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Teoria Geral DO Negócio Jurídico

Teoria geral do negócio jurídico (Universidade Lusíada de Lisboa)

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Baixado por Vera Abreu (verafilipa31@hotmail.com)
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TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO


1. Negócios Jurídicos

FACTO JURÍDICO – Trata-se de um acontecimento que tem relevância jurídica

- É uma ocorrência à qual o direito atribui consequências jurídicas

Ao corresponder à previsão de
uma norma, é integrado com a
norma e dá lugar à consequência
jurídica

FACTO JURÍDICO LATU SENSU – É todo o ato humano ou acontecimento natural juridicamente
relevante, ou seja, produtor de efeitos jurídicos

- Morte, Compra e Venda, Inundação, Abandono de uma coisa


o FACTOS JURÍDICOS STRICTU SENSU – São estranhos a qualquer processo volitivo, seja
isto porque resultam de caudas de ordem natural OU porque a sua eventual
voluntariedade não tem relevância jurídica
o ATOS JURÍDICOS LATU SENSU – São ações humanas tratadas pelo direito como
manifestações de vontade

- Renúncia a qualquer contrato, Testamento,


Ocupação Perfilhação

1. NEGÓCIOS JURÍDICOS – São factos voluntários aos quais o direito atribui efeitos
jurídicos concordantes com o conteúdo das declarações de vontade do(s) seu(s)
autor(es). São atos de autonomia privada que põem em vigor uma regulação
jurídica vinculante para os seus autores, com o conteúdo que estes lhe quiserem
dar, dentro dos limites jurídicos da autonomia privada.
2. SIMPLES ATOS JURÍDICOS – São factos voluntários cujos efeitos se produzem ainda
que, estes não tenham sido antecipados pelo(s) seu(s) autor(es).
a) Quase-Negócio: Declarações de vontade que produzem efeitos
independentemente de o seu autor anteciparem os respetivos efeitos.
b) Atos Materiais: Realização de um resultado factual ao qual o dirreito
associa efeitos jurídicos.

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2. Classes de Negócios Jurídicos

NEGÓCIOS JURÍDICOS PLURILATERAIS

- AQUELES QUE TÊM 2 OU MAIS PARTES

- NA MAIOR PARTE DOS CASOS OS CONTRATOS TÊM APENAS 2 PARTES (EX: COMPRA E VENDA, UMA
PARTE COMPRA E OUTRA VENDE)

- IMPLICAM UMA DECLARAÇÃO NEGOCIAL POR CADA UMA DAS SUAS PARTES

NEGÓCIOS JURÍDICOS UNILATERAIS

-AQUELES QUE TÊM APENAS 1 PARTE

- UMA PARTE PODE SER CONSTITUÍDA POR 1 OU MAIS PESSOAS QUE, NO NEGÓCIO TENHAM UMA
LIMITAÇÃO COMUM OU PROSSIGAM UM INTERESSE COMUM à UMA PARTE DETERMINA-SE NÃO PELO
Nº DE PESSOAS MAS PELA UNIDADE DE INTERESSE PROSSEGUIDO NO NEGÓCIO E PELA VALIDADE DA
LEGITIMIDADE NO AGIR NEGOCIAL (EX: COMPRA E VENDA PODEM INTERVIR UMA OU MAIS PESSOAS,
TANTO NA PARTE COMPRADORA COMO NA VENDEDORA E O NEGÓCIO NÃO DEIXA DE TER APENAS 2
PARTES)

- EXEMPLOS DE NEGÓCIOS UNILATERAIS – 457º A 463º / 262º A 269º (PRESTAÇÃO) / 2179º A 2317º
(TESTAMENTO)

NEGÓCIOS INTER VIVOS

- EM REGRA, OS NEGÓCIOS JURÍDICOS SÃO CELEBRADOS ENTRE VIVOS

NEGÓCIOS MORTIS CAUSA

- OS SEUS EFEITOS JURÍDICOS SÃO DESENCADEADOS POR MORTE DA PESSOA A QUE SE REFEREM

- CASO MAIS TÍPICO É O TESTAMETO

- A LEI DÁ MAIS VALOR E MAIS SIGNIFICADO À VONTADE DO AUTOR DO NEGÓCIO

NEGÓCIOS CONSENSUAIS

- A VONTADE SÓ TEM RELEVÂNCIA A PARTIR DO INSTANTE EM QUE É MANIFESTADA

- NO INSTANTE EM QUE SE ADOTA UMA CONDUTA QUALQUER QUE TENHA O SIGNIFICADO DE


MANIFESTAR O CONTRATO É QUE PODEMOS FALAR EM NEGÓCIO (DECLARAÇÃO + VONTADE)

-PARA CELEBRAÇÃO, QUALQUER CONDUTA VALE (219º)

- PARA CONTRATAR, AS PARTES PODEM MANIFESTAR A RESPETIVA VONTADE DA FORMA QUE


ENTENDEREM (ESCRITO, GESTO, ATOS). A LEI PODE EXIGIR QUE A VONTADE SE MANIFESTE DE CERTA
FORMA, NESSE CASO SÓ É VÁLIDA A VONTADE MANIFESTADA DA MANEIRA EXIGIDA PELA LEI.

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NEGÓCIOS FORMAIS

- NÃO PODEM MANIFESTAR A VONTADE DE UMA FORMA QUALQUER, TEM DE SER MANIFESTADA PELA
FORMA QUE A LEI ESTABELECE (875º)

- SE A FORMA EXIGIDA NÃO FOR CUMPRIDA, O NEGÓCIO NÃO VALE (220º) à PRINCÍPIO DA NULIDADE

- FORMA = MODO PELO QUAL A VONTADE SE MANIFESTA

NEGÓCIOS REAIS QUANTO À CONSTITUIÇÃO

- OU A ENTREGA DA COISA É CONDIÇÃO DE PERFEIÇÃO DE NEGÓCIO OU NÃO É

- SE FOR CONDIÇÃO DE ACABAMENTO, O NEGÓCIO É REAL À CONSTITUIÇÃO (EX: 1142º)

- SE A ENTREGA DA COISA FOR UMA CONDIÇÃO DE PERFEIÇÃO DE ACABAMENTO, CASO CONTRÁRIO O


NEGÓCIO É CONSENSUAL

NEGÓCIOS CONSENSUAIS

-SE NÃO FOR CONDIÇÃO DE PERFEIÇÃO, O NEGÓCIO É CONSENSUAL

- NÃO DEPENDEM DA ENTREGA PARA O ACABAMENTO

- ART 408ºNº2

- SUPONHAM QUE HÁ UM CONTRATO ENTRE A E B PELO QUAL O A IRÁ EMPRESTARÁ UM IMÓVEL QUE
LHE PERTENCE AO B. à CONTRATO DE COMODATO (É REAL QUANTO À CONSTITUIÇÃO – SÓ ESTÁ
CONCLUÍDO QUANDO A ENTREGA FOR FEITA)

ANTES DA ENTREGA SER FEITA PELO A, A FAZ CONTRATO DE COMODATO COM C E A ENTREGA É FEITA A
ESTE. QUEM TEM O DIREITO DE UTILIZAÇÃO? É O C, PORQUE SÓ O CONTRATO DE COMODATO COM C É
QUE ESTÁ ACABADO.

NEGÓCIOS PESSOAIS

- AQUELES PELOS QUAIS SÃO INSTITUÍDOS OU MODIFICADOS ESTADOS PESSOAIS DAS PARTES (EX:
CASAMENTO).

- HEMISFÉRIO PESSOAL

NEGÓCIOS PATRIMONIAIS

- AQUELES PELOS QUAIS AS PARTES REGEM SOBRE BENS DA SUA ESFERA JURÍDICA PATRIMONIAL, ISTO É
SOBRE BENS EM DINHEIRO (EX: COMPRA E VENDA).

- HEMISFÉRIO PATRIMONIAL

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NEGÓCIOS (CONTRATOS) SINALAGMÁTICOS =>CONTRATOS BILATERAIS

- À partida, o negócio já é bilateral.

- Existem obrigações para ambas as partes e essas obrigações são recíprocas e


interdependentes, sendo que uma não faz sentido sem a outra e a não existência de uma
implica a não existência de outra.

- Exemplo: Compra e Venda – Há obrigações para ambas as parte, sendo que o vendedor
tem a obrigação da entrega da coisa vendida e o comprador tem a obrigação de efetuar o
pagamento. As obrigações são recíprocas e interdependentes pois não faria sentido que o
vendedor estivesse obrigado a entregar enquanto o comprador não pagasse e vice-versa.
à SALVO PRAZOS DIFERENTES

NEGÓCIOS (CONTRATOS) NÃO SINALAGMÁTICOS => CONTRATOS UNILATERAIS

-Na doação, só existe a obrigação do doador efetuar a entrega da coisa, ao passo que o
donatário não tem qualquer obrigação.

- Exemplo: Doação com Encargos – É contrato de doação na mesma, mas por via do que
foi clausulado no contrato, o donatário fica obrigada a efetuar certa prestação

- A faz doação de imóvel a B com encargo do B se


obrigar a cuidar da saúde de A até à morte deste, se B aceita a doação tem o encargo à
As obrigações não são recíprocas nem interdependentes, o donatário só tem que cumprir
o encargo se a coisa doada lhe for entregue mas já não é o mesmo ao contrário, havendo
dependência mas não interdependência.

GENÉTICO – opera no momento de construção


SINALAGMA do contrato e da sua eficácia e esgota-se nesse
mesmo momento
(CONTRAPARTIDA)
- negócios de efeitos instantâneos
faz parte da natureza do contrato que
exista

FUNCIONAL – pode revelar-se apenas mais tarde e não na origem; na


execução das obrigações

- negócios de efeitos duradouros

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Se o negócio é declarado inválido, as partes/os intervenientes são obrigados a restituir tudo


aquilo que foi prestado (declaração de invalidade – 290º cc)

Havendo declaração de invalidade tudo o que foi cumprido pelas


partes terá de ser restituído, estas obrigações de restituição são
recíprocas e sinalagmáticas sendo que, 1 só tem que restituir no
pressuposto de que o outro também tenha

Se as obrigações são interdependentes no sentido em que uma não faz sentido sem a
outra, daí decorre que enquanto uma parte não cumpre, a outra não tem que cumprir. Para
por em termos mais práticos, enquanto o vendedor não entregar, o comprador não tem
que pagar, enquanto o comprador não pagar o vendedor não tem que pagar, salvo o caso
em que, as partes estabeleçam cláusulas diferentes à exceção do não cumprimento
(428ºcc)

Nos contratos CONSEQUÊNCIAS DA EXISTÊNCIA DE SINALAGMA


não
sinalagmáticos 1. Exceção do não cumprimento : 428º cc – A parte que esteja em mora (atraso),
, estas
sujeita-se a que a outra parte não cumpra enquanto a mora persistir e vice-versa;
consequências
uma não tem que ser cumprida enquanto a outra não for igualmente cumprida.
por natureza
não se - Em princípio, nos contratos
produzem, sinalagmáticos, o cumprimento tem que ser simultâneo depois pode-se admitir que
pode haver as partes estabeleçam regras diferentes
cláusula que
2. Condição resolutiva tácita : 801º nº2 – Se uma das partes não cumpre a sua
permita a
resolução do obrigação e, se esse não cumprimento ultrapassar a mora (não cumprimento
contrato caso definitivo), a outra parte pode resolver o contrato, pôr termo.
o donatário - Não é necessário clausular isto, pode
não cumpra os
aparecer nos contratos sinalagmáticos
encargos –
993º cc NEGÓCIOS ONEROSOS

- SACRIFÍCIO PARA AMBAS AS PARTES

- O QUE IMPORTA SABER É SE O CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES ACARRETA PERDAS PATRIMONIAIS PARA
AMBAS AS PARTES OU NÃO à EXEMPLO: COMPRA E VENDA É NEGÓCIO ONEROSO PURO – PARA O
VENDEDOR IMPLICA A PERDA DA COISA E PARA O COMPRADOR IMPLICA A PERDA DO PREÇO PAGO

àSUBDISTINGUEM-SE EM:

o COMUTATIVOS – EXISTE EQUIVALÊNCIA DE PRESTAÇÕES, ESTÁ ESTABELECIDA PELAS


PARTES ß IDEIA GERAL: PREÇO PAGO PELO COMPRADOR EQUIVALE MAIS OU
MENOS AO VALOR DA COISA VENDIDA; HÁ COMUTAÇÃO, TROCA DE VALORES
ENTRE AS PARTES MAIS OU MENOS EQUIVALENTES (AQUELES QUE AS PARTES

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ENTENDEREM, SÃO OS VALORES JUSTOS); EM PRINCÍPIO, FALTA DE EQUIVALÊNCIA


NÃO É VÍCIO.
o ALEATÓRIOS – AQUELES EM QUE PELO MENOS A PRESTAÇÃO DE UMA DAS PARTES
PODE NÃO EXISTIR OU PODE SER INCERTA ß EXEMPLO: - A LEI ADMITE NEGÓCIOS
SOBRE COISAS FUTURAS (211º + 880º CC)
POR REGRA, OS NEGÓCIOS ONEROSOS SÃO COMUTATIVOS MAS
QUANDO A LEI O DISSER PODEM SER ALEATÓRIOS.

