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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

BIOMETRIA FLORESTAL

Eng. Florestal, Prof. Dr. César Augusto Guimarães Finger


Dep. Ciências Florestais
APRESENTAÇÃO

A Engenharia Florestal como ciência, embora bastante antiga na


Europa, é, para nós, recente, pois apresenta hoje apenas 46 anos. O seu
primórdio entre nós, como curso universitário, teve lugar na Universidade Federal
de Viçosa, MG, seguido de vários outros cursos, dentre os quais, o da
Universidade Federal de Santa Maria, RS, em 1971.
A ciência florestal brasileira, embora jovem, contribui de forma ímpar
no aproveitamento e desenvolvimento dos recursos florestais, buscando sempre
desenvolver técnicas apropriadas às condições de nossas florestas e de mercado.
A Biometria, como ciência exerce, importante papel no âmbito da
Engenharia Florestal, pois aborda a mensuração dos processos naturais dos
componentes vegetais de uma floresta visando quantificar, qualificar e conhecer
seu desenvolvimento e estado atual.
Com o objetivo de facilitar o acesso dos estudantes às notas
bibliográficas e a resultados de pesquisas realizadas reuniram-se anotações de
aula, ordenadas em seqüência lógica. Este trabalho de Biometria Florestal
originou-se do livro Fundamentos de Biometria Florestal, editado em 1991 pelo
autor, e não pretende, de forma alguma, esgotar o assunto, mas apenas reunir
informações de vários autores que se dedicaram ao tema fornecendo uma visão
geral da matéria, deixando pormenores para pesquisas mais aprofundadas. Desta
forma, recomenda-se sempre a complementação do estudo em obras específicas.
A fim de torná-la mais acessível e didática, é apresentada a
resolução de exemplos, mostrando procedimentos de cálculo.

Santa Maria, março de 2006.

César Augusto Guimarães Finger


Biometria Florestal

INTRODUÇÃO

A Biometria Florestal é um dos ramos da ciência florestal que trata das


medições das árvores e dos povoamentos, com o fim de avaliar os seus volumes, bem
como estudar as leis que regem o seu crescimento ao longo do tempo.
A palavra BIOMETRIA é de origem grega e significa medida da vida (BIO
= vida; METRIA = medida). No caso específico florestal, identifica a medida das
árvores.
Segundo PRODAN (1968) a Biometria representa a combinação de todos
os métodos estatísticos de registro e descrição dos processos da vida. A Biometria
Florestal envolve, então, a avaliação dos princípios fundamentais das leis naturais e os
métodos estatísticos importantes para a floresta.
A origem da biometria florestal se deve à necessidade de o homem
estimar ou determinar quantitativamente os recursos florestais, com objetivos
comerciais, de manejo ou de pesquisa florestal.
Hoje, a ciência florestal estuda e desenvolve métodos e equipamentos
com objetivo de detectar quantitativa e qualitativamente as relações entre as variáveis
dendrométricas diâmetro e altura com o volume de madeira das árvores e a
capacidade de produção da floresta.
O presente livro tem como meta apresentar temas que envolvem os
métodos e os aparelhos empregados na mensuração de diâmetro, altura, volume, fator
de forma, casca, incremento, distribuição de freqüência e funções de crescimento da
árvore e do povoamento florestal, bem como uma rápida revisão de alguns conceitos
estatísticos e de análise de regressão.
A Biometria Florestal, também chamada de Dendrometria, como disciplina
do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria, resulta de
uma divisão de conteúdos técnicos e científicos que têm continuidade no Inventário
Florestal e no Manejo Florestal, sendo que o primeiro estuda e desenvolve métodos e
equipamentos de medição e o segundo utiliza estes conhecimentos e equipamentos
juntamente com a teoria estatística de amostragem no levantamento de informações a
Biometria Florestal

campo que são usadas na elaboração, implementação e controle dos planos de


manejo florestal.
Assim, os conteúdos desta divisão resultam de critérios simples,
buscando tornar a obra mais didática e de fácil compreensão.

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Biometria Florestal

2 PADRONIZAÇÃO DOS SÍMBOLOS FLORESTAIS

Ao longo do desenvolvimento da ciência florestal tornou-se necessária a


observação de critérios mínimos comuns na condução de experimentos florestais, a fim
de tornar seus resultados comparáveis, assegurar que fossem conduzidos de mesma
forma (conforme um plano inicial) por diferentes gerações de florestais, que fossem
observados critérios mínimos de investigação, como o emprego de unidades amostrais
testemunhas, entre outras. Desta necessidade foi criada, no ano de 1890, em Viena, a
International Union of Forest Research Organization (IUFRO).
A IUFRO, preocupada em facilitar a comunicação técnica e homogeneizar
símbolos para as variáveis dendrométricas, evitando confusão nos meios técnicos e
dificuldades na interpretação de resultados originados em diferentes regiões e/ou
publicações de diferentes autores, nomeou, em 1953, uma comissão especial para
estudar e elaborar uma padronização de símbolos dendrométricos. As recomendações
dessa comissão foram aceitas pelo plenário do Congresso da IUFRO, em 1956,
realizado em Oxford e, a partir de então, são usadas para definir as variáveis
dendrométricas (Van Soest et al, 1959). Finger e Schneider (1988) as reproduziram e
elas são a seguir, transcritas.

2.1 Símbolos de uso geral

A simbologia para uso geral na mensuração florestal, de acordo com a


recomendação da IUFRO, é apresentada na Tabela 1.
Os símbolos são grafados em letras minúsculas, pois designam a variável
dendrométrica da árvore. A grafia em letras maiúsculas deve ser reservada para
indicar o total por unidade de área (Ex: V = volume por hectare, ou o total da população
em esquemas amostrais).
Nos casos em que seja necessário, para melhor identificar uma posição
de medição ou situação específica, deve-se incluir complementações aos símbolos
gerais, escritos conforme apresentados nas Tabelas 2 e seguintes.

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Biometria Florestal

TABELA 1 - Relação de símbolos gerais para uso na mensuração florestal

Símbolos Significado

c circunferência
d diâmetro
f fator forma
g área basal a 1,30m
h Altura
i incremento
k quociente de forma
n Número (de árvores, anos, etc...)
p incremento em percentagem
t Idade
v Volume

Em alguns casos, podem ser adicionados sinais gráficos ou subscritos


numéricos aos símbolos gerais, com a finalidade de tornar menos complexa a
simbologia. Por exemplo, para expressar o incremento em diâmetro “ id ” entre as

idades de 10 e 15 anos, pode-se usar o símbolo i d10 −15 ou i d . A simbologia i d10 −15

apesar de clara, pode se tornar inconveniente quando em fórmulas matemáticas.


Entretanto, a forma alternativa i d pode se tornar ineficiente e complexa se houver

necessidade de muitos sinais gráficos para representar as variáveis. Ex.: i d , id xv

É recomendado ainda que as publicações, mesmo com pequeno número


de símbolos, devem relacionar, em apêndice e independente de qualquer menção no
texto, os símbolos utilizados, bem como a descrição precisa de seu significado.

2.2 Símbolos para definir a circunferência, diâmetro e área basal ao nível do peito

A mensuração de variáveis ao nível do peito refere–se, para os países


que utilizam o sistema métrico, a um ponto ao longo do eixo da árvore distante 1,30
metros em relação ao nível médio do solo.

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Biometria Florestal

Os símbolos usados para a circunferência, diâmetro e área basal ao nível


do peito são respectivamente c, d, g. Quando houver necessidade de tomar essas
medidas em posição diferente a 1,30 m ou para definir uma grandeza específica dessa
variável, são adicionados subscritos à direita do símbolo, conforme exemplificado nas
Tabelas 2 e 3.

TABELA 2 - Símbolos para definir circunferência, diâmetro e área basal ao nível


de 1,30 m do nível médio do solo

Símbolos Significado

c circunferência ao nível de 1,30m de altura


d diâmetro a 1,30 metro de altura
dg diâmetro da árvore de área basal média

d diâmetro médio aritmético


dM diâmetro da árvore mediana

dgM diâmetro da árvore com área basal mediana

d + e d− diâmetro das árvores de HOHENADL


g área basal a 1,30m de altura

TABELA 3 - Símbolos para definir diâmetro em posições diferentes de 1,30 m do


nível médio do solo

Símbolos Significado

d0,7h diâmetro tomado a 70% da altura total

d0,5h diâmetro tomado a 50% da altura total

d0,3h diâmetro tomado a 30% da altura total

d0,2h diâmetro tomado a 20% da altura total

d0,1h diâmetro tomado a 10% da altura total

d6 diâmetro tomado a 6 m de altura

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Biometria Florestal

2.3 Símbolos para definir a altura de árvores

Os símbolos empregados para representar as alturas médias são


definidos pela letra h e subscritos conforme a Tabela 4.
A altura é definida como a distância linear tomada ao longo do eixo da
árvore desde o nível médio do solo até a extremidade da copa. Essa medida se refere
à altura total da árvore, sendo simbolizada por “h”. De forma análoga ao diâmetro
quando da necessidade de especificar outra posição, ou uma forma de cálculo
específica, são empregados subscritos conforme a Tabela 4.

TABELA 4 - Símbolos para definir altura

Símbolos Significado

h altura total da árvore.


* hf altura formal de Pressler.

hL altura média segundo Lorey.

h altura média aritmética.


hg altura da árvore de área basal média.

hd altura da árvore de diâmetro médio aritmético.

hdM altura correspondente à árvore de diâmetro mediana.

hgM altura da árvore de área basal mediana.

hdom altura média das árvores dominantes.


também denominada altura dominante.
*hØ altura dominante de Weise.

* h100 altura dominante de Assmann.


* Símbolos tradicionais usados nos dias atuais, mas que não se encontram na norma da IUFRO de 1956.

2.4 Símbolos para definir cociente de forma e volume

O cociente de forma é simbolizado pela letra K e especificado por


subscritos conforme apresentado na Tabela 5. O volume de árvores é simbolizado pela

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Biometria Florestal

letra v e os subscritos indicam o tipo de volume a que se referem conforme mostra a


Tabela 6.

TABELA 5 - Símbolos para definir cociente de forma

Símbolos Significado

K cociente de forma artificial baseado no diâmetro à metade da


altura total ( d0,5h ) e no diâmetro a 1,30 m de altura.

K 6 / 1,3 cociente de forma artificial baseado nos diâmetros a 6 m e 1,30


m de altura.
K 0,5h / 0,1h cociente de forma verdadeiro baseado nos diâmetros 0,5h
( d0,5h ) e 0,1h ( d 0,1h ).
Ka cociente de forma absoluto.

TABELA 6 - Símbolos para definir volume

Símbolos Significado

V volume total do tronco, desde o solo até o ápice, sem


considerar a madeira dos galhos. Caso não seja indicado é
considerado como volume com casca.
v7 volume do tronco até o diâmetro mínimo de 7 cm.

vb volume total da árvore, incluindo a madeira dos galhos.

v 7b volume de madeira até o diâmetro mínimo de 7 cm, incluindo os


galhos até esse limite.
va volume total dos galhos de uma árvore.

v 7a volume dos galhos com mais de 7 cm de diâmetro.

As medições sem casca são, muitas vezes, indicadas com o subscrito “s”
e o respectivo símbolo, como apresentado na Tabela 7.

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Biometria Florestal

TABELA 7 - Representação de variável sem casca

Símbolo Significado

ds diâmetro sem casca.

gs área basal sem casca.

vs volume total sem casca.

2.5 Símbolos para definir o fator de forma

O fator de forma, segundo o volume que o define, é expresso conforme


apresentado na Tabela 8.

TABELA 8 - Símbolos para definir fator de forma

Símbolos Significado

f fator de forma artificial.


f7 fator de forma artificial para volume v 7 .
fb fator de forma artificial para volume v b .

f 7b fator de forma artificial para volume v 7b .

f0,1h fator de forma verdadeiro ou de Hohenadl.


NOTA: O símbolo original usado para variável sem casca é a letra “u“, originado do idioma alemão “ungeschelt “, que
por razão de associação foi aqui alterada para “s“.

2.6 Símbolos para definir incremento

O incremento ou crescimento dentro de um período determinado é


simbolizado pela letra “i” e subscrito de acordo com o apresentado na Tabela 9.
Alguns símbolos sugeridos apresentam casas decimais. Neles pode ser
usado o ponto decimal (0.1h) ou a vírgula (0,1h) sem prejuízo algum. Naturalmente
que, depois de escolhida uma das formas, esta deve ser seguida até o final do
trabalho.

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Biometria Florestal

TABELA 9 - Símbolos para definir incremento

Símbolos Significado
i incremento anual de uma árvore.
I incremento anual por unidade de área.
_ incremento médio aritmético de “n” árvores em um ano.
i
i10 −15 incremento periódico anual de uma árvore entre as idades de
10 e 15 anos.
i10 −15 incremento periódico de uma árvore entre as idades de 10 e
15 anos.
id incremento anual de diâmetro da árvore.

ig incremento anual de área basal da árvore.

iv incremento anual do volume da árvore.

i v 7b incremento anual de madeira do fuste e galhos até 7 cm de


diâmetro.
Iv 7b10 − 20 incremento periódico anual de fuste e galhos até 7 cm de
diâmetro, entre as idades de 10 e 20 anos, por unidade de
área.
P incremento percentual.

2.7 Considerações gerais

O uso de uma simbologia única para a notação de elementos


dendrométricos é, sem dúvida, uma necessidade geral.
As recomendações aprovadas para esse fim pela IUFRO, em 1956, são
de grande importância e deveriam ser seguidas por todos os técnicos, entretanto, hoje
se sente a necessidade de que essas recomendações sejam atualizadas para que
acompanhem as mudanças ocorridas nesse período. Como exemplo disso cita-se a
omissão da simbologia atualmente empregada para denotar o incremento médio e
corrente anual. Trata-se das abreviaturas ICA para incremento corrente anual, e IMA
para o incremento médio anual. O mesmo ocorre no idioma inglês, com CAI (current
annual increment) e MAI (mean annual incement), e no alemão, com dGZ
(durchnittlicherGesamtZuwachs) e lGZ (laufenderGesamtZuachs).

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3 ESTIMADOR, PRECISÃO, ACURACIDADE E


ARREDONDAMENTO DE NÚMEROS

Ao se realizar uma medição é necessário observar, além da técnica de


mensuração, os critérios de registro, armazenamento de dados e do resultado de
cálculo.
Quando for realizada uma medição qualquer, como, por exemplo, do
diâmetro de uma árvore, diz-se que a medição será mais acurada quanto maior for a
aproximação do valor obtido em relação ao verdadeiro diâmetro da árvore.
Por outro lado, um grupo de alunos ao realizar a medição do diâmetro
dessa árvore, de forma independente um do outro, obterá uma série de valores dos
quais é calculada a média, ou seja, o estimador do verdadeiro valor do diâmetro e o
desvio padrão entre essas medidas. Assim, diz-se que o estimador será mais preciso
quanto menor for a variação encontrada entre as medidas tomadas. Desta forma, o
termo precisão fica vinculado à variação encontrada em uma amostra ou a uma série
de medidas de uma grandeza em relação a sua média. O termo precisão é
empregado, ainda, para designar as subdivisões de uma escala de medição; como, por
exemplo, a subdivisão em milímetros de uma régua e o número de casas de uma
balança digital.
O termo estimador refere-se ao valor que representa ou estima o
verdadeiro valor, ou seja, o parâmetro resultante da medição de todos os indivíduos
que compõem uma população qualquer.
O estimador deve conter as seguintes qualidades:
a) Justeza ou também dito não tendencioso, sem vício, sem viés ou não
viesado: refere-se ao estimador que tem sua média igual ao parâmetro populacional θ;
b) Consistência ou coerência: quando, além de justo, sua variância tende
a zero, quando o número de observações é suficientemente grande; isto é n → . Em
outras palavras, o erro de estimação torna-se pequeno quando for extraída uma
amostra suficientemente grande;

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c) Eficiência: refere-se à variância entre dois estimadores de um mesmo


parâmetro. Se a1 e a2 são estimadores de θ, será mais eficiente aquele que tiver menor
variância.

3.1 Número de casas decimais

Os valores registrados durante uma medição devem obedecer ao critério


estabelecido e estar de acordo com a escala do aparelho empregado, sendo incorreto
registrar mais dígitos do que os efetivamente observados na escala de medição. Por
exemplo, um aparelho com escala em metros permitirá a obtenção de valores inteiros (
8 m , 9 m, 10 m) e não fornecerá acuracidade suficiente para valores em decímetros,
centímetros e milímetros, como, por exemplo, 8,131 m.
Também deve ser evitado o registro de mais dígitos do que foi
efetivamente lido, pois se a medição for feita de metro em metro, o registro do valor
de 8,0 será uma precisão inexistente e levará a pensar que não se tratava de 8,1 m ou
8,2 m, quando, na realidade, foi observado somente valor inteiro. De forma análoga, é
incorreto omitir o zero significante quando estiver indicando a precisão de medição;
como, por exemplo, em 8,0, pois o valor zero indica a precisão de uma casa decimal
nas leituras.

3.2 Dígitos significantes

Os dígitos significantes são os números lidos da esquerda para a direita,


iniciando com o primeiro número não zero e finalizando com o último, que poderá ser
zero.
Assim, exemplificando, os números 25; 2,5; 0,25 e 0,025 têm todos dois
dígitos significantes e, 25,0; 0,250; e 0,0250 contêm todos três dígitos significantes.
Quando do registro de dados originais e de resultados de cálculos, deve-
se observar a precisão necessária para permitir a comparação de resultados. Por
exemplo, registrar o volume de árvores com duas casas decimais levará a sérios
problemas quando for encontrado entre as árvores uma ou mais com diâmetros e
alturas reduzidos, pois o primeiro dígito significante poderá estar na terceira ou quarta
casa após a vírgula. Considere, por exemplo, uma árvore ou uma secção do tronco
com diâmetro de 5,0 cm, altura de 2,5 m e fator de forma igual a 0,6. O volume

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calculado será 0,00294 m³, aparecendo, então, o primeiro dígito significante na terceira
casa decimal.

3.3 Arredondamento de dígitos

Após definir o número de dígitos a serem registrados, devem ser


consideradas as seguintes situações:
a) Se o número a ser cortado representar menos do que a metade da
unidade do último dígito a permanecer, o dígito precedente não se altera. Ex:
93,12 → 93,1.
b) Se o número a ser cortado representar mais do que a metade da
unidade do último dígito a permanecer, o dígito precedente é aumentado de um.
Ex: 93,77 → 93,8.
c) Se o número a ser cortado for igual à metade, deve ser observada a
Portaria no 36 de 6 de agosto de 1965, do Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO).
De acordo com essa Portaria, neste caso, deve ser considerado o número precedente.
Se ímpar, altera-se o valor para mais; se par, não se altera o valor.
Assim, caso o número precedente seja par, não se aumenta em uma
unidade, sendo registrado conforme o exemplo: 93,45 → 93,4.
Caso o número precedente seja ímpar, este será aumentado em uma
unidade, sendo registrado conforme o exemplo: 93,35 → 93,4.

3.4 Apresentação de resultados

Embora os cálculos devam ser efetuados mantendo-se um número


conveniente de casas decimais para que não seja perdida precisão e, mesmo
considerando que, se realizado em computador, em que o número de casas decimais é
internamente maior do que as apresentadas na tela quando da apresentação dos
resultados, deve-se considerar as regras de arredondamento de dados e apresentar os
resultados com um número de casas decimais conveniente, observando-se os critérios
de precisão e de racionalidade.
Assim, por exemplo, o resultado do cálculo do volume de madeira
estocado em um hectare de floresta poderá ser 435,1255486 m³. Logicamente que
indicar como resultado o número conforme apresentado não faz nenhum sentido, pois

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Biometria Florestal

ninguém conseguirá medir esta precisão, sete casas decimais. Deve-se proceder ao
arredondamento do número, registrando-o com uma casa decimal.
Seguindo o mesmo raciocínio, sugere-se que as demais variáveis
dendrométricas devam ter os resultados apresentados conforme indicado na Tabela
10.

TABELA 10 - Número de casas decimais para a apresentação de resultados das


variáveis dendrométricas

Variável Nº de casas decimais

Diâmetro 1
Altura 1
Volume da árvore 4
Volume por unidade de área 1
Área basal da árvore 4
Área basal por unidade de área 1
Fator forma 4
Cociente de forma 4
Fator casca 4

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Biometria Florestal

4 MEDIÇÕES FLORESTAIS

Sendo a biometria, por definição, a parte da ciência florestal que trata das
medições das árvores, com o objetivo de avaliar os seus volumes e estudar as leis que
regem o seu crescimento ao longo do tempo, fica implícita a necessidade de se conhecer,
com precisão, as estimativas do diâmetro, altura, espessura de casca, fator de forma etc.
A busca dessas informações tem levado os florestais a melhorarem,
adaptarem e desenvolverem aparelhos e instrumentos específicos capazes de
fornecerem as variáveis desejadas com maior precisão, menor custo, no menor espaço
de tempo e com segurança.
Desse modo, existe uma variedade de dendrômetros utilizados nas
medições florestais, dentre os quais pode se destacar as sutas, as fitas dendrométricas,
os hipsômetros, os relascópios de Bitterlich e os medidores de casca, entre outros.
O emprego de um ou outro dendrômetro depende do estudo a ser realizado,
da precisão e da rapidez desejada nas medições, dos recursos disponíveis, bem como
das características da floresta.
Caso não existam instrumentos disponíveis, o Engenheiro Florestal, quando
pertinente, deverá usar sua criatividade e construir um instrumento capaz de solucionar o
problema. Por esse motivo, também são apresentados aqui, os princípios matemáticos
empregados na sua constituição.

4.1 O diâmetro das árvores

O diâmetro consiste na medida de comprimento de uma linha reta que,


passando através do centro de um círculo ou esfera, termina ao atingir seus limites
externos.
As medidas mais comuns de diâmetro requeridas na atividade florestal são
feitas sobre a porção lenhosa das árvores: o tronco principal de uma árvore em pé, seus
galhos ou porções cortadas. A importância básica na medição dessa variável é que se

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Biometria Florestal

trata de uma dimensão diretamente mensurável, a partir da qual se pode calcular a área
da secção transversal e o volume de uma árvore.

4.1.1 Ponto de medição

O ponto de medição do diâmetro em árvores em pé é definido como o


diâmetro medido à altura do peito, ou seja, distante 1,30 m a partir do nível do solo.
O diâmetro medido a esta altura é denominado de “diâmetro à altura do
peito“, simbolizado por “d” (IUFRO), mas também grafado na bibliografia por DAP ou dap,
e expresso em cm. O ponto de medição do dap não é o mesmo em todos os países, em
decorrência do sistema de medição utilizado, advindo daí certa dificuldade de comparar a
área basal em nível internacional.

TABELA 11 - Altura de medição dos diâmetros (altura do peito) conforme o país de


origem

País Altura de medição (m)

Países que usam o sistema métrico 1,30


Estados Unidos e Canadá .............. 1,37
Inglaterra ......................................... 1,29
Japão .............................................. 1,25

Os diâmetros também podem ser medidos em posições diferentes, conforme


a necessidade do estudo. Nestes casos não serão chamados de diâmetro à altura do
peito, como, por exemplo, a medida d0,1h que será referenciada como diâmetro a 10% da

altura total.
Em terrenos planos a posição para a tomada do dap é facilmente
determinada, conforme mostra a Figura 1a. Já em terrenos inclinados (Figura 1b), esta
posição é determinada pelo nível médio do solo, tomando a distância de 1,3 m ao longo
do eixo da árvore. Nesta mesma situação, pode-se tomar como ponto de referência a
parte superior do declive, pois, segundo seus defensores, corresponde à altura do toco
após o abate.

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Biometria Florestal

A determinação do ponto de medição do dap, de acordo com o tipo de fuste


que será mensurado seguirá o esquema da Figura 2.
Quando o tronco apresentar alguma irregularidade à altura do peito (Figura
2-C), deve-se deslocar o ponto de medição para baixo ou para cima, devendo-se optar
pela posição mais próxima da real.

FIGURA 1 - Pontos de referência para medição do diâmetro, em relação ao nível do solo.

A ocorrência de troncos bifurcados abaixo de 1,30 m acarretará a medição


de cada um deles independentemente (Figura 2 D), sendo anotados dois diâmetros como
se tratasse de duas árvores. Entretanto, se a bifurcação ocorrer acima de 1,30 m, a
medição será feita normalmente, considerando-se apenas uma árvore (Figura 2 E). Em
qualquer das situações, considerar a medição de diâmetros cruzados e o emprego da
média para obter o estimador.

FIGURA 2 - Pontos de referência para tomada de diâmetro em troncos irregulares.

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Biometria Florestal

4.1.2 Efeito da forma do tronco na medição do diâmetro

O tronco de uma árvore e as demais partes lenhosas apresentam forma


aproximadamente circular na secção transversal e, para os propósitos de muitas
medições, assume-se essa forma. Contudo, a secção transversal freqüentemente difere
da forma circular e, às vezes, sua excentricidade pode assumir alguma importância.
O principal objetivo na medição do diâmetro do tronco é determinar a área
da secção transversal correspondente ao ponto medido. Quando o tronco apresenta
forma circular, não há problema para determinar a área de secção transversal, sendo um
simples diâmetro ou circunferência suficiente para sua estimativa. Porém, quando a
secção transversal não é circular, o diâmetro não expressará a verdadeira área da
secção. Nesse caso, o problema consiste em encontrar o diâmetro que produz a melhor
aproximação da área real da secção.
Os troncos não circulares, em geral, tendem à forma de uma elipse, embora,
em alguns casos, a secção transversal possa ser completamente irregular. Por esse
motivo, nas medições de diâmetro, são tomados dois diâmetros cruzados (90º),
registrando-se a média. Quando a forma do tronco for elíptica e a média aritmética entre o
maior e menor diâmetro for utilizada como o diâmetro do círculo, resultará numa super-
estimativa da área real da elipse. Nesse caso para obter a área de secção transversal
real, uma melhor estimativa será obtida pelo emprego da média geométrica ( d1 ⋅ d2 ) e

não da média aritmética. Se a periferia de um tronco elíptico for medida e, considerando-


se essa medida como a circunferência de um círculo, o diâmetro deste círculo será maior
do que o diâmetro do círculo cuja área é igual à da elipse.
Muitas pesquisas realizadas objetivam determinar o melhor procedimento
para medição de diâmetros de árvores cujos troncos apresentam formas não circular ou
elíptica, com o fim de detectar áreas de secção transversal exatas. Entretanto, nenhuma
delas mostrou alguma evidência conclusiva para a seleção de algum método válido para
todas as circunstâncias de medição de diâmetro em secções irregulares (Prodan,1965).
Conseqüentemente, na prática, o melhor princípio é usar o procedimento
recomendado para secções elíptica, o qual adquire importância nos casos em que a
maioria dos troncos apresenta forma irregular e elíptica. Para os troncos com forma
circular, a média geométrica e a aritmética são iguais.

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Biometria Florestal

Nas medições de campo em que são medidos grandes números de árvores,


como ocorre no interior das unidades amostrais utilizadas nos inventários florestais, é
usual fazer a média aritmética entre dois diâmetros cruzados e considerá-la como
estimador do verdadeiro diâmetro da árvore.
Considera-se ainda, por motivos de agilidade no trabalho de mensuração,
além da média aritmética, o registro dos valores com arredondamento para o meio
centímetro. Essa estratégia permite ao medidor, após a tomada do segundo diâmetro,
fazer a média mentalmente sem necessidade da exatidão, permitindo que a medição siga
seu fluxo sem interrupções ou retardos. Veja exemplo na Tabela 12.

TABELA 12 - Diâmetros cruzados tomados a 1,3 m do nível do solo e o valor transcrito


para a planilha.

Diâmetros Cruzados _ Arredondamento Registro


d
1 2

10,0 10,0 10,00 10,0 10,0


10,0 10,5 10,25 10,2 10,0
10,0 11,0 10,50 10,5 10,5
10,0 11,5 10,75 10,8 11,0

A aproximação para 0,5 cm, por outro lado, não deverá influenciar na
precisão do diâmetro médio da unidade, pois, conforme descrito pela Lei de Gauss, os
erros de excesso e de falta, em medições sucessivas, tendem a se anular.
No anexo 1, encontra-se o formulário para coleta de informações
dendrométricas em florestas implantadas utilizado pela Engenharia Florestal da UFSM.

4.1.3 Diâmetro da copa

O diâmetro da copa é também uma importante variável, em geral, usada


para estimar o diâmetro à altura do peito, o volume da árvore, bem como serve como
variável independente em modelos de crescimento.

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Biometria Florestal

Sua medição a campo é feita com a projeção dos limites da copa sobre o
terreno, seguida pela medição de “n” raios. O número de raios que permite obter um
estimador consistente do diâmetro da copa depende da sua irregularidade. Em geral, o
emprego de 6 a 8 raios trazem bons resultados.
Para a projeção dos limites da copa sobre o terreno, o medidor pode valer-
se de prismas ou utilizar um clinômetro que permita a determinação do ângulo de 90º.
As determinações do diâmetro da copa nas fotografias aéreas são mais
facilmente realizadas do que as medições das projeções da copa sobre o solo, embora
haja a tendência de que os diâmetros medidos nas fotos sejam, em geral, menores que
os medidos no solo. Isso se deve às partes das copas que não são visíveis nas fotos.
Entretanto, as medições nas fotografias aéreas são provavelmente as melhores medidas
do espaço de crescimento e são bem correlacionadas com a árvore e seu volume.

4.1.4 Aparelhos usados na medição de diâmetro

4.1.4.1 Cálibre ou suta

O cálibre ou suta é, em geral, usado para medir diâmetro quando este for
menor que 60 centímetros. Cálibres de grandes dimensões são incômodos para
transportar e mais difíceis de manusear.
A suta é geralmente construída em alumínio, existindo também exemplares
antigos em ferro ou madeira, apresentando características inerentes ao material como
peso, dureza, resistência às intempéries, entre outras.
De qualquer modo, as características desejáveis de uma suta são:
a) material duro e leve;
b) à prova de intempéries;
c) fácil limpeza;
d) fácil leitura e manuseio.

Na construção de uma suta, deve-se observar as seguintes condições


técnicas:
a) o braço fixo deve ser perpendicular à régua graduada;
b) os dois braços e a régua devem estar num mesmo plano;
c) o braço móvel, no momento da medição, deve manter-se paralelo ao fixo e sem
folga com a barra graduada.
19
Biometria Florestal

A Figura 3 mostra o desenho esquemático de uma suta.

FIGURA 3 - Desenho esquemático de uma suta.

Nas medições, a suta é colocada perpendicularmente ao tronco da árvore, à


altura de 1,30 m em relação ao solo. A pressão exercida no braço móvel deve ser de
mesma intensidade para todos os troncos, pois desta pressão poderá decorrer um maior
afundamento da casca e conseqüentemente, um erro na medição do diâmetro. Em geral,
faz-se duas medições cruzadas do diâmetro e, após, obtém-se a média.

4.1.4.2 Suta finlandesa

Outro modelo de suta é a finlandesa, que consiste de um arco parabólico


convenientemente graduado e um braço reto. Para a medição do diâmetro, a sua abertura
deve ser colocada em volta da árvore, tão próxima quanto possível, e a leitura feita
através de uma visada paralela ao braço reto do calibre, tangenciando o tronco (Figura 4).

FIGURA 4 - Desenho esquemático de uma suta finlandesa.

20
Biometria Florestal

O emprego dessa suta é especialmente vantajoso quando for necessário


obter diâmetros do fuste em alturas superiores ao dap. Nesses casos, a suta finlandesa é
acoplada a uma vara graduada, conforme mostrado na Figura 5.

FIGURA 5 - Medição com a suta finlandesa em alturas superiores ao dap.

4.1.2.3 Suta de Bitterlich

Consiste de um instrumento com um braço reto e um arco parabólico, em


cuja face interna está gravada a escala de medição (Figura 6). A escala está dividida em
duas partes. Na superior, lê-se o diâmetro em cm e, na face inferior, a área basal
correspondente ou, em alguns modelos, o número de árvores.
A leitura na escala é feita fazendo-se a mira a partir de uma agulha
localizada na extremidade do braço reto da suta e o bordo da casca da árvore em seu
lado direito.

21
Biometria Florestal

FIGURA 6 - Suta de Bitterlich.

4.1.4.4 Fitas

As fitas são de dois tipos, conforme a escala de medição que apresentam.


A fita métrica consiste de uma fita flexível, graduada em centímetros (fita de
costureira), com a qual se obtém a circunferência em centímetros.
Quando a circunferência é medida a 1,30 m, denomina-se circunferência à
altura do peito e é simbolizada por c ou cap.
Para obter o diâmetro a partir da circunferência, divide-se o seu valor por π,
ou seja:
d=c π

Outro tipo de fita é a diamétrica. Essa é uma fita flexível, normalmente


graduada em centímetros no bordo superior e em múltiplos de π no inferior. Desta forma,
pode ser lida a circunferência (c) ou diretamente o valor do diâmetro (d) com o mesmo
instrumento.

22
Biometria Florestal

4.1.4.5 Vara de Biltmore

Este aparelho consiste de uma régua com graduação especial para a


determinação do diâmetro da árvore a partir de um ponto de tangência à circunferência da
árvore.
Para a determinação do diâmetro, deve-se encostar a vara
perpendicularmente ao eixo da árvore de tal modo que a origem da graduação coincida
com a linha de visada, tangente ao tronco.
A leitura da tangente que passa pelo outro lado indica o valor do diâmetro.
A graduação da escala de determinação é dada por:

d2.L
S=
L+d

Onde : S = graduação da régua;


L = distância entre o olho do observador e o ponto de medição
(aproximadamente o comprimento do braço do observador);
d = diâmetro da árvore.

A Figura 7 mostra o desenho esquemático do tronco de uma árvore sendo


medido com uma vara de Biltmore.

FIGURA 7 - Esquema da medição de diâmetro com a Vara de Biltmore.

Como o comprimento do braço varia com o observador, a vara de Biltmore é


mais empregada para estimativas rápidas de diâmetro e não para medições exatas.

23
Biometria Florestal

A dificuldade de operação é fazer as duas visadas e segurar a régua sem


mover a cabeça.
A não observância da perpendicularidade da régua, em relação ao eixo da
árvore, bem como a variação das visadas, a declividade do terreno e a excentricidade da
árvore geram erros expressivos.

4.1.4.6 Suta eletrônica

A suta eletrônica é igual a suta comum, construída em alumínio e plástico, mas


oferece a vantagem de armazenar o diâmetro da árvore de forma digital (Figura 8).
Trata-se, então, de um sistema eletrônico capaz de armazenar os diâmetros
medidos bem como outras informações da árvore, como, por exemplo, a altura, posição
sociológica, qualidade do tronco. Para tal, deve-se programar o computador da suta para
solicitar a entrada das informações desejadas já a partir dos dados de identificação da
unidade amostral. As informações armazenadas podem, posteriormente, serem
transmitida para o computador central.

FIGURA 8 – Suta eletrônica.

4.1.4.7 Relascópio de espelho

Os relascópios servem, entre outras funções, para determinar os diâmetros


a diferentes alturas da árvore a partir de distâncias previamente determinadas.

24
Biometria Florestal

Em razão da importância do tema e versatilidade do Relascópio este será


abordado num capítulo especial (Veja cap.10 - Relascopia).

4.1.7 Principais erros de medição na determinação de diâmetros

Os principais erros nas medições de diâmetros, segundo Loetsch et al.


(1973), devem-se à inclinação da suta e pela não observância da altura de medição.
A inclinação da suta pode ocorrer em dois planos:
a) A barra de medição da suta toca a marca de 1,30 m, mas os braços da suta
estão desviados da horizontal, conforme mostra a Figura 9;

FIGURA 9 - Medição incorreta do diâmetro devido a inclinação da suta.

b) A barra graduada está no ponto exato (1,30 m), porém inclinada, fazendo
com que um braço da suta esteja abaixo e o outro acima de 1,30 m, como mostra a
Figura 10.

25
Biometria Florestal

FIGURA 10 - Medição incorreta do diâmetro devido à inclinação da suta.

O mesmo efeito é obtido quando a árvore tem o tronco inclinado e a suta é


posicionada horizontalmente (plano horizontal).
O erro causado pela não observância da altura de medição a 1,30 m é,
geralmente causado pela fadiga e comumente ocorre no final da jornada de trabalho. A
Figura 11 representa esse tipo de situação, bem como sua conseqüência.

FIGURA 11 - Erros na determinação do volume pela medição do diâmetro em altura


incorreta.

26
Biometria Florestal

4.2 A altura das árvores

A altura, tal como o diâmetro, é uma característica importante da árvore e/ou


povoamento, necessária para a determinação do volume.
A altura de uma árvore, na sua expressão mais simples, é definida como a distância
linear entre o nível do solo e o ápice (altura total). No entanto, podem ser definidas
outras alturas ao longo do tronco, dependendo do tipo de estudo a ser realizado.
A variável altura adquire também importância fundamental no estudo de sítios, ou seja,
quando se deseja conhecer o comportamento de uma espécie em um determinado
local, ao longo do tempo. Para o manejo florestal, é importante o conhecimento desta
variável, pois traduz as respostas em crescimento das árvores segundo os fatores do
meio em que vegetam.

4.2.1 Tipos de altura

De acordo com o demonstrado na Figura 12, podem ser definidas as


seguintes alturas teóricas:

a) Altura total: é a distância tomada ao longo do eixo da árvore compreendida entre o


nível do solo e o seu ápice ou a extremidade superior da copa;

b) Altura do fuste: é a distância tomada ao longo do eixo da árvore definida entre a


superfície do solo e a base da copa;

c) Altura comercial: é a distância tomada ao longo do eixo da árvore, entre o nível do


solo e a porção superior utilizável do tronco. Esta porção é determinada por bifurcação,
galhos de grande porte, tortuosidade, forma irregular, defeitos ou por um diâmetro
mínimo utilizável. O diâmetro mínimo utilizável é variável de acordo com o uso da
madeira, com as condições de mercado e com o tipo de equipamento disponível na
indústria. Assim, por exemplo, o diâmetro mínimo para uso na produção de celulose, na
indústria “A”, é 7 cm sem casca e, na indústria “B” é 4 cm. Já o diâmetro mínimo para
serraria é 12 cm na indústria “C’’;

27
Biometria Florestal

d) Altura dominante: é a altura média das árvores mais altas de um povoamento.


Segundo cada autor que a definiu, terá diferentes formas de cálculo e interpretação
(veja capítulo 11.2.6);

e) Altura do primeiro galho vivo: é a distância tomada ao longo do eixo da árvore, entre
o nível do solo e o ponto de inserção do primeiro galho vivo;

f) Altura do toco: é a distância entre a superfície do solo e a porção do tronco deixada


no campo após o corte da árvore;

g) Comprimento comercial: é a distância, ao longo do eixo da árvore, entre a altura do


toco e a última porção utilizável do tronco;

h) Comprimento de defeito: é a soma das porções de comprimento comercial que não


podem ser usadas devido a defeitos;

i) Comprimento comercial líquido: é igual ao comprimento comercial menos o


comprimento defeito;

j) Comprimento da copa: é a distância ao longo do eixo da árvore, entre o ponto de


inserção e a extremidade superior da copa.

28
Biometria Florestal

FIGURA 12 - As alturas de uma árvore e as classificações de comprimento

4.2.2 Medição da altura

De modo geral, os processos de medição de altura podem ser


classificados em diretos e indiretos.

29
Biometria Florestal

Os processos diretos são aqueles em que o operador se apóia na


habilidade pessoal, a fim de obter estimativas a olho desarmado e sem usar nenhum
instrumento.
Algumas vezes, o operador recorre a uma vara graduada de comprimento
variável, que é encostada à árvore e serve como referencial. Assim, o operador, a
uma distância determinada, efetua a estimativa da altura tendo a vara como unidade de
medida.
A precisão fá-se em função de vários fatores, entre eles a capacidade do
observador em realizar a estimativa, o que decorre de zelo, experiência e da distância
entre o observador e a árvore.
Outros procedimentos para estimar a altura são baseados no uso do
braço e uma vara. Para isso, o observador se afasta da árvore até enquadrá-la no
tamanho da vara conforme o esquema da Figura 13.

Figura 13 - Determinação da altura da árvore com o emprego de um bastão como


referencial.

Sendo oab ≅ oAB

AB oA oA x ab
= logo h = AB =
ab oa oa

Onde: ao = distância horizontal entre o observador e árvore;


Ao = comprimento do braço do observador;

30
Biometria Florestal

Ab = comprimento da vara.

Logo, se ab = 20 cm tem-se:

oA x 20 oA 1 dist.
h= h= . = .
oa oa 5 5 x comp .braço

O emprego de uma vara “ab” com comprimento igual ao comprimento do


braço do observador “ao”, resulta que a altura da árvore será igual à distância do
observador, pois:

oA × ab
h = AB = = oA .
oa

Onde ab = ao;
h = oA = distância do observador à árvore.

A altura da árvore estimada, por exemplo, com um bastão de 20 cm,


ficará determinada dividindo-se a distância horizontal pelo valor correspondente a cinco
vezes o comprimento do braço do observador.
Esses processos tornam-se inviáveis quando se trabalha com um grande
número de árvores, pois, além da menor acuracidade, demanda muito tempo na
procura do ponto ideal de medição.
Os processos indiretos são realizados com o auxílio de aparelhos
chamados dendrômetros e, mais especificamente, de hipsômetros.
Muitas vezes povoamentos jovens ou que apresentam árvores não muito
altas têm as alturas mais facilmente medidas com o emprego de uma régua graduada.
Uma dessas réguas, de grande facilidade de transporte e de manuseio, é a Régua
Altimétrica Retrátil Durkon.
Trata-se de uma régua de alcance total de 6,50 m, composta de quatro
secções quadradas, que podem ser retraídas telescopicamente para 1,80 m (Figura
14).

31
Biometria Florestal

A régua possui janela visora, colocada entre 1,60 e 1,70 m, o que permite
as leituras sempre ao nível dos olhos do operador. As medidas inferiores a 1,80 m são
feitas diretamente na lateral da primeira secção do instrumento.

FIGURA 14 - Detalhe de medição com régua telescópica.

Dentre os aparelhos existentes, muitos são semelhantes quanto ao


princípio de funcionamento, embora difiram quanto a aparência. Mesmo com o grande
número existente no mercado, nenhum reúne as características de um aparelho ideal:
a) fácil e rápido manuseio;
b) grande precisão;
c) baixo custo;
d) longa durabilidade.
Em medições da altura de árvores em pé, não é possível obter resultados
exatos, quer pela natureza do aparelho, quer pela condição do povoamento, onde,
muitas vezes, não é possível visualizar o ápice e a base da árvore com nitidez a partir
de um mesmo ponto.
Bruce e Schumacher (1950), constataram erros entre 0,30 a 0,60 m na
medição das alturas em condições ideais de trabalho.
Nas melhores condições de funcionamento, são esperados erros da
ordem de 1 a 2%.

32
Biometria Florestal

Comparações entre o Blume-Leiss, Haga, Weise e a prancheta


dendrométrica, em povoamentos de Eucalyptus saligna, não mostraram diferença
significativa quando comparados com medições feitas com trenas nas árvores
abatidas.
O princípio do funcionamento dos hipsômetros baseia-se na semelhança
de triângulos (princípio geométrico) ou na tangente de ângulos (princípio
trigonométrico).

4.2.2.1 Aparelhos baseados na semelhança de triângulos

Os instrumentos baseados na semelhança de triângulos são facilmente


construídos, em geral não requerem o conhecimento da medição da distância
horizontal entre o observador e a árvore e, ainda, a altura determinada por aparelhos
deste princípio não é influenciada pela declividade do terreno. Entretanto, os aparelhos
assim construídos precisam ser cuidadosamente manejados, pois somente com uma
mão firme pode-se evitar sérios erros de interpretação, uma vez que em povoamento
denso, é freqüentemente difícil encontrar o ponto de observação desejado para a
medição.

4.2.2.1.1 Hipsômetro de Christen I

É um instrumento simples, de fácil construção e manuseio, usado na


medição de árvores em pé. Tem a vantagem de dispensar a medição da distância
horizontal do observador até a árvore, evitando-se, desse modo, erros de medição das
distâncias.
O instrumento é construído sobre uma régua de madeira, metal ou
acrílico, com comprimento total variável, a qual apresenta uma reentrância de 30 cm,
na qual está gravada a escala para leitura das alturas da árvore, obtidas por cálculos,
como mostra a Figura 15a.
Para a medição da altura da árvore, o operador deve ficar a uma distância
tal que a base e o ápice da árvore estejam perfeitamente encaixados dentro da
reentrância de 30 cm do aparelho (Figura 15b). Nessas condições, a altura será

33
Biometria Florestal

determinada pela interseção do raio visual que, partindo do observador, tangencia a


parte superior de uma vara que serve como escala encostada à árvore. Ainda sob
essas condições, o operador faz a leitura na escala graduada do hipsômetro,
determinando diretamente a altura da árvore.

FIGURA 15 - Medição da altura com hipsômetro de Christen I.

Considerando os triângulos OAB e OA’B’ obtém-se a seguinte relação:

AB OC
=
A 'B' OC'

A semelhança entre os triângulos OAC e OA’C’ permite a seguinte


proporcionalidade:

AC OC
=
A 'C' OC'

Sendo quantidades iguais entre si, tem-se:

AB AC
= ou
A 'B' A 'C'

34
Biometria Florestal

A 'B'×.AC
AB = , portanto:
A 'C'

AC × A 'B'
h = AB =
A 'C'

Observa-se que a altura independe da distância entre o observador e a


árvore. Para esse instrumento, os comprimentos AC e A’B’ são fixos e representam a
altura da vara encostada à árvore (2,0 a 4,0 m) e a reentrância de 0,30 m,
respectivamente. Deve ser observado que quanto menor o comprimento dessa vara,
mais agrupadas estarão as alturas na escala do aparelho, o que traz dificuldades de
gravação, bem como de medição a campo.
Desse modo, a graduação do instrumento, em função da altura da régua,
é obtida através da seguinte expressão:

AC × A 'B' AC × A 'B'
A 'C'= =
AB h

Onde: A’C’ = distância tomada a partir da base da reentrância onde será gravada a
altura;
AC = altura da régua a ser encostada à árvore;
AB = h = altura da árvore;
A’B’ = comprimento da reentrância (0,30 m)

Pela variação da altura AB na equação consegue-se graduar o aparelho,


independente da distância.

35
Biometria Florestal

4.2.2.1.2 Hipsômetro de Christen II

É uma derivação do primeiro modelo, que dispensa o uso da régua


auxiliar encostada na árvore, e , possui uma ranhura a 3 cm da reentrância inferior em
vez de apresentar a escala graduada, para a determinação das alturas, como mostra a
Figura 16a e b.
O princípio de construção é o mesmo do Christen I. Assim, a altura da
árvore fica determinada pela linha de pontaria que, passando pela ranhura do
instrumento, intercepta o tronco em qualquer altura. Esta altura deve ser medida para
determinar a altura da árvore.
A partir das relações dos triângulos semelhantes descritos no Christen I,
tem-se:
AC × A 'B'
h=
A 'C'

Sendo: A’B’ = 30 cm
A’C’ = 3 cm Logo: h = AC × 10 .

