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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DE CURITIBA - ESTADO DO PARANÁ.

BARBARA FALCONE, brasileira, médica, inscrita no CPF/MF


sob o n.º 033.044.249-03, portadora do RG n.º 7736270-3 SESP/PR; e
MARCOS ROBERTO MARQUES, brasileiro, médico, inscrito no CPF/MF sob o
n.º 009.153.409-76, portador do RG n.º 3699740 SSP/SC, ambos conviventes
em união estável, residentes e domiciliados na Rua Dona Alice Tibiriçá, n.º 601
– Apartamento n.º 2301, Bigorrilho, na cidade de Curitiba, estado do Paraná,
CEP. 80730-320; vêm, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência, por
intermédio de seu advogado in fine assinado, com mandatos de procuração
anexos, com fulcro no artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal e artigo
3º, inciso I, da Lei n.º 9.099/1995, pelos fatos e fundamentos de Direito a seguir
expostos propor:

AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS C/C INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS, em face de:

KLM CIA. REAL HOLANDESA DE AVIAÇÃO, pessoa jurídica


de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 33.643.420/0001-45, com
sede na Avenida Chedid Jafet, n.º 222 – Bloco B, Vila Olimpia, na cidade de
São Paulo, estado de São Paulo, CEP. 04551-065; e TAM LINHAS AÉREAS
S.A. - LATAM AIRLINES BRASIL, pessoa jurídica de direito privado, inscrita
no CNPJ/MF sob n.º 02.012.862/0001-60, com sede na Rua Verbo Divino, n.º
2001, Chácara Santo Antônio, na cidade de São Paulo, estado de São Paulo,
CEP. 04719-002; pelos motivos de fato e de Direito a seguir expostos.

I – PRELIMINARMENTE – DO LITISCONSÓRCIO
Na presente ação é imprescindível o litisconsórcio ativo, pois o
casal passou por várias situações decorrentes de desorganização, relapsa,
negligência, falhas sucessivas na prestação de serviços e extremo descaso

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das Rés que figuram no polo passivo da presente ação, destacando que foram
muitos os problemas durante a viagem que envolveram as 2 (duas) cias.
aéreas, encontrando amparo no artigo 46 do CPC que traz:

Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em


conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I – entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações
relativamente à lide;
II – os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de
fato ou de direito;
III – entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de
pedir;
IV – ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de
direito.

A presente ação configura litisconsórcio pelo fato de que os


Autores depois de terem suas bagagens extraviadas pela segunda Ré, ora
LATAM, também não receberam informações claras e precisas no tocante ao
cancelamento de voo contratado junto a primeira Ré, ora KLM CIA. REAL
HOLANDESA DE AVIAÇÃO.
Nesta esteira, os Autores que foram transportados por 4
(quatro) cias. aéreas distintas, quais sejam:; KLM; LATAM; TAP PORTUGAL; e
BRUSSELS AIRLINES, foram prejudicados de fato pelas Rés: TAM LINHAS
AÉREAS S.A. - LATAM AIRLINES BRASIL que primeiro enviou as bagagens
dos Autores para outro destino, necessitando comprar roupas, pois
permaneceram 2 (dois) em Lisboa sem bagagens, e no retorno ao Brasil, os
Autores que deveriam embarcar num voo que partiria de Guarulhos (GRU) para
Curitiba (CWB), foram realocados para um voo que partiu de Congonhas
(CGH) sem qualquer justificativa, sendo evidente o overbooking, pois o voo
contratado partiu de Guarulhos (GRU) para Curitiba (CWB), tanto é que os
Autores chegaram a receber os cartões de embarque, mas precisaram
aguardar longas e exaustivas horas em outro aeroporto por culpa da r cia.
aérea; já a KLM CIA. REAL HOLANDESA DE AVIAÇÃO cancelou o voo
contratado não dando opções de embarque por outras cias. e/ou outro meio de
transporte, necessitando os Autores contatar de Lisboa/Portugal a agente de
viagens aqui no Brasil para ajudá-los na solução do problema que foi gerado
por culpa exclusiva da desorganização das Rés que integram o litisconsórcio
no polo passivo da presente demanda, destacando que os Autores perderam
passeios em virtude dos inúmeros problemas, ou seja, tudo de errado que

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poderia acontecer com o consumidor ocorreu nesta viagem dos Autores que
serão amplamente expostos a seguir.

II - DOS FATOS
Trata-se de ação de relação de consumo, sendo os Autores
clientes/passageiros das Rés que prestam serviços de transportes aéreos
nacionais e internacionais, devendo a matéria ser apreciada primordialmente
sob a luz do Código de Defesa do Consumidor.
Os Autores acreditavam que realizariam a viagem para a
Europa com a finalidade de relaxar e se descontrair nos passeios turísticos que
haviam planejado, mas não foi isso que aconteceu, pois ocorreram inúmeras
falhas na prestação de serviços, quais sejam: extravio de 2 (dois) dias das
bagagens logo na primeira escala; cancelamento de voo; atraso de voo e
relapsa das Rés, situações que serão expostas de maneira pormenorizada
alhures.
Importante destacar que devido aos inúmeros problemas
vivenciados decorrentes de defeitos sucessivos na prestação de serviços das
Rés, os Autores cogitaram a possibilidade de interromper a viagem e retornar
ao Brasil por não suportarem os inúmeros transtornos e o extremo descaso das
Rés.

