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BASES CELULARES E MOLECULARES II

Metabolismo de
Frutose e Galactose
Objetivos de aprendizagem
• Associar o metabolismo de frutose e galactose com seu acesso à via
glicolítica.

• Compreender as principais doenças e complicações relacionadas ao


metabolismo de frutose e galactose.
Caso 1 – Metabolismo da Frutose
Uma criança de 2 anos foi levada ao hospital sofrendo de náuseas, vômitos, abdome distendido e sintomas de
hipoglicemia juntamente com sudorese, tontura e tremedeira. Os pais indicaram que esses ataques ocorrem logo
após a ingestão de frutas (frutose) ou balas (sacarose). Como resultado desses sintomas, a criança foi desenvolvendo
uma forte aversão a frutas; A criança tinha peso abaixo do normal, mas não exibia qualquer um dos sintomas
anteriores durante o período de tempo em que foi alimentada no peito.
Uma série de exames clínicos demonstrou certa cirrose no fígado e um teste de tolerância à glicose mostrou
normal.
Substâncias redutoras (diferentes de glicose) foram detectadas na urina
Teste de tolerância à frutose foi realizado por injeção intravenosa de frutose. Dentro de 30 minutos, a criança
apresentou sintomas de hipoglicemia. A urina também foi positiva para frutose.
A história clínica e os resultados dos exames confirmaram o diagnóstico de Intolerância Hereditária à Frutose.
Perguntas:
1) Qual enzima está deficiente no caso acima?
2) Localize a reação catalisada por essa enzima no metabolismo da frutose.
3) Diferencie Intolerância Hereditária à Frutose de Frutosúria Essencial. Essa última é causada pela deficiência em
qual enzima? Ela é mais branda ou mais grave que a Intolerância Hereditária à Frutose?
Caso 2 – Metabolismo da Galactose
Um recém-nascido aparentemente normal começou a vomitar e teve diarreia após ingerir leite materno. Esses
problemas, e a desidratação, continuaram por vários dias, quando a criança começou a recusar alimento e a
desenvolver icterícia indicativa de lesão no fígado, seguidas por hepatomegalia e opacificação do cristalino
(cataratas).
Dosagem de glicose no sangue por método específico mostrou níveis baixos de glicose sanguínea, porém outro
exame indicou que a concentração de açúcares redutores estava bastante alta, tanto no sangue quanto na urina.
O açúcar redutor foi identificado como galactose, indicando uma anormalidade no metabolismo da galactose
A história clínica e os resultados dos exames confirmaram o diagnóstico de galactosemia clássica.
Perguntas:
1) Qual enzima está deficiente no caso acima?
2) Localize a reação catalisada por essa enzima no metabolismo da galactose.
3) Diferencie galactosemia clássica (Tipo 1) de galactosemia não-clássica (tipos 2 e 3). Quais as enzimas deficientes
na galactosemia tipo 2 e tipo 3?
Bioquímica Básica, Marzzoco e Torres, 4ed.
Frutose

● A Frutoquinase fosforila a frutose no fígado,


formando Frutose-1-P. Frutoquinase

● A Frutose-1-P é clivada pela Aldolase B,


produzindo diidroxiacetona-P (DHAP) e
gliceraldeído. A DHAP já é um intermediário Aldolase B
da via glicolítica. O gliceraldeído é fosforilado
pela Triose-quinase, formando gliceraldeído-
3-P, o qual também é um intermediário da
Triose-
via glicolítica. quinase

● DHAP e gliceraldeído-3-P são intermediários


da via glicolítica e podem entrar diretamente
na glicólise ou na gliconeogênese

Bioquímica, Stryer, 7ed


Frutose
● 10% das calorias contidas nas
dietas ocidentais provêm da
frutose (aproximadamente 55 g
dia);
● Sua principal fonte é o dissacarídeo
sacarose, que, ao ser clivado no
intestino, libera frutose e glicose. A
frutose também é encontrada
como monossacarídeo livre em
muitas frutas, no mel e no xarope
de milho com alta concentração de
frutose;
● A entrada de frutose nas células
não é dependente da insulina
(diferentemente da glicose em
certos tecidos) e, ao contrário da
glicose, a frutose não promove a
secreção de insulina.

Bioquímica Médica Básica de Marks, 2ed.


A rota poliol converte glicose em frutose:
Metabolismo do sorbitol

A frutose pode ser sintetizada a partir de glicose na rota poliol. Na


primeira etapa dessa rota, a glicose é reduzida a seu derivado
alcóolico sorbitol pela enzima aldose-redutase, e esse é então
oxidado a frutose pela enzima sorbitol-desidrogenase. A frutose é a
principal fonte de energia utilizada pelos espermatozoides no líquido
seminal.

A atividade da enzima aldose-redutase pode levar a grandes


problemas nas lentes do olho, onde é responsável pela produção de
sorbitol a partir de glicose e galactitol a partir de galactose. Quando
concentração de glicose ou galactose está elevada no sangue, seu
respectivo derivado alcóolico é sintetizado nas lentes de forma mais
rápida do que pode ser removido, resultando em pressão osmótica
aumentada dentro das lentes. Além disso, altos níveis dos
monossacarídeos nas lentes resulta em glicosilação não-enzimática
das proteínas. O resultado da pressão osmótica aumentada e da
glicosilação das proteínas das lentes é uma opacidade das lentes
conhecida como catarata.

Harvey & Ferrier. Bioquímica Ilustrada.


Resumo do
Metabolismo da
Frutose

Harvey & Ferrier. Bioquímica Ilustrada.


Galactose

Galactoquinase

Galactose-1-P uridiltransferase

UDP-Galactose- Fosfoglicomutase
epimerase

Bioquímica Médica Básica de Marks, 2ed.