Portanto, a altura da árvore é obtida multiplicando-se a altura do ponto


interceptado pelo raio visual no tronco pela constante instrumental 10.
Nesse caso, há necessidade da recorrer a um auxiliar de campo para
marcar o ponto de interseção da linha de visada no tronco da árvore.

4.2.2.1.3 Prancheta dendrométrica

Compõe-se de uma régua de madeira, alumínio ou acrílico, com


comprimento de 30 cm e altura entre 10 a 15 cm.
A leitura das alturas é determinada por um pêndulo colocado no centro da
prancheta, fixado no seu bordo superior. O bordo inferior é graduado em milímetros, a
partir do centro, onde se situa o ponto zero da escala. Quando a prancheta está na
posição horizontal, o pêndulo sobrepõe o ponto zero da escala.

36
Biometria Florestal

FIGURA 16 - Medição da altura com o hipsômetro de Christen II.

A Figura 17 mostra o princípio de construção e funcionamento da


prancheta dendrométrica.

FIGURA 17 - Medição da altura com a prancheta dendrométrica.

37
Biometria Florestal

Observa-se, na Figura 17, que o triângulo EBC é semelhante ao triângulo


ebc, na posição correspondente à visada do ápice da árvore, onde se obtém a seguinte
relação:

BC bc
= ; por tanto,
EC ec

EC × .bc '
BC = .
ec

Onde: BC = altura h1 ;
EC = distância do observador ao objeto;
bc = leitura na escala graduada;
ec = (altura da prancheta).

Sendo ec = 10 cm, EC = leitura na prancheta e OC = D, tem-se:


D
h1 = ⋅ l1 .
10

Ao visar a base da árvore, obtém-se, pelo mesmo raciocínio, a seguinte relação:

EC × ac
AC = .
ec

Sendo A’C’ = l2 = leitura da base do tronco, tem-se:

D
h2 = ⋅ l2
10

Logo, a altura total será determinada adicionando ou subtraindo as alturas


parciais h1 e h2 de acordo com a posição relativa do observador em relação à árvore
(veja Figuras 18,19 e 20), ou seja:

38
Biometria Florestal

h = h1 ± h2

D
h= ⋅ (l1 + l2 )
10

As leituras I1 e I2 devem ser feitas em centímetros e a distância horizontal


(D) em metros, para que a altura da árvore resulte em metros.
Observa-se, neste caso, que a determinação da altura depende da
distância do observador à árvore, sendo pertinente verificar a necessidade de correção
da altura, que ocorre caso a distância entre o observador e a árvore não ser a distância
horizontal. Para maiores esclarecimentos, veja 4.2.2.2.1.

4.2.2.2 Aparelhos baseados em tangentes de ângulos

Os instrumentos baseados na tangente de ângulos são aparelhos que se


operados em condições ideais apresentam estimativas mais confiáveis do que as
obtidas por aparelhos de princípio geométrico e permitem ainda maior rapidez nas
operações a campo.
A altura da árvore será conhecida pelo somatório de duas alturas parciais
e ainda influenciada pela declividade do terreno; a medição da altura só pode ser
realizada com o conhecimento prévio da distância do observador à árvore; e, a
deficiência de luz dentro do povoamento, pode impedir a visada dos objetos e tornar
difícil à determinação ótica das alturas e das distâncias.
Muito embora exista um grande número de hipsômetros deste tipo, o
princípio de funcionamento é o mesmo para todos.
Nestes instrumentos a altura será determinada por duas leituras, sendo
uma na base da árvore e outra no ponto superior desejado, como mostra a Figura 18.

39
Biometria Florestal

FIGURA 18 - Princípio de funcionamento dos aparelhos baseados em tangentes de


ângulos.

Se o aparelho usado for graduado em graus, a altura da árvore será obtida


por:

BC
tg α1 = ; portanto, BC = D ⋅ tg α1 = h1 .
D

CA
Da mesma forma, tg α 2 = ; portanto:, CA = D ⋅ tg ∞ 2 = h2 .
D

Logo, a altura da árvore será dada por:

AB = BC + CA ou seja: h = h1 + h2 ou h = D ⋅ (tg α1 + tg α 2 )

Quando o observador se encontrar em um nível mais baixo que a base da


árvore (aclive), conforme ilustrado na Figura 19, a altura será dada por:

40
Biometria Florestal

AB = D ⋅ (tg α1 − tg α 2 ) , pois:

AB = BC − CA , ou h = h1 − h2

FIGURA 19 - Esquema de medição da altura no aclive.

Para o caso de o observador se encontrar em nível mais elevado do que a


base da árvore (declive), como ilustra a Figura 20, a altura será obtida por:

AB = D.(tg α2 – tg α1), pois:

AB = CA − BC ou h = h2 − h1 .

Para a medição da altura de uma árvore situada em terreno plano, aclive ou


declive, deve-se usar a seguinte regra geral: quando as leituras do ápice ( l1 ) e da base
( l2 ) forem obtidas em lados opostos de zero, na escala do aparelho, somam-se as
leituras; quando as leituras do ápice e da base forem obtidas de um mesmo lado, isto

41
Biometria Florestal

é, l1 e l2 à direita de zero (ambas positivas), ou l1 e l2 à esquerda de zero (ambas


negativas), subtrai-se a menor da maior leitura.

FIGURA 20 - Esquema de medição da altura no declive.

Resumindo, tem-se:

mesmo plano: h = h1 + h2 (leituras em lados opostos de zero);

aclive: h = h1 − h2 (duas leituras à direita de zero);

declive: h = h2 − h1 (duas leituras à esquerda de zero).

Alguns hipsômetros apresentam escalas graduadas em percentagem e


arcos trigonométricos.

A escala percentual é baseada em unidades angulares, representadas pela


razão entre uma unidade vertical e 100 unidades horizontais.

Assim, tem-se:

42
Biometria Florestal

percentagem α
tg α = .
100

Logo, usando-se a escala percentual, a altura é, segundo o esquema da


Figura 14, determinada por:

D
h= ⋅ (percentagem α1 + percentagem α2) .
100

Para as situações apresentadas nas Figuras 19 e 20, usa-se o mesmo


raciocínio.

A escala topográfica (topo ∞) é baseada em unidades angulares


representadas pela razão de uma unidade vertical para 66 unidades horizontais.

Nesse caso, a tg ∞ será:

topo α
tg α =
66

D
h= ⋅ (topo α1 + topo α 2 )
66

4.2.2.2.1 Correção da declividade

Quando se realizam medições em terrenos acidentados (aclive ou declive),


muitas vezes é necessário fazer correções na distância medida.

O efeito da declividade do terreno sobre a distância pode ser facilmente


observado com o seguinte exemplo.

Considere que a linha A, B e C tem exatamente 8 cm, que a linha A está na


horizontal, e B e C têm ângulos diferentes. Observe que, apesar de todas as três

43
Biometria Florestal

linhas apresentarem uma leitura na régua igual a 8 cm, somente a linha A tem essa
medida. As linhas B e C tem medidas menores, as quais dependem do ângulo de
inclinação, conforme mostra a Figura 21.

Para a correção da distância faz-se uma visada em um ponto junto à árvore


em altura igual à altura do olho do observador e lê-se o ângulo na escala do aparelho.

FIGURA 21 - Variação do valor da distância obtido na trena segundo a variação da


inclinação do terreno.

A correção da distância medida sobre o terreno para a distância horizontal é


então obtida pela multiplicação da distância sobre o terreno pelo co-seno do ângulo de
inclinação, conforme esquema da Figura 22.

44
Biometria Florestal

FIGURA 22- Determinação do ângulo de inclinação do terreno.

Onde: = altura dos olhos do observador; por convenção pode ser usado 1,3 m.

Distância corrigida = distância aparente x cos θ .

Como a altura da árvore é o produto da distância pelas tangentes dos


ângulos de visada, a altura corrigida será:

hcorrigida = haparente × cos θ ,

pois;: h = dist x (tg ∝1 +- tg ∝2) * cos θ .

A interpretação da Tabela 13 permite verificar que, para uma mesma


declividade do terreno (supondo esse efeito na determinação da distância), quanto
maior for a diferença entre a altura real e a medida, maior será a altura da árvore
considerada. Da mesma forma, maior será esta diferença com o aumento da
declividade do terreno.

45
Biometria Florestal

TABELA 13 - Altura de árvores corrigidas para diferentes graus de declividade do


terreno.

Declividade Altura (m)

graus % cos θ 13,00 25,00 40,00

1 1,74 0,999 12,98 24,97 39,96

3 5,24 0,998 12,97 24,95 39,92

5 8,75 0,996 12,95 24,90 39,84

7 12,28 0,992 12,89 24,80 39,68

9 15,84 0,987 12,83 24,67 39,48

12 21,26 0,978 12,72 24,45 39,13

15 26,80 0,966 12,56 24,15 38,64

25 46,63 0,906 11,78 22,66 36,25

Assim, ao tomar a medida da altura, o observador deve avaliar a


necessidade da correção do efeito da declividade do terreno sobre a medição da
distância e, caso necessário, fazer a correção do valor obtido. Para fins de
padronização de procedimentos, efetuar sempre a correção da distância toda vez que o
terreno apresentar declividade superior a 8º, situação que provocará um erro de cerca
de 40 cm da distância ou na altura calculada.

Como regra geral, o operador deve, ainda, para obter maior precisão devido
a melhor visualização da árvore e menor erro de operação (menor inclinação do
aparelho), medir a árvore a uma distância no mínimo igual à altura da mesma.

Por exemplo, considerando-se:

- Leitura na base da árvore = +29%;

- Leitura no ápice da árvore = -23%;

46
Biometria Florestal

- Distância sobre terreno = 25m; e

- Declividade = 9° = 15,84%;

a altura da árvore será:

29 23 52
+ = = 0,52
100 100 100

0,25 m × 25 m = 13,0m altura medida

Considerando o limite de 8º para a correção da declividade, tem-se:

Sendo: 45º -------- 100% de declividade

Cos 9° = 0,9877

Altura corrigida = Cos θ ⋅ h

= 0,9877x13

= 12,84 m 12,8 m

O mesmo resultado será obtido ao fazer a correção da declividade


multiplicando-se a distância medida sobre o terreno por cos ∞ .

0,9877 x 25 = 24,69 m

29 23
+ = 0,52 0,52 x 24,69 m = 12,8 m.
100 100

47
Biometria Florestal

4.2.2.2.2 Clinômetro ou Nível de Abney

É um nível refletor, resistente e prático, conhecido como altímetro de bolso.


Constituí-se basicamente de um tubo metálico de secção quadrada, através do qual se
efetuam as visadas do ápice e base da árvore. As leituras são feitas sobre o arco
graduado de 0 a 90 graus, em ambos os lados de zero. Acoplado ao arco, encontra-se
um vernier para aproximação de 10 minutos nas medidas angulares. Durante as
visadas, a luneta arrasta, em seu movimento, o círculo vertical com o respectivo
vernier. Preso ao vernier existe um nível de bolha, cuja imagem é projetada para a
objetiva da luneta através de um sistema de espelhos (Figura 23).
Desse modo, ao visar o ápice ou a base da árvore, aciona-se um parafuso
de nivelamento que coloca o vernier exatamente na posição vertical. O ponto exato do
nivelamento é definido pela coincidência da bolha do nível projetada, com o retículo
horizontal da luneta.
A altura da árvore será determinada pelo somatório das tangentes dos
ângulos correspondentes ao ápice e base, multiplicado pela distância horizontal do
observador à árvore.

FIGURA 23 - Clinômetro ou Nível de Abney.

48
Biometria Florestal

4.2.2.2.3 Hipsômetro de Blume-Leiss

Este aparelho é o dendrômetro de maior difusão no meio florestal por causa


de sua precisão, resistência e facilidade de manuseio (Figura 24).
O aparelho fornece diretamente o produto das tangentes dos ângulos
trigonométricos pelas distâncias. Assim, a soma das medições fornece a altura da
árvore.
Na face anterior do aparelho, onde são feitas as leituras, aparecem quatro
escalas métricas (15, 20, 30, e 40 m) e uma em % ou graus, dispostas em arcos como
mostra a Figura 24 a.
Para as distâncias de 15 e 20 metros, as escalas são graduadas com
precisão de 0,5 m; para distâncias de 30 e 40 metros, as escalas são graduadas de
metro em metro.
As leituras ficam determinadas por um pêndulo. Quando o aparelho está na
horizontal, o pêndulo sobrepõe a marca do zero em todas as escalas.
O pêndulo é liberado por um botão situado na parte posterior do aparelho e
preso por um gatilho localizado na parte frontal. O botão e o gatilho devem ser
acionados pelo dedo indicador.
Durante a medição de altura, deve-se ter o cuidado para só prender o
pêndulo quando este estiver sem oscilação.
As leituras só podem ser efetuadas se o operador colocar se exatamente em
uma distância gravada nas escalas (15, 20, 30 ou 40 m) para leitura nas escalas
métricas correspondentes.
Para a determinação dessa distância, o operador recorre a uma mira
auxiliar, específica do aparelho, graduada em 0, 15 e 30 m ou 0, 20 e 40 m na face
posterior (Figura 24 b).
A mira, encostada à árvore, será observada através de um dióptro (lente que
provoca a convergência dos raios luminosos por processo ótico), situado na face
posterior do aparelho.
O operador estará à distância desejada quando o valor zero da mira seja
sobreposto com o valor da distância procurada. Isto ocorre no centro da régua (imagem
virtual), como está representada na Figura 24 c.
O aparelho apresenta, na face posterior, os fatores de correção para a
declividade que devem ser usados segundo a conveniência.
49
Biometria Florestal

FIGURA 24 - Hipsômetro de Blume-Leiss (a), escala (b), e esquema de


determinação ótica da distância (c).

Caso seja utilizada outra distância, a leitura será realizada na 5ª escala em


graus ou %. Esta escala situa-se abaixo das escalas métricas e é apresentada em
graus ou em percentagem, conforme o modelo do aparelho. Seu emprego requer o
cálculo das tangentes dos ângulos, como demonstrado anteriormente, bem como a
determinação da distância entre o observador e a árvore.

4.2.2.2.4 Hipsômetro de Haga

É um instrumento muito semelhante ao Blume-Leiss, no que se referàe sua


construção e princípio de funcionamento.

50
Biometria Florestal

A principal diferença entre os instrumentos reside no mostrador de escalas,


pois o Haga apresenta visível apenas uma escala de cada vez, como mostra a Figura
25.

FIGURA 25 - Hipsômetro de Haga.

Para se efetuar as leituras na escala de distância desejada, basta girar o


eixo hexagonal rotativo, que contém uma escala em cada face (15, 20, 25 e 30 m).
Outra diferença é encontrada na quinta escala do aparelho, que é graduada em
porcentagem e / ou arcos trigonométricos.
Para a determinação da distância horizontal, utiliza-se o sistema ótico. O
aparelho apresenta um telêmetro semelhante ao do Blume-Leiss, diferindo, no entanto,
a mira auxiliar constituída de uma faixa de tecido, em algodão, contendo duas fixas
brancas transversais, em plástico, sendo a superior fixa, e a inferior, móvel.
Sendo a mira composta de material leve, oscila com facilidade em dias com
vento, o que pode dificultar a determinação das distâncias.
Em função das características da mira auxiliar, cuja faixa inferior é móvel,
pode-se determinar qualquer distância a partir da relação entre a distância graduada na
mira e a distância horizontal correspondente. Por regra de três, determina-se a
distância entre as faixas que resulta a distância horizontal desejada.

51
Biometria Florestal

4.2.2.2.5 Hipsômetro de Suunto

É um clinômetro de precisão usado para medir ângulos verticais,


declividades e alturas por meio de leituras diretas em graus ou porcentagem.
O aparelho é resistente, de fácil manejo e compacto, constando de uma
pequena caixa metálica com, aproximadamente, 8 cm de comprimento por 6,5 cm de
altura e 1,5 cm de largura. Possui uma ocular, em cujo interior lê-se duas escalas,
sendo uma graduada de 0 a ± 90 graus e outra de 0 a ± 150% (Figura 26).

FIGURA 26 - Hipsômetro de Suunto.

O aparelho é também disponível com telêmetro, semelhante aos dois


hipsômetros anteriores.
Durante a medição, o hipsômetro é visado por um olho, continuando o outro
aberto para observar o ponto de medição. Por uma ilusão de ótica, a marca interna do
aparelho é projetada para fora e pode ser observada no ponto de medição (base ou
ápice da árvore).
Nesta situação, é feita a leitura e determinada a altura da árvore, a partir da
solução das tangentes dos ângulos, multiplicada pela distância horizontal, como visto

52
Biometria Florestal

anteriormente.
A correção da distância para a projeção horizontal ou diretamente da altura
aparente para a altura corrigida pode ser realizada por redução através do cosseno do
ângulo de inclinação do terreno, conforme demonstrado em 4.2.2.1 ou através de
nomograma (Figura 27 a e b).
Para a correção da altura medida a qualquer distância, através do
nomograma, usa-se uma régua para unir a escala da esquerda (representa o ângulo de
inclinação do terreno em graus) com a escala da direita, a qual representa a altura
aparente (altura medida). A altura corrigida será lida no ponto onde a régua cruza a
escala central.
Para uma distância sobre o terreno de 20,0 m (distância aparente), não é
necessário determinar o ângulo de inclinação do terreno. Usando o nomograma para a
distância de 20,0 m (Figura 27 b) ,entra-se com valor em % lido na base da árvore na
escala da esquerda, e une-se este valor com a altura lida para a árvore. A altura
corrigida ficará também determinada no ponto de cruzamento da régua com a escala
central.

4.2.2.2.6 Hipsômetro Vertex

O hipsômetro Vertex é um aparelho eletrônico de fácil manuseio e alta


precisão. A principal vantagem deste aparelho é poder fazer a medição a qualquer
distância, lendo a altura diretamente no visor do aparelho. Essa possibilidade traz
grande rendimento ao trabalho de campo, pois o medidor só começará a medição
quando se posicionar em um ponto onde visualize tanto a extremidade da copa, como
a posição do dap, não ocorrendo perda de tempo na busca de uma distância fixa que
atenda também as duas condições.
Além disso, o aparelho fornece em seu visor a distância aparente, o ângulo
de inclinação do terreno, a distância corrigida e à altura da árvore, podendo-se repetir
essa operação, de um mesmo local de medição, três vezes.
O Vertex é composto de duas partes, uma que é o próprio aparelho e outra

53
Biometria Florestal

que consiste de um transponder (Figura 28). Para realizar a medição, o transponder é


ligado e colocado a altura do dap da árvore que terá sua altura medida. O observador
fará a mira, vizando o transponder e mantendo o botão vermelho suavemente
pressionado até observar o ponto vermelho, que serve de indicador da mira,
desaparecer e retornar a objetiva de forma pulsante. Nesse momento, o aparelho

54
Biometria Florestal

55
Biometria Florestal

FIGURA 27 - Nomograma para correção da altura.

mostrará, no visor lateral, a distância aparente, o ângulo de visada e a distância


corrigida.
O observador faz nova mira, também pressionando o botão vermelho,
visando a extremidade da copa; até observar que o ponto vermelho desaparece da
objetiva, retornando em seguida. No visor, será registrada a altura da árvore. Essa
medida poderá ser repetida mais duas vezes, caso desejado, sendo registrado no visor
lateral as três medidas.
A altura da árvore é calculada internamente no aparelho pela tangente dos
ângulos 1 e 2, multiplicado pela distância corrigida para a projeção horizontal e
somado ao valor 1,3. Conforme o esquema da Figura 28.

FIGURA 28 - Determinação da altura com o Vertex.

O valor da altura apresentado no visor é resultante de:

56
Biometria Florestal

h = ( tg 1+ tg 2) * distância aparente * cos .

4.2.2.2.7 Principais erros na medição da altura

Em teoria, durante a medição da altura podem ocorrer três tipos de erros,


embora, na prática ,seja difícil separar seus componentes uma vez que suas causas
são simultâneas.
Esses erros segundo Loetsch et al. (1973), podem ser divididos em:
- erros relacionados com o objeto;
- erros relacionados com o instrumento;
- erros relacionados com o observador.

4.2.2.2.7.1 Erros relacionados com o objeto a ser medido

De modo geral, as alturas só podem ser bem definidas se for possível


visualizar, de um mesmo local, o ápice e base da árvore.
s folhosas, em razão da convexidade e, muitas vezes, devido a
heterogeneidade na forma da copa têm geralmente sua altura superestimada, em
decorrência da dificuldade de observação do seu ápice.
Muitas incertezas na medição são causadas pela densidade do povoamento
pois este, muitas vezes, dificulta a visualização do ponto de medição. Também o sub-
bosque pode provocar a diminuição da luminosidade, dificultando a visualização da
base da árvore.

4.2.2.2.7.2 Erro causado pela inclinação da árvore

Caso a árvore que está sendo medida seja inclinada na direção do


observador ou em sentido contrário, a sua altura será superestimada e sub-estimada

57
Biometria Florestal

respectivamente, em decorrência da variação da distância do ponto de visada da copa


e da base da árvore em relação ao observador.
Como exemplo, suponha uma árvore com altura (h) real de 28,0 m e
distância da perpendicular tomada do ponto de projeção da extremidade da copa sobre
o solo à base da mesma seja 3,0 m, como mostra a Figura 29.

FIGURA 29 - Erro na medição da altura, devido à inclinação da árvore.

Sendo A’BA um triângulo retângulo, tem-se:

AB2 = A 'B2 + A 'A 2


A 'B2 = AB2 − A 'A 2
A 'B2 = 282 − 32

A 'B2 = 775
A' B = 27,8 m

Observa-se, portanto, para distâncias do ponto de projeção de copa


menores que 3,0 m e altura igual a 28,0 m, que a altura A 'B não difere muito da

58
Biometria Florestal

verdadeira altura.
Neste caso, a correção da altura pode ser obtida, segundo Husch et al.
(1982), determinando-se o ponto sobre o solo correspondente à projeção do ápice da
árvore e tomando-se esse ponto para a determinação da distância para medição da
altura da árvore.
De outra forma, para determinar a altura correta, mede-se o ângulo de
inclinação Ø e multiplica-se a altura medida pela secante do ângulo conforme mostra a
Figura 30. Na prática, entretanto, o ângulo é difícil de ser obtido.

FIGURA 30 - Correção da medição de altura de árvores inclinadas.

Onde: = ângulo de inclinação e,


h
sec θ =
B
h = B ⋅ (sec θ )

h=B⋅
(% θ )2 +1
100

Consegue-se reduzir o erro de altura devido à inclinação da árvore,

59
Biometria Florestal

efetuando-se a medição de modo que a linha de pontaria seja perpendicular ao plano


vertical que contém a árvore, ou seja, a inclinação da árvore é vista à direita ou à
esquerda do observador.
Caso não seja possível se colocar nessa posição, é conveniente efetuar a
medição de um ponto que se distancie o máximo possível da árvore que se deseja
medir (Figura 31).

FIGURA 31 - Erros de medição da altura da árvore inclinada em função da distância do


observador.

Observa-se que à medida que o observador se distancia da árvore, a altura


medida tende para o valor real da mesma.
Para uma mesma inclinação da árvore, tanto na direção do observador,
quanto em direção contrária, o erro de avaliação é tanto menor quanto mais distante
estiver o observador, conseqüentemente menor será o ângulo de pontaria dado no
hipsômetro.

4.2.2.2.7.3 Erro causado pela forma da copa

60
Biometria Florestal

Em geral, as folhosas, por apresentarem copas de forma convexa, dificultam


a determinação do ponto extremo superior da árvore, acarretando estimativas de altura
maiores do que a real.
No exemplo da Figura 32, verifica-se que em razão da forma da copa ocorre
uma superestimativa da altura quando o observador está na posição A. Verifica-se,
ainda, que à medida que o observador se afasta da árvore este erro vai diminuindo,
pois consegue visualizar melhor o ponto correto para a medição da altura (posição B).
Na posição A, a altura da árvore será h1 (superestimada), e, na posição B, a
altura terá o valor correto “h”.

FIGURA 32 - Erros na medição da altura em função da forma da copa e distância do


observador.

4.2.2.2.7.4 Erros relacionados com o aparelho, com o observador e com fatores que
impedem a visualização da base da árvore

Compreendem todos os erros causados por mal funcionamento do aparelho.

61
Biometria Florestal

Por exemplo, no Blume-Leiss pode ocorrer com o uso continuado, folga no ponto de
inserção do pêndulo, deixando-o fora de centro e, em conseqüência, raspando nas
escalas, não tendo livre movimentação. Outro exemplo que merece menção é a
interferência eletrônica sobre o Vertex ocasionando erros grosseiros na determinação
da distância e alturas. Essa interferência pode ser sentida quando dois aparelhos são
operados próximos um do outro, como em uma unidade amostral.
Os erros relacionados com o observador são aqueles ocasionados pela
tomada de um ponto incorreto de medição onde ocorre uma má visualização da copa
ou base da árvore; pela falta de firmeza nas mãos e/ou treinamento inadequado do
operador, entre outros.
Caso o sub-bosque ou outro fator impeça a observação da base da árvore,
pode-se usar o artifício de visar o tronco a uma altura conhecida, como, por exemplo, o
dap e após acrescer esta altura na medição, como mostra a Figura 33.

h = leitura 1 ± leitura 2 + altura pré-determinada

FIGURA 33 - Erro na determinação da altura em razão da presença de sub-bosque.

62
Biometria Florestal

5 RELAÇÃO ALTURA E DIÂMETRO

A relação altura e diâmetro de uma árvore é, comumente, simbolizada por


“h/d” e denominada “relação hipsométrica”.
No inventário florestal, esta relação é usada para fornecer as alturas de
árvores que tiveram apenas o diâmetro medido, e na determinação de alturas
dominantes.

5.1 Características da relação hipsométrica

A relação hipsométrica, ou relação entre o diâmetro e altura das árvores,


é regulada geneticamente e só tem sentido quando analisada para uma espécie. É
fácil observar que espécies distintas podem ter valores de relação h/d diferentes. Um
Eucalyptus grandis com 20,0 cm de diâmetro alcança facilmente a altura de 27,0 m
(h/d = 27/20 = 135); enquanto o Pinus taeda com o mesmo diâmetro não alcança
19,0 m (h/d = 19,0/20 = 0,95). Assim, a relação hipsométrica para espécies distintas
pode ser representada pela Figura 34.

FIGURA 34- Representação da relação hipsométrica para três espécies florestais .

63
Biometria Florestal

Considerando a mesma espécie, a relação hipsométrica diferencia-se


com a idade. De acordo com as leis naturais, durante o crescimento, a relação
hipsométrica não produz extensões, mas projeta-se em um novo nível. Esse fato
deve ser analisado observando-se a dinâmica do povoamento, pois, com o
crescimento, as árvores finas passam para classes superiores e as árvores das
classes superiores passam para classes mais altas. Esse crescimento se dá também
em diâmetro, porém com velocidade diferente, fazendo com que, para o mesmo
diâmetro, sejam obtidas alturas diferentes (Figura 35).

FIGURA 35 - Representação da variação da relação hipsométrica em povoamento


de diferentes idades.

Ao se observar esta dinâmica durante longo tempo, percebe-se ainda que


as diferenças de níveis entre as curvas das relações hipsométricas vão diminuindo
com o aumento da idade, o que reflete a diminuição do vigor das árvores, ou seja,
na estabilização do crescimento em altura; conforme apresentado na Figura 36,
apresentada por Loetsch et. al, (1973).

64
Biometria Florestal

FIGURA 36 - Característica das curvas hipsométricas de Larix (Larix sp.) e Spruce


(Picea sp.) com a variação do diâmetro.

Onde: h = altura total;


k = altura até o ponto de inserção da copa.

A influência da qualidade do sítio (qualidade do local para o crescimento


de uma espécie) também se reflete na relação hipsométrica.
Considerando florestas de mesma idade, as árvores que crescem em sítio
bom terão maior diâmetro e altura que as de sítio ruim, estando as alturas
distribuídas em níveis diferentes, conforme mostra a Figura 37.

FIGURA 37 - Relação hipsométrica para árvores crescendo em sítio bom e ruim.

65
Biometria Florestal

De forma geral, pode ser demonstrado que a relação hipsométrica


apresenta níveis diferenciados com a idade e qualidade do sítio, mas que a
inclinação desses conjuntos de pontos não difere entre eles.
Considerando que existe uma forte associação entre as variáveis
diâmetro e altura, a relação hipsométrica pode ser descrita por um modelo
matemático de forma linear ou curvilinear, dependendo da espécie e amplitude dos
dados observados.
Sendo, por exemplo, a fórmula geral do modelo que descreve a relação
hipsométrica expressa por:
Y = b0 + b1 ⋅ X ,
onde Y = variável dependente altura;
X = variável dependente diâmetro;
b0 = representa o intercepto; e,

b1 = coeficiente angular;

pode ser demonstrado que o coeficiente b1 não difere estatisticamente para a


mesma espécie em diferentes sítios e idades.
Resultados assim foram relatados por: Sterba (1986), para Picea abies;
por Marschall (1975 apud Sterba,1986), para Abies alba e Picea abies em
povoamentos mistos; por Finger (1991) para Eucalyptus grandis e E. saligna
distribuídos sobre florestas de diferentes idades e sítios; por Coelho e Finger (1997),
para povoamentos de Pinus taeda originados por regeneração natural e por mudas;
e por Finger, Spathelf e Schneider (1999) para Acacia mearnsii .
De acordo com o demonstrado por Sterba (1986) os coeficientes
angulares de uma função de relação hipsométrica apresentam com o aumento da
idade do povoamento somente variação ao acaso, enquanto o intercepto tende a
diminuir (Tabela 14).

66
Biometria Florestal

TABELA 14 - Variação dos coeficientes de intercepto ( b0 ) e angular ( b1 ) em função

da idade (STERBA, 1986)

IDADE b0 b1

35 0,233 0,497
45 0,210 0,501
55 0,194 0,545
65 0,178 0,705
75 0,172 0,659
85 0,168 0,566
95 0,165 0,546
115 0,158 0,677
125 0,156 0,747
135 0,157 0,602

No estudo da relação hipsométrica para povoamento desbastado de


Pinus elliottii, realizado por Glufke (1996) e Glufke, Finger e Schneider (1997), foi
demonstrado que as curvas apresentaram, com o aumento da idade, diferentes
níveis, mas mantiveram a inclinação comum entre elas.
Os resultados mostraram ainda que, em áreas com desbaste
extremamente forte e em idades mais avançadas, a curva mudou a inclinação, não
refletindo mais a realidade fisiológica. Tal fato é explicado pela interferência humana
na seleção das árvores para desbaste e pelo reduzido número de remanescentes
nas unidades amostrais. Por outro lado, no tratamento testemunha sem desbaste e
no tratamento com 25% da área basal desbastada, foi mantida a mesma inclinação
para as curvas de relação hipsométrica em todas as idades (Figura 38).

67
Biometria Florestal

FIGURA 38 - Variação da relação hipsomética de Pinus elliottii com a idade e


tratamento de desbaste.

68
Biometria Florestal

5.2 Determinação das curvas de altura e diâmetro

A determinação de uma relação hipsométrica é importante, pois permite


descrever, com um modelo matemático, a associação entre as variáveis diâmetro e
altura, possibilitando estimar as alturas não medidas na floresta, bem como
determinar alturas para diâmetros médios obtidos por cálculo.
Essa possibilidade também tem um grande significado econômico, pois
permite reduzir o número de alturas medidas durante o inventário florestal, sem
prejuízo de precisão, mas reduzindo sensivelmente o custo da atividade.
O modelo matemático que descreve a relação h/d é, em geral, do tipo
parabólico. Entretanto, para determinar o modelo matemático que descreve a
relação hipsométrica, deve-se testar vários modelos e selecionar aquele de melhor
aplicação, segundo os critérios de seleção de modelos usados em análise de
regressão.
A Tabela 15 apresenta alguns modelos matemáticos que podem ser
usados para descrever a relação altura/diâmetro de árvores.
Segundo Schneider (1986), são suficientes na determinação de uma
relação hipsométrica, em média, 30 a 40 alturas distribuídas em toda a amplitude
diamétrica.
Na relação de altura e diâmetro, evidencia-se a variação biológica, ou
seja, para um diâmetro “X” qualquer se encontra, no povoamento, árvores com
alturas Y1, Y2, Y3.
Dessa forma, quanto maior a heterogeneidade do povoamento, maior
será o erro da equação. Independentemente do número de troncos medidos,
deverão ser tomadas ainda as alturas das árvores dominantes, evitando-se assim a
extrapolação de alturas para as maiores árvores.

69
Biometria Florestal

TABELA 15 - Modelos de relação hipsométrica

Equação MODELOS

01 1
h= + 1,3
(b0 + b1 / d)2
02 1 1
= b0 + b1
h − 1,30 d

03 h − 1,30 = b0 + b1d + b2d2

04 h = b0 + b1d + b2d2
05 h = b0 + b1d + b2d2 + b3d3
06 1
h = b0 + b1
d
07 1 1 1
− 1,30 = b0 + b1 + b2 2
h d d
08 d2
− 1,30 = b0 + b1d + b2d2
h
09 1
log(h − 1,30 ) = b0 + b1
d
10 h − 1,30 = b0 + b1d

11 log h = b0 + b1d

12 h = b0 + b1d

13 log h = b0 + b1 log d

14 log(h − 1,30 ) = b0 + b1 log d

15 log(h − 1,30 ) = b0 + b1 log d + b 2 log2 d

16 d
log(h − 1,30 ) = b0 + b1 log
1+ d

Fonte: Schneider (1986) modificado.

70
Biometria Florestal

Assim, com base no conjunto de pares de dados de altura e diâmetro


medidos na unidade amostral durante o inventário florestal, deve-se pesquisar qual o
modelo matemático que melhor descreve a relação entre essas variáveis. Para isso
,devem ser testados quatro ou cinco modelos, tomando-se o cuidado de selecionar
entre modelos aritméticos, logarítmicos e recíprocos. A decisão entre qual deve ser

escolhido deve-se basear nos critérios de maior Coeficiente de Determinação ( r 2 );


menor Erro Padrão em percentagem da média, e distribuição uniforme dos resíduos.
O modelo matemático, assim selecionado, poderá com segurança fornecer
boas estimativas das alturas das árvores.
A Figura 39 exemplifica o desenvolvimento de cinco modelos matemáticos
para o mesmo conjunto de dados. A simples observação dessa Figura permite
verificar a importância da seleção de um modelo adequado, bem como a
necessidade de se fazer estimativas somente para a amplitude dos dados
observados, evitando extrapolações.

FIGURA 39 - Desenvolvimento de cinco modelos de regressão para o mesmo


conjunto de dados.

71
Biometria Florestal

Exemplificando a aplicação do cálculo, considere a determinação dos


coeficientes de regressão de um modelo linear simples a partir dos dados de
diâmetro e altura (Tabela 16) levantados em uma unidade amostral e o modelo
1
matemático h = + 1,3 .
(β0 + β1 / d)2

TABELA 16 – Pares de dados de diâmetro e altura medidos em uma unidade


amostral.

d (cm) h (m)
8,5 7,0
24,0 23,8
28,5 27,1
. .
. .
.

1º Passo: verificar se o modelo é linear ou se necessita ser transformado.


1
h= + 1,3 modelo está na forma não linear, pois os coeficientes
(β0 + β1 / d)2
não estão na forma aditiva ou subtrativa com potência 1.

Transformando-o para a forma linear, tem-se:

1
a) h − 1,3 = ;
(β0 + β1 / d)2
1
b) h − 1,3 = ;
(β0 + β1 / d)2

1
c) = β0 + β1 / d ;
h − 1,3

72
Biometria Florestal

1
d) = β0 + β1 / d .
h − 1,3

Com o modelo na forma linear é possível escrever que:


1 1
Y = e X =
h − 1,3 d

e o modelo na fórmula geral como: Y = β 0 + β 1 ⋅ X

Para o desenvolvimento do cálculo veja o capítulo 18.

5.3 Paralelismo das curvas de regressão

Como exposto anteriormente, o emprego da relação hipsométrica traz


grande economia de tempo, de recursos humanos e de material para a realização do
inventário florestal, pois permite reduzir substancialmente o tempo de medição da
unidade amostral e o custo de levantamento.
Espera-se para uma espécie florestal, que a relação hipsométrica descrita
por um modelo matemático tenha a mesma inclinação, variando apenas o nível em
função da idade e sítio. É importante lembrar, entretanto, que a intervenção humana,
sob a forma de desbaste na floresta, pode alterar a relação natural entre o diâmetro
e a altura, conforme se observa na Figura 38.
De posse dessas informações e de milhares de pares de dados de
diâmetro e altura distribuídos em centenas de unidades amostrais que cobrem
diferentes idades da floresta e diversos sítios naturais, pode-se investigar a hipótese
de que as curvas de relação hipsométrica tenham coeficiente angular comum, isto é,
que não difiram estatisticamente entre eles.
O teste da hipótese do paralelismo entre as “n” curvas de regressão,
representando cada unidade amostral, é feito por análise de covariância e pode ser

73
Biometria Florestal

facilmente programado em computador, usando-se uma planilha eletrônica ou com o


uso de softwares como o SAS. Para isso, utiliza-se a PROC GLM, declarando a
unidade amostral como CLASS e fazendo a interação da unidade amostral e a
variável independente na declaração MODEL. Para maiores informações, veja SAS
(1986), Freese (1970) ou Kozak (1970). Os dois últimos autores apresentam o
procedimento de cálculo de forma clara permitindo ao leitor a fácil compreensão dos
cálculos.
Sendo a hipótese verdadeira poder-se-á reduzir, ainda mais, o trabalho
durante o inventário florestal, passando-se a medir, nas unidades amostrais, todos
os diâmetros e apenas uma altura. Essa altura será correspondente à árvore de
diâmetro médio, qualquer que seja a sua expressão: diâmetro médio aritmético (d),
diâmetro da árvore de área basal média ( dg ) etc. (para maiores informações veja o

capítulo 11).
Sendo o coeficiente angular da equação de regressão constante, o par de
dados d e h, medidos na árvore média, possibilitará o cálculo do nível em que passa
a curva de relação hipsométrica, conforme o seguinte exemplo.
1
Considerando-se o modelo = b0 + b1 / dap, calculado por Finger
(h − 1,3)
(1991) para Eucaliptus saligna e Eucaliptus grandis e os valores de diâmetro e altura
da árvore média, medidos em uma unidade amostral, respectivamente 24,0 cm e
28,0 m e, sendo o valor do coeficiente angular igual a 1,04909, tem-se:
1 1,04909
= b0 +
(28,0 − 1,30 ) 24,0

b0 = 0,19353-0,04371

b0 = 0,14982 coeficiente de intersecção para a referida unidade

amostral

Para gerar as demais alturas, tem-se, então, o modelo completo:

74
Biometria Florestal

1 1,04909
= 0,14982 +
(28,0 − 1,30) dap

que, por transformação para a forma de estimação da altura em metros, será:

1
h= 2
+ 1,3 .
1,04909
0,14982 +
dap

75
Biometria Florestal

6 ÁREA BASAL

A área da secção de um plano, cortando um tronco de uma árvore à altura do


dap é definida como área de secção transversal ou área basal individual, simbolizada por
“g”.
O somatório das áreas basais de todas as árvores da unidade de área (hectare)
é definido como “área basal por unidade de área” e simbolizado por “G”.
A área basal (G) é uma variável importante, pois é uma medida de densidade
da floresta e é diretamente relacionada com o volume por hectare.
A relação da área basal/ha com a idade é de grande importância, pois pode
servir para a determinação do ponto de estagnação da floresta.
A área basal serve também para indicar, matematicamente, o ponto de máximo
crescimento da espécie em função das condições de solo, espaçamento etc.
Com seu conhecimento, podem ser realizadas avaliações econômicas e
potenciais da floresta. A associação da área basal com a altura e a um fator de forma
permite determinar o volume do povoamento ( V = G . h . f ), ou da própria árvore
( v = g ⋅ h ⋅ f ).

6.1 Determinação da área basal

A determinação da área basal pode ser feita através dos seguintes métodos:
a) Medição direta de todos os diâmetros com cálculo da área basal de cada

árvore expresso em m 2 e somatório das mesmas, expresso em m 2 /há;


b) Por meio de fotografias aéreas (escalas 1:10.000, 1:8.000 ou menor ), nas
quais se procura relacionar o diâmetro da copa com o dap, ou a superfície da copa com a
área basal;
c) Por Relascopia: contagem das árvores em relação a uma determinada banda
ou unidade relascópica, com o uso do relascópio de Bitterlich.

76
Biometria Florestal

6.1.1 Cálculo da área basal

A área basal pode ser rapidamente conhecida pelo emprego das seguintes
fórmulas:

π.d 2 c2
g= ou g=
4 4.π

Onde: g = área de secção transversal em m 2 ;


d = diâmetro ao nível do dap em metro;
c = circunferência à altura do peito em metro.

Os valores de “g” podem também ser encontrados em tabelas específicas,


expressos a partir dos diâmetros em centímetro ou da circunferência.
Com o emprego das fórmulas anteriormente apresentadas, está se
considerando a secção ao nível do dap como circular, entretanto, isso nem sempre a
ocorre. Em espécies do gênero Pinus e Araucaria, esta aproximação é muito boa,
podendo a área basal ser expressa pela superfície do círculo.
Dependendo da natureza do trabalho e da espécie em questão, é conveniente
estudar a forma das secções das árvores.
Quando a espécie estudada apresentar secção elíptica, pode ser conveniente
que o diâmetro seja determinado pela média geométrica de dois diâmetros cruzados. O
uso da média aritmética origina um diâmetro maior que o real e, conseqüentemente, uma
área basal individual maior que a da secção da elípse, conforme foi abordado no Capítulo
4.
A Figura 40 apresenta a curva de crescimento da área basal em função da
idade, e a Tabela 17, alguns modelos matemáticos que podem ser usados para estimar a
área basal por hectare (G) a partir de uma ou mais variáveis independentes.

77
Biometria Florestal

FIGURA 40 - Curva de crescimento da área basal em função da idade.

TABELA 17 - Modelos para descrever a área basal por hectare

Equação Modelo

1 V G = b 0 + b 1 .h
2 V G = b 0 + b 1 + b 2 .h 2
3 2
G = b 0 + b 1h 100 + b 2 .t + b 3 h 100 .t + b 4 h 100

4 G = b + b 1N + b 2 N 2
0

5 (
G = exp b 0 + b 1 . log h g + b 2 . log 2 h g )

Onde: h = altura total;


h100 = altura dominante;
t = idade;
N = número de árvores/ha;
h g = altura da árvore de área basal média.

78
Biometria Florestal

7 DETERMINAÇÃO DO VOLUME DAS ÁRVORES

7.1 Introdução

A árvore é constituída de quatro partes principais: raiz, tronco, fuste e copa. A


parte mais importante, em termos de uso geral, é o fuste. O toco e a copa foram
desprezados por muito tempo. Com a escassez de madeira, estas porções começaram a
ganhar importância, sendo necessária a sua quantificação para uso como combustível e
para estimar o volume de material deixado na colheita, estimando, por vezes a quantidade
de nutrientes que voltam ao solo com a degradação do material.
A determinação direta do volume das partes da árvore é feita, em geral, em
árvores amostras, para obter dados básicos para estudo de funções que descrevam as
relações entre as várias dimensões da árvore e seu volume.
O fuste das árvores apresenta formas bastante variadas em razão do meio
ambiente, da espécie, idade, manejo e de suas aptidões genéticas. Árvores da periferia,
isoladas ou largamente espaçadas, sujeitas a maior intensidade de luz e, praticamente,
livres de competição apresentam a forma natural, espontânea ou também dita específica.
Essas se caracterizam por possuir copas amplas, de grande comprimento e largura,
gerando galhos grossos e fuste bastante afilado.
Árvores do interior do povoamento, cuja sobrevivência se dá através da
competição por água, luz e nutrientes, tendem à forma sem ramificações laterais,
adquirindo formação reta com pequena copa. Essa forma é conhecida como forma
florestal típica.
Em plantas da divisão “Angiospermae” ocorre, com freqüência, que a gema
apical perde a atividade de alongamento enquanto as gemas secundárias passam a se
desenvolver com maior intensidade, originando galhos laterais de dimensão apreciável,
dando origem a tronco comercial curto, terminando abruptamente.

79
Biometria Florestal

Em coníferas, nas quais a gema apical se desenvolve continuamente,


prolongando-se entre a copa, encontra-se, com freqüência, uma parte superior do tronco
mais delgada, diferenciada das ramificações laterais pelo maior diâmetro.
Analisando-se uma árvore de forma típica, encontra-se uma grande amplitude
de variação de formas desde as perfeitamente semelhantes a uma forma geométrica
definida, até aquelas de difícil definição. Como exemplo, podem ser citadas as espécies
do cerrado que são tortuosas e de difícil comparação com uma forma geométrica. A
determinação do volume dessas árvores só pode ser feita por imersão das toras em água
ou por seccionamento dos troncos em pequenas partes, o que torna a operação morosa e
onerosa.

7.2 Estudo matemático das formas

Os modelos dendrométricos objetivam analisar a cubagem das árvores através


de recursos matemáticos, comparando os sólidos geométricos de revolução às formas
naturais das árvores, a fim de determinar o seu volume. Esses sólidos são chamados de
“protótipos dendrométricos” ou sólidos padrões comparáveis com a forma do tronco ou

partes deste. Os protótipos são obtidos pela rotação da curva geral y 2 = p ⋅ w r ao redor do
eixo “X”.
Para fins de estudo, considera-se na Biometria Florestal:

gw = p ⋅ wr e g w = d w2 .π / 4

Onde: d w = diâmetro do tronco a uma distância w da extremidade da copa;


g w = área basal do tronco a igual distância;
p = parâmetro que descreve o tamanho do corpo de rotação.

A forma do sólido de revolução de acordo com o valor assumido por “r” varia
conforme exemplificado na Figura 41.

80
Biometria Florestal

FIGURA 41 - Sólidos de revolução de acordo com a variação do parâmetro r


(STERBA, 1986).

Para os valores do expoente de forma “r” apresentados na Tabela 18, são gerados
diferentes sólidos de revolução.

