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All content following this page was uploaded by Talita Fernanda De Souza on 16 July 2016.
Resumo
1
Graduanda no Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). E-
mail: talita.fsouza13@gmail.com.
2
Professora Doutora do Departamento de Teorias e Práticas Pedagógicas e do Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). E-mail: carmen@ufscar.br.
ISSN 2176-1396
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Introdução
Fundamental (que contempla os alunos até os oitos anos de idade), isto é, até o final do Ciclo
de Alfabetização.
Dessa maneira, o PNAIC (BRASIL, 2014, p. 08) é formado por “um conjunto
integrado de ações, materiais e referências curriculares e pedagógicas”, o qual subsidiará a
Formação Continuada de professores alfabetizadores, tendo em vista que esse material foi
distribuído para cerca de 400 mil desses profissionais da Educação. Além disso, o Pacto
(BRASIL, 2014, p. 08), se baseia em quatro eixos de atuação, a saber:
aos Anos Iniciais. Dessa forma, a utilização de histórias infantis como recurso-didático
pedagógico no ensino da matemática constitui-se como objeto de estudo deste trabalho.
Durante muito tempo pensou-se que, dificilmente a prática de leitura e de escrita e a
matemática poderiam ser trabalhadas de forma interligada, pois ambas eram (e ainda hoje,
muitas vezes são) vistas como sendo de naturezas diferentes e, por isso, também deviam ser
trabalhadas separadamente. Além disso, a tradição que predominou por bastante tempo dizia
que a alfabetização na língua materna antecedia qualquer abordagem de outras áreas do
conhecimento.
Contudo, conforme expõem Souza e Oliveira (2010), a apropriação da língua materna
e da matemática inicia-se antes de se ter contato sistematizado com a escola. Nesse sentido,
para Smole et al. (2001), a conexão da matemática com histórias infantis pode configurar-se
em uma maneira de diminuir esse distanciamento, sendo que “[...] a literatura infantil nas
aulas de matemática é uma das possibilidades para tornar essa disciplina mais interessante e
motivadora [...]” (CARNEIRO; PASSOS, 2007, p.02).
Neste contexto, é importante destacar que, a ligação da matemática com a língua
materna realmente existe, pois de acordo com Souza e Oliveira (2010), a matemática é um
conhecimento que não possui oralidade própria, e, portanto, é necessária uma conexão com a
língua materna.
Segundo Andrade (2005), quando escrevemos e lemos, é feito o uso de diversas
linguagens, sendo umas delas, a linguagem matemática. Assim, as alfabetizações na língua
materna e em matemática têm muitas afinidades, pois mesmo sendo diferentes, possuem o
mesmo propósito, o de possibilitar a comunicação entre as pessoas.
A importância de um trabalho contextualizado com situações cotidianas dos alunos e a
relação entre a língua materna e a linguagem matemática também é demonstrada por Andrade
(2005, p. 159), ao abordar alguns pontos em comuns entre ambas as línguas:
[...] o trabalho para que a criança venha a ler e escrever implica colocá-la em contato
com a língua materna nas suas mais diferentes situações, enquanto a tarefa de
preparar uma criança para contar, calcular, estimar, escrever, ler, interpretar e
analisar tabelas e gráficos, dividir espaços e objetos e raciocinar levantando
possibilidades e probabilidades requer que seja posta em contato com diferentes
situações problemáticas e instigadoras presentes no seu dia-a-dia.
Silva (2013) também aponta o diálogo que pode ocorrer com outras áreas do
conhecimento, inclusive com a língua materna. Tanto a língua materna como a linguagem
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matemática faz parte do processo de formação do ser humano, e, por isso, estão relacionadas.
Quanto a um ensino contextualizado da matemática, Silva (2013, p.18) aborda que:
De acordo com o referido autor citado acima, a Matemática é uma forma de linguagem
que dá possibilidade de a criança formar os primeiros esquemas operatórios e une-se à língua
materna para nos auxiliar na leitura e na compreensão do mundo em que vivemos. A
linguagem matemática, assim como outras linguagens, também possui registros orais, escritos
e pictóricos, pois, segundo Silva (2003, p. 72):
Conforme Machado (1992 apud SILVA, 2003), pelo fato de a matemática não possuir
oralidade própria, assim como destacado anteriormente, ela está voltada para a escrita,
contudo, é importante ressaltar que, “[...] a escrita não apresenta para a Matemática um
segundo código de representação, mas um código único, embora haja uma relação entre as
mesmas [...]” (SILVA, 2003, p. 73).
