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INTRODUÇÃO
Samuel Wesley não era uma pessoa querida pelos seus paroquianos e, por isso
tanto, ele como a família, sofreram alguns ataques violentos. Na noite de 9 de Fevereiro
de 1709, deitaram fogo à reitoria. Uma das mais conhecidas histórias sobre John Wesley
refere-se ao seu salvamento, quando tinha cinco anos de idade, por um homem firmado
nos ombros de outro, pouco antes de o teto ruir. O grito de Susanna "não é este um tição
retirado do fogo?" tornou-se uma profecia. O próprio John foi, mais tarde, influenciado
pela convicção da mãe de que Deus tinha uma missão especial para ele.
John Wesley viveu na Inglaterra do Século XVII, quando o cristianismo, em todas
as suas denominações, estava definhando. Ao invés de influenciar, o cristianismo estava
sendo influenciado, de maneira alarmante, pela apatia religiosa e pela degeneração
moral. Dentre aqueles que não se conformavam com esse estado paralizante da religião
cristã, sobressaiu-se John Wesley. Primeiro, durante o tempo de estudante na
Universidade de Oxford, depois como líder no meio do povo. John Wesley pertencia a
uma família pastoral, que vivia em Epworth, numa região afastada de Londres. Em seu lar
absorveu a seiva de um cristianismo genuíno.
Ao entrar para a universidade, Wesley não se deixou influenciar pelo ceticismo
cínico e nem pela libertinagem. Como reação a isso formou. junto com outros poucos
jovens, o chamado "CLUBE SANTO". Os adeptos dessa sociedade tinham a obrigação de
dar um testemunho fiel da sua fé cristã, conforme as regras da Igreja Anglicana. Eram
rígidos e regulares em suas expressões religiosas, no exercício de ordem espiritual e no
auxílio aos pobres, aos doentes e aos presos. Por causa dessa regularidade, os demais
companheiros da universidade zombavam e ridicularizavam os membros do "CLUBE
SANTO" dando-lhes o apelido de "METODISTAS".
Embora cumprisse fielmente a disciplina do "clube", John Wesley não se sentia
satisfeito. Durante anos lutou com esse sentimento de insatisfação até que em 24 de maio
de 1738, na rua Aldersgate, em Londres, passou por uma experiência espiritual
extraordinária, que é assim narrada em seu diário:
"Cerca das nove menos um quarto, enquanto ouvia a descrição que Lutero fazia
sobre a mudança que Deus opera no coração através da fé em Cristo, senti que meu
coração ardia de maneira estranha. Senti que, em verdade, eu confiava somente em
Cristo para a salvação e que uma certeza me foi dada de que Ele havia tirado meus
pecados, em verdade meus, e que me havia salvo da lei do pecado e da morte. Comecei
a orar com todo meu poder por aqueles que, de uma meneira especial, me haviam
perseguido e insultado. Então testifiquei diante de todos os presentes o que, pela primeira
vez, sentia em meu coração".
Para John Wesley, clérico da Igreja Anglicana, esse novo sentir não era como a
conversão de um infiel a Cristo. Era um aprofundar na compreensão do que significa ser
cristão. O movimento metodista, por muitas décadas não se organizou em igreja. Na
Inglaterra o movimento organizou-se em igreja somente pouco depois da morte de John
Wesley em 22 de março de 1791. Sendo assim, o fundador do movimento metodista
morreu Anglicano, sem nunca ter pertencido à Igreja Metodista.
Livre arbítrio: A graça de Deus não é imposta, o ser humano pode aceitá-la ou
rejeitá-la. Quando, então, demonstramos esta boa vontade, a graça passa a operar em
nós dando-nos então a possibilidade de praticar as boas obras que de outra forma nos
seriam impossíveis. Por isso, os metodistas não aceitam a teoria da predestinação
(doutrina segundo a qual algumas pessoas estariam predestinadas à salvação). Os
metodistas acreditam que a salvação, pela graça de Deus, está aberta a todas as
pessoas.
Arrependimento: O arrependimento surge do auto-conhecimento e leva a uma
transformação real. Consiste no abandono do pecado e no voltar-se para Deus e seu
serviço. Portanto, não se trata de mero remorso, mas de uma mudança de atitude. O
arrependimento é o primeiro movimento para a salvação (Mt 4:17). Deus está nos
convidando ao arrependimento e torna possível uma resposta positiva através de sua
Graça. Um cadáver nada pode responder, mas o pecador e pecadora até o último instante
tem a oportunidade de fazer o primeiro movimento.
Evangelho social: Espalhar a santidade bíblica por toda terra era um dos lemas de
John Wesley. Assim, a doutrina da santificação wesleyana inclui dois movimentos que
devem estar integrados: os atos de piedade e os atos de misericórdia. Atos de piedade
são os atos que levam ao crescimento espiritual (a leitura bíblica, oração, jejum etc). Atos
de misericórdia são os atos em favor do próximo, as ações em favor da promoção da vida
e da justiça social. Para Wesley, não há santidade sem a conjugação adequada desses
dois aspectos. Segundo ele, a santificação se concretiza na interação humana. Enquanto
a justificação pressupõe um ato de fé pessoal, a santificação pressupõe a existência do
outro, do próximo, tanto no nível comunitário eclesiástico como na esfera pública. Na
tradição wesleyana, ninguém se santifica sozinho, pois a santificação é sócio-comunitária.