TABELA 18 - Variação da forma geométrica com a variação de r

r Designação
0 Cilindro
1 Parábola quadrática
2 Cone
3 Neilóide

7.3 Volume dos sólidos de revolução

O estudo matemático do volume das árvores, considerando-se suas secções


circulares, embora estas não sejam círculos perfeitos, parte do pressuposto que as figuras

81
Biometria Florestal

geométricas relacionadas originam os sólidos de revolução correspondentes ao sofrerem


uma rotação em torno do seu eixo principal.
Cubar uma árvore ou parte dela é, portanto, tomar o volume total ou parcial dos
sólidos de revolução que mais se lhes assemelham.
O volume do sólido de revolução é obtido pela integração da área basal sobre o
comprimento total do tronco.
Sendo:
h
w r +1 h
h
v= g w .d w = p w .d w = pr
w=0 0 r +1 0

h
1
v = ⋅ p ⋅ w r +1
r +1 0

Substituindo-se w por h, tem-se:

1
v= ⋅ p ⋅ hr ⋅ h
r +1

e sendo p ⋅ h r igual a área basal na base do sólido ( gu ), obtém-se:

1
v= ⋅ gu ⋅ h fórmula da área terminal.
r +1

Caso se escolha a área na metade da altura em vez da área da secção


terminal, então a fórmula passa a ser escrita por:

gu = p ⋅ h r

sendo: p ⋅ w r e fazendo w = h / 2 tem-se;

82
Biometria Florestal

∂ = p ⋅ (h / 2) = p ⋅ hr .(1/ 2) = gu ⋅ (1/ 2)
r r r
, logo se:

∂ = g u ⋅ (1 / 2 )
r
, então gu = ∂ ⋅ 2r

Substituindo-se na fórmula do volume de área terminal 1


v= ⋅ gu ⋅ h ,
r +1
tem-se:

1
v= ⋅ h ⋅ ∂ ⋅ 2r Fórmula para a metade da altura.
r +1

7.4 Fator de forma (f) e altura formal (fh) do sólido de revolução

O fator de forma (f) é definido como um fator que reduz o volume do cilindro
formado pela área basal e altura para o verdadeiro volume do sólido de revolução.
A derivação do fator forma para o sólido de revolução permite conhecer a
magnitude e a variação desta variável.
Considerando-se as fórmulas de volume para área terminal v = (1/ (r + 1)) ⋅ gu ⋅ h

e a do volume do cilindro v = h ⋅ gu tem-se para o fator forma:

1 / (r + 1) ⋅ gu ⋅ h
fu = ,
gu ⋅ h

fu = 1/ (r + 1) .

São gerados diferentes fu de acordo com o valor de r que descreve o sólido,

conforme apresentado na Tabela 19.

83
Biometria Florestal

TABELA 19 - Variação dos fatores de forma ( fu ) com a variação do parâmetro r

(Sterba , 1986)

Parâmetro r 0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0


Fator forma na
porção terminal 1 0,66 0,5 0,4 0,33 0,29 0,25

Os resultados da Tabela 19 mostram que o fator forma da área terminal é, no


máximo, igual a 1. O valor fu médio é de 0,49, e o desvio padrão ± 0,26, alcançando,

então, o coeficiente de variação de ± 54%.


Em relação ao volume calculado como referência para a metade da altura do
sólido, tem-se:
1
v= ⋅ ∂ ⋅ h ⋅ 2r ,
r +1

e o volume do cilindro que passa nesta posição é expresso por:


v cil = ∂ ⋅ h .

Sendo, então, o fator de forma na metade da altura expresso por:

2r
f (1 / 2 ) =
r +1

O fator de forma f1 / 2 também depende do valor assumido pelo parâmetro r,


como demonstrado na Tabela 20.

84
Biometria Florestal

TABELA 20 - Variação dos fatores de forma ( f1 / 2 ) com a variação do parâmetro “r”


(STERBA, 1986)

Parâmetro 0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0


Fator forma
na metade da altura 1,0 0,94 1,0 1,13 1,33 1,62 2,0

Os resultados evidenciam que o fator de forma baseado na metade da altura é,


em geral, maior que 1,0.
O valor médio de f1 / 2 calculado foi de 1,29 com desvio padrão de ± 0,39 e
coeficiente de variação igual a 31%.
Assim, pode-se concluir que o fator de forma na metade da altura não depende
tanto da forma do sólido de revolução quanto o fator de forma na extremidade deste ( fu ).

7.4.1 Altura formal

A altura formal (fh) corresponde à altura de um cilindro que passa pelo


diâmetro da árvore e que tenha volume igual ao volume do sólido de revolução.
Na Figura 42, está representado o volume do cilindro e a altura formal,
ambos com base no diâmetro de referência tomado na base do sólido de revolução.

FIGURA 42- Representação esquemática da altura formal.

85
Biometria Florestal

Pressler definiu uma altura onde o diâmetro é a metade do diâmetro de


referência.
Neste ponto, a área da secção representa um quarto da área secção ao nível
do dap. A altura, assim definida, é fácil de ser encontrada e pode servir como estimador
da altura formal como demonstrado a seguir (Figura 43).

FIGURA 43 - Representação esquemática da altura de Pressler.

Onde: w = distância do ápice ao ponto de cobertura;


h = altura total;
d = diâmetro;
R = altura de Pressler.

Assim, sendo g w = p ⋅ w r e gu = p ⋅ h r , a área da secção no ponto de cobertura


de valor igual a um quarto da área na base (gu), tem-se que:

gR = g u / 4 e p ⋅ w r = p ⋅ h r / 4

logo: w r = hr / 4 e, assim, w = h ⋅ r (1 / 4 ) .

Como w é a distância do ápice do sólido para medidas tomadas a partir da


base, a fórmula passa a ser escrita como:

86
Biometria Florestal

(
R = h. 1 − r (1/ 4 ) )

Com a introdução de diferentes expoentes de forma fica demonstrado, na


Tabela 21, que a altura formal e a altura de Pressler apresentam diferenças desprezíveis
conforme Sterba (1986).

TABELA 21 - Variação da altura formal com diferentes valores de “r”.


Parâmetro r 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
fu 1,0 0,66 0,50 0,40 0,33 0,29 0,25

Rh - 0,94 0,75 0,60 0,50 0,43 0,37

fu / (R / h) (1,5) 0,70 0,67 0,66 0,67 0,67 0,68

Verifica-se que para valores de “r” entre 1 e 3, a altura formal vale 2/3 do
valor de R ou seja:
f u / (R / h) = (f u ⋅ h) / R ≈ 2 / 3

Sendo a altura formal o produto de fu e h tem-se: fh = (2 / 3 )⋅ R e, assim,

o volume pode ser obtido por : v = g ⋅ (2 / 3 )⋅ R

Essas relações demonstradas para o sólido de revolução podem ser aplicadas


à árvore, recebendo a denominação de altura formal de Pressler.
Para expoentes “r” iguais a 1 e 2, os valores são exatos e, para os demais,
uma aproximação. Os desvios, nestes casos, variam entre -0,5 e +1,3%.
Para o cilindro a definição de Pressler, não tem sentido, pois não existe local
onde o diâmetro seja a metade da base.
As relações apresentadas para os sólidos de revolução podem ser aplicadas
aos troncos das árvores, observando-se, entretanto, que os troncos não apresentam uma
forma genérica única, mas várias formas geométricas.

87
Biometria Florestal

Conforme Husch et al. (1982), os troncos de coníferas raras vezes são cones,
parabolóides ou neilóides padrões, eles geralmente assumem formas intermediárias entre
o cone e o parobolóide. Já a parte comercial do fuste das folhosas são teoricamente
considerados como semelhantes a troncos de cones neilóides, parabolóides e,
ocasionalmente, cilíndricos, mas, em geral, tem a forma variando entre o tronco de cone e
o tronco de um parabolóide. O mais correto, segundo os autores, é considerar o tronco de
qualquer árvore composto de vários sólidos geométricos (Figura 44).

FIGURA 44 - Formas geométricas associadas ao tronco de uma árvore


(Husch et al., 1982).

Na Tabela 22, são apresentadas fórmulas para o cálculo do volume de sólidos


geométricos.

88
Biometria Florestal

TABELA 22 - Volume dos principais sólidos de revolução.

Sólido de revolução Equação de volume


Cilindro v = (g ⋅ h)
Parabolóide v = 1 2 ⋅ (gi ⋅ h)
Cone v = 1 3 ⋅ (gi ⋅ h)
Neilóide v = 1 4 ⋅ (gi ⋅ h)
Tronco de parabolóide v = h 2 ⋅ (gi + gi + 1) *
v = h ⋅ (gm ) * *
Tronco cone (
v = h 3 ⋅ gi + gi ⋅ gi+1 + gi + 1 )
Tronco de Neilóide
v = h / 3 ⋅ gi + 3 gi2 ⋅ gi + 1 + 3 gi ⋅ gi2+1 + gi +1

Neilóide, Cone, ou Tronco de Parábolóide v = h 6 ⋅ (gi + 4gm + gi + gi+1 ) * * *

Onde: h = altura ou comprimento da secção;


gi = área basal na secção “i” (base);
gi+1 = área basal na secção “i +1” (ponta da secção);

gm = área basal na metade da secção;


* fórmula de Smalian;
** fórmula de Huber;
*** fórmula de Newton

O volume dos sólidos de revolução pode ser obtido pelas fórmulas


apresentadas na Tabela 22. Caso os sólidos reais compreendidos pelos troncos das
árvores se ajustassem perfeitamente com os modelos teóricos, bastaria determinar o valor
de r para cada caso e cubar a árvore como se fosse um sólido de revolução. Como isso
não ocorre na realidade, costuma-se seccionar a árvore em certo número de partes, a fim
de estimar o seu volume comercial ou total.

89
Biometria Florestal

O exemplo a seguir foi formulado considerando dados de uma árvore,


portanto, com tronco constituído de vários sólidos geométricos.
Para maior facilidade de cálculo, foram utilizadas poucas secções,
resultando valores estimados para diâmetro, às vezes pouco precisos.
Considerando-se, por exemplo, uma árvore de altura igual a 21,6 m, e
diâmetro a altura do peito de 29,0 cm, o diâmetro à metade da altura igual a 21,0 cm, a
4,0m abaixo igual a 23,0 cm e 4,0 m acima igual a 18,0 cm, tem-se, conforme
exemplificado na Figura 45, deseja-se conhecer:

FIGURA 45 - Representação esquemática do tronco da árvore.

a) Qual o sólido de revolução que representa a forma da árvore?

Sendo g w = p ⋅ wr linearizando-se o modelo para a solução por

mínimos quadrados, tem-se: ln g w = ln p + r ⋅ ln w

Y b0 b1 X

Obtendo-se os somatórios, tem-se:

90
Biometria Florestal

h d g y x y² x² x.y
6,8 18,0 0,0254 - 3,6712 1,9169
10,8 21,0
14,8 23,0
20,3 29,0
-12,93225 10,00172 42,2883 25,6617 - 31,7916

b0 = - 5,318020;

b1 = 0,833840;

r 2 = 0,950992 (coeficiente de determinação).

O modelo passa a ser escrito:


ln g w = −5,318020 + 0,833840 ⋅ ln x ou seja: g x = 0,004902 ⋅ x 0,833840

sendo r = 0,8333840 Assume-se que o sólido de revolução tem uma forma


próxima à de uma parábola quadrática.

b) Qual o fator de forma?

Fórmula da área terminal: 1


v= ⋅ gu ⋅ h
r +1

1
⋅ gu ⋅ h
r + 1 1
fu = = 0,5453
gu ⋅ h 0,833840 + 1

1
Fórmula na metade da secção: v= ⋅ h ⋅ 2r ⋅ g(1 / 2 )
r +1

91
Biometria Florestal

1
⋅ h ⋅ 2r ⋅ g(1 2 )
r + 1 1
f(1 2 ) = ⋅ 2r
h ⋅ g(1 2 ) r +1
1
f(1 2 ) = ⋅ 20,833840 0,9719
0,833840 + 1

c) Qual é a altura de Pressler?

c.1) Por interpolação:

Determinação do diâmetro de referência:

gu = 0,004902 × 21,60,833840 = 0,063553 m2 sen do g u = π 4 ⋅ du2 tem-se:

du = (0,063553 ⋅ 4) / π = 28,446 cm diâmetro da base (deve-se observar que o

valor estimado nesta posição foi menor que o medido ao dap. Este resultado decorre
da dificuldade do modelo descrever a variação da forma da árvore visto ser composta
por vários sólidos de revolução justapostos). Interpolando tem-se:

h* d
21,6 m --- 0,00
x --- 14,22
14,8 m --- 18,00

*medida da base para o ápice

Conforme o esquema da Figura 46, tem-se:

FIGURA 46 - Determinação da altura de Pressler.

92
Biometria Florestal

14,8 + [(21,0 − 14,8 ) × (18,0 − 14,22 ) (18,0 − 0,0 )]

h = 14,80 + 14,20 = 16,23 m

R = 16,2 m do solo

Ou, tomando-se ao ápice como referência:

w d
0,0 − − − 0,0 6,8 − − − 18,00
∆x − − − 14,22 ∆x − − − 14,22
6,8 − − − 18,00 ∆x = 5,36 m do ápice R = 21,6 − 5,36 = 16,24 m

R = 16,2m.

c.2) Através do expoente de forma:

(
R = h 1 − r (1 4 ) )
(
R = 21,6 1 − 0,833840 0,25 )
R = 17,5 m

A diferença entre os dois procedimentos de cálculo é atribuída à variação da


forma do tronco.

d) Qual o volume do tronco?

d.1) Através do expoente de forma:

1
v= ⋅ gu ⋅ h
r +1

v=
1
1,83384
( )
⋅ 0,2844 2 ⋅ (π 4 ) ⋅ 21,6 = 0,748123 ≈ 0,7481 m3

93
Biometria Florestal

1
v= ⋅ h ⋅ 2r ⋅ g1 2
r +1

v=
1
1,83384
( )
⋅ 21,6 ⋅ 20,83384 ⋅ 0,212 ⋅ (π 4 ) = 0,7272 m3

d.2) Por interpolação da altura de Pressler:


Sendo v = gu ⋅ 2 3 ⋅ R , tem-se:

( )
v = 0,284462 ⋅ (π / 4 ) ⋅ (2 / 3) ⋅ 16,23 = 0,6876 m3

Diferença entre os volumes calculados:

0,7481 m3 − − − 100
que corresponde a diferença de
0,6876 m3 −−− x − − − −− → 91,91%
8,1%

e) Qual o volume comercial considerando diâmetro limite 10,0 cm pelo expoente de


forma?

1º) É necessário conhecer a distância w a partir do ápice da árvore onde se encontra o


diâmetro de 10,0 cm, conforme esquematizado na Figura 47.

Xm distância do ápice
10 cm

FIGURA 47 - Determinação da distância do ápice onde se encontra o diâmetro limite.

94
Biometria Florestal

gw r gw
Sendo: g w = p ⋅ wr = wr e w=
p r p

0 ,83384
π 4 ⋅ (0,10)2 0,002990
w= w= w = 1,76 m do ápice
0 ,83384
0,004902 0,001699

distância a ser tomada a partir do ápice , onde se localiza o diâmetro de 10 cm.

Sendo v u = 0,7481 m3 e,

1 1
v<10 = ⋅g ⋅h = ⋅ 0,00785398 ⋅ 1,76 v<10 = 0,007538 m3 .
r +1 1,83384

O volume comercial será dado pela diferença entre o volume até a base e o
volume até o d10 .

v com = 0,7481 − 0,007538 = 0,7406 m3

7.5 Determinação do volume rigoroso

A determinação rigorosa do volume é entendida como a cubagem de uma


árvore.
Os troncos das árvores não são perfeitamente regulares e, por isso,
costuma-se subdividi-los em secções e cubá-los individualmente.
Em geral, as medições de diâmetro (média de dois diâmetros cruzados) são
efetuadas a partir do nível do solo nas posições: 0,10, 0,30, 1,30 m e, a partir daí, de
2,0 m em 2,0 m ou 1,0 m em 1,0 m para cada secção. Outros níveis poderão ser
estabelecidos dependendo da precisão desejada e da regularidade do tronco.
O volume da tora é obtido pelo somatório dos volumes parciais das secções
e, quanto menor o comprimento da secção, tanto mais próximo será o volume
calculado do volume verdadeiro.
O seccionamento do tronco pode ser feito por comprimentos absolutos
(método analítico) ou por comprimentos relativos.
O termo seccionamento não significa o corte do tronco em partes, mas
apenas a marcação ao longo do tronco das posições de medição.

95
Biometria Florestal

7.5.1 Volume por seccionamento em comprimentos absolutos

Este procedimento é empregado na determinação do volume através dos


métodos de Huber, Smalian e Newton.

7.5.1.1 Cubagem por Smalian

Essa fórmula foi concebida por Septofontaines, em 1791 e posteriormente


introduzida na Alemanha por Smalian, tendo por isso seu nome a ela associado (Silva
1977).
Nessa fórmula o, volume de cada secção é calculado em função do
comprimento e das áreas basais nas extremidades das secções, como mostra a Figura
48.

FIGURA 48 - Seccionamento pelo método de Smalian.

O volume da árvore é dado por:

n
v t = v0 + vi + vc .
i =1

Onde: v 0 = g0 ⋅ l0 volume do toco,

96
Biometria Florestal

vi =
(gi + gi+1) ⋅ l volume das secções intermediárias,
i
2
1
vc = gn ⋅ ln volume do cone.
3

Quando ocorrem irregularidades nos troncos, pela existência de galhos e


nós, o ponto de medição pode ser transferido para o local onde o tronco volta ao
normal.

7.5.1.2 Cubagem por Huber

Essa fórmula foi criada por Kaestner,em 1758. Em 1825, tornou-se


conhecida no meio florestal a partir dos estudos de Huber, passando, então, a ser
conhecida como Fórmula de Huber.
Por esse procedimento, o volume da secção será determinado pelo
comprimento da secção (l) e pela área basal tomada no meio da secção (gm), conforme
mostra a Figura 48 para uma secção de tora.

FIGURA 48 - Seccionamento do tronco pelo método de Huber.

O volume total da árvore é dado, por:


n
v t = v0 + vi + vc ,
i =1

onde: v 0 = g0 ⋅ l0 ;

97
Biometria Florestal

v i = gmi ⋅ li ;

1
vc = gn ⋅ ln .
3

Caso seja de interesse, pode-se determinar o volume do toco junto com o


volume da primeira secção, incluindo a sua altura no comprimento desta secção.

7.5.1.3 Cubagem por Newton

A fórmula de Newton utiliza, no cálculo do volume, as áreas basais das


extremidades inferior ( gi ), do meio da secção ( gmi ) e da extremidade superior ( gi+1 ),
conforme exemplifica a Figura 49 para uma secção de tora.

FIGURA 49 - Seccionamento do tronco pelo método de Newton.

De modo análogo aos anteriores, o volume total é dado por:


n
v t = v0 + vi + vc ,
i =1

onde: v 0 = g0 ⋅ l0 ,

v i = 1 / 6 ⋅ (gi + 4gm +1 + gi+1 ) ⋅ li

1
vC = gn ⋅ ln
3

98
Biometria Florestal

Caso seja de interesse, pode-se também determinar o volume do toco junto


com o volume da primeira secção, incluindo a sua altura no comprimento desta secção.

7.5.1.4 Comparação entre as fórmulas de Smalian, Huber e Newton

As três fórmulas, segundo Silva (1977), dão resultados corretos embora as


de Huber e Smalian sejam mais empregadas em razão da rapidez de cálculo. A
fórmula de Newton é considerada mais precisa, mas o seu uso envolve mais uma
determinação de diâmetro e mais cálculo.
A cubagem de uma mesma árvore pelos processos mencionados apresenta
valores numéricos de volume diferentes, porém, segundo Spurr (1952), as diferenças
não são significativas para volumes calculados pelas fórmulas de Smalian e Huber.
O emprego de um ou outro método de cubagem dependerá da precisão que
se deseja, do tempo disponível e da tradição de uso por parte do pesquisador (Silva,
1977).
Segundo Husch et al. (1982), a fórmula de Newton é exata para todos os
troncos dos sólidos geométricos (parabolóide, neilóide e cone). As fórmulas de Smalian
e Huber são exatas somente quando o sólido é um tronco de parabolóide. Esses
autores exemplificam que se as linhas da secção fossem mais convexas que o tronco
do parabolóide, a fórmula de Huber superestimará o volume e a de Smalian
subestimará; porém, se as linhas da superfície do tronco fossem mais côncavas que o
tronco do parabolóide, como em geral acontece, a fórmula de Smalian superestimará e
a de Huber subestimará o volume. Eles citam ainda que, caso não se admita grandes
erros na cubagem, não se deve usar a fórmula de Smalian para comprimentos de
secções de toras maiores que 1,20 m e que, para secções de comprimentos de 2,40 a
4,80 m, as fórmulas de Newton e Huber fornecem os melhores resultados. Em geral a
fórmula de Newton apresenta melhores resultados para qualquer parte da árvore,
exceto para a parte basal com excessiva deformação. Para esta parte, a fórmula de
Huber dará melhor resultado.
As fórmulas da parábola ou do cone são apropriadas para determinar o
volume da ponta da árvore, e a do cilindro é normalmente empregada para calcular o
volume do toco, embora sua forma mais aproximada seja o neilóide.

99
Biometria Florestal

7.5.2 Volume por seccionamento em comprimentos relativos

O seccionamento do tronco em comprimento relativo é empregado na


cubagem de árvores pelo método de Hohenadl. Neste caso, o tronco é dividido em
cinco ou dez secções relativas de mesmo comprimento independentemente da altura
da árvore.
O método é usado em trabalhos práticos e científicos quando se deseja
determinar o fator de forma verdadeiro, os verdadeiros quocientes de forma e no
estudo de forma dos troncos. O método favorece, ainda, a comparação entre diferentes
formas de troncos, enquanto os métodos de Huber e Smalian não o permitem. O
seccionamento proposto por Hohenadl implica no conhecimento prévio da altura total
da árvore, sendo feito do ápice para a base em cinco ou dez secções de igual
comprimento. Para se obter os cinco comprimentos iguais, deve-se tomar 1/5 da altura
total e medir os diâmetros na metade da secção, conforme indica a Figura 50.

FIGURA 50 - Seccionamento do tronco pelo método de Hohenadl.

Na sua expressão original, os pontos indicados ao longo do tronco por


d0,9 ; d0,7 ; d0,5 ; d0,3 e d0,1 são os diâmetros relativos nas posições 90; 70; 50; 30 e 10 %

da altura total da árvore, tomadas a partir do ápice.


Visando facilitar a compreensão do método e seguindo a tendência atual
constante na bibliografia, o ponto de referência para a tomada dos diâmetros nesta
obra será considerado como a base da árvore (Figura 51).

100
Biometria Florestal

FIGURA 51- Seccionamento do tronco pelo método de Hohenadl (modificado).

Assim o volume da árvore é dado por:


(
v = 0,2 ⋅ h ⋅ π / 4 ⋅ d02,1 + d02,3 + d02,5 + d02,7 + d02,9 ; )
v = 0,2 ⋅ h ⋅ (g0,1 + g0,3 + g0,5 + g0,7 + g0,9 )

ou ainda pode ser calculado em função dos quocientes de forma, os quais são
expressos pela razão entre os diâmetros de Hohenadl e o diâmetro d0,1:

[
v = 0,2 ⋅ h ⋅ π / 4 ⋅ d 02,1 ⋅ (d 0,9 / d 0,1 ) + (d 0,7 / d 0,1 ) + (d 0,5 / d 0,1 ) + (d 0,3 / d 0,1 ) + 1
2 2 2 2
]

Os quocientes de forma natural podem ser expressos como segue:

d 0 ,i
n 0 ,i = .
d 0 ,1

exemplificando, o cociente de forma natural n 0 ,3 será obtido pela relação:

d 0 ,3
n 0 ,3 = .
d 0 ,1

E a fórmula pode ser escrita como:

v = 0,2 ⋅ h ⋅ π / 4 ⋅ d 02,1 ⋅ [ n02,9 + n02, 7 + n02,5 + n02,3 + 1 ]

onde: v = volume do tronco;

101
Biometria Florestal

h = altura total;
d0,i = diâmetros relativos de Hohenadl;

g0,i = área da secção transversal correspondente a do,i

n0,i = quocientes de forma;

102
Biometria Florestal

8 FATOR FORMA

8.1 Introdução

As variações na forma do tronco devem-se à diminuição sucessiva dos


diâmetros da base ao topo da árvore. Essa redução do diâmetro é conhecida como
“forma da árvore ou taper”, razão fundamental para a variação do volume da árvore em
função da espécie, diâmetro à altura do peito, idade, manejo e sítio.
Após o diâmetro e altura, o fator forma constitui a terceira variável, em
ordem de importância, na determinação volumétrica. O crescimento em altura é o
elemento que mais influencia o fator de forma. Desse modo, sabe-se que duas árvores
geometricamente idênticas, porém com alturas diferentes, têm diferentes fatores de
forma artificial. Isso ocorre porque, sendo o fator forma o resultado de uma divisão do
volume cúbico e o volume do cilindro em que a variável altura, embora aplicada no
cálculo dos dois volumes, não acarreta uma variação proporcional no volume da árvore
quando se toma para comparação o cilindro ideal.
O fator de forma é definido como um módulo de redução, que deve ser
multiplicado pelo produto da área basal (g) com a altura (h) para se ter o volume de
uma árvore em pé (Silva, 1977).

v = g⋅h⋅ f

À medida que o fator de forma se aproxima de 1, mais cilíndrica é a


árvore. Fatores iguais a 1 não são obtidos, porque implicaria na forma de um cilindro e
a árvore apresenta sempre um afilamento ao longo do tronco.
O fator de forma médio é calculado sobre um número de árvores
representativo da população e serve para aproximações rápidas do volume de árvores.

103
Biometria Florestal

Segundo o processo de cálculo, os fatores de forma podem ser chamados de artificiais


ou naturais.

8.2 Fator de forma artificial

Genericamente, este fator pode ser obtido pela razão entre o volume
rigoroso da árvore (total ou parcial), tomado em relação ao volume de um cilindro, cuja
altura e diâmetro (medido a 1,30 m da base da árvore) sejam iguais aos da árvore
considerada.

Volume rigoroso
f1,3 = .
Volume do cilindro com diâmetro a d1,3

O cálculo direto do fator de forma é determinado em função da cubagem


rigorosa do tronco ou parte dele, em relação ao volume do cilindro correspondente.
A expressão do volume de uma árvore em pé é dada por:

v = g ⋅ h ⋅ f1,3 ,

π⋅d
v= ⋅ h ⋅ f1,3 .
4

( )
O produto π ⋅ d2 / 4 ⋅ h corresponde ao volume do cilindro de mesmo
diâmetro e altura que a árvore, portanto:

v = v cilindro ⋅ f1,3 .

O fator de forma artificial para duas árvores que apresentam a mesma


forma geométrica diminui com o aumento da altura.
Quando o fator de forma for obtido a partir de um grande número de
árvores, determina-se o fator médio pela expressão:

104
Biometria Florestal

n
fi
f1,3 = i =1
ou f1,3 = ( vr ) ( vc ) ,
n

onde: f1,3 = fator de forma artificial médio;

fi = fator de forma artificial da árvore i;


v r = volume rigoroso;
v c = volume do cilindro.

Sendo a forma das árvores variável, obtém-se maior precisão no cálculo


do volume, usando o fator de forma por classe de diâmetro ou, ainda, estimando-o para
a árvore como função do diâmetro e altura pelo uso de um modelo de regressão. Para
determinar o fator de forma comercial procede-se de maneira idêntica; utilizando-se,
noentanto, a razão entre o volume comercial e o volume do cilindro comercial, isto é, o
volume de um cilindro com diâmetro igual ao dap e altura igual a altura comercial da
árvore.

8.3 Fator de forma natural

O fator de forma natural é definido como a razão entre o volume rigoroso


da árvore e o volume de um cilindro com diâmetro e altura igual a da árvore, sendo o
diâmetro tomado a 1/10 da altura total, isto é d0,1h .

Volume rigoroso
f0,1 =
Volume do cilindro com diâmetro a d0* ,1h

* d0,1h = diâmetro de Hohenadl tendo como referência a base da árvore.

Uma árvore com 13,0 m de altura tem o d0,1h e o DAP coincidentes,


gerando, assim, os fatores de forma natural e artificial iguais. Duas árvores com idêntica
105
Biometria Florestal

forma geométrica e diferentes alturas, possuem diferentes fatores de forma artificial,


porém o mesmo fator de forma natural. O fator de forma natural pode também ser
determinado através dos quocientes de Hohenadl, como segue:

(
f0,1 = 0,2 ⋅ 1 + n 02,3 + n 02,5 + n 02,7 + n 02,9 )

onde: n 02, i = quociente de forma natural.

d0,3h d0,5h d0,7h d0,9h


η0,3h = ; η0,5h = ; η0,7h = e η0,9h = .
d0,1h d0,1h d0,1h d0,1h

Sendo o volume da árvore dado por:

v = (π / 4 ) ⋅ d 2 ⋅ h ⋅ f1,3 = (π / 4) ⋅ d02,1 ⋅ h ⋅ f0,1


tem-se:
(π) ⋅ d2
0,1 ⋅ h ⋅ f0,1 d02,1 ⋅ f0,1
f1,3 = 4 = .
π d2
⋅ d2 ⋅ h
4

O quociente entre d2 e d02,1 é denominado de quociente de Hohenadl

sendo representado por: qH = d / d0,1 , podendo-se, então, reescrever as fórmulas como:

f1,3 = f0,1 / qH2 e f0,1 = f1,3 ⋅ qH2 .

106
Biometria Florestal

8.4 Cálculo indireto do fator de forma

A partir do fator de forma calculado por qualquer um dos processos


anteriormente citados, pode-se determinar equações matemáticas para estimar o fator
de forma em função de variáveis de fácil medição. Para isso, após a determinação de
um número de dados representativos da população, ajusta-se, por regressão, equações
como, por exemplo, as apresentadas na Tabela 23.

TABELA 23 - Modelos para fator de forma

MODELO

f = b0 + b1 d + b2 d2

f = b0 + b1 h + b2 h / d

log f = b0 + b1 log d + b2 log h

log f = log b0 + b1 log d +b2 log h + b3 log t


f = b0 + b1 d0,3 / d + b2 h / d + b3 l / d

f = b0 + b1 (d0,3 / d) + b2 hc / dh + b3 h / d2
2

Onde: d = diâmetro a 1,3m;


h = altura;
l = comprimento da copa;
hc = altura da copa;

di = diâmetro a uma altura i.

A Tabela 24 apresenta o fator de forma artificial para Eucalyptus grandis,


em primeira rotação, gerada pelo modelo matemático.

b11 hg hg
f1 = b0 + 2
+ b2 + b3 2 .
dg dg dg

107
Biometria Florestal

TABELA 24 - Tabela de fator de forma artificial, Eucalyptus grandis, em primeira


rotação.

cont ....
Obs: Para ver a continuidade da tabela, consultar Finger (1997).

8.5 Cociente de forma

O cociente de forma é definido como a razão entre dois diâmetros,


enquanto fator de forma é a razão entre dois volumes.
A aplicação do cociente de forma é a mesma dada ao fator de forma, ou
seja, serve de fator de redução para o volume do cilindro. Entretanto, a estimativa do
volume assim calculado não tem a mesma precisão que a obtida com fator de forma.
Outra aplicação está no estudo da forma de árvores e em modelos matemáticos como
variável independente:

v = g⋅h⋅K

108
Biometria Florestal

onde : K = d0,5h d

d0,5h = diâmetro tomado a 50% da altura total da árvore

d = dap
h = altura
k = cociente de forma artificial

Quando a árvore possuir altura igual a 2,6 m, o d0,5h e d serão


coincidentes, gerando um valor de k = 1. Alternativamente, Johnson (1910), (apud
Husch et al., 1982) recomenda que o diâmetro superior seja tomado na metade da
secção entre o DAP e o topo da árvore. Este novo valor é chamado de cociente de
forma absoluto (Silva e Paula Neto, 1979).

K a = d' / d1,3

onde : d’ = diâmetro tomado na metade da secção entre o dap e o topo.

Os cocientes de forma podem ainda ser empregados em equações de


volume e de fatores de forma. Segundo Silva (1977), Pollanschütz estabeleceu
equações para estimar fatores de forma para espécies florestais austríacas e verificou
que a introdução do cociente de forma ( d0,3h / d ), juntamente com a altura na forma

aritmética, apareceriam em todos os modelos testados e que a introdução dos


cocientes d0,1h ⋅ d0,5h d2 produziu importante redução da variância total.

Outra expressão de cociente de forma é o apresentado por Girard, que o


desenvolveu em 1933, e que segundo Silva e Paula Neto (1979), pode ser usado como
variável independente nas equações de volume.
O cociente é expresso pela razão entre o diâmetro sem casca no topo da
primeira tora (16 pés mais uma sobre medida de 1,3 pés, ou seja, a 5,27 m quando a
tora padrão for 4,87 m e o DAP com casca). Este conceito pode ser aplicado para
outros comprimentos de tora e serve para a formação de classes de forma.

109
Biometria Florestal

K G = d5,27 / h ,

Onde: K G = cociente de forma de Girard;

d5,27 = diâmetro sem casca tomado na extremidade da tora;

d = dap com casca.

110
Biometria Florestal

9 ESTUDO DA CASCA

9.1 INTRODUÇÃO

A determinação da espessura da casca e sua variação ao longo do tronco


são de grande importância, pois, dependendo a espécie florestal, dos objetivos da
produção e da forma de comercialização da madeira, é necessário conhecer o volume de
madeira sem casca. Por outro lado, algumas espécies, como a Acacia mearnsii,
Eucalyptus astringens, Leucaena sp., entre outras, apresentam quantidade de tanino na
casca que justifica a sua exploração econômica, tornando-se a quantificação deste fator
de grande interesse comercial. Um exemplo é o trabalho desenvolvido por Schneider
(1978), intitulado “Modelos de equações e tabelas para avaliar o peso de casca de acácia
negra, Acacia mearnsii de Wild”.

9.2 Determinação da espessura de casca

A medição da espessura de casca pode ser feita com a árvore em pé ou


abatida. Geralmente, essas medições são realizadas nas mesmas posições usadas na
cubagem rigorosa de Smalian, Huber, Newton e Hohenadl .
Em decorrência da possibilidade de variação da espessura de casca em uma
mesma altura de medição (posição de cubagem), decorrente de fatores como clareiras,
inclinação da árvore; entre outras, deve-se obter na operação a espessura de casca (e),
em milímetros, pela média de duas ou mais medições opostas no ponto de cubagem.
Antes de iniciar os trabalhos de mensuração, é necessário definir o que vai
ser registrado: se dupla ou simples espessura de casca, e ainda se esta magnitude será
resultante de duas ou mais medições.
A determinação da espessura de casca pode ser obtida por:

111
Biometria Florestal

9.2.1 Diferença entre medidas com e sem casca

Por esse processo, faz-se a medição dos diâmetros com e sem casca em
cada secção e, posteriormente, por subtração, obtém-se a dupla espessura de casca.
Ei = di c c − di s c

Onde: Ei = dupla espessura de casca na secção “i”;


di c c = diâmetro com casca na posição “i” ;

di s c = diâmetro sem casca na posição “i”.

FIGURA 52 – Medição do diâmetro com e sem casca.

9.2.2 Medição com régua

Nesse processo, é feita a retirada da casca com facão, nas posições


correspondentes aos pontos de medição na cubagem rigorosa.
A medição da espessura de casca é feita com régua devendo ser retirada a
retirada a sobre medida existente no início da escala.
Caso a espécie permita retirar a casca por inteiro, tanto da parte externa
como interna, mantendo-a em um conjunto único (não permanece resíduo da casca viva
aderida ao lenho), a espessura da casca poderá ser medida diretamente com um

112
Biometria Florestal

paquímetro. Também, neste caso, deve-se obter, no mínimo, mais uma medida, retirando
outra porção de casca na mesma posição de cubagem, mas em lado oposto do tronco.
O método, entretanto, não pode ser usado em espécies que não mantêm a
casca aderida ao tronco quando do corte (seccionamento do tronco).
Para maior precisão nas leituras, é comum usar uma outra régua,
tangencialmente ao tronco, sendo que esta proporcionará uma melhor visualização do
ponto de medição da espessura de casca.
A medição da espessura de casca estará sujeita a menor erro quando obtida
em secções cortadas, seguido da medição direta da casca.

FIGURA 53 – Medição da espessura de casca com régua.

8.2.3 Medição com o medidor de espessura de casca

Esse medidor é de uso generalizado e é constituído de uma lâmina de aço


de forma semicircular oca, onde está gravada a escala milimétrica de medição.
Na Figura 54, é apresentado o medidor de espessura de casca, também
conhecido como medidor de casca sueco.

113
Biometria Florestal

FIGURA 54 - Medidor de espessura de casca.

As medições são feitas nas posições de cubagem e costuma-se fazer a


média de duas ou três medidas por posição.
Na operação de medição, encosta-se a base do medidor na casca e introduz-
se a lâmina semicircular de forma lenta e gradual até atingir o final da casca, não se
introduzindo a lâmina ao lenho.
Loetsch et al. (1973) citam, com base em experimentos, que se o
instrumento for introduzido em pequenas pancadas, poderão ocorrer diferenças nos
resultados de até 15%.

9.3 Considerações sobre a medição da espessura de casca

a) As medições devem ser feitas com extremo cuidado, devido à pequena espessura
da casca;
b) Algumas espécies apresentam casca macia e fácil de serem perfuradas pelo
medidor, enquanto outras apresentam casca dura, o que requer mais esforço,
proporcionando maior possibilidade de introdução da lâmina no lenho e de obter
sobre estimativas;
c) Se a medição for feita durante a estação de crescimento, a lâmina poderá penetrar
mais facilmente no lenho primaveril;

114
Biometria Florestal

d) A existência de espaço livre entre a base do medidor e a casca ou se a régua que


fica tangente ao tronco estiver mal ajustada à casca, resultará uma tendência de
superestimar a espessura, enquanto uma maior pressão causará o afundamento da
casca e conseqüente subestimação da espessura;
e) A introdução da lâmina no lenho, a não introdução total da lâmina na casca ou a
retirada de lenho com facão causam erros de magnitude considerável;
f) Diferenças de milímetros podem acarretar boa percentagem de erros;
g) Nem todos os métodos de medição são apropriados a todos os tipos de casca.
Casca como a de Pinus desprende-se em placas, o que torna inviável o uso de
facão para entalhar, como descrito no método 2.

9.4 Determinação do volume de casca

O volume de casca pode ser obtido diretamente pela subtração do volume


com casca e sem casca.

Vol casca = v cc − v sc ;

e é expresso em percentagem por:

v cc − v sc
% casca = × 100
v cc

onde : v cc = volume com casca;

v sc = volume sem casca.

O volume de casca aumenta com o diâmetro e com a idade, independente da


altura da árvore, porém a percentagem de casca diminui à medida que aumenta o
diâmetro da árvore. Isso ocorre porque o aumento na espessura da casca ou o aumento
do diâmetro não são proporcionais ao aumento do volume da árvore, acarretando, assim,
a diminuição da percentagem de casca.

115
Biometria Florestal

9.5 Estimativa da espessura de casca por regressão

A relação entre espessura de casca, o diâmetro e altura da árvore podem ser


descritos por um modelo matemático. Entretanto, devido a características dimensionais
dessas variáveis, a relação apresenta baixo coeficiente de determinação, decorrente da
baixa inclinação da curva em relação ao eixo da abcissa.
Hakkila (1967 apud Schneider e Silva, 1979) observou que a relação entre a
espessura de casca a diferentes níveis de alturas a partir da base da árvore descreve uma
curva hiperbólica com tendência ao nivelamento, apresentando-se diferente para cada
espécie.
Estudos realizados com diferentes espécies mostraram que a relação entre
diâmetro com casca e diâmetro sem casca pode permanecer quase constante desde o
toco até o topo da árvore, como encontrado para Picea abies (nessa espécie ocorre maior
variação na região da copa, onde o lenho é pouco aproveitado; assim 60 - 70% do tronco
tem a percentagem de casca constante, igual ao valor obtido ao dap). Outras espécies
mostram diferentes tipos de casca ao longo do tronco. Também deve ser considerada a
variação da espessura de casca com o aumento da idade da árvore e com o sítio.
Silva (1975), estudando equações de casca para Araucaria, observou que a
introdução da variável idade e altura melhorou significativamente a precisão das
estimativas do modelo.
Loetsch et al. (1973) citam estudo realizado com Pinus por Östlin, na Suécia,
no qual foi constatado que o Pinus, no norte do país, tem casca mais fina que no sul.
Variações na espessura de casca com a idade ou sítio podem justificar a modelagem de
funções separadas com valores de intercepto distintos. Constataram que, no
desenvolvimento de equações de regressão para estimar a casca, deve-se estratificar os
dados quanto a espécies, regiões florestais, formas de crescimento, idade e classe de
sítio. Em muitas espécies, a espessura de casca não aumenta com o aumento do
diâmetro; porém, para pequenos diâmetros, o aumento da casca poderá ser curvilinear,
conforme mostra a Figura 55.

116
Biometria Florestal

Observa-se pela tendência dos dados plotados na Figura 55, que haverá um
baixo coeficiente de determinação para relação espessura de casca em função do
diâmetro, gerado pela pequena inclinação da linha de regressão em relação a abcissa.
Baixos coeficientes de determinação foram também encontrados por Schneider e Silva
(1979) na seleção de modelos para espessura de casca de Acácia Negra (Tabela 25).

FIGURA 55 - Relação da espessura de casca para Tectona grandis na Tailândia (Loetsch


et al. 1973).

TABELA 25 - Equações de dupla espessura de casca, referenciadas ao dap, para acácia


negra

EQUAÇÃO R²

E = d 0,57930 + 0,00617 d 0,0970


Log E + 1 = 1,35318 + 0,85375 log d 0,3623
E = 4,78896 + 1,78396 d + 1,71564t − 0,20143 dt 0,3540
log E = 0,35192 + 0,85489 log d 0,3626
log E = 1,2859 + 3,4066 log d − 2,1068 log dh + 0,3499 log th 0,5000
Sendo: d = diâmetro à altura do peito; t = idade; h = altura.

117
Biometria Florestal

9.6 Cálculo do fator de casca

O método de determinação do fator de casca é, segundo Husch et al. (1982),


fácil de aplicar e fornece resultados suficientemente acurados para muitos propósitos .
O diâmetro sem casca ( dsc ) pode ser calculado a partir do diâmetro com

casca ( dcc ) com a expressão :

dsc = dcc − 2 ⋅ b ,

onde; dsc = diâmetro sem casca;

dcc = diâmetro com casca;


b = espessura de casca (simples).

Com valores de dsc e dcc , pode-se calcular o fator de casca (K) médio para
uma série de dados pelas expressões a seguir:

K=
(dcc ⋅ dsc ) , portanto K=
dsc
2
dcc dcc

A relação será considerada constante ao longo do tronco, isto é, a medida


que “ dcc ” diminui o “ dsc ” também diminui, e conseqüentemente, a espessura de casca “b”

também.
Sendo determinado o fator de casca (K), pode-se obter dsc a partir de

dcc pela equação:

dsc = dcc ⋅ K .

a espessura de casca b, correspondente ao valor médio K, pode ser obtida por:

118
Biometria Florestal

b = 1 2 (dcc − dsc ) ;

b = 1 2 (dcc − K ⋅ dcc ) ;

b = 1 2 dcc (1 − K )

O mesmo valor médio de K pode ser usado para obter o volume cúbico de
casca ( v b ) e volume cúbico de madeira sem casca (v cc ) a partir do volume cúbico com

casca (v cc ) .

Considerando-se o diâmetro com casca ( dcc ) e sem casca ( d sc ) e L como o

comprimento do tronco, tem-se :

π d cc2 π d sc2
vcc = ⋅L e vsc = ⋅L
4 4

como dsc = dcc ⋅ K , tem-se:

π ⋅ (dcc ⋅ K )
2
v sc = ⋅L
4

v sc = K 2 ⋅ v cc e o volume de casca vb será:

v b = v cc − v sc

v b = v cc − K 2 ⋅ v cc

(
v b = v cc ⋅ 1 − K 2 * ) e, em percentagem, tem-se:

(
v b (%) = 1 − K 2 ⋅ 100 )

119
Biometria Florestal

Chamberlain e Meyer apud Husch et al. (1982), verificaram uma diferença na


estimativa do volume de casca entre madeira empilhada com casca e sem casca em
( )
relação ao valor expresso pela equação v b = v cc ⋅ 1 − K 2 . Essa diferença deve-se à

grande rugosidade e as fissuras encontradas na casca que, adicionado ao peso da


madeira sobre a casca, ocasionou a diferença. Assim, por propósitos práticos, esta
equação é reescrita da forma:

( )
v b = 0,8 ⋅ v cc ⋅ 1 − K 2 .

O fator 0,8 não deve ser usado indiscriminadamente para outras espécies, sendo
necessário estudar a necessidade e o valor do fator de correção a ser aplicado.

9.7 Considerações sobre fator de casca

Quando os valores de “ dsc ” são plotados como função de dcc , a relação

poderá ser linear ou aproximadamente linear com intercepto zero ou próximo a zero,
assumindo, a equação de regressão, a forma dsc = K ⋅ d , onde (K = b1 ) .

Segundo Husch et al. (1982) a magnitude do fator varia com a espécie, idade
e sítio, sendo que a maior variação ocorre em relação à espécie.
Na apresentação do fator de casca (K), este foi considerado constante para
todas as alturas; embora, para muitas espécies, esses fatores de casca não são
freqüentemente os mesmos na base e na parte superior da árvore, devendo-se, nesse
caso, usar regressão múltipla para descrever o fator. Na Tabela 26, são apresentados,
como exemplo, os fatores de casca e erro (%), considerando-se o fator de casca médio
para diferentes espécies e regiões.

120
Biometria Florestal

TABELA 26 - Fatores de casca (K) e erro (%) para diferentes espécies e regiões
(Schneider e Silva,1979)

Local Espécie K Erro

Triunfo, RS Acacia mearnsii 0,9217 0,036%


Java Ocidental Acacia decurrens 0,9159 1,30%
Java Oriental Acacia decurrens 0,9293 1,6%
P. Fundo, RS Araucária angustifolia 0,9293 3,2%

Considerando-se, por exemplo, os dados apresentados por Husch et al.


(1982), transcritos na Tabela 27, o cálculo do fator de casca K pode ser facilmente
determinado através do seguinte procedimento:

TABELA 27 – Dados de diâmetro com casca e dupla espessura de casca.

121
Biometria Florestal

dcc 2b

30,8 2,2
14,7 1,1
24,8 1,2
20,0 0,8
21,7 1,1 (dcc ⋅ dsc ) = 7.179,2
2
7,9 0,4 dcc = 7.628,93
15,8 1,1 K = 0,9411
12,7 1,3
18,6 1,0
17,0 1,0
26,1 0,8
28,1 1,7
10,6 0,6
6,1 0,4
29,4 1,6
15,1 0,8
21,5 2,3
22,0 1,2
11,4 0,7
9,0 0,3

122
Biometria Florestal

10 TABELAS DE VOLUME

10.1 Introdução

Os estudos econômicos e de ordenamento florestal tem por base o inventário


do potencial florestal existente através de técnicas de amostragem e de biometria.
A cubagem de árvores possibilita obter o volume sólido dos troncos, que,
associados às variáveis dendrométricas (d, h, etc), permitem gerar modelos para
descrever esses volumes, que poderão ser apresentados em forma de tabela.
A tabela de volume pode ser definida como uma relação gráfica ou numérica
expressa por equações logarítmicas ou aritméticas capaz de exprimir o volume total ou
parcial de uma árvore em função de variáveis independentes como: diâmetro, altura,
espessura de casca, fator de forma, cociente de forma, etc. ou, ainda, como a
representação tabular do volume individual de árvores inteiras ou em partes delas através
de variáveis de fácil medição. Em geral, as tabelas apresentam os volumes em metros
cúbicos, podendo esses volumes incluirem ou não a casca da árvore.
Os volumes estimados não são exatos, pois as variáveis independentes são
obtidas em uma série de indivíduos medidos no povoamento, que estão sujeitos às
variações naturais.
Assim, deve-se admitir que as relações volumétricas possibilitam a estimativa
de volumes médios em torno dos quais devem se distribuir os volumes verdadeiros. Por
sua construção, as tabelas de volume estão intimamente ligadas aos povoamentos,
devendo ocorrer uma compensação dos erros ao se tomar os volumes médios pelos
verdadeiros, principalmente, quando cresce o número de observações.

