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PROJUDI - Processo: 0001701-53.2021.8.16.0029 - Ref. mov. 1.

1 - Assinado digitalmente por Jennyfer Nunes de Barros


13/05/2021: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL
CIVEL DO FORO REGIONAL DE COLOMBO DA COMARCA DA REGIÃO

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METROPOLITANA DE CURITIBA – ESTADO DO PARANÁ

EDILSON COSTA BARBOSA, brasileiro, portador da cédula de identidade


sob nº 4.492.055-7 SSP/PR, inscrito no CPF sob o nº 842.076.399-34, residente e domiciliado na
Rua Reynaldo Cavalli, 235, Osasco, Colombo, Paraná, CEP: 83403-050, neste ato
representados por sua advogada que abaixo subscrevem, ambas com escritório profissional
no endereço constante no rodapé da presente, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, propor:

AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS


E MORAIS C/C TUTELA DE URGÊNCIA

em face de SOLUÇÃO FINANCEIRA - SERVIÇOS DE RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO


EIRELI., inscrita no CNPJ nº 23.847.868/0001-27, com sede na Rod. BR-158, 90 - loja 5, área
Urbanizada III, Campo Mourão - PR, 87.309-145, pelas razões de fato e de direito que passa a
expor:
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I. PRELIMINAR

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1.1. FORO COMPETENTE

A presente ação discute questões que envolvem relação de consumo, eis que,
trata da responsabilidade civil das Requeridas.

Sendo assim, inicialmente, para justificar a escolha do presente foro (domicílio


do Autor) para apreciá-la e dirimir a questão apresentada, o Autor invoca o dispositivo
constante do Código de Defesa do Consumidor, inciso I, do art. 101, senão vejamos:

“Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo
do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas:

I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor; [...] (grifo nosso)

Desta feita, competente é o presente foro para o julgamento da presente ação,


razão pela qual, requer seja a Vara Cível do Foro Regional de Colombo da Comarca da
Região Metropolitana de Curitiba seja declarado o foro competente para processar e julgar a
presente demanda judicial.

1.2. GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Requer o Autor, com fulcro no artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal,
combinado com o art. 98 do Novo Código de Processo Civil, que seja apreciado e acolhido o
presente pedido do direito constitucional à Justiça Gratuita.

Diante disso, requer sejam concedidos os benefícios da JUSTIÇA


GRATUITA, assim como assegura a Lei 1.060/50, vejamos:

“Art. 4º. A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação,
na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar às custas do processo e os
honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.

§ 1º. Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos desta
lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais [“...]”

Além do mais, vejamos o que decidiu o Superior Tribunal de Justiça sobre o


tema:

“Assistência Judiciária Gratuita. Pedido. Requisito. Prazo. "É suficiente a simples


afirmação do estado de pobreza para obtenção do benefício da justiça gratuita. O pedido de
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assistência judiciária pode ser formulado em qualquer fase do processo." (STJ – Rec. Esp.
174.538 – SP – Rel. Min. Garcia Vieira – J. em 08/09/98 – DJ de 26.10.98).

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Cumpre salientar que a crise mundial em razão do COVID-19 corrobora com
as dificuldades financeiras do Autor.

Diante do exposto, requer-se a concessão do benefício da justiça gratuita, eis


que, o Autor não possui condições de arcar com as despesas processuais.

1.3. AUDIÊNCIA DE CONCLILIAÇÃO

Nos termos do art. 319, VII, do atual Código de Processo Civil, o Autor
informa que tem interesse em resolver a lide de forma consensual, pois pretende dirimir o
litígio de forma célere, prezando pelos princípios da autonomia das partes, bem como pela
celeridade processual.

Desta feita, requer desde logo seja marcada a audiência de conciliação, com o
intuito de colocar fim a lide de forma pacífica e, desde já informa que concorda com a
realização do ato por videoconferência em razão da pandemia do novo CORONA VÍRUS
(COVID-19), razão pela qual, com fulcro no princípio da celeridade processual, postula-se
seja designada sessão virtual.

II. CASUÍSTICA

O Autor possuía um contrato de arrendamento mercantil com a empresa RCI


Financiamento desde o dia 27/07/2017, registrado sob nº 70008244150, relativo a um veículo
RENAULT, modelo SANDERO, ano 2017, cor VERMELHO, placa BBM-3340.

Assim, o Autor se comprometeu com aquela financiadora ao pagamento de 60


parcelas no valor de R$ 850,45 (oitocentos e cinquenta e um reais e quarenta e cinco
centavos), e realizava o pagamento mensalmente.

