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Contabilidade Avançada

Prof. Fabio Darci Kowalski

2011
Copyright © UNIASSELVI 2011

Elaboração:
Prof. Fabio Darci Kowalski

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

657.046
K884 c Kovalski, Fabio Darci
Contabilidade avançada / Fabio Darci Kowalski.
Indaial : Uniasselvi, 2011.

227 p. il.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-449-2

1. Contabilidade avançada I. Centro Universitário


Leonardo da Vinci
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a)!

Iniciamos os estudos de Contabilidade Avançada. Vamos mergulhar


num universo mágico, onde as tecnologias da informação nos permitem
a utilização de técnicas da aprendizagem de maneira a trilhar com mais
eficiência os caminhos do saber fazer. É você quem deve controlar o seu
processo de aprendizagem. Deverá seguir caminhos que, em parte, estão
estabelecidos, tais como os encontros presenciais, os encontros midiáticos,
o período de autoestudo, a realização de autoatividades e caminhos de
aprendizagem traçados por você, que terão convergências momentâneas
com os caminhos de outros aprendizes, momentos em que as interações
serão necessárias, possíveis e, certamente, intensas. Você deverá vivenciar
situações nas quais os Sistemas de Informação serão usados como recursos
educacionais.

A Contabilidade Avançada abrange determinados temas que


auxiliam diariamente o contador na tomada de decisão. Por se tratar de
um assunto mais técnico, a contabilidade avançada somente é apresentada
nas disciplinas finais dos cursos de graduação em Ciências Contábeis, uma
vez que o acadêmico, nesta fase, já possui uma visão mais ampla sobre a
sistemática contábil. A contabilidade avançada permite ao contador se
diferenciar no mercado de trabalho, pois abrange temas que podem gerar
grande economia para as empresas.

O Caderno de Estudos da disciplina de Contabilidade Avançada foi


construído com esta intenção. Apresentamos, na sua Unidade 1, o custo de
oportunidade e o método de avaliação de empresas. Na Unidade 2, os juros
sobre capital próprio e a avaliação de investimentos e sociedades controladoras,
controladas e coligadas. E, por fim, na Unidade 3, apresentamos a consolidação
das demonstrações financeiras e a contabilidade de matriz e filial.

Então, mãos à obra!

Prof. Fabio Darci Kowalski

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1: CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO
DE EMPRESAS ............................................................................................................ 1

TÓPICO 1: CUSTO DE OPORTUNIDADE .................................................................................... 3


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3
2 A EVOLUÇÃO E CONCEITOS DO CUSTO DE OPORTUNIDADE ..................................... 3
3 ENFOQUE ECONÔMICO E CONTÁBIL .................................................................................. 9
4 TAXA DE OPORTUNIDADE .......................................................................................................... 11
5 PROCESSO DECISÓRIO ................................................................................................................. 11
6 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CUSTO DE OPORTUNIDADE .................................... 12
7 MODELOS DE APLICAÇÃO DO CONCEITO DE CUSTO DE OPORTUNIDADE .......... 12
8 A TEORIA DA UTILIDADE E OS CUSTOS DE OPORTUNIDADE ..................................... 14
9 APLICABILIDADE DO CONCEITO DE CUSTO DE OPORTUNIDADE ............................ 16
10 PREÇO DE TRANSFERÊNCIA E CUSTO DE OPORTUNIDADE ....................................... 17
11 CUSTO DE OPORTUNIDADE NOS ESTOQUES ................................................................... 20
12 APLICAÇÃO DO CUSTO DE OPORTUNIDADE ÀS DECISÕES DE PREÇO ................. 21
13 A NATUREZA ECONÔMICA DOS CUSTOS ........................................................................... 22
13.1 CUSTOS SOCIAIS ................................................................................................................... 22
13.2 CUSTOS EXPLÍCITOS ............................................................................................................ 22
13.3 CUSTOS IMPLÍCITOS OU DE OPORTUNIDADE ............................................................ 23
13.4 CUSTO DO CAPITAL ............................................................................................................. 23
14 CONTROVÉRSIAS DO CUSTO DE OPORTUNIDADE ....................................................... 23
15 EVA – ECONOMIC VALUE ADDED ............................................................................................. 24
16 EXEMPLOS DIVERSOS ................................................................................................................. 26
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 34
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 35

TÓPICO 2: MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS ............................................................ 41


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 41
2 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS ......................................................................................................... 41
3 MÉDODO DO VALOR CONTÁBIL COMO BASE PARA A AVALIAÇÃO ......................... 42
4 MÉTODO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO CORRENTE COMO BASE PARA
A AVALIAÇÃO ................................................................................................................................... 45
5 MÉTODO DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS COMO BASE PARA AVALIAÇÃO ......... 47
5.1 CUSTO MÉDIO PONDERADO DO CAPITAL ....................................................................... 50
5.2 HORIZONTE E PREVISÃO DO LUCRO PROJETADO . ....................................................... 56
5.3 CUSTO DE OPORTUNIDADE E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO INICIAL ............................ 57
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 62
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 65
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 66

UNIDADE 2: JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO E AVALIAÇÃO DE


INVESTIMENTOS E SOCIEDADES CONTROLADORAS,
CONTROLADAS E COLIGADAS .......................................................................... 71

VII
TÓPICO 1: JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO ........................................................................... 73
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 73
2 CONCEITUALIZAÇÃO DOS JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO ..................................... 73
3 TRATAMENTO LEGAL ................................................................................................................... 76
3.1 IMPOSTO DE RENDA . ............................................................................................................... 77
3.2 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO . .................................................... 80
4 REGISTRO COMO DESPESA FINANCEIRA ............................................................................ 81
5 RESERVA DE REAVALIAÇÃO E AJUSTE DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL .................... 82
6 IMPOSTO DE RENDA NA FONTE ............................................................................................... 85
7 JUROS SOBRE JUROS ..................................................................................................................... 85
8 REFLEXOS NAS INVESTIDORAS ................................................................................................ 88
8.1 INVESTIDORES DIVERSOS E SUA FORMA DE TRIBUTAÇãO . ....................................... 91
8.2 CONVENIÊNCIA DA DISTRIBUIÇÃO DO PONTO DE VISTA DO ÔNUS
TRIBUTÁRIO . .................................................................................................................................... 92
9 CÁLCULO DOS JUROS PRO RATA ............................................................................................. 95
10 IMPUTAÇÃO DOS JUROS AOS DIVIDENDOS OBRIGATÓRIOS ................................... 98
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 100
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 101

TÓPICO 2: AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E SOCIEDADES CONTROLADORAS,


CONTROLADAS E COLIGADAS .................................................................................................... 107
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 107
2 MÉTODO DE CUSTO ...................................................................................................................... 107
2.1 PARTICIPAÇÕES EM OUTRAS EMPRESAS . ......................................................................... 109
2.2 NOTAS EXPLICATIVAS .............................................................................................................. 110
2.3 DIVIDENDOS OU LUCROS RECEBIDOS ............................................................................... 111
3 MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL ...................................................................... 112
3.1 ASPECTOS LEGAIS .................................................................................................................... 116
3.2 MÉTODO DO CUSTO X MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA .................................................. 116
3.3 QUEM DEVE APLICAR A EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL . .......................................... 118
3.3.1 Coligadas ............................................................................................................................. 119
3.3.2 Equiparadas às coligadas .................................................................................................. 119
3.3.3 Controladas ......................................................................................................................... 120
3.3.4 Variações no patrimônio líquido da investida ............................................................... 120
3.4 AQUISIÇÃO DE INVESTIMENTOS COM ÁGIO OU DESÁGIO ....................................... 121
3.4.1 Fundamento econômico do ágio e do deságio . ............................................................. 124
3.4.2 Amortização do ágio e deságio ........................................................................................ 125
3.5 LUCRO OU PREJUÍZO NÃO REALIZADO . ......................................................................... 127
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 129
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 133
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 134

UNIDADE 3: CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E


CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL ........................................................... 143

TÓPICO 1: CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ........................... 145


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 145
2 CONCEITUALIZAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
CONSOLIDADAS ............................................................................................................................ 145
3 TRATAMENTO LEGAL ................................................................................................................... 147
4 O QUE SÃO DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS CONSOLIDADAS .................................... 147

VIII
5 EMPRESAS OBRIGADAS A ELABORAR AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
CONSOLIDADAS ............................................................................................................................ 149
6 DEMONSTRAÇÕES CONSOLIDADAS E EM SEPARADO (INDIVIDUAL)
CONFORME A RESOLUÇÃO 1.262/2009 DO CFC .................................................................... 151
7 PROCESSO DE ELABORAÇÃO .................................................................................................... 152
8 NOTAS EXPLICATIVAS .................................................................................................................. 157
9 EXEMPLOS DE CONSOLIDAÇÃO ............................................................................................... 157
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 171
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 172

TÓPICO 2: CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL ................................................................ 187


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 187
2 CONCEITUALIZAÇÃO DE MATRIZ ........................................................................................... 187
3 CONCEITUALIZAÇÃO DE FILIAIS, SUCURSAIS E AGÊNCIAS ........................................ 188
4 FORMAS DE CONTABILIZAÇÃO ENTRE MATRIZ E FILIAL ............................................. 189
5 APURAÇÃO FISCAL E TRIBUTÁRIA ......................................................................................... 190
6 EXEMPLOS ......................................................................................................................................... 194
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 207
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 211
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 212
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 222

IX
X
UNIDADE 1

CUSTO DE OPORTUNIDADE E
MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE
EMPRESAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade você será capaz de:

• interpretar o custo de oportunidade em relação a investimentos;

• conhecer algumas das principais formas de avaliação de empresas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade de estudo está dividida em dois tópicos. Neles, você encontrará
a definição e interpretação do custo de oportunidade, bem como uma
abordagem acerca dos métodos contábeis de se avaliar uma empresa, além
de vários exemplos práticos e exercícios de fixação, que serão desenvolvidos
no decorrer dos estudos de cada tópico.

TÓPICO 1 – CUSTO DE OPORTUNIDADE

TÓPICO 2 – MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

CUSTO DE OPORTUNIDADE

1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico, identificaremos e interpretaremos o custo de
oportunidade.

Veremos os principais conceitos do custo de oportunidade, sua


aplicabilidade no mercado por meio de exemplos práticos em investimentos
diversos e a diferenciação entre seu enfoque econômico e contábil.

Constataremos que para todo e qualquer investimento, faz-se necessário


um estudo prévio, uma comparação entre o custo benefício, financeiro e/ou
econômico, além da consideração do fator risco.

2 A EVOLUÇÃO E CONCEITOS DO CUSTO DE


OPORTUNIDADE
Sabe-se que a Contabilidade, em geral, tem a função de controlar a
movimentação patrimonial, em que se registram as alterações dos valores de
bens, direitos e obrigações e demonstrar a posição financeira da empresa. Estas
informações são direcionadas aos usuários externos, como, por exemplo, acionistas,
credores e autoridades governamentais. Os dados analisados são passados, ou
seja, fatos que já ocorreram, sem deixar qualquer argumento ou ferramenta para
uma tomada de decisão errônea, executada pelos administradores.

Neste contexto, a Contabilidade pode ser visualizada como um sistema


a fim de fornecer informações financeiras e operacionais direcionadas para os
usuários internos – administradores, funcionários etc. – melhorando, então, a
tomada de decisão.

3
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

NOTA

O custo de oportunidade é um método utilizado pelos gestores. Sua finalidade


é analisar as diversas formas de maximizar seus resultados. Estas análises podem verificar se
o retorno sobre o capital investido é positivo ou não, pois se verifica o custo benefício de
determinadas mudanças ou acontecimentos existentes na empresa.

As empresas que disponibilizam recursos financeiros para determinados


investimentos, ficam de frente com diversas alternativas e possibilidades de sua
aplicação. Sabe-se que estes recursos para investimento são bastante escassos e,
por esta razão, os gestores devem analisar a melhor alternativa de investimento,
utilizando-se das ferramentas existentes para tal tomada de decisão.

Quando a empresa tem mais de uma alternativa para tomada de decisão,


pode estar diante do conceito de custos de oportunidade. Neste contexto, verifica-
se a importância da análise antes da tomada de decisão, pois, caso esta decisão seja
errada, a empresa arcará com seus reflexos, que na maioria das vezes resultam
em prejuízos capazes de comprometer o equilíbrio financeiro.

UNI

Na busca de informações sobre o resultado das organizações, sentimos ser


necessário abordar também o EVA (Economic Value Added), pois seria uma alternativa
de operacionalizar este conceito e avaliar o resultado esperado pelos acionistas. A
conceitualização do EVA será analisada no decorrer deste tópico.

As empresas estão diante da necessidade da informação. Muitas vezes,


a contabilidade financeira não consegue satisfazer a necessidade de seus
usuários sob a ótica da informação gerencial, ou seja, da informação voltada à
maximização dos resultados. Pode-se ainda dizer que a tradicional contabilidade
prepara informações para os usuários externos, que têm objetivos bem diferentes
dos usuários internos. As decisões dos gestores estão relacionadas às alternativas
existentes para a aplicação de recursos. Neste sentido, ressalta-se a necessidade
da análise das alternativas antes da tomada de decisões. Desta forma, diminuem
as possibilidades de investimento em alternativas com menos rentabilidade.

4
TÓPICO 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE

NOTA

Pode-se entender então que o custo de oportunidade ocorre quando existirem


no mínimo duas alternativas possíveis para a tomada de decisão.

Na concepção de Beuren (1993, p. 2), “um aspecto relevante é que a opção


de uma alternativa implica o abandono ou sacrifício da(s) não escolhida(s).
Assim, o custo de oportunidade da alternativa escolhida é o custo da alternativa
abandonada que lhe proporcionaria maior satisfação”.

Então, este custo equivale ao valor de um recurso e à sua melhor


utilização, ou seja, é o custo de escolher a melhor alternativa, com condições
de obter um maior benefício. Neste sentido, percebe-se que as empresas estão
utilizando o conceito do custo de oportunidade em todos os momentos, pois os
gestores estão optando por determinadas alternativas no seu dia a dia. O custo de
oportunidade não está relacionado apenas às alternativas de investimento, mas,
sim, em qualquer decisão que o gestor tenha que optar podendo ser em compras,
vendas, estoques etc.

O custo de oportunidade é um tema relativamente antigo, tendo seu


desenvolvimento na teoria econômica. Atualmente existem vários conceitos
sobre o tema, principalmente na área contábil, onde tem sido muito discutidos,
principalmente, no meio acadêmico.

Segundo Nascimento (1998, p. 34),

A trajetória de estudo dos custos de oportunidade tem sua origem no


resultado das observações dos pensadores da Teoria Econômica. Não
obstante o assunto ter se tornado um tema relativamente discutido
pelas Teorias Contábil, de Administração e Econômica, foi na
Economia Clássica, a partir das discussões acerca da Teoria do Valor,
que o assunto teve seu berço e uma de suas fases mais importantes.

Para que as decisões da empresa sejam cuidadosamente analisadas e que


resultem em resultado positivo, faz-se necessário entender o conceito de custo de
oportunidade.

Representa o custo de oportunidade o quanto a empresa sacrificou


em termos de remuneração por ter aplicado seus recursos numa
alternativa ao invés de em outra, implicando a sua apuração na
comparação entre os resultados de diferentes alternativas de aplicação
de recursos. (MARTINS, 1998, p. 250).

5
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

Neste sentido, o custo de oportunidade não representa saída de dinheiro


do caixa, como, por exemplo, os demais custos existentes na empresa. Para melhor
interpretação compara-se com o custo de mão de obra, sendo que neste sim ocorre
um efetivo desembolso, ou seja, uma saída de dinheiro. O custo de oportunidade
poderia ser a diferença ao menor preço que se obtém em decidir investir em
determinada alternativa ao invés de optar por uma segunda possibilidade de
investimento.

Imagine que determinada empresa efetuará um investimento na primeira


alternativa existente em seu contexto, e que este resulte em um lucro $ 10. Caso
esta mesma empresa invista a mesma expressão monetária na segunda alternativa
teria um lucro $ 15. Sendo assim, a alternativa que será deixada para trás seria o
custo de oportunidade.

Pode-se concluir neste simples exemplo que se a empresa optar pela


primeira alternativa o custo de oportunidade será $ 15, pois este é o valor que se
está desprezando, porém, se a empresa optar pela segunda alternativa, o custo de
oportunidade será $ 10, pois este é o valor que se está desprezando.

Beuren (1993, p. 1) faz algumas considerações sobre custo de oportunidade,


entre elas a seguinte:

Um ponto que deve ser ressaltado é que a contabilização do custo de


oportunidade não se limita apenas à sua importância na apuração
do resultado econômico da empresa. A aplicação efetiva do conceito
de custo de oportunidade na Contabilidade está, também, voltada a
fornecer subsídios importantes para a avaliação de desempenho dos
gestores, taxa de retorno nas decisões sobre investimentos, decisões
do tipo comprar x fabricar, formação e acompanhamento do cálculo
do preço de venda etc.

Nos dias atuais, os recursos para investimento são cada vez mais escassos.
As empresas, os investidores etc. devem ter todas as ferramentas possíveis para
avaliar o desempenho do capital investido, eliminando, assim, as possibilidades
ou as alternativas que resultem em prejuízos. Por esta razão os gestores devem
não só conhecer o conceito do custo de oportunidade, como, também, utilizá-lo
no processo decisório.

Para Pereira e Oliveira (apud CATELLI, 2001, p. 389), “O custo de


oportunidade corresponde ao valor de um determinado recurso em seu melhor
uso alternativo. Representa o custo da escolha de uma alternativa em detrimento
de outra capaz de proporcionar um maior benefício, ou seja, é o custo da melhor
oportunidade a que se renuncia quando da escolha de uma alternativa”.

Nascimento (1998, p. 110) cita diversas definições de custos de


oportunidade por outros autores:

Glautier e Underdown: Pode ser medido como o valor da próxima


melhor alternativa abandonada, ou o recebimento líquido de caixa

6
TÓPICO 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE

perdido como resultado da escolha de uma alternativa em vez da


melhor seguinte.
Dopuch e Birnberg: O custo de oportunidade de qualquer ativo é
o valor que pode ser recebido se o ativo for usado em sua próxima
melhor alternativa.
Shillinglaw: Custo diferencial mensurado pela entrada líquida de caixa,
que se perderá se este for desviado de seu melhor uso alternativo. Esse
custo diferencial é conhecido como o custo de oportunidade.
Matz e Frank: Custo de oportunidade é o valor mensurável de uma
oportunidade secundária pela rejeição de um uso alternativo de
recurso.
Benke e Edwards: É a medida de sacrifício feito no sentido de seguir
um curso particular de ação.

Entretanto, segundo Nascimento (1998), com relação ao atributo que deve


ser imputado ao custo de oportunidade – lucro abandonado, o recebimento que
poderia ter sido obtido, o valor da melhor alternativa abandonada etc. – converge
na essência do conceito, ou seja, a decisão por um curso de ação implica a renúncia
de outras alternativas e dos benefícios delas decorrentes.

Dessa forma, o custo de oportunidade representa a escolha da melhor


alternativa dentre duas ou mais possíveis, é o comparativo do benefício da
alternativa escolhida com o benefício possível das demais.

Fischer (1971, p. 25) comenta que “um processo de escolha racional


não pode levar em consideração apenas a comparação dos benefícios com seus
custos, num sentido restrito. O verdadeiro resultado da escolha aparecerá com o
julgamento do resultado de alternativas de decisões rejeitadas”.

NOTA

De fato, os custos de oportunidade existem em razão da consequência


comparativa de diversas alternativas, e que estas, por sua vez, possuem características
distintas, o que poderá elevar o grau de dificuldade na sua escolha.

Deste modo, Nascimento (1998, p. 105) entende que

A questão da diferenciação dos riscos existentes em cada alternativa de


aplicação de recursos é um fator de dificuldade para a implementação
plena do conceito de custos de oportunidade. Essa reconhecida
limitação tem levado os estudiosos das áreas financeira e contábil a
buscarem meios alternativos que permitam a aplicação prática do
conceito.

Os riscos existentes nas alternativas são subjetivos, pois o retorno pode


ser positivo como também negativo. Esses riscos devem ser julgados diante de

7
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

várias alternativas, como, por exemplo, uma aplicação segura, como no caso da
poupança que limita o rendimento à correção atual, ou uma aplicação na bolsa de
valores, na qual os rendimentos podem ser bem superiores à poupança, o que faz
o risco aumentar consideravelmente.

Martins (1998, p. 255) também faz uma reflexão sobre os riscos, pois diz
que “normalmente esse tipo de comparação tende a ser um pouco difícil, em
função, principalmente, do problema do risco”.

Vamos considerar a definição de Pindyck e Rubinfeld (1994) citado por


Santos (1995, p. 9), para que depois possamos exemplificar os riscos existentes
nas alternativas.

[...] considere uma empresa que possua um edifício, portanto que não
paga aluguel pelo espaço ocupado por seus escritórios. Será que isto
estaria significando que o custo do espaço ocupado pelos escritórios
é zero para a empresa? [...] um economista observaria que a empresa
poderia ter recebido aluguéis por tal espaço, caso o tivesse alugado a
uma outra companhia. Este aluguel não realizado corresponde ao custo
de oportunidade de utilização do espaço dos escritórios, devendo ser
inserido como parte dos custos econômicos das atividades da empresa.

Considerando esta definição poderíamos dar o seguinte exemplo: uma


empresa vai utilizar seus recursos na compra de um prédio para alugar. O valor
que ela ganharia de aluguel é uma boa maneira de medir o custo de oportunidade
em comparativo, por exemplo, com o investimento numa outra fábrica de ramo
diferente ou até mesmo igual ao que já atua. O grau de risco de um e outro
empreendimento é bastante diferente. Por isso a comparação entre os retornos é
também sem muito sentido.

Segundo Pereira e Oliveira (apud CATELLI, 2001, p. 390),

Os pontos abordados a seguir estão implícitos ao conceito de custo de


oportunidade:
a) o custo de oportunidade de um fator representa, economicamente,
o seu verdadeiro valor;
b) o problema da decisão consiste na escolha de duas ou mais
alternativas viáveis de uso dos recursos;
c) usos alternativos dos mesmos recursos podem propiciar diferentes
resultados; e
d) o que é sacrificado quando da opção por uma alternativa é
a possibilidade de obtenção de melhores resultados em outras
oportunidades.
Esses pontos sustentam algumas definições do Modelo de Gestão
Econômica relativamente à adoção do conceito:
a) as alternativas consideradas devem ser viáveis e possíveis diante da
estrutura operacional do negócio;
b) a diferença entre o custo de oportunidade dos recursos consumidos
no processo de obtenção de produtos/serviços e o custo efetivamente
incorrido espelha o valor adicionado pela atividade (resultado
econômico);

8
TÓPICO 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE

c) as alternativas devem considerar a natureza, o estado atual e futuro


da situação em avaliação;
d) para avaliação de desempenhos das áreas, devem ser consideradas
as alternativas que estão dentro dos limites de autoridade e
responsabilidade dos seus respectivos gestores; e
e) o mercado desempenha importante papel na determinação do custo
de oportunidade.

Considera-se então, que não basta apenas analisar duas ou mais


alternativas. Para que se possa verificar o custo de oportunidade é preciso que
essas alternativas tenham certa afinidade, que propiciem um horizonte de tempo
de retorno de investimento parecido e que não haja excessiva diferenciação de
mercado, como, por exemplo, produto, ponto comercial, carteira de clientes
fatores macroeconômicos etc.

Simplificando, pode-se dizer que analisar o custo de oportunidade


em se investir numa fábrica de sorvete ou numa metalurgia pode dificultar e
até neutralizar a eficácia do resultado desse custo de oportunidade, seja pela
diferenciação operacional ou pelos demais fatores que poderiam ser relacionados
às duas alternativas propostas.

3 ENFOQUE ECONÔMICO E CONTÁBIL


O custo de oportunidade pode ter dois enfoques, ou seja, o enfoque
econômico e o contábil. Pode-se verificar que o enfoque econômico é muito mais
utilizado, enquanto que o contábil fica um pouco de lado em razão de não ter
uma forma específica de ser contabilizado na contabilidade financeira, sendo,
principalmente, utilizado na contabilidade de custos e gerencial.

Sob o enfoque econômico o custo de oportunidade, ou custo alternativo,


surge quando o decisor opta por uma determinada alternativa de ação
em detrimento de outras viáveis e mutuamente exclusivas, sendo
assim representa o benefício que foi desprezado ao se escolher uma
determinada alternativa em função de outras.
Sob o enfoque contábil, diversos pesquisadores contábeis procuraram
operacionalizar o conceito de custo de oportunidade, sob diversos
ângulos, dentre os quais a aplicação do conceito de custo de
oportunidade como uma informação relevante no processo decisório,
por meio de sua incorporação nos modelos de decisão dos gestores, de
forma paralela ao sistema formal de informação contábil, notadamente
na Contabilidade de Custos e na Contabilidade Gerencial. (SANTOS,
1995, p. 2).

Assim, o enfoque econômico no custo de oportunidade é direcionado


a opção que foi aceita num comparativo daquilo que se deixou para trás, seus
possíveis benefícios. O enfoque contábil, por sua vez, representa as informações
contábeis geradas, capazes de proporcionar ao tomador da decisão uma visão
mais ampla de sua gestão.

9
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

Segundo Santos (1995 p. 5), para melhor esclarecimento do conceito de


custo de oportunidade, sob o ponto de vista econômico, apresentam-se em ordem
cronológica, algumas definições expressas por diversos economistas sobre o tema:

WIESER (1860): Renda líquida gerada pelo uso de um bem ou serviço


no seu
melhor uso alternativo;
MEYERS (1942, p.194): Custo de produção de qualquer unidade de
mercadoria é o valor dos fatores de produção empregados na obtenção
desta unidade – o qual se mede pelo melhor uso alternativo que se
poderia dar aos fatores se aquela unidade não tivesse sido produzida;
BILAS (1967, p.168): Os custos dos fatores para uma empresa é igual
aos valores destes mesmos fatores em seus melhores usos alternativos;
LIPSEY E STEINER (1969, p. 215): O custo de se utilizar alguma coisa
num empreendimento específico é o benefício sacrificado (ou custo de
oportunidade) por não utilizá-lo no seu melhor uso alternativo;
LEFTWICH (1970, p. 123): O custo de uma unidade de qualquer recurso
usado por uma firma é o seu valor em seu melhor uso alternativo.

Da mesma forma, mas sob o enfoque contábil, Santos (1995) apresenta em


ordem cronológica uma resenha de várias definições expressas nesta área:

MORSE (1978, p. 32): É o recebimento líquido de caixa esperado, que


poderia ser obtido se o recurso fosse usado na outra ação alternativa
mais desejável;
KAPLAN (1982, p. 28): O Custo de oportunidade de um ativo é o seu
valor quando o mesmo é utilizado na próxima melhor alternativa;
BACKER E JACOBSEN (1984, p. 10): É o custo resultante de uma
alternativa a qual se tenha renunciado;
HORNGREN (1986, p. 528): É o sacrifício mensurável da rejeição de
uma alternativa; é o lucro máximo que poderia ter sido obtido se o
bem, serviço ou capacidade produtivos tivessem sido aplicados a
outro uso operacional;
GLAUTIER E UNDERDOWN (1986, p. 638): Pode ser medido como
o valor da próxima melhor alternativa abandonada, ou o recebimento
líquido de caixa perdido como resultado de preferir uma alternativa
ao invés da melhor seguinte;
MARTINS (1990, p. 208): O quanto a empresa sacrificou em termos de
remuneração por ter aplicado seus recursos numa alternativa ao invés
de em outra.

Ainda na visão de Santos (1995), a análise dos dois enfoques apresenta os


seguintes pontos em comum:

a) O conceito de custo de oportunidade pressupõe, pelo menos, a existência de


duas ou mais alternativas viáveis e mutuamente exclusivas para o decisor.

b) O custo de oportunidade refere-se a algum atributo específico do objeto de


mensuração ou avaliação.

c) O custo de oportunidade está associado ao valor dos bens e serviços utilizados.

10
TÓPICO 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE

4 TAXA DE OPORTUNIDADE
Para análise desta taxa devem-se levar em consideração as atividades de
uma forma abrangente, ou seja, todas as atividades são capazes de gerar resultados
econômicos e financeiros para a empresa. Neste sentido, é necessário definir quais
as taxas de oportunidade, que servirão de padrão de comparação com as operações
reais da empresa, podendo ser na remuneração dos recursos financeiros contidos no
ativo e no passivo da empresa, decorrente dos investimentos dos sócios e acionistas.

Esta comparação, através de seu resultado, é de grande importância para


verificar se a empresa ganhou ou perdeu quando tomou determinada decisão.
Também é possível avaliar se o gestor está agindo de maneira correta ou não.

Sobre este entendimento, Guerreiro (1989, p. 15) diz que

O custo de oportunidade do acionista sobre os ativos é calculado


com base em taxa de juro real de captação no mercado financeiro,
a responsabilidade do acionista sobre os passivos operacionais
(fornecedores de bens e serviços) é calculada com base em taxa de
juro real de aplicação no mercado financeiro, e a responsabilidade
dos acionistas sobre os passivos exigíveis (empréstimos bancários) é
calculada com base no juro real de captação do mercado financeiro.

NOTA

Quando o gestor tem que tomar determinadas decisões com relação a finanças
em determinada área de atividade, ele deve considerar o custo de oportunidade e as
variações na captação ou aplicação de recursos da empresa, em relação a esse custo, que
poderá proporcionar receita ou despesa financeira da atividade de finanças, podendo ser
uma atuação interna da empresa.

5 PROCESSO DECISÓRIO
Com um mercado cada vez mais globalizado, faz-se necessário oferecer
produtos e serviços com diferenciais (benefícios), que possam atrair um maior
número de clientes possível. Cabe à empresa tomar decisões que influenciarão
em seu futuro econômico. Dessa forma, escolher a opção mais vantajosa é questão
de sucesso ou fracasso nas organizações.

Segundo Nascimento (1998), em uma organização as decisões ocorrem de


forma sistematizada. Do planejamento empresarial, formal ou não, até as fases
de execução e controle, os passos mais comuns observados, em síntese, são: (I) a
identificação do problema a ser solucionado; (II) o estudo das diversas alternativas
de solução; (III) a opção pela melhor alternativa.

11
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

Ainda, segundo Nascimento (1998),

Na empresa, toda vez que existirem problemas de escolha entre


várias alternativas de ação, estará presente o conceito de custos de
oportunidade. Quando analisa várias alternativas de decisão, o decisor,
intuitiva ou propositadamente, sempre se perguntará se o benefício a
ser obtido, em relação ao sacrifício de recursos correspondentes, será
o melhor possível nas circunstâncias em que a decisão está sendo
tomada. Essa é a exata essência do conceito de custos de oportunidade.

6 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CUSTO DE


OPORTUNIDADE
Nascimento (1998, p. 54) apresenta uma síntese das principais contribuições
dos autores da Economia Clássica destacados para o tema custos de oportunidade:

Smith: Ao defender que o preço de uma mercadoria seria composto


pelos elementos trabalho, capital e terra, entendeu que o trabalho era
o elemento principal. O preço de um dado bem seria estabelecido
pela quantidade de trabalho necessário para sua obtenção, ou seja, o
trabalho seria uma unidade de troca, portanto, com vários empregos
alternativos;
Ricardo: Em suas discussões sobre as vantagens do comércio exterior,
Ricardo alerta para o fato de que, se ao invés de destinarmos nossos
esforços na produção dos bens “A” e “B”, conseguindo apenas
resultados razoáveis, usarmos nossa capacidade para a obtenção
somente do bem “A”, para o qual somos mais produtivos, o excedente
gerado na produção nos permitirá adquirir maior quantidade de B do
que aquela que poderíamos elaborar. Esse e outros entendimentos do
autor induzem ao conceito de custos de oportunidade;
Sênior: Sênior entendeu que o valor de um bem era composto não
apenas por capital terra e trabalho. Existia um outro elemento –
abstinência – que seria um fator determinante no preço. A abstinência
era um termo utilizado para expressar a conduta de alguém que se
abstém ou renuncia ao uso de algo, preferindo a produção de uma outra
coisa. No entendimento do autor, esse fator seria o que proporciona a
existência dos outros fatores componentes do preço de um produto. A
teoria de Sênior tornou iminente a Teoria de Custos de Oportunidade.

7 MODELOS DE APLICAÇÃO DO CONCEITO DE CUSTO DE


OPORTUNIDADE
Ao longo do tempo, vários foram os modelos criados para o cálculo e a
contabilização do custo de oportunidade.

De acordo com Nascimento (1998), nem todos aplicam o conceito


diretamente a cada decisão tomada na empresa e, sim, a um conjunto de decisões.
Um dos caminhos preferidos para a aplicação do conceito é o reconhecimento dos
juros sobre o capital empregado nas operações.

12
TÓPICO 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE

Nascimento (1998, p. 188), resume os pontos mais representativos da


evolução do conceito de custos de oportunidade:

Solomons: Assume que os custos envolvidos numa decisão não se


restringem aos desembolsos. Para ele, o custo de utilização de um ativo é o
maior valor que poderia ser obtido se aquele ativo tivesse sido empregado em
uma outra alternativa. Esse autor introduz o conceito de que a base de avaliação
das alternativas, para fins de comparação de resultados, é o valor presente do
fluxo de benefícios líquidos esperado para cada alternativa.

Fisher: Buscou relacionar a essência dos custos de oportunidade com


os custos efetivamente incorridos. Segundo esse autor, custos devem ser
analisados sempre sob dois diferentes enfoques: como o valor da alternativa
abandonada e como uma consequência direta de uma política ou programa
executado. Apesar de essa parecer uma posição óbvia dos autores da Escola
Contábil, poucos são os que buscam uma conciliação entre os dois conceitos
de custos.

Gray e Johnston: Esses autores entenderam que custo de oportunidade


é um lucro que poderia ter sido obtido se um conjunto de recursos tivesse sido
aplicado em um uso alternativo. Aqui, vemos introduzido o conceito de conjunto
de recursos, o que nos parece lógico, pois, uma decisão, normalmente, envolve
mais do que o consumo de um recurso, e a análise do conjunto parece mais
razoável do que avaliar o custo de oportunidade de cada elemento componente.
Os autores também introduzem o conceito de custos de oportunidade positivos
e negativos, sendo positivos quando, num processo de escolha, deixa-se de
conseguir algum lucro e, negativo, quando simplesmente se evita uma despesa
em função de alguma política ou decisão adotada.

Martins: Também para Martins, os custos de oportunidade representam


o quanto a empresa sacrificou, em termos de remuneração, por ter aplicado seus
recursos numa alternativa ao invés de em outra. Entretanto, esse autor ressalva
que, no momento de cada decisão, as alternativas podem ter níveis diferentes
de riscos, o que dificulta a comparação direta entre os resultados potenciais. O
autor defende que os custos de oportunidade devem ser vistos a partir de dois
diferentes enfoques: custo de oportunidade em relação a alternativas de igual
risco, ou, para efeito de comparação de resultados, tomando-se como base o
investimento de risco zero, ou seja, a taxa de juros praticada pelo mercado
para papéis governamentais. Martins observa ser necessária a comparação dos
resultados das alternativas com moedas de mesmo poder aquisitivo, isto é,
deve ser considerado o efeito inflacionário.

Leininger: Propõe que os custos de oportunidade sejam analisados com


base em duas dimensões diferentes: sob a situação de lucro e sob a situação de
custo. Para a situação de lucro, o custo de oportunidade é a diferença entre o
lucro, se a política correta tivesse sido adotada, e o lucro resultante da política
empregada. Para a situação de custo, o custo de oportunidade é a diferença

13
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

entre o custo incorrido e o custo que poderia incorrer caso tivesse sido
adotada a política correta. A contribuição desse autor consiste principalmente
na tentativa de recortar a abrangência das definições existentes sem afetar a
essência do conceito de custos de oportunidade.

Schlatter e Schlatter: Propõem um modelo de aplicação do conceito de


custos de oportunidade através do custo do capital próprio, calculado através
de uma taxa de juros aplicada sobre o valor do ativo fixo.

Anthony: Também aplica o conceito de custo de oportunidade através


do custo do capital próprio, mensurado através de taxa ponderada pela
estrutura de capital da organização, próprio e terceiros. Diferentemente de
Schlatter & Schlatter, entretanto, a base para a obtenção do valor dos juros é o
valor dos recursos consumidos nas operações.

Catelli: Aplica o conceito de custos de oportunidade na apuração dos


preços de transferência entre atividades. Ele define que o valor a ser transferido
é o do menor preço de mercado à vista, por entender que essa seria a melhor
oportunidade de compra que uma “área-cliente” teria se adquirisse o material
necessário às suas atividades diretamente do mercado. A essência do conceito é
também aplicada para o financiamento de ativos, nesse caso, as áreas remuneram
à área financeira o custo do capital utilizado. Os juros são calculados através da
menor taxa de captação de mercado por representar o melhor negócio possível
para as áreas, caso tivessem de captar os recursos diretamente do mercado. O
conceito de margem operacional também representa um enfoque dos custos
de oportunidade. Se positiva, representa que a decisão correta foi tomada,
se negativa, significa um custo de oportunidade em decorrência de a decisão
tomada não ter sido a mais apropriada. Catelli também emprega o conceito de
juros sobre o capital próprio concomitantemente ao de custos de oportunidade.

Stewart III: Associou o conceito de custo de oportunidade do investidor


à taxa de retorno do investimento. Desenvolveu um modelo de mensuração
voltado à avaliação de administradores com a aplicação direta do conceito de
custos de oportunidade.

8 A TEORIA DA UTILIDADE E OS CUSTOS DE OPORTUNIDADE


A teoria da utilidade está ligada ao grau de satisfação que o ser humano
tem ao suprir determinada necessidade. Quanto maior o número de pessoas que
tendem a adquirir determinado produto ou serviço, consequentemente, podem
se tornar escassos.

A escassez está relacionada com a lei da oferta e da procura. Quanto


maior for a procura maior será o preço de venda, dessa forma, quanto maior for
a oferta menor será o preço de venda.
14
TÓPICO 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE

NOTA

Os custos de oportunidade estão intimamente ligados a esta questão, pois a


parir do momento que determinado produto ou serviço estiver em falta, poderá ser uma
alternativa vantajosa sobre as demais, em se tratando do fator preço.

Assim, Nascimento (1998, p. 83) apresenta as principais contribuições


dadas por diversos autores onde são tratados o tema utilidade e o custo de
oportunidade:

Menger: Promoveu grandes mudanças na Teoria do Valor existente até


então. Para ele, o valor de um bem é derivado de sua capacidade de satisfazer
as necessidades humanas, de sua utilidade. Menger abriu caminho para que a
alocação de recursos produtivos fosse estudada a partir do enfoque do grau de
importância, ou de utilidade, que tais recursos têm para quem os possui e os
deseja aplicar.

Pareto: Também esse autor entendeu que o valor de um bem está


diretamente ligado a sua utilidade. Em termos de avaliação entre o consumo
de um ou outro produto, entretanto, as utilidades de ambos não devem ser
simplesmente comparadas. A satisfação plena pelo consumo de um produto
pode estar ligada ao consumo de outros. Além de existir essa interdependência,
que impede que o valor de um produto seja simplesmente parametrizado por
outro não consumido, Pareto afirmou que o grau de utilidade de um bem é
dinâmico, ou seja, depende das circunstâncias em que a análise é feita.

Samuelson: O autor entendeu que o termo satisfação não se aplica


diretamente às empresas que adquirem matérias-primas para transformá-las e
venderem os bens decorrentes. A satisfação deve ser vista apenas sob o ponto
de vista do consumidor final, e deve ser entendida como o meio que a empresa
tem para estabelecer o preço que cobrará por seus produtos.

Hicks: Relacionou a satisfação gerada pelo consumo de um bem a seu


preço, à demanda pelo mesmo e à renda de quem toma a decisão de consumo.
O autor introduziu o conceito de utilidade do dinheiro.

Wieser: Defendeu que o valor de um fator de produção, em qualquer


uso, é a utilidade abandonada de outros bens que poderiam ter sido produzidos
com os mesmos fatores. Esse autor dedicou-se ao estudo da alocação de recursos
produtivos à luz da Teoria da Utilidade. Em seu entendimento, os custos se
originam da própria limitação do ato de produzir, pois à medida que se toma
uma decisão de produção, dada a escassez de recursos, os fatores de produção

15
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

ficam comprometidos com aquele uso particular, sendo importante, a partir


daí, conhecerem-se os valores dos bens que poderiam ter sido produzidos
com aqueles recursos e não o foram. Esse raciocínio promoveu o interesse dos
autores da Teoria Econômica para o que, mais tarde, se chamaria custos de
oportunidade.

Green: A “Lei de Wieser”, como era conhecida a teoria defendida por


aquele autor, enfim, foi “batizada” por Green como custos de oportunidade,
mediante artigo no qual ele se refere a custos como uma combinação de fatores,
dentre os quais, o sacrifício de oportunidades.

Wicksteed: Entendeu que os custos de oportunidade não influenciavam


o preço do bem. O conceito, porém, era importante para a decisão de alocação
de recursos. Dessa forma, esse autor procurou vincular o conceito a decisões
futuras, minimizando sua importância no resultado de decisões passadas.

Davenport: O autor se dedicou a um estudo detalhado dos conceitos


de custos. Concluiu haver tipos diferentes de custos de oportunidade. Em
sua opinião, o conceito deve variar de acordo com o enfoque do problema
econômico sob análise; por exemplo, numa decisão de investimento, o custo
de oportunidade pode ser o juro que seria obtido sobre o capital consumido.
Segundo Davenport, custos de oportunidade sempre existirão, a menos que não
haja aplicações alternativas para o recurso em questão. Em suas observações,
também enfatizou o uso do conceito de custos de oportunidade como um fator
a ser considerado pelo decisor antes da tomada de decisão.

9 APLICABILIDADE DO CONCEITO DE CUSTO DE


OPORTUNIDADE
Ao longo do tempo, vários foram os modelos criados para o cálculo e a
contabilização do custo de oportunidade. Mas sabe-se que na contabilidade, de
acordo com os princípios contábeis, não existe, pelo menos até o momento, espaço
para uma conta específica do custo de oportunidade. Muitas empresas utilizam
os juros sobre capital próprio para remunerar seus acionistas, entende-se então,
que este procedimento se aproxima muito do conceito do custo de oportunidade,
pois, desta forma, o acionista pode verificar qual está sendo o retorno do capital
que foi investido na empresa, conseguindo comparar com outras alternativas que
o mercado oferece. Poder-se-ia dizer que o acionista quando investiu na empresa,
provavelmente, desprezou alternativas que no momento existiam para aplicar
seu capital e que, então, ele estava diante do conceito do custo de oportunidade.

De acordo com Nascimento (1998, p. 129), são evidenciados “vários


modelos para o cálculo e contabilização dos custos de oportunidade. Nem todos
aplicam o conceito diretamente a cada decisão tomada na empresa e, sim, a um

16
TÓPICO 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE

conjunto de decisões. Um dos caminhos preferidos para a aplicação do conceito é


o reconhecimento dos juros sobre o capital, empregado nas operações.

Diante da legislação brasileira até 31/12/1995, existia a correção monetária


de balanço em que eram corrigidos os direitos dos acionistas. Com sua extinção
em janeiro de 1996, surge a forma de remunerar o capital social investido pelos
acionistas, através dos juros sobre o capital próprio.

Então, mesmo que na contabilidade tradicional financeira não se reconhece


o custo de oportunidade, ele tenta se desenvolver através dos juros sobre o capital
próprio, mensurado através de taxa determinada pelo mercado (TJLP – Taxa de
juros de Longo Prazo).

Nascimento (1998, p. 162) define que “Juros sobre o Capital Próprio


corresponde ao ‘custo de oportunidade’ do acionista, calculado sobre o valor do
patrimônio líquido do balanço imediatamente anterior”.

TUROS
ESTUDOS FU

O tópico Juros sobre Capital Próprio será apresentado na Unidade 2 deste Caderno
de Estudos.

Com relação à aplicação do conceito do custo de oportunidade na pessoa


jurídica, poderíamos descrever que ela própria consome seu capital quando este é
aplicado em determinadas ações da companhia. Desta forma, estaria utilizando o
conceito do custo de oportunidade através da remuneração sobre o capital próprio.

10 PREÇO DE TRANSFERÊNCIA E CUSTO DE OPORTUNIDADE


Nas atividades operacionais das empresas, devem-se levar em
consideração as entradas de recursos, processamento e a saída dos produtos.
No seu desenvolvimento operacional, a empresa é considerada como uma área,
e cada atividade desenvolvida uma etapa do processo. Cada empresa tem seu
produto que é transferido para outra área ou empresa – são etapas que completam
o produto até o seu término.

Pereira e Oliveira (apud CATELLI, 2001, p. 392), “preço de transferência é


definido como o valor pelo qual são transferidos bens e serviços entre as atividade
e áreas internas de uma organização”.

17
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

Neste sentido, é necessário, entretanto, conhecer o preço de transferência


do produto ao sair de cada empresa ou área, para depois poder avaliar o modo
correto de realizar estas atividades, ou seja, avaliar o nível de eficiência.

Ainda Pereira e Oliveira (apud CATELLI, 2001, p. 393), o conceito de preço


de transferência fundamenta-se nas seguintes premissas:

a) toda empresa é um processo de transformação de recursos em


produtos/serviços, composto de diversas atividades que interagem
entre si;
b) as atividades possuem caráter econômico, que se materializam pelo
consumo de recursos e geração de produtos/serviços;
c) os recursos consumidos, por serem escassos, possuem valor
econômico (custos), e os produtos/serviços gerados, por satisfazerem
necessidades ambientais, também o possuem (receitas); e
d) as atividades contribuem para os resultados econômicos da empresa.

Assim, toda a atividade pode ser considerada distinta, desde que haja
controles necessários para seu gerenciamento.

De acordo com Pereira e Oliveira (apud CATELLI, 2001, p. 393), sob esse
enfoque, entende-se que a incorporação do conceito de preço de transferência ao
sistema de informações da empresa deve apoiar a gestão no sentido de:

a) permitir uma constante avaliação dos níveis de eficiência e eficácia


da empresa, a partir das relações econômicas entre as suas atividades;
b) permitir avaliações de desempenhos justas, a partir da correta
mensuração da contribuição das atividades e das áreas para o
resultado global da empresa;
c) suportar e permitir simulações e avaliação das decisões tomadas na
empresa;
d) induzir comportamentos adequados dos gestores;
e) não permitir o repasse de ineficiências entre as áreas;
f) promover a capacidade competitiva da empresa.

O preço de transferência deve ser analisado em cada área para que se


tenha noção de qual alternativa seria mais viável supondo, como exemplo, que a
empresa tenha a alternativa de produzir ou adquirir de terceiros um determinado
produto ou serviço.

Segundo Pereira e Oliveira (apud CATELLI, 2001, p. 397), nesse sentido,


entende-se que o emprego do conceito de custo de oportunidade na intermediação
das relações econômicas entre as áreas guarda as seguintes conotações:

a) o mercado representa a fonte alternativa de obtenção de bens e


serviços;
b) os efeitos das decisões tomadas pelos gestores são fixados em suas
próprias áreas, evitando-se o repasse de ineficiências entre as mesmas;
c) orienta os gestores para a tomada das decisões que mais interessam
à empresa como um todo e não à sua área específica;
d) incorpora um parâmetro de alta qualidade ao processo decisório
dos gestores;

18
TÓPICO 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE

e) contempla a noção de valor econômico, consubstanciado pela


melhor oportunidade identificada no mercado para obtenção dos
produtos, tendo em vista a missão das áreas;
f) restringe a amplitude da noção de preços, visto que a oportunidade
(preço) é específica para a entidade em questão, devendo considerar
as particulares dificuldades ou facilidades enfrentadas para adquirir
ou colocar os bens e serviços demandados, frente à alternativa de
produzi-los internamente;
g) permite avaliações corretas da evolução do patrimônio da entidade; e
h) os preços praticados por outras empresas no mercado, ao serem
incorporados à estrutura de resultados internos de uma empresa,
confrontados com os custos incorridos para produzi-los internamente,
fornecem uma ideia da capacidade da atividade interna em suportar
condições competitivas.

NOTA

Considerando essas conotações, o preço de transferência deve ser o custo de


oportunidade, representado pelo menor custo de mercado, ou seja, é o custo que a empresa
necessitaria incorrer, caso não desenvolvesse a atividade que gerou aquele produto, ou até
no caso de terceirizar aquela atividade.

Conforme Pereira e Oliveira citado por Catelli (2001, p. 398),

O modelo de preço de transferência, conforme utilizado no Sistema


de Gestão Econômica baseia-se no conceito de custo de oportunidade.
Estrutura-se a partir da premissa de que o valor dos produtos e
serviços transacionados entre as unidades deveria refletir o valor do
benefício possível de ser auferido na melhor alternativa econômica de
obtenção dos bens e serviços demandados.
Por melhor alternativa econômica, devemos entender aquela que
possibilite à organização o maior incremento de resultado econômico
possível.
Desse modo, a melhor alternativa será sempre escolhida à luz dos
resultados possíveis de serem obtidos, a partir das opções de uso
alternativo do produto de uma determinada área, lembrando que
o produto de uma área constitui o recurso ou insumo da área que o
recebe.

