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Documento 594

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14
A VIDA PRIAAITIVA:
DO CRIPTOZól(O(PRÉ-(AMBRIANO) AO INÍCIO DO FANEROZól(O

Thomas R. Fairchild
Pauta Cesar Boggiani

Imagine a história da vida na Terra como um O Criptozóico é dividido em três éons de longa
la?óerg.Da mesma forma que quase todo o üróe?gfica fora duração, um essencialmente virtual, quase sem registro
de nossavista debaixo da superfície dos mares, 85%oda físico, o Hadeano(de 4,56 a 4,0 bilhões de anos),e os
história da vida está escondida, quase imperceptível, no outros dois palpáveis, reais, o Arqueano (4,0 - 2,5 bi-
vasto registro do tempo geológico mais remoto. Os lhões de anos) e o Proterozóico(2,5 - 0,544 bilhões de
ícones mais populares da Paleontologia os trilobitas, anos)(figura 14.1).
dinossauros e tigres.dente-de-sabre - representam ape' O Hadeano deriva seu nome de HazZK,o inferno
nas.a ponta do frfóe/g dessa história. uma fase iniciada
da mitologia grega, um nome muito apropriada para a
espetacularmente há meros 544 milhões de anos com a
violenta fase inicial da Terra, quando o planeta foi in-
primeira irradiação de invertebrados com conchas e ca-
tensamente bombardeado por meteoritos e a crostaso-
rapaças Essa fase corresponde a apenas os 15 %omais freu igualmente vigorosa geração e retrabalhamento
recentes do tempo geológico, mas foi responsável por (peixeira e/zz#f,2000). Desse éon, o único registro físi-
quase todo o registro paleontológico de organismos co que sobrou foram apenas alguns cristais de zircão de
macroscópicos e complexos, os fósseis que saltam à vis- rochas datadas em 4,1 a 4,4 bilhões de anoserodidos e
ta do paleontólogo no campo. Por este motivo, dá-se o depositados na forma de grãos de areia em rochas
nome,muito apropriado,de éon Fanerozóico,de conglomeráticas arqueanas.
PJzz/menor,
"visível", e zaoí, "vida". a esse intervalo do
A história da vida cíiptozóica, portanto, só é do-
tempo geológico.
cumentada no registro fóssil nos éonsArqueano e
Os quatro bilhões de anos da história da Terra an- Proterozóico
teriores ao Fanerozóico compreendem o Pré-Cambriano,
o tempo antes do primeiro período do Fanerozóico, um
termo consagradopelo uso. Do ponto de vista O registro paleontológicodo
paleontológico, porém, adotaremos neste capítulo um (l:riptozóico
nome informal masque realmente exprime melhor o ca-
ráter microscópico e simples das formas de vida predomi- Os registíos fósseisdo Criptozóicoe do
nantes desse vasto intervalo de tempo: o Criptozóico, de Fanerozóico exibem diferenças significativas,que re-
c7JP/oí, "escondido", e Boas, "vida" (figura 14. 1). fletem a dominânciade organismosprocarióticosmi-
222 Paleontologia

EON ERA PERÍODO

0
C Atdabaniano
a
.Q
Fanerozóico Paleozóico E Tommotiano
a
0 N-D-

-- 544 Ma --

8 Ediacariano

à::
z.g Varanger
Ê (610-590Ma)
Neoproterozóico
Proterozóico - 650 Ma

Pré-Cambriano

----- 1.000Ma
ou
Mesoproterozóico

Criptozóico 1 .600 Ma ---

Paleoproterozóico

--- 2. 500 Ma -----

Arqueano

-- 4.060 Ma"

Hadeano

C
f'Ü#na /4./ Subdivisão do temfbJÕrjl-cambrianootVrbtozóico utilizada neste capítulo. Ma = milhões de anos.' N-D =
Andar Ncmakit-Daldyniano. ++ Idade d#tiáiite entre o Arqügano e o Hadcano, por convenção, é tomada como a das mais antigas
rochasconhecidas,anualmente, gnaissescom 4.060 Ma do norte do Canadá. Os termos Ediacariano e Varangerforam propostos
para subdividir o Neoproterozóico 111em períodos menores, geohistoricamente significativos, o Varanger com referência à última
glaciaçãoprotcrozóicã (Península Varangcr,Norucga) c o Ediacariano com referência às mais antigas evidências de animais
macroscópicos(Colinas de E diacara, Austrália).

croscópicos, no primeiro, e a predominância dos como ler um livro no qual a maioria das páginas e ilus-
eucarióticos macroscópicos no segundo (tabela 14.1). A trações, menos no último capítulo, já foi arrancadaou
representatividade desses registros tambérD difere, uma danificada.
vez que as rochascriptozóicas, bem mais antigas.esti- As páginas preservadasdessahistória revelam.
veram muito mais sujeitas à erosão, ao metamorõsmo e entretanto, que a vida surgiu há maisde 3.5 bilhões de
ao soterramento do que as faneíozóicas, mais recentes anos, representada inicialmente apenas por procariotos
(figura 14.1). Ler o registro paleontológico é, portanto, (bactérias, cianobactérias e arquebactérias), evidencia-
A VidaPrimitiva: do Criptozóico(Pré- Cambriano) ao início do Fanerozóico 223

Tabela 14.1 Principais característicasda biosfera e evolução biológica no Criptozóico e Faneíozóico(modificada


de Schopf,1995).