NEGÓCIOS GRATUITOS

- PARA APENAS UMA DAS PARTES

- DOAÇÃO PURA: SÓ HÁ PERDA PARA O DOADOR, NÃO PARA O DONATÁRIO

Existem negócios que estão mais perto d ser onerosos e outros que estão mais perto de ser gratuitos.

Exemplo: Se se faz uma venda a 1eu é um negócio de compra e venda mas pelo valor, aproxima-se
mais da doação e todo o modo de encargo posto sobre o comprador é reduzido, portanto, embora
não seja um negócio gratuito puro, está muito perto de o ser.

Critério de distinção: Perante a invalidação de um negócio gratuito, terceiros não são protegidos à Se
um terceiro adquirir um direito que deriva de negócio gratuito, este não tem proteção / Se um terceiro
adquirir direitos emergentes de um negócio oneroso, pode ter proteção (291º)
NEGÓCIOS DE ADMINISTRAÇÃO

- AQUELES QUE SE DESTINAM À FRUIÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS BENS

NEGÓCIOS DE DISPOSIÇÃO

-AQUELES QUE EXCEDEM TAIS LIMITES E ATINGEM A SUBSTÂNCIA DO BEM

NEGÓCIOS CAUSAIS

- AQUELES EM QUE A CAUSA TEM RELEVÂNCIA

NEGÓCIOS ABSTRATOS

- AQUELES EM QUE A CAUSA NÃO TEM RELEVÂNCIA

- EXEMPLO: ENDOSSO ( ATO DE TRANSFERIR A PROPRIEDADE DE ALGO OU UM TÍTULO ) à NÃO TEM


CAUSA APARENTE

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3. Formação do Negócio

Os efeitos de um negócio são produzidos porque foram queridos.

O negócio jurídico é constituído por 2 elementos, sendo estes:

1. VONTADE
o Elemento Interno – só vale se for manifestada, só a partir do momento em
que é manifestada para o exterior é que passa a valer ( declaração )
o Elemento preponderante
2. DECLARAÇÃO
o Elemento Externo – manifestação da vontade – para se fazer valer e ter
efeitos, é necessário que chegue ao conhecimento de alguém
o A declaração pode ser recetícia ou não recetícia
Aquelas em que não é necessário que
chegue ao conhecimento para que os
efeitos se reproduzam
Aquelas cujos efeitos jurídicos somente se produzem
quando chegam ao conhecimento de outra pessoa, Exemplo: testamento
enquanto não chegar não têm efeitos

224ºnº1 cc – possibilidade de chegar apenas ao poder


de destinatário

o MODALIDADES DA DECLARAÇÃO
aquela que se supõe de um comportamento
ativo, a pessoa pratica atos que manifestam a
POR OMISSÃO POR AÇÃO
sua vontade, não têm que ser atos diretamente
dirigidos à manifestação de vontade, têm
apenas de ser atos
quando não existe uma atuação, quando a
pessoa omite um comportamento do qual se
possa deduzir uma vontade

em geral, a omissão não vincula, não tem


qualquer efeitos (218ºcc) , QUEM CALA NÃO
CONSENTE TÁCITA- utilização de um meio
EXPRESSA – quando a vontade indireto da manifestação da vontade,
se tenha manifestado através de deste comportamento podem-se retirar
um meio direto de manifestação de vários sentidos, o que acontece é que
vontade (escrito ou por palavras); um dos sentidos manifestados é mais
ambas as partes entendem a intenso do que os outros
declaração das palavras

SILÊNCIO – não é o sinónimo de estar calado, trata-se de não ter um


comportamento com significado seja para que efeito for. SEMPRE QUE EXISTE
Exemplo: Pode-se matar alguém com uma faca, com um tiro, no entanto DECLARAÇÃO TÁCITA HÁ
também se pode matar deixando a pessoa morrer. Isto normalmente não UMA PRESUNÇÃO – 349ºCC
origina quaisquer responsabilidades, a menos que houvesse meios ao seu
dispor para impedir a morte.

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SILÊNCIO

- Em regra, a omissão de um comportamento declarativo não tem significado.

- Apenas tem efeito, podendo valer como declaração, quando haja lei, quando haja uso,
quando haja acordo anterior. à 218ºcc ß CASOS MUITO LIMITADOS

PRESUNÇÕES

- São uma certa conduta que não tem um significado certo e unido, pode significar algo
mas não tem que ser esse significado. Para podermos afirmar que aquele comportamento
vale de alguma maneira, temos que presumir que aquele é o significado

- 348ºcc – As presunções consistem numa ilação, numa dedução que se tira de um facto
provado de modo a afirmar um facto que não se conhecem; a dedução que se tira dos
factos é que é a presunção.

- Presumir = tirar uma conjetura num certo sentido que pode ou não estar a
confirmar/corresponder a realidade.

- Tem 2 espécies, sendo estas:

o Legais – são tiradas pela própria lei, ou seja, aquelas em que a lei estabelece
que provado determinado facto tira-se daí uma determinada
ilação/dedução. A PRÓPRIA LEI ESTABELECE ESSA ILAÇÃO.
Exemplo: Estando registada a compra e venda de imóvel a favor do
comprador (facto conhecido) presume-se que o comprador é o proprietário
– não se sabe se será mesmo o proprietário, não se sabe se a compra e
venda é válida – normalmente quem compra é proprietário, com base nessa
normalidade pode-se afirmar que quando alguém regista uma aquisição
que desse registo é possível deduzir que, em princípio, a pessoa será
proprietário. à 7º Código Predial
ü Ilidíveis – Iuris Tantum – aquelas que cedem, que são eliminadas,
que são afastadas, perante prova do contrário (perante prova de
que as coisas não se passaram da maneira que foram presumidas)
ü Inilidíveis – Iuris et de Iure – aquelas que não admitem a prova de
contrário, ainda que possível fazê-lo; mesmo que se consiga provar
que as coisas não são tal qual foram presumidas, ainda assim a
presunção prevalece (no fundo deixa de ser presunção)
o Judiciais – são aquelas que são tiradas pelo julgador, normalmente é o
Tribunal. Assenta puramente em regras de normalidade e é tirada por quem
aprecia
Exemplo: Provou-se que uma certa pessoa entrou em sua casa por volta
das 20:00 e provou-se que saiu no dia seguinte às 8:00. Não é garantido

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que durante estas 12 horas estivesse dentro de casa, mas presumivelmente,


se está provado que entrou às 20:00 e saiu às 8:00. Não há certezas, mas
em princípio aconteceu assim. Pode-se deduzir a permanência a partir dos
factos que se conhecem.
à Facto conhecido: horas de entrada e de saída
ü Facto desconhecido: permanência
o Ilidíveis – admitem prova em contrário

- AS DECLARAÇÕES TÁCITAS ASSENTAM NUMA PRESUNÇÃO JUDICIAL, SENDO ASSIM


ILIDÍVEIS (ADMITE PROVA EM CONTRÁRIO)

- A principal classe de negócio jurídico é o contrato.

Supõe pelo menos 2 partes e para que esteja concluído, é necessário


retirar uma proposta de uma parte e que se possa retirar a aceitação
pela outra parte

Só com a aceitação é que o contrato está concluído

Como é que surge?

Mediante o encontro da proposta com a aceitação (requisitos necessários


para a formulação de um contrato)

1. Proposta
- Oferta de contrato
- É necessário que esta respeite determinados parâmetros:
TEM QUE SER COMPLETA – bastando que, do outro lado, um “sim” baste para
fazer o contrato surgir. Um “sim, mas…” é o suficiente para já não poder ter
proposta.
TEM QUE SER FIRME – relevando uma vontade inequívoca de contratar.
TEM QUE SER FORMALMENTE SUFICIENTE – se a lei exigir uma forma específica
para o contrato, a proposta deve observar essa forma; se a lei não exigir
determinada forma para aquele contrato, a proposta não tem que revestir forma
qualquer.
- A proposta tem que ser comunicada à outra parte, ao destinatário da proposta,
enquanto não for comunicada ou conhecida, não tem efeitos à 224ºnº1 cc
- É uma declaração recetícia pois tem um destinatário.
- EFEITOS (assim que a declaração for proposta e chegar ao destinatário, este fica
com o direito de aceitar ou rejeitar a proposta podendo assim, fechar o contrato)
ü Direito Potestativo de Aceitar – dentro do prazo, formando o contrato, isto
depende completamente do destinatário da proposta; deixar passar o

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prazo para aceitar (228ºcc), se não aceita dentro do prazo, caduca o


direito de aceitar e, portanto, extingue-se.
ü Rejeição – antes do prazo caducar, pode declarar que não aceita
ü Aceitação com Modificações – dizer “sim, mas…”, devido ao “mas “ isto
equivale a uma rejeição, porque aceitar é “sim” sem qualquer condição, se
as modificações forem suficientemente precisas, pode entender-se que há
aceitação com modificações = contraproposta à invertem-se os papéis,
ou seja, quem era destinatário da proposta passa a ser o proponente e o
que era proponente passa a ser destinatário da proposta

- A proposta que não respeite os referidos parâmetros que dependem da


existência dessa proposta deixa de ser proposta e passa a ser Convite a Contratar

Só por si, não tem relevância jurídica e,


consequentemente não tem efeitos

PORQUE É QUE O “SIM” FECHA O CONTRATO?

- 232ºCC – O CONTRATO ESTÁ CONCLUÍDO QUANDO AS PARTES CHEGAM A UM ACORDO

2. Aceitação
- Declaração de vontade recipienda que tem como conteúdo a concordância para
a eficácia e vigência do contrato proposto, de acordo com os seguintes
parâmetros:
TEM QUE SER PURA E SIMPLES – não pode conter condições, se contém não vale
como aceitação
TEM QUE REVELAR UMA VONTADE INQUIVOCA DE CONTRATAR
TEM QUE SER FORMALMENTE SUFICIENTE – tem que observar a forma que a lei
eventualmente exigir para o futuro contrato

HIPÓTESE

- SUPONHA QUE A ESTÁ INTERESSADO A VENDER UM IMÓVEL E B ESTÁ INTERESSADO EM COMPRAR.


