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Aula prática (26/09/2017)

Fontes das relações jurídicas familiares: parentesco, casamento,


afinidade e adoção.
Há relações jurídicas familiares que não estão previstas no código civil:
união de facto.
Portugal não devia ter regulado a união de facto segundo o prof Hoster.
Nesse artigo, o prof dizia que as pessoas que não queriam casar (apesar de
poderem) o Estado não podia estender os efeitos do casamento a união de
facto. Nem toda a gente pode constituir uma união de facto: só pessoas do
mesmo género é que podem. E, pode-se unir de facto quem é casado.
Há outra perspetiva, as pessoas que não podem casar, e para viver com
outras utilizam a união de facto.
A união de facto, apadrinhamento civil, economia comum são relações
jurídicas para-familiares.

1. Parentesco (artigo 1572º, Código Civil)

Ex:
Pais: linha reta, ascendentes
Irmãos: linha colateral
Avós: ascendentes
Visavós: ascendentes
Netos: descendentes
Filhos: ascendentes

 Irmãos, mesma mãe e mesmo pai: irmãos germanos- têm um


duplo parentesco que não tem efeitos jurídicos
 Irmãos que só têm em comum a mãe: irmãos uterinos
 Irmãos que só têm em comum o meu pai: irmãos
consanguíneos
 Linha reta: um descende do outro
 Linha colateral: decorre de ambos terem, pelo menos, um
progenitor em comum. Deixa de produzir efeitos desde o 6º grau
exceto nos casos previstos na lei. Na linha colateral nunca há 1º
grau (artigo 1582º Código Civil).

Exercício: Joaquim e Bernardete tiveram 3 filhos: António, Carlos e


Diana. A diana teve um filho, José. O Carlos teve uma filha, Gabriela. A
Gabriela teve uma filha, Inês. Calcule os graus de parentesco.
(A) e (J/B): parentes 1º grau, linha reta
(C) e (J/B): parentes 1º grau, linha reta
(D) e (J/B): parentes 1º grau, linha reta
(E) e (J/B): parentes 3º grau, linha reta
(E) e (G): parentes 1º grau, linha reta
(I) e (C): parentes 2º grau, linha reta
(José) e (D): parentes 1º grau, linha reta
(José) e (D/B): parentes 2º grau, linha reta
(A) e (C): parentes 2º grau, linha colateral
(C) e (D): parentes 2º grau, linha colateral
(I) e (A): parentes 4º grau, linha colateral
(...)

2. Afinidade (artigo 1584º, Código Civil)

Liga cada um dos cônjuges aos parentes do outro.

Exercício: Joaquim e Bernardete tiveram 3 filhos: António, Carlos e Diana.


A diana teve um filho, José. O Carlos teve uma filha, Gabriela. A Gabriela teve
uma filha, Inês. António casou com Zélia e Diana casou com Xavier.
Gabriela casou com Lúcio.

Os parentes de (A) são afins de (Zélia) nos mesmo graus nas mesmas
linhas.
(Zélia) é afim, nos mesmos graus e nas mesmas linhas de, (C) em 2º
grau, (D) em 2º grau, (G) em 3º grau, (I) em 4º grau.
A relação que une (Z) e (X) não têm nenhuma relação jurídica familiar.
(X) em relação a (A) são afins em 2º grau, linha colateral.
(G) casou com (L), (L) é afim de todos menos de (X) e (Z).

3. Casamento (artigo 1577º, Código Civil)

É um contrato bilateral (duas declarações de vontade) que pode ser


celebrado entre duas pessoas- os cônjuges.
Só pode casar quem tem capacidade e a vontade tem de ser formalmente
declarada.

Aula prática (03/10/2017)

Capacidade matrimonial

Quem pode casar?


Em principio quando nos emancipamos aos 16 anos ou quando
atingirmos a maioridade podemos casar.
Não é verdade que quem pode casar tem capacidade de exercício. Nem
toda a gente tem capacidade de exercício e, no entanto, pode casar (por
exemplo: quem é casado) e há pessoas que têm capacidade de exercício e
não têm capacidade para casar.

Modalidades de incapacidade de exercício


 Inabilitação (artigo 156º Código Civil)
 Interdição (artigo 138º Código Civil)

Na capacidade matrimonial ao contrário do que acontecer com os restantes


contratos existe uma norma que indica quem tem capacidade para casar.
Assim, se distingue a capacidade matrimonial da capacidade de exercício nos
termos do artigo 1600º do Código Civil.
No caso do casamento urgente, este tem de ser posteriormente
homologado. E, se houver, um impedimento dirimente então o casamento é
inexistente.
Se existir um impedimento impediente este casamento é homologado.
Neste caso é anulado.
No direito civil os casamentos são inexistentes ou são meramente
anuláveis. Sendo que não há causa nulidade do casamento, todavia este
direito aceita as causas de nulidade do direito canónico. Assim sendo, se os
tribunais eclesiásticos declararem nulo um casamento então o direito civil
também considera esse casamento nulo.
No direito canónico um casamento enquanto não for consumado pode
ser dispensado.
Num contrato de casamento não há clausulas acessórias.

Não pode casar com


Absolutos
ninguém.