Todavia, com a pandemia do COVID-19, a situação financeira do Autor foi


substancialmente afetada, mas ainda assim o mesmo buscava honrar as parcelas do
financiamento bancário, afinal, faltavam poucas parcelas para quitação.

Assim, assistindo o jornal da hora do almoço na Rede Massa, viu o anúncio da


empresa Requerida que prometia fazer a negociação bancária para diminuir as parcelas e
subtrair os juros abusivos dos contratos de financiamento bancário, razão pela qual, se
dirigiu até o endereço da Ré.
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Lá, recebeu inúmeras soluções e orientações da empresa, a qual prometia
resolver o problema dos juros abusivo, reduzindo o valor em aberto de R$ 18 mil, para

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apenas R$ 7 mil, e que todo o trâmite demoraria cerca de 8 meses, tendo inclusive
mencionado que, a garantia de dar certo era de 99%.

Considerando que a empresa parecia ser séria, já que tinha propaganda em


horário nobre na televisão, somado ao fato de que o Autor queria reduzir seus custos
mensais e quitar o veículo, o mesmo fechou o contrato com a Ré, mediante o pagamento de
um carnê com 08 boletos, sendo o primeiro no valor de R$ 850,00 e as demais no valor de R$
407,14.

Após firmar o contrato com a Ré o Autor foi orientado a não pagar mais o
financiamento bancário, mas sim os boletos fornecidos pela empresa Requerida, inclusive, a
mesma reteve o carnê de pagamento do financiamento.

Outrossim, garantiu ao Autor que o veículo não seria apreendido por ausência
de pagamento das parcelas, uma vez que, entrariam com as medidas cabíveis de forma
imediata.

Crendo que aquele era o procedimento correto e iludido com as orientações da


Ré, o Autor passou a pagar o carnê da empresa ao invés de pagar o banco, ocasião em que
houve o pagamento de 5 dos 8 boletos.

Chegou a entrar em contato com a empresa, e esta se manifestava dizendo que


estavam tomando as providências, mas o cliente estava preocupado, pois não podia usar
livremente o seu veículo, mesmo estando pagando o carnê conforme orientado pela Ré.

Ocorre que o cliente utilizava o veículo para o trabalho, bem como para levar
sua esposa para tratamento medico semanalmente.

Todavia no dia 27/02 foi surpreendido com o oficial de justiça e um policial


para cumprir o mandado de busca e apreensão do carro em seu local de trabalho.

Foi um momento humilhante na vida ao Autor, pois como se fosse um


criminoso, foi abordado pelo oficial de justiça acompanhado de policiais militares para
apreender seu veículo, e ainda, na frente de seus colegas de trabalho.

O carro foi levado com tudo que tinha dentro, som automotivo, documentos
do Autor, inclusive o próprio contrato firmado com a Ré, que estava no porta luvas do carro.

O oficial de justiça não permitiu que nada fosse retirado do veículo e o Autor
viu o veículo que tinha pago há 04 anos indo embora por conta da ação de busca e apreensão
nº 0000496-89.2021.816.0028.

Imediatamente, o Autor entrou em contato com a Ré para tentar solucionar o


impasse e entender o que havia acontecido. Mas o mesmo ficava horas na linha, sendo
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“jogado” de atendente para atendente, sem absolutamente ninguém resolver o seu problema
ou mesmo lhe explicar o que havia ocorrido.

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Ora, o Autor ficou desesperado, se sentiu completamente enganado pela Ré,
iludido com as informações prestadas com tanta seriedade o fazendo confiar na sua
credibilidade, a qual inclusive era anunciada diariamente nos jornais de maior audiência.

Foi a Ré quem orientou o Autor a parar de fazer o pagamento das parcelas


do veículo e reteve consigo inclusive o carnê, sendo que, JAMAIS, teria parado de pagar se
soubesse que teria o risco de perder o veículo que vinha pagando aos longos 4 anos.

Agora o Autor está sem carro, com parcelas do carnê da empresa para pagar,
com uma ação de busca e apreensão em que será condenado em despesas, custas e
honorários e ainda teme que seu nome seja inscrito no SPC/SERASA pela empresa
Requerida.

Portanto, não resta alternativa ao Autor, senão recorrer ao Poder Judiciário


para ver seus direitos de consumidor resguardados.

III. TUTELA DE URGÊNCIA

Conforme mencionado alhures, o Autor está sendo cobrado de valores que


cuja Requerida não faz jus ao pagamento, pois o objeto do contrato da prestação de serviços
se perdeu por sua culpa.

