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IJUÍ – RS
2020
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IJUÍ – RS
2020
Catalogação na Publicação
E64c
Epple, Bruna Maiqueli.
O conceito proporcionalidade articulado ao princípio da
contextualização: implicações nos processos de ensino e de
aprendizagem / Bruna Maiqueli Epple. – Ijuí, 2020.
116 f. ; 30 cm.
CDU: 37.013
Bibliotecária Responsável
Eunice Passos Flores Schwaste
CRB10/2276
3
4
AGRADECIMENTOS
RESUMO
Esta pesquisa analisa os sentidos produzidos por alunos do ensino fundamental, anos finais,
sobre o conceito proporcionalidade a partir de situações de aprendizagem tendo a
contextualização como princípio educativo e, o conceito proporcionalidade, como sistema
conceitual. Para tanto, propõe-se como problema de pesquisa: Quais elementos do ensino,
que consideram o princípio da contextualização, intervém no processo de aprendizagem
do conceito proporcionalidade por estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental?
Considerando o problema de pesquisa nosso objetivo foi investigar elementos presentes em
um processo de ensino orientado por situações de aprendizagem que consideram o princípio
da contextualização e, que se revelam potencialmente capazes de intervir no processo de
aprendizagem do conceito proporcionalidade. Para tanto, participaram da pesquisa alunos do
6º ao 9º ano de uma escola da rede privada de um município do Noroeste Gaúcho, totalizando
37 alunos, os quais foram organizados em 11 grupos de estudo. Os dados empíricos desta
pesquisa constituem-se a partir de um conjunto de seis situações de aprendizagem,
organizadas e desenvolvidas com as quatro turmas, separadamente em momento da aula,
sendo que todas as turmas resolveram as mesmas atividades. O desenvolvimento das situações
de aprendizagem foi gravado em áudio e, posteriormente, transcrito, além disso tem-se o
registro das anotações realizadas pelos alunos. A referida pesquisa tem como base
metodológica o estudo de caso, o qual foi discutido a partir da Análise Textual Discursiva
(ATD). A pesquisa apoia-se na contextualização enquanto princípio educativo (LAUTÉRIO,
2017), no conceito proporcionalidade enquanto unificador e formador do currículo escolar
(SOARES, 2016), ambos fundamentados nas proposições e orientações dos documentos
oficiais para a Educação Básica (BRASIL, 1998, 2018). No que tange a compreensão acerca
dos sentidos produzidos pelos alunos e dos significados dos conceitos, nos ancoramos em
estudos desenvolvidos por Vigotski (2007, 2008) e Smolka (2004, 2010). A partir das análises
realizadas, concluímos que a proposição de situações de aprendizagem que consideram o
princípio da contextualização possibilitam os alunos ampliar a rede de sentidos e compreender
significados do conceito proporcionalidade, os quais se apresentam em nível cada vez mais
complexo, à medida que o aluno avança em sua escolaridade. Identificamos que, a
compreensão do conceito proporcionalidade não se dá de forma igualitária nas turmas do 6º
ao 9º ano, mas reconhecemos que existe um progresso na compreensão do mesmo a cada
etapa do ensino e, consequentemente, que os estudantes do 9º ano produzem sentidos mais
complexos a partir do estabelecimento de uma rede de conexões entre conceitos, a qual
viabiliza a apropriação do significado do conceito proporcionalidade.
ABSTRACT
This research analyzes the meanings produced by elementary school students, final years,
about the concept of proportionality based on learning situations with contextualization as an
educational principle and the concept of proportionality as a conceptual system. To this end, it
is proposed as a research problem: Which elements of teaching, which consider the
principle of contextualization, intervene in the process of learning the concept of
proportionality by students from the 6th to the 9th grade of elementary school?
Considering the research problem, our objective was to investigate elements present in a
teaching process guided by learning situations that consider the principle of contextualization
and, which are potentially capable of intervening in the process of learning the concept of
proportionality. To this end, all students from the 6th to the 9th grade of a private school in a
municipality in the Northwest of Rio Grande do Sul participated in the research, totaling 37
students, which were organized into 11 study groups. The empirical data of this research are
based on a set of six learning situations, organized and developed with the four classes,
separately at the time of the class, and all classes solved the same activities. The development
of the learning situations was recorded on audio and later transcribed, in addition to the record
of the notes taken by the students. The referred research has as methodological base the case
study, which was discussed from the Textual Discursive Analysis (ATD). The research is
based on contextualization as an educational principle (LAUTÉRIO, 2017), in the concept of
proportionality as a unifier and trainer of the school curriculum (SOARES, 2016), both based
on the propositions and guidelines of the official documents for Basic Education (BRASIL,
1998, 2018). Regarding the understanding about the meanings produced by the students and
the meanings of the concepts, we are anchored in studies developed by Vigotski (2007, 2008)
and Smolka (2004, 2010). From the analyzes carried out, we conclude that the proposition of
learning situations that consider the principle of contextualization enables students to expand
the network of meanings and understand meanings of the concept of proportionality, which
become more complex each year of teaching. We identified that, the comprehension of the
proportionality concept does not happen in an equal way in the classes from the 6th to the 9th
year, but we recognize that there is a progress in the understanding of it at each stage of
teaching and, consequently, that the 9th year students produce more complex senses from the
establishment of a network of connections between concepts, which makes possible the
appropriation of the meaning of the concept of proportionality.
Keywords: Learning situations. Senses and meanings. Elementary school final years.
Mathematical education.
7
LISTA DE SIGLAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11
1 DELIMITAÇÃO DOS CAMINHOS DA PESQUISA ........................................... 14
1.1 A CONTEXTUALIZAÇÃO E O CONCEITO PROPORCIONALIDADE NO
CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO BÁSICA ................................................................ 14
1.2 ESTUDOS E PESQUISAS REFERENTES À PROPORCIONALIDADE E A
CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................................... 19
1.3 NOS CAMINHOS DO PROBLEMA DE PESQUISA – ALGUNS
DELINEAMENTOS ................................................................................................... 26
1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................................. 29
1.4.1 O lócus e os sujeitos da pesquisa .............................................................................. 30
1.4.2 Organização das situações de aprendizagem .......................................................... 33
1.4.3 Vivência das situações de aprendizagem ................................................................. 35
1.4.4 Análise e validação dos resultados ........................................................................... 38
2 SUSTENTAÇÃO TEÓRICA DA PESQUISA........................................................ 41
2.1 A FORMAÇÃO DE CONCEITOS A PARTIR DA PRODUÇÃO DE SENTIDOS
E DA APROPRIAÇÃO DE SIGNIFICADOS ........................................................... 41
2.1.1 O sentido e o significado nos processos de ensino e de aprendizagem.................. 47
2.2 A CONTEXTUALIZAÇÃO NOS PROCESSOS DE ENSINO E DE
APRENDIZAGEM EM MATEMÁTICA .................................................................. 50
2.3 O CONCEITO PROPORCIONALIDADE NO CURRÍCULO ESCOLAR ............... 53
2.3.1 Proporcionalidade e o campo conceitual da estrutura multiplicativa .................. 54
3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS: EM BUSCA DE
RECORRÊNCIAS..................................................................................................... 58
3.1 CONCEITO PROPORCIONALIDADE ..................................................................... 59
3.1.1 Estrutura multiplicativa ........................................................................................... 59
3.1.2 Sistema conceitual ..................................................................................................... 67
3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO NOS PROCESSOS DE ENSINO E DE
APRENDIZAGEM ..................................................................................................... 77
3.2.1 A organização do ensino ........................................................................................... 77
3.2.2 A aprendizagem dos estudantes ............................................................................... 80
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 91
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 94
APÊNDICE A – SÍNTESE DE PESQUISAS LEVANTADAS NO
CATÁLOGO DE TESES E DISSERTAÇÕES DA CAPES ................................. 98
APÊNDICE B – SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM ...................................... 102
ANEXO A – O CONCEITO DE PROPORCIONALIDADE – A BNCC .......... 105
ANEXO B – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP ................................ 106
ANEXO C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .. 113
ANEXO D – TERMO DE ASSENTIMENTO ...................................................... 115
ANEXO E – TERMO DE CIÊNCIA DO ORIENTADOR ................................. 116
11
INTRODUÇÃO
1
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – documento de caráter normativo que define o conjunto de
orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas
e modalidade da Educação Básica (BRASIL, 2018, p. 7).
12
SUL, 2018) e PCN (BRASIL, 1998). Ainda apresenta o mapeamento de pesquisas que
contemplam a contextualização nos processos de ensino e de aprendizagem e a
proporcionalidade em seus estudos. Apresentamos ainda, neste capítulo, os caminhos que
levaram a delimitação da problemática da pesquisa e os caminhos metodológicos que
constituem este estudo. Salientamos que esta pesquisa resulta de um estudo empírico
vivenciado com estudantes do 6º ao 9º ano de uma escola da rede privada do município de
Panambi – RS, a partir da proposição de um conjunto de situações de aprendizagem acerca do
conceito proporcionalidade.
O segundo capítulo, Sustentação teórica da pesquisa, apresenta o referencial teórico
que sustenta este estudo, para o qual são considerados, de forma significativa os estudos de
Vigotski (2007, 2008), o qual contribui com entendimentos acerca do processo de formação e
desenvolvimento do indivíduo. Spinelli (2011), Maioli (2012) e Lautério (2017) apresentam, a
partir de suas investigações, elementos que ampliam nossa compreensão acerca da
contextualização nos processos de ensino e de aprendizagem em Matemática. O conceito
proporcionalidade é apresentado por Soares (2016) como unificador e formador do currículo
escolar. Os documentos oficiais para a Educação Básica2 também compõem este referencial.
O terceiro capítulo, Análise e discussão dos dados: em busca de recorrências, se
organiza a partir de duas unidades de análise, a saber: (i) conceito proporcionalidade e (ii)
contextualização no processo de ensino e aprendizagem. As discussões consideram os
registros dos estudantes acerca da vivência do conjunto de situações de aprendizagem acerca
do conceito proporcionalidade, pautado no princípio educativo da contextualização,
entrelaçado com o referencial teórico.