123
Biometria Florestal

10.2 Classificação das tabelas de volume

A classificação das tabelas de volume permite agrupar, segundo o tipo de


tabela, sua construção e modelos matemáticos usados na confecção.
As tabelas de volume podem ser classificadas quanto: o número de variáveis
independentes, ao aproveitamento e ao tipo de modelo que as originaram.

10.2.1 Quanto ao aproveitamento

De acordo com a parte considerada, podem ser construídas:


a) Tabela de volume total: refere-se ao volume total da árvore e pode ser apresentada
com e sem casca,
b) Tabelas de volume comercial: refere-se ao volume parcial (comercial) do tronco e
podendo ser apresentada com e sem casca.

10.2.2 Quanto ao tipo de modelo

De acordo com o modelo matemático, selecionado para descrever o volume


das árvores, podem ser consideradas:
a) Tabelas de volume aritméticas: como todas as originadas por modelos aritméticos,
essas podem ser ainda subdivididas em formais e não-formais, respectivamente,para
modelos que incluam ou não o fator de forma, cociente de forma e outros no modelo de
regressão;
b) Tabelas de volumes logarítmicas: como as geradas por modelos logarítmicos,
podendo também ser subdivididas em formais e não-formais.

10.2.3 Quanto ao número de variáveis independentes

Com referência ao número de variáveis que compõem o modelo de


regressão ou também quanto às áreas de abrangência da tabela podem ser definidas:

124
Biometria Florestal

a) Tabela de volume de simples entrada ou tabela de volume local: refere-se à tabela


gerada com modelo matemático, no qual o volume é função apenas o diâmetro à altura do
peito (v = f(d)). Essas tabelas são usadas para o local onde foram construídas, ou seja,
para a espécie e sítio onde as árvores foram amostradas. Neste sentido, a relação
hipsométrica é considerada constante na função do volume e, por isso, será usada em
área restrita.

Na Tabela 28, é apresentada uma relação de modelos matemáticos que


descrevem o volume como função do diâmetro da árvore.

TABELA 28 - Modelos para determinação de tabelas de volume local (Loetsch et al., 1973)

MODELO AUTOR

v = b0 + b2 d2 Kopezky-Gehrhardt

v = b1 + b2 d2 Dissescu-Meyer

v = b0 + b1 d + b2 d2 Hohenadl-Krenn
v = b0 ⋅ b1 Husch,1952
v = b0 ⋅ db1 ⋅ (1 d)
b2
Brenac

b) Tabela de volume de dupla entrada, padrão ou regional: é a tabela de volume


gerada com funções que possuem como variáveis independentes o diâmetro e a altura (v
= f(d;h)) conforme exemplificado na Tabela 29. Essa tabela é de uso mais amplo, servindo
para uma região homogênea, pois considera a relação hipsométrica variável (dentro dos
limites amostrados).

125
Biometria Florestal

TABELA 29 - Modelos para determinação de tabelas de volume regional.

MODELO AUTOR

v = b1 d2h S.h. Spurr (1952)

v = b0 + b1 d2h S.h. Spurr (1952)

v = d2 (b0 + b1 h) Ogaya

v = b0 + b1 d2 + h2 d2h + b3h Stoate (australiana)

v = b1 d2 + b2 d2h + b3 dh2 + b 4h2 Näslund

v = b0 + b1 d + b2 d2 + b3 dh + b 4 d2h Meyer

v = b0 + b1 d + b2 d2 + b3 dh + b 4 d2h + b5h Meyer (modificada)

v = d2h / (b0 + b1 d) Takata

( )
v = b0 d2h
b1
Spurr (variável
combinada logarítmica)

v = b0 ⋅ db1 ⋅ hb 2 Schumacher-hall

Inst. Pesq. Florest.


log v = b0 + b1 log d + b2 log2 d + b3 log h + b 4 log2 h Baden-Würt Alemanha

Outro grupo de funções matemáticas, como o da Tabela 30, apresenta três


ou mais variáveis independentes. A inclusão dessas variáveis no modelo de regressão
busca reduzir a variação não explicada pelo modelo e é justificada no ajuste de dados que
apresentem grande variação.
Nessa relação de variáveis, foram então, incluídas a altura do ponto de
inserção da copa ( hc ), a dupla espessura de casca (B) e o cociente de forma ( K i ), entre

outras, como o cociente de forma de Girard, o qual serve de variável de seleção da tabela
a ser usada.

126
Biometria Florestal

c) Tabela de volume de tripla entrada ou múltiplas: são as tabelas de volume


geradas por funções que, além do d e h, incluem uma terceira variável, que deve
ser de fácil obtenção e uso prático e servirá para estratificar o volume segundo
fonte de variação. As tabelas assim originadas são pouco difundidas, sendo um
exemplo as tabelas para toras por classe de forma de Girard. Essa classe é
expressa pela razão entre o diâmetro no topo da tora tomado sem casca e o
diâmetro a 1,30 m com casca. O comprimento considerado para a tora é de 5,27 m.
A vantagem do uso dessas tabelas é seu amplo uso, pois a classificação das
árvores/toras quanto a classe de forma (grau de conicidade) permite o emprego de
uma mesma tabela para diferentes espécies florestais, tanto folhosas como
coníferas.

TABELA 30 - Modelos para descrever volumes em função de três ou mais variáveis


independentes:

MODELO AUTOR

v = b1 d 2 + b 2 d 2 h + b 3 dh 2 + b 4 h 2 + b 5 d 2 hc Näslund

v = b1 d 2 + b 2 d 2 h + b 3 dh 2 + b 4 h 2 hc + b 5 dhB Näslund

v = b1 d 2 + b 2 d 2 h + b 3 dh 2 + b 4 h 2 + b 5 dhB Näslund

v = b 0 + b1 Kd 2 h = b 0 + b1 di d h Spurr

v = b 0 + b1 K + b 2 d 2 h + b 3 Kd 2 h Spurr

v = d 2 h (b 0 + b1K + b 2 ⋅ 1/ Kh ) Schiffel

v = b 0 + b1 d 0,5h ⋅ dh Ogaya

(
v = π / 4 ⋅ b 0 d 2 h + b1 d 0,3h + b 2 h 2 ) Pollanschutz

v = b 0 + b1 d + b 2 h + b 3 d 7 + b 4 dh + b 5 d 2 + b 2 h 2 + (Schmid)
b 7 d 72 + b 8 hd 72 + b 9 d 2 d 7 + b10 dh 2 d 7

v = b 0 ⋅ db1 ⋅ h b2 ⋅ dbi3 Spurr

127
Biometria Florestal

v = b 0 ⋅ (di ⋅ dh)
b1
Classe de forma
logarítmica de Spurr.

Onde: v = volume sólido;


d = diâmetro à altura do peito;
di = diâmetro na altura i;
d 0,3h ; d 0,5h = diâmetros relativos;

h = altura total;
h C = altura do ponto de inserção da copa;

B = dupla espessura da casca;


K = cociente de forma artificial.

10.3 Construção da tabela de volume

Inicialmente, as tabelas de volume foram construídas pelo método gráfico. A


partir de 1940, com o desenvolvimento do método analítico, o método gráfico entrou
gradativamente em desuso.
O método analítico apresenta, além da maior precisão e facilidade de cálculo,
a vantagem de não ser subjetivo, permitindo a todos obter o mesmo resultado, visto que
se utiliza da análise de regressão para ajuste dos modelos matemáticos.
O número de árvores-amostra a serem cubadas é uma função da
variabilidade do povoamento e da precisão desejada para as estimativas do volume.
Para a tabela de volume local, 50-100 árvores podem ser suficientes;
entretanto, para tabelas de volume a serem usadas em extensas regiões, várias centenas
de árvores são necessárias a fim de cobrir todos os sítios e classes de diâmetro e idades.
É importante que sejam desenvolvidas equações de volume específicas para
cada tipo ecológico, topografia, solo, etc. e, após, que seja verificada a possibilidade ou
não de agrupá-los em uma única equação.
A estratificação dos dados amostrados por sítios, ou espécies, por exemplo,
poderá trazer expressiva redução da variabilidade dos dados aumentando a precisão das
equações.

128
Biometria Florestal

Ao se obter equações para cada grupo surge naturalmente a pergunta se


essas não podem ser agrupadas em uma única equação que descreva todos os grupos
simultaneamente. Para isso, basta testar as hipóteses de paralelismo (se os coeficientes
angulares são comuns) e de coincidência das curvas (interceptos comuns). O teste para
tal é a análise de covariância. Para maiores detalhes veja Freese (1970) ou Kozak (1970).
Nos dois trabalhos, o teste de paralelismo e coincidência de curvas de regressão são de
fácil compreensão.
Nos casos em que a variação na forma da árvore, entre diferentes regiões
amostradas, seja tal, que acarrete erro de magnitude da função de volume, poderá ser
interessante a estratificação dos dados e a construção de tabelas distintas para as
diferentes regiões.
Na construção de tabelas de volume, devem ser obedecidos os seguintes
critérios, a fim de se obter estimativas fidedignas:
a) Selecionar um número de árvores-amostra buscando cobrir toda a variação
de idade, espaçamento e sítio para a mesma espécie florestal;
b) Cubar e medir as variáveis independentes para estimar a equação de volume;
c) Testar e comparar diferentes equações a fim de selecionar a que melhor
representa os dados.
Assim, a determinação do número de árvores a serem cubadas em cada
classe de dap pode ser obtida pela seguinte expressão:

n / classe = t 2 ⋅ S 2 E 2

_
Onde: E = erro admitido ( E = LE% ⋅ X );

S 2 = variância;
t = valor de “ t ” tabelado;
LE = limite do erro admitido;
_
X = volume médio.

129
Biometria Florestal

A determinação dos elementos da fórmula é feita a partir de uma


amostragem piloto, na qual é medido um número arbitrado de árvores por classe de
diâmetro.
A fórmula pode também ser utilizada considerando-se o conjunto de dados
amostrados; isto é, sem a distribuição em classes de diâmetro, calculando-se o número
total de árvores a serem cubadas para um erro e probabilidade fixados.
Esse número de árvores será, então, distribuído eqüitativamente nas classes
de diâmetro, fazendo com que cada uma receba o mesmo número de árvores, dando
origem a uma distribuição retangular. Esse procedimento é defendido por Kozak (1970)
como ideal para estudo de regressão, pois garante igual peso dos dados nas diferentes
classes da variável X.
Após a amostragem de um número suficiente de árvores, do ajuste de vários
modelos e da seleção do mais adequado, constrói-se a tabela de volume para a amplitude
dos dados observados. Para isso, coloca-se, em metros, na abcissa da tabela, o valor
correspondente aos centros de classe de altura e, na ordenada, os centros de classe de
diâmetro, em centímetros. É comum usar intervalos de classe de 2 cm para diâmetros e
de 1 m para alturas, podendo, estes valores ser alterados segundo a necessidade.
Após serem definidos os valores das classes, calcula-se, com a equação
selecionada, o volume para cada classe de diâmetro e altura até montar a tabela.
Confeccionada a tabela, deve-se definir sua área útil, ou seja, delimitar a
amplitude dos dados observados na amostragem. Essa delimitação indica a região na
tabela em que as estimativas são confiáveis e/ou a área onde se tratam de extrapolação.
Ao se analisar a Figura 39, que representa o desenvolvimento das curvas de
regressão de altura e diâmetro obtidas por sete modelos matemáticos para os mesmos
pares de dados, verificou-se que as estimativas fora da amplitude dos dados observados é
extremamente perigosa, podendo obter-se estimativas absurdas para a variável
dependente.
A tabela de volume deve trazer a indicação da finalidade a que se destina
(ex: tabela de volume total com casca); a espécie (ex: Pinus elliottii); o local de origem dos
dados e o modelo matemático que foi usado.
Para a confecção de tabelas de uso local ou múltipla, o processo é
semelhante, apenas respeitando a característica de cada tipo.

130
Biometria Florestal

Nas Tabelas 31 e 32, são apresentadas as tabelas de volume total com


casca para Eucalyptus saligna, primeira rotação, respectivamente tabela de simples
entrada e dupla entrada.
.
TABELA 31 - Tabela de volume total com casca para Eucalyptus saligna, primeira Rotação
- tabela de simples entrada (Schneider et al. 1988, modificada).

dap (cm) VOLUME (m³ cc) dap (cm) VOLUME (m³ cc)

8 0,030 26 0,664
10 0,042 28 0,815
12 0,067 30 0,925
14 0,106 32 1,040
16 0,160 34 1,233
18 0,253 36 1,365
20 0,313 38 1,503
22 0,413 40 1,647
24 0,530 42 1,897

131
Biometria Florestal

TABELA 32 - Tabela de volume com casca para Eucalyptus saligna, primeira rotação -
tabela de dupla entrada (Finger,1997)

cont...
Obs.: Para ver a continuidade da tabela, consultar Finger(1997).

132
Biometria Florestal

11 RELASCOPIA

11.1 Introdução

Os estudos de relascopia tiveram início com o Engenheiro Florestal austríaco


Dr. Walter Bitterlich em 1947. Após, outros autores, como Keen e Grosenbauch
realizaram vários trabalhos a partir desses conceitos iniciais (Husch et al.1982).
O Método é conhecido com as denominações de ponto amostral, ângulo de
contagem cruzada, ponto de amostragem horizontal, prova de numeração angular e
amostra de contagem angular.
A Amostra de Contagem Angular (ACA) baseia-se no postulado de Bitterlich
e diz o seguinte: “O numero de árvores (N) de um povoamento, cujos dap’s, a partir de
um ponto fixo, aparecem superior a um dado valor angular alfa constante, é proporcional à
área basal (G) em m2 por hectare”.

11.2 Relascópio de Bitterlich

Basicamente o relascópio de Bitterlich é apresentado nas versões banda


estreita, banda larga e o telerelascópio.
Aqui, abordar-se-á apenas o relascópio de banda estreita por ser a versão
básica e mais utilizada no meio florestal. O emprego dos demais segue o mesmo princípio,
alterando apenas as escalas de medição.
O relascópio de espelho de Bitterlich (Figura 56) é um aparelho pequeno,
com dimensões de 13 x 6,5 cm, pesando cerca de 400 g, versátil e de múltiplas utilidades
práticas no meio florestal. Basicamente é constituído pelas seguintes partes:
a) placa metálica para sombreamento;
133
Biometria Florestal

b) objetiva: orifício de pontaria;


c) ocular: orifício de visada;
d) janelas de iluminação;
e) botão para liberar e prender o movimento das escalas.

O aparelho destina-se à determinação da área basal do povoamento,


em m2 /ha, alturas, diâmetros, distâncias horizontais, declividade etc.
As principais medições que podem ser realizadas com o aparelho são
apresentadas na Tabela 33, a qual ilustra a sua versatilidade de emprego.

FIGURA 56 - Relascópio de espelho de Bitterlich.

Durante a medição, o operador do instrumento deve segurá-lo com a mão


direita, procurando não cobrir as janelas de iluminação, e acionar o botão, que prende e
libera as escalas, com o dedo médio. Nesta posição aproxima-se o olho direito da ocular
e coloca-se a mão esquerda sobre a direita, a fim de dar firmeza e estabilidade. O olho
esquerdo deve permanecer aberto durante a medição para controlar a observação e
medição dos objetos. Efetuando a mira deve observar internamente um campo de visão
134
Biometria Florestal

circular, dividido em duas partes por uma linha horizontal, denominada de linha de
pontaria, ou linha de mira (Figura 57a). Através do semicírculo superior, observar os
objetos, enquanto, na parte inferior, aparecem as escalas formadas por um conjunto de
faixas brancas e pretas, cortadas pela linha horizontal de pontaria.

TABELA 33 - Medições realizadas com relascópio de espelho de Bitterlich.

TIPO DE MEDIÇÃO DESCRIÇÃO

Medição-B Determinação da área basal:


a) Ao nível do dap;
b) A níveis superiores.
Medição-a Medição ótica das distâncias:
a) Com base horizontal;
b) Com base vertical.
Medição-h Medição da altura:
a) Para distâncias fixas 15, 20, 25 e 30m;
b) Outras distâncias horizontais.
Medição-b Determinação dos diâmetros a níveis superiores ao
dap, a partir de distâncias fixas.
Medição - h/d Medições combinadas das alturas e das larguras
das bandas de contagem (diâmetro).
Medição - f h/d Medição da altura formal:
a) Altura formal absoluta (fh);
b) Altura formal relativa (fh/d)
c) Fator forma artificial (f);
d) Volume de árvores individuais.
Medição - H Determinação da altura média do povoamento
através do método de Hirata.
Medição-D Determinação da declividade do terreno em
percentagem.

135
Biometria Florestal

Comprimido o botão destinado a soltar e fixar as escalas provoca-se o


movimento oscilatório dessas, que será freado logo que o botão for liberado.
Para a leitura, todos os valores devem ser tomados sobre a linha de pontaria.
Pequenos movimentos do aparelho junto ao olho poderão fornecer a adaptação da visão
às escalas e à linha de pontaria.
Em medições mais exigentes ou operações demoradas, deve-se manter o
aparelho com firmeza, a fim de evitar oscilações, sendo aconselhável o uso de um tripé ou
de um bastão cravado ao solo para servir de apoio.
As escalas do aparelho podem ser classificadas em:
a) Escalas hipsométricas: usadas para determinar alturas das árvores às
distâncias de 15, 20, 25 e 30 m.
Escalas de distâncias: usadas na determinação das distâncias horizontais de 15, 20, 25
e 30 m.
b) Escalas de numeração: contêm as bandas de numeração 1, 2 e 4, que
permitem as avaliações de diâmetro e área basal.

11.2.1 Escalas do Relascópio de banda estreita

O perfil e a largura de cada uma das escalas do relascópio são calculados de


modo que, a cada uma, corresponda um determinado fator de área basal (FAB = K),
independente do ângulo de pontaria ou declividade do terreno no qual o aparelho é usado.
As bandas de contagem (numeração) são automaticamente reduzidas pelo
cosseno do ângulo de inclinação, ao mesmo tempo em que as distâncias horizontais são
corrigidas para a projeção horizontal através da variação na largura das bandas (Figura
57b).

136
Biometria Florestal

FIGURA 57 - Escalas do relascópio de banda estreita. Vista através da ocular (a) e em


projeção plana (b) (Bitterlich e SILVA, s.d.).

Por isso o relascópio possibilita o trabalho em qualquer declividade do


terreno sem necessidade de correção de distância.
As escalas de distância gravadas no relascópio permitem determinar as
distâncias horizontais, isto é, sem necessidade de correção.
Os fatores de contagem “K” iguais a 1 e 2 estão gravados sobre a respectiva
banda branca: banda 1 e banda 2.
À direita da banda 1 aparecem, alternadamente, duas faixas pretas e duas
brancas cuja largura total das faixas corresponde exatamente à largura da banda 1.
Tomando-se o conjunto formado pela banda 1 mais as quatro bandas estreitas, obtém-se
a banda 4, cujo fator de contagem K é 4.
As escalas de contagem, além da determinação da área basal, são
empregadas em:
137
Biometria Florestal

a) Medição a: determinação de distâncias com base horizontal ou com


base vertical;
b) Medição b: determinação de diâmetros a níveis superiores ao dap com
distâncias fixas;
c) Medição h/d: medição combinada das alturas e diâmetros;
d) Medição fh/d: medição da altura formal.

As escalas de tangentes ou de alturas são usadas para:

a) Medição h: medição de altura;


b) Medição h/d: medição combinada de altura e diâmetro;
c) Medição fh/d: medição da altura formal;
d) Medição H: altura média de Hirata.

Essas escalas são expressas no sistema métrico e referidas a distâncias


fixas no aparelho.
As leituras sobre as escalas das tangentes podem ser realizadas com
precisão de meio metro. Para medidas mais exigentes, deve-se efetuar estimativas em
frações das unidades. Nesses casos, deve-se segurar o aparelho com firmeza e evitar
oscilações, sendo aconselhável o uso de um tripé ou bastão para apoio do instrumento.

11.3 Desenvolvimento matemático de uma ACA

Para fins de demonstração, será considerada, inicialmente, a seleção de


apenas uma árvore na ACA.
Considerando-se o esquema apresentado na Figura 58, tem-se:
l → largura da banda do relascópio ou mira;
L → comprimento da barra de Bitterlich*;
D → diâmetro da árvore;
R → distância radial do observador à árvore.
*A barra de Bitterlich possui a mira com largura ( l ) igual a 2 cm e comprimento ( L ) igual a 1 m. No relascópio corresponde à
distância focal do aparelho.

138
Biometria Florestal

FIGURA 58 - Esquema de medição no método da relascopia.

Sendo verdadeira a relação l / L = d / R e, gi = . d2 / 4 e S= . R2 ,


respectivamente, a área basal da árvore “i” e a superfície do círculo com raio R em um giro
de 360°, então a área basal para a ACA (unidade de amostra) será:

. d2 / 4
Gu.a = G / S = 2
= 1 / 4 (d / R )2
. .R

A mesma relação para um hectare é dada por:

G = 10 4.1 / 4 (d / R )2 .

Como só existiu uma árvore na superfície “S”, obtém-se a constante


instrumental “K”:

K = 10 4.1 / 4 (d / R )2 .

Realizando-se uma ACA, encontra-se, na realidade, não apenas uma árvore,


mas várias árvores dentro da superfície “S” (Figura 59). Nesse caso, a área basal será
dada por:

139
Biometria Florestal

. d12 / 4 . d22 / 4 . d32 / 4 . di2 / 4


G / u.a = + + + .......... + ,
. R12 . R22 . R32 . Ri2

G / u.a = 1 / 4 (d1 / R1)2 + 1 / 4 (d2 / R2 )2 + 1 / 4 (d3 / R3 )2 + 1 / 4 (di / Ri )2 .

Sendo o número de árvores contadas igual a N, tem-se:

G / u.a = 1 / 4 (d / R )2. N .
Expressando-se a área basal por hectare, tem-se:

G = 10 4. 1 / 4 (d / R )2. N .

onde : 10 4. 1 / 4 (d / R )2 = K → constante instrumental

Portanto, a área basal em m2/ha é dada por:

G = K .N,

onde: K = fator de numeração ou área basal;


N = número de árvores contadas.

140
Biometria Florestal

FIGURA 59 - Seleção de árvores, usando um ângulo constante a partir de um ponto


central fixo.

11.4 Escolha dos fatores de área basal

Os fatores de área basal ou de contagem angular estão relacionados com a


largura das bandas de contagem.
Sua fórmula genérica é dada, como foi visto anteriormente, por:

K = 10 4.1 / 4 (d / R )2 .

Sendo d / R a relação entre o dap e a distância radial, tem-se, para as


bandas 1, 2 e 4, respectivamente:

1 = 10 4.1 / 4 (d / R )2, por tan to d / R = 1 / 50

2 = 10 4.1 / 4 (d / R )2, por tan to d / R = 2 / 50

4 = 10 4.1 / 4 (d / R )2 , por tan to d / R = 1 / 25

Quando se trabalha com frações da banda de quatro quartos, como, por


exemplo, com uma banda estreita (1/4 da banda 1), o valor de K será igual a 1/16, pois:
d / R = 1 / 50 para a banda 1.
141
Biometria Florestal

Para uma banda estreita:

1/ 4
d/R = , portanto, d / R = 1 / 200 .
50

Substituindo-se, na equação geral, encontra-se o valor da constante K para


uma (1) banda estreita.

K = 10 4.1 / 4 (1 / 200)2 ,
K = 1 / 16.

De forma inversa, calculando-se o valor de d / R a partir do valor de K, tem-


se:
1 / 16 = 10 4.1 / 4 (d / R )2 ;
1 / 16 = 2.500 (d / R )2 ;
1 / 40.000 = (d / R )2 ;
1 / 200 = d / R.

Com o mesmo procedimento, são determinados os fatores de numeração


para diferentes combinações de faixas, como, por exemplo, para três faixas estreitas.
Nesse caso, o K pode ser calculado com base na banda 1, onde d / R = 1 / 50 , uma vez
que sua largura é equivalente a quatro faixas estreitas. Portanto:

3/4
d/R = → d / R = 3 / 200 .
50

Substituindo-se, na equação geral, tem-se:


K = 10 4.1 / 4 (3 / 200 )2 ;

K = 9 / 16.

142
Biometria Florestal

Para cinco faixas estreitas, o K pode ser calculado com base na banda 4,
que possui largura equivalente a oito faixas estreitas e d / R = 5 / 200 . Portanto:
5/8
d/R = → d / R = 5 / 200 .
25

Substituindo, na equação geral tem:

K = 10 4.1 / 4 (5 / 200 )2 ;

K = 25 / 16.

Na Tabela 35, são apresentadas diversas combinações de bandas de


contagem, ângulos críticos e respectivos fatores de contagem obtidos no relascópio de
banda estreita.
O uso de uma banda estreita em relação a outra mais larga provocará o
aumento do número de árvores contadas na amostra de contagem angular (ACA) e, com
isso, maior será a probabilidade de encontrar árvores pouco visíveis, muito finas, ou
duvidosas, exigindo, assim, maior controle das distâncias.
Normalmente 20 ou 30 árvores são consideradas suficientes em uma
amostra de contagem angular. Por outro lado, para Husch et al.(1982), o número de
árvores a ser contado em uma ACA deve ficar em torno de dez árvores.
Quando não se sabe a banda a ser usada, é conveniente realizar uma ACA
piloto e verificar o número de árvores medidas com a banda selecionada.
O uso de uma ou outra banda vai depender das seguintes características:
a) homogeneidade do povoamento;
b) densidade do povoamento;
c) variação dos diâmetros;
d) acuidade visual do operador;
e) firmeza e prática do operador.

Em geral, o levantamento efetuado com a banda 1, em termos de área, é


duas vezes maior que o realizado com a banda 2 e, aproximadamente, quatro vezes maior
que o efetuado com a banda 4.
143
Biometria Florestal

Se em vez de uma ACA com banda 1 forem tomadas duas com a banda 2,
obter-se-á melhor recobrimento da área.
Com o mesmo raciocínio, melhores resultados serão obtidos se, em vez de
duas ACA com banda 2 forem tomadas quatro ACA com a banda 4, regularmente
distribuídas pelo povoamento.
Assim, se em uma ACA forem contadas vinte e sete árvores com a banda 1,
nesta mesma área serão encontradas treze árvores se o levantamento for efetuado com a
banda 2.
O mesmo raciocínio é válido para a banda 4 e as bandas de quatro quartos.

TABELA 35 - Fatores de contagem K e ângulo crítico para diferentes combinações de


bandas.

BANDA ÂNGULO CRÍTICO K

1 estreita 1:200 1/16


2 estreitas 1:100 1/4
3 estreitas 1:66,66 9/16
4 estreitas (banda 1) 1:50 1
5 estreitas (banda 1+ 1 estreita) 1:40 25/16
6 estreitas (banda 1+ 2 estreitas) 1:33,33 9/4
7 estreitas (banda 1+ 3 estreitas) 1:28,57 49/16
8 estreitas (banda 4) 1:25 4
Banda 2 1:50/ 2 2

11.5 Determinação da área basal - medição B

A amostra de contagem angular resulta da determinação do número de


árvores (N) de um povoamento, cujo dap, a partir de um ponto fixo, é superior a um dado
valor angular constante. Esses valores constituem a medida básica para determinar a área
basal em m2/ha.
144
Biometria Florestal

A distância do observador ao centro do objeto (árvore) é “R” (corresponde à


distância crítica do fator K considerado) e a largura do objeto é “d”.
A circunferência que contém as árvores contadas para um ângulo
especificado é denominado círculo crítico da banda “x”.
A área basal expressa em m2/ha é determinada multiplicando-se o fator de
contagem “K” pelo respectivo número de árvores (N) contadas na ACA:

G = K .N.

Desse modo, para realizar uma ACA, basta fazer um giro de horizonte, no
sentido anti-horário, em torno de um ponto fixo, onde se situa o operador, visar e contar
todos os dap’s das árvores, classificando-os segundo o ângulo de visada da seguinte
forma:
a) árvore com dap maior que o ângulo alfa (Figura 59 a);
b) árvore com dap menor que o ângulo alfa (Figura 59 b);
c) árvore com dap igual ao ângulo alfa (Figura 59 c).

FIGURA 59 - Representação esquemática da classificação de árvores segundo o ângulo de


visada.

As árvores com dap maior que o ângulo alfa são contadas e recebem o
valor 1 (um).
As árvores limites devem ter suas distâncias horizontais controladas.
As árvores com dap menor que o ângulo alfa são desconsideradas ou
recebem o valor zero.
145
Biometria Florestal

Caso uma árvore não possa ser visualizada por se encontrar exatamente
atrás de outra, deve-se medir o diâmetro da mesma com a suta e, após, colocá-la com a
abertura igual ao diâmetro medido em posição onde possa ser visualizada, conservada a
distância do observador à árvore (centro da árvore), como ao lado da árvore, sendo então
definida a inclusão ou não desta pela visada na suta.
Na Figura 60, estão representadas as situações de contagem das árvores
durante a execução de uma ACA com a banda 4 (bandas 1 e 4/4 tomadas em conjunto),
segundo a classificação apresentada na Figura 59 a, b, c.

FIGURA 60 - Situações da numeração das árvores em uma ACA.

Durante a execução da ACA, ocorrem freqüentemente situações em que o


operador fica indeciso sobre a contagem ou exclusão de determinada árvore, que parece
ter dap igual a largura do ângulo crítico.
Nesses casos, mede-se o diâmetro da árvore com suta e a distância radial
com fita métrica. Essa medida deve ser realizada com acurácia, determinando-se a
distância do aparelho (centro da ACA) ao centro da árvore considerada.
A distância radial calculada, também conhecida como distância ótica, deve
ser maior que a distância horizontal medida com a fita para a árvore ser incluída na ACA.
Também pode ser dito que o diâmetro crítico calculado deve ser menor que o medido.
146
Biometria Florestal

Considerando-se, como exemplo, uma árvore limite que apresente dap de


40,0 cm e distância medida do observador ao centro da árvore de 9,85 m, tem-se:
- dap = 40,0 cm;
- banda = 4;
- ângulo crítico = 1:25;
- distância de controle = 986 cm.

Através da relação d/R, calcula-se a distância ótica como:

d/R = 1/25; para a banda 4

isolando R, tem-se:

R = d . 25;
R = 40 × 25 = 1.000 cm = 10,0 m.

Conclui-se que a árvore deve ser incluída na ACA, pois a distância do centro
da mesma até o observador é maior que a distância de controle. Isto implica que, à
distância de 10,0 m tem-se uma abertura de 40,0 cm para o ângulo da banda 4. Como a
árvore tem 40,0 cm de dap e se encontra exatamente a 9,86 m, nesta posição o diâmetro
da árvore é maior que o ângulo. Assim, pode ser afirmado que a distância ótica (obtida
pelo produto do ângulo crítico e o dap) é a distância na qual a abertura do ângulo crítico é
igual ao diâmetro; e, para qualquer distância menor, o dap será maior que a abertura do
ângulo, satisfazendo o critério de seleção.
Com a mesma relação d/R, é possível calcular o diâmetro que corresponde
ao ângulo de visada da banda em questão a uma distância igual a distância no terreno.
Assim: d / R = 1 / 25 ;
d / 9,86 = 1 / 25 ;
d = 39,44 cm .

Assim, evidente que o diâmetro que corresponde ao ângulo a


uma distância de 9,86 m é menor que o diâmetro da árvore.
147
Biometria Florestal

Em resumo, sempre que aos olhos do observador uma árvore se apresentar


como árvore limite, ela pode estar sob as seguintes situações:

a) Árvore com o diâmetro ligeiramente superior à largura da banda:


nesse caso, ao determinar a distância ótica obtém-se um valor maior que a distância de
controle; portanto, a árvore deve ser contada.
O exemplo anterior retrata esta situação. Verificou-se que a largura da
banda correspondente a esta distância de controle (986 cm) é de 39,44 cm, ou seja, o
diâmetro da árvore é maior que a largura da banda, determinando, assim, a contagem da
mesma na ACA (Figura 59 a).

b) Árvore com diâmetro ligeiramente inferior a largura da banda: neste


caso, ao determinar-se a distância ótica obtém-se um valor menor que a da distância de
controle, pois, de maneira inversa ao anterior, o diâmetro da árvore será menor que a
largura da banda e não será contada (Figura 59 b).
Modificando-se o exemplo anteriormente citado, tem-se:
dap = 39,0 cm;
banda = 4;
ângulo crítico = 1:25;
distância de controle = 986 cm;
distância ótica = 39,0 × 25 = 975 cm .

c) Árvore com diâmetro igual à largura da banda: nesse caso, ter-se-ia


a distância ótica igual à distância de controle, logo o diâmetro da árvore será igual ao
diâmetro crítico (Figura 59 c) e, portanto, segundo o postulado de Bitterlich, a árvore é
desconsiderada. Essa situação não é freqüente nos trabalhos de campo.

11.6 Determinação da distância horizontal - medição a

A determinação da distância horizontal constitui uma vantagem do


relascópio, pois ela é automaticamente corrigida para a projeção horizontal plana.
Essa distância pode ser realizada com base horizontal ou com base vertical.
148
Biometria Florestal

11.6.1 Distância com base horizontal

Na determinação da distância com o auxílio de uma base horizontal, usa-se


exclusivamente a banda 4.
O procedimento de medição das distâncias é também baseado na relação
entre largura do objeto (d) e a distância radial (R).
Ao verificar que a banda 4 cobre toda a largura da base utilizada, a distância
ao objeto corresponderá a 25 vezes a largura desta base, pois o ângulo crítico, relação
d/R, é igual a 1/25 na banda 4.
Como base horizontal, usa-se geralmente a suta ou qualquer escala
semelhante cuja abertura considerada possa ser facilmente lida e multiplicada por 25,
como mostra a Figura 61.
A precisão das leituras não deverá exceder a casa dos centímetros.

149
Biometria Florestal

FIGURA 61- Emprego da suta como base horizontal na determinação da distância


horizontal. (Bitterlich & Silva, s. d)

11.6.2 Distância com base vertical

Para esse fim, foi construída uma base de 2 m de comprimento que será
fixada verticalmente no tronco da árvore através de dois pinos.
Na falta dessa base, pode-se usar uma vara, bambu ou mesmo uma fita
métrica. É necessário que essa base, além do comprimento de 2 m, tenha marcada, de
forma visível, as extremidades e o centro.
Com a base vertical fixada à árvore, o medidor afasta-se da árvore até atingir
um ponto provisório de estação mais ou menos igual à distância procurada.
Segurando o aparelho em posição normal, faz uma visada ao ponto central
da base vertical de modo que a linha de visada sobreponha exatamente o centro da
mesma.
Esta posição será rapidamente obtida, comprimindo e soltando o botão das
escalas.
Após, o medidor imprime ao aparelho uma rotação de 90°, no sentido anti-
horário, ficando a linha de pontaria na posição vertical, como demonstrado na Figura 62.

150
Biometria Florestal

FIGURA 62 - Emprego da base vertical do relascópio na determinação da distância


vertical (Bitterlich e Silva, s.d).

A seguir, procura ajustar o limite inferior da banda 2 com a extremidade


inferior da base e coincidir o limite superior da faixa de distância, cujo valor quer
determinar, com a extremidade superior da base vertical. Esta posição é obtida afastando-
se ou aproximando-se da árvore. Cada vez que o operador se afastar ou se aproximar do
objeto a ser medido deverá repetir toda a operação, isto é, voltar a visar o centro da escala
vertical com o relascópio em posição normal para garantir a correção da distância à
projeção plana, girar o aparelho 90º e buscar enquadrar a base vertical nas escalas do
aparelho.
Ao concluir a operação, deve-se ter toda a base vertical compreendida entre
a banda 2 e a faixa de distância desejada.

11.7 Determinação relascópica do número de árvores por hectare

Segundo Silva (1977), pelo princípio da ACA, resulta que cada árvore
contada representa uma quantidade de área basal em metros quadrados por ha,
correspondendo ao fator de numeração K utilizado. Caso seja contada apenas uma árvore
de área basal (g) com fator K, a área basal será dada por:
151
Biometria Florestal

1 × K = G m2 / ha .

Como o valor G representa a área basal das árvores em um hectare e,


portanto, equivale à soma de todas as áreas basais das árvores nesta unidade de área,
existe, portanto, uma relação entre a área basal (g) da árvore contada e o fator de área
basal (K):

ni = K gi .

Considerando-se que em uma ACA serão contadas “n árvores”, o número de


árvores N por hectare será obtido pela soma do número de árvores representadas pela
árvore 1, pela árvore 2, .... , a enéssima árvore pertencente à ACA:

N ha = K . ((1 / g1) + (1 / g2 ) + (1 / g3 ) + ...... + (1 / gn )) ;

ou para mais de uma ACA, obtém-se o estimador do número de árvores por:

n m
N ha = K n . . 1 gij ;
j =1 i =1

onde : n = número de ACA’s realizadas;


K = fator de área basal,
m = número de árvores contadas na ACA ”i”;
gij = área de basal da árvore i na ACA “j”.

Supondo-se, como exemplo que em uma ACA realizada com banda 4,


fossem contadas cinco árvores, com diâmetros de 40,0; 22,5; 32,5; 18,0 e 24,0 cm, o
número de árvores por hectare seria:
1 5
N ha = 4 1 . . 1 / 0,125664 + 1 / 0,039761 + 1 / 0,082958 + 1 / 0,025447 + 1 / 0,045239
j =1 i =1

152
Biometria Florestal

N ha = 4 . (7,96 + 25,15 + 12,05 + 39,30 + 22,10 )


N ha = 426,2 árvores.

11.8 Determinação da altura da árvore - medição h

A medição das alturas com o relascópio segue o mesmo princípio usado pelo
Blume-Leiss, Haga e Suunto, ou seja, da resolução de tangentes de ângulos (cf. as
Figuras 18, 19, 20).
Para a medição de altura, as leituras são realizadas nas escalas
hipsométricas, sendo que os valores lidos, como no Blume-Leiss, representam o produto
da tangente do ângulo pela distância. Entretanto, com o relascópio, não será necessário
realizar nenhuma correção de declividade, pois as escalas de distância já foram reduzidas
pelo cosseno do ângulo de inclinação do terreno, devendo-se, neste caso, para auferir
esta vantagem, determinar a distância do observador à árvore com o uso de aparelho e
não com trena.
O aparelho apresenta escalas de tangentes para as distâncias fixas de 20,
25 e 30 metros. Na determinação das alturas a 15 metros de distância, usa-se a escala de
30 m para realizar a leitura e divide-se o resultado por dois.
O procedimento de campo consiste em determinar a distância horizontal
entre o observador e a árvore a ser medida (processo ótico) e realizar as medições na
escala de tangente correspondente. Nessa escala, os valores gravados são a tangente do
ângulo de inclinação multiplicado pela distância, sendo as alturas lidas diretamente em
metros.
Como em qualquer operação com o relascópio, a medição é realizada
sempre sobre a linha de pontaria.

11.9 Medição do diâmetro - medição b

A medição do diâmetro pode ser feita a qualquer altura do tronco da árvore,


sendo usada, para isso, a banda dos 4/4.

153
Biometria Florestal

Considerando que o ângulo crítico desta banda é 1/50, pois a soma das
quatro bandas estreitas é igual a banda 1; a metade desta será 1/100 e um quarto da
metade será de 1/200.
Dessa forma, verifica-se que a metade da banda 1 fornece uma largura em
centímetros, que corresponde a uma distância horizontal em metros de mesmo valor
absoluto, pois sendo o ângulo crítico igual a 1/50, tem-se, conforme descrito para a
metade da banda 1, d / R = 1 / 100 .
Por este princípio, fica fácil determinar os diâmetros a qualquer nível do
tronco. Por exemplo, o valor da banda de 4/4 e cada uma de suas faixas em uma distância
horizontal de 20,0 m será dada por:

d / R = 1 / 50
d / 20 = 1 / 50 d = 20 / 50 = 0,40 m

e cada banda estreita vale:

40,0 cm / 4 = 10,0 cm

Na Tabela 36 são apresentados os diâmetros em centímetros para a metade


da banda 1, em função da distância horizontal em metros.
Bitterlich e Silva (s.d) citam ainda que, para maior precisão, deve-se efetuar
estimativas em relação a frações das bandas estreitas, ou seja, estimar subdivisões para
as mesmas. Os autores recomendam, ainda, um apoio para o aparelho, a fim de obter
maior firmeza no uso do mesmo.

154
Biometria Florestal

TABELA 36 - Diâmetros para a metade da banda 1 em função da distância horizontal.

DISTÂNCIA DIÂMETRO COBERTO PELA


HORIZONTAL (m) METADE DA BANDA 1 (cm)

10 10
15 15
20 20
25 25
30 30

11.10 Medição combinada de altura e diâmetro - medição h/d

A medição dos diâmetros a diferentes alturas e a altura dessas posições nas


árvores em pé constitui uma importante tarefa da dendrometria. Na Figura 63, é
apresentado o esquema de determinação dos diâmetros a diferentes alturas de uma
árvore.
Para facilitar essa tarefa, na construção do relascópio, as bandas 1 e de 4/4
foram dispostas entre as escalas de tangentes de 20 e 25.
Assim, considerando-se, por exemplo, a Figura 63, o observador estava
posicionado a distância de 20 m em relação ao centro da árvore. Nesta distância, cada
faixa estreita corresponde a uma largura de 10,0 cm, pois:

d / R = 1 / 25 → banda 4

logo: d = R / 25 = 20 / 25 = 0,80 m .

Sendo a banda 4 composta de oito faixas estreitas, cada uma equivale à


0,80 / 8 = 0,10 = 10,0 cm .

155
Biometria Florestal

Assim, na Figura 63, o diâmetro a 1 m do solo foi coberto por cinco faixas
estreitas (banda 1 + 1 faixa estreita), sendo seu valor igual a 5 x 10,0 = 50,0 cm.
Na segunda leitura, o aparelho foi inclinado até a posição onde, na escala
hipsométrica de 20,0 m, foi lido o valor 5. Nessa posição, 4,5 faixas estreitas cobriram o
diâmetro da árvore, correspondendo a 45 cm (4,5 x 10,0 = 45 cm).

FIGURA 63 - Determinação dos diâmetros a diferentes alturas do tronco.

As demais medições são obtidas com o mesmo procedimento.


Assim, após determinar a distância horizontal, torna-se fácil medir o diâmetro
e a altura correspondente. Se o seccionamento for realizado a cada 4 m e a leitura da
primeira secção for (+1), então a segunda leitura deverá ser efetuada a (+5), a terceira
será na posição (+9) e assim, sucessivamente.

156
Biometria Florestal

No interior da floresta, ao se medir o diâmetro a diferentes alturas, poderá


ocorrer que para a distância horizontal igual aos módulos da escala hipsométrica, não seja
o local ideal de medição, sendo necessário, realiza-lá em outra distância.
Nesse caso, o observador deve certificar-se de medir com a trena a distância
horizontal desse novo ponto ao centro da árvore e calcular um fator de correção para as
medidas a serem tomadas em uma das escalas hipsométricas.
Para exemplificar, suponha-se que o observador estivesse posicionado a
uma distância de 16,5 m do centro da árvore e, ao visar a base da mesma obtivesse a
leitura de -1,2 m (na escala hipsométrica de 20,0 m) e que 5,2 bandas estreitas fossem
usadas para cobrir o diâmetro da árvore.
Nessas condições tem-se:

- distância de controle = 16,5 m;


- banda 4 → ângulo crítico = 1/25;
- n° de faixas estreitas = 5,2;
- leitura na base= -1,2 m.

Valor da largura da banda na distância de controle:

d / R = 1 / 25 ∴ d = 16,5 / 25 = 0,66 m ;

cada faixa estreita vale:

0,66 ÷ 8 = 0,0825 m = 8,25 cm.

Assim, o diâmetro nessa posição é equivalente a 5,2 faixas x 8,25 cm, ou


seja, é igual a 42,9 cm.
O valor lido na escala hipsométrica de 20,0 m, correspondente a base da
árvore, -1,2 m, terá valor na escala de 16,5 m obtido por:
− 1,2 m −−−−−−−−−−−−− 20,0 m
x −−−−−−−−−−−−− 16,5 m

157
Biometria Florestal

16,5
x = −1,2 × = −0,99 m.
20

Generalizando qualquer valor lido na escala hipsométrica de 20,0 m será


corrigido por:

Valor corrigido = valor lido x fc e,

distância real 16,5


fc = = = 0,0825 m .
distância aparente 20,0

É importante lembrar que o sinal negativo em frente à leitura é apenas


referencial, indicando que a leitura foi feita em um lado da escala; à esquerda do zero.
Dessa forma, para definir o ponto onde será feita a nova medição do diâmetro, por
exemplo o dap, o aparelho será movimentado em direção ao ápice da árvore, até o ponto
onde for lido, na escala hipsométrica de 20,0 m; o valor de 0,38 m, pois, o valor corrigido
será igual ao valor lido x fc.

Logo:

valor corrigido
Valor lido =
fc

Nesse caso, é desejada a posição de 1,30 m. Assim, essa leitura em uma


escala hipsométrica de 20,0 m, na distância horizontal de 16,5 m, será:

1,30 m ÷ 0,825 ≅1,58 m

Como na base da árvore foi lido o valor de –1,20 m, a posição do dap será
encontrada quando a linha de visada estiver apontando para o valor de 0,38 m; ou seja,
1,58 m – 1,20 = 0,38 m; o que corresponde a uma distância de 1,3 m a partir da base da
árvore.

158
Biometria Florestal

O mesmo procedimento é feito para qualquer outra posição de medição ao


longo do tronco.

11.11 Determinação da altura de Lorey

Sendo a altura de Lorey a altura média obtida pela ponderação das alturas
das árvores com as respectivas áreas basais, ou também dita da ponderação da área
basal correspondente ao centro de classe e à altura média da classe, sua determinação
na relascopia é muito fácil, pois será expressa pela média aritmética das alturas conforme
demonstrado a seguir.
n
hi.gi
i =1
Sendo G = K . N e sendo a altura de Lorey dada por: hL = n
pode-se escrever
gi
i =1

n
hi.gi
para o hectare que: hL = i =1 .
G
Sendo válido para a relascopia que G = K . N , ou seja, cada árvore
selecionada como pertencente à ACA, independente de seu dap, representa a mesma
área basal “K” por hectare; assim, a hL será expressa por:

n n
hi . K hi −
h . K + h2 . K + ......... + hn . K i =1 i =1
hL = 1 = = = h
K + K + ........ + K n.K n

11.12 Medição da declividade – medição D

O relascópio de espelho não tem escalas em percentagem, porém as três


escalas tangentes podem ser facilmente usadas para esse fim.

