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Santo André – SP
2019
Roy Rimberti Rodriguez Trujillo
Santo André – SP
2019
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus, pelas forças recebidas no dia a dia, e por todo o aprendizado
adquirido e obstáculos vencidos durante toda minha vida, dando-me forças para superar as
dificuldades e me mostrando o caminho certo durante as horas incertas, me suprindo em todas
as minhas necessidades.
À minha esposa, Gladys Echavigurin Yauri de Rodriguez, por ser meu apoio
incondicional, com seu amor e paciência, durante todos os anos em que estamos juntos,
especialmente durante este curso de mestrado.
Aos meus filhos, Christopher Benjamin e Kate Anthuanet, por serem minha fortaleza
nesta vida, por todos os momentos de alegria e por todos os pequenos detalhes da minha vida
ao seu lado.
Ao Prof. Dr. Evonir Albrecht, por ser um grande orientador, que me dedicou toda
atenção, paciência, dedicação, empenho e compromisso, pelo auxílio de seus orientandos e por
suas importantes contribuições para minha formação acadêmica.
Os documentos atuais que norteiam a Educação Básica no Peru e no Brasil são o Currículo
Nacional da Educação Básica (CNEB), o qual foi aprovado no ano de 2016 no Peru, e a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), que foi aprovada no ano de 2017 no Brasil. Esses
documentos são a base para a construção das diferentes áreas da aprendizagem, principalmente
para o propósito desta pesquisa, que é a área de matemática do Ensino Fundamental dos Anos
Finais. É reconhecida a importância da matemática no Ensino Fundamental, que oferece uma
base para desenvolver-se na sociedade atual. Além disso, a matemática está envolvida em todos
os fatos da humanidade, justificando-se, assim, a importância de falar sobre o processo de
Ensino-Aprendizagem dessa área. A pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de comparar as
Competências Educacionais que serão desenvolvidas na área de matemática nos Currículos
Educacionais do Peru e do Brasil e de analisar as Habilidades Educacionais alcançadas pelos
estudantes no Ensino Fundamental dos Anos Finais, que são o resultado direto das
Competências Educacionais aplicadas nessa área de aprendizagem. A metodologia que apoia
esta pesquisa sob o enfoque qualitativo é o Método Comparativo, utilizando três passos como
procedimento metodológico: o primeiro passo é “a seleção de duas ou mais séries de fenômenos
que sejam efetivamente comparáveis”, a qual foi utilizada para realizar a análise documental.
O segundo passo é “a definição dos elementos a serem comparados”, que foi aplicada para a
realização da análise de conteúdo. O terceiro e último passo é “a generalização”, a qual foi
empregada para sistematizar a pesquisa e, além disso, serviu como uma bússola para que o
pesquisador pudesse realizar sua viagem. Com isso, espera-se obter duas categorias padrões
relacionadas entre si, as quais são: as Competências Educacionais comparadas do Peru e do
Brasil, especificamente para a área de matemática, e as Habilidades Educacionais comparadas
do Peru e do Brasil, como resultado desta pesquisa comparativa. Em relação ao conteúdo do
Currículo Educacional do Peru e do Brasil, cabe ressaltar a importância de haver clareza nas
informações contidas nos documentos oficiais que norteiam a Educação Básica dos países
envolvidos nesta pesquisa. Ademais, é necessário que a norma educacional seja acessível para
todas as pessoas que participam de forma direta ou indireta desse nível da aprendizagem.
The current documents that guide basic education in Peru and Brazil are the National
Curriculum for Basic Education (CNEB), which was approved in 2016 in Peru, and the National
Common Curriculum (BNCC), approved in Brazil in 2017. These documents are the base for
building and developing learning in different areas, especially in the field of mathematics in the
final years of middle school, for the purpose of the present research. We acknowledge the
importance of mathematics in middle school, for it provides a foundation for individuals to
develop as citizens in our society. In addition, mathematics is involved in all aspects of
humanity, which justifies the relevance of discussing the teaching-learning process in this field.
The aim of this paper is to compare the Educational Competences that will be developed in the
mathematics subject in the Curricula of Peru and Brazil and to analyze the Educational Skills
that students will achieve in the final years of middle school. Such skills are the direct result of
the Educational Competences applied in this branch of learning. The methodology that supports
this research is the Comparative Method, which uses three steps in its methodological
procedure: the first step is “the selection of two or more series of phenomena that are effectively
comparable”, which was applied to perform document analysis. The second step is “the
definition of the elements to be compared”, which was used for content analysis. The third and
final step is “generalization”, which was applied to systematize the research and, besides, served
as a compass to guide the researcher’s journey. Thus, we aim at obtaining two standard
categories that are interrelated: Brazilian and Peruvian Educational Competences compared in
the field of mathematics and Educational Skills in Peruvian and Brazilian curricula as the result
of this comparative research. With regard to the content of Brazilian and Peruvian Educational
Curricula, it is essential to highlight the importance of clarity in the information contained in
the official documents that guide basic education in the countries approached in this research.
Furthermore, it is necessary that the educational norm be accessible to all the people that take
part - directly or indirectly – in this educational level.
Los documentos actuales que nortean la Educación Básica en el Perú y en Brasil son, el
Currículo Nacional de Educación Básica (CNEB) el cual fue aprobado en el año 2016 en el
Perú y la Base Nacional común Curricular (BNCC) la cual fue aprobada en el año 2017 en
Brasil. Estos documentos, son la base constructiva de las diferentes áreas del aprendizaje,
siendo el propósito principal de esta investigación, el área de matemática para la Enseñanza
Fundamental de los Años Finales. Es reconocida la importancia de la matemática en la
Enseñanza Fundamental, siendo así, la base para desenvolverse en la sociedad actual, además
que la matemática está involucrada en todas las actividades de la humanidad, por lo cual, ahí
radica la importancia de hablar sobre el proceso de Enseñanza-Aprendizaje de esta área de la
Educación Básica. Esta tesis de maestría, fue desarrollada con el objetivo de comparar las
Competencias Educativas que serán trabajadas en el área de matemática del Currículo
Educativo del Perú y Brasil, y analizar las Habilidades Educativas alcanzadas por los
estudiantes de la Enseñanza Fundamental en los Años Finales, como consecuencia de la
Aplicación de las Competencias Educativas. La metodología que apoya esta investigación bajo
el enfoque cualitativo es, el Método Comparativo, el cual utiliza tres pasos metodológicos: El
primer paso es, “La selección de dos o más series de fenómenos que sean efectivamente
comparables”, el cual fue utilizado para realizar el análisis documental. El segundo paso es, “La
definición de los elementos a ser comparados”, el cual fue utilizado para realizar el análisis de
contenido. El tercer y último paso es, “La generalización”, el cual fue utilizado para sistematizar
la investigación, además, debió servir como brújula para que él investigador consiga direccionar
su pesquisa. Con todo esto, los resultados esperados es, obtener dos categorías tipo padrón que
estén relacionadas entre sí, los cuales son: Las Competencias Educativas Comparadas del Perú
y Brasil, explícitamente para el área de matemática de la Enseñanza Fundamental de los Años
Finales, y las Habilidades Educativas Comparadas del Perú y Brasil, como el resultado de esta
investigación en el área de matemática. En relación al contenido del Currículo Educativo del
Perú y Brasil, cabe la necesidad de resaltar la importancia de tener una mayor clareza de la
información de los documentos oficiales que nortean la Educación Básica de los países
evaluados en esta investigación académica. Además, se requiere que esta normativa educativa,
sea accesible a todas las personas participantes de forma directa o indirecta a la educación.