ACERTAM OS PORMENORES TODOS, CHEGAM A UM ACORDO DE ACORDO COM O QUAL CADA UM
ENTENDEU COMO ESSENCIAL (232º), MAS SE O CONTRATO DIZ RESPEITO A UM IMÓVEL SÓ COM A
ESCRITURA PÚBLICA É QUE A COMPRA E VENDA FICA CONCLUÍDA. ATÉ LÁ, PODEM AS PARTES ENTENDER
QUE ESTÁ FEITO O NEGÓCIO (E ESTÁ) MAS A VERDADE É QUE ENQUANTO NÃO HOUVE FORMALIZAÇÃO
PELO DOCUMENTO QUE A LEI EXIGE PARA TODOS OS EFEITOS NÃO HÁ CONTRATO.

EM RIGOR, ATÉ AO DIA DA FORMALIZAÇÃO DA ESCRITURA, QUALQUER UM DELES PODE VOLTAR ATRÁS.
NESTA FASE, FALTANDO APENAS A ASSINATURA DO DOCUMENTO QUE FORMULA, VOLTAR ATRÁS SERÁ

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CONTRÁRIO À BOA-FÉ, É DESONESTO E ISSO PODE GERAR RESPONSABILIDADE POR DANOS CAUSADOS
(227ºCC- RESPONSABILIDADE PRÉ-CONTRATUAL- CULPA IN CONTRAHENDO).

Culpa na contratação

No processo negocial de contratar, ou seja, no processo que


antecede o contrato, as partes devem atuar segundo a boa-fé, esta
implica deveres de PROTEÇÃO, ESCLARECIMENTO E LEALDADE. Ou
seja, durante a contratação, as partes têm o dever recíproco de
garantir a segurança da outra parte.

UMA VEZ FORMADO O CONTRATO, CABE ENTRAR NOS TIPOS DE CONTRATOS

NEGÓCIOS UNILATERAIS à Têm uma única parte (não esquecer que uma parte pode ser
constituída por mais do que uma pessoa) – MUITO EXCECIONAL, SÓ OCORRE QUANDO
A LEI PERMITIR art457ºCC

COM EFEITOS OBRIGACIONAIS à Aqueles pelos quais se constituem


obrigações contra o autor do negócio, a pessoa declara a sua vontade
é aquela que irá ficar obrigada pela sua declaração. Isso só é
admitidos pelos casos excecionalmente previstos na lei – art 457º

COM OUTROS EFEITOS à Os que não têm efeitos obrigacionais, mas


têm outros efeitos, como constituir efeitos reais, constituir uma relação
familiar, distribuir bens (testamento), para estes casos a lei já não impde
que surjam outros negócios unilaterais, mesmo que não previstos.

Funciona a regra da autonomia da vontade, no entanto não são


concebíveis outras hipóteses de negócios unilaterais, a não ser os
previstos.

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CONTRATOS à Têm duas partes ou mais, assume-se como o modo normal de


relacionamento de estabelecer relações entre sujeitos de Direito Privado.

Não há qualquer tipo de limitação legal, funciona inteiramente o princípio da autonomia


da vontade. Art 405º

NOTA à Os contratos nascem pela prática social, só depois é que a lei é que intervem

TÍPICOS LEGALMENTE à Quando já tenha na lei, não só um nome mas tenha


também regras próprias estatuídas pela lei (o problema coloca-se em
saber qual a dimensão necessária para saber que está legalmente
estatuído na lei)

Estar previsto na lei supõe que há regras legais para aquela situação

SOCIALMENTE à São aqueles que


correspondem a uma prática social
estabelecida, e essa mesma prática já lhes
deram alguma estabilidade.

LEGALMENTE à Aquele que não tem previsão, nem tem


ATÍPICOS
regime legal, ou seja, não tem regras legais

SOCIALMENTEà Aquele que não corresponde a


uma prática social.

Surge de forma muito individualizada para cada


caso concreto.

Tem um nome próprio nestas situações e tem


autores próprios (são pouco frequentes, por isso
cada contrato terá não só nome próprio como terá
cláusulas próprias que não corresponderão a
práticas sociais porque elas não existem.

Os contratos legalmente atípicos podem resultar da fusão de contratos típicos à É


concebível que o contrato que não tem previsão legal possa estar nessa condição tanto
porque não tem de todo regras próprias (legalmente atípico puro - não tem qualquer

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previsão legal). Como pode estar também nessa condição em virtude de resultar da
conjugação//da fusão//da mistura de elementos contratuais que considerados
separadamente pertencem a contratos típicos, a esta fusão denomina-se CONTRATO
MISTO.

O Contrato Misto é aquele que resulta da conjugação de diversos elementos contratuais


que considerados individualmente//autonomamente, fazem parte de um contrato típico.
É importante de denotar que, nestes contratos o que está em causa é a conjugação de
diversos elementos contratuais que sendo considerados isoladamente fazem parte de
algum tipo contratual legalmente previsto. Mas, tudo junto dá origem a uma contrato
que em rigor não está previsto na lei, tornando-se assim um contrato atípico.

Dentro da categoria de Contratos Mistos existem 3 tipos, sendo estes:

a) COMBINADOS
- Quando contém elementos que, isoladamente formam e integram tipos
legalmente previstos, mas sem que se possa dizer que algum desses elementos é
predominantes.
- Exemplo: contrato de hospedagem à sendo um contrato misto que não está
legalmente previsto, o nome é variável, trata-se então de um contrato através do
qual é feita a ligação de quem explora um hotel ao respetivo cliente. Os hóspedes
estão contratualmente ligados às pessoas que fazem a respetiva exploração.
Este contrato tem elementos do contrato de arrendamento, mas o hotel obriga-se
a prestar serviços (limpeza de quartos, alimentação, etc.), cada um destes
elementos fazem parte de um contrato legalmente previsto, mas está tudo
combinado de uma forma que contém apenas um contrato.
b) TIPO DUPLO
- Exemplo: O porteiro presta um serviço, o próprio em vez de ser remunerado
pelo seu trabalho com salário, em contrapartida é remunerado mediante a
cedência de um local dentro do edifício que está destinado à sua habitação.
Assim sendo, do lado do porteiro há prestação de serviços, do lado dos
condomínios há um contrato de locação da modalidade de arrendamento. ESTÁ
TUDO CONJUGADO NUM MESMO CONTRATO DAÍ QUE A SUA PREVISÃO NÃO
CONSTA NA LEI. à princípio da liberdade contratual (art405º)
c) MISTO STRICTU SENSU
- Exemplo: Aquele que tipicamente responde a um modelo legal, mas é alterado
nas suas cláusulas de modo a cumprir uma função que não é própria desse
contrato.

- A ESTES, QUE REGRAS SE APLICAM?

àTEORIA DA ABSORÇÃO

àTEORIA DA COMBINAÇÃO

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àTEORIA DA ANALOGIA

O Contrato Misto distingue-se da União de Contratos, na medida em que no contrato


misto trata-se de um só contrato que mistura elementos de diversos tipos contratuais, ao
passo que a união de contratos tem-se, pelo menos, dois contratos, que por uma razão
qualquer estão unidos mas mantêm a sua autonomia.

Os contratos estão contidos no mesmo documento mas não interferem um com o outro.

A União de Contratos tem 3 estipulações que são:

1. EXTERNA
- NAQUELES CASOS EM QUE A UNIÃO RESULTA DE FATORES INTEIRAMENTE FORTUITOS OU
CASUAIS E, QUE POR ISSO A UNIÃO É PURAMENTE CIRCUNSTANCIAL
2. INTERNA
-EXEMPLO: 3 CONTRATOS JUNTOS à ALGUÉM COMPRA UM APARTAMENTO, MEDIANTE
EMPRÉSTIMO BANCÁRIO E OFERECENDO UMA HIPOTECA EM GARANTIA. EXISTEM 3
CONTRATOS, SENDO ESTES O DE EMPRÉSTIMO, O DE COMPRA E VENDA E O CONTRATO DE
HIPOTECA, ESTES SÃO INDEPENDENTES E HÁ UM CONTRATO QUE É PREDOMINANTE - O DE
COMPRA E VENDA - E SEM ESTE OS OUTROS NÃO FAZEM SENTIDO. O QUE SUCEDE É QUE A
COMPRA E VENDA IRÁ REPARTIR-SE SOBRE OS OUTROS PORQUE ESTÃO UNIDOS.
3. ALTERNATIVA
- DÁ-SE QUANDO SE CELEBRAM 2 OU MAIS CONTRATOS AO MESMO TEMPO, MAS APENAS 1
DELES TERÁ EFEITOS, SERÁ EFICAZ EM FUNÇÃO DE UM CERTO ACONTECIMENTO.
- EXEMPLO: A ESTÁ EM VIA DE SER COLOCADO COM PROFESSOR EM BRAGANÇA. SE A
COLOCAÇÃO FOR DEFINITIVA ESTÁ INTERESSADO EM COMPRAR UMA CASA, SE FOR PROVISÓRIA
ESTÁ INTERESSADO EM ARRENDÁ-LA. FAZ 2 CONTRATOS AO MESMO TEMPO: COMPRA E
VENDA E ARRENDAMENTO, MAS SÓ UM DELES TERÁ EFEITOS DEPENDENDO DO RESULTADO DE
COLOCAÇÃO SER PROVISÓRIA OU DEFINITIVA.

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4. Outros Tipos de Contratação


ü CONTRATAÇÃO SOBRE DOCUMENTO
o Quando a lei exija um documento para a contratação
o Não é possível distinguir nestas situações quem é que formulou
a proposta e que fez a aceitação
o Estamos perante uma declaração conjunta, quando o contrato
for assim, o modelo proposta-aceitação que está previsto na lei
não é aqui aplicável
o Serve sobretudo para dizer que este modelo de contratação
sobre documento não esta minimamente de acordo com o legal
e, portanto não se pode observar o modelo legal
ü CONTRATAÇÃO AUTOMÁTICA
o Aquela que, pelo menos uma das partes contrata através de
uma máquina
o Quem fornece é alguém que não está presente, que contrata
através da máquina que lá está
o Nestas situações é possível distinguir em rigor a proposta de
aceitação, porque se encontram separadas no tempo
- Quem faz a proposta? Se alguém põe uma moeda numa
máquina de água, acredita-se que quem forneceu a máquina é
quem fez a proposta e quem pôs o dinheiro foi quem aceitou.
No entanto, se a máquina não fornece isso significa que quem
fornece a máquina está em incumprimento. => Se não cumpre
obrigação contratual, responde por os danos de daí podem
decorrer.
- Tribunais dizem que: A colocação da máquina funciona como
um simples convite a contratar e, a pessoa que coloca a moeda
é quem está a fazer a proposta e quem forneceu a máquina
aceitará ou não a proposta consoante se funciona ou não.
ü CONTRATAÇÃO EM AUTO-SERVIÇO
o Self Service
- Quem faz a proposta? Quem tem o serviço disponível, aberto ao público
para este se servir, ou é o público que faz? É a bomba de gasolina ou o
consumidor? Se entendermos que é a pessoa que explora a bomba de
gasolina, temos que entender que se a gasolina não for fornecida ao
consumidor, há incumprimento contratual. Se a bomba, por acaso, não
puder fornecer o produto, deve haver o cuidado de fechar a bomba para
não criar expetativa. Tendencialmente, tem de ser encarado o consumidor
como o autor da proposta, porque pode dar-se o caso da bomba não
funciona.