Ademais, o Autor não possui nenhuma condição financeira de realizar o


pagamento das mensalidades cobradas pela Requerida, sem prejudicar o sustento de sua
família, motivo o qual ensejou o cancelamento do plano.

E não tendo condições de realizar o pagamento das mensalidades, o mesma


está na iminência de ter seu nome inscrito nos órgãos de restrição, posto que, diariamente
a Requerida efetua ligações com cobranças e ameaças de negativação.

O CPC dispõe que:

“Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência.

Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida
em caráter antecedente ou incidental”

(...)

“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.” (g.n.)

No caso, considerando a iminência da negativação do nome do Autor, e diante


da absurda cobrança indevida, há a probabilidade do direito do Autor, razão pela qual
imprescindível a ordem para suspender as cobranças realizadas.
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Probabilidade de direito: Está havendo cobrança de valor contratado
conforme faz prova boletos anexos;.

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Perigo de dano: o não pagamento das mensalidades denota a possibilidade
de negativação do nome do Autor.

Portanto, requer a concessão da tutela de urgência, para o fim de determinar


que a Requerida se exima da realização de cobranças, sendo suspensa tais cobranças, sob
pena de prejuízo irreparável ao Consumidor, bem como, aplicação de multa diária a ser
arbitrado por este D. Juízo em favor do Autor.

IV. DIREITO

4.1. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E


INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

O Requerente se encontra amparados pela Constituição Federal, posto que, o


art. 5°, XXXII prevê a defesa do Consumidor, senão vejamos.

“Art. 5°, XXXII – O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;”

Com a finalidade de regulamentar o dispositivo constitucional supra


transcrito, o legislador ordinário criou a Lei n°. 8.078/1990 - Código de Defesa do
Consumidor, onde se enquadra plenamente a situação da Requerente, tendo em vista o
cumprimento dos requisitos do art. 2° da referida lei, quais sejam: 1) pessoa física; 2) que
utiliza o produto como destinatário final. Certifique-se:

"Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a
coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de
consumo". (g.n.)

Logo, a relação travada entre as partes é tipicamente de consumo,


enquadrando-se o Autor no conceito de consumidor, e a Requerida no conceito de
fornecedor, conforme definição do Código de Defesa do Consumidor. Desta forma,
aplicáveis as regras protetivas do referido diploma legal, especialmente quanto à
responsabilidade objetiva do Requerido.

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela


reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.”

A jurisprudência se manifesta no mesmo sentido a respeito da


responsabilidade:
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"CIVIL E PROCESSO CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.
APELAÇÕES CÍVEIS. EXTRAVIO DE BAGAGEM EM TRANSPORTE AÉREO.

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DIREITO DO CONSUMIDOR. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. ABALO MORAL
INDENIZÁVEL. NEGLIGÊNCIA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MATERIAL
COMPROVADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO. MAJORAÇÃO. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA REFORMADA. SENTENÇA REFORMADA. 1. A
jurisprudência do c. STJ possui entendimento pacífico no sentido de que a responsabilidade
civil das companhias aéreas em decorrência da má prestação de serviços, após a entrada em
vigor da Lei 8.078/90, não é mais regulada pela Convenção de Varsóvia e suas posteriores
modificações (Convenção de Haia e Convenção de Montreal), ou pelo Código Brasileiro de
Aeronáutica, subordinando-se, portanto, ao Código Consumerista. 2. Na relação de
consumo, o fornecedor responde objetivamente pelos danos, quer moral, quer
material, causados ao consumidor, em decorrência da teoria do risco do negócio ou da
atividade. Assim, é devida a condenação do fornecedor quando demonstrada a
ocorrência do fato, o dano e nexo de causalidade, nos termos do art. 14 do CDC, salvo
se provar a inexistência do defeito na prestação do serviço, o fato exclusivo do
consumidor, ou a ocorrência de caso fortuito ou força maior. 3. Quanto à
responsabilidade do transportador, a inversão ope legis é obrigatória, não estando na esfera de
discricionariedade do juiz, e, ocorrendo a prova de primeira aparência ou verossimilhança, o
Código de Defesa do Consumidor presume o defeito do produto ou serviço, cabendo ao
fornecedor a contraprova. 4. O quantum a ser fixado a título de danos morais deve ser arbitrado
observando-se a capacidade econômica das partes, bem como a natureza, a extensão e as
conseqüências das lesões sofridas pelo autor, sem perder de vista o caráter preventivo e punitivo
da sanção, obedecidos os critérios de proporcionalidade e razoabilidade. A indenização deve
trazer ao indenizado, ao menos, a sensação de "justiça" quanto ao valor fixado em sua
reparação/compensação, não podendo ser irrisório, sob o risco de não cumprir com o seu papel
de desestimular as condutas ofensivas. 5. Resta configurado o dever de reparar integralmente
os danos materiais quando a companhia aérea não apresenta provas que possam a credibilidade
da relação de bens firmada pelo demandante, não se desincumbindo do ônus probatório que lhe
competia, nos termos do art. 333, inciso II, do CPC. 6. Não sendo possível discriminar os itens
essenciais daqueles não essenciais ao período de estadia do autor, sobretudo considerando seu
nível social, além de os gastos não terem sido contestados pela ré, mister se faz a indenização
em danos materiais no valor total apresentado pelo autor na inicial. 6. Considerando que a
parte ré sucumbiu integralmente à causa, tem-se que 10% sobre o valor da condenação mostra-
se compatível com as peculiaridades do caso em tela e remunera a contento o trabalho do
advogado. 7. Apelações conhecidas. Recurso do autor provido. Recurso da ré improvido.
(Acórdão n. 853091, 20140111089187APC, Relatora: LEILA ARLANCH, Revisora:
GISLENE PINHEIRO, 2ª Turma Cível, Data de Julgamento: 04/03/2015, Publicado no DJE:
10/03/2015. Pág.: 280)" (g.n.)