Parâmetro Criptozóico (Arqueano Fanerozóico


e Proterozóico)

Tempo. representado pelo 3.350Ma (-3.900 - 544 544 Ma (544 Ma - hoje),


registro fóssil Ma), 85%do registro 15%odo registro

Procariotos microscópicos, Eucariotos macroscópicos,


Organismos dominantes unicelulares e coloniais: multicelulares: animais,
cianobactérias,eubactérias plantas,fungos,
e arquebactérias macroalgas
\
Fisiologia Anaeróbica ou Aeróbica
facultativamente aeróbica

Reprodução Assexuada Sexuada

Simples, dominados por Complexos, dominados


Bioma micróbios generalistas em por organismos especialistas
grandes populações. em pequerlas populações.
Esteiras microbianas e Cadeias alimentícias
. .-' ;r'

'ã ' estromatólitos como compridas.


principais ecossistemas
bentõnicos.

Ritmo evolutivo refletido Muito lento.Longa Muito rápido. Curta


nas mudanças duração das espécies. duração das espécies.
morfológicas Irradiações e extinções.

/#/?nelulan
Modo evolutivo: foco da /e/nncelular: metabolismo, desenvolvimento
pressão seletiva bioquímica. morfológico, tecidos e
órgãos, biomineralização.

Origem da vida, Predação, hábito


Inovações evolutivas fotossíntese, respiração, conchífera,conquista dos
sexualidade. continentes e do ar.

rnulticelularidade, comunicação e

tamanho macroscópico, inteligência,controle


biomineralização genético e ambiental

dos por estromatólitos, microfósseis e quimiofósseis na sõesespiraladas milimétricas lembrando uma mola acha-
Africa do Sul e no oeste da Austrália. tada (G/]Pzz#z'a,possivelmente uma alga) e, pouco de
Embora quimiofósseis australianos demonstrem pois, na fobia de microfósseis orgânicos(acritarcas)gran-
a possível presença de eucariotos há 2,6 bilhões de anos, des demais para serem procariotos.

evidências físicas desse grupo só aparecem a partir de Mas a vida continuava predominantemente mi-
Z,l bilhões de anos, na forma de impressões e compres- croscópica e dominada pelos procariotos por mais de
Pateontotogia

um bilhão de anos.Então, entre 1,2e 1,0bilhão de anos mas destas têm sido contestadas. Recentemente, por
atrás, surgem os primeiros eucariotos sexuados, a julgar exemplo, alguns microfósseiscom 3,5 bilhões de anos
pelo aparecimentode microfósseis com paredesespes' foram reinterpretados como estruturas não biológicas,
sas,ornamentaçãoe/ou diâmetros relativamente gran originadas por processos hidrotermais. Terceiro, mesmo
des e de microfósseis(no Canadá) virtualmente idênti- assim, o saldo das evidências mostra que os procariotos
cqàs algasvermelhas, todos evidentemente mais com- já estavam bem estabelecidos e envolvidos em
plexos do que procariotos conhecidos e os supostos ecossistemas bentõnicos fotoautotróficos (r.g., os
microfósseis eucarióticos mais antigos. estromatólitos) há três e meio bilhões de anos.
Apesar da presença precoce do macrofóssil Isto significa que em termos dos grandesestági-
Gfypa /a, há 2,1 bilhões de anos, o registro os da história da vida, resumidos na tabela 14.3(Knoll &

paleontológico só começa a se tornar visível em larga Bambach, 2000), a vida pode ter se originado e passado
escala,isto é, macroscópica(.
com o aparecimentode rapidamente pelo estágio 1, de "promovida" (tabela 14.3),
moldes, contra-moldes, icnâk6sseis e raras conchas dos diferenciando-se amplamente no nível procariótico (es
primeiros animais multicelulares milimétricos a tágio 11).Não deve ter levado mais do que 500 milhões
decimétricos, discutidos mais adiante, nas poucasdeze- de anos,ou menos,se a gravitade Groenlândiafor de
nas de milhões que antecederam a irradiação cambriana origem biológica. Isto porque dificilmente qualquer
deinvertebradosconchíferos. forma de vida hadeana teria sobrevivido osterríveis im-