Dirimentes
Impedem o casamento
de uma pessoa com
Relativos
uma outra mas não cm
qualquer outra
Impedimentos

Absolutos

Impedintes

Relativos
Impedimento dirimente absoluto- não pode casar com ninguém
(artigo 1601º Código Civil):
 O menor de 16 anos nunca pode casar, artigo 1601º alínea a)
Código Civil).
 Interditos ou inabilitados por outra causa que não seja a anomalia
psíquica têm capacidade para casar apesar de não terem capacidade de
exercício. Só os malucos é que não podem casar (artigo 1601º alínea b) 2 ª
parte Código Civil).
A professora acha que esta norma é inconstitucional.
 Não é interdito nem inabilitado, mas tem um problema mental
notório (artigo 1601º alínea b) 1ª parte Código Civil). O nosso legislador não
quer que alguém com uma deficiência mental case devido aos filhos uma vez
que a demência pode-se transmitir para estes.
Apesar da lei a professora acha que os inabilitados por anomalia
psíquica deviam poder casar. Apenas os interditos é que não.
 O casamento religioso ou civil, que não tenha havido registo ou
por qualquer outra razão não pode haver casamento (artigo 1601º alínea c)
Código Civil). Este artigo temos de ler por vezes como “católico” e outras vezes
como “religioso”. Esta norma tem de ser conjugada com outra, artigo 1589º
Código Civil. Esta norma indica que se alguém já tiver casado civilmente, pode
ainda casar religiosamente/ catolicamente (dois contratos diferentes um à luz
do direito canónico (não é um contrato, é um sacramento) e outra à luz do
direito civil). Esta norma é considerada um impedimento inominado.

Impedimento dirimente relativo (artigo 1602º Código Civil):


 Parente linha reta, ou seja, pais, avós, netos (artigo 1602º alínea
a) Código Civil).
 Co-adoção (artigo 1602º alínea b) Código Civil).
 Parente 2º grau linha colateral, ou seja, com irmãos seja
germano, uterino ou consanguíneo (artigo 1602º alínea c) Código Civil).
 Afinidade linha reta, por exemplo a madrasta (artigo 1602º alínea
d) Código Civil). A afinidade tem de existir até ao fim do casamento, ou seja,
até à morte pois a afinidade não termina com a morte. A afinidade só termina
com o divórcio, ou seja, eu posso me divorciar e casar com o filho.
 Na altura que o divorcio era difícil e havia muitos portugueses que
não se podiam divorciar e, portanto, havia a possibilidade de a pessoa com
quem eu queria casar se tornar viúvo/a (artigo 1602º alínea e) Código Civil).

Artigo 1603º Código Civil- duas pessoas vão casar e o conservador não
vê que são pai/filho ou mais difícil ainda mãe/filho pois a paternidade ou
maternidade é omissa. A prova da maternidade ou paternidade para efeitos do
a), b) e c) do numero anterior é admitida no processo preliminar do casamento,
mas não produz qualquer outro efeito nem vale como começo de prova de
ação. Ou seja, (C) diz ao conservador “não deixe que (A) e (B) casem porque
são irmãos”. O legislador não deixa, mas isto fica “escondido”.

As responsabilidades parentais cessam com a maioridade.

Caso prático: Pode anular o casamento? Há fundamento? Tem


legitimidade? Prazo?
Aula prática (10/10/2017)

Nos impedimentos dirimentes:


 O casamento não pode ser celebrado
 O casamento urgente não pode ser homologado (logo, é
inexistente)- artigo 1622º e seguintes, nomeadamente artigo 1624º alínea c) e
1628º alínea b) do Código Civil.
 O casamento mesmo que exista constitui um impedimento
dirimente e é anulável com base nos artigos 1631º alínea a), 1639º e 1643º
Código Civil.
Os impedimentos, quer os dirimentes quer os impedientes são divididos
em absolutos (eu não tenho capacidade matrimonial por diversos motivos) e os
relativos (cada um separadamente tinha capacidade matrimonial mas quando
nos juntamos com determinada pessoa então não podemos casar).

A lei não distingue os impedimentos impedientes absolutos dos


relativos (artigo 1604º Código Civil). Quando a lei dispõe “designados em leis
especiais”, quer dizer, o artigo 22º da lei 133/2009/ lei do apadrinhamento civil
(impedimento impediente relativo).

 Artigo 1604º alínea a): impedimento impedientes absoluto.


 Artigo 1604º alínea b): refere-se à declaração de nulidade pelos
tribunais eclesiásticos- impedimento impedientes absoluto. A mulher tem de
esperar 300 dias (o tempo normal de uma gravidez) para voltar a casar mas,
caso prove que não está gravida só tem de espera 180 dias, tal e qual como o
homem. O homem tem de esperar 180 dias pois a ex-mulher pode
eventualmente estar também gravida.
 Artigo 1604º alínea c): Impedimento impedientes relativo.
 Artigo 1604º alínea d): Impedimento impedientes relativo.
 Artigo 1604º alínea e): Adoção restrita. Este foi revogado, mas
ainda há casos de pessoas adotadas restritamente logo não pode casar.
Impedimento impedientes relativo.
 Artigo 1604º alínea f): Impedimento impedientes relativo.
Nos testes relativamente a este artigo temos de dizer que apesar da
revogação expressa o regime tem de se continuar em vigor para os casos de
adoção restrita.

Se o casamento não for dispensado (artigo 1609º Código Civil à


contrário),
 Artigo 1649º nº1 Código Civil : O menor que case emancipa-se
(passa a ser maior) mas relativamente aos bens que levou para o casamento
continua a ser menor.
 Artigo 1650º Código Civil

Ainda que não haja nenhum impedimento pode haver ainda um vicio da
vontade- artigo 1634º e seguintes Código Civil (teoria geral do direito civil). Há
faltas e vícios da vontade que determinam a nulidade do contrato e há ainda
casos em que o contrato nem sequer se formou (Ex: declaração não seria. Aqui
não se forma contrato, mas pode-se ter de indemnizar).
Na formação do vinculo de um contrato de casamento há um regime
parecido ao da parte geral dos contratos, mas atenção que não é igual, logo
não se trata de um vinculo com natureza contratual.