Diante do exposto, requer seja aplicado no caso em apreço, o Código de


Defesa do Consumidor, bem como, a responsabilidade objetiva da Requerida, nos termos da
fundamentação supra.
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Outrossim, tratando-se no presente feito de relação de consumo, desde logo, o
Autor requer a inversão do ônus da prova, a fim de que a Requerida, detentora das provas

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com relação ao contrato estabelecido entre as partes, possa comprovar tais fatos.

Nesse sentido aduz o art. 6º, do CDC:

“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

[...]

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem
como sobre os riscos que apresentem;

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou


desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de
produtos e serviços;

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;”

Levando em consideração as provas documentais anexas, bem como a


flagrante falha na prestação de serviços, eis cumpridos o requisito da verossimilhança da
alegação e, também, se encontra explícita a presença da hipossuficiência, tendo em vista o
notável desequilíbrio jurídico entre o Consumidor e a Requerida.

Pelo que, a inversão do ônus probatório será indispensável para que haja uma
verdadeira igualdade entre as partes, a efetiva aplicação do princípio da isonomia, da
vulnerabilidade e a consequente consagração do princípio da ampla defesa, razão pela qual,
postula-se desde já.

4.2. RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO SERVIÇO – FALHA NA


PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS

Quando da contratação dos serviços, o Requerente foi informado pela


Requerida quanto aos procedimentos adotados para diminuir o valor das parcelas, os juros
abusivos do contrato de arrendamento mercantil, bem como orientado a deixar de pagar as
parcelas do carro, e este, confiando na empresa fez que o eles pediram.

Ocorre que tal condição demonstra abusividade na conduta do Réu, qual seja,
em vícios de informação e ainda propaganda enganosa, pois o Autor, pessoa leiga e simples,
confiou nas informações prestadas e não tinha o conhecimento de que, deixando de pagar as
parcelas, corria o risco de busca e apreensão, posto que, jamais deixaria de pagar de houve a
busca e apreensão como ocorreu.
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Quanto aos vícios do serviço, prevista no Código de Defesa do Consumidor
(Lei nº 8.078/1990), artigo 20, é dado ao consumidor o direito de fazer as seguintes exigências:

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"Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios
ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com
as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:

I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo


de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

[...]

Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por
fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a
contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.".

Nesse sentido é a jurisprudência:

“RECURSO INOMINADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE


CONTRATAÇÃO DE SERVIÇO C/C DANOS MORAIS E RESTITUIÇÃO EM
DOBRO DE VALORES COBRADOS INDEVIDAMENTE. CONSUMIDOR. CONTA
CORRENTE. COBRANÇA DE SEGUROS. DEVER DE INFORMAÇÃO.
INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 6º, III E 39, I E IV, DO CDC. RESTITUIÇÃO EM
DOBRO DEVIDA. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO
REDUZIDO. Com efeito, afigura-se abusiva a cobrança dos seguros, uma vez que não foi
observado o direito básico do consumidor à informação adequada e clara, consoante artigo 6º,
inciso III, do CDC. Restou evidente que a autora foi induzida em erro, aproveitando-se os
vendedores da inocência da autora. Houve, pois, prática abusiva vedada pelo art. 39, inc. IV,
do CDC. Assim, cabível a restituição em dobro dos valores indevidamente debitados na conta
corrente da autora, limitado aos descontos comprovadamente efetuados. Danos morais
caracterizados ante a evidente má-fé e abuso da ré, ao oferecer o serviço, sendo fixados com
intuito dissuasório e pedagógico, a fim de evitar que o banco réu reitere condutas semelhantes.
Quantum indenizatório fixado em R$ 4.000,00 que comporta redução para R$ 3.000,00, para
fins de adequação ao caso concreto. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Recurso Cível
Nº 71004983581, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Ana Cláudia
Cachapuz Silva Raabe, Julgado em 08/10/2014)” (g.n.)

***

“RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E


MATERIAIS. SEGURO DE VEÍCULO. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE
PASSIVA DO BANCO AFASTADA, POIS É O RESPONSÁVEL PELO DESCONTO
INDEVIDO. SUPOSTA CLÁUSULA DE RENOVAÇÃO AUTOMÁTICA, QUE NÃO
FOI DADA CIÊNCIA AO CONSUMIDOR. PRÁTICA ABUSIVA. AUSÊNCIA DE
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CONTRATAÇÃO. DESCONTO REALIZADO EM CONTA CORRENTE INDEVIDO.
DEVER DE RESTITUIR A QUANTIA, NA FORMA DOBRADA. DANOS MORAIS

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OCORRENTES NO CASO EM TELA, POIS O AUTOR FICOU COM A CONTA
NEGATIVA APÓS O DESCONTO. QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO EM R$
4.000,00, QUE MERECE SER MANTIDO. SENTENÇA CONFIRMADA POR SEUS
FUNDAMENTOS. RECURSO DESPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71005968490, Primeira
Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Roberto Carvalho Fraga, Julgado em
28/06/2016)”

No caso, considerando que havendo a busca e apreensão do veiculo do Autor,


e que o mesmo perdeu seu bem e todos os seus pertences no carro por conta da falha na
prestação do serviço e ainda adquiriu uma dívida junto a mesma, bem como, custas e
honorários no processo de busca e apreensão, este teve um prejuízo de ordem moral e
material.

Diante do exposto, requer seja a Ré declarada responsável pelos danos


causados ao Autor, nos termos da fundamentação supra.

4.3. RESCISÃO CONTRATUAL E INEXIGIBILIDADE DE DÍVIDA

O contrato é a manifestação de vontade entre as partes sobre o mesmo


objeto, de modo que tem o condão de constituir, modificar, regular ou extinguir uma
relação jurídica.

Entretanto, a Requerida não cumpriu com os princípios norteadores das


relações contratuais, haja vista que abusou da simplicidade do Autor e a o fez assinar
documento totalmente diferente daquilo que fora acordado na ocasião do primeiro
atendimento, posto que, foi prometido a redução das parcelas e a suspensão do contrato de
financiamento, entretanto, o Autor perdeu o bem através de busca e apreensão.

Ademais, considerando que o mesmo pagou apenas não faz qualquer


sentido o Autor se dirigir para cancelar o contrato e no mesmo dia ter firmado por livre e
espontânea vontade a recontratação do mesmo plano, razão pela qual, requer seja realizada
a rescisão contratual sem qualquer ônus à Consumidora, eis que, não agiu com culpa ou
dolo.

Outrossim, pugna seja declaro rescindido o contrato firmado entre partes,


sem qualquer ônus a parte autora, nos termos da fundamentação supra.

4.4. DANOS MATERIAIS

a) DEVOLUÇÃO DO VALOR PAGO PELO SERVIÇO CONTRATADO


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Tal como explicado alhures, o Autor foi orientado a não pagar mais o
financiamento bancário, mas sim, o pagamento de um carnê com 08 boletos, sendo o

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primeiro no valor de R$ 850,00 e as demais no valor de R$ 407,14, destes, houve o pagamento
de 05 dos 08 boletos

Contudo, considerando que os valores pagos, em nada resolveram o objeto da


contratação, mas sim deram prejuízo ao Requerente, não restam dúvidas quanto à
responsabilidade da Requerida pelo prejuízo material advindo a contratação.