19
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

11 CUSTO DE OPORTUNIDADE NOS ESTOQUES


Com a atual economia, sabe-se que os estoques merecem uma atenção
especial. É no estoque que pode estar o testemunho do desequilíbrio financeiro
das empresas, visto que muitos produtos ou mercadorias não têm a necessidade
de serem estocados em grandes quantidades.

NOTA

Caso as empresas tenham estes estoques em quantidade desnecessária estariam


com um capital parado ao invés de investido em uma segunda alternativa, podendo ser até
mesmo em estoque, mas com características diferentes da primeira opção.

Deve levar em consideração o custo de oportunidade na forma da compra


destes estoques, principalmente quando se tratar quantidade (x) preço e também
forma de pagamento (x) preço.

O Estoque exige capital que pode ser utilizado para outros


investimentos. Para estabelecer o custo de oportunidade do capital
empatado nos estoques, no caso de uma indústria, deve-se buscar
apenas o montante correspondente ao desembolso feito pela empresa
na aquisição de materiais, mão de obra direta e outros que variam
em relação ao volume de produção. Outros custos de fabricação que
são absorvidos no custo do produto, e não variam em relação ao
produto não devem ser considerados como base de cálculo do custo de
oportunidade do capital investido em estoques, por não considerarem
um desembolso direto de estoques. (FARIA; COSTA, 2005, p. 43).

A alternativa que a empresa renuncia ao investir ou manter os estoques


não é registrada na contabilidade tradicional, porque não resulta em saída de
caixa especificamente, mas, sim, na renúncia de uma rentabilidade meio a esta.

Nesta mesma linha de pensamento, Faria e Costa, (2005) comentam


que ao investir em estoques, a empresa renuncia a taxa de retorno que poderia
obter com tais investimentos em outras alternativas. A determinação da taxa
de oportunidade mais adequada ao custo de oportunidade de manter estoques
é inerente ao tipo de investimento que se faria, caso os recursos não fossem
aplicados em estoques.

Para que a empresa consiga identificar a taxa de oportunidade para tais


estoques, deve considerar qual a segunda opção ou alternativa de investimento,
caso contrário não consegue fazer tal comparação.

Para uma melhor visualização, apresenta-se a Figura 1 do Balanço


Patrimonial, que identificará as fontes de recurso e sua aplicação.
20
TÓPICO 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE

FIGURA 1 – FONTES DE RECURSO E SUA APLICAÇÃO

FONTE: Faria e Costa, 2005

Através da Figura 1, pode-se observar a origem e o destino dos recursos.


O mesmo também pode ser observado na contabilidade tradicional.

12 APLICAÇÃO DO CUSTO DE OPORTUNIDADE ÀS DECISÕES


DE PREÇO
De acordo com Santos (1995), os gestores de preço devem desenvolver
um modelo de decisão de preço de venda que leve em consideração o conceito de
custo de oportunidade que pode ser aplicado em duas diferentes situações: (I) na
apuração do custo do objeto de custeio; e (II) na remuneração dos investimentos
realizados pelos acionistas na empresa.

A apuração do custo do objeto de custeio pode ser definida como os


desembolsos realizados, como, por exemplo, materiais, mão de obra, alugueis
etc., como também gastos que poderiam ter sido despendidos de forma útil em
outro lugar.

Outro caso é o estoque que permanece parado nas empresas, ou seja, este
investimento em materiais poderia ser utilizado de forma útil em outro lugar. De
acordo com Santos (1995),

Durante este período, todos os insumos agregados ao produto


permanecem estocados na empresa, que suporta com os custos
de financiar estes estoques até o momento da venda. Este custo de
estocagem é calculado multiplicando-se o custo do insumo por
uma taxa de remuneração capitalizada pelo período de tempo que
permaneceu imobilizado na empresa. Esta taxa de remuneração é o
custo de oportunidade, isto é, o rendimento alternativo máximo que a
empresa obteria se tivesse aplicado seus recursos em outra atividade,
como, por exemplo, no mercado financeiro.

21
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

Mesmo a remuneração dos investimentos realizados pelos acionistas


na empresa pode ser definida pelo custo de se aplicar em outro investimento,
como, por exemplo, fundos de investimento, mercado de capitais etc., ou seja, o
comparativo dos benefícios que este teria se os acionistas deixassem de aplicar na
empresa. De acordo com Santos (1995, p. 24),

Conceitualmente, as taxas ideais a serem utilizadas no cálculo do custo


de oportunidade dos investimentos realizados seriam ou o retorno
exigido pela empresa, ou o seu custo de capital. No entanto, em uma
atitude conservadora, por razões operacionais e de disponibilidade de
informações, diversos gestores de preços têm se utilizado das taxas
médias de captação de recursos no mercado financeiro, ou das taxas
de captação conseguidas pela empresa no mercado financeiro.
Por outro lado, os investimentos realizados devem estar mensurados
segundo critérios econômicos adequados, de tal forma que possam
refletir a respectiva capacidade potencial de geração de benefícios
ou serviços futuros. Estes investimentos realizados pela empresa
correspondem ao conceito de ativo, segundo a ciência contábil.

13 A NATUREZA ECONÔMICA DOS CUSTOS


Segundo Nascimento (1998), para a Economia, os custos são de natureza
complexa e até mesmo subjetiva e estão subdivididos em várias categorias. Os
conceitos de custo mais comumente observados na literatura econômica moderna
apresentam dois tipos de custo: os sociais e aqueles de naturezas econômicas –
explícitos e implícitos, ou custos de oportunidade.

13.1 CUSTOS SOCIAIS


São os custos originados em decorrência das atividades operacionais da
empresa. Estes custos podem afetar tanto a empresa como a sociedade. Um exemplo
deste tipo de custo é o que afeta o meio ambiente. Segundo Nascimento (1998, p. 84),
“[...] existem limitações para a mensuração, mas, estatisticamente, há mecanismos
que possibilitam a criação de modelos de mensuração desta natureza de custo,
ainda que num estágio primário, de forma que as organizações que externalizam
seus custos possam refleti-los nos resultados de suas operações”.

13.2 CUSTOS EXPLÍCITOS


Podem ser definidos como a diferença entre o custo apurado pela
contabilidade tradicional e o custo econômico, ou seja, podemos levar em
consideração, neste caso, por exemplo, o custo de reposição. De acordo com
Nascimento (1998, p. 92), “há concordância de que devem ser agregados aos
custos as matérias-primas, a mão de obra, as depreciações e outros fatores levados
em conta pela Contabilidade. Questiona-se, porém, o fato de esses fatores serem
considerados por seus valores históricos [...]”.

22
TÓPICO 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE

13.3 CUSTOS IMPLÍCITOS OU DE OPORTUNIDADE


São os custos que envolvem o processo de escolha de uma alternativa
ou outra. De modo que somente as alternativas escolhidas são contabilizadas,
o restante passa a ser não mensurado pela contabilidade. Segundo Heymann
e Bloom citado por Nascimento (1998, p. 95), “A ocorrência desse tipo de custo
implica desembolsos futuros ou diminuição do resultado líquido potencial das
organizações onde ocorrem”.

Estes custos são importantes elementos no processo decisório, em função


de as decisões envolverem permanentemente um processo de escolha, e de que
todo o ato de escolha envolve um ato de sacrifício, conforme já visto no decorrer
desta unidade.

13.4 CUSTO DO CAPITAL


O custo do capital pode ser conceituado como o valor de retorno obtido
pelo investimento feito para que o mesmo (investimento) permaneça, no mínimo,
preservado. O custo do capital está intimamente ligado à maneira como este capital
foi obtido, pois isso pode variar de empresa para empresa. Conforme Nascimento
(1998, p. 96), “sob esse ponto de vista, sempre que a implementação de um projeto
implicar retorno econômico superior ao custo do capital, o valor da empresa será
aumentado, ocorrendo o inverso quando a implementação de projetos leve à
obtenção de retorno econômico inferior”.

14 CONTROVÉRSIAS DO CUSTO DE OPORTUNIDADE


De acordo com Nascimento (1998), o interesse gerado pelo assunto custos
de oportunidade, entre os autores, leva ao aparecimento de controvérsias quanto
a sua conceituação.

Além das pequenas divergências contidas nas definições, surgem, na


literatura, termos diferentes para o conceito, gerando controvérsias quanto a seus
reais significados. Um exemplo disso são os casos dos custos diferenciais, custos
incrementais e custos de oportunidade.

Segundo Nascimento (1998) “ [...] em 1970, McRae, professor de


Contabilidade na University of Witwatersrand, África do Sul, publicou artigo
criticando as opiniões de diversos autores que tratam os termos custos de
oportunidade e diferenciais, ou incrementais, como sinônimos”.

Mas, de acordo com Nascimento (1998), trata-se de conceitos sinônimos


que deveriam ser empregados sempre com os mesmos objetivos. Se isso é verdade,
o que constatamos é que os custos de oportunidade ganham na literatura outros

23
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

termos que originam discussões acadêmicas, nem sempre férteis, e que desviam a
atenção que deveria ser absorvida por tentativas de se entender todos os aspectos
que envolvem o fenômeno, para permitir sua aplicação sistemática.

15 EVA – ECONOMIC VALUE ADDED


O conceito do EVA (Economic Value Added), ou Valor Econômico Agregado,
apesar de ter se popularizado nas ultimas décadas, na verdade, não é nenhuma
novidade nos meios acadêmico e empresarial, pois se originou na primeira
década do século XX, teoria neoclássica, em que representa uma tentativa de
operacionalizar o conceito de custo de oportunidade.

O termo EVA está registrado por Stern Stewart e Co., uma firma de
consultoria americana. A Stern Stewart e Co. desenvolveu o EVA para gestores
incorporarem dois princípios básicos de finanças dentro de suas tomadas de
decisões. O primeiro é que o objetivo financeiro primordial de qualquer empresa
deve ser maximizar a riqueza de seus acionistas. O segundo é que o valor da
companhia depende de extensão do que os investidores esperam como retorno
futuro: exceder o custo do capital. Assim, o EVA apura o valor que foi criado por
uma organização durante um determinado período para seus acionistas.

Sabe-se que o valor econômico adicionado (EVA), avalia uma linha de


produtos financeiramente desejável, usando seu lucro residual, ou seja, esta
ferramenta avalia o desempenho de uma empresa.

Para KASSAI (2000, p. 193), “ [...] o valor econômico agregado, ou EVA, é,


pois, o valor que a empresa agrega após remunerar todos os recursos investidos,
quer sejam financiados pelo custo de capital de terceiros (Ki) ou pelo custo de
capital próprio (Ke)”.

Então, para calcular o EVA é necessário identificar qual o retorno desejado


pelos acionistas, ou o Custo do Capital Próprio.

Diversas são as formas de interpretar o EVA, Erbhar (1999) entende


que

Quando empresas utilizam o EVA plenamente, que é o que devem


fazer para mudar comportamento, este se torna muito mais do que
apenas mais uma maneira de somar custos e calcular lucro. O EVA é:
a) Uma medida de desempenho empresarial;
b) A única medida de desempenho que oferece a resposta certa no
sentido de que mais EVA é sempre definitivamente melhor para os
acionistas;
c) A estrutura que subjaz um novo e abrange sistema de gestão
financeira empresarial;
d) Um método simples e eficaz de alfabetizar em negócio até mesmo
os trabalhadores menos sofisticados.

24
TÓPICO 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE

e) A variável chave num sistema singular de remuneração variável que


pela primeira vez realmente alinha os interesses de gerentes com os de
acionistas;
f) Uma estrutura que empresas poderão utilizar para comunicar suas
metas e realizações a investidores.

NOTA

O principal objetivo do EVA é determinar o valor que foi criado de riqueza em


um determinado período de tempo. Este período de análise geralmente é de um ano. Mas
isto não quer dizer que a empresa vai medir o seu desempenho apenas uma vez por ano;
este acompanhamento deve ocorrer mês a mês, e ser comparado no decorrer do período,
ou seja, no decorrer do ano.

Carvalho, (1999, p. 9) comenta que “o EVA é a versão moderna de lucro


operacional menos o custo do capital. Se a empresa agregou valor, o EVA é
positivo e os acionistas terão feito um bom negócio”.

Entende-se, então, que o EVA é um instrumento que se propõe a medir


a criação de valor (ou destruição) centrada num período determinado. Sua base
de cálculo é o lucro operacional da empresa menos o custo do capital investido.

Segundo G. Bennett Stewart III, citado por Denardin (2004, p. 7), “[...] o
EVA é a única medida de performance que está totalmente consistente com a regra
padrão de orçamento de capital: aceitar todos os investimentos cujos valores
presentes líquidos são positivos e rejeitar todos os negativos”.

O EVA considera todos os custos existentes, até mesmo o custo de


oportunidade. O capital é considerado toda expressão monetária aplicado em
ativos, como os imobilizados em geral, acrescentando as disponibilidades de
caixa e os investimentos a longo prazo.

O resultado desta ferramenta não se restringe apenas a avaliar o


desempenho da empresa, mas também a incentivar o desempenho de seus
colaboradores, pois isto resultará em aumento da riqueza, como consequência o
desempenho da organização terá maior eficácia.

Segundo Saurim, Mussi e Cordioli, citado por Denardin (2004, p. 9):

A implantação do EVA como medida de desempenho pode levar a


uma serie de mudanças, destacando-se as seguintes:
a) Maior conscientização da gerência quanto ao valor do capital que
é por ela gerido e, principalmente, do valor associado ao patrimônio
líquido;
b) Gestão mais empreendedora, principalmente, no que tange à busca
de formas alternativas[...];

25
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

c) Possibilidade de desdobramento do EVA, um indicador


principalmente financeiro em indicador de gestão de unidades de
negócios (Ex.: vendas, custos etc.), associados a este, indicadores
de desempenho operacional (ex.: margem de vendas dos produtos,
porcentagem de refugo de produtos etc.).

Nota-se, então, que o EVA é de extrema importância para qualquer


organização, pois possibilita um eficiente entendimento de oportunidade.

Esta poderosa ferramenta de gestão está dividida em quatro pilares,


conforme segue na Figura 2.

FIGURA 2 – QUATRO PILARES DE GESTÃO DO EVA


EVA NOPAT (Custo do Capital Capital)

FONTE: Denardin (2004, p. 10)

O primeiro pilar, o operacional, faz com que aumente o capital através da


minimização de custos e a maximização dos lucros ou economia de impostos, já
no segundo pilar o objetivo é reduzir os custos de capital e no terceiro é investir
capital adicional em projetos com valor presente líquido positivo e no último
pilar ocorre o contrário.

16 EXEMPLOS DIVERSOS
Abordaremos, a seguir, diversos exemplos relacionados a este tópico para
melhor interpretar este assunto.

Exemplo 1 – EVA – Baseado no Modelo de Nascimento (1998)

Situação 1 (base para as demais situações)

Suponhamos uma situação em que o lucro operacional líquido da


empresa seja de $ 250, o capital $ 1.000, e C* (custo de oportunidade arbitrado
pelo investidor) 15%. O valor calculado do EVA seria:

EVA = Lucro operacional líquido – C* X capital, ou


EVA = $ 250 – 15% X $ 1.000 = $ 100.

26
TÓPICO 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE

A seguir, as hipóteses relacionadas com este cenário:

a) criação de valor

Imaginemos que, em decorrência de ganhos de produtividade, ou de


eficiência administrativa, o lucro fosse aumentado de $ 250 para $ 300.

EVA = Lucro operacional líquido – C* X capital, ou


EVA = $ 300 – 15% X $ 1.000 = $ 150.

Como se vê, o lucro em relação ao capital aumentaria de 25% para 30%, e


o EVA subiria para $ 150, refletindo a eficiência da gestão dos recursos.

b) Investimento com retorno sustentável

Continuando o caso base, consideremos agora a decisão de adotar ou não


um projeto que requeira um investimento de $ 1.000, e que, se implementado,
represente um aumento de $ 200 no lucro, ou 20% de retorno, de forma sustentável:

EVA = Lucro operacional líquido – C* X capital, ou


EVA = $ 450 – 15% X $ 2.000 = $ 150.

Nessa hipótese, a consequência seria um aumento no EVA. Ainda que a taxa


consolidada de retorno diminuísse para 22,5%, o projeto deveria ser implementado,
pois maximizaria o EVA.

Na aplicação do conceito, a taxa de retorno nunca deve ser analisada


individualmente. Nesse caso, embora menor, é calculada sobre uma base maior,
gerando um ganho superior ao custo de oportunidade do investidor.

c) Retirada de capital de usos não produtivos

Ainda tendo como referência o caso base, imaginemos que $ 333 de excesso
de capital de giro pudesse ser retirado do negócio sem afetar o lucro operacional
líquido, assim, teríamos:

EVA = Lucro operacional líquido – C* X capital


EVA = $ 250 – 15% X $ 667 = $ 150.

A retirada do capital de um uso não produtivo, portanto, permite um


aumento tanto no EVA quanto na taxa de retorno, refletindo o acerto da decisão.

Situação 2: Decisões sobre implementações de projetos

Imaginemos, agora, um cenário onde uma empresa apresente lucro líquido


operacional de apenas $ 50 para um capital de $ 1.000. Com um retorno de apenas
5%, o EVA resulta num déficit de -$ 100, conforme os cálculos demonstrados a seguir:

27
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

EVA = LL – C* X capital, ou
EVA = $ 50 – 15% X $ 1.000 = $ (100).

Prosseguindo, se a empresa adotar um projeto que requeira capital adicional


de $ 1.000, estima-se que este investimento lhe permitiria, de forma sustentável,
acréscimo de $ 130 no lucro operacional líquido, mas como consequência, a taxa de
retorno requerida pelos acionistas subiria para 9%. O cálculo do EVA seria:

EVA = Lucro operacional líquido – C* X capital, ou


EVA = $ 180 – 15% X $ 2.000 = $ (120).

Mesmo que o retorno de capital praticamente dobrasse (de 5% para 9%),


o EVA seria ainda mais negativo, como se observa acima, representando um
empobrecimento do investidor, ou seja, o projeto não deve ser implementado.
Em outras palavras, a última coisa a ser feita em uma empresa são investimentos
que não recompensem o capital nela investido.

Situação 3: fechamento de uma unidade fabril

Suponha que uma unidade fabril ineficiente possa ser vendida e sua produção
parcialmente transferida para outra unidade da mesma empresa. Assuma, também,
que a venda da unidade fabril permitirá uma retirada de $ 500 líquidos de capital do
negócio, e que seu fechamento significará uma diminuição permanente de $ 25 no
lucro operacional líquido. O quadro demonstrativo dessa decisão seria:

QUADRO 1 – DEMONSTRATIVO DO FECHAMENTO DE UMA UNIDADE FABRIL

Situação original Valores residuais

Lucro Líquido Operacional $ 250 $ 225

Capital $ 1.000 $ 500

Retorno 25% 45%

C* 15% 15%

Retorno– C* 10% 30%

X capital $ 1.000 $ 500

EVA $ 100 $ 150

FONTE: O autor

28
TÓPICO 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE

Conforme essa análise, o fechamento da unidade fabril é recomendável,


ainda que isso implique a diminuição do valor das ações, do lucro da empresa e
dos empregos, pois tal decisão permitiria um aumento no EVA.

Ao se subtrair a perda incremental do lucro líquido operacional, e o capital


resultante da venda da fábrica, a operação residual remanescente é mais rentável.
O aumento do EVA é consequência direta da otimização do capital da empresa.
A melhor forma de se ver isso é através da comparação dos valores residuais
remanescentes com os valores originais.

Exemplo 2 – Custo de oportunidade nos investimentos

Neste exemplo, apresentado por Martins (1998), imagina-se que não há


inflação e o custo de oportunidade em se aplicar, tomado pela empresa em termos
reais, seja de 6% ao ano (fundos de investimentos) e que o valor do investimento
em imobilizado para a fabricação de produtos seja de R$ 100.000,00.

Opções:

A – Investir R$ 100.000,00 em fundos a 6% ao ano.

B – Investir no imobilizado da fábrica, considerando um faturamento


de R$ 150.000,00, considerando que para este faturamento a fábrica obteve os
seguintes custos: MP R$ 70.000,00, MO R$ 30.000,00, depreciação R$ 20.000,00 e
outros custos R$ 20.000,00.

Apuração dos dados:

Opção (A)
Investimento em fundos R$ 100.000,00
Rendimento (6%) R$ 6.000,00
Total no final do período R$ 106.000,00

Opção (B):
Receitas: _______________________________R$ 150.000,00
CPV
Matéria-prima: R$ 70.000,00
Mão de obra: R$ 30.000,00
Depreciação: R$ 20.000,00
Outros custos: R$ 20.000,00 R$ 140.000,00
Lucro: R$ 10.000,00

Após a análise das opções, percebe-se que a opção (B) é mais vantajosa,
pois daria um resultado no final do período de R$ 10.000,00 enquanto que a opção
(A) teria, no final do mesmo período, um resultado de apenas R$ 6.000,00.

29
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

Deste modo, pode-se dizer que o custo de oportunidade deste caso é o


R$ 6.000,00, ou seja, esta é a opção desprezada diante das duas alternativas de
aplicação dos R$ 100.000,00.

Apuração dos dados da opção (B), após a identificação do custo de


oportunidade:

Receitas: _________________________________ R$ 150.000,00


CPV
Matéria-prima: R$ 70.000,00
Mão de obra: R$ 30.000,00
Depreciação: R$ 20.000,00
Outros custos: R$ 20.000,00 R$ 140.000,00
Lucro: R$ 10.000,00
(-) Custo de oportunidade R$ 6.000,00
Resultado Final R$ 4.000,00

Com a inclusão de custo de oportunidade de R$ 6.000,00, o resultado final


seria de apenas de R$ 4.000,00. Isso significa que o verdadeiro valor do resultado
da atividade, pois conseguiu superar o custo de oportunidade. Caso o lucro fosse
igual ou inferior ao custo de oportunidade a alternativa da fábrica se tornaria
inviável, dependendo sempre do risco de ambos os casos.

E
IMPORTANT

Neste caso, não foram considerados os riscos em nenhuma das opções.

Exemplo 3 – Custo de oportunidade nos estoques

Uma empresa necessita aproximadamente 66.000 quilos de material em


sua produção anual. Essa empresa possui disponibilidade suficiente para pagar
a quantidade de materiais diretos que adquirir de uma só vez, porém, há duas
possibilidades:

a) Comprar os 66.000 quilos de uma só vez ao custo de 4,50 o quilo.

b) Utilizar-se do capital de giro em aplicações de títulos do governo, remunerados


a taxa de 0,6% ao mês a juros simples, uma vez que ela pode adquirir 5.500
quilos por mês ao custo de 5,00 o quilo.

Qual seria a melhor alternativa e o respectivo custo de oportunidade?

30
TÓPICO 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE

QUADRO 2 – CUSTOS ANUAIS DE COMPRAS

Dados Opção A (R$) Opção B (R$) Diferença (A-B)


Custos anuais de compras 297.000 330.000 (33.000,00)
FONTE: O autor

QUADRO 3 – CUSTO DE OPORTUNIDADE

  Saldo Juros
330.000.00  
31/jan 302.500.00 1.980.00
29/fev 275.000.00 1.815.00
31/mar 247.500.00 1.650.00
30/abr 220.000.00 1.485.00
31/mai 192.500.00 1.320.00
30/jun 165.000.00 1.155.00
31/jul 137.500.00 990.00
31/ago 110.000.00 825.00
30/set 82.500.00 660.00
31/out 55.000.00 495.00
30/Nov 27.500.00 330.00
31/dez 0.00 165.00
Total   12.870.00
FONTE: O autor

Verifica-se que no Quadro 2, o custo de oportunidade é de $ 33.000,00,


caso a empresa optasse em fazer a compra parcelada (Opção B), desde que não
houvessem quaisquer formas de aplicação do capital. Mas conforme o Quadro 3,
o custo de oportunidade é de $ 12.870,00 caso a empresa optasse em comprar tudo
de uma só vez (Opção A), pois estaria deixando de receber os juros na aplicação
de títulos do governo.

Na junção das duas opções, o ganho real poderia ser assim evidenciado:

Opção A = $ 33.000,00
Opção B = $ 12.870,00

Saldo = $ 20.130,00 de ganho na opção A

31
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

Portanto, se a empresa optar pela opção A, o custo de oportunidade será


de $ 12.870,00, pois este é o valor que ela estaria deixando de receber. Agora, se
sua opção for a B, o custo de oportunidade seria de 33.000,00, pois este é o valor
que ela estaria desprezando.

Ao invés de utilizarmos os $ 330.000 no Quadro 3 como ponto de partida para


a aplicação, poderíamos considerar apenas os $ 297.000 que representariam o valor
desembolsado de imediato pela compra dos materiais à vista, o que tornaria a opção
B com retorno ainda menor, comprovando de fato que a melhor opção seria a A.

Exemplo 4 – Custo de oportunidade sob enfoque econômico e enfoque


contábil

De acordo com o exemplo 2, em que a empresa tinha a opção de investir


num fundo de investimentos, opção A, ou investir no imobilizado de uma fábrica,
opção B, foi constatado que a melhor opção foi a B, pois o retorno seria de $
10.000, enquanto na opção A seria de apenas $ 6.000.

Com base nessas informações, qual seria a diferença do custo de


oportunidade sob o enfoque contábil e sob o enfoque econômico?

Primeiramente, é preciso definir a melhor opção, nesse caso foi a B.

Portanto, com base no custo de oportunidade sob o enfoque contábil o


resultado positivo gerado pela alternativa B foi de $ 10.000, mas sabe-se que está
se desprezando um possível retorno de $ 6.000.

Por sua vez, com base no custo de oportunidade sob o enfoque econômico,
o resultado positivo gerado pela alternativa B foi de apenas $ 4.000, ou seja,
sob o enfoque econômico o resultado obtido na melhor opção de investimento
considera o custo de oportunidade no resultado.

TUROS
ESTUDOS FU

No Tópico 2 desta unidade, analisaremos o método de avaliação de empresas


pelo patrimônio líquido corrente. Nesse método, o custo de oportunidade também é utilizado
em sua fórmula. Veremos que é utilizado o custo de oportunidade sob o enfoque econômico.

32
TÓPICO 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE

Sendo assim, no enfoque contábil, o resultado líquido seria esse:

Receitas: _______________________________ R$ 150.000,00


CPV
Matéria-prima: R$ 70.000,00
Mão de obra: R$ 30.000,00
Depreciação: R$ 20.000,00
Outros custos: R$ 20.000,00 R$ 140.000,00
Lucro: R$ 10.000,00

Já, no enfoque econômico, o resultado seria esse:

Receitas: _______________________________ R$ 150.000,00


CPV
Matéria-prima: R$ 70.000,00
Mão de obra: R$ 30.000,00
Depreciação: R$ 20.000,00
Outros custos: R$ 20.000,00 R$ 140.000,00
Lucro: R$ 10.000,00
(-) Custo de oportunidade R$ 6.000,00
Resultado final R$ 4.000,00

Note que no custo de oportunidade sob o enfoque econômico o investidor é


mais conservador, uma vez que no resultado final é subtraído o custo de oportunidade.

33
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, vimos diversas abordagens relacionadas aos custos de
oportunidade. Pelo fato de a globalização estar cada dia mais presente no meio
gerencial, este tema merece ser refletido ainda mais, seja pelo fator econômico ou não.

Constatou-se que se faz necessário entender o conceito de custos de


oportunidade, de tal forma, que possa ser levado à praticabilidade. Em uma
segunda etapa, faz-se necessário avaliar as alternativas propostas, se são
possíveis e se podem ser comparadas. Por fim, na ligação da teoria com a prática,
a comparabilidade evidencia o custo de oportunidade.

34
AUTOATIVIDADE

1 Determinada empresa tem duas opções de investir um montante de


155.000,00:

a) Investimento no mercado (fundos de investimento) a 8% a.a.;


b) Investir no imobilizado de um comércio, considerando um faturamento
ao ano de R$ 239.000,00 e, para este faturamento, o comércio obteve os
seguintes custos:

Mercadorias para revenda R$ 199.000,00, MOD R$ 11.000,00, depreciação R$


8.000,00 e outros custos R$ 6.000,00. Deseja-se saber qual seria a melhor opção
de investimento e o respectivo custo de oportunidade.

Melhor opção letra ______. Custo de oportunidade é ________________.

2 Determinada empresa tem duas opções de investir um montante de


110.000,00:

a) Investimento no mercado (fundos de investimento) a 11% a.a.;


b) Investir no imobilizado de um comércio, considerando um faturamento
ao ano de R$ 180.000,00 e, para este faturamento, o comércio obteve os
seguintes custos:

Mercadorias para revenda R$ 100.000,00, MOD R$ 30.000,00, depreciação R$


15.000,00 e outros custos R$ 25.000,00. Deseja-se saber qual seria a melhor
opção de investimento e o respectivo custo de oportunidade.

Como seria o resultado da melhor opção de investimento se evidenciado pelo


custo de oportunidade sob o enfoque econômico?

3 Determinada empresa tem duas opções de investir um montante de


110.000,00:

a) Investimento no mercado (fundos de investimento) a 11% a.a.;


b) Investir no imobilizado de um comércio, considerando um faturamento
ao ano de R$ 180.000,00 e, para este faturamento, o comércio obteve os
seguintes custos:

Mercadorias para revenda R$ 100.000,00, MOD R$ 30.000,00, depreciação R$


15.000,00 e outros custos R$ 25.000,00. Deseja-se saber qual seria a melhor
opção de investimento e o respectivo custo de oportunidade.

Como seria o resultado da melhor opção de investimento se evidenciado pelo


custo de oportunidade sob o enfoque contábil?

35
4 Qual seria a finalidade do custo de oportunidade para os gestores?

5 Determinada pessoa tem três opções de investir um montante de 120.000,00:

a) Investimento no mercado (fundos de investimento) a 10% a.a.;


b) Investir numa fábrica de sorvetes, considerando um faturamento ao ano
de R$ 50.000,00 e, para este faturamento, obteve os seguintes custos: MP
R$ 20.000,00, MOD R$ 5.000,00, depreciação R$ 2.000,00 e outros custos R$
4.000,00.
c) Investir num comércio de peças automotivas, considerando um faturamento
ao ano de R$ 315.000,00, e, para este faturamento, obteve os seguintes custos:
matérias para revenda R$ 220.000,00, MOD R$ 65.000,00, depreciação R$
12.000,00 e outros custos R$ 10.000,00.

Deseja-se saber qual seria a melhor opção de investimento e o respectivo custo


de oportunidade.

6 Defina com suas palavras o que seria o custo de oportunidade.

7 Suponha uma situação em que o lucro operacional líquido da empresa seja de


$ 400, o capital $ 2.000, e C* (custo de oportunidade arbitrado pelo investidor)
12%. O valor calculado do EVA seria:

8 Com base o exercício 7. Considere agora a decisão de adotar ou não um


projeto que requeira um investimento de $ 1.700 e que, se implementado,
represente um aumento de $ 150 no lucro de forma sustentável. Esse projeto
deveria ser implementado?

9 Suponhamos uma situação em que o lucro operacional líquido da empresa


fosse de $ 400, o capital $ 2.000, e C* (custo de oportunidade arbitrado pelo
investidor) 12%. Suponha que uma unidade fabril ineficiente possa ser
vendida e sua produção parcialmente transferida para outra unidade da
mesma empresa. Assuma, também, que a venda da unidade fabril permitirá
uma retirada de $ 600 líquidos de capital do negócio, e que seu fechamento
significará uma diminuição permanente de $ 50 no lucro operacional líquido.
Preencha o quadro demonstrativo dessa decisão e analise a viabilidade ou
não da venda dessa unidade fabril.

36
Situação original Valores residuais

Lucro Líquido Operacional

Capital

Retorno

C*

Retorno – C*

X capital

EVA

10 Assinale a alternativa INCORRETA. Os custos de oportunidade existem em


razão da consequência comparativa de diversas alternativas e que estas, por
sua vez, possuem características distintas, o que poderá elevar o grau de
dificuldade na sua escolha. Portanto, pode-se concluir que:

a) ( ) A questão da diferenciação dos riscos existentes em cada alternativa de


aplicação de recursos é um fator de dificuldade para a implementação plena
do conceito de custos de oportunidade.
b) ( ) Essa reconhecida limitação causada pelas características distintas de
cada alternativa tem levado os estudiosos da área financeira e contábil a
buscarem meios alternativos que permitam a aplicação prática do conceito
de custo de oportunidade.
c) ( ) Normalmente, esse tipo de comparação tende a ser um pouco difícil em
função, principalmente, do problema do risco.
d) ( ) Uma vez utilizado o custo de oportunidade como comparação entre
diversas alternativas, semelhantes ou não, não haveria a necessidade de se
levar em consideração os riscos, uma vez que esses riscos são objetivos.

11 O que você entende por taxa de oportunidade em relação ao conceito custo


de oportunidade?

12 Qual a relação entre preço de transferência e custo de oportunidade?

37
13 Uma empresa necessita aproximadamente 50.000 quilos de material em sua
produção anual. Essa empresa possui disponibilidade suficiente para pagar
a quantidade de materiais diretos que adquirir de uma só vez, porém há
duas possibilidades:

a) Comprar os 60.000 quilos de uma só vez ao custo de 1,50 o quilo. Porém, se


optar por esta alternativa, terá custos de estocagem equivalente a um total de
$ 4.000,00 no ano.
b) Utilizar-se do capital de giro em aplicações de títulos do governo, remunerados
à taxa de 0,6% ao mês a juros simples, uma vez que ela pode adquirir 5.000
quilos por mês ao custo de 1,60 o quilo. Utilize como ponto de partida na
aplicação de títulos o valor de 90.000,00.

Qual seria a melhor alternativa e o respectivo custo de oportunidade?

Dados Opção A (R$) Opção B (R$)


Custos anuais de compras

Custo de oportunidade ____________ se optar por ________

  Saldo Juros a 0,6%


90.000.00 ................................. 
31/jan 82.500.00
29/fev 75.000.00
31/mar 67.500.00
30/abr 60.000.00
31/mai 52.500.00
30/jun 45.000.00
31/jul 37.500.00
31/ago 30.000.00
30/set 22.500.00
31/out 15.000.00
30/nov 7.500.00
31/dez 0.00
Total  

Custo de oportunidade ____________ se optar por ________

38
14 De acordo com a questão anterior (13), se não houvesse o custo de estocagem,
qual seria a melhor alternativa e respectivo custo de oportunidade?
Evidencie os resultados sob o enfoque econômico.

Dados Opção A (R$) Opção B (R$)


Custos anuais de compras

Custo de oportunidade ____________ se optar por ________

Custo de oportunidade ____________ se optar por ________

Melhor opção alternativa letra ______________

Resultado sob enfoque econômico: ____________________________

39
40
UNIDADE 1
TÓPICO 2

MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, analisaremos algumas considerações acerca da perspectiva de
negociação do empreendimento para grupos interessados, ou de compra de acervos por
parte de nossa empresa. Que tipo de consideração deve ser realizado em tais circunstâncias
e quais informações fornecidas pela contabilidade são relevantes nesse processo, além de
todos os ajustes e meios necessários para esse fim.

Analisaremos, basicamente, três métodos de avaliação de empresa:


Método do Valor Contábil, Método do patrimônio Líquido Corrente e Método de
Capitalização de Lucros.

2 AVALIAÇÃO DE EMPRESAS
Sempre quando se comenta avaliação de empresas, seja num todo, ou em
apenas numa fração, a contabilidade ou propriamente o contador, sente que o
grau de subjetividade pode acarretar barreiras na conclusão dos trabalhos. São
vários os fatores que precisam ser levados em consideração nesse cálculo, porém,
a contabilidade pode fornecer subsídios para que estes cálculos cheguem o mais
próximo da realidade.

Para Padoveze (2004), quando se avalia uma empresa é preciso tomar


uma série de cuidados, uma vez que o valor de mercado normalmente é diferente
do valor contábil. Isso ocorre porque normalmente a contabilidade está avaliada
a custo histórico o que, de fato, provoca variações substanciais no patrimônio
líquido dessa entidade.

Entretanto, a Lei 11.638/2007 trouxe várias mudanças para a contabilidade


e, dentre elas, a possibilidade de amenizar essas variações e oscilações do mercado
e que até então não eram reconhecidas contabilmente.

Segundo Iudícibus (1998), a teoria da avaliação de empresas escapa ao


âmbito isolado da Contabilidade, uma vez que toda avaliação do valor de uma
empresa admite uma noção de risco, uma apreciação por parte do investidor do
risco e dos benefícios prospectivos da assunção dos riscos. A Contabilidade avalia
os recursos à disposição de uma empresa, todos os bens, direitos e obrigações,
em que o resultado será o patrimônio líquido, que é acompanhado em suas

41
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

mutuações. Entretanto, a Contabilidade não avalia a empresa como um todo, pois


isto somente pode ser feito pelo investidor. Todavia, nenhum contador poderá
furtar-se a oferecer algum aconselhamento aos proprietários da empresa quando
estes receberem uma proposta por parte de um grupo, alegando a separação
de funções entre investidor e contador. Deverá estar em condições de oferecer
algum tipo de suporte ao proprietário em suas negociações e, se o caso for muito
complexo, deverá saber quando é hora de pedir o auxílio de outros especialistas.
Antes de se analisar qualquer método de avaliação de empresas, faz-se necessário
entender o sentido do custo de oportunidade, item este, apresentado no Tópico
1 desta unidade.

Cabe frisar que todos os métodos de avaliação de empresas existentes


hoje no mercado são apenas auxiliadores – aproximados – para se chegar a um
denominador comum, nada concreto. Esses valores apenas servirão como base
para a tomada de decisão, uma vez que, por ser um processo de avaliação,
sempre haverá certo grau de subjetividade e, cada pessoa analisa, no final, o custo
benefício da negociação.

NOTA

Em resumo, por exemplo, pode-se dizer que cada comprador tem ou poderá ter
uma percepção diferente do negócio, sendo que, então, para um o valor de tal empresa poderá
ser 100, para outro poderá ser 90, dependendo da visão do negócio da cada interessado.

Pode-se dizer que o valor inicial de cada empresa tem como base o
patrimônio líquido. De acordo com Padoveze (2004, p. 567), “[...] a criação de valor
para o acionista é refletida no valor da empresa, número este que a contabilidade
financeira apresenta no balanço patrimonial sob a figura do patrimônio líquido.
Igualmente, a geração básica de valor se dá por meio do lucro obtido na venda de
produtos e serviços”.

3 MÉDODO DO VALOR CONTÁBIL COMO BASE PARA A


AVALIAÇÃO
Pode-se dizer que é o método mais simples para se avaliar uma empresa.
Contudo, somente a utilização desse método não resultaria numa informação
eficaz para concretizar uma negociação de empresas ou sua avaliação. Então, se
este método não é eficaz, para que analisá-lo? É muito simples, pois este método
é a base original para os demais métodos de avaliação.

42
TÓPICO 2 | MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

NOTA

É nesse método que teremos os valores de partida e, sem eles, de nada adiantaria
aplicar qualquer outro método de avaliação.

Nesse método, parte-se do valor do patrimônio líquido. Serão subtraídos


do ativo os itens obsoletos e do tipo: gastos pré-operacionais a amortizar
despesas antecipadas e semelhantes. De acordo com Iudícibus (1998), esta base
de avaliação é, normalmente, excessivamente conservado­ra, por considerar e
limitar o valor da empresa apenas ao valor contábil do patrimônio líquido, uma
vez que a empresa está num processo de continuidade podendo multiplicar seus
recursos. Outros fatores, como, por exemplo, mudança nos preços específicos dos
ativos, inflação etc. tornariam a avaliação inadequada, mesmo que fosse aceita
como conceitualmente correta. Além do mais, nada retrata sobre a perspectiva de
lucratividade futura da empresa. Este método, salvo casos especialíssimos, não é
aconselhável.

O método do valor contábil se utiliza basicamente da contabilidade


financeira, que segue um princípio contábil denominado custo base como valor.
Portanto, para fins de avaliação patrimonial é interessante analisar vários pontos
que podem estar distorcidos contabilmente, uma vez que a empresa deve ser
analisada também a valor de mercado e não somente de custo.

Para Padoveze (2004), o valor de mercado normalmente é diferente do valor


contábil porque as avaliações contábeis, obtidas de critérios gerais de avaliação de
ativos e passivos, fundamentadas em documentação existente, valores históricos
ou até mesmo em ajustes de avaliação patrimonial ou reavaliação, por mais
acuradas que sejam, dificilmente são iguais ao valor que o mercado pode pagar
em determinado momento.

A seguir é evidenciado um balanço patrimonial que será analisado pelo


Método do valor Contábil:

43
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

BALANÇO PATRIMONIAL DA CIA. JOY EM 31/12/2207

Ativo    
  Circulante 190.00
  Caixa 100.00
  Estoques 40.00
  Despesas antecipadas 50.00
  Não circulante 20.00
  Realizável a LP 20.00
  Investimentos 1.000.00
  Imobilizado 2.000.00
  (-) Depreciação acumulada (330.00)
  Intangível diferido 200.00
  (-) Amortização acumulada (80.00)
Total do Ativo 3.000.00

Passivo  
  Circulante 160.00
  Fornecedores 100.00
  Tributos a pagar 60.00
  Não Circulante 120.00
  Financiamentos 120.00
  Patrimônio Líquido 2.720.00
  Capital 1.720.00
  Reservas de capital 200.00
  Reservas de reavaliação 300.00
  Reservas de lucros 100.00
  Lucros a destinar 400.00
Total do Passivo 3.000.00

Neste caso, poderíamos concluir que o valor da Cia. Joy avaliado pelo
valor contábil seria:

Patrimônio Líquido = $ 2.720,00


(-) Despesas Antecipadas = $ 50,00
(-) Diferido Líquido = $ 120,00
Valor da empresa = $ 2.550,00

44
TÓPICO 2 | MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

NOTA

Note que ao subtrairmos os valores do patrimônio líquido estamos subtraindo


os valores líquidos de amortização.

Então, numa possível negociação dessa empresa, se avaliada pelo método


contábil, o valor de venda poderia partir de $ 2.550,00.

NOTA

Lembrando que esse método é apenas uma base. Dificilmente essa empresa
seria vendida pelo valor de $ 2.550,00, sem levar em consideração outros fatores que ainda
serão vistos no decorrer deste tópico.

4 MÉTODO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO CORRENTE COMO


BASE PARA A AVALIAÇÃO
Esse método de avaliação de empresa é mais consistente do que o método
do valor contábil, uma vez que avalia os ativos e passivos a preço de reposição. Ou
seja, esses ativos e passivos são avaliados através de um processo de levantamento
de valores, seja por auditores ou peritos em cada área específica.

Além dessa atualização por levantamento, os ativos que estariam obsoletos


como também os créditos incobráveis ou irrecuperáveis seriam eliminados do
valor da empresa, deixado assim, o patrimônio líquido mais próximo da realidade.

De acordo com Iudícibus (1998, p. 288), “[...] o patrimônio líquido assim


resultante seria um valor adequado para o valor da empresa. Mais uma vez,
embora melhor que o método anterior, em termos de valor para o comprador ou
vendedor em perspectiva, ainda pouco nos diz (somente o patrimônio líquido,
embora em termos correntes)”.

Ainda segundo Iudícibus (1998), para o eventual vendedor da empresa,


equivaleria a vender o negócio quase que pelo exato valor do que nele foi investido
e reinvestido pelos sócios durante os anos, sem receber qualquer adicional.
Dessa forma, se a empresa estiver numa perspectiva favorável de lucratividade,
mercado e organização, será uma venda por um valor conservador. Entretanto, se
estiver numa situação inversa, poderá ser até demais para o eventual comprador.

45
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

Veja o exemplo a seguir:

BALANÇO PATRIMONIAL DA CIA. JOY EM 31/12/2207

Ativo    
  Circulante 190.00
  Caixa 100.00
  Estoques 40.00
  Despesas antecipadas 50.00
  Não Circulante 20.00
  Realizável a LP 20.00
  Investimentos 1.000.00
  Imobilizado 2.000.00
  (-) Depreciação acumulada (330.00)
  Intangível diferido 200.00
  (-) Amortização acumulada (80.00)
Total do Ativo 3.000.00

Passivo  
  Circulante 160.00
  Fornecedores 100.00
  Tributos a pagar 60.00
  Não circulante 120.00
  Financiamentos 120.00
  Patrimônio líquido 2.720.00
  Capital 1.720.00
  Reservas de capital 200.00
  Reservas de reavaliação 300.00
  Reservas de lucros 100.00
  Lucros a destinar 400.00
Total do Passivo 3.000.00

Levando em consideração as informações do Balanço da Cia. Joy e


considerando um laudo com as seguintes informações:

Apuração dos valores que demonstraram inconsistência com o Balanço


Patrimonial: saldos corretos seriam estes:

Saldo dos estoques $ 45


Imobilizado $ 1.900
Realizável a longo prazo $ 0,00

46
TÓPICO 2 | MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

Sendo, teríamos as seguintes variações:

Estoques, de $ 40 para $ 45. Ganho de $ 5


Imobilizado, de 1.670 para 1.900. Ganho de $ 230
Realizável a longo prazo, de $ 20 para $ o. Perda de $ 20.

Teríamos então o valor da Cia. Joy em $

Patrimônio Líquido = $ 2.720,00


(+) Estoques = $ 5,00
(+) Imobilizado = $ 230,00
(-) Realizável a LP = $ 20,00
Valor da empresa = $ 2.935,00

NOTA

Note que o imobilizado é avaliado pelo seu valor líquido no Balanço Patrimonial.

Um pouco mais real, porém ainda subjetivo, o método do patrimônio


líquido corrente traz uma perspectiva a valor de mercado para a possível
negociação da empresa.

5 MÉTODO DE CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS COMO BASE


PARA AVALIAÇÃO
O método de capitalização de lucros é o mais completo método para se
chegar a uma base segura do valor da empresa ou, pelo menos, o mais próximo
possível da realidade.

Segundo Iudícibus (1998), por esse método o valor da empresa poderia


ser calculado da seguinte forma: o valor atual dos lucros futuros, até o horizonte,
descontado pelo custo de oportunidade do investimento em cada início de período
em que se gerar lucro, somado ao valor de realização do patrimônio líquido no
início do horizonte, o todo descontado a uma taxa adequada. Assim, não somente
o patrimônio líquido seria aqui considerado, mas uma série de fatores adicionais
que serão vistos individualmente a seguir.

Portanto, teríamos que considerar os seguintes elementos nesse método


de avaliação:

47
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

• Horizonte do empreendimento.
• Lucro projetado ou fluxo de caixa projetado.
• Investimento inicial do período em que se gerar lucro, ou de cada período em
que se gerar lucro.
• Taxa de desconto adequada.

A taxa anteriormente mencionada refere-se à taxa de mercado mais


apropriada do período, sendo, por exemplo, aquela utilizada para calcular
o custo de oportunidade do investimento ou até mesmo algum índice oficial
(SELIC, INPC, IGP-M etc.) para descontar as séries a fim de trazê-las ao momento
presente, podendo utilizar-se de até duas ou mais taxas diferentes.

Iudícibus (1998) comenta que podem ser utilizadas taxas médias


ponderadas de retorno sobre o ativo ou patrimônio líquido, já ocorridas na
experiência da empresa, ou margem de lucro operacional sobre vendas etc. Cada
variante, todavia, tem suas limitações conceituais.

Em resumo, os elementos anteriormente mencionados poderiam ser


alocados numa fórmula desta maneira evidenciada:

VE = L1 – C1 + L2 – C2 + ... + Ln – Cn + Vr
1+i (1 + i)2 (1 + i)n

Onde,

VE = Valor da empresa.
L1, L2... Ln são os lucros esperados.
C1, C2... Cn são os custos de oportunidade de ganhar tais lucros. Estes
custos podem ser expressos como o montante de receita que foi desprezada por
termos investido o patrimônio líquido, no início de cada período, na empresa.
i = taxa de desconto adequada.
Vr = valor de realização dos elementos tangíveis e identificáveis do
Patrimônio no momento zero.

Exemplo: Determinada empresa apresenta as seguintes informações:

  Ano 1 Ano 2 Ano 3


Lucros esperados 1000 1200 1300
Custo de oportunidade 400 450 700
Taxa de desconto 10% 10% 10%
Valor do patrimônio atual 8000    

48
TÓPICO 2 | MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

Qual seria o valor dessa empresa?

Solução:

VE = 1000 – 400 + 1200 – 450 + 1300 + 700 + 8000


1 + 0,10 (1 + 0,10)2 (1 + 0,10)3

VE = 545,45 + 619,83 + 450,79 + 8000 = 9.616,07

NOTA

Uso da calculadora financeira. Para elevar qualquer número ao expoente proceda


da seguinte maneira: por exemplo, para fazer esse cálculo (1 + 0,10)2, você deve digitar na
calculadora:

f CLX
1,10 ENTER
2 yx

O resultado pela fórmula será de 1,21. Portanto, em nosso exemplo


anterior, teríamos que fazer o seguinte cálculo:

1200 – 450 = 750,00 = 619,83


(1 + 0,10)2 1,21

Se for elevar a 3, a única diferença será:

f CLX
1,10 ENTER
3 yx , e assim por diante até terminar o cálculo.