Quanto a isso, segundo Machado (1992 apud SILVA, 2003, p.73), existe uma relação
de complementaridade entre a linguagem matemática e a língua materna, mas não se
sobrepondo uma a outra, já que o aspecto mais importante dessa complementaridade pode
estar “na possibilidade de a Matemática tomar emprestada à língua materna a oralidade que,
na transação, funcionaria como suporte de significações para o aprendizado da escrita
matemática.”
Dessa maneira, em concordância com Silva (2003, p.75), “a linguagem matemática é
híbrida, pois resulta do cruzamento de sua linguagem única com uma linguagem natural, no
nosso caso, o português”. Sendo, por isso, de extrema importância a relação entre a língua
portuguesa e a matemática, a qual pode ser proporcionada por meio de histórias infantis, com
práticas de leituras e escritas nas aulas de matemática.
Seguindo proposta semelhante, Smole et al. (2001) aponta que, é importante haver a
aproximação da matemática com o ensino da língua materna, pois além de ser uma maneira
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respondidas, mas, passará a reconhecer a grande variedade que a leitura pode ter nas
atividades matemáticas e nas práticas sociais.
Sendo assim, em concordância com o que se abordou acima, as questões que
nortearam a pesquisa, da qual se refere este trabalho, foram: É possível haver a conexão de
histórias infantis com o ensino da matemática no Ciclo de Alfabetização? Quais são as
contribuições das histórias infantis no processo de letramento matemático? Qual a
importância de examinar não somente os conteúdos matemáticos presentes no livro infantil
quando o professor se propõe a utilizar tal recurso no trabalho da matemática? É possível
proporcionar o sentimento de prazer, encantamento e descoberta por meio das histórias
infantis ao mesmo tempo em que são utilizadas como uma conexão para o ensino da
matemática?
Portanto, o objetivo geral da pesquisa consistiu em realizar a análise de livros infantis
sugeridos nos Cadernos de Formação em Educação Matemática pelo Programa Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, a fim de identificar o(s) conteúdo(s)
matemático(s) presentes em tais livros e a maneira como esses conceitos são abordados, tendo
em vista também, o âmbito do contexto da história e das ilustrações, investigando se tais
livros infantis contribuem para a efetivação do processo de letramento matemático no Ciclo
de Alfabetização.
Desenvolvimento
Metodologia de Pesquisa
pesquisador situa a sua pesquisa em relação ao conhecimento que está sendo produzido na
comunidade científica, além de ser um processo essencial após a definição do tema.
Em seguida, foi executado o levantamento dos livros infantis sugeridos nos Cadernos
de Formação em Educação Matemática do PNAIC, no qual foi constatada, no total, a
indicação de vinte livros. Logo após, iniciou-se o processo de escolha dos livros a serem
analisados, tendo o seguinte critério de seleção: o livro que possuir mais relação com o
conteúdo matemático referente a determinado Caderno de Formação no qual foi indicado.
Após a leitura minuciosa de todos os livros infantis, com o intuito de escolha, de acordo com
tal critério, foi possível escolher os livros analisados nesta pesquisa. Foram selecionados oito
livros infantis, sendo um livro de cada Caderno de Formação.
Para realizar a análise dos livros, visando cumprir o objetivo da pesquisa, foi
necessário estabelecer alguns eixos de análise que abarcam o contexto da história, o conteúdo
matemático e as ilustrações. Os eixos foram: o contexto da história, com o intuito de
investigar qual o assunto tratado na história e a presença de possíveis sugestões de atitudes
para o leitor e quais; o conteúdo matemático, com o objetivo de verificar qual o conceito
matemático presente no texto, se a matemática aparece de forma mais implícita ou de forma
mais explícita, se são propostas atividades que envolvem a matemática para o leitor e como
são propostas; e a ilustração, verificando se auxilia na compreensão da história e na
compreensão do conhecimento matemático.
Trata-se, portanto, de uma pesquisa bibliográfica e documental de caráter qualitativo.
Os livros são materiais construídos em um contexto sócio histórico, e que, consequentemente,
possuem conteúdos que podem ser analisados em pesquisa. Segundo Sá-Silva, Almeida e
Guindani (2009, p. 01):
Vale ressaltar que, a análise dos dados obtidos nos livros foi interpretativa,
relacionando o estudo do referencial teórico e tais informações, de modo que pudessem
revelar possíveis contribuições que a conexão entre a matemática e as histórias infantis pode
oferecer para o Ciclo de Alfabetização, para que assim, trouxessem indícios que permitissem
responder à temática da pesquisa e atender aos objetivos delineados.
