadores de populações minoritárias, populações
com baixas taxas de participação no trabalho e populações de regiões prioritárias
nacionais. A ajuda é dada sob a forma de subsídios ao salário de novos empregados
por um período de tempo específico. Os diferentes programas de ajuda são
facilitados pela AI e o Desenvolvimento da Indústria e Economia. São muitos os
programas governamentais de apoio à inovação, seja para empresas israelenses,
seja para multinacionais. Esses incentivos foram e ainda são cruciais para manter
Israel como o país que mais investe em P&D, como porcentagem do PIB. Diante do
que já foi exposto, o próximo capítulo aborda o importante papel dos recursos
privados no processo à inovação.

5. INICIATIVA PRIVADA

5.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
A iniciativa privada em Israel começa a atuar de maneira efetiva após a
independência do país, mas, importa ressaltar que todo o processo de independência
do país foi cercado de instabilidade geopolítica. Assim, os primeiros resquícios de
uma possível movimentação industrial começam a partir do momento em que Israel
abre as suas fronteiras e ampara todo o povo judeu, garantindo a eles a possibilidade
de cidadania no país e apoiando a máxima de reunir os exilados.
O cenário israelense era composto por alguns fatores que não eram tão
favoráveis para uma futura iniciativa privada, pois, como foi dito anteriormente a
situação política no país era algo muito instável, além da escassez de recursos
hídricos e do território ser considerado pequeno em comparação com outros países.
Porém, apesar disso o desenvolvimento econômico de Israel obteve grandes
avanços. O início dos anos 90 foram marcados pelo subdesenvolvimento dos
mercados capitais que sofriam com a precariedade das empresas de tecnologias que
ainda não tinham fontes de financiamentos estáveis, assim, o auxílio governamental
nesse período não conseguia suprir a necessidade das indústrias.
Portanto, o desenvolvimento das indústrias no âmbito da inovação não se
sustentava apenas com o investimento nacional, ou seja, nesse período foram
necessárias outras formas de financiamentos para as empresas.

5.2. INICIATIVAS PRIVADAS DE INOVAÇÃO DE 1990 ATÉ 2000


O Fundo Yozma desenvolvido nos anos 1990 foi uma forma de restaurar e
intensificar a participação governamental em conjunto com a inciativa privada com a
intenção de atrair investimentos para Israel e desenvolver o setor de venture capital
no país A opção de “ buy out” criada pelo fundo possibilitou a aceitação do mercado
ao projeto, sendo essa opção extremamente atrativa para a esfera privada, assim, até
meados de 1997 o programa conseguiu arrecadar em torno de 200 milhões de
dólares, sendo investido em 200 startups.
A iniciativa do governo em instalar esse fundo veio através da necessidade de
empregar os milhares de imigrantes que chegaram ao país, ou seja, o fundo Yozma
foi uma forma também de estimular a criação de startups no país, suprindo assim a
necessidade de empregos no local e investir no setor de alta tecnologia. Logo, a
expansão do grupo desenvolveu relacionamentos com instituições acadêmicas e
assim tiveram acesso as incubadoras tecnológicas e as outras empresas.

Figura 02
No decorrer do tempo o Grupo foi privatizado, ou seja, a iniciativa privada
agora era o grupo maioritário do empreendimento e o governo era responsável
somente por uma parta minoritária, pois, se entendeu que após os resultados do
Grupo a iniciativaprivada já era autossuficiente. Sendo assim, um dos fundos do
Grupo existe até o momento e são compostos pelos CEOs de empresas de
tecnologia e os fundos que foram privatizados e comprados durante esse período
hoje administram o patrimôniode 3 bilhões de dólares.
Dessa forma, no final dos anos 90 as indústrias começaram a ter um papel
degrande relevância no país, assim, o setor privado começou a liderar de maneira
efetiva aquilo que o governo alavancou inicialmente, como por exemplo, o Grupo
Yazma que no início do projeto tinha 50% de investimento governamental e com o
protagonismo da iniciativa privada esse investimento foi para 0% nos anos 2000.
O Programa Inbal, foi a primeira iniciativa voltada somente para o venture
capital, ou seja, o empreendimento era voltado para criar o capital de risco e n
egociar eles na Bolsa de Valores, mas, o projeto foi encerrado pouco tempo depois
da sua criação e isso ocorreu por falta de profissionais experientes no venture
capital que conseguissem gerenciar os seus respectivos fundos.