Assim, necessária se faz a restituição do valor pago, devidamente corrigido


conforme taxa de juros praticadas no contrato, nos termos do artigo do CPC, que totaliza R$
2.478,56 (dois mil quatrocentos e setenta e oito reais e cinquenta e seis centavos).

b) VALOR PAGO PELAS PARCELAS DO VEÍCULO

Conforme mencionado alhures, o Autor possuía um contrato de


arrendamento mercantil com a empresa RCI Financiamento desde o dia 27/07/2017 e
realizava o pagamento mensal de 850,45, tendo realizado o pagamento de 38 parcelas.

Ocorre que por conta da ineficiência da Requerida, o Autor perdeu o veículo


financiado, e, por conseguinte, todo o valor pago, pois sua intenção era permanecer com o
veículo após a quitação, o que foi frustrado pela busca e apreensão ocorrida por culpa da
Requerida.

Dessa forma, considerando que o Autor realizou o pagamento total de R$


32.317,10 (trinta e dois mil trezentos e dezessete reais e dez centavos), temos que esse valor
deve ser integralmente indenizado ao Autor à título de dano material em razão da falha na
prestação de seus serviços, bem como, pelo prejuízo irreparável causado ao Autor.

4.5. DANOS MORAIS – FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

Tal como mencionado alhures, no dia 27 de fevereiro de 2021, o Autor foi


surpreendido com o oficial de justiça e um policial para cumprir o mandado de busca e
apreensão do carro em seu local de trabalho.

Foi um momento humilhante na vida ao Autor, pois como se fosse um


criminoso, foi abordado pelo oficial de justiça acompanhado de policiais militares para
apreender seu veículo, e ainda, na frente de seus colegas de trabalho.

Cumpre salientar que o Autor pagou 38 suadas parcelas com o único objetivo
de se manter com seu veículo.
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Quando buscou suporte à requerida, estes não lhe deram qualquer
importância, tratando com descaso o Autor, que se sentiu humilhado, ludibriado e sem saber

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o que fazer para ter seu veículo de volta.

É flagrante a falha na prestação do serviço, pois além de todos os transtornos,


o Autor está sendo cobrado indevidamente das parcelas que faltam para serem quitadas.

A Constituição Federal elenca dentre o rol de direitos fundamentais, a


inviolabilidade da honra, vida privada e a imagem, garantindo inclusive o direito à
indenização, vejamos:

“art. 5° – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos:”

“X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”

O art. 170, V, da Constituição Federal preconiza nos seguintes termos:

“Art.170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre


iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, observados os seguintes princípios: (...) V - defesa do consumidor (...)” (grifo nosso)

De igual forma, o art. 6° do Código de Defesa do Consumidor preceitua os


direitos básicos do consumidor, entre eles, deve-se mencionar o seu inciso VI, o qual remete
a efetiva prevenção e reparação de danos, inclusive morais extraídos da relação de consumo,
conforme transcrito abaixo:

“Art. 6°, São direitos básicos do consumidor:

VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,


coletivos e difusos;” (grifo nosso)

É importante salientar que o Autor é pessoa leiga e confiou nos prepostos da


Requerida assinando a documentação na certeza de que estava fazendo a coisa certa ao parar
de pagar as parcelas de seu financiamento, tendo a Requerida se utilizado de um momento
delicado e pandêmico, para dar uma falsa esperança ao Autor.

Não se trata de mero aborrecimento do dia-a-dia, irritação e mágoa, mais sim


de profunda humilhação sofrida pelo Requerente que perdeu seu bem, e ainda não possui
condições financeiras para arcar com tal cobrança. Além do mais, foram realizados
diversos contatos com a Requerida, a fim de que fosse realizada a a solução do caso, ocorre
que simplesmente ofereceu a rescisão sem multa, e ignorou todas as necessárias
reparações devidas ao consumidor.

Maria Helena Diniz, conceituada civilista ao debruçar-se sobre o tema,


discorreu da seguinte maneira:
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"Honra. Bem jurídico que apresenta dois aspectos: a) um subjetivo, o qual designa o
sentimento da própria dignidade moral, nascido da consciência de nossas virtudes ou de nosso

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valor moral, isto é, a honra em sentido estrito; b) um objetivo, representado pela estimação que
outrem faz de nossas qualidades morais e de nosso valor social, indicando a boa reputação
moral e profissional que pode ser afetada pela injúria, calúnia ou difamação".

Neste sentido, pronunciou-se o E. Tribunal de Justiça do Paraná:

“O dano simplesmente moral, sem repercussão no patrimônio, não há como ser provado. Ele
existe tão-somente pela ofensa, e dela é presumido, sendo bastante para justificar a
indenização” (TJPR - Rel. Wilson Reback – RT 681/163).