Artigo 1635º Código Civil: Divergência entre a vontade e a declaração


(digo uma coisa mas enganei-me e digo outra), isto torna o negócio anulável.
A alínea a) remete-nos para o regime da incapacidade acidental.
Artigo 1636º Código Civil: Erro sobre os motivos (reclamo que quero
mas não quereria caso soubesse a verdade). O regime do casamento deste
artigo é diferente do regime da parte geral (artigo 251º Código Civil).
Artigo 1638º Código Civil: Coação moral.

Dentro das faltas e vícios da vontade (artigo 1631º alínea b) Código


Civil) temos as legitimidades (artigo 1640 e 1641º Código Civil) e os prazos
(artigo 1644º e 1645º Código Civil).
Relativamente à falta de testemunhas (artigo 1631º alínea c) Código
Civil) temos as legitimidades (artigo 1642º Código Civil) e os prazos (artigo
1646º Código Civil).

Casamento putativo (artigo 1677º Código Civil) produz efeitos após o


transitado em julgado, quando está de boa fé por ambos os cônjuges. É um
casamento ficcionado, na verdade não é o casamento que é ficcionado, são
sim alguns efeitos do casamento. Ao casamento que foi declarado nulo ou
anulado. Estes efeitos nunca se podem ficcionar num casamento inexistente
pois este não produz qualquer efeito. Este é um regime atípico.

Nunca se o casamento
inexistente, logo tudo tem de ser
restituido
Ficcionam
putativo efeitos ao
casamento
Mas sim, se o casamento for
declarado nulo ou anulado

Os conjugues de boa fé podem aproveitar dos efeitos do casamento até


ao transitado em julgado. Só os tribunais do Estado é que têm permissão ara
produzir efeitos.
Em vez se aplicar a parte geral, para o conjugue de boa fé é quanto aos
efeitos como se o casamento existisse.

Aula prática (17/10/2017)

Caso prático 1:
Pedro e Maria, ambos menores com 16 anos (igual ou mais mas
menores), conheceram-se numas ferias de verão e começaram a namorar.
Meses depois descobrem que Maria está gravida e decidem fugir para casar,
numa paroquia do sul onde ninguém os conhece e assim, conseguem
convencer o pároco a celebrar o casamento. Acresce a isto que Maria e Pedro
são primos.

a. O que acontece a seguir a este casamento para que ele possa produzir
efeitos civis? Deve o casamento ser homulgado? Se não for, que vicio afeta?
Se for homulgado tem algum vicio, ou há outra consequência?

R: A noção de casamento (prevista no artigo 1577º do Código Civil)


dispõe que o casamento é um contrato entre duas pessoas,
independentemente do sexo, de plena comunhão de vida e é um contrato
pessoal e solene.
Pode-se casar em principio quando nos emancipamos aos 16 anos ou
quando atingirmos a maioridade podemos casar. Não é verdade que quem
pode casar tem capacidade de exercício. Nem toda a gente tem capacidade de
exercício e, no entanto, pode casar e há pessoas que têm capacidade de
exercício e não têm capacidade para casar.
Estamos perante um casamento urgente sem autorização para tal
(suprimento de autorização e autorização dos pais). O pároco só podia celebrar
este casamento com a iminência de morte de um dos nubentes. Mas neste
caso isso não aconteceu.
Neste caso, Pedro e Maria são primos no quarto grau da linha colateral,
mas este facto não é nenhum impedimento ao casamento, logo nessa vertente
era possível casar (só podia casar no caso previsto no artigo 1602º alínea c)
Código Civil).
Porém, são menores de 16 anos e aqui sim estamos perante um
impedimento impediente previsto no artigo 1604º Código Civil.
Para produzir efeitos civis a ata do casamento tem de ser enviada para o
Registo Civil. E para isto tem de ser homulgado, caso não seja é inexistente. O
casamento não pode ser homulgado como consta do artigo 1624º nº1 alínea a)
Código Civil. Assim sendo, o casamento era inexistente.
O casamento celebrado por um impedimento meramente impediente tem
de ser homulgado. O menor que case emancipa-se (passa a ser maior) mas
relativamente aos bens que levou para o casamento continua a ser menor.

b. Imagine agora que Pedro e Maria são irmãos.

R: Estamos perante um impedimento dirimente relativo conforme conta


do artigo 1602º alínea c) Código Civil. Assim, o casamento não pode ser
homulgado como consta do artigo 1624º nº1 alínea c) Código Civil.
O casamento urgente não é homulgado mas sim inexistente, logo não
são casados. Este regime não produz qualquer efeito (artigo 1628º alínea b)
Código Civil).

c. Imagina agora que Pedro e Maria não tem nenhuma relação de


afinidade ou parentesco, mas Pedro sofre de uma perturbação mental, ainda
que quando casou com Maria estivesse lucido.