159
Biometria Florestal

A transformação dos valores lidos em percentagem é feita pela multiplicação


da leitura na escala de 20 m por 5, na escala de 25 m por 4 e na escala de 30 m por 10/3.
Supondo-se, por exemplo, que a uma distância qualquer foi realizada uma
visada em um anteparo de altura igual ao olho do observador, obtendo-se o valor 1,5m na
escala de 20,0 m.
A declividade do terreno será:
1,5 m x 5 = 7,5%

11.13 Determinação da altura formal relativa e absoluta e do fator de forma artificial

A altura formal é obtida pelo produto do fator de forma e altura (f x h), sendo
relascopicamente determinada a partir da altura diretriz de Pressler, utilizando-se uma das
seguintes relações, conforme Figura 64.

a) Visar o dap usando a banda 4, aproximando-se ou afastando-se da


árvore até que esse conjunto de bandas cubra exatamente o diâmetro. A altura deste
ponto deve ser lida na escala das tangentes de 25 m. A seguir, ergue-se o aparelho em
direção à copa da árvore até encontrar um ponto superior que seja igual a banda 1. Da
mesma forma, efetua-se a leitura da altura deste ponto na escala de 25 m. A soma das
duas leituras, multiplicadas por 2/3, representa a altura formal relativa;

b) Visar o dap usando a banda 1+ 2 estreitas e um diâmetro superior


correspondente a três bandas estreitas. A soma das leituras efetuadas na escala de 25 m,
multiplicada por 8/9, resulta a altura formal relativa;

c) Visar o dap usando a banda 1 e o diâmetro superior correspondente a


duas bandas estreitas. A soma das leituras na escala de 25 m, multiplicada por 4/3,
representa a altura formal relativa.

160
Biometria Florestal

FIGURA 64 - Procedimento para determinação da altura formal de Pressler com o


relascópio de espelho de Bitterlich.

Supondo-se a alternativa de determinação descrita em a e os seguintes


dados, tem-se:
- banda 4 e banda 1;
- dap = 26,5 cm, h = 23,5 m;
- L1 = -2,0 m* = leitura do dap;
*
- L2 = +52,0 m* = leitura superior, tem-se:

fh / d = (L1 + L 2 ) ⋅ 2 / 3 ;

fh / d = (2 + 52) ⋅ 2 / 3 ;
fh / d = 54 ⋅ 2 / 3 ;
fh / d = 36,0 altura formal relativa .

161
Biometria Florestal

Multiplicando-se o valor encontrado da altura formal relativa pelo dap, obtém-


se f x h, que é a altura formal absoluta.

fh = fh / d × d ;
fh = 36,0 × 0,265 m ;
fh = 9,54 m ≅ 9,5 m .

Pelo mesmo princípio, a altura formal do povoamento ficará determinada


efetuando-se a média aritmética das alturas formais obtidas de cada árvore contada na
ACA.
Uma aproximação pode ser obtida determinando-se altura formal de cada
segunda, terceira ou quarta árvore contada ou, ainda, determinando-se o valor para a
árvore de área basal central ( dz ).
A altura formal do povoamento deve ser calculada de forma ponderada com
os valores das respectivas áreas basais.

FH = (V / G) = (g × fh) / g

O fator de forma é obtido pelo quociente entre a altura formal absoluta


e a altura total da árvore;
f = fh / h ;
f = 9,54 m / 23,5 m
f = 0,4059

ou pelo quociente entre a altura formal relativa e a relação h/d, isto é:

fh / d
f=
h/d

*
Os sinais “- e +” diante das alturas lidas representam, respectivamente, alturas lidas abaixo e acima de zero (referencial
da linha do horizonte) e servem apenas para indicar a situação do observador no terreno (veja as Figuras 18, 19 e 20).

162
Biometria Florestal

f = 36,0 / (23,5 / 0,265 ) = 0,4059

11.14 Determinação da intensidade de amostragem

A intensidade de amostragem depende dos seguintes fatores básicos:


a) Variabilidade da população;
b) Precisão desejada para as estimativas;
c) Tempo e recursos disponíveis;
d) Custo de medição;
e) Diâmetro médio do povoamento.

Segundo Hanras, apud Silva, 1977), quanto mais heterogêneo e irregular o


povoamento maior será o número de estações necessárias para a sua avaliação. No
entanto, esse autor afirma que, em média, 4 ou 5 estações por hectare são suficientes
para e obter boa precisão.
A intensidade de amostragem pode ser definida em função da precisão
requerida, dos custos máximos admitidos, da combinação entre custo e precisão ou sem
controle sobre o erro amostral.
Algumas fórmulas auxiliares para o cálculo da intensidade de amostragem
quando não há interesse no controle do erro amostral são:
a) a 4 = 48 + 2 S ;

b) a2 = 58 + 2 S ;

c) a1 = 68 + 2 S .

Onde: S = área do povoamento em hectares;


A = distância entre pontos, em metros;
4,2,1 = fator de área basal.

163
Biometria Florestal

Para fins de exemplo, suponha uma floresta com 676,0 ha, na qual serão
instaladas unidades relascópicas utilizando a banda 4, a intensidade de amostragem será
dada por:

a 4 = 48 + 2 676,0
a4 = 100 m de distância entre cada ACA .

Caso fosse utilizada a banda 2:

a2 = 58 + 2 676,0 = 110 m de distância entre cada ACA.

Ou através da banda 1 por:

a1 = 68 + 2 676,0 ;
a1 = 120 m entre cada ACA.

A definição aleatória dos pontos da ACA produz melhores resultados, porém


o processo sistemático torna mais fácil o levantamento.
Uma rede sistemática de pontos em forma de quadrado, retângulo ou
triângulo pode ser lançada sobre a área a ser levantada
O número de pontos por hectare, considerando uma rede quadrada, é dado
pelo quociente entre a área do hectare e o quadrado da distância entre pontos para o fator
usado, ou seja:

n = 10.000 / a2

Para o exemplo anterior, utilizando-se a banda 4, resulta 1 ponto/ha;


utilizando-se a banda 2, tem-se 0,826 pontos/ha e utilizando-se a banda 1 chega-se a
0,694 ponto/ha.

164
Biometria Florestal

O número de pontos de estações reduz em cerca de 30% se, em vez de


K=4, for usado K=2 e, em cerca de 50% se for utilizado o K=1. Conseqüentemente as
distâncias entre os pontos aumentam com a diminuição do fator.
O fator K escolhido deverá ser o mesmo em todas as unidades levantadas.
Em inventários contínuos, estes pontos devem ser marcados de modo
duradouro.

11.15 Correção do fator de área basal

Durante a execução de uma ACA, podem ocorrer situações em que esta se


localize próxima ao limite da floresta, por exemplo, junto a uma estrada, estando a área
física da ACA parcialmente fora da floresta. Nesse caso, é necessário corrigir o valor do
fator K, pois este deverá representar um valor maior de área basal, para cada árvore que
tiver um raio crítico maior do que a distância do centro da ACA à margem da estrada.
Para cada árvore cujo círculo crítico seja maior que a distância “x”, deve ser
calculado um fator de ponderação “FP”, o qual será multiplicado pelo fator K. Assim a
árvore representará K’ m2; onde K’ > K.
Considerando-se a Figura 65, o fator de ponderação será expresso por:

FP = FK / (FK − FS ) ;

Onde: FK = r 2 ⋅ ;

FS = r 2 ⋅ ⋅ (2 arc cos (x / r )) / 360° − x ⋅ (r 2


)
− x2 ;

(
r = d ⋅ 50 / K , ) pois: K = 10 4 ⋅ (1 / 4 ) ⋅ (d / R )2 .

165
Biometria Florestal

FIGURA 65 - Ponderação do FAB para a ACA de área incompleta.

Onde: x = distância em metros do centro da ACA até a borda da floresta;


FS = área do círculo crítico localizado fora da floresta;
FK = área do círculo crítico;
1,2,3 = árvores;
r = raio crítico da árvore.

Considerando-se, por exemplo, que a árvore número 3, na Figura 65, tivesse


59,5 cm de diâmetro, que a distância “x” fosse de 8,0 m e que a ACA foi realizada com a
banda 4, tem-se:

a) Cálculo do raio crítico da árvore 03:

K = 10 4 ⋅ (1 / 4 ) ⋅ (d / R )2 ;

4 = 2.500 ⋅ (0,595 / R )2
;
R = r = 14,875 m.

b) Cálculo da área do círculo crítico que fica fora da floresta:

FS = r 2 ⋅ ⋅ (2 arc cos (x / r ) / 360°) − x ⋅ (r 2


)
− x2 ;

166
Biometria Florestal

( )
FS = 14,8752 ⋅ ⋅ (2 arc cos (8 / 14,875 ) / 360°) − 8 ⋅ 14,875 2 − 82 ;

FS = 121,5945 m2 .

c) Cálculo da área do círculo crítico:

FK = r 2 ⋅ ;

FK = 14,8752 ⋅ ;

FK = 695,1265 m2 .

d) Cálculo do fator de ponderação:

FP = FK / (FK − FS ) ;
FP = 695,1265 / (695,1265 − 121,5945 ) ;
FP = 1,212 .

e) Área basal representada por hectare:

G = K ⋅ FP ;
G = 4 × 1,212 ;

G = 4,848 m2 / ha .

Logo esta árvore não representa 4,0 m2 , como normalmente (fator de área

basal da banda 4), mas 4,848 m2 / ha .

11.16 Vantagens e desvantagens da relascopia

Segundo Silva (1977), as principais vantagens e desvantagens da relascopia


em relação a enumeração total são:

167
Biometria Florestal

a) Eliminam-se os erros provenientes da instalação das unidades amostrais;


b) Reduz o tempo e custo para obter a área basal, podendo ser incrementado o
número de unidades amostrais e melhorar a sua distribuição espacial;
c) Em operação mista com uma suta, permite determinar a distribuição da área basal
por classe de dap;
d) Permite conhecer a área basal do povoamento a partir de um reduzido número
de árvores;
e) As árvores de raízes tabulares podem ter a área basal medida em alturas, onde o
tronco possui forma regular;
f) O diâmetro da árvore de área basal central pode ser obtido rapidamente pela
eliminação simultânea dos maiores e menores diâmetros da ACA;
g) O método facilita a obtenção da altura média de Lorey e, por conseqüência, do
volume do povoamento;
h) A área basal é obtida pela contagem do número de árvores da ACA, sem recorrer
à medição dos diâmetros;
i) A inclinação do terreno é automaticamente corrigida pelo relascópio, sem que
seja necessário introduzir correções;
j) As determinações são rápidas e podem ser realizadas por um só homem treinado.

As principais desvantagens são:

a) O manuseio puro e simples do aparelho não permite conhecer a distribuição da


área basal por classe de diâmetro;
b) Em povoamentos densos ou em florestas tropicais, o sub-bosque pode influenciar
no resultado;
c) A luminosidade no interior da floresta interfere nos processos de avaliação.

168
Biometria Florestal

11.17 Determinação do volume por hectare

A seguir, serão apresentados três exemplos para a determinação dos


volumes por hectare usando o relascópio de Bitterlich.
Os exemplos foram elaborados considerando um povoamento de Eucalyptus
saligna, plantados sobre solo com preparo profundo onde foi realizada uma ACA com a
banda 4.
Como função de fator de forma apresentada por Finger (1991) e de uma
relação hipsométrica calculada para fins desse exemplo, a saber:

h h
f = 0,32744 + 34,98243 / d2 + 0,25389 ⋅ − 4,41335 ⋅ 2 ;
d d
e

h = 4,83514 + 0,92411 ⋅ d .

MÉTODO 1 - Medição completa dos diâmetros e alturas na ACA

TABELA 37 - Cálculo dos volumes por medição completa dos diâmetros e alturas em
uma ACA

Árv. Núm. d h f n/ha V/ha


(1) (2) (3)

01 12,5 16,1 0,42359 325,9 27,3


02 22,3 28,2 0,46858 102,4 52,9
03 30,9 34,0 0,48628 53,3 66,1
04 28,2 30,0 0,47503 64,0 57,0
05 18,9 24,3 0,45157 142,6 43,9
06 25,5 28,5 0,47156 78,3 53,8
07 31,0 34,4 0,48760 53,0 67,1

169
Biometria Florestal

08 15,7 18,9 0,43660 206,6 33,0


09 26,4 28,7 0,47191 73,1 54,2
Soma 1.099,3 455,2 m3/ha
Obs: Valores em negrito representam os dados medidos na floresta.

G / ha = 4 × 9 = 36 m2

h h
1 – f = 0,32744 + 34,98243 / d2 + 0,25389 ⋅ − 4,41335 ⋅ 2
d d

2– 4 ((0,125 2
× ) 4) = 325,9 árvores

3 – 4 × 16,1× 0,42359 = 27,3 m3

O volume por hectare pode ser também expresso como: V = G ⋅ hL ⋅ f , e o


valor de hL é obtido por:

16,1 + 28,2 + 34,0 + 30,0 + 24,3 + 28,5 + 34,4 + 18,9 + 28,7


hL = = 27,0 m
9

e, sendo o fator de forma médio obtido para a árvore de área basal central “dz” cujo
diâmetro é 25,5 cm e a altura 28,5 m foi de 0,47005.
A árvore de diâmetro de área basal central dz é facilmente identificada pela
eliminação sucessiva dos pares de dados de menor e maior diâmetro; neste caso como:
12,5; 15,7; 18,9; 22,3; 25,5; 26,4; 28,2; 30,9; 31,0;

dz = 25,5 cm

Assim, o volume por hectare será obtido por: V = G ⋅ hL ⋅ f ;

V= 36 x 26,7 x 0,47005 = 451,8 m³/ha.

170
Biometria Florestal

MÉTODO 2 - Medição completa dos diâmetros e da altura da árvore dz, e estimativa


das alturas pela relação hipsométrica.

Nesse caso, serão medidos, na ACA, todos os diâmetros e a altura da árvore


de área basal central, sendo as demais calculadas com a relação hipsométrica.

TABELA 38 - Cálculo do volume usando a relação hipsométrica em uma ACA

Árv. Núm. d h ** f n/ha V/ha


01 12,5 16,5 0,42052 325,9 27,7
02 22,3 25,5 0,46191 102,4 47,2
03 30,9 33,5 0,48445 53,3 64,9
04 28,2 31,0 0,47847 64,0 59,3
05 18,9 22,4 0,44953 142,6 40,3
06 25,5 28,5 0,47156 78,3 53,8
07 31,0 33,6 0,48466 53,0 65,1
08 15,7 19,4 0,43566 206,6 33,9
09 26,4 29,3 0,47398 73,1 55,6
Soma 1.099,3 447,8 m3/ha
Obs: * Valores em negrito representam os dados medidos na floresta, ** Valores calculados com a relação
hipsométrica

Cálculo do coeficiente b0, sendo b1 constante:

h = b0 + 0,92411× d ;

b0 = h − 0,92411× b ;

b0 = 28,5 − 0,92411× 25,5 ;

b0 = 4,935195 .

A altura das árvores será dada por: h = 4,9352 + 0,92411 ⋅ d .

171
Biometria Florestal

MÉTODO 3 – Combinação dos dados levantados na ACA e da Tabela de Produção

Nesse método, é necessário, além da tabela de produção, conhecer a idade


do povoamento e altura dominante.
Para determinar a altura dominante, usa-se o método descrito por
Pollanschütz, em 1973, que obtém esse estimador a partir média das alturas das árvores
correspondentes a 12 m² de área basal por hectare, ponderadas pelas respectivas áreas
basais.
O estimador, assim calculado, representa a altura de Lorey das maiores
árvores do povoamento, limitadas a 12 m² de área basal por hectare. Para maiores
detalhes, ver o capítulo da Relascopia.
Nesse exemplo, hPoll será a média aritmética das alturas das três maiores

árvores da ACA (Tabela 39), pois cada árvore selecionada representa 4 m² de área basal
por hectare .
hPoll = (34,0 + 30,0 + 34,0 ) / 3 = 32,7 m

TABELA 39 – Enumeração em uma prova de numeração angular

Árv. Núm. d h

01 12,5
02 22,3
03 30,9 34,0
04 28,2 30,0
05 18,9
06 25,5
07 31,0 34,4
08 15,7
09 26,4

172
Biometria Florestal

De acordo com as Tabelas de Produção para Eucalyptus saligna, em solo de


preparo profundo, cuja idade índice foi sete anos, apresentadas por Finger (1991), verifica-
se que a ACA encontra-se em índice de sítio 32,7 m.
Assim, para essa floresta que se encontra com sete anos, os valores serão
obtidos por interpolação entre as tabelas de produção para os índices de sítio 34 e 32m:

a) Área basal tabelada:

Gtab. prod . = 34,0 − 37,3


32,7 − x Gtab. prod . = 37,3 − ((2,6 × 1,3) / 2 ) = 35,6 m 2 /ha
32,0 − 34,7

(Correspondente ao valor tabelado de G/ha para o índice de sítio 32,7 m).

b) Volume tabelado:

V tab . prod . = 34 , 0 − 461


32 , 7 − x V tab . prod . = 461 − ((58 × 1,3 ) / 2 ) = 423 ,3 m 3 / ha
32 , 0 − 403

(Correspondente ao volume tabelado para o índice de sítio 32,7 m).

c) Grau de estoqueamento:

GE = G / Gtab. prod. = 36 / 35,6 = 1,011

d) Volume / ha :

V = 423,3 × 1,011 = 428,0 m3 / ha

A comparação entre os métodos 2 e 3 em relação ao método 1,


apresentados no exemplo acima, mostra diferenças decorrentes das estimativas da altura

173
Biometria Florestal

pelo modelo de relação hipsométrica e das funções utilizadas na tabela de produção.


Observa-se, entretanto, que essas diferenças são pequenas e podem ser
desconsideradas, devendo serem compensadas na estimativa média obtidas com as
demais unidades de amostra realizadas no talhão.

174
Biometria Florestal

12 MÉDIAS DENDROMÉTRICAS USUAIS

O estudo da média dendrométrica é de grande utilidade na engenharia florestal,


pois é uma medida de tendência central e expressa um valor de referência para uma unidade
amostral ou para a população.
A sua determinação pode seguir o procedimento de cálculo de uma média
simples, como a média aritmética, ou ponderada por uma outra variável, como a altura de
Lorey.
Na engenharia florestal, são conhecidos diferentes métodos de cálculo que
originam valores ligeiramente diferentes entre si, para uma mesma amostra, mas todos
estimadores consistentes de um mesmo parâmetro.
O interesse em estudar diferentes expressões para a média, já que todas
resultam em valores semelhantes, é permitir ao usuário utilizar a de maior facilidade de
obtenção, de acordo com os dados que dispõe. Por exemplo, ao se utilizar o método da
Relascopia em um inventário florestal, a expressão para o diâmetro médio de maior
facilidade de obtenção é o diâmetro da árvore de área basal central (dz).
Neste capítulo, será apresentado o cálculo do diâmetro e altura médios para
toda amostra, bem como restrito a uma subamostra, como a que representa as árvores
dominantes.
Para fins de exemplo, serão considerados os dados de diâmetro e altura
levantados em uma unidade amostral de 1.500 m 2 , apresentados na Tabela 40. Nesta, os
diâmetros encontram-se distribuídos em classes, e as alturas representam o valor médio das
alturas das árvores incluídas na classe de diâmetro.

175
Biometria Florestal

TABELA 40 – Diâmetros, alturas e freqüências medidos em uma unidade amostral

d h n n ng ng n.g.h

9 11,5 15 15 0,0954 0,0954 1,0974


11 13,0 22 37 0,2091 0,3045 2,7179
13 16,5 53 90 0,7035 1,0080 11,6074
15 17,0 59 149 1,0426 2,0506 17,7245
17 20,0 50 199 1,1349 3,1855 22,6980
19 21,5 36 235 1,0207 4,2026 21,9451
21 22,8 16 251 0,5542 4,7604 12,6352
23 25,5 2 253 0,0831 4,8435 2,1439
25 28,0 1 254 0,0491 4,8926 1,3744

A partir dos dados de diâmetro e altura agrupados em classes, foram


calculadas as freqüências acumuladas ( n ), o produto da freqüência e a área basal da
classe ( ng ); os valores acumulados ( ng ) e o produto da freqüência, da área basal e da
altura ( n.g.h ). Todos esses cálculos foram feitos para fins de determinação e
desenvolvimento dos exemplos a seguir.

12.1 Determinação de diâmetros médios do povoamento


12.1.1 Diâmetro médio aritmético ( d )

A distribuição de freqüência de diâmetros ou altura de um povoamento de


mesma idade antes do primeiro desbaste é descrito pela distribuição normal de Gauss,
sendo importante para caracterizar essa distribuição, a média aritmética e o desvio padrão.

176
Biometria Florestal

Assim, o diâmetro médio aritmético caracteriza a distribuição de freqüência,


principalmente, nas seguintes situações:
a) Pesquisas biológicas, em especial em povoamentos jovens;
b) Controle estatístico;
c) Para o cálculo dos diâmetros Hohenadl.

O cálculo do diâmetro aritmético é obtido pela fórmula:


d1 + d 2 + .... + d n 1 n
d= = ⋅ di ,
n n i=1

ou, para dados agrupados em classe de diâmetro:


k
n i .d i
n 1.d1 + n 2 .d 2 + ...... + n k .d k i =1
d= = ,
n1 + n 2 + ........ + n k ni

onde: n i = número de árvores na classe de diâmetro i;


d i = centro da classe de diâmetro i.

O diâmetro médio aritmético é extremamente influenciado pelos desbastes,


como mostrado na Figura 66.

FIGURA 66 – Representação esquemática da influência dos desbastes sobre o diâmetro


médio aritmético.

177
Biometria Florestal

De acordo com a Figura 66, desbastes por baixo elevam o valor do diâmetro
médio, ocorrendo o inverso quando o desbaste for pelo alto.
Considerando os dados apresentados na Tabela 41, mensurados em uma
unidade amostral, o diâmetro médio aritmético será:

d = ((15 × 9 ) + (22 × 11) + ..... + (1 × 25 )) / 254 = 15,3 cm .

12.1.2 Diâmetro da árvore de área basal média (dg)

O diâmetro da árvore de área basal média resulta da média aritmética das


áreas basais de todas as árvores de um povoamento ou amostra, sendo calculado por:

n
− gi −
g= i =1
e g = (π / 4 ) ⋅ d 2g ,
n

onde: g = média aritmética da área basal;
n = número de árvores;
d g = diâmetro da árvore de área basal média.

Portanto:

4 − 4⋅g
⋅ g = d 2g e, dg = .
π π

Esse diâmetro também pode ser calculado por:

n
d i2
i =1
dg = .
n

178
Biometria Florestal

Prodan (1965) demonstra que o d g é a média quadrática dos diâmetros

aritméticos. Da relação existente entre média aritmética, média geométrica e desvio padrão,
é possível demonstrar que (Figura 67):


FIGURA 67 – Relação entre d g , d e S.

Conforme a relação acima, tem-se:

d 2g = d 2 + S 2 ,

dg = (d 2
)
+ S2 .


A equação indica ser o d g sempre maior do que d , e que esta diferença

depende do desvio padrão dos diâmetros.


O diâmetro da árvore de área basal média é muito empregado nas tabelas de
produção e tarifas. É fácil de ser estimado e apresenta alta correlação com a árvore de
volume médio do povoamento.
No entanto, esta variável, da mesma forma que o diâmetro médio aritmético,
também sofre influência dos desbastes, ou seja, com desbaste por baixo aumenta
automaticamente o d g e vice-versa.

Considerando-se os dados da Tabela 40, o d g será:

dg = (4,8926 / 254 × 4 / π) = 15,66 ≈ 15,7 cm ,

179
Biometria Florestal

ou com a fórmula do diâmetro quadrático:

dg =
(9 2
) ( )
× 15 + 112 × 22 + ...... + (25 ) × 1
2

= 15,7 cm ,
254

ou através da fórmula proposta por Prodan (1965):

n
x2 −
( x)
2

S2 = i =1 n ,
n −1

( ) ( ) (
x 2 = 9 2 × 15 + 112 × 22 + ..... + 25 2 × 1 = 62.294 , )

x = (9 × 15 ) + (11 × 22) + ..... + (25 × 1) = 3.892 ,

3892 2
62.294 −
S2 = 254 = 10,504061 ,
253

S = 10,504061 = 3,240997 ≅ 3,24 ,

logo:

dg = (15,3)2 + (3,24)2 = 15,6 cm .

12.1.3 Diâmetro da árvore média de Weise (dw)

A árvore de diâmetro médio de Weise é uma aproximação muito boa da árvore


com o volume médio do povoamento e situa-se em 60% da distribuição de diâmetro.
Para os dados da Tabela 35, o valor de dW será:
254 × 0,60 = 152,40 .

180
Biometria Florestal

Esse número de árvores situa-se acima do limite superior da classe 15 e, por


interpolação, tem-se:

15,9 − 149 árvores


x − 152,4
17,9 − 199

dW = 15,9 + ((2 × 3,4 ) / 50 ) = 16,036 ≈ 16,0 cm

12.1.4 Diâmetro da árvore de área basal central (dz,dgm)

A árvore diâmetro de área basal central representa a mediana da distribuição


da área basal, ou seja, o diâmetro correspondente a essa área basal.
O valor de dZ para os dados da Tabela 37 fica determinado por:

4,8926 × 0,5 = 2,4463 m2 / u.a. valor correspondente à metade da área basal.

Substituindo-se esse valor de área basal na classe de diâmetro de 15,0 cm


(acima do limite superior da classe), tem-se:

15,9 − 2,0506 árvores


x − 2,4463
17,9 − 3,1855

dZ = 15,9 + ((2 × 0,3957 ) / 1,1349 ) = 16,6 cm

181
Biometria Florestal

12.1.5 Diâmetro de Hohenadl (d-, d+)

Os diâmetros de Hohenadl são definidos pelo diâmetro médio aritmético de um


povoamento e pela adição e subtração do desvio padrão, obtendo-se:

d− = d − S ,
d+ = d + S .

Para os dados da Tabela 35, os diâmetros de Hohenadl são:

d− = 15,3 − 3,2 = 12,1 cm


d+ = 15,3 + 3,2 = 18,5 cm

A estimativa dos diâmetros de Hohenadl baseia-se na distribuição normal, em


que:

– 66% dos indivíduos estão no intervalo (d − S ) e (d + S ) ;

– 95% dos indivíduos estão no intervalo (d − 2S ) e (d + 2S ) ;

– 99,7% dos indivíduos estão no intervalo (d − 3S ) e (d + 3S ) .


Portanto, 16% dos indivíduos situam-se entre o início da distribuição e
(d − S) = d− e 84% dos indivíduos entre o início e (d + S ) = d+ . Com essas percentagens,
pode-se chegar aos diâmetros de Hohenadl, necessitando-se apenas conhecer a freqüência
por classe de diâmetro e, por interpolação, calcular esses diâmetros.

12.1.6 Comparação dos diâmetros médios

Os diferentes diâmetros médios em ordem de grandeza obedecem à seguinte


seqüência:

d− < d < dg ≈ dW < dZ < d+ ,

182
Biometria Florestal

ou graficamente distribuído sobre a curva, conforme consta da Figura 68.

FIGURA 68 – Representação esquemática dos diâmetros médios (Kramer e Akça, 1982).

12.2 Determinação das alturas médias do povoamento

Na ciência e na prática florestal, são utilizadas diferentes alturas de


povoamento, conforme o fim a que se destinam, como, por exemplo, na classificação de sítio
do povoamento, cálculo de volume ou na determinação da produção em pesquisas com
procedências.
As alturas médias apresentadas correspondem às alturas de diâmetros médios,
sendo algumas calculadas pela relação hipsométrica.


12.2.1 Altura média aritmética ( h )

A altura média aritmética é a média aritmética de todas as alturas das árvores


do povoamento e é expressa por:

− n
h = 1/ n . hi .
i =1

183
Biometria Florestal

Considerando-se os dados da Tabela 40, a altura média aritmética será:



h = ((15 × 11,5 ) + (22 × 13,0 ) + ...... + (1 × 28 ) / 254 ) = 17,93 ≈ 17,9 cm .

A estimativa da altura média aritmética de um povoamento pode ser feita


também com o auxílio dos diâmetros de Hohenadl e da relação hipsométrica.
A altura média aritmética será então:

− h − + h+
h= ,
2
onde: h− e h+ são as alturas das árvores d− e d+ de Hohenadl tomadas sobre a relação
hipsométrica.

A altura média aritmética é, entre alturas médias, a de menor valor. Na prática,


não é utilizada para cálculo do volume do povoamento, porém, pode ser usada para fins de
estatística e, em povoamentos jovens, nas pesquisas de procedência e adubação, por
exemplo.
2
1
Considerando-se a função h = 1,3 + , a altura média
0,13271 + 1,67671 / d
estimada em função do diâmetro médio aritmético de 15,3 cm será:

2
1
h = 1,3 + = 18,3 m.
0,13271 + 1,67671 / 15,3

A diferença entre 17,9 m, obtido com os valores da tabela, e 18,3 m obtido com
a relação hipsométrica, deve ser atribuída ao ajuste da equação matemática.

12.2.2 Altura da árvore de área basal média ( hg )

A altura da árvore de área basal média hg corresponde à altura da árvore com

diâmetro (dg). Essa altura é também determinada pela curva de relação hipsométrica.

184
Biometria Florestal

Considerando-se a função h = 1,3 + (1 / (0,13271 + 1,67671 / d)) e o dg calculado


2

em 12.1.2 igual a 15,7 cm, a altura hg será:

hg = 1,3 + (1 / (0,13271 + 1,67671 / 15,7 )) ,


2

hg = 18,7 m.

12.2.3 Altura média de Weise ( hW )

A altura média de Weise é a correspondente ao diâmetro médio de Weise (dw)


determinada em uma relação hipsométrica. Essa variável sofre as mesmas influências em
relação aos desbastes que as anteriores.
A altura da árvore média hW será obtida pela relação hipsométrica para o dW
calculado em 12.1.3 por:
hW = 1,3 + (1 / (0,13271 + 1,67671 / 16 )) ,
2

hW = 19,0 m.

12.2.4 Altura da árvore de área basal central (hz)

Assim como as anteriores, a altura média da árvore de área basal central é


obtida sobre uma relação hipsométrica e corresponde à altura da árvore com o diâmetro
médio de área basal central (dz). Essa altura foi usada em algumas regiões da Alemanha,
como Niedersachen e Hessen para o cálculo do volume do povoamento, em vez de hg e hW .

Da mesma forma, como nos exemplos anteriores, a altura da árvore de área


basal central para o valor de dZ calculado em 11.1.4 será:

hZ = 1,3 + (1 / (0,13271 + 1,67671 / 16,6 )) ,


2

hZ = 19,6 m.

11.2.5 Altura média de Lorey (hL)

185
Biometria Florestal

A altura média de Lorey, desenvolvida em 1878, é obtida pela ponderação da


altura pela área basal da árvore e calculada através da fórmula:

hL =
(g1 ⋅ h1 ) + (g2 ⋅ h2 ) + .... + (gn ⋅ hn ) =
gi ⋅ hi
,
g1 + g2 + .... + gn gi

onde: hi = altura da árvore i ;


gi = área basal da árvore i.

ou para dados agrupados em classes:

hL =
(n1 ⋅ g1 ⋅ h1 ) + (n2 ⋅ g2 ⋅ h2 ) + ..... + (nZ ⋅ gZ ⋅ hZ )
,
gi
ou seja:

k
ni ⋅ gi ⋅ hi
hL = i =1
k
,
ni ⋅ gi
i =1

onde: ni = número de árvores por classe de diâmetro;


gi = área basal do centro de classe;
hi = altura média da classe;
k = número de classes.

Essa altura média é muito utilizada na Áustria, onde o uso do relascópio de


Bitterlich é comum. Neste caso, a altura média aritmética é a altura de Lorey porque as
alturas das árvores selecionadas já são automaticamente ponderadas pela área basal.
Para os dados da Tabela 40 a altura de Lorey, ficará definida por:

186
Biometria Florestal

hL =
((11,5 × 0,0954 ) + (13 × 0,2091) + .... + (28 × 0,0491)) = 93,9439 = 19,2 m .
(0,0954 + 0,2091 + .... + 0,0491) 4,8926

12.2.6 Altura dominante

A altura dominante corresponde à altura média das árvores mais altas do


povoamento. Caracteriza-se por ser independente e pouco influenciada pelo desbaste por
baixo; ser facilmente obtida no povoamento; apresentar um grande significado biológico, pois
representa o povoamento em toda a sua vida, e ser facilmente determinada sobre fotografias
aéreas.
Por outro lado, é influenciada por desbaste pelo alto, não é representativa do
povoamento multiâneo, pois, neste caso, é determinada sobre as árvores velhas e
localizadas normalmente sobre os melhores sítios.
A altura dominante pode ser calculada através de um dos seguintes
métodos:altura dominante de Assmann, de Weise e de Pollanschütz.

12.2.6.1 Altura dominante de Assmann (h100)

A altura dominante de Assmann corresponde à altura média aritmética das 100


árvores mais grossas por hectare. É também conhecida como altura dominante h100 sendo
muito utilizada para indicar a capacidade do sítio. O seu uso nesta classificação justifica-se
por ser pouco influenciada pelos desbastes por baixo e por possuir alta correlação com a
produção total do povoamento.
Essa variável é, algumas vezes, expressa como a altura média das 200 árvores
mais grossas por hectare. Neste caso, será grafada como h200. Sendo conhecido o diâmetro
dominante, pode-se também usar a relação hipsométrica para obter a altura dominante.
A vantagem desta variável ser expressa por um número constante de árvores é
que, com grande probabilidade, serão sempre as mesmas árvores que a representarão
durante toda a vida do povoamento.

187
Biometria Florestal

Considerando-se os dados da Tabela 40, levantados em uma unidade amostral


de 1.500 m2, a altura dominante será:

10.000 m2 − 100 árvores


1.500 m2 − x

x= 15 maiores árvores em 1.500 m2 .

Assim, serão consideradas, no cálculo, todas as árvores da classe 25, 23 e 12


árvores da classe 21.

A área basal desses troncos será:

g100 = (0,0491 + 0,0831 + 12 × 0,0346 ) / 15 = 0,0365 ,

d100 = (0,0365 × 4) / π = 21,6 cm .

Introduzindo o valor de d100 na função (exemplo em 12.2.2) obtém-se o valor de

h100 .

h100 = 1,3 + (1 / (0,13271 + 1,67671 / 21,6 )) ,


2

h100 = 23,9 m.

Essa altura pode também ser definida como a altura de Lorey das 100 maiores
árvores por hectare, assim:

1,3744 + 2,1439 + ((12,6352 / 16 ) × 12)


h100 = ,
0,0491 + 0,0831 + ((0,5542 / 16 ) × 12)
h100 = 23,7 m.

188
Biometria Florestal

A altura média aritmética das 15 maiores árvores também pode ser usada para
representar a altura dominante de Assmann.

h100 = ((28,0 × 1) + (25,5 × 2) + (22,6 × 12)) / 15 ,

h100 = 23,5 m.

11.2.6.2 Altura dominante de Weise (h0, h20%)

A altura dominante de Weise é definida como a altura da árvore de área basal


média correspondente a 20% das árvores mais grossas de um povoamento. Pode também
ser determinada como a altura média das árvores correspondente a 80% do número total de
árvores tomadas a partir da mais grossa.
A vantagem da altura dominante de Weise é que, durante toda a vida do
povoamento, esta altura representa sempre a mesma posição sociológica, enquanto a altura
dominante de Assmann, por ocasião da rotação, representa quase a altura média (considerar
que um povoamento por ocasião da rotação contém mais ou menos 200 a 400 árvores por
hectare). Por outro lado, em um povoamento jovem, que tenha muitas árvores por hectare
(considerar povoamento de regeneração natural 30.000; 100.000 árvores por hectare) a
altura dominante de Weise representará um excessivo número de plantas.
Outro aspecto negativo é que, após o desbaste e com o aumento da idade do
povoamento, a altura dominante será representada por diferentes árvores:
A altura dominante de Weise para os dados da Tabela 37 será:

254 × 0,2 = 50,8 árvores,


g20% = (0,0491 + 0,0831 + 0,5542 + (1,0207 / 36 ) × 31,8 ) / 50,8 =

g20% = 0,0313 m2 .

d 20% = (0,0313 × 4) / π = 19,95 ≈ 20,0 cm;

e a altura pela relação hipsométrica de 12.2.2.

189
Biometria Florestal

h20% = 1,3 + (1 / (0,13271 + 1,67671 / 20,0 )) ,


2

h20% = 22,6 m.

Calculando com a fórmula de Lorey, a altura média das 20% maiores árvores,
tem-se:

h20% =
(1,3744 + 2,1439 + 12,6352 + (21,9451 / 36 ) × 31,8) ,
(0,0491 + 0,0831 + 0,5542 + (1,0207 / 36 ) × 31,8)
h20% = 22,4 m

12.2.6.3 Altura dominante de Pollanschütz (hPoll)

A altura dominante de Pollanschütz é definida como a altura média de Lorey


das árvores que correspondem a 12 metros de área basal por hectare, tomadas a partir das
maiores árvores.
Normalmente esta altura será calculada para a amostra de contagem angular
(ACA), mas também para medições em outros tipos de unidades amostrais.
Para os dados da Tabela 37, levantados em área de 1.500 m2 , tem-se:

12,0 m 2 − 10.000
x − 1.500
x = 1,8 m 2 .

Verifica-se que a área basal das classes 25 a 19 somam 1,7071, faltando ainda
0,0929 m2 que pertencem à classe 17 para atingir o valor de área basal correspondente.

1,3744 + 2,1439 + 12,6352 + 21,9451 + (20,0 ) × 0,0929


hPoll = ,
1,8
hPoll = 22,2 m .

190
Biometria Florestal

Esse procedimento para a obtenção da hPoll aplicado a dados de unidades


amostrais de área fixa pode gerar estimativas inadequadas quando em povoamento pouco
estocados, onde a área basal por hectare ou sua proporção para a superfície da unidade
amostral seja muito baixa, próxima ou menor que 12 m²/ha.
Por outro lado, em uma Amostra por Contagem Angular, a sua determinação é
extremamente facilitada, pois cada árvore contada em uma ACA representa a mesma
quantidade “K” de área basal. Assim, a altura dominante de Pollanschütz ficará definida pela
média aritmética das maiores árvores até o limite de 12,0 m2 de área basal (Ver exemplo em
11.17, Método 3).

12.2.7 Comparação das alturas médias do povoamento

As alturas do povoamento comparadas umas as outras podem ser mais bem


esclarecidas numa curva de altura e diâmetro, conforme mostra a Figura 68.

FIGURA 68 _ Relação hipsométrica e distribuição esquemática das diferentes alturas médias


(Kramer e Akça, 1982).

Analogamente aos diâmetros médios, as alturas médias do povoamento


podem, genericamente, obedecer a seguinte hierarquia:

h < hg ≤ hL < hW < hZ < h0 < hPoll < ou > h100

191
Biometria Florestal

13 VOLUME COMERCIAL DE TORAS

A determinação do volume das árvores e sua quantificação por unidade de


área é necessária para a elaboração dos planos de manejo florestal, permitindo ao
administrador inferir sobre o crescimento, estoque, rotação e retorno econômico, entre
outras possibilidades.
Por outro lado, para o setor da indústria de transformação, a capacidade de
produção da floresta e o volume estocado por unidade de área não têm a mesma
relevância, sendo mais importante a quantificação do volume individual da tora ou de uma
carga de madeira, buscando aproximar o volume de matéria-prima à quantidade
produzida.
Dessa forma, ficam estabelecidos dois objetivos distintos: a determinação do
estoque em pé (volume de árvores) e a quantificação do volume de toras, pilhas de
madeira, ou de cavacos, que deverão ser processados industrialmente.
Na determinação do volume das toras, são utilizados diferentes métodos e
aplicadas diversas fórmulas, de acordo com a finalidade a que se destina a madeira ou
mesmo de acordo com a tradição de comércio local.
De maneira geral, na determinação do volume da tora, são aplicados
descontos, buscando abater o volume das porções não aproveitáveis. Tais descontos
variam segundo a região e são fortemente influenciados pelo mercado, ou seja, regulados
pela oferta e procura de madeira. Não está longe o tempo em que árvores inteiras,
mesmo de diâmetro que hoje se considera avantajado e desejado por todos os
serradores, eram abatidas e relegadas ao solo da floresta. Esse fato faz com que se
considere a mobilidade das dimensões que definem o limite de aproveitamento de uma
árvore, as quais devem ser consideradas como uma função da abundância do produto e
de seu valor no mercado.
Durante a cubicação (determinação do volume) de uma tora o comprador
procura reduzir o volume com aplicação de taxas de descontos com a tomada de medidas

192
Biometria Florestal

na ponta fina, visando a descontar a parte relativa às costaneiras (Silva e Paula Neto,
1979).
Para qualquer método de cálculo do volume comercial, a percentagem de
aproveitamento da tora será dada pela relação entre o volume esquadrejado ou
descontado e o volume da tora.
Assim, sendo A(%) = percentagem de aproveitamento da tora; Ve = volume
esquadrejado; Vr = volume rigoroso da tora calculado, por exemplo, por Smalian ou
Huber tem-se:

A (%) = Ve Vr . 100 , portanto;


2
d
.L
A (% )= 2 . 100 .
v r

No meio madeireiro, são de uso corrente os termos “dúzia de tábuas e dúzia


cheia”.

Uma dúzia de tábuas representa um volume de 0,4938 m3 de madeira


serrada, pois, por definição, envolve o volume de 12 tábuas de 1,0 polegada de
espessura (2,54 cm), 0,30 m de largura e 5,40 m de comprimento, logo:

v = 0,0254 m × 0,30 m × 5,40 m = 0,0411 m3 ,

12 tábuas = 0,0411× 12 = 0,4938 m3 ≈ 0,5 m3 .

Apesar da indisponibilidade de tábuas dessas dimensões atualmente no


mercado, não ocorreu o desuso desta expressão de comercialização, sendo que a dúzia
será, então, formada pela “soma do volume de tábuas de menores dimensões”, passando
a ter a denominação de dúzia reduzida.
A tendência na determinação do volume de toras ou de madeira industrial
segue para o pátio da indústria; antes ou depois do descascador. Segundo Andrae (2001)
esse procedimento facilita a organização da indústria e permite a determinação do volume
e do valor da madeira.
Embora o comprador da madeira faça a determinação dfo volume este
procedimento tem sido aceito pelos vendedores a partir da calibração das máquinas por
empresas independentes e da construção de um sólido sistema de confiança mútua.

193
Biometria Florestal

Ainda segundo Andrae (2001), existem poucas incertezas na determinação


do volume por meio eletrônico, existindo maiores diferenças na determinação da
qualidade interna das toras.
Sensores mais atuais permitem escanear a parte interna das toras com
maior precisão, possibilitando conhecer a densidade da madeira, a existência de galhos
internos, entre outros (Holz-Kurier apud Andrae, 2001).
A seguir serão descritos alguns métodos de determinação do volume de
toras.

13.2 Cubagem com desconto em face

A cubagem com desconto em face é realizada com a introdução de fatores


de desconto relativos á casca e eventuais danos na madeira ou mesmo em função do
alburno.
A medição do diâmetro ou circunferência é realizada na ponta fina da tora,
conforme representado na Figura 69.
A fórmula geral para o cálculo é:

Ve = (D1 − 2 ⋅ n) ⋅ (D2 − 2 ⋅ n) ⋅ L ,

onde: Ve = volume esquadrejado;


D1 e D2 = diâmetros perpendiculares tomados na ponta fina;
L = comprimento da tora;
n = taxa de desconto.

Esse processo, apesar de possibilitar taxas variáveis de desconto, tem


consagradas duas taxas, que são: 2,5 e 5 cm respectivamente.
Assim, pode-se reescrever a fórmula anterior como segue:

Ve = (D1 − 5 ) ⋅ (D2 − 5 ) ⋅ L ou,

Ve = (D1 − 10 ) ⋅ (D2 − 10 ) ⋅ L , respectivamente para taxas de


desconto de 2,5 e 5 cm.

194
Biometria Florestal

FIGURA 69 – Cubagem com desconto em face.

13.3 Cubagem pelo método da Alfândega de Paris

O método consiste na determinação do volume da tora pela determinação do


lado de um quadrado inscrito no círculo da menor face da tora (ponta fina). Nesse
método, supõe-se uma secção cilíndrica, sendo o volume dado por:

Ve = 1 / 2 . d2 . L ,

onde: Ve = volume esquadrejado (m³);


d = diâmetro;
L = comprimento da tora.

O lado do quadrado inscrito na face da tora, como mostra a Figura 70, pode
ser determinado pela relação de Pitágoras.
Considerando-se o triângulo dSS inscrito em um círculo, tem-se:

d2 = S2 + S2 ,

d2 = 2 . S2 ,

S2 = d2 / 2 ,

195
Biometria Florestal

S= (d / 2) .
2

Logo:

v = S2 ⋅ L ,

v = d2 / 2 ⋅ L .

FIGURA 70 - Método de determinação de volume pela Alfândega de Paris.

Onde: d = diâmetro na ponta fina;


L = comprimento da tora;
S = lado do quadrado inscrito.

13. 4 Cubagem pelo método de Frankon

Para realizar a cubagem por esse método, mede-se a circunferência na


metade da tora (C) e o comprimento da secção (L), como mostra a Figura 71.

FIGURA 71 - Cubagem pelo método de Frankon.

196
Biometria Florestal

Após, determina-se o volume pela fórmula do 4° reduzido, 5° reduzido, ou 6°


reduzido, conforme a taxa de desconto que se queira aplicar.

v f = (C / 4 )2. L ,

onde: v f = volume de Frankon em m3 (4° reduzido);


C = circunferência a 50% de L;
L = comprimento da tora.

O v f pode, ainda, ser reduzido diretamente do volume do cilindro a partir da


determinação de um fator de correção dado por:

fc = v f v c ,

onde: fc = fator de correção;

v f = volume de Frankon em m3 ;

v c = volume do cilindro em m3 .

O cálculo desse fator dá uma idéia da redução de volume obtido com a


fórmula de Frankon em relação ao volume da tora quando cubicado na metade da tora.
Para as diferentes taxas de desconto, o fator de correção pode ser calculado
do seguinte modo:

C2 1
⋅L
(C / 4)2 ⋅ L
fc = 2 =
2
fc = 4 2 = 4 =
π
= 0,7854 ,
C /[4 ⋅ π] ⋅ L C 1 4
⋅L
4⋅π π

Portanto,

v f = 0,7854 . v c ,

v f = 0,7854 ⋅ g ⋅ L .

197
Biometria Florestal

Para o 5° e 6° reduzido, as fórmulas e os fatores são, respectivamente:

v f = (C 5 )2 ⋅ L , portanto, fc = 0,5026 ,

v f = (C 6 )2 ⋅ L , portanto, fc = 0,3490 .

Assim, considerando uma tora com exatos 1 m³ de volume, se for aplicada a


fórmula de Frankon do 4º, 5º e 6º reduzido, resultarão, respectivamente, os volumes de
0,7854 m³, 0,5026 m³ e, 0,6490 m³.