QUADRO 07: Padrões de Aprendizagem e sua Relação com os Ciclos da Educação Básica
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 17
Minha Trajetória Profissional ........................................................................................... 17
Problema da Pesquisa ....................................................................................................... 23
Justificativa ...................................................................................................................... 23
Objetivos da Pesquisa ....................................................................................................... 24
Organização da Dissertação .............................................................................................. 24
CAPÍTULO I...................................................................................................................... 27
1. O CURRÍCULO EDUCACIONAL ............................................................................... 27
1.1 A Reforma do Currículo da Educação Básica .............................................................. 27
1.1.1 A Participação de Especialistas em Currículo Educacional ................................... 28
1.1.2 A Participação dos Docentes na Reforma do Currículo Educacional ..................... 29
1.1.3 A Qualidade do Currículo Educacional de Educação Matemática ......................... 30
1.1.4 A Sustentabilidade da Educação Matemática ........................................................ 31
1.2 A Reforma do Currículo da Educação Básica no Peru ................................................. 32
1.2.1 As Competências Educacionais na Reforma do Currículo da Educação Básica ..... 33
1.2.2 As Habilidades Educacionais na Reforma do Currículo da Educação Básica ........ 34
1.3 A Reforma do Currículo da Educação Básica no Brasil ............................................... 35
1.3.1 As Competências Educacionais na Reforma do Currículo da Educação Básica ..... 36
1.3.2 As Habilidades Educacionais na Reforma do Currículo da Educação Básica ........ 37
CAPÍTULO II .................................................................................................................... 39
2. OS CURRÍCULOS EDUCACIONAIS PERUANO E BRASILEIRO BASEADOS EM
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES EDUCACIONAIS DA ÁREA DE
MATEMÁTICA ................................................................................................................. 39
2.1 O Currículo Nacional da Educação Básica do Peru: Área de Matemática .................... 39
2.1.1 A Competência Educacional................................................................................. 39
2.1.2 As Capacidades Desenvolvidas por Cada Competência Educacional .................... 41
2.1.3 Os Padrões de Aprendizagem Segundo a Competência Educacional a Ser Alcançada
..................................................................................................................................... 42
2.1.4 As Habilidades Educacionais que Deverão Ser Alcançadas .................................. 43
2.2 A Base Nacional Comum Curricular do Brasil: Área de Matemática ........................... 44
2.2.1 As Competências Educacionais Específicas .......................................................... 45
2.2.2 As Unidades Temáticas ........................................................................................ 47
2.2.3 Os Objetos de Conhecimento ............................................................................... 48
2.2.4 As Habilidades Educacionais................................................................................ 49
CAPÍTULO III................................................................................................................... 52
3. AS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES COMPARADAS DO CURRÍCULO
EDUCACIONAL DA ÁREA DE MATEMÁTICA DO PERU E DO BRASIL .............. 52
3.1 Competências, Capacidades, Padrões e Habilidades Educacionais do Peru.................. 52
3.2 Competências, Unidades Temáticas, Objetos de Conhecimento e Habilidades
Educacionais do Brasil ..................................................................................................... 55
CAPÍTULO IV ................................................................................................................... 60
4. METODOLOGIA .......................................................................................................... 60
4.1 Objeto da Pesquisa...................................................................................................... 60
4.2 O Tipo de Pesquisa: Método Comparativo .................................................................. 61
4.3 O Método de Coleta e Análise de Dados ..................................................................... 63
4.3.1 A Análise Documental: Momentos de Seleção e Coleta dos Documentos ............. 63
4.3.2 A Análise de Conteúdo ......................................................................................... 64
CAPÍTULO V .................................................................................................................... 67
5 RESULTADOS DA ANÁLISE COMPARATIVA DOS CURRÍCULOS
EDUCACIONAIS DO PERU E DO BRASIL DA ÁREA DE MATEMÁTICA ............. 67
5.1 Análise Comparativa da Reforma Realizada no Currículo Oficial do Peru e do Brasil . 67
5.2 Análise Comparativa do Currículo Educacional da Área de Matemática do Peru e do
Brasil................................................................................................................................ 70
5.3 Análise Comparativa das Competências e Habilidades Educacionais da Área de
Matemática do Peru e do Brasil ........................................................................................ 76
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 78
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 84
ANEXOS ............................................................................................................................ 90
ANEXO 01: Resolve Problemas de Quantidade................................................................... 90
ANEXO 02: Resolve Problemas de Regularidade, Equivalência e Trocas ............................ 91
ANEXO 03: Resolve Problemas de Forma, Movimento e Localização ................................ 92
ANEXO 04: Resolve Problemas de Gestão de Dados e Incertezas ....................................... 93
ANEXO 05: Matemática – 6º Ano ....................................................................................... 94
ANEXO 06: Matemática – 7º Ano ....................................................................................... 99
ANEXO 07: Matemática – 8º Ano ..................................................................................... 103
ANEXO 08: Matemática – 9º Ano ..................................................................................... 106
17
INTRODUÇÃO
Ao finalizar o ensino médio, iniciei o processo seletivo para conquistar uma vaga no
ensino superior, o qual foi um exercício árduo, tedioso e fatigante devido ao processo de
memorização que existe na educação peruana como base e sustento dos antigos cimentos
acadêmicos que ainda fazem parte da estrutura educacional atual do Peru.
Essa situação me levou a realizar uma reflexão pessoal sobre minhas próprias
capacidades e sobre o nível educacional alcançado através dos anos de estudos no ensino
fundamental. Além disso, levei em consideração todos os fatores que afetaram minhas
possiblidades de atingir as metas que eu já tinha definido naquele tempo. Assim, decidi parar
de estudar, por algum tempo, e trabalhar como professor de física e matemática, no intuito de
ajudar outros estudantes que tivessem problemas semelhantes aos meus.
18
Durante esses anos de trabalho, tive muito tempo para analisar os problemas da
educação peruana e os pilares que se estavam formando, sendo lamentável a utilização de
metodologias e técnicas educativas que não correspondem à realidade educacional peruana, as
quais, por essa mesma razão, obtiveram resultados negativos, até abaixo da média, que levaram
ao atraso educacional e, consequentemente, ao atraso econômico, social e cultural do país.
Essa situação educacional do Peru, com um baixo nível acadêmico alcançado até a
atualidade, se deve a fatores diversos, sendo um dos principais a imposição de uma política
educacional equivocada, que não leva em conta a diversidade cultural existente. Outrossim, a
19
realidade educacional do Peru aponta que a grande maioria dos estudantes tem que conciliar
estudos e trabalho, característica essa que reflete uma das dificuldades atuais do Peru enquanto
país subdesenvolvido.
Durante esses cinco anos de estudo, comecei a amadurecer minhas próprias concepções
sobre os problemas educacionais no Peru, e sobre a razão da falta de apoio às instituições, por
parte do estado, com ausência de um enfoque educacional próprio e diversificado.
Definitivamente, a falta desses elementos na educação peruana repercutia amplamente na
economia, o que gerou uma sequência de greves intermináveis pelo simples fato de o governo
não saber escutar nem acreditar na capacidade que possuem os professionais da área de
educação para encontrar soluções para os problemas atuais.
educacional das diferentes regiões do Peru, desde as zonas urbanas até os lugares mais distantes
do interior, onde tive uma melhor chance de observar a verdadeira educação peruana e de
perceber como são utilizados os documentos oficiais que norteiam a educação básica no país
ante as grandes necessidades dos diferentes níveis educacionais.
O analfabetismo no Peru entre pessoas com mais de 15 anos de idade é de 12,1%, são
considerados como analfabetos absolutos. Calcula-se que mais de dois terços deles
moram no interior do Peru (...). A taxa de analfabetismo absoluto no interior do Peru
é de 24,8%, sendo o dobro em comparação com o Litoral Peruano. (...) a grande
maioria das pessoas analfabetas são mulheres e representa 75% do total de analfabetos
absolutos (PERU, 2011, p. 121, tradução nossa).