R: Estamos perante um impedimento dirimente absoluto 1601º b)


Código Civil, ou seja, a demência notória mesmo nos intervalos lúcidos. Mas
temos a menoridade, mas com igual mais de 16 anos, ou seja, um
impedimento impediente.
Assim, o casamento não pode ser homulgado como consta do artigo
1624º nº1 alínea c) Código Civil.
Assim, o casamento é anulável conforme consta do artigo 1631º alínea
a) Código Civil. Neste caso, tem legitimidade o tutor ou o curador (artigo 1639º
nº2 Código Civil) no prazo de até seis meses depois da demência cessar ou
quando proposta por outra pessoa dentro dos três anos mas nunca depois da
cessação da demência (artigo 1643º nº1 Código Civil).

d. Imagine agora que a Maria só aceitou casar com Pedro porque achou
que estava grávida, mas na verdade não estava.

R: Maria só aceitou casar porque achava que estava grávida portanto este
casamento com falta de vicio da vontade só que este não se releva no
casamento.
No casamento só releva o erro no caso das qualidades essenciais do outro
conjugues, que seja desculpável e que sem ele não se teria realizado. Aqui,
neste caso o requisito das qualidades essenciais não está previsto.
Assim sendo, não é possível anular o casamento.

Aula prática (24/10/2017)


 Efeitos pessoais de casamento (deveres conjugais), são deveres
recíprocos. Aqui não há execução especifica. São conceitos indeterminados.
Isto são direitos que as pessoas podem prescindir.
 Efeitos patrimoniais de casamento: quando casamos a nossa
capacidade de exercício é afetada assim como os nossos bens. Desde logo
porque o casamento implica um regime de bens, ou seja, os meus bens são
afetados dependendo do regime que se opta no casamento. O casamento
limita até os bens próprios de cada um, os bens comuns do casal claramente
que sim, que ambos têm de administrar. Há situações inclusive, que um dos
conjugues tem de responder pelos bens do outro pois estamos casados em
plena comunhão de vida (=responder por dividas alheias e posso responder
com os meus bens próprios até).

Aula prática (31/10/2017)

Revisões para o teste.


Aula prática (07/11/2017)
Correção do teste.

2º TESTE Aula prática (14/11/2017)

Regimes de bens:

 Atípico
Se quiserem escolhem o regime de bens através do acordo pré-nupcial
e escolhendo um dos regimes de bens previsto na lei ou então criarem o
próprio regime que quiserem (Ex: à segunda feira é o regime de comunhão
de adquiridos, à terça é o regime de separação de bens, etc).

 Típico
 Comunhão de adquiridos
 Comunhão geral de bens
 Separação de bens

Os cônjuges têm de escolher um regime para o casamento, se nada


disser é o regime de comunhão adquiridos.
Quando é que não se pode fazer o que quiserem? Aplica-se
imperativamente o regime de separação de bens se um dos cônjuges, pelo
menos, tem 60 anos ou mais. Também está imperativamente sujeito ao regime
da separação de bens o casamento que tenham sido celebrado sem processo
preliminar de publicações (isto acontece nos casamento urgentes, casamentos
secretos e casamentos por ordem moral). Assim, o regime é
imperativamente o da separação de bens.
Há ainda outra situação em que não é imperativo o regime da separação
de bens mas há uma limitação, não podem convencionar o regime da
comunhão geral. Isto aplica-se quando vão casar e já têm filhos de outros
casamentos. Se os filhos forem todos comuns (do mesmo casamento) aplica-
se o artigo. Mas, se aquele casal e os filhos forem só de um então não faz
sentido se aplicar esta proteção.

 Comunhão de adquiridos: este é o regime supletivo legal. Aqui


os bens adquiridos, antes do casamento, continuam a ser próprios apesar de
casarem. O que for adquirido a titulo oneroso depois do casamento é que
pertence aos dois. O que for adquirido a titulo gratuito é também próprio (bens
adquiridos por doação/sucessão; bens adquiridos em virtude de direitos
próprios anteriores e ainda bens incomunicáveis, ou seja, bens de família, etc
(artigo 1733º Código Civil).
Este regime deveria-se chamar “regime da comunhão de bens
adquiridos oneroso durante o casamento”.
Bens de cada um dos cônjuges:
 Bens que cada um tinha à data do casamento (artigo 1722º nº1
alínea a) Código Civil).
 Bens adquiridos a titulo gratuito durante o casamento (artigo
1722º nº1 alínea b) Código Civil).
 Bens incomunicáveis (artigo 1733º Código Civil).
 Bens doados entre casados.
Todos os restantes são bens comuns, incluindo os direitos
patrimoniais de autor, frutos de bens próprios, bens moveis.

Atenção: ao artigo 1722º nº1 alínea c) e nº2 e o artigo 1723º Código


Civil. Aqui são bens adquiridos durante o casamento mas que continuam
próprios.

 Comunhão geral de bens: não só se forma o património comum


como também se vai buscar todo o património próprio anterior ao casamento.
O que era meu antes do casamento, o que herdei, o que me foi doado passa a
ser dos dois após o casamento.
O artigo 1699º nº 2 Código Civil proíbe a estipulação do regime de
comunhão geral de bens no casamento quem tenha filhos de casamentos
anteriores. No regime de comunhão geral de bens tudo o que era dele para a
ser do outro e isto serve para proteger as expectativas hereditárias dos filhos.

Bens incomunicáveis (artigo 1733º Código Civil). Atenção à alínea h)


do nº1 deste artigo pois, segundo o regime do estatuto dos animais estes já
não são considerados coisas sem personalidade jurídica mas, aqui são
designados como “bens”, ou seja, como coisas. Logo a doutrina ainda não
tratou bem desta situação dos animais.
Nº2 artigo 1733º:
Benfeitorias Necessárias- aquelas que se destinam à conservação do
imóvel ou que evitem que ele se deteriore, exemplo: reparos de um telhado,
reparo na parede para evitar a infiltração de água
Benfeitorias Úteis- obras que aumentam ou facilitam o uso do imóvel,
como por exemplo a construção de uma garagem, a instalação de grades
protetora nas janelas.
Benfeitorias Voluptuárias- que não aumentam ou facilitam o uso do
imóvel, mas podem torná-lo mais bonito ou mais agradável, tais como obras de
jardinagem, piscinas, jacuzzis.