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5. Interpretação do Negócio
1. INTERPRETAÇÃO (236º) à 1º passo do negócio

- IDENTIFICAÇÃO DO SIGNIFICADO A ATRIBUIR ÀQUILO QUE AS PARTES DECLARARAM àSe aquilo que
foi contratado deve ser levado inteiramente à letra ou se deve ter outro significado

- Exemplo 1: Num contrato de empreitada, para construção de uma casa ficou estabelecido
que os consumos de água e de electricidade sejam feitos pelo empreiteiro, ficam a cargo
do dono da obra devendo pagá-los.

Para ter água e eletricidade, é preciso que haja contadores dos mesmos e a instalação
destes tem custos. Põe-se a questão de quem é que os paga sendo que, a cláusula
contratual diz que os CONSUMOS ficam a encargo do dono da obra, mas é mais natural
que a instalação dos contadores fique às custas do dono da obra. à Isto tem que ser
justificado.

- Exemplo 2: A pôs um anúncio no jornal a dizer que vendia 500 ratos e B aceitou comprar
os ratos, no entanto A tinha 500 ratos de laboratório e B pensava que eram ratos de
computador. Há contrato ou não? O que prevalece? O entendimento dado por quem
vendia ou o entendimento por que foi feito por quem comprou? à Em princípio vale o
significado objetivo – o significado que uma pessoa de normal diligência teria dado
(Homem Médio) ß Neste caso, quando se diz apenas rato, sem ter contextualidade pode
ter mais do que um entendimento.

- REGRAS DA INTERPRETAÇÃO

a) FIXAÇÃO DA VONTADE REAL – Habitualmente, a declaração é escrita, os maiores


problemas são na identificação do significado das palavras escritas. Este problema
não se aplica apenas a declarações escritas ( nº1 236º) à o que importa é o que o
declarante realmente quis – conceção subjetiva
b) FIXAÇÃO DO SENTIDO OBJETIVO DA DECLARAÇÃO – Fixado o sentido objetivo, que pode
estar muito distante do sentido pretendido pelo declarante, tem-se por
consequência a não eficácia do sentido objetivo. Este também é afastado quando
o declaratório conheça a vontade real do declarante. (nº2 236º)

EXEMPLO -A DECLARA QUE VENDE POR 50 DÓLARES, PENSANDO EM DÓLARES CANADIANOS, O SENTIDO
OBJETIVO DO TERMO DÓLARES É REFERENTE A DÓLARES AMERICANOS. SE NÃO ACRESCENTA NADA
REFERENTE AOS DÓLARES SEREM CANADIANOS, ENTENDE-SE QUE OS DÓLARES SÃO AMERICANOS. O
SENTIDO OBJETIVO NÃO VALE COM O SENTIDO DO DECLARANTE, NO ENTANTO SE A OUTRA PARTE SABE
QUE O VENDEDOR QUER DIZER DÓLARES CANADIANOS, SABE QUE ESSE É O SIGNIFICADO FIXADO, NÃO
IMPORTANDO QUE A EXPRESSÃO TENHA UM SIGNIFICADO OBJETIVO. VALE DE ACORDO COM O QUE O
DECLARANTE QUER. à SIGNIFICA QUE QUANDO SE PÕE UM PROBLEMA DE INTERPRETAÇÃO, COMEÇA-SE
PELO Nº2 236º ( O DECLARATÓRIO CONHECE A VONTADE REAL DO DECLARANTE OU NÃO? – SE SIM, FICA
LOGO ARRUMANDO/ SE NÃO, PASSA-SE PARA O Nº1 236º, SENTIDO OBJETIVO DA DECLARAÇÃO)

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- CASOS ESPECIAIS – QUANDO SE TEM UM PROBLEMA DE INTERPRETAÇÃO COMEÇA-SE PELO Nº2 DO


236º

• NEGÓCIOS FORMAIS – CORRESPONDÊNCIA MÍNIMA ENTRE O TEXTO E A FIXAÇÃO DA VONTADE


REAL OU A FIXAÇÃO DO SENTIDO OBJETIVO DA DECLARAÇÃO
§ Aqueles que devem obdecer a uma certa forma imposta pela lei
(normalmente forma escrita)
§ Se a lei exige que um certo contrato seja reduzido a escrito, exige também,
por razões de segurança, que o que está escrito é o que deve valer. O que
não se escreveu pode ter sido apenas por esquecimento, mas não vale
porque a lei exige documento escrito.
Nestes casos de documento escrito, a interpretação a que se chegar não
pode ser muito extravagante, tem que ter a mínima correspondência com
o texto do documento.
§ O sentido que se obtiver tem que estar minimamente contido no
documento, caso contrário não pode valer.
• CASO DUVIDOSOS (237º) – LIMITE DOS LIMITES
§ Se não se pode nem identificar através no nº1 do 236º nem pelo nº2, a
interpretação que se fez é de equivalência pelo 237º, valendo o mais
favorável ao oneroso, a quem impõe.
§ Perante aqueles casos que não se consegue fixar um sentido (nem pelo
236ºnº2), que não é possível identificar. A lei manda que se faça assim:
- Se o contrato for oneroso, deve buscar-se o melhor equilíbrio possível de
prestação (princípio da equivalência)
- Se o contrato for gratuito, quando uma das partes é que tem perda, a
interpretação deve fazer-se no sentido que for mais favorável àquele que
faz o sacrifício.
• TESTAMENTO (2187º)
§ O sentido extraído do art 2187º é a conclusão segundo a qual a
interpretação do testamento deve ser feita, no sentido que mais se
aproximar da vontade do testador.
§ É um negócio jurídico que tem como característica ser mortis causa, quando
se interpreta, o autor do testamento já não se encontra em vida, não
podendo recorrer à vontade real.
• CLÁUSULAS CONTRATUAIS GERAIS- FAZEM PARTE DO NEGÓCIO E SEJAM FRUTO DE UMA
NEGOCIAÇÃO àFORAM NEGOCIADAS ENTRE AS PARTES
§ Isto supõe que as partes têm o mesmo documento negocial. Quando assim
não seja, quando a parte que oferece o serviço ou bem esteja numa posição
negocial de maior força, é usual que essa parte imponha cláusulas que irão
ser incluídas no contrato (ex: serviços de telemóveis).
- A posição de domínio de uma das partes permite pré-estabelecer
cláusulas que depois hão-de ser incluídas no contrato, é disto que se tratam

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as cláusulas contratuais gerais, no sentido em que uma das partes dispõe


previamente de modo a incluir depois nos contratos
§ Na interpretação, como uma das partes domina a outra, tenta-se balançar
esse domínio dando poderes especiais à parte que se submete. Em caso de
dúvida da cláusula, vale o sentido que for mais equilibrado em favor do
aderente.
2. QUALIFICAÇÃO

- JUÍZO PRIMÁRIO: DE MAIOR OU MENOR PROXIMIDADE AO TIPO

- JUÍZO SECUNDÁRIO: DE SUBSUNÇÃO OU NÃO SUBSUNÇÃO AO TIPO

3. INTEGRAÇÃO

- Estamos no pressuposto de que existe um ponto omisso no negócio. As partes não


negociaram, não clausuraram sobre um certo aspeto que deviam ter clausulado. à ponto
omisso / lacuna

- O modo de preencher o ponto omisso está definido no art 239º

- Havendo norma supletiva, a norma legal aplica-as ao caso concreto.

- Não havendo norma supletiva:

• VONTADE CONJETURAL
àVONTADE QUE A PESSOA TERIA TIDO SE SOUBESSE DE ALGO QUE NAQUELE INSTANTE NÃO
SABIA
àVONTADE REFERIDA AO PASSADO, MAS UMA VONTADE CONDICIONAL
àEM FUNÇÃO DOS FACTOS DAQUILO QUE FOI CONTRATADO, SE AS PARTES TIVESSEM (EX:
PREVISTO O MODO DE PAGAMENTO) COMO É QUE TERIAM ESTIPULADO TAL PAGAMENTO?
àNÃO É VONTADE REAL, É UMA VONTADE PRESUMIDA
àÉ CONTRÁRIA AOS FACTOS
• REGRAS DE BOA-FÉ (OBJETIVA)
àA VONTADE CONJETURAL SERÁ SUBSTITUÍDA, NA INTEGRAÇÃO PELO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ
(239º) SEMPRE QUE: 1- SEJA IMPOSSÍVEL OBTER UMA SOLUÇÃO DE INTEGRAÇÃO ATRAVÉS DA
VONTADE CONJETURAL; 2- SEJA POSSÍVEL CONJETURAR MAS ESTA É CONTRÁRIA À BOA-FÉ.

A INTERPRETAÇÃO VARIA ENTRE:

àEXTREMA SUBJETIVISTA: ATENDE À VONTADE REAL

àEXTREMA OBJETIVISTA: ATENDE AO SENTIDO NORMAL DA DECLARAÇÃO

6. Conteúdo do Negócio

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- Regra: As partes podem clausular aquilo que entenderem dado que existe liberdade
contratual (405º)

- Limites: São limites gerais, também existem limites que variam de contrato para
contrato. Estes aplicam-se a todos os contratos, têm conteúdo indeterminado. (280º)

a) NÃO CONTRARIEDADE À LEI


- O CONTEÚDO DO NEGÓCIO NÃO PODE CONTRARIAR A LEI, NÃO ESTÁ EM CAUSA A VIOLAÇÃO
DIRETA DA LEI, SE ASSIM FOSSE O CONTRATO SERIA ILÍCITO. É NO SENTIDO DE QUE O NEGÓCIO
NÃO PODE SER UTILIZADO PARA FINS PROIBIDOS (UTILIZADO PELAS PARTES DE MANEIRAS QUE
A LEI NÃO ACEITA – EX: CASAMENTO)
b) INDETERMINABILIDADE
- A NORMA É DE CONTEÚDO INDETERMINADO, NÃO PODE SER ASSUMIDA
c) IMPOSSIBILIDADE LEGAL OU FÍSICA
- FÍSICA: OBRIGAÇÕES EMERGENTES SÃO IRREALIZÁVEIS PORQUE ULTRAPASSAM A CAPACIDADE
HUMANA / LEGAL: COMPRAR O JARDIM DA ESTRELA, NÃO SE PODE, POIS A NÍVEL LEGAL
TRATA-SE DE UM BEM FORA DO COMÉRCIO
d) CONTRARIEDADE À ORDEM PÚBLICA
- ORDEM PÚBLICA = CONJUNTO DE PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PRIVADO QUE
SÃO AS BASES DO SISTEMA
e) CONTRARIEDADE AOS BONS COSTUMES
- BONS COSTUMES = REGRAS MORAIS ELEMENTARES

CONTEÚDO TÍPICO DOS NEGÓCIOS

1. CONDIÇÃO E TERMO

Existem cláusulas típicas que se podem incluir no contrato, que são tão comuns que a
própria lei lhes deu tratamento. Estas cláusulas tratam-se da condição e do termo.

São cláusulas muito próprias uma da outra, são de realidades diferentes mas muito
próximas.

São cláusulas que supõem que os efeitos do negócio ficam dependentes de


acontecimentos futuros. (Exemplo: A vendeu um imóvel a B, mas estabelece que
enquanto B não pagasse a totalidade do preço, o imóvel continuaria a pertencer ao
A)

à Condição: Consiste num facto futuro, de verificação/de ocorrência INCERTA (270º


e ss)

àTermo: Consiste num facto futuro de verificação/ ocorrência CERTA

Não constituem condição nem termos:

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àAs cláusulas que resultem diretamente da lei (Ex: 66ºnº2 – começo de


personalidade).

àAs cláusulas que não são dotadas de eficácia automática, ou seja, a condição e o
termo têm de interferir automaticamente nos efeitos do negócio = quando
verificados façam com quem os efeitos pendentes se produzam automaticamente ou
cessem automaticamente.

