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Quando fazemos uma visita a alguém, quanto mais importante é para nós a pessoa visitada,
mais caprichada se faz nossa visita. Uma das partes mais importantes da visita é a nossa
conversa na sala, sentados no sofá e nos deliciando da primeira refeição: o diálogo que
restabelece a amizade. Mesmo quando somos convidados para almoçar ou jantar, ou quando o
objetivo de nossa visita seja levar ou buscar algum objeto; mesmo assim: o diálogo é sempre
bom e significante.
Na casa da Igreja, o diálogo é tão importante, e talvez até mais importante, que em nossa vida
comum. O valor desse diálogo leva-nos a preocuparmos também com um local que seja a
referência desse gesto sagrado. Estamos falando do AMBÃO. Essa palavra provavelmente
vem do grego anabainein, que significa subir em algum lugar alto, lembrando o estrado de
madeira em que subiu o sacerdote Esdras, no seu regresso da Babilônia, para promulgar a Lei
aos israelitas de Jerusalém (cf. Ne 8,1-8). Desde os primeiros séculos da Igreja, tem-se a
tradição de reservar um lugar especial para a proclamação da Palavra de Deus, e isso não só
na igreja católica, mas mesmo em outras igrejas e religiões encontramos o cuidado de
solenizar a proclamação das Escrituras.
O ambão possui caráter especialmente sacramental, simbólico. Quando entramos numa igreja
e vemos um belo ambão, recordamos que dali Deus alimenta seus filhos com sua Palavra de
Espírito e Vida. Nele se proclamam as leituras da Bíblia e o Proclamação da Páscoa (exultet).
Pode-se também proferir dele a homilia e a oração dos fiéis. Nunca porém devemos permitir
que se faça nele outras falas como comentários, avisos e mensagens. É bom que tenhamos
um só ambão, que pode estar no presbitério ou até mesmo num lugar mais próximo à
assembléia (como na Basílica de São Pedro, em Roma).
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Ambão, um lugar digno para a Palavra de Deus
Além de ser o lugar da Fala Divina, ele deve “falar” por si mesmo. Um belo ambão, formando
conjunto com o altar e com a cadeira da presidência, fala mais que muitas palavras, pois como
disse Jesus, a lâmpada do corpo é o olho (Mt 6,22). O grande arquiteto e artista plástico
Cláudio Pastro, em sua obra O Deus da Beleza, da editora Paulinas, nos diz que não só a
Palavra, mas também o olhar (Palavra viva) revela-nos o Espírito (p. 34). O autor ainda cita-nos
a frase de Ivaldo Bertazzo, bailarino e coreógrafo, que disse: Lá onde vai o meu olhar, eu
construo o meu pensamento e formo a emoção (para o bem ou para o mal) e isso me leva à
ação.
Graças a Deus a sensibilidade litúrgica e estética tem aumentado muito em nosso meio
católico. Em nossa Diocese, por exemplo, vemos ótimas iniciativas de reformas e construções
de igrejas que valorizam o espaço da Palavra, mais especificamente o Ambão. Há alguns anos
era muito comum ver nossas igrejas sem estantes ou com duas ou três estantes iguais no
presbitério, muitas delas enfeitadas com mau gosto. Agora com o Diretório Litúrgico
Pastoral-Sacramental, que fala da Comissão para o Espaço Litúrgico, muito mais pode ainda
ser feito para tornarmos nossos espaços mais sagrados e belos.
Pe. Alex José Adão - Mestre em Liturgia – Autor do livro História do Centro de Liturgia e suas
contribuições para a Igreja no Brasil, da Editora Paulus
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