II.1 – DOS PROBLEMAS DESDE O EMBARQUE QUE


CAUSARAM O EXTRAVIO DAS BAGAGENS LOGO NA
PRIMEIRA ESCALA EM PORTUGAL
Os Autores que adquiriram passagens aéreas para realizarem
viagem turística na qual pretendiam passear por diversos países na Europa,
partiram da cidade de Curitiba (CWM) na data de 28/07/2019 (domingo), com
destino para a Lisboa (LIS) com escala/conexão transitória em Guarulhos
(GRU), vejamos:

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Logo no embarque no aeroporto de Curitiba (CWB) os Autores
se depararam com problemas no embarque devido a defeitos no auto
atendimento da segunda Ré, ora LATAM, situação que gerou longo período de
espera na fila de despacho de bagagens por evidente falha na prestação de
serviços, e uma confusão enorme entre os colaboradores que resultaram em
problemas que serão expostos a seguir.

II.2 – DA DESORGANIZAÇÃO DA SEGUNDA RÉ (LATAM) /


EXTRAVIO DE BAGAGENS
Não bastasse a angústia devido a enorme fila enfrentada para
realizar o check in e o despache das barragens em Curitiba (CWB), conforme
narrado em linhas anteriores, os Autores ao desembarcarem em Lisboa (LIS)
se dirigiram até o local de retirada de bagagens, e simplesmente não
localizaram as suas malas.
Nesta esteira, buscaram informações sobre o paradeiro das
bagagens no guichê de atendimento, sendo que o colaborador da segunda Ré,
ora LATAM, informou aos Autores que devido ao erro na colocação das
etiquetas, as bagagens foram direcionadas para Gotemburgo (GOT), que na
verdade seria o próximo destino dos Autores, pois permaneceriam na capital
portuguesa até o dia 31/07/2019 (bilhete eletrônico anexo).
Ato contínuo, o r. colaborador da segunda Ré, ora LATAM,
pediu para que os Autores aguardassem no aeroporto até que tivesse uma
definição do que seria feito.
Pois bem, os Autores aguardaram mais de 4 (quatro) horas
dentro do aeroporto, quando foram informados que de fato as bagagens
estavam extraviadas, e que os Autores deveriam informar o hotel que ficariam
hospedados em Lisboa/Portugal para que as bagagens fossem encaminhadas
assim que fossem localizadas.
Os Autores, ficaram inconformados e tiveram que comprar
peças de roupas, pois a viagem tinha como objetivo ir até a cidade de Fátima,
ou seja, não ficariam com as mesmas roupas nas fotos de recordação,
precisaram comprar itens de higiene pessoal (escovas de dente e creme
dental), ou seja, tiveram prejuízos por culpa da desorganização da segunda

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Ré, ora LATAM, que somados atingiram a importância de R$ 489,10
(quatrocentos e oitenta e nove reais e dez centavos), conforme demonstram
recibos anexos.
Não obstante, o segundo Autor, ora Sr. Marcos, ficou sem seus
medicamentos de uso contínuo que estavam nas suas bagagens, e com isso a
sua esposa, Sra. Barbara, ficou ansiosa e preocupada com toda situação
vivenciada, pois devido a desorganização tiveram a primeira parte da viagem
prejudicada, passando por momentos de angústia e sofrimento.

II.3 – DO CANCELAMENTO DO VOO COM DESTINO A


GOTEMBURGO / DESPROVEITO DO PASSEIO AO
SANTUÁRIO PARA BUSCAR UMA SOLUÇÃO JUNTO A
AGENTE DE VIAGENS NO BRASIL PARA PROSSEGUIR A
VIAGEM NA EUROPA
Não bastasse ausência de retorno da segunda Ré, ora LATAM,
quanto à devolução das bagagens, os Autores na data de 30/07/2019 (terça-
feira) ao realizarem passeio ao Santuário de Nossa Senhora do Rosário de
Fátima, foram informados pela primeira Ré, ora KLM CIA. REAL HOLANDESA
DE AVIAÇÃO, que o voo do dia seguinte (31/07/2019 – quarta-feira) havia sido
cancelado, sem quaisquer justificativas, ou seja, os Autores iriam para a cidade
de Gotemburgo/Suécia, com escala em Amsterdã/Holanda estavam sendo
novamente prejudicados, vejamos:

Inconformados, prontamente os Autores entraram em contato


com a empresa que intermediou a aquisição das passagens aéreas, qual seja:
Royal Viagens, tendo em vista que já se encontravam exaustos devido aos
transtornos vivenciados no aeroporto de Lisboa (LIS) em virtude do extravio
das bagagens.
Ato contínuo, os Autores foram informados pela primeira Ré,
ora KLM CIA. REAL HOLANDESA DE AVIAÇÃO, que foram realocados para o