Esta pode ser considerada uma das formas mais completas de expressar o
valor teórico da empresa.

Porém, conforme Iudícibus (1998), é preciso analisar especificamente as


dificuldades conceituais e práticas para apurar e definir certos fatores, como por
exemplo:

• Como prever os lucros futuros.


• Como determinar o horizonte do empreendimento.
• Que taxa de desconto, conceitualmente, seria a mais adequada e, uma vez
definida, como calculá-la.

49
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

Analisando tais fatores, talvez a maior dificuldade conceitual estivesse na


escolha da taxa de desconto a ser utilizada. Por outro lado, do ponto de vista
prático, as maiores dificuldades estivessem nas estimativas dos lucros futuros e
o horizonte do empreendimento. São fatores subjetivos que dependem, muitas
vezes, da visão de negócio das partes relacionadas.

É certo que uma taxa deve ser utilizada nesse cálculo, mas qual seria essa
taxa? De acordo com Iudícibus (1998, p. 290), “o problema consiste em definir o
que vem a ser esta taxa i, e como pode ser mensurada. Frequentemente, esta taxa
é denominada "custo do capital".

Uma forma comum e prática conceitualmente para se calcular o "custo do


capital" será evidenciada a seguir.

5.1 CUSTO MÉDIO PONDERADO DO CAPITAL


Para o cálculo do Custo Médio Ponderado de Capital utilizaremos alguns
componentes, como, por exemplo:

• Empréstimos
• Ações preferenciais
• Ações ordinárias
• Lucros a destinar

NOTA

De acordo com Iudícibus (1998, p. 290), “[...] o raciocínio envolvido sob o custo
médio ponderado do capital é relativamente complexo, e alguns autores não concordam
com esta abordagem”.

Ainda, segundo Iudícibus (1998), este método considera que os


resultados distribuídos, pagos ou creditados aos sócios, acionistas ou associados,
têm grande importância para a avaliação da empresa. Além disso, supõe que
a empresa obtenha recursos nas proporções indicadas pela média ponderada
e que, aceitando propostas que rendam mais que o custo médio do capital, a
empresa possa incrementar o valor de mercado de suas ações, no longo prazo.

Para Iudícibus (1998), dentre os fatores considerados importantes neste


método e que são mantidos constantes, destacam-se:

50
TÓPICO 2 | MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

1 através do tempo, a empresa se financia nas mesmas proporções especificadas


no modelo de ponderação para a estrutura de capital;
2 o risco da empresa, como um todo, não é afetado pela aceitação de qualquer
projeto de investimento ou combinação de projetos de investi­mento;
3 a empresa pretende manter uma relação "dividendo-payout" constante.

Vejamos a seguir, cada um desses componentes utilizados para o cálculo


do Custo Médio Ponderado de Capital.

Em relação aos empréstimos, é comum que para o cálculo de seu custo


seja considerada a taxa somente depois que se tenha inserido o imposto de renda
e a contribuição social.

NOTA

Essa prática de se calcular o custo do empréstimo após inserir o imposto de


renda e a contribuição social vale apenas para as empresas optantes do Lucro Real. Para
aquelas optantes do Lucro Presumido ou Simples Nacional não haveria nenhum reflexo, uma
vez que sua tributação é com base no faturamento e não no resultado.

Assim, numa empresa optante do Lucro Real, se o custo antes do imposto


é de, digamos, 20%, o custo após o imposto a uma taxa de 30%, será apenas de
14%. Veja o exemplo a seguir:

Determinada empresa captou $ 20.000 de empréstimos de terceiros. Sobre


este valor a empresa pagou $ 5.000 de juros, ou seja, a princípio estaria pagando
25% de juros. Considerando impostos sobre o lucro a uma taxa de 24% e um lucro
de $ 10.000 antes dos impostos, será que o custo em % da captação de empréstimos
de terceiros após esses impostos será mesmo de 25%?

Resolução:

Custo dos empréstimos $ 5.000


Lucro $10.000
Impostos $ 2.400
Lucro final $ 7.600

Neste caso, se não tivéssemos o custo dos empréstimos, ficaria:

Lucro $ 15.000
Impostos $ 3.600
Lucro final $ 11.400

51
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

A taxa de juros dos empréstimos passaria de 25% para apenas 19%, uma
vez que a empresa pagou agora, sem o custo dos empréstimos $ 1.200 a mais
de impostos. Esses $ 1.200 em relação aos $ 20.000 de empréstimos de terceiros
correspondem a 6%. Ou seja, o custo de um empréstimo de $ 20.000 a uma taxa
de 25% de juros ($ 5.000), na verdade, custaria apenas 19%, pois ela encareceria
em juros de $ 5.000, mas em contrapartida pagaria $ 1.200 a menos de impostos.

Para acharmos a economia gerada pela captação de recursos que oneram a


empresa através de encargos financeiros, podemos fazer também o seguinte cálculo:

Valor dos juros (encargos) $ 5.000


Impostos sobre o lucro X 24%
Economia gerada $ 1.200

Sendo assim, os encargos financeiros fazem com que o lucro diminua.


Essa diminuição do lucro faz como que os impostos sejam pagos a menor
também e, portanto, essa variação do lucro a menor faz com que numa etapa
seguinte a empresa possa pagar menos impostos, uma vez que a base de cálculo
da tributação irá diminuir também.

Vale frisar que esse cálculo vale apenas para as empresas optantes do lucro
real. E se ainda a empresa estiver obrigada a pagar o adicional de 10% de imposto
de renda, a economia poderá ser ainda maior, ou seja, poderá chegar a até a 34%.

Já em relação às ações preferenciais, seu custo pode ser considerado


como sendo a taxa anual estabelecida de dividendos, se forem fixos. Esta taxa,
normalmente, não é corrigida pelo imposto de renda, pois o dividendo preferencial
é pago, usualmente, após os impostos.

Portanto, em relação às ações preferenciais o custo é definido pelos


próprios acionistas.

Já em relação às ações ordinárias, Iudícibus (1998, p. 291) define que “[...]


é um dos conceitos mais complexos de serem mensurados. Teoricamente, poderia
ser conceituado como sendo ‘a taxa mínima de retorno’ que a empresa precisa
ganhar na parcela do projeto financiada por ações ordinárias, de maneira que o
valor de mercado da ação não seja afetado”. Veja o exemplo a seguir:

Supondo que a taxa requerida de retorno nas ações ordinárias seja de 14%,
após os impostos, e que o custo do endividamento (empréstimos) seja de 11%,
após o imposto. Devemos supor, ainda, que todos os fundos fossem provindos:
50% de empréstimos e 50% de investimentos dos acionistas. A taxa mínima
desejada de retorno num projeto seria:

Empréstimos 0,50 x 0,11 = 0,055


Ações Ordinárias 0,50 x 0,14 = 0,070
Total de 0,125 ou 12,5%

52
TÓPICO 2 | MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

Considere, agora, um projeto, cujo custo seja de $ 100.000,00, com um


retorno (após os impostos) de $ 12.500,00 anuais. Através dessas informações
pode-se concluir que:

Retorno total após o Imposto de Renda $ 12.500,00


(-) Juros (0,11 x $ 50.000,00) = $ 5.500,00
(-) retorno nas Ações Ordinárias (0,14 x $ 50.000,00) = $ 7.000,00
0,00

Portanto, uma vez que o projeto custe $ 100.000 e que 50% dos recursos
provém de ações ordinárias e outros 50% de empréstimos, o custo de cada uma
das fontes será de $ 7.000 e $ 5.500 respectivamente.

Dessa forma, a empresa já sabe que este projeto deve apresentar um


resultado positivo de 12,5% (0,055 para remunerar os empréstimos e mais 0,070
para remunerar as ações ordinárias, ou seja, 0,125 na forma decimal e 12,5,% na
forma percentual).

Qualquer resultado abaixo de 12,5% sobre o projeto que custaria $


100.000, a empresa estaria deixando de remunerar ou os empréstimos ou as ações
ordinárias, portanto, conclui-se que 12,5% é o ponto de equilíbrio.

NOTA

Como é comum, o retorno cobrado pelos empréstimos dificilmente não é pago,


recaindo qualquer variação sobre as ações. Portanto, se a empresa não conseguir 12,5% de
retorno o valor de mercado das ações declinaria, uma vez que a empresa não conseguiria
remunerar os 14% esperados.

Mas de que forma o acionista poderia chegar a uma taxa requerida de


retomo nas ações ordinárias? Por exemplo: nos 14% do exemplo anterior, qual foi
a base utilizada para se chegar a esse percentual?

É simples, imagine que o dividendo esperado por ação seja de $ 24,00,


o valor corrente de mercado da ação de $ 200,00 e que se espera uma taxa de
crescimento de 2% ao ano, no que se refere aos dividendos. O modelo de avaliação
seria:

MP = D1, onde:
r-i

Onde:

53
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

MP = valor de mercado da ação ordinária


D1 = dividendo por ação esperado no fim do período 1
r = taxa de desconto de mercado (custo da ação ordinária)
i = taxa constante de crescimento.

Transformando, fica:

r = D1 + i
MP

Em nosso exemplo:

r = $ 24,00 + 0,02 = 0,14 ou 14%


$ 200,00

Assim, conforme Iudícibus (1998), r é o custo das ações ordinárias e, a


fim de ser uma estimativa realista, os investidores no mercado deveriam, de fato,
pensar que os dividendos por ação irão crescer, anualmente, à taxa i.

Esse crescimento anual torna-se muito subjetivo, uma vez que depende
de diversos fatores que irão influenciar o resultado do investimento. Daí a
importância de sempre aplicar o conceito de custo de oportunidade.

Quanto aos lucros a destinar, que também fazem parte de um dos


componentes do custo ponderado médio de capital, Iudícibus (1998) comenta
que “[...] várias formas podem ser utilizadas para calcular os custos dos lucros
retidos. Uma delas é o custo de oportunidade, isto é, quanto a empresa poderia
ganhar investindo os fundos que ficaram retidos, externamente”.

Após analisarmos os componentes que fazem parte do custo ponderado


médio de capital, vejamos, a seguir, como poderíamos calculá-lo:

Suponha que seja esta a proporção de acordo com a Quadro 3:

QUADRO 4 – COMPONENTES QUE FAZEM PARTE DO CUSTO


PONDERADO MÉDIO DE CAPITAL

Empréstimos $ 100 46,5%


Ações preferenciais $ 15 7,0%
Ações ordinárias $ 45 20,9%
Lucros a destinar $ 55 25,6%
 Total $ 215 100%
FONTE: Iudícibus (1998)

54
TÓPICO 2 | MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

Suponhamos que cada uma dessas fontes de capital tenha os seguintes


custos conforme o Quadro 5:

NOTA

A atualização desses custos deve ser feita a cada novo projeto, pois a variação
defenderá das taxas cobradas pelo mercado bem como do custo de oportunidade dos
acionistas.

QUADRO 5 – CUSTOS DAS FONTES DE CAPITAL

  Proporção Custo Custo Ponderado


Empréstimos 46,5% 14% 6,51%
Ações preferenciais 7,0% 12% 0,84%
Ações ordinárias 20,9% 8% 1,672%
Lucros retidos 25,6% 8% 2,048%
Custo ponderado médio de capital     11,07%
FONTE: Iudícibus (1998)

Conforme Iudícibus (1998, p. 293), “[...] a taxa de custo médio ponderado de


capital poderia, perfeitamente, ser utilizada para calcular o custo de oportunidade
a ser descontado do lucro previsto em cada ano [neste caso, multiplicaríamos
a taxa pelo patrimônio líquido inicial a ser investi­do], e também como taxa de
desconto para o valor atual”.

Portanto, nosso Custo Ponderado Médio de Capital seria de 11,07%,


ou seja, esse seria o ponto de equilíbrio caso a empresa desejasse captar algum
recurso. Qualquer retorno desse investimento abaixo de 11,07% faria com que
a empresa deixasse de pagar alguma das fontes, o que levaria a um possível
resultado negativo na empresa ou o declínio em suas ações.

NOTA

Como afirma Van Horne, citado por Iudícibus (1998, p. 293), “[...] esta média
ponderada do custo do capital, se for calculada de forma cuidadosa, pode levar a excelentes
decisões no que se refere a orçamentos de capital”.

55
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

5.2 HORIZONTE E PREVISÃO DO LUCRO PROJETADO


Na maioria das vezes o lucro a ser projetado é aquele resultante da média
histórica de lucros da própria empresa, onde poderiam ser descartados os valores
que tiveram uma oscilação distante da média, ou seja, os picos mais altos e mais
baixos dos resultados.

O número de anos que se utilizará no cálculo da média poderá variar


em torno de 2 anos dependendo da negociação entre as partes. Uma empresa
com histórico padrão ou regular de lucros, sem grandes sobressaltos (variações),
oferece um grau de risco menor que outra com histórico de lucros tumultuado.
Quanto menor a flutuação dos lucros, menor poderá ser a taxa de desconto e
maior o valor atual.

Ressalta-se que o lucro a ser projetado é um dos pontos cruciais levado em


consideração pelos investidores. Padoveze (2004, p. 578) comenta que

A capacidade de geração de lucros é que possibilitará o que se busca


num investimento de risco: a geração de caixa e, consequentemente,
o retorno do investimento. Gerando lucros e caixa, a empresa terá
condições de distribuir resultados e, com isso, possibilitará tanto
fluxos futuros de dividendos como manter sua atratividade junto aos
atuais e potenciais acionistas e investidores. A possibilidade real de
dividendos futuros influenciará decididamente da avaliação da ação
no mercado, trazendo sua cotação e preços que reflitam o patrimônio
da empresa, sua rentabilidade futura e, portanto, seu desempenho
empresarial.

Quanto ao horizonte do empreendimento, Iudícibus (1998) afirma


que este é um problema da avaliação de empre­sas à qual “regras de bolso” ou
“caminhos curtos” são de difícil aplicação, uma vez que deverá ser estimado
por especialistas, que levarão em conta a dinamicidade do setor, a existência
de possíveis e prováveis sucedâneos, bem como farão uma análise do produto
oferecido à luz da sua utilidade para as partes relacionadas na negociação.

É certo que as empresas já estabelecidas no mercado há mais de 20 anos


têm chances muito maiores de continuar no mercado do que aquelas constituídas
há menos de um ano. Entretanto, vários outros fatores devem ser levados em
consideração, como, por exemplo, setores, clientes, ponto comercial, fornecedores
etc., além de outros fatores macroeconômicos.

Iudícibus (1998, p. 293) comenta que “[...] desde que não haja suficiente
evidência de que o horizonte de um empreendimento seja limitado no tempo,
deveremos pressupor que, na verdade, seja ilimitado. Nesse caso, o lucro a ser
projetado se transforma numa anuidade constante, e será dividido pela taxa de
desconto”.

56
TÓPICO 2 | MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

5.3 CUSTO DE OPORTUNIDADE E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO


INICIAL
No investimento inicial de cada empreendimento ou em sua própria
continuidade se faz necessário analisar o custo de oportunidade

Para Iudícibus (1998, p. 294), “[...] este cálculo vai depender da hipótese
de reinvestimento adotada. Aliás, o próprio lucro deveria, a rigor, ser um lucro
após o imposto de renda. Uma forma de prever ou calcular o patrimônio líquido
inicial a ser investido é pressupor que o mesmo patrimônio que gerou o lucro
gera o custo de oportunidade”.

Ou seja, no investimento inicial é preciso prever que sejam superadas as


expectativas de rentabilidade cobrindo o custo de oportunidade. Veja o exemplo
a seguir:

Determinada empresa, com um capital inicial de $ 20.000 gerou $ 4.000 de


lucro. Considerando uma taxa mínima de retorno desejado de 14%, qual seria o
patrimônio líquido final?

Poderíamos resolver essa questão da seguinte forma:

Patrimônio Líquido Final = ($ 20.000+ $ 4.000) – ($ 20.000 x 14%)


Patrimônio Líquido Final = $ 24.000 - $ 2.800
Patrimônio Líquido Final = $ 21.200

Em nosso exemplo, o patrimônio líquido final superou o patrimônio


líquido inicial. Repare que o custo de oportunidade já foi descontado. Portanto,
uma vez que o valor do patrimônio líquido inicial foi superado o investimento é
considerado viável.

Entretanto, segundo Iudícibus (1998, p. 295),

Na prática, substitui-se o patrimônio líquido inicial pelo patrimônio


líquido conhecido e calcula-se um certo custo de oportunidade, o qual
é descontado do lucro a ser projetado. Entretanto, isto pode apresentar
grandes distorções, pois é possível que o lucro projetado seja inferior
ao custo de oportunidade de obtê-lo. Se isto for, efetivamente,
uma tendência do empreendimento, realmente o valor atual será
negativo. Todavia, suponha que a empresa acabe de realizar grandes
investimentos em imobilizado, os quais somente irão gerar receitas
apreciáveis a partir dos próximos dois anos. Ao aplicar um custo médio
de capital ao patrimônio líquido de hoje, um valor grande resultará
como custo de oportunidade, ao passo que o lucro terá sido calculado
em base de valores passados. Por isso, o lucro projetado deverá levar
em conta, na medida do possível, eventos que tendam a fazer mudar,
no futuro, o histórico de lucratividade passada.

57
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

Nem todos os investidores descontam o custo de oportunidade dos


lucros projetados, na premissa de que a empresa, tendo optado por certo tipo
de investimento, já considerou os custos de oportunidade antes de tais decisões
de investimento. Porém, é preciso sempre levar em consideração a hipótese de
que poderia haver alguma alternativa mais vantajosa de investimento, mesmo
que este já esteja concretizado. Se todos os investidores pensassem dessa forma
a maioria das empresas não esperaria ficar totalmente no vermelho para então
decidir encerrar o negócio.

De acordo com Iudícibus (1998), o custo de oportunidade está presente,


quer o consideremos explicitamente, quer não. No caso do eventual comprador
de uma empresa, então, seria inadmissível que ele pagasse, por essa, mais do
que ela possa valer, pois, ao adquirir o empreendimento, imediatamente estará
assumindo seus custos de oportunidade, da mesma forma que o faria o eventual
vendedor, se continuasse operando.

É óbvio que nenhum comprador de empresa espera que o custo de


oportunidade seja superior ao lucro esperado, pelo contrário, pois senão não
veríamos tantas transações feitas atualmente no mercado.

Conforme Iudícibus (1998, p. 296)

Em situações práticas, várias informações adicionais são utilizadas


para uma tomada de decisão. Alguns autores aconselham (além dos
métodos do valor patrimonial e da capitalização de lucros, que vimos
até o momento) o método do valor de mercado. Basicamente, este
método consiste em tomar, como base de avaliação, o valor de mercado
das ações da empresa no momento. Existem variantes deste método,
mas um problema conceitual reside no fato de que nem sempre o
mercado, num particular momento, está avaliando corretamente as
potencialidades da empresa. Além do mais, este valor (de mercado)
é muito flutuante. Pode muito bem acontecer que, no segundo dia
do início dos cálculos para a estimativa do valor da empresa, o valor
unitário de mercado mude. Fica muito difícil escolher uma base para
cálculo, pois o valor pode flutuar bastante em certas circunstâncias.

Mesmo sob controvérsias o método de capitalização de lucros deve ser


utilizado ou, pelo menos, senão esse, algum método que dê suporte às partes
relacionadas, tanto para o vendedor como para o comprador. Caso contrário,
alguma das partes poderá sair com grande vantagem sobre a outra, o que não
seria justo na negociação.

Todos os elementos: horizonte do empreendimento, lucro projetado,


investimento inicial e taxa de desconto podem ser objeto de críticas, pois todos eles
têm certo grau de subjetividade. Contudo, Padoveze (2004, p. 581) comenta que:

Todos os elementos devem ser trabalhados no sentido de se obter a


melhor solução, seja com alguns caminhos práticos, seja com o auxílio
de métodos quantitativos e probabilísticos. Mesmo considerando
todos esses problemas, o valor da empresa deve ser calculado segundo

58
TÓPICO 2 | MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

a melhor competência dos gestores empresariais, lembrando sempre


que a importância do valor da empresa está em se ter o melhor
parâmetro para a gestão de controladoria, que é o processo de criação
de valor.

Enfim, na prática sabe-se que sempre haverá especificidades a ser


analisadas, cada caso é um caso, porém o método de avaliação de empresas visto
nessa Unidade denominado método de capitalização de lucros poderá auxiliar
muito na negociação.

Veja o exemplo a seguir, adaptado de Iudícibus (1998, p. 297):

A Empresa “Vendável S. A.” apresentou o histórico de lucros a seguir nos


últimos 10 anos:

  Receitas Despesas   Retorno sobre


Anos Operacionais Operacionais Lucro Patrimônio
        Líquido*
1 (antigo) 500 320 180 25%
2 590 380 210 23%
3 650 430 220 21%
4 680 450 230 22%
5 735 490 245 25%
6 812 500 312 24%
7 990 657 333 23%
8 1.200 990 210 19%
9 1.500 1.100 400 21%
0 (atual) 1.610 1.200 410 23%
Totais 9.267 6.517 2.750  
Médias 927 652 275 23%
* Patrimônios Líquidos Avaliados a valor de realização ($ 1.783,00, o último).

Nota-se que a empresa teve um histórico bastante regular de lucros. Nos


dois últimos anos, o valor corrigido do lucro aumentou muito.

O horizonte econômico do empreendimento, avaliado por uma empresa


de consul­toria especializada, foi estimado em 10 anos, no mínimo. A empresa
efetuou investi­mentos em novas máquinas nos anos 9 e 10, com a finalidade de
diminuir despesas e aumentar a produção e, portanto, os lucros.

O eventual vendedor estimou o valor de sua empresa, conforme


apresentado a seguir:

59
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

VE = $ 1.783 + 450 (lucro esperado nos próximos anos), descontando a


uma taxa 10% sobre o último PL projetado para os próximos 10 anos. A taxa de
10% foi escolhida tendo-se em vista, aproximadamente, uma oportunidade de
investimento com risco quase nulo e levando-se em conta também a regularidade
do histórico de lucros.

VE = 1.783 + 272 + 272 + ... + 272 .


1+0,10 (1+0,10)2 (1+0,10)10

VE = 1.783 + 1.671 = 3.454,00 aproximadamente

Onde: 272 = 450 – (1.783 x 10%)

Onde: 1.671,00 = 247,27 + 224,79 + 204,36 + 185,78 + 168,89 + 153,54 + 139,58


+ 126,89 + 115,35 + 104,87 = 1.671,32

O eventual comprador considerou muito alto o valor, na premissa de


que a taxa de desconto deveria ser uma taxa de risco equivalente ao valor do
empreendimento, mas não de risco nulo. Depois de demoradas consultas, chegou
à taxa de 15% como referência.

Por outro lado, na análise das contas constantes do balanço, chegou à conclu­
são (segundo parecer de seus auditores) de que, dos $ 1.783, $ 90 eram de difícil
recebimento e $ 100 de equipamentos, embora em condições de produção, estavam
obsoletos. Após discussões, o comprador aceitou que se descontassem $ 100 dos $ 190
possíveis, com o que concordou o vendedor. Por outro lado, achou o valor do lucro
de $ 450 muito alto para ser projetado. Pediu que fosse projetado o último:

VE = 1.683 + 158 + 158 + ... + 158


1+0,15 (1+0,15)2
(1+0,15)10

VE = 1.683 + 793 = 2.476,00 aproximadamente.

O eventual vendedor não ficou satisfeito: alegava que, se simplesmente


liquidasse seu ativo e pagasse suas dívidas, agora lhe sobrariam $ 1.683 e que, se
aplicasse os $ 1.683 a 10% a.a., em 10 anos teria $ 4.365. O eventual comprador
contra-argumentou que este raciocínio não era válido, pois se o vendedor
aceitasse sua oferta de $ 2.476, também poderia aplicar o dinheiro a 10%, o que
lhe renderia, em 10 anos, $ 6.422. De fato, o raciocínio do vendedor estava viciado.
O valor atual dos $ 4.365 era o próprio $ 1.683. Seria muito melhor, então, aceitar
a proposta do comprador de $ 2.476. Finalmente, o comprador e o vendedor
concordaram em: $ 1.400 para o valor do patrimônio líquido e $ 1.232 para o
valor descontado dos lucros futuros (aproximadamente a média da avaliação do
comprador e vendedor).

Em resumo e finalmente, então, a empresa foi vendida por $ 2.632,00.

60
TÓPICO 2 | MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

O cálculo do Valor da Empresa – VE pode ser feito seguindo a fórmula


anteriormente descrita, cálculo por cálculo, mês a mês ou diretamente na
calculadora financeira. Vamos analisar os dados do exemplo anterior, no qual
utilizamos os seguintes dados e fórmula:

VE = 1.783 + 272 + 272 + ... + 272


1+0,10 (1+0,10)2 (1+0,10)10

VE = 1.783 + 1.671 = 3.454,00 aproximadamente

Onde: 1.671,00 = 247,27 + 224,79 + 204,36 + 185,78 + 168,89 + 153,54 + 139,58


+ 126,89 + 115,35 + 104,87 = 1.671,32.

Pelo fato de o horizonte do empreendimento ser de 10 anos, foram precisos


10 cálculos para se chegar ao valor de 1.671,32.

Porém, poderíamos chegar a esse mesmo valor na calculadora financeira


conforme indicado a seguir:

f CLX
272 g CFj
10 g Nj
10 i
f NPV

O resultado será exatamente $ 1.671,32, bastando apenas somar o valor de


$ 1.783,00 (patrimônio líquido) para chegarmos ao Valor da Empresa – VE.

Em relação ao uso da calculadora financeira. Digitamos anteriormente


272 g CFj e depois 10 g Nj somente porque o valor de $ 272 será igual para os 10
anos seguintes. Mas se por acaso tivéssemos valores diferentes, como deveríamos
proceder? Veja outro exemplo, a seguir, com um horizonte de empreendimento
de 5 anos, patrimônio líquido de $ 1.900,00, taxa de 8% a.a. e retorno distintos:

VE = 1.900,00 + 300,00 + 320,00 + 330,00 + 340,00 + 345,00


1+0,08 (1+0,08)2 (1+0,08)3 (1+0,08)4 (1+0,08)5

Então, na calculadora financeira faríamos de seguinte forma:

f CLX
300 g CFj
320 g CFj
330 g CFj
340 g CFj
345 g CFj
8 i
f NPV

61
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

O resultado obtido seria de $ 1.298,80 e após adicionar o patrimônio


líquido de $ 1.900,00 o Valor da Empresa – VE resultaria em $ 3.198,80.

UNI

Caro/a acadêmico/a! Para aprofundar os seus conteúdos, sugerimos a leitura


complementar, parte do artigo de Eliseu Martins (2000) originalmente publicado no Caderno
de Estudos FIPECAFI. A partir dele você poderá compreender um pouco mais sobre o
processo de avaliação de empresas e o custo de oportunidade.

LEITURA COMPLEMENTAR

AVALIAÇÃO DE EMPRESAS: DA MENSURAÇÃO ECONÔMICA À


CONTÁBIL

Prof. Dr. Eliseu Martins


Diretor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade – USP
Prof. Titular do Departamento de Contabilidade e Atuária – FEA/USP

[...]
A avaliação patrimonial das empresas tem provocado enormes discussões
acadêmicas e profissionais ao longo do tempo (séculos), confusões conceituais,
críticas quanto à relevância e à utilidade da Contabilidade, conferências, artigos
etc. (Ganhavam muito com isso os produtores de papel; agora dividem os
ganhos com os provedores e demais integrantes da cadeia da internet. Ah! Ia me
esquecendo: ganham os mestrandos e doutorandos que continuam podendo fazer
teses sobre esse assunto e os professores que temos oportunidade de pesquisar e
também escrever a respeito da matéria.)

A grande confusão parece, pelo menos em parte, devida à não percepção


de que todos os modelos até hoje surgidos nada mais são do que visões
temporalmente diferentes do mesmo objeto: o patrimônio.

Parece que, como fruto dessa falta de visão conjunta e abrangente, nasceu
a ideia de que os modelos são conflitantes, mutuamente excludentes; de que a
avaliação contábil nada tem a ver com a avaliação patrimonial, e avaliar uma
empresa é, primeiramente, desprezar a avaliação contábil; lucro é uma coisa,
caixa é outra e outras bobagens.

Avaliar uma empresa é sim, considerar a avaliação contábil, levando em


consideração os ativos passivos e patrimônio líquido e principalmente o custo de
oportunidade.

62
TÓPICO 2 | MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

O conceito de custo de oportunidade é um dos mais relevantes na


economia e nas decisões, não só do homem como de qualquer ser vivo que decide.
É natural, instintivo, intuitivo. (Se o leitor chegou até aqui, arcou com o custo de
oportunidade relativo ao que teria ganhado se tivesse aproveitado esse tempo
para fazer o que considerava a segunda melhor alternativa no momento. Espero
que não se considere no prejuízo.) Mas sua não consideração na Contabilidade
é a segunda (e última) mentira com a qual convivemos. Dizer, por exemplo, que
uma empresa lucrou porque obteve um resultado que foi de apenas 2% sobre o
valor do patrimônio líquido investido quando qualquer alternativa (inclusive a
aplicação nos títulos de maior liquidez e menor risco produz mais do que isso)
não é dizer a verdade. A consideração do custo do capital próprio como sendo
nulo é algo insustentável conceitualmente, é cegueira que parece nos pegar de
nascença.

Aliás, aproveitando-se dessa nossa doença quase congênita é que nasceu


a óbvia ideia do Economic Value Added - EVA. Na verdade, quantos profissionais
e professores de Contabilidade já discutiram e tentaram implantar a ideia, pelo
menos, do Juro Sobre o Capital Próprio (não só gerencialmente, como o método de
custeio RKW do início do século, mas também na Contabilidade Financeira – como
Schlatter, Anthony e outros até muito mais antigos). O que é essa nova febre do
EVA? (Nenhuma recriminação aos seus idealizadores, divulgadores e seguidores
– muito pelo contrário – que pena que não apareceram mais cedo, pois com um
bonito nome em inglês e com uma boa dose de marketing conseguiram acordar
tantos executivos que com certeza conheciam a ideia, mas não a praticavam.) O
EVA nada mais é do que apenas atribuir um custo ao capital próprio e deduzi-lo
do lucro!

O Prof. Armando Catelli vem trabalhando há quase 30 anos no


desenvolvimento de um modelo, conhecido por GECON, muito mais completo e
rico, calcado exatamente no mesmo conceito, o de custo de oportunidade, só que
aplicado de forma muito mais ampla (ele precisa mudar o nome e contratar uma
boa campanha mercadológica!).

Voltando ao custo de oportunidade: nossa Contabilidade só irá medir bem


o lucro quando introduzir de forma completa, abrangente e definitiva, os efeitos
da inflação e o custo de oportunidade do capital próprio. De uma maneira bem
simples, podemos definir como custo do capital próprio aquele percentual de
retorno abaixo do qual os sócios não estariam interessados em entrar no negócio.
Ele abrange não só a figura do juro que se obteria com a aplicação de menor risco
no mercado (caderneta de poupança, ou título do governo federal, por exemplo)
como o adicional decorrente do acréscimo de risco proporcionado pelo negócio.

E esse custo pode ser aplicado de forma acoplada a qualquer princípio


de avaliação: custos passados, custos de reposição, valores de venda e valores
futuros. Pode ser (e é muitas vezes) aplicado a qualquer modelo de gestão ou de
custeamento (custeio por absorção, variável, por atividade etc.). Carrega a prática
do custo de oportunidade, é claro, todos os problemas relativos à definição de

63
UNIDADE 1 | CUSTO DE OPORTUNIDADE E MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

qual o seu percentual para cada uma das empresas (cada uma tem um risco)
e, se aplicado gerencialmente de forma analítica, de cada um dos diferentes
percentuais aplicáveis a cada negócio (se diferentes negócios praticados pela
mesma empresa), a cada linha de produção, a cada produto, a cada divisão etc.,
já que cada um também tem um risco diferente.

Nós, Contadores, não tivemos a devida coragem de implementá-lo,


só que outros o estão fazendo e ganhando dinheiro e notoriedade. Pior, não
conseguimos implantar nem a parcela relativa ao Juro Sobre o Capital Próprio
(que seria igual para todos, sem incluir o risco do negócio). E ainda tivemos de
ver que sua introdução, no Brasil, foi feita para fins fiscais. Nesse caso, parabéns
à Receita Federal. Continuamos a reboque.

FONTE: Adaptado de: MARTINS, Eliseu. Avaliação de empresas: da mensuração contábil


à econômica. Disponível em: <http://www.eac.fea.usp.br/cadernos/completos/cad24/
Revista_24_Art_2.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2011.

64
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste Tópico, analisamos alguns métodos para se avaliar uma empresa
numa possível negociação. Vimos o Método Contábil, Método do Patrimônio
Líquido Corrente e Método de Capitalização de Lucros. O Método de Capitalização
de Lucros é o único aconselhável, já os demais servem apenas de base. Conhecemos
as principais informações que devem ser levadas em consideração quando se
deseja analisar o valor de uma empresa. Vimos que é imprescindível calcular, da
melhor maneira possível, um lucro projetável; comparar o valor atual dos lucros
futuros com retornos de investimentos alternativos; e estimar o provável valor de
realização dos ativos identificáveis menos o passivo no momento zero.

65
AUTOATIVIDADE

1 Supondo que a taxa requerida de retorno nas ações ordinárias seja de 12%,
após os impostos, e que o custo do endividamento (empréstimos) seja de
18%, após o imposto. Devemos supor, ainda, que todos os fundos fossem
provindos: 70% de empréstimos e 30% de investimentos dos acionistas.
Qual seria a taxa mínima de retorno desejada?

Considere agora que os fundos fossem provindos: 40% de empréstimos


e 60% de investimentos dos acionistas, ambos dentro da mesma taxa requerida.
Qual seria a taxa mínima de retorno desejada?

Levando em consideração que esta empresa captasse 200.000,00, qual


seria o retorno mínimo de acordo com as duas taxas mínimas encontradas
anteriormente?

2 Calcule o Custo Ponderado Médio de Capital da seguinte proporção:


  Proporção Custo
Empréstimos $ 133.000 23%
Ações preferenciais $ 152.000 16%
Ações ordinárias $ 83.000 14%
Reserva de capital $ 132.000 12%

3 De acordo com as informações da questão anterior, caso a empresa captasse


500.000,00, qual seria o retorno necessário para cobrir todas as fontes? Qual
seria o retorno de cada uma das fontes em $?

4 Determinada empresa, com um capital inicial de $ 200.000, gerou $ 34.000


de lucro. Considerando uma taxa mínima de retorno desejado de 19%, qual
seria o patrimônio líquido final? É um investimento viável?

5 Imagine que o dividendo esperado por ação seja de $ 31,50, o valor corrente
de mercado da ação de $ 350,00 e que se espera uma taxa de crescimento de
2% ao ano, no que se refere aos dividendos. Qual seria a taxa requerida de
retorno nas ações ordinárias?

6 Qual seria o valor da Empresa Andorinha Ltda., avaliando-a pelo método do


valor contábil?

66
Ativo 331.460.00 Passivo 331.460.00
Ativo circulante 106.960.00 Passivo circulante 36.640.00
Caixa 5.240.00 Fornecedores 14.000.00
Bancos 17.230.00 Tributos a pagar 5.300.00
Duplicatas a receber 50.600.00 Salários a pagar 9.000.00
Aplicações financeiras 12.890.00 Seguros a pagar 2.340.00
Estoque 15.000.00 Financiamentos 6.000.00
Despesas pagas 6.000.00 Passivo não 3.000.00
antecipadamente circulante
Ativo não circulante 224.500,00 Exigível a Longo 3.000.00
Prazo
Realizável a longo prazo 1.200.00 Financiamentos 3.000.00
Tributos a compensar 1.200.00 Patrimônio líquido 291.820.00
Imobilizado 221.000.00 Capital social 178.800.00
Máquinas e equipamentos 58.000.00 Capital subscrito 180.000.00
(-) Depreciação acumulada (13.000.00) (-) Capital a (1.200.00)
Integralizar
Computadores 10.000.00 Reserva de 40.000.00
reavaliação
(-) Depreciação acumulada (6.000.00) Reserva de 40.000.00
reavaliação
Terrenos 100.000.00 Reserva de lucros 12.640.00
Edificações 80.000.00 Fundo de reserva 12.640.00
(-) Depreciação acumulada (8.000.00) Reservas de Capital 10.000.00
Intangível 2.300,00 Reservas de Capital 10.000.00
Gastos pré-operacionais 3.500.00 Sobras a destinar 50.380.00
(-) Amortização acumulada (1.200.00) Sobras a destinar 50.380.00

7 Considerando as informações da Empresa Andorinha Ltda. e um laudo com


os seguintes saldos:

Duplicatas a receber: 48.000,00


Estoques: 16.000,00
Computadores: 8.000,00
Terrenos: 150.000,00

Após os ajustes desses saldos, qual seria o valor da Empresa Andorinha


Ltda. avaliando-a pelo método do Patrimônio Líquido Corrente?

8 Determinado comércio apresenta as seguintes informações:

67
  Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Lucros esperados 23.000 25.500 26.700 30.000 33.000
Custo de oportunidade 11.800 13.400 14.800 16.300 17.100
Taxa de desconto 12% 12% 12% 12% 12%
Valor do patrimônio 188.000
atual    

Qual seria o valor dessa empresa, avaliando-a pelo Método de


Capitalização de Lucros?

Utilize a seguinte fórmula:

VE = L1 – C1 + L2 – C2 + ... + Ln – Cn + Vr
1+i (1 + i)2 (1 + i)n

9 Determinada empresa captou $ 80.000 de empréstimos de terceiros. Sobre


este valor a empresa pagou $ 16.000 de juros. Considerando impostos sobre
o lucro a uma taxa de 24% e um lucro de $ 28.000 antes dos impostos, qual
seria o custo em % da captação de terceiros após esses impostos?

10 A Empresa “Mahion Hese” apresentou o histórico financeiro a seguir nos


últimos 10 anos:

  Receitas Despesas
Anos Operacionais Operacionais
     
1 456.000 310.000
2 590.000 380.000
3 550.000 330.000
4 480.000 310.000
5 635.000 460.000
6 640.000 500.000
7 600.000 510.000
8 655.000 460.000
9 710.000 480.000
0 790.000 520.000

Patrimônio Líquido Avaliado a valor de realização ($ 1.550.000,00 o último).


O horizonte econômico do empreendimento, avaliado por empresa de
consul­toria especializada, foi estimado em 10 anos, no mínimo.

O eventual vendedor estimou o valor de sua empresa considerando o


último PL e a média de lucros dos últimos 2 anos, descontando a uma taxa 10%

68
sobre o PL. A taxa de 10% foi escolhida tendo-se em vista, aproximadamente,
uma oportunidade de investimento com risco quase nulo, e levando-se em
conta também a regularidade do histórico de lucros.

O eventual comprador considerou muito alto o valor, na premissa de


que a taxa de desconto deveria ser uma taxa de risco equivalente ao valor do
empreendimento, mas não de risco nulo. Depois de demoradas consultas,
chegou à taxa de 13%, como referência. Por outro lado, na análise das contas
constantes do balanço, chegou à conclu­são (segundo parecer de seus auditores)
de que, dos $ 1.550.000, $ 40.000 eram de difícil recebimento e $ 150.000 de
equipamentos, embora em condições de produção, estavam obsoletos. Achou
também que o valor do lucro (média de 2 anos) não condizia com a realidade e
pediu que fosse projetada a média dos últimos 4 anos.

Após discussões, o comprador aceitou que se descontassem do PL $


150.000 dos $ 190.000 possíveis para que então chegassem a um acordo e que
seria tomado como base de lucro o último exercício. A taxa de desconto ficaria
em 13%, porém o horizonte do empreendimento ficou em apenas 8 anos devido
aos baixos lucros em relação ao Patrimônio Líquido.

Qual seria o valor da empresa:


a) na estimativa do vendedor?
b) na estimativa do comprador?
c) na terceira opção em que foi feito o acordo?

69
70
UNIDADE 2

JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO


E AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS
E SOCIEDADES CONTROLADORAS,
CONTROLADAS E COLIGADAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:

• planejar, calcular e contabilizar os juros sobre capital próprio e analisar seu


efeito na investida e nos investidores;

• distinguir os investimentos avaliados pelo método de custo e pelo método


de equivalência patrimonial;

• interpretar as regras legais para reconhecimento de investimentos em con-


troladas e coligadas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade de estudo divide-se em dois tópicos. Neles, você encontrará as
regras para cálculo e pagamento dos juros sobre capital próprio e sua pos-
sibilidade de dedutibilidade ou não para fins de imposto de renda e con-
tribuição social e a análise de investimentos em sociedades controladoras,
controladas e coligadas.

TÓPICO 1 – JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

TÓPICO 2 – AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E SOCIEDADES CON-


TROLADORAS, CONTROLADAS E COLIGADAS

71
72
UNIDADE 2
TÓPICO 1

JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico, analisaremos o conceito de cálculo e contabilização
dos juros sobre o capital próprio. Veremos sua importância para fins tributários e
a necessidade de se analisar seu pagamento ou não, tanto por parte da investida,
que é responsável pelo seu pagamento quanto por parte do investidor o qual terá
direito do crédito.

Analisaremos os impostos incidentes sobre seu pagamento e recebimento


envolvendo pessoas físicas e jurídicas, optantes do simples, lucro real ou presumido.

Calcularemos os juros pro rata pelo método linear e exponencial e


analisaremos as principais diferenças entre esses.

2 CONCEITUALIZAÇÃO DOS JUROS SOBRE CAPITAL


PRÓPRIO
Juros remuneratórios do Capital Próprio ou Juros sobre o Capital Próprio
(JCP) representam o valor que a empresa paga ao seu titular, sócio, acionista ou
associado, como remuneração dos valores por eles investidos na composição do
capital da própria empresa.

Uma pesquisa realizada entre anos de 1996 e 2005 por Ariovaldo dos Santos,
com aproximadamente 3.000 empresas, demonstrou o seguinte, a respeito da
utilização dos juros sobre capital próprio, portanto, conforme Santos (2011, p. 43):

Os resultados mostraram que, dentre as empresas pesquisadas,


aproximadamente 42% delas têm utilizado a alternativa do pagamento
ou crédito aos seus sócios e acionistas na forma de juros sobre o capital
próprio. Também ficou constatado que a distribuição desses 42%
de empresas é bastante equilibrada entre as empresas industriais,
comerciais e de prestação de serviços. O grande desequilíbrio ficou por
conta da segregação feita entre empresas com e sem ações na Bolsa.
Enquanto cada três empresas com ação na Bolsa duas pagam JSCP,
entre as que não têm ação na Bolsa de cada três apenas uma efetua
o pagamento referido. Finalmente, as empresas foram segregadas,
de acordo com a origem de seus respectivos capitais, em nacionais,
estrangeiras e estatais. Nesse grupamento, os destaques ficaram para
as empresas estatais e estrangeiras, que, praticamente, de cada duas
empresas pesquisadas uma remunera seus acionistas na forma de JSCP.

73
UNIDADE2|JUROSSOBRECAPITALPRÓPRIOEAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOSESOCIEDADESCONTROLADORAS,CONTROLADASECOLIGADAS

A pesquisa demonstrou também que o percentual de empresas que


pagam juros sobre capital próprio vem crescendo a cada ano. O resultado desse
crescimento pode ser explicado pela própria difusão do conceito de juros sobre
capital próprio no mercado ou até pela exigência dos investidores interessados
nesse tipo de rendimento.

Obviamente que toda vez que um investidor aplica qualquer importância


numa investida, como, por exemplo, comprando ações ou cotas de uma empresa,
este, então, certamente estará almejando obter rendimentos futuros.

Esses rendimentos podem vir pela distribuição de dividendos, caso o


investimento seja efetuado numa sociedade anônima, pela distribuição de lucros,
caso o investimento seja efetuado numa empresa limitada, ou pela destinação das
sobras caso o investimento seja efetuado numa cooperativa. Entretanto, ambas as
formas de investimentos podem fornecer outra forma de rendimento, conhecida
como Juros sobre Capital Próprio.

Os rendimentos como dividendos, distribuição de lucros ou sobras


acontecem na maioria das vezes no final do período, trimestre ou ano. Já os juros
sobre capital próprio tendem a acontecer em qualquer época do ano. Porém,
costuma-se observar que a maioria das empresas opta em pagar os juros sobre
capital próprio somente no final do período também.

A base de cálculo dos juros sobre capital próprio nada mais é do


que simplesmente o investimento que ocorre no capital das empresas Esse
investimento pode ocorrer pelas seguintes formas:

 no período de constituição da empresa, quando os sócios, acionistas ou


associados integralizam o capital da empresa;

 numa etapa seguinte à constituição, quando a empresa já está operacionalizando.


O investimento nessa etapa é reconhecido como aporte de capital. Na maioria
das vezes esse aporte tem o objetivo de financiar novos investimentos na
empresa. Nessa etapa a empresa analisa a viabilidade do custo de capital
próprio (captação de recursos através de sócios, acionistas ou associados) e a
viabilidade do custo de capital de terceiros (captação de recursos através de
empréstimos, financiamentos etc.).

A Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, foi responsável pela extinção


da correção monetária de balanços. Nessa mesma lei, foi criada a figura dos juros
sobre capital próprio. Portanto, de acordo com a Lei nº 9.249/96:

Art. 4º Fica revogada a correção monetária das demonstrações


financeiras de que tratam a Lei nº 7.799, de 10 de julho de 1989, e o art. 1º da Lei
nº 8.200, de 28 de junho de 1991.

74
TÓPICO 1 | JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

Parágrafo único. Fica vedada a utilização de qualquer sistema de correção


monetária de demonstrações financeiras, inclusive para fins societários.

Art. 9º A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do


lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios
ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as
contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de
Juros de Longo Prazo – TJLP.

Conforme disposto no art. 9º da Lei n° 9.249/1995, a base para a


remuneração dos juros sobre capital próprio fica limitado a Taxa de Juros de
Longo Prazo (TJLP). Nos últimos anos tem se observado que essa taxa ficou fixa
em 6% ao ano.

Ribeiro (2005, p. 147) afirma que “a TJLP é calculada trimestralmente


pelo Conselho Monetário Nacional – CMN e expressa em termos anuais. A sua
divulgação se dá por meio de resoluções do Banco Central do Brasil (BACEN)”.

UNI

Além da TJLP, deve-se analisar se a empresa possui lucros ou reservas de lucros


em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados.
Exemplos dessa condição serão apresentados no decorrer dessa unidade.

Para Ribeiro (2005, p. 142), “apesar de facultativo, o Juro sobre o Capital


Próprio representa um rendimento extra que os titulares das empresas recebem
além da participação nos lucros, embora a legislação tenha previsto também que
esses juros possam substituir os dividendos obrigatórios”.

NOTA

Somente as cooperativas podem desconsiderar a TJLP para pagamento de juros


sobre capital próprio aos seus associados. Atualmente, as cooperativas podem pagar até
12% ao ano ao invés de considerar o percentual da TJLP. Quanto às demais regras para
pagamento dos juros sobre capital próprio são mesmo seguidas pelas demais empresas.

75
UNIDADE2|JUROSSOBRECAPITALPRÓPRIOEAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOSESOCIEDADESCONTROLADORAS,CONTROLADASECOLIGADAS

3 TRATAMENTO LEGAL
De acordo com Ribeiro (2005, p. 143), “ [...] tratam do assunto mais de duas
dezenas de dispositivos da legislação tributária, entre leis, decretos, Instruções
Normativas, Atos Declaratórios e outros, inclusive deliberação da CVM”. Vejam
alguns deles:

 Lei nº 9.249, de 26/12/1995;


 Lei nº 9.430, de 27/12/1996 – artigos 51, 55, 78 e 88;
 Lei nº 9.532, de 10/12/1997;
 Lei nº 9.779, de 19/1/1999 – artigo 8º;
 Lei nº 9.959, de 27/1/2000;
 Decreto nº 3.000, de 26/03/1999 – Regulamento do Imposto de Renda, artigos
347, 348, 668 e 685;
 Instrução Normativa SRF nº 11, de 21/2/1996;
 Instrução Normativa SRF nº 41, de 22/04/1998;
 Comunicado 6.548 Bacen, de 30/12/1998;
 Deliberação CVM nº 207, de 13/12/1996.

Conforme já foi comentado anteriormente, a Lei nº 9.249/1995 foi


responsável pela instituição dos juros sobre capital próprio. Por esse fato, é
descrito a seguir, além do art. 9º já descrito anteriormente, outros artigos da lei,
que são considerados essenciais no processo de provisão e pagamento dos juros
sobre capital próprio:

Art. 9º A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro


real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou
acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as
contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de
Juros de Longo Prazo – TJLP.

§ 1° O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência


de lucros computados antes da dedução dos juros, ou de reserva de lucros, em
montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou
creditados.

§ 2º Os juros ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte à


alíquota de quinze por cento, na data do pagamento ou crédito ao beneficiário.