 Separação de bens: cada um tempo o seu património, se vão


juntos comprar algo então são comproprietários e cada um tem uma quota-
parte da coisa. Se nada disserem, é metade de cada um.
No regime convencionado pode-se transmitir o património. No regime
imperativo isto não é possível, as doações são nulas.
A lei no artigo 1762º Código Civil proíbe as doações entre casados
quando vigorar o regime imperativo da separação de bens (a distinguir as
doações para casamentos). O que não é permitido é fazer a doação de bens
próprios.
O regime da separação de bens é obrigatório em caso de um dos
cônjuges ter filhos de outro casamento (artigo 1699º nº2 Código Civil- se
fizermos um interpretação restritiva isto não se aplica a filhos comuns dos
cônjuges mesmo antes do casamento).
No regime imperativo as doações para casamento inter vivos e mortis
causa são permitidas e fazem-se na convenção antenupcial. As mortis causas
se não forem feitas em convenção antenupcial são nulas. As intervivos são
validas desde que respeitem a forma.
OUVIR GRAVAÇÃO

Podem na convenção antenupcial fazer apenas doações: entre


nubentes; de terceiros a favor de um deles, ou de dum deles a favor de
terceiros.
 Princípio da liberdade (artigo 1698º Código Civil): podem fixar
dentro dos limites da lei. No artigo 1699º Código Civil estão previstas as
restrições ao princípio da liberdade, ou seja, as matérias sobre as quais os
cônjuges não podem dispor por estarem fixados na lei.
 Os cônjuges não podem na convenção: alterar o exercício das
responsabilidades parentais.
 Artigo 1699º alínea d) Código Civil: está alínea aplica-se
independentemente do regime de bens (artigo 1733º nº 1 Código Civil, é uma
regra injuntiva que se aplica a todos os regimes de bens).
 Princípio da imutabilidade (artigo 1714º nº1 Código Civil): prevê
que fora dos casos previstos na lei, não é permitido alterar depois da
celebração do casamento as convenções nem os regimes de bens. Ou seja,
antes de celebrar o casamento é possível alterar a convenção antenupcial, mas
a partir do momento que se casam não se altera o regime nem a convenção.
Isto serve para evitar que um dos cônjuges na constância do matrimônio venha
adquirir ascendente sobre o outro, impondo lhe uma alteração do regime de
bens em benefício próprio.
Este principio não significa que o património dos cônjuges não possa
sofrer alterações. Não impede de vender bens.
A composição dos bens pode ser alterada? Não. Exemplo: ninguém me
impede de fazer vendar ruinosas; dação de cumprimento (doar um bem próprio
ao outro como forma de pagamento ao outro- artigo 1714º nº 3 última parte
Código Civil); não viola este princípio o facto de ser convencionado uma
condição ou a termo (artigo 1713º Código Civil); regime com sucessão de
regime de bens - é possível sem violar porque depois do casamento a
convenção está a ser executado e não alterada.

Há exceções a este princípio (artigo 1715º Código Civil): passa-se de


um regime de comunhão para um regime de separação.

Requisitos de fundo e forma da convenção antenupcial:


De fundo:
Artigo 1708º Código Civil: é preciso ter capacidade matrimonial (a
convenção é um contrato, aplicam se as regras dos contratos em geral).
A convenção também pode ser celebrada por procuração: é necessário
que nela se encontre o regime de bens na procuração na medida em que essa
questão não pode ficar à escolha do procurador).

De forma:
Artigo 1710º Código Civil: as convenções podem ser celebradas perante
o funcionário do registo civil ou então pode ser celebrada por escritura pública
(neste caso é quando há mais liberdade). Quando se pretende inserir cláusulas
típicas face a um certo bem, é por escritura pública - regime atípico - quando se
insere cláusulas atípicas.
Estas convenções podem ser sempre revogadas até ao casamento,
depois deste isso já não pode acontecer.

Artigo 1711º Código Civil: Precisa de ser registadas para produzir


efeitos face a terceiros - na falta de registo - quem são os outorgantes? A
convenção serve para estipular doações. São um contrato unilateral. Precisam
de 2 declarações de vontade.
Exemplo: convenção faz se uma adoção a um imóvel, mas mesmo que
ela seja registada ainda é preciso o registo predial do imóvel – nº 3.
Se houver uma convenção que viole vai se para a redução da
convenção quando não se tem na convenção uma cláusula válida (artigo 292º
Código Civil, a convenção reduz-se à parte válida).
Artigo 1716º Código Civil: Caduca-se o casamento que não for
celebrado no prazo de um ano. Também se caduca caso o casamento seja
nulo ou anulável.

É possível aplicar à convenção antenupcial o regime do casamento


putativo (artigo 1647º Código Civil).
Se o casamento for declarado nulo ou anulado aplica-se as regras do
casamento putativo: se ambos os cônjuges estiveram de boa fé, os efeitos
produzem para para os dois.