Destacamos que esta pesquisa foi desenvolvida no Curso de Pós-Graduação Strictu
Sensu em Educação nas Ciências – Mestrado, da Universidade Regional do Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, no período de 2018 a 2020, a qual é vinculada a
Linha de Pesquisa Currículo e Formação de Professores – L1, pertencente ao GEEM.
2
Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio (BRASIL, 2012), Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais
da Educação Básica (BRASIL, 2013), Orientações Curriculares para o Ensino Médio – Ciências da Natureza,
Matemática e suas tecnologias (BRASIL, 2006), Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018).
14
[...] a proporcionalidade, por exemplo, deve estar presente no estudo de: operações
com os números naturais; representação fracionária dos números racionais; áreas;
funções; probabilidade etc. Além disso, essa noção também se evidencia em muitas
15
Unidades Objetos de
Habilidades BNCC Habilidades RS
temáticas conhecimento
diretamente ou inversamente (EF08MA12RS-2) Discutir e analisar
proporcionais, por meio de informações envolvendo a variação de
estratégias variadas. grandezas como recurso para construção
de argumentação, em resoluções
problemas contextualizados.
(EF08MA13RS-1) Resolver, elaborar e
socializar problemas que envolvam
grandezas diretamente ou inversamente
proporcionais, por meio de estratégias
variadas, com uso ou não de tecnologias
digitais.
(EF08MA13RS-2) Verificar e reconhecer
a existência de uma constante de
proporcionalidade, referente a um conjunto
de razões, e observar o sentido direto ou
inverso da variação que as grandezas
proporcionais apresentam, interpretando
no contexto do problema.
9º ano
Funções: (EF09MA06) Compreender as (EF09MA06RS-1) Analisar funções e seus
representações funções como relações de respectivos gráficos, quanto as relações
numérica, algébrica e dependência unívoca entre duas entre crescimento, decrescimento e o
gráfica. variáveis e suas representações coeficiente da variação, bem como a
Álgebra
numérica, algébrica e gráfica e interpretação dos resultados no contexto
utilizar esse conceito para analisar do problema.
situações que envolvam relações
funcionais entre duas variáveis.
Grandezas diretamente (EF09MA08) Resolver e elaborar (EF09MA08RS-1) Representar a variação
proporcionais e problemas que envolvam relações de duas grandezas, analisando e
grandezas de proporcionalidade direta e caracterizando o comportamento dessa
inversamente inversa entre duas ou mais variação.
Álgebra proporcionais. grandezas, inclusive escalas, (EF09MA08RS-2) Solucionar problemas
divisão em partes proporcionais e que envolvem relações de propriedades
taxa de variação, em contextos entre duas grandezas, como velocidade,
socioculturais, ambientais e de escalas e densidade demográfica.
outras áreas.
Relações métricas no (EF09MA13) Demonstrar relações (EF09MA13RS-1) Perceber as
triângulo retângulo. métricas do triângulo retângulo, regularidades da relação métrica em
Teorema de Pitágoras: entre elas o teorema de Pitágoras, diferentes triângulos retângulos,
verificações utilizando, inclusive, a semelhança relacionando a altura e projeções dos
experimentais e de triângulos. catetos no triângulo, através de recortes e
demonstração. (EF09MA14) Resolver e elaborar dobraduras.
Retas paralelas problemas de aplicação do teorema (EF09MA14RS-1) Observar as medidas
Geometria
cortadas por de Pitágoras ou das relações de dos lados e ângulos do triângulo com
transversais: teoremas proporcionalidade envolvendo retas vistas a utilizar as relações métricas, entre
de proporcionalidade e paralelas cortadas por secantes. elas o Teorema de Pitágoras e semelhança
verificações de triângulos, para medir grandes
experimentais. distâncias, encontrando soluções de
problemas na construção civil, medidas
agrárias, entre outros contextos.
Fonte: Recorte do Referencial Curricular Gaúcho: Matemática (RIO GRANDE DO SUL, 2018, p. 57-174)
e BNCC (BRASIL, 2018, p. 300-319).
Conforme Quadro 2, é possível verificar que, de modo geral, existem dois grandes
grupos, O ensino da Matemática a partir da organização de atividades e O ensino da
Matemática: um olhar sobre documentos oficiais e/ou Livros Didáticos. Porém, conforme as
ênfases, estes são discutidos a partir da contextualização e do conceito proporcionalidade, o
que exige um olhar atento a cada um.
Na ênfase O ensino da Matemática a partir da organização de atividades – foco na
contextualização, identificamos quatro pesquisas que discutem esta temática. O estudo de
Lautério (2012) buscou identificar ações docentes a partir das propostas curriculares e dos
discursos dos professores, com o objetivo de analisar porque as políticas reguladoras servem
de pressuposto orientador do ENEM e, assim, reconhecer a base curricular comum em ação
na escola e o ensino contextualizado praticado pelos professores.
Lautério (2012) identifica, a partir de sua investigação que, mesmo sabendo que o
ENEM pode assegurar mudanças no ensino, os sujeitos da escola ainda parecem estar
indiferentes a esta proposta, demonstrando-se limitados para efetivar mudanças no ensino.
Concordamos com Lautério (2012, p. 101), quando reconhece que os professores apresentam
limitações no entendimento de princípios como a contextualização, afirmando que:
Em suas conclusões, Lautério (2012) aponta fragilidades não somente em relação aos
professores e suas ações, mas também na forma com que a escola tem pensado nestas
21
[...] como movimento desencadeado em uma proposta de ensino, tendo por objetivo
fundamentar o processo de aprendizagem, pois possibilita vincular sentidos dos
alunos aos significados dos conceitos matemáticos. No processo de aprendizagem, a
significação consiste na internalização do conceito, precisando ser mediada pela
produção de signos e sentidos, essenciais para desenvolvimento de funções mentais
superiores.
O ENEM também foi foco do estudo de Machado (2012), o qual faz uma
retrospectiva histórica desde seu processo de instituição, até o momento em que passa a servir
de processo seletivo federal, o que, na perspectiva do autor acarretou dificuldades na sua
implementação, devido ao grande valor seletivo adquirido. A contextualização é identificada
pelo autor em questões do ENEM, especialmente em fatos do cotidiano.
Mendes (2010) relata o desenvolvimento de uma atividade prática com estudantes de
um curso Técnico em Agropecuária, os quais realizaram o estudo de dados climáticos e
meteorológicos do município de Salinas, norte de Minas Gerais. A contextualização surge
neste movimento, como forma de dar sentido a atividade realizada, conectando teoria e
prática. Para Mendes (2010, p. 8), “é na dinâmica da contextualização que o aluno constrói o
conhecimento com significado”, e desenvolve habilidades e competências exigidas pelo
mundo globalizado.
Na ênfase O ensino da Matemática a partir da organização de atividades – foco no
conceito proporcionalidade, identificamos quatro pesquisas que discutem esta temática. O
estudo desenvolvido por Mendes (2012) é direcionado a estudantes da modalidade de ensino –
EJA, o qual indica que os ingressantes neste programa buscam uma melhor formação,
normalmente com vista a atender exigências do mercado de trabalho. O autor identifica que os
estudantes da EJA apresentam fragilidades em relação a Matemática, sendo que o
entendimento acerca da proporção simples se destaca entre estas.
Para Macedo (2012, p. 19), “o conhecimento acerca da proporcionalidade serve de
base para a construção de outros objetos específicos da Matemática, ou auxiliando outras
disciplinas”. Neste movimento, Macedo (2012, p. 22) compreende que a contextualização é
um importante elo entre os conhecimentos e a atribuição de significados para o aluno,
destacando ainda, que:
BNCC, a qual indica que os níveis de ensino vão se complexificando a cada etapa e/ou ano
escolar.
A partir das proposições apresentadas nas pesquisas mapeadas e no TCC, surgem
inquietações e questionamentos, os quais são aprofundados e ampliados no decorrer deste
estudo. O TCC possibilitou analisar aspectos relacionados às ações desencadeadas pelo
Estágio Curricular Supervisionado: Matemática no Ensino Médio, no qual fui desafiada a
trabalhar com o conceito função quadrática com uma turma de 1º ano do ensino médio, de
uma escola da rede pública do município de Panambi – RS.
O estágio no Ensino Médio viabilizou a elaboração de um planejamento de aulas, o
qual exigiu, para além de conhecimentos matemáticos, que se buscasse estruturar situações
desencadeadoras de aprendizagem que possibilitassem a apropriação dos significados pelos
estudantes. Nesse sentido, foram propostos problemas que consideraram diferentes contextos,
os quais se aproximaram da realidade dos estudantes, pois, segundo as Orientações
Curriculares para o Ensino Médio “[...] a contextualização aparece como uma maneira de dar
sentido ao conhecimento matemático na escola” (BRASIL, 2006, p. 83).
Contudo, mesmo tendo elaborado um planejamento que considerou situações de
aprendizagem de diferentes contextos, percebi a fragilidade de entendimentos sobre o modo
com que o princípio da contextualização contribui na/para a organização e desenvolvimento
de um ensino que visa a apropriação dos significados conceituais pelos estudantes. Foi então
que começaram a surgir alguns questionamentos, tais como: De que forma a contextualização
contribui na organização do ensino que visa a apropriação dos significados conceituais pelos
estudantes? O que significa contexto? Quais contextos mostram-se mais adequados ao ensino
de um determinado conceito? De que forma se dá a aprendizagem do conceito
proporcionalidade nos diferentes anos da etapa final do ensino fundamental?
Além do estágio, outro motivo que me levou a aprofundar os entendimentos acerca
da contextualização é estar desempenhando minha atividade docente como professora da
Educação Básica, ensino fundamental. Exercer a docência me leva a perceber a importância
de organizar e desenvolver um ensino pautado na contextualização. Assim, estando
rotineiramente com estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e, considerando, de
acordo com a BNCC, que o conceito proporcionalidade se faz presente nos diferentes níveis,
etapas e anos escolares, em níveis cada vez mais complexos, pensamos em uma possibilidade
de investigar o processo de desenvolvimento do ensino, com o intuito de identificar elementos
que se mostrem pedagogicamente capazes de favorecer as condições para a apropriação do
significado deste conceito.