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voo para às 11h40min, do dia 31/07/2019, sendo que iriam ter que pernoitar em
Amsterdã/Holanda, para somente no dia 01/08/2019 (quinta-feira) chegarem ao
segundo destino da viagem, sofrendo prejuízos de estadia e passeios do dia
31/07/2019 e 01/08/2019 que já estavam pagos.
Os Autores, tentaram por intermédio da r. agência de viagens,
ora Royal Viagens, alterar o voo e encontrar outro que não gerasse mais
prejuízos aos Autores, ou seja, devido a mais essa situação acabaram não
aproveitando como planejaram o passeio ao Santuário de Nossa Senhora do
Rosário de Fátima, pois sequer conseguiram realizar registros das imagens do
local, conforme pretendiam, devido à ausência do seu equipamento fotográfico
que estava em suas bagagens que permaneciam extraviadas, somado ao fato
de permanecerem no celular em contato com a agente de viagens.
Todavia, após horas de busca sem qualquer auxílio da primeira
Ré, ora KLM CIA. REAL HOLANDESA DE AVIAÇÃO, que sequer trouxe
opções aos Autores, a agente encontrou um voo que partiria de Lisboa (LIS) na
data de 31/07/2019, às 16h05min, com escala em Bruxelas (BRU), com
previsão de chegada a cidade de Gotemburgo (GOT), às 20h55min pela
companhia da terceira Ré, ora TAP AIR PORTUGAL (bilhete eletrônico anexo).
Ressalta-se que somente na madrugada do dia 31/07/2019
(quarta-feira), as bagagens dos Autores foram enviadas para o hotel onde
estavam hospedados em Lisboa/Portugal, ou seja, as bagagens
permanecerem extraviadas por 2 (dois) dias, fato que acarretou prejuízos que
não estavam previstos, além de que o Autor, ora Marcos, ficou 02 (dois) sem
tomar seus medicamentos de uso contínuo por culpa exclusiva da segunda Ré,
ora LATAM, que ocorreu em falhas sucessivas no embarque em Curitiba
(CWB) que resultaram no evento danoso em Lisboa (LIS).

II.4 – DAS FALHAS SUCESSIVAS DA TERCEIRA RÉ /


PERDA DA ESCALA/CONEXÃO EM BRUXELAS (BRU) /
PREJUÍZO COM PERDA DE PASSEIOS
Os Autores acreditavam que não teriam mais problemas com
as cias. aéreas, pois haviam recebido as suas bagagens que permaneceram
extraviadas por 2 (dois) dias, mas o “pesadelo” não tinha acabado.

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Outrossim, os Autores chegaram no aeroporto de Lisboa (LIS)
com antecedência ao embarque realizaram o check in e adentraram na
aeronave. No entanto, após 30 (trinta) minutos dentro da aeronave em solo,
sem informações, os Autores preocupados com a perda da escala em Bruxelas
(BRU), questionaram o colaborador da terceira Ré, ora TAP AIR PORTUGAL, o
que estava ocorrendo, momento no qual lhes foi informado que devido à falha
técnica na aeronave, iriam ter que trocar que sair da aeronave.
Deste modo, os Autores ficaram extremamente preocupados e
questionaram sobre a possibilidade de perda da escala supracitada, sendo que
com desdém informou aos Autores que deveriam resolver isso no aeroporto de
Bruxelas (BRU).
Pois bem, os Autores saíram da aeronave, e aguardaram o
novo embarque, e devido ao grande atraso acabaram perdendo a conexão
para Gotemburgo (GOT), sendo assim ao desembarcarem da aeronave, devido
ao trauma com bagagens sofrido no aeroporto de Lisboa (LIS), buscaram
informações sobre as bagagens, sendo que os colaboradores da terceira Ré,
ora TAP AIR PORTUGAL, encaminharam os Autores para os guichês da cia.
aérea que não souberam informar em qual voo seriam realocados, tampouco
tranquilizou os Autores sobre o paradeiro das bagagens, e depois de muito
tempo foram informados que as bagagens ficariam retidas até a definição de
novo embarque.
Ato contínuo, os Autores foram direcionados até os guichês da
terceira Ré, ora TAP AIR PORTUGAL, para buscar um novo voo para
Gotemburgo (GOT), mas foram surpreendidos, pois ao chegarem nos guichês
simplesmente não havia atendentes, somente após longo período de espera,
quando os Autores já estavam crentes que ficariam sem definição, encontraram
um colaborador da terceira Ré, ora TAP AIR PORTUGAL que remarcou o voo
para o dia seguinte 01/08/2019 (quinta-feira), às 15h45min.
Diante das situações os Autores já estavam desanimados e
com vontade de “largar tudo” e retornar para casa, mas os problemas não
haviam acabado, pois ao retornaram ao local de retirada de bagagens,
novamente não encontravam as bagagens, e após diversas e exaustivas
tentativas, um colaborador terceira Ré, ora TAP AIR PORTUGAL, encontrou as
bagagens dos Autores.

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Deste modo, além de todo sofrimento exposto alhures, os
Autores perderam a estadia paga no hotel em Gotemburgo (GOT), além dos
passeios turísticos que haviam planejado para o dia 31/07/2019 e 01/08/2019.
Os Autores perderam grande parte do passeio na
Gotemburgo/Suécia, sendo prejudicados, pois conheceram pouquíssimos
locais por culpa exclusiva das Rés que ocorreram em defeitos sucessivos na
prestação de serviços.
Diante de todo exposto, é evidente que nos voos de ida os
Autores passaram por diversos momentos de angústia e sofrimento, por culpa
exclusiva das Rés devido as falhas sucessivas na prestação de serviços e no
atendimento ineficaz, destacando que os Autores tiveram gastos
extraordinários por culpa do extravio de bagagens, bem como em virtude da
perda da conexão em Bruxelas/Bélgica, além da perda da possibilidade de
conhecer diversos pontos turísticos como haviam planejado antes de
embarcarem nesse martírio.