Figura 03
5.3. VENTURE CAPITAL E STARTUPS
O venture capital foi algo que possibilitou expressivamente o crescimento do
PIB em Israel, sendo em 2002 70% do capital de risco investido por estrangeiros
que tinha perspectiva de que Israel era um país de perfil investidor e assim
proporcionandoum aporte financeiro. A maioria das startups do país foram criadas
a partir do capital de risco e alta tecnologia se fez presente na maioria das startups.
Assim, o setor de tecnologia de acordo com o Ministério da Industria de Israel
representava 37% do setor trabalhista em 1965 e aumento gradualmente a cada
década, chegando em 70%em 2006. O P&D em Israel e composto por 5% do PIB
do país, ou seja, existe um grande investimento na área tecnológica e assim
consequentemente o seu P&D ( Pesquisa e Desenvolvimento) é um dos elementos
maisimportantes para alavancar o processo de inovação sendo ele um dos mais
altos mundialmente.

Figura 04
Figura 05

Os setores de inovação através dos investimentos do venture capital


conseguiram se desenvolver ao ponto de algumas empresas não precisarem serem
vendidas e conseguirem se estabelecer no país e serem uma forma de
desenvolvimento econômico no local. Dessa forma, o investimento e a procura para
se estabelecer e criar um negócio em Israel começou a gradativamente aumentar,
sendo as startups de Israel uma das bem mais sucedidas do mercado mundial com
um vasto portifólio em inovação, sendo assim, um dos fatores que auxiliou ao sucesso
da inovação do país foi a cultura empreendedora dos israelenses e entender sobre os
riscos dos empreendimentos e aceitar os fracassos. Além disso, as startups contam
com o apoio governamental de 4,2% do PIB do país sendo investido em inovação. E
em 1991 o governo com a intenção de apoiar a inovação estabeleceu que a cada dólar
investido nas empresas na esfera de alta tecnologia que estavam presentes no
programa de incubação o governo investiria a mesma quantidade na startup, porém,
se o empreendimento fosse bem-sucedido e conseguisse gerar um percentual de
lucro razoável, o Governo teria apenas o retorno do capital investido mais em juros.
As startups esstão vinculadas com o capital de risco, pois, existe uma grande
dificuldade e incerteza em se criar uma startup e o venture capital é uma forma de
analisar quais são os empreendimentos que terão um retorno melhor. Assim, até a
decáda de 90 era investido de 30% a 40% de venture capital apenas em startups da
aréa de tecnologia, assim, algumas intituições do país conseguiram lucrar em média
100% anualmente com os empreendimentos em startups (Guegan, 2000).
O Programa de Incubadoras Tecnológicas criado em 1992 foi fundamental para
as startups durante o período de introdução do empreendimento ao país, sendo, as
incubadoras propriedade privadas, ou seja, a iniciativa privada era reponsável pelas
incuabadoras e o projeto contava também com o apoio finaceiro do Governo na época.
A intenção do projeto era coletar todos os empreendimentos e ideias que
demonstravam um alto risco de retorno de investimento e transforma-lás em algo
estável, com capacidade de gerar seu próprio lucro e operar de maneira autonôma no
decorrer do tempo.
A Lei de Incentivo ao P&D Industrial promulgada em 1985 em Israel
demonstrou um grande auxílio ao Projeto de Incubadoras, pois, a partir desse
dispositvo foi possível estabelcer algumas garantias em relação aos Projetos de
Desenvolvimento e Inovação (UNESCO, 2016). Desse modo, as incubadoras
conseguiram alavancar o crescimento de pequenas empresas que ainda estavam na
fase incial dos seus respectivos empreendimentos, assim, incentivando o ramo de alta
tecnologia e atraindo a entrada de empresas multinacionais que adquiriram as
startups através do incentivo criado pelo próprio governo israelense no século XX e
XXI.
Atualmente o ramo de startups em Israel é um dos ramos mais admirável do
mundialmente, pois, hoje o país têm em seu portifólio startups que desenvolvem
sistemas inteligentes para veículos de locomoção autônomos. Além disso, startups
como a Infinidat criadora de softwares e soluções de armazenamento de dados é um
do empreendimentos que está no país, assim, como a Gett que é uma startup do ramo
de mobilidade e a Iron Source uma startup da área de tecnologia e desenvolvedora
de softwares. Nesse sentido, o país se tornou uma grande proposta aos novos
investidores, pois, é reconhecido como o “milagre” do empreendedorismo e a os
elementos para se iniciar um negócio em Israel são favoraveís como relata a tabela
abaixa que analisa quanto tempo se leva para iniciar um negócio em Israel de 2004 á
2013.
Figura 05