13.5 Cubagem em função da perda de equipamento

Essa determinação do volume aproveitável consiste na aplicação de um


fator de desconto sobre o volume rigoroso da tora. O fator de desconto é obtido em
função da perda provocada pelo equipamento, defeitos, forma da árvore etc. Assim,
calcula-se o volume da tora através de uma fórmula de cubagem e aplica-se o fator de
aproveitamento, obtendo-se o volume serrado.
Esse método tem maior sentido para estimativas de grandes volumes, como,
por exemplo, em uma serraria.

Vol. serrado = v r . fa ,

onde: v r = volume rigoroso;


. fa = fator de aproveitam ento

Supondo-se uma tora de araucária com 5,40 m de comprimento e diâmetros


de 52,0 e 60,0 cm sem casca, respectivamente nas pontas fina e grossa, o volume
rigoroso sem casca será:

v r = (g1 + g2 ) / 2 . L ,

v r = (0,283 + 0,212 ) / 2 . 5,4 → v r = 1,336 m3 .

198
Biometria Florestal

Sendo o fator de aproveitamento = 0,7 tem-se:

Vserrado = 1,336 . 0,7 = 0,935 m3 ,

ou também

0,935 / 0,5 = 1,87 dúzias de tábuas,

pois, como mencionado no início deste capítulo, uma dúzia de tábuas apresenta um

volume de 0,4938 m3 ou, aproximadamente, 0,5 m3 .

13.6 Volume de madeira laminada

Segundo Silva e Paula Neto (1979), o volume de laminado depende


diretamente da forma da tora, pois quanto mais cilíndrica, maior será o aproveitamento

Na cubagem da madeira para laminação, deve-se considerar que as


máquinas conseguem desenrolar a madeira até certo diâmetro e que o diâmetro do
cilindro de madeira descartado varia com o tipo de equipamento. É necessário ainda
conhecer o diâmetro da tora e a espessura do laminado, conforme o esquema da Figura
72.

FIGURA 72 - Cubagem de madeira laminada (Silva e Paula Neto, 1979)

Onde: = perdas para tornar a tora cilíndrica;

199
Biometria Florestal

= perdas devido ao diâmetro mínimo do torno desenrolador;

= parte da madeira desenrolada;

D = diâmetro da tora;

d = diâmetro mínimo laminável;

e = espessura do laminado;

L = comprimento.

O volume do laminado (v l ) será expresso por:

v l = ⋅ D2 / 4 . L − ⋅ d2 / 4 . L ,

(
v l = 0,7854 . L D2 − d2 , )
onde: D = diâmetro da tora na ponta fina;
d = diâmetro mínimo laminável;

A quantidade de laminado (q) em metros linear é dada por:

q = (v l / L ) / e ,

onde: e = espessura da lâmina de madeira.

A superfície da lâmina (S) em metros quadrados é dada por:

S = q.L.

Considerando-se, por exemplo, uma tora para laminação com diâmetro na


ponta fina de 60,0 cm e comprimento de 2,0 m, e considerando-se ainda, que o torno
desenrolador possa trabalhar até um diâmetro mínimo de 10,0 cm e que a espessura do
laminado seja de 2,0 mm, obtém-se pela aplicação das fórmulas anteriores:

Volume do laminado ( v l ) = 0,5458 m3 ;


Quantidade linear (q) = 137,45 m;

Superfície (S) = 274,89 m2 .

200
Biometria Florestal

13.7 Volume de madeira empilhada

A madeira, quando seccionada em toretes e comercializada empilhada, tem


o volume expresso em metros ésteres (mst), que representa o volume aparente de
madeira contido em uma pilha com as dimensões: 1,0 m de largura, 1,0 m de altura e 1,0
m de profundidade.
Para conhecer o volume sólido existente em um metro estere, é necessário
calcular um fator de cubicação ou de conversão. Esse fator varia com a espécie e, mesmo
dentro da espécie com a variabilidade dos diâmetros, com a classe de diâmetro,
tortuosidade, comprimento dos toretes, forma de empilhamento; se manual ou por meio
de máquinas, procedência da madeira, entre outros. O movimento durante o transporte
também pode introduzir mudanças importantes no fator de transformação estere/m³.
Andrae (2001) relata resultados de estudo conduzido com dezenas de
cargas de madeira de Pinus de mesma procedência, com toretes de 1 m de comprimento,
no qual observou que, mesmo em condições de pilhas e material homogêneos, houve
uma variação no fator de empilhamento na ordem de 11%.
Em outro experimento com toras de Picea, com comprimento de toras
variando entre 2 a 6 m, que o fator para conversão volume sólido/estéreo variou em 7,2%.
De acordo com a finalidade da madeira ou mesmo por interesse interno da
empresa ou do comprador da madeira, o comprimento dos toretes pode mudar de acordo
com a espécie, procedência, classe de diâmetro, equipe de exploração que produziu a
madeira, entre outros.
Assim, por exemplo, madeira de eucalipto para celulose produzida pelo
corte próprio com 2,20 m de comprimento; de eucalipto cortado por empreiteiros com 2,40
m; madeira de acácia de 2,0 m e, madeira para energia/lenha com dimensão entre 0,90 –
1,0 m.
A altura das pilhas também é variável em função do método de
empilhamento, ou seja, manual ou mecânico.

O fator de cubicação (Fc) pode ser interpretado como um fator de forma para
a pilha, pois reduz o volume aparente para o volume sólido. Este fator pode ser
determinado por diversos métodos que serão descritos a seguir.

201
Biometria Florestal

13.7.1 Determinação do fator de cubicação por cubagem individual

Consiste na cubagem individual de todos os toretes de cada pilha de


madeira tomada como amostra no povoamento em estudo. O somatório dos volumes
rigorosos individuais dos toretes fornece o volume sólido de madeira na pilha (Vr).
O volume aparente (Va) é obtido pela medição em altura (h), largura (p) e
comprimento das pilhas (L).

V= h. p. L.

O fator de cubicação (FC) é, então, dado pela razão entre o volume sólido
da pilha e o seu respectivo volume aparente empilhado, ou seja:

. FC = Vr / Va

Na Tabela 41 estão relacionados alguns fatores de cubicação distribuídos


em classes de diâmetro para pilhas de Eucalyptus spp. calculadas na Riocell S.A.
Em razão da morosidade na cubagem individual de toretes pode-se lançar
mão da relascopia para, com base no princípio da ACA, determinar o fator de cubicação.

TABELA 41 - Fatores de cubicação para Eucalyptus spp., distribuídos por classe de


diâmetro

Classe de dap Fc

5 – 9,9 0,52
10 – 14,9 0,61 −
FC = 0,67
15 – 19,9 0,66
20 – 24,9 0,71
25 – 29,9 0,71
30 – 35,0 0,71

13.7.2 Determinação do fator de cubicação pelo princípio da ACA

202
Biometria Florestal

Esse método de determinação do fator de cubicação é simples e rápido,


permitindo repeti-lo várias vezes, e oferece ainda grande precisão em relação ao método
anterior.
A determinação do fator é feita com auxílio de um gabarito para a realização
de uma ACA, construído, preferencialmente, de plástico transparente rígido, cartolina,
madeira ou qualquer outro material. O princípio de construção é função da amplitude dos
diâmetros, havendo necessidade de se conhecer o maior diâmetro da pilha.
Para a construção do gabarito, segundo Silva (1977), deve-se desenhar, um
círculo correspondente ao maior diâmetro sobre o material escolhido e determinar-se o
seu centro (A), por onde deve passar uma reta de comprimento igual a cinco vezes o
valor do diâmetro. Com o traçado desta reta, fica definida a posição B. Encontrada a
posição B, traçando-se duas tangentes (t1 e t2) em direção ao círculo A, cujos lados
definem o ângulo alfa ou largura do gabarito, conforme a Figura 73.
A determinação do fator é feita colocando-se o gabarito sobre as secções
dos toretes em um ponto qualquer da pilha e realizando um giro com o gabarito a partir
deste ponto e, simultaneamente, contando os toretes cujas secções apresentem-se
maiores que a largura do gabarito, conforme mostra a Figura 74. A marcação dos toretes
selecionados pode ser feita com giz.
Se, por exemplo, na realização da ACA forem contadas 56 secções, pelo
princípio da construção do gabarito, o fator de cubicação será dado pelo centésimo deste
número, assim:

FC = 56 / 100 = 0,56 .

A explicação para este fato está na teoria da relascopia onde o fator de área
basal para superfícies circulares é:

K = sen2 ∞ / 2
sen ∞ / 2 = (0,5 . d) / (5 . d) = 0,1 portanto,

K = sen2 ∞ / 2 = 0,12 K=0,01

203
Biometria Florestal

FIGURA 73 - Representação esquemática do gabarito para determinação do fator de


cubicação.

FIGURA 74 - Procedimento de contagem das secções na pilha de madeira segundo o


princípio da ACA.

O limite do círculo delimitado pelo gabarito não deve ultrapassar os limites


da pilha. Caso a pilha seja pequena, pode-se, eventualmente, efetuar a contagem em
semicírculos ou em quadrantes, sendo o fator de transformação multiplicado por 2 ou 4,
respectivamente, ou construir um gabarito menor. Nesse caso, deve-se calcular o fator de
enumeração “K” para o novo gabarito, por exemplo, se o gabarito for construído com 2,5
vezes a dimensão do maior diâmetro, o valor de K será 0,04.
Na execução da enumeração, deve-se assinalar todas as secções que
satisfazem os critérios fundamentais, ou seja, tenham diâmetro maiores que a largura do
gabarito. Fazem-se as medições nos dois lados da pilha e a média de “n” pontos de
amostragem fornece o valor de FC.
Loetsch et al. (1973) obtiveram bons resultados de FC com poucas unidades
amostrais (< 10).

13.7.4 Determinação do fator de cubicação por rede de pontos

204
Biometria Florestal

Esse método consiste em tomar fotografias e medir a proporção de secções


com base em uma rede de pontos.
Segundo Garcia (1995), uma alternativa do método para aplicação direta a
campo consiste em utilizar uma vara graduada em intervalos regulares e sobrepô-la sobre
a face da pilha. A determinação do fator é feita pela proporção de marcas que caem sobre
a face dos toretes. A vara será reposicionada nas faces da pilha em grande número de
vezes para se obter a precisão desejada.
A variância aproximada na medição de área com rede de pontos quadrada é
dada por:
S² = 0,0728. P.a³,

onde: S² = variância; P = perímetro da área e, a = espaçamento da rede.

O autor cita que o valor da constante na fórmula, 0,0728, foi apresentado por
Matheron, em 1985, e introduzida na literatura florestal por Bouchon (1975)¹ e
Chevrou(1979)².
O coeficiente de variação, baseado na área A e no número de pontos
contados na fórmula anterior foi apresentados por Gunderren e Jensen (apud Garcia
1995), pela expressão:
P 0,5
0,27.( )
τ A
CV = = 3
.
A N 4

P
O coeficiente tem um mínimo de 2 π para círculos e alcançam 33
A
3
para figuras de forma heterogênea; o que reflete no CV em amplitude entre 0,5 N 4
à
3
1,5 N 4
.

VER de quem veio

1 Bouchon, J. Ann. Sci For. N.32,p.131-134,1975


2 Chevrou, R.B. Resouce Inventory Notes. N.

13.7.4 Determinação do fator de cubicação por medição eletrônica

205
Biometria Florestal

A face das secções dos toretes são reproduzidas em um monitor por


processo ótico eletrônico.
A diferença de área entre a superfície das secções e a área total coberta
pela imagem fornece eletronicamente o fator de cubicação. Nesse caso, a precisão obtida
está em torno de 98%.

13.8 Quantificação do peso

A quantificação da madeira industrial por pesagem parece ser a futura forma


de medição. Nesse método, o material a ser quantificado pode ser apresentado na forma
roliça com diferentes diâmetros e comprimentos, ser originado de serraria ou mesmo na
forma de cavacos, sendo necessária apenas uma balança.

Entretanto, deve ser considerado que a madeira pode apresentar, por


ocasião da pesagem, diferentes teores de umidade os quais irão variar com o tempo,
além da variação de densidade.

Embora o teor de umidade possa ser determinado de maneira relativamente


rápida com o emprego de sensores eletrônicos, por exemplo, a variação da densidade no
interior de uma peça de madeira e dentro de uma carga torna imprecisa a quantificação
da massa seca.

Da mesma forma, a umidade da madeira varia muito com a época do ano,


com o tempo transcorrido desde o corte da árvore, com a dimensão das peças, clima e
local de origem da madeira, sendo necessário determinar o teor de umidade em diversos
locais de cada pilha quando se deseja utilizar a pesagem como forma de quantificar a
massa seca.

Esse fato onera muito o processo, tornando-o inviável, em alguns casos,


como, por exemplo, quando se tratar da predicção da massa de poucas pilhas de madeira
sólida ou de cavacos, pois serão necessárias muitas amostras para se alcançar a
precisão requerida.

Por outro lado, para grandes quantidades de madeira distribuídas em cargas


ao longo do ano, bastam poucas amostras para se obter intervalos de confiança inferiores
a 1%, conforme mostra Andrae (2001).

A determinação de um fator de conversão médio é dada por:

206
Biometria Florestal

Peso seco = peso verde x (1-TU) x DB,

p peso seco
DB = = ,
V volume verde

P− p
TU % = .100 ,
p

onde: p = peso seco; P = peso verde; V = volume verde; TU teor de umidade.

207
Biometria Florestal

14 CRESCIMENTO DAS ÁRVORES

O crescimento é resultante da atividade meristemática e tem como


conseqüência o alongamento (h) e engrossamento (d) de raízes, galhos e tronco,
causando alterações no peso, volume e na forma da árvore. O crescimento apical de
todas as partes da árvore é atribuído à atividade do meristema primário, e o crescimento
em diâmetro, ao meristema secundário ou câmbio.
O câmbio produz as células do lenho para dentro, que serão agregadas ao
alburno, dando origem ao incremento em diâmetro e para fora casca. Com o passar do
tempo, as células mais internas do alburno perdem a atividade fisiológica, havendo a
formação de novas substâncias, fechamento de poros, e a impregnação das paredes
celulares com extrativos. Esse processo, conhecido como cernificação, aumenta a
resistência e a capacidade de suporte das árvores.
Desta maneira, pode-se diferenciar o lenho entre cerne e alburno, os quais
são caracterizados por:
Alburno: é o lenho mais externo, constituído de células com coloração
normalmente mais clara e menor durabilidade natural;
Cerne: é o lenho mais interno, constituído de células com coloração
normalmente mais escura, maior durabilidade natural, maior resistência mecânica e maior
peso específico.
As camadas do lenho não se desenvolvem uniformemente durante o período
vegetativo. Em algumas espécies, as novas células, formadas na primavera e verão,
apresentam lúmen maior e parede celular mais fina, resultando em menor densidade. No
outono e inverno, as células formadas são menores e apresentam paredes mais espessas
e lúmen reduzido, dando aos tecidos coloração mais escura e maior densidade.

208
Biometria Florestal

Essas diferenças que ocorrem durante as estações de crescimento


permitem visualizar os anéis anuais de algumas espécies. Em outras, a identificação dos
anéis de crescimento é mais difícil.
De maneira geral, a nitidez das camadas de crescimento depende da
constituição do lenho, espécie estudada, idade da árvore, taxa de crescimento e do sítio.
Alguns fatores como longo período de seca, frio fora de época, intensivo
ataque de pragas, poluição do ar e da água, entre outras alterações que provocam a
redução da atividade meristemática, podem afetar a formação e distinção dos anéis de
crescimento. A maior ou menor capacidade de diferenciação dessas camadas depende
da intensidade de variação nas dimensões celulares no início e no fim da estação de
crescimento.
O crescimento das árvores é influenciado pelos fatores genéticos da espécie
interagidos com o meio ambiente, o qual compreende os fatores.

Climáticos: temperatura, precipitação, vento e insolação;


Solo: características físicas, químicas e biológicas;
Topográficos: inclinação, altitude e exposição;
Competição: influência de outras árvores, vegetação rasteira e animais.

A interação de todos esses fatores sobre a planta expressa a qualidade do


sítio, sendo que, se as condições de crescimento são boas o sítio, é considerado bom e
vice-versa (Husch et al.,1982).
Um sítio bom para uma determinada espécie pode ser ruim para outra. Por
isso, a qualidade do sítio é definida individualmente para cada espécie. O sítio é expresso
pela média do crescimento das árvores de uma espécie em um determinado local.
O homem pode, até certo ponto, alterar a produtividade de um sítio através
de tratos silviculturais, seleção de árvores com melhor possibilidades genéticas e
melhoramento dos fatores ambientais como água, nutrientes, estrutura do solo etc.

14.1 Incremento

209
Biometria Florestal

O incremento de uma árvore ou povoamento é definido em relação a um


período de tempo durante o qual o crescimento ocorre. Esse período pode ser um dia, um
mês, um ano, uma década etc.
De acordo com o período envolvido, pode-se diferenciar os incrementos a
seguir relacionados:

14.1.1 Incremento corrente anual

Expressa o crescimento ocorrido entre o início e o fim da estação de


crescimento, em um período de 12 meses.

ICA = y (m ) − y (m −1) ,

onde: m = ano ou idade de referência;


y = dimensão considerada.

14.1.2 Incremento periódico

Expressa o crescimento em um período de tempo determinado.

IP = y ( m ) − y ( m −n ) ,

onde: n = período de tempo.

Se “n” for igual a 1, o IP será igual ao ICA.

14.1.3 Incremento médio anual

Expressa a média anual do crescimento para qualquer idade. É obtido pela


divisão da grandeza atual da variável considerada pela idade:

y(m )
IMA = ,
m

onde: y ( m ) = valor da variável na idade m;

m = idade.
210
Biometria Florestal

14.1.4 Incremento periódico anual

Dependendo da velocidade de crescimento do povoamento, torna-se difícil


medir o incremento em um período curto de tempo. Esse fato é mais pronunciado em
florestas de maiores latitudes. Nesses casos, pode-se expressar o incremento anual pela
média do crescimento para um determinado período de anos:
y(m ) − y (m −n )
IPA = ,
n

onde: IPA = incremento periódico anual;


y ( m ) = valor da variável no final do período;

y (m −n ) = valor da variável no início do período;

n = período de tempo.

Os incrementos são aplicados para árvores individuais ou para povoamentos


e para qualquer variável dendrométrica (d, h, g, v etc.), sendo expresso em m3 ou m3/ha,
m2 , m, cm, etc., de acordo com a variável considerada
Convencionalmente, quando não houver indicação da variável medida, esta
será considerada como sendo incremento volumétrico por hectare.

14.2 Curvas de crescimento

O desenvolvimento das árvores depende de duas variáveis principais: o


tempo e o ambiente.
Sendo os fatores ambientais favoráveis, as árvores podem apresentar, em
determinada época, o máximo rendimento, ficando implícitas suas potencialidades
genéticas.
A Biometria avalia esse desenvolvimento pela relação crescimento/tempo,
considerando os fatores ambientais e genéticos constantes.

211
Biometria Florestal

Sob esse ponto de vista, é possível construir os fundamentos matemáticos


para estimar o crescimento das árvores em determinado sítio.
Quando se plota uma dimensão de uma árvore, como v, d, h, etc. em
relação à idade, constrói-se uma curva, denominada curva de crescimento, que é
caracterizada pela forma de sigmóide ou de S e que mostra o tamanho acumulado até
uma certa idade. Essa curva, segundo Husch et al. (1982), tem a mesma conformação
tanto para células individuais, como tecidos, órgãos, animais ou vegetais durante toda a
vida, como também é o padrão para pequenos períodos como uma estação de
crescimento.

De acordo com a variável que estiver sendo considerada, ocorrerão


mudanças na forma exata da curva, permanecendo, entretanto, para qualquer caso, as
suas características básicas.
A curva de crescimento mostra o tamanho alcançado em cada idade,
começando no ponto zero e subindo, inicialmente de forma paulatina para, depois, de
forma mais íngreme até um ponto de inflexão. Após este ponto, a curva muda de
concavidade, a inclinação diminui e aproxima-se assintoticamente do valor final.
Na Figura 75, são apresentadas: a curva de crescimento, as fases
correspondentes ao crescimento de um ser vivo qualquer e as curvas dela derivadas,
representando os incrementos médio anual (IMA) e corrente anual (ICA).
Verifica-se que, durante a fase juvenil, a taxa de incremento aumenta
rapidamente até um valor máximo que ocorre no ponto de inflexão da curva de
crescimento. Durante as fases de maturidade e senescência, as taxas de crescimento
decrescem.

212
Biometria Florestal

senil
adulta

juvenil

FIGURA 75 Curvas de crescimento típico e suas fases de desenvolvimento (a) e curva


dos incrementos médio e corrente anual (b).

As curvas dos incrementos corrente anual (ICA) e médio anual (IMA) podem
ser derivadas da curva de crescimento para idades escolhidas, “plotando-se” os
incrementos sobre a idade. Analiticamente, podem ser obtidas pela função diferencial da
curva de crescimento; ou seja, a derivada primeira da função de crescimento descreve o
incremento corrente, e a derivada segunda, o incremento médio.
Observando-se a Figura 75 (b), verifica-se que o IMA culmina quando é igual
ao ICA e que, quando o ICA culmina (ponto de máxima aceleração de crescimento),
ocorre a inflexão na curva de crescimento.
É importante lembrar que cada espécie e cada fase de desenvolvimento
apresenta um tempo fisiológico diferente. Assim, por analogia, uma árvore de Pinus
poderá ser fisiologicamente bem mais velha que uma Araucaria de mesma idade, pois o
Pinus desenvolve-se mais rapidamente que a Araucaria (Figura 76).
As medições para a construção das curvas de crescimento são, em geral,
feitas através de inventário em parcelas permanentes e/ou análise de tronco. Quando
forem usadas parcelas permanentes, deve-se ter os pontos de medição marcados em
cada árvore (dap) para se obter maior precisão nas estimativas.

213
Biometria Florestal

FIGURA 76 Curvas de crescimento para duas espécies florestais com relação de


crescimento/tempo distintas.

O estudo do incremento passado, por meio da análise de tronco, pode ser


feito através da medição e contagem dos anéis de crescimento em diversas secções ao
longo do tronco, o que permite conhecer os incrementos para d, h, e v e, ainda,
reconhecer as mudanças ocorridas na forma das árvores.

14.3 Funções para descrever o crescimento

Na área florestal, existem diversas aplicações para as funções de


crescimento. Além de fornecer a evolução de qualquer variável dendrométrica sobre a
idade, é útil na classificação do sítio, que se constitui no passo inicial e imprescindível
para a elaboração das tabelas de produção, permite calcular os máximos do incremento
corrente e médio anual; determinar a idade na qual poderá ser obtido o máximo volume,
o melhor retorno financeiro ou tecnológico; facilita a ordenação da floresta visando o
rendimento sustentado e permite a execução de simulações para otimizar a obtenção de
sortimentos específicos (Kiviste et al.,2002).
As características principais da curva de crescimento são a presença de um
ponto de inflexão que corresponde ao ponto de máximo do ICA e a sua assíntota, que
representa o tamanho máximo que a variável pode alcançar.
Nos modelos matemáticos que descrevem o crescimento, essas
características são consideradas desejáveis, sendo importante ainda, conforme Goelz e

214
Biometria Florestal

Burk (1992) apud Kiviste (2002), que o modelo mostre estimativas com comportamento
lógico. Por exemplo, que a curva de altura passe pela origem e que o diâmetro seja zero
quando a altura atingir 1,3 m; que tenha base biológica, isto é, seja derivada do
conhecimento teórico sobre a variável. Outra característica desejável é que o modelo
tenha bom ajuste e precisão a diferentes conjuntos de dados.
Segundo Assmann (1961), o estudo da produção deve quantificar o
crescimento da floresta na dependência do tempo, do sítio e de interferências técnicas e
econômicas. Entretanto, deve ser observado que os conceitos de leis de crescimento
emitidos são apenas relações biológicas que se diferenciam das leis físicas clássicas em
dois sentidos:
Estocástico: tratam-se de relações mais ou menos fracas, nas quais a
formulação matemática não é facilmente reconhecida;
As condições biológicas apresentam-se complexas e são facilmente
alteradas.
A descrição matemática do crescimento pode ser feita, em geral, com uma
função apropriada, empregando-se as técnicas de regressão múltipla, linear ou não-linear.
Diversos autores abordam o ajuste de modelos matemáticos a dados de crescimento,
dentre os quais destacam-se: Stevens (1951); Gomes (1953); Patterson (1956); Richards
(1959); Prodan (1968); Rawat e Franz (1973); Sterba (1974), Schneider (1984), Finger
(1991).
Kiviste et al. (2002) estudaram 74 modelos matemáticos mais empregados
na descrição do crescimento, classificando-os em oito grupos distintos.
Alguns modelos empregados para descrever o crescimento são: função
alométrica, função exponencial, função de Gram, função de Korsun, polinômio do 30 grau,
função de Backman, função de Mitscherlich e função de Richards.

14.3.1 Função alométrica

Y = b0 . t b2 ,

onde: Y = tamanho da variável considerada na idade (t);


b1 , b2 = coeficientes do modelo;

215
Biometria Florestal

A forma linear da função é dada por: ln Y =ln b0 + b1 t.

Essa função passa pela origem, é sempre crescente (não apresenta ponto
de máximo), não tem ponto de inflexão e nem assíntota.

14.3.2 Função exponencial

b t
Y = b . e ,
1
0

onde: Y = tamanho da variável considerada na idade (t);


b1 , b2 = coeficientes do modelo.

A forma linear da função é dada por: ln Y = ln b 0 + b 1t .

A função não tem ponto de máximo, não passa pela origem, não tem ponto
de inflexão e nem assíntota.

14.3.3 Função de Gram

(b 0 + b 1 ln t + b t )
Y = e 2
,

onde: Y = tamanho da variável considerada na idade (t);


b0, b1 , b2 = coeficientes do modelo.

A forma linear da função é dada por: ln Y = (b 0 + b1 ln t + b 2 t ) .

A função não passa pela origem, mas apresenta ponto de máximo, ponto de
inflexão e assíntota.

216
Biometria Florestal

14.3.4 Função de Korsun

(b 1 ln t + b 2 ln 2 t )
Y = A .e ,

onde: Y = tamanho da variável considerada na idade (t);


b1 , b2 = coeficientes do modelo;

A = máximo valor alcançado por Y quando t = (assíntota).


Nesse modelo a ausência do coeficiente “b0” faz com que, na idade zero, a
variável dependente (h, v, etc.) seja também zero.
Uma modificação da função de Korsun com a inclusão do termo “ b0 ”

apresenta-se:

(
Y = A 1−e(b0 +b1t +b2 t )
2
)
.

Para a solução pelo método dos mínimos quadrados, tem-se:

ln {(A − Y ) / A} = b0 + b1 t + b2 t 2 .

14.3.5 Polinômio do 3º grau

O polinômio de terceiro grau é outro modelo que pode ser ajustado para
descrever o crescimento em função da idade através do método de mínimos quadrados.

A sua fórmula geral é:

Y = b0 + b1 t + b2 t 2 + b3 t 3 ,

onde: Y = variável dependente (d, h, V, etc...);


t = variável independente (idade);
b0 , b1 , b2 e b3 = coeficientes do modelo.

A função não passa pela origem, não tem assíntota, mas apresenta máximo
e ponto de inflexão.

217
Biometria Florestal

14.3.6 Função de Backman

A função de crescimento de Backman é expressa por:

(b0 + b1lnt +b2 ln2 t )


Y=e ,

onde: Y = tamanho da variável y na idade (t);


b0 , b1 , b2 = coeficientes do modelo.

A forma linear é dada por: (


ln Y = b0 + b1lnt + ln2 b2 t ) .

A função não passa pela origem, tem assíntota, apresenta máximo e ponto
de inflexão.
A integração desta função é, em essência, a função de crescimento de
Petterson, que corresponde à integral da distribuição de Gauss (Prodan,1968).
A função de Backman, também denominada lei de Backman, formulada com
base na observação de que um ser vivo apresenta, em seu desenvolvimento, três fases
distintas: juventude, adulta e senil, baseia-se no tempo biológico e não físico,
apresenta o seguinte enunciado:

“A altura atingida por uma árvore no ano em que culmina o ICA em


altura representa 15,9% da altura final que a árvore pode atingir” (altura teórica final
– ATF).

Dessa maneira, conhecendo-se as alturas atingidas em diferentes idades


pode-se calcular as alturas teóricas em %, conforme exemplificado na Tabela 41.

TABELA 41 - Determinação da altura teórica final segundo Backman

218
Biometria Florestal

Idade h ICA %

1 0,25 0,25 1,37


2 0,40 0,15 2,19
3 0,88 0,48
4 1,62 0,74
5 2,10 0,48
6 2,90 0,80 15,9
7 3,68 0,78
8 4,22 0,54 23,14
• • • •
• • • •

• • • •

Os valores da tabela são calculados conforme exemplificado a seguir:


2,90 −−−−− 15,9%
x −−−−− 100%
x = 18,24 m A.T.F

Como 18,24 m representam a altura final, tem-se:

18,24 −−−−− 100%


0,25 −−−−− x
x = 1,37%

O uso do “papel de probabilidade” para desenhar as % de ATF, atingidas


nas diferentes idades, permite calcular a altura a ser obtida em outras idades, caso o
crescimento em altura siga a lei de Backman.
Sterba (1974) demonstrou, para dados de crescimento em altura sobre a
idade para Picea (ajustados pela função de Richard’s, 1959) que, na dependência do
índice de sítio, a altura da árvore dominante na idade de culmínio do incremento corrente
representava 20 a 30% da altura final.

219
Biometria Florestal

14.3.7 Função de Mitscherlich

Foi introduzida pelo autor, na Alemanha, a partir de estudos de fertilização


de solos:

{
Y = A . 1 − 10 − C(t + b ) , }

onde: A = máximo valor (assíntota);


c = parâmetro que mede a eficiência do fertilizante;
b = parâmetro que mede a quantidade de fertilizante do solo disponível para a
planta.
Mitscherlich realizou vários experimentos em casa de vegetação, ajustando
a curva com somente dois parâmetros e mantendo o valor de “C” constante: sempre o
mesmo para cada fertilizante.
Posteriormente foi provado que “C” não era constante, mas variava com as
quantidades de fertilizantes, sendo, a partir daí, esta função pouco usada por causa da
dificuldade de se obter ajuste por métodos satisfatórios (Gomes, 1953). Atualmente, a
solução dos parâmetros pode ser obtida com facilidade pelo emprego de um pacote de
regressão não-linear.

14.3.8 Função de Richard’s

A função de Richard’s (1959) é expressa por:

(
Y = A . 1− b . e−Kt )(
1 / 1−m)
,

onde: Y = tamanho da variável na idade t;


A = valor da assíntota;
A, b, k, m = parâmetros.

220
Biometria Florestal

Essa função apresenta a vantagem de permitir uma interpretação lógica e


ser bastante flexível, adaptando-se bem ao desenvolvimento de diferentes variáveis
dendrométricas. O coeficiente “A” (a assíntota) representa a dimensão quando a idade
tende ao infinito; “K” representa a velocidade de crescimento e “m” é a proporção de “Y”
por ocasião do culmínio do incremento corrente em relação ao valor máximo a ser
alcançado, ou seja, “A”.
Segundo o autor, a função transforma-se em diferentes modelos segundo a
variação do coeficiente “m”. Quando “m” for zero, a função assume a forma
monomolecular (Função de Mitscherlich). Esta não tem ponto de inflexão, e sua taxa de
crescimento decresce linearmente com o aumento da variável dependente. Por esses
motivos, a função monomolecular é empregada principalmente para representar a porção
de vida após o culmínio do incremento corrente anual.
Quando “m” assume valor 1, o modelo transforma-se na função de
Gompertz. Essa é assimétrica em relação ao ponto de inflexão e apresenta uma relação
linear entre a taxa de crescimento relativa e o logaritmo da variável dependente, e
também, entre o logaritmo da taxa de crescimento relativa e a idade. Essa função é mais
apropriada para estudos de crescimento de animais.
Quando “m” for igual a 2, a função apresenta-se como a curva logística, cuja
característica é simetria em relação ao ponto de inflexão, sendo que a taxa de
crescimento relativa também decresce linearmente com o incremento de Y.
De maneira geral, a função de Richard’s é empregada para estudos na
Biometria Florestal com o coeficiente b igual a 1, passando a curva a ser escrita como:

(
Y = A . 1 − e − Kt )(
1 / 1− m )
.

As estimativas dos coeficientes devem ser obtidas por regressão não-linear.


A função passa pela origem, tem assíntota e ponto de inflexão e não apresenta máximo.

14.4 Obtenção de dados para estudo do crescimento

O estudo do crescimento requer longo período de observação das


dimensões da árvore ou do povoamento sob diferentes condições de sítio, de desbaste,
adubação, preparo de solo, variação da disponibilidade de água, entre outras.

221
Biometria Florestal

Essa necessidade leva à instalação e manutenção de uma rede de parcelas


permanentes, muitas vezes instaladas como experimentos de espaçamento, preparo de
solo e adubação, desbaste, desrama, etc.
A vantagem do emprego de parcelas permanentes para a obtenção dos
dados, é conhecer precisamente, ao longo de todo o período de observação, as
condições que as árvores estiveram expostas a fatores como, por exemplo, densidade,
competição, sanidade, sítio.
Para isso, é necessário que as parcelas sejam sempre identificáveis na
floresta; o que é conseguido com estacas e tinta, ou mesmo com GPS.
Deve-se considerar a necessidade da instalação de parcela testemunha; de
um número suficiente de repetições que possibilite a análise estatística; que a área
manejada da parcela (por exemplo, desbastada) seja maior que a área com árvores
mensuráveis e que todas recebam igualmente o mesmo manejo. O tamanho da parcela
deve ser planejado de maneira que, por ocasião do final do experimento, exista um
número mínimo de árvores mensuráveis.
A observação das árvores em parcelas permanentes tem, entretanto,
desvantagens, como o longo período entre a instalação e a obtenção do resultado, bem
como o maior custo envolvido.
Outro método para a obtenção de dados visando o estudo do crescimento é
a análise de tronco (ver o cap. 15). Essa técnica permite descrever retrospectivamente o
crescimento da árvore e, a partir daí, construir curvas de crescimento da altura, volume,
etc. sobre a idade. Também permite estudos cronológicos pela datação dos anéis anuais
de crescimento com aplicações na Dendroecologia e Dendroclimatologia.
A vantagem do método está na rapidez, boa precisão e baixo custo para a
obtenção dos dados. Entretanto, o método limita-se a quantificar o crescimento da árvore-
amostra sem poder inferir sob as condições de densidade do povoamento nas diversas
fases do crescimento.
Um terceiro método para a obtenção de dados consiste na medição em
parcelas temporárias (medidas uma única vez), mas amostradas sob critérios rígidos de
estratificação.
Esses critérios consideram a mesma espécie, mesma forma de manejo e
mesmo sítio. Assim, são amostradas parcelas em todas as classes de idade, ou seja,
desde povoamentos jovens até povoamentos velhos.

222
Biometria Florestal

A hipótese envolvida é que os povoamentos velhos tenham sido conduzidos


da mesma forma que os povoamentos jovens de hoje.
A amostragem é realizada sobre condições de sítio bom e sítio ruim, sendo
necessário que os pares de dados altura dominante e idade formem linhas de
crescimento independentes, conforme mostra a Figura 76, ou seja, quanto mais criteriosa
a amostragem, espera-se uma menor dispersão dos pontos em uma determinada idade,
obtendo-se, assim, maior precisão na curva de regressão.
O emprego de dados obtidos em parcelas temporárias sem a observação
dos critérios de estratificação, citados acima, não deve ser utilizado, pois, em geral,
produzem curvas de crescimento achatadas quando comparadas com o real crescimento
do povoamento (Ver Baur, 1877; Monserud, 1984 e Weck, 1958).

Figura 76 – Curvas de crescimento obtidas em parcelas temporárias estratificadas em


dois sítios naturais.

223
Biometria Florestal

15 ANÁLISE DE TRONCO

A análise de tronco é um método retrospectivo para determinação do


crescimento da árvore que permite determinar as curvas de crescimento da altura,
volume, etc. sobre a idade, bem como estudos cronológicos pela datação dos anéis
anuais de crescimento, com aplicações na Dendroecologia e Dendroclimatologia.
A vantagem do método está na rapidez, boa precisão e baixo custo para a
obtenção dos dados. Entretanto, limita-se a quantificar o crescimento da árvore-amostra
sem poder inferir sob as condições de densidade do povoamento nas diversas fases do
crescimento.
Dessa forma, a análise de tronco adquire importância singular, pois, em
qualquer época, possibilita reconstruir o crescimento passado de uma árvore desde o
estado de plântula até o momento do abate.
Segundo Silva (1977), a análise de tronco é definida como o exame de
secções transversais do tronco de uma árvore para determinar seu crescimento e
qualidade em diferentes períodos de sua vida.
Nesse exame, são realizadas a contagem e medição dos anéis, a fim de
avaliar, além da idade da árvore, o crescimento em volume, a área basal, diâmetro e
altura.
A análise de tronco pode ser completa ou parcial. No primeiro caso, a
árvore é abatida e é retirado dela um determinado número de fatias ao longo do tronco.
Quando a árvore não for abatida, sendo dela retirado apenas um rolo de incremento pela
técnica da verrumagem, tratar-se-á da análise de tronco parcial.

15.1 Diferenciação dos anéis de crescimento

De maneira geral, essa técnica só é empregada em espécies que possuem


os anéis de crescimento facilmente observáveis. A diferenciação dos anéis é uma
característica da espécie, porém influenciada pela idade, espaçamento e sítio.

224
Biometria Florestal

Ao verificar as secções transversais, pode-se ver uma série de anéis


concêntricos, às vezes excêntricos, resultante da atividade cambial nos períodos de
atividade vegetativa e da redução do crescimento durante o repouso fisiológico.
De forma geral, os anéis de crescimento tornam-se mais destacados quanto
mais rigoroso for a ariação ambiental; por exemplo, inverno, seca, etc. indicando a forte
influência do clima sobre o crescimento dos vegetais.
Nas zonas de clima frio e temperado, as espécies vegetais, especialmente
as que perdem as folhas total ou parcialmente durante o outono/inverno, apresentam
camadas de crescimento perfeitamente distintas; já, nas zonas tropicais, a diferenciação
das camadas de crescimento pode apresentar dificuldade uma vez que o crescimento
anual não é caracterizado por dois períodos climáticos distintos.
Por outro lado, poderá existir dúvidas se as espécies nessas regiões
formam anéis anuais de crescimento ou se trata de zonas de incremento, ou seja, anéis
formados em período diferente do tempo cronológico de um ano.
Worbes (1989), estudando espécies florestais na Amazônia Brasileira,
determinou que os anéis formados se tratavam de anéis anuais. Para essas espécies que
cresciam em região de pouca variação de temperatura, o autor concluiu que o fator que
atua sobre o ritmo de crescimento era o período anual de inundação a que a área estava
sujeita. A comprovação pode ser realizada com o emprego de janelas de Mariaux,
aplicadas periodicamente no lenho das árvores amostra.
Visando determinar a periodicidade dos anéis de crescimento de espécies
florestais na Floresta Estacional Semidecídua na Depressão Central do Rio Grande do
Sul, localizada em Santa Maria, foi conduzido um experimento com marcação cambial,
utilizando pregos de aço. Durante dois anos consecutivos as árvores receberam
ferimentos no lenho, com intervalos de 30 dias, a fim de relacionar a data do ferimento
com o crescimento. Os resultados mostraram que as espécies Cedrella fissilis, Nectandra
megapotamica, Enterolobium contortisiliquum, Cabralea canjerana, Schefflera morototonii
e Cordia trichotoma formam anualmente anéis de crescimento; algumas espécies com
anéis facilmente diferenciáveis e outros de maior dificuldade de visualização como em
Schefflera morototonii.
Na Figura 77, pode ser observado, macroscopicamente, o limite do anel
anual de crescimento em Nectandra megapotamica e, na Figura 78, as secções
transversais Ocotea puberula e Ocotea porosa com a demarcação dos anéis de
crescimento.

225
Biometria Florestal

⇐ Crescimento do ano de
2001.

FIGURA 77 Anel anual de crescimento em Nectandra megapotamica.

FIGURA 78 Fotomacrografia de Ocotea puberula e Ocotea porosa, indicadas pela letra


“a” e fotomicrografia indicada por “b”, com indicação do limite do anel de
crescimento indicado pela seta (Fonte: Tomazello Fº et al. 2004).

Na contagem e medição dos anéis de crescimento, deve-se tomar cuidado


com os falsos anéis, pois estes poderão induzir o observador a atribuir mais um ano à
árvore; por exemplo, quando da ocorrência de um falso anel.
A distinção entre um anel anual de crescimento e um falso anel é feita
verificando-se a continuidade da camada anual de crescimento, sendo, então,
considerado como falso anel a camada que se mostrar descontínua.

226
Biometria Florestal

Algumas vezes esta diferenciação torna-se difícil para o medidor, que fica
em dúvida para a sua caracterização. A certeza da inclusão ou exclusão do anel de
medição poderá ser obtida por ocasião do traçado de perfil longitudinal da árvore e/ou
quando da comparação/união dos anéis sucessivos em diferentes níveis de medição.
.

15.2 Coleta de dados para análise de tronco completa

A coleta de dados envolve as etapas de escolha das árvores amostra,


derrubada, seccionamento, preparo do material, transporte, secagem, lixamento, medição
dos anéis, traçado do perfil longitudinal e cálculo do crescimento em incremento.

15.2.1 Amostragem

Na análise de tronco, considera-se a árvore como unidade de amostra,


devendo esta ser representativa da população. Para isso, utilizam-se as árvores de
diâmetro de área basal média (dg) e/ou árvores de altura dominante (h100 ou h0), de
acordo com o tipo de interferência desejada. De forma geral, as árvores de altura
dominante são empregadas nos estudos de classificação de sítios, e as árvores de
diâmetro de área basal média, nos casos em que são seja necessários o conhecimento
dos valores médios das árvores da floresta.
Na quantificação do número de árvores a serem medidas Spurr(1952)
recomenda tomar uma percentagem da freqüência das classes de diâmetro em torno do
dg conciliando-se ainda o binômio precisão e custos.
De acordo com o objetivo do estudo, serão amostradas árvores de diferentes
classes sociológicas.
Na construção de curvas de índice de sítio, Machado (1986) recomendou o
uso de árvores dominantes amostradas sobre diferentes sítios e idades; e para o estudo
do crescimento e produção, árvores de todas as classes sociológicas, também
distribuídas em diversos sítios e idades.

15.2.2 Seccionamento da árvore

227
Biometria Florestal

Após a seleção e abate da árvore amostra, está será desgalhada e marcada


nas diversas posições, que serão retiradas fatias transversais.
Duas fatias são consideradas de coleta obrigatória e estão localizadas na
posição 0,00 m e representa o diâmetro e idade real da árvore e, a fatia localizada à altura
do peito.

Quando algum fator impedir a retirada da fatia nesta posição, esta deve ser
retirada em posição tal que ainda permita conter todos os anéis de crescimento, o que só
é conseguido na parte inferior do tronco, próximo ao solo.

A segunda fatia de coleta obrigatória é encontrada na posição do dap e


permite o cálculo do d, g, f1,3 .

Entre as duas fatias acima mencionadas, é necessário retirar fatias


intermediárias com objetivo de detectar as mudanças de forma na base da árvore. Para
esse fim, é comum retirar novas fatias a 0,30 e 1,00 m ou 0,50 e 0,70 m.
As demais fatias são cortadas nos entrenós, pois, nestes pontos, não há
interferência dos nós na forma dos anéis e nas medições, o que acarretaria maior
dificuldade e imprecisão nas medições.
A vantagem de tomar fatias em distâncias variáveis é que não se tem
interferência dos nós; porém, este sistema traz a desvantagem de causar erros
sistemáticos subtrativos em volume pois não considera o volume dos nós. Entretanto, a
retirada de fatias em distâncias fixas e a eventual amostragem na posição de nós pode
acarretar erros de maior magnitude.
A distância entre cada fatia, quando este sistema de amostragem for
empregado, é de 1,0 m a 2,0 m. Em árvores muito altas, pode-se espaçar mais a
distância entre fatias sem que seja perdida muita precisão.
Na Figura 79, é apresentado, esquematicamente, a posição das fatias
amostradas ao longo do tronco.

228
Biometria Florestal

FIGURA 79 Representação esquemática da retirada de fatias para análise de tronco.

15.2.3 Espessura e identificação das fatias

A prática tem demonstrado que fatias finas racham com mais facilidade e
fatias muito grossas são mais difíceis de secar e de manusear. Assim, normalmente são
empregadas fatias com espessura entre 3,0 a 5,0 cm.

Na identificação das fatias, podem ser usados lápis anilina, chapas de


alumínio ou fita rotex fixada às fatias com tachinhas, de tal forma que não haja risco de
serem retiradas. Dentre esses materiais, o emprego de chapas de alumínio macio, que
pode ser riscado com uma caneta esferográfica sem tinta, é bastante prático. O
rendimento do trabalho é, ainda, aumentado com o uso de um grampeador de pressão.
Em geral, usa-se identificar as fatias com três grupos de números. O
primeiro indicará o sítio; o segundo, o número da árvore e o terceiro, a altura em que a
fatia foi retirada (Figura 80).

FIGURA 80 Exemplo de identificação de fatias para a análise de tronco.

Outro procedimento a ser executado no campo é o registro de informações


como talhão, secção, espécie, etc. relativas à árvore amostra, as quais podem ser

229
Biometria Florestal

realizadas em formulários padrões como, por exemplo, o apresentado por Schneider et


al. (1988), no Anexo lV.

15.2.4 Transporte , secagem e preparação das fatias

As fatias, depois de cortadas e conferidas, devem ser transportadas para o


local de secagem em sacos de estopa ou em outro recipiente arejado.
A secagem das fatias deve ser feita em local bem arejado e à sombra,
sendo que as fatias devem, preferencialmente, serem colocadas em pé, para melhor
aeração.
O não-cumprimento desses requisitos pode ocasionar danos às fatias,
devido ao ataque de fungos.
Quando o teor de umidade dos discos entrar em equilíbrio com a umidade
do ambiente, eles devem ser lixados.
O emprego de estufas possibilita a redução substancial do tempo de
secagem. Se for empregada uma temperatura de 50°C serão suficientes,
aproximadamente três dias para que as fatias estejam prontas para o lixamento.
O lixamento tem como objetivo tornar os anéis mais visíveis e a superfície
da fatia lisa, facilitando a contagem e medição. Dependendo do tipo de material (espécie,
dimensão do incremento anual e da nitidez dos anéis), poderá ser necessário o uso de
lixas de diversas grãs para obter uma superfície adequada à medição. No estudo do
crescimento de Nectandra megapotâmica, as fatias, após a operação na plaina manual,
foram lixadas com grãs de número 35, 60, 100, 150, 320, 600 e 1.200 até se obter boa
visualização dos anéis de crescimento (Souza, 2005).
Por outro lado, no preparo de fatias de Pinus, pode-se evitar o emprego da
lixa, utilizando-se um estilete com lâmina de qualidade superior para retirar uma fina
camada de madeira sobre os raios a serem medidos. Esse procedimento, utilizado no
Waldwachstumgsforchunginstitut, em Viena, é iniciado pelo umedecimento da superfície
de corte com uma esponja. Após, segue um corte vertical sobre o raio de medição e, em
seguida, um corte inclinado, um pouco afastado do primeiro.