Assim. a maior parte do registro paleontológico pactos de meteoritos, que só acabaramdcpois de 4.0
bilhões de anosatrás.
do Criptozóico é caracterizada por estromatólitos,
microfósseis e quimiofósseis relacionados a organismos
procarióticos, principalmente cianobactérias. Organis-
mos eucarióticos também são representados, antes de l
A vida se diversifica: aparecem
bilhão de anos atrás, por raros quimiofósseis, compres- oseucariotos
sões/impressões milimétricas e microfósseis, e, no
Neoproterozóico, por fósseis em maior abundância, va- Os procariotos são organismos microscópicos e
riedade, complexidade e tamanho(tabela 14.2). morfologicamente muito simples, desprovidos de
organelas internas e de núcleo diferenciado. Reprodu-
zem-se assexuadamente, o que explica o extremo
Os fósseis mais antigos e seu conservadorismomorfológico evidenciado por seu
registro fóssil (Schopf, 1995). Muitos microfósseis
significado evolutivo
procarióticos de até 2 bilhões de anos atrás são
Há quem argumente que as relaçõesentre morfologicamente indistinguívdis dos de procariotos
isótopos de C em grafita preservada em rochas modernos. O grupo apresenta metabolismo extrema-
metassedimentares com pelo menos 3,8 bilhões de anos mente diversificado e grande resistência a extremos
de idaúÉ''iklilha Akilia. no sudoesteda Groenlândia, ambientais de temperatura, salinidade, pH e radiação.
indiq(efgj2resença de organismos fotossintetizadores Por isso, até hoje sãoos organismosque predominam
no iníêi6'do Arqueano. Existem controvérsias em rela- em ambientes anóxicos, hipersalinos, hiperácidos e de
ção a essainterpretação em função do metamorfismo altas temperaturas, uma capacidadeaparentemente
que essematerial carbonoso sofreu. Desta forma, os fós- herdada da época de sua origem e diversificação sob as
seis mais antigos aceitas atualmente pela comunidade severas condições paleoambientais do início do
científica são os estromatólitos, quimiofósseise Arqueano.
microfósseis datados em 3,5 bilhões de anos do oeste da Por outro lado, os processosmetabólicosdos
Austrália e sul da Africa, mencionados acima e na tabela eucariotos, tais como respiração e fotossíntese, são indi-
14.2 vidualizados em organelas intracelulares especializadas.
O problema dos fósseis mais antigos do mundo A reprodução sexuada, amplamente desenvolvida nos
merece algumas observações. Primeiro, o registro fós eucariotos, lhes confere grande variedade genética e,
sil do Arqueano é, de fato, muito rarefeito, êom a grande consequentemente, morfologia distinta e complexa,
maioria das ocorrências datando do final desseéon(en- bem diferente dos procaíiotos. Seu sucessoevolutivo,
tre 3,0 e 2,5 bilhões de anos). Segundo, existem poucas medidopela velocidadede suasadaptações
e inova-
ocorrências mais antigas que 3,0 bilhões de anos, e algu- ções,tem um preço alto, a extinção, pagopor todas as
A VidaPrimitiva: do Criptozóico (Pré-Cambriano)ao início do Fanerozóico 225

Tabela 14.2 Categorias de fósseis mais comuns no Criptozóico. * interpretação não necessariamente
consensual.

Mais antigo Mais antigo


Categoria Definição registro no registro
mundo brasileiro

Compostos orgânicos de origem biológica alterados


por processosbioquímicos, físicos e químicos ao
+Órafita }:' Supergrupo Minas,
longo do tempo geológico. Possuem composição
QuimioMsseis química ou isotópica (''C/':C), e/ou estrutura ilha Akilia. Quadrilátero
molecular características.Quando sinalizam SW Groenlândia Ferrífero,MG.
processos metaból ices específicos (p. ex., 3.830 Ma 2.400 Ma

fotossíntese oxigênico) são chamados de


homafcadows.

Estruturas biossedimentares calcárias produzidas W daAustrália, Supergrupo Minas,


Estromatólitos pelas atividades metabólicas de comunidades NE da Africa do Quadrilátero
bentõnicas de micróbios, principalmente, de Sul, Ferrífero, MG.
cianobactérias. 3.500Ma Z.400Ma

1) Restos orgânicos de microplâncton (acritarcas,


microalgas, cianobactérias) preservadoscomo W da Austráli#/ Supergrupo
Microfósseis compressões dispersas em rochas políticas; ou 2) NE da Africado Espinhaço
orgânicos Restos de comunidades microbianas bentânicas (subsuperfíc
ie).
Sul,
permineralizados, precocemente, por sílica (ou 3.500 Ma Montalvânia, MG,
menos comumente por calcita, fosfato ou pinta), 1.200-1.000Ma
que os preserva em três dimensões.