II.5 – DOS TRANSTORNOS NO VOO DE VOLTA /


REALOCAÇÃO PARA VOO EM OUTRO AEROPORTO SEM
JUSTIFICATIVA
Não bastassem todos os problemas, transtornos e sofrimentos
passados nos voos de ida que tinha como destino final a cidade de Paris
(CDG), no voo de volta, na data de 09/08/2019 (sexta-feira), ao chegar em
Guarulhos (GRU), os Autores não conseguiram embarcar para Curitiba (CWB)
no voo contratado que partiria às 06h50min, vejamos:

Os Autores, ainda questionaram o motivo da alteração junto


aos colaboradores da segunda Ré, ora LATAM, mas sem obter quaisquer
justificativas foram encaminhados para o Congonhas (CGH) e embarcaram
para o destino final com mais longas horas de atraso por culpa exclusiva da

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segunda Ré, ora LATAM, que ao que tudo indica ocorreu em overbooking,
transferindo os Autores para outro voo, em outro aeroporto.
Isto posto, requer-se a Vossa Excelência a condenação das
Rés, na forma solidária, ao pagamento dos prejuízos materiais sofridos em
virtude do extravio de bagagens, e a condenação ao pagamento de
indenização à título de danos morais sofridos pelos motivos de fato expostos
alhures que evidenciam a ocorrência de falhas sucessivas na prestação de
serviços, relapsa das cias. aéreas, extremo descaso e banalização dos Direitos
do Consumidor.

III – DO DIREITO
III.1 – DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR
Na presente demanda é perfeitamente cabível a incidência do
Código de Defesa do Consumidor, pois os Autores utilizaram os serviços como
destinatários finais o que está em conformidade com o artigo 2º do Código de
Defesa do Consumidor, e na mesma esteira as Rés são prestadoras de
serviços e produtos, conforme disposição do artigo 3º do referido diploma legal.
No caso em tela as Rés violaram o que reza o artigo 4º, caput e
inciso III do Código de Defesa do Consumidor que é o princípio da informação,
que dispõe:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por


objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o
respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem
como a transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios:
[...]
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de
consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo
a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art.
170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e
equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; (Grifo
nosso).

Oportuno destacar que as Rés poderiam ter agido de forma


diferente desde o início, pois quando o consumidor contrata serviços e/ou
produtos acredita na qualidade, na eficiência e que não vai ter problemas, ou

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ainda se surgir algum imprevisto terá a solução de maneira eficaz, mas não foi
isso que ocorreu no presente caso conforme exposto em linhas anteriores com
meridiana clareza.
As Rés que transportam centenas de passageiros numa única
viagem, deveriam ter cautela e cuidado muito superior, realizando
procedimentos que não coloquem os passageiros em situações vergonhosas
como ocorreu no presente caso, pois além do extravio de bagagens,
cancelamento do voo sem aviso prévio, e realocação do voo para outro
aeroporto sem quaisquer justificativa, os Autores sentiram relapsa e extremo
descaso por parte das Rés que não deram alternativas como preconiza a
legislação vigente sobre o mérito.
Importante destacar que antes mesmo da aquisição das
passagens aéreas os Autores fizeram um planejamento para contratar voos
com conexões curtas, com pouco tempo de espera, e para isso pagaram mais
caro para ter essa comodidade, mas devido aos cancelamentos e atrasos
injustificados os Autores amarguraram horas em aeroportos na ida e na volta,
além de ficar sem seus pertences pelo período de 2 (dois) dias logo na primeira
parada em Portugal.
Diante do exposto, requer concessa data vênia a Vossa
Excelência a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, pois é evidente a
relação consumerista na presente ação, e ainda, a vulnerabilidade jurídica e
técnica dos Autores em face das grandes companhias aéreas que detêm alto
poder econômico, sendo imprescindível a aplicação do Código de Defesa do
Consumidor na presente ação.

III.2 – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Atento à vulnerabilidade do consumidor, o microssistema
consumerista identifica o consumidor como um sujeito de direitos especiais,
sendo a sua proteção à realização de um direito fundamental (artigo 5º, inciso
XXXII, da CF), afinal, o consumidor foi identificado como agente a ser,
necessariamente, protegido de forma especial, razão pela qual, os Autores
requerem a inversão do ônus da prova, pois conforme exposto alhures
ocorreram falhas na prestação de serviços desde o embarque em Curitiba
(CWB); extravio de bagagens; cancelamento de voo; atraso de voo; e

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realocação para outro voo em outro aeroporto sem dar opção de escolha para
o consumidor, tudo sem quaisquer justificativas e/ou comprovação da
motivação, sendo evidente que ocorreram problemas pela desorganização,
relapsa e desídia das Rés, inclusive com reincidência na falha na prestação de
serviços conforme amplamente exposto em linhas alhures.
Sobre o mérito traz a redação do artigo 4º, inciso I, do Código
de Defesa do Consumidor:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por


objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o
respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem
como a transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios:
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no
mercado de consumo; (Grifo nosso).

Com o objetivo de facilitar a defesa dos direitos do consumidor


é facultado ao magistrado inverter o ônus da prova nas hipóteses de
hipossuficiência da parte, bem como diante da verossimilhança das alegações,
nos termos do que dispõe o artigo 6º, inciso VIII, do CDC, in verbis:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:


[...]
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando,
a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência.
(Grifo nosso).