5.4. PARQUES TECNOLÓGICOS

O Parque Tecnológico Cyber Spark está localizado em Be´er em Israel, assim,


a sua construção foi realizada para atender e criar ferramentas na área de
ciberseguran, sendo a inicativa uma cooperação entre o âmbito privado, a
organização estatal e a área acadêmica. O Parque teve a participação de algumas
companhias multinacionais, sendo estabelecido em média vinte filiais no local na área
de tecnologia como, a PayPal, McAfee, IBM e General Eletric.
A formação da população do parque teve o auxílio do exército do país, pois, a
intenção inicial é que as pessoas ficassem por mais tempo no país, assim, como em
Israel o serviço militar é obrigatório por três anos foi instaldo o serviço militar nessa
região, ou seja, o desejo do Parque era fazer com que aqueles que serviram ao
exército e foram dispensados posteriormente quissesem ficar na cidade, pois, com o
vasto portifólio de empresas disponiveís na área induzissem a presença das pessoas
a se estabelecerem no local

6. ARTIFICIOS DAS INTITUIÇÕES PARA IMPULSIONAR A INOVAÇÃO

6.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Israel tem apenas 72 anos de existência, 9 milhões de habitantes em uma área
territorial menor que o estado de Sergipe, sendo 60% da sua área ocupada por um
deserto e, pensando na condição histórica, o país se encontra com uma gama de
sérias problemáticas, como conflitos militares, alta escassez de recursos naturais
(água e petróleo) e um mercado interno limitado. Mas apesar de todas essas
condições, ele é considerado a ‘’ Nação das Startups ‘’, com um PIB superior a US$
400 bilhões, o que confere esse reconhecimento ao país em sua maioria são as
inúmeras tecnologias produzidas e espalhadas em todo o mundo, para melhor
compreensão, no que diz respeito à inovação, Israel se encontra em 3° lugar no
ranking mundial em patentes concedidas. Os artifícios para impulsionar a inovação se
dão pelo forte investimento na combinação de quatro pilares: cultura, educação,
exército e alguns princípios.

6.2. CULTURA
A cultura é carregada pela mentalidade israelense, conhecida mais por
mindset, é a base de todos os demais fatores para impulsionar a inovação. Eles desde
crianças já são empreendedores, considerando são ensinados pela família,
professores e governo a serem cidadãos sinceros expondo aquilo que pensam sem
se preocupar em ferir o outro e migrando para o mundo dos negócios vemos uma
grande vantagem, os feedbacks sempre estarão visando não o profissional, mas um
retorno eficiente e eficaz ao trabalho. Também são ensinados a amarem o seu país e
com isso cria-se um grande senso de comunidade, fazendo com que sempre
cooperem e se dediquem por excelentes resultados pensando em um bem maior, e a
última coisa que é introduzida às crianças é a forma intensa de ser e realizar tudo o
que se dispõe a fazer.
O gráfico abaixo apresenta as diversas características de negociação
dos países existentes, assim podemos ver como a cultura do feedback influência
de maneira positiva.