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Referencial Teórico
[...] processo de organização dos saberes que a criança traz de suas vivências
anteriores ao ingresso no Ciclo de Alfabetização, de forma a levá-la a construir um
corpo de conhecimentos matemáticos articulados, que potencializem sua atuação na
vida cidadã.
Com isso, percebe-se que tal alfabetização deve auxiliar a criança a resolver
problemas que encontrará em seu cotidiano, já que com as ideias matemáticas aprendidas, o
educando poderá compreender o mundo em que vive, agindo também sobre ele (BRASIL,
2012).
As primeiras noções de espaço, de forma e suas representações e as primeiras ideias de
grandezas são conceitos construídos no período de alfabetização matemática, e, não estão
separadas da organização e da comunicação de informações, sendo necessário, por isso, não
separar a alfabetização do processo de letramento. Dessa forma, é importante destacar que, a
resolução de problemas e o desenvolvimento do pensamento lógico estão intrinsecamente
relacionados ao letramento matemático, que deve ocorrer no período de alfabetização
(BRASIL, 2012).
Smole el al. (2001, p. 02) abordam que uma maneira interessante de trabalhar-se tal
conhecimento no Ciclo de Alfabetização via investigação e situações-problema é por meio
das histórias infantis, visto que “é conhecida a riqueza do potencial literário para a
alfabetização devido ao estímulo que representa na construção do código da língua escrita”.
Desse modo, quando pensamos em textos nas aulas de matemática, segundo Fonseca e
Cardoso (2005), primeiramente vêm às nossas mentes os textos que dizem respeito
unicamente aos conteúdos matemáticos, como os livros didáticos. Contudo, há textos que em
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sua originalidade não foram criados para ensinar matemática, mas, essa relação é e pode ser
estabelecida. Assim, textos de outros contextos podem ser utilizados para o ensino/
exploração da matemática a fim de evidenciar o caráter social que essa área do conhecimento
possui.
Sendo assim, por meio das histórias infantis também podem ser estabelecidas relações
com a matemática, proporcionando contextualização para o seu ensino, o que é essencial para
a aprendizagem significativa dessa área do conhecimento. Segundo Silva (2003) os livros
literários são os responsáveis pelo prazer que a criança poderá ter ao ler, além de poder formar
o seu senso crítico, oferecer subsídios para que compreenda a realidade que a cerca e também
o conhecimento sobre a língua escrita.
Com isso, por que também não trabalhar a leitura nas aulas de matemática, visto sua
importância para o desenvolvimento da língua materna juntamente com a matemática? Por
que não unir histórias infantis a uma prática interdisciplinar? De acordo com Fonseca e
Cardoso (2005), é preciso que seja estabelecida uma situação específica das leituras sociais
nas aulas de matemática, pois assim o estudante procurará nos textos respostas para suas
dúvidas, procurando satisfazer uma necessidade real e não ler apenas para responder a
perguntas já pré-estabelecidas.
Em suma, é possível perceber a importância de aliar o processo investigativo à
aprendizagem da matemática pelas crianças, o qual deve ser visto como um processo criativo
que desafia a criança a pensar e a propor soluções para um problema contextualizado e do
qual vê a necessidade de resolvê-lo, o qual pode ser oferecido pelas histórias infantis.
Resultados e Discussões
A partir da análise realizada, tendo em vista os eixos de análise, que abarcam conteúdo
matemático, contexto da história e ilustrações, foi possível obter os resultados elencados a
seguir.
Sobre os conteúdos matemáticos abordados, tendo como referência os Eixos
Estruturantes do ensino de Matemática propostos pelos “Elementos Conceituais e
Metodológicos para Definição dos Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento do Ciclo de
Alfabetização (1º, 2º e 3º anos) do Ensino Fundamental” (BRASIL, 2012): o livro O tempo,
indicado no Caderno 1, envolve somente o conteúdo de Grandezas e Medidas; a história O
presente de aniversário do marajá aborda a temática de Número, Pensamento Algébrico e
Grandezas e Medidas; o livro intitulado Livro dos números, bichos e flores envolve os
conceitos de Número e Pensamento Algébrico; já por meio do livro Quem ganhou o jogo?
Explorando a adição e a subtração pôde-se verificar a presença dos conteúdos de Números e
Operações; na história infantil Clact... clact... clact.., o conteúdo matemático observado foi a
Geometria e o Pensamento algébrico; no livro, A lua dentro do coco, indicado no Caderno 6,
o conteúdo presente é de Grandezas e Medidas; já na história infantil Fugindo das garras do
gato foi possível verificar os conteúdos de Estatística, Números e Grandezas e Medidas; e,
por fim, no último livro analisado os conceitos encontrados foram Grandezas e Medidas,
Operações e Números.