230
Biometria Florestal

No chanfro formado, é possível visualizar, com precisão, os limites dos


anéis de crescimento. Neste local, pode-se passar uma camada de giz branco para
melhorar a visualização dos anéis.
Após a retirada do excesso de giz, visualiza-se uma parte branca na região
do lenho inicial de cada anel e uma faixa mais escura na região do lenho tardio,
decorrente da maior e menor penetração do giz no interior das células.

15.2.5 Marcação dos eixos para medição nos anéis

A medição dos anéis é feita em cada uma das fatias sobre raios traçados a
partir da medula.
À medida que se aumenta o número de raios, obtém-se maior precisão na
estimativa da dimensão média, porém, na prática, o aumento excessivo do números de
raios medidos pode não apresentar grandes vantagens.
Em pesquisa para determinação da área basal e dos diâmetros a cada nível
de medição, são tomados quatro raios perpendicularmente dispostos. A média aritmética
dos raios medidos fornece o estimador do raio ou diâmetro da fatia em uma determinada
idade.
Prodan (1965) recomenda a marcação de quatro (ou oito) sobre os quais
serão medidos os anéis de crescimento. O processo inicia com o maior raio da secção (r
máx), tomando-se a medula como centro. A partir do maior raio serão marcados dois
outros, formando um ângulo de 45° com r máx e deles projetados outros dois em sentidos
opostos.
A determinação do incremento com a medição sobre vários raios é
justificada, pois a largura dos anéis pode variar em uma ou mais direções no tronco.
Nas espécies em que os anéis de crescimento não são bem definidos,
pode-se usar produtos químicos para melhorar a visualização do conjunto – lenho
primaveril e outonal. Esses produtos são, por exemplo, Fuccina 1%, azul de metileno;
Floroglucinol em mistura com ácido clorídrico; e Vermelho do Congo à base de sódio de
potássio.

231
Biometria Florestal

15.2.6 Medição dos anéis

A medição da dimensão acumulada dos anéis anuais de crescimento é


realizada sobre os raios traçados a partir da medula, que poderá ser feita por processo
manual, com o auxílio de uma régua comum, de tal forma que o zero da mesma coincida
com a medula da fatia, sendo o crescimento anual acumulado (raio da árvore em cada
idade) lido diretamente sobre a mesma.
As dimensões de cada anel (idade), medidas sobre cada um dos raios, e
fatias são, então, registrados em formulários padronizados, como os elaborados por
Schneider et al. (1988) e apresentados no Anexo 5.
A medição dos anéis de crescimento pode ainda ser feita em aparelhos
óticos (com diferentes aumentos de acordo com a capacidade da lupa) acoplados em um
computador. Esses aparelhos podem ser acionados manualmente, quando a medição é
feita diretamente sobre a fatia de madeira ou automaticamente.
No último caso, é necessário usar um negativo fotográfico da fatia de
madeira. Este processo permite que sejam medidos até 360 raios em uma mesma fatia.
Outro procedimento é o emprego de um scanner para digitalização automática dos anéis,
ou mesmo de uma câmara fotográfica digital que permita a transferência da imagem para
o computador.
A seguir, a dimensão dos anéis pode ser automaticamente analisada e
dimensionada por software específico.

15.2.7 Traçado do perfil longitudinal da árvore

De posse da altura total da árvore, das alturas das quais foram retiradas as
fatias e das dimensões dos anéis, pode-se construir o perfil longitudinal da árvore.
Para isso, usa-se papel milimetrado, sobre o qual é marcado um sistema de
eixos coordenados. Em geral, é utilizada uma escala maior no eixo vertical e uma escala
menor no eixo horizontal; como, por exemplo, 1:30 e 1:100, respectivamente.
O eixo y será considerado como a medula da árvore, no qual serão
marcadas as alturas onde foram retiradas as fatias de madeira e a altura total.

232
Biometria Florestal

Sobre cada posição da fatia, será marcado o raio médio, obtido pela média
aritmética dos quatro raios medidos, à esquerda e à direita da medula, formando, assim,
o diâmetro em cada idade e posição do tronco. Após marcado o diâmetro de todos os
anéis em cada nível de medição (fatia), une-se os pontos de forma a completar cada anel
ao longo do eixo da árvore.
A união dos pontos é iniciada externamente, isto é, pelos pontos da casca,
se tiver sido medida, e aí, sucessivamente, para o interior da árvore (direção da medula).
A determinação do ponto em que termina cada anel na porção superior do
tronco em cada idade é feita tomando-se uma paralela ao anel externo anteriormente
traçado.
Completado o traçado do perfil, com a determinação do ponto exato do
término de cada anel, pode-se ler, no gráfico, a altura alcançada pela árvore em cada ano
(Figura 81).
O cálculo dos raios médios, bem como o traçado do perfil longitudinal da
árvore pode ser facilmente feito em computador e plotter.

FIGURA 81 Perfil longitudinal de uma árvore (Finger, 1986).

233
Biometria Florestal

15.2.8 Determinação do volume dos anéis

Considerando-se que o volume descrito pelo primeiro anel de crescimento


corresponde à dimensão (diâmetro, altura, volume e fator de forma) da árvore no primeiro
ano de vida, e assim sucessivamente, é possível determinar o crescimento anual e o
volume da árvore em cada ano. Para isso, faz-se a cubagem de cada anel de
crescimento.
A cubagem dos anéis é, geralmente, feita pelo procedimento de Smalian,
sendo considerado o intervalo entre duas fatias como pequenas toras de madeira.
A porção final de cada anel (ápice da árvore) normalmente assemelha-se à
forma do cone, sendo, portanto, calculado pela fórmula correspondente.
A cubagem dos anéis deve ser efetuada considerando cada anel como uma
árvore individual.
O volume total de cada anel é obtido pelo somatório dos volumes parciais
em cada secção, e o somatório dos volumes de todos os anéis corresponde, então, ao
volume da árvore.
O volume de cada anel, tomado em separado, corresponde ao incremento
de volume verificado entre o anel considerado e o ano anterior.
O volume, bem como outras variáveis dendrométricas de interesse podem
ser determinadas em computador eletrônico, pelo programa ANATRO (análise de tronco),
elaborado por Schneider (1983), cujo output encontra-se exemplificado na Tabela 42.
O programa determina, para cada idade: diâmetro, altura, área basal,
volume, incrementos médio e corrente para cada uma destas variáveis dendrométricas;
bem como o fator de forma natural e artificial em cada idade.

234
Biometria Florestal

TABELA 42 – Saída padrão do programa de cálculo de análise de tronco – ANATRO.

Onde FFCOM = fator forma artificial; FFHOH = fator forma natural; DHOH = diâmetro natural d0,1h.

15.3 Análise de tronco parcial – árvore em pé

O método iniciou a ser empregado na Alemanha, a partir dos trabalhos de


Pressler, e consiste na retirada de um pequeno cilindro de madeira com o trado de
Pressler (verruma), visando medir (determinação do crescimento) ou contar
(determinação da idade) da árvore.
O trado de Pressler pode ser descrito como uma broca oca, na qual fica
retido o rolo de madeira retirado do tronco (Figura 82).

235
Biometria Florestal

FIGURA 82 Trado de Pressler.

Na amostragem, o trado é introduzido de forma lenta e gradual, em posição


perpendicular ao eixo da árvore, buscando alcançar a medula, devendo os anéis estarem
dispostos de forma transversal ao eixo do rolo de incremento. Quando esta
perpendicularidade não é conseguida, isto é, os anéis encontram-se desviados em
relação ao eixo transversal, ocorrerão erros sistemáticos no dimensionamento dos anéis.

15.3.1 Amostragem

Segundo Prodan (1965), deve-se retirar dois cilindros em cada tronco,


formando um ângulo de 90° entre eles ou retirar o segundo cilindro, em posição de 45°
em relação ao maior diâmetro.
Já Husch et al. (1982) fazem referência à retirada de apenas um rolo de
incremento na direção do diâmetro médio ou na posição que forma 45° com a inclinação
do terreno.
Após introduzir o trado até a altura da medula da árvore, retira-se o mesmo
do interior do tronco de maneira lenta e gradual, através da rotação do mesmo do sentido
anti-horário.

236
Biometria Florestal

A seguir, o rolo de madeira é retirado do interior do trado com o auxílio de


uma lâmina com forma de meia lua que acompanha o trado. Este cilindro de madeira
recebe o nome de rolo de incremento.
O rolo de incremento deve ser acondicionado em saco plástico umedecido
para evitar a desidratação e quebra, fixados a suportes de madeira especialmente
entalhados para receber os rolos de incremento, ou ainda guardados em pequenos rolos
de papelão como exemplifica a Figura 83.
Apesar de a análise parcial de troncos permitir o estudo do crescimento da
árvore sem abatê-la, o método apresenta restrições quanto a precisão.
A excentricidade das secções, as formações irregulares dos anéis, o
tamanho do mesmos podem causar incertezas na estimativa dos incrementos, que
tornam-se mais pronunciados com o aumento da idade da árvore.

FIGURA 83 Recipiente para transporte e armazenamento de rolos de incremento.

A contagem acurada dos anéis permite a determinação rigorosa da idade e


determinação do incremento, sendo muito útil na verificação do incremento nos últimos
anos.
Em geral, os rolos de incremento são retirados ao nível do dap. Na
determinação da idade, retira-se o rolo da madeira junto à base da árvore. Pode, ainda,
na determinação da idade, acrescentar ao número de anéis, contados no nível do dap, o
número médio de anos que as árvores da mesma espécie, crescendo em mesmo sítio

237
Biometria Florestal

florestal, necessitam para alcançar a altura do ponto de medição considerado. Por


exemplo, a 1,30 m caso a verrumagem tenha sido feita a este nível.

15.3.2 Cálculo do incremento

Os acréscimos ou incrementos traduzem o comportamento das variáveis


básicas (h, d, ...) no decorrer do tempo, ou seja, exprimem a quantidade de crescimento
da espécie em determinado período e local, revestindo-se de grande importância na
definição das intervenções silviculturais recomendadas para a condução do povoamento
florestal, buscando manejá-lo de acordo com os objetivos préestabelecidos para a
produção (para a classificação e descrição dos incrementos, ver capítulo 14).
O cálculo dos incrementos a partir do cilindro de incremento segue o
seguinte processo:
mede-se o comprimento de 1,0 cm sobre o rolo de incremento e conta-se
o número de anéis (anos), obtendo-se a seguinte relação:
1,0 cm = n . ir ,

logo: ir = 1/ n e o incremento em diâmetro será:

id = 2/ n

em percentagem,

pd = 2/ (n . d) x 100

e, em área basal, será:

pg = 4/ (n . d) x 100 ,

onde: id = incremento em diâmetro;


pd = incremento em diâmetro em %;
Pg = incremento em área basal em %;

238
Biometria Florestal

d = diâmetro no período considerado;


n = número de anos (anéis);
Ir = incremento ou largura dos anéis = 1,0 cm.

Quando ocorrer incremento diamétrico grande, comum em Pinus taeda e


Pinus elliottii , em alguns sítios no Rio Grande do Sul e Santa Catarina; a medida de 1cm
acima proposto é impraticável, pois um único anel de crescimento terá dimensão maior
que esta medida. Neste caso, será necessário aumentar o comprimento de raio a ser
medido de maneira a obter maior número de anéis no comprimento considerado; por
exemplo, em 5 cm. Os valores dos incrementos em diâmetro e área basal são, então,
facilmente encontrados com a substituição do novo modulo considerado nas fórmulas
acima apresentadas.

239
Biometria Florestal

16 DISTRIBUIÇÕES DE FREQUÊNCIA

Distribuição de freqüência é definida como a apresentação tabular de dados


referenciados a um intervalo de classe.

A eqüidistância dos intervalos de classe permite, segundo Bruce e


Schumacher (1950), comparar as observações em diferentes classes.

Embora o agrupamento dos dados em tabelas de freqüência elimine muitos


detalhes originais, este procedimento traz a vantagem da visualização do aspecto geral, o
que possibilita maior clareza e evidencia as relações essenciais (Spiegel, 1975).

O número de observações contidas em uma classe característica é dita


freqüência absoluta. A freqüência pode também ser expressa em valores relativos, como
porcentagem da freqüência de uma população ou amostra.

O resultado da adição de freqüências sucessivas é a freqüência


acumulada,que mostra diretamente a freqüência que se situa abaixo e inclusive na classe,
além de permitir o cálculo da mediana na distribuição.

Caso haja necessidade, é possível mudar os limites de classe de uma


distribuição, devendo, as freqüências das novas classes ser obtidas das curvas de
freqüência acumulada.

16.1 Determinação de uma distribuição de freqüência

A determinação de uma distribuição de freqüência deve obedecer


basicamente às seguintes regras gerais (Silva, 1977).
a) determinação da amplitude total;
b) divisão da amplitude total em número conveniente de intervalos de classe
que tenham a mesma amplitude;
c) tabulação dos valores observados.

240
Biometria Florestal

Ainda, segundo o mesmo autor, para obter o número aproximado de classes


pode-se usar a tabela de Graner, como segue:

TABELA 43 – Tabela de Graner.


Número de observações Número de Classes
n Mínimo Máximo

< 50 5 10
100 8 16
200 10 20
300 12 24
500 15 30
>1.000 20 40

Outra alternativa, para a mesma finalidade, é a fórmula de Sturges, a qual é


expressa por:

nc = 1 + 3,3 log n,

onde: n = número de observações;


nc = número de classes.

Sendo, então, o intervalo de classes obtido pela razão entre a amplitude


total e o número de classes.
Waugh (s.d.) observa que a fórmula de Sturges dá demasiadas classes para
pequenos números de dados e relativamente poucas para grande números de dados.
Segundo esse autor, deve-se escolher um intervalo de classe suficientemente pequeno
para que todos os dados dentro da classe possam ser, de modo geral, considerados de
mesmo valor e que, satisfeita essa limitação, seja o número de classe o menor possível
para que permita verificação das características da população.
Assim, o emprego de um intervalo de classe grande leva a um maior erro de
agrupamento, ou seja, decorrente da classificação, pois todas as freqüências incluídas
entre o limite inferior e superior de uma dada classe qualquer será, a partir de então,
considerada contendo a dimensão do centro de classe. Esse erro de agrupamento

241
Biometria Florestal

tenderá a ser mais evidente quanto maior for o intervalo de classe considerado e menor
a freqüência de árvores incluída na referida classe. Por outro lado, tenderá a ser
desprezível com a inclusão de um grande número de árvores na classe em decorrência
da anulação dos erros de excesso e falta.

16.2 Distribuição de diâmetros

A distribuição do diâmetro das árvores por unidade de área é de grande


interesse para a prática florestal.
A mesma teoria usada para a distribuição diamétrica pode ser aplicada
igualmente as outras variáveis dendrométricas.
Os primeiros esforços para quantificar com modelos matemáticos, as
distribuições na área florestal foram feitos por volta de 1898 por De Liocurt’s. A partir daí,
inúmeros pesquisadores têm dedicado especial atenção a este tema, aplicando inúmeros
modelos de distribuição.
O estudo das distribuições permite conhecer a estrutura dos povoamentos,
entendendo, como tal, a distribuição das espécies e dimensão das árvores em relação a
um hectare. A estrutura do povoamento é resultado dos hábitos de crescimento da
espécie, das condições ambientais e práticas de manejo.
A distribuição do número de árvores em classes de diâmetro fornece
valiosa informação sobre essa estrutura da floresta, sendo importante para a silvicultura e
também para interferências sobre a distribuição dos sortimentos.
De um modo geral, há dois tipos de estrutura de florestas: equiânea e
inequiânea, ou seja, de mesma idade e idades diferentes, respectivamente.
Os povoamentos equiâneos são os que se originam dentro de um curto
período de tempo, estando as árvores enquadradas dentro de uma única classe de idade.
Neste caso, as freqüências por unidade de área para as classes de diâmetro seguem um
padrão típico. As maiores freqüências situam-se em torno da média e decrescendo para
os menores e maiores valores. Vários autores têm demonstrado que a distribuição de
diâmetros de povoamentos equiâneos segue leis definidas e que a relação do número de
árvores e diâmetros pode ser descrita por funções matemáticas (Husch et al., 1982).

242
Biometria Florestal

Na Figura 84, está representada a distribuição de diâmetros de um


povoamento de Acacia mearnsii com idade de 5,5 anos, ajustada pela distribuição SB .

FIGURA 84 – Distribuição de diâmetros de um povoamento de Acacia mearnsii com


idade de 5,5 anos, ajustada pela distribuição SB (Fonte: Finger,1982).

De maneira geral, em povoamentos densos, nos quais a mortalidade natural


em conseqüência da concorrência não foi estabelecida, ou em povoamentos onde não foi
realizado desbaste por baixo, encontra-se uma distribuição assimétrica à direita (Figura
85a ). Alguns anos mais tarde, com o estabelecimento da mortalidade e/ou desbaste por
baixo, a distribuição apresenta uma clara assimetria à esquerda, conforme mostra a
Figura 85b.
Os povoamentos inequiâneos são constituídos de árvores de muitas idades
e tamanhos. As árvores são originadas mais ou menos continuamente apresentando
indivíduos desde a fase de plântula/semente até árvores em estado de senescência. A
distribuição típica dessas florestas apresenta um grande número de pequenas árvores
com freqüência decrescente com o aumento da classe de diâmetro (Figura 86).

243
Biometria Florestal

FIGURA 85 – Distribuição de freqüências de diâmetros para povoamentos equiâneos


antes do estabelecimento da mortalidade/desbaste (a) e após o
estabelecimento da mortalidade/desbaste (b).

FIGURA 86 – Distribuição de freqüências observadas e estimadas por classe de diâmetro


para Araucaria angustifolia em um povoamento no RS (Schneider et al.,
1988).

16.3 Ajuste matemático de freqüências

A distribuição de uma variável dendrométrica a partir de dados levantados


em uma amostra da população pode ser obtida por meio de uma distribuição teórica e do
conhecimento do desvio padrão, da média ou percentil.

244
Biometria Florestal

16.3.1 Distribuição normal

A maior parte dos fenômenos biológicos resulta de dados que estão


distribuídos de maneira suficientemente normal, tornando-se, assim, essa teoria a base
de grande parte da estatística usada na área biológica (Steel e Torrie, 1960).
A Distribuição Normal é definida por Meyer (1977) com o seguinte
enunciado:
Se x é uma variável aleatória, que tomou todos os valores reais - ∞ < x < +∞
terá uma distribuição normal (ou Gaussiana) se a função densidade
probabilística assumir a forma:

( x− µ )2

1 2σ 2
fx = e
2 πσ 2

para -∞ < x < +∞.

Os parâmetros µ e ∂ devem satisfazer as condições:


-∞ < µ < +∞ >0

e a distribuição é caracterizada por:

a) A curva de distribuição é simétrica e unimodal quando a média, moda e


mediana coincidem (µ = Mo= Me);
b) A curva tem um máximo para x = 0 e um mínimo para x = ±∞ ;
c) A área sob a curva é igual a 1 e é dada por:

2
+∞ − ( x − µ )
1
= = 1 ;
2
2 σ
A .e d x
− ∞ 2 πσ 2

d) Quando x = µ a função será decrescente e com a concavidade voltada


para baixo;
d) Quando x ± ∞ a função tende a zero assintoticamente;

245
Biometria Florestal

e) A função apresenta dois pontos de inflexão que ocorrem em x = ±∞ ; isto


é, o gráfico muda de concavidade à direita e à esquerda da média. Disto decorrerá que
se σ² for relativamente grande, o gráfico tenderá a ser achatado, enquanto que se σ² for
pequeno, o gráfico tenderá a ser pontiagudo (Figura 87).

FIGURA 87 – Comportamentos da distribuição normal em relação à variância.

Onde: µ= média; σ= desvio padrão; σ²=variância.

Considerando-se os dados publicados por Silva (1977), oriundos de um


povoamento de Pinus taeda com diâmetro médio de 13,22 cm, desvio padrão de 2,31 cm
e freqüência por hectare de 233 árvores, tem-se as seguintes freqüências observadas e
ajustadas, conforme apresentado na Tabela 44.

TABELA 44 – Determinação das freqüências ajustadas através da distribuição normal

Classe DAP Freq. observada Ordenada Freq. ajustada


cc(x) fxi y Y. N. IC

8,0 12 0,01344 7,8


10,5 39 0,08634 50,3
13,0 113 0,17201 100,2
15,5 54 0,10617 61,8
18,0 15 0,0203 11,8
TOTAL 233 231,9

246
Biometria Florestal

( x − µ )2

1 2σ 2

Sendo:
fx = e
2 πσ 2

e,
σ = S = 2,31
µ = X = 13,22 e,
N = 233 tem-se:

( 8 − 13 , 22 ) 2

1 2 . 2 , 31 2
Y = e
2 π 2 , 31 2

Y = 0,01344

Freqüência ajustada = Y . N . IC;


Freqüência ajustada = 0,01344 x 233 x 2,5;
Fequência ajustada = 7,8 árvores por hectare.

Com a transformação da função, é possível reduzi-la, passando a ser


chamada de Distribuição Normal Reduzida, com média zero e variância um N (0,1).
A importância da distribuição normal reduzida é que ela pode ser tabelada.
Sempre que x tiver distribuição N (µ ,σ²), pode-se obter a forma reduzida pela adoção de
uma função linear x.
Para se obter o modelo reduzido, toma-se o quociente entre os desvios (x -
µ) e o desvio padrão (σ).
Assim, tem-se:

(x − x)
Z = (x - µ) / σ expresso por Z= ,
S

onde: Z = variável de resposta;


x = variável independente;

247
Biometria Florestal

x = média da amostra;
µ = média da população;
S = desvio padrão;
σ = desvio padrão da população.

Tendo a equação transformada, a mesma característica que a função


normal, pode-se escrever.
Z2

1 2
Y = e

A área sob a curva é também, neste caso, igual a unidade:


2
+∞ −Z
1
A = .e 2
dz = 1.
−∞ 2π

Segundo Robles (apud Silva, 1977), “A diferença fundamental entre estes


dois tipos de distribuição é que a equação reduzida expressa os desvios em termos de
unidades de desvio padrão, enquanto que a normal expressa tais desvios nas mesmas
unidades usadas para medir a magnitude do objeto em estudo”.
Merril e Fox (1977) citam que, na distribuição normal, aproximadamente
68% das observações estão dentro dos intervalos de mais ou menos um desvio padrão
da média, enquanto, aproximadamente 95% das observações estão dentro de intervalos
de dois desvios padrão da média e, aproximadamente, 99% das observações estão entre
mais ou menos três desvios padrão da média, conforme exemplificado na Figura 88.

248
Biometria Florestal

FIGURA 88 – Distribuição das observações nas amplitudes da curva normal.

A freqüência teórica calculada pela distribuição normal reduzida pode ser


obtida conforme exemplo apresentado na Tabela 45, elaborado por Silva (1977).
Os valores das ordenadas Y foram obtidos usando a tabela das ordenadas
da Distribuição Normal, mas também poderiam ser calculados pela fórmula da equação
reduzida.
O cálculo da variável Z e o auxílio da tabela de probabilidade para a
Distribuição Normal permitem determinar a probabilidade de ocorrência de um evento
qualquer, como, por exemplo, a probabilidade de encontrar um indivíduo com diâmetro
maior ou igual a 13 cm.

249
Biometria Florestal

TABELA 45 – Freqüências observadas e teóricas para diâmetros de uma amostra de


Pinus taeda ajustadas pela Distribuição Normal Reduzida
Classes Freq. Vari. Ordenadas Freq. Ajustada
DAP Obser. Reduz.
Cc(x) F(xi) Z = (x- x)/S Y Y.N. IC/S

8,0 12 -2,26 0,0310 7,8


10,5 39 -1,18 0,1995 50,3
13,0 113 -0,09 0,3973 100,2
15,5 54 0,98 0,2468 62,2
18,0 15 2,07 0,0468 11,8
TOTAL 233 - - 232,3

Considerando-se os dados apresentados, tem-se:


(x − x)
Z= ,
S
Z = 13,0 – 13,22 / 2,31 = -0,095.

Na tabela Z obtém-se o valor de probabilidade de:


0,46017 para o valor de Z = -0,1 e, assim,
0,50000 para Z = 0.

Por interpolação obtém-se:


0,1 ----- 0,46017
0,09 ----- x
0,0 ----- 0,50000 x = 0,004

0,46017 + 0,0004 = 0,4642.

Como o valor de P obtido representa a probabilidade à esquerda do evento,


a probabilidade à direita será obtida por:
P = 1 – 0,4642,
P = 0,5358 = 53,58%.

250
Biometria Florestal

Sendo o menor e o maior dap observados na amostragem iguais a 6,8 cm e


19,0 cm, a probabilidade de se encontrar valores menores que 6,8 cm e maiores que 19,0
cm será:
P = (x < dmín) = (6,8 – 13,22)/ 2,31 = -2,779,

P = (x < dmín) = 0,0027 (valor obtido na Tabela da distribuição normal).

Para valores maiores que 19 cm:

P = (x >dmáx) = (19,0 – 13,22)/ 2,31 = 2,502.

Na tabela de probabilidade, obtém-se, para o valor de Z calculado, a


probabilidade de 0,99379. Esta refere a probabilidade à esquerda.
Assim a probabilidade de obter valores maiores que 19 cm será dada por:

P = (x >dmáx) = 1 – 0,99379 = 0,006210.

Como era esperado, a probabilidade de obter valores de diâmetro abaixo


do menor observado e acima que o maior observado na amostragem é pequena.
Em situação inversa, se fosse desejado conhecer a probabilidade de se
obter diâmetros maiores que dmín e menores que dmáx, a probabilidade encontrada
seria alta, pois:

P = (dmín ≤ x ≤ dmáx) = 0,99379 - 0,0027 = 0,9911.

Para conhecer o valor do dap correspondente ao percentil 86, ou seja, 86%


de todas as árvores desse povoamento, busca-se os valores de probabilidade da Tabela
correspondente ao valor de 86% (0,86).
Da Tabela Z da distribuição normal, tem-se:

(Z) = 1,08 = 0,859929 e, (Z) 1,09 = 0,862143;

251
Biometria Florestal

e para um valor de probabilidade de 86%:

1,08 ↔ 0,859929
x ↔ 0,86
1,09 ↔ 0,862143

1,08 + ( (1,00 - 1,08) x (0,862143 - 0,859929) )/ (0,86 - 0,859929) = 1,080321


logo:
Z = (dap - 13,22)/ 2,31,
dap = 1,080321 x 2,3 + 13,22 = 15,7 cm,

86% de todos os dap’s são menores que 15,7 cm.

Caso fosse desejado conhecer o número de árvores entre 14 e 16 cm, ter-


se-ia:

P (x ≤ 16) = (16- 13,22)/ 2,31 = 1,2035 P(x ≤ 16) = 0,8849,

P(x ≤ 14) = (14 - 13,22)/ 2,31 = 0,3377 P (x ≤ 14) = 0,6331,

P (14 ≤ x ≤ 16) = 0,8849 – 0,6331 = 0,2518 = 25,2%,

25,2% das árvores tem diâmetro entre 14 e 16 cm.

16.3.2 Distribuição beta

A distribuição beta foi estabelecida por Pearson, em 1894, e aplicada


posteriormente por Zoehrer na área florestal.
A função beta é muito flexível e pode gerar uma variedade de distribuições
decrescentes, em forma de sino, dependendo da magnitude dos expoentes. Sua função
de densidade é expressa por:

252
Biometria Florestal

f (x) = c (x –a)α.(b –x)γ ou

ln f(x) = ln c + α .ln (x- a) + γ ln (b - x),

onde: f(x) = número de árvores por unidade de área;


C = constante – fator de correção que garante ser a soma das freqüências
calculadas igual ao número total de árvores;
X = diâmetro médio da classe;
a = limite inferior de função beta;
b = limite superior da função beta;
α , γ = parâmetros a serem estimados.

Os valores a e b são obtidos por:

A = XL - (IC/ 2) b = Xs + (IC/ 2),

onde: XL = centro da 1ª classe de DAP,


Xs = centro da última classe de DAP;
IC = intervalo de classe.

Loetsch et al. (1973) citam que o uso da Função Beta gera subestimativas
nas classes de maior diâmetro, ou seja, perto da extrema direita da distribuição devido ao
estreitamento do limite superior imposto pelo valor “b”.
Esta subestimativa pode ser contornada pelo aumento do valor de “b”. Este
aumento é justificado estatisticamente como um aumento de amostra, aumentando a
probabilidade da ocorrência de um diâmetro maior.
O valor de “b” será, então, obtido por:

b = (Xs + IC/ 2) + E,

onde: E = aumento do valor de “b”.

O aumento é, entretanto, limitado para um máximo de ¼ da amplitude (b- a)


da distribuição original.
253
Biometria Florestal

De acordo com a variação dos coeficientes α e γ, a função beta pode


representar diferentes formas, conforme apresentado na Figura 89.

FIGURA 89 – Formas da função Beta de acordo com a variação dos parâmetros α e γ.

16.3.2.1 Determinação dos coeficientes por regressão


Sendo a função definida por f(x) = constante (x – a)α . (b – x)γ , pode-se
obter uma função linear com o emprego de logaritmos. Assim, o modelo passa a ser
escrito:

ln {f(x)} = ln c + α . ln (x –a) + γ . ln (b –x) ,

e, na fórmula geral
Y= b0 + b1X1 + b2 X2,

onde: y = ln {f(x)};
X1 = log (x - a);
X2 = log (b - x).

254
Biometria Florestal

Loetsch et al. (1973) observaram que a distribuição beta é usada para


representar processos dinâmicos, como, por exemplo, curvas de incremento. Segundo os
autores, deve-se excluir ou alterar para 0,001 os valores de zero que por ventura ocorram
em qualquer classe, pois, caso contrário, não será possível empregar logaritmos.
Para a aplicação da extensão “E” basta modificar a definição de “b”,
observado o limite definido para seu uso e processar novamente o programa. O
procedimento é repetido pelo usuário até que seja obtido o melhor ajuste.

16.3.3 Distribuição exponencial negativa

Essa distribuição é usada para descrever populações de florestas naturais,


povoamentos manejados que contenham todas as idades e florestas artificiais quando
consideradas em conjunto em nível de estado ou país.
De Licourt, em 1898, observou, em determinado povoamento, que o número
de árvores de uma classe em relação a classes sucessivas de diâmetro decrescia e que
este decréscimo era constante, podendo ser representado pela seguinte proporção:

N2/ N1 = N3 / N2 = N4 /N3 = q

onde: N1 à N4 = número de árvores das classes sucessivas de diâmetro.

Se a estrutura da floresta segue esta lei, o número de árvores pode ser


derivado de uma série geométrica:

N1 = q.N2 = q². N3 = q³.N4.

O autor encontrou uma taxa de decréscimo (q) entre classes sucessivas de


diâmetro igual a 0,50 para o povoamento estudado. Assim, se naquela floresta fossem
encontradas 1.000 árvores na classe 5 – 10 cm, haveria na classe de 10 – 15 cm, 500
árvores e assim sucessivamente.
Essa distribuição de árvores em classes pode ser ajustada pela equação
apresentada por Meyer, que admite a seguinte função de densidade:

255
Biometria Florestal

Nj = k. e -β di (função de densidade do tipo I),

onde: K e β = parâmetros a serem estimados;


Nj = densidade de diâmetro;

di = valor central da classe de diâmetro;


e = base do logaritmo neperiano.

Se uma floresta apresenta tal distribuição de diâmetros, a distribuição é


considerada balanceada.
Essa função admite um cociente de decréscimo proporcional e constante,
de modo que os fatores ingresso, mortalidade e crescimento atingem, em proporção
constante, as freqüências em todas as classes de diâmetro da distribuição, gerando uma
linha reta quando plotado em papel semilogarítmico.
Segundo Loetsch et al. (1973), pode-se usar, ainda, para este tipo de
estrutura florestal, a função de densidade tipo II. Nesta, o modelo hiperbólico apresenta a
variável independente elevada ao quadrado.

Nj = k. e -β . di² .

Nesse caso, o quociente entre o número de árvores por classe de diâmetro


não é constante, mas aumenta com o acréscimo dos diâmetros, resultando distribuições
não-ineares sobre o papel semilogarítmico.

16.3.3.1 Determinação dos coeficientes

O ajuste das funções I e II pode ser obtido, convenientemente, pela técnica


de regressão linear simples. Para isso, faz-se a linearização pelo emprego de logaritmos,
obtendo-se então:

Nj = k .e -β. di.

Por linearização, tem-se:

256
Biometria Florestal

ln Nj = ln k. -β . di ,

onde: Y = ln Nj;
x = di;
b0 = ln k;
b1 = β.

Seguindo-se o mesmo raciocínio, obtém-se a linearização da função tipo II.

16.3.4 Distribuição binomial

A distribuição binomial é uma distribuição de probabilidade discreta que tem


como pressupostos básicos:
– cada tentativa é independente das demais;
– o resultado de cada tentativa é independente das demais;
– a probabilidade de ocorrência de uma tentativa é constante.

A fórmula da probabilidade desta função para “n” tentativas e “k” eventos do


tipo A é:
n
Pn − k = ( ).pk .qn − k ,
k

onde: p = probabilidade;
n = número de tentativas;
k = número de sucessos;
p = probabilidade de um sucesso;
q = probabilidade de insucesso;
q =(1 – p).

n n!
k ! (n − k ) !
A combinação de = nCk =
k

A média ( x ) e a variância (S²) são expressas por:


257
Biometria Florestal

x = n. p,
S² = n. p. q.

Para fins de exemplo, considerar que, em um canteiro de semeadura, a


cada dez sementes apenas quatro germinaram. Assim, deseja-se saber qual a
probabilidade de, nas próximas cinco observações, ser encontradas no mínimo duas
plantas germinadas.

x = n. p = 5. (4/10) = 2

A probabilidade de obter pelo menos duas plantas germinadas será:

P(x ≥ 2) = P (2) + P (3) + P (4) + P (5),

P (2) = 5! / (2! .(3!) ). 0,4² . 0,6³ = 0,3456,

P (3) = 5! / (3!. (2!) ). 0,4³ . 0,6² = 0,2304,

P (4) = 0,0768,

P (5) = 0,0102.

Logo, a probabilidade de pelo menos duas plantas germinadas será:

P(x ≥ 2) = 0,3456 + ...+ 0,0102 = 0,6630.

Ainda para fins de exemplo, considerar que em um inventário florestal de


uma população de Pinus sp., realizada com unidades amostrais (u.a.) do tipo Seis
árvores (Método Sebast) foram observadas árvores sadias e atacadas pela vespa da
madeira, conforme apresentado na Tabela 46. A probabilidade de plantas sadias será:

P = 12/ 42 = 0,2857,

e a probabilidade de plantas atacadas será:

258
Biometria Florestal

q = 1 - p = 0,7143.

Assim, a probabilidade de que todas as plantas sejam atacas pela vespa da


madeira será obtida por:

0 6
P(0,6) = 6! / (0! .(6 – 0)! ). 0,2857 . 0,7143

P(0,6) = 0,1328.

A média e a variância são dadas por:


x = n. p = 6. 0,2857 = 1,9371,

S² = n. p. q = 6. 0,2857. 0,7143 = 1,2245.

TABELA 46 – Número de árvores sadias e doentes por unidade amostral.


u.a. Sadia Atacada

1 1 5
2 2 4
3 1 5
4 4 2
5 3 3
6 1 5
7 0 6
12 30

16.3.5 Distribuição de Poisson

A distribuição de Poisson é também uma distribuição discreta, sendo


caracterizada quando o valor médio de “p” é muito pequeno e o número de observações
ou de tentativas muito grande, indicando que a probabilidade “p” de sucessos é muito
pequena (eventos raros).

259
Biometria Florestal

A fórmula aplicativa desta distribuição é:


k
x − x
P (k ) = .e ,
k!
x = n. p,
onde: P(k) = probabilidade;
k = número de sucessos;
e = base do logaritmo natural;
x = média da ocorrência de um evento.

A distribuição de Poisson é o limite da distribuição binomial quando “n” se


torna infinitamente grande e “p” tende a zero, de tal forma que n. p = x permaneça
constante.
A média e a variância da distribuição de Poisson são expressos como na
distribuição Binomial:

S² = n. p. q

sendo:

P = ( x / n); q = (1 – ( x / n)); e x = n. p. tem-se:

S² = n. ( x / n). (1 – ( x /n)),

S² = x . (1 – ( x / n)), quando n ---> α ,

S² = x .

Ou seja, nessa distribuição, a média ( x ) e a variância (S²) tem o mesmo


valor.
Exemplificando-se a aplicação da distribuição, considerar que em um viveiro
florestal foi detectado que cinco em cada 1.000 plantas de uma determinada espécie
apresentaram

260
Biometria Florestal

problema de enovelamento de raízes. Qual a probabilidade de se ter plantas com


problemas de raiz em uma caixa com 10 plantas?

n = 10,
p = 5/ 1000 = 0,005,
x = n. p,
x = 10. 0,005,
x = 0,05.

P(0) = (0,05 0. e-0,05)/ 0! = 0,9512,


P(1) = (0,05¹. e-0,05)/ 1! = 0,0476,
P(2) = (0,05² . e-0,05)/ 2! = 0,0012,
P(3) = (0,05³.e-0,05)/ 3! = 0,0000.

Em outro exemplo, considerar que em um povoamento florestal, contendo


árvores de Eucalyptus saligna e Eucalyptus tereticornis, foram encontradas em unidades
de amostras de 100 m² (u.a) o número de árvores de Eucalyptus tereticornis, conforme
apresentado na Tabela 47. Deseja-se saber a probabilidade de que em uma u.a qualquer
serem encontradas seis árvores de E. tereticornis.

O primeiro passo é determinar a média x .

Assim, x = (0 x14) + (1 x1 5)+...+(9 x1) = 2,77,


126

e a probabilidade de encontrar seis árvores de E. tereticornis em unidades de amostra


nesta população será:
P(6) = (2,77 6. e-2,77)/ 6! = 0,0399.

261
Biometria Florestal

Tabela 47 – Número de árvores de Eucalyptus tereticornis encontradas na unidades de


amostra
Número de Número de u.a Número de u.a
E. tereticornis Amostradas Calculadas
0 14 7,9
1 15 21,9
2 30 30,3
3 27 28,0
4 19 19,4
5 14 10,7
6 4 5,0
7 2 2,0
8 0 0,7
9 1 0,2
10 0 0,1
126 u.a

Sendo 0,0399 a probabilidade de encontrar unidades de amostra com seis


árvores de E. tereticornis, a freqüência esperada será dada por:

126 x 0,0399 = 4,95 ≈ 5.

Com o mesmo procedimento, obtém-se os valores para duas árvores;

P(2) = (2,77² e-2,77)/ 2! = 0,2404,

126 x 0,2404 = 30,29 ≈ 30,3.

As demais freqüências calculadas são obtidas pelo mesmo procedimento e


estão apresentadas na terceira coluna da Tabela 47.

262
Biometria Florestal

17 REVISÃO DE ESTATÍSTICA

Neste capítulo, serão revisados, de forma generalizada, alguns conceitos e


expressões com o objetivo de auxiliar no aprendizado da biometria florestal. Sua leitura
não é imprescindível para o estudo dos conceitos e teorias contidas neste trabalho, porém
será de grande auxílio e subsídio para a sua compreensão.

17.1 Experimento

Os experimentos são definidos como qualquer processo de observação e


são classificados em:

– Experimento determinístico: é o experimento em que as leis são


suficientemente bem conhecidas, tal que os resultados obtidos possam ser previstos com
precisão. Por exemplo: ao se ligar um interruptor através do qual passa corrente elétrica e
no fim do fio de condução há uma lâmpada, esta irá acender;

– Experimento aleatório: é aquele em que o resultado não tem condições de


ser previsto. Neste caso, o resultado pode variar cada vez que o experimento é
executado, como ocorre em um jogo de dados.

17.2 Eventos aleatórios

O espaço amostral é definido como o conjunto de todas as possíveis


ocorrências; por exemplo, o conjunto das árvores de uma floresta.
O ponto amostral é, por sua vez, considerado como uma ocorrência
qualquer dentro do espaço amostral, por exemplo, a árvore de área basal média (dg). Já
os eventos são definidos pelas características similares de pontos amostrais dentro do
espaço amostral.
Os eventos podem ser simples ou compostos. Os simples são aqueles
associados a um único ponto amostral (por exemplo, diâmetro da copa da árvore) e os

263
Biometria Florestal

compostos, associados com vários pontos amostrais (exemplo: diâmetro e altura da


árvore).
Evento aleatório é todo aquele associado com uma ocorrência de um
experimento aleatório.
Supondo-se, por exemplo, uma floresta de Eucalyptus saligna com 10 anos
de idade e que dela deseja-se conhecer o número de árvores com “dap” maior de 25 cm,
o espaço amostral seria representado pelo conjunto de todas as árvores da floresta; o
ponto amostral por cada uma das árvores da floresta e os eventos amostrais pelas
árvores com dap maior que 25,0 cm.

17.3 Probabilidade

Probabilidade é o número de vezes (n) que se espera que um evento


aleatório (A) ocorra quando o experimento for conduzido um infinito número de vezes (N):
n
.P (A) =
N

17.4 Variável aleatória

As variáveis aleatórias podem ser classificadas em contínuas, discretas,


qualitativas e quantitativas.
As variáveis aleatórias contínuas são as que podem assumir qualquer valor
em um intervalo como, por exemplo, o diâmetro e altura de árvores.
Já as variáveis aleatórias discretas assumem apenas valores inteiros como, por exemplo,
o número de árvores de uma floresta.
As variáveis podem ainda ser quantitativas (quando expressas por um
número qualquer) e qualitativas (quando identificam categorias como, por exemplo,
árvores sadias, espécies arbóreas etc. de uma floresta).

17.5 Medidas de tendência central

Considerando-se “x” uma variável aleatória qualquer com um número finito


de observações ( x 1, x 2, x 3, ... x n), apresentando uma distribuição de freqüência f ( x ),
tem-se:
– Média:
264
Biometria Florestal

n
xi
j=1
x = ,
n

onde: xi = valor observado na iésima observação;

n = número de observações.

Caso os dados estejam agrupados em classes, a média será dada por:


nc
( fixc )
j=1
x = nc
fi
j=1

onde: x c = centro de classe “i” ;


fi = freqüência de classe “i” ;
nc = número de classes.

– Moda e mediana: a moda representa a classe de maior freqüência; e a


mediana, o valor que divide as observações em duas partes iguais.
Para a determinação da mediana, ordena-se os dados em ordem crescente
e elimina-se, simultaneamente, as mesmas a partir das extremidades. O valor resultante
final é o estimador da mediana.
Considerando-se os seguintes diâmetros obtidos em uma amostra aleatória:
12,0; 5,0; 7,0; 8,0; 13,5; 25,0; 8,0; 32,0; 3,0; 6,0; 11,0; 9,0; a mediana será determinada
após a ordenação dos dados por:

3,0 – 5,0 – 7,0 – 8,0 – 9,0 – 11,0 – 12, - 13,5 – 25,0 – 32,0

Nesse caso, o diâmetro 9,0 representa a mediana.

17.6 Medidas de dispersão

265
Biometria Florestal

– Amplitude de variação: a amplitude de variação mostra a variação total


dos dados e depende unicamente dos valores extremos destes, sendo determinada pela
diferença entre o maior e o menor valor observado, conforme mostra o exemplo:
Considerando-se os dados de x = 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9 ; o valor de A será:
9 – 2 = 7,
A = 7.

– Desvio padrão e variância: o desvio padrão expressa a variabilidade nas


mesmas unidades usadas para medir o evento como, por exemplo, o diâmetro em cm,
altura em m, etc. e a variância representa o somatório dos quadrados dos desvios, sendo
a variabilidade expressa pelas mesmas unidades usadas para medir o evento ao
quadrado.
Assim, a variância do diâmetro será expressa em cm²; da altura em m², etc.

n 2

( xi − x )
S2 = i =1
,
n −1

o que equivale a:
n n
2
xi − ( xi ) 2
i =1 i =1
S2 = ,
n −1

onde: S² = variância;
x i = variável aleatória;

x = média;
n = número de observações.

Caso os dados estejam agrupados em classes, a variância será dada por:

nc nc
2
( f i .x c ) − ( f i .x c ) 2
i =1 i =1
S2 = nc
,
f i −1
i =1

266
Biometria Florestal

onde: x c = centro de classe i ;

f i = freqüência de classe i ;

nc = número de classes.

E o desvio padrão por:

S = S2 ,

onde: S² = variância;
S = desvio padrão.

– Coeficiente de variação: o coeficiente de variação é uma medida de variabilidade


relativa, usada para comprar duas ou mais distribuições. É dado por:

S
CV % = 100
x

onde: S = desvio padrão


x = média.

– Desvio padrão da média: o desvio padrão da média ou erro padrão da


média é uma medida de variação entre as médias amostrais. Ele pode ser considerado
como o desvio padrão entre amostras, da mesma forma como o desvio padrão é uma
medida da variação entre indivíduos.
O valor de S x dá uma idéia de precisão com que foi calculada a média:

S2
Sx = ,
n

onde: S² = variância;
n = número de observações.

267
Biometria Florestal

– Intervalo de confiança: o intervalo de confiança é o procedimento


estatístico usado para indicar a confiabilidade de um estimador.
O intervalo de confiança para a média é dado por:

IC = ( x − S x .t µ x .S x t ) = P % ,

e para total da população por:

IC = ( N . x − N .S x
.t Y N . x .S x
.t ) = P % ,

onde: x = média da amostra;


S x = desvio padrão da média;
t = valor tabelar de “t”;
N = número total de unidades da população;
µ = média da população;
Y = valor da variável “x” expressa para o total da população.

17.7 Covariância

A covariância é uma medida de associação entre as magnitudes de duas


características (variáveis), podendo assumir valores negativos, positivos ou zero. Quando
valores pequenos de uma variável estiverem associados a valores grandes de outra, a
covariância será negativa. Será positiva quando os valores pequenos ou grandes
estiverem associados mutuamente.

n n

n
x. y
xy − i =1 i =1

n
S 2
xy = i =1
,
n −1

onde: X e Y = variáveis aleatórias;


x e y = médias de X e Y;
n = número de observações.

268
Biometria Florestal

Observação: A magnitude da covariância, como também do desvio padrão, está


relacionada com o tamanho das próprias variáveis, isto é, variáveis com
valores elevados de X e Y tendem a ter maiores covariâncias e maiores
desvios padrão.

17.8 Amostragem

Pelo procedimento de amostragem, observa-se apenas uma parte da


população chamada amostra e obtém-se a estimativa dos parâmetros, a qual traz consigo
o erro de amostragem.
A amostragem é justificada na avaliação de populações grandes ou mesmo
pequenas em que os resultados devem ser apresentados em curto espaço de tempo, pelo
menor custo e boa precisão.
A população é definida como a superfície total do objeto em estudo, da qual
será retirada uma amostra que fornecerá as estimativas dos parâmetros.
A amostra é constituída de unidades amostrais ou parcelas que são as
unidades onde são realizadas as medições e observações.