Figura 06
Assim é possível perceber que não se tem uma preocupação em evitar
conflitos com a outra pessoa que está recebendo o feedback caso ele não seja
positivo, e sim uma preocupação em ser honestos e sinceros quanto ao que acha a
respeito do trabalho.

6.3. EDUCAÇÃO
O pilar da educação é em grande parte responsabilidade do Estado, que
investe cerca de 5% do seu PIB em pesquisa e desenvolvimento, e é considerado
o país com maior porcentagem do PIB destinada a isso, se comparamos ao Brasil
o investimento é somente 1,2%. Ela tem como objetivo forte relevância no
conhecimento, na pátria, com incentivo em educação cientificam e na tecnologia, e
por fim, com forte orientação em valores humanos, considerando a parte religiosa
dopaís, não existe nenhuma exclusão, independentemente de ser judeu, árabe ou
imigrante, todos dispõem do direito a educação. A acessibilidade faz com que as
casaque possuem computadores portáteis, cerca de 60% a 70%, o país tenta fazer
com que o processo de aprendizagem vá além da escola, acarretando, na visão de
Israel,maior velocidade do conhecimento.
O financiamento à educação começa desde muito cedo, para que exista um
ponto sólido de partida, “A educação em Israel é pública e abrangente. Focamos
muitono que se aprende e com quem se aprende. O quanto se está disposto a
aprender também é importante. Para nós, esse é o futuro da educação e isso tem
nos mostrado e provado para esse mundo de incerteza, como iremos nos preparar”,
aponta a empreendedora em série e influencer israelense, Inbal Arieli. O estímulo
maior do governo é para cursos alinhados à necessidade do país. Por isso, boa parte
da teoriae pesquisa é voltada à demanda da tecnologia, e como consequência o
avanço tecnológico é grandioso. O resultado desse investimento feito na educação
do país é46% da população com formação universitária, um dos maiores índices do
mundo.

6.4. EXÉRCITO
As forças armadas israelenses possuem conscrição, ou seja, o serviço militar
é obrigatório para todos os cidadãos, homens e mulheres, físicos e mentalmente aptos
após completarem 18 anos. Os homens servem por um período de três anos e
terminando o serviço obrigatório, são destinados a uma unidade de reserva, na qual
são incumbidos de servir por mais algum tempo, normalmente 30 a 60 dias no ano,
podendo ser estendido se houver necessidade, se desejar o cidadão pode seguir a
carreira militar. No caso das mulheres, após o recrutamento elas serviram o exército
por um período inicial de dois anos e quando esse período acabar elas servem apenas
uma vez ao ano até seus 24 anos, enquanto os homens vão até os 40.
No exército acontece o primeiro contato com tecnologia de ponta e incentivo
do Governo Israelense aos jovens para uma cultura empreendedora. As Forças
Armadas possuem um excelente orçamento para desenvolver tecnologia, que
também ajudama facilitar a vida dos cidadãos para superarem as dificuldades do
cotidiano e esse orçamento se estende também para as técnicas de combate, tudo
em prol da segurança nacional, além do dinheiro contam com um exército formado
por pessoas de qualidade, especialmente os Times de Elite. Seguindo nesse
pensamento, é importante se ater à ideia de que na cultura deles servir ao exército,
mesmo que seja obrigatório, significa um ato de honra e coragem, além de um
enorme investimento em si mesmo e consequentemente aberturas de portas para
o próprio futuro. Ao final de todo esse serviço e ensinamentos que lhes são
concedidos, é comum que os cidadãos saiam e abram suas próprias businesses
aumentando o número de startups, somando a experiência somada ao exército
juntamente com a capacitação adquirida na graduação, como é o caso da fundação
do Wix, plataforma para criação e edição de sites, avaliada hoje em US$ 6 bilhões.