Como Supervisor Nacional, pude analisar o conteúdo das abordagens e das propostas
existentes por parte do governo e observar como devem ser executadas para que os estudantes
e docentes assimilem adequadamente o que se pretende desenvolver. Além de trabalhar na parte
administrativa da educação básica, vi, claramente, as contradições existentes nos programas
educativos dos diferentes níveis e nas políticas educativas planejadas pelo governo peruano,
cuja proposta educacional de sua política de estado é apenas uma assimilação das políticas
elaboradas por organismos internacionais. De fato, esse foi o eco da grande maioria dos
docentes da educação básica.
Infelizmente, essa situação educacional não tem um foco próprio que realmente permita
superar nossa realidade pluricultural. Pelo contrário, apenas chega a ser uma tendência
educacional, mas que é acoplada às diferentes realidades educacionais dos países da ALC. Essa
educação condicionada lhes oprime, segundo manifestaram diferentes autoridades locais do
interior do Peru e, de acordo com a percepção deles, o currículo educacional atual do país
deveria estar baseado em valores educativos, contudo, em sua presente forma, não permitirá o
desenvolvimento adequado das unidades temáticas nas diferentes áreas de aprendizagem nem
auxiliará no crescimento pessoal dos estudantes.
Durante meus anos de trabalho no INEI, que é uma instituição governamental que
trabalha em parceria com o MINEDU, percebi claramente a necessidade de obter resultados
sobre a aplicação dos diferentes programas educacionais que se procurava implementar no Peru.
Justamente por isso, houve uma forte resistência por parte dos professores da Educação Básica
Regular (EBR) devido aos fracos argumentos apresentados pelo governo, principalmente
quando o Ministério da Educação do Peru tomou como referência os resultados obtidos na prova
PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) para os anos finais do ensino
fundamental e na prova TERCE (Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo) para os
21
1
O objetivo do Pisa é produzir indicadores que contribuam para a discussão da qualidade da educação nos países
participantes, de modo a subsidiar políticas de melhoria do ensino básico. A avaliação procura verificar até que
ponto as escolas de cada país participante estão preparando seus jovens para exercer o papel de cidadãos na
sociedade contemporânea. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/pisa. Acesso em: 26 de Abril de 2019.
2
O Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo (TERCE) começou em 2013. Os Estudos Regionais
Comparativos foram desenvolvidos para avaliar a qualidade da educação no Ensino Fundamental por meio da
configuração de uma rede de diretores regionais de avaliação educacional na América Latina e no Caribe.
Disponível em: http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/inep-participa-de-
capacitacao-do-laboratorio-latinoamericano-de-evaluacion-de-la-calidad-de-la-educacion-llece-/21206. Acesso
em: 26 de Abril de 2019.
22
Entre os anos de 2014 e 2016, estive no cargo de Supervisor Nacional do INEI para o
Projeto de Pesquisa Nacional da Educação Básica e apliquei as provas para o ensino
fundamental, assim como as avaliações para os docentes. Lamentavelmente, os resultados das
provas aplicadas sob objetivos cognitivos só expuseram a dura realidade da educação peruana,
tanto de nossos estudantes como também de nossos professores. Para muitos, são apenas
resultados da área de matemática e língua espanhola, porém essa situação evidencia muito mais
do que o problema educacional, apresentando um conjunto de dificuldades educacionais que
não foram solucionadas em seu devido momento e que, atualmente, formam uma complexa
realidade que reflete o acúmulo de todas essas dificuldades. Com o passar do tempo, continua-
se acrescentando mais dificuldades, com respostas pouco ou nada esclarecedoras, gerando um
efeito dominó que sufoca os docentes, os quais, por sua vez, sufocam os estudantes.
Esse foi uns dos motivos para a realização desta pesquisa, mas, depois de um tempo
analisando as políticas educacionais internacionais e as diferentes propostas existentes por parte
dos organismos investidores, existiu a tentativa de se estabelecer metas na educação básica
através das competências educacionais para a ALC, com data de fechamento para o ano de
2021, proposta essa realizada através da UNESCO, mas observou-se a impossibilidade de
cumprir as metas educacionais até esse ano. Então, propuseram sua ampliação até o ano de
2030, a qual já foi aceita, mas ainda sem considerar a diversidade cultural, social e educacional
que existe atualmente na América Latina.
23
Uma vez que a América Latina é pluricultural, é possível que essa peculiaridade seja
uma das razões pelas quais é necessária a construção de uma política educacional própria. A
presente pesquisa busca explicar como essa tendência educacional atual, denominada
“competências educacionais”, e suas consequências alteram as habilidades educacionais a
serem desenvolvidas através do currículo educacional como nova política de estado executada
pelos Ministérios da Educação do Peru e do Brasil. Esta pesquisa tratará apenas o referente à
área de educação matemática dos anos finais do ensino fundamental, porém farei uma análise
comparativa entre as competências educacionais do Peru e do Brasil, e discorrerei sobre o que
os alunos deveriam alcançar, por meio de suas habilidades educacionais, ao finalizar o ensino
fundamental.
Problema da Pesquisa
Justificativa
Objetivos da Pesquisa
Organização da Dissertação
Esta dissertação está estruturada em sete partes: Introdução, Capítulo I, Capítulo II,
Capítulo III, Capítulo IV, Capítulo V e Considerações Finais.
As considerações finais abrangem tudo o que foi apresentado nesta pesquisa, mas com
caráter complementar aos resultados obtidos. Apresento, a partir de um foco crítico, os
resultados obtidos e as questões que esta pesquisa se propõe a responder sobre a análise
comparativa das competências e habilidades educacionais do Peru e do Brasil, levando em conta
o que foi tratado em cada capítulo da pesquisa.
27
CAPÍTULO I
1. O CURRÍCULO EDUCACIONAL
Essas reformas feitas nos currículos educacionais peruano e brasileiro têm preferência
pelos parâmetros orientados em definições da teoria curricular clássica, com discursos amplos
e de tipo filosófico.
A maioria das reformas realizadas na América Latina estava orientada por um critério
do tipo racionalista, baseada em diagnósticos surgidos da investigação sociológica e
por políticas sociais nos sistemas educativos. Por um lado, isso ajuda a contribuir para
uma maior fundamentação acadêmica, mas nem sempre teve bons resultados na
prática educacional (MANCEBO, 2004, p. 9, tradução nossa).
29
Uma questão que surge é que apesar dos esforços feitos pelas autoridades educacionais
para se manter o rigor acadêmico nos docentes dos diferentes países da região, os professores
ainda procuram incluir-se na pugna pelo currículo educacional, e em alguns casos eles
consideram que devem ser incluídos nas decisões para a reforma do currículo educacional, seja
pela razão ou pela força (FUMAGALLI; MADSEN, 2004). Na educação básica, essa situação
adquire um matiz particular, sobretudo quando se trata, como no caso da Argentina e do
Uruguai, e em menor medida, no caso do Chile, de outorgar um novo peso e orientação às
30
disciplinas a serem desenvolvidas na sala de aula. Nesse sentido, se reafirmam as lições que
Goodson (1998) propõe para o currículo educacional.
Os grupos de professores das matérias que normalmente gostam de atuar como grupos
de interesses pressionam pelo peso relativo que têm suas disciplinas. A assinação de
recursos e a inclusão nos conteúdos a avaliar é a melhor arma que eles têm para tomar
decisões e, às vezes, de forma errada, para manter uma posição de tipo sindical sem
focar o conteúdo baseado nas necessidades dos estudantes (GOODSON, 1998, p. 16,
tradução nossa).
Essa análise está baseada em fatos que já aconteceram nesses países, sendo situações
que também podem acontecer no caso do Peru e do Brasil, ainda mais com a recente aprovação
do novo currículo educacional para a educação básica nos respectivos países que serão tratados
nesta pesquisa.