- Se for necessária uma nova declaração de vontade, não estamos perante


condição ou termo, mas sim outro facto qualquer

- Exemplo: Se num contrato sinalagmático uma das partes não cumpre, a outra tem
direito de resolver o contrato (801ºnº2). O direito de resolver o contrato não é muito
distinto de uma condição resolutiva, acontece que não com o direito de resolver não
basta que ocorra o não cumprimento de uma das partes para que o contrato cesse os
seus efeitos, é necessário que o credor queira resolver o contrato. Se se tratasse de
uma condição a cessação/resolução do contrato seria automática mal se verifica-se o
não cumprimento, não necessitando de uma declaração de vontade.

àCondições ilícitas (271º) – Ex: Venda do terreno com cláusula para apenas feiras -
são inadmissíveis.

àHá negócios puros: não pode ter condições

SE ESTES 4 REQUISITOS ESTIVEREM PREENCHIDOS, A CONDIÇÃO É PRÓPRIA OU O TERMO É


PRÓPRIO.

*SE ASSIM NÃO FOR, ESTAMOS PERANTE CONDIÇÃO IMPRÓPRIA OU TERMO IMPRÓPRIO

SUSPENSIVA – paralisa os efeitos, até estar


verificada

RESOLUTIVA – cessa os efeitos

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Ambas, quando verificadas, têm eficácia retroativa.

Relativamente à verificação da condição/termo, esta interfere com os efeitos enquanto se está à espera da
verificação.

Estando o negócio em pendência, isto é, entre a data que é celebrado o negócio e que verificação se verifica. É
período transitório e instável. A parte que está em espera é titular de uma expetativa jurídica (expetativa com
tutela).

Aquando este período, as partes devem atuar segundo a boa-fé (272º), a parte titular de expetativa pode praticar
atos conservatórios tendo em vista proteger a sua aquisição (273º) e pode também praticar atos de disposição –
vender, doar, etc.. – apesar do objeto em rigor não lhe pertencer (274º)

Os atos praticados na pendência são válidos mas ficam dependentes.

Quando cessa o período de pendência?

àCom a verificação da condição

àQuando a condição não se verifica, mas há certeza de que não se irá verificar = contrato fica sem efeito (275º)

dependendo da natureza da condição Se a condição é suspensiva e se verifica, produzem-


se os efeitos que estavam paralisados

Se a condição é
Se a condição é suspensiva e não se verifica ou
resolutiva e não se
verifica ou há certeza da certeza da não verificação, tudo se passa como se o
não verificação, tudo se negócio nunca tivesse sido celebrado
não houvesse condição ,
como se nunca tivesse
sido celebrada qualquer Se a condição é resolutiva e se verifica,
condição. Negócio
destroem-se os efeitos (resolvem-se)
mantém os seus efeitos

Exemplo: A vende imóvel ,sobre condição do pagamento do preço a B que será proprietário
quando o preço estiver pago. B vende a C, sendo válido fazê-lo, pois B vende o imóvel como
expetativa de aquisição (como coisa futura). à A venda em si é válida mas não é eficaz. C torna-se
também titular de expetativa, esta expetativa desaparece quando a condição entre A e B se
verificar que, consequentemente torna a venda a C eficaz.

àVerificação da Condição

- 276º -Verificada a condição, os efeitos produzem-se ou destroem-se


retroativamente.

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- Se a condição for suspensiva: faz com que os efeitos do negócio se produzam


desde a data da celebração do negócio

- Se a condição for resolutiva: faz com que os efeitos cessem, não só para o futuro
mas também para o passado

- EXCEÇÕES À RETROATIVIDADE

1) Nos contratos em que a prestação de uma das partes deve fazer-


se continuamente (não podendo parar) à condição resolutiva
apenas para o futuro e não para o passado (Ex: serviço de água,
eletrecidade)
2) Atos de administração praticados pela parte que exerceu o direito
na pendência da condição (Ex: arrendamento)
3) Aquisição de frutos (rendimentos) pela parte que exerce o direito
2. MODO
- Cláusula típica dos negócios que sejam liberalidades (negócios gratuitos) cuja
finalidade consista em enriquecer uma parte à custa da outra
- Finalidade geral é diminuir o alcance de enriquecimento à uma parte enriquece
a outra, mas ao impor esta cláusula, limita o alcance do enriquecimento (Ex:
doação e testamento)
- A cláusula obriga, não suspende nem resolve.
- 960º+961º
- Estipulação típica dos negócios gratuitos através da qual o beneficiário da
liberalidade é onerado com uma obrigação que constitui, todavia, a contrapartida
de atribuição patrimonial gratuita
- Em caso de falta de cumprimento
a) O autor da liberalidade, como os seus herdeiros, como qualquer
interessado pode exigir o cumprimento. Só aquele que beneficia do
encargo é que tem legitimidade para exigir o pagamento.
b) Se tal estiver previsto na liberalidade, tanto o seu autor, como os seus
herdeiros, podem resolvê-la
3. CLÁUSULAS CONTRATUAIS GERAIS
- 446º - Aquelas que estão pré-elaboradas por uma parte antes de serem
incluídas em futuros contratos massificados OU em futuros contratos
individualizados
-Requisitos gerais de inclusão: comunicação integral e atempada + informação
- Os contratos que saem daqui são contratos de adesão
- Há sempre o risco de aquele que pré-elabora ajustar as cláusulas que lhe
convêm exclusivamente e estas prejudiquem o futuro aderente.
-Estas são inadmissíveis se:

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àquando integradas em contrato singular forem nulas (art12º) por


contrariedade à boa-fé ou por serem absoluta ou relativamente proibidas por lei
nas relações entre não consumidores / nas relações com consumidores
àforem proibidas por decisão judicial, em ação inibitória (art25º)

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7. Faltas de Vontade
- Aquelas hipóteses em que o declarante, não manifesta qualquer vontade (de
todo) OU manifestou uma vontade que juridicamente é irrelevante.
- A vontade não existe, não é juridicamente atendida
- 245º + 246º
a. Coação Física
-Em geral, quando uma pessoa (o coator) utiliza outra pessoa como
instrumento da sua vontade. O coagido em rigor não é uma pessoa mas
sim um objeto.
-Exemplo: Se A empurra B contra uma montra e, devido a isso o B destrói a
montra, em rigor o B é o objeto, e não pode ser responsabilizado pelos
danos. ( B = coagido / A = Coator )
-Exemplo: Alguém pega no braço de alguém para assinar uma escritura
- Aqui o que importa é que o coagido esteja a ser utilizado como um objeto.
Não importa se seja através de força física.
- O coagido não tem de todo uma vontade.
- A coação física implica que, não exista negócio jurídico. Isto diferencia-se
da invalidade do negócio, porque mesmo que esteja anulado ou seja nulo,
o negócio existe juridicamente. Um negócio inexistente não é sequer
considerado.
b. Falta de Consciência da Declaração
- A pessoa tem vontade e atua nesse sentido, mas a vontade que a pessoa
declara é juridicamente irrelevante porque a pessoa não tem noção daquilo
que está a declarar e do seu sentido jurídico.
-Exemplo: Num leilão hasta pública, está convencionado que quando uma
pessoa levanta o braço, isso significa que aceita. Na hipótese que se
apresentou em tribunal a pessoa de facto levantou o braço mas para dizer
olá a um conhecido. Quem estava a dirigir o leilão entendeu aquilo como
aceitação, só depois é que se percebe que há um erro.
Provando-se que a pessoa não tinha intenção de comprar (muito difícil de
provar), entende-se que não há negócio porque não está acabado, falta
uma declaração. Há declaração mas com falta de consciência que aquilo
vale como declaração. Em rigor não há negócio.
Conclusão à art246º, aplica-se a regra da inexistência do negócio
- É preciso saber se a falta de consciência é imputável a falta de cuidado ou
não. Uma coisa é a pessoa não ter consciência de que o gesto que pratica
tem significado, outra coisa é fazer isto mas por falta de cuidado (culpa – se
assim for responde pelos danos)
c. Declaração Não Séria

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-Há declarações em que em aparência são iguais a declarações feitas para


valer juridicamente, no entanto no contexto em que são realizadas permite
tirar a ilação de que a finalidade não é essa.
-Exemplo: Se num filme 2 pessoas celebram um casamento, para ser
convincente, a cena que passa no filme é igual a um casamento real mas a
evidentemente que a cena não vale.
-Aquela que é feita com aparência jurídica mas sem pretensão de efeitos
jurídicos e, desde que essa pretensão seja patente (que se perceba
externamente mas que não há pretensão desse efeito)

245º- A declaração embora, aparentemente, feita com intuito de ter


efeitos jurídicos, embora sendo juridicamente convincente, é feita num
contexto em que manifestamente não se querem os efeitos

- Consequência à Não há efeitos jurídicos, o ato juridicamente irrelevante

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8. Vícios da Vontade
- São aquelas situações em que existe uma vontade, essa vontade é juridicamente
relevante mas na sua formação ocorreram defeitos que impedem que a vontade
esteja perfeitamente formada
- A vontade existe mas tem deficiências
- Em rigor, a vontade existe só que na respetiva formação, designadamente na
motivação alguma deficiência ocorreu e impede que se possa entender que a
vontade é juridicamente atendida
- Trata-se de situações em que existe uma vontade que foi declarada, mas essa
vontade não teria sido declarada como foi se não houvesse erro ou medo. Para
descobrir se há um vício de vontade é preciso comparar a vontade que realmente
existiu (a declarada) com a vontade que se presume que a pessoa teria tido se não
houvesse erro ou medo.
-Exemplo: A comprou um terreno, julgando que servia para construção quando de
facto não servia e, descobre isso depois. Ele declarou comprar, não foi coagido. A
questão que se coloca é que se A soubesse que o terreno que declarou comprar
não servia, no final de contas, o teria comprado? à 251º erro – erro vício – erro na
formação da vontade
- Podem ser de 2 espécies:
a) ERRO
- DESCONHECIMENTO DA REALIDADE OU MÁ REPRESENTAÇÃO DA MESMA
- A PESSOA QUE ESTÁ EM ERRO TERÁ O DIREITO DE ANULAR O NEGÓCIO COM
FUNDAMENTO EM ERRO, E ESTE DIREITO É CONCEDIDO EM FUNÇÃO DA ESPÉCIE DE ERRO

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o ESPONTÂNEO (ERRO-VÍCIO) – A DIFERENÇA ENTRE ELES RESULTA DA REALIDADE A


QUE SE REFEREM
O art 251º remete para o 247º, isto
1) SOBRE O OBJETO
apenas para os requisitos de anulação.
àAQUELE QUE INCIDE SOBRE AS QUALIDADES DO OBJETO
Essencialidade àA pessoa que está em
àO OBJETO PODE SER IMEDIATO OU MEDIATO
erro tem que provar que se tivesse
sabido quando fez o negócio que está
em erro (que a realidade não
corresponde à sua representação) não
o teria concluído, ou não teria feito o
negócio naquela situação.
Bem ao qual a
Constituído pelos direitos e
No exemplo da doação, era essencial relação se refere
obrigações que resultam da
para o doador que B fosse filho de C,
relação jurídica
se A soubesse que não era, não tinha
feito.
à NO ÚLTIMO EXEMPLO, A RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE COMPRADOR-
Cognoscibilidade àO declarante tem VENDEDOR, O OBJETO IMEDIATO É O CONJUNTO DE DIREITOS E DEVERES
que provar que para o declaratório o
QUE RESULTAM DA PRÓPRIA COMPRA E VENDA. O OBJETO MEDIATO É O
conhecimento da essencialidade foi
obtido, ou seja, tem que provar que o TERRENO
declaratório sabia, ou pelo menos 2) SOBRE A PESSOA DO DECLARATÓRIO
devia ter sabido que aquele aspeto (
sobre o qual o erro era um aspeto
àDÁ-SE QUANDO O DECLARANTE (QUEM ESTÁ EM ERRO) SE ENGANOU
essencial) SOBRE AS QUALIDADES DA OUTRA PARTE
àEXEMPLO: A FAZ UMA DOAÇÃO AO B PORQUE JULGA QUE B É FILHO DO
No caso da doação, se A conseguir
provar que o conhecimento foi obtido SEU GRANDE AMIGO C, DEPOIS DESCOBRE QUE NÃO É, SE O ERRO FOR
ou devia ter sido. Se C sabia e tinha o SOBRE OUTRA PESSOA QUALQUER JÁ NÃO SE APLICA
dever de informar e se não informou,
há dolo.
àUMA COISA É HAVER ERRO, OUTRA COISA É QUE ESSE ERRO TENHA
RELEVÂNCIA. GERALMENTE, NÃO TEM RELEVÂNCIA MAS EXISTEM
SITUAÇÕES EXCECIONAIS EM QUE O ERRO PODE SER INVOCADO PAR
ANULAR.