17.8.1 Erro de amostragem e não amostral


Os erros amostrais são originados da diferença entre o valor estimado e o
valor real da população.
Este erro é devido à parte da população que não foi amostrada e diminui à
medida que aumenta a intensidade amostral, sendo nulo quando toda a população for
amostrada.
Os erros não amostrais são os erros cometidos nas medições, nos registros,
etc. originados por falha humana ou de instrumentos.
A determinação do erro de amostragem pode ser feita por:

( S x .t )
E% = .100 ,
x

onde: S x = erro padrão da média;

x = média da variável aleatória;

t = valor de “t” para (n-1) graus de liberdade.

269
Biometria Florestal

18 ANÁLISE DE REGRESSÃO

A exemplo do capítulo 17, faz-se uma revisão generalizada da análise de


regressão, não sendo o intuito esgotar o assunto, mas fornecer subsídios aos estudantes
para a melhor compreensão da biometria florestal.
O estudo detalhado de uma população florestal exige observação e análise
de uma série de variáveis, que são indicadas por valores quantitativos ou qualitativos.
No conjunto das variáveis, existem aquelas fáceis de serem medidas e
outras de difícil obtenção. Entretanto, se as variáveis forem correlatas, pode-se
determinar, indiretamente, as difíceis a partir das variáveis de fácil medição.
Segundo Loetsch et al. (1973), o problema consiste em obter uma expressão
quantitativa da dependência de uma variável de difícil obtenção Y sobre uma ou mais
variáveis independentes X, facilmente obtidas. Tal expressão é matematicamente
chamada de função, ou seja, Y é uma função de X → (Y = f (X)).
Segundo Freese (1964), a aplicação mais comum dos métodos de regressão
visa a atender os seguintes objetivos:
a) testar hipóteses sobre a relação entre a variável dependente e uma ou
mais variáveis independentes;
b) determinar uma função matemática que descreva a relação entre uma
variável dependente e uma ou mais variáveis independentes.

O autor cita que a escolha das variáveis para um modelo de regressão deve
ser feita a partir da correlação existente elas. Assim, a variável dependente é
equacionada como função das variáveis correlatas. A precisão das estimativas do modelo
depende do grau de associação entre as variáveis.

18.1 Tipos de regressão


As regressões podem ser classificadas em lineares e não-lineares. As
lineares podem ser simples ou múltiplas.

270
Biometria Florestal

18.1.1 Regressão linear


A regressão é linear quando os coeficientes da equação apresentam-se na
forma aditiva ou subtrativa e elevados ao expoente um.

Y = β0 + β1X ou Y = β0 + β1X1+ β2X2

A regressão linear pode ser simples quando a variável dependente Y é


explicada por uma única variável independente X, ou seja: Y= f(X),
como, por exemplo, Y = β0+ β1X1
e múltipla quando a variável dependente é explicada por duas ou mais variáveis
independentes, ou seja, Y = f(X1, X2, X3, ...,Xn);
como, por exemplo, Y = β0+ β1X1 +β2X2 .

18.1.2 Regressão não-linear


Uma regressão é considerada não-linear quando os coeficientes da equação
encontram-se na forma de produto, fracionária ou elevados a expoentes não-unitários; ou
seja, os coeficientes NÃO se encontram na forma aditiva ou subtrativa e com potência
unitária; como exemplificado a seguir:
y = β o .β1 X ,

y = β o .β1
X
,

y = β 0 .β1 1 .β 2
X X2
,

1
− β1 X 1 1− β 2 .
y = β 0 (1 − exp )

Muitas vezes, uma equação não-linear pode ser transformada em linear por

Y = β o .β1
X
processo matemático. Por exemplo, a equação não linear

pode ser linearizada, com a logaritimização, ou seja:


ln Y = ln β o + ln β1. X .

Considerando-se ser b0 o estimador de ln β0 e b1 o estimador de ln β1, pode-se escrever:


b0 = ln β0 ,

271
Biometria Florestal

b1 = ln β1,
Y = ln Y ,

obtendo-se, com a transformação de variáveis, o modelo linear aditivo: Y = b0 + b1 X .

Do mesmo modo, a equação Y = β 0 .β1 X 1 .β 2 X 2 pode ser linearizada como

segue:
ln Y = ln β o + ln β1. X 1 + ln β 2 . X 2
que resulta em:
y = b0 + b1 X 1 + b2 X 2

No entanto, equações do tipo Y = ( β 0 + β1 X 1 ) X 2 não podem ser linearizadas,

pois não se pode resolver soma de variáveis na forma exponencial. Essas equações não-
lineares são resolvidas com técnicas de regressão não-linear como o processo interativo.
Já os modelos lineares ou linearizados, podem ser solucionados pelo método de mínimos
quadrados.

18.2 Regressão linear simples


A regressão linear constitui um recurso estatístico da maior importância na
biometria, servindo para explicar as relações existentes entre variáveis dendrométricas
como: diâmetro, altura, volume, área basal, idade, etc.
No estudo de regressão, o primeiro passo consiste na escolha do modelo
que exprima a relação entre as variáveis.
A escolha do modelo pode ser feita com base em dois processos principais:
a) definir o modelo que se ajusta ao problema pela análise indutiva do
comportamento das variáveis, da experiência e conhecimento de matemática do
pesquisador;
b) aplicar os dados aos modelos existentes sobre a relação em estudo e
escolher aquele que apresentar melhor ajuste.
Entre os modelos de equações mais comuns, destacam-se os seguintes:
a) Equação da reta: a linha reta é dada pela equação Y = β0 + β1X e pode assumir
comportamento diferente de acordo com o sinal dos coeficientes β0 e β1, como mostra a
Figura 90.

272
Biometria Florestal

FIGURA 90 – Representação da equação da reta de acordo com o sinal dos coeficientes.

b) Parábola: a parábola é expressa pela equação do segundo grau, e apresenta a


seguinte forma:
Y = β0 + β1X1 + β2X22 .

Esta equação pode assumir forma diferente de acordo com o sinal dos
coeficientes β1, β2, como mostra a Figura 91.

FIGURA 91 – Representação gráfica da parábola, com a variação do sinal do coeficiente


β 1 e β 2.

c) Hipérbole: a hipérbole é dada pela equação Y = β0 + β1(1/X) e pode assumir as formas


decrescente ou crescente de acordo com o sinal do coeficiente angular β1, como mostra a
Figura 92.

FIGURA 92 – Representação gráfica da hipérbole coma variação do sinal do coeficiente


β 1.

273
Biometria Florestal

d) Equação do terceiro grau: a equação do terceiro grau tem a seguinte forma: Y = β0 +


β1X + β2X² + β3X³ e assume diferentes formas de acordo com o sinal do coeficiente β1, β2
e β 3.

18.2.1 Modelo linear aditivo


O cálculo dos coeficientes (βi) e seus estimadores (bi) é realizado com base
em um modelo linear aditivo da forma:
Yi = µ r + Ei ,

onde: Yi = valores da variável Y;


µ r = média em movimento da variável Y de uma equação matemática qualquer;
Ei = desvios das observações de Y em relação a µ r.

No caso da reta, o modelo linear aditivo é dado por:

Y i = (β0 + β1X1) + Ei

e pode ser representado, graficamente, pela Figura 93.

FIGURA 93 – Distribuição normal dos dados e média em movimento.

Quando se trabalha com modelo de regressão, verifica-se o conceito de


média em movimento.
A média é dita em movimento pois sempre segue exatamente o percurso
descrito pela equação, isto é, as estimativas estão sempre dentro de um intervalo.
Considerando-se a Figura 93, na qual aparecem pontos em um eixo
cartesiano X e Y, observa-se que existe uma tendência definida desses pontos. Sendo
mínima a soma dos quadrados dos desvios entre os valores observados (Y) e estimados

274
Biometria Florestal

( ) representados pela reta, tem-se, para cada Xi, um valor médio Y j . Dessa maneira

verifica-se que a reta passa pelos pontos médios, representando, portanto, a média em
movimento.

18.2.2 Determinação das equações normais


A partir do modelo linear aditivo, tem-se que:

Yi = µ x + Ei .

e, portanto, Ei = Yi - µ x .

Tomando-se o somatório dos desvios, tem-se:


n n
E = (YI − µ X ) = 0 .
i =1 I i =1

Como o somatório é nulo, é importante trabalhar com o quadrado dos


desvios:
n 2 n
E I = (YI − µ X ) 2 = mínimo .
i =1 i =1

Por esse motivo, o método é chamado de “mínimos quadrados”.

No caso de regressão linear simples, tem-se que:


n n
S2 = Ei2 = (Yi − β 0 − β1 X 1 ) 2 ,
i =1 i =1

n n
S2 = Ei2 = (Yi 2 + β 02 + β12 X 12 + 2β 0 β1 X 1 − 2Yi β 0 − 2Yi β1 X 1 ) .
i =1 i =1

Para que essa expressão seja verdadeira, é necessário que as derivadas


parciais relativas aos parâmetros β0 e β1 sejam nulas. Assim, a derivada em relação à β0 é
dada por:
∂s n
= −2 (Yi − β 0 − β1 X 1 ) .
∂ β0 i =1

275
Biometria Florestal

Dividindo-se por 2 e igualando-se a zero tem-se:


n
(−Yi + β 0 + β1 X 1 ) = 0 .
i =1

A diferencial em relação a β1 resulta:

∂s n
= −2 Xi (Yi − β0 − β1 X1 ) .
∂β1 i=1

Também dividindo por 2 e igualando a zero tem-se:


n
X i (−Yi + β 0 + β1 X 1 ) = 0 .
i =1

As estimativas de β0 e β1, dadas por b0 e b1, são obtidas por:

n n
(Yi − b0 − b1 X 1 ) = 0 e X i (Yi − b0 − b1 X 1 ) = 0 ,
i =1 i =1

ou seja,

n n n n
Yi − b0 n − b1 X1 = 0 e X iYi − b0 X i − b1 X 12 = 0 ,
i =1 i =1 i =1 i =1

portanto,
n n n n
Yi = b0 n + b1 X1 e X iYi = b0 X i + b1 X 12 .
i =1 i =1 i =1 i =1

Uma maneira prática de montar o sistema de equações normais é o


seguinte:
a) A partir do modelo geral Y = β 0 + β1 X adiciona-se o sinal de somatório 1

a n , pois tem-se um conjunto n de observações à frente dos elementos do modelo.


n n n
Yi = β 0 + β1 X1 Primeira equação normal;
i =1 i =1 i =1

276
Biometria Florestal

b) Multiplica-se os termos da primeira equação por X:


n n n
X iYi = β 0 X i + β1 X1 X1 , ou seja,
i =1 i =1 i =1

n n n
X iYi = β 0 X i + β1 X 12 Segunda equação normal.
i =1 i =1 i =1

18.2.3 Solução do sistema de equações normais

18.2.3.1 Solução por soma de equações e produtos não corrigidos (SQPNC)


Considerando-se, por exemplo, o estudo da relação hipsométrica com uma
equação linear simples, do tipo h = b0 + b1 d, y = h (altura) e X = d (diâmetro).
Estando o modelo de regressão na forma linear simples,Y i =(β0 + β1X1) + Ei,

pode-se determinar os coeficientes pelo procedimento de Cramer, com os seguintes


passos, após a determinação das equações normais (EQNOR), conforme generalizado
em 18.2.2.

1° Passo: Cálculo do determinante:

Considerando-se as EQNOR para o modelo acima:

ΣYi = b0 n + b1 ΣXi ,

ΣXi Yi = b0 ΣXi + b1ΣXi².

e escrevendo-as na notação matricial, tem-se:

bo n + b1 Xi Yi
.
b0 X i + b1 X i2 X iYi

Pré-multiplicando a matriz dos somatórios(X’X) pelo vetor dos coeficientes (b’), tem-se:

n+ Xi b0 Yi
x = ,
Xi + X i
2
b1 X i Yi

(X’X) x (b’) = (X’Y).

277
Biometria Florestal

O determinante ∆ de (X’X), calculado pela Regra de Sarrus, será o produto


dos elementos da diagonal principal menos o produto dos elementos da diagonal
secundária; assim:

∆ = n. Xi² - ΣXi . ΣXi .

2° Passo: Cálculo de b1
Para a determinação de b1, faz-se, primeiramente, a substituição da coluna
correspondente a b1 na matriz X’X pelo vetor X’Y. A seguir calcula-se o determinante da
nova matriz, o qual é chamado de determinante b1. Assim, tem-se:

n + Yi
,
X i + X i Yi

∆ b1 = n . ΣXiYi - ΣYi . ΣXi .

Conhecido o valor de ∆ b1, o valor de b1 será dado por:


∆b1
b1 = ,

ou seja:
n. X iYi − Yi . Xi
b1 = .
n. X −(
i
2
Xi) 2

3° Passo: Cálculo do b0
Segue-se o mesmo procedimento apresentado para b1, substituindo-se
apenas a coluna de b0 em X’X pelo vetor X’Y. Assim, a nova matriz será:
Yi + Xi
.
X i Yi + X i2

A seguir, calcula-se o determinante da nova matriz, o qual é chamado de


determinante b0:

278
Biometria Florestal

∆b0 = ΣXi . ΣXi² - ΣXi . ΣXiYi .

.
Conhecido o valor de ∆ b0, o valor de b0 será dado por:
∆b0
b0 = ,

ou seja,
Xi X i2 − Xi. X i Yi
b0 = .
n. X −(
i
2
Xi) 2

18.2.4 Eficiência da regressão linear simples

Draper e Smith (1966) demonstraram a eficiência de uma regressão linear


conforme o apresentado na Figura 94.

FIGURA 94 – Eficiência da regressão linear simples.

Considerando-se a Figura 94, tem-se:


_ ^ _ ^
(Yi − Y ) = (Yi − Y ) + (Yi − Yi ) ,

_
onde: (Yi − Y ) = desvio total;
^ _
(Y i − Y ) = desvio do valor ajustado sobre a média;
^
(Yi − Y ) = desvio do valor observado sobre o ajustado.

279
Biometria Florestal

Como este somatório será zero, usa-se o quadrado obtendo-se a expressão:


_ ^ _ ^
(Yi − Y ) 2 = (Yi − Y ) 2 + (Yi − Yi ) 2 ,
_
onde: (Yi − Y ) 2 = somatório corrigido dos quadrados de Y;
^ _
(Y i − Y ) 2 = somatório dos quadrados devido à regressão;
^
(Yi − Y ) 2 = somatório dos quadrados devido aos resíduos.

A partir dessas relações, pode-se obter a Análise de Variância (ANOVA),


constituindo-se esta da decomposição da variabilidade segundo as fontes de variações
conhecidas. Ela é somente uma igualdade algébrica e não depende das propriedades das
distribuições de resíduos.
A ANOVA pode ser representada e calculada conforme mostra a Tabela 48.

TABELA 48 – Quadro de análise de variância


F. VARIAÇÃO G.L. S.Q QM F
Total Corrigido n –1 _
(Yi − Y ) 2

Regressão(b0/b1) p –1 ^ _
SQreg QMreg
(Y i − Y ) 2
glreg QMres
Resíduo n-p Diferença SQres
glres
Onde: n = número de observações; p = número de coeficientes do modelo.

^ _ _
Se Yi = b0 + b1 X i e b0 = Y − b1 X ,

Substituindo-se
^ _ _ _ _
Σ (Y i − Y ) 2 = (Y − b1 X + b1 X i − Y ) 2 ,
_ _ _
(Y − b1 ( X − X i ) − Y ) 2 .

Simplificando, resulta:
_ _
(−b1 ( X − X i )) 2 multiplicando por –1 resulta (b1 (− X + X i )) 2 ,

280
Biometria Florestal

_
o que equivale à (b1 . ( X i − X )) 2 .

Sendo:
Yi . Xi
n. X iYi − Yi . Xi X iYi −
b1 = = b1 = n ,
n. X −(
i
2
Xi) 2
( X i )2
X −
i
2

Tem-se:
2
Yi . Xi
X iYi − ( X i )2
. n . Xi − ,
( X i )2 n
X − i
2

2
Yi . Xi Yi . Xi
X iYi − X iYi − ( X i )2
. n . n . Xi − ,
( X i )2 ( X i )2 n
X −
i
2
X −
i
2

n n

^ _ Yi . Xi
(Y i − Y ) 2 =b1 . X iYi − .
n

A soma de quadrados do resíduo (SQresíduo) será determinada pela


diferença entre a soma de quadrados total e da regressão.
^
A variância ( S 2 yx ) será dada com (n-p) graus de liberdade (gl); tendo, na
regressão simples, dois coeficientes (bo e b1) o valor de “p” será 2.

( Y )2
_
Y − 2
^ (Yi − Y ) 2 n SQresíduo
MQresíduo = S 2 yx = = = .
n− p n− p n− p

281
Biometria Florestal

^
O erro padrão ou desvio padrão ( S yx ) é obtido por:

^ ^
S yx = QMresíduo = S 2 yx ,

ou, em percentagem:
^
^ S yx
S yx(%) = _
.100 ,
Y
_
onde: Y = média da variável dependente Y.
^
O erro padrão de regressão ( S yx ) possibilita ainda a delimitação da
amplitude de variação em cada lado da linha de regressão, com uma probabilidade de
68% de que todos os pontos estejam dentro do intervalo de ±1 desvio padrão.

18.2.5 Percentagem de variação explicada pela regressão

A percentagem de variação explicada pelo modelo ajustado é expressa pelo


coeficiente de determinação r² e mede a “proporção da variação total sobre a média Y
explicada pela regressão”.
O r² é definido por:

r² = (SQregressão)/(SQtotal) ,

Yi . Xi
b1 . X iYi −
r2 = n .
( Yi ) 2
Y 2
i −
n

Observação: Em cálculos sucessivos são cometidos erros de arredondamento. Tais


erros trazem como conseqüência que, freqüentemente, a soma de quadrados da
regressão resulte maior que a soma de quadrados total. Desta forma, para evitar tal

282
Biometria Florestal

absurdo, é necessário trabalhar com maior número de dígitos após a casa decimal.
Assim, aconselha-se usar no mínimo cinco dígitos.

18.3 Exercício
Considerar os dados de uma floresta de Pinus elliottii, apresentados na
Tabela 49, para os quais se deseje ajustar a relação hipsométrica h = b0 + b1.d
No modelo tem-se: h = Y e d = X.

As equações normais são dadas por:

bo n + b1 Xi Yi
,
b0 X i + b1 X i2 X iYi

bo .15 + b1 .26,0 264,5


logo, .
b0 .260,0 + b1 .5.026,0 5.019,5

Os coeficientes do modelo calculados por:

TABELA 49 – Dados de diâmetro e altura de Pinus elliottii


d (cm) h (m) ^
N X Y Y2 X2 XY Y
1 10,0 11,0 121,00000 100,00000 110,00000 11,5
2 13,0 15,0 225,00000 169,00000 195,00000 14,0
3 15,0 17,0 289,00000 225,00000 255,00000 15,7
4 20,0 19,0 361,00000 400,00000 380,00000 19,9
5 21,0 21,0 441,00000 441,00000 441,00000 20,7
6 25,0 23,0 529,00000 625,00000 575,00000 24,1
7 28,0 27,0 729,00000 784,00000 756,00000 26,6
8 22,0 21,0 441,00000 484,00000 462,00000 21,5
9 19,0 21,0 441,00000 361,00000 399,00000 19,0
10 9,0 9,0 81,00000 81,00000 81,00000 10,7
11 16,0 18,0 324,00000 256,00000 288,00000 16,5
12 13,0 15,0 225,00000 169,00000 195,00000 14,0
13 25,0 23,0 529,00000 625,00000 575,00000 24,1
14 9,0 10,0 100,00000 81,00000 90,00000 10,7
15 15,0 14,5 210,25000 225,00000 217,50000 15,7
260,00000 264,50000 5.046,25000 5.026,00000 5.019,50000 264,5

283
Biometria Florestal

^
Onde: Y = valores de altura estimados após o cálculo dos coeficientes do modelo de regressão.
Obs: Os valores correspondentes ao diâmetro e a altura foram registrados na floresta com uma casa
decimal; motivo pelo qual, foram tabulados com o mesmo número de casas depois da vírgula. Para
os cálculos, entretanto, foram registradas cinco casas decimais.

a) Determinante principal:
∆ = n. Xi² - ΣXi . ΣXi ,

∆ = (15. 5.026,00000) – (260,00000 . 260,00000),


∆ = 75.390,00000 – 67.600,00000,
∆ = 7.790,00000.

b) Coeficiente b1:
b1 = (1/∆) . [n . ΣXiYi - ΣXi. ΣYi],
b1 = (1 / 7.790,00000) . [(15 . 5.019,50000) – (260,00000 . 264,50000)],
b1 = (1 / 7.790,00000) . [75.292,50000 – 68.770,00000],
b1 = 0,83729.

c) Coeficiente b0:
∆b0
Sendo ∆b0 = ΣXi . ΣXi² - ΣXi . ΣXiYi e o valor de b0 dado por b0 = , tem-se:

ou seja:
Xi X i2 − Xi. X i Yi
b0 = ,
n. X −(i
2
Xi) 2

b0 = [(5.026,00000 . 264,50000) – (260,00000 . 5.019,50000)],


b0 = (1 / 7.790,0) . [1.329.377,00000 – 1.305.070,00000],
b0 = 3,12028.

d) Coeficiente de determinação:
r² = (SQ Regressão)/(SQ Total),
SQ Regressão = 0,83729 x (5.019,50000 – (260,00000 x 264,50000)/15),
SQ Regressão = 364,08165.

SQ Total = 5.046,250000 – (264,50000)²/15,

284
Biometria Florestal

SQ Total = 382,23333.

r² = 364,08165 = 0,95251.
382,23333

e) Análise de variância:

TABELA 50 – Cálculo da ANOVA


F.Variação G.L. S.Q. Q.M. F
Regressão 1 364,08165 364,08165 260,75**
Resíduo 13 18,15168 1,39628
Total 14 382,23333

f) Erro padrão da estimativa:


^ ^
S yx = QMresíduo = S 2 yx ,
^
S yx = 1,39625 ,
^
S yx = 1,18163 m.

ou em percentagem da média:
^
S yx (%) = 1,18163 . 100 = ± 6,7%.
17,6333

18.4 Soma de quadrados e produtos corrigidos (SQPC)

_
Transformando-se o eixo Y para a média X , o coeficiente b0 cortará o eixo
_
X exatamente em Y , conforme apresentado na Figura 92. Desse modo, todas as
_ _ _
observações de X serão defasadas de X , ou seja (Y – X ), e (Y – Y ).

285
Biometria Florestal

FIGURA 92 – Representação gráfica da soma de quadrados e produtos corrigidos.

Considerando ser:
_
X = (X1 + X2 + X3 +.... +Xn) / n = ΣXi/n,
_
Y = (Y1 + Y2 + Y3 + .....+ Yn)/n = ΣYi/n,

e dividindo-se a equação normal em relação a b0 por n tem-se:

b0n + b1 ΣXi = ΣYi ,

b0(n/n) + b1 (ΣXi/n) = ΣYi/n ,


_ _
b0 + b1 X = Y ,
_ _
logo, b0 = Y – b1 X .

Considerando-se a matriz:

bo n + b1 Xi Yi
,
b0 X i + b1 X i2 X iYi

o valor de ΣXi² é chamado de soma dos quadrados não corrigidos de X e o somatório

de (Xi)²/n é a correção para a média de X; a diferença é denominada de soma dos


2
quadrados corrigidos de x e simbolizada por xi .

De modo similar, ΣXiYi é chamado de soma dos produtos não corrigidos

de X e Y e [(ΣXi) . (ΣYi)] /n é a correlação para a média de X e Y, e a diferença entre estes

somatórios produz a soma de quadrados corrigidos dos produtos cruzados de X e Y,


o qual é grafado por xi y i .

286
Biometria Florestal

Por meio desse procedimento, ficam eliminadas a primeira linha e coluna


das equações normais.

b0n + b1 ΣXi = ΣYi ,

b0ΣXi + b1ΣXi² = ΣXiYi;

2
sendo rescrita com b1. xi = xi y i .

Dessa forma, a grafia com caracteres minúsculos passa a representar a


soma corrigida para as respectivas média:

xi y i
b1 = 2
,
xi

_ _
e o intercepto passa a ser expresso por: b0 = Y – b1 X .

18.5 Regressão linear múltipla

Um modelo de regressão é múltiplo quando a variável dependente é função


de duas ou mais variáveis independentes:

Y = f (X1 + X2 + X3 + ...... + Xn) .

18.5.1Modelo linear aditivo


O modelo linear aditivo é o mesmo da expressão linear simples, sendo dado
por:

Yi = µ r + Ei .

287
Biometria Florestal

Considerando-se o modelo µ r = β0 + β1X1 +β2X2, tem-se:

Yi = β0 + β1X1 +β2X2 + Ei ,

Ei = Yi - µ r ,
n n
Ei = (Yi − µ r ) = 0 ,
i =1 i =1

n n
E 2i = (Yi − µ r ) 2 = mínimo e positivo,
i =1 i =1

n n
S= E 2i = (Yi − β 0 + β1 X 1 + β 2 X 2 ) 2 ,
i =1 i =1

n n
S= E 2i = (Y 2 i + β 0 2 + β12 X12 + β 2 2 X 2 2 − 2Yi β 0 − 2Yi β1 X 1 − 2Yi β 2 X 2 + 2β 0 β1 X1 + 2β 0 β 2 X 2 + 2β1 X1β 2 X 2 ) ,
i =1 i =1

n n n n n n n n n n n
S = E2i = Y2i + β02 + β12 X12 + β22 X22 −2β0 Yi −2β1 Yi X1 −2β2 Yi X2 +2β0β1 X1 +2β0β2 X2 +2β1β2 X1X2) .
i=1 i=1 i=1 i=1 i=1 i=1 i=1 i=1 i=1 i=1 i=1

A derivada parcial em relação a β0 é dada por:

∂s n n n n
= 2 β 0 − 2 Yi + 2β 1 X 1 + 2β 2 X 2 = 0 .
∂ β0 i =1 i =1 i =1 i =1

Isolando-se a variável dependente e dividindo-se por dois a expressão, tem-


se:
n n n n n
β0 : Yi = β0 + Yi + β 1 X1 + β 2 X2 .
i =1 i =1 i =1 i =1 i =1

A derivada parcial em relação a β1 resulta:


2
∂s n n n n
= 2 β1 X 1 − 2 Yi X i + 2β 0 X i + 2β 2 X 1 X 2 .
∂ β1 i =1 i =1 i =1 i =1

Isolando-se a variável dependente e dividindo-se por dois a expressão, tem-


se:
n n n 2 n
β1 : Yi X = β 0 X i + β1 X1 + β2 X1 X 2 .
i =1 i =1 i =1 i =1

288
Biometria Florestal

E a derivada parcial em relação a β2 é dada por:


2
∂s n n n n
= 2β 2 X 2 − 2 Yi X 2 + 2β 0 X 2 + 2β 1 X 1 X 2 = 0 .
∂ β2 i =1 i =1 i =1 i =1

Dividindo-se por dois esta expressão, tem-se:


n n n n 2
β2 : Yi X 2 = β 0 X 2 + β1 X1X 2 + β2 X2 .
i =1 i =1 i =1 i =1

Assim, o sistema de equações normais é dado por:


n n n n
β0 : Yi + β 0 + β1 X 1 +β 2 X2 ,
i =1 i =1 i =1 i =1

n n n n
β1 : Yi X 1 = β 0 X i + β1 X 1 2 +β 2 X1X 2 ,
i =1 i =1 i =1 i =1

n n n n
β2 : Yi X 2 = β 0 X 2 + β1 X 1 X 2 +β 2 X 22 .
i =1 i =1 i =1 i =1

De maneira análoga ao apresentado na regressão linear simples, pode-se


obter o sistema de equações normais com o seguinte procedimento:
a) A partir do modelo geral Y = β 0 + β 1 X 1 + β 2 X 2 adiciona-se o sinal de

somatório 1 a n, pois tem-se um conjunto n de observações à frente dos elementos


do modelo:
n n n n
Yi = β 0 + β1 X1 + β2 X2 Primeira equação normal;
i =1 i =1 i =1 i =1

b) Multiplica-se o termo da primeira equação por X1:


n n n n
X 1Yi = β 0 X 1 + β1 X1 X1 + β2 X1X 2 , ou seja,
i =1 i =1 i =1 i =1

n n n n
X 1Yi = β 0 X 1 + β1 X 12 + β 2 X1X 2 Segunda equação normal;
i =1 i =1 i =1 i =1

c) Multiplicam-se todos os termos da primeira equação por X2:


n n n n
Yi X 2 = β 0 X 2 + β1 X1X 2 + β2 X 22 Terceira equação normal;
i =1 i =1 i =1 i =1

e assim sucessivamente para as “K” variáveis do modelo.

289
Biometria Florestal

18.5.2 Solução do sistema de equações

A solução de um sistema de equações normais de uma regressão linear


múltipla pode ser obtida por meio de três alternativas principais, de acordo com a
facilidade de emprego:
a) Sistemas com até três coeficientes em cada equação podem ser
resolvidos por determinante através da soma de quadrados e produtos não corrigidos;
b) Sistemas com até quatro coeficientes em cada equação podem ser
resolvidos por determinante baixando-se a ordem da matriz pela soma de quadrados e
produtos corrigidos;
c) Sistemas com mais de quatro coeficientes ou qualquer número de
coeficientes podem ser resolvidos por matriz.

18.5.2.1 Solução por soma de quadrados e produtos não corrigidos (SQNPC)

A solução pela soma de quadrados e produtos não-corrigidos é obtida com o


emprego da regra de Sarrus, de acordo com os seguintes passos:

a) Matriz principal
n X1 X2
2 Yi
X1 X1 X1 X 2
(X’X) = 2 X’Y = X 1Yi ;
X2 X1X 2 X2
X 2Yi

b) Determinante da matriz principal: com a regra de Sarrus, o determinante da matriz


principal é obtido repetindo-se as duas primeiras colunas da matriz principal e
calculando-se a diferença dos produtos dos elementos das diagonais principais e
secundárias:
n ΣX1 ΣX2 n ΣX1

∆= ΣX1 ΣX1² ΣX1X2 ΣX1 ΣX1²

ΣX2 ΣX1X2 ΣX2² ΣX2 ΣX1X2

290
Biometria Florestal

∆ = [(n . ΣX1². ΣX2²) + (ΣX1. ΣX1X2 . ΣX2) + (ΣX2 . ΣX1. ΣX1X2)]

– [(ΣX2. ΣX1². ΣX2) + (ΣX1X2². n) + (ΣX2². ΣX1²)] ;

c) Determinante de b0: a matriz do determinante b0 é obtida substituindo-se, na primeira


coluna da matriz principal (X’X), a coluna correspondente a b0, os termos independentes
das equações normais (X’Y). Na seqüência, repetem-se as duas primeiras colunas no
final da matriz, como segue:

ΣYi ΣX1 ΣX2 ΣYi ΣX1

∆ b0 = ΣYiX1 ΣX1² ΣX1X2 ΣYiX1 ΣX1² ,

ΣYiX2 ΣX1X2 ΣX2² ΣYiX2 ΣX1X2

∆ b0 = [(ΣYi. ΣX1². ΣX2²) + (ΣX1. ΣX1X2. ΣYiX2) + (ΣX2. ΣYiX1. ΣX1X2)]

- [(ΣYiX2. ΣX1². ΣX2) + ((ΣX1X2)² . ΣYi) + (ΣX2². ΣYiX1. ΣX1)];

d) Determinante de b1: de modo análogo, substitui-se os termos independentes na


coluna da matriz principal correspondente ao valor de b1 e repete-se as duas primeiras
colunas da matriz principal:

n ΣYi ΣX2 n ΣYi


∆ b1 = ΣX1 ΣYiX1 ΣX1X2 ΣX1 ΣYiX1 ,
ΣX2 ΣYiX2 ΣX2² ΣX2 ΣYiX2

∆ b1 = [(n. ΣYiX1. ΣX2²) + (ΣYi. ΣX1X2. ΣX2) + (ΣX2. ΣX1. ΣYiX2)]


- [(ΣX2. ΣYiX1. ΣX2) + (ΣYiX2.ΣX1X2. n) + (ΣX2². ΣX1. ΣYi)];

291
Biometria Florestal

e) Determinante de b2: com o mesmo procedimento, substituem-se os termos


independentes na terceira coluna da matriz principal (coluna correspondente ao b2) e
repetem-se as duas primeiras colunas da matriz principal no final da mesma, obtendo-se
a solução para b2, como segue:

n ΣX1 ΣYi n ΣX1


∆ b2 = ΣX1 ΣX1² ΣYiX1 ΣX1 ΣX1² ,
ΣX2 ΣYiX2 ΣYiX2 ΣX2 ΣX1X2

∆ b2 = [(n. ΣX1². ΣYiX2) + (ΣX1. ΣYiX1. ΣX2) + (ΣYi. ΣX1. ΣX1X2)]


- [(ΣX2. ΣX1². ΣYi) + (ΣX1X2. ΣYiX1. n) + (ΣYiX2. ΣX1. ΣX1)];

f) Cálculo dos coeficientes b0, b1 e b2: os coeficientes b0, b1 e b2 são obtidos pelo
cociente do determinante ∆ bi pelo determinante da matriz principal (∆ ), ou seja:

b0 = (∆b0) / ∆ ,

b1 = (∆b1) / ∆ ,
b2 = (∆b2) / ∆ .

O coeficiente b0 poderá alternativamente ser calculado pela expressão :


− − − −
b0 = Y − (b1 X 1 + b2 X 2 +b 3 X 3 ,

onde: Y = média de Y;
− − −
X 1 , X 2 , X 3 = média aritmética de X1, X2, X3, respectivamente.

A análise da expressão de b0 mostra que o coeficiente angular na regressão linear


múltipla é expresso pela soma algébrica do produto dos coeficientes pelas respectivas
médias aritméticas da variável a eles associadas.
Eventuais diferenças entre o valor de b0 calculado pela última expressão e o obtido
pelo cálculo do determinante da matriz de b0 pode ser atribuída à perda de precisão
decorrente de arredondamento de valores.

292
Biometria Florestal

18.5.2.2 Solução por soma de quadrados dos produtos corrigidos (SQPC)

Um modelo de regressão múltipla do tipo Y= b0+ b1X1+ b2X2+b3X3 pode ter


seus coeficientes mais facilmente determinados por meio da soma de quadrados dos
produtos corrigidos – SQPC.
O processo consiste em retirar do sistema de equações normais a linha e
coluna correspondente ao coeficiente b0, como demonstrado a seguir:

b0 n + b1ΣX1 + b2ΣX2 + b3ΣX3 = ΣY

b0ΣX1 + b1ΣX1² + b2ΣX1X2 + b3ΣX1X3 = ΣX1Y

b0ΣX2 + b1ΣX1X2 + b2ΣX2² + b3ΣX2X3 = ΣX2Y

b0ΣX3 + b1ΣX1X3 + b2ΣX2X3 + b3ΣX3² = ΣX3Y

A solução do sistema obedecerá aos seguintes passos:


a) Determinação das médias das variáveis independentes (X1; X2;X3;.....; Xn)
e da dependente Y;
b) Determinação dos somatórios corrigidos pela média para cada variável
independente:
n

n n n 2 ( X i )2

xi2 = (X i − X ) = 2
Xi − i =1
,
i =1 i =1 i =1 n

que, para o exemplo, será:


n

n n 2 ( X 2 )2
x 22 = X2 − i =1
,
i =1 i =1 n
n

n n 2 ( X 3 )2
x32 = X3 − i =1
,
i =1 i =1 n
n n

n n
( X 1i . Yi )
x1 y = X 1Yi − i =1 i =1
,
i =1 i =1 n
n n

n n
( X 2i . Yi )
x2 y = X 2Yi − i =1 i =1
,
i =1 i =1 n

293
Biometria Florestal

n n

n n
( X 3i . Yi )
x3 y = X 3Yi − i =1 i =1
,
i =1 i =1 n
n n

n n
( X 1i . X 2i )
x1 x 2 = X 1i X 2 i − i =1 i =1
,
i =1 i =1 n
n n

n n
( X 1i . X 3i )
x1 x3 = X 1i X 3 i − i =1 i =1
,
i =1 i =1 n
n n

n n
( X 2i . X 3i )
x 2 x3 = X 2i X 3 i − i =1 i =1
,
i =1 i =1 n

e, ainda, para o cálculo da ANOVA, será necessário conhecer:


n

n n 2 ( Yi ) 2
2
y = Yi − i =1
.
i =1 i =1 n

Dessa forma, com os somatórios corrigidos, o sistema de equações fica


definido por:
b1. Σxi² + b2. Σx1x2 + b3. Σx1x3 Σx1y
b1. Σx1x2 + b2. Σx2² + b3. Σx2x3 Σx2y
b1. Σx1x3 + b2. Σx2x3 + b3. Σx3² Σx3y

A solução do sistema pode, agora ser feita por Cramer, substituindo-se o vetor dos
somatórios de “xiy” pela coluna do coeficiente a estimar, seguido do cálculo do
determinante pela regra de Sarrus, conforme demonstrado anteriormente.

18.6 Análise de variância

A análise de variância pode ser calculada seguindo-se o esquematizado na


Tabela 51.

TABELA 51 – Tabela de análise de variância para resolução do sistema por SQPC.

F.V. G.L. S.Q. Q.M. F

294
Biometria Florestal

Total corrigido n-1 Σy2


Regressão p-1 b1Σx1y + b2Σx2y + b3Σx3y SQregressão QM regressão
GLregressão QM resíduo
R(b3; b2; b1/ b0)

Resíduo n-p diferença SQresíduoo


GLresíduo

Sendo: n = número de observações; p = número de coeficientes na equação.

Observação: A determinação do R², Syx e demais estatísticas seguem o mesmo


processo apresentado anteriormente, ou seja:

SQregressão
R2 = ,
SQtotal

S xy = QM resíduo e,

S xy
S xy % = −
.100 .
Y

Considerar os dados de uma floresta de Pinus elliottii apresentados na


d2
Tabela 50, para os quais se deseje ajustar a relação hipsométrica h = + 1,3 ,
(b 0 + b1 d + b2 d 2 ) 2

para linearizar o modelo, será necessário passar os coeficientes para o expoente 1, pois
se encontram com expoente –1.
d2
h − 1,3 = ,
(b 0 + b1 d + b2 d 2 ) 2

d2
(b 0 + b1 d + b2 d 2 ) 2 = ,
h − 1,3

d2
= b 0 + b1d + b2 d 2 .
h − 1,3

Assim, na forma linear, as variáveis assumem os valores de:

d2
y= ,
h − 1,3

X1 = d e
X2 = d² .
295
Biometria Florestal

TABELA 51 – Valores observados e calculados para ajuste de modelo de regressão

d2
N d h h − 1,3 d2
2 2
x1 Y Y X1 X2 X22 X1X2 X1Y X2Y
1 10,0 11,0 3,21081 10,30928 100,00000 100,00000 10000,00000 1000,00000 32,10806 321,08065
2 13,0 15,0 3,51223 12,33577 169,00000 169,00000 28561,00000 2197,00000 45,65900 593,56703
3 15,0 17,0 3,78566 14,33121 225,00000 225,00000 50625,00000 3375,00000 56,78488 851,77316
4 20,0 19,0 4,75383 22,59887 400,00000 400,00000 160000,00000 8000,00000 95,07654 1901,53075
5 21,0 21,0 4,73136 22,38579 441,00000 441,00000 194481,00000 9261,00000 99,35860 2086,53066
6 25,0 23,0 5,36673 28,80184 625,00000 625,00000 390625,00000 15625,00000 134,16837 3354,20930
7 28,0 27,0 5,52321 30,50584 784,00000 784,00000 614656,00000 21952,00000 154,64985 4330,19578
8 22,0 21,0 4,95666 24,56853 484,00000 484,00000 234256,00000 10648,00000 109,04663 2399,02586
9 19,0 21,0 4,28076 18,32487 361,00000 361,00000 130321,00000 6859,00000 81,33437 1545,35297
10 9,0 9,0 3,24337 10,51948 81,00000 81,00000 6561,00000 729,00000 29,19037 262,71336
11 16,0 18,0 3,91527 15,32934 256,00000 256,00000 65536,00000 4096,00000 62,64432 1002,30919
12 13,0 15,0 3,51223 12,33577 169,00000 169,00000 28561,00000 2197,00000 45,65900 593,56703
13 25,0 23,0 5,36673 28,80184 625,00000 625,00000 390625,00000 15625,00000 134,16837 3354,20930
14 9,0 10,0 3,05129 9,31034 81,00000 81,00000 6561,00000 729,00000 27,46157 247,15415
15 15,0 14,5 4,12861 17,04545 225,00000 225,00000 50625,00000 3375,00000 61,92921 928,93818
63,33876 277,50422 5026,00000 5026,00000 2361994,00000 105668,00000 1169,23916 23772,15738
260,00000 264,50000
Observação: No cálculo manual devem ser mantidos, no mínimo, cinco dígitos após a vírgula para evitar grandes
erros de arredondamento. Os valores apresentados nesta tabela foram registrados com menos dígitos por
motivo de espaço.

296
Biometria Florestal

a) Equações normais:

b0n + b1ΣX1 + b2ΣX2 ΣY

b0ΣX1 + b1ΣX1² + b2ΣX1X2 = ΣX1Y

b0ΣX2 + b1ΣX1X2 + b2ΣX² ΣX2Y

b) Soma de quadrados e produtos corrigidos e o modelo reduzido:

b1Σx1² + b2Σx1x2 Σx1y


b1Σx1x2 + b2Σx2² Σx2y

Onde:
Σx1² = ΣX1² - (ΣX1)²/n,
Σx1² =5.026,00000– (260,00000)² / 15,
Σx1² = 519,33333.

Σx1x2 = ΣX1X2 – ((ΣX1). (ΣX2))/n,


Σx1x2 = 105.668,00000 – (260,00000 . 5.026,00000) /15
Σx1x2 = 18.550,66667.

Σx1y = ΣX1Y – ((ΣX1). (ΣY))/n,


Σx1y = 1.169,23916 – (260,00000 . 63,33876) / 15,
Σx1y = 71,36732.

Σx2y = ΣX2Y – ((ΣX2) .( ΣY))/n,


Σx2y = 23.772,15738 – (5.026,00000 . 63,33876) / 15,
Σx2y = 2.549,45020.

270
Biometria Florestal

Σx2² = ΣX2² - (ΣX2)2/n,


Σx2² = 2.361.994,00000 – (5.026,00000)² / 15,
Σx2² = 677.948,93333.

Σy² = ΣY² - (ΣY)²/n,


Σy² = 277,50422 – (63,33876)² / 15,
Σy² = 10,05099.

Logo, as equações normais reduzidas (SQPC) serão:

b1. 519,33333 + b2 . 18.550,66667 = 71,36732


b1. 18.550,66667 + b2 . 677.948,93333 = 2.549,45020

a) Cálculo do determinante principal:


∆ = (519,33333 x 677.948,93333) – (18.550,66667x 18.550,66667),
∆ = 7.954.243,21477.

b) Cálculo do coeficiente b1:


b1 = 1/∆ x (71,36732 x 677.948,93333) – (18.550,66667 x 2.549,45020),
b1 = 0,13696.

c) Cálculo do coeficiente b2:


b2 = 1/∆ x (519,33333 x 2.549,45020) – (71,36732 x 18.550,66667),
b2 = 0,000012961.

d) Cálculo do coeficiente b0:


− − − −
b0 = Y − (b1 X 1 + b2 X 2 +b 3 X 3 ,

b0 = (63,33876 / 15) – { 0,13696 x (260,00000 / 15) + 0,000012961 x ( 5.026,00000)},


b0 = 1,84427.

e) Equação ajustada:

h= d² + 1,30 ,
(1,84427+ 0,13696.d +0,000012961.d²)²

271
Biometria Florestal

f) Coeficiente de determinação:
R² = b1 . Σx1y + b2 Σx2y ,
Σy²
R² = (0,13696 x 71,36732) + (0,000012961x 2.549,45020) ,
10,05099
R² = 0,97578.

g) Erro padrão:

S xy = QM resíduo ,

S xy = y 2 − b1 . x1 y + b 2 . x2 ,

S xy = 10,05099− (0,13696x 71,36732+ 0,000012961 x 2.549,45020) ,

Sxy = 0,14244.

S xy
S xy % = −
.100 ,
Y

0,14244
S xy % = −
.100 ,
63,33876
15

S xy % = 3,37 %.

18.7 Critérios para a seleção do melhor modelo

Os critérios para a seleção do melhor modelo de regressão são diversos,


podendo ser utilizadas diversas estatísticas para esta finalidade.
Alguns autores usam apenas uma estatística para esse fim, o que pode ser
perigoso por não definir com certeza a viabilidade do modelo ajustado.
De forma geral, as seguintes estatísticas básicas, usadas em conjunto,
possibilitam selecionar eficientemente um modelo.

18.7.1 Critério de precisão

272
Biometria Florestal

O coeficiente de determinação para a regressão simples (r²) ou múltipla (R²)


expressa a quantidade da variação total explicada pela regressão. Dessa forma,
quando da análise de modelos, seleciona-se aquele que apresente o maior valor de R²
ou r².
Esse coeficiente é sempre crescente à medida que se inclui uma nova
variável ao modelo de regressão; sendo, portanto, perigoso usá-lo isoladamente como
critério, principalmente quando o modelo possuir muitos coeficientes.

R² = SQ Regressão .

SQTotal

18.7.2 Erro padrão da estimativa

Esta estatística é uma medida que expressa a dispersão entre os valores


observados e estimados pela regressão.
Sendo o Syx uma medida de dispersão, ele deve ser mínimo; logo, na
comparação entre equações, a melhor, por este critério, será a que apresentar menor
valor de Syx.

S xy = QM resíduo , ou seja, S xy = y 2 − b1 . x1 y + b 2 . x2 .

Entretanto, o Syx só pode ser usado como comparador entre equações


quando as variáveis dependentes possuírem a mesma unidade.
Meyer (1938 apud Figueiredo,1982), apresenta, como forma de comparação
para modelos com variáveis dependentes de unidades diferentes, o erro padrão
residual em percentagem da média:
S xy
S xy % = −
.100 ,
Y

onde: Syx = erro padrão da estimativa;



Y = média aritmética da variável dependente;

MQ resíduo = quadrado médio do resíduo.

Outra estatística para esse fim é o índice de Furnival, o qual, quando


expresso em percentagem, apresenta o mesmo valor calculado para o Syx (%).
273
Biometria Florestal

18.7.3 Interpretação da função ajustada

Segundo Draper e Smith (1966), na interpretação de uma função, devem ser


considerados os seguintes aspectos:

– Trata-se de uma aproximação matemática e não uma lei;


– É válida somente na amplitude dos dados amostrados, devendo ser
evitadas a extrapolação;
– É baseada em amostragem e sujeita à variabilidade da amostra;
– É sujeita ao erro de amostragem, isto é, qualquer estimativa deve ser feita
considerando-se os intervalos de confiança.

274
Biometria Florestal

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