28
O estudo de caso nesta pesquisa será analisado sob a ótica da ATD. Para Moraes e
Galiazzi (2006, p. 118), a ATD:
[...] é uma abordagem de análise de dados que transita entre duas formas
consagradas de análise na pesquisa qualitativa que são a análise de conteúdo e a
análise de discurso. Existem inúmeras abordagens entre estes dois polos, que se
apoiam de um lado na interpretação do significado atribuído pelo autor e de outro
nas condições de produção de um determinado texto.
A ATD será fundamental na análise dos dados, uma vez que o material empírico que
compõem o banco de dados desta pesquisa advém de materiais produzidos por estudantes, a
partir da transcrição dos momentos de realização de situações de aprendizagens propostas e
dos registros das mesmas.
A seguir apresentamos a estrutura dos procedimentos realizados na pesquisa a partir
de quatro etapas.
No ano de 2018, ainda em fase de construção do projeto de pesquisa, uma das etapas
foi a definição dos lócus de pesquisa. Optou-se em desenvolvê-la em uma escola do
município de Panambi, Rio Grande do Sul, por ser a instituição em que atuo como professora
e, havendo assim a possibilidade de realizar a intervenção em contexto de sala de aula. Além
disso, sendo professora das turmas já conhecia os alunos. Tendo a instituição definida,
apresentamos o projeto à equipe diretiva da mesma, para o devido apoio e consentimento para
desenvolver as proposições neste espaço.
A escola desenvolve um trabalho junto à comunidade Panambiense desde o ano de
2017. Apresenta uma metodologia de ensino focada no aluno, com ênfase em uma
cosmovisão cristã. Conta com o apoio do Sistema de Ensino Mackenzie, o qual tem como
missão educar o ser humano criado à imagem de Deus, para o exercício pleno da cidadania,
em ambiente de fé cristã reformada, ancorada na teoria da Aprendizagem Significativa3 e no
modelo pedagógico cognitivo-interacionista, o qual visa integrar o aluno a realidade através
de ações intermediadas pelo professor.
3
Teoria de David Paul Ausubel da década de 1960. Aprendizagem significativa é aquela em que ideia expressas
simbolicamente interagem de maneira substantiva e não arbitrária com aquilo que o aprendiz já sabe. Substantiva
quer dizer não literal, não ao pé da letra, e não arbitrária significa que a interação não é com qualquer ideia
prévia, mas sim com algum conhecimento especificamente relevante já existente na estrutura cognitiva do sujeito
que aprende (MOREIRA, 2011, p. 13).
31
Atuo na referida escola como professora de Matemática nos anos finais do ensino
fundamental (6º ao 9º ano) a dois anos, o que tornou possível desenvolver a pesquisa neste
espaço, concomitante às atividades de regência das turmas. Além disso, destaco que estar
atuando como professora dos alunos – sujeitos da pesquisa, possibilita conhecê-los e não criar
um ambiente escolar artificial.
Considerando que a produção dos dados, a partir do desenvolvimento de atividades
contextualizadas de ensino contam com a participação de sujeitos, os encaminhamentos desta
pesquisa, consideram a Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 510/2016, do Ministério
da Saúde – Conselho Nacional de Saúde. O projeto de pesquisa foi devidamente encaminhado
e aprovado pelo CEP em novembro de 2018 e seu parecer é documentado pelo número
3.048.436, conforme ANEXO A.
O CEP tem por finalidade assegurar que a pesquisa a ser realizada garanta aos
sujeitos investigados aspectos éticos como serenidade e compromisso legal. Esclarece ainda,
que todos os envolvidos tenham consciência dos objetivos, procedimentos e ações da
pesquisa, através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO B), o qual foi
assinado pelos responsáveis, considerando que os alunos são de menor idade. Através deste
registro, fica esclarecido que a participação nesta pesquisa implica no consentimento e
autorização da gravação durante a realização das situações de aprendizagem, sendo
preservado o anonimato de cada um e que os dados serão utilizados apenas para a pesquisa.
Os alunos que participaram da pesquisa assinaram o Termo de Assentimento (ANEXO C).
Os dados foram produzidos a partir da gravação em áudio do desenvolvimento das
situações de aprendizagem e do material que contempla registros produzidos pelos alunos.
Nas transcrições foram utilizados códigos alfanuméricos para a identificação dos sujeitos,
assegurando a confidencialidade dos mesmos durante a pesquisa.
A identificação por meio dos códigos alfanuméricos possibilita a identificação da
turma (6º, 7º, 8º ou 9º ano), do grupo (de G1 a G11) e do aluno (de A1 a A37), conforme o
esquema a seguir:
4
Aplicativo de Comunicação e interação utilizado pela escola, sendo que todos os pais têm acesso e é possível
verificar a confirmação da leitura das mensagens. A partir deste aplicativo os pais têm um meio direto de
comunicação com o professor, através do qual podem esclarecer todas as suas dúvidas e expor suas opiniões.
33
[...] não é apenas um conteúdo matemático, mas sim pode auxiliar na formação de
estruturas cognitivas para a compreensão de outros importantes conceitos
matemáticos, tanto nas questões numéricas, como naquelas envolvendo medidas e
geometria assumindo, assim o tema, inclusive, o papel de integralizador dessas
atividades da matemática. Assim, podemos destacar que a proporcionalidade é um
tema integrador das diversas atuações da matemática. (PAULA, 2009, p. 14).
Assim, a definição das situações de aprendizagem a partir dos conceitos (nós) que
trabalham com o conceito proporcionalidade devem considerar que este se apresenta em
níveis conceituais cada vez mais complexos, à medida que se avançam os anos escolares.
O intuito das situações foi investigar o processo de apropriação de significados e
produção de sentidos pelos estudantes, sobre o conceito proporcionalidade a partir de
situações de aprendizagem, tendo a contextualização como princípio educativo. Esta
investigação foi organizada em seis momentos, sendo que cada um destes envolveu uma
determinada situação de aprendizagem. O Quadro 3, a seguir, apresenta a organização dos
momentos/encontros de investigação, marcando a temporalidade do desenvolvimento destas
com os alunos, considerando o horário da aula de matemática semanal em cada turma e
também o objetivo da pesquisadora em relação a cada situação proposta.
5
Podemos nos referir ao Campo Conceitual das Estruturas Multiplicativas como sendo um conjunto de
problemas ou situações, cuja análise e tratamento requerem vários tipos de conceitos, procedimentos e
representações simbólicas, os quais se encontram em estreita conexão uns com os outros. Assim, o Campo
Conceitual Multiplicativo pode ser definido como um conjunto de situações, cujo domínio requer uma operação
de divisão ou de multiplicação, ou ainda, a combinação entre elas (SANTOS; MAGINA; MERLINI, 2013, p.
2758).
35
dois encontros por semana, o que permitiu uma breve análise dos dados entre eles, de modo a
reorganizar e repensar a forma com que as atividades eram encaminhadas e propostas.
Em todas as turmas a primeira etapa foi a organização dos grupos, sendo que em
todas elas, do 6º ao 9º ano, o número máximo de componentes foi de quatro alunos. Esta
organização foi fundamental neste processo investigativo por se entender que o trabalho
coletivo favorece a interação, viabilizando a socialização de pensamento, de saberes e de
experiências, as quais contribuem no processo de aprendizagem. A cada encontro as turmas
eram organizadas com os mesmos grupos, sem trocas ou substituições, mesmo que algum
participante estivesse ausente (em nenhum encontro tivemos grupos com menos de dois
integrantes).
Em cada encontro era realizada a proposição de uma atividade. A pesquisadora
entregava um gravador, o qual era centralizado sobre a mesa do grupo e também entregava
para cada integrante do grupo a atividade a ser desenvolvida pelos estudantes na forma
impressa, a qual orientava a realização e facilitava o registro individual. Após a entrega do
material impresso aos alunos, a professora/pesquisadora realizava uma leitura da situação de
aprendizagem, chamando a atenção para o objetivo de cada questão, com a intenção de elevar
seu nível de desenvolvimento intelectual. A partir deste movimento, os alunos, em seus
grupos, eram desafiados a resolver a situação de aprendizagem apresentada, sendo que a
pesquisadora transitava entre eles, esclarecendo dúvidas somente quando solicitada, mas,
sempre com o intuito de instigar os alunos a desenvolverem o seu próprio raciocínio, os seus
argumentos.
Destaca-se que o encaminhamento realizado pela pesquisadora não evidencia os
conceitos explorados no contexto, para que desta forma os alunos pudessem apresentar certa
autonomia na resolução da situação problema, a qual sempre era orientada através da palavra
“relação”, com o intuito de problematizar e instigar os alunos a se movimentar na situação.
O procedimento foi o mesmo em todas as turmas, bem como em todas as atividades
propostas. Ao final de cada encontro os alunos entregavam o material impresso junto com o
gravador para a pesquisadora, sendo esses instrumentos de extrema relevância para a
produção do banco de dados empíricos.
A solução das atividades propostas exigiu de cada grupo seguir fases no processo de
resolução, estas, de acordo com Polya (2006, p. 4) abrangem: 1) compreensão do problema;
2) estabelecimento de um plano; 3) execução do plano; e 4) retrospectiva. Corroboramos com
Lautério (2017, p. 106) ao afirmar que:
37
[...] na análise do contexto, a abstração permitirá identificar uma relação geral que
representa a vinculação entre as diferentes manifestações. A dedução decorrente da
análise desencadeará generalizações substantivas, constituindo o núcleo do conceito.
A partir do núcleo do conceito, desenvolve-se o domínio sobre o procedimento geral
de análise e dedução do contexto.
6
Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática – Terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental (BRASIL,
1998).