3) SOBRE A BASE DO NEGÓCIO (252ºNº2)


- O QUE ESTÁ EM CAUSA É UM ERRO NA REPRESENTAÇÃO DE REALIDADES
QUE FAZEM PARTE DA BASE DO NEGÓCIO (CONJUNTO DE
CIRCUNSTÂNCIAS PATENTEMENTE FUNDAMENTAIS)
- 237º - ALTERAÇÃO SUPERVENIENTE DA BASE DO NEGÓCIO
- EXEMPLO: PARA ASSISTIR À COROAÇÃO DE 1 REI, HOUVE PESSOAS QUE
PAGARAM PARA TER ACESSO A JANELAS/VARANDAS DE OUTROS. OS
DONOS COBRARAM DINHEIRO PARA AS PESSOAS TEREM ACESSO. OS
CONTRATOS FORAM FEITOS.
MAS, MESMO EM CIMA DA HORA, O CORTEJO FOI CANCELADO, OS
ARRENDAMENTOS FICARAM SEM RAZÃO DE SER. NÃO FAZ SENTIDO QUE
OS ARRENDATÁRIOS TENHAM QUE PAGAR RENDA PARA OCUPAR UM
LUGAR QUE NÃO LHES INTERESSA.

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TRATA-SE DE UM CASO DE ALTERAÇÃO SUPERVENIENTE (237º), ISTO


PORQUE QUANDO AS PESSOAS TOMARAM DE ARRENDAMENTO FIZERAM-
NO NO PRESSUPOSTO DE QUE NA ALTURA CORRESPONDIA À REALIDADE,
APÓS OS ARRENDAMENTOS SEREM CELEBRADOS É QUE OCORREU O
CANCELAMENTO. AS CIRCUNSTÂNCIAS PATENTEMENTE FUNDAMENTAIS
QUE RODEARAM A CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO SOFRERAM UMA
ALTERAÇÃO APÓS A SUA CELEBRAÇÃO.
SÃO CIRCUNSTÂNCIAS PATENTEMENTE FUNDAMENTAIS PORQUE É
PATENTEMENTE FUNDAMENTAL A REALIZAÇÃO DO CORTEJO, A RAZÃO DE
ARRENDAMENTO ERA SÓ ESTA.
AS CDF ESTAVAM PRESENTES E ERAM CONHECIDOS NO MOMENTO EM
QUE FORAM CELEBRADOS OS CONTRATOS, SÓ DEPOIS DE CELEBRADOS É
QUE ACONTECEU ALGO QUE IMPLICOU O CANCELAMENTO DO CORTEJO E,
CONSEQUENTEMENTE IMPLICOU QUE OS CONTRATOS PERDESSEM
SENTIDO.
NA HIPÓTESE DO ART252Nº2, NÃO É ISTO QUE ESTÁ PREVISTO ISTO
PORQUE, NINGUÉM ESTÁ EM ERRO PARA O FUTURO, PARA O FUTURO HÁ
IMPREVISÃO. PARA SER ERRO REFERE-SE AO PRESENTE E AO PASSADO.

- O NEGÓCIO QUE SOFRA DESTE VÍCIO NÃO SE PODE CONSIDERAR NULO


OU ANULADO (437º). ESTA HIPÓTESE PODE-SE RESOLVER OU MODIFICAR.

- REQUISITOS à VIOLAÇÃO MANIFESTA DO PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA


- HAVENDO ALTERAÇÃO SUPERVENIENTE DA BASE (437º), O NEGÓCIO PODE
SER RESOLVIDO SE ESSA ALTERAÇÃO IMPLICAR QUE A EXCEÇÃO DO CONTRATO
VICIE MANIFESTAMENTE O PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA (251º)

4) SOBRE OS MOTIVOS EM GERAL


- O ERRO VÍCIO É SEMPRE SOBRE OS MOTIVOS. AQUI É EM GERAL, ESTE
ERRO DEFINE-SE POR EXCLUSÃO DE PARTES.
- EXEMPLO: UMA PESSOA DOA O SEU CARRO PORQUE RECEBEU UNS
EXAMES MÉDICOS A DIZER QUE IA MORRER. DEPOIS DE FEITA A DOAÇÃO
DESCOBRE QUE OS EXAMES ESTAVAM ERRADOS. ART251º, NÃO SE APLICA
PORQUE NÃO É SOBRE A PESSOA DO DECLARATÓRIO, POR ISSO É SOBRE
OS MOTIVOS EM GERAL.
-SE JÁ É DIFÍCIL A ANULAÇÃO DAS OUTRAS HIPÓTESES, AQUI AS REGRAS
SÃO AINDA MAS. à REQUISITOS: ESSENCIALIDADE E QUE A OUTRA PARTE
ACEITOU (EXPRESSA OU TACITAMENTE) QUE O MOTIVO FOI O QUE LEVOU
À CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO

o PROVOCADO POR DOLO


- 253º - O DOLO SÓ TEM RELEVÂNCIA NO PRESSUPOSTO DE QUE CAUSA ERRO

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- O DOLO PODE SER LÍCITO OU ILÍCITO, SÓ TEM RELEVÂNCIA O DOLO ILÍCITO E ISTO
SUCEDE QUANDO:
àO DECLARATÓRIO OU 3º TÊM INTENÇÃO DE ENGANAR O DECLARANTE, DE
CRIAR ERRO NA MOTIVAÇÃO DO DECLARANTE
àA INTENÇÃO DE ENGANAR PODE SER CRIADA ENGANANDO UM ARTÍFICE
QUALQUER QUE NÃO CORRESPONDE À REALIDADE OU PODE CONSISTIR NA
DISSIMULAÇÃO DE ERRO DO DECLARANTE.
- O DOLO PODE SER ATIVO, QUANDO A INTENÇÃO DE ENGANAR SE MANIFESTA
CRIANDO UMA APARÊNCIA QUE NÃO CORRESPONDE À REALIDADE (EX: AQUELE QUE
FALSIFICA UM QUADRO E VENDE COMO SE FOSSE ORIGINAL); ESTE É CENSURÁVEL
SÓ POR SI, É SUFICIENTE PARA QUE O NEGÓCIO POSSA SER ANULÁVEL.
- O DOLO PODE SER OMISSIVO, CONSISTE EM NÃO ESCLARECER O DECLARANTE
DEIXANDO QUE ESTE OCORRA EM ERRO OU PERMANEÇA EM ERRO, O QUE ESTÁ EM
CAUSA É A FALTA DE INFORMAÇÃO; ESTAMOS PERANTE UMA SITUAÇÃO EM QUE O
DECLARATÓRIO OU 3º NÃO DERAM INFORMAÇÃO, PARA QUE ESTA FALTA DE
INFORMAÇÃO SEJA DOLOSA SUPÕE-SE QUE EXISTA O DEVER DE ESCLARECER. (EM
DIREITO, EM PRINCÍPIO, A OMISSÃO NÃO É ILÍCITA). O DOLO OMISSIVO SÓ PERMITE
A ANULAÇÃO QUANDO SE CONSIGA PROVAR QUE EXISTIA UM DEVER DE
ESCLARECER E QUE ESSE DEVER NÃO FOI CUMPRIDO. à POR EXISTIR DOLO, NÃO É
CAUSA SUFICIENTE PARA SE JUSTIFICAR A ANULAÇÃO NO NEGÓCIO, PARA TER
RELEVÂNCIA, DO PONTO DE VISTA NEGOCIAL, O DOLO TEM DE PROVOCAR O ERRO.
(O DOLO TEM DE PROVOCAR O ERRO – O ERRO TEM DE SER A CAUSA DO NEGÓCIO,
DESTE MODO O DOLO É CAUSA DE ANULAÇÃO (254º)
- DE ACORDO COM O Nº2ART253º, SÓ HÁ DEVER DE ESCLARECER EM 3 HIPÓTESES,
SENDO ESTAS:
1) QUANDO A LEI IMPONHA ESSE DEVER DE ESCLARECIMENTO;
2) QUANDO ESSE DEVER RESULTA DE NEGÓCIO JURÍDICO;
3) QUANDO RESULTE DOS PRÁTICOS USUAIS DO COMÉRCIO JURÍDICO
(REMETE PARA BOA-FÉ DO 227º)
- O DEVER DE INFORMAÇÃO DE 3º NÃO FUNCIONA COM O 227º, MESMO QUE SE
PROVE O DOLO ISSO NÃO É MOTIVO DE ANULAÇÃO, É PRECISO PROVAR AINDA QUE
O DECLARATÓRIO SABIA OU TINHA QUE SABER QUE O 3º UTILIZA O DOLO. O
DECLARANTE PODE PEDIR RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS CAUSADOS, MAS O
CONTRATO MANTÉM-SE.
b) MEDO
- FALTA OU DIMINUIÇÃO DA LIBERDADE DE MOTIVAÇÃO POR CAUSA DE COAÇÃO
MORAL OU SITUAÇÃO DE NECESSIDADE
- É NO SENTIDO DE AMEAÇA QUE SE RECEIA QUE SE POSSA CONCRETIZAR
- NÃO REVELA MEDO PSICOLÓGICO, O MEDO PODE SURGIR POR DIVERSAS RAZÕES
(RAZÕES IMPUTÁVEIS AO PRÓPRIO / À NATUREZA / A OUTRA PESSOA), SÓ NA HIPÓTESE
DE MEDO IMPUTÁVEL A OUTRA PESSOA É QUE É MEDO PARA ESTE EFEITO.

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- O MEDO É FRUTO DE COAÇÃO MORAL (225º)


- O MEDO SÓ POR SI NÃO É CAUSA DE ANULAÇÃO, SÓ O É QUANDO TENHA SIDO
PROVOCADO POR OUTRA PESSOA
o REQUISITOS PARA COAÇÃO MORAL:
1) SUPÕE-SE QUE EXISTA A AMEAÇA DE UM MAL – O DECLARATÓRIO OU 3º
AMEAÇAM O DECLARANTE DE UM MAL, DE QUE ESSE MAL SE IRÁ
CONCRETIZAR
2) SUPÕE-SE QUE ESSE MAL SEJA CONCRETIZÁVEL – ESTAMOS NO
PRESSUPOSTO DE QUE O MAL É ILÍCITO
3) SUPÕE-SE QUE A AMEAÇA SEJA ILÍCITA – SE ALGUÉM AMEAÇAR A OUTRA
PARTE DE RECORRER A TRIBUNAL POR ESSA PARTE NÃO CUMPRIR O
CONTRATO, ESSA AMEAÇA É LÍCITA POIS ESTÁ LEGITIMADA POR LEI, AQUI
NÃO HÁ COAÇÃO MORAL MESMO QUE A PESSOA TENHA MEDO E QUE
TENHA FEITO O NEGÓCIO POR MEDO.
EM MUITAS SITUAÇÕES, A PESSOA PODE TER SENTIDO MEDO MAS AINDA
ASSIM ESSE MEDO NÃO É RELEVANTE PORQUE NÃO HÁ COAÇÃO = A LEI
CONSIDERA OUTRA HIPÓTESE, O TEMOR REVERENCIAL (255ºNº3)

Surge quando alguém faz um negócio jurídico com receio de


desagradar outra pessoa de quem depende (Ex: trabalhador em
relação à entidade patronal) NÃO PERMITE A ANULAÇÃO DO
NEGÓCIO

4) COM FIM A FORÇAR UMA DECLARAÇÃO – A IDEIA DE DUPLA CAUSALIDADE


MANTÉM-SE. (COAÇÃO MORALàMEDOàNEGÓCIO) PODE DAR-SE O
CASO DE HAVER MEDO E, AINDA ASSIM PROVAR-SE QUE A PESSOA TERIA
CELEBRADO NA MESMA O NEGÓCIO, SENDO ASSIM O NEGÓCIO MANTÉM-
SE.