Verifica-se que estão presentes no caso em tela os dois


requisitos necessários para a concessão da inversão do ônus da prova, uma
vez que nos termos do exposto acima, são verossímeis – data vênia – as
alegações dos Autores, ao demonstrar pelos comprovantes de despesas, bem
como alteração de voo contratado, a relapsa e o extremo descaso, que
somados as falhas sucessivas na prestação de serviços geraram muita
angústia e sofrimento aos Autores que cogitaram interromper a viagem e
retornar ao Brasil, tamanho foi o sofrimento vivenciado, bem como é indubitável
que os Autores, figuram como parte vulnerável e hipossuficiente na relação
jurídica em tela, tendo em vista que a presente ação é proposta contra grandes
companhias aéreas, que detêm alto poder econômico, e que os Autores

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sofreram, e muito, com as situações que foram expostos, passando por
angústia, revolta e situação humilhante em decorrência da desorganização e
relapsa das Rés na forma que trataram as situações.
Desta forma, imperiosa demonstra-se a necessidade da
inversão do ônus probandi no caso vertente, pois, presentes os requisitos
elencados nos artigos 4º, I e 6º, VIII, do CDC, cabendo as Rés comprovarem
os motivos de inúmeras falhas sucessivas na prestação de serviços, extremo
descaso, a forma que conduziu os incidentes conforme exposto alhures.
Diante do exposto, requer-se a Vossa Excelência a inversão do
ônus da prova, para que as Rés comprovem os motivos do extravio de
bagagens; cancelamento de voo; atraso de voo; e realocação do voo para
outro aeroporto sem quaisquer justificativas, bem como as falhas sucessivas na
prestação de serviços, pois seria perfeitamente possível ter evitado as
situações vivenciadas pelos Autores se tivessem agido de forma organizada,
com cautela e diligência, fato que não ocorreu por relapsa e extremo descaso
das Rés.

III.3 – DA REPARAÇÃO DOS DANOS MATERIAIS


Na presente ação é necessária a condenação da segunda Ré,
ora LATAM, a reparação de danos materiais, pois as situações vivenciadas
pelos Autores no tocante as despesas extraordinárias ocorreram por culpa
exclusiva da r. cia. aérea que enviou as bagagens para destino diverso a
primeira parada dos Autores que foi Lisboa (LIS), que gerou angústia,
sofrimento e prejuízos financeiros para os Autores.
Portanto, considerando que os prejuízos sofridos ocorreram em
moeda europeia (euro), mister se faz a conversão de câmbio para aferir os
prejuízos gerados por culpa da segunda Ré, ora LATAM.
Neste sentido, os Autores apresentam os danos sofridos com a
conversão da taxa cambial praticada na data do evento danoso (30/07/2019),
qual seja:

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Fonte: https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww4.bcb.gov.br%2Fpec%2Ftaxas%2Fport%2Fptaxnpesq.asp

VALOR EM REAIS
DESCRIÇÃO VALOR EM EURO (BANCO CENTRAL)
Despesas de Vestuário (30/07/2019) 95,80 € R$ 404,63
Despesas de Produtos de Higiene (30/07/2019) 20,00 € R$ 84,47
TOTAL 116 € R$ 489,10

Diante do exposto, requer concessa data vênia a Vossa


Excelência a condenação da segunda Ré, ora LATAM, ao pagamento de
indenização por danos materiais no valor de R$ 489,10 (quatrocentos e oitenta
e nove reais e dez centavos), com correção monetária à partir da data do
desembolso, qual seja: 30/07/2019 e juros legais.

III.4 – DA RESPONSABILIDADE CIVIL / INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS
Pela Teoria do Risco do Empreendimento, todo aquele, que se
disponha a exercer alguma atividade no campo do fornecimento de bens e
serviços, tem o dever de responder pelos fatos e vícios resultantes do
empreendimento, independente de culpa.
A presente ação trata puramente de relação de consumo,
sendo a responsabilidade objetiva, pois as Rés prestam serviços de transporte
aéreo e têm o dever de repassar ao consumidor informações que evite

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problemas e transtornos, e se não o fizer assume o risco do empreendimento,
respondendo pelos danos e prejuízos causados.
O Código Civil traz no artigo 737: “Art. 737. O transportador
está sujeito aos horários e itinerários previstos, sob pena de responder
por perdas e danos, salvo motivo de força maior.”
Portanto, como não foram sequer repassadas as justificativas
do extravio de bagagens, cancelamento de voo, atraso de voo, e realocação de
voo para outro aeroporto que pudessem eximir a culpa das Rés, requer-se a
pretensão reparatória e indenizatória.
A moral é reconhecida como bem jurídico, recebendo dos mais
diversos diplomas legais a devida proteção, inclusive amparada pelo artigo 5º,
incisos V e X, da Constituição Federal/1988:

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além
da indenização por dano material, moral ou à imagem;”
[...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação;
(Grifo nosso).

Outrossim, os artigos 186, 927 e seu § único, do Código Civil


de 2002, assim estabelecem:

Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Ademais, o Código de Defesa do Consumidor, no seu artigo


6º, inciso VI, protege a integridade moral dos consumidores:

Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:


[...]

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VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos.

Sobre a responsabilidade civil os artigos 14 e 22 do Código de


Defesa do Consumidor dispõem:

Art. 14 – O fornecedor de serviços responde, independentemente


da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,


concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma
de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços
adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,
contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das
obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas
compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na
forma prevista neste código. (Grifo nosso).