39
Com a produção dos dados oriundos da transcrição dos diálogos e da análise dos
registros escritos, investigamos os elementos presentes no processo de ensino orientado por
situações de aprendizagem que consideram o princípio da contextualização e que se revelam
potencialmente capazes de intervir no processo de aprendizagem do conceito
proporcionalidade. Para este movimento, torna-se necessário a explicitação do referencial
teórico adotado, o que é apresentado no próximo capítulo.
Destaca-se que os registros produzidos em áudio foram organizados em episódios e
as falas entre alunos e pesquisadora encontram-se devidamente numeradas, com o propósito
de facilitar a identificação na análise. Os registros das atividades estão indicadas a partir das
situações de aprendizagem e do respectivo grupo. Ambos foram analisados sob a ótica da
ATD, a qual “pretende chegar a interpretar os fenômenos que investiga a partir de uma análise
rigorosa e criteriosa desse tipo de informação, [...] a intenção é a compreensão, a reconstrução
de conhecimentos existentes sobre os temas investigados” (MORAES; GALIAZZI, 2016, p.
33). Para a análise consideramos o ciclo de (i) unitarização, (ii) categorização e (iii)
elaboração de metatextos da ATD.
A primeira etapa do ciclo é o processo de unitarização, definida por Moraes e
Galiazzi (2016) como exigente e trabalhosa, pois consiste numa análise rigorosa dos dados
coletados, exigindo explorar uma diversidade de significados a cada leitura. Segundo Moraes
e Galiazzi (2016, p. 69-70):
40
[...] leva em consideração que um conceito não é uma formação isolada, fossilizada
e imutável, mas sim uma parte ativa do processo intelectual, constantemente a
serviço da comunicação, do entendimento e da solução de problemas. O novo
método centra a sua investigação nas condições funcionais da formação de
conceitos.
Ao entender o conceito como algo a ser formado, Vigotski (2008, p. 67) corrobora
com os estudos de Ach, o qual indica:
42
1º complexo: associativo – a criança faz relação entre o objeto que tem e outros a seu redor.
2º complexo: coleções – os objetos são agrupados com base em alguma característica que os torna
diferentes e, consequentemente, complementares entre si.
3º complexo: cadeia – não apresenta núcleo, variando ao longo de todo o processo.
Segunda Fase –
4º complexo: difuso – fluidez do atributo que une os seus elementos.
Pensamento por
5º complexo: pseudoconceitos – a generalização formada na mente da criança é ainda um complexo.
Complexos
“Os pseudoconceitos predominam sobre todos os outros complexos no pensamento da criança em
idade pré-escolar, pela simples razão de que na vida real os complexos que correspondem ao
significado das palavras não são desenvolvidos espontaneamente pela criança” (VIGOTSKI, 2008,
p. 84).
1º estágio: Abstração – para formar este conceito é necessário abstrair, isolar e examinar os
Terceira Fase – elementos separados da totalidade.
Conceitos 2º estágio: Conceitos Potenciais – resultam de uma espécie de abstração isolante de natureza tão
Potenciais primitiva. Os conceitos potenciais já desempenham um papel no pensamento por complexos,
considerando-se que a abstração também ocorre na formação dos complexos.
Fonte: Organizado com base em VIGOTSKI (2008, p. 65-101).
43
[...] chamamos signos a tudo o que significa algo, e entre eles, encontramos também
as palavras... Toda palavra é signo, mas nem todo signo é palavra... Quando falamos,
fazemos signos, donde provém a palavra “significar”, “signa facere”. Um signo é
aquilo que se mostra ao sentido e que, fora de si, mostra ainda alguma coisa ao
espírito. Falar é dar um signo com a ajuda de um som articulado... A palavra é o
signo de uma coisa, podendo ser compreendido pelo interlocutor quando proferido
pelo locutor.
7
De acordo com Vigotski (1989, p. 58 apud PINO, 2000, p. 60), as funções mentais superiores são “relações
internalizadas de uma ordem social, transferidas à personalidade individual e base da estrutura social da
personalidade”.
45
O sentido está ligado ao que a palavra representa no psíquico, o que ela nos
possibilita compreender, pensar e sentir, porém, é imprescindível atentar “que o sentido não é
o signo, não está no signo, mas produz-se a partir do signo” (SMOLKA, 2004, p. 38).
Para Battisti (2016, p. 44), os “[...] sentidos vão sendo produzidos pelos enlaces que
têm relação com determinado momento e situação, permitindo, assim, ter várias zonas de
estabilidade variada. Por esse motivo, o sentido de uma palavra nunca é completo”. Pode-se
dizer, então, que o sentido é a atribuição dada pelo sujeito em determinado contexto a uma
situação, este não é estável, pois pode variar entre sujeitos e entre contextos nos quais se está
inserido.
O sentido está ligado a fatores do psíquico humano, logo existe um predomínio dos
sentidos sobre o significado das palavras. Ambos, sentido e significado evoluem histórico e
culturalmente, porém, o significado pode ser definido como algo vivo, mas que não sofre
influência de diferentes contextos como ocorre com o sentido. Para Vigotski (2008, p. 151):
Para que exista significado, não basta apenas a fala, esta fala deve estar
intrinsecamente ligada ao pensamento e, se existe pensamento é porque o sujeito já atribuiu
alguns sentidos. Em meio a toda essa amálgama do pensamento e da linguagem se tem a
possibilidade da formação de conceitos, entendendo, conforme Vigotski (2008), que este
processo sempre é intencional.
Ao nos referirmos ao processo de aprendizagem, num contexto formal, é preciso
compreender que este exige uma intencionalidade do professor, a qual deve estar diretamente
ligada às atividades de ensino e de estudo. Ainda assim, não é suficiente ter uma
intencionalidade caso este sujeito-professor não articule as atividades de modo a atuar
46
enquanto mediador8 do processo, pois entendemos, assim como, Smolka (2010) que é por
meio de uma relação social que a significação se inscreve.
Como dito por Vigotski (2008, p. 139-140):
8
Compreendemos, assim como Battisti (2016, p. 64-65) que “[...] o professor é mediador no sentido de propor as
condições, mas a mediação, a qual permite a significação, é sempre pelos meios. No sentido exposto, a relação
entre estudante e professor se estabelece com e a partir de instrumentos e signos. [...] A mediação docente
consiste em criar condições capazes de estabelecer processos de aprendizagem que possibilitem aos estudantes a
apropriação do significado de conceitos científicos”.
47
[...] um conceito é mais do que uma soma de conexões associativas formadas pela
memória, é mais do que um simples hábito mental; é um ato real e complexo de
pensamento que não pode ser ensinado por meio de treinamento, só podendo ser
realizado quando o próprio desenvolvimento mental da criança já tiver atingido o
nível necessário. Em qualquer idade, um conceito expresso por uma palavra
representa um ato de generalização. O desenvolvimento dos conceitos, ou dos
significados das palavras, pressupõem o desenvolvimento de muitas funções
intelectuais.
[...] nos leva a pensar nas implicações deste posicionamento teórico para
compreender os modos de ensinar e os modos de estudar as relações de ensino.
Ensinar seria, assim, um trabalho com signos, um trabalho de significação por
excelência que implica incansáveis gestos indicativos nas orientações dos olhares,
nas configurações dos objetos, nas formas de referir, de conceituar. (SMOLKA,
2010, p. 128).
9
Por atividade, Leontiev (1903-1979) designa processos psicologicamente caracterizados por aquilo a que o
processo como um todo se dirige, no caso, seu objeto, coincidindo sempre com o objetivo que estimula o sujeito
a realizar a atividade, ou seja, o motivo (BATTISTI, 2016, p. 49).
49
10
Compreendemos a atividade de estudo ou atividade de aprendizagem como mecanismo gerador de
necessidades, as quais viabilizam o desenvolvimento do pensamento teórico.
11
O conhecimento útil, na visão de Young (2007), se refere ao fornecimento de explicações confiáveis ou novas
formas de pensar a respeito do mundo, de responsabilidade da escola transmitir.
50
Em meio aos mais variados contextos que podem nortear a ação dos sujeitos
envolvidos nos processos de ensinar e de aprender, várias são as definições sobre o termo
contextualização. De acordo com Santos (2014, p. 52-53):
[...] o sentido de uma palavra é a soma de todos os fatos psicológicos que ela
desperta em nossa consciência. Assim, o sentido é sempre uma formação dinâmica,
fluida, complexa, que tem várias zonas de estabilidade variada. O significado é
apenas uma dessas zonas do sentido que a palavra adquire no contexto de algum
discurso e, ademais, uma zona mais estável, uniforme e exata. [...] em contextos
diferentes a palavra muda facilmente de sentido. O significado, ao contrário, é um
ponto imóvel e imutável que permanece estável em todas as mudanças de sentido da
palavra em diferentes contextos.
A definição de “conexão essencial” tem base na teoria do ensino desenvolvimental de Davidov (2009), a qual
12
precisa estar sempre presente na tarefa porque é ela que estrutura a relação geral do conceito, permitindo que a
célula do conceito, se vincule novamente ao concreto no processo de ascensão (LAUTÉRIO, 2017, p. 108).
53
O conceito proporcionalidade está presente nas mais diversas ações cotidianas, isto
porque envolve uma relação multiplicativa entre quantidades. Conforme estudo realizado no
item 2.1, documentos oficiais como a BNCC (BRASIL, 2018) e o Referencial Curricular do
Estado do Rio Grande do Sul (RIO GRANDE DO SUL, 2009), apontam a presença deste
conceito formador e unificador em todas as etapas da Educação Básica, sendo que a cada
etapa é explorado considerando os diferentes conceitos aos quais serve de suporte,
perpassando assim as unidades temáticas de Álgebra, Geometria, Grandezas e Medidas e
Números.
Destaca-se que “[...] o fato de que muitas situações da vida cotidiana funcionam de
acordo com leis de proporcionalidade evidencia que o desenvolvimento do raciocínio
proporcional é útil na interpretação de fenômenos do mundo real” (BRASIL, 1998, p. 67). O
campo das estruturas multiplicativas é constitutivo do conceito proporcionalidade, o que
ratifica o entendimento deste conceito como formador e unificador da matemática, estando
presente no cotidiano dos sujeitos, bem como em outros contextos.
pois exige uma ruptura com os campos conceituais aditivos, ou seja, é necessário que o aluno
reconheça a passagem de um campo conhecido como o das estruturas aditivas para o campo
das estruturas multiplicativas. O papel do professor enquanto intermediador destes saberes
matemáticos deve viabilizar a produção de sentidos e a atribuição de significados pelos
alunos.