Impressões e Moldes, àsvezesrevestidosde películacarbonosa(= ;Opania, Vendotaeníde os,


compressões compressões), tipicamente de algas multicelulares, Michigan, EUA, Grupo Corumbá,
orgânicas normalmente sem preservaçãocelular. 2.100 Ma MS. c. 550 Ma

N4oldes,
Impressões da forma externa de organismos Medusóides :lommbeLla wmeri,
contramoldes
multicelulares, principalmente de metazoários NW do Canadá Grupo Corumbá,
em rochas
primitivos. 600 Ma MS, c. 550 Ma
siliciclásticas

IMarcas nos sedimentos, praticamente todos Após a glaciação *Grupo Alto


lcnofósseis
horizontais, produzidos por metazoários tipicamente Varanger Paraguai, MT
bentânicos vágeis. 590?Ma c. 550 Ma

Conchas, escleritos e espículasde composição 31oudànalucianoi.


Esqueleto inorgânica, principalmente, carbonática, fosfática, ou Namíbia Grupo Corumbá,
biomineralizado silicosa, produzidos põr deposição biologicamente c. 560 Ma MS
controlada(biomineralização). c. 550Ma
226 Paleontologia

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bico
227

espécies eucarióticas após poucos milhões ou dezenas


de milhões de anos de existência. aeróbicos em torno de 2,0 bilhões de anos atrás(está-

Com pouquíssimas exceções, os eucariotos são


O advento da reproduçãosexuadasó veio bem
aeróbicos, dependentes do oxigê.nio para a respiração.
mais tarde, entre 1,2e ],0 bilhões de anosatrás,e intro-
lambem dependem Po Oxigêniolla camada de ozânio,
que os protegem dos efeitos nocivos dos raios duziu variedade genética e morfológica sem prece
dentes na biosfera, inicialmente dentre os eucariotos
ultravioletas. Dessas observações, conclui-se que o au-
mento de oxigênio na atmosfera foi o favorfundamental unicelulares. Quase imediatamente desencadeou. se o

na proliferação dos eucariotos ainda durante a desenvolvimento dos eucariotosmulticelulares aquá-


Criptozójco ticos (estágio IV tabela 14.3), inclusive os primeiros
animais (microscópjcos e frágeis), Segundo estimati-
[)e onde veio este oxigênio? Da própria vida.
vas derivadas da análise do seqüenciamento de prole
através da fotossíntese oxigênica, primeiramente desen -
mas e ácidos nucléicos dentre os animais. Mas não há
volvida nos procariotos (cianobactérias). Mas quando? fósseis desse estágio da evolução animal; os primeiros
Vimos que os procariotos já construíam estromatólitos
animais só aparecem bem mais tarde, na véspera do
há 3,5 bilhões de anos,claramente por intermédio de Fanerozóico.
organismos autotróHicos e heliotrópicos. Mas os fósseis
dessa época não nos permitem dizer se esses micróbios
liberavam oxigénio ou não.
Fauna de Ediacara: osprimeiros
As evidências mais antigas de fotossíntese animais macroscópicos
oxigenica são quimiofósseis australianos, de 2,7 bilhões
de anos atrás, quase a mesma idade dos primeiros
Os primeiros raios fosseisde animais só apare-
quimiofósseis eucarióticos, já mencionados acima. Que
cem em torno de 590 milhõesde anos atrás, sob a forma
grandesquantidades de oxigênio estavam sendo produ-
de impressões medusiformes milimétricas, e tornam-se
zidas nessaépocaestá mais do que evidente pelos bi- relativamente abundantes somente 20 milhões de anos
lhões de toneladas de formações feníferas bandadas. as
mais tarde, com a Fauna de Ediacara. Os se,es
óu d?Zfno Jo ma#a#J, ou .B/Fs, depositadas em todos
ediacarianos eram desprovidos de carapaçasou de ele
os continentes entre 3,0 e 2,0 bilhões de anos atrás.
mentor esq ueléticos mineralizados. Costuma-se referir
E aí reside uma segunda coincidência impor- a eles como de "corpo mole", embora, a bem da verda-
tante: as evidências mais antigas da expansão inicial dos de, fossem Suficientemente rígidos para deixar moldes
eucariotos, G/yPz?#z/a
e os microfósseis maiores, apare e contramoldes bem preservadosem siltitos e arenitos
finos
cem bem no fim desseperíodo ou pouco depois. Evi-
dentemente, tãologo que o ferro que tinha seacumula-
Descrita originalmente em 1947 por R.C. Sprigg,
do nos mares durante a fase anóxica da atmosfera foi
nas Colinas de Ediacara no sul da Austíália, a fauna de
depositado como Bits, o oxigênio proveniente da
Ediacara conta hoje em dia com milhares de espécimes
fotossíntese começou a tornar a atmosfera permanente e mais de 25 gêneros conhecidos(Narbonne, 1998). Ele
mente oxidante, favorecendo a proliferação dos mantos desta fauna são encontrados, anualmente. em
eucariotos.
mais de 30 localidades espalhadas por praticamente to-
Assim, podemos imaginar que entre 2,6 e 2.0 dososcontinentes
bilhões de anos atrás, a complexa condição eucariótica Junto com essesfósseis,apareceramem abun-
evoluiu lentamente,começandocom o surgimento dância, pela primeira vez, marcas nos sedimentos se
de um ancestral amebóide dentre as arquebactérias.
guramente feitas por animais diferentes dos preserva.
capaz de englobar outros seres,e passandopor diver- dos como elementos da fauna de Ediacara. Quase to-
sos eventos endossimbióticos, resultando na aquisi- dos esses icnofósseis são traços horizontais.
ção de diversas organelas(cloroplastos, mitocõndrios.
Pouquíssimospenetram maisdo que superficialmen-
flagelam)(Margulis & Sagan,2002). Na medida que o te nos sedimentos. Para explicar esta observação exis-
oxigenio aumentava na atmosfera, os proroeucariotos tem várias hipóteses:
melhor adaptados a utilizar o Oxigênio na respiração
1) Não haviam animais com uma cavidade inter-
iam sendofavorecidospela seleçãonatural.'culmi-
na cheia de fluido(celoma) que dessea rigidez necessá.
nando em eucariotos unicelulares plenamente
na para deslocamento vertical nos sedimentosl
228 Paleontologia