No entendimento de Wesley "não há santidade que não seja santidade social (...) reduzir
o Cristianismo tão somente a uma expressão solitária é destruí-lo".
OS SACRAMENTOS
CONFERÊNCIA ANUAL
No contexto atual, é a Igreja Metodista brasileira que envia pessoas para fora... em
número pequeno, é verdade, mas, ainda assim, invertendo a realidade do passado. Além
disso, com a nomeação de pessoas formadas pelos seminários regionais para as funções
de "missionários designados", diminuiu a necessidade de ter gente de fora.
Mas, quais são as experiências e reflexões daqueles e daquelas que dedicaram
suas vidas servindo aqui no Brasil? Infelizmente não foi possível localizar alguns. Outros
já foram recolhidos pelo Pai. Compartilhamos aqui três histórias, a partir das quais nos
lembramos que a Igreja não é feita de edificações ou números no rol de membros: a
Igreja é constituída por pessoas, irmãs e irmãos amados por Deus, gente que merece
consideração, respeito e carinho.
O primeiro relato é de um casal missionário aposentado que escreveu dos Estados
Unidos, a segunda é de um missionário que voltou para os Estados Unidos, mas depois
de algum tempo resolveu escolher o Brasil como seu lar e a terceira é do próprio autor
desta reportagem: o pastor Stephen Newnum, o "Steve", missionário americano que está
ativo no Brasil.
CAPELA AMBULANTE
Stanley Fry serviu cinco anos no Brasil, voltou para os Estados Unidos e depois
retornou ao Brasil, após o casamento com Edith Long Schisler, missionária viúva. Stan
conta sua experiência:
"Em 1950, a Igreja Metodista brasileira recebeu seu primeiro contingente de
missionários(as) para América Latina, com contrato de três anos. Acredito que, dos 50
que foram para América Latina, 18 foram nomeados(as) para vários lugares no Brasil. Fui
nomeado para trabalhar com Charles Clay, no escritório da Junta Geral de Educação
Cristã. Pediram-me que editasse a pequena brochura promocional chamada "Brazil Calls"
(Brasil Chama), que foi enviada para todas as igrejas nos Estados Unidos que apoiaram
missionários(as).
Igrejas no estado de Texas que apoiaram trabalhos missionários haviam enviado,
pouco tempo antes, a primeira de duas "capelas ambulantes" que foram equipadas com
jipes com um gerador de força, um projetor e alto-falantes montados em cima. Ralph
Nance era o pastor de Texas que acompanhou o primeiro destes veículos. Fui nomeado
por Charles para viajar com a capela ambulante como seu técnico. Era meu trabalho
manter o gerador de força, o jipe na estrada e os alto-falantes funcionando bem.
Como falava pouco português naquela época, sempre tinha pelo menos um pastor
que viajava comigo para pregar onde quer que fôssemos. Eventualmente pude fazer
alguns dos anúncios públicos dos filmes e pregações nos alto-falantes enquanto
dirigíamos para cima e para baixo nas ruas do vilarejo durante as tardes.
Os filmes sobre a Bíblia, higiene, etc. eram mostrados geralmente em uma parede
branca em algum terreno baldio ao anoitecer e, é claro, a noite terminava com o pastor
pregando o evangelho pelos alto-falantes. Uma vez pastor me mandou dirigir à zona de
meretrício local e estacionamos no fim de uma rua com os alto-falantes apontados rua
abaixo e ligados no alto. As meninas saíram dos seus lugares de negócio e ficaram em pé
acenando e nos chamando, enquanto a pregação continuava.
Numa outra ocasião, colidimos com a oposição do padre local. Quando chegamos
num vilarejo interiorano disseram-nos que o padre tinha vindo à escola local para anunciar
a todas as crianças que a capela ambulante estava vindo e que elas deveriam ficar o mais
longe possível, porque o Satanás estava andando na traseira. Desnecessário dizer, quase
toda a cidade veio naquela noite quando os filmes eram projetados e o sermão pregado
na praça central. Mas posso dizer com segurança que eles(as) ficaram desapontados por
não ver nada de Satanás...
Depois fui nomeado para Itapecerica da Serra e Palmeiras como pastor. Quando
retornei ao Brasil quase quatro anos atrás, descobri que essas duas igrejas tinham sido
fundadas pela Rev. James L. Kennedy, o avô de minha esposa atual, Edith Long Schisler.
Eu retornei lá recentemente e achei um pequeno museu que exibe vários quadros da
antiga Igreja Metodista e suas congregações, como também o antigo órgão que estava
em uso na igreja quando eu tinha servido lá mais de cinquenta anos atrás.
BIBLIOGRAFIA