A essência dessa ruptura consiste em negar o campo das estruturas aditivas. Caraça é
defensor desta ideia, ao afirmar que “[...] a operação mental negação da negação é criadora de
generalizações” (CARAÇA, 1998 apud BATTISTI, 2016, p. 109) e, desta forma, o estudante
poderá se apropriar do campo conceitual das estruturas multiplicativas.
Magina, Merlini e Santos (2014) apresentam elementos que possibilitam entender a
estrutura multiplicativa a partir de relações quaternárias e terciárias. A seguir apresentamos o
recorte do quadro síntese proposto pelos autores a respeito das estruturas multiplicativas.
13
Desenvolvido por Gérard Vergnaud, no período entre 1970 e 1980, com a finalidade de explicar a formação e o
desenvolvimento de conceitos matemáticos. Para ele a formação de um conceito requer uma relação estreita
entre o conceito e um conjunto de situações, uma vez que não se resolve um problema apenas com um conceito e
sim com um “campo conceitual”. Para Vergnaud (2009, p. 29) um campo conceitual é “ao mesmo tempo um
conjunto de situações e um conjunto de conceitos: o conjunto de situações cujo domínio progressivo pede uma
variedade de conceitos, de esquemas e de representação simbólicas em estreita conexão” (SOARES, 2016, p.
60).
57
Neste capítulo realizaremos a análise e discussão dos dados produzidos, com base no
referencial teórico apresentado no Capítulo 2. Destacamos que o estudo se estrutura de modo
a responder o problema de investigação: Quais elementos do ensino, que consideram o
princípio da contextualização, intervém no processo de aprendizagem do conceito
proporcionalidade por estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental? Em busca de
respostas, consideramos o processo de ensino orientado por um conjunto de seis atividades
que consideram o princípio da contextualização, organizadas e desenvolvidas pela
pesquisadora, as quais contemplam contextos da realidade dos alunos. Assim como, Lautério
(2017, p. 137), entendemos que:
Unidades de
Categorias de análise Metatextos
significado
14
A conexão essencial do conceito desencadeia o processo de generalização, resultando na relação geral (teoria
do ensino desenvolvimental de Davivod).
59
O uso do termo “peso”, na situação de aprendizagem 1, se refere a “massa” do bolo. Reconhecemos a diferença
15
entre os termos, porém, considerando que esta questão é o recorte de uma situação apresentada no Livro Didático
Mackenzie (2017) utilizado na escola na qual se desenvolveu a pesquisa, optamos por não alterar o termo.
Compreendemos que massa é a quantidade de matéria de um corpo e, peso é a força exercida sobre um corpo
pela atração gravitacional da Terra.
60
Para fazer um bolo de 400 gramas, a Avó de Carlos usou 6 ovos. Responda:
- Quantos ovos são necessários para fazer um bolo de 800 gramas?
- Quantos ovos serão necessários para fazer um bolo de 2 kg?
- Qual o peso do bolo se utilizarmos 15 ovos?
- Construa uma tabela e represente os dados encontrados.
- Represente esta situação através de uma tabela que relacione a quantidade de ovos e o peso do bolo.
- O que você percebeu com relação ao número de ovos e o peso do bolo?
- Como poderíamos descrever, em linguagem matemática, a relação entre o número de ovos e o peso do bolo?
Fonte: Adaptado de Sistema de Ensino Mackenzie (2017, p. 72).
a maior dificuldade foi o estabelecimento de uma relação entre o número de ovos e o peso do
bolo e como estas se comportam no campo das estruturas multiplicativas, muitos para muitos.
Mesmo tendo apontado algumas fragilidades, a partir da descrição dos Episódios 1 a
4, é possível evidenciar as diferentes maneiras de pensar e, embora a atividade seja a mesma
para todos os anos (6º ao 9º), não apenas as formas de resolução variaram, mas também os
registros dos estudantes, apresentando um avanço no uso da linguagem matemática a medida
que avançam os anos escolares. Compreendemos assim que o conceito proporcionalidade vai
adquirindo significado, pois os alunos apresentam maior domínio da estrutura multiplicativa e
consequentemente expressam a linguagem matemática de forma mais generalizada e formal.
Desta forma, a compreensão do conceito proporcionalidade se apresenta em níveis
cada vez mais complexos, à medida que o aluno avança em sua escolaridade, bem como a
partir das inter-relações que vão sendo estabelecidas com outros conceitos, formando o que
denominamos sistema conceitual.
A família de Pedro resolveu passar o fim de semana na praia. Quando estavam de saída, receberam uma visita
inesperada. João veio de sua cidade para passar o fim de semana com Pedro, seu primo. Como não havia mais lugar no
carro do pai de Pedro, João e Pedro resolveram ir para a praia de ônibus. O pai de Pedro levou os dois até a rodoviária.
A tabela abaixo mostra o tempo que o carro e o ônibus levariam para percorrer o trajeto da rodoviária até a praia.
- Se a distância era a mesma, porque eles levam tempos diferentes? - Se a velocidade média do ônibus era 60 km/h, em
que velocidade o carro da família de Pedro se deslocou? - Quem levou menos tempo para chegar na praia? - Por que isso
aconteceu? - Em que velocidade média andou o carro da família de Pedro?
Fonte: RIO GRANDE DO SUL (2018).
está nas relações multiplicativas e Ávila (1986, p. 3) apresenta duas definições que
contribuem para aclarar o entendimento acerca da proporcionalidade direta e inversa:
Figura 12 – Situação de aprendizagem 3 – situação um para muitos – divisão partitiva – análise escalar
A tia de Pedro precisa cercar o galinheiro de seu sítio. Para isso decidiu colocar uma tela que custa o equivalente a R$
2,50 por metro. Analise a figura e responda:
- O que é perímetro de uma figura? - Qual a expressão que você utilizaria para representar o perímetro do galinheiro?-
Qual é o valor do perímetro do galinheiro da tia de Pedro quando x for igual a 4 metros?- Qual será o gasto que a tia de
Pedro terá para cercar o galinheiro com tela?- Sabendo-se que, além do valor da tela, será pago pela mão de obra o
equivalente a do valor gasto, quanto a tia de Pedro pagará, aproximadamente, pela colocação da tela mais a mão de
obra?
Fonte: Adaptado de Sistema de Ensino Mackenzie (2016, p. 149).
Um pedreiro está forrando de azulejos a parede do banheiro. Para isto está utilizando azulejos verdes e rosas. Observe o
desenho abaixo:
A partir dos resultados apresentados pelo grupo 7G6, percebemos que a ação
realizada inicialmente foi dar continuidade a figura apresentada, o que culminou na
identificação de 10 azulejos verdes e 9 azulejos rosas na décima fileira. No registro, “o
número da fileira multiplicado por ele mesmo resulta no número de azulejos”, os estudantes
75
Um motorista de táxi cobra um valor fixo, pela corrida, mais um valor variável por cada quilômetro rodado. O gráfico
que representa esta situação é:
- Quais as informações que podemos ler no gráfico apresentado? - É possível identificar qual o valor fixo? Se sim, qual é
este valor? - Qual o valor a ser pago por uma pessoa que andou 3 km no táxi? - E quando andou 8 km? - E quando andar
15 km? - Se, ao final do percurso, uma pessoa pagou ao taxista uma quantia de R$ 12,00, quantos quilômetros esta
pessoa andou de táxi? - Qual a relação existente entre o valor pago e a quantidade de quilômetros rodados? - Podemos
expressar esta relação, por uma fórmula matemática?
Fonte: Produzido com base em LAUTÉRIO (2017).
O intuito com a situação acima descrita era possibilitar aos alunos reconhecer a
“relação” existente entre a quantidade de quilômetros rodados e o valor pago por uma corrida
de táxi. Vamos observar, a seguir, a descrição do Episódio 8, no qual os estudantes
identificam algumas relações a partir da análise gráfica.
forma, o valor a pagar depende da quantidade de quilômetros rodados acrescido do valor fixo,
ou seja, (linha 11).
Reconhecemos, a partir da proposição das Situações de Aprendizagem, que a
organização do ensino do conceito proporcionalidade, que contempla a articulação entre os
diferentes campos da matemática, como aritmética, geometria, álgebra e estatística viabilizam
o reconhecimento dos significados de dependência e variação. O uso de variáveis na
representação e no estabelecimento de relações nas situações de aprendizagem vai se
ampliando durante os anos finais do ensino fundamental.
Toda esta articulação parte da intencionalidade do professor/pesquisador, o qual
elabora as atividades de forma intencional e participa ativamente dos processos de ensino e de
aprendizagem. A partir da descrição dos episódicos 5 a 8, percebemos que as ações de
intervenção e orientação ocorrem de forma organizada e coerente com os objetivos da aula,
mantendo o foco no processo de aprendizagem do conceito proporcionalidade.
Relação do conceito
Situação de aprendizagem proporcionalidade com
outros conceitos
Situação de Aprendizagem 4 A situação ao lado envolve o
A tia de Pedro precisa cercar o galinheiro de seu sítio. Para isso decidiu colocar uma tela conceito perímetro. A
que custa o equivalente a R$ 2,50 por metro. Analise a figura e responda: representação figural
contribui na e para a
interpretação da situação
envolvendo cálculo algébrico.