Aula prática (21/11/2017)

Caso prático: António e Berta conheceram-se na faculdade e quando


acabaram o curso decidiram casar e, fazem uma convenção antenupcial com
as seguintes disposições:
 António doa, para que seja bem comum do casal, a casa que
herdou dos pais e os nubentes acordam em fixar lá a morada de casa da
família.
 Determinam ainda que será comum do casal aquilo que durante o
casamento lhes seja doado ou deixado.
 Estipulam que, se o casamento vier a terminar por morte e houver
filhos, a partilha de bens se fará segundo o regime da comunhão geral mas, se
terminar por divórcio a partilha faz-se-á segundo o regime da comunhão de
adquiridos.
António e Berta casam e, já durante o casamento, António compra um
carro para a família com as poupanças que cada um tinha antes do casamento
(metade do dinheiro próprio de António e metade do dinheiro próprio de Berta).
Berta acaba de pagar outro carro que comprará antes do casamento
com reserva de propriedade com o salário de oferece durante o casamento.
António compra, com dinheiro comum, um apartamento que já
prometera comprar antes do casamento e António arrenda-o com autorização
de Berta por 700€ mensais.
Pronuncie-se sobre todas as clausulas da convenção, diga qual o regime
de bens do casamento e qual a natureza de cada um dos bens mencionados.
Resolução:

Os nubentes têm liberdade para estipular o regime de bens em


convenção antenupcial quer escolhendo um dos previstos na lei (comunhão
geral, comunhão de adquiridos ou separação de bens) ou estipular o que lhes
aprouver dentro dos limites da lei (artigo 1698º Código Civil), ou seja, pode
escolher um dos regimes típicos ou podem estipular o que lhes aprouver.
O artigo 1699º Código Civil indica-nos o que não pode ser objetivo de
convenção antenupcial, nomeadamente contratos sucessórios (alínea a) do
artigo 1699º); alterar deveres conjugais ou parentais sucessórios (alínea b) do
artigo 1699º); administração de bens do casal sucessórios (alínea c) do artigo
1699º); estipulação da comunicabilidade dos bens do artigo 1733º sucessórios
(alínea d) do artigo 1699º).
O regime aqui é o regime de comunhão de adquiridos porque é o regime
supletivo legal (artigo 1717º Código Civil). Eles estipulam algumas clausulas
que são típicas da comunhão geral nomeadamente, que se comunicariam os
bens que adquirissem a titulo gratuito (artigo 1733º Código Civil). Eles estão
aqui a criar uma exceção e estão a dizer que são comuns (artigo 1722º nº1
alínea b) Código Civil).
Os cônjuges estão proibidos de estipular que se comunicam bens que
no regime da comunhão são próprios se tiverem filhos de outras relações
(artigo 1699º nº2 Código Civil).
Não havendo restrições então, esta clausula de comunicabilidade é
considerada válida.
As doações (artigo 1753º até 1760º Código Civil) nos casamentos
caducam em caso de divórcio ou separação (artigo 1760º nº1 alínea b) e nº2
Código Civil). Uma vez celebrado o consentimento aí revogado (artigo 1758º
Código Civil) e embora o artigo 1757º Código Civil diga que só podem ser
doados bens próprios que depois se transformam bens próprios dos outros,
aqui como ainda é para casamento permite-se que digam que entram na
comunhão, ou seja, aqui a incomunicabilidade é permitida.
O casamento terminar por morte o regime será o da comunhão geral e
isto é perfeitamente válido (artigo 1719º Código Civil- Isto é a exceção da
reforma de 77). Isto traz um benefício para o cônjuge sobrevivo. Quando é que
os cônjuges não podem convencionar isto? Tem de se fazer uma interpretação
restritiva a este artigo pois, só se pode convencionar a partilha da comunhão
geral se houver descendentes comuns. Pela mesma racio do artigo 1699º nº2
Código Civil tem de se fazer uma interpretação restritiva ao artigo 1719º Código
Civil.
Também convencionaram que se o casamento terminar por divorcio
aplica-se o regime da comunhão de adquiridos. Os cônjuges não podem em
convenção alterar os efeitos do divórcio pois estes efeitos são imperativos.
Logo, está clausula não é valida pois viola lei imperativa.
Sendo certo que, um dos efeitos do divórcio do artigo 1790º Código Civil
é muito parecido com o que os cônjuges convencionaram, mas atenção que
não é igual.
Os cônjuges devem escolher a casa de morada da família (artigo 1673º
Código Civil). A convenção aqui é válida mas não é vinculativa pois não vincula
os cônjuges para sempre.
Há bens que foram adquiridos durante o casamento:
 Compraram um carro: este bem é comum do casal, a não ser que
os cônjuges tivessem estipulado o contrario (artigo 1723º alínea c) Código Civil
e artigo 1724º alínea b) Código Civil).
 Berta acaba de pagar outro carro: em principio é bem próprio
(artigo 1722º nº2 alínea c) Código Civil). porem, o artigo 1726º acaba por
afastar isto pois este constitui uma exceção e entende-se que é comum pois a
parte comum excede a parte próprio.
 Relativamente à compra do apartamento com dinheiro comum:
segundo uma doutrina há um direito a adquirir próprio anterior mas há quem
interprete como um direito de natureza real segundo este só se o contrato tiver
eficácia real. Artigo 1726º Código Civil pode ser afastada se a parte comum for
mais valiosa que a parte própria.
 Relativamente ao arrendamento do apartamento: isto é admitido
no 1722º e sendo um bem próprio as rendas são comuns, sendo bem comum a
renda são comuns. Ou seja, os frutos são sempre comuns (artigo 1733º e
artigo 1724º alínea b) Código Civil).

