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17/04/2018 O cão de caça - Veja a primeira aparição do Necronomicon

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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O cão de caça - Veja a primeira aparição do Necronomicon


Nerd Mald
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Acredito que todos já devem ter ouvido falar ao menos uma


vez no Necronomicon, o livro dos mortos, que muitos
acreditam ser real, mas na verdade foi uma criação de H.P
Lovecraft, só que a sua primeira aparição foi um tanto
tímida, apenas uma citação em um conto de 1922, que foi
publicado em 1924 na revista Weird Tales.

O conto se chama na versão original "The Hound", que é


traduzido como "O sabujo", sendo que sabujo é referência a
um grupo de cães especializados em farejar por ter um
olfato poderoso, servindo perfeitamente como cão de caça,
como é um grupo que varia um bocado em seus estilos,
variando desde o fofíssimo e pequeno Basset até o um
tanto mais atlético Foxhound americano, portanto achei que
o nome do conto acabava sendo traduzido melhor como "O
cão de caça", pois creio que o autor não pensou
exatamente em um cão fofinho na hora de escrever, pelo
menos a sensação que tive ao ler não foi essa, sendo
assim é algo que fica livre.

A aparição do livro dos mortos aqui é apenas de uma


citação que aparece, mas o autor fictício do livro, o árabe
louco Abdul Alhazred já tinha dado as caras na obra de
Lovecraft um ano antes, no conto A cidade sem nome, de
1921, só que nada foi falado sobre a macabra criação
desse personagem. Já aqui além dele ser citado também,
por um momento o protagonista comenta sobre o livro, mas
também é de forma bem breve e sem grandes explicações,
mesmo assim é um momento marcante, afinal de contas
As postagens mais badaladas
estamos falando de um dos artefatos fictícios mais
Lista de jogos grátis no steam conhecidos e usados na cultura pop.
(Peguem enquanto dura)

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Sobre a história, eu realmente gostei muito, e apesar de ser


Veja se Fortnite roda no seu PC +
Download (Jogo Grátis) notável as características lovecraftianas, achei os
personagens um tanto diferentes. Dessa vez são
apresentados dois amigos que na época moderna eu os
Veja Fortnite rodando em PC's veria como góticos excêntricos viciados em ocultismo e em
fracos (+Download do jogo) quebrar regras fazendo coisas macabras. Apesar disso há
todo aquele toque de pessoa muito culta que os

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personagens do autor sempre tem, fazendo assim com que
Veja se Distrust roda no seu PC pareça uma versão revoltada de intelectuais.
(+Jogue GRÁTIS)

A forma com que a história é conduzida, como sempre é


bem espetacular, com todo aquele toquezinho de
Lista de códigos(cheats, trapaças,
manhas) para GTA 5 de Xbox 360 perseguição, de uma coisa maldita estar vindo de algum
e PS3, Xbox One e PS4
lugar que não se sabe onde é e que a qualquer momento
pode te pegar. Mas agora chega de papo e vamos para o
Splinter Cell Pandora Tomorrow é conto:
bonito demais para PC's
modernos

O cão de caça

Em meu torturado ouvido ressoa incessante um guinchar e


farfalhar vindo de um pesadelo, e um uivo débil e distante
que parece vir de um cão gigantesco. Não é um sonho -
não é, eu temo, sequer loucura - pois muito já me
aconteceu para que tal dúvida ainda exista.

St John está todo mutilado; Só eu conheço o porquê, e


tanto é meu conhecimento que estou prestes a estourar
meus miolos por medo de ser mutilado da mesma maneira.
É fundo em escuros e intermináveis corredores de sinistra
fantasia que rodeia o meu Nêmese negro e sem forma que
me leva à auto-aniquilação.

Que os céus perdoem a tolice e morbidez que nos trouxe a


um tão monstruoso destino!
Fatigado das trivialidades de um mundo prosaico; onde até
os prazeres do romance e da aventura logo se tornaram
banais, St John e eu seguíamos com entusiasmo cada
movimento estético e intelectual que prometia um
adiamento de nosso tédio devastante. Os enigmas dos Parceiros Porretas
simbolistas e os êxtases dos pré-Raphaelitas todos foram
nossos em seus tempos, mas cada ânimo novo se drenava
cedo demais, de seu apelo e sua inovação distrativa.

Só a sombria filosofia dos decadentes podia nos ajudar, e


até isso só nos era efetivo ao aumentarmos gradualmente a
Ativar Notific
profundidade e diabrura de nossas penetrações.
Baudelaire e Huysmans logo estavam logo esgotados de
Caso queira fazer doaç
emoção, até que finalmente restou a nós apenas o mais
direto estimulo de aventuras e experiências anormais
pessoais. Foi essa terrível necessidade emocional que
eventualmente nos levou a essa detestável conduta que até
mesmo em meu horror presente eu menciono com
vergonha e timidez - esse extremo hediondo de atentado à
humanidade, a abominável prática de roubar túmulos.