§ 3º O imposto retido na fonte será considerado:

I - antecipação do devido na declaração de rendimentos, no caso de


beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real;
II - tributação definitiva, no caso de beneficiário pessoa física ou pessoa
jurídica não tributada com base no lucro real, inclusive isenta, ressalvado o
disposto no § 4º.

76
TÓPICO 1 | JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

§ 4º No caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro


presumido o arbitrado, os juros de que trata este artigo serão adicionados à
base de cálculo de incidência do adicional previsto no § 1º do art. 3º.

§ 8º Para os fins de cálculo da remuneração prevista neste artigo, não será


considerado o valor de reserva de reavaliação de bens ou direitos da pessoa
jurídica, exceto se esta for adicionada na determinação da base de cálculo do
imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido.

De acordo com Ribeiro (2005), a lei não obriga que as empresas provisionem
e paguem aos seus titula­res os juros sobre o capital próprio, entretanto, permite
que a soma dos va­lores pagos a esse título seja deduzida da base de cálculo da
provisão para contribuição social e da base de cálculo da provisão para o Imposto
de Renda, desde que o respecti­vo valor seja calculado de acordo com a TJLP e que
existam no momento do crédito lucros ou reservas de lucros em montante igual
ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados.

3.1 IMPOSTO DE RENDA


O Regulamento do Imposto de Renda de 1999 – RIR/1999, promovido pelo
Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, descreve em seu artigo 347 o seguinte:

Art. 347 A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos de apuração do lucro
real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou
acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as
contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de
Juros de Longo Prazo – TJLP. (Lei nº 9.249, de 1995, art. 9º).

§ 1º O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência


de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados
e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os
juros a serem pagos ou creditados. (Lei nº 9.249, de 1995, art. 9º, § 1º, e Lei nº
9.430, de 1996, art. 78).

§ 2º Os juros ficarão sujeitos à incidência do imposto na forma prevista no art.


668. (Lei nº 9.249, de 1995, art. 9º, § 2º).

§ 3º O valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de


remuneração do capital próprio, poderá ser imputado ao valor dos dividendos
de que trata o art. 202 da Lei nº 6.404, de 1976, sem prejuízo do disposto no § 2º.
(Lei nº 9.249, de 1995, art. 9º, § 7º).

§ 4º Para os fins de cálculo da remuneração prevista neste artigo, não será


considerado o valor de reserva de reavaliação de bens ou direitos da pessoa
jurídica, exceto se esta for adicionada na determinação da base de cálculo do
imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido. (Lei nº 9.249,
de 1995, art. 9º, § 8º).

77
UNIDADE2|JUROSSOBRECAPITALPRÓPRIOEAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOSESOCIEDADESCONTROLADORAS,CONTROLADASECOLIGADAS

Neves e Viceconti (2004) comentam, então, que para fatos geradores


ocorridos a partir de 1 de janeiro de 1996, a pessoa jurídica poderá deduzir, para
efeito da apuração do lucro real (somente para aquelas empresas optantes do
lucro real), observado o regime de competência, os juros pagos ou creditados
individualmente ao titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do
capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitadas à
variação pro rata dia da taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP.

Portanto, o valor provisionado e creditado dos juros sobre capital próprio


para efeito de dedutibilidade como despesa financeira não poderá exceder a
cinquenta por cento do maior entre os seguintes valores:

 do resultado líquido positivo (lucro ou sobra) correspondente ao período de


apuração do pagamento ou crédito dos juros, antes da provisão para o imposto
de renda e da dedução dos referidos juros; ou

 do saldo de reservas de lucros de períodos anteriores.

Assim, os juros sobre capital próprio podem ser pagos no período mesmo
que nesse a empresa não apresente lucros. Porém, faz-se necessário então que
essa empresa tenha lucros que venham de períodos anteriores. O valor desses
lucros deve ser em montante superior a duas vezes o valor dos juros sobre
capital próprio a ser creditado, por exemplo. Se a empresa quiser pagar $ 100 de
juros sobre capital próprio terá que ter em lucros de períodos anteriores o valor
equivalente a $ 200.

NOTA

Não é possível somar os lucros de períodos anteriores com os lucros do período


para então creditar juros sobre capital próprio. Por exemplo, se a empresa quiser pagar $ 100
de juros sobre capital próprio e tiver $ 150 de lucros de períodos anteriores e $ 180 de lucro
no período. O máximo de juros sobre capital próprio que poderá ser creditado será de $ 90,
ou seja, a metade do maior valor entre as duas hipóteses existentes, lucros do período ou
lucro de períodos anteriores.

A Lei nº 11.638/2001 extinguiu a possibilidade de a empresa deixar os


lucros do período na conta de lucros a acumulados, tendo sempre a obrigação de
destiná-los. Assim, os únicos valores de lucros de períodos anteriores poderão
existir na empresa numa conta específica do patrimônio líquido denominado
reserva de lucros.

As reservas de lucro são constituídas pelos lucros obtidos pela empresa,


retidas com finalidade específica e geralmente já definidas em estatuto, tanto em
sua constituição como em sua utilização.
78
TÓPICO 1 | JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

As reservas de lucros são subdivididas em quatro grupos:

 Reserva legal
 Reservas estatutárias
 Reserva para contingência
 Reserva de lucros a realizar.

Quanto à reserva legal, a Lei nº 6.404/76 prevê o seguinte:

Art. 193 Do lucro líquido do exercício, 5% serão aplicados, antes de qualquer


outra destinação, na constituição da reserva legal, que não excederá de 20% do
capital social.

§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício


em que o saldo dessa reserva, acrescido do montante das reservas de capital
exceder de 30% do capital social.

§ 2º A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital social e


somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar o
capital.

Por sua vez, nas reservas estatutárias, a Lei 6.404/76 prevê o seguinte:

Art. 194 O estatuto poderá criar reservas desde que, para cada uma:

I – indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade;


II – fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos
que serão destinados à sua constituição; e
III – estabeleça o limite máximo da reserva.

Já nas reservas para contingências, a Lei 6.404/76 prevê o seguinte:

Art. 195. A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração,
destinar parte do lucro líquido à formação de reserva com a finalidade de
compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda
julgada provável, cujo valor possa ser estimado.

§ 1º A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa da


perda prevista e justificar, com as razões de prudência que a recomendem, a
constituição da reserva.

§ 2º A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões


que justificaram a sua constituição ou em que ocorrer a perda.

E quanto às reservas de lucros a realizar, a Lei nº 6.404/76 prevê o seguinte:

79
UNIDADE2|JUROSSOBRECAPITALPRÓPRIOEAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOSESOCIEDADESCONTROLADORAS,CONTROLADASECOLIGADAS

Art. 197 No exercício em que o montante do dividendo obrigatório, calculado


nos termos do estatuto ultrapassar a parcela realizada do lucro líquido do
exercício, a assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração,
destinar o excesso à constituição de reserva de lucros a realizar.

NOTA

Conforme a Lei 6.404/76, art. 199, o saldo das reservas de lucros, exceto as
para contingências, de incentivos fiscais e de lucros a realizar, não poderá ultrapassar o
capital social. Atingindo esse limite, a assembleia deliberará sobre aplicação do excesso na
integralização ou no aumento do capital social ou na distribuição de dividendos.

Somente se considera creditado o valor dos juros sobre o capital próprio,


quando este for registrado contabilmente como uma despesa na pessoa jurídica
pagadora (investida) com lançamento a débito e em contrapartida com lançamento
na conta a crédito de seu passivo, representando, dessa forma, uma obrigação da
investida com os sócios, acionistas ou associados.

3.2 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO


De acordo com Neves e Viceconti (2004), as mesmas regras aplicáveis
ao imposto de renda valem também para a Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido (CSLL), ou seja, a dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio tem as
mesmas condições estabelecidas para Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL) para fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1997. No ano-
calendário de 1996, tais juros eram indedutíveis na base de cálculo da referida
contribuição.

NOTA

A empresa poderá creditar aos seus titulares os juros sobre capital próprio, em
montante igual ao obtido pela aplicação da TJLP, porém, na etapa seguinte, terá que analisar
os limites de lucro do período ou lucros de períodos anteriores, para ver se permitem seu
pagamento. A diferença que superar o maior desses dois limites não será dedutível para o
cálculo das Provisões para CSLL e para o IRPJ, devendo ser adicionado na base de cálculo
desses tributos na apuração do lucro real.

80
TÓPICO 1 | JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

4 REGISTRO COMO DESPESA FINANCEIRA


Os juros sobre capital próprio são reconhecidos na Demonstração de
Resultado do Exercício na empresa pagadora (investida) como despesa de juros
sobre capital próprio no grupo Despesa Financeira. Para fins de dedutibilidade,
nas empresas optantes do lucro real, essa despesa é dedutível para o cálculo do
IRPJ e da CSLL, é claro, desde que siga as regras legais para crédito desses juros
já vistas anteriormente.

Porém, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por meio de sua


Deliberação número 207, de 13 de dezembro de 1996, estabeleceu o seguinte:

I – Os juros pagos ou creditados pelas companhias abertas, a título


de remuneração do capital próprio, na forma do artigo 9º da Lei nº 9.249/95,
devem ser contabilizados diretamente à conta de Lucros Acumulados, sem
afetar o resultado do exercício.

Entretanto, para não causar confusão sobre a possibilidade ou não dessa


despesa financeira para fins dedutíveis a própria CVM dispôs, no inciso VIII e IX
da referida Deliberação o seguinte:

VIII – Caso a companhia opte, para fins de atendimento às disposições


tributárias, por contabilizar os juros sobre o capital próprio pagos/creditados
ou recebidos/auferidos como despesa ou receita financeira, deverá proceder à
reversão desses valores, nos registros mercantis, de forma que o lucro líquido
ou o prejuízo do exercício seja apurado nos termos desta Deliberação.

IX – A reversão, de que trata o item anterior, poderá ser evidenciada na última


linha da demonstração do resultado antes do saldo da conta do lucro líquido
ou do prejuízo do exercício.

Neves e Viceconti (2004, p. 412) comentam que “[...] a reversão em tela


pode ser evidenciada na última linha da demonstração do resultado antes do
saldo da conta do lucro ou prejuízo líquido do exercício”. Veja o exemplo a seguir:

81
UNIDADE2|JUROSSOBRECAPITALPRÓPRIOEAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOSESOCIEDADESCONTROLADORAS,CONTROLADASECOLIGADAS

Apresentacao da DRE Valores R$


Lucro Bruto R$ 200.000,00
(-) Despesas Operacionais, exceto os juros R$ 135.000,00
(-) Juros sobre o capital próprio R$ 35.000,00
(=) Lucro Operacional Líquido R$ 30.000,00
(-) IRPJ + CSLL R$ 7.200,00
(=) Lucro Líquido antes da reversão dos juros R$ 22.800,00
(+) Reversão R$ 35.000,00
(+) Lucro Líquido do Exercício R$ 57.800,00

Note que os juros sobre capital próprio são reconhecidos como despesa
financeira para fins de dedução do IRPJ e da CSLL e logo após são revertidos.
Essa reversão faz com que os juros sobre capital próprio recaiam na conta Lucros
a Destinar.

Veja o exemplo a seguir na empresa pagadora (investida):

Débito: Despesa de Juros sobre capital próprio (despesa financeira da DRE)

Crédito: Juros sobre capital próprio a pagar (obrigação no passivo)

Lançamento pela reversão:

Débito: Lucros a destinar (na conta do patrimônio líquido)

Crédito: Reversão de Juros sobre capital próprio (estorno despesa


financeira da DRE).

5 RESERVA DE REAVALIAÇÃO E AJUSTE DE AVALIAÇÃO


PATRIMONIAL
A Lei nº 11.638, de 2007, eliminou a possibilidade de que sejam efetuadas
reavaliações nas empresas. Porém, para as empresas que a tinham feito até a data
31 de dezembro de 2007 ainda restava saldo nessa conta. Entretanto, a mesma lei
em seu art. 6º comenta:

Art. 6º Os saldos existentes nas reservas de reavaliação deverão ser mantidos


até sua efetiva realização ou estornados até o final do exercício social em que
esta Lei entrar em vigor.

82
TÓPICO 1 | JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

Portanto, um grande número de empresas ainda possui saldo nessa conta,


que faz parte do patrimônio líquido e denominada reserva de reavaliação.

De acordo com Iudícibus et al. (2010, p. 380):

Tal eliminação está em desencardo com as normas internacionais que


permitem esse tipo de procedimento. Entretanto, o principal motivador
para a impossibilidade de realização de novas reavaliações no Brasil foi
o mau uso desse mecanismo. São muitos os exemplos de empresas que
procederam à reavaliação de seus ativos para transformar Patrimônios
Líquidos negativos em positivos, para diminuir os dividendos a
serem distribuídos, para conseguir concordata ou algum tipo de
favorecimento jurídico, ou até mesmo participar de concorrências
públicas.

Por sua vez, o ajuste de avaliação patrimonial foi criado originalmente


pela Lei nº 11.941/2009. Depois, o ajuste de avaliação patrimonial foi incorporado
à Lei nº 11.638/2007, em seu art. 182, que possui a seguinte redação:

§ 3º Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não


computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência,
as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuído a elementos
do ativo (§ 5º do art. 177, inciso I do caput do art. 183 e § 3º do art. 226 desta Lei)
e do passivo, em decorrência da sua avaliação a preço de mercado.

Portanto, a natureza dessa conta é a mesma da reserva de reavaliação, ou


seja, é destinada a receber ajustes contábeis realizados nos ativos ou passivos das
empresas.

De acordo com Perez e Oliveira (2010) o texto definido pelo art. 182 da Lei
11.638/2007 é sucinto e não define exatamente o que pode ou deve ser ajustado a
valor justo, entretanto, essa correção busca expressar a realizada patrimonial de
uma empresa.

ATENCAO

Para conhecer mais sobre o que pode ser ajustado contabilmente e de que
forma proceder leia os seguintes pronunciamento contábeis disponíveis no sítio do Conselho
Federal de Contabilidade – CFC: <http://www.cfc.org.br>: CPC 02, 10, 13, 14 3 15.

Tanto a conta Ajuste de Avaliação Patrimonial como conta Reserva de


Reavaliação são contas específicas que compõem o patrimônio líquido e, para o
cálculo dos juros sobre capital próprio, essas contas não serão consideradas como
parte integrante do patrimônio líquido.

83
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NOTA

Caso a empresa ainda tinha algum saldo na conta de reserva especial de


correção monetária dos bens do Ativo Permanente, que provém antes do ano de 1995, esta
também não será considerada como parte integrante do patrimônio líquido.

Contudo, a realização dessas reservas que forem adicionadas ao resultado


líquido da empresa poderá ser adicionada para o cálculo dos juros sobre capital
próprio, como, por exemplo, ocorre na depreciação ou venda de bens que foram
reavaliados ou sofreram ajustes de avaliação patrimonial.

Por exemplo: suponhamos que determinada empresa tenha como


composição de seu patrimônio líquido as seguintes contas:

CAPITAL SOCIAL 3.800.000.00


RESERVAS DE CAPITAL 200.000.00
RESERVAS DE REAVALIAÇÃO 500.000.00
RESERVAS DE LUCROS 300.000.00
TOTAL 4.800.000.00

Portanto, a base de cálculo dos juros sobre capital próprio que deverá ser
multiplicada pela TJLP é a seguinte:

CAPITAL SOCIAL 3.800.000.00


RESERVAS DE CAPITAL 200.000.00
(-) RESERVAS DE REAVALIAÇÃO 500.000.00
RESERVAS DE LUCROS 300.000.00
Total da Base de Cálculo 4.300.000.00

Caso a TJLP fosse de 6% o valor dos juros sobre capital próprio seria esse:

$ 4.300.000 x 6% = 258.000

Porém, para que se possam creditar os $ 258.000 como juros sobre capital
próprio e que consequentemente sejam dedutíveis para IRPJ e CSLL seria
necessário que a empresa tivesse um lucro no período de pelo menos $ 516.000

84
TÓPICO 1 | JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

(o dobro do valor dos juros que se pretende creditar) ou numa segunda hipótese
que se tivesse $ 516.000 em reserva de lucros (também dobro do valor dos juros
que se pretende creditar).

NOTA

Mais exemplos sobre o cálculo de juros sobre capital próprio serão vistos a
seguir, ainda nesta unidade. Por enquanto é importante que você entenda que as reservas
de reavaliação e de ajuste de avaliação patrimonial não fazem parte da base de cálculo dos
juros sobre capital próprio.

6 IMPOSTO DE RENDA NA FONTE


Sobre o valor dos juros sobre capital próprio creditado aos seus
investidores, tanto para pessoa física como jurídica, haverá a incidência de 15%
de imposto de renda retido na fonte.

Esse imposto de renda na fonte deverá ser pago à Receita Federal do


Brasil até o terceiro dia útil da semana subsequente a do pagamento ou crédito
dos juros respectivos.

NOTA

O valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de remuneração
do capital próprio, poderá ser imputado ao valor dos dividen­dos, sem prejuízo do pagamento
do imposto de renda na fonte.

7 JUROS SOBRE JUROS


Numa possível negociação entre o investidor (recebedor) e a investida
(pagador) os juros sobre capital próprio podem ser pagos em parcelas ou
numa data futura programada. Caso isso ocorra pode ser que se negocie uma
remuneração pelo atraso no pagamento, ou seja, juros sobre juros.

Sobre os juros sobre capital próprio há incidência de 15% de IRRF, porém


sobre os juros sobre juros o IRRF é equiparado a uma aplicação financeira de renda
fixa e sobre esse valor incide imposto de renda na fonte a alíquota de 15% a 22,5%.

85
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A variação do IRRF dos juros sobre juros ocorre da seguinte forma:

 Se for pago antes de 6 meses haverá incidência de 22,5%.


 Se for pago no período de 6 meses a um ano haverá incidência de 20%.
 Se for pago no período de 1 ano a dois anos haverá incidência de 17,5%.
 Se for pago no período superior a 2 anos 15%.

Veja o exemplo a seguir com base no modelo de Neves e Viceconti (2004):

Dados hipotéticos em 31/12/2001

1 – Valor do PL da Cia. ANDRADE:

CAPITAL SOCIAL 3.000.000.00


RESERVAS DE CAPITAL 240.000.00
RESERVAS DE REAVALIAÇÃO 200.000.00
RESERVAS DE LUCROS 560.000.00
TOTAL 4.000.000.00

No saldo desta conta, não está incorporado o resultado do exercício


31/12/2001, equivalente a R$ 800.000,00, antes da provisão para o imposto de
renda e da dedução dos juros sobre o capital próprio. Salvo a incorporação do
resultado, não houve alteração no valor do Patrimônio Líquido no ano-calendário
de 2001.

2 – TJLP em 2001:

10% ao ano

3 – Cálculo dos juros:

Base de cálculo: R$ 4.000.000,00 - 200.000,00 = 3.800.000,00


Valor dos juros: R$ 3.800.000,00 x 10% = R$ 380.000,00

Após aplicação da TJLP sobre a base de cálculo é preciso partir para o


segundo passo: descobrir se a empresa realmente pode pagar esse valor de $
380.000,00 para fins de dedução de IRPJ e CSLL.

Portanto, vamos analisar as duas hipóteses possíveis:

a) Hipótese de lucro no período. Para que sejam pagos $ 380.000,00 é preciso que
se tenha de lucro no período o dobro desse valor, ou seja, $ 760.000,00.

86
TÓPICO 1 | JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

b) Hipótese de lucro de períodos anteriores. Para que sejam pagos $ 380.000,00 é


preciso que se tenha de lucro de períodos anteriores o dobro desse valor, ou
seja, $ 760.000,00.

Sendo assim, a hipótese “b” permitiria que fossem pagos apenas $


280.000,00 de juros sobre capital próprio, uma vez que a empresa possui como
reserva de lucros o montante de $ 560.000,00 (560.000,00 / 2 = 280.000,00).

Já a hipótese “a” permitiria que fossem pagos $ 400.000,00 de juros sobre


capital próprio, uma vez que a empresa possui de lucro no período o montante
de $ 800.000,00 (800.000,00 / 2 = 400.000,00).

Porém, pelo fato de o resultado da TJLP sobre a base de cálculo dos juros
sobre capital próprio ficar em $ 380.000,00, será desconsiderado o valor máximo
de $ 400.000,00 da hipótese “a” e pagos apenas os $ 380.000,00.

Se por acaso a empresa tivesse um lucro no período equivalente a apenas


$ 100.000,00, o máximo que poderia ser pago de juros sobre capital próprio seriam
os $ 280.000,00 com base na hipótese “b”.

4 – Contabilização dos juros sobre capital próprio:

1 – dos juros em 31/12/2001

Debita-se: Despesas de Juros sobre Capital Próprio 380.000,00 (DRE)


Credita-se: Juros sobre do Capital Próprio a Pagar 380.000,00 (Passivo
circulante)

2 – incidência do Imposto de Renda na Fonte: (15% x R$ 380.000,00)

Debita-se: Juros sobre Capital Próprio a Pagar 57.000,00 (Passivo


Circulante)
Credita-se: IRRF a Recolher 57.000,00 (Passivo
Circulante)

Suponhamos que o saldo de juros sobre capital próprio a pagar, que


correspondia em 31/12/2001 a R$ 323.000,00 (R$ 380.000,00 - R$ 57.000,00), tenha
sido efetivamente pago em 30/08/2002, acrescido de juros equivalentes a 2% (taxa
hipotética) desse total, ou seja, R$ 6.460,00 (2% x R$ 323.000,00). Sobre esses juros
de R$ 6.460,00 (juros sobre juros) incidirá imposto de renda na fonte de 20%,
totalizando R$ 1.292,00 (20% x R$ 6.460,00).

Incidirá 20% de IRRF porque os juros sobre juros estariam sendo pagos
8 meses depois do registro do crédito do principal. Caso fosse antes de 6 meses
incidiria 22,5% de IRRF conforme evidenciado anteriormente.

87
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NOTA

A variação do IRRF conforme o prazo de pagamento vale apenas para o cálculo


dos juros sobre juros. O IRRF sobre o juros sobre capital próprio será sempre de 15%.

5 – Contabilização dos juros sobre juros:

1 – Reconhecimento da despesa de juros

Debita-se: despesa de juros 6.460,00 (DRE)


Credita-se: Juros sobre Capital Próprio a Pagar 6.460,00 (Passivo Circulante)

2 – Incidência do IRRF a alíquota de 20%

Debita-se: Juros sobre Capital Próprio a Pagar 1.292,00 (Passivo Circulante)


Credita-se: IRRF a recolher 1.292,00 (Passivo Circulante)

6 – Pagamentos dos juros sobre capital próprio e juros sobre juros:

Debita-se: Juros sobre Capital Próprio a Pagar 328.168,00 (Passivo Circulante)


Credita-se: Banco Conta Movimento 328.168,00 (Ativo Circulante)

8 REFLEXOS NAS INVESTIDORAS


O investidor, aquele que teria o direito de receber os juros sobre capital
próprio, pode ser pessoa física ou pessoa jurídica. Quando for pessoa jurídica,
a forma de os juros serem reconhecidos dependerá de sua própria forma de
tributação, por exemplo, lucro real, lucro presumido ou simples nacional.

No recebimento dos juros sobre capital próprio pela pessoa jurídica


optante do lucro presumido e lucro real os referidos juros serão registrados
como receita financeira e integrarão base de cálculo do imposto de renda e da
contribuição social sobre o lucro.

Já no recebimento dos juros sobre capital próprio pela pessoa jurídica


optante do simples nacional, os referidos juros serão também registrados como
receita financeira, porém não integrarão base de cálculo do imposto de renda e da
contribuição social sobre o lucro.

Com base no modelo de Neves e Viceconti (2004), veja o exemplo a seguir,


tendo como informações os dados da Cia. ANDRADE, vista no exemplo anterior:

88
TÓPICO 1 | JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

 aCia. ANDRADE é controlada (investida) pela Cia. ZULIPA (investidora), que


detém 60% de seu capital;

 em decorrência do montante dos juros pagos pela Cia. ANDRADE, 60% foram
creditados à sua controladora (60% x R$ 380.000,00 = R$ 228.000,00);

 do imposto retido pela Cia. ANDRADE (R$ 57.000,00), 60% corresponde aos
juros creditados à Cia. ZULIPA, ou seja, 60% x R$ 57.000,00 = RS 34.200,00;

 a Cia. ZULIPA , por sua vez, efetua crédito de juros sobre o capital próprio a
seus sócios e acionistas no valor de R$ 800.000,00 e o imposto de renda na fonte
correspondente é de R$ 120.000,00 (15% x R$ 800.000,00). Ela poderá compensar
os R$ 34.200,00 retidos pela Cia. ANDRADE com os R$ 120.000,00 devidos pelo
crédito dos juros sobre seu capital próprio e recolher à Receita Federal do Brasil
apenas a diferença;

 em agosto de 2002 a Cia. ZULIPA recebe os juros que lhe eram devidos pela
Cia. ANDRADE, R$ 193.800,00, acrescidos dos juros sobre juros de 2% (R$
193.800,00 x 2% = R$ 3.876,00) e deduzido o imposto de renda na fonte incidente
sobre esses últimos (R$ 3.876,00 x R$ 20% = R$ 775,20).

Contabilização na Cia. ZULIPA (investidora)

Obs.: A Cia. ZULIPA recebeu os juros sobre capital próprio da Cia.


ANDRADE. A própria Cia. ZULIPA efetuou o crédito de juros sobre capital
próprio aos seus investidores.

1 – pelo crédito dos juros pagos recebidos da Cia. ANDRADE: (60% x R$ 380.000,00
= R$ 228.000,00).

Debita-se: Juros sobre Capital Próprio a Receber 228.000,00 (Ativo Circulante)


Credita-se: Receita de Juros sobre Capital Próprio 228.000,00 (DRE)

2 – registro do Imposto de Renda retido na Fonte (IRRF) Compensável: (60% x R$


57.000,00 = RS 34.200,00).

Debita-se: IRRF a Compensar 34.200,00 (Ativo Circulante)


Credita-se: Juros sobre Capital Próprio a Receber 34.200,00 (Ativo Circulante)

3 – crédito aos acionistas dos juros incidentes sobre o capital próprio da Cia.
ZULIPA: (pagamento ou crédito de juros sobre capital próprio no valor de R$
800.000,00).

Debita-se: Despesas de Juros sobre o Capital Próprio 800.000,00 (DRE)


Credita-se: Juros sobre de Capital Próprio a Pagar 800.000,00 (Passivo Circulante

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4 – incidência do IRRF sobre juros a pagar: (15% x R$ 800.000,00 = RS 120.000,00).

Debita-se: Juros sobre Capital Próprio a Pagar 120.000,00 (Passivo Circulante)


Credita-se: IRRF a Recolher 120.000,00 (Passivo Circulante)

5 - compensação do IRRF a pagar com o IRRF a compensar na Cia. ZULIPA:

Debita-se: IRRF a Recolher 34.200,00 (Passivo Circulante)


Credita-se: IRRF a Compensar 34.200,00 (Ativo Circulante)

6 – reconhecimento de juros sobre juros em 2002: (2% de R$ 193.800,00 = R$


3.876,00, onde R$ 193.800,00 = R$ 228.000,00 – R$ 34.200,00).

Debita-se: Juros sobre Capital Próprio a Receber 3.876,00 (Ativo Circulante)


Credita-se: Receita Financeira 3.876,00 (DRE)

7 – incidência do IRRF sobre os referidos juros: (3.876,00 x R$ 20% = R$ 775,20).

Debita-se: IRRF a Compensar 775,20 (Ativo Circulante)


Credita-se: Juros sobre Capital Próprio a Receber 775,20 (Ativo Circulante)

8 – recebimento dos juros sobre o capital próprio: (196.900,80 = (228.000,00 –


34.200) + (3.876,00 – 775,20).

Debita-se: Banco conta Movimento 196.900,80 (Ativo Circulante)


Credita-se: Juros sobre Capital Próprio a Receber 196.900,80 (Ativo Circulante)

NOTA

Caso a Cia. ZULIPA não tivesse pago os juros sobre seu capital próprio, o IRRF a
compensar de R$ 34.200,00 poderia ser compensado com o imposto devido com base no
lucro real do período, ou seja seu o IRPJ.

90
TÓPICO 1 | JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

8.1 INVESTIDORES DIVERSOS E SUA FORMA DE TRIBUTAÇÃO


Desde 1º de janeiro de 1997, os investidores enquadrados no lucro presumido
ou lucro real reconhecerão as receitas financeiras de juros sobre capital próprio
recebidos como receita tributável, tanto para IRPJ e CSLL como para PIS e COFINS.

Assim, toda a empresa enquadrada no lucro presumido ou lucro real


que receber juros sobre capital próprio tributará essa receita como sendo outras
receitas financeiras.

Entretanto, essas empresas enquadradas lucro presumido ou lucro real


poderão utilizar o IRRF retido nesse recebimento para compensar com seu IRPJ,
ou seja, o IRRF para essas empresas será considera­do antecipação do devido no
período de apuração. Esse foi o caso que aconteceu no exemplo anterior em que a
Cia. ZULIPA pode recuperar o IRRF sobre os juros sobre capital próprio recebido
da Cia. ANDRADE.

Já as pessoas jurídicas isentas e as pessoas físicas não poderão recuperar o


IRRF retido quando receberem juros sobre capital próprio. Portanto, nesses casos,
a tributação na fonte é definitiva.

E quanto às pessoas jurídicas imunes, essas nem precisarão ter o desconto do


IRRF, poderão receber integralmente os juros sobre capital próprio de suas investidas.

Vejamos os exemplos a seguir para melhor entendimento dessas situações.


Suponhamos uma situação única de recebimento de $ 100.000,00 de juros sobre
capital próprio com 15% de IRRF, ou seja, $ 15.000,00.

1º Exemplo: Investidor optante do lucro presumido ou real.

O lançamento contábil desse recebimento seria:

Débito: IRRF a Compensar 15.000,00


Débito: Caixa 85.000,00
Crédito Juros recebidos sobre capital próprio 100.000,00

Nesse caso, a empresa poderia compensar os 15.000,00 de IRRF com seu


possível IRPJ a pagar. Porém, os 100.000,00 entrariam na base de cálculo do PIS,
COFINS, IRPJ e CSLL.

2º Exemplo: Investidor pessoa jurídica isenta.

O lançamento contábil desse recebimento seria:

Débito: Despesas de IRRF 15.000,00


Débito: Caixa 85.000,00
Crédito Juros recebidos sobre capital próprio 100.000,00

91
UNIDADE2|JUROSSOBRECAPITALPRÓPRIOEAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOSESOCIEDADESCONTROLADORAS,CONTROLADASECOLIGADAS

Nesse caso, a empresa não poderia compensar os 15.000,00 de IRRF, que


já seriam reconhecidos como despesa. Porém, os 100.000,00 não entrariam na base
de cálculo do PIS, COFINS, IRPJ e CSLL.

3º Exemplo: Investidor pessoa física.

Se houvesse um lançamento contábil desse recebimento seria:

Débito: Despesas de IRRF 15.000,00


Débito: Caixa 85.000,00
Crédito Juros recebidos sobre capital próprio 100.000,00

Nesse caso pessoa física não poderia compensar os 15.000,00 de IRRF com seu
IRPF, pois seriam reconhecidos como despesa. Porém, os 100.000,00 não entrariam
na base de cálculo em sua Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física – DIRPF.

4º Exemplo: Investidor pessoa jurídica imune.

O lançamento contábil desse recebimento seria:

Débito: Caixa 100.000,00


Crédito Juros recebidos sobre capital próprio 100.000,00

Nesse caso, pessoa jurídica imune receberia 100% dos juros sobre capital
próprio, sem o desconto dos 15% do IRRF. Inclusive, os 100.000,00 não entrariam
na base de seus impostos.

8.2 CONVENIÊNCIA DA DISTRIBUIÇÃO DO PONTO DE VISTA


DO ÔNUS TRIBUTÁRIO
A pessoa jurídica optante pelo lucro real que optar em efetuar o pagamento
dos juros sobre o capital próprio para investidores pessoas físicas terá menor carga
tributária do que aquela que não o fizer. A grande diferença seria a seguinte:

 a empresa que resolvesse pagar juros sobre capital próprio teria que recolher
15% de IRRF, porém, diminuiria sua base tributária, gerando um ganho de 24%
ou até 34% se recair no adicional de IRPJ. Em resumo, poderia ter um ganho
líquido de 9% a 19%, desde que apurasse lucro. Se não tiver lucro não seria
vantagem pagar juros sobre capital próprio.

 a empresa que não resolvesse pagar juros sobre capital próprio não recolheria
os 15% de IRRF, porém, sua base tributária ficaria normal, sem a redução da
despesa financeira de juros sobre capital próprio, Em resumo, poderia deixar
de pagar de 9% a 19%, desde que apurasse lucro.

92
TÓPICO 1 | JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

NOTA

Para fins tributários as pessoas jurídicas enquadradas no lucro presumido ou


simples não teriam vantagem em pagar juros sobre capital próprio.

Veja o exemplo a seguir com base no modelo de Neves e Viceconti (2004):

Demonstração de Resultado Anual com juros (R$) sem juros (R$)


Lucro antes dos juros, da CSLL e do IR 200.000.00 200.000.00
Juros sobre o capital próprio (20.000.00) -
(=) Base de cálculo da CSLL e do IR
(supondo-se inexistência de ajustes) 180.000.00 200.000.00
(-) CSLL (9%) (16.200.00) (18.000.00)
(-) IR (15%) (27.000.00) (30.000.00)
(=) Lucro líquido (após CSLL e IR) 136.800.00 152.000.00
     
Rendimentos dos Sócios    
Lucro líquido + juros 156.800.00 152.000.00
(-) IR Fonte sobre os juros (3.000.00) -
= Rendimento Líquido 153.800.00 152.000.00

A única diferença foi os R$ 1.800,00 (153.000,00 – 152.000,00). Essa diferença


pode ser explicada da seguinte forma. A empresa que não pagou juros sobre capital
próprio tributou normalmente 15% de IRPJ e 9% de CSLL sobre 200.000,00, porém,
a empresa que pagou os juros sobre capital próprio teve que pagar 15% de IRRF,
mas em contrapartida, o resultado tributável diminui para 180.000,00 gerando uma
economia de 15% de IRPJ e 9% de CSLL sobre os 20.000,00. Em resumo, sobre os
20.000,00 de juros sobre capital próprio pode-se dizer que a empresa que decidiu
pagar teve uma despesa de 15% de IRRF e uma economia de 15% de IRPJ, gerando
resultado nulo, porém essa mesma empresa economizou 9% de CSLL, ou seja,
1,800,00 (20,000,00 X 9%), uma vez que sua base tributável diminuiu.

Se por acaso a empresa que decidiu pagar os juros sobre capital próprio
recaísse no adicional de 10% de IRPJ a economia poderia ser de até 19%.

Agora, quando o pagamento de juros sobre capital próprio envolve duas


pessoas jurídicas optantes pelo lucro real é preciso tomar um cuidado especial.
Vejamos as seguintes situações:

93
UNIDADE2|JUROSSOBRECAPITALPRÓPRIOEAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOSESOCIEDADESCONTROLADORAS,CONTROLADASECOLIGADAS

 se ambas as empresas não estiverem sujeitas ao adicional do IRPJ, mas


apresentarem lucros, no geral, não seria vantajoso o pagamento dos juros sobre
capital próprio para fins tributários, pois diminuiria a base de cálculo tributável
na empresa pagadora e aumentaria na empresa recebedora, a princípio, gerando
efeito nulo. Entretanto, não seria vantajoso porque na empresa recebedora a
receita de juros sofreria tributação de PIS e COFINS;

 se ambas as empresas estiverem sujeitas ao adicional do IRPJ, a situação seria a


mesma, gerando efeito nulo. Entretanto, não seria vantajoso porque na empresa
recebedora a receita de juros sofreria tributação de PIS e COFINS;

 se a empresa pagadora estivesse sujeita ao adicional e a recebedora não, mas


esta última apresentasse lucros. No geral, seria vantajoso o pagamento dos
juros sobre capital próprio para fins tributários, pois diminuiria a base de
cálculo tributável na empresa pagadora porque esta estaria sujeita ao adicional
de 10% de IRPJ e a recebedora não, mesmo que na empresa recebedora a receita
de juros sofreria tributação de PIS e COFINS;

 se a empresa pagadora tiver lucro e a recebedora tiver prejuízo será sempre


vantajoso.

Neves e Viceconti (2004) apresentam a seguir um exemplo em que o efeito


tributário de juros sobre capital próprio seria nulo.

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO (em R$) — TRIMESTRAL


  Cia. Alpha Cia. Beta
a) Sem os juros Recebedora Pagadora
Lucro Líquido antes do IRPJ e CSLL 120.000,00 90.000,00
(-) CSLL -10.800,00 -8.100,00
(-) IRPJ (24.000.00) (16.500.00)
(=) Lucro Líquido 85.200,00 65.400,00
b) Com os juros  
Lucro Líquido antes do IRPJ e CSLL 120.000,00 90.000,00
(±) Juros 18.000.00 (18.000.00)
(=) Lucro Líquido antes da CSLL e IR 138.000,00 72.000,00
(-)CSLL -12.420,00 -6.480,00
(-)IRPJ -28.500,00 -12.000,00
(=)Lucro Líquido 97.080,00 53.520,00

94
TÓPICO 1 | JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

Como se pode perceber no quadro, o total do IRPJ e da CSLL pago pelas


duas empresas continue o mesmo, ou seja, IRPJ (R$ 24.000,00 + R$ 16.500,00 = R$
40.500,00 = R$ 28.500,00 + R$ 12.000,00), e CSLL (R$ 10.800,00 + R$ 8.100,00 = R$
18.900,00 = R$ 12.420,00 + R$ 6.480,00).

Entretanto, a Cia. Alpha teria que inserir em sua base de cálculo de PIS e
COFINS os 18.000,00 de juros recebidos, o que de fato, tributariamente tornaria o
pagamento dos juros sobre capital próprio inviável nessa situação.

Portanto, toda a vez que pretenda pagar os juros sobre capital próprio é
obrigatório que se proceda às seguintes indagações:

1. Qual o é objetivo de se pagar os juros sobre capital próprio?


2. Qual é a forma de tributação da empresa pagadora (investida)?
3. Qual é a forma de tributação da empresa recebedora (investidora)?
4. Qual é o efeito tributável geradora tanto na recebedora como na pagadora?

Depois de estar ciente de todos esses fatos será muito mais simples decidir
se a empresa deve ou não pagar juros sobre capital próprio naquele período.

9 CÁLCULO DOS JUROS PRO RATA


O patrimônio líquido pode apresentar mudanças de valores do decorrer
do ano. Essas mudanças acorrem na maioria das vezes pela incorporação do
resultado do ano anterior ou pela integralização e/ou retirada de capital.

Quando ocorrem essas mudanças no patrimônio líquido da pessoa jurídica


que estaria creditando os juros sobre capital próprio aos seus investidores, se faz
necessário, então, que tais juros sejam calculados com base na variação pro rata
(por dia) da TJLP.

Há dois critérios utilizados para se calcular a variação pro rata da TJLP:


o critério exponencial e o critério linear, no entanto, até o momento não há base
legal ou até alguma indicação mais concreta que obrigue as empresas a optarem
definitivamente uma ou outra.

De acordo com Neves e Viceconti (2004, p. 422):

O Banco Central do Brasil expediu a Circular nº 2.722/96 de 26-09-96,


que estabelece condições para remessa de juros sobre o capital próprio
da pessoa jurídica a sócios ou acionistas residentes no exterior. No
Anexo a esta Circular, consta um demonstrativo onde é sugerido o
critério exponencial. Entretanto, a RFB no que tange ao Programa de
Recuperação Fiscal – Refis e ao parcelamento a ele alternativo, por
meio do decreto nº 3.431/2000, adota o cálculo LINEAR, que é mais
simples do que o EXPONENCIAL estabelecido pelo BACEN.

95
UNIDADE2|JUROSSOBRECAPITALPRÓPRIOEAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOSESOCIEDADESCONTROLADORAS,CONTROLADASECOLIGADAS

Seguindo o modelo de Neves e Viceconti (2004), será apresentado a seguir


um exemplo de cálculo utilizando-se o critério exponencial e o critério linear:

Saldo da conta Capital em 01/01/1996: R$ 100.000,00


Aumento de Capital em 21/03/1996: R$ 40.000,00

Balanço levantado em 30/06/1996 para fins de distribuição

Sabe-se que a TJLP anual era a seguinte em 1996:

Jan/Fev= 17,72% (taxa igual para os meses de janeiro e fevereiro)


Mar/Abr/Mai = 18,34% (taxa igual para os meses de março a maio)
Jun/Jul/Ago = 15,44% (taxa igual para os meses de junho a agosto)

Pelo método exponencial:

Janeiro = (1,1772)1/12 = 1,0136 ou 1,36% a.m.

Fevereiro = (1,1772)1/12 = 1,0136 ou 1,36% a.m.

Março = (1,1834)1/12 = 1,0141 ou 1,41% a.m.


Março = (1,0141)10/30 = 1,0046 ou 0,46% em 10 dias

Abril/maio = (1,1834)1/12 = 1,0141 ou 1,41% a.m.

Junho = (1,1544)1/12 = 1,0120 ou 1,20% a.m.

Note que, por exemplo, no mês de janeiro, a TJLP era de 17,72% a.a. Para
se chegar a TJLP foram feitos os seguintes cálculos:

1 – Deve-se apanhar a TJLP anual evidenciado em percentual, ou seja, 17,72% e, em


seguida, evidenciar na forma decimal, ou seja, 0,1772. Para isso basta apanhar
17,72 e dividir por 100.

2 – Deve-se apanhar 0,1772 e acrescentar 1 a fórmula, resultando então em 1,1772.

3 – Deve-se elevar 1,1772 a um doze avos 1/12. Na calculadora financeira, você


poderá proceder da seguinte forma nesse cálculo.

F CLX
1 ENTER
12 ÷
STO 0
1,1772 ENTER
RCL O
yx

96
TÓPICO 1 | JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

O resultado obtido será = 1,01369

4 – Para transformar na TJLP mensal basta apanhar 1,01369 e subtrair 1, portanto:


1,01369 – 1 = 0,01369 na forma decimal ou 0,01369 x 100 = 1,36817% na forma
em percentual.

No mês de março foi preciso encontrar a TJLP para dez trinta avos, uma
vez que o capital ficou aplicado por 10 dias naquele mês. Portanto, para se chegar
aquele resultado, deve-se proceder da mesma forma que é transformada a TJLP
anual para mensal. Sendo assim, no cálculo em questão, a TJLP será transformada
de mensal para diária.

Depois de encontrada a TJLP mensal e diária é preciso aplicar ao capital o


fator de multiplicação encontrado em cada mês.

Fator de acumulação para os R$ 100.000,00: (note que os R$ 100.000,00


estiveram aplicados na empresa desde janeiro, portanto, o fator de multiplicação
será integral para todos os meses).

1,0136 x 1,0136 x 1,0141 x 1,0141 x 1,0141 x 1,0120 = 1,0843


Fator de acumulação =1,0843 -1 = 0,0843 ou 8,43%

Fator de acumulação para os R$ 40.000,00: (note que os R$ 40.000,00


estiveram aplicados na empresa desde março, por 10 dias e os demais meses
integrais).

1,0046 x 1,0141 x 1,0141 x 1,0120 = 1,0455


TJLP pro rata = 1,0455 -1 = 0,0455 ou 4,55%

Cálculo dos juros sobre capital próprio:

R$ 100.000,00 x 8,43% = R$ 8.430,00


R$ 40.000,00 x 4,55% = R$ 1.820,00
TOTAL R$ 10.250,00

Agora, somente bastaria analisar se a empresa de fato poderia creditar os


R$ 10.250,00 para fins de dedutibilidade.

Pelo método Linear:

Janeiro/Fevereiro 17,72% / 12 = 1,4767% a.m.


Março 18,34% / 12 = 1,5283% a.m.
Março (1,5283% / 30) x 10 = 0,5094% em 10 dias.
Abril/maio 18,34% / 12 = 1,5283% a.m.
Junho 15,44% / 12 = 1,2867% a.m.

97
UNIDADE2|JUROSSOBRECAPITALPRÓPRIOEAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOSESOCIEDADESCONTROLADORAS,CONTROLADASECOLIGADAS

Note que neste método o cálculo é bem mais simples. Para transformar
a TJLP anual em mensal basta apenas dividi-la por 12. Da mesma forma, a TJLP
diária, onde basta apenas dividir a TJLP mensal por 30.

Fator de acumulação para os R$ 100.000,00:


1,4767% + 1,4767% + 1,5283% + 1,5283% + 1,5283% + 1,2867% = 8,825%

Fator de acumulação para os R$ 40.000,00


0,5094% + 1,5283% + 1,5283% + 1,2867% = 4,8527%

Note que para descobrir o fator de multiplicação neste critério basta


apenas fazer a equação de soma das taxas, enquanto que no método exponencial
as taxas são multiplicadas umas pelas outras.

R$ 100.000,00 x 8,825% = R$ 8.825,00


R$ 40.000,00 x 4,8527% = R$ 1.941,00
TOTAL R$ 10.766,00

Agora, somente bastaria analisar se a empresa de fato poderia creditar os


R$ 10.766,00 para fins de dedutibilidade.

NOTA

Observe que o cálculo pela convenção linear tem como resultado um valor
de juros maior que o da convenção exponencial. Os cálculos foram feitos usando-se o ano
comercial (360 dias), mas não há impedimento de se usar o ano civil (365 dias) e o número
de dias exatos de cada mês transcorrido (por exemplo, 28 dias no mês de fevereiro).

10 IMPUTAÇÃO DOS JUROS AOS DIVIDENDOS


OBRIGATÓRIOS
As sociedades anônimas poderão optar pela imputação dos juros sobre o
capital próprio, ao valor dos dividendos obrigatórios conforme trata o art. 202 da
Lei nº 6.404/76 descrito a seguir:

Art. 202 Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório em


cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto ou, se este for
omisso, a parcela determinada de acordo com as seguintes normas:

I – metade do Lucro Líquido do exercício diminuído ou acrescido dos seguintes


valores:

98
TÓPICO 1 | JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO

a) importância destinada à constituição da reserva legal;


b) importância destinada à formação da reserva para contingências.

§ 2º Quando o estatuto for omisso e a assembleia geral deliberar alterá-lo para


introduzir norma sobre a matéria, o dividendo obrigatório não poderá ser
inferior a 25% (vinte e cinco por cento) do Lucro Líquido ajustado nos termos
do inciso I deste artigo.

NOTA

Mesmo que sejam imputados aos dividendos obrigatórios os juros sobre capital
próprio, deverão ser registrados como despesas financeiras.

99
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, vimos a conceitualização, o cálculo, a contabilização e todos
os procedimentos legais que devem ser levados em consideração nesse tema
denominado Juros sobre Capital Próprio.

Analisamos que mesmo aquela empresa que tenha apurado prejuízo


no período poderá pagar juros sobre capital próprio, desde que tenha saldo em
lucros de períodos anteriores, na conta reservas de lucro. Porém, essa situação
tornaria inviável pelo aspecto tributário, uma vez que é preciso reter 15% de IRRF
sobre o valor dos juros sobre capital próprio, que quando for reconhecido, na
empresa recebedora, poderá sofrer novamente uma tributação.

Constatou-se que os juros sobre capital próprio podem fornecer certa


vantagem tributária às empresas. Porém, para isso, faz-se necessário conhecer
vários aspectos, como, por exemplo: Qual o objetivo de pagar os juros sobre
capital próprio. Qual a forma de tributação da empresa pagadora (investida).
Qual a forma de tributação da empresa recebedora (investidora). Qual o efeito
tributável gerador tanto na recebedora como na pagadora.

100
AUTOATIVIDADE

1 Assinale a alternativa correta:

a) ( ) A partir de 01/01/1996, a pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos de


apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individual­mente ao titular,
sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados
sobre as contas do patrimônio líquido e limitadas à variação, pro rata dia, da
Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP.
b) ( ) O valor dos juros, para efeito de dedutibilidade na base de cálculo do
IRPJ e CSLL, não poderá exceder a 50% do lucro antes do cômputo desses
tributos ou do saldo de reservas de lucros, dos dois o menor.
c) ( ) O pagamento de juros sobre os juros sobre capital próprio, creditados e
não pagos, está sujeito à incidência de imposto de renda na fonte à alíquota de
15%.
d) ( ) As parcelas da reserva de reavaliação que forem computadas na
determinação do lucro real somente poderão servir de base de cálculo para
determinação do valor dos juros sobre o capital próprio, no período de apuração
seguinte a tal fato.

2 Assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) O valor dos juros pagos ou creditados a título de remuneração do capital


próprio ficará sujeito à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de
15%.
b) ( ) O imposto de renda na fonte sobre a remuneração do capital próprio
será considerado definitivo, no caso de beneficiário pessoa física ou pessoa
jurídica isenta.
c) ( ) O imposto na fonte sobre a remuneração do capital próprio será
considerado antecipação do devido (IRRF a Recuperar) na declaração de
rendimentos, no caso do beneficiário pessoa jurídica submetida ao regime de
tributação com base no lucro real.
d) ( ) A partir de 01/01/1997 a tributação sobre os juros sobre o capital próprio
recebidos por empresa tributada pelo lucro presumido, será con­siderada definitiva.