- O que é perímetro de uma figura? - Qual a expressão que você utilizaria para
representar o perímetro do galinheiro? - Qual é o valor do perímetro do galinheiro da tia
de Pedro quando x for igual a 4 metros? - Qual será o gasto que a tia de Pedro terá para
cercar o galinheiro com tela? - Sabendo-se que, além do valor da tela, será pago pela
O desenho inteiro possui dez fileiras de azulejos. - Quantos azulejos verdes terão na
décima fileira? - E quantos azulejos rosas terão na décima fileira? - Quantos azulejos o
pedreiro irá utilizar para completar as 10 fileiras? - O que você percebeu em relação ao
número de azulejos verdes em cada fileira? - O que você percebeu em relação ao número
de azulejos rosas em cada fileira? - Como podemos estabelecer uma relação entre o
número de fileiras e o número total de azulejos? - Como podemos estabelecer uma
relação entre o número de azulejos de cada fileira?
Situação de Aprendizagem 6 A apresentação da situação ao
Um motorista de táxi cobra um valor fixo, pela corrida, mais um valor variável por cada lado se dá a partir da
quilômetro rodado. O gráfico que representa esta situação é: representação gráfica e, nosso
objetivo é, assim como
Lautério (2017, p. 161)
viabilizar “que o aluno
reconheça a modelação da
relação geral por meio do
contexto, que explora a
conexão essencial, criando
domínio sobre o núcleo do
conceito”.
16
As representações auxiliares de transição são aspectos da teoria de Raymond Duval (2011, 2012) citado por
Soares (2016).
82
7 5,74
4,92
9,84
10
1,64
9,02
4,1
Conforme destacado por Vigotski (2008), a necessidade gera no aluno motivos para
que busque estratégias para a resolução de problemas. Em relação a Situação de
Aprendizagem 2, o aluno tem a necessidade de completar a tabela que lhe é apresentada, o
que gera motivos que o levam a buscar diferentes estratégias para solucionar o problema
encontrado, uma vez que é desconhecido o preço de uma unidade de pão. No entanto, alguns
grupos enfrentam dificuldades em compreender a relação entre a quantidade de pães e o preço
a pagar, e consequentemente, o que representa o valor unitário, conforme veremos na análise
dos episódios a seguir.
(7) 6G2A6: Se 82 vezes 7 dá 5,74, por que a gente não pode fazer 82 vezes 6?
(8) 6G2A6: Que tal a gente fazer 82 vezes 6? Eu acho que dá… dois vezes 6 dá 12, 8 vezes 6 dá 48 + 1 dá 49.
Deu certo, dá 6.
(9) 6G2A6: Faz 0,82 vezes 6 que dá certo. E agora, 4 pães? Que tal fazer 4 vezes 0,82?
(10) 6G2A6: E agora, 9,84… vamos ir tentando… 0,82 vezes alguma coisa…
(11) 6G2A5: Vamos tentar 12. (Vão sussurrando o cálculo). Deu bem certinho!
(12) 6G2A6: Agora 10 pães. Vamos tentar vezes 10.
(13) 6G2A5: 8,20.
(14) 6G2A5: Qual é o valor de 1? É a metade de 1,64?
(15) 6G2A6: É 0,82. Agora 11, você fez 82 vezes 11?
(16) 6G2A5: Profe, o que é esse n no último?
(17) Pesq.: Vamos olhar para os dados da tabela. O que você tem aqui? (Apontando para a tabela)
(18) 6G2A5: Um número.
(19) Pesq.: Um número do que?
(20) 6G2A5: Da quantidade de pães…
(21) Pesq.: Isso. Mas, se eu tiver qualquer quantidade de pães, como eu vou saber qual o preço?
(22) 6G2A6: Mas a gente não sabe qual a quantidade de pães…
(23) Pesq.: Certo… mas e qual a operação vocês estão fazendo para descobrir, por exemplo, o preço de 5 pães?
(24) 6G2A5: Multiplicação.
(25) Pesq.: Mas e o que você está multiplicando?
(26) 6G2A5: O número de 1 pão vezes alguma coisa…
(27) Pesq.: Ah, e quanto é o valor de 1 pão?
(28) 6G2A5: 0,82.
(29) Pesq.: Lembrem-se, o n representa qualquer quantidade de pães, então o resultado – preço em R$, vai
depender do valor atribuído ao n.
(30) 6G2A5: Qual é a relação entre o número de pães e o preço a ser pago? Quanto mais pães, maior o preço.
(31) 6G2A6: Quando fizemos 82 vezes o número de pães, então encontramos o preço.
(32) 6G2A5: O preço vai depender da quantidade de pães, multiplicado pelo valor de um pão, que é 82
centavos.
alunos visualizem o que foram realizando e assim percebam o que vai se alterando e o que
permanece sem alterar (linha 17 até linha 24).
A partir do registro dos alunos é possível verificar que estes atribuem um valor a
variável n. Considerando o ano de ensino do referido grupo, compreendemos que representar
a situação algebricamente ainda é desconhecido, pois é no decorrer das atividades que os
alunos vão atribuindo sentido as grandezas envolvidas, estabelecendo relações de dependência
e generalizando as situações algebricamente. Na figura 20, a seguir, podemos visualizar a
sistematização realizada pelo grupo 6G2.
85
Observamos, a partir do Episódio 10, acima, que já no início os alunos destacam que
precisavam descobrir o preço de um pão (linha 1 a 6). É possível perceber que alguns
sentidos, mesmo que de forma implícita, começam a aparecer, pois quando identificam que
precisam descobrir o preço de um pão é porque entendem a sua necessidade de partir de uma
relação de muitos para muitos até a relação de um para muitos. Entendem que se encontrarem
86
o valor de um pão (relação de um para muitos) terão condições de preencher toda a tabela,
uma vez que esta depende da condição inicialmente estabelecida, 7 pães custam R$ 5,74. Ao
terem encontrado o preço de um pão, os alunos 7G6A17 e 7G6A19 utilizam a estrutura
aditiva para completar a tabela (linha 7 a 12), sendo que o aluno 7G6A18 realizou as
operações utilizando a estrutura multiplicativa (linha 17 a 21). Na sequência contexto os
alunos novamente encontram dificuldade em identificar as grandezas, tendo a relação de
0,82.n, não compreendem o que representa o 36 inicialmente (linha 26 e 27). Mas ao
realizarem algumas tentativas de cálculos perceberam que este representa a quantidade de
pães.
A exploração do contexto foi fundamental para que os estudantes identificassem a
relação entre o preço e a quantidade de pães, utilizando variáveis na representação.
Analisando a Figura 21, concordamos com Lautério (2017, p. 164), a qual afirma que
“[...] o estabelecimento de uma relação universal sobre o objeto serve de base para orientar os
alunos a formar procedimentos gerais de solução das tarefas de estudo e assim constituir o
núcleo do conceito”.
A partir dos registros, é possível identificar que os estudantes dos grupos 8G7 e 9G1
fazem uma interpretação diferenciada dos grupos anteriores, vejamos a descrição do Episódio
11 e Episódio 12.
Destacamos que na resolução desta situação os estudantes poderiam ter operado com
a relação já estabelecida na letra a, a partir da qual indicam que “o número de pães é igual ao
preço a ser pago dividido por R$ 0,82”. Porém, reconhecemos, assim como, Soares (2016)
que ao utilizar o vetor escalar para resolver situações como a descrita acima, os estudantes
estabelecem uma relação, reconhecida no campo das estruturas multiplicativas como
quaternárias, eixo das proporções simples e classe de muitos para muitos, através da qual
identificam noções essenciais para a compreensão da proporcionalidade por meio da
preservação da razão, ou seja, se o número de pães é multiplicado por 10, o valor a pagar
também é, necessariamente, multiplicado por 10, logo, a razão sempre será mantida.
Observamos que reconhecer uma expressão que represente o preço e a quantidade de
pães ainda estavam confusas e não seguiam a mesma ordem operacional para cada aluno. No
entanto, identificamos que as ordens das operações na expressão enunciada na língua materna
(linhas 4 e 5) demonstram a capacidade dos estudantes de colocar em correspondência às
variáveis da situação, mesmo estas sendo inversas.
Neste movimento, compreendemos, assim como, Lautério (2017, p. 153), que:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
necessidades e motivos na busca da solução dos problemas. O uso dos termos “relação” e
“dependência”, que perpassam a resolução das atividades propostas possibilita aos estudantes
reconhecer o conceito proporcionalidade em diferentes situações.
Neste sentido, observamos, a partir das situações de aprendizagem, que o dispositivo
da regra de três é mencionado pelos estudantes (grupo 8G7 e 9G9) em algumas situações
como estratégia de resolução, e não como basilar no estudo da proporção, o que intervém na
produção de sentidos e apropriação do significado do conceito proporcionalidade.
Observamos que a aprendizagem do conceito proporcionalidade não se dá de forma
igualitária nas turmas do 6º ao 9º ano, mas reconhecemos que existe um progresso na
compreensão do mesmo a cada etapa do ensino. Este avanço se dá a partir do estabelecimento
de relações – condicionadas a partir da proposição de diferentes contextos –, identificando o
conceito proporcionalidade em diferentes situações. Assim, os estudantes do 9º ano produzem
mais sentidos a partir do estabelecimento de uma rede de conexões entre conceitos, a qual
viabiliza a apropriação do significado do conceito proporcionalidade.
Reconhecemos o importante papel da contextualização enquanto princípio educativo,
através da qual é possível desencadear processos de significação e, compreendemos, assim
como, Lautério (2017, p. 115) que a “[...] exploração de contextos nas tarefas de estudo
colocou os alunos em atividade de estudo e permitiu que reconhecessem a conexão essencial
do novo conceito, identificando até mesmo suas relações em um sistema conceitual”.
Reconhecemos que a pesquisa contribui com a apropriação dos significados do conceito
proposto e que a realização desta não representou riscos aos envolvidos. Acreditamos que os
resultados da pesquisa contribuem na qualificação da aprendizagem dos estudantes.
Destacamos que o vasto material empírico produzido tem potencial para novas
pesquisas, inclusive discutindo como a contextualização da proporcionalidade contribui para a
complexificação da aprendizagem matemática. Entendo que outra discussão pertinente seria
compreender os limites e potencialidades de um conjunto de atividades na organização do
ensino do conceito proporcionalidade.
94
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. 2. ed. Brasília: Senado Federal,
Coordenação de Edições Técnicas, 2018.