Vislumbra-se, pois, que as Rés enquadram-se na condição de


fornecedor de serviços voltados ao transporte de pessoas e bagagens
(concessionária de serviço de transporte aéreo) devendo responder de forma
objetiva pelos vícios ou problemas oriundos de uma má prestação de serviços.
Portanto, considerando que não se trata de mero dissabor do
cotidiano, mas sim de relapsa; extremo descaso e falhas sucessivas na
prestação de serviços das Rés, requer-se a pretensão indenizatória pelos
motivos já expostos.
Na mesma esteira da legislação encontra-se reforço na
doutrina sobre a matéria conforme entendimento da ilustre Maria Helena Diniz,
in Curso de Direito Civil, vol. 7, ed. Saraiva, 1984, diz:

“(...) o comportamento do agente será reprovado ou censurado,


quando, ante circunstâncias concretas do caso, se entende que
ele poderia ou deveria ter agido de modo diferente”. (Destaque
nosso).

Indubitável a responsabilidade das Rés diante do extravio de


bagagens, cancelamento de voo, atraso de voo, e realocação do voo para
outro aeroporto, sendo a relapsa e desídia amplamente rechaçadas pelo Poder
Judiciário, devendo as Rés serem responsabilizadas pelas ilicitudes praticadas,
porquanto, além de ser uma prática reincidente entre as companhias aéreas,

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são deveras abusivas, violando direitos básicos dos consumidores e causando
prejuízos materiais e extrapatrimoniais como ocorreu no presente caso.
No caso em voga, restou clarividente que as Rés agiram de
forma contrária aos preceitos insculpidos pelo CDC ao ocorrer em defeitos
sucessivos na prestação de serviços, mas como buscam lucros de forma
desenfreada e não se preocupam com os consumidor apostando na
impunidade agem com desídia e extrema desorganização como ocorreu no
presente caso.
Desta forma, não restam dúvidas de que as Rés devem ser
condenadas a reparação pelos danos materiais, e ao pagamento de
indenização à título de danos morais sofridos pelos Autores por toda angústia,
sofrimentos e humilhações, além do extremo descaso e falhas sucessivas na
prestação de serviços, conforme exposto em linhas anteriores.
Neste baila, os pedidos dos Autores encontram reforço no
entendimento consolidado nos Enunciados n.º 4.1 e 4.2 das Turmas Recursais
do Estado do Paraná que traz:

Enunciado N.º 4.1 – Cancelamento e/ou atraso de vôo – dano


moral: O cancelamento e/ou atraso de vôo, somado ao descaso e
relapsia da companhia aérea quanto à demonstração da causa e
forma de administração do incidente, enseja reparação por danos
morais.

Enunciado N.º 4.2 – Extravio/perda de bagagem: O extravio de


bagagem ou sua perda gera responsabilidade da empresa aérea
pelos danos (moral e material) causados ao consumidor.

Portanto, requer-se concessa data vênia a Vossa Excelência


uma análise sistêmica da presente ação a fim de condenar o comportamento
de extremo descaso e as falhas sucessivas na prestação de serviços das Rés,
sopesando que os Autores sofreram com o extravio de bagagens,
cancelamento de voo, atraso de voo, e realocação de voo para outro aeroporto
sem quaisquer justificativas, situações que resultaram em perda de passeios
nas cidades de Lisboa/Portugal e Gotemburgo/Suécia; além de prejuízos com a
compra de itens de necessidade básica, conforme amplamente demonstrado
em linhas alhures e documentos acostados nos autos.

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III.4.1 – DO QUANTUM INDENIZATÓRIO / ALTO PODER
ECONÔMICO DAS RÉS
Como a Lei não fixa parâmetro previamente definido para se
apurar o valor em indenizações por danos morais, conforme preceitua o C.
STJ, deve o Douto Magistrado considerar os parâmetros preconizados pela
doutrina e jurisprudência, quais sejam: ato ilícito, extensão do dano;
repercussão do dano; e situação econômica das partes, e baseando-se em tais
premissas estabelecer o valor a ser indenizado pelo agente causador do dano.
Ensina Carlos Alberto Bittar:

“A indenização por danos morais deve traduzir-se em montante que


represente advertência ao lesante e à sociedade de que não se
aceita o comportamento assumido, ou o evento lesivo advindo.
Consubstancia-se, portanto, em importância compatível com o vulto
dos interesses em conflito, refletindo-se, de modo expresso, no
patrimônio do lesante, a fim de que sinta, efetivamente, a resposta da
ordem jurídica aos efeitos do resultado lesivo produzido. Deve, pois,
ser quantia economicamente significativa, em razão das
potencialidades do patrimônio do lesante”. (in Reparação Civil por
Danos Morais, Editora Revista dos Tribunais, 1993, p. 220).

Portanto, a fixação do valor da condenação deve ter duplo


efeito, quais sejam: pedagógico e punitivo, e ao mesmo passo possibilitar ao
lesado uma satisfação compensatória, bem como surtir efeito na função de
desestímulo a novas práticas lesivas.
A jurisprudência vem em abono à tese supracitada:

“[...] O valor da indenização do dano moral deve ser arbitrado pelo


juiz de maneira a servir, por um lado, de lenitivo para o abalo
creditício sofrido pela pessoa lesada, sem importar a ela
enriquecimento sem causa ou estímulo ao prejuízo suportado; e, por
outro, deve desempenhar uma função pedagógica e uma séria
reprimenda ao ofensor, a fim de evitar a recidiva [...] (TJSC, AC n.
2001.010072-0, de Criciúma, rel. Des. Luiz Carlos Freyeslebem,
Segunda Câmara de Direito Civil, j. em 14-10-04). (Grifo nosso).

