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AMOR DE PERDIÇÃO

Nível cultural
 Mulher idealizada
 Locus horrendus
 A hipertrofia do “eu” Sentimentos fortes
 Gosto pelo medieval e popular
 O ciúme
 O nascer do amor

Nível sócio-cultural
 Produção de barões
 Regeneração

- Camilo Castelo Branco “herda” de Garrett a falta de imaginação: fazer literatura como
uma receita.

- Se a obra é Romântica, ela também aponta para o Realismo.

Aspetos fundamentais do 2º momento romântico:


 Temas medievais
 Tédio
 Melancolia
 Temas soturnos e fúnebres
 Morbidezas
 Desespero
 Morte
 Luar
 Ânsias do além
 Temas folclóricos e populares

- Após 1851 houve um período político em Portugal designado: REGENERAÇÂO


(houve uma tendência para modernizar)

Um pouco de história….
Camilo nasceu no seio de uma família com comportamentos estranhos e com tendência
para a loucura.

Um dos seus filhos era louco (Jorge) e outro vadio (Nuno).


Camilo acaba por se suicidar.

Ana Plácido foi o seu grande amor. Fugiu com Camilo, o qual foi considerado raptor e
ambos foram presos. É na prisão que Camilo escreve o Amor de Perdição em 15 dias.

Outras obras: A queda de um anjo; Onde está a felicidade; Abençoadas lágrimas; O


judeu; O retrato de Ricardina…

- O êxito desta obra deve-se: portuguesismo*, tradição e universidade

*Do que é que os Portugueses mais gostam?

1- Fatalidade (Viagens na minha terra)

2- Sofrimento e ciúme (Menina e moça)

3- Amor que perdura (Trovas a Inês de Castro)

- Há adesão por parte dos leitores devido:

* amor como uma força incontrolável

* destino marcado

* à morte

* o sofrimento

*o dramatismo de alguns espaços

* a força realista de outros

* o casticismo (João da Cruz)

* o lirismo das cartas

* a entrega de Camilo / os sentimentos de Camilo passam para o leitor

* o código de honra social

* a nobreza de alma

* o desafio
A obra vai ser feita segundo a frase:

AMOU, PERDEU-SE E MORREU AMANDO

Apaixonou-se Morre

Introdução Conclusão

Mata Baltazar,

Primo de Teresa

Desenvolvimento

Tudo roda em torno de Simão. Daí se considerar uma novela de personagem, porque
valoriza a personagem.

Definição de intriga: é uma sucessão de acontecimentos ligados por uma relação de


causalidade.

Amor de Perdição tem uma intriga linear, porque há uma interligação dos factos (há
poucas personagens).

Funções nucleares (de avanço)


Introdução – Momento em que Simão vê Teresa e se aproxima (cap.II) ELE AMOU
P.57

Desenvolvimento:

- Momento de recusa por parte de Teresa para casar com o primo Baltazar; ameaça de
clausura. (cap. IV)

(ela vai para Viseu temporariamente)

- Simão vai visitá-la a Viseu (início da sua perdição) (cap.IV)

Entretanto o pai de Teresa resolve dar uma festa para a cativar e Simão marca um
encontro com ela. Mas, Baltazar já estava de olhos neles. O que irá acontecer?? Simão é
ajudado por João Cruz e no conflito, entre os criados de Baltazar, Simão sai ferido. (cap.
VI e VII) P.101
O que acontece a Teresa?? Vai para o Porto

- Simão é agredido e tratado por Mariana.

- Teresa vai para o convento de Viseu (cap. VII) P.103

- Teresa vai a caminho para Monchique e Simão resolve ir ter com ele e mata Baltazar
(cap. X) P.145

- Simão é preso pela morte de Baltazar. (cap. XI e XII)

- Simão é condenado ao degredo P. 189 (cap. XVI)

- Simão parte para o degredo (cap. XIX e XX) P.209

- Morte de Teresa (cap XX) – o que contribui para que ele enfraqueça

Conclusão:

- Morte de Simão (cap. XXI) MORREU AMANDO

Vida do convento – crítica social ( é uma tentativa do escrito ser realista.)

Intriga secundária: os amores de Manuel Botelho (irmão de Simão) com a açoriana.


Servem para mostrar a diferença de grandeza de sentimentos de Simão (nobre de
sentimentos) com o canalha do irmão Manuel Botelho.

Drama ≠ Tragédia  Destino

Elementos dramáticos da intriga


p.57 Sentimentos muito fortes:

p.60 ódio (famílias odeiam-se) cap. II e III ; p.70 (Teresa versus Baltazar) cap. IV

p.96 morte criados de Baltazar – cap. VI

p.147  Baltazar – cap.X

p.196  João da Cruz (brinca com a morte)

 Teresa, Simão, Mariana – cap. XX e conclusão


Elementos trágicos da intriga
O fatalismo marca a vida de Simão desde o seu nascimento (fatalidade : cap. V,VII,
VIII, X, XI, XX.

Os heróis (Simão), os anti-heróis (Baltazar, Tadeu de Albuquerque, Domingos Botelho


_ pai de Simão) e os não heróis (Manuel Botelho - irmão de Simão; D. Rita Preciosa –
mãe de Simão; as freiras). Visão maniqueísta não há meio termo, só há os bons e os
maus.

O desafio (amor de Simão e Teresa)

O climax (sofrimento aumenta gradualmente até atingir o ponto mais alto: a morte)

Pathos (sofrimento)

A Anagnorise (reconhecimento da morte de Teresa)

A catástrofe ( mortes de Simão e Mariana (suicídio)).