Galactose
A Galactoquinase fosforila a galactose, formando
Galactose-1-P.

A Galactose-1-P não pode entrar diretamente na via


glicolítica e não pode ser convertida diretamente a Glicose-
1-P. Portanto, ela é primeiramente convertida a UDP-
galactose. Isso ocorre em uma reação de troca com outro
nucleotídeo açúcar, a UDP-glicose. Nessa troca, a UDP-
glicose reage com a galactose-1-P, produzindo UDP-
+ Glicose-1-P galactose e glicose-1-P. Essa reação de troca é catalisada
pela enzima Galactose-1-P-uridiltransferase (GALT).

A glicose-1-P produzida pode ser convertida a glicose-6-P, a


qual é um intermediário da via glicolítica. Essa reação é
catalisada pela enzima fosfoglicomutase.

A UDP-galactose pode agora ser convertida a UDP-Glicose


pela enzima UDP-glicose-epimerase.

O efeito líquido desse ciclo é a conversão de Galactose-1-P


a Glicose-1-P. Não há produção ou consumo líquido de
UDP-glicose ou UDP-galactose.

Bioquímica Médica Básica de Marks, 2ed.


Convesão da Galactose em
Glicose-1-P

Princípios de Bioquímica de Lehninger, 6ed.


Resumo do
Metabolismo da
Galactose

Harvey & Ferrier. Bioquímica Ilustrada.


Síntese de lactose
● A síntese de dissacarídeos e carboidratos mais complexos é mediada pelos
nucleotídeos-açúcar.
● A lactose é produzida pelas glândulas mamárias da maioria dos mamíferos;
● A lactose é sintetizada no aparelho de Golgi pela lactose-sintase (UDP-
galactose: glicose-galactosiltransferase), que transfere a galactose da UDP-
galactose para a glicose, liberando UDP. Essa enzima é composta de duas
proteínas, A e B.
● A proteína A é uma beta-D-galactosiltransferase e é encontrada em vários
tecidos. Em outros tecidos que não as glândulas mamárias lactantes, essa
enzima transfere galactose da UDP-galactose para a N-acetil-D-glicosamina,
formando a mesma ligação beta(1→4) encontrada na lactose e produzindo
N-acetilactosamina.
● A proteína B (alfa-lactalbumina), por sua vez, é encontrada apenas nas
glândulas mamárias lactantes e a sua síntese é estimulada pelo hormônio
peptídico prolactina.
● A proteína B forma um complexo com a enzima, a proteína A, alterando a
especificidade daquela transferase de modo a produzir lactose, em vez de
N-acetilactosamina.

Adaptado de Harvey & Ferrier. Bioquímica Ilustrada.


Caso 1 – Metabolismo da Frutose
Perguntas: Intolerância Hereditária à Frutose.
1) Qual enzima está deficiente no caso acima?
Aldolase B (Frutose 1-fosfato aldolase)

2) Localize a reação catalisada por essa enzima no metabolismo da frutose.


A aldolase B realiza a quebra de frutose-1-fosfato em DHAP e Gliceraldeído

3) Diferencie Intolerância Hereditária à Frutose de Frutosúria Essencial. Essa última é causada pela deficiência em qual
enzima? Ela é mais branda ou mais grave que a Intolerância Hereditária à Frutose
A enzima frutoquinase está deficiente na frutosúria essencial. Essa doença é uma anomalia metabólica assintomática
benigna, que parece ser herdada como um traço autossômico recessivo. Após a ingestão de frutose, os níveis sanguíneos e
urinários de frutose dos indivíduos afetados ficam excepcionalmente elevados; contudo, 90% da frutose ingerida é
eventualmente metabolizada.
Diferentemente, a intolerância hereditária à frutose, causada pela deficiência da Aldolase B, é caracterizada por grave
hipoglicemia, icterícia, hemorragia, hepatomegalia, uricemia e eventual insuficiência renal. A ingestão de frutose ou a
ingestão prolongada por crianças pequenas afetadas pode levar à morte.
Os pais da criança foram orientados a eliminar alimentos contendo frutose ou sacarose da dieta da criança, após o que os
sintomas desapareceram.
Caso 2 – Metabolismo da Galactose
Perguntas: galactosemia clássica.
1) Qual enzima está deficiente no caso acima?
Galactose 1-fosfato uridiltransferase.

2) Localize a reação catalisada por essa enzima no metabolismo da galactose.


A Galactose-1-fosfato uridiltransferase catalisa a conversão de galactose-1-P em glicose-1-P por intermédio de UDP-glicose. A
deficiência dessa enzima leva ao acúmulo de galactose e galactose-1-P nos tecidos. O acúmulo de galactose-1-P interfere
com o metabolismo do fosfato e da glicose, levando à lesão tecidual, falência de órgãos e retardo mental. Além disso, o
acúmulo de galactose nos tecidos resulta na conversão de galactose em galactitol, a qual resulta, no cristalino ocular, em
estresse osmótico e desenvolvimento de cataratas.

3) Diferencie galactosemia clássica (Tipo 1) de galactosemia não-clássica (tipos 2 e 3). Quais as enzimas deficientes na
galactosemia tipo 2 e tipo 3?
A galactosemia clássica (tipo 1) é a forma mais grave da doença, causada pela deficiência da galactose 1-fosfato
uridiltransferase. A galactosemia tipo 2 é causada por deficiência da galactoquinase, causando uma doença relativamente
leve, caracterizada por formação precoce de catarata. A galactosemia tipo 3 é causada por deficiência da UDP-galactose-4-
epimerase. Os efeitos tóxicos dos metabólitos da galactose desaparecem quando a galactose é removida da dieta.
Harvey & Ferrier. Bioquímica Ilustrada.
Harvey & Ferrier. Bioquímica Ilustrada.

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