Observe os dados hipotéticos a seguir para responder às questões 3 a 5:


Valor do PL da Cia. PVSN

CAPITAL SOCIAL 2.000.000.00


RESERVAS DE CAPITAL 400.000.00
RESERVAS DE REAVALIAÇÃO 500.000.00
RESERVAS DE LUCROS 1.600.000.00
TOTAL 4.500.000.00

101
Obs.: Lucro no ano de 2006 antes dos impostos: 150.000,00. A Taxa de
Juros de Longo Prazo (TJLP) de 2006 é de 10% (valor hipo­tético).

3 O valor dos juros sobre o próprio capital que poderá ser deduzido na apuração
do Lucro Real pela Cia. PVSN, em 31/12/2006, e o valor do Imposto de Renda
na Fonte sobre ele incidente, são respectivamente (em R$):

a) ( ) 4.000.000,00 e 400.000,00
b) ( ) 600.000,00 e 60.000,00
c) ( ) 400.000,00 e 60.000,00
d) ( ) 60.000,00 e 400.000,00

4 Assinale a alternativa que contenha a contabilização correta na pessoa jurídica


investida, ou seja, aquela que efetuou o crédito dos juros (Cia. PVSN), em
31/12/2006:

a) ( ) D - Despesas de juros 400.000,00


C - Juros a pagar 400.000,00

b) ( ) D - Despesas de juros 400.000,00


C - Juros sobre Capital Próprio a Pagar 340.000,00
C- IRRF a Recolher 60.000,00

c) ( ) D - Juros a Receber 360.000,00


C - Receita de Juros 360.000,00

d) ( ) D - Juros sobre Capital Próprio a Receber 340.000,00


C - Juros Ativos 340.000,00

5 Assinale a alternativa que contenha a contabilização correta na empresa


investidora (Silpa S/A), que detém 50% das ações representativas do capi­tal
da investida PVSN:

a) ( ) D – Juros Ativos 180.000,00


C – Juros Passivos 180.000,00

b) ( ) D – Juros a Receber 200.000,00


C – Receita de Juros 200.000,00

c) ( ) D – Juros a Receber 180.000,00


( ) C – Receita de Juros 180.000,00

d) ( ) D – Juros sobre Capital Próprio a Receber 170.000,00


( ) D – IRRF a Compensar 30.000,00
( ) C – Receita de Juros 200.000,00

102
6 A Companhia Fabril de Juta decidiu, em 31/12/X1, creditar Juros sobre o
Capital Próprio aos seus acionistas, considerando:

a) Patrimônio Líquido em 31.12.X0:


Capital Social 300.000
Reservas de Capital 50.000
Reservas de Reavaliação 100.000
Reservas de Lucros 140.000
Total 590.000
b) Resultado do exercício em 31/12/X1 antes da Provisão para CSLL/IRPJ e antes
de calculados e deduzidos os JCP: $ 80.000.
c) Considerar que os saldos das contas do Patrimônio Líquido apresentado
não sofreram alterações durante o exercício de X0 e permanecem os mesmos
ainda na data de crédito dos JCP (31/12/X1).
d) Considerar que a CSLL e IRPJ serão constituídos pelas respectivas taxas de
9% e 15% nesse exercício de X1, e que não ocorreram adições nem exclusões
para fins de apurar sua base de cálculo.
e) TJLP para o exercício de X1: 10%.
f) Considerar que a Companhia Fabril de Juta tem dois acionistas: Nelson S/A
e Marciano S/A, ambos com 50% do capital.
g) Considerar que a Marciano S/A tenha recebido os juros, por uma questão de
negociação entre essa e a Fabril, somente 4 meses depois da provisão, ou seja,
em abril de X2 é que foi realizado o pagamento. Sobre esse valor foi creditado
a título de juros sobre juros 5% e a alíquota do IRRF sobre esse foi de 22,5%.

Pede-se:

1 – Apuração da base de cálculo dos JCP.


2 – Cálculo dos limites para fins de dedutibilidade considerando as hipóteses
possíveis.
3 – Cálculo e memória de cálculo do lucro líquido da Fabril de Juta.
4 – Contabilização na Fabril de Juta em 31/12/01 dos JCP a cada um dos acionistas
e respectivos impostos sobre esses.
5 – Contabilização na Nelson S/A em 31/12/01 dos JCP a receber e respectivos
impostos sobre esses.
6 – Contabilização na Marciano S/A:
 em 31/12/01 dos JCP a receber e respectivos impostos sobre esses.
 em 30/04/02 dos juros sobre juros e respectivos impostos sobre esses.
 em 30/04/02 do recebimento dos juros sobre juros e JCP.

7 Vamos supor, no entanto, que a Companhia Fabril de Juta (exercício 6) tenha


decidido imputar o valor de $ 49.000 referente aos Juros sobre o Capital Próprio,
aos dividendos obrigatórios de que trata o art. 202 da Lei nº 6.404/1976. Nesse
caso específico, para as sociedades por ações, os acionistas receberão o mes­
mo valor, entretanto, com a denominação de dividendos obrigatórios. Faça a
contabilização na Fabril de Juta em 31/12/01 considerando essas informações.

103
8 Considerando as mesmas informações da Companhia Fabril de Juta (exercício
6), porém com as seguintes modificações:

Patrimônio Líquido em 31/12/X0:


Capital Social 440.000
Reservas de Capital 50.000
Reservas de Reavaliação 100.000
Total 590.000

Qual seria o valor de JCP a ser provisionado em 31/12/X1 para fins de


dedutibilidade?

9 Calcule os JCP utilizando como base o critério exponencial e o critério linear,


considerando:

Conta Capital em 01/01/2008: R$ 200.000,00


Aumento de Capital em 10/02/2008: R$ 30.000,00
Aumento de Capital em 20/04/2008: R$ 50.000,00
Balanço levantado em 31/05/2008 para fins de distribuição
Os cálculos devem ser feitos usando-se o ano comercial (360 dias).
Use 5 casas decimais.

Sabe-se que a TJLP anual era a seguinte em 2008 (taxa hipotética):

Jan/Fev/Mar = 12,25
Abr/Mai/jun = 13,89

10 A Livraria Saturno S/A decidiu, em 31/12/2005, creditar juros sobre o Capital


Próprio aos seus acionistas, considerando:

a) Patrimônio Líquido em 31/12/05:


Capital Social 630.000
Capital a realizar (100.000)
Reservas de Capital 50.000
Reservas de Reavaliação 70.000
Reservas de Lucros 100.000
Total 750.000
b) Resultado do exercício em 31/12/2005 antes da Provisão para CSLL/IR e
antes de calculados e deduzidos os JCP: $ 116.000.
c) Considerar que os saldos das contas do Patrimônio Líquido apresentado não
sofreram alterações durante o exercício de 2004 e permanecem os mesmos ainda
na data de crédito dos JCP em 31/12/05.
d) Considerar que a CSLL e IRPJ serão constituídos pelas respectivas taxas de
9% e 15% nesse exercício de 2005, e que não ocorreram adições nem exclusões
para fins de apurar sua base de cálculo.
e) TJLP para o exercício de 2005: 10%.

104
f) Considerar que a Livraria Saturno tem dois acionistas: Papel Bom Ltda. e
Master Papel S/A, com 30% e 70% respectivamente do capital, e optantes do
lucro real.
g) Considerar que a Master Papel S/A tenha recebido os juros, por uma questão
de negociação entre essa e a Saturno S/A, somente 8 meses depois da
provisão, ou seja, em agosto de 2006 é que foi realizado o pagamento. Sobre
esse valor foi creditado a título de juros sobre juros 10% e a alíquota do IRRF
sobre esse foi de 20%.

Pede-se:

1 – Apuração da base de cálculo dos JCP.

2 – Cálculo dos limites para fins de dedutibilidade considerando as hipóteses


possíveis. Caso o cálculo com base na TJLP ultrapasse os limites de dedutibilidade,
pretende-se pagar os JCP somente até o maior limite.

3 – Cálculo e memória de cálculo do lucro líquido da Livraria Saturno S/A.

4 – Contabilização na Livraria Saturno S/A em 31/12/05 dos JCP a cada um dos


acionistas e respectivos impostos sobre estes.

5 – Contabilização na Papel Bom Ltda. em 31/12/05 dos JCP a receber e respectivos


impostos sobre estes.

6 – Contabilização na Máster Papel S/A:


 em 31/12/05 dos JCP a receber e respectivos impostos sobre estes.
 em 31/08/06 dos juros sobre juros e respectivos impostos sobre estes.
 em 31/08/06 do recebimento dos juros sobre juros e JCP.

105
106
UNIDADE 2 TÓPICO 2

AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS
E SOCIEDADES CONTROLADORAS, CONTROLADAS E
COLIGADAS

1 INTRODUÇÃO
Neste segundo tópico, analisaremos a avaliação de investimentos
simples, que são avaliados contabilmente pelo método de custo. Analisaremos
também os investimentos permanentes, avaliados contabilmente pelo método de
equivalência patrimonial.

Conheceremos as principais diferenças entre sociedades coligadas,


controladas e controladoras, além da figura do ágio e deságio em sua
fundamentação pela aquisição de investimentos.

Veremos alguns dos principais investimentos significativos conforme


enunciado pela Lei 11.638/2007, além de analisarmos a obrigatoriedade ou não
da equivalência patrimonial.

2 MÉTODO DE CUSTO
De modo geral, são avaliados pelo custo os in­vestimentos, sob a forma
de ações ou quotas, efetuados em empresas não consideradas coligadas ou con­
troladas, bem como os investimentos que não tenham influência significativa.

TUROS
ESTUDOS FU

O conceito de controlada, coligada, equiparada à coligada além do tema


influência significativa serão vistos mais adiante.

107
UNIDADE2|JUROSSOBRECAPITALPRÓPRIOEAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOSESOCIEDADESCONTROLADORAS,CONTROLADASECOLIGADAS

De acordo com Ribeiro (2005), as contas representativas dos investimentos


sujeitos à avaliação pelo Método do Custo de Aquisição são posicionadas no
Balanço Patrimonial da seguinte forma:

ATIVO CIRCULANTE
DISPONIBILIDADES
Aplicações de Liquidez Imediata

INVESTIMENTOS TEMPORÁRIOS A CURTO PRAZO
Aplicações Temporárias em Ouro
Ações ou Quotas de Outras Empresas
Outros Títulos e Valores Mobiliários
(-) Provisão para Ajuste ao Valor de Mercado

ATIVO NÃO CIRCULANTE


ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
INVESTIMENTOS TEMPORÁRIOS A LONGO PRAZO
Aplicações Temporárias em Ouro
Ações ou Quotas de Outras Empresas
Depósitos e Aplicações com Incentivos Fiscais
Outros Títulos e Valores Mobiliários
(-) Provisão para Ajuste ao Valor de Mercado

INVESTIMENTOS
AVALIADOS PELO CUSTO DE AQUISIÇÃO
Participações em Outras Empresas
Participações em Fundos de Investimentos com Incentivos Fiscais
(-) Provisão para Perdas Permanentes

OUTROS INVESTIMENTOS
Aplicações Permanentes em Ouro
(-) Provisão para Ajuste ao Valor de Mercado
Imóveis de Renda
(-) Depreciação Acumulada
Obras de Arte

Os investimentos avaliados pelo custo de aquisição são aqueles


investimentos simples que podem ser liquidados (transformados em dinheiro)
mais facilmente. Segundo Ribeiro (2005, p. 61), “ [...] no método de custo não
importa a geração efetiva dos lucros ou reservas, mas as datas e os atos formais
de sua distribuição. Assim, deixam-se de reconhecer na empresa investidora os
lucros e reservas gerados e não distribuídos”.

108
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E SOCIEDADES CONTROLADORAS, CONTROLADAS E COLIGADAS

2.1 PARTICIPAÇÕES EM OUTRAS EMPRESAS


As participações em outras empresas são avaliadas pelo método de custo
no seguinte caso: quando a participação no capital votante da investida for
inferior a 20% desde que não tenha influência significativa.

A influência significativa é conceituada de acordo com o Comitê de


Pronunciamentos Contábeis em seu Pronunciamento Técnico CPC 18 da seguinte
forma:

Influência Significativa: é o poder de participar nas decisões financeiras e


operacionais da investida, sem controlar de forma individual ou conjunta essas
políticas.

Veja o que a Lei nº 11.638/2007 define sobre o termo influência significativa:

Art. 243 [...]

§ 4º Considera-se que há influência significativa quando a investidora detém ou


exerce o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou operacional
da investida, sem controlá-la.

§ 5º É presumida influência significativa quando a investidora for titular de


20% (vinte por cento) ou mais do capital votante da investida, sem controlá-la.

NOTA

Portanto, uma vez que não haja uma participação de 20% ou mais na investida
e que não haja influência significativa, o investimento será avaliado pelo método de custo.

A CVM, na Instrução nº 469, de 02/05/08 e nota explicativa, se pronunciou


sobre o assunto:

A influência significativa introduzida pela nova redação do art. 248 da


Lei nº 6.404, de 1976, é entendida pelas normas internacionais de contabilidade
como o poder de participar nas decisões das políticas financeira e operacional
da investida, sem, contudo, exercer o controle sobre tais políticas. São assim,
evidências de influência significativa:

1) Participação nas suas deliberações sociais, inclusive com a existência de


administradores comuns.

109
UNIDADE2|JUROSSOBRECAPITALPRÓPRIOEAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOSESOCIEDADESCONTROLADORAS,CONTROLADASECOLIGADAS

2) Poder de eleger ou destituir um ou mais de seus administradores.

3) Volume relevante de transações, inclusive com o fornecimento de assistência


técnica ou informações técnicas essenciais para as atividades da investidora.

4) Significativa dependência tecnológica e/ou econômico-financeira.

5) Recebimento permanente de informações contábeis detalhadas, bem como


de planos de investimento.

6) Uso comum de recursos materiais, tecnológicos ou humanos.

NOTA

Mesmo que não haja participação em percentual na investida, desde que haja
evidências de influência significativa, o investimento já não será avaliado pelo método de
custo, mas, sim, pelo método de equivalência patrimonial.

2.2 NOTAS EXPLICATIVAS


A Lei nº 6.404/76, em seu art. 176, § 5º, inciso IV, alínea b, menciona a
obrigatoriedade do uso de notas explicativas para investimentos em outras
sociedades quando significativos. Dessa forma, somente os investimentos
avaliados pelo método de custo não teriam, diretamente, necessidade de
evidenciação em notas explicativas.

Entretanto, a própria Lei nº 6.404/76, sugere que sempre que uma


informação puder contribuir à melhoria da compreensão das demonstrações
contábeis da em­presa, deverá ser adicionada em forma de notas.

Dessa maneira, conforme Ribeiro (2005), com objetivo de detalhar as con­


tas de investimentos (em outras sociedades, pelo mé­todo de custo, e em outros
investimentos), assim como as reversões de investimentos temporários para
permanentes, recomenda-se o uso das notas explicativas.

110
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E SOCIEDADES CONTROLADORAS, CONTROLADAS E COLIGADAS

2.3 DIVIDENDOS OU LUCROS RECEBIDOS


Os dividendos recebidos nos investimentos avaliados pelo método de
custo têm um tratamento diferenciado de acordo com o tempo de aplicação. Se
o investimento der algum retorno antes de seis meses de aquisição das ações ou
quotas, esse retorno deve ser creditado da própria conta investimento. Porém,
se o investimento der algum retorno após seis meses de aquisição das ações ou
quotas, esse retorno deve ser creditado em outras receitas operacionais.

Veja o exemplo a seguir:

Em 01/02/2011, a empresa Sulform S/A aplicou $ 1.000 na empresa Magma


S/A. Sabe-se que o investimento é avaliado pelo método de custo. Em 31/12/2011, a
empresa Magma S/A anunciou a distribuição de dividendos aos seus investidores
para ser pago somente em 31/03/2012, ou seja, somente três meses depois.

Portanto, a empresa Sulform S/A terá o direito de receber a quantia de


$ 100. Pergunta-se: de que forma a empresa Sulform S/A irá contabilizar esse
ganho? Em que data?

Somente em 31/03/2012 a empresa Sulform S/A fará o seguinte lançamento:



Débito: Caixa $ 100
Credito: Outras Receitas Operacionais $ 100

NOTA

Note que nos investimentos avaliados pelo método de custo o reconhecimento


da variação desses ocorre somente na data do efetivo recebimento do ganho. Perceba
também que desde a data da aquisição do investimento (01/02/2011) até o reconhecimento
do ganho (31/12/2012) já se passaram mais de seis meses.

Agora, suponha a seguinte situação: Em 01/02/2011, a empresa Sulform


S/A aplicou $ 1.000 na empresa Magma S/A. Sabe-se que o investimento é
avaliado pelo método de custo. Em 31/03/2011, a empresa Magma S/A anunciou
a distribuição de dividendos aos seus investidores para serem pagos somente em
30/06/2011, ou seja, somente três meses depois.

Portanto, a empresa Sulform S/A terá o direito de receber a quantia de


$ 100. Pergunta-se: de que forma a empresa Sulform S/A irá contabilizar esse
ganho? Em que data?

111
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Somente em 30/06/2011 a empresa Sulform S/A fará o seguinte lançamento:

Débito: Caixa $ 100


Credito: Investimento em Magma S/A $ 100

NOTA

Perceba que deste a data da aquisição do investimento (01/02/2011) até o


reconhecimento do ganho (30/06/2011), passaram-se menos de seis meses. Por esse motivo,
a empresa Sulform S/A não reconhecerá em sua Demonstração do Resultado do Exercício o
ganho de $ 100, apenas dá entrada no caixa e baixará a própria conta investimento.

Nesse caso, uma vez que o reconhecimento do ganho se deu antes de seis
meses, a empresa Sulform S/A passará a ter registrado em sua contabilidade um
investimento na empresa Magma S/A de apenas $ 900.

3 MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL


O Método da Equivalência Patrimonial pode ser definido como método
de atualização do investimento em controladas e coligadas e deve ser feito
mensalmente, de acordo com o percentual de participação da investida na
investidora sobre o patrimônio líquido da própria investida.

De acordo com o CPC 18 é o método de contabilização por meio do qual


o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo e posteriormente ajustado
pelo reconhecimento da participação atribuída ao investidor nas alterações dos
ativos líquidos da investida. O resultado do período do investidor deve incluir a
parte que lhe cabe nos resultados gerados pela investida.

Conforme Iudícibus et al. (2010), o conceito básico do método de


equivalência patrimonial é fundamentado no fato de que o resultado e quaisquer
outras variações patrimoniais da investida sejam reconhecidos na investidora no
momento de sua geração na investida, independente dessa variação ser ou não
distribuída.

Veja a seguir o exemplo de método de equivalência patrimonial com base


no modelo de Ribeiro (2005):

Suponha-se que no Balanço Patrimonial da Empresa A, levantado em


31/12/2009, conste no Ativo Não Circulante um investimento no valor de $ 240.000,
no capital da Com­panhia B. Vamos assumir que a participação de A no capital de
B corresponda a 40%.

112
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E SOCIEDADES CONTROLADORAS, CONTROLADAS E COLIGADAS

Suponha-se, agora, que em 31/12/2010, no Balanço Patrimonial de B,


constem as seguintes contas e valores:

Patrimônio Líquido
Capital 600.000
Reserva de lucros 300.000
Total 900.000

Portanto, ao apurar os seus resultados em 31/12/2010, a investidora


(Empresa A) deverá atualizar o valor do seu investimento na investida (Empresa
B), em decorrência da variação ocorrida no Patrimônio Líquido dessa, para que
o valor do investimento constante do Ativo Não Circulante de A continue a
equivaler a 40% do Patrimônio Líquido de B.

O cálculo para fins de atualização do investimento é simples: como a


participação de A em B corresponde a 40% do capital de B, pode-se concluir então:

40% de $ 900.000 = $ 360.000

Esse valor encontrado, pela aplicação do percentual de participação no valor


do Patrimônio Líquido de B, que foi igual a $ 360.000, corresponde ao valor atualizado
do investimento de A em B, que deverá figurar no Balanço Patrimonial de A.

Para apurar o valor da variação:


Valor do Investimento Atualizado (40% do PL atual de B) 360.000
(-) Valor Original do Investimento (240.000)
= Valor da Correção 120.000

Contabilização:
D - Investimentos na Coligada B 120.000
C - Receitas de Participações Societárias 120.000

Essa contabilização de $ 120.000 corresponde à atualização do investimento


de A em B de acordo com o método de equivalência patrimonial.

Note que a conta Investimentos foi debitada em $ 120.000, onde


consequentemente aumentará seu saldo no Balanço da investidora em 31/12/2010,
resultando num valor total de $ 360.000 que equivale a 40% do Patrimônio Líquido
de B.
Já o crédito também no valor de $ 120.000 corresponde a uma receita
de participação societária a ser reconhecida na demonstração de resultado do
exercício como sendo outras receitas operacionais.
Se por acaso ocorrer prejuízo, ou seja, redução no valor do Patrimônio
Líquido da investida, o registro contábil da atualização do Investimen­to seria esse:

D - Despesas em Participações Societárias a Investimentos

113
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C - Redução do Investimento que se processa pela aplicação do Método da


Equivalência etc.

NOTA

Tanto o resultado positivo como o negativo de equivalência patrimonial que


afetam o resultado da empresa não devem influenciar no cálculo do IRPJ e da CSLL, uma vez
que no caso de receita deverá ser excluído e, no caso de despesa, deverá ser adicionado para
o cálculo desses impostos. Também não afetarão o cálculo do PIS e COFINS. E na tributação
das empresas optantes do Simples Nacional.

Esse resultado de equivalência patrimonial não será tributado na


investidora pelo fato de já ser tributado originalmente na investida.

De acordo com Ribeiro (2005), o procedimento normal das empresas,


ao apurar o resultado do exercício, é efetuar os cálculos e a contabilização das
destinações do Lucro Líquido do Exercício. Essas destinações, nas sociedades,
por ações e nas cooperativas ficarão, respectivamente, sujeitas à aprovação
dos acionistas e associados em assembleia a ser realizada após a apuração do
resultado e elaboração das demonstra­ções contábeis.

Basicamente, as destinações do resultado do exercício são as seguintes:

 constituição de reservas (predefinidas ou não em estatuto);


 compensação de prejuízos acumulados, apurados em exercícios anteriores;
 aumento de capital;
 distribuição aos investidores.

Conforme a NBC T1, a constituição de reservas é, às vezes, já definida em


estatuto ou por lei para dar à entidade e seus credores uma margem maior de
proteção contra os efeitos de prejuízos que possam vir a acontecer. Outras reservas
podem ser constituídas em atendimento a leis que concedam isenções ou reduções
nos impostos a pagar quando são feitas transferências para tais reservas. A existência
e o valor de tais reservas legais, estatutárias e fiscais representam informações que
podem ser importantes para a tomada de decisão dos usuários. As transferências
para tais reservas são apropriações de lucros acumulados, portanto não constituem
despesas, uma vez que seus saldos são compostos por lucros já tributados.

114
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E SOCIEDADES CONTROLADORAS, CONTROLADAS E COLIGADAS

Das destinações apresentadas anteriormente somente a distribuição de


lucros será configurada fora do patrimônio líquido da empresa, geralmente no
passivo circulante. Portanto, as demais destinações apenas serão reconhecidas
em outras contas, mas dentro do patrimônio líquido.

De acordo com Ribeiro (2005), é preciso, ao efetuar os cálculos para o fim


de aplicar a avaliação dos investimentos pelo método de equivalência patrimonial,
verificar se a investida efetuou a contabilização de lucros a distribuir, cujo valor
deve ser adicionado ao PL da investida para fins de cálculo, uma vez que estes já
estariam evidenciados no passivo circulante.

Quando então, nesses casos em que a investida já reconhece parte do


resultado do exercício como uma obrigação a ser paga aos investidores, a
investidora poderá optar em contabilizar a parte referente aos lucros a receber a
débito da própria conta que registra o Investimento, ou a débito da conta Lucros
a Receber, do Ativo Circulante, uma vez que já se conhece o valor distribuído.

A contabilização dessa opção poderia ser evidenciada por meio do
exemplo anterior, em que a investidora reconheceu por meio de equivalência
patrimonial um resultado positivo de $ 120.000, supondo que, desses $ 120.000
de lucro, $ 40.000 seriam distribuídos como forma de dividendos. Então, a
investidora poderia reconhecer essa variação do investimento por duas formas:

1 – Reconhecer integralmente o valor do investimento:

D – Investimentos na Coligada B 120.000


C – Receitas de Participações Societárias 120.000

Onde que, no momento da cobrança desses dividendos a receber faria o
seguinte lançamento:

D – Caixa/Bancos 40.000
C – Investimentos na Coligada B 40.000

2 – Reconhecer parcialmente o valor do investimento e já reconhecer o valor dos


dividendos a receber:

D – Investimentos na Coligada B 80.000


D – Dividendos a Receber 40.000
C – Receitas de Participações Societárias 120.000

Em que, no momento da cobrança desses dividendos a receber faria o


seguinte lançamento:

D – Caixa/Bancos 40.000
C – Dividendos a Receber 40.000

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NOTA

Toda a vez que se paga ao investidor o resultado obtido pelo investimento, tal
investimento se descapitaliza. Note nos exemplos que o reconhecimento de dividendos a
receber ou seu pagamento reduzem o valor do investimento.

3.1 ASPECTOS LEGAIS


Os principais documentos que tratam da avaliação de investimentos pelo
Método da Equivalência Patrimonial são:

 art. 248 da Lei n° 11.638/2007;


 art. 384 a 391 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99); e art. 1º a 20 da
INSTRUÇÃO CVM nº 247, de 27 de março de 1996;
 Pronunciamento Técnico CPC 18 – Investimento em Controlada e Coligada.

3.2 MÉTODO DO CUSTO X MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA


Tanto o método de custo como o método de equivalência são utilizados
para registrar investimentos no capital de outras empresas. Conforme enunciado
na Lei 11.638/2007, no método de equivalência os investimentos serão registrados
da seguinte forma:

Art. 248 No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas


sobre cuja administração tenha influência significativa, ou de que participe
com 20% (vinte por cento) ou mais do capital votante, em controladas e em
outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle
comum serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial, de acordo
com as seguintes normas:

I – o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será determinado


com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação levantado,
com observância das normas desta lei, na mesma data, ou até sessenta dias,
no máximo, antes da data do balanço da companhia; no valor de patrimônio
líquido não serão computados os resultados não realizados decorrentes de
negócios com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia,
ou por ela controladas;

116
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E SOCIEDADES CONTROLADORAS, CONTROLADAS E COLIGADAS

II – o valor do investimento será determinado mediante a aplicação, sobre o


valor de patrimônio líquido referido no número anterior, da porcentagem de
participação no capital da coligada ou controlada;

III – a diferença entre o valor do investimento, de acordo com o número II, e


o custo de aquisição corrigido monetariamente, somente será registrada como
resultado do exercício:

a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou controlada;

b) se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou perdas efetivos; se no caso


de companhia aberta, com observância das normas expedidas pela Comissão
de Valores Mobiliários.

§ 1º Para efeito de determinar a relevância do investimento, nos casos deste


artigo, serão computados como parte do curso de aquisição os saldos de
créditos da companhia contra as coligadas e controladas.

§ 2º A sociedade coligada, sempre que solicitada pela companhia, deverá


elaborar e fornecer o balanço ou balancete de verificação previsto no número I.

Porém, conforme enunciado na Lei nº 11.638/2007, os demais valores do


ativo serão registrados da seguinte forma:

Art. 183 No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes


critérios:

[...]

b) pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme


disposições legais ou contratuais, ajustado ao valor provável de realização.

Assim, Ribeiro (2005, p. 95) comenta que:

A grande vantagem da aplicação do Método da Equivalência


Patrimonial, princi­palmente para aqueles que aplicam recursos
financeiros no mercado de capitais, por intermédio das Bolsas de
Valores ou diretamente na subscrição de capital de outras empresas,
está no reconhecimento dos resultados auferidos pelas investidas, no
mo­mento em que eles são apurados, passando a integrar os resultados
da investidora, independentemente de ocorrer ou não a distribuição
de dividendos pelas investidas.

Dessa forma, nos investimentos avaliados pelo método de custo os


resultados obtidos pela variação destes somente serão reconhecidos pela
investidora em sua Demonstração do Resultado do Exercício por ocasião da
distribuição e/ou do recebimento dos dividendos.

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Por sua vez, nos investimentos avaliados pelo método de equivalência


patrimonial, os resultados obtidos pela variação destes investimentos serão
reconhecidos pela investidora em sua Demonstração do Resultado do Exercício
por ocasião da variação ocorrida no Patrimônio Líquido das empresas investidas,
mantendo constantemente o valor dos investimentos equivalentes ao percentual
de participação no capital das empresas controladas, coligadas e de suas
equiparadas.

3.3 QUEM DEVE APLICAR A EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL


Indiferente da forma de tributação, lucro presumido, lucro real ou simples
nacional, e de sua natureza societária, Limitada ou Sociedade por Ações, todas as
empresas devem aplicar o método de equivalência patrimonial, desde que possuírem
influência significativa ou possuírem investimentos em coligadas ou controladas.

NOTA

As empresas que possuírem, na data do balanço, investimentos permanentes


em coligadas, suas equiparadas e em controladas, ou com influência significativa, localizadas
no país e no exterior devem aplicar o método de equivalência patrimonial.

Ribeiro (2005) comenta que, para saber quais Investimentos estarão


sujeitos à avaliação pelo MEP, é preciso inicialmente conhecer o que são empresas
coligadas, quais empresas são equiparadas às coligadas, o que são em­presas
controladas, o que significa influência significativa, além de outros conceitos.

As sociedades que estejam sob controle comum também são obrigadas a


atualizar seus investimentos pelo método de equivalência patrimonial. De acordo
com Perez e Oliveira (2010), o controle comum está diretamente relacionado
à essência econômica da entidade contábil e, como tal, deve ser entendida. A
dimensão econômica da entidade é delimitada como o conjunto de entes, ainda
que juridicamente distintos, que estejam em um mesmo grupo ou que seu controle
seja exercido por um mesmo ente ou conjunto de entes. Veja o exemplo a seguir:

1) A companhia XYZ controla as companhias A, B e C.

2) A companhia A é uma companhia aberta e participa com 5% (indiferente a


participação aqui) do capital votante das companhias B e C.

3) Assim, a companhia A avaliará os investimentos em B e C pelo método da


equivalência patrimonial, já que todas estão sob o controle comum de XYZ.

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3.3.1 Coligadas
São coligadas as sociedades quando uma participa, com 20% ou mais, do
capital votante da outra, sem controlá-la ou quando haja influência significativa.

Lembrando que o conceito de influência significativa foi explanado no


item 2.1 desta unidade.

O CPC 18 define o termo coligada como sendo uma entidade, incluindo


aquela não constituída sob a forma de sociedade tal como uma parceria, sobre a qual
o investidor tem influência significativa e que não se configura como controlada ou
participação em empreendimento sob controle conjunto (joint venture).

Pode acontecer que em determinado período, a participação na investida


fique em menos do que 20%. Esse fato geralmente ocorre pelos seguintes motivos:

1 – aumento do valor do patrimônio líquido da investida decorrente da chamada


de capital sem que a investidora subscreva o aumento;

2 – redução do valor contábil do investimento.

Nesses casos, conforme Ribeiro (2005), as empresas deverão observar a


Instrução CVM, que deter­mina expressamente que elas continuarão avaliando
aqueles investimentos pelo método da equivalência, quando a sua redução não
for de caráter permanente. Caso a redução seja de caráter permanente não haveria
mais a necessidade de avaliar o investimento por equivalência patrimonial.

3.3.2 Equiparadas às coligadas


São equiparadas às coligadas quando uma participa indiretamente com
20% ou mais do capital votante da outra, sem controlá-la, por exemplo:

A empresa A possui uma participação de 80% da empresa B. Por sua vez,


a empresa B possui uma participação de 30% na empresa C sem controlá-la.

Logo, pode-se concluir que:

 A é controladora de B, uma vez que possui 80% dessa (participação direta);

 C é coligada de B, uma vez que B possui uma participação de 30% na empresa


C sem controlá-la. (Participação direta);

 C é equiparada a coligada de A, uma vez que A possui uma participação de


80% em B e B possui uma participação de 30% na empresa C sem controlá-
la; logo, A participa indiretamente de C em 24% (80% x 30%) (Participação
indireta).

119
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Note que o resultado de participação indireta foi de 24%. Se o resultado


fosse abaixo de 20% seria um investimento simples, avaliado pelo método de custo.

UNI

A participação no capital votante pode ser direta ou indiretamente através de


participações em outras empresas.

3.3.3 Controladas
De acordo com o CPC 18, considera-se controlada a entidade, incluindo
aquela não constituída sob a forma de sociedade tal como uma parceria, na
qual a controladora, diretamente ou por meio de outras controladas, é titular de
direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas
deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores.

Pode-se dizer também que são controladas: as subsidiárias integrais,


as filiais, agências, sucursais, dependências ou escritórios de representação no
exterior, sempre que os respectivos ativos e passivos não estejam incluídos na
contabilidade da investidora, por força de normatização específica.

3.3.4 Variações no patrimônio líquido da investida


Sempre quando o investimento for avaliado pelo método de equivalência
patrimonial é preciso analisar as variações ocorridas no patrimônio líquido total
da investida, mesmo que a participação seja pelo capital votante.

As variações no patrimônio líquido podem ocorrer por diversos motivos,


para mais ou para menos. Dentre os principais, destacam-se:

a) redução decorrente de:


 prejuízos apurados pela empresa;
 ajustes de exercícios anteriores;
 retirada de sócios, acionistas ou associados;
 distribuição de lucros ou sobras;
 ajustes de avaliação patrimonial.

b) aumento decorrente de:


 lucros apurados pela empresa;
 ajustes de exercícios anteriores;
 entrada de sócios, acionistas ou associados;

120
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 reavaliações;
 ajustes de avaliação patrimonial.

As variações do patrimônio líquido na investida refletem contabilmente na


investidora em seu ativo no grupo investimentos e na demonstração do resultado
do exercício em outras receitas ou despesas operacionais.

Quando as variações no patrimônio líquido da investida decorrem de


ajustes de avaliação patrimonial ou reavaliações, tais variações deverão ser
registradas no grupo investimentos também, porém, numa conta específica
denominada ágio ou deságio, que será reconhecida logo abaixo da conta
investimentos. Veja o modelo a seguir:

ATIVO
ATIVO NÃO CIRCULANTE
INVESTIMENTOS
AVALIADOS PELO MEP
Investimento em empresa X
Ágio por reavaliação em empresa X
Ágio por ajuste de avaliação patrimonial em empresa X
(-) Deságio por ajuste de avaliação patrimonial em empresa X

3.4 AQUISIÇÃO DE INVESTIMENTOS COM ÁGIO OU


DESÁGIO
Quando na aquisição de investimentos o valor pago difere do valor apurado
por equivalência patrimonial, então se entende que há a figura do ágio ou deságio.

O valor pago pode ser considerado o custo de aquisição e, por sua vez,
a equivalência patrimonial, como já visto nesta unidade, pode ser considerada
como sendo o percentual de participação da investida na investidora sobre o
patrimônio líquido da própria investida.

Para fins contábeis, a Instrução nº 247/1996 da CVM, em seu art. 13,


descreve o seguinte:

Art. 13 Para efeito de contabilização, o custo de aquisição de investimento em


coligada e controlada deverá ser desdobrado e os valores resultantes desse
desdobramento contabilizados em subcontas separadas:

I – equivalência patrimonial baseada em demonstrações contábeis elaboradas


nos termos do art. 10; e

II – ágio ou deságio na aquisição ou na subscrição, representado pela diferença


para mais ou para menos, respectivamente, entre o custo de aquisição do
investimento e a equivalência.
121
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Assim, o valor da equivalência patrimonial deve recair numa conta


específica denominada Investimento, no grupo Investimentos, Ativo Não
Circulante. Já as contas de ágio ou deságio devem ser contabilizadas em contas
específicas, denominadas Ágio ou Deságio, mas também no grupo Investimentos,
Ativo Não Circulante. Veja o exemplo a seguir, como base no modelo de Ribeiro
(2005):

A investidora Alfa adquiriu 60% das ações representativas do capital da


investida Beta, a fim de controlá-la. Vamos assumir que a venda tenha sido fixada
em função do Valor Patrimonial Contábil das ações, acrescido de ágio calculado
pela diferença entre o valor de mercado e o valor líquido contábil dos bens do
Ativo Imobilizado da investida.

O Patrimônio Líquido da investida, na data da transação estava assim
evidenciado:

PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital 200.000
Reservas de lucros 20.000
Total 220.000

Porém, a diferença entre o valor de mercado e o valor líquido contábil dos


bens do ativo imobilizado foi igual a $ 60.000.

Portanto, o valor patrimonial apurado contábil das ações:


Patrimônio Líquido da investida 220.000
(+) Diferença entre o valor de mercado
e o valor líquido contábil do Imobilizado 60.000
Patrimônio Líquido ajustado 280.000

Calculando a equivalência patrimonial: 60% de $ 280.000 = $ 168.000

Portanto, as ações representativas de 60% do capital da investida Beta


foram vendidas para a investidora Alfa por $ 168.000.

Perceba que o valor do patrimônio líquido da investida Beta aumentou em
$ 60.000 decorrente a valorização de seus bens no ativo imobilizado que estavam
subavaliados.

Entretanto, essa valorização não ocorreu de fato nos registros contábeis,


ou seja, foi apenas um levantamento gerencial, sem lançar débitos e créditos,
porém, a investida Beta sabe que seus bens do imobilizado estariam valendo $
60.000 a mais e, por isso, seu patrimônio líquido numa negociação poderia ser
acrescido desse valor.

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NOTA

Atualmente, de acordo com a Lei 11.638/2007, por se tratar de uma reorganização


societária, nada impediria que a empresa Beta reconhecesse de fato essa valorização em sua
contabilidade financeira, registrando os débitos e créditos necessários.

Pois bem, uma vez que a investidora Alfa adquiriu 60% das ações
representativas da empresa Beta, serão necessários os seguintes lançamentos
para o registro contábil na investidora Alfa:

Crédito Bancos Conta Movimento 168.000 (valor total pago)


Débito Participação na Controlada Beta 132.000 *
Débito Ágio por Diferença de Valor de Mercado 36.000

* (valor registrado por equivalência patrimonial, ou seja, $ 220.000 x 60%).

Veja como o investimento será apresentado no Balanço Patrimonial da


Investidora:

ATIVO NÃO CIRCULANTE


INVESTIMENTOS
AVALIADOS PELA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL
Participação na empresa Beta 132.000
(+) Ágio por Diferença de Valor de Mercado 36.000
Total 168.000

Porém, suponha-se que a investidora tenha pagado, pelo mesmo


investimento, a importância de $ 100.000 ao invés de $ 168.000, então os lançamentos
contábeis seriam assim registrados:

Crédito Bancos Conta Movimento 100.000 (valor total pago)


Débito Participação na Controlada Beta 132.000 *
Crédito Deságio por Diferença de Valor de Mercado 32.000

Veja como o Investimento seria então apresentado no Balanço Patrimonial da


Investidora:

ATIVO NÃO CIRCULANTE


INVESTIMENTOS
AVALIADOS PELA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL
Participação na empresa Beta 132.000
(-) Deságio por Diferença de Valor de Mercado 32.000
Total 100.000

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Em relação a esse exemplo é preciso destacar que:

 as contas que registram o ágio são de natureza devedora;

 as contas que registram o deságio são de natureza credora, ou seja, são contas
retificadoras do ativo;

 indiferente se a empresa tenha pago com ágio ou deságio, o valor do investimento


será registrado pela equivalência patrimonial, portanto, indiferente do valor
pago.

Quanto à figura do ágio e deságio, Ribeiro (2005, p. 116) pontua que

[...] cabe salientar que no momento em que a investidora aplicar


recursos no capital de outras empresas (aquisição, quando adquire
ações de empresa já existente, ou subscrição, quando constitui nova
empresa ou subscreve aumento de capital em empresa já existente),
poderá ou não ocorrer ágio ou deságio. Um exemplo de aplicação
sem ágio ou deságio ocorre quando a investidora constitui sozinha
ou com outras empresas o capital de uma coligada e/ou controlada.
Nesse caso, no momento da constituição do capital subscrito pela
investidora, não haverá variação entre o valor investido e o valor do
Patrimônio Líquido da investida.

Nos demais casos, que não sejam constituição de empresas, mas, sim,
aquisições de coligadas e/ou controladas, será necessário calcular a equivalência
patrimonial para o possível registro do ágio ou deságio.

3.4.1 Fundamento econômico do ágio e do deságio


A Instrução 247/1996 da CVM, em seu art. 14, descreve o seguinte:

Art. 14 O ágio ou deságio computado na ocasião da aquisição ou subscrição


do investimento deverá ser contabilizado com indicação do fundamento
econômico que o determinou.

Os dois fundamentos econômicos que fundamentam o ágio ou deságio


são esses:

a) Diferença entre o valor contábil e o valor de mercado de ativos da investida. Esse


fundamento refere-se à diferença a maior ou a menor entre o valor de mercado
e o valor líquido contábil dos bens do Ativo Circulante ou Não Circulante.

b) Diferença entre o valor pago e o valor de mercado dos ativos da investida. Esse
fundamento refere-se à expectativa de ganhos futuros sobre a investida, ou
seja, os possíveis lucros projetados.

124
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E SOCIEDADES CONTROLADORAS, CONTROLADAS E COLIGADAS

Ribeiro (2005) destaca que a conta de Investimento deve ser detalhada em


notas explicativas quanto aos seus três componentes (se existirem):

 valor patrimonial da participação da controladora no valor contábil do


patrimônio líquido da controlada adquirida, ou seja, o valor do investimento
por equivalência patrimonial;

 valor da mais-valia dos ativos líquidos adquiridos atribuída à controladora, ou


seja, o fundamento “a”;

 e ágio por rentabilidade futura (goodwill) atribuído à controladora, ou seja, o


fundamento “b”.

NOTA

O ágio só é classificado no subgrupo de intangíveis no balanço consolidado,


conforme NBC T19.8 – Ativo Intangível, nunca no balanço individual, onde permanece no
subgrupo de Investimentos.

3.4.2 Amortização do ágio e deságio


A amortização do ágio e deságio acontecerá de acordo com o fundamento
econômico que os originaram. A Instrução 247/1996 da CVM, em seu art. 14,
descreve o seguinte quanto ao fundamento “a”:

§ 1º O ágio ou deságio decorrente da diferença entre o valor de mercado de


parte ou de todos os bens do ativo da coligada e controlada e o respectivo valor
contábil, deverá ser amortizado na proporção em que o ativo for sendo realizado
na coligada e controlada, por depreciação, amortização, exaustão ou baixa em
decorrência de alienação ou perecimento desses bens ou do investimento.

Portanto, nesse caso, se os bens que originam o ágio ou deságio tiverem
uma vida útil de 120 meses, tanto o ágio como o deságio será amortizado também
em 120 meses. Porém, se caso tais bens fossem vendidos, a baixa do ágio ou
deságio se daria totalmente pela data da venda dos referidos bens.

Já quanto ao fundamento “b”, a Instrução nº 247/1996 da CVM, em seu


art. 14, descreve o seguinte:

§ 2º O ágio ou o deságio decorrente da diferença entre o valor pago na aquisição


do investimento e o valor de mercado dos ativos e passivos da coligada ou
controlada, deverá ser amortizado da seguinte forma.

125
UNIDADE2|JUROSSOBRECAPITALPRÓPRIOEAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOSESOCIEDADESCONTROLADORAS,CONTROLADASECOLIGADAS

a) o ágio ou o deságio decorrente de expectativa de resultado futuro no prazo,


extensão e proporção dos resultados projetados, ou pela baixa por alienação
ou perecimento do investimento, devendo os resultados projetados serem
objeto de verificação anual, a fim de que sejam revisados os critérios utilizados
para amortização ou registrada a baixa integral do ágio.

Portanto, o ágio ou o deságio decorrente de expectativa de resultado futuro
deve ser amortizado conforme esse resultado for acontecendo. Por exemplo, se a
investidora projetar um resultado futuro de 8 anos, o ágio ou deságio deverá ser
amortizado em até 96 meses.

b) o ágio decorrente da aquisição do direito de exploração, concessão ou


permissão delegadas pelo Poder Público no prazo estimado ou contratado
de utilização, de vigência ou de perda de substância econômica, ou pela
baixa por alienação ou perecimento do investimento.

§ 3º O prazo máximo para amortização do ágio previsto na letra “a” do


parágrafo anterior não poderá exceder a dez anos;

§ 4º Quando houver deságio não justificado pelos fundamentos econômicos


previstos nos parágrafos 1º e 2º, a sua amortização somente poderá ser
contabilizada em caso de baixa por alienação ou perecimento do investimento.

Portanto, no caso do deságio não justificado, este ficará registrado na


investidora até que a mesma se desfaça do investimento na investida.

§ 5º O ágio não justificado pelos fundamentos econômicos, previstos nos


parágrafos 1º e 2º, deve ser reconhecido imediatamente como perda, no
resultado do exercício, esclarecendo-se em nota explicativa as razões da sua
existência.

Já o ágio não justificado deve ser reconhecido como perda, ao contrário


que acontece com o deságio não justificado, uma vez que esse ficaria registrado
no ativo.

Ribeiro (2005, p. 119) destaca que

E importante salientar, também, que a conta que registra o Ágio é de


natureza deve­dora, gerando, portanto, no momento da amortização,
uma despesa para a investidora, despesa essa integrante do grupo
das “Outras Despesas Operacionais”, subgrupo “Des­pesas com
Participações Societárias”, podendo ser intitulada de “Amortização
de ágios”. Porém, observe que a conta que registra o Deságio é de
natureza credora, logo, sua amortização gerará para a investidora
uma receita que também deve ser contabilizada conta do grupo das
“Outras Receitas Operacionais”, subgrupo “Receitas de Participações
Societárias”, podendo ser intitulada de “Amortização de Deságios”.

126
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E SOCIEDADES CONTROLADORAS, CONTROLADAS E COLIGADAS

Essas contas explicam o porquê do registro do ágio não justificado como


perda e do deságio não justificado como ativo. O ágio representa uma perda, uma
despesa, o deságio, representa um ganho, uma receita. Assim, contabilmente, é
necessário o mínimo de conservadorismo, ou seja, é preciso antecipar as perdas,
mas não os lucros.

3.5 LUCRO OU PREJUÍZO NÃO REALIZADO


Geralmente entre investidoras e investidas ocorrem transações de
compra e venda de ativos, tais como: mercadorias, investimentos, bens do ativo
imobilizado etc. Nessas operações é comum a geração de lucro ou prejuízo, que
podem ser considerados como lucros ou prejuízos não realizados.

A Instrução nº 247/1996 da CVM, em seu art. 9, descreve o seguinte:

Art. 9º O valor do investimento, pelo método da equivalência patrimonial, será


obtido mediante o seguinte cálculo:

I – Aplicando-se a porcentagem de participação no capital social sobre o valor


do patrimônio líquido da coligada e da controlada; e

II – Subtraindo-se, do montante de lucros não realizados.

§1º Para os efeitos do inciso II deste artigo, serão considerados lucros não
realizados aqueles decorrentes de negócios com a investidora ou com outras
coligadas e controladas, quando:

a) o lucro estiver incluído no resultado de uma coligada e controlada e


correspondido por inclusão no custo de aquisição de ativos de qualquer
natureza no balanço patrimonial da investidora; ou

b) o lucro estiver incluído no resultado de uma coligada e controlada e


correspondido por inclusão no custo de aquisição de ativos de qualquer
natureza no balanço patrimonial de outras coligadas e controladas.

TUROS
ESTUDOS FU

A definição de lucros ou prejuízos não realizados será também analisada na


Unidade 3. No tópico em que envolvemos a Consolidação das Demonstrações Contábeis fica
mais fácil de compreender a figura dos lucros não realizados quanto se trata de consolidação.

127
UNIDADE2|JUROSSOBRECAPITALPRÓPRIOEAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOSESOCIEDADESCONTROLADORAS,CONTROLADASECOLIGADAS

Considere o seguinte exemplo: a investida Albatroz vendeu mercadorias


por $ 100 a sua investidora Almeida. Sabe-se que a mercadoria custou para a
investida o valor de $ 70, portanto, gerando um lucro na operação de $ 30. Esse
lucro de $ 30 pode ser considerado um lucro não realizado, uma vez que foi uma
transação inter companhias e que deve ser excluído do processo de equivalência
patrimonial. Considere ainda que:

Resultado da investida no exercício (resultado na DRE) $ 200


Participação da investidora no capital social da investida 40%
Equivalência patrimonial antes do ajuste em decorrência de lucros não $ 80
realizados
Menos: lucro não realizado de operações intercompanhias ($ 30)
Resultado da equivalência patrimonial registrado como receita $ 50

Perceba que 100% dos lucros não realizados foram expurgados do


cálculo de equivalência patrimonial, mesmo que a participação da investidora na
investida seja de apenas 30%. Esse procedimento se faz necessário uma vez que
100% do lucro de $ 30 foi intercompanhias.