O termo “qualidade3” está presente em todo o debate sobre a política educacional e sobre
o currículo educacional nos países da América Latina, mas tais debates estão carentes de
referências e evidências empíricas. Além disso, com frequência não chegam a fazer referência
com rigor acadêmico sobre as destrezas e conhecimentos que são requeridos para a superação
pessoal dos estudantes. O conteúdo, em geral, está centrado principalmente em oferecer uma
fundamentação de teorias furadas nas novas políticas educacionais.
O currículo educacional da área de matemática deve ser dinâmico e deve garantir seu
adequado entendimento para que os estudantes possam dominar alguns conhecimentos e
destrezas, de modo que logo possam dominar novos conteúdos. Porém, as metas de
aprendizagem em muitos currículos educacionais da ALC são estáticas (VALVERDE, 2009).
Por esta razão, o currículo educacional da área de matemática não cumpre as normas
internacionais de qualidade, de alinhamento e de rigor educacional. Ambiguidade, contradição
e dispersão são observadas nos termos vagos e imprecisos que continuamente se encontram nas
metas de aprendizagem. Frequentemente, a retórica e os termos coloquiais, da maneira como
são apresentados nas metas de aprendizagem, não permitem ao leitor discernir. Embora um
docente um administrador ou um pai de família possam chegar a entender e verificar o conteúdo
a ser desenvolvido, é difícil que o leitor obtenha uma compreensão de maneira fácil, o que
3
O termo “qualidade” para a ALC está baseado na pesquisa do professor Gilbert Valverde, do ano de 2009. Ele
foi um colaborador, naquele ano, para a UNESCO, e realizou um estudo sobre a qualidade educacional para a
ALC, manifestado em uma conferência denominada “A qualidade conta (Quality Counts) ”.
31
dificulta saber se essas metas educacionais estão sendo alcançadas ou não pelos estudantes.
Esses documentos, frequentemente com títulos de “Indicadores de Aprendizagem”, “Áreas de
Competência”, “Critérios de Avaliação” e assim por diante, quase invariavelmente são critérios
feitos por profissionais de consultorias externas, que geralmente não escrevem esse tipo de
instrumento para um currículo educacional de qualidade e diversificado.
O rigor, como antes se indicou, é uma noção que, raras vezes, aparece como inquietude
específica na política educativa para um currículo educacional de qualidade na ALC4. O mais
importante, para muitas nações, são as metas planejadas sem considerar as verdadeiras
necessidades locais, fazendo com que o currículo educacional para a área de educação
matemática seja de baixa qualidade e fracamente implementado.
As provas nacionais realizadas, por exemplo, no Peru, são um fenômeno que data desde
meados do ano de 1990. Desde as primeiras provas, os resultados na área de matemática são
preocupantes. “Os resultados obtidos mostravam uma cara da realidade educacional e, além
disso, apontavam sobre o futuro da educação” (RAVELA; PICARONI; LOUREIRO, 2017, p.
14, tradução nossa). As médias dos estudantes traduziram um resultado abaixo das metas
educativas esperadas, um sinal claro de que o domínio da matemática estabelecido pelas
políticas educacionais no Peru ainda tinha muito por melhorar. É uma situação bem
preocupante, e o próprio MINEDU desenvolveu estratégias para que as dificuldades fossem
superadas.
No Peru, a prova nacional realizada no ano de 2004 mostrou que, só 2,9% chegaram
a alcançar o nível satisfatório requerido pelo Ministério da Educação na área de
matemática, e no ano de 2009, o índice chegou aos 13,5%. Em ambas as situações,
não se cumpriu as metas educacionais desejadas nem o nível mínimo pretendido para
o ensino fundamental na área matemática (PERU, 2010, p. 14, tradução nossa).
4
A pesquisa de Valverde (2009) nos apresenta, clara e amplamente, documentação extensa dessas características
que ocorrem na ALC.
32
Esse resultado é comum no Peru, o que nos leva a perguntar por que “quase ninguém
tem alcançado o rendimento acadêmico desejado” (PERU, 2006, p. 7, tradução nossa). Porém,
é importante destacar que as avaliações realizadas para medir o nível alcançado pelos estudantes
revelaram sérias limitações, por parte deles, na hora da aplicação na área de matemática,
refletindo exatamente um dos problemas dos estudantes, ou seja, o que se pretende é que os
estudantes aprendam a resolver problemas de matemática na sala de aula.
Essa reforma do currículo educacional propõe metas que devem ser superadas e se trata
de um processo que deverá construir uma estrutura própria com uma base cognitiva e social,
que permitirá alcançar o máximo das suas potencialidades. Ademais, é a principal via de
inclusão social, permitindo a todo indivíduo exercer seus deveres e direitos plenamente, e com
pleno respeito à diversidade de identidade sociocultural e ambiental, o que não ocorria no
passado:
século XXI. Vivemos em uma sociedade muito diversa e desigual, mas ao mesmo tempo com
enormes potencialidades, onde se espera uma educação sem exclusão e que contribua para a
formação dos estudantes, além de garantir seus deveres e direitos com uma ética bem
estruturada.
Certamente, para desenvolver toda essa estrutura cognitiva, se faz necessária uma
estrutura educacional organizada que norteie essa aprendizagem, gerando a necessidade de uma
reforma no currículo educacional. Nos documentos anteriores que norteavam a educação no
Peru, não havia aspectos que remetessem às competências educacionais, pois tudo era elaborado
em função dos objetivos de aprendizagem.
A sociedade atual demanda que nossos estudantes estejam preparados para assumir
responsabilidades na sociedade e, para isso, devem estar devidamente preparados para serem
competentes em cada estágio da vida ante a complexidade na qual estejam envolvidos. Definir
as competências educacionais pode ajudar a melhorar as avaliações e, ao mesmo tempo,
apresentar um panorama de como os estudantes estão sendo preparados para a vida.
Antes da implementação de nossa proposta, foi realizada uma análise minuciosa para
que ela fosse utilizada de maneira adequada, no caso do Peru, através de orientações
pedagógicas que permitissem que os docentes possam desenvolver suas aulas com a menor
dificuldade possível.
Para atender aos objetivos desta pesquisa, com relação ao Brasil, levamos em
consideração a terceira versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), um novo
currículo educacional que iniciou sua vida na educação brasileira a partir do ano de 2018,
havendo passado previamente por uma série de reformas.
Nesse sentido, a BNCC é o novo currículo brasileiro, que ajuda a superar a fragmentação
das políticas educacionais atuais. Esse documento oficial é a nova referência no Brasil, o qual
também utiliza as competências educacionais como ponto de partida e, como meta final, utiliza
36
as habilidades educacionais, que são os objetivos que todos os estudantes deveriam alcançar ao
finalizar o ensino fundamental, o que será explicado nos próximos itens.
O quadro 03 apresenta cada competência educacional geral que deve ser desenvolvida
durante a educação básica. Deve-se entender que as competências educacionais procuram
alinhar a educação básica do Brasil aos padrões internacionais
ler e escrever, cada vez mais é fundamental. Quem não sabe escrever, mesmo que
minimamente, tem muitas dificuldades para arrumar um bom emprego. Habilidade é
uma expressão de competência, mas esta não se reduz àquela. Ou seja, para ser
competente, temos de ter várias habilidades, mas nossa competência não se resume a
um somatório de habilidades (MACEDO, 2008, p. 8).
No próximo capítulo, explicaremos como aconteceu esse processo de mudança, que foi
aprovado no ano de 2016, para ser aplicada no Peru a partir de 2017 e que, no Brasil, recebeu
aprovação no ano de 2017, para ser aplicado a partir de 2018, sob competências educacionais e
de como se pretende que nossos estudantes alcancem as habilidades educacionais ao fim do
ensino fundamental. Para os fins desta pesquisa, apenas serão analisados os anos finais do
ensino fundamental.