6.5. DEMAIS PRINCIPIOS


Os demais princípios que norteiam a ‘’Nação das Startups’’ tem a mesma
importância que os três primeiros e precisam ser trabalhados simultaneamente para
que se obtenha bons resultados.
A começar pelo princípio estabelecido pelo governo israelense onde, não se
pode ter medo de investir, porque o fracasso faz parte do sucesso. As falhas são
vistas como parte do processo de desenvolvimento, para se ter noção Israel investe
em mais de 70 empresas de risco.
Outro princípio estabelecido, e último, é o Ecossistema de Inovação, esse
conceito traz a ideia de um investimento governamental nas empresas que são de
Israel e nas empresas que vão para o país e pretende se manter nele, com todos
os setores sempre colaborando entre si e por meio de fundos, é oferecido uma verba
de até 50% do valor necessário para acelerar um empreendimento. “Por exemplo,
a Academia – toda Universidade Israelense possui um Centro de Inovação, centro
de P&D para um campo específico, ou um acelerador para ajudar os alunos com
novas ideias a desenvolvê-las da maneira mais eficiente possível. Há ainda uma
colaboração direta com programas governamentais e/ou empresas privadas.”, cita
Taly Segal a Cônsul para Assuntos Econômicos do Israel Trade & Investment.
Para melhor entendimento e conclusão da ideia apresentada sobre a
inovação em Israel, é possível ilustrar com base na figura, conforme abaixo.

