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DIREITO DAS PESSOAS E SITUAÇÕES JURÍDICAS

CASO PRÁTICO
LUÍS acaba de fazer 75 anos. Homem de uma farta vida em grandes negó cios, em
Portugal e no estrangeiro, e com avultadíssimo patrimó nio, reformado, nã o
consegue conviver com o ó cio. Para agravar a situaçã o, há dois anos a esta parte,
começou a sofrer de perdas de memó ria, que se foram intensificando, e começaram
a ser acompanhadas de dificuldades na linguagem, desorientaçã o e a perder-se
com facilidade além de um generalizado desinteresse. Foi entã o que, os seus dois
filhos – MARCO, advogado, e NUNO, gestor – depois de falarem com a mã e – OLGA
– convenceram LUÍS a ir ao médico que lhe diagnosticou, numa fase relativamente
adiantada, a doença de Alzheimer.
Porém, seja pela incapacidade provocada pela doença, seja para fugir ao odioso
ó cio, LUÍS nã o se deixou abater e teimava em continuar a fazer a sua vida normal.
Nã o tardou e começaram a chegar cartas de credores, telefonemas a exigir
pagamentos e, por ú ltimo, notificaçõ es judiciais e interpelaçõ es para pagamento de
dívidas. Por isso, no Natal de 2018, aproveitando a reuniã o da família, a mulher e
os dois filhos concordaram que se tornara imperioso fazer algo mais para proteger
o pai; e, assim, considerada a proveta idade de OLGA e os seus problemas de saú de,
ficou combinado que MARCO trataria do assunto, mesmo sem consultar o pai.
Assim, em 15 de fevereiro de 2029, MARCO propô s uma açã o judicial destinada a
decretar o regime de acompanhamento de LUÍS, indicando-se a si mesmo como
acompanhante. No dia 25 de fevereiro foi publicitado o início do processo.
No dia 15 de dezembro de 2019 foi registada a sentença, proferida 15 dias antes,
que decretou que LUÍS passaria a ficar sujeito ao regime de acompanhamento nos
seguintes termos e condiçõ es:
I. Para a prá tica de todos os atos relativos à alienaçã o, inter vivos ou mortis
causa, de direitos sobre bens imó veis, LUÍS para a ser representado pelo
filho NUNO;
II. Para a prá tica de todos os atos de disposiçã o de direitos sobre bens mó veis
de valor superior a 5.000€, LUÍS para a ser representado pelo filho NUNO;
III. Os negó cios de natureza patrimonial nã o compreendidos nas alíneas
anteriores passam a depender da autorizaçã o de MARCO.
No dia 1 de março de 2020, morre OLGA e LUÍS, decide assumir com o seu antigo
relacionamento com Leonor e casar com ela; além disso, pretende ainda comprar
um pacote de férias para ambos, no valor de 7.500€ para um resort de luxo nas
Maldivas. Porém, infelizmente, os seus planos nã o puderam concretizar-se uma vez
que, em 30 de abril de 2020 morre devido a um acidente vascular cerebral
fulminante.
Depois da morte do pai, MARCO e NUNO, vêm ter consigo pedindo-lhe que aprecie
juridicamente os atos praticados por LUÍS e que sã o os seguintes:
A. Em 20 de fevereiro de 2019, já visivelmente doente e para ter alguma
liquidez, convenceu PAULO, seu velho amigo, a comprar-lhe uma carteira de
açõ es na empresa L&L por 50.000,00€ o que foi considerado um excelente
preço;
B. Em 15 de junho de 2019, vendo a esgotarem-se as oportunidades de
negó cio relativos à época balnear 2019, vende pelo preço absolutamente
ruinoso, mesmo para a fase de saldos, de 7.500,00€ toda a coleçã o de fatos
de banho
C. Em 1 de Fevereiro de 2020, a pedido de LEONOR e para que o Banco X lhe
concedesse um empréstimo no montante de 100.000,00€, aceita constituir
a favor do banco uma hipoteca sobre um prédio de 5 andares na baixa do
Porto, avaliado em 450.000€;
D. Ainda no dia 1 de fevereiro, faz a favor de LEONOR um testamento, pelo
qual lhe destina o apartamento que hipotecara;
E. Considerando que OLGA morreu, pode LUÍS casar com LEONOR?
F. Poderia, independentemente do casamento, LUÍS ir de férias com LEONOR
para as Maldivas nos termos em que o pretendia fazer?

1. Comente criticamente o ato de proposiçã o da açã o por parte de MARCO nos


termos em que ela aconteceu. [4 val]
2. No seguimento da pergunta feita por MARCO e por NUNO, que resposta
daria aos seus consulentes? [16 val]

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