39
CAPÍTULO II
Neste capítulo, vamos expor os argumentos que justificam o uso das competências
educacionais nos anos finais do ensino fundamental. Além disso, apresentamos as habilidades
educacionais que se espera alcançar na área de matemática ao finalizar o ensino fundamental
dos currículos educacionais peruano e brasileiro.
A competência educacional é definida como a capacidade que uma pessoa tem para
combinar um conjunto de capacidades a fim de atingir um propósito específico em uma situação
determinada, atuando de maneira pertinente e com sentido ético, para poder cumprir com os
propósitos da educação no ensino fundamental.
Ser competente na educação supõe compreender a situação que deverá ser afrontada
e avaliar as suas possibilidades para encontrar uma solução ante qualquer situação no
âmbito educacional. Isso significa identificar os conhecimentos e habilidades que
possui como estudante e utilizar todo o material disponível em seu entorno e deverá
analisar as combinações mais pertinentes existentes para que possa tomar decisões
adequadas, o que lhe permitirá pôr em ação a combinação mais acertada possível
(PERU, 2016, p. 29, tradução nossa).
As emoções, atitudes e crenças dos estudantes podem ser úteis, atuando como forças que
impulsionam o processo de aprendizagem dos estudantes.
Os estudantes aprendem por si mesmos quando são capazes de autorregular seus processos
cognitivos de aprendizagem e de reflexão baseados em seus acertos, erros e avanços em sua
aprendizagem.
Fonte: Trigo (2008, p. 3-8, tradução e adaptação nossa)
Essas descrições definirão o nível esperado para que todos os estudantes possam
alcançá-lo até a finalização do ensino fundamental. Desse modo, os padrões de aprendizagem
nos proporcionarão informações valiosas para retroalimentar os estudantes em sua
aprendizagem e, consequentemente, na melhoria de seu desempenho escolar, bem como para
adequar o ensino aos requerimentos das necessidades de aprendizagem que já foram
identificadas pelos docentes.
QUADRO 07: Padrões de Aprendizagem e sua Relação com os Ciclos da Educação Básica
Padrões Níveis da Educação Básica
Nível D Nível Destacado
43
Pelo exposto, é importante sinalizar que contar com padrões de aprendizagem não é o
mesmo que padronizar ou uniformizar processos pedagógicos, pois estes deverão ser
diversificados para atingir os níveis esperados de desenvolvimento nas competências
educacionais. Dessa maneira, os docentes deverão mobilizar distintas ferramentas pedagógicas
para cada grupo específico, assim como para cada estudante de forma individual, de tal forma
que possam desdobrar seus estilos de aprendizagem, seus interesses e talentos particulares.
São as descrições específicas sobre o que os estudantes precisam fazer em relação aos
níveis de desenvolvimento nas competências (padrões de aprendizagem). Estas habilidades são
observáveis em diversas situações e contextos, não possuem um caráter exaustivo, mas ilustram
as atuações dos estudantes, mostrando o quão perto estão de conseguir o nível acadêmico
esperado na competência educacional a ser desenvolvida por eles.
desde o ponto de início (competências educacionais específicas) até o ponto final ou de chegada
(habilidades educacionais).
Ser competente em toda atividade humana é de vital importância, já que mais que
simples conhecimentos, isso implica capacidades, habilidades, fatores sociais e outros, que
podem limitar ou desenvolver as competências necessárias para se ter sucesso na vida, pois
esses fatores influirão tanto na avaliação e seleção das suas alternativas na vida, quanto em seu
desempenho pessoal em qualquer atividade diária.
Desde o século passado, o Brasil já havia desenvolvido seu sistema educacional através
dos estados e municípios devido às avaliações nacionais e internacionais, tanto nos anos finais
quanto nos anos iniciais do ensino fundamental.
(...), desde as décadas finais do século XX e ao longo deste início do século XXI, o
foco no desenvolvimento de competências tem orientado a maioria dos Estados e
Municípios Brasileiros e diferentes países na construção de seus currículos. É esse
também o enfoque adotado nas avaliações internacionais da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que coordena o Programa
Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), e da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês),
que instituiu o Laboratório Latino-americano de Avaliação da Qualidade da Educação
para a América Latina (LLECE, na sigla em espanhol) (BRASIL, 2017, p. 13).
Fazer esse tipo de mudança na educação brasileira significa fazer toda uma restruturação
pedagógica nos conteúdos a serem desenvolvidos, mas mantendo o foco pedagógico, sendo
necessário, para isso, que os conteúdos chegassem a ser entendidos pela grande maioria dos
envolvidos nessa área da educação básica. Garantir a apropriação desse tipo de conhecimento
pedagógico sob esse enfoque educacional significaria, então, compreender os conteúdos desse
tipo de informação focada nas necessidades dos estudantes.
Ao adotar esse enfoque, a BNCC indica que as decisões pedagógicas devem estar
orientadas para o desenvolvimento de competências. Por meio da indicação clara do
que os alunos devem “saber” (considerando a constituição de conhecimentos,
habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, do que devem “saber fazer”
(considerando a mobilização desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores
para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania
e do mundo do trabalho), a explicitação das competências oferece referências para o
fortalecimento de ações que assegurem as aprendizagens essenciais definidas na Base
Nacional Comum Curricular do Brasil (BRASIL, 2017, p. 13).
46
Para o ensino fundamental, as unidades temáticas estão compostas em cinco partes, que
são válidas para os anos iniciais e para os anos finais, tal como apresentado no quadro 11.
sala de aula é exposta aberta e claramente. Será apresentada, resumidamente, cada habilidade
educacional por unidade temática devido à amplitude do conteúdo. O conteúdo total será
colocado em anexos por ano de estudo: anexo 05: matemática-6º ano, anexo 06: matemática-7°
ano, anexo 07: matemática-8° ano e anexo 08: matemática-9° ano.
Para os fins práticos desta pesquisa, apenas será considerado o conteúdo do nível
máximo dos anos finais do ensino fundamental, sendo seu respectivo correspondente o 9° ano
de estudo, já que este último ano possui fundamentos teórico-práticos dos anos de aprendizagem
que lhe antecedem. A apresentação será feita por unidade temática, como na BNCC (2017).
CAPÍTULO III
Cada competência educacional possui uma definição focada em uma unidade temática
específica existente, baseada na realidade educativa do Peru. Sendo assim, a primeira
competência educacional (CE), a qual chamaremos de CE 1, resolve Problemas de Quantidade,
está relacionada à unidade temática da numeração, a qual expressa as capacidades a serem
desenvolvidas dessa competência educativa, lembrando que cada competência educacional
possui quatro capacidades a serem desenvolvidas. A CE 2 resolve Problemas de Regularidade,
Equivalência e Trocas, a qual se refere à unidade temática de álgebra, sendo seu equivalente
desta competência educacional. A CE 3 resolve Problemas de Forma, Movimento e
Localização, referindo-se à unidade temática de geometria, que possui também quatro
capacidades a serem desenvolvidas. A CE 4 resolve Problemas de Gestão de Dados e Incertezas,
relacionando-se à estatística e probabilidades, e contendo também quatro capacidades a serem
desenvolvidas.
O foco a ser desenvolvido nos anos finais do ensino fundamental na área de matemática
reside na resolução de problemas, mas isso não significa um tipo de aprendizagem mecânica e
de memorização, dependendo mais de como se assume os conteúdos a serem desenvolvidos e
também de como o docente desenvolve o conteúdo na sala de aula. Podemos dizer, então, que
depende do estímulo gerado no processo de Ensino-Aprendizagem e da utilização dos
conhecimentos anteriores como suporte cognitivo.