2) A poucos milímetros de profundidade, o esteirasmicrobianas do assoalhomarinho foi identificada


subestrato tornava-se anóxico, inóspito aos animais pri- até hoje. Portanto, não teriam sido estes organismos os
mitivos; responsáveis pelo declínio dos estromatólitos no fim do
Criptozóico.
3) Na ausência de consumidores que raspassem
o substrato,proliferavam-se, sobre o fundo, esteirasor- Imagina-se, contudo, que assupostasformas co-
gânicase biofilmes, quase impenetráveis. loniais e algumas das outras de simetria radial eram
suspensívoras,alimentando-se de plâncton.
Os organismos da fauna de Ediacara tiveram seu
pico de irradiação entre 550-544 milhões de anos, mas Alguns dos organismos ediacarianos eram surpre
poucos sobreviveram a transição para o Cambriano. endentemente grandes, alcançando dimensões
Eram animais muito diferentes dos moluscos, decimétricas, e desprovidos de proteção, não apresen-
tando conchas nem esqueleto externo. [)lance destas
crustáceose equinodermos tão familiares nas praias
características, parece que não havia predadores de porte
modernas (figura 14.2). Pela relativa raridade de sime-
tria verdadeiramente bilateral e de organização antero- nos mares primitvos dessa época.

posterior/dorso-ventral dente os fósseis ediacarianos, é Além de grandes, alguns dos organismos mais
aparente que poucos desses animais rastejavam ou se comuns na fauna. D/réi sabia, por exemplo, também
deslocavam ativamente sobre o fundo do mar. Boa parte eram extremamente finos, com poucosmilímetros de
dos animaisexibiam a simetria radial ou concêntrica espessura, uma morfologia que favoreceria a absorção
típica de organismos passivos de hábitos flutuantes na de oxigênio, alimentos ou até mesmo luz pelos teci-
coluna de água ("medusóides") ou sésseis no fundo. dos (figuras 14.2 e 14.3). Aliás, Adolf Seilacher (Yale
Uma parcela considerável apresenta nítida University) e Mark McMenamin(Holyhoke College)
compartimentalização e organização muito semelhante já argumentaram que os organismos ediacarianos pos-
àscolónias frondosas de cnidários penatuláceos(figuras suíam simbiontes autotróficos que teriam fornecido
14.2 e 14.3). lcnofósseis comprovam a presença de muitos dos seus nutrientes (e oxigênio) a partir da
escavadores rasos associados à fauna. fotossíntese, como nos corais hermatípicos modernos.
Não está muito claro como os seres ediacarianos Martin Glaessner, o australiano que primeiramen-
se alimentavam, pois é controvertido se esses organis- te percebeu a importância evolutiva dessafauna, acre
mospossuíam boca, ânus, trato digestivo ou sistemacir- ditava que praticamente todas as formas pudessem ser
culatório. Apenas uma espécie que se alimentava das classificadas em filou modernos,lprincipalmente dentro

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/'Üzínu /4.2 Reconstituição de animais representativos da fauna de Ediacara (Neoproterozóico tGmunal. Austrália). Obser-
var as formas que lembram frondcs (A). Os medusóides (Ed/arara, D; Rugaro ;/n, G). A forma discóidc cóm simetria trirradial
(7hónnüldy#n, F). A forma vermiforme segmcntada(Z)Ir#/#so#ü,B) e as formas com possível desenvolvimento antcro-posterior
(JP/l@i#a,C; Pawz?#rad#a,E) (Baseadaem Margulis, 1982).
A VidaPHmitiva: do Criptozóico(Pré- Cambdano) ao início do Fapglglglçt 229