Aula prática (28/11/2017)

Administração de bens do casal

Esta matéria vem antes das convenções antenupciais e antes dos


regime de bens. As regras da administração de bens aplicam-se a todos os
regimes de bens da mesma forma, difere apenas a administração de bens
comuns e dos bens próprios.
As normas gerais estão previstas do artigo 1678º até ao 1687º Código
Civil.

1. Nos bens comuns a regra é que, se são comuns, então quem


administra (arrendar, vender, doar, fazer benfeitorias) são os dois.
No entanto, há determinadas regras que se aplicam a qualquer regime
de bens e são imperativas, ou seja, não podem ser afastadas: temos
nomeadamente (artigo 1678º nº3 Código Civil):
 Os atos de mera administração ordinária podem ser praticados
por qualquer dos cônjuges (artigo 1678º nº3 1ª parte Código Civil).
Exemplo: (A) tem bem comum que é um carro e tem um acidente.
Assim, decidiu chamar um reboque, levar o carro para oficina e é necessário
mudar os dois pneus de trás do carro. Assim, não telefonou ao marido. (A)
cometeu alguma ilegalidade? Não, porque isto é um mero ato de administração
ordinária pois não muda a substância e o destino do ato, ou seja, o cônjuge
pode praticar sozinho sem o consentimento do outro cônjuge.
 Depois temos os atos de administração extraordinária e estes têm
de ser praticados pelos dois cônjuges em conjunto ou por um dos cônjuges
mas com o consentimento do outro (artigo 1678º nº3 2ª parte Código Civil).

Quando eu preciso do consentimento do cônjuge e não o obtenho então


estamos perante um ato anulável, a isto chama-se uma ilegitimidade conjugal
(artigo 1687º Código Civil).

Artigo 1678º nº2 Código Civil:


 Alínea a): cada um dos cônjuges tem a administração ordinária e
extraordinária dos proventos que receba do seu trabalho quando eles são bens
comuns, se não forem recaem no artigo 1678º nº1 Código Civil.
 Alínea b): direitos de autor são produtos de trabalho do criador.
Só faz sentido se o legislador entender que os proventos são bens comuns do
casal.
 Alínea c): bens comuns na medida da administração ordinária e
extraordinária, isto aplica-se no regime da comunhão geral. Apesar de serem
comuns só eu é que administro sem a autorização do meu cônjuge ou porque
eram meus antes do casamento ou porque recebi como doação ou a titulo
gratuito durante o casamento. Ou seja, são bens comuns mas têm uma relação
tão direta a mim que são comuns mas administrados apenas por mim
 Alínea d): apesar de serem bens comuns e de terem sido
deixados aos dois prevalece a vontade do testador.
 Alínea e): exemplo: (A) tem um computador que levou para o
casamento e a certa altura diz que “não sei porque comprei isto, precisas mais
tu dele do que eu, fica tu com ele”. (B) passa a usar como instrumento no
trabalho. Ou seja, o bem é próprio de (A) mas a administração ordinária e
extraordinária passa a ser de (B). Logo (B) se quiser pode vender, doar, etc. É
uma exceção aos bens comuns de atos de administração extraordinária.
 Alínea f): cada um dos cônjuges administra ordinária e
extraordinária os seus bens e vem um terceiro que exclui os poderes de
administração do cônjuge proprietário. Logo, os poderes do cônjuge
proprietário ficam limitados. Exemplo: O meu cônjuge, (A) desapareceu e
entende-se que ou ele deixou procuração a terceiro para essa pessoa
administrar seus bens ou à uma presunção de um mantado para que eu os
administre. Se ele conferiu o mandato então afasta a minha possibilidade de
praticar os atos dele, senão a lei presume que sou eu, a esposa dele (remeter
para o artigo 1682º Código Civil).
 Alínea g): a lei consagra a possibilidade de o mandato praticar
atos sobre bens próprios não ser invalido (ver 1684º Código Civil).

2. Nos bens próprios a regra é que são administrados pelo cônjuge


proprietário, sozinho sem necessidade do consentimento do outro cônjuge
(artigo 1678º nº1 Código Civil). Aqui fala-se tanto na administração ordinária
como extraordinária dos seus bens próprios.

Artigo 1682º-A Código Civil: carece sempre de consentimento de


ambos os cônjuges se vigorar o regime de separação de bens os casos
previstos na alínea a) e b). Os casos previstos no nº2 carecem sempre do
consentimento independentemente do regime.
Artigo 1682º-B Código Civil: carece sempre de consentimento de
ambos os cônjuges os casos previstos nas alíneas a), b), c) e d).

Artigo 1683º Código Civil: é referente a matéria sucessória muito


discutível. Este artigo segundo a professora está mal construído mas não
importa para direito da família.

Artigo 1682º Código Civil


 Nº1: isto reflete-se para a regra geral dos bens comuns, salvo ato
ato de administração ordinária (exemplo: carro comprado para revender). Nos
regimes de comunhão mesmo que eu compre para revender, para revender
preciso do consentimento do outro cônjuge.
 Nº2: Se são bens comuns eu em principio não podia alienar salvo
nos artigos estipulados neta alínea: frigorifico, carro, maquina de lavar loiça e
lavar roupa como são bens utilizados pelos dois então eu perco os poderes de
administração e preciso do consentimento do outro cônjuge apesar de serem
bens próprios.
Aula prática (05/12/2017)

Quer as regras da administração quer as regras da responsabilidade por


dividas são regras gerais, ou seja, aplicam-se em qualquer regime, a não ser
quando a lei excecione.