Deve-se levar em conta essas formas de pensamento da área de matemática, já que, hoje
em dia, é quase impossível achar uma situação cotidiana que não possua um princípio básico
da matemática. Para Onuchic (2012), a resolução de problemas matemáticos implica em aplicar
a matemática no mundo real, ou mundo material. Além disso, ela não deve ser ensinada apenas
em função da resolução de um determinado problema, e sim para conduzir o estudante na
construção de um amplo repertório de conhecimentos, para que ele seja capaz de inter-
relacionar os conceitos fundamentais da matemática.
Todo esse processo tem uma única finalidade: alcançar as habilidades educacionais ao
término dos anos finais do ensino fundamental. O ponto inicial foi a definição das competências
55
educacionais como política oficial do governo, as quais serão aplicadas através do currículo
educativo da educação básica. Continuamente, as capacidades desenvolvidas foram agrupadas
de quatro em quatro em cada competência educacional e, além disso, os padrões de
aprendizagem indicariam o nível a ser desenvolvido de acordo com a idade de cada estudante,
sendo o nível “D” o nível desejado pelos estudantes, de acordo com o resumo no quadro 24.
Esse objetivo para o ensino da matemática tem um critério logico em função das
necessidades educativas que precisam ser cobertas e devido às constantes mudanças
acontecidas neste último século. Para isso, precisa de etapas, que seriam, por exemplo, as
sintetizadas por Brito (2010), a partir de uma revisão conceitual que o autor realizou sobre
diferentes autores que propuseram a resolução de problemas como relevante para a área de
matemática e baseada em etapas: a) Representação: envolve a compreensão do problema; b)
56
5
Nesta pesquisa, conhecimentos prévios devem ser entendidos como os conhecimentos conceituais e
procedimentais da área de matemática, anteriormente aprendidos pelos estudantes no Ensino Fundamental-Anos
Iniciais, e que lhes possibilitam propor e apresentar uma ou mais estratégias de Resolução de Problemas.
57
Dessa análise realizada por Schroeder e Lester (1989), as duas primeiras não seriam
adequadas atualmente para favorecer a compreensão da matemática, mas a terceira, que consiste
em utilizar a resolução de problemas como via para o entendimento da matemática, é
considerada a mais adequada, já que implica raciocínio teórico e prático, utilizando situações
do dia a dia dos estudantes.
Pelo exposto, constrói-se, assim, uma referência para articular a formação docente e
para elaborar os materiais educativos para esse nível de aprendizagem. Dessa forma, é possível
alinhar as competências educacionais do currículo da educação básica, mantendo uma ordem
hierárquica, que deve garantir a melhoria do processo de ensino-aprendizagem. A
aprendizagem, através da Resolução de Problemas como metodologia de ensino, torna-se
fundamental na atual realidade educacional do Brasil, pois busca relacionar a aprendizagem
com a realidade social de nossos estudantes. Ademais, coloca os estudantes em situações
desafiadoras, construindo, assim, seus próprios conceitos matemáticos ante novas situações que
vão se apresentando e permitindo que eles desenvolvam seus próprios conhecimentos.
utilizadas para a área sendo elas: Números, 7°, 8° e 9° ano, com o exercícios, e sim
de matemática, Álgebra, Geometria, 9° ano equivalendo à relacionada com a
aplicadas ao longo Grandezas e aprendizagem realidade do
dos Anos Finais do Medidas, e desejada a ser estudante, seja ela
Ensino Fundamental. Probabilidade e alcançado no Ensino Local, Regional ou
Estatística. Fundamental. Nacional.
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir da Análise Comparativa
CAPÍTULO IV
4. METODOLOGIA
Neste capítulo, será apresentada a metodologia utilizada para atingir os objetivos que
foram propostos nesta pesquisa. Inicialmente, será apresentado o objeto da pesquisa, seguido
pelo tipo de pesquisa e, por último, o método de coleta e análise de dados que foi utilizado nesta
dissertação.
O objeto desta pesquisa é realizar uma análise comparativa dos documentos oficiais que
orientam a educação básica no componente curricular da área de matemática, presente nas
propostas curriculares do Peru e do Brasil. O motivo da escolha dessa análise se deu devido às
similaridades nas políticas educacionais propostas recentemente por parte do governo do Peru
e do Brasil nessa área de aprendizagem, bem como pelo fato de o pesquisador ser natural do
Peru e cursar o mestrado no Brasil.
Agora, sendo muito mais explícito sobre o método comparativo na área da educação
matemática, pode-se dizer que o método comparativo é parte integrante dos instrumentos
avaliativos e permitirá fazer medições analíticas sustentadas sobre as políticas educacionais que
são aplicadas na área de matemática. Tal como Albrecht (2012) ressalta sobre o método
comparativo para a área de educação:
Considerando essa análise realizada por Albrecht (2012), é possível utilizá-la para a área
de matemática, procurando semelhanças e diferenças existentes nos currículos oficiais do Peru
62
Para o primeiro passo, que é “A seleção de duas ou mais séries de fenômenos que sejam
efetivamente comparáveis” (SCHNEIDER; SCHMITT, 1998, p. 83), onde os autores explicam
sobre a necessidade da seleção dos fenômenos a serem estudados, sendo não apenas um recorte
claramente delineado no tempo e no espaço, o pesquisador deve lembrar que, frequentemente,
nos estudos comparativos se trabalha com um pequeno número de casos e um grande número
de variáveis, procurando manter o controle da hipótese. Portanto, foi necessário, para esta
pesquisa, selecionar as políticas educacionais que são desenvolvidas para a área de educação
matemática do Peru e do Brasil, por meio da análise de conteúdo.
exige do pesquisador uma série de opções que são decisivas do ponto de vista do resultado final
do trabalho de investigação. Nesse aspecto, os conteúdos de educação matemática presentes
nos documentos oficiais do Peru e do Brasil foram selecionados para a pesquisa como
elementos para serem comparados. A seleção dos conteúdos de educação matemática das
políticas educativas do Peru e do Brasil ocorreu por meio da análise documental.
1. Análise Documental: seleção e coleta dos documentos. Com a mais clara intenção de
comparar os documentos que sustentam a política oficial implementada na área de matemática,
a análise documental foi o método escolhido para a coleta de dados. De acordo com Lüdke e
André (1986, p. 38), “a análise documental pode se constituir numa técnica valiosa de
abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras
técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema”.
Além disso, é importante destacar que esses documentos estão disponibilizados através
dos respectivos sites dos Ministérios da Educação de cada país. Após a identificação, impressão
e coleta desses documentos, realizou-se uma análise prévia no intuito de averiguar a
autenticidade documental. Em relação à autenticidade, foi verificado, de forma conjunta com
as Secretarias do Ministério da Educação dos respectivos países, que os documentos
disponibilizados nos sites são cópias digitalizadas dos documentos oficiais, aprovadas pelas
referidas Secretarias do Ministério da Educação do Peru e do Brasil.
um parágrafo. Nesta pesquisa, esse momento foi considerado de maneira plena, pois as leituras
foram retomadas várias vezes, visando o recorte e a extração de temas, palavras, frases e até
parágrafos, presentes nos currículos oficiais do Peru e do Brasil. As unidades de registro e de
contexto que foram selecionadas e construídas não possibilitaram a criação de novas categorias,
portanto as categorias definidas a priori no currículo educacional permaneceram sem alterações
em ambos os países.
CAPÍTULO V
Este capítulo apresenta os resultados obtidos a partir da análise realizada nesta pesquisa,
ressaltando as competências e habilidades educacionais que estão presentes nos documentos
oficiais de ambos os países. Para isso, é necessário comparar os resultados obtidos nos capítulos
I, II e III.