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C)vatoscutum Cyclomedusa Tribrachidium Albumares
:$ Estrutura em
gomos(detalhe)

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h-
za

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[)/ck/néon/a Organismos fusiformes

ü/endia Spriggina Pteridinium Charnia Rangem

/'Üzlnn /4.3 Interpretação de AdolfSeilacher (1989) dos animais da fauna de Ediacara como "vendozoários", ou Vendobionta,
uma experiência evolutiva scm relação aos metazoários, caracterizada por uma estrutura em gomos, parecidos com ascâmarasde
um colchão de ar (detalhe em E). Observar na fileira superior os organismos dc organização radial, inclusive formas trirradiais
(7hÓracú/d;#m, Á/»#ma/w) sem equivalência na biomaanual;na fileira do meio, os organismosde crescimento bipolar; e na fileira
inferior, os organismosde crescimento unipolar, com aspecto de "frondes". As escalasrepresentam l cm.

dos Cnidaria e Annelida. Por outro lado, o russo Mikhail Adolf Seilacher vai mais longe e chama atenção à
Fedonkin cita diferenças na simetria de muitos dos peculiar segmentaçãoe formato de quasetodos os ele
metazoáriosantigos, inclusive dentre os primeiros ani- mentes da fauna de Ediacara, desde Dlc#/magia até asco-
mais com conchas, por exemplo a estranha simetria lónias em forma de frondes. Esse renomado pesquisador
trirradial de Znónncgid/m (figuras 14.2 e 14.3), como postula que a maioria dos elementos da fauna de Ediacaía
evidência de que muitos desses organismos represen- possivelmente nem eram metazoáriosmasum reino àpar-
tam becosevolutivos que não deixaram descendentes. te, a Vendobionta, totalmente extinto(figura 14.3).
230 Paleontologia

Quem tem razão, afinal? Pesquisadores ingleses esponjas, anelídeos e outros grupos ainda viventes, bem
já acharam fósseis parecidos com as frondes coloniais da como membros de outras linhagens desconhecidas atu-
fauna de Ediacara em rochas cambrianas, mas muitos aumente (Mehdes, 1988; Cowen, 2000) (figura 14.4). Os
dos supostos medusóides e organismos de simetria maiores fósseis esqueléticos nessa época eram de es-
trirradial parecemrealmente ter sido exclusivosdessa ponjas com formato de cones. os arqueociatídeos, extin-
faseinicial na evolução animal. A fauna de Ediacara,em tos ainda no Cambriano, os primeiros animais a forma-
última análise,reflete uma biomaextinta, desprovidade rem bioconstruções recifais. A importância desta segun-
predadores de porte mas repleta de experiências da irradiação evolutiva dos metazoários é bem evidente
evolutivas. Foi a primeira tentativíjjpor parte de animais na Sibéria, onde mais de 30 espéciesde SSFse 70 espé-
megascópico. cies de arqueociatídeosaparecemna base do
logrou relativo êxito. Tommotiano. Calcula-se que o andartodo durou entre
três a seis milhões de anos apenas.
O andar seguinte, o Atdabaniano. se destaca pela
O surgimento do esqueleto: as expansão,pela primeira vez, de fósseisde animais
faunas tommotiana e de Burgess esqueléticos relativamente grandes,se comparados aos
do andar anterior. Os trilobitas, o fóssil-ícone do
Embora os fósseis de Ediacara, sempre restritos a Cambriano, só se tornam evidentes nesseandar,embora
litologias siliciclásticas, não apresentem elementos icnofósseis parecidos com suas pistas ocorram no
esqueléticos mineralizados, pesquisasrecentes têm re- Tommotiano. Junto com os uilobitas, os braquiópodes
velado uma diversidade inesperada de fósseis calcários. também se tornaram importantes.
pelo menos localmente, em fácies carbonáticas No início do Cambriano, aocontrário do período
penecontemporâneasà fauna de Ediacara em Namíbia. Ediacaíiano, os mares eram ocupados por animais
Assim, apenas ao final do Criptozóico é que surgiu o es-
planctõnicos flutuantes e animais bentânicos sésseis
queleto, através da aquisição da capacidade do organis-
(braquiópodes, arqueociatídeos) e vágeis, (trilobitas,
mo gerarpartes durasmineralizadas(biomineralização).
anelídeos) tanto da epifauna como da infauna. Aparen
[)esde que os animais se tornaram macroscópi- temente, ainda não haviam vorazes predadores de gran-
cos,o surgimento do esqueleto talvez tenha sido o even- de porte nem nadadores ativos (Cowen, 2000).
to mais importante da sua evolução. Em pouco tempo a
Nossa percepção da história evolutiva seguinte
seleçãonatural e a evolução trataram de criar esqueletos
continuaria relativamente simplesse nãotivesse ocorrido
de inúmeros tipos(ando, exoesqueleto), funções(supor-
uma fortuita descoberta paleontológica no início do sé-
[e, âncora para músculos, proteção, aquisição de alimen-
culo 20.
to), arranjos (conchas. espículas, escleritos, cones), com-
posiçãoquímica(carbonato, sílica, fosfato, quitina) e mo- Em 1909, Charles Walcott do Smithsonian
dos de origem(superficialmente ou dentro de tecidos). Institution encontrou rico acervo de animais de corpo
mole em folhelhos do Mesocambriano(com cerca de
A expansão em escala global de seres capazes de
515 milhões de anos de idade) em Burgess País nas
produzir esqueletostornou o registro fossilífero maisrico
e marcouo início de novo éon: o Fanerozóico,embora, Montanhas RochosasCanadenses.Este conjunto de fós-
formalmente, a base do éon (e da era Paleozóica e do seis, conhecido como a fauna Burgess, é composto pe
los animais mais estranhose díspares de que se tem
período Cambriano), seja definida pela primeira ocor-
conhecimento (figura 14.5). Estudos recentes dessa fauna
rência do icnofóssil 7}rP#cúm#s.pedem. Mas as evidênci-
as dessa expansão passaram despercebidas por muito colocam em dúvida a concepção evolutiva tradicional
tempo por causado tamanho diminuto, geralmente cm que poucas formas simples de vida evoluem para
milimétrico e submilimétrico, dos restos dos primeiros um número cada vez maior de espéciesmais compõe
xas.A enorme variedade exibida pelosfósseisBurgess
seres com esqueleto, conhecidos como, ".rma// .í,ée/z/a/
ymii#" (JXFs), ou seja, "pequenos fósseis esqueléticos' (125 géneros entre animais e algas)demonstra que, ao
As subdivisões banaisdo Eocambriano, em or- contrário do que se pensava, a fase inicial da evolução
animal também se caracterizou por uma abundância de
dem, os andares Nemakit-[)aldyniano e Tommotiano
espécies, das quais apenas algumas possuem descen
(figura 14. 1), são caracterizadas em grande parte por mi-
núsculos cones, tubos. conchas, espículas e diversos ou- dentes anuaispor motivos cantode seleçãonatural como.
muitas vezes, do acaso (Gould, 1990).
tros escleritos, representando moluscos, braquiópodes,