Dessa forma, cinco livros envolvem conteúdo de Números, cinco livros abordam o
conceito de Grandezas e Medidas, três livros desenvolvem a temática de Pensamento
Algébrico, dois livros envolvem o conteúdo de Operações, um livro aborda o conteúdo de
Geometria (Espaço e Forma) e um livro desenvolve a temática de Estatística (Tratamento da
Informação).
Quanto à maneira que os conteúdos matemáticos são abordados nas histórias, obteve-
se o seguinte resultado: cinco livros possuem uma abordagem explícita, isto é, pode-se inferir
que possuem a intenção de ensinar conceitos matemáticos, e três livros possuem uma
abordagem implícita, ou seja, possivelmente não foram elaborados com a intenção de ensinar
a matemática, apesar de ser possível a conexão com essa área do conhecimento. Os trechos
dos livros apresentados a seguir ilustram essas considerações:
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[...] nove formigas carregam uma pétala. Dão bom dia às oito lesmas que andam
deeeeevaaaagaaaaar. Sete borboletas voam sobre os seis jacintos que sorriem para as
cinco minhocas saídas da terra. As minhocas se arrastam pela grama em direção às
quatro joaninhas que descansam às sombras das folhas ouvindo os três passarinhos
que piam para as duas abelhas pousadas no girassol que despertou no jardim
(Abordagem explícita do conteúdo de Números – Livro: Livro dos números, bichos
e flores).
[...] Lucas respondeu: - No começo eu tinha vinte e oito. Agora não sei. Priscila: -
Quantas você perdeu para o Paulo?. Lucas: - Dez. Priscila: - Então, dá para saber
com quantas cada um ficou sem mexer nas figurinhas. Priscila explicou: - Primeiro,
desenhamos vinte e oito bolinhas nesta folha de papel. Depois, riscamos as dez que
você perdeu. Você ficou com dezoito. Pode conferir.
[...] Era pequena e fica grande, enorme, essa pirâmide! E atento o macaquinho, vai
chegando de mansinho [...] Diante dele, cheia de graça, a lua cheia se despedaça [...]
Medo? Sim, mas pouco. Pouco? Um medo louco [...] E depressa macacada acha a
corda abandonada, uma corda arrastada, uma corda bem pesada [...] Arrastada até a
areia para salvar a lua cheia [...] Abre a boca essa cobra, e depressa já se acorda [...]
É miragem sem mirada. Vazia, esburacada [...] (Abordagem implícita do conteúdo
de Grandezas e Medidas – Livro: A lua dentro do coco).
[...] Mas, afinal, o que Lucas e seus amigos aprenderam com esse jogo? Eles
descobriram que a matemática pode ajudar no esporte e que o trabalho em equipe
faz a força de um grupo! (Sugestão de atitudes acerca do trabalho em equipe e da
utilidade da matemática em outras áreas – Livro: Quem ganhou o jogo?
Explorando a adição e a subtração)
[...] Por que não nos dividimos em duas filas para escolhermos, em vez de ficarmos
discutindo? Na fila da direita fica quem vota em uma coisa pesada. Na fila da
esquerda fica quem vota em uma coisa leve” (Sugestão de atitudes sobre a tomada
de decisões – Livro: Fugindo das garras do gato)
[...] Pro dinheiro não faltar, é claro que a soma do que a família ganha tem que ser
maior do que a soma dos gastos e das dívidas (Sugestão de atitudes acerca do uso
do dinheiro – Almanaque Maluquinho – Pra quê dinheiro?)
Quanto à relação do livro com o cotidiano, isto é, com os aspectos da realidade: três
livros possuem relação direta com o cotidiano, por tratarem de temas totalmente relacionados
à realidade; dois livros possuem relação, em partes, com o cotidiano, já que há a presença de
aspectos da fantasia, contudo, contendo alguns aspectos relacionados ao cotidiano; e três
livros não possuem relação com o cotidiano, permanecendo somente na fantasia.
Tendo em vista as propostas de atividades, foi observado que: três livros propõem
atividades, sendo que todas elas são feitas por meio da interação escritor-leitor; e cinco livros
não fazem propostas. Segue exemplos de algumas propostas:
[...] E por falar em lembrança, você se lembra do começo da história? Vá, refresque
a memória. (Livro: O Tempo)
[...] Mas, afinal, o que Lucas e seus amigos aprenderam com esse jogo? Eles
descobriram que a matemática pode ajudar no esporte e que o trabalho em equipe
faz a força de um grupo! E você, também já percebeu isso? (Livro: Quem ganhou o
jogo? Explorando a adição e a subtração).