A respeito, o doutrinador Yussef Said Cahali aduz:

“O dano moral é presumido e, desde que verificado ou pressuposto da culpabilidade, impõe-se a


reparação em favor do ofendido” (Yussef Said Cahali, in Dano e sua indenização, p. 90).

Ademais, deve a indenização por danos morais ter a função compensatória e


punitiva, para que assim, a Ré não mais venha a cometer atos ilícitos como no caso em tela,
resguardando o direito dos consumidores, bem como para que tenha mais cautela nas
informações prestadas, antes de realizar determinar que seus clientes parem de pagar os
contratos feitos com as financeiras.

Não se pode deixar de favorecer compensações psicológicas a ofendida moral


que, obtendo a legítima reparação satisfatória, poderá, porventura, ter os meios ao seu
alcance de encontrar substitutivos, ou alívios, ainda que incompletos, para o sofrimento.

Já que, dentro da natureza das coisas, não pode o que sofreu lesão moral
recompor o "status quo ante" restaurando o bem jurídico imaterial da honra, da moral, da
autoestima agredidos, por que o deixar desprotegido, enquanto o agressor se quedaria na
imunidade, na sanção? No sistema capitalista a consecução de recursos pecuniários sempre é
motivo de satisfação pelas coisas que podem propiciar ao homem.

Harmonizando os dispositivos legais feridos é de inferir-se que a reparação


satisfatória por dano moral é abrangente a toda e qualquer agressão às emanações
personalíssimas do ser humano, tais como a honra, dignidade, reputação, liberdade
individual, vida privada, recato, abuso de direito, enfim, o patrimônio moral que resguarda a
personalidade no mais lato sentido.

Em que pese o grau de subjetivismo que envolve o tema da fixação da


reparação, vez que não existem critérios determinados e fixos para a quantificação do dano
moral, a reparação do dano há de ser fixada em montante que desestimule o ofensor a repetir
o cometimento do ilícito.

E na aferição do quantum indenizatório, CLAYTON REIS (Avaliação do Dano


Moral, 1998, Forense), em suas conclusões, assevera que deve ser levado em conta o grau de
compreensão das pessoas sobre os seus direitos e obrigações, pois:
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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
"quanto maior, maior será a sua responsabilidade no cometimento de atos ilícitos e, por
dedução lógica, maior será o grau de apenamento quando ele romper com o equilíbrio necessário

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na condução de sua vida social".

Continua, dizendo que:

"dentro do preceito do 'in dubio pro creditori' consubstanciada na norma do art. 948 do Código
Civil Brasileiro, o importante é que o lesado, a principal parte do processo indenizatório seja
integralmente satisfeito, de forma que a compensação corresponda ao seu direito maculado pela
ação lesiva."

Bem se vê, à saciedade, ser indiscutível a prática de ato ilícito por parte da
Requerida, configurador da responsabilidade de reparação dos danos morais suportados
pelo autor.

Vale ressaltar que ‘o princípio informador da teoria da responsabilidade


impõe a quem causa o dano o dever de reparar’.

Art.927 do Código Civil estabelece:

“Aquele que por ato ilícito (arts.186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repara-lo.

Parágrafo único: Haverá obrigação de reparar o dano, independente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para direito de outrem.”

Portanto, o ressarcimento do dano moral decorre do princípio básico da


responsabilidade civil, havendo lugar para indenizar sempre que houver dano moral em
razão de ato ilícito.

Diante do evento fatídico acima citado, a Requerida possui responsabilidade


pelos prejuízos sofridos pelo Requerente.

Neste mesmo sentido o Código Civil Brasileiro determina:

“Art. 941. As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se aplicarão quando o autor desistir da
ação antes de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo
que prove ter sofrido.”

“Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à
reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão
solidariamente pela reparação.

Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas


designadas no art. 932.”

“Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a


herança.”

“Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.”


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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
“Art. 946. Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no contrato disposição
fixando a indenização devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na

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forma que a lei processual determinar.”

“Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á
pelo seu valor, em moeda corrente.”

Assim, como a indenização não é fonte de enriquecimento nem de


empobrecimento, ela deve, pelo menos, restabelecer o estado anterior do dano.

Neste sentido vejamos o entendimento elencado no artigo 949 do Código Civil


Brasileiro.

“Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das
despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro
prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.”