Afunilamento do espaço físico:


Simão: Viseu - Coimbra - Casa dos pais - Casa se João da Cruz – Prisão (Porto) – cela –
beliche.

Teresa: Viseu – Convento de Viseu – Convento Monchique

Relação entre o afunilamento do espaço físico com as características da


tragédia existente na obra:
O próprio espaço tem carácter ominoso (clima carregado de mistério e fatalismo), o
espaço contribui para que as personagens não tenham liberdade, ou seja não possam
fugir ao destino.

Espaço Social
 nobreza decadente, provinciana
 Povo
 Corrupção da justiça
 Vícios do clero (caricatura social- características realistas): falsidade, intriga,
hipocrisia, amores proibidos (sensualismo e leviandade), freiras ligadas aos bens
materiais.
As cartas: Função na obra
 Elo (de ligação)
 Lembrar promessas feitas um ao outro
 (auto) Justificação de atos
 Refugiar a dor, a alegria e os sentimentos
 Informar o outro de atitudes a tomar ou já tomadas
 Preparar o desenlace
É através das cartas que Camilo consegue dar um lirismo à sua obra, sobretudo
a partir da 7ªcartas. Pois verificamos poesia na sua obra.

O narrador
Processo de caracterização indirecta (+ intervenção / conhecimentos por parte do
narrador dos sentimentos das personagens) equilíbrio entre a focalização interna
e externa enquanto memorialista

Porque é uma história recordada

Caraterísticas românticas:
 A morte
 O sofrimento
 As paisagens
 Os encontros de Simão
 Mudança de comportamentos de Simão: impensado / irreflectido HERÓI
de bom coração / humilde
 O individual a vencer o social
 As cartas
 A mendiga
 A intensidade dos sentimentos
 Linguagem corrente / popular
 Valorização do povo (algo puro)
 Os sonhos
 A solidão

Caraterísticas realistas:
 Retrato de João da Cruz (casticismo)
 Vícios do Clero
 Crítica social à justiça, ao clero e à nobreza

Misticismo: a força do amor para além da morte. “ A vida que não é examinada, não
merece ser vivida” Platão

Linguagem:
 Influência da técnica jornalista
 Ausência de reflexões filosóficas
Logo:
Há simplicidade na linguagem
Há frases simples
Nível de língua (popular - João Cruz; familiar; corrente; literário (Simão
poético)
Metáforas (cartas)
Ironia (Teresa e João da Cruz)

Caraterização:

Mariana Teresa

Pertence ao povo, é inculta Pertence à nobreza, é culta

Abnega-se perante o amor ( não luta Personagem que desafia devido ao


por ele) amor

Mulher idealizada / rara de encontrar

Simão:

 Revela bravura e rebeldia


 É belo (tem as feições da mãe)
 É inconformado, boémio
No capítulo II há uma mudança extraordinária por amor, mas posteriormente há
uma recaída (morte de Baltazar) e verificamos que a mudança não foi tão
profunda.
 Nobre de sentimentos (lealdade, honestidade e bondade)
 Ama intensamente, com toda a sua força
 Torna-se poeta (desenvolve a sensibilidade)
 Corajoso (não tem medo da forca)
 Opta pelo desterro, mas não por Mariana ( o que demonstra que o amor por
Teresa o acompanhará para sempre)
 Não é oportunista
 É orgulhoso e altivo
 É precipitado
 É melancólico e esperançoso
:. Personagem com uma vida interior muito rica, bastante conflituosa, daí a
resposta à complexidade e contrariedade das suas características ( personagem
modelada / redonda).

Teresa: (Processo indirecto)

 Jovem, bonita, bem nascida, 15anos


 Heroína
 Mulher baronil e destemida
 Força de carácter
 Reage de forma violenta à oposição do pai
 Enfrenta Baltazar com o seu desamor
 Orgulho fortalecido pelo amor
 Atitude de Teresa é iminentemente romântica quando afirma “ Estou mais livre
que nunca, a liberdade do coração é tudo.” cap. VII
 É considerada mulher anjo
 Tem todas as características para ser a heroína romântica
 Virtuosa ( as suas virtudes sobressaem no convento: a sua pureza contrasta com
as víboras)
 Desobediente
 Tranquila (decisão de ir para o convento)
 Intensidade no sentimento
 Sofredora, leal
 Madura e cautelosa
 Discreta, de boas relações.

Mariana:
 Bonita (mais do que Teresa, mas é do povo, inculta), 24 anos, olhos azuis, rosto
belo e triste, supersticiosa/intuitiva, extremamente sensível. cap. V
 Generosa (abnega-se e entrega-se completamente ao amor e aos outros)
 Não é oportunista
 Mulher anjo, tal como Teresa
 Acreditava no amor para além da morte
 Não era agarrada aos bens materiais
 Era indiferente para com a sociedade.

João da Ega:

 Homem do povo
 Ferrador
 É um misto de bondade, gratidão, violência e crueldade
 Rebelde,
 Corajoso (verifica-se na emboscada que Baltazar preparou a Simão)
 Linguagem muito viva (castiço da linguagem)
 Personagem com caracterização realista, mais autêntica
 Personagem complexa porque reúne aspectos contraditórios.

Sumários:

Camilo Castelo Branco – Amor de Perdição. Contexto sócio cultural: a


Regeneração, o Romantismo. A intriga em Amor de Perdição.

Amor de Perdição – novela passional. A intriga principal ( sequência das funções


nucleares). A intriga secundária.

Elementos dramáticos e trágicos da intriga de Amor de Perdição.

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