MAGINA, S.; MERLINI, V.; SANTOS, A. A estrutura multiplicativa sob a ótica da teoria
dos campos conceituais: uma visão do ponto de vista da aprendizagem. In: 3º SIMPÓSIO
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MORAES, R.; GALIAZZI, M. C. Análise textual discursiva. 2. ed. rev. Ijuí: Ed. Unijuí,
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POLYA, G. A arte de resolver problemas. Trad. Heitor Lisboa de Araújo. Rio de Janeiro:
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YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e método. Trad. Daniel Grassi. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
Autor/
ano/ Título Objetivo Problema Metodologia Referencial Resultados Foco de estudo
nível
Macedo Proporcionalidade à Investigar as Quais as Sequência de Vergnaud O ensino do Proporção simples.
(2012) luz da Teoria dos potencialidades de contribuições de ensino. (2009); conceito de
Dissertação Campos uma sequência de uma sequência de Aplicação de pré- Magina, proporção simples,
Conceituais: uma ensino, elaborada ensino, elaborada teste e pós-teste. Merlini e pautado na teoria
sequência de ensino com base nos com base nos A análise dos Santos dos campos
diferenciada para conhecimentos conhecimentos dados foi (2012, 2014) conceituais
estudantes da EJA. prévios dos prévios dos qualitativa e possibilitou uma
estudantes da EJA estudantes da EJA e quantitativa. compreensão
e à luz da Teoria a luz da teoria dos ampliada do
dos Campos campos conceituais, conceito, aumento
Conceituais, para a para a da reflexão
aprendizagem do aprendizagem do referente ao uso de
conceito de conceito de estratégias mais
Proporção Simples. proporção simples? eficazes para a
resolução de
problemas.
Machado CTS na formulação Investigar e Até que ponto as Análise dos Bazzo Verificou-se que Contextualização.
(2012) de questões de analisar a questões de Exames (1998); alguns temas são
Dissertação matemática do contextualização matemática do Nacionais do Bakhtin mais fáceis de
ENEM (2009-2011): na formulação das ENEM atendem aos Ensino Médio (1995); serem tratados de
Quais são as questões de objetivos propostos (ENEM) com Brait (2005); forma
referências de matemática do pelo MEC de serem vista ao tipo de Demo contextualizada.
contextualização? ENEM. modelo de contexto das (2010) Nesses três anos, os
avaliações questões. tipos de questões
interdisciplinares e deixam evidente
contextualizadas? que o ENEM não
As questões, como possibilita uma
formuladas, formação para a
possibilitam uma cidadania. No
formação máximo informa
questionadora sobre algumas questões
CTS? importantes.
Nas situações O ENEM não é
problemas, as modelo de
questões contextualização
apresentam para outras
elementos de avaliações.
contexto As questões são
consistentes diferenciadas em
relacionados à CTS relação aos
ou pretextos gerais exercícios
para a apresentação tradicionais, mas se
de um conceito considerarmos a
matemático? CTS, as questões
não possibilitam a
ampliação da
cidadania.
Maioli A contextualização Investigar a Que contribuições, Pesquisa teórica. Almeida A contextualização Contextualização é
(2012) na matemática do contextualização as pesquisas já Baseada em (2011); pode ser associada a um princípio
Tese ensino médio. como princípio desenvolvidas, materiais já Altenhofen dois aspectos gerais: pedagógico.
pedagógico trazem para desenvolvidos (2008); o cognitivo e o
potencialmente entender o que é em livros, Barbosa sócio-histórico-
rico para melhorar contextualização, artigos, teses, (2009); cultural.
a aprendizagem por que deve se dissertações se Cabral O principal objetivo
matemática dos constituir como documentos (2009) que se espera
alunos. princípio oficiais. alcançar com um
Construir pedagógico e como Classifica-se ensino pautado na
conhecimentos que podem ser como uma contextualização é a
permitam a exploradas com pesquisa aprendizagem
compreensão de vista a melhorar a bibliográfica. significativa, o seja,
seus propósitos e aprendizagem dos contextualizar tem a
usos pelos estudantes? ver com a atribuição
diferentes atores do Que referências a de significados.
processo de ensino contextualização
e aprendizagem. aparecem em
documentos
curriculares oficiais,
em particular
naqueles destinados
ao ensino médio na
área de matemática?
Como se
desenvolvem as
atividades
inspiradas na
99
Autor/
ano/ Título Objetivo Problema Metodologia Referencial Resultados Foco de estudo
nível
contextualização,
nos currículos
praticados em sala
de aula, tendo como
protagonistas,
professores e alunos
do ensino médio?
Mendes Contextualização e Aplicação dos Pesquisa de D’Ambrósio Compreensão da Contextualização e
(2010) Interdisciplinaridade conhecimentos campo. (1986); aplicabilidade de interdisciplinaridade.
Dissertação na utilização da matemáticos e Fazenda conceitos
Matemática no estatísticos, (1993) matemáticos a partir
estudo de fenômenos estabelecendo de situações
climáticos e conexões entre a práticas.
meteorológicos. teoria e a prática,
de forma
contextualizada e
interdisciplinar.
Sá (2017) Estratégias adotadas Identificar Que diferentes Pesquisa Vizolli Mesmo sem terem Proporcionalidade.
Dissertação pelos estudantes da estratégias estratégias os qualitativa do (2006); aprendido
EJA na resolução de adotadas por estudantes da EJA tipo etnográfica. Panciera formalmente o
problemas de estudantes de EJA apresentam para Buscou obter os (2007); conceito
proporcionalidade. na resolução de solucionar dados de duas Silva matemático de
problemas que problemas sobre formas: através (2007); proporcionalidade,
envolvem o proporcionalidade? da observação Silva os estudantes são
conceito em duas turmas (2008); capazes de
matemático de de EJA e Barros desenvolver
proporcionalidade. colhendo (2010); diferentes
informações Nogueira estratégias para
relevantes destas (2010); resolver problemas
duas turmas Fonseca cotidianos que
através de (2007); envolvem este
diálogos Oliveira conceito.
informais. (2009)
Poggio Um diagnóstico Investigar quais Qual a definição de Tall (2004); Em relação às Proporcionalidade
(2012) sobre o conceito de são as definições conceito que os Tall e respostas dadas direta e inversa.
Dissertação proporcionalidade de que alunos do alunos do Ensino Vinner sobre a
alunos do ensino Ensino Médio dão Médio dão da (1981); proporcionalidade
médio na perspectiva sobre proporcionalidade Giraldo direta, estas
dos três mundos da proporcionalidade direta e inversa? (2004); apontaram que estes
matemática. direta e inversa, Qual a imagem de Lima (2007) alunos possuem
bem como analisar conceito que os uma imagem de
com que alunos do Ensino conceito que
características Médio têm sobre classificamos como
trabalham questões proporcionalidade pobre, apresentando
que envolvem tais direta e inversa? exclusivamente
conceitos. Com que características
características, entre corporificadas,
formais, simbólicas baseadas em um
e corporificadas gráfico de “reta com
esses alunos coeficiente angular
trabalham positivo”; e quando
questionamentos mostram
relacionados a características do
proporcionalidade mundo simbólico,
direta e inversa? estas não
correspondem a este
conceito. Em
relação às respostas
apresentadas sobre a
proporcionalidade
inversa, estas
sugerem que estes
alunos não fazem
uma jornada pelos
Três Mundos da
Matemática e
apresentam
essencialmente
características
corporificadas ao
longo do trabalho.
Lautério ENEM como indutor Reconhecer a Considerando o Pesquisa Vigotski O conceito de Contextualização.
(2012) da prática curricular proposta escolar, a ENEM como uma quantitativa com (2001, 2008) contextualização,
Dissertação de professores de partir da base política de dados do ENEM. que é um dos
matemática a partir curricular comum e reestruturação do Entrevistas e princípios dessa
da perspectiva da do discurso dos currículo de questionários reforma curricular, é
contextualização. professores na Matemática no com professores. apontado pelos
disciplina de Ensino Médio, professores como
Matemática, a pautada no processo uma mudança de
partir do conceito de contextualização postura na ação
de do ensino, é pedagógica, no
contextualização, possível entanto tais ações
considerando a identificarmos, nas são vistas como
100
Autor/
ano/ Título Objetivo Problema Metodologia Referencial Resultados Foco de estudo
nível
reforma curricular práticas de docentes frágeis e
iniciada pela de Matemática insuficientes para
LDBEN atuantes no Ensino compreender um
9.394/1996, Médio, articulações processo de reforma
articulada através desse processo com curricular. Mesmo
de documentos as Matrizes de após 15 anos de
como PCNEM Referência do orientações e
(1999) e PCN+ ENEM na área de políticas, o currículo
(2002) e Matemática e suas da escola e a ação
tencionada pelas Tecnologias e na pedagógica do
mudanças no reestruturação do professor parecem
ENEM, em 2009. currículo escolar? indiferentes aos
No que se baseiam processos de
as ações docentes reforma curricular.
propostas de
Matemática do
Ensino Médio?
Lautério A contextualização Compreender a Quais são os A pesquisa conta Davydov Ao ser percebida Contextualização
(2017) da matemática como práxis da elementos com o (1982); como um princípio como princípio
Tese princípio educativo contextualização. necessários para a desenvolvimento Young educativo, a educativo.
no desenvolvimento contextualização do de um (2007, contextualização
do pensamento ensino da experimento 2011); redimensiona a
teórico: exploração matemática didático Vigotski postura pedagógica
de contextos no articular-se ao formativo que (2007, 2008, e didática do
movimento do processo de investiga a 2009) professor,
pensamento em aprendizagem e contextualização evidenciando
ascensão do abstrato desencadear a como um elementos para
ao concreto. apropriação dos princípio desencadear o
significados dos educativo do processo de
conceitos pelos processo de apropriação
alunos? ensino mediante conceitual e
o processo de impulsionando o
aprendizagem do desenvolvimento
conceito função. intelectual dos
alunos.
