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Ambão, um lugar digno para a Palavra de Deus

Escrito por liturgia


Dom, 19 de Julho de 2009 19:00 - Última atualização Sex, 02 de Abril de 2010 23:03

Quando fazemos uma visita a alguém, quanto mais importante é para nós a pessoa visitada,
mais caprichada se faz nossa visita. Uma das partes mais importantes da visita é a nossa
conversa na sala, sentados no sofá e nos deliciando da primeira refeição: o diálogo que
restabelece a amizade. Mesmo quando somos convidados para almoçar ou jantar, ou quando o
objetivo de nossa visita seja levar ou buscar algum objeto; mesmo assim:  o diálogo é sempre
bom e significante.

Na casa da Igreja, o diálogo é tão importante, e talvez até mais importante, que em nossa vida
comum. O valor desse diálogo leva-nos a preocuparmos também com um local que seja a
referência desse gesto sagrado. Estamos falando do AMBÃO. Essa palavra provavelmente
vem do grego anabainein, que significa subir em algum lugar alto, lembrando o estrado de
madeira em que subiu o sacerdote Esdras, no seu regresso da Babilônia, para promulgar a Lei
aos israelitas de Jerusalém (cf. Ne 8,1-8). Desde os primeiros séculos da Igreja, tem-se a
tradição de reservar um lugar especial para a proclamação da Palavra de Deus, e isso não só
na igreja católica, mas mesmo em outras igrejas e religiões encontramos o cuidado de
solenizar a proclamação das Escrituras.

O ambão possui caráter especialmente sacramental, simbólico.  Quando entramos numa igreja
e vemos um belo ambão, recordamos que dali Deus alimenta seus filhos com sua Palavra de
Espírito e Vida.  Nele se proclamam as leituras da Bíblia e o Proclamação da Páscoa (exultet).
Pode-se também proferir dele a homilia e a oração dos fiéis. Nunca porém devemos permitir
que se faça nele outras falas como comentários, avisos e mensagens. É bom que tenhamos
um só ambão, que pode estar no presbitério ou até mesmo num lugar mais próximo à
assembléia (como na Basílica de São Pedro, em Roma).

O ambão é símbolo do sepulcro vazio, pois é o lugar do anúncio da ressurreição de Jesus. É o


lugar do Cristo Mestre, que ainda hoje ensina seus discípulos, sobretudo pelo Evangelho. Ao
construir ou reformar igrejas, precisamos prever um espaço amplo em torno do ambão, que
possibilite pelo menos uma pequena procissão saindo do altar com o evangeliário e os acólitos
com velas e turíbulo. 

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Ambão, um lugar digno para a Palavra de Deus

Escrito por liturgia


Dom, 19 de Julho de 2009 19:00 - Última atualização Sex, 02 de Abril de 2010 23:03

Além de ser o lugar da Fala Divina, ele deve “falar” por si mesmo. Um belo ambão, formando
conjunto com o altar e com a cadeira da presidência, fala mais que muitas palavras, pois como
disse Jesus, a lâmpada do corpo é o olho (Mt 6,22). O grande arquiteto e artista plástico
Cláudio Pastro, em sua obra O Deus da Beleza, da editora Paulinas, nos diz que não só a
Palavra, mas também o olhar (Palavra viva) revela-nos o Espírito (p. 34). O autor ainda cita-nos
a frase de Ivaldo Bertazzo, bailarino e coreógrafo, que disse: Lá onde vai o meu olhar, eu
construo o meu pensamento e formo a emoção (para o bem ou para o mal) e isso me leva à
ação.

Graças a Deus a sensibilidade litúrgica e estética tem aumentado muito em nosso meio
católico. Em nossa Diocese, por exemplo, vemos ótimas iniciativas de reformas e construções
de igrejas que valorizam o espaço da Palavra, mais especificamente o Ambão. Há alguns anos
era muito comum ver nossas igrejas sem estantes ou com duas ou três estantes iguais no
presbitério, muitas delas enfeitadas com mau gosto. Agora com o Diretório Litúrgico
Pastoral-Sacramental, que fala da Comissão para o Espaço Litúrgico, muito mais pode ainda
ser feito para tornarmos nossos espaços mais sagrados e belos. 

Pe. Alex José Adão - Mestre em Liturgia – Autor do livro História do Centro de Liturgia e suas
contribuições para a Igreja no Brasil, da Editora Paulus

Ambão (altar da Igreja em Guapé)

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