Figura 07

7. PANDEMIA

7.1. CHEGADA DA PANDEMIA EM ISRAEL


A primeira onda da pandemia do COVID19 chegou em Israel em meio a um
governo de gestão, já que nenhuma nova coalizão governamental havia sido formada
desde a dissolução do governo em dezembro. Netanyahu continuou a agir como
primeiro-ministro, e foi acusado de adotar poderes adicionais no esforço de monitorar
e conter a propagação do vírus. Um governo de unidade nacional foi empossado em
17 de maio de 2020. Durante a segunda onda, movimentos como as "Bandeiras
Negras" e as reuniões em frente à residência de Netanyahu protestaram contra a
resposta de seu governo ao vírus. Durante a terceira onda, em 22 de dezembro de
2020, o governo de unidade nacional entrou em colapso, desencadeando uma quarta
eleição em dois anos.
E em meio ao caos político, o primeiro caso em Israel foi confirmado foi em 21
de fevereiro de 2020, quando uma cidadã testou positivo para COVID-19, após ter o
retorno da quarentena no navio Diamond Princess no Japão. O governo já vinha
restringindo as viagens desde 26 de janeiro e em 17 de fevereiro, estendeu a proibição
para incluir os voos com chegadas da Tailândia, Honguecongue, Macau e Cingapura.
No dia 22 de fevereiro, um vôo de Seul, Coreia do Sul, pousou no aeroporto israelense
e somente cidadãos israelenses puderam desembarcar, e todos os cidadãos não-
israelenses a bordo retornaram à sua origem. Mais tarde, Israel proibiu a entrada de
não-residentes ou não-cidadãos de Israel que estavam na Coréia do Sul durante os
14 dias anteriores a sua chegada a Israel.
Após, Israel emitiu um aviso de viagem para a Itália, e instou ao cancelamento
de todas as viagens ao exterior. Em virtude das mutações do vírus da Covid-19 pelo
mundo, o governo de Israel decidiu proceder ao fechamento hermético do aeroporto
internacional do país, Aeroporto Internacional Ben-Gurion, entre 26 e 31 de janeiro de
2020. Também foi instituído 14 dias de isolamento domiciliar para qualquer pessoa
que tivesse visitado a coreia do sul ou Japão.
No dia 9 março, o Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu declarou uma
quarentena obrigatória para todas as pessoas que entrassem em Israel, exigindo que
todos ficassem em quarentena por 14 dias ao entrar no país. A ordem entrou em vigor
imediatamente para todos os israelenses que retornassem e seria aplicada a partir de
13 de março para todos os cidadãos estrangeiros, que deveriam comprovar que
providenciaram acomodação durante o período de quarentena. Ainda durante
a páscoa, Israel declarou quarentena obrigatório para conter a propagação do novo
coronavírus.
O governo adotou políticas estritas de isolamento e distanciamento social, entre
março e abril de 2020, apenas serviços essenciais puderam funcionar e os israelenses
podiam circular em um raio de apenas 100 metros ao redor de suas casas e em
setembro, uma na segunda quarentena similar foi instituída, porém aumentando o raio
de circulação para 1 km ao redor da residência dos cidadãos.
Junto das ações de isolamento e distanciamento, Israel fez uma ampla
campanha de conscientização durante a pandemia, tanto para alertar sobre os perigos
do vírus, como para incentivar a vacinação quando esta estivesse disponível. Também
contribuiu o fato de que, em Israel, é obrigatório a todo cidadão ter um dos quatro
planos de saúde estatais disponíveis no país, cujos valores são revertidos para a
manutenção do sistema público universal, considerado um dos melhores do mundo
desde 2014.
A vacinação Israelense teve início em 19 de dezembro de 2020, priorizando
profissionais da saúde, idosos e pessoas com comorbidades que as colocam em
grupos de risco. Cerca de 150 mil indivíduos desses grupos estão sendo imunizados
diariamente no país desde então. De acordo com especialistas em saúde pública
ouvidos pelo jornal The New York Times em 1º de janeiro, o sucesso de Israel na
vacinação se deve a uma conjunção de Fatores. O principal deles é a unidade na ação
do governo federal, que desde o início da pandemia tomou decisões claras e diretas
de isolamento e distanciamento social como forma de retardar as contaminações. Ao
mesmo tempo, foi tecendo negociações para o momento em que a vacina chegasse.
Em novembro de 2020, o governo de Israel fechou uma parceria com a Pfizer para a
compra de 8 milhões de doses da vacina, assim que os resultados dos testes do
imunizante foram concluídos. A celeridade nas negociações contribuiu para que as
doses começassem a ser administradas rapidamente. As ações do governo de direita
de Netanyahu estão sendo aplaudidas até mesmo pela oposição local.
“Não podemos culpá-lo por todos os problemas de Israel – críticas acertadas,
na maioria das vezes – e então ignorar sua contribuição quando algo funciona”,
afirmou o colunista político Gideon Levy, do jornal de esquerda Haaretz, em 27 de
dezembro.