Além disso, o Douto Juízo deve observar, para fins de aferição


do quantum indenizatório, que as Rés agiram com desídia e extremo descaso
com os Autores não tomando as cautelas necessárias para evitar os eventos
danosos que foram inúmeros numa mesma viagem.
Importante destacar que não houve caso fortuito para justificar
o cancelamento do voo, tampouco atraso de voo, e ainda, se houvesse

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justificativa deveria ser informada de forma clara e precisa para os Autores com
antecedência, possibilitando aos Autores outras alternativas com outras
companhias aéreas ou acomodação para repouso e alimentação, fatos que não
acontecerem no presente caso.
Neste sentido, o arbitramento da indenização pelo dano moral
deve sempre ter o cuidado de não proporcionar, por um lado, o enriquecimento
ilícito do autor em detrimento do réu, nem por outro, a banalização da violação
aos Direitos do Consumidor, levando ainda em conta os princípios da
proporcionalidade e razoabilidade, bem como as peculiaridades do caso
concreto, sendo que os Autores encontram amparo em julgados recentes que
trataram do mesmo mérito, senão vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. APLICAÇÃO DO CDC.


TRANSPORTE AÉREO. VIAGEM INTERNACIONAL DE FÉRIAS EM
FAMÍLIA. ATRASO DE VOO ENTRE RIO DE JANEIRO E
BARCELONA/ESPANHA COM CONEXÃO EM MADRID.
INFORMAÇÕES DESENCONTRADAS. DEMORA EXCESSIVA
PELA ESPERA DO VÔO. DESVIO DE BAGAGEM. FALHA NA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. DANO MORAL. PACTO DE
VARSÓVIA. PROTOCOLOS DE HAIA E MONTREAL. SUPREMACIA
DA CONSTITUIÇÃO DE POSTERIOR PROMULGAÇÃO.
TARIFAÇÃO RESTRITA A DANO MATERIAL. INDENIZAÇÃO
FIXADA NO TOTAL DE R$ 37.000,00, SENDO R$ 8.000,00 PARA O
1°, 3° E 4 AUTORES E R$ 13.000,00 PARA O 2° AUTOR DEVIDO
AO EXTRAVIO DE SUA BAGAGEM. OBRIGAÇÃO DE
RESULTADO. FORTUITO INTERNO CARACTERIZADO. A
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA É DA RÉ, PELA MÁ
PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA.
DANOS MORAIS CONFIGURADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO
MANTIDO. MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
CONHECIDO E DESPROVIDO O RECURSO. (TJ-RJ, processo n.º
00904416320168190001, 27ª Vara Cível, Rel. João Batista
Damasceno, j. em 13/09/2017). (Grifo nosso).

Apelação Cível. Ação Indenizatória. Danos morais e


ressarcimento de danos materiais. Voo internacional. Extravio de
bagagem. Falha na prestação de serviço de transporte. Dano
moral configurado. Sentença que julga procedente em parte o pedido
indenizatório a título de dano moral, fixado em R$ 3.600,00.
Inconformada apela a autora, pugnando pela reforma da sentença
para que seja majorado o quantum fixado a título de dano moral, bem
como fixação do dano material no valor de R$ 271,70. Desvio de
bagagem restou incontroverso, eis que a ré reconhece que houve
demora de quatro dias na entrega da bagagem à passageira. Dano
moral in re ipsa. Majoração para o valor de R$ 10.000,00 para
atender aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade.
Danos materiais, é sabido que estes não se presumem. In casu, o
pedido está articulado com o desembolso de numerário para
aquisição de peças de vestuário no valor de R$ 271,70 no
estabelecimento comercial denominado “EL Corte Ingles”. Ocorre que
o documento carreado aos autos pela autora consiste em fatura de

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cartão de crédito tão somente indica valores relacionados a compra
no referido estabelecimento, não sendo colacionadas as notas fiscais
descritivas de compras necessárias e realizadas para passar o
período de extravio de bagagem. Assim o pedido de ressarcimento de
tal verba não merece prosperar; uma vez que não há provas nos
autos da quantificação exata do prejuízo sofrido em decorrência da
falha na prestação do serviço. RECURSO A QUE SE CONHECE E
AO QUAL SE DÁ PARCIAL PROVIMENTO para majorar a verba
indenizatória a título de dano moral para o patamar de R$
10.000,00. (TJ-RJ, processo n.º 00003278020138190002, 5ª Vara
Cível, Rel. Natacha Nascimento Gomes Tostes Gonçalves de
Oliveira, j. em 05/10/2015). (Grifo nosso).

RESPONSABILIDADE CIVIL. Transporte aéreo internacional.


Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor. Percurso de
Estugarda (Alemanha) a São Paulo, com conexão em Lisboa.
Hipótese em que, em virtude de atraso no voo inicial (Estugarda a
Lisboa), por problemas mecânicos na aeronave, a passageira,
adolescente, viajando sem a companhia dos pais, perdeu o voo de
conexão (Lisboa a São Paulo). Realocação da passageira em voo do
dia seguinte, que representou atraso de mais de 12 horas na chegada
ao seu destino final. Não caracterização da excludente de força
maior. Falta de assistência à passageira durante o período de espera,
o que obrigou a adolescente a pernoitar no chão do saguão do
aeroporto. Constatação na chegada ao destino final, do extravio de
bagagem, que lhe foi restituída após 03 dias. Verificação de
transtornos hábeis à configuração de danos morais indenizáveis.
Responsabilidade da ré pelo defeito na prestação do serviço de
transporte aéreo configurada. Indenização por danos morais,
fixada em R$ 20.000,00, preservada, sopesada para tanto as
peculiaridades do caso. Descabimento do pleito de seu afastamento
ou redução. Pedido inicial julgado procedente. Sentença mantida.
Recurso improvido. (TJ-SP, processo n.º 10038214420188260590,
19ª Câmara de Direito Privado, Rel. João Camillo de Almeida Prado
Costa, j. em 16/04/2019). (Grifo nosso).

EX POSITIS, os Autores requerem concessa data vênia a


Vossa Excelência a condenação das Rés, na forma solidária, ao pagamento
de indenização à título de danos morais sofridos pelos Autores em valor a ser
sabiamente arbitrado, levando-se em consideração o extravio das bagagens, o
cancelamento do voo sem aviso prévio, o atraso de voo, a perda de conexão
sem quaisquer auxílios/informações para a remarcação do voo, além da
realocação no voo de volta sem justificativas para outro aeroporto, somado ao
extremo descaso e desídia das companhias aéreas quanto à demonstração da
causa e forma de administração do incidente; a gravidade e extensão dos
danos, repercussão do dano, o grau de culpa do ofensor e a situação
econômico-financeira dos litigantes, conforme fundamentação supracitada no
valor sugerido não inferior a importância de R$ 15.000,00 (dez quinze reais),
para cada Autor, pois de fato as três Rés ocorreram em falhas sucessivas na
prestação de serviços, e ainda, trataram com relapsa os acontecimentos,

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sendo que o valor sugerido encontra amparo nos princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, sopesando o alto poder econômico dos litigantes, com base
no exposto alhures com clara violação dos Direitos do Consumidor.

IV – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Diante de todo o exposto, requer concessa data vênia a Vossa
Excelência:

a) Seja julgada PROCEDENTE A AÇÃO em todos os seus pedidos,


quais sejam: 1) A condenação da segunda Ré, ora LATAM, ao
pagamento de reparação por danos materiais no valor de R$ 489,10
(quatrocentos e oitenta e nove reais e dez centavos), corrigidos
desde a data do desembolso que ocorreu na data de 30/07/2019, e
juros legais, com amparo nos comprovantes de despesas acostados;
e 2) A condenação das Rés, na forma solidária, ao pagamento de
indenização à título de danos morais sofridos pelos Autores, em
decorrência do extravio de bagagens; cancelamento do voo; atraso
de voo; perda da conexão sem auxílio/informações, além da
realocação para voo em outro aeroporto sem quaisquer justificativas,
somado a desídia, negligência e extremo descaso das Rés que
ocorreram em falhas sucessivas na prestação de serviços que
culminaram com angústia, sofrimento e transtornos, além da
exposição dos Autores a situação vexatória que ficaram literalmente
perambulando pelos aeroportos sem assistência devida pelas Rés,
em valor a ser fixado ao arbítrio de Vossa Excelência, para que
surtam os efeitos: pedagógico-punitivo esperados com o ajuizamento
da presente ação, e ao mesmo passo, que compense todas as
situações vivenciadas pelos Autores, no valor sugerido não inferior a
importância de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), para cada Autor;

b) A citação das Rés nos endereços constantes no preâmbulo da


presente, por meio dos CORREIOS e/ou nos termos dos artigos 246
e seguintes do Código de Processo Civil, para que, querendo,
compareçam em audiência, a ser designada, apresentando as
defesas que tiverem, sob as penalidades de revelia e confissão;

c) A inversão do ônus da prova, por se tratar de consumidores que


são vulneráveis e hipossuficientes na relação de consumo (técnica e
juridicamente), em conformidade com o disposto no artigo 6º, inciso
VIII do Código de Defesa do Consumidor;

d) A condenação das Rés ao pagamento das custas, despesas e


honorários advocatícios de sucumbência, em caso de eventual
recurso, nos termos do artigo 55, da Lei n.º 9.099/95, a serem fixados
pela Colenda Turma Recursal do Paraná, nos termos do artigo 85, §
2° e incisos, do Código de Processo Civil;

e) A produção de todas as provas necessárias à instrução do feito,


depoimento das partes, oitiva de testemunhas e juntada dos
documentos que instruem a inicial; e,

f) Requer que todas as citações, intimações e notificações sejam


realizadas em nome do Dr. Renato Gomes Amaral Ono, OAB/PR
80.110, sob pena de nulidade com fulcro no artigo 280 do Código de
Processo Civil.

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Atribui-se a causa o valor de R$ 30.489,10 (trinta mil,
quatrocentos e oitenta e nove reais e dez centavos), apenas para fins fiscais.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Londrina, 04 de novembro de 2019.

RENATO GOMES AMARAL ONO


OAB/PR 80.110
(Assinado Digitalmente)

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