Conforme documentos acoplados aos autos, resta evidente o prejuízo sofrido


pelo Requerente por omissão, propaganda enganosa e erro procedimental da Requerida.

E essa indenização que se pretende em decorrência dos danos morais, há de


ser arbitrada, mediante estimativa prudente, que possa em parte, compensar o "dano moral"
do Autor, no caso, os constrangimentos pelas ligações de cobranças, ser enganada ao firmar
um contrato de prestação de serviços, bem como a angustia de ter seu nome negativado a
qualquer momento, uma vez que não tem condições de pagar as 3 parcelas que ainda vão se
vencer.

De acordo com tudo que fora relatado e ainda com o acertado posicionamento
da doutrina, fica evidenciada a conduta ilícita da Requerida, bem como o nexo causal, o qual
resultou em dano à honra subjetiva do Requerente.

Segundo os precedentes, a legislação vigente e a posição doutrinária restam


caracterizado o dano moral por ofensa a honra subjetiva decorrente da falha na prestação de
serviço.

Por fim, requer-se a condenação da Requerida ao pagamento de indenização


por danos morais, nos termos da fundamentação supra, no importe de R$ 9.000,00 (nove mil
reais), ou em valor a ser arbitrado por este douto Juízo.

V. PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer de Vossa Excelência:

a) A concessão da tutela antecipada de urgência, conforme fundamentação;

b) Pela concessão do benefício da justiça gratuita, uma vez que o Autora não
tem condições de arcar com as despesas do processo
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c) Pela aplicação do Código de Defesa do Consumidor e a inversão do ônus
da prova, nos termos alhures postulado;

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d) Ordenar a citação da Requerida via postal, no endereço inicialmente
indicado, quanto a presente ação, para que, perante esse Juízo, apresente a defesa que tiver,
dentro do prazo legal, sob pena de confissão quanto à matéria de fato ou pena de revelia.

e) Designação de data para audiência de conciliação VIRTUAL a critério do


D. Juízo; devendo ao final, ser julgada TOTALMENTE PROCEDENTE a presente Ação,
sendo a mesma condenada nos seguintes termos:

1. Declarar a rescisão contratual, bem como, a inexigibilidade da dívida, nos


termos alhures avençados;

2. Condenar a Ré, ao pagamento de uma indenização, de cunho


compensatório e punitivo, pelos danos materiais causados ao Autor no valor de R$
34.795,66 (trinta e quatro mil setecentos e noventa e cinco reais e sessenta e seis centavos)
tudo conforme fundamentação anterior.

3. Condenar a Ré, ao pagamento de uma indenização, de cunho


compensatório e punitivo, pelos danos morais causados ao Autor, tudo conforme
fundamentação anterior, em valor pecuniário justo e condizente com o caso apresentado em
tela, qual, no entendimento do Autora, amparado em pacificada jurisprudência, devendo
este não ser em valor inferior a R$ 9.000,00 (nove mil reais), ou então, em valor a ser
arbitrado por este r. Juízo fixar, pelos seus próprios critérios analíticos e jurídicos;

g) Incluir na esperada condenação da Ré, a incidência juros e correção


monetária na forma da lei em vigor, desde sua citação;

h) Sejam todas as verbas da condenação apuradas em regular execução de


sentença, por perícia contábil, se necessidade houver.

j) Pela condenação da Requerida ao pagamento das custas e despesas


processuais;

j) Honorários advocatícios fixados em 20% (vinte por cento) do valor da


condenação;

Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente


prova oral, consistente no depoimento pessoal do representante legal da Ré, sob pena de
confesso, bem como oitiva de testemunhas, perícias, juntada de novos documentos.

Por oportuno requer que todas as futuras intimações e publicações sejam


promovidas exclusivamente em nome de Jennyfer Nunes de Barros Zancanella, OAB-PR
n°. 62.437, com escritório profissional à Rodovia da Uva, n°. 1398, sala 05, Roça Grande,
Colombo, CEP 83.402-000, Paraná, telefone (41) 3605-3634, sob pena de nulidade processual.
PROJUDI - Processo: 0001701-53.2021.8.16.0029 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Jennyfer Nunes de Barros
13/05/2021: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Dá-se à presente o valor de R$ 43.795,66 (quarenta e três mil setecentos e
noventa e cinco reais e sessenta e seis centavos)

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Termos em que,
Pede deferimento.
Colombo, 13 de maio de 2021

JENNYFER N. BARROS ZANCANELLA ANDREA TORRES MARTINS


OAB/PR 62.437 OAB/PR 85.159

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