&'('.\.b
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/
A Vida Primitiva: do Criptozóico(Pré-Cambdang) ao início do Fonerozóico 231

Imm
Sunnaginia 0.5mm

D Fomitche1la

0.5mm
Anabarites

Hyolithellus Tommotia

Fikwxa /4.4 Fósseis representativos da fauna tommotiana ( "fma/7s,ér/eM//aiii&" ou JIFs). (A) Jzr#/zaZl#ü, placa fosfática de
um molusco (?). (B) A aóaà/ex, esqueleto (calcário?),possivelmente de celcnterado. (C) JI/Ja/ízür##í,tubo fosfático de um animal
vcrmiforme. (D) romã/clf//a, objeto fosfático lembrando dente (conodontopodo?). (E) Zomba/ía, esclerito fosfático de molusco
ou animal vermiforme (modificado de Rozanov, 1986).

Na revisão de Harry Whittington e colaborado- O que talvez seja mais espantosonessahistória é


res (Cambridge University), iniciada na década de 1960, que praticamente todos osfilas Qclassesde animaismo-
identificaram-se oito tipos morfológicos anatomica- dernos que possuem esqueletos biomineralizados
mente distintos de qualquer filo animal conhecido: evoluíram a partir de seres primitivos que apareceram
Opabinia. Nectocaris. OdontogriPhus, Dinomischus . em menos de 30 milhões de anos a partir do início do
A.miskxoia.Hallucigenia, Wixoaxia e Anomalocads \S\Eu\a Fanerozóico (Brigas e/z?/if,1994)1 Por isso,essairradia-
14.5). Mas, segundo Stephen Jay Gould(1 990), esta lis- ção evolutiva é amplamente conhecida como a "explo-
ta está longe de ser completa, pois estima-se que, na são cambriana
melhor das hipóteses, apenas a metade das criaturas es- O que se constata, diante destas evidências
tranhasdos folhelhos Burgess tinha sido descrita até paleontológicas, é que em vez de uma elevaçãogradu-
1990. al rumo a uma crescente complexidade taxonõmica,
Em resumo, a primeira fauna diversificada de or- conforme foi imaginado inicialmente por Charles
ganismos com partes duras, no Tommotiano, incluiu al- [)arwin, as poucas dezenas de mi]hões de anos entre
gumas criaturas nas quais é possível identificar traços Ediacara e Burgess testemunharam o surgimento de três
anatómicosmodernos, embora a maioria dos SSFs faunas variadas e radicalmente diferentes - as criaturas
tommotianos seja de afinidade incerta. Com exceção de Ediacara, grandes, achatadase de corpo mole; os
dos arqueociatídeos. os organismos eram muito peque- pequenos animais esqueléticos tommotianos cobertos
nos.A fauna tommotiana proliferou-se numa explosão de minúsculas escamase plaquetas; e a diversificada e
de sucessopassageiro,da.qiesma forma que ocorreu. estranhafauna Burgess,com muitos parentescoscom
anteriormente, com a fauna;Ediacara, paraser substituí- os aríimais modernos.
da em seguida por animais tnaiores e mais eficientes na A causada explosão cambriana teria sido intrín
secreção de seus esqueletos. seca (biológica) ou extrínseca (ambiental)? Andrew
232 Paleontologia