Porém, caso a investidora venha a revender tais mercadorias a terceiros,


então não haveria mais lucros não realizados, mas, sim, apenas lucros realizados,
uma vez que tais mercadorias já não estariam sob propriedade da investidora.

Para um melhor entendimento de tal conceito, Perez e Oliveira (2010, p. 50)


comentam “[...] que as diversas empresas que constituem um grupo econômico
devem ser vistas como se fossem uma ‘única entidade’, sendo impor­tante, portanto,
considerar somente os resultados efetivamente realizados nas operações comerciais
com terceiros, ou seja, com as empresas que não pertençam ao grupo”.

Perez e Oliveira (2010, p. 57) apresentam o seguinte exemplo de lucros


não realizados:

A controlada B vendeu à investidora A, durante o exercício de 2011, o total


de $ 3.000 de matérias-primas, as quais custaram $ 1.700. Consequentemente,
a controlada B registrou:

$
Vendas no exercício 3.000
(-) Custo das vendas, incluindo os tributos (1.700)
Lucro - Margem de 43,3% das vendas 1.300

128
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E SOCIEDADES CONTROLADORAS, CONTROLADAS E COLIGADAS

A investidora A, por ocasião do encerramento do exercício, constatou


que do total das compras de $ 3.000, permaneciam em estoques, como matérias-
primas, produtos em elaboração ou incorporadas aos produtos acabados, o
saldo de $ 400. Com base nessas informações, o lucro final da controlada B
deve ser ajustado em $ 173,20, correspondente ao lucro não realizado, obtido
da seguinte maneira:

Saldo das matérias-primas adquiridas da controlada $ 400


Margem de rentabilidade da controlada 43,3%
Lucro não realizado $ 173,20

UNI

Caro/a acadêmico/a! Para aprofundar os seus conteúdos, sugerimos a Leitura


Complementar do texto a seguir de parte do Artigo de Ariovaldo dos Santos (2007),
originalmente publicado no sexto Congresso USP de Controladoria e Contabilidade 2006. A
partir dele, você compreenderá um pouco mais sobre o surgimento dos juros sobre capital
próprio no Brasil.

LEITURA COMPLEMENTAR

QUEM ESTÁ PAGANDO JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO NO BRASIL?

1994 foi um ano em que mais um plano econômico foi colocado em prática.
Tratava-se do Plano Real que, ao contrário dos outros planos implantados a partir
dos anos oitenta, não vinha com congelamentos de preços, tablitas, confiscos de
contas correntes e poupanças, controle de preços etc. Sua implantação foi realizada
em duas fases distintas. A primeira delas ocorreu com a criação da Unidade Real
de Valor – URV a partir de março. Nessa fase, todos os valores da economia e
dos contratos que estavam em vigor naquele instante foram transformados nesse
novo índice da economia. Convém lembrar que a URV não era uma nova moeda,
mas, sim, uma espécie de índice que foi utilizado como conversor da moeda.

A segunda fase do Plano Real veio com a transformação da moeda e


isso ocorreu em julho de 1994. Independentemente das análises, contrárias ou
favoráveis, que se possa fazer dos resultados deste plano, uma coisa é indiscutível:
nossos níveis de inflação tiveram reduções bastante significativas e muito mais

129
UNIDADE2|JUROSSOBRECAPITALPRÓPRIOEAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOSESOCIEDADESCONTROLADORAS,CONTROLADASECOLIGADAS

duradouras do que os atingidos em planos anteriores. Em junho de 1994, a taxa


de inflação mensal chegava à casa dos 50%, enquanto no segundo semestre desse
ano a média mensal foi de 2,9%. Outro dado que não pode ser esquecido é que
essa variação de preços do segundo semestre de 1994 estava contaminada por
parte das variações de preços de maio e junho, refletidas somente nos meses
subsequentes. Isso significa que o país voltava a experimentar taxas de inflação
que havia vivido no final dos anos 1960 e início dos anos 1970. No primeiro
semestre de 1995, esse índice médio mensal foi de 1,7%. Óbvio que um índice de
1,7% de inflação mensal pode ser considerado extremamente alto, mas para um
país que tinha vivido os últimos 25 anos com taxas médias sempre muito mais
elevadas do que essa, os resultados podiam ser considerados como muito bons.

A lógica central do Plano Real fundamentou-se no ataque ao que se


convencionou chamar de inflação inercial e proibiu as atualizações monetárias
automáticas de todos os tipos de contratos, inclusive os de aluguéis e de trabalho.
Após mais de uma década de sua implantação, o Plano Real demonstrou ser
bastante eficaz no combate à inflação. Porém, deve-se ressalvar que, mesmo com
todos os méritos que o Plano Real possa ter demonstrado, uma coisa é certa, a
inflação foi bastante reduzida, mas não eliminada.

Em 31 de agosto de 1995, o Ministro da Fazenda encaminhou a Exposição de


Motivos no 325/MF relativa a Projeto de Lei que, posteriormente, foi transformada
na Lei nº 9.249/95. O item 2 da referida Exposição de Motivos afirma:

A reforma objetiva simplificar a apuração do imposto, reduzindo as


vias de planejamento fiscal, uniformizar o tratamento tributário dos
diversos tipos de renda, integrando a tributação das pessoas jurídicas,
ampliar o campo de incidência do tributo, com vistas a alcançar os
rendimentos auferidos no exterior por contribuintes estabelecidos no
País e, finalmente, articular a tributação das empresas com o Plano de
Estabilização Econômica.

Mesmo não tendo eliminado completamente o processo inflacionário,


em dezembro de 1995, com o objetivo de suprimir de vez a cultura da memória
inflacionária, foi editada a Lei 9.249, com vigência a partir de janeiro de 1996, que
em seus arts. 4º e 5º determina:

Art. 4º Fica revogada a correção monetária das demonstrações financeiras


de que tratam a Lei nº 7.799, de 10 de julho de 1989, e o art. 1º da Lei nº 8.200, de
28 de junho de 1991.

Parágrafo único. Fica vedada a utilização de qualquer sistema de correção


monetária de demonstrações financeiras, inclusive para fins societários.

Como se percebe do texto legal, a proibição de utilização de sistemas


que possam considerar os efeitos da inflação não é restrita a aspectos fiscais,
mas inclui também os aspectos societários. Isso significa que a perda do poder
de compra da moeda não só não deve ser considerada no cálculo dos impostos

130
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E SOCIEDADES CONTROLADORAS, CONTROLADAS E COLIGADAS

(imposto de renda da pessoa jurídica e contribuição social sobre o lucro), como


também para efeito dos dividendos. Dessa forma, a legislação impediu qualquer
possibilidade de as empresas buscarem, através de suas assembleias de acionistas,
mecanismos legais para cálculo e pagamento de dividendos a partir de resultados
que considerem os efeitos da perda de poder aquisitivo da moeda.

Outra grande novidade, do ponto de vista fiscal, incluída nessa Lei nº


9.249/95, foi a criação da possibilidade de as empresas passarem a remunerar,
através do pagamento de juros, como despesas dedutíveis para o cálculo do
imposto de renda e da contribuição social, o capital dos acionistas. A faculdade
desse pagamento está prevista no art. 9º que prevê:

A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os


juros pagos ou creditados individualmente a titular, sócios ou acionistas, a título
de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio
líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo –
TJLP.

Na fundamentação para a introdução dessa nova forma de remunerar


o acionista, o Ministro da Fazenda, no item 10 de sua Exposição de Motivos,
justificou:

“Com vistas a equiparar a tributação dos diversos tipos de rendimentos


do capital, o Projeto introduz a possibilidade de remuneração do capital próprio
investido na atividade produtiva, permitindo a dedução dos juros pagos ao
acionista, até o limite da variação da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP”.
(BRASIL, Lei nº 9.430).

Deve-se ressalvar que, apesar de sua difusão no Brasil ter acontecido a


partir da Lei nº 9.249/95, a figura dos juros sobre o Capital no Brasil já havia sido
incluída na Lei nº 6.404/76. Referida Lei, em seu art. 179, prevê o seguinte:

As contas serão classificadas do seguinte modo:

I – [...]

V – no ativo diferido: as aplicações de recursos em despesas que contribuirão


para a formação do resultado de mais de um exercício social, inclusive os juros
pagos ou creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das
operações sociais.

Como se pode perceber desse texto legal, a permissão para a contabilização


de remuneração atribuída aos acionistas a título de juros estava restrita aos valores
pagos no período que antecedesse ao início das operações. Tal possibilidade
acabava por abranger apenas investimentos que tivessem prazos de maturação
mais longos e isso, praticamente, restringia a utilização desses “juros” às

131
UNIDADE2|JUROSSOBRECAPITALPRÓPRIOEAVALIAÇÃODEINVESTIMENTOSESOCIEDADESCONTROLADORAS,CONTROLADASECOLIGADAS

empresas concessionárias de serviços públicos, mais especificamente aquelas que


desenvolviam suas operações nas aéreas de energia elétrica, saneamento básico e
telecomunicações.

Em trabalho publicado sobre a história dos juros sobre o capital próprio,


quando da apresentação de suas conclusões, Martins afirma:

A figura dos juros sobre o Capital Próprio veio para tentar reduzir uma
iniquidade fiscal muito séria criada com a extinção da correção monetária dos
balanços. Não se trata de uma benesse ou de uma liberalidade gratuita por parte
do Governo, mas de uma tentativa (razoavelmente bem sucedida, reconheça-se)
de redução dessa iniquidade comentada. (MARTINS, 2004, p. 6).

FONTE: Adaptado de: SANTOS, Ariovaldo dos. Quem está pagando juros sobre capital próprio
no Brasil? Disponível em: <http://www.eac.fea.usp.br/cadernos/completos/30anos/ariovaldo_
pg33a44.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2011.

132
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, analisamos a avaliação de investimentos simples os quais
são avaliados contabilmente pelo método de custo. Analisaremos também os
investimentos permanentes, avaliados contabilmente pelo método de equivalência
patrimonial.

Conhecemos as principais diferenças entre sociedades coligadas,


controladas e controladoras, além da figura do ágio e deságio em sua
fundamentação pela aquisição de investimentos.

Vimos a relação da influência significativa conforme enunciado pela Lei


nº 11.638/2007, além da obrigatoriedade ou não da equivalência patrimonial.

133
AUTOATIVIDADE

1 A Companhia Investidora ABC adquire ações da investida DEF. O investimento


é significativo e realizado em empresa controlada. Sabe-se que o Patrimônio
Líquido da investida é de R$ 800.000,00 e que a Investidora ABC adquire 60%
de suas ações, pagando à vista R$ 500.000,00. O lança­mento correto do fato
acima na investidora será:

a) ( ) D – Investimento em Controladas
C – Caixa 500.000,00

b) ( ) D – Investimentos em Controladas
C – Caixa 480.000,00

c) ( ) C – Caixa 500.000,00
D – Investimentos em Controladas 480.000,00
D – Ágio em Investimentos 20.000,00

d) ( ) C – Investimentos em Controladas 500.000,00


D – Caixa 480.000,00
C – Deságio em Investimentos 20.000,00

2 A controladora Cia. Andressa possui 60% do Capital votante de uma empresa


con­trolada. O investimento está registrado na contabilidade da investidora por
R$ 3.000,00. Se o patrimônio líquido da investida estiver representado por:

Capital Social R$ 3.000,00


Reservas R$ 2.000,00
Prejuízos acumulados R$ (1.000,00)

Total R$ 4.000,00

O lançamento contábil da Equivalência na investidora será:


a) ( ) D – investimentos em Coligadas e Controladas
C – Ganhos de Investimentos 600,00

b) ( ) D – Resultado Negativo na Equivalência Patrimonial


C – Investimento em Coligadas e Controladas 600,00

c) ( ) D – Investimento em Coligadas e Controladas


C – Perdas de Investimentos 600,00

d) ( ) D – Investimentos em Coligadas e Controladas


C – Resultado Positivo na Equivalência Patrimonial 600,00

134
3 Na Cia. Clélia, cujo exercício social coincide com o ano-calendário, o
Balancete de Verificação em 31/12/X1, antes da avaliação dos investimen­tos
significativos e influentes, apresentava, entre outros, os seguintes saldos:

Investimentos Significativos em Controladas: R$


Companhia Isa 180.000,00
Companhia Cláudia 120.000,00

Os Patrimônios Líquidos das empresas controladas, cujos exercícios


sociais também coincidem com o ano-calendário, totalizavam, nos Ba­lanços
Patrimoniais levantados em 31/12/X1, respectivamente R$ 350.000,00 e R$
200.000,00, ambos positivos. Informações adicionais:

 as empresas controladas não distribuíram dividendos no ano-base de X1;


 os saldos indicados no Balancete de Verificação citado são idênticos ao do
Balanço Patrimonial de 31/12/X0;
 Participações da investidora no Capital Votante das Controladas em 31/12/
X0 e 31/12/X1:
 Companhia Isa 60%
 Companhia Cláudia 70%

A contabilização correta, a ser efetuada em 31/12/X1, pela investidora é:


a) ( ) D – Resultado Positivo na Equivalência Patrimonial 50.000,00
C – Participação na Cia. Isa 30.000,00
C – Participação na Cia. Cláudia 20.000,00;

b) ( ) C – Resultado Negativo em Participações Societárias 250.000,00


D – Participação na Cia. Isa 170.000,00
D – Participação na Cia. Cláudia 80.000,00;

c) ( ) C – Resultado Positivo em Participações Societárias 50.000,00


D – Participação na Cia. Isa 30.000,00
D – Participação na Cia. Cláudia 20.000,00;

d) ( ) C – Resultado Negativo em Participações Societárias 50.000,00


D – Participação na Cia. Isa 20.000,00
D – Participação na Cia. Cláudia 30.000,00.

Utilize as informações a seguir para responder às questões de nº 7 a 10:

No início do exercício, a Cia. Investidora adquiriu 30% do Capital


Votante da Cia. Investida, que era representado unicamente pela Conta Capital,
no valor de R$ 300 mil, sabendo-se que:

 a aquisição foi realizada por R$ 90 mil;


 que a Cia. Investida é coligada da Investidora e este investimento é
considerado significativo;
 que o Lucro Líquido do período da Investida foi de R$ 100 mil.

135
4 Pode-se indicar por quanto estará avaliado o investimento no Balanço
Patrimonial da Cia. Investidora, no final do período (em R$ mil):

a) ( ) 150
b) ( ) 120
c) ( ) 90
d) ( ) 60

5 Na Demonstração do Resultado do Exercício da Cia. Investidora, aparecerá,


como Resultado de Equivalência Patrimonial, uma receita (em R$) de
(considerados os dados da questão anterior):

a) ( ) 30 mil
b) ( ) 60 mil
c) ( ) 100 mil
d) ( ) 200 mil

6 Se após os lançamentos contábeis de ajustes do Investimento na Cia.


Investidora, a Cia. Investida distribuir R$ 50 mil de dividendos, a Investidora
fará o seguinte lançamento contábil:

a) ( ) D – Caixa
C – Dividendos 15.000,00

b) ( ) D – Caixa
C – Receita 15.000,00

c) ( ) D – Caixa
C – Investimento 15.000,00

d) ( ) D – Caixa
C – Lucro 15.000,00

7 Se a investidora tivesse pago R$ 100 mil pelas ações da Investida, o lançamento


contábil seria (supondo-se pagamento à vista em dinheiro):

a) ( ) D – Caixa
C – Investimentos 100.000,00

b) ( ) C – Ágio 100.000,00
D – Caixa 10.000,00
D – Investimentos 90.000,00

c) ( ) D – Ágio 90.000,00
C – Caixa 100.000,00
D – Investimentos 10.000,00

136
d) ( ) D – Ágio 10.000,00
C – Caixa 100.000,00
D – Investimentos 90.000,00

8 De acordo com a Instrução CVM nº 247/96, qual seria o resultado da equivalência


patrimonial a ser registrada, contabilmente, por uma controladora que
dispusesse dos seguintes dados?

Património Líquido da Controlada R$ 1.600,00


% Participação 70%
Lucros Realizados R$ 200,00
Lucros não realizados entre a Controlada e a Controladora R$ 300,00
Valor Contábil do Investimento R$ 720,00

a) ( ) R$ 190,00
b) ( ) R$ 253,00
c) ( ) R$ 100,00
d) ( ) R$ 400,00

9 Preencha a tabela a seguir com: Controlada, Coligada, Equiparada a Coligada


ou Investimento simples avaliado pelo método de custo.

% da investidora Preponderância
Tipo de relacionamento?
na nas deliberações
Investida B 5% Sim
Investida C 22% Não
Investida D 9% Não
Investida E 15% Sim
Investida F 21% Não
indiretamente

10 O que se pode afirmar da empresa A em relação à empresa C?

Empresa A Terceiros

70% 20% 40%

Empresa B Empresa C
40%

137
11 A entidade ABC adquire, em fevereiro de 2003, investimento representativo
de 25% do capital votante da entidade XYZ, considerado significativo. Em
agosto de 2003, por força de acordo de acionistas, passa a exercer o controle
sobre a administração dessa entidade. A entidade ABC deve adotar o método
de equivalência patrimonial para avaliação desse investimento a partir de:

a) ( ) fevereiro de 2003.
b) ( ) agosto de 2003.
c) ( ) dezembro de 2003.
d) ( ) janeiro de 2004.

12 A figura contábil do ágio pode ocorrer por origens e circunstâncias diversas,


entre elas há expectativa:

a) ( ) de rentabilidade futura da Participação Societária adquirida.


b) ( ) das despesas futuras da Participação Societária adquirida.
c) ( ) de o valor do Imobilizado Líquido da empresa investida tender a zero.
d) ( ) de prejuízos futuros da Participação Societária adquirida.

13 Preencha a tabela abaixo: Equivalência ou Custo

Capital
Valor do Preponderância Método de
Votante da
Investimento nas deliberações avaliação?
investida
Empresa B 3.000 13.000 Não
Empresa C 1.500 13.000 Não
Empresa D 1.500 5.000 Não
Empresa E 500 5.000 Sim
Empresa F 3.000 10.000 Sim
Empresa G 500 10.000 Não

14 Com base nos dados e informações a seguir, proceda ao cálculo e à


contabilização para atualizar o valor do investimento pelo Método de
Equivalência Patrimonial na investidora em 31/12/X2:

1. Ativo Não Circulante da investidora em 31/12/X1:


Investimentos Avaliados pela Equivalência Patrimonial
Participação na Controlada C 70.000

2. Patrimônio Líquido da Controlada C em 31/12/X1:


Capital 100.000

3. Patrimônio Líquido da Controlada C em 31/12/X2:


Capital 100.000
Lucros acumulados 50.000
Total 150.000
138
Informações complementares:

 A participação da investidora na controlada equivale a 70% do capital da


investida.
 Expurgar do PL da investida Lucro não realizado no valor de $ 10.000,
decorrente de Lucro auferido pela investida em vendas para a investidora.

15 A Cia. Significativo avaliará seu investimento em sua controlada, a Cia. Alfa,


pelo método de Equivalência Patrimonial.
A participação no capital votante da Cia. Alfa é de 20%.

Momento X1
Cia. Significativo
ATIVO
Investimentos
Part. na Cia. Cia. Alfa 100.000

Cia. Alfa
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital 400.000
Reserva Capital 100.000
Total 500.000

Momento X2
A Cia. Alfa obteve um Lucro Líquido de $ 150.000.

Momento X3:
A Cia. Cia. Alfa distribuiu $ 50.000 em dividendos.

Momento X4:
A Cia. Cia. Alfa reavalia seu Ativo em $ 200.000 e consequentemente aumenta
o seu Patrimônio Líquido com Reservas de Reavaliação em $ 200.000.

O valor da conta "Investimento/Participação na Cia. Alfa”, da Cia.


Significativo, no momento X4, será de:
a) ( ) $ 210.000
b) ( ) $ 200.000
c) ( ) $170.000
d) ( ) $160.000

16 A Nossa Firma de Comércio S/A comprou, à vista, por R$ 18.000,00, ações


equivalentes a 40% do capital votante da Cia. Sideral de Indústria. Essa
empresa tem um Patrimônio Líquido formado de:

Capital Social R$ 40.000,00


Reservas de Capital R$ 12.000,00
Reservas de Lucros R$ 8.000,00

139
O investimento é significativo e deverá ser avaliado pelo Método da
Equivalência Patrimonial para fins de balanço. Por ocasião da operação de
compra acima descrita, a empresa investidora deverá efetuar o seguinte
lançamento contábil:

17 Pelo Método da Equivalência Patrimonial os Investimentos têm seus valores


atualizados, para mais ou para me­nos, em decorrência de:

a) ( ) variação ocorrida no Custo de aquisição em relação ao valor de mercado.


b) ( ) variações para mais ou para menos no Patrimônio Líquido das investidas.
c) ( ) variações para menos no valor patrimonial da ação da investidora.
d) ( ) somente pelos lucros apurados nas investidoras.

18 Analise o seguinte lançamento no grupo “Despesas Operacionais”:

D – Despesas de Participações Societárias


C – Participação na Coligada B.

Esse lançamento registra:


a) ( ) o lucro auferido pela investida.
b) ( ) a diminuição do Ativo Circulante da Investidora.
c) ( ) o Prejuízo apurado pela investida em decorrência de aumento de Capital.
d) ( ) a redução ocorrida no PL da investida em decorrência de prejuízos por ela
apurados.

19 No exercício seguinte, ocasião em que a investidora receber em cheque os


dividendos, devidamente contabilizados como acréscimo da conta que
registra investimento no final do exercício anterior, o correto será debitar a
conta Caixa ou Bancos conta Movimento e creditar a conta:

a) ( ) Que registra o respectivo investimento.


b) ( ) Dividendos a Receber.
c) ( ) Receitas de Participações Societárias.
d) ( ) Ganhos em contas do Ativo Permanente.

20 A Controlada B apurou lucro líquido, no final de X1, no valor de $ 500, e


contabilizou $ 200 como dividendos a pagar para sua Controladora A,
permanecendo o res­tante no PL.

Em relação a esse lucro de $ 500, a investidora:


a) ( ) obrigatoriamente debitará $ 200 na conta Dividendos a Receber e $ 300
na conta que registra o investimento.
b) ( ) poderá optar em debitar $ 500 na conta que registra o investimento ou $
200 em Dividendos a Receber e $ 300 na conta que registra o investimento.
c) ( ) creditar $ 200 em Dividendos a Pagar e $ 300 no PL.
d) ( ) creditar $ 200 em Dividendos a Receber e debitar $ 300 em Receita de
Participação.

140
21 A Investidora A, proprietária de 4% das ações representativas do capital da
So­ciedade Z, avaliou tal investimento pelo MEP, observando rigorosamente
as dis­posições contidas na Instrução CVM nº 247/1996. O procedimento da
investidora está:

a) ( ) correto, uma vez que o investimento é significativo.


b) ( ) correto, uma vez que controla a Sociedade Z.
c) ( ) errado, uma vez que o percentual de 4% na participação do Capital
de outra empresa não caracteriza a existência de coligada nem de
controlada.
d) ( ) correto, tendo em vista que assim determina a Lei nº 11.638/2007.

22 Para fins de obter o valor atualizado do investimento pelo MEP, os lucros


não realizados decorrentes de negócios entre a investida e a investidora
serão:

a) ( ) adicionados ao valor encontrado após a aplicação do percentual de


partição sobre o valor do PL da investida.
b) ( ) subtraído do valor encontrado após a aplicação do percentual de
participação sobre o valor do PL da investida.
c) ( ) incluído no total do PL para fins de cálculo.
d) ( ) será subtraído do total do PL para fins de cálculo.

141
142
UNIDADE 3

CONSOLIDAÇÃO DAS
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E
CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir do estudo desta unidade você será capaz de:

• interpretar os aspectos contábeis e fiscais envolvendo a consolidação das


demonstrações financeiras;

• elaborar as demonstrações financeiras consolidadas;

• interpretar os aspectos fiscais e contábeis envolvendo operações entre ma-


triz e filial;

• elaborar as demonstrações financeiras envolvendo operações entre matriz


e filial.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade de estudos está dividida em dois tópicos. Neles você encontrará
os aspectos fiscais e contábeis necessários à elaboração do Balanço Patrimo-
nial e da Demonstração do Resultado do Exercício consolidada e a estrutura
das demonstrações financeiras consolidadas. Irá encontrar também as opera-
ções diversas envolvendo matriz e filial, bem como os exercícios de fixação
que serão desenvolvidos no decorrer dos estudos de cada tópico.

TÓPICO 1 – CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

TÓPICO 2 – CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

143
144
UNIDADE 3
TÓPICO 1

CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES


FINANCEIRAS

1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico analisaremos as principais operações envolvendo a
consolidação das demonstrações financeiras.

Iremos analisar os aspectos fiscais e contábeis necessários à consolidação,


bem como a estrutura necessária para evidenciar tais demonstrações.

Analisaremos especificamente duas demonstrações contábeis: Balanço


Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício e o efeito das operações
com terceiros e intercompanhias.

2 CONCEITUALIZAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS


CONSOLIDADAS
Desde 1950, com o surgimento da contabilidade gerencial, várias empresas,
principalmente as grandes corporações, viram a necessidade de controlar melhor
seus investimentos realizados em outras sociedades empresariais.

Perez e Oliveira (2010) comentam que determinados conglomerados


empresariais tiveram grande crescimento nas últimas décadas. Atualmente, em
nível internacional e mesmo no Brasil, é possível a constatação da existência de
vários grupos econômicos constituídos por dezenas de empresas, que exploram
inúmeros setores industriais, financeiros e de prestação de serviços em vários
países.

Tem-se observado que, no Brasil, é cada vez mais comum o número de


empresas que vêm se reestruturando societariamente (juntando-se com outras
empresas) para se tornarem mais fortes no mercado.

Santos e Machado (2005, p. 8) explicam que

Nos últimos anos houve um expressivo aumento de empresas que


passaram a ter investimentos permanentes em outras sociedades. Em
função disso, a quantidade de empresas que passou a adotar o Método
de Equivalência Patrimonial e apresentar demonstrações consolidadas

145
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

aumentou significativamente, principalmente em virtude do intenso


período de privatizações por que passou o Brasil. Em 1995, dentre as
550 maiores empresas (500 privadas e 50 estatais) listadas na edição de
Melhores e Maiores, da Editora Abril, 88 apresentavam demonstrações
consolidadas; em 2003, esse número saltou para 117 empresas, com
aumento de 33%. Empresas dos mais variados segmentos adquiriram
o controle de empresas de telecomunicações, saneamento, energia,
concessões de rodovias e ferrovias etc. A KPMG Brasil (2005) divulgou
estudo feito por ela, intitulado Fusões e Aquisições, que mostra o
crescimento das aquisições no Brasil da década de 90 para cá. Segundo
a pesquisa, na década de 90 houve um crescimento acumulado de
134% no número de fusões e aquisições em relação à década anterior,
sendo que 61% das operações envolveram investimentos estrangeiros.
A pesquisa mostra, ainda, que nos últimos 10 anos (1995 a 2004)
ocorreram 3.021 transações desse tipo.

De acordo com Perez e Oliveira (2010), esse processo de reestruturação


societária ocorre principalmente em decorrência dos processos de:

• aquisição parcial ou total do controle societário de empresas já constituídas e


em plena atividade; e/ou

• formação das chamadas joint-ventures – sociedades controladas em conjunto


por diversos investidores.

UNI

Os processos de reestruturação societária, dentre eles fusão, cisão, incorporação,


liquidação, transformação e liquidação, serão vistos no decorrer do curso de Ciências
Contábeis.

Segundo Iudícibus et al. (2010, p. 647), “ [...] as entidades controladas


em conjunto têm se mostrado como uma nova tendência mundial em termos de
investimentos em empreendimentos conjuntos [...]. Trata-se de uma alternativa
interessante para acumular capital necessário à expansão e manutenção das
atividade econômicas”.

Perez e Oliveira (2010, p. 93) comentam que

A Contabilidade não permaneceu indiferente a essa tendência de


grande concentração de empresas sob comandos centralizados. Sempre
preocupados com seus diversos usuários, os pesquisadores e outros
profissionais da área contábil sentiram de imediato a necessidade de
desenvolver novas técnicas e procedimentos que suprissem a lacuna de
informações, dados e relatórios contábeis e financeiros especialmente
desenvolvidos para a "entidade" representada pelo conjunto de
empresas de um único grupo empresarial.

146
TÓPICO 1 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Sendo assim, o método de consolidação das demonstrações financeiras


veio para suprir essa necessidade de conglomerados empresariais, uma vez que
fornece maiores e melhores informações de natureza financeira e econômica, se
comparado à análise individual de cada uma das demonstrações em separado
das sociedades pertencentes a um mesmo grupo.

No Brasil, a obrigatoriedade da consolidação das demonstrações contábeis


teve início com a Lei 6.404, de 1976, porém, conforme Santos e Machado (2005, p. 8), “
[...] esse tipo de demonstração é utilizado nos Estados Unidos há cerca de um século.
Em outros países iniciou-se bem mais tarde, aparecendo na legislação inglesa apenas
em 1947, na alemã em 1965, no Japão em 1976 e na francesa em 1985”.

3 TRATAMENTO LEGAL
A exigência da normatização frente às normas internacionais de
contabilidade adequou ainda mais o processo de consolidação das demonstrações
financeiras nos últimos tempos.

A Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, conhecida como Lei das


Sociedades por Ações, normatizou, em seus artigos 249 e 250, os procedimentos
para elaboração e publicação das demonstrações contábeis:

No art. 249 da Lei nº 11.638 foram delegados poderes para que a Comissão
de Valores Mobiliários (CVM) emita normas de caráter obrigatório para as
companhias de capital aberto, porém o Comitê de Pronunciamentos Contábeis,
em seu CPC 36, foi quem definiu, de fato, como, quem e de que forma as
demonstrações financeiras consolidadas devem ser elaboradas e publicadas.

4 O QUE SÃO DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


CONSOLIDADAS
Pode-se dizer que as demonstrações contábeis consolidadas são resultado
da somatória das demonstrações contábeis de várias empresas pertencentes a
um mesmo grupo econômico. No entanto, excluídos os saldos e os resultados de
operações que tenham reciprocidade, ou seja, operações e resultados efetuados
entre essas empresas.

Perez e Oliveira (2010, p. 95) definem que “o objetivo da consolidação


de demonstrações contábeis é refletir o resultado das operações e a verdadeira
situação econômica, patrimonial e financeira de todo o grupo de empresas sob
um único comando, como se fosse uma única empresa, e apresentar o resultado
das operações do grupo de empresas”.

147
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

Portanto, se tivermos uma investidora que participa no capital de uma


investida, ambas possuirão sua situação econômica e financeira individualmente,
porém, na consolidação, haverá a junção dessa situação patrimonial e financeira
de ambas, formando assim um grupo econômico.

Por exemplo, imagine que a empresa A participe da empresa B e da


empresa C. Todas as três empresas são distintas, individuais, com personalidade
jurídica própria. Porém, na consolidação haveria a formação do Grupo ABC e
seriam somadas as demonstrações contábeis de cada uma das três empresas,
subtraindo-se apenas os saldos e operações com reciprocidade.

Não haveria nenhuma influência em relação à questão societária e fiscal


do grupo ABC, uma vez que:

• todos os impostos, sendo da esfera federal, estadual ou municipal, são


calculados e apurados individualmente. Então, levando em consideração
o exemplo anterior, mesmo que a empresa A tivesse um saldo de impostos
a compensar e a empresa B um saldo de impostos a pagar, não haveria a
possibilidade de compensação, uma vez que a apuração é individual;

• os resultados são apurados individualmente, não havendo a possibilidade de


compensação de lucro de uma com o prejuízo de outra pertencente ao mesmo
grupo.

De acordo com Perez e Oliveira (2010, p. 95), as demonstrações contábeis


consolidadas

Possibilitam uma apreciação mais criteriosa e transparente com relação


às garantias de seus créditos e lucratividade de seus investimentos.
Além disso, também oferecem dados adicionais para análise, tais
como:
• índices de liquidez e endividamento do grupo;
• índices de lucratividade por empresa e global;
• potencial do grupo de geração de recursos;
• todos os índices aplicáveis à controladora e a cada controlada podem
ser analisados e comparados com os índices consolidados.

Perez e Oliveira (2010, p. 96) comentam que

Esta é a principal utilidade das demonstrações contábeis consolidadas,


pois elas possibilitam:
• melhor administração e gerenciamento dos recursos financeiros
gerados e apli­cados pelo grupo de empresas;
• fluxo de caixa global;
• avaliação das necessidades de recursos de terceiros e/ou de acionistas;
• reciprocidade bancária;
• melhor avaliação de desempenho isolado e global;
• melhor planejamento tributário;
• evitar pagamento de tributos sobre lucros não realizados decorrentes
de ope­rações entre empresas consolidadas.

148
TÓPICO 1 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Dessa forma, a consolidação tem um papel fundamental para a


contabilidade gerencial, uma vez que torna o grupo mais forte do que se analisada
cada empresa em separado.

O processo de consolidação das demonstrações contábeis envolve as


seguintes demonstrações: o balanço patrimonial consolidado, a demonstração
consolidada do resultado do exercício e a demonstração consolidada do fluxo
de caixa, complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos
necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados
consolidados.

5 EMPRESAS OBRIGADAS A ELABORAR AS DEMONSTRAÇÕES


CONTÁBEIS CONSOLIDADAS
A Lei 11.638/2007, em seu art. 249, define o seguinte:

Art. 249 A companhia aberta que tiver mais de 30% (trinta por cento) do valor
do seu patrimônio líquido representado por investimentos em sociedades
controladas deverá elaborar e divulgar, juntamente com suas demonstrações
financeiras, demonstrações consolidadas nos termos do art. 250; parágrafo
único: A Comissão de Valores Mobiliários poderá expedir normas sobre as
sociedades cujas demonstrações devam ser abrangidas na consolidação, e:

a) determinar a inclusão de sociedades que, embora não controladas, sejam


financeira ou administrativamente dependentes da companhia;

b) autorizar, em casos especiais, a exclusão de uma ou mais sociedades


controladas.

Note que no art. 249 foram delegados poderes para que a Comissão
de Valores Mobiliários (CVM) emita normas de caráter obrigatório para as
companhias de capital aberto.

Sendo assim, a Instrução 247, de 27 de março de 1996, define o seguinte


sobre a elaboração das demonstrações contábeis consolidadas:

Art. 21 Ao fim de cada exercício social, as demonstrações contábeis consolidadas


devem ser elaboradas por:
I. Companhia aberta que possuir investimento em sociedades controladas,
incluindo as sociedades controladas em conjunto referidas no art. 32 desta
Instrução; e

II. Sociedade de comando de grupo de sociedades que inclua companhia aberta.

149
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

Entretanto, de acordo com o CPC 36, todas as sociedades por ações


que possuírem investimentos em controladas são obrigadas a elaborar as
demonstrações contábeis consolidadas, indiferente se forem de capital aberto ou
fechado. Segundo Iudícibus et al. (2010), esse foi um dos maiores avanços que o
CPC 36 trouxe para a contabilidade.

Porém, é recomendável que todas as empresas, sejam elas Sociedades
Anônimas ou Limitadas, elaborem as demonstrações contábeis consolidadas de
suas controladas e até mesmo coligadas, uma vez que o processo de consolidação
visa enriquecer a informação contábil. Obviamente que, nos casos não obrigatórios, o
processo de elaboração das demonstrações consolidadas seja feito apenas para atender
às necessidades dos usuários das informações contábeis.

Além disso, Perez e Oliveira (2010, p. 95) comentam que

É possível também, e recomendável, a consolidação das demonstrações


contábeis de empresas que, mesmo sem a participação societária das
pessoas jurídicas, sejam propriedade de uma mesma pessoa física
ou de uma família. Por exemplo, o Sr. Francisco Dantas é acionista
majoritário das Empresas A, B e C. Para atender a suas necessidades
de maiores e melhores informações com relação, por exemplo, a seu
verdadeiro patrimônio, talvez fosse necessária a apresentação das
demonstrações contábeis consolidadas das três empresas.

A Instrução 247, de 27 de março de 1996, define em seu art. 23 o seguinte:

Art. 23 Poderão ser excluídas das demonstrações contábeis consolidadas, sem


prévia autorização da CVM, as sociedades controladas que se encontrem nas
seguintes condições:

I – Com efetivas e claras evidências de perda de continuidade e cujo patrimônio


seja avaliado, ou não, a valores de liquidação; ou

II – Cuja venda por parte da investidora, em futuro próximo, tenha efetiva e


clara evidência de realização devidamente formalizada.

§ 1º Em casos especiais justificados, poderão ser ainda excluídas da consolidação,


mediante prévia autorização da Comissão de Valores Mobiliários, as sociedades
controladas cuja inclusão, a critério da CVM, não represente alteração relevante
na unidade econômica consolidada ou que venha distorcer essa unidade
econômica.

§ 2º No balanço patrimonial consolidado, o valor contábil do investimento


na sociedade controlada excluída da consolidação deverá ser avaliado pelo
método da equivalência patrimonial.

§ 3º Não será considerada justificável a exclusão, nas demonstrações contábeis


consolidadas, de sociedade controlada cujas operações sejam de natureza
diversa das operações da investidora ou das demais controladas.

150
TÓPICO 1 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Ribeiro (2005) comenta que o processo de consolidação é de responsabilidade


da empresa controladora do conjunto, sendo que os procedimentos utilizados
nesses registros podem ser por meio de processo manual, eletrônico, ou outro,
em livros contábeis como Diário e Razão, devidamente segregados da escrita
contábil regular da empresa responsável pela consolidação ou em papéis de
trabalho adequadamente reservados para esse fim.

NOTA

Não devem integrar os Demonstrativos Consolidados os patrimônios de


empresas controladas nas quais o controle seja apenas temporário.

6 DEMONSTRAÇÕES CONSOLIDADAS E EM SEPARADO


(INDIVIDUAL) CONFORME A RESOLUÇÃO 1.262/2009 DO
CFC
A Resolução 1.262/2009 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC)
aprovou a Interpretação Técnica ITG 09, a qual define regras sobre as Demonstrações
Contábeis Individuais, Demonstrações Separadas, Demonstrações Consolidadas
e Aplicação do Método de Equivalência Patrimonial. Alguns dos principais
enunciados da Resolução são assim descritos:

• Do ponto de vista conceitual, as demonstrações individuais só deveriam


ser divulgadas publicamente para o caso de entidades que não tivessem
investimentos em controladas, ou em joint-ventures (controladas em
conjunto). No caso de existência desses investimentos, todas as entidades
deveriam divulgar publicamente somente as demonstrações consolidadas,
conforme estabelecido nas normas internacionais de contabilidade emitidas
pelo IASB.

• Todavia, a legislação societária brasileira e alguns órgãos reguladores


determinam a divulgação pública das demonstrações contábeis individuais
de entidades que contêm investimentos em controladas ou em joint-ventures
mesmo quando essas entidades divulgam suas demonstrações consolidadas;
inclusive é pacífico o entendimento de que a legislação societária requer que
as demonstrações contábeis individuais, no Brasil, sejam a base de diversos
cálculos com efeitos societários (determinação dos dividendos mínimos
obrigatórios e total do valor patrimonial da ação etc.). Esta interpretação,
enquanto vigente a determinação legal para divulgação das demonstrações
individuais da controladora ou controladora em conjunto, requer
procedimentos contábeis específicos para as demonstrações individuais das
controladoras (controle integral ou conjunto).

151
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

• Como consequência, o CFC esclarece, por meio desta interpretação,


que, enquanto mantida essa legislação, será requerida a apresentação
das demonstrações individuais de todas as entidades, mesmo quando
apresentadas as demonstrações consolidadas (integral ou proporcional).
Requer, todavia, que as demonstrações individuais das entidades que
têm investimentos em controladas e joint-ventures sejam obrigatoriamente
divulgadas em conjunto com as demonstrações consolidadas (integral ou
proporcional) sempre que requerido legalmente ou pelas disposições da
NBC TG 36 – Demonstrações Consolidadas e da NBC TG 19 – Investimento
em Empreendimento Controlado em Conjunto (Joint-Venture).

• Do ponto de vista conceitual, as demonstrações separadas só deveriam ser


apresentadas naquelas circunstâncias em que os investimentos societários
mensurados pela equivalência patrimonial ou apresentados na forma de
demonstrações contábeis consolidadas não representem de forma completa
a razão e a destinação desses investimentos (ver itens 12 e 13 adiante). São
raros os casos onde há justificativa para a apresentação das demonstrações
separadas. De acordo com as normas internacionais, existem apenas
três motivos que levariam à elaboração e divulgação das demonstrações
separadas: (a) por opção, ou seja, a entidade opta pela apresentação adicional
das demonstrações separadas; (b) por exigência legal local, ou seja, quando
por força de lei local se exigir que os investimentos em coligadas controladas
e controladas em conjunto sejam mensurados pelo custo ou pelo valor
justo; e (c) por ter sido dispensada da aplicação do método de equivalência
patrimonial ou da consolidação (integral ou proporcional), situação em
que a entidade deve mensurar os investimentos em coligadas, controladas
e controladas em conjunto pelo custo ou pelo valor justo e então publicar
as demonstrações contábeis separadas. No caso brasileiro, nossa legislação
societária não exige que tais investimentos sejam avaliados a custo ou a
valor justo, bem como não dispensa a aplicação do método de equivalência
patrimonial no balanço individual quando de investimentos em coligadas,
em controladas e em controladas em conjunto.

7 PROCESSO DE ELABORAÇÃO
De acordo com o CPC 36, para a elaboração de demonstrações contábeis
consolidadas, a entidade controladora combina suas demonstrações contábeis
com as de suas controladas, linha a linha, ou seja, somando os saldos de itens
de mesma natureza: ativos, passivos, receitas e despesas, excluindo apenas as
operações e saldos que tenham reciprocidade.

Portanto, o disponível de uma empresa será somado com o disponível


de outra e assim por diante, em todas as contas que compõem as demonstrações
contábeis, para então formar o consolidado.

152
TÓPICO 1 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

As operações e saldos que guardem reciprocidade são aqueles resultantes


das atividades intercompanhias, como, por exemplo, vendas de mercadorias,
produtos e serviços entre controladora e controlada, gerando, possivelmente,
receitas e despesas, impostos e também contas a receber e contas a pagar. Tudo
isso deve ser eliminado no processo de consolidação.

UNI

Para que o processo de eliminação de saldos seja feito com eficiência é preciso
que as operações intercompanhias sejam sempre controladas.

Iudícibus et al. (2010, p. 653) comentam que “ [...] é por meio desse controle
que será possível apurar os valores das vendas, despesas, juros, comissões e
outras receitas ocorridas durante o exercício entre as empresas que integram as
demonstrações consolidadas”.

Na maioria das vezes, as empresas que são obrigadas a elaborar as


demonstrações contábeis consolidadas mantêm um plano de contas contábeis
específico para o registro dessas operações intercompanhias, o que, de fato,
facilita muito o trabalho de consolidação.

A Lei 11.638/2007 define o seguinte sobre o processo de consolidação:

Art. 250 Das demonstrações financeiras consolidadas serão excluídas:

I – as participações de uma sociedade em outra;

II – os saldos de quaisquer contas entre as sociedades;

III – as parcelas dos resultados do exercício, dos lucros ou prejuízos acumulados


e do custo de estoques ou do ativo permanente que corresponderem a
resultados, ainda não realizados, de negócios entre as sociedades.

§ 1º A participação dos acionistas controladores no patrimônio líquido e no lucro


líquido do exercício será destacada, respectivamente, no balanço patrimonial e
na demonstração consolidada do resultado do exercício.

§ 2º A parcela do custo de aquisição do investimento em controlada, que não


for absorvida na consolidação, deverá ser mantida no ativo não circulante, com
dedução da provisão adequada para perdas já comprovadas, e será objeto de
nota explicativa.

153
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

§ 3º O valor da participação que exceder do custo de aquisição


constituirá parcela destacada dos resultados de exercícios
futuros até que fique comprovada a existência de ganho efetivo.

§ 4º Para fins deste artigo, as sociedades controladas, cujo exercício social


termine mais de 60 (sessenta) dias antes da data do encerramento do exercício da
companhia, elaborarão, com observância das normas desta Lei, demonstrações
financeiras extraordinárias em data compreendida nesse prazo.

Já a CVM, por meio da Instrução 247, de 27 de março de 1996, define o


seguinte:

Art. 24 Para a elaboração das demonstrações contábeis consolidadas, a


investidora deverá observar, além do disposto no artigo 10, os seguintes
procedimentos:

1. Excluir os saldos de quaisquer contas ativas e passivas, decorrentes de


transações entre as sociedades incluídas na consolidação;

2. Eliminar o lucro não realizado que esteja incluído no resultado ou no


patrimônio líquido da controladora e correspondido por inclusão no balanço
patrimonial da controlada.

3. Eliminar do resultado os encargos de tributos correspondentes ao lucro não


realizado, apresentando-os no ativo circulante/realizável a longo prazo –
tributos diferidos, no balanço patrimonial consolidado.

Parágrafo único: No processo de consolidação das demonstrações contábeis,


não poderá ser efetuada a compensação de quaisquer ativos ou passivos pela
dedução de outros passivos ou ativos, a não ser que exista um direito de
compensação e a compensação represente a expectativa quanto à realização do
ativo e à liquidação do passivo.

Art. 25 A participação dos acionistas não controladores, no patrimônio líquido


das sociedades controladas, deverá ser destacada em grupo isolado, no balanço
patrimonial consolidado, imediatamente antes do patrimônio líquido.

Art. 28 Para a elaboração da demonstração consolidada do resultado do


exercício a investidora deverá:

I – Incluir os resultados de sociedade controlada, adquirida ou vendida no


transcorrer do exercício social, tomando por base a data do respectivo
registro ou baixa nos seus investimentos permanentes; e

II – Excluir todas as receitas e despesas decorrentes de negócios entre a


investidora e as sociedades controladas, bem como entre estas.

154
TÓPICO 1 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

O lucro não realizado é decorrente das operações intercompanhias que


fazem parte do consolidado. Santos e Machado (2005, p. 10) comentam que

Quando ocorre a transação de venda de ativos entre as controladas


e coligadas e entre elas e a investidora e se esses ativos ainda não
tiverem sido revendidos para terceiros até a data do encerramento do
exercício, considera-se que o resultado dessa venda não foi realizado,
pois houve uma transação apenas doméstica (intercompanhias), não
havendo, portanto, resultado econômico na análise do grupo. Esse
resultado será considerado realizado somente quando esses ativos
forem revendidos a terceiros. Assim, enquanto permanecer no balanço
da controladora, considera-se que o Lucro não foi Realizado.

UNI

Ao final deste tópico serão apresentados alguns exemplos práticos que


evidenciam em números o significado do processo de elaboração das demonstrações
contábeis consolidadas, as quais são destacadas na Lei 11.638/2007 e na Instrução 247/96 da
CVM.

Veja um simples exemplo a seguir com base no modelo de Perez e Oliveira


(2010):

Do total de suas contas a receber, a Sociedade A tem a receber $ 100 da


Sociedade B, logo, do total de seu Contas a Pagar, a Sociedade B tem $ 100 a pagar
à Sociedade A. Assim sendo, deve-se eliminar as contas a receber de A contra as
contas a pagar de B:

A B A+B D C AB
ATIVO
500 400 900 100 800
DIREITOS
PASSIVO
200 300 500 100 400
OBRIGAÇÕES

O Consolidado representa os Direitos e obrigações das Sociedades A e B


em relação a terceiros. Observe que o lançamento é efetuado extracontabilmente,
não afetando a contabili­dade e os controles operacionais de ambas as empresas.

155
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

É importante que, antes do encerramento das demonstrações contábeis


de cada em­presa, haja conferência e conciliação de saldos para garantir que sejam
iguais, caso contrário haverá diferença no consolidado.

Já na Demonstração do Resultado do Exercício é preciso excluir todas as


contas de receita e despesa intercompanhias. Portanto, conforme Perez e Oliveira
(2010), para a elaboração da Demonstração Consolidada do Resultado do exercício
devem ser efetuadas as seguintes eliminações:

• todas as receitas e despesas decorrentes de transações entre a investidora e as


sociedades controladas, bem como entre as controladas e coligadas se for o
caso;

• os lucros não realizados decorrentes de transações entre as sociedades – contas


do resultado em que estão contidas as parcelas de lucros em contrapartida das
contas do ativo em que os lucros estiverem contidos;

• os tributos correspondentes aos lucros não realizados – conta Imposto de


Renda – na demonstração de resultado em contrapartida da conta de ativo do
circulante ou do realizável a longo prazo – impostos diferidos;

• as participações dos acionistas minoritários/não controladores no lucro ou


prejuízo do exercício, das sociedades controladas, deverão ser destacadas e
apresentadas, respectivamente, como dedução ou adição ao lucro líquido ou
prejuízo do exercício consolidado;

• deverão ser incluídos na demonstração consolidada do resultado do exercício


os resultados de sociedade controlada adquirida ou vendida no transcorrer do
exercício social, tomando por base a data do respectivo registro ou baixa em
seus investimentos permanentes.