Eu sou incapaz de revelar os detalhes de nossas chocantes


expedições, ou de catalogar sequer parcialmente os piores
dos troféus que adornam o museu sem nome que Leia Mais

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preparamos na grande casa de pedra onde coabitávamos,


sozinhos e sem servos. Nosso museu era um lugar
blasfemo, impensável, onde com o gosto satânico de nossa
virtude neurótica construímos um universo de terror e
decadência para excitar nossa sensibilidade desgastada.
Era uma sala secreta, distante, distante, no subsolo; onde
enormes demônios alados esculpidos em basalto e ônix

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As descobertas feitas
vomitavam de suas largas bocas sorridentes uma estranha assassino vão deixar
luz verde e laranja, e canos pneumáticos ocultos THICKS.NET
bombeavam danças caleidoscópicas de morte, fileiras de
trapos mortuários vermelhos costurados em volumosos
penduricalhos pretos. Por esses canos vinha a vontade os
odores que nossos humores mais desejavam; as vezes o
perfume de pálidos lírios funerários; as vezes o narcótico
incenso oriental dos mortos nobres, e por vezes - como me
arrepio de lembrar! - o aterrorizante, desalmante fedor do
túmulo descoberto. Estas novas tendênci
surpreender você
Por volta das paredes dessa câmara repelente haviam PICKTURE.COM

sarcófagos de múmias antigas alternados com vívidos


cadáveres formosos, perfeitamente empalhados e cuidados
pela arte da taxidermia, e com lápides apanhadas dos mais
velhos adros do mundo. Vasos aqui e ali continham crânios
de todas as formas, e cabeças preservadas em diversos
estágios de dissolução. Ali era possível encontrar as
cacholas carecas e apodrecidas de famosos nobres, e as
frescas e radiantes cabeças de natimortos. Os países mais perigo
Também estavam lá estátuas e pinturas, todas de natureza THICKS.NET

diabólica e algumas feitas por St John e por eu mesmo.


Uma pasta trancada, encapada com pele humana curtida,
continha desconhecidas e inomináveis gravuras que,
segundo rumores, foram feitas por Goya que não ousava
reconhecê-las. Haviam ali nauseantes instrumentos
musicais, de corda e de sopro, nos quais St John e eu por
vezes produzíamos dissonâncias de requintada morbidez e
cacodemônico pavor; enquanto numa multitude de Descubra quem são a
bonitas do mundo
gabinetes de ébano repousava a mais incrível e
THICKS.NET
inimaginável variedade de pilhagens vindas de túmulos já
reunida pela loucura e perversidade humana. E são desses
despojos em particular dos quais eu não devo falar - graças
a Deus eu tive a coragem de destruí-los muito antes de
considerar destruir a mim mesmo!

As excursões predatórias durante as quais nós coletamos 


nossos imencionáveis tesouros eram sempre eventos
artisticamente memoráveis. Não éramos carniçais vulgares,
trabalhávamos apenas sob condições específicas de Games of Thrones P
humor, paisagem, ambiente, clima, estação, e luz da lua. $24

Esse passatempo era para nós a mais única forma de


expressão estética, e dávamos aos detalhes os mais
meticulosos cuidados técnicos. Um horário impróprio, um
efeito de luz dissonante, ou uma manipulação desajeitada
da terra úmida, destruiriam quase que totalmente aquela
titilação doentia que acompanhava a exumação de
qualquer segredo agorento da terra. Nossa busca por
cenas singulares e condições picantes era febril e
insaciável - St John era sempre o líder, e ele foi quem
conduziu o caminho até aquele maldito lugar que nos
trouxe nosso horrível e inevitável destino.

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Por que maligna fatalidade fomos atraídos até aquele


terrível adro holandês? Penso eu que foram os rumores e
lendas obscuras, os contos de um homem enterrado por
cinco séculos, que havia sido ele mesmo um carniceiro em
seu tempo e que havia roubado algo perigoso de uma
possante sepultura. Eu posso me lembrar da cena nesses

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momentos finais - a pálida lua de outono por sobre as
lápides, projetando longas e horríveis sombras; as árvores
grotescas, se inclinando carrancudas de encontro ao mato
negligenciado e as lápides desgastadas; as vastas legiões
de estranhamente colossais morcegos que voavam contra a
lua; a antiga igreja coberta de heras apontado um enorme
dedo espectral para o céu; os insetos fosforescentes que
dançavam como fogos-fátuos debaixo dos teixos em um
canto distante; os odores de mofo, vegetação, e coisa mais
difíceis de se explicar se misturavam debilmente com o
vento da noite vindo de distantes pântanos e oceanos; e, o
pior de tudo, o fraco uivar grave de algum cão gigantesco
que não conseguíamos nem ver nem apontar a origem.
Estremecemos quando ouvimos essa sugestão de uivo, nos
lembrando das histórias dos camponeses; de que aquele
que nós buscávamos havia há séculos sido encontrado
nesse mesmo lugar, destroçado e mutilado pelas garras e
presas de alguma besta inimaginável.

Eu me lembro de como nós mergulhamos no túmulo do


carniceiro com nossas pás, e como nos excitamos com a
estética de nós, o túmulo, a lua pálida nos observado, as
sombras horríveis, as árvores grotescas, os morcegos
titânicos, a igreja arcaica, os vagalumes dançando, os
odores nauseantes, o gemido gentil do vento da noite, e o
estranho, meio-ouvido uivar sem direção do qual mal
tínhamos certeza de que existia.

Foi então que acertamos uma substância mais dura do que


o mofo úmido, e nos deparamos com uma podre caixa