Administração:
Para os bens comuns a regra é que qualquer um dos cônjuges tem a
administração ordinária. A administração extraordinária tem de ser exercida
pelos cônjuges em conjunto (ou com o consentimento do outro). O bom senso
dita que se eu estou a administrar uma coisa que não é só minha então tenho
de ter algum cuidado.
Relativamente aos bens próprios cada um dos cônjuges tem a
administração e extraordinária dos seus bens próprios.

Há bens que embora sejam comuns são administrados como se fosses


próprios e respondem por certas dividas.
Há outros bens que a lei impõe o consentimento de ambos os cônjuges
que é o caso dos estabelecimentos comercial salvo se os cônjuges tiverem
casados no regime de separação de bens.

Responsabilidade por dividas


Cada um dos cônjuges tem legitimidade para contrair dividas sem o
consentimento do outro cônjuge, artigo 1690º Código Civil. O problema depois
é quem responde por estas dividas:

 Se um dos cônjuges contrai uma divida sem o consentimento do outro


cônjuge apenas responde por essa divida aquele que contraiu a divida. E neste
caso responde-se com que bens? Em primeiro lugar, com os bens próprios e
os bens próprios administrados como próprios (no regime de comunhão de
adquiridos os bens de produto do trabalho, direitos de autor, frutos dos bens
próprios; no regime da comunhão geral os bens que levo para o casamento
também) e subsidiariamente com os bens comuns. De facto só a meação dos
bens comuns é que responde mas o credor não consegue penhorar metade
dos bens e assim sendo ele vai penhorar na totalidade e depois esse cônjuge
fica a dever dinheiro ao outro no momento da liquidação.

O problema está naquelas dividas que foram cometidas por um dos


cônjuges sem o consentimento do outro e se comunicam aos dois:
 Artigo 1691º nº1 alínea b) Código Civil: para ocorrer aos encargos
pessoais da vida familiar.
 Artigo 1691º nº1 alínea c) Código Civil: proveito comum do casal.
O proveito comum do casal não se presume (artigo 1691º nº3 Código Civil), ou
seja, tem que ser provado pelo credor (por aquele que quer que a divida se
comunique). Presume-se apenas perante os seguintes casos: quando o regime
é de comunhão (porque no regime da separação nunca se presume), o cônjuge
é comerciante e o outro cônjuge tem possibilidade de ilidir a comercialidade da
divida, se não conseguir presume-se o proveito comum.

 Se a divida foi contraída por ambos (não por um com o consentimento


do outro) então respondem ambos por essa divida. Esta responsabilidade pode
ser solidária em qualquer regime típico ou atípico (o credor pode exigir a
qualquer um deles o pagamento integral, não se pode exercer logo ação de
regresso) mas se o regime for o da separação então a responsabilidade é
conjunta (e o credor só pode exigir uma parte a um e outra metade a outro).
Que bens respondem? Em primeiro lugar, os bens comuns do casal e na falta
destes respondem (em segundo lugar) os bens próprios de cada cônjuge. E é
aqui que é importante ver se estamos perante um regime da separação (e aqui
o credor só pode penhorar metade a cada um) ou se estamos perante um
regime de comunhão (e aí o credor pode exigir o pagamento integral a um
deles e depois entre eles pode haver direito de regresso).

Caso prático: Inês e Jorge vivem juntos à cerca de 10 anos quando em


Janeiro Inês descobre que esta grávida e decidem casar. Celebram
convenciam antenupcial em Março e casam em Dezembro e da convenção
constam as seguintes clausulas:
a) O regime do casamento é o regime da comunhão de adquiridos mas a
casa em que vive a família que é propriedade de Jorge comunicar-se-á em
virtude do casamento.
b) Aquilo que Inês herdar de morte do pai é bem comum do mas já não o
que Inês receber da morte da mãe.
c)

O casal começa a adaptar-se à nova vida. E decidem que Inês vai deixar
a sua vida de cantora lírica que obrigava a muitas viagens. Em 2010 nascem
mais dois filhos.
Adelino morre e Inês herda a quota.
Prenuncie-se sobre as clausulas da convenção.
a) o filho é comum portanto podiam comunicar (faz-se uma interpretação
restritiva ao artigo 1699º nº2).
b) esta clausula está correta, então no âmbito da sua livre disponibilidade e
apesar de terem um filho isso não importa
c) podem se nesse momento houver filhos comuns
Os cônjuges podem contribuir para os encargos da vida deste modo.
O que Inês herdou do pai é bem comum do casal, o que herdou da mãe
é bem próprio.

Caso prático: Inês tinha em solteira um carro que acaba por ceder a
Jorge quando nascem os filhos. Jorge usa-o todos os dias para ir para o
trabalho. Um dia o carro avaria e o mecânico diz que não há nada a fazer então
Jorge vende-o a um sucateiro. Quid iuris.
R: Ela perde a administração ordinária, passa a caber a Jorge pois ele
tem o uso exclusivo. A administração extraordinária não é dele portanto ele não
podia vender e é nulo por venda de bens alheios ou segundo o Prof. Pereira
Coelho é meramente anulável (artigo 1682º nº3 alínea d) Código Civil). Só seria
venda de bens alheios se ele não tivesse a administração do carro.
Caso prático: Inês decide deixar que uma amiga viva temporariamente
num dos imoveis que herdou da mãe. O resto dos bens arrenda.
R: Faz um comodato com a amiga. Os outros ele não pode porque o
arrendamento é para o bem comum do casal, artigo 1682º-A.

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