A Instrução 247/96 da CVM define o seguinte em relação às datas das


demonstrações contábeis envolvidas no processo de consolidação:

Art. 10 O patrimônio líquido da coligada e controlada deverá ser determinado


com base nas demonstrações contábeis levantadas na mesma data das
demonstrações contábeis da investidora.

§ 1º Na impossibilidade de cumprimento ao disposto no caput deste artigo,


admite-se a utilização de demonstrações contábeis da coligada e controlada em
um período máximo de defasagem de até 60 (sessenta) dias antes da data das
demonstrações contábeis da investidora.

§ 2º O período de abrangência das demonstrações contábeis da coligada e


controlada deverá ser idêntico ao da investidora, independentemente das
respectivas datas de encerramento.

156
TÓPICO 1 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

§ 3º Admite-se a utilização de períodos não idênticos, nos casos em que este


fato representar melhoria na qualidade da informação produzida, sendo a
mudança evidenciada em nota explicativa.

Portanto, para elaboração das demonstrações contábeis consolidadas, as


demonstrações contábeis individuais devem ser encerradas com a mesma data,
permitindo apenas datas não idênticas, de até 60 dias, desde que represente
melhoria na qualidade da informação produzida, por exemplo: A consolidação
das demonstrações contábeis da Empresa A com as da Empresa B devem
ser encerradas em 31/05/2010, permitindo apenas que uma das datas não seja
idêntica, desde que represente melhoria na qualidade da informação produzida.
Nesse exemplo, o período máximo de defasagem por parte da investida seria a
entrega das demonstrações contábeis com data de 31/03/2010.

8 NOTAS EXPLICATIVAS
A Instrução 247/96 da CVM define o seguinte em relação às notas
explicativas sobre as demonstrações contábeis:

Art. 31 As notas explicativas que acompanham as demonstrações contábeis


consolidadas devem conter informações precisas das controladas, indicando:

I – Critérios adotados na consolidação e as razões pelas quais foi realizada a


exclusão de determinada controlada;

II – Eventos subsequentes à data de encerramento do exercício social que


tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os
resultados futuros consolidados;

III – Efeitos, nos elementos do patrimônio e resultado consolidados, da aquisição


ou venda de sociedade controlada, no transcorrer do exercício social, assim
como da inserção de controlada no processo de consolidação, para fins de
comparabilidade das demonstrações contábeis; e

IV – Eventos que ocasionaram diferença entre os montantes do patrimônio


líquido e lucro líquido ou prejuízo da investidora, em confronto com os
correspondentes montantes do patrimônio líquido e do lucro líquido ou
prejuízo consolidados.

9 EXEMPLOS DE CONSOLIDAÇÃO
Exemplo 1, adaptado do modelo de Neves e Viceconti (2004):

Em 02/01/X2, a Cia. A adquire 100% das ações da Cia. B por R$ 600.000,00.


157
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

Uma vez que a Cia. A tem 100% do capital da Cia. B e o investimento é


avaliado pela equivalência patrimonial, a eliminação a ser feita corresponde à
baixa no valor da conta de investimentos de A contra o PL de B, porque ambas
têm o mesmo valor. Após a eliminação, basta somar os saldos, e teremos o Balanço
consolidado.

Razão do ajuste:

A soma algébrica dos ativos e passivos não exigíveis de B, que serão


adicio­nados aos de A na consolidação, corresponde ao patrimônio líquido de B;
este, por sua vez, é igual ao valor do investimento registrado na controlado­ra, que
já foi computado no valor do patrimônio líquido dessa última.

Balanços Patrimoniais em 02/01/X2 (em R$ 1.000,00)

Balanço de A
ELEMENTOS Cia. A Cia. B Eliminações consolidando
B
D C em 02/01/X2
Ativo Circulante 1.640 240 1.880
Investimentos
600
Em B 600 -o- -o-
(1)
Em outras 140 60 200
Imobilizado 440 360 800

TOTAL do ATIVO 2.820 660 600 2.880


Passivo 700 60 760
Patrimônio Líquido
Capital 1.600 400 400 (1) 1.600
Reservas 520 200 200 (1) 520

TOTAL do PASSIVO 2.820 660 600


2.880

Exemplo 2, adaptado do modelo de Neves e Viceconti (2004):

Ainda em 02/01/X2, a Cia. A adquire 70% da Cia. C por R$ 210.000,00. O


patrimônio líquido (PL) de C é de R$ 300.000,00.

Ajustes:

158
TÓPICO 1 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

(1) Eliminação do investimento de A em 100% do PL de B.

(2) Eliminação do investimento de A em 70% do PL de C, R$ 210.000,00, ou seja,


70% x R$ 300.000,00.

(3) Eliminação da participação dos minoritários (30% do PL de C), R$ 90.000,00,


ou seja, 30% x R$ 300.000,00.

Balanço de A
ELEMENTOS Cia. A Cia. B Cia. C Eliminações
consolidando B
D C e C em 02/01/X2
Ativo Circulante 1.430 240 380 2.050
Investimentos 600
Em B 600 -o- -o- (1) -o-
Em C 210 -o- -o- 210 -o-
Em outras 140 60 -o- (2) 200
Imobilizado 440 360 220 1.020

TOTAL do ATIVO 2.820 660 600 810 3.270


Passivo 700 60 300 1.060
Participação 90 90
Minoritária 400 (3)
Patrimônio Líquido 1.600 400 120 (1) 1.600
Capital 84 (2)
36 (3)
520 200 180 520
Reservas 200
(1)
126
(2)
54 (3)
TOTAL do PASSIVO 2.820 660 600 900 90
3.270

Observe que a participação dos acionistas minoritários, nesse exemplo, ou


seja, aqueles que detêm 30% do Patrimônio Líquido (PL) da Cia. C, foi excluída
desse grupo de contas, figurando numa posição intermediária en­tre Passivo
Exigível e o PL.

O objetivo deste procedimento é de que o Patrimônio Líquido consolidado


reflita o valor que realmente pertence aos acionistas da empresa con­troladora,
159
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

excluindo-se, portanto, deste total, a parcela de propriedade dos acionistas


minoritários.

Exemplo 3, adaptado do modelo de Neves e Viceconti (2004):

Dados:

1. Os Balanços Patrimoniais em 31/12/X1 da Controladora PASIL e da


Controlada Beta:

Balanços Patrimoniais encerrados em 31/12/X1 (em R$)

Empresa Empresa
CONTAS
Controladora Controlada
ATTVO
Caixa 5.000 10.000 2.500
Contas a Receber - o -20.000 - o -15.000 12.500
Clientes 32.500 20.500 - o -15.000 6.000
Mercadorias 12.000 24.000
Participações Societárias Terrenos -o-
Móveis
Máquinas

TOTAIS 100.000 75.000

PASSIVO
Fornecedores Impostos a Recolher 15.000 25.000 7.500
Contas a Pagar Empréstimo -o- - o -10.000
Capital Social - o -40.000 15.000 30.000
Lucros a Destinar 20.000 12.500

TOTAIS 100.000 75.000

160
TÓPICO 1 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

O objetivo desse exemplo é efetuar os lançamentos contábeis de ajustes a


seguir indicados, necessários à consolidação dos balanços em 31/12/X1.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

• a controladora (PASIL) detém 100% do capital da controlada (BETA) e o


investimento é avaliado pela equivalência patrimonial;

• a controlada tem a pagar à controladora a importância de R$ 10.000, registrada


em contas a pagar;

• toda a produção da controlada se destina à venda para a controladora, que


somente adquire produtos da controlada e sempre pelo dobro do custo da
produção.

AJUSTES

1. A controlada tem a pagar à controladora a importância de 10.000,00, registrada


em contas a pagar.

Ajuste:

1.1. A controladora tem a receber R$ 10.000,00 da controlada que, consequentemente,


tem R$ 10.000,00 a pagar àquela. Na consolida­ção, os saldos de Contas a
Receber e de Contas a Pagar se com­pensam, ficando, portanto, eliminados.

Contabilização:
D – Contas a Pagar (Controlada) 10.000,00
C – Contas a Receber (Controladora) 10.000,00

2. Toda a produção da controlada se destina à venda para a controlado­ra, que


adquire a mercadoria pelo dobro do custo de produção.

Ajuste:

2.1. A controladora só compra da controlada e esta só vende àque­la, logo o


saldo de clientes na controlada corresponde ao saldo de fornecedores na
controladora, que se compensam na consolidação.

Contabilização:
D – Fornecedores (Controladora) 15.000,00
C – Clientes (Controlada) 15.000,00

2.2. A controlada vende mercadorias para a controladora pelo dobro do preço de


custo; consequentemente, tanto no estoque de mer­cadorias da controladora
como no Patrimônio Líquido da controlada existe R$ 10.000,00 (metade do
estoque da controladora) de lucros ainda não realizados.

161
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

Contabilização:
D – Lucros Acumulados (Controlada) 10.000,00
C – Mercadorias em Estoque (Controladora) 10.000,00 (50% x R$ 20.000,00)

NOTA

Esse lucro só será considerado realizado quando da venda, pela controladora, do


restante do estoque para terceiros.

3. A controladora detém 100% do capital da controlada e o investi­mento é


avaliado pelo método da equivalência patrimonial. Ob­serve que, do total do
Patrimônio Líquido da controlada no va­lor de R$ 42.500,00 (correspondente
à soma do Capital mais Lucros a Destinar), foi retirada a importância de R$
10.000,00 relativa à parcela de lucros não realizados nas transações entre as
companhias, de modo que a avaliação da participação societária totalizou R$
32.500,00 na controladora.

Ajuste:

3.1. A participação societária da controladora é eliminada contra Capital Social e


os Lucros Acumulados da controlada.

Contabilização:
C – Participação Societária (Controladora) 32.500,00
D – Capital Social (Controlada) 30.000,00
D – Lucros Acumulados (Controlada) 2.500,00

Portanto, o Balanço Consolidado seria assim evidenciado:

162
TÓPICO 1 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Empresa Empresa Saldos


CONTAS Débito Crédito
Controladora Controlada Consolidados
ATTVO
Caixa 5.000 2.500 7.500
Contas a 10.000 -o- (1) 10.000 -0-
Receber -o- 15.000 (2.1)15.000 -0-
Clientes 20.000 12.500 (2.2) 10.000 22.500
Mercadorias 32.500 -o- -0-
Participações (3) 32.500
Societárias 20.500 15.000 35.500
Terrenos 12.000 6.000 18.000
Móveis -o- 24.000 24.000
Máquinas
TOTAIS 100.000 75.000 67.500 107.500

PASSIVO
Fornecedores 15.000 7.500 (2.1)15.000 7.500
Impostos a 25.000 -o- 25.000
Recolher
Contas a -o- 10.000 (1) 10.000 -0-
Pagar -o- 15.000 15.000
Empréstimo 40.000 30.000 (3) 30.000 40.000
Capital Social 20.000 12.500 (2.2) 10.000 20.000
Lucros a (3) 2.500
Destinar

TOTAIS 100.000 75.000 67.500 107.500

Exemplo 4, adaptado do modelo de Neves e Viceconti (2004):

Os balanços patrimoniais, referentes ao início do exercício, da controla­


dora A e controlada B, estão evidenciados a seguir:

163
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

CONTROLADORA A
ATIVO PASSIVO

Disponível 320 Patrimônio Líquido


Investimento 400 Capital 1.000
Imobilizado (terreno) 280
TOTAIS 1.000 1.000

CONTROLADA B
ATIVO PASSIVO

Estoques 400 Patrimônio Líquido


Capital 400
TOTAIS 400 400

A controladora detém 100% do capital da controlada. No decorrer do


exercício ocorreram apenas as seguintes transações:

1. A Cia. B vende metade dos seus estoques para Cia. A por R$ 250,00, à vista;

2. A Cia. A vende, à vista, para terceiros, 60% (sessenta por cento) do estoque
adquirido de B, por R$ 220,00.

As Demonstrações de Resultado e os Balanços Patrimoniais das duas


companhias no final do exercício estão reproduzidos a seguir. Não estão
considerados os efeitos fiscais.

DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADO

Descrição Controladora A Controlada B


Vendas 220 250
(-) CMV 150 200

(=) Lucro Bruto 70 50


(+) Resultado da Equivalência 30 -o-
(=) Lucro Líquido 100 50

164
TÓPICO 1 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

BALANÇOS PATRIMONIAIS
CONTROLADORA A CONTROLADA B
ATIVO PASSIVO ATIVO PASSIVO
Disponível 290 PL Disponível 250 PL
Estoques 100 Capital 1.000 Estoques 200 Capital
Investimentos 30 Lucros a Destinar 100 400
Imobilizado 280 Lucros a Destinar
50

TOTAIS 1.100 450 450


1.100

Notas

1) CMV da Cia. A = 60% x R$ 250,00 = R$ 150,00


2) CMV da Cia. B = 50% x R$ 400,00 = R$ 200,00
3) Disponível Cia. A R$
Saldo Inicial 320,00
(-) Compras de B (250,00)
(+) Vendas a terceiros 220,00
(=) Saldo Final 290,00
4) Disponível Cia. B = R$ 250,00 (pela venda à vista à Cia. A)
5) Estoques Cia. A = 40% x R$ 250,00 = R$ 100,00
6) Estoques Cia. B = 50% x R$ 400,00 = R$ 200,00
7) Resultado da Equivalência, na Cia. A ^
Patrimônio Líquido de B no final do Exercício 450,00
(-) Lucros não realizados de B na venda para A = 40% x 50 = (20,00)
(=) Valor da Equivalência 430,00
(-) Valor registrado na contabilidade (400,00)
(=) Resultado Positivo na Equivalência 30,00
8) Investimento em B (Cia. A) = R$ 430,00

Procedimentos para consolidação

A consolidação será procedida da forma exposta a seguir. Entretanto, é


necessário frisar que:

a) Nos estoques da Cia. A há um lucro não realizado de R$ 20,00, cor­respondente


a 40% (parcela não vendida da compra efetuada na Cia. B) de R$ 50,00 (lucro
obtido por B na venda à Cia. A); este lucro deve ser excluído na consolidação
dos balanços patrimoniais;

165
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

b) a Cia. B obteve uma margem de lucro de 20% sobre o preço da venda para A.
50,00 / 250,00 x 100 = 20%

c) no custo da mercadoria vendida pela Cia. A (R$ 150,00) existe uma parcela
que corresponde ao lucro interno da Cia. B na venda para a controladora A,
que é de 20% x R$ 150,00 = R$ 30,00, que deve ser excluído na consolidação da
demonstração de resultado.

d) o ganho na equivalência patrimonial da controladora deve ser excluí­do


igualmente na consolidação da demonstração de resultado.

Contas Empresas Ajustes Consolidado

A B Débito Crédito

Disponível 290 250 540


Estoques
100 200 (1) 20 280
Investimentos
Imobilizado 430 (2) 430
280 280

Total 1.100 450 450 1.100


Capital 1.000 400 (2) 400 1.000
Lucros a Destinar 100 50 (1) 20 100
(2) 30

Total 1.100 450 450 1.100

Contas Empresas Ajustes Consolidado

A B Débito Crédito
Vendas 220 250 (3) 250 220
CMV (150) (200) (3) 230 120

Lucro Bruto 70 50 100


Equivalência 30 (4) 30

Lucro Líquido 100 50 100

Observe que, no lançamento 3 do papel de trabalho, no lado do débito


houve a anulação da venda da controlada para a controladora, enquanto no lado
do crédito houve a eliminação do custo da mercadoria vendida da controlada,
bem como da parcela de R$ 30,00 embutida no custo da mercadoria vendida

166
TÓPICO 1 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

da controladora (que corresponde ao lucro interno da controlada relativo às


mercadorias que foram vendidas pela controladora).

O Custo das Mercadorias Vendidas constante da Demonstração do


Resultado Consolidada de R$ 120,00 correspondente efetivamente ao custo para
o grupo referente à aquisição das mercadorias, ou seja, a controlada comprou as
mer­cadorias por R$ 200,00 e o grupo vendeu 60% deste total, então CMV = 60% x
R$ 200,00 = R$ 120,00.

No lançamento 3, o total do débito (R$ 250,00) é maior que o total do


crédito (R$ 230,00); a diferença de R$ 20,00 corresponde aos lucros nos esto­ques,
que já foram excluídos no lançamento 1; aparente, a diferença reside no fato de os
lucros serem contados duas vezes (uma, na De­monstração do Resultado e outra,
nos Lucros a Destinar do Balanço).

O mesmo raciocínio é aplicado no lançamento 4, em que só há o débito de
R$ 30,00 para anular o ganho na equivalência patrimonial; observe que a mesma
importância já foi tirada de Lucros a Destinar no lançamento 2.

O lucro líquido consolidado pode assim ser decomposto para maior
clareza:
Vendas a Terceiros 220,00
(-) Custo das Mercadorias Vendidas
compradas de terceiros 120,00
(=) Lucro nas transações com terceiros 100,00

Exemplo 5, adaptado do modelo de Neves e Viceconti (2004):



A controladora Cia. PVSN vende uma máquina, em 10/01/2008, para outra
controlada, a Cia. Palitos, por R$ 1.800.000,00. O imobilizado estava registrado no
Ativo Permanente (AP) da Cia. PVSN da seguinte forma:

Ativo Permanente Imobilizado


Máquinas 1.500.000,00
(-) Depreciação Acumulada (300.000,00)
(=) Custo ou Valor Contábil do bem 1.200.000,00

A vida útil restante da máquina é estimada em oito anos.

É preciso não só eliminar o ganho de capital de R$ 600 000,00, obtido


pela controladora na venda, como também eliminar o encargo de depreciação
a maior, incorrido pela controlada pelo fato de ter pago um valor maior que o
custo contábil da controladora. A razão disso é que, na consolidação, tudo se
passa como se o grupo fosse uma empresa só. Portanto, se a máquina tivesse sido
adquirida pela controlada pelo pre­ço de custo de R$ 1.200.000,00, ela apareceria
assim no balanço consolidado de 31/12/08:

167
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

Valor da máquina R$ 1.200.000,00


(-) Depreciação de 2008 (R$ 150.000,00) o qual seria (R$ 1.200.000,00 / 8)
(=) Valor contábil R$ 1.050.000,00

Como a controlada pagou R$ 1.800.000,00, se não houvesse o ajus­te, ela


apareceria assim:

Valor da Máquina R$ 1.800.000,00


(-) Depreciação de 2008 (R$ 225.000,00) o qual seria (R$ 1.800.000,00 / 8)
(=) Valor contábil R$ 1.575.000,00

A diferença de R$ 525.000,00 (R$ 1.575.000,00 - R$ 1.050.000,00) corresponde a:

Resultado não Operacional R$ 600.000,00


(-) Depreciação a maior (R$ 75.000,00)
(=) Diferença R$ 525.000,00

Ela será eliminada, no balanço consolidado, pelos seguintes lançamentos:


C – Máquinas 600.000,00
D – Lucros Acumulados 525.000,00
D – Depreciação Acumulada – Máquinas 75.000,00

Na demonstração de resultado exclui-se o resultado não operacional positivo


de R$ 600.000,00 e a despesa de depreciação de R$ 75.000,00 feita a maior em função
desse ganho.

Observe que o valor de R$ 75.000,00 relativo à depreciação a maior
corresponde também à seguinte expressão:

Ganho de capital na alienação R$ 600.000,00


(x) Percentagem de depreciação = 100% / 8 12.5%
(=) Depreciação a maior na consolidação R$ 75.000,00

Exemplo 6, adaptado do modelo de Neves e Viceconti (2004):

Na consolidação deverão ser excluídos os resultados, ainda não realizados,


de negócios entre as sociedades; esses lucros, contabilizados individualmente nas
empresas envolvidas, na conso­lidação podem representar resultados tributáveis,
logo pode existir um lu­cro eliminado com Imposto de Renda presente. Caso o
lucro possa vir a ser incluído na consolidação, no futuro deverá ser eliminado,
também, o im­posto correspondente, que será posteriormente incluído quando
aquele lu­cro for apresentado à consolidação. Veja o exemplo a seguir:

• lucro bruto obtido pela vendedora, ainda existente no estoque da com­pradora:


R$ 1.000.000,00;

168
TÓPICO 1 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

• Imposto de Renda incorrido pela vendedora (15% x R$ 1.000.000,00) R$


150.000,00.

Contabilização (no Balanço Consolidado):

D – Lucros Acumulados 1.000.000,00


C – Mercadorias em Estoque 1.000.000,00

D – Imposto de Renda a Compensar (AC) 150.000,00


C – Lucros Acumulados 150.000,00

Na demonstração do resultado consolidada deverá ser eliminada a par­


te correspondente, ou seja, R$ 150.000,00, na conta relativa à constitui­ção da
Provisão para o Imposto de Renda. Se o Imposto de Renda for referente à venda
de ativo imobilizado, o ajus­te correspondente deverá ser efetuado em conta do
ativo realizável a longo prazo (ARLP), tendo em vista que a recuperação do
imposto ocor­re na proporção da baixa dos ativos correspondentes (depreciação,
amortização, alienação etc).

No exercício seguinte, quando os estoques no valor de R$ 1.000.000,00


forem realizados por vendas efetuadas a terceiros, deverá ser realizado o seguinte
ajuste do imposto:

D – Apuração do Resultado do Exercício 150.000,00


C – Imposto de Renda a Compensar (AC) 150.000,00

Observe que tais ajustes eliminam, no primeiro ano, o resultado líquido


da transação interna; tal resultado foi incluído no ano seguinte, quando sua
realização ocorreu de fato.

Se uma empresa vende com lucro um ativo para outra empresa que esteja
isenta do Imposto de Renda, a eliminação será apenas do lucro bruto envolvido
na operação.

Exemplo 7, adaptado do modelo de Neves e Viceconti (2004):

Os impostos recuperáveis não fazem parte do custo de aquisição da empresa


compradora, tampouco da receita líquida da vendedora. Observe o exemplo abaixo
que representa negociação de mercadorias entre controlada e controladora.

A Cia. Silpa (controladora) compra a prazo mercadorias para revenda da
controlada, Cia. PVSN, da seguinte forma:

Valor 100.000,00
+ IPI 10% 10.000,00
Total da NF 110.000,00
ICMS destacado 18% 18.000,00

169
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

Se o custo da referida mercadoria na controlada Cia. PVSN for de 42.000,00,


o seu lucro na referida operação será de R$ 40.000,00, ou seja:

Demonstração do Resultado Valores em R$

Faturamento Bruto 110.000,00

(-) IPI Faturado (10.000.00)

(=) Receita Bruta 100.000,00

(-) ICMS sobre Vendas (18.000,00)


(=) Receita Líquida 82.000,00

(-) Custo de Mercadorias Vendidas (42.000.00)


(=) Lucro Bruto 40.000,00

No Balanço Consolidado, esse lucro de R$ 40.000,00 deverá ser elimina­do


na consolidação, sem nenhum ajuste nos valores dos impostos recu­peráveis (IPI
e ICMS).

Na Demonstração de Resultado Consolidada haverá necessidade de eli­


minação de todos os itens da referida demonstração, da seguinte forma:

Contabilização:

D – Faturamento Bruto 110.000,00


C – lPI Faturado 10.000,00
C – ICMS sobre Vendas 18.000,00
C – Custo das Mercadorias Vendidas 42.000,00
C – Mercadorias em Estoque 40.000,00

Ajustando-se o Faturamento Bruto, o IPI, o ICMS, e o CMV, estarão ajusta­


dos automaticamente a Receita Bruta, a Receita Líquida e o Lucro Bruto.

O valor do estoque na empresa compradora será de R$ 82.000,00 (110.000,00
- R$ 10.000,00 - R$ 18.000,00).

170
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste primeiro tópico analisamos as principais operações envolvendo


a consolidação das demonstrações financeiras, em específico a consolidação do
Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício.

Analisamos os aspectos fiscais e contábeis necessários à consolidação,


bem como a estrutura necessária para evidenciar tais demonstrações.

Constatamos que todas as Sociedades Anônimas, de capital aberto ou


fechado, são obrigadas a elaborar as demonstrações contábeis consolidadas
quando essas possuírem controladas em seus investimentos permanentes.
Porém, constatamos também que é aconselhado elaborar as demonstrações
contábeis consolidadas, indiferente se for sociedade anônima ou não, se
possuir investimentos em controladas ou apenas em coligadas, uma vez que tal
procedimento visa enriquecer as informações contábeis.

171
AUTOATIVIDADE

1 O que você entende por Consolidação de Demonstrações Contábeis?

2 Estão sujeitas à consolidação:

a) ( ) BP, DRE, DLPA, DMPL e DFC


b) ( ) BP e DRE
c) ( ) BP e DFC
d) ( ) BP, DRE, DFC e DVA

3 Entende-se por Lucros nos Estoques para fins de consolidação:

a) ( ) o valor do lucro auferido pela empresa do conjunto em vendas realizadas


a outras empresas do conjunto, enquanto estas não tenham vendido as
referi­das mercadorias para terceiros.
b) ( ) o valor do lucro auferido pela empresa do conjunto, nas vendas para
outras empresas do conjunto, independentemente de elas terem
efetuado vendas para terceiros.
c) ( ) a parcela dos estoques que corresponda à diferença entre o preço de
com­pra e o preço de venda, incluso o ICMS e excluído o PIS e a Cofins.
d) ( ) a parcela dos estoques que corresponda à diferença entre o preço de
com­pra e o preço de venda, incluso o ICMS e excluído o IPI.

4 Dos procedimentos listados a seguir, indique aquele que não corresponde ao


processo contábil de elaboração das demonstrações contábeis consolidadas.

a) ( ) Eliminação das despesas e receitas de variação cambial efetuadas com


instituições financeiras indicadas pela controladora.
b) ( ) Exclusão de saldos de ativos e passivos em aberto de operações realizadas
entre controladas e controladora.
c) ( ) Valores de despesas e receitas de prestação de serviços realizados entre
empresas do grupo.
d) ( ) Operações de vendas efetuadas entre as empresas do grupo que efetuará
a consolidação.

Com base nos dados a seguir responda às questões de 5 a 7.

A Cia. Itaici, controlada da Cia. Itacuruçá, em 02/01/2000 vende, à


vista, uma máquina fresadora para sua investidora, cujos dados envolvidos na
transação são os seguintes:

Dados do Ativo Fixo Vendido


Custo histórico 60.000.000

172
Depreciação Acumulada (30.000.000)
Valor de Venda 50.000.000

Taxa anual de depreciação: 10% Outras informações:

O período contábil das empresas é encerrado ao final do mês de


dezembro.

Ambas são companhias abertas e pertencem ao mesmo conglomerado


empresarial.

5 Os procedimentos contábeis de consolidação das demonstrações deverão


contemplar:

a)( ) um lançamento de crédito, no valor de R$ 2.000.000, na conta de


Depreciação Acumulada.
b) ( ) um lançamento de débito, no valor de R$ 3.000.000, na conta de
Depreciação Acumulada.
c) ( ) um lançamento de débito, no valor de R$ 2.000.000, na conta de
Depreciação Acumulada.
d) ( ) um lançamento de débito, no valor de R$ 5.000.000, na conta de
Depreciação Acumulada.

6 O valor líquido apurado como resultado não realizado em dezembro de 2000


é:

a) ( ) $ 30.000.000
b) ( ) $ 24.000.000
c) ( ) $ 20.000.000
d) ( ) $ 18.000.000

7 O valor a ser ajustado na conta de Máquinas e Equipamentos é:

a) ( ) $ 18.000.000
b) ( ) $ 20.000.000
c) ( ) $ 24.000.000
d) ( ) $ 30.000.000

8 Classificação da participação minoritária no Balanço Patrimonial Consolidado:

a) ( ) após o Patrimônio Líquido.


b) ( ) entre o Passivo Circulante e o Exigível a Longo Prazo.
c) ( ) como uma Conta Retificadora do ATIVO PERMANENTE.
d) ( ) após o Exigível a Longo Prazo e Antes do Patrimônio Líquido.

9 Com relação aos encargos de tributos correspondentes aos lucros não


realizados:

173
a) ( ) não há necessidade de se efetuar qualquer eliminação ou ajuste para a
consolidação das demonstrações contábeis.
b) ( ) devem ser apresentados no ativo circulante ou realizável a longo prazo
no balanço consolidado.
c) ( ) devem ser apresentados no passivo circulante ou exigível a longo prazo
no balanço consolidado.
d) ( ) devem ser apresentados no passivo, no grupo de resultados de exercícios
futuros no balanço consolidado.

10 Não devem integrar os Demonstrativos Consolidados os patrimônios de


empresas controladas nas quais:

a) ( ) o controle seja apenas temporário.


b) ( ) ocorra total dependência tecnológica.
c) ( ) ocorra dependência financeira integral.
d) ( ) o controle seja permanente e total.

11 A Cia. Alfa possui, em seu Circulante, as seguintes contas:

Ativo Passivo
Disponibilidades 10.000,00 Fornecedores 5.000,00
Contas a Receber 30.000,00 Contas a Pagar 10.000,00
Contas a Receber – Cia. Beta 10.000,00

Total 50.000,00 15.000,00

A Cia. Beta possui, em seu Circulante, as seguintes contas:

Ativo Passivo
Disponibilidades 5.000,00 Fornecedores 30.000,00
Contas a Receber 10.000,00 Contas a Pagar Cia. Alfa 10.000,00

Total 15.000,00 40.000,00

Sabendo-se que a Cia. Alfa controla totalmente a Cia. Beta, o consolidado será
de:
a) ( ) Ativo Circulante de R$ 65.000,00 e Passivo Circulante de R$ 45.000,00.
b) ( ) Ativo Circulante de R$ 65.000,00 e Passivo Circulante de R$ 55.000,00.
c) ( ) Ativo Circulante de R$ 55.000,00 e Passivo Circulante de R$ 45.000,00.
d) ( ) Ativo Circulante de R$ 55.000,00 e Passivo Circulante de R$ 55.000,00.

12 As Demonstrações Contábeis das empresas controladas por companhia de


capital aberto, para fins de consolidação, devem ser levantadas:

a) ( ) em até 60 dias antes da data das Demonstrações Contábeis da


controladora;

174
b) ( ) em até 30 dias antes da data das Demonstrações Contábeis da
controladora;
c) ( ) em até 90 dias antes da data das Demonstrações Contábeis da
controladora;
d) ( ) não é admitida defasagem entre as datas das Demonstrações Contábeis
da controlada e controladora.

Com base nos dados a seguir responda às questões de 13 a 17.

A empresa LM é subsidiária integral da Cia. ABC, que também possuía


60% do capital da Cia. XY. Em 31/12/X7 os balanços patrimoniais da Cia. ABC e
de suas controladas eram os seguintes:

Controladora Controlada
    ABC LM Controlada XY
Ativo Circulante      
  Disponibilidades 1.000.00 15.000.00 22.000.00
  Valores a receber 25.000.00 5.000.00 34.000.00
  Estoques 45.000.00 20.000.00
Ativo Não Circulante      
  Investimentos      
Participações na Cia.
  LM 20.000.00  
Participações na Cia.
  XY 60.000.00  
  Imobilizado Líquido 100.000.00 10.000.00 54.000.00
Total do Ativo 251.000.00 30.000.00 130.000.00
       
Passivo Circulante      
  Valores a pagar 16.000.00 5.000.00
Passivo Não Circulante      
Empréstimos
  Bancários 35.000.00 10.000.00 25.000.00
Patrimônio Líquido      
  Capital Social 200.000.00 20.000.00 100.000.00
Total do passivo 251.000.00 30.000.00 130.000.00

Outras informações:

• saldo da conta valores a pagar da Cia. XY correspondia a operações de


repasses financeiros realizados com a controladora;

175
• em 31/12/X7, a Cia. LM tinha a receber $ 2.000 de sua controladora.

13 O valor apurado na consolidação do Balanço Patrimonial para as participações


minoritárias é:

a) ( ) $ 20.000
b) ( ) $ 100.000
c) ( ) $ 120.000
d) ( ) $ 40.000

14 Em 31/12/X7, o grupo tinha a receber de terceiros:

a) ( ) $ 57.000
b) ( ) $ 64.000
c) ( ) $ 34.000
d) ( ) $ 5.000

15 O valor consolidado do capital social do grupo era:

a) ( ) $ 320.000
b) ( ) $ 200.000
c) ( ) $ 300.000
d) ( ) $ 220.000

16 Em 31/12/X7 as obrigações totais do grupo eram:

a) ( ) $ 14.000
b) ( ) $ 70.000
c) ( ) $ 84.000
d) ( ) $ 16.000

17 O valor do Ativo Não Circulante Consolidado em 31/12/X7 era:

a) ( ) $ 224.000
b) ( ) $ 234.000
c) ( ) $ 164.000
d) ( ) $ 244.000

18 Na consolidação dos Balanços de Controladora e Controlada, todos os itens


seguintes deverão ser excluídos, exceto:

a) ( ) lucro não realizado nas transações de mercadorias entre controladora e


contro­lada.
b) ( ) lucro na venda de Ativos Imobilizados entre controladora e controlada.
c) ( ) contas a receber que representam contas a pagar na controlada.
d) ( ) participações societárias de empresas não controladas e não pertencentes
ao grupo.

176
19 A empresa A controla 100% do Capital Social da empresa B. A situação do
Ativo Não Circulante de ambas, no encerramento do Balanço Patrimonial, é
a seguinte (em R$):

Ativo Permanente A B
Participação em sociedade controlada 1.000,00
Imobilizado líquido 5.000,00 3.000,00
Intangível 650,00 150,00

Total 6.650,00 3.150,00

O Ativo Não Circulante consolidado será de (em R$):


a) ( ) 9.800,00
b) ( ) 8.800,00
c) ( ) 6.650,00
d) ( ) 8.000,00

Com base nos dados a seguir responda às questões de 20 a 27.

  I – Balanço Patrimonial    
  Controladora A Controlada B
Ativo    
  Disponível 95.000,00 125.000,00
  Contas a receber – terceiros 120.000,00  
  Contas a receber – intercompanhias   140.000,00
  Estoques 70.000,00 20.000,00
  Investimentos na Controlada B 125.000,00  
  Imobilizado 350.000,00 35.000,00
Total do Ativo 760.000,00 320.000,00
     
Passivo    
  Fornecedores terceiros 50.000,00 120.000,00
  Fornecedores intercompanhias 140.000,00  
  Outras contas a pagar 40.000,00 55.000,00
  Capital 500.000,00 125.000,00
  Lucros a Destinar 30.000,00 20.000,00
Total do Passivo 760.000,00 320.000,00

II – Demonstrações do Resultado do Exercício  


Demonstração de Resultados Controladora A Controlada B
Vendas 80.000,00 140.000,00
Custos das Vendidas (70.000,00) (100.000,00)
Lucro Bruto 10.000,00 40.000,00
Resultado da equivalência 20.000,00  
Lucro Líquido 30.000,00 40.000,00

177
III – Outras informações adicionais:

• A controladora A constituiu a controlada B da qual tem 100% do capital.

• A controlada B vendeu para a controladora A por R$ 140.000,00 mercadorias


que lhe custaram R$ 100.000,00.

• A controladora A vendeu metade dos estoques comprados da controlada B


pelo preço de R$ 80.000,00.

• No período foram distribuídos dividendos pela controlada B, na ordem de


R$ 20.000,00.

20 Após a consolidação dos Balanços, o valor total das Contas a Receber é de


(em R$):

a) ( ) 120.000,00
b) ( ) 140.000,00
c) ( ) 80.000,00
d) ( ) 260.000,00

21 Após a consolidação dos Balanços, o valor total das dívidas com terceiros é
de (em R$):

a) ( ) 95.000,00
b) ( ) 170.000,00
c) ( ) 255.000,00
d) ( ) 265.000,00

22 Após a consolidação dos Balanços, o valor dos lucros a destinar é (em R$):

a) ( ) 40.000,00
b) ( ) 30.000,00
c) ( ) 50.000,00
d) ( ) 80.000,00

23 Após a consolidação dos Balanços, o valor total do Ativo é (em R$):

a) ( ) 720.000,00
b) ( ) 815.000,00
c) ( ) 1.080.000,00
d) ( ) 795.000,00

24 No processo de consolidação das demonstrações contábeis, o valor do lucro


não realizado é de (em R$):

178
a) ( ) 20.000,00
b) ( ) 40.000,00
c) ( ) 30.000,00
d) ( ) 10.000,00

25 O valor das Receitas de Vendas Consolidadas é de (em R$):

a) ( ) 80.000,00
b) ( ) 140.000,00
c) ( ) 120.000,00
d) ( ) 220.000,00

26 O valor do Custo das Vendas Consolidado é de (em R$):

a) ( ) 30.000,00
b) ( ) 70.000,00
c) ( ) 50.000,00
d) ( ) 100.000,00

27 O valor do Lucro Bruto Consolidado é de (em R$):

a) ( ) 10.000,00
b) ( ) 30.000,00
c) ( ) 40.000,00
d) ( ) 20.000,00

28 Com base nas informações a seguir, faça as eliminações e monte o balanço


consolidado “Alfa/Beta”, levando em consideração que: Em 02/01/07, a Cia.
Alfa adquire 100% das ações da Cia Beta por R$ 500.000,00.

179
Balanços Patrimoniais em 02/01/2007 (em R$ 1.000,00)

Balanço de A
ELEMENTOS Cia. Alfa Cia. Beta Eliminações
consolidando B

D C em 02/01/X2

Ativo Circulante 1.200 220


Investimentos
Em Beta 500
Em outras 60 10
Imobilizado 140 310
TOTAL do ATIVO 1.900 540

Passivo 500 40
Patrimônio Líquido
Capital 1.000 400
Reservas 400 100
TOTAL DO PASSIVO 1.900 540

29 Com base nas informações a seguir faça as eliminações e monte o balanço


consolidado “ABC”, levando em consideração que: Em 02/01/07, a Cia. Alfa
adquire 100% das ações da Cia Beta por R$ 400.000,00. Ainda em 02/01/07 a
Cia. Alfa adquire 60% das ações da Cia. Cisne por R$ 300.000,00.

180
Cia. Cia. Cia. Balanço de A
ELEMENTOS Eliminações
Alfa Beta Cisne consolidando B

D C e C em 02/01/X2
Ativo Circulante 1.100 310 410
Investimentos
Em Beta 400
Em Cisne 300
Em outras 120 90 20
Imobilizado 580 330 570

TOTAL do 2.500 730 1.000


ATIVO
Passivo 810 330 500

Participação
minoritária
1.480 300 450
Patrimônio
Líquido
Capital 210 100 50

Reservas

TOTAL do 2.500 730 1.000


PASSIVO

30 Com base nos dados a seguir, faça OS LANÇAMENTOS CONTÁBEIS, AS


ELIMINAÇÕES e MONTE O BALANÇO CONSOLIDADO da empresa
“PB”:

1. Os Balanços Patrimoniais em 31/12/X1 da Controladora PASIL e da Controlada


Beta:

181
Balanços Patrimoniais encerrados em 31/12/X1 (em R$)

Empresa Empresa
CONTAS
Controladora Controlada
ATIVO 10.000
Caixa 25.000 13.000
Contas a Receber 3.000 10.600
Clientes 42.000 30.000
Mercadorias 57.000 12.400
Participações Societárias Terrenos 23.000 22.000
Móveis 1.000 3.000
Máquinas 20.000 24.000

TOTAIS 181.000 115.000


PASSIVO
Fornecedores Impostos a Recolher 30.000 8.500
Contas a Pagar Empréstimo 12.000 1.500
Capital Social 4.000 25.000
Lucros a Destinar 28.000 2.000
94.000 50.000
13.000 28.000

TOTAIS 181.000 115.000

Efetue os lançamentos contábeis de ajustes abaixo indicados, necessários


à consolidação dos balanços em 31/12/X1.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

• A controladora (PASIL) detém 100% do capital da controlada (BETA) e o


investimento é avaliado pela equivalência patrimonial.

• Toda a produção da controlada se destina à venda pela controladora, que


somente adquire produtos da controlada e sempre pelo dobro do custo da
produção.

AJUSTES (Faça os lançamentos contábeis)

1. A controlada tem a pagar à controladora a importância de 25.000,00,


registrada em contas a pagar. Logo, a controladora tem a receber R$ 25.000,00
da controlada

182
Na consolida­ção, os saldos de Contas a Receber e de Contas a Pagar se
com­pensam, ficando, portanto, eliminados.

Contabilização:
D – ________________________________________
C – ________________________________________

2. Toda a produção da controlada se destina à venda pela controlado­ra, que


adquire a mercadoria pelo dobro do custo de produção.

D – ________________________________________
C – ________________________________________

3. A controlada vende mercadorias para a controladora pelo dobro do preço de


custo. Consequentemente, tanto no estoque de mer­cadorias da controladora
como no Patrimônio Líquido da controlada, existem R$ 21.000,00 (metade do
estoque da controladora) de lucros ainda não realizados.

Contabilização:
D – ________________________________________
C – ________________________________________

4. A controladora detém 100% do capital da controlada e o investi­mento é


avaliado pelo método da equivalência patrimonial. A participação societária
da controladora é eliminada contra Capital Social e os Lucros Acumulados
da controlada.

Contabilização:
D – _________________________________________
D – _________________________________________
C – _________________________________________

AJUSTES

183
Empresa Empresa Saldo
CONTAS Débito Crédito
Controladora Controlada Consolidado
ATTVO
Caixa 10.000 13.000
Contas a Receber 25.000 10.600
Clientes 3.000 30.000
Mercadorias 42.000 12.400
Participações
Societárias 57.000
Terrenos 23.000 22.000
Móveis 1.000 3.000
Máquinas 20.000 24.000

TOTAIS 181.000 115.000


PASSIVO
Fornecedores 30.000 8.500
Impostos a 12.000 1.500
Recolher Contas a 4.000 25.000
Pagar Empréstimo 28.000 2.000
Capital Social 94.000 50.000 28.000
Lucros a Destinar 13.000

TOTAIS 181.000 115.000

31 Com base nas informações a seguir faça:

1. A Demonstração do Resultado do Exercício de cada empresa separadamente.


2. O Balanço Patrimonial de cada empresa separadamente.
3. As eliminações necessárias para o Balanço consolidado.
4. As eliminações necessárias para a DRE consolidada.

184
CONTROLADORA A
ATIVO PASSIVO
Disponível 2.000 Patrimônio Líquido
Investimento 5.000 Capital 17.000
Imobilizado 10.000

TOTAIS 17.000 17.000

CONTROLADA B

ATIVO PASSIVO
Estoques 1.000 Patrimônio Líquido
Imobilizado 4.000 Capital 5.000

TOTAIS 5.000 5.000

Obs.: A controladora detém 100% do capital da controlada. No decorrer


do exercício, ocorreram apenas as seguintes transações:

1. A Cia. B vende metade dos seus estoques para Cia. A por R$ 800,00, à vista.
2. A Cia. A vende, à vista, para terceiros, 70% (setenta por cento) do estoque
adquirido de B, por R$ 750,00.

1 Faça a DRE de cada empresa separadamente.

DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADO
Itens Controladora A Controlada B
Vendas
(-) CMV
(=) Lucro Bruto
(+) Resultado da Equivalência
(=) Lucro Líquido

185
2 Faça o Balanço de cada empresa separadamente.

BALANÇOS PATRIMONIAIS
CONTROLADORA A CONTROLADA B
ATIVO PASSIVO ATIVO PASSIVO
Disponível PL Disponível PL
Estoques Capital Estoques Capital
Investimentos Lucros a Destinar Imobilizado Lucros a Destinar
Imobilizado

TOTAIS

3 Faça as eliminações necessárias para o Balanço consolidado.

Contas Empresas Ajustes Consolidado


A B Débito Crédito
Disponível
Estoques
Investimentos
Imobilizado
Total
Capital
Lucros a Destinar
Total

4 Faça as eliminações necessárias para a DRE consolidada.

Contas Empresas Ajustes Consolidado


A B Débito Crédito
Vendas
CMV
Lucro Bruto
Equivalência
Lucro Líquido

186
UNIDADE 3
TÓPICO 2

CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

1 INTRODUÇÃO
Neste segundo momento analisaremos operações contábeis envolvendo
matriz e filial, desde conceitos até exemplos práticos envolvendo transferência de
numerários, compras e transferências de mercadorias, com ou sem lucro.

Conheceremos o tratamento tributário que envolve as operações entre


matriz e filial, sendo na apuração centralizada ou descentralizada.

2 CONCEITUALIZAÇÃO DE MATRIZ
A matriz pode ser conceituada como sendo a empresa principal, ou seja,
aquela que gerou e é responsável por todos os demais estabelecimentos que
estejam sob o mesmo Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ.

De acordo com Neves e Viceconti (2004, p. 319), a matriz “[...] representa


o estabelecimento sede ou principal, ou seja, aquele que tem primazia na direção
e a que estão subordinados todos os demais, chamados de filiais, sucursais e
agências. Representa, portanto, o estabelecimento mãe, exprimindo a fonte ou a
origem [...]”.

Todo o estabelecimento é identificado através de um CNPJ. Este CNPJ


é composto por oito dígitos iniciais que determinam a raiz do cadastro, mais
quatro dígitos que definem se é matriz ou filial e mais dois dígitos para controle
na própria Receita Federal do Brasil – RFB.

Portanto, poderíamos ter uma matriz com o seguinte CNPJ 85.123.732/0001-


34, a primeira filial com o CNPJ 85.123.732/0002-87, a segunda filial com o CNPJ
85.123.732/0003-12 e assim por diante.

187
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

NOTA

Note que os primeiros oito dígitos não se alteram e os quatro dígitos após a
barra servem para identificar se é matriz ou identificar a sequência de filiais que foram abertas
pela matriz. Portanto, se a matriz tiver 200 filiais, o CNPJ poderia estar assim representado, de
acordo com o exemplo: CNPJ 85.123.732/0200-35.

3 CONCEITUALIZAÇÃO DE FILIAIS, SUCURSAIS E AGÊNCIAS


As diferenças entre filiais, sucursais ou agências são pequenas, porém cada
uma apresenta alguma peculiaridade em especial que cabe, aqui, ser explanada.

Conforme adaptado de Neves e Viceconti (2004):

• Filial representa os estabelecimentos filhos da matriz, onde sua criação ou


extinção depende de alterações contratuais ou estatutárias. Após a alteração
contratual ou estatutária, esta, para valer legalmente, dependerá da devida
efetivação do registro na Junta Comercial do Estado onde a filial estiver
localizada. A filial pode ser qualquer estabelecimento mercantil que é
dependente ou ligado a outro estabelecimento. De forma genérica, a filial é
designada de agência ou sucursal.

• Sucursal é tida como estabelecimento com maior autonomia administrativa,


possuindo uma direção a que se atribui uma faculdade de decidir e operar
com maior liberdade, enquanto que a filial tem dependência mais direta da
matriz. Portanto, a sucursal tem categoria superior e posição hierárquica
mais elevada que a filial e, em certos casos, com as próprias agências e filiais,
compõem um departamento regional.

• Agência tem o mesmo significado de filial ou sucursal, porém no Brasil essa


terminologia é designada para identificar agências bancárias ou dos correios.

UNI

Trataremos neste tópico os conceitos de filial, sucursal e agência como sendo


iguais para fins de contabilização.

188
TÓPICO 2 | CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

4 FORMAS DE CONTABILIZAÇÃO ENTRE MATRIZ E FILIAL


A contabilidade entre matriz e filais pode ser centralizada ou descentralizada.
É centralizada quando todas as operações contábeis são registradas unicamente
na matriz, mesmo que esta tenha um plano de contas específico para registrar
as operações e saldos das filiais, elaborando, por exemplo, um único balancete.
Por sua vez, é descentralizada quando as operações contábeis são registradas
individualmente, pela matriz e por suas filiais, elaborando, por exemplo, um
balancete para a matriz e outro para cada uma das filais.

No entanto, mesmo optando pela escrituração descentralizada, é


obrigatório, ao final de cada mês, incorporar as demonstrações contábeis de
matriz e filial, conforme determina o Regulamento do Imposto de Renda de 1999,
no art. 252.

Art. 252 É facultado às pessoas jurídicas que possuírem filiais, sucursais ou


agências, manter contabilidade não centralizada, devendo incorporar ao final
de cada mês, na escrituração da matriz, os resultados de cada uma delas.

De acordo com a Resolução 1.330, de 18 de março de 2011, do Conselho


Federal de Contabilidade, em relação à escrituração contábil de filial:

1. A entidade que tiver unidade operacional ou de negócios, quer como filial,


agência, sucursal ou assemelhada, e que optar por sistema de escrituração
descentralizado, deve ter registros contábeis que permitam a identificação das
transações de cada uma dessas unidades.

2. A escrituração de todas as unidades deve integrar um único sistema contábil.

3. A opção por escrituração descentralizada fica a critério da entidade.

4. Na escrituração descentralizada deve ser observado o mesmo grau de


detalhamento dos registros contábeis da matriz.

5. As contas recíprocas relativas às transações entre matriz e unidades, bem como


entre estas, devem ser eliminadas quando da elaboração das demonstrações
contábeis da entidade.

6. As despesas e as receitas que não possam ser atribuídas às unidades devem ser
registradas na matriz e distribuídas para as unidades de acordo com critérios
da administração da entidade.