7.2. INOVAÇÃO NO COMBATE A PANDEMIA

Além das medidas comuns recomendadas, Israel se destacou no combate e


controle da pandemia. Não é segredo que o mundo olha para Israel em busca de
soluções inovadoras e em tais circunstâncias não é diferente. Com isso em mente,
separamos algumas das contribuições de Israel e tecnologias incríveis que estão
sendo utilizadas no combate ao novo coronavírus.
O governo buscou informar para conscientizar, para isso criou um site
Multilíngue com informações com a finalidade de orientar os cidadãos israelenses e
também os estrangeiros, o site com informações e instruções sobre a pandemia, entre
os idiomas: inglês, hebraico, árabe, russo, amárico, francês, espanhol, ucraniano,
romeno, tailandês, chinês, tigrínio, hindi, filipino.
O governo também criou um painel de controle onde as estatísticas diárias
podem ser vistas.
Instalou cabines especiais de votação, isoladas para todos os cidadãos
israelenses que cumpriram a quarentena e que eram elegíveis para votar, assim foram
realizadas as eleições legislativas israelenses, que não poderia ser adiada, diante da
crise política se arrastava desde 2018, sem quebrar os protocolos de segurança.
Em parceria com a iniciativa privada, o governo utilizou os dados que foram
coletados no início da pandemia por meio de questionários respondidos pela
população, uma ação da startup Diagnostic Robotics, que atuou junto ao Ministério da
Saúde. A partir deles, um sistema de inteligência artificial identifica números
crescentes de casos sintomáticos. “Um alerta é enviado ao vice-diretor do Ministério
da Saúde, que geralmente aprova imediatamente uma série de testes em um
determinado local”, explica Kira Radinsk, chefe da Diagnostic.
A iniciativa privada foi quem mais se destacou, na área de telemedicina,
a Binah.ai atua no monitoramento de sinais vitais com base em reconhecimento de
imagem, sem contato. Já a MyHomeDoc permite que os pacientes realizem exames
primários remotamente. Na mesma linha a TytoCare fornece um kit de exame portátil
e um aplicativo que permite que os consumidores realizem exames médicos guiados
com um profissional de saúde remotamente. Na linha de primeiros socorros e
equipamentos a ArgamanTech e a Sonovia fabricam tecidos e máscaras que matam
vírus em contato.
A empresa Carbyne, originalmente atuante do setor de Segurança, cria um
ecossistema de comunicações para agências de segurança pública e centro de
operações que permite monitorar quarentenas e fazer uma pré-triagem à distância de
pacientes. A inovadora Soapy desenvolveu um sabão antiviral com estações de
micro-higiene conectadas à Internet das coisas que fornecem uma dose precisa de
água e sabão. Para o controle da disseminação. A BATM desenvolveu Testes rápido
para Covid-19. Enquanto para o tratamento o CoughSync é um dispositivo
desenvolvido para facilitar significativamente o tratamento de vítimas de coronavírus
que sofrem de pneumonia e reduzir o risco de contágio para prestadores de serviços
de saúde.
Com foco na prevenção com inovação e eficiência, Israel vem adotando
inúmeras medidas para prevenir dentre elas, adotou câmeras térmicas, capazes de
medir a temperatura até de multidões, e algoritmos conectados a bancos de dados,
visando detectar novas fontes de covid-19 em tempo real.
Em 21 de fevereiro, de 2021, o governo iniciou o programa denominado
"Passaporte Verde", em que detentores de certificado de imunizados (10 dias após a
segunda dose da vacina ou recuperados que possuem anticorpos) poderão ingressar
em eventos esportivos e culturais.
O sistemas de reconhecimento facial estão sendo, também, implantados, no
Hospital Sheba, centro da luta contra a covid-19. Uma vez que as câmeras térmicas
são utilizadas para identificar membros das equipes de saúde infectados, a ferramenta
adicional auxilia na visualização daqueles que entraram em contato com os
profissionais e daqueles que deviam estar em quarentena.
Por fim, o governo assinou um acordo com a startup local Datos. Por meio de
um aplicativo, pacientes inserem seus sinais vitais no sistema, gerando dados
processados pelo algoritmo da empresa. Assim, os recursos são direcionados a casos
mais graves, aliviando hospitais.

8. CONCLUSÃO

Israel lidera com folga as estatísticas de vacinação contra a covid-19, de


acordo com os dados compilados pelo site Our World in Data. Isso se deve a rápida
reação do governo em tomar medidas de prevenção e combate, uso da tecnologia e
inovação como aliados, além de ter um sistema de saúde funcional, também começou
cedo a campanha de vacinação em Israel, mas apesar de receber muitos elogios
internacionais, Israel também tem sido criticado por se recusar a compartilhar suas
vacinas com cerca de 4,5 milhões de palestinos que vivem na Cisjordânia e na Faixa
de Gaza que os israelenses estão em constante movimento e se encontram com
frequência. Outra crítica ao governo de Israel é a complacência com que tem lidado
com os ultraortodoxos, que representam 10% da população, e 30% dos novos casos
de covid-19 e por razões religiosas, resistem às medidas de distanciamento social e
se mostram mais céticos em relação à necessidade de vacinação. Entre erros e
acertos em sua gestão da crise sanitária, Israel ainda é o país que mais aposta na
tecnologia e inovação como aliados no combate a pandemia, fazendo jus ao seu título
de Pais que mais Inova.

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