A reforma no currículo oficial surge devido à situação educativa deficitária que ocorria
não apenas no Peru e no Brasil, mas também na maioria dos países da América Latina,
principalmente na área de matemática, onde “a maioria dos países aceitou lecionar sob o foco
da resolução de problemas como eixo principal na estrutura e na organização do currículo
oficial” (TRIGO, 2008, p. 5, tradução nossa).
ensino fundamental, tendo que atingir as metas propostas como política oficial, razão pela qual
se realizou a reforma na educação.
O currículo oficial peruano está atualmente vigente sob uma estrutura baseada em
competências educacionais, iniciando-se sob esse princípio formador no ensino fundamental.
Elas sãos definidas como a capacidade que toda pessoa tem para combinar um conjunto de
capacidades afins, para alcançar um propósito específico ante uma determinada situação. É
importante realçar a atitude de pertinência e o sentido ético que é apresentado no novo currículo
oficial do Peru.
competências e quais são as capacidades que deverão ser alcançadas nos anos finais do ensino
fundamental. As competências educacionais concentram uma série de atividades próprias na
hora de lecionar na sala de aula, e o MINEDU6 considera que as capacidades que estão
envolvidas deverão permitir que os estudantes possam alcançar as competências necessárias
para atuar em seu dia a dia.
6
O Ministério da Educação do Peru (MINEDU), considera que as Capacidades Educativas devem ser trabalhadas
de forma Competente, o que significa ter recursos de apoio, como Conhecimentos, Habilidades e Atitudes,
utilizados ao longo da vida para afrontar situações determinadas. Elas serão alcançadas através da experiência e
da educação recebida.
72
Todo esse processo ocorre para que os estudantes possam alcançar as habilidades
educacionais desejadas, sendo o nível Destacado “D” o nível desejado para todos os estudantes.
O quadro 30 resume todo esse processo que foi utilizado nos anos finais do ensino fundamental.
Tal educação deve afirmar valores e estimular ações que contribuam para a
transformação da sociedade, tornando-a mais humana, socialmente justa e, também,
voltada para a preservação da natureza. Como processo educativo (...) é um chamado
à responsabilidade que envolve a ciência e a ética. E um dos instrumentos de que a
sociedade dispõe no momento para recriar valores perdidos ou jamais alcançados
(BRASIL, 2013, p. 50).
São palavras fortes que proclamam a igualdade, proclamam uma educação justa não
apenas para alguns, e sim para todos. Considerando a proposta da Presidência da República
Federativa do Brasil, acredito que o novo currículo oficial baseado em competências
educacionais manterá o mesmo teor social e igualitário, tal como é manifestado pelo governo
brasileiro.
O direito à educação não se resume ao acesso à escola, pois ele não será vivenciado
plenamente se a escola não der ao indivíduo informações, conhecimentos e domínio
de técnicas imprescindíveis à compreensão do mundo que o rodeia, desenvolvendo
nele o senso crítico que o levará a uma ação transformadora da sociedade. O conjunto
de atividades criadas, desenvolvidas e vivenciadas nas escolas deve ser estimulado
sob o ponto de vista da criatividade como uma potencialidade humana possível de ser
desenvolvida de modo a estimular práticas interdisciplinares mediante diversas
estratégias, como objetivo da aquisição de conhecimento e do desenvolvimento do
gosto pela pesquisa. A Educação (...) concebe uma escola viva e dinâmica, com
práticas educacionais que estimulem a participação de toda a comunidade escolar no
seu destino e que legitimem processos participativos. Assim como por acreditarmos
ser necessário estar em sintonia com uma educação dialógica como um meio para a
construção da cidadania, viabilizando um trabalho “com” os envolvidos e não
somente “sobre” eles (BRASIL, 2013, p. 51).
7
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República do Brasil (SDH/PR). Caderno de Educação em
Direitos Humanos. Educação em Direitos Humanos: Diretrizes Nacionais. Brasília: Coordenação Geral de
Educação em SDH/PR, Direitos Humanos, Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos,
2013. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32131-
educacao-dh-diretrizesnacionais-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 20 de Novembro de 2018.
74
Esta proposta educativa, que tem como foco central a resolução de problema em
matemática, procura alinhar-se às políticas educacionais internacionais, principalmente à
agenda do ano 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU)8, a qual está manifestada na
BNCC. Essa análise sobre o alinhamento internacional corresponde às expectativas de uma
educação de qualidade, principalmente na área de matemática, sendo para isso, de vital
importância estar no nível dos padrões internacionais.
O último ponto que faz parte da BNCC são as habilidades educacionais, e para chegar
até ela, precisamos conhecer os objetos de conhecimento que serão desenvolvidos em sala de
aula. Portanto, para passar das Unidades Temáticas (UT) às habilidades educacionais, é preciso
saber exatamente o que será desenvolvido em cada seção de aprendizagem, que são, muitas
vezes, organizadas de forma interna segundo as necessidades educacionais de cada centro
escolar nos anos finais do ensino fundamental.
A leitura dos objetos de conhecimento e das habilidades essenciais de cada ano nas
cinco unidades temáticas permite uma visão das possíveis articulações entre as
habilidades indicadas para as diferentes temáticas. Entretanto, recomenda-se que se
faça também uma leitura (vertical) de cada unidade temática, do 6º ao 9º ano, com a
8
Organização das Nações Unidas (ONU). Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp-
content/uploads/2015/10/agenda2030-pt-br.pdf. Acesso em: 20 de Novembro de 2018.
75
É possível trabalhar, nesse sentido, para se conhecer o que deve ser desenvolvido em
sala de aula, sendo possível uma reorganização de outra maneira.
A Competência é definida como a faculdade que uma pessoa tem para combinar um
conjunto de capacidades a fim de alcançar um propósito específico e ante uma
determinada situação, atuando de maneira pertinente e com sentido ético. Ser
competente pressupõe compreender o que se deve afrontar e o que se deve avaliar ante
as possibilidades que se tem para resolvê-lo. Isto significa identificar os
conhecimentos e habilidades que se possui, ou que estão disponíveis no entorno, e
também analisar as combinações mais pertinentes à situação e ao propósito da mesma,
para logo tomar decisões e executar, ou pôr em prática, a combinação selecionada
(PERU, 2016, p. 29, tradução nossa).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino (...). Ensino porque busco, porque
indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando,
intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não
conheço e comunicar ou anunciar a novidade (FREIRE, 1996, p. 32).
Nesta pesquisa, que foi desenvolvida como um estudo comparativo das realidades
educacionais do Peru e do Brasil, com o título de “Competências e Habilidades Educacionais
da Área de Matemática: Análise Comparativa das Orientações Curriculares dos Anos Finais do
Ensino Fundamental do Peru e do Brasil”, há seis partes importantes a serem destacadas.
No capítulo I, realizou-se uma análise das reformas que aconteceram na América Latina
devido às necessidades iminentes de modernizar a educação, com foco especial nos países
envolvidos nesta pesquisa. Para tanto, foram tomados em consideração os elementos pertinentes
que permitiram que esta mudança ocorresse, sendo para isso contemplada a participação de
especialistas em currículo educacional, a participação dos docentes como os conhecedores da
realidade educacional. A qualidade do currículo educacional sempre foi prioridade, mas para
que seja factível seu cumprimento através da lei, era necessário que o novo currículo fosse
avaliado pelas diferentes organizações educacionais, além disso, mais especificamente sobre a
79
oficiais do Peru e do Brasil, além de servir como um filtro para as informações pouco relevantes
e informações comuns em ambos os documentos. Para isso, foi necessário aplicar os três passos
propostos por Schneider e Schmitt (1998, p. 34-36): “A seleção de duas ou mais séries de
fenômenos que sejam efetivamente comparáveis, a definição dos elementos a serem
comparados e a generalização”.