189
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

NOTA

Portanto, na escrituração centralizada é lançado no livro diário da MATRIZ


o movimento da matriz e da filial. Já na escrituração descentralizada, o movimento é
reconhecido separadamente, ou seja, se possui um livro diário para a matriz e um livro diário
para a filial, porém, ao final do mês, ambos os métodos terão que formar uma consolidação
das contas patrimoniais e de resultados entre filial e matriz formando uma única entidade.

A opção pelo registro centralizado ou descentralizado é facultativa;


portanto, cabe a cada empresa analisar a forma mais adequada ou necessária para
o registro das operações contábeis.

Segundo Neves e Viceconti (2004), é importante salientar que, na


contabilidade descentralizada, cada filial é tratada como se fosse uma entidade
à parte, ou seja, como se fosse outra empresa, pois registra e separa todas as
operações em ativos, passivos, receitas, custos, despesas e outros elementos,
como se fosse qualquer outra empresa normal, apurando separadamente as
demonstrações contábeis, inclusive o resultado do exercício.

UNI

Obviamente que, para fins gerenciais, é aconselhável sempre acompanhar o


resultado separadamente de cada filial.

5 APURAÇÃO FISCAL E TRIBUTÁRIA


Quanto às obrigações acessórias, como, por exemplo, a emissão de notas
fiscais, cada filial e/ou matriz deverá emitir individualmente seus documentos,
cabendo, após a emissão, o registro centralizado ou descentralizado contabilmente,
uma vez que a raiz do CNPJ será igual, porém, se necessário, cada matriz e filial
terá sua Inscrição Estadual – IE.

Nas empresas optantes do Simples Nacional, onde há a apuração


consolidada de vários impostos, a matriz e as filiais podem controlar
separadamente o valor a ser pago do Simples, porém, ao final da apuração será
gerado um único Documento de Arrecadação do Simples – DAS. Veja o exemplo
a seguir com base no modelo apresentado pela Receita Federal do Brasil – RFB:

190
TÓPICO 2 | CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

Considerando a empresa Mega Nacional Ltda., que possui uma matriz


e duas filiais e possui receitas decorrentes da venda de mercadorias por ela
industrializadas (Anexo II, Seção I, Tabela 1) e receitas decorrentes da prestação
de serviços de instalação e manutenção de aparelhos de refrigeração (Anexo III,
Seção III, Tabela 1).

Sabe-se que a receita bruta acumulada dos últimos 12 meses é a seguinte:

Receitas decorrentes da Matriz conforme o Anexo II: $ 480.000,00


Receitas decorrentes da Matriz conforme o Anexo III: $ 285.000,00
Receitas decorrentes da Filial 1 conforme o Anexo III: $ 350.000,00
Receitas decorrentes da Filial 2 conforme o Anexo III: $ 575.000,00
Total da receita bruta (soma matriz e filiais): $ 1.690.000,00

Sabe-se também que a receita do mês (receita a ser tributada) é a seguinte:

Receitas decorrentes da Matriz conforme o Anexo II: $ 40.000,00


Receitas decorrentes da Matriz conforme o Anexo III: $ 25.000,00
Receitas decorrentes da Filial 1 conforme o Anexo III: $ 35.000,00
Receitas decorrentes da Filial 2 conforme o Anexo III: $ 50.000,00
Total da receita bruta do Período de Apuração (soma matriz e filiais):
$150.000,00

Portanto:

• a base da Receita Bruta Acumulada para fins de determinação da alíquota do


Simples será a soma da Receita Bruta Acumulada da empresa nos 12 meses
anteriores ao Período de Apuração, ou seja, $ 1.690.000,00;

• o valor devido do Simples Nacional pela Matriz será (40.000 x 10,82%) + (25.000
x 15,48%) = 4.328,00 + 3.870,00 = 8.198,00;

• o valor devido do Simples Nacional pela Filial 1 será (35.000 x 15,48%) =


5.418,00;

• o valor devido do Simples Nacional pela Filial 2 será (50.000 x 15,48%) =


7.740,00; e
• o valor devido do Simples Nacional total (matriz e filial) será (8.198,00 + 5.418,00
+ 7.740,00) = 21.356,00.

O valor de 21.356,00 será recolhido num único DAS, porém, poderá ser
reconhecido contabilmente, separadamente.

Os percentuais multiplicados pela receita são encontrados de acordo com


a Receita Bruta Acumulada em cada um dos anexos indicados, ou seja, basta
entrar em cada um dos anexos e encontrar a faixa de faturamento acumulado que
se encaixe em 1.690.000,00

191
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

NOTA

Na apuração do Simples Nacional, quando a empresa possuir filiais, a receita


bruta acumulada dos últimos 12 meses será a soma da receita da matriz e filais, mesmo que
estas possuam atividades distintas.

Já nas empresas optantes pelo Lucro Presumido ou Lucro Real, em


que a apuração do ICMS, ISSQN, IPI, INSS, PIS, COFINS, CSLL e IRPJ é feita
individualmente, o recolhimento desses impostos será da seguinte forma:

• ICMS será recolhido de acordo com a legislação de cada Estado. Em alguns


estados, para aquelas entidades que possuírem matriz e filial dentro do mesmo
Estado, desde que haja comunicação de centralização de recolhimento, poderão
apurar o ICMS em Documento de Arrecadação – DARE único. Caso o Estado
não permita a centralização, será obrigatório o recolhimento em quantos
DARES forem necessários, ou seja, o recolhimento não poderá ser em DARE
único juntando matriz e filial.

• ISSQN – será obrigatório o recolhimento em quantas guias for necessário, ou


seja, o recolhimento não poderá ser em guia única juntando matriz e filial.

• IPI – será obrigatório o recolhimento em quantos DARFs forem necessários, ou


seja, o recolhimento não poderá ser em guia única juntando matriz e filial.

• INSS – será obrigatório o recolhimento em quantas guias forem necessárias, ou


seja, o recolhimento não poderá ser em GPS única juntando matriz e filial.

• PIS – deve ser recolhido de forma centralizada, em um único DARF.

• COFINS – deve ser recolhido de forma centralizada, em um único DARF.

• CSLL – deve ser recolhido de forma centralizada, em um único DARF.

• IRPJ – deve ser recolhido de forma centralizada, em um único DARF.

Cabe frisar que mesmo a apuração sendo centralizada, indiferente do


imposto em questão, a Escrituração Fiscal Digital – EFD deverá ser confeccionada
e enviada individualmente à RFB, não podendo ser centralizada na matriz.

192
TÓPICO 2 | CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

NOTA

A empresa que possuir mais de um estabelecimento poderá, sem necessidade


de autorização da CAIXA, optar pela centralização parcial ou total dos recolhimentos ao FGTS,
desde que mantenha, em relação àquelas unidades, o controle de pessoal e dos registros
contábeis também centralizados. A centralização dos recolhimentos ao FGTS não implica a
centralização dos recolhimentos para a Previdência Social.

Ainda em relação ao ICMS, é importante destacar que:

• A centralização só pode ocorrer entre empresas do mesmo Estado. Veja os


exemplos a seguir:

1 Matriz situada no Estado de Santa Catarina e filial no Estado do Paraná: a


apuração do ICMS não poderá ser centralizada, uma vez que cada Estado
tem sua legislação sobre o ICMS.

2 Matriz situada no Estado de Santa Catarina e filial também no Estado de


Santa Catarina: a apuração do ICMS poderá ser centralizada, uma vez
que a legislação estadual é única.

• Após centralização, o ICMS é recolhido pelo centralizador. A entidade deverá


optar por apenas um centralizador, podendo ser a matriz ou uma das filiais.

• Para transferência de ICMS entre matriz e filial basta a opção pela centralização
(ou seja, há necessidade de serem do mesmo Estado). Nessa hipótese, não será
necessário pedir autorização ao fisco para fazer a transferência. A transferência
será o limite do débito do centralizador.

• Não havendo centralização, o ICMS é recolhido individualmente por empresa.


Nesse caso, para transferir ICMS entre matriz e filial é preciso autorização do
fisco.

• O ICMS é diferido internamente nas operações entre matriz e filial, ou seja,


nas vendas entre matriz e filial que estejam localizadas no mesmo estado. Por
exemplo:

1. no estado de Santa Catarina, as operações internas entre matriz e filial,


desde que seja optado pela apuração centralizada, o ICMS será diferido,
conforme consta no Regulamento do ICMS/SC, Decreto 2.870 de 27 de
agosto de 2001, Anexo 3, artigo 8º. inciso III.

193
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

6 EXEMPLOS
A seguir serão apresentados três exemplos com o objetivo de evidenciar
as operações entre matriz e filial.

Exemplo 1: Transferência de numerários

Considere o seguinte Balanço Patrimonial da sociedade comercial Vende


Mais Ltda. levantado em 31/12/X1.

BALANÇO PATRIMONIAL Vende Mais Ltda. LEVANTADO EM 31/12/X1


ATIVO R$ PASSIVO R$
PATRIMÔNIO
ATIVO CIRCULANTE  80.000,00  100.000,00
LÍQUIDO
Bancos Conta Movimento 27.000,00 Capital Social 100.000,00
Estoque de Mercadorias 44.000,00    
ICMS a Recuperar 9.000,00    
ATIVO NÃO CIRCULANTE  20.000,00    
IMOBILIZADO  20.000,00    
Móveis e Utensílios 20.000,00    
TOTAL DO
TOTAL DO ATIVO 100.000,00 100.000,00
PASSIVO

Registros Contábeis e Consolidação de Balanços

Suponha que durante o exercício de X2, os sócios tenham decidido ampliar


o negócio abrindo uma filial.

Depois de legalizado o novo estabelecimento, a matriz transferiu a importância


de R$ 10.000,00, da sua conta movimento para a conta movimento da filial.

Contabilização na Matriz:

Débito – Contas Correntes – Filial (ARLP) 10.000,00


Crédito – Bancos Conta Movimento (AC) 10.000,00

Contabilização na Filial:

Débito – Bancos conta Movimento (AC) 10.000,00


Crédito – Contas Correntes – Matriz (PELP) 10.000,00

Agora, apenas para ilustrar um registro contábil comum na filial, suponha


que a filial tenha adquirido, à vista, móveis e utensílios, no valor de R$ 6.000.

194
TÓPICO 2 | CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

Contabilização na Filial:
Débito – Móveis e Utensílios (ANC) 6.000,00
Crédito – Bancos Conta Movimento (AC) 6.000,00

Considerando que no exercício de X2 tenham ocorrido somente esses


fatos e que a contabilização seja descentralizada, os Balanços da matriz e da sua
filial ficarão assim:

BALANÇO PATRIMONIAL Vende Mais Ltda.


Matriz LEVANTADO EM 31/12/X2
ATIVO R$ PASSIVO R$
PATRIMÔNIO
ATIVO CIRCULANTE  70.000,00  100.000,00
LÍQUIDO
Bancos Conta Movimento 17.000,00 Capital Social 100.000,00
Estoque de Mercadorias 44.000,00    
ICMS a Recuperar 9.000,00    
TOTAL DO ATIVO
70.000,00    
CIRCULANTE
ATIVO NÃO CIRCULANTE  30.000,00    
REALIZÁVEL A LONGO
 10.000,00    
PRAZO
Conta Corrente Filial 10.000,00    
IMOBILIZADO  20.000,00    
Móveis e Utensílios 20.000,00    
TOTAL DO
TOTAL DO ATIVO 100.000,00 100.000,00
PASSIVO

BALANÇO PATRIMONIAL Vende Mais Ltda.


FILIAL LEVANTADO EM 31/12/X2
ATIVO R$ PASSIVO R$
ATIVO CIRCULANTE 4.000,00 NÃO CIRCULANTE 10.000,00
Bancos Conta EXIGÍVEL A LONGO
Movimento 4.000,00 PRAZO 10.000,00
ATIVO NÃO
CIRCULANTE 6.000,00 Conta Corrente Matriz 10.000,00
IMOBILIZADO 6.000,00    
Móveis e Utensílios 6.000,00    
TOTAL DO ATIVO 10.000,00 TOTAL DO PASSIVO 10.000,00

195
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

A escrituração da eliminação do direito e da obrigação recíprocos, no


exemplo em questão:

Registro contábil no diário da matriz:

Débito – Contas Correntes – Matriz (PELP) 10.000,00


Crédito – Contas Correntes – Filial (ARLP) 10.000,00

Então, o Balanço consolidado, ou seja, o Balanço que reflete realmente a


situação patrimonial do conjunto, será:

BALANÇO PATRIMONIAL Vende Mais Ltda.


CONSOLIDADO LEVANTADO EM 31/12/X2
ATIVO R$ PASSIVO R$
PATRIMÔNIO
ATIVO CIRCULANTE 74.000,00 LÍQUIDO  100.000,00
Bancos Conta
Movimento 21.000,00 Capital Social 100.000,00
Estoque de Mercadorias 44.000,00    
ICMS a Recuperar 9.000,00    
ATIVO NÃO
CIRCULANTE 26.000,00    
IMOBILIZADO 26.000,00    
Móveis e Utensílios 26.000,00    
TOTAL DO
TOTAL DO ATIVO 100.000,00 PASSIVO 100.000,00

Exemplo 2: Transferência de mercadorias pelo custo

Obs.: Apuração do ICMS é descentralizada, uma vez que matriz e filial


estão localizadas em Estados distintos.

Nas transferências internas de mercadorias, seja da matriz para as filiais


ou vice-versa, seja entre as filiais, o ideal é que sejam efetuadas sempre pelo preço
de custo, ou seja, pelo valor que o grupo pagou ao fornecedor de fora do grupo.

Considere o seguinte Balanço Patrimonial da sociedade comercial Vende


Mais Ltda. levantado em 31/12/X1, situada no Estado de Santa Catarina.

196
TÓPICO 2 | CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

BALANÇO PATRIMONIAL Vende Mais Ltda. LEVANTADO EM 31/12/X1


ATIVO R$ PASSIVO R$
PATRIMÔNIO
ATIVO CIRCULANTE  80.000,00  100.000,00
LÍQUIDO

Bancos Conta Movimento 27.000,00 Capital Social


100.000,00
Estoque de Mercadorias 44.000,00    
ICMS a Recuperar 9.000,00    
ATIVO NÃO
 20.000,00    
CIRCULANTE
IMOBILIZADO  20.000,00    
Móveis e Utensílios 20.000,00    

TOTAL DO ATIVO 100.000,00 TOTAL DO PASSIVO


100.000,00

Em X2, a única operação que a Vende Mais Ltda. fez foi a transferência
de todo seu estoque para sua filial, situada no Estado do Paraná, a qual até então
não tinha movimento e nem saldo. Sabe-se que há a incidência de 12% de ICMS.
Portanto, como o ICMS é calculado de dentro para fora, a matriz procedeu da
seguinte forma para que a mercadoria fosse transferida pelo preço de custo:

Cálculo do valor da transferência pelo preço de custo com ICMS 12%:

Preço de custo – 44.000,00


ICMS – 12%

Para inserir o ICMS, sabendo que se calcula de dentro para fora, deve-se
proceder da seguinte forma: 100% (-) 12% = 88% ou 0,88 na forma decimal, sendo
que:

100% é sempre fixo.


12% é a alíquota do ICMS.
0,88 é o resultado de 88% dividido por 100.

Então, 44.000,00 dividido por 0,88 = 50.000,00 (esse o valor da transferência


pelo preço de custo, mas com a incidência de 12% de ICMS).

Para tirar uma prova real:

50.000,00 menos 12% = 44.000,00, ou seja, o resultado da equação deverá


ser sempre o preço de custo.

197
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

Contabilização na Matriz pela venda:

Débito – Contas Correntes – Filial (ARLP) 50.000,00


Crédito – Receita de Vendas – Filial (DRE) 50.000,00

Débito – ICMS s/ Vendas – Filial (DRE) 6.000,00


Crédito – ICMS a recolher (PC) 6.000,00

Débito – CMV – Filial (DRE) 44.000,00


Crédito – Estoques (AC) 44.000,00

Contabilização na Matriz pela apuração do ICMS. A apuração é


descentralizada, ou seja, a matriz e a filial têm apurações distintas. Uma vez que
a matriz possui um saldo de ICMS a recuperar e na venda de mercadorias para a
filial gerou R$ 6.000,00 de ICMS a recolher, a apuração do ICMS ficará dessa forma:

Débito – ICMS a recolher (PC) 6.000,00


Crédito – ICMS a Recuperar (AC) 6.000,00

Note que o saldo de menor valor (ICMS a recolher) foi zerado.

Contabilização na Filial:

Crédito – Contas Correntes – Matriz (PELP) 50.000,00


Débito – Estoques de Mercadorias (AC) 44.000,00
Débito – ICMS a Recuperar (AC) 6.000,00

Considerando que no exercício de X2 ocorreram somente essas operações,


veja como matriz e filial apurarão suas demonstrações contábeis.

a) Na Matriz:

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


Vende Mais Ltda.
Matriz LEVANTADO EM 31/12/X2
Receita Bruta de Vendas 50.000,00
(-) Impostos 6.000,00
(=) Receita Líquida 44.000,00
(-) Custo da Mercadoria Vendida 44.000,00
(=) Resultado do Exercício 0,00

198
TÓPICO 2 | CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

BALANÇO PATRIMONIAL Vende Mais Ltda.


Matriz LEVANTADO EM 31/12/X2
ATIVO R$ PASSIVO R$
PATRIMÔNIO
ATIVO CIRCULANTE  30.000,00  100.000,00
LÍQUIDO
Bancos Conta Movimento 27.000,00 Capital Social 100.000,00
ICMS a Recuperar 3.000,00
ATIVO NÃO CIRCULANTE  70.000,00
REALIZÁVEL A LONGO
 50.000,00    
PRAZO
Conta Corrente Filial 50.000,00    
IMOBILIZADO  20.000,00    
Móveis e Utensílios 20.000,00    
TOTAL DO
TOTAL DO ATIVO 100.000,00 100.000,00
PASSIVO

BALANÇO PATRIMONIAL Vende Mais Ltda.


FILIAL LEVANTADO EM 31/12/X2
ATIVO R$ PASSIVO R$
ATIVO
CIRCULANTE 50.000,00 NÃO CIRCULANTE 50.000,00
Estoque de EXIGÍVEL A LONGO
44.000,00
Mercadorias PRAZO 50.000,00
ICMS a Recuperar 6.000,00 Conta Corrente Matriz 50.000,00
TOTAL DO ATIVO 50.000,00 TOTAL DO PASSIVO 50.000,00

A escrituração da eliminação do direito e da obrigação recíprocos, no


exemplo em questão:

Registro contábil no Diário da Matriz:

Débito – Contas Correntes – Matriz (PELP) 50.000,00


Crédito – Contas Correntes – Filial (ARLP) 50.000,00

Eliminação das contas de resultado entre matriz e filial:

Na Matriz
Débito – Receita de Vendas – matriz (DRE) 50.000,00
Crédito – ICMS s/ Vendas – matriz (DRE) 6.000,00
Crédito – CMV – da matriz (DRE) 44.000,00

199
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

Então o Balanço consolidado, ou seja, o Balanço que reflete realmente a


situação patrimonial do conjunto, será:

BALANÇO PATRIMONIAL Vende Mais Ltda.


CONSOLIDADO LEVANTADO EM 31/12/X2
ATIVO R$ PASSIVO R$
PATRIMÔNIO
ATIVO CIRCULANTE  80.000,00  100.000,00
LÍQUIDO
Bancos Conta Movimento 27.000,00 Capital Social 100.000,00
Estoque de Mercadorias 44.000,00
ICMS a Recuperar 9.000,00
ATIVO NÃO CIRCULANTE  20.000,00    
IMOBILIZADO  20.000,00    
Móveis e Utensílios 20.000,00    
TOTAL DO
TOTAL DO ATIVO 100.000,00 100.000,00
PASSIVO

Perceba que não houve alteração dos saldos consolidados, uma vez que a
operação foi efetuada pelo preço de custo.

Nesse caso também não há a necessidade de elaboração da Demonstração


de Resultado do Exercício consolidada, uma vez que todos os saldos foram
zerados, porque não houve resultado.

NOTA

Nesse exemplo, a matriz ficaria com um saldo de ICMS a recuperar de R$


3.000,00 e a filial com um saldo também de ICMS a recuperar de R$ 6.000,00.

Exemplo 3: Transferência de mercadorias com lucro

Obs.: Apuração do ICMS é descentralizada, uma vez que matriz e filial


estão localizadas em Estados distintos.

A transferência de mercadorias com lucros sofre o mesmo processo da


consolidação das demonstrações contábeis, ou seja, o lucro deve ser eliminado,
servindo então, apenas para avaliação interna ou desempenho. Portanto, ao final

200
TÓPICO 2 | CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

do período o estoque estará evidenciado pelo seu preço de custo, uma vez que o
lucro nas transações entre filiais e matriz ou vice-versa deve ser eliminado.

Considere o seguinte Balanço Patrimonial da sociedade comercial Vende


Mais Ltda. levantado em 31/12/X1. Sabe-se que a Matriz está localizada no Estado
de Santa Catarina e sua filial no Estado do Paraná.

BALANÇO PATRIMONIAL Vende Mais Ltda. LEVANTADO EM 31/12/X1


ATIVO R$ PASSIVO R$
PATRIMÔNIO
ATIVO CIRCULANTE  80.000,00  100.000,00
LÍQUIDO
Bancos Conta Movimento 27.000,00 Capital Social 100.000,00
Estoque de Mercadorias 44.000,00    
ICMS a Recuperar 9.000,00    
ATIVO NÃO
 20.000,00    
CIRCULANTE
IMOBILIZADO  20.000,00    
Móveis e Utensílios 20.000,00    
TOTAL DO
TOTAL DO ATIVO 100.000,00 100.000,00
PASSIVO

Obs.: A empresa optou pela Apuração do ICMS centralizada no Estado.

Em X2, a únicas operações da Vende Mais Ltda. foram estas:

1. Venda de todo seu estoque para sua filial, a qual até então não tinha movimento
e nem saldo. Sabe-se que o estoque foi vendido por 80.000,00 e que há incidência
de 12% de ICMS.

2. Transferência de 10.000,00 para a filial.

Contabilização na Matriz pela venda à filial:

Débito – Contas Correntes – Filial (ARLP) 80.000,00


Crédito – Receita de Vendas – Filial (DRE) 80.000,00

Débito – ICMS s/ Vendas – Filial (DRE) 9.600,00


Crédito – ICMS a recolher (PC) 9.600,00

Débito – CMV – Filial (DRE) 44.000,00


Crédito – Estoques (AC) 44.000,00

Contabilização na Matriz pela transferência de 10.000,00 à filial:

201
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

Débito – Contas Correntes – Filial (ARLP) 10.000,00


Crédito – Banco Conta Movimento (AC) 10.000,00

Contabilização na filial pela compra do estoque na matriz:

Crédito – Contas Correntes – Matriz (PELP) 80.000,00


Débito – Estoques de Mercadorias (AC) 70.400,00
Débito – ICMS a Recuperar (AC) 9.600,00

Contabilização na filial pelo recebimento em transferência de 10.000,00 da


matriz:

Crédito – Contas Correntes – Matriz (PELP) 10.000,00


Débito – Banco Conta Movimento (AC) 10.000,00

Ainda em X2 a filial vende 50% de seu estoque por 60.000,00 a terceiros


com incidência de 17% de ICMS.

Contabilização na filial pela venda de 50% do estoque a terceiros com 18%


de ICMS:

Débito – Clientes (AC) 60.000,00


Crédito – Receita de Vendas (DRE) 60.000,00

Débito – ICMS s/ Vendas (DRE) 10.200,00


Crédito – ICMS a recolher (PC) 10.200,00

Débito – CMV (DRE) 35.200,00


Crédito – Estoques (AC) 35.200,00

Considerando que, no exercício de X2, ocorreram somente essas operações,


veja como matriz e filial apurarão suas demonstrações contábeis.

a) Na Matriz:

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


Vende Mais Ltda.
Matriz LEVANTADO EM 31/12/X2
Receita Bruta de Vendas 80.000,00
(-) Impostos 9.600,00
(=) Receita Líquida 70.400,00
(-) Custo da Mercadoria Vendida 44.000,00
(=) Resultado do Exercício 26.400,00

202
TÓPICO 2 | CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

Em relação ao ICMS, tem-se:


ICMS a Recolher 9.600,00
( -) ICMS a Recuperar 9.000,00
(=) Saldo a Recolher 600,00

A contabilização da apuração do ICMS na matriz seria dessa forma:

Débito – ICMS a recolher (PC) 9.000,00


Crédito – ICMS a Recuperar (AC) 9.000,00

Portanto, o Balanço Patrimonial na matriz ficará assim:

BALANÇO PATRIMONIAL Vende Mais Ltda.


Matriz LEVANTADO EM 31/12/X2
ATIVO R$ PASSIVO R$
PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE  17.000,00 600,00
CIRCULANTE

Bancos Conta Movimento ICMS A RECOLHER 600,00


17.000,00
PATRIMÔNIO
ATIVO NÃO CIRCULANTE 110.000,00  126.400,00
LÍQUIDO
REALIZÁVEL A LONGO
90.000,00 Capital Social
PRAZO 100.000,00
Conta corrente Filial  90.000,00  Lucros a Destinar 26.400,00
IMOBILIZADO  20.000,00    

Móveis e Utensílios    
20.000,00
TOTAL DO
TOTAL DO ATIVO 127.000,00
PASSIVO 127.000,00

b) Na Filial:

203
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


Vende Mais Ltda.
Filial LEVANTADO EM 31/12/X2
Receita Bruta de Vendas 60.000,00
(-) Impostos 10.200,00
(=) Receita Líquida 49.800,00
(-) Custo da Mercadoria Vendida 35.200,00
(=) Resultado do Exercício 14.600,00

Em relação ao ICMS, tem-se:

ICMS a Recolher 10.200,00


(-) ICMS a Recuperar 9.600,00
(=) Saldo a Recuperar 600,00

A contabilização da apuração do ICMS na filial seria dessa forma:

Débito – ICMS a recolher (PC) 9.600,00


Crédito – ICMS a Recuperar (AC) 9.600,00

Portanto, o Balanço Patrimonial na filial ficará assim:

BALANÇO PATRIMONIAL Vende Mais Ltda.


FILIAL LEVANTADO EM 31/12/X2
ATIVO R$ PASSIVO R$
ATIVO CIRCULANTE 106.400,00 CIRCULANTE 600,00
Bancos Conta
10.000,00
Movimento ICMS a Recolher 600,00
Clientes 60.000,00 NÃO CIRCULANTE 90.000,00
EXIGÍVEL A LONGO
Estoque de Mercadorias 35.200,00
PRAZO 90.000,00
Conta Corrente Matriz 90.000,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO  14.600,00
Lucros a Destinar 14.600,00
TOTAL DO ATIVO 105.200,00 TOTAL DO PASSIVO 105.200,00

Agora, para a consolidação entre matriz e filial serão necessárias as


seguintes eliminações:

204
TÓPICO 2 | CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

a) Eliminação de direitos e obrigações recíprocos:

Débito – Contas Correntes (PELP Matriz) 90.000,00


Crédito – Contas Correntes (ARLP Filial) 90.000,00

b) Eliminação dos lucros da matriz embutido nos estoques da filial. (Lucros não
realizados) e eliminação do CMV a maior na filial:

Memória de cálculo:
Venda: 80.000,00
(-) ICMS 9.600,00
(-) Custo 44.000,00
Lucro 26.400,00

Como 50% da mercadoria já foi revendida a terceiros, portanto, o lucro


não realizado que ainda está incorporado no estoque da filial é de 13.200,00 (50%
de 26.400,00). Nesse caso, deve-se também eliminar o valor de 13.200,00 de CMV
reconhecido a maior na filial pelo lucro realizado.

Débito – Lucro a Destinar (PL Matriz) 26.400,00


Crédito – Estoque de Mercadorias (AC da filial) 13.200,00
Crédito – CVM (filial) 13.200,00

c) Na apuração descentralizada do ICMS, portanto, cada entidade, matriz e filial,


terão sua própria apuração do ICMS, não cabendo então qualquer lançamento
de compensação, mesmo porque há apenas saldos de ICMS a recolher, tanto
na matriz como na filial.

d) Eliminação das contas de resultado entre matriz e filial e transferência do


resultado do exercício da matriz:

Na Matriz
Débito – Receita de Vendas – matriz (DRE) 80.000,00
Crédito – ICMS s/ Vendas – matriz (DRE) 9.600,00
Crédito – CMV – da matriz (DRE) 44.000,00
Crédito – Lucros a Destinar 26.400,00

e) Transferência do resultado do exercício da filial:

Débito – Resultado do Exercício (DRE) 27.800,00


Crédito – Lucros a Destinar 27.800,00

O resultado passou de 14.600,00 para 27.800,00, uma vez que foram
eliminados 13.200,00 de CMV a maior na filial.

205
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

Perceba que não estão sendo zeradas as contas de resultado da filial, uma
vez que tais saldos provêm de operações com terceiros. Portanto, para transferir o
resultado da Demonstração do Resultado do Exercício da filial para o patrimônio
líquido consolidado, estamos considerando uma conta transitória denominada
Resultado do Exercício. Essa conta é evidenciada na última linha da Demonstração
do Resultado do Exercício da filial.

Feitas as eliminações, as demonstrações consolidadas serão assim:

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


Vende Mais Ltda.
Consolidado LEVANTADO EM 31/12/X2
Receita Bruta de Vendas 60.000,00
(-) Impostos 10.200,00
(=) Receita Líquida 49.800,00
(-) Custo da Mercadoria Vendida 22.000,00
(=) Resultado do Exercício 27.800,00

BALANÇO PATRIMONIAL Vende Mais Ltda.


Consolidado LEVANTADO EM 31/12/X2
ATIVO R$ PASSIVO R$
PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE  109.000,00 1.200,00
CIRCULANTE
Bancos Conta Movimento 27.000,00 ICMS A RECOLHER 1.200,00
PATRIMÔNIO
Clientes 60.000,00  127.800,00
LÍQUIDO
Estoques 22.000,00 Capital Social 100.000,00
ATIVO NÃO
20.000,00 Lucros a Destinar 27.800,00
CIRCULANTE
IMOBILIZADO  20.000,00    
Móveis e Utensílios 20.000,00    
TOTAL DO
TOTAL DO ATIVO 129.000,00 129.000,00
PASSIVO

206
TÓPICO 2 | CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

UNI

Caro/a acadêmico/a!!! Para aprofundar seus conteúdos, sugerimos a Leitura


Complementar a seguir, extraída do livro Contabilidade Avançada: textos e testes com
respostas de José Hernandes Perez Junior e Luis Martins de Oliveira (2010). A partir desse texto
você compreenderá um pouco mais sobre o processo de consolidação das demonstrações
contábeis.

Será apresentado, a seguir, um roteiro para orientar os trabalhos dos


profissionais responsáveis pela elaboração ou auditoria das demonstrações
contábeis consolidadas.

LEITURA COMPLEMENTAR

ROTEIRO DE ORIENTAÇÃO PARA ELABORAÇÃO OU AUDITORIA DAS


DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS CONSOLIDADAS

1 Não obrigatoriedade da elaboração e publicação das Demonstrações Contábeis


Consolidadas

A controladora pode deixar de apresentar as demonstrações contábeis


consolidadas, somente se, além de permitido legalmente:

• a controladora é, ela própria, uma controlada (integral ou parcial) de outra


entidade, a qual, em conjunto com os demais proprietários, incluindo aqueles
sem direito a voto, foram consultados e não fizeram objeção quanto à não
apresentação das demonstrações contábeis consolidadas pela controladora;

• a controladora não é uma sociedade anônima; e

2 Critérios para consolidação

Na preparação do balanço consolidado, certifique-se de que:

• foram discutidas as possíveis exclusões de sociedades controladas no balanço


a ser consolidado (exemplo: empresas em regime falimentar, em liquidação
ou com atividades em áreas econômicas substancialmente diferenciadas das
demais sociedades incluídas na consolidação);

• as demonstrações contábeis das sociedades controladas, para fins de


consolidação, foram levantadas na mesma data ou até no máximo 60
(sessenta) dias antes da data das demonstrações contábeis da controladora; as

207
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

demonstrações contábeis de cada companhia incluída no balanço consolidado


estão de acordo com os livros oficiais individuais;

• foram observados e ajustados os eventos significativos ocorridos após os


balanços preparados pelas subsidiárias até a data-base da consolidação
(quando a data-base for anterior à data de fechamento);

• todos os princípios contábeis adotados pela controladora e pelas controladas


são efetivamente semelhantes (nota: entende-se que a controladora, no caso,
adotou princípios contábeis mais adequados e, dessa forma, as controladas
devem seguir esses princípios);

• caso haja princípios contábeis diferentes, seus efeitos foram eliminados e


ajustados antes de incluir a respectiva companhia no balanço combinado;

• todos os saldos e operações entre as companhias que estão sendo consolidados


foram conciliados e ajustados;

• foram conferidas as somas horizontais e verticais do balanço e resultado


combinados.

3 Procedimentos para eliminações de saldos

Certifique-se de que:

a) foram eliminadas quaisquer participações recíprocas entre as sociedades


incluídas na consolidação;

b) o investimento da controladora em suas controladas foi eliminado contra a


correspondente proporção no patrimônio líquido dessas controladas incluídas
na consolidação;

c) foram destacadas as participações dos acionistas minoritários, não


controladores, do patrimônio líquido consolidado;

d) foram eliminados os lucros não realizados decorrentes de negócios entre a


controladora e as sociedades controladas incluídas na consolidação, bem como
decorrentes de negócios entre essas controladas;

e) foram eliminados os saldos de contas correntes e contas a pagar e a receber


entre as companhias incluídas no consolidado;

f) foram eliminadas as receitas e despesas decorrentes de negócios entre a


controladora e as sociedades controladas incluídas na consolidação, assim
como as decorrentes de negócios entre as controladas;

g) as participações dos acionistas minoritários no resultado do exercício foram

208
TÓPICO 2 | CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

apresentadas como dedução do resultado consolidado;

h) foram demonstrados em controles auxiliares os cálculos das participações


dos acionistas minoritários no lucro ou prejuízo e no patrimônio
consolidado;

i) foram diferidos os tributos decorrentes da eliminação dos lucros não realizados


entre as sociedades incluídas na consolidação;

j) durante o exercício ocorreu aumento de capital da controladora com lucro não


realizado, anteriormente eliminado no consolidado;

k) caso a resposta ao item j seja positiva, analisar o tratamento dispensado para


retificar o patrimônio líquido consolidado;

l) certificar-se de que o lucro não realizado, eliminado no exercício anterior,


continua sendo eliminado neste exercício ou que foi totalmente realizado no
exercício (atentar para a realização por meio da depreciação, quando o lucro
não realizado decorrer da venda de imobilizado);

m) existe parcela de ágio ou deságio incluída no valor contábil do investimento


não absorvida na consolidação;

n) se a resposta ao item n for positiva e o ágio ou deságio for resultante de


diferença para mais ou para menos entre o valor de mercado de bem ativo e
o valor contábil na sociedade controlada incluído na consolidação, o mesmo
deve ser demonstrado como correção desta conta específica do ativo;

o) se a resposta ao item n for positiva e o ágio for resultante de diferença para


mais em decorrência de expectativa de rentabilidade baseada em projeção de
resultados, o mesmo deve ser apresentado no ativo permanente;

p) se a resposta ao item n for positiva e o deságio for resultante de diferença para


menos em decorrência de expectativa de rentabilidade baseada em projeção
de resultados, o mesmo deve ser apresentado como resultado de exercícios
futuros.

4 Publicação das demonstrações contábeis consolidadas

Analise as demonstrações preparadas em forma final e certifique-se de


que:

a) estão sendo apresentadas as seguintes demonstrações contábeis consolidadas


de forma comparativa:

1. balanço patrimonial;
2. resultado do exercício;

209
UNIDADE 3 | CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTABILIDADE DE MATRIZ E FILIAL

3. movimentação nas contas do patrimônio líquido;


4. fluxo de caixa;
5. valor adicionado (se for o caso).

b) as demonstrações contábeis para publicação estão sendo apresentadas em


conjunto com as demonstrações contábeis da controladora.

5 Notas explicativas

Confira as notas explicativas anexas às demonstrações contábeis


consolidadas e veri­fique se contêm os seguintes detalhes:

• reconciliação entre patrimônio líquido da controladora e o patrimônio líquido


consolidado;

• reconciliação entre o resultado líquido da controladora e o resultado líquido


consolidado;

• divulgação dos critérios adotados para consolidação;

• divulgação dos critérios para inclusão ou exclusão de controladas nas


demonstrações financeiras consolidadas;

• divulgação de todos os dados de cada controlada (denominação, capital social,


patrimônio líquido, lucro líquido);

• divulgação do percentual de participação da controladora em cada controlada;

• divulgação dos eventos subsequentes à data de encerramento do exercício social


que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e
os futuros resultados consolidados;

• divulgação da base e do fundamento para amortização do ágio ou do deságio


não absorvidos na consolidação.

A conta de Investimento deve ser detalhada em notas explicativas quanto


aos seus três componentes (se existirem):

• valor patrimonial da participação da controladora no valor contábil do


patrimônio líquido da controlada adquirida;

• valor da mais-valia dos ativos líquidos adquiridos atribuído à controladora;

• ágio por rentabilidade futura (goodwill) atribuído à controladora.

FONTE: Adaptado de: PEREZ, José Hernandes Junior, OLIVEIRA, Luis Martins de. Contabilidade
Avançada: textos e testes com respostas. 7. ed. São Paulo. Atlas, 2010.

210
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste segundo tópico analisamos operações contábeis que envolvem


matriz e filial, desde conceitos até exemplos práticos envolvendo transferência de
numerários, compras e transferências de mercadorias, com ou sem lucro.

Vimos que é necessário conhecer a legislação de cada Estado para se


determinar se é ou não possível optar pela apuração centralizada entre matriz e
filial e/ou se haverá a incidência do ICMS nessas operações.

Conhecemos o tratamento tributário que envolve as operações entre matriz


e filial, sendo que alguns impostos podem ser recolhidos de forma centralizada
e outros não.

Vimos que ao final da consolidação das demonstrações contábeis entre


matriz e filial é preciso excluir os saldos e operações intercompanhias, ou seja,
vendas entre matriz e filial, saldos a receber e/ou a pagar etc.

211
AUTOATIVIDADE

1 O CNPJ é composto por um total de 13 dígitos. Como podemos identificar


se um CNPJ é pertencente à matriz de uma organização ou a alguma de suas
possíveis filiais?

2 Qual a diferença entre apuração centralizada e descentralizada entre matriz


e filiais?

3 Determinada matriz possui duas filiais. Foi optado pela apuração descentralizada.
No final do exercício contábil foram publicadas as demonstrações contábeis das
três empresas, ou seja, foram publicadas individualmente as demonstrações
contábeis da matriz e das duas filiais. Está correto proceder dessa forma?

4 Quanto às operações contábeis que envolvem matriz e filial, pode-se dizer


que:

1 - A entidade que tiver unidade operacional ou de negócios, quer como filial,


agência, sucursal ou assemelhada, e que optar por sistema de escrituração
descentralizado, não precisa ter registros contábeis que permitam a identificação
das transações de cada uma dessas unidades.
2 - A escrituração de todas as unidades não precisa integrar um único sistema
contábil.
3 - A opção por escrituração descentralizada fica a critério da entidade.
4 - Na escrituração descentralizada não é necessário ser observado o mesmo
grau de detalhamento dos registros contábeis da matriz.
5 - As contas recíprocas relativas às transações entre matriz e unidades, bem como
entre estas, devem ser eliminadas quando da elaboração das demonstrações
contábeis da entidade.
6 - As despesas e as receitas que não possam ser atribuídas às unidades devem
ser registradas na filial mais antiga ou com mais faturamento e, se não for
possível tal operação, distribuídas para as unidades de acordo com critérios da
administração da entidade.

Portanto, pode-se concluir que:


a) ( ) Somente os itens 2, 4 e 6 estão corretos.
b) ( ) Somente os itens 3 e 5 estão corretos.
c) ( ) Somente os itens 3, 4 e 5 estão corretos.
d) ( ) Somente os itens 1, 5 e 6 estão corretos.

5 Como funciona a apuração fiscal da matriz e filial nas empresas optantes do


Simples Nacional?

6 Considere o seguinte Balanço Patrimonial da Sociedade Comercial Abc Ltda.


levantado em 31/12/X1:

212
BALANÇO PATRIMONIAL Abc Ltda. LEVANTADO EM 31/12/X1
ATIVO R$ PASSIVO R$
PATRIMÔNIO
ATIVO CIRCULANTE  40.000,00  50.000,00
LÍQUIDO
Bancos Conta
20.000,00 Capital Social 50.000,00
Movimento
Estoque de Mercadorias 12.000,00    
ICMS a Recuperar 8.000,00    
ATIVO NÃO
 10.000,00    
CIRCULANTE
IMOBILIZADO  10.000,00    
Móveis e Utensílios 10.000,00    
TOTAL DO ATIVO 50.000,00 TOTAL DO PASSIVO 50.000,00

Suponha que durante o exercício de X2, os sócios tenham decidido


ampliar o negócio abrindo uma filial.

Depois de legalizado o novo estabelecimento, a matriz transferiu a


importância de R$ 15.000,00, da sua conta movimento para a conta movimento
da filial.

Por sua vez, a filial efetuou as seguintes operações:

• adquiriu à vista máquinas e equipamentos no valor de R$ 6.000,00;

• comprou mercadorias a prazo no valor de 3.000,00.

Não houve crédito de ICMS nas operações da filial. O controle de


estoque é permanente.

Proceda à contabilização na Matriz:

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Proceda à contabilização na Filial:

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
213
Considerando que no exercício de X2 tenham ocorrido somente esses
fatos e que a contabilização seja descentralizada, os Balanços da matriz e da sua
filial ficarão assim:

BALANÇO PATRIMONIAL Abc Ltda.


Matriz LEVANTADO EM 31/12/X2
ATIVO R$ PASSIVO R$
PATRIMÔNIO
ATIVO CIRCULANTE    
LÍQUIDO

   
   
ATIVO NÃO CIRCULANTE      
REALIZÁVEL A LONGO
     
PRAZO
   
IMOBILIZADO    
   
TOTAL DO
TOTAL DO ATIVO
PASSIVO

BALANÇO PATRIMONIAL Abc Ltda.


FILIAL LEVANTADO EM 31/12/X2
ATIVO R$ PASSIVO R$
PASSIVO

ATIVO CIRCULANTE CIRCULANTE

NÃO CIRCULANTE
ATIVO NÃO EXIGÍVEL A LONGO

CIRCULANTE PRAZO
IMOBILIZADO

TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO

214
A escrituração da eliminação do direito e da obrigação recíprocos, no
exemplo em questão:

Registro contábil no Diário da Matriz

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Então o Balanço consolidado, ou seja, o Balanço que reflete realmente a


situação patrimonial do conjunto, será:

BALANÇO PATRIMONIAL Abc Ltda.


CONSOLIDADO LEVANTADO EM 31/12/X2
ATIVO R$ PASSIVO R$
PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE CIRCULANTE

PATRIMÔNIO
LÍQUIDO

ATIVO NÃO CIRCULANTE  


IMOBILIZADO  

 
TOTAL DO
TOTAL DO ATIVO PASSIVO

215
7 Considere o seguinte Balanço Patrimonial da Sociedade Comercial Alfa Ltda.,
levantado em 31/12/X1, situada no estado de Santa Catarina.

Obs.: Apuração do ICMS é descentralizada, uma vez que matriz e filial


estão localizadas em estados distintos.

BALANÇO PATRIMONIAL Sociedade Comercial Alfa Ltda. LEVANTADO EM


31/12/X1
ATIVO R$ PASSIVO R$
PATRIMÔNIO
ATIVO CIRCULANTE  30.000,00  40.000,00
LÍQUIDO
Bancos Conta Movimento 18.000,00 Capital Social 40.000,00
Estoque de Mercadorias 11.440,00    
ICMS a Recuperar 560,00    
ATIVO NÃO CIRCULANTE  10.000,00    
IMOBILIZADO  10.000,00    
Móveis e Utensílios 10.000,00    
TOTAL DO
TOTAL DO ATIVO 40.000,00 40.000,00
PASSIVO

Em X2, a única operação que a Alfa Ltda. fez foi a venda de todo seu
estoque para sua filial, situada no estado do Paraná, a qual, até então, não tinha
movimento e nem saldo. Sabe-se que há a incidência de 12% de ICMS e que a
mercadoria foi transferida pelo preço de custo.

Por sua vez, a filial efetuou as seguintes operações:

• Comprou de terceiros mercadorias a prazo no valor de 3.000,00 com crédito


de 17% de ICMS. O controle de estoque é permanente.

• Vendeu 20% do saldo em estoque a terceiros por 5.800,00 a prazo com 17% de
ICMS.

Cálculo do valor da venda pelo preço de custo com ICMS 12%:

Preço de custo: 11.440,00


ICMS: 12%

100% é sempre fixo.


12% é a alíquota do ICMS.
0,88 é o resultado de 88% dividido por 100.

Então, 11.440,00 dividido por 0,88 = 13.000,00 (esse o valor da venda


pelo preço de custo, mas com a incidência de 12% de ICMS).

216
Contabilização na Matriz pela venda:

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Contabilização na Matriz pela apuração do ICMS:

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Contabilização na Filial (compra de mercadorias da matriz):

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Contabilização na Filial (compra de mercadorias de terceiros):

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Contabilização na Filial (venda de 20% do saldo em estoque a terceiros):

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Contabilização na Filial pela apuração do ICMS:

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Considerando que no exercício de X2 ocorreram somente essas


operações, elabore as demonstrações contábeis na matriz e na filial:

217
a) Na Matriz:

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


Alfa Ltda.
Matriz LEVANTADO EM 31/12/X2
Receita Bruta de Vendas
(-) Impostos
(=) Receita Líquida
(-) Custo da Mercadoria Vendida
(=) Resultado do Exercício

BALANÇO PATRIMONIAL Alfa Ltda.


Matriz LEVANTADO EM 31/12/X2
ATIVO R$ PASSIVO R$
PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE
CIRCULANTE

PATRIMÔNIO
ATIVO NÃO CIRCULANTE
LÍQUIDO
REALIZÁVEL A LONGO

PRAZO
 
IMOBILIZADO  
 
TOTAL DO
TOTAL DO ATIVO
PASSIVO

218
b) Na Filial

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


Alfa Ltda.
Filial LEVANTADO EM 31/12/X2
Receita Bruta de Vendas
(-) Impostos
(=) Receita Líquida
(-) Custo da Mercadoria Vendida
(=) Resultado do Exercício

BALANÇO PATRIMONIAL Alfa LTDA.


FILIAL LEVANTADO EM 31/12/X2
ATIVO R$ PASSIVO R$
ATIVO
CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

NÃO CIRCULANTE
EXIGÍVEL A LONGO
PRAZO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO

219
A escrituração da eliminação do direito e da obrigação recíprocos, no
exercício em questão:

Registro contábil no Diário da Matriz:

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Eliminação das contas de resultado entre matriz e filial:

Na Matriz
Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Transferência do Resultado do Exercício:

Débito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Crédito – _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Elabore as demonstrações contábeis consolidadas: Demonstração do


Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial:

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


Alfa Ltda.
Consolidado LEVANTADO EM 31/12/X2
Receita Bruta de Vendas
(-) Impostos
(=) Receita Líquida
(-) Custo da Mercadoria Vendida
(=) Resultado do Exercício

220
BALANÇO PATRIMONIAL Alfa Ltda.
Consolidado LEVANTADO EM 31/12/X2
ATIVO R$ PASSIVO R$
PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE
CIRCULANTE

PATRIMÔNIO

LÍQUIDO

ATIVO NÃO CIRCULANTE


IMOBILIZADO

TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO

221
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______. Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Altera a legislação do imposto


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______. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos


da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro
de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à
elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em:
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______. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Institui regime tributário de


transição, alterando a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 e dá outras
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CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC. Resolução 1.262, de


10 de dezembro de 2009. Aprova a ITG 09 (IT 09) - Demonstrações Contábeis
Individuais, Demonstrações Separadas, Demonstrações Consolidadas e
Aplicação do Método de Equivalência Patrimonial. Disponível em: <http://
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COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – CPC. Pronunciamento


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______. Pronunciamento técnico CPC 36 – demonstrações consolidadas.


Disponível em: <http://www.cpc.org.br/mostraOrientacao.php?id=56>. Acesso
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CVM. Instrução CVM nº 247, de 27 de março de 1996. Dispõe sobre a


avaliação de investimentos em sociedades coligadas e controladas e sobre os
procedimentos para elaboração e divulgação das demonstrações contábeis
consolidadas, para o pleno atendimento aos Princípios Fundamentais de
Contabilidade, altera e consolida as Instruções CVM nº 1, de 27 de abril
de 1978, nº 15, de 3 de novembro de 1980, nº 30, de 17 de janeiro de 1984,
e o Artigo 2º da Instrução CVM nº 170, de 3 de janeiro de 1992, e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/legislação/
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______. Instrução CVM nº 469, de 2 de maio de 2008. Dispõe sobre a aplicação


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225
ANOTAÇÕES

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