Durante um semestre letivo, uma turma da Faculdade Teológica
Batista de Brasília - FTBB, caracterizada por grande variedade denominacional, trabalhou para definir "Avivamento Espiritual", tendo como recursos pesquisas, entrevistas e leituras. O resultado foi o decálogo abaixo. Como trabalho final de curso, os alunos redigiram seu texto pessoal, que ampliava cada conceito, numa síntese pessoal dos achados.
Este texto-síntese veio a ser adotado pela Igreja Presbiteriana do
Planalto-IPP, como pastoral à igreja.
1. O que é avivamento espiritual?
1.1. É o resultado da ação do Espírito na vida do crente,
enchendo-o e habilitando-o para cumprir a vontade do Senhor no seu contexto específico de vida. Tem, também a conotação coletiva de um movimento.
1.2. É resultado também da ação (permissão, ou submissão) do
homem, no sentido de buscar santidade e de se deixar encher por Deus.
1.3. Acontece, normalmente em momentos de crise da igreja,
seja por pecado, seja por apatia, desnorteamento ou por desobediência à sua vocação e missão.
2. O verdadeiro avivamento espiritual se caracteriza por:
2.1. Uma forte ênfase no conhecimento, obediência e
proclamação da Palavra de Deus;
renascimento do amor pela Palavra leitura
devocional e estudo individual, familiar, em grupos e na igreja; renascimento do amor pelo Senhor da Palavra obediência; renascimento da certeza sobre a Palavra fé e proclamação.
2.2. Uma forte ênfase na oração, como relacionamento íntimo e
amoroso com Deus;
o renascimento do amor pelo Senhor leva à
busca de sua intimidade, sua presença, seu conselho, sua vontade; a oração como fortalecimento da alma o pulmão da alma; a oração como a invasão do invisível exercício de fé;
2.3. Desabrochar dos dons espirituais, sem que isso provoque
competições, comparações nem orgulho;
a busca explícita, coletiva e individual das
habilitações, carismas e manifestações do Espírito de Deus, que nos equipa para sua obra; o desabrochar dos ministérios, conseqüências daqueles dons, quando oferecidos em humildade, obediência e anonimato; o desabrochar da felicidade de estar fazendo, por menor que seja o vaso, transbordar.
2.4. Eleição de Deus como centro de devoção;
uma progressiva descentralização de si mesmo,
para concentração em Deus ; uma descentralização da igreja e das coisas da igreja, para o Deus da igreja; uma centralização de Deus, nas decisões, nos negócios, no ministério, no cotidiano, no fervor, no comer, no andar paixão.
2.5. Grande sensibilidade ética;
uma capacidade de distinguir o certo do errado
proveniente do amor, e não do estudo de ética (esse pode até vir); uma capacidade sobrenatural de responder a essa sensibilidade, com ações, reações e coragem; uma capacidade de perceber injustiças acidentais, pessoais, estruturais e mesmo históricas e lutar por repará-las.
2.6. Transbordamento da comunhão e do compromisso
comunitário com a Aliança e suas implicações;
crescente disponibilidade para as necessidades
dos irmãos (respeitados os traços de personalidade); crescente busca dos irmãos, numa manifestação de dependência e humildade; crescente amadurecimento de compromissos tácitos, de motivação individual e anônima, que se materializam em presença, constância, fidelidade, fidedignidade, permanência, paciência, benignidade, bondade, altruísmo e serviço humilde.
2.7. Forte impulso evangelístico e amor pelas almas desvalidas
(órfão, viúva e estrangeiro);
desabrochar do fervor evangelístico, movido
pelo amor, e não apenas por um "ide"; fervor esse que rompe fronteiras, que fala, que exorta, que sofre, que chama, que explicita, que abre a Bíblia (como já não temos mais coragem de fazer), que passa por bobo mas que testemunha; redescoberta de meios e estratégias adequadas para o evangelismo institucional, coletivo, eclesiástico, contextualizado, que dá complemento ao trabalho individual (cultos ao ar-livre, acampamentos, seminários, palestras, cruzadas, etc); desenvolvimento de mecanismos de paternidade responsável: obstetras e pediatras trabalhando juntos.
2.8. Crescente impulso à adoração e fervor;
uma nova alegria, um novo cântico, uma nova
adoração, um novo compromisso, um novo espírito, uma nova exultação, uma nova sensibilidade para o mover do Espírito de Deus; uma inusitada e crescente vontade de adorar, cantar, louvar (reconhecer Deus nas coisas do dia) orar; de submeter as coisas, os fatos e acontecimentos do cotidiano a Deus, nas conversas, no compartilhar, na comunhão, no culto e fora dele de uma igreja de orações para uma igreja de oração.Uma nova exultação pelo reconhecimento dos feitos de Deus; um novo fôlego de afeição e confiança em Deus, que leva à adoração, à ousadia espiritual, ao dispender de tempo na pesença de Deus, à fé bíblica, aos dons, à misericórdia, ao perdão, à superação de limitações pessoais, relacionais; à superação do impossível, do impensável, do imponderável seja pela interveniência do milagre, seja pelo milagre da compreensão, discernimento, submissão e aceitação dos desígnios de Deus.
2.9. Forte ênfase na definição, ampliação e focalização da
dimensão de missão;
rápido amadurecimento da identidade da igreja
e do crente, individualmente, quanto ao seu papel no meio em que está; o amor acha seu próximo, acha meios, acha caminhos; reavivamento de seu fervor e compromisso em relação a missões, sejam transculturais, sejam urbanas; crescente compreensão do caráter da encarnação como símbolo do amor sacrificial que vai buscar o perdido onde ele está, para trazê-lo para o Pai.
2.10. Manifestação do fruto do Espírito, com ardente fervor,
num misto (paradoxal) de ardor e humildade.
rápida "desestrelização" dos servos de Deus,
desaparecimento da necessidade de aprovação para o exercício da piedade, da busca de aprovação institucional para o uso de dons e exercício de ministérios; manifestação anônima, humilde e construtiva de amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio; crescente capacidade de aceitar a provação, a dor e o sofrimento, com humildade e resignação, como quem confia que não cai um fio de cabelo da cabeça sem que Deus consinta.E mais: a capacidade de exultar nas tribulações, sabendo que ela produz perseverança, onde há o Espírito de Deus; e a perseverança experiência; e a experiência, esperança.
Sobre o autor: Rubem Amorese é presbítero na Igreja
Presbiteriana do Planalto - IPP em Brasília. Agradecemos ao autor pela autorização escrita para publicarmos os seus artigos no Monergismo.com. Outros artigos do autor podem ser acessados em http://www.amorese.com.br/.
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