[...] E agora? Os ratos têm um novo problema. O Gato Malvado convidou seu
amigo, o Gato Tom, para uma visita. Por isso, os ratos fizeram uma reunião de
emergência. [...] Qual opção teve mais votos? O que nós podemos amarrar no Gato
Tom? Uma coisa com cheiro, uma coisa brilhante ou uma coisa com som [...]
(Livro: Fugindo das garras do gato).
Considerações Finais
Por meio deste trabalho procurou-se abordar sobre a temática utilização de histórias
infantis para o ensino da matemática no Ciclo de Alfabetização, assim como evidenciar
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alguns dos resultados obtidos com uma pesquisa de iniciação científica, evidenciando as
contribuições de histórias infantis, por meio de uma análise detalhada, para o ensino da
matemática.
De acordo com Smole, Diniz e Cândido (2000), um ensino de matemática de
qualidade não é constituído em memorizações, mas deve ser constituído da exploração das
várias ideias matemáticas, as quais não dizem somente respeito ao campo numérico, mas
também à geometria, medidas e noções de estatística. Levando em consideração a experiência
de vivência de cada criança, dando-lhes a oportunidade de criar relações, resolver problemas e
refletir, a fim de que o desenvolvimento de noções matemáticas aconteça.
Dessa forma, a utilização de histórias infantis, tema deste trabalho, pode propiciar que
tal educação seja efetivada, pois de acordo com os aspectos analisados e os resultados obtidos
na investigação, contata-se que as histórias infantis como recurso didático-pedagógico, assim
como abordado no PNAIC (BRASIL, 2014), podem proporcionar ao professor um caminho a
ser trilhado, que vai na contramão de um posicionamento tradicional no ensino da
matemática.
Abramovich (1993) aponta a importância da literatura infantil, pois vê na história o
início para uma vida de leitor, por meio da qual são feitas grandes descobertas e
compreensões do mundo, são respondidas diversas dúvidas e curiosidades que os alunos
possuem, além de propiciar às crianças os mais diversos tipos de sentimentos.
O oferecimento de um ensino contextualizado da matemática, que estabelece relações
com a realidade é de extrema importância para as crianças, e, como verificado, as histórias
infantis, além de terem relação com diversos conteúdos referentes ao Ciclo de Alfabetização,
podem contribuir significativamente para isso, ou seja, para um processo de letramento
matemático efetivo, colaborando para a alfabetização matemática, na perspectiva do
letramento.
Além disso, verifica-se que, quando se propõe estabelecer conexões entre o
conhecimento matemático e as histórias infantis, é preciso não apenas observar e analisar
atentamente os conteúdos matemáticos ali presentes, é necessário haver uma análise
minuciosa sobre todo o livro, afinal, o assunto e como é abordado, as atitudes sugeridas, as
propostas de atividades, as ilustrações do livro, a maneira que a matemática aparece no texto,
podem fazer grande diferença na aprendizagem dos alunos.
É possível proporcionar o sentimento de prazer, encantamento e descoberta por meio
da literatura infantil ao mesmo tempo em que é utilizada como uma conexão para o ensino da
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matemática, sendo importante destacar que, ao utilizar histórias infantis com esse fim, não se
deve perder a essência que a história traz consigo a fim de “privilegiar” a matemática contida
no texto, pois, segundo Smole et al. (2001, p. 09):
[...] seja qual for a forma pela qual se leve a literatura infantil para as aulas de
matemática, é bom lembrarmos que a impressão fundamental da história não deve
ser distorcida por uma ênfase indevida em um aspecto matemático.
Por fim, com a pesquisa realizada, foi possível identificar em livros infantis sugeridos
no Programa de Formação Continuada de Professores em Educação Matemática do PNAIC,
as diversas contribuições das histórias infantis para o ensino dessa área do conhecimento, que
podem subsidiar práticas pedagógicas significativas de professores alfabetizadores às crianças
em fase de alfabetização matemática.
REFERÊNCIAS
BUSATTO, C. Livro dos números, bichos e flores. 1. ed. São Paulo: Moitará. 2011.
CAPARELLI, S. A lua dentro do coco. 1. ed. São Paulo: FTD S.A. 2010.
SMOLE, K. C. S. et al. Era uma vez na matemática: uma conexão com a literatura infantil.
4. ed. São Paulo: ME/USP, 2001.
YUN-JEONG, C. SUN-YEONG, K. Fugindo das garras do gato. 2. ed. São Paulo: Callis.
2009.
ZIRALDO. Almanaque Maluquinho – Pra quê dinheiro? 3. ed. São Paulo: Globo. 2011.