- O MEDO PODE TER RELEVÂNCIA NOS TERMOS DO NEGÓCIO USUÁRIO (282º),


PRESSUPÕE QUE ALGUÉM NUMA SITUAÇÃO DE NECESSIDADE OU DE MEDO CELEBRE UM
NEGÓCIO COM OUTRA PESSOA, TENDO ESTA OUTRA PESSOA CONHECIMENTO DESSA
SITUAÇÃO DE NECESSIDADE OU DE MEDO E APROVEITANDO-SE DESSA SITUAÇÃO PARA
TIRAR BENEFÍCIOS INJUSTIFICADOS.

PODE SURGIR POR APROVEITAMENTO DE UMA SITUAÇÃO DE MEDO OU NÃO, MAS


MESMO QUANDO É COM BASE EM MEDO, ESSE MEDO NÃO É CRIADO POR AQUILO QUE
SE APROVEITA. à REQUISITO: AQUELE QUE APROVEITA TIRA BENEFÍCIOS EXCESSIVOS

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- A COAÇÃO CONDUZ SEMPRE À ANULABILIDADE, O NEGÓCIO USUÁRIO TAMBÉM


CONDUZ À ANULABILIDADE.

Ao lado da anulação permite-se a modificação,


isto porque como o problema é o desequilíbrio
nas prestações (aquele que se aproveita tem
benefício excessivo) será possível manter o
Pode ser proveniente do coator ou de 3º (em
qualquer dos casos é anulável), só que a coação negócio desde que, se modifiquem as suas
que seja proveniente de 3º para obter anulação cláusulas de maneira a obter o equilíbrio que
não existia
é preciso acrescentar que o tal mal seja
ameaçado seja um mal grave

COAÇAO FÍSICA / COAÇÃO MORAL

NÃO HÁ ALTERNATIVA, O O COAGIDO TEM OPÇÃO POR


COAGIDO ÉUSADO COMO OBJETO, MUITO MAU QUE SEJA O MAL. SE
NÃO TEM QUALQUER ALGUÉM APONTAR UMA PISTOLA
ALTERNATIVA A ALGUÉM PARA CELEBRAR UM
CONTRATO, TRATA-SE DE
COAÇÃO MORAL POIS O
COAGIDO TEM OPÇÃO

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9. Vícios da Declaração
- São situações em que a vontade está formada, existe, mas na sua manifestação
existe uma deficiência qualquer.
- Tem 2 tipos, sendo estes:
o Intencionais (logo enganosas)àQuando alguém declara o que
realmente não quer com intenção de aparentar uma vontade que
realmente não tem
1. SIMULAÇÃO (240º):
v Divergência entre a vontade e a declaração intencional e
bilateral – supõe um acordo entre o declarante e o
declaratório, no sentido de ambos declararem aquilo que
realmente não querem) – com o objetivo de enganar 3ºs –
no sentido de criar uma aparência que não corresponde à
realidade)
v Exemplo: C é credor de A por 100.000e. A não cumpre. A
para tentar evitar que lhe penhorem os bens valiosos (ex:
imóvel) vende este imóvel a B (um amigo). O B declara que
paga os 100.000e (+/-) mas nenhum nem outro querem
aquilo. Querem fazer a compra e venda simuladamente. Só
o A e o B é que sabem disso, A só quer pôr o bem no nome
de outra pessoa para não lhe penhorarem o bem.
• Absoluta – Quando os simuladores apenas pretendem o
negócio simulado; Não pretendem outros efeitos (exemplo
acima)
Quando assim seja e se não se prova a simulação, o negócio
simulado persiste. Se se prova a simulação, o que acontece é
que o negócio é NULO, mais nada para além disso.
• Relativa – Quando os simuladores querem o negócio simulado,
mas sobretudo o negócio dissimulado (o negócio escondido)
Provando-se que houve simulação, prova-se que as partes
declararam algo que não queriam é igual, o negócio simulado é
NULO.
Problema à Saber se o negócio dissimulado vale ou não vale?
- Para se manter é necessário, que seja válido (241º),
- O negócio dissimulado deve ser apreciado como se não
houvesse simulação (deve determinar-se se cumpriu as
respetivas regras de validade ou não)
-Provando que existe simulação, o facto de o negócio
simulado ser NULO não implica que o dissimulado também seja.
Isto não quer dizer que seja válido, mas não se exclui essa
possibilidade.

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Exemplo: A fez doação de um bem ao filho C


, provando-se que isto não foi assim – A não fez doação mas sim
compra e venda. Prova-se que isto não vale (240ºnº2), temos
então de ver se a compra e venda vale ou não.
Normalmente não é, mas não é por causa disso. Neste caso, a
validade do negócio depende do outro filho, como
aparentemente foi feita uma doação, não foi obtido o
consentimento do outro filho (877º). Se não foi dado o
consentimento, o negócio dissimulado é nulo.
A simulação relativa pode ser:

o Objetiva – Total – quando o que se simula é o conteúdo do negócio


(doação + compra e venda)
o Relativa – Parcial – quando a simulação é de pessoas, o que está a ser
simulado são a interveniente à interposição fictícia de pessoas que é
diferente de interposição real (preços)

Negócio Dissimulado Formal


àExemplo: Um pai quer vender um imóvel a um filho A sem
consentimento de outro filho B e, portanto combina com o filho A uma
doação (negócio simulado) quando o que realmente querem é uma
compra e venda (negócio dissimulado).
Se o negócio dissimulado está a ser bem dissimulado não tem
documentação. Portanto só há escritura do negócio simulado.
Descobrindo o negócio simulado este fica nulo, mas isso não implica
que o negócio dissimulado seja nulo também, a esse aplica-se as regras
próprias do regime dissimulado. Segundo a lei, a doação de bens tem
de ser feita por escritura pública ou documento autenticado (947º) tal
como é a compra e venda (875º).
Quando o negócio dissimulado não exija forma solene (segundo a lei),
quando basta apenas um documento particular, não é impossível, na
prática, que exista um documento para o simulado e um documento
para o dissimulado.
Nº2 do art 241º à o negócio dissimulado só é válido se observar a forma
exigida por lei (doc. autenticado); Este artigo interpretado à letra, em
rigor, é o mesmo que dizer que o negócio dissimulado, sempre que a
lei exija forma solene é inválido. Logo à partida, o negócio porque o
negócio está escondido, não faz sentido que se faça uma escritura
pública da simulação e da dissimulação.
O que importa é que haja documento escrito com o nome escritura
pública. à se aquilo que se apresenta entre 3ºs é uma doação, o que
está na escritura é uma doação + quando se prova que há simulação

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aproveita-se o documento escrito que dá conteúdo à doação (não


pretendida) para dar forma à compra e venda.

NOTA: diferença entre simulação fraudulenta e inocente à Fraudulenta = quando os simuladores têm o propósito de
prejudicar 3ºs, causar danos / Inocente = apenas cria a aparência de algo que não corresponde à realidade sem que haja o
intuito de prejudicar.

De modo geral, é irrelevante ser fraudulenta ou inocente, apenas tem relevância no n2 do art 242º ( simulação mesmo sendo
fraudulenta pode ser invocada pelos simuladores)

Regime de Invocação da Simulação

ü O negócio simulado é nulo (240ºnº2), tanto faz se a simulação é absoluta ou


relativa, o simulado é sempre nulo. Na simulação relativa, o negócio
dissimulado só é nulo se não for válido.
ü O regime de nulidade, em geral, está previsto no art.286ºCC – pode ser
invocado por qualquer interessado ( 243º - Estabelece uma exceção, os
simuladores não podem provocar a nulidade proveniente de simulação contra
3º de boa fé ) e pode ser invocada pelos próprios simuladores entre si ( 242º
nº 1 ) e perante 3ºs.
- Exemplo: Venda simulada para tentar escapar ao credor. C é o credor de
A e, para tentar que C não penhore o seu imóvel, A faz venda simulada com
B desse imóvel. B abusando do que estava combinado, vende o imóvel a D.
Se D estiver de má fé não adquire direitos, provando-se simulação o B está
a vender algo que não é dele, não provando simulação B é proprietário.
Se D estiver de boa fé, isto não torna válida a CV de B e D, continua a ser
bem alheio mas A e B não podem invocar a simulação contra D (243º nº1)
e, portanto não podem invocar a nulidade proveniente da simulação.
C, não sendo simulador, não está abrangido, o C ou outro qualquer 3º
interessado têm legitimidade de pedir nulidade. à Isto implica que a venda
B e D, serve como defesa apenas perante os simuladores, se ninguém pedir
a nulidade, pode ser que D se consiga manter naquela situação durante o
tempo suficiente para aplicar o 291º, que dá proteção total.
Pode dar-se o caso que um 3º de má fé peça nulidade, em cumplicidade
com um dos simuladores – A dá de arrendamento ao E aquilo que tinha
simuladamente vendido a B. Isto já é feito de maneira que o E vai invocar a
nulidade contra D. Para todos os efeitos o E não é simulador, é um 3º tendo
assim legitimidade para invocar a nulidade à será muito difícil de provar a
má fé de E, mas se porventura demonstrar que o E está em cumplicidade
com A, considera-se que o 3º de má fé fica equiparado ao simulador, não
podendo invocar a nulidade.
2. RESERVA MENTAL – 244º CC

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v Divergência entre a vontade real e a declarada, esta é


propositadamente adquirida pelo declarante mas na
suposição de que a outra parte não conhece.
v Intencional e unilateral.
v Consiste em alguém declarar uma coisa que na verdade não
quer com o intuito de criar uma aparência ao declaratório
do que realmente não se pretende.
• Absoluta – Alguém diz que quer comprar um automóvel mas
realmente não quer nada ( não quer o que declara ).
• Relativa – Diz que quer comprar um automóvel quando na
realidade quer comprar outro ( não quer o que declara mas
realmente quer outra coisa ).

O que importa saber é se o declaratório conhece ou não a reserva.

- Se não sabe, a declaração não prejudica a validade. à Se se consegue provar que o declarante estava sob reserva
quando comprou isso não tem significado nenhum.

- Se sabe, o art 244º diz que nessa hipótese se aplica as regras de simulação ( o negócio é nulo ).