Silva Estudo sobre as Analisar as Como o Minecraft Estudo de caso. Silva O Minecraft possui Proporcionalidade e
(2017) potencialidades do potencialidades do como estratégia (2016); potencial para o pensamento
Dissertação jogo digital jogo digital didática pode Rosa (2004); ensino de proporcional.
Minecraft para o Minecraft para o auxiliar o processo Marco Geometria, pois
ensino de ensino de de aprendizagem de (2004); coloca os estudantes
proporcionalidade e proporcionalidade proporcionalidade e Mendes em contato com o
tópicos de e tópicos de tópicos de (2006) objeto matemático,
geometrias. Geometria plana e geometria plana e inserindo-os em um
espacial. espacial entre novo domínio
estudantes do sexto semiótico. Porém
ano? perde sentido em
relação ao ensino do
conceito de
proporcionalidade
pois não gera
preocupações aos
estudantes.
Soares Proporcionalidade Identificar e De que forma as Abordagem Romberg Na maioria das Raciocínio
(2016) um conceito analisar o estruturas qualitativa e a (2007); estruturas proporcional e
Tese formador e tratamento dado ao multiplicativas produção de Almeida multiplicativas conceito de
unificador da conceito de centrais do dados se deu pela (2004); centrais do proporcionalidade;
matemática: uma proporcionalidade raciocínio análise de Ávila raciocínio estruturas
análise de matérias e a presença das proporcional e o documentos, (1986); proporcional foram multiplicativas.
que expressas fases estruturas conceito de seguindo os Barreto constatadas nos
do currículo da multiplicativas proporcionalidade princípios da (2001) materiais
educação básica. centrais do vem sendo análise de curriculares
raciocínio abordados em conteúdo. analisados, no
proporcional e da materiais que entanto, estes
proporcionalidade expressam o aspectos são pouco
no currículo currículo planejado explicitados, em
planejado e em e o em ação, outros termos, são
ação da Educação considerando as abordados com foco
Básica, escolhas de um no ensino de um
considerando as grupo de conteúdo específico
escolhas de um professores? sem estabelecer
grupo de conexões com
professores. outros, o que limita
Verificar quais o entendimento da
transformações proporcionalidade
cognitivas são como conceito
consideradas nas unificador e
situações formador da
apresentadas nos Matemática.
materiais Percebe-se,
curriculares e também, que há um
averiguar se a isolamento da
proporcionalidade proporcionalidade
é tratada como em relação a
101
Autor/
ano/ Título Objetivo Problema Metodologia Referencial Resultados Foco de estudo
nível
função. Álgebra, pois as
relações verificadas
envolvem,
principalmente,
conceitos
aritméticos e
geométricos.
Spinelli A construção do Analisar a O que significa Machado Na composição de Contextualização.
(2011) conhecimento entre importância que o contextualizar o (2002, contextos revela-se
Tese o abstrair e o desenvolvimento ensino, de modo 2009); a importância do
contextualizar: o de conteúdos com geral, nas diversas Goodman papel do professor,
caso do ensino da base em contextos etapas de educação (1995); o qual organiza as
Matemática. de ensino e, mais Popper narrativas
representa para a especificamente, o (2009) conviventes para o
construção do que significa transporte dos
conhecimento, contextualizar o significados. O
especialmente o ensino da conhecimento que
conhecimento Matemática? se constrói sob
matemático. determinado
contexto se
universaliza quando
são rompidas as
invisíveis fronteiras
desse contexto e
outras relações do
significado são
construídas em
novos contextos.
Fonte: Produção da Autora (2020).
102
Situação de Aprendizagem 1
Situação de Aprendizagem 2
Situação de Aprendizagem 3
A família de Pedro resolveu passar o fim de semana na praia. Quando estavam de saída,
receberam uma visita inesperada. João veio de sua cidade para passar o fim de semana com
Pedro, seu primo. Como não havia mais lugar no carro do pai de Pedro, João e Pedro
resolveram ir para a praia de ônibus. O pai de Pedro levou os dois até a rodoviária. A tabela
abaixo mostra o tempo que o carro e o ônibus levariam para percorrer o trajeto da rodoviária
até a praia.
103
Situação de Aprendizagem 4
A tia de Pedro precisa cercar o galinheiro de seu sítio. Para isso decidiu colocar uma tela que
custa o equivalente a R$ 2,50 por metro. Analise a figura e responda:
Situação de Aprendizagem 5
Um pedreiro está forrando de azulejos a parede do banheiro. Para isto está utilizando azulejos
verdes e rosas. Observe o desenho abaixo:
104
Situação de Aprendizagem 6
Um motorista de táxi cobra um valor fixo, pela corrida, mais um valor variável por cada
quilômetro rodado. O gráfico que representa esta situação é:
Unidades
Objetos de conhecimento Habilidades
temáticas
6º ano
Cálculo de porcentagens por meio de (EF06MA13) Resolver e elaborar problemas que envolvam
estratégias diversas, sem fazer uso da porcentagens, com base na ideia de proporcionalidade, sem
Números “regra de três”. fazer uso da “regra de três”, utilizando estratégias pessoais,
cálculo mental e calculadora, em contextos de educação
financeira, entre outros.
Propriedades da igualdade. (EF06MA14) Reconhecer que a relação de igualdade
matemática não se altera ao adicionar, subtrair, multiplicar ou
Álgebra dividir os seus dois membros por um mesmo número e
utilizar essa noção para determinar valores desconhecidos na
resolução de problemas.
Perímetro de um quadrado como (EF06MA29) Analisar e descrever mudanças que ocorrem no
grandeza proporcional à medida do perímetro e na área de um quadrado ao se ampliarem ou
Grandezas e
lado. reduzirem, igualmente, as medidas de seus lados, para
medidas
compreender que o perímetro é proporcional à medida do
lado, o que não ocorre com a área.
7º ano
Problemas envolvendo grandezas (EF07MA17) Resolver e elaborar problemas que envolvam
diretamente proporcionais e variação de proporcionalidade direta e de proporcionalidade
Álgebra
grandezas inversamente inversa entre duas grandezas, utilizando sentença algébrica
proporcionais. para expressar a relação entre elas.
8º ano
Variação de grandezas: diretamente (EF08MA12) Identificar a natureza da variação de duas
proporcionais, inversamente grandezas, diretamente, inversamente proporcionais ou não
proporcionais ou não proporcionais. proporcionais, expressando a relação existente por meio de
Álgebra sentença algébrica e representá-la no plano cartesiano.
(EF08MA13) Resolver e elaborar problemas que envolvam
grandezas diretamente ou inversamente proporcionais, por
meio de estratégias variadas.
9º ano
Funções: representações numérica, (EF09MA06) Compreender as funções como relações de
algébrica e gráfica. dependência unívoca entre duas variáveis e suas
Álgebra representações numérica, algébrica e gráfica e utilizar esse
conceito para analisar situações que envolvam relações
funcionais entre duas variáveis.
Grandezas diretamente proporcionais (EF09MA08) Resolver e elaborar problemas que envolvam
e grandezas inversamente relações de proporcionalidade direta e inversa entre duas ou
Álgebra proporcionais. mais grandezas, inclusive escalas, divisão em partes
proporcionais e taxa de variação, em contextos
socioculturais, ambientais e de outras áreas.
Relações métricas no triângulo (EF09MA13) Demonstrar relações métricas do triângulo
retângulo. retângulo, entre elas o teorema de Pitágoras, utilizando,
Teorema de Pitágoras: verificações inclusive, a semelhança de triângulos.
experimentais e demonstração. (EF09MA14) Resolver e elaborar problemas de aplicação do
Geometria
Retas paralelas cortadas por teorema de Pitágoras ou das relações de proporcionalidade
transversais: teoremas de envolvendo retas paralelas cortadas por secantes.
proporcionalidade e verificações
experimentais.
Fonte: Recorte da BNCC (BRASIL, 2018, p. 300-319).
106
Catia Maria Nehring – Rua 7 de Setembro, nº 547 – Edifício Aquarius – Apto 703 – Centro –
Ijuí/RS – 98700-000 – Fone (55) 9.9973-3777 – e-mail: catia@unijui.edu.br.
Bruna Maiqueli Epple – Rua Espírito Santo, nº 345 – Panambi/RS – 98280-000 – Fone: (55)
9.8412-2546 – e-mail: epplebruna@hotmail.com.
Ou ao Comitê de Ética em Pesquisa da UNIJUÍ – Rua do Comércio, nº 3000 – Bairro
Universitário – Ijuí/RS – 98700-000 – Fone (55) 3332-0301 – Fax (55) 3332-0331 – e-mail:
cep@unijui.edu.br.
_______________/RS, ______/______/________
_________________________________________
Assinatura do pai ou seu responsável legal
_________________________________________
Catia Maria Nehring
CPF: 431.406.960-00
_________________________________________
Bruna Maiqueli Epple
CPF: 033.263.940-12
115
TERMO DE ASSENTIMENTO
_______________/RS, ______/______/________
____________________________________
Assinatura
____________________________________
Catia Maria Nehring – Orientadora
CPF: 431.406.960-00
____________________________________
Bruna Maiqueli Epple – Pesquisadora
CPF: 033.263.940-12
116
Natureza da pesquisa:
( ) PTC – Projeto de trabalho de conclusão de curso de graduação
( ) PMo – Projeto de trabalho de conclusão de curso de especialização (monografia)
( X ) PDi – Projeto de trabalho de conclusão de curso de mestrado (dissertação)
( ) PTe – Projeto de trabalho de conclusão de curso de doutorado/pós-doutorado
(Tese)
Eu, Cátia Maria Nehring na condição de professor(a) orientador(a) declaro estar ciente do
projeto de pesquisa apresentado pelo(a) aluno(a) Bruna Maiqueli Epple, regularmente
matriculada no curso de:
( ) graduação; ( ) pós-graduação lato sensu; ( X ) pós-graduação stricto sensu do Mestrado
em Educação nas Ciências da Instituição UNIJUÍ para elaboração do seu trabalho de
encerramento de curso.
__________________________________
Cátia Maria Nehring
Professora Orientadora
__________________________________
Bruna Maiqueli Epple
Aluna