Para o primeiro passo, foram selecionados os documentos oficiais que norteiam o ensino
fundamental de ambos os países, bem como todos os antecedentes históricos que levaram os
governos brasileiro e peruano a tomarem essa decisão de mudar a política educacional em seus
países. Para o segundo passo, foram definidos os elementos a serem avaliados nesta pesquisa,
com ambos os documentos contendo uma série de variáveis bem distintas, que possivelmente
tenham mais relação com o nível de aceitabilidade desses currículos do que com a realidade
educacional. Então, o mais resgatável de ambos os documentos oficiais foram as competências
e habilidades educacionais. Para o terceiro passo, procurou-se generalizar os conteúdos através
de uma observação feita sobre as mesmas competências e habilidades educacionais, sendo que
as mesmas estratégias educacionais desenvolvidas no Peru e no Brasil também podem ser
encontradas nos documentos oficiais de outros países da América Latina.
os objetivos pretendidos, o país teria que desenvolver seus próprios padrões de ensino. Além
disso, no caso do Peru, não existiu mais do que uma versão do novo documento oficial. No
Brasil, por sua vez, foi necessária até uma terceira versão até que finalmente fosse aceita a nova
proposta educacional, pois mesmo possuindo uma política educacional semelhante, o país
possui uma realidade educacional distinta em comparação com o Peru.
Esta pesquisa teve como objetivo a comparação das competências educacionais do Peru
e do Brasil com relação aos documentos oficiais que norteiam o desenvolvimento cognitivo nos
anos finais do ensino fundamental na área de matemática e analisar as habilidades educacionais
que serão alcançadas ao término do ensino fundamental desta faixa etária. Para isso, organizou-
se cada capítulo de modo que o foco principal fossem as competências e habilidades, mas
durante a organização da informação, surgiram novos dados, os quais foram incorporadas
segundo explicado. Alguns desses documentos discordavam da versão final que foi entregue,
então apesar de o Peru haver utilizado logo a única versão oficial do ano de 2016 e os
documentos que a respaldam, o Brasil apresentou uma situação mais complexa devido à
existência de três versões do documento, mas a que foi finalmente aceita foi a terceira versão
oficial do ano de 2017, com seus respectivos documentos de apoio.
Para responder à primeira pergunta, foi necessário revisar, tanto no caso do Peru como
do Brasil, os documentos que respaldavam o documento oficial final que foi apresentado às
comunidades educacionais peruana e brasileira. Nessa revisão foram encontrados os critérios
lógicos utilizados, as reuniões que foram realizadas e todas as organizações participantes
especializadas na área de matemática antes que o documento oficial fosse apresentado. O ponto
mais proeminente encontrado em ambos os documentos foi que, sem levar em conta como tenha
sido apresentada a matemática, manteve-se a mesma base cognitiva, ou seja, para ambos os
documentos, o foco é o mesmo, sem diferença alguma.
competências educacionais, além de revisar outros currículos oficiais dos países da América
Latina. Buscou-se conhecer o princípio das competências educacionais, onde elas nasceram e
qual é sua intencionalidade na educação atual. No caso do Peru e do Brasil, ainda não é possível
apontar isso com certeza, pois são currículos oficiais novos, e investigações posteriores a esta
pesquisa poderão ajudar a responder a esta pergunta.
Para responder à terceira pergunta, foi necessário analisar a finalidade das competências
educacionais e como elas serão expressadas, sendo que as habilidades educacionais são a forma
como as competências educacionais se manifestam. Através das habilidades educacionais,
chegou-se a conhecer que a finalidade é a mesma, convergindo na resolução de problemas
matemáticos não apenas como exercícios, mas incorporando a realidade local dos estudantes.
Para finalizar, reconhecemos que esta pesquisa deixa vários caminhos em aberto. Um
deles é a possibilidade de aprofundamento nas unidades temáticas para o ensino fundamental e
de se investigar como são desenvolvidas as competências e habilidades educacionais por cada
unidade temática. Outro aspecto possível é analisar as competências e habilidades educacionais
dessa e de outras áreas de aprendizagem de outros países da América Latina. Isso nos levou a
elaborar mais uma questão que poderá ser respondida posteriormente: existem outros países na
América Latina que estejam atualmente utilizando em seus currículos oficiais as competências
e habilidades educacionais? Por quê? Deixamos em aberto todas estas possibilidades, esperando
que esta pesquisa possa auxiliar, no futuro, a outros pesquisadores nesta área de investigação.
84
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393-411, Agosto 2009. ISSN 978-85-60379-28-6.
90
ANEXOS
e de números racionais
representados na forma decimal. Reconhecer o sistema de numeração
decimal como o que prevaleceu no
mundo ocidental e destacar
semelhanças e diferenças com outros
sistemas, de modo a sistematizar suas
principais características (base, valor
posicional e função do zero),
utilizando, inclusive, a composição e
decomposição de números naturais e
números racionais em sua
representação decimal.
Resolver e elaborar problemas que
Operações (adição, subtração, envolvam cálculos (mentais ou
multiplicação, divisão e escritos, exatos ou aproximados) com
potenciação) com números números naturais, por meio de
naturais. estratégias variadas, com
compreensão dos processos neles
Divisão euclidiana. envolvidos com e sem uso de
calculadora.
Construir algoritmo em linguagem
natural e representá-lo por
fluxograma que indique a resolução
de um problema simples (por
exemplo, se um número natural
qualquer é par).
Fluxograma para determinar a
Classificar números naturais em
paridade de um número natural.
primos e compostos, estabelecer
relações entre números, expressas
Múltiplos e divisores de um
pelos termos “é múltiplo de”, “é
número natural.
divisor de”, “é fator de”, e
estabelecer, por meio de
Números primos e compostos.
investigações, critérios de
divisibilidade por 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9, 10,
100 e 1000.
construção de estruturas
arquitetônicas (telhados, estruturas
metálicas e outras) ou nas artes
plásticas.
identificação da congruência de
triângulos.
Construir, utilizando instrumentos de
desenho ou softwares de geometria
dinâmica, mediatriz, bissetriz,
ângulos de 90°, 60°, 45° e 30° e
polígonos regulares.
Construções geométricas:
ângulos de 90°, 60°, 45° e 30° e
Descrever, por escrito e por meio de
polígonos regulares.
um fluxograma, um algoritmo para a
construção de um hexágono regular
de qualquer área, a partir da medida
do ângulo central e da utilização de
esquadros e compasso.
Mediatriz e bissetriz como Aplicar os conceitos de mediatriz e
lugares geométricos: construção bissetriz como lugares geométricos
e problemas. na resolução de problemas.
Reconhecer e construir figuras
obtidas por composições de
Transformações geométricas:
transformações geométricas
simetrias de translação, reflexão
(translação, reflexão e rotação), com
e rotação.
o uso de instrumentos de desenho ou
de softwares de geometria dinâmica.
Resolver e elaborar problemas que
Área de figuras planas. envolvam medidas de área de figuras
geométricas, utilizando expressões de
Área do círculo e comprimento cálculo de área (quadriláteros,
de sua circunferência. triângulos e círculos), em situações
como determinar medida de terrenos.
Reconhecer a relação entre um litro e
Grandezas e um decímetro cúbico e a relação entre
medidas litro e metro cúbico para resolver
problemas de cálculo de capacidade
Volume de cilindro reto.
de recipientes.
Medidas de capacidade.
Resolver e elaborar problemas que
envolvam o cálculo do volume de
recipiente cujo formato é o de um
bloco retangular.
Calcular a probabilidade de eventos,
Princípio multiplicativo da
com base na construção do espaço
contagem.
amostral, utilizando o princípio
multiplicativo e reconhecer que a
Soma das probabilidades de
Probabilidade e soma das probabilidades de todos os
todos os elementos de um espaço
estatística elementos do espaço amostral é igual
amostral.
a 1.
Gráficos de barras, colunas, Avaliar a adequação de diferentes
linhas ou setores e seus tipos de gráficos para representar um
elementos constitutivos e conjunto de dados de uma pesquisa.
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