- Pode dar-se o caso de ambas as partes estarem sob reserva (Exemplo: O que diz que quer o automóvel realmente
não quer comprar e o que diz que quer vender realmente não quer) à Não há simulação porque não há um acordo
no sentido de isto ter este aspeto. Conseguindo-se provar, é inválido, nulo porque nenhum dos dois merece
proteção.

o Não Intencionais àQuando se declara, pode suceder que, a pessoa


(declarante) declare algo que não quer sem intenção disso (por erro).
1. ERRO NA DECLARAÇÃO (erro obstáculo) – 247º
• O que se supõe é que alguém declara algo que não
corresponde à sua vontade mas por engano.
• Exemplo: A envia uma proposta a B querendo dizer que
vende por 5.000eu mas engana-se na escrita e diz que
quer 500eu.
• Consequências: Tem que se provar que para o
declarante era essencial que aquele elemento sobre o
qual incidiu o erro correspondesse à realidade e que a
outra parte tinha conhecimento ou devia ter tido
conhecimento disso (ESSENCIALIDADE E
COGNOSCIBILIDADE) + Retificação (249º) – É preciso
saber se o erro é patente (se a existência do erro se
percebe logo a partir do contexto da declaração,
conduzindo à retificação) ou não é patente (se a
existência do erro não é conhecida e a pessoa se não for
à anulação fica vinculada por um negócio que não quer,

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conduzindo à anulação, desde que estejam presentes os


requisitos da essencialidade e cognoscibilidade).
2. ERRO NA TRANSMISSÃO – 250º
• Pressupõe que o declarante tenha recorrido a um núncio
para fazer a declaração. à Núncio = pessoa que
representa o autor da declaração, parecido com o
procurador, só que o procurador ainda tem alguma
autonomia tem os seus poderes definidos pelo seu
representado, mas ainda tem alguma margem de
manobra, o núncio não tem autonomia, limitou-se a ser
um simples intermediário que transmite.
• Supõe-se que o declarante recorreu a um núncio para
fazer uma declaração.
• Estamos no pressuposto que o núncio transmitiu algo
que não corresponde à vontade real do declarante.
• Exemplo: O declarante diz que quer comprar a quinta de
rosas mas o núncio percebe mal e transmite quinta de
flores. É preciso saber se o núncio, ao transmitir
erradamente o faz com dolo ou sem dolo.
- Se fez com dolo à o negócio é imediatamente
anulável;
- Se o faz sem dolo à o negócio é anulável nos termos
gerais do 247º
• Para todos os efeitos o declarante está a declarar o que
não quer através do núncio.

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10. Forma do Negócio

- Modo através do qual a vontade se manifesta.

-A vontade pode manifestar-se pela forma que for: escrita, oralmente, linguagem
gestual

- O princípio é de que quando se celebra um negócio, as partes podem adotar a forma


que entenderem (219º), salvo quando seja determinado o contrário.

- A forma pode ser:

ü LEGAL
- SUCEDE QUANDO A PRÓPRIA LEI IMPÕE A OBSERVÂNCIA DE UMA CERTA FORMA PARA A
MANIFESTAÇÃO DA VONTADE;
- PODE SER:
à AD SUBSTANTIAM: AQUELA QUE A LEI EXIGE PARA DAR VALIDADE DO NEGÓCIO. É
SUBSTANCIAL, NO SENTIDO QUE SEM ELA O NEGÓCIO NÃO VALE.
àAD PROBATIONEM: AQUELA QUE É EXIGIDA APENAS PARA FAZER PROVA DE
DECLARAÇÃO.
- QUANDO A LEI EXIGE UMA CERTA FORMA, PARTE-SE DO PRINCÍPIO DE QUE É EXIGIDA AD
SUBSTANTIAM, PORQUE A FORMA SÓ É AD PROBATIONEM QUANDO ISSO RESULTAR
INTEIRAMENTE DA LEI (364º) à SE A LEI EXIGE UMA CERTA FORMA SÓ SERÁ MERAMENTE
PARA PROVA O QUE RESULTAR CLARAMENTE DA LEI.
ü CONVENCIONAL
- AQUELA QUE DEVE SER OBSERVADA PORQUE AS PARTES ANTERIORMENTE ESTABELECERAM
A NECESSIDADE DESSA FORMA à EXEMPLO: A COMPRA E VENDA DE UM AUTOMÓVEL NÃO
ESTÁ SUJEITA A FORMA, MAS A COMPRA E VENDA É ANTECEDIDA POR CONTRATO DE
PROMESSA E ELES ESTABELECEM QUE A COMPRA DEVE SER FEITA POR DOCUMENTO DE
ASSINATURA (223º);
ü VOLUNTÁRIO
- AQUELA QUE FOR ESPONTANEAMENTE ADOTADA PELAS PARTES. (219º)

- As consequências da falta de forma dependem da natureza do documento escrito


exigido.

o Documento Escrito
- Autêntico – Aquele cuja autoria pertencer a uma autoridade ou a um
oficial público.
à Oficial- Atividade que atua com poderes de soberania (ex:
Tribunal)
à Extra-Oficial – Aquele que pode ser entidade pública ou privada;
Aquele cujos documentos estão dotados de confiança; Parte-se do

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princípio de que está contido no documento oficial público corresponde


à realidade.
- Particular- Aquele cuja autoria não pertence a uma autoridade pública
ou a um oficial público.
à Autenticado- A autoria cabe a um particular mas recebem o
termo de autenticação que é dado por notário/advogado que faz com
que fique equiparado a documento autenticado (377º).
à Legalizado – Aquele que apenas contém para reconhecimento da
letra ou da assinatura; Quem legaliza, apenas atesta que quem redigiu
o documento ou pelo menos assinou foi aquela pessoa; O conteúdo
não é verificado.
à Simples – É o que nem é autenticado nem tem reconhecimento
de assinatura.

Quando a lei exige um certo documento, esse documento não pode ser substituído por
outro a não ser que este outro seja de valor probatório superior, não pode ser de valor
probatório igual. O documento autêntico e o documento autenticado valem o mesmo, o
simples e o legalizado valem menos.

Se a lei exigir o autêntico ou se a lei exigir o autenticado não pode haver substituição de
um pelo outro porque valem o mesmo, só pode ser substituído se o que for substituir valer
mais. Só dá para substituir quando a lei exija documento legalizado ou simples.

Quando a lei tem em vista a forma legal, o que deve constar dessa forma são os elementos
que caracterizam esse negócio (Exemplo: Numa CV, o que deve constar da forma exigida
por lei é a declaração do vendedor de que vende por x e do comprador que quer comprar
por esse preço).

A razão que leva a exigir certa forma estende-se a todas as cláusulas.

221º à Forma Legal, parte-se do princípio de que, se as partes estabeleceram mais


cláusulas/mais informações, aquilo que realmente consiste devem inserir no documento.
Se não estiver lá incluído, não vale.

O que não constar no documento legalmente exigido é nulo à Exemplo: Foi estabelecida
uma cláusula condicional, mas não foi estabelecida no contrato, o contrato vale sem aquela
cláusula, devia também estar contida no documento.

221º à Podem haver cláusulas adicionais acessórias que não devem estar no documento
exigido por lei.

A lei exige forma por uma certa razão.


Exemplo: CV de um imóvel é
Abrange todas as cláusulas ou não. exigida escritura pública para
dar mais certeza

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No que toca aos negócios sobre imóveis, nesses casos há uma necessidade de publicidade.
à É necessário que, em relação àquele imóvel, haja uma publicitação daquilo que
aconteceu para dar essa informação a 3ºs.

Todas as cláusulas que possam interferir com o momento da aquisição são importantes. Se
há uma condição suspensiva isso interfere com a aquisição.

- Se numa CV se estipula que o local do pagamento do preço seria o domicílio do


vendedor, esta cláusula não interfere com o modo de aquisição. Tanto faz onde é que se
paga. Uma cláusula como esta não tem necessidade de estar integrada no documento
conhecido por lei, porque a razão que a lei exigiu o documento não implica esta cláusula.

Aquelas cláusulas que não tiveram contidas no documento negocial não valem, exceto se:

ü Corresponderem à vontade do autor


ü A razão de ser da forma não lhes for extensível

Se a forma for Legal e Ad Substatiam, a sua falta produz nulidade (220º) – salve se tiver sido substituída por
outra de valor probatório superior (364º nº1);

Se a forma for Legal mas Ad Probationem, a sua falta determina a impossibilidade de prova de facto – salvo
se a lei admitir a prova por outro meio;

Se a forma for Convencional, presume-se que as partes não se quiserem vincular a não ser por aquela que
pré-estabeleceram.

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11. Ineficácia do Negócio

- Decorre da consequência dos vícios

- Quando se diz que o negócio é ineficaz, quer dizer que o negócio não tem efeitos

- Vale para qualquer outra situação que não seja defeito de origem, só é defeito aquele
que for originário, aquele que se verifica no momento da celebração do negócio. O
negócio só pode ter uma doença no momento em que aparece. à Se é erro sobre a
base do negócio, é erro no presente ou no passado, nunca no futuro. Gera invalidade
nunca ineficácia em sentido estrito, se não há erro no momento de da declaração, erro já
não há.

à No caso de alteração superveniente (437º) – Algo que sucede depois do


negócio ter sido celebrado, já não pode conduzir a invalidade ou inexistência porque o
que põe o negócio em crise é algo posterior.

- Pode haver ineficácia no inicio.

- Pode suceder de 3 formas, sendo estas:

ü Inexistência – Não tem prazo para ser invocada; Pode ser invocada por qualquer
pessoa; Insanável; Não tem qualquer efeito jurídico; Juridicamente não aconteceu;
Não é uma hipótese vulgar, só para situações extremas; É sempre oponível.
Declaração Não Séria
Falta de Consciência da Declaração Sem Efeitos = Inexistência
Coação Física
ü Invalidade – Podem valer através do 292º e 293º (negócio mesmo inválido, pode
ter efeitos desde que cumpra certos requisitos); Supõe a existência (juridicamente
existe, acontece, não pode é ter efeitos que se pretendem); Existe, podem é não
ter os efeitos que se pretendem.
v Anulabilidade (287º) – Defeitos graves; Só pode ser invocada pelo
beneficiário da anulabilidade – pessoa que a lei protege com a atribuição
do poder de anulação; A invocação deve ser feita no prazo de 1 ano a
contar da cessação do vício que a origina; Sanável por confirmação (288º).
v Nulidade (286º) – Defeitos + graves; O negócio nulo supõe que são
defeitos de interesse público, interessa à comunidade aquilo não prossiga;
Não tem prazo para ser invocada; Pode ser invocada por qualquer
interessado; É de conhecimento oficioso; É insanável, apesar do ato nulo
poder ter alguns efeitos colaterais (292º + 293º).
v Efeitos da declaração de Nulidade e da Anulação: O Ato nulo ou anulável
considera-se sem efeito, tanto prática como juridicamente, desde a data
em que foi celebrado (retroatividade)

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o Exceto quando tal seja impossível, como por exemplo: 291º ou nos
contratos de execução continuada ou períodica.
ü Ineficácia em sentido strictu
v Resolução
v Revogação
v Denúncia

APROVEITAMENTO DO NEGÓCIO à Redução Comum e Conversão Comum

- Em caso de nulidade ou de anulação o negócio pode:

ü Reduzir-se à parte válida


v Requisitos:
I. Que o negócio seja parcialmente inválido
II. Que à redução não se oponha a vontade conjetural das partes
ü Converter-se num (outro) negócio (válido)
v Requisitos:
I. Que o negócio a converter seja totalmente inválido
II. Que o negócio inválido contenha os requisitos de validade formal
e substancial do negócio no qual se irá converter (negócio
sucedâneo)
III. Que a vontade conjetural das partes seja conforme à conversão

A aplicação do disposto no 291º pressupõe:

Registo de um facto De natureza onerosa


inválido

Decurso de um Sem vícios próprios


prazo de 3 anos

Pré-registo a Praticado de boa fé


favor do causante

Jadine Seixas Página 41

Baixado por Vera Abreu (verafilipa31@hotmail.com)

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