rilgwnn/4.5 Reconstituição de animais representativosda excepcionalmente bem preservada fauna de Burgess


(Mesocambriano, Canadá) (Modificado de Briggs rra/ii, 1994). Desses animais, mais de 80%neram de "corpo mole". de modo que
somentc os de lccras [), H, R, S e U, que possuíam conchas, seriam preservados sob condições normais de fossilização. Esponjas:
(A) Uazrxla. (B) CZola. (C) Plrn#la. Braqu iópode: (D) Mf#iia. Poliqueta: (E) B#/gniadae/a. Priapulídeos: (F) O//oü. (G) Z.o#ise/Za.
Trilobita: (H) O/moldzf. Outros artr6podcs: (1) SfdH ia. (J) Z,fa#Üoi/Ía. (K) Ma/n#Z. (L) aa#'zzZaÍPir. (M) 'Vo/a/ü. (N) BzfWxü. (O)
Ha4ala. (P) WaP/ü. (Q) ÁysÁeafa. Molusco: (R) .Some//a. Equinoderma: (S) Élcdma/ard #í. bordado: (T) Pl#úia. Outras formas
estranhas:(U) HaP/aPÃrm/Ir.(V) OPa##la. (W) Z)l#amü6Zus.
(X) Wíwama.(Y) Áao'ma/ornrtr.

Knoll, de Harvard University, afirma, categoricamente, isótopos de C e de Sr em rochas carbonáticas,


que a irradiação cambriana foi provocada por perturba- paleomagnetismo, geocronologia fina e estratigrafia dc
çõesambientais e subsequentemente amplificada pe- sequências para determinar a ordem e cronologia de
las interações ecológicas inerentes à reorganização dos eventos paleobiológicos da transição Criptozóico --
ecossistemas. Ele encontra subsídios para seu argumen- Fanerozóico. ,.
to nas evidências geológicas da fragmentação de gran-
.IEol:.fi+lqfomo resume Gould (1990), em seu no-
des massas continentais e de glaciações globais no de- tável livro sobre a fauna Burges$,se retornarmosaos
correr do Neoproterozóico e as consequências desses registros paleontológicos mais antigos, notamos que fo-
eventos em relação à atmosfera e aos oceanos ram quase2,5 bilhões de anosde reino absolutode célu-
(flutuações na temperatura, na concentração de oxigênio las procarióticas(de mais de 3,5 bilhões até 1,2 bilhões
e nos parâmetros Hisico-químicos dos oceanos). Dc qual- de anos atrás) - dois terços da história da vida dominados
quer forma, o debate em torno desseassuntoé tão por seres da mais baixa complexidade biológica conhe
intenso quanto aqueles gerados pelas teorias referentes cada.Outros 600 e tantos milhões de anosde convivên-
à extinção dos dinossauros no limite do Cretáceo com o cia de células procarióticas e células eucarióticas, maio-
Te rciário . res e muito mais intricadas, mas sem nenhuma evidên-

Por causa desta rápida diversificação, os fósseis cia fóssil de vida animal macroscópica.E, por fim, num
do Neoproterozóico terminal e Eocambriano, tanto os piscar de olhos geológico, de pouco mais de 50 milhões
elementos esqueléticos e icnofósseis como os de anos, aparecem três faunas notavelmente diferentes
microfósseis, têm permitido estabelecer um zoneamento Ediacara, Tommotiana e Burgess. [)epois disso, 500

bioestratigránico desta parte crítica do registro geológi- milhões de anos de irradiaçõese extinções, triunfos e
co. No Neopraterozóico terminal, onde o registro fóssil tragédias mas sem que ocorrese o surgimento de ne-
é mais escassoe menos diversificada, esquemas nhum fila ou formato anatómico básico novo, além dos

bioestratigíáficos preliminares vêm sendo aliados a es- já existentes na época de Burgess.


tudos quimioestratigráficos das tendências seculares de

\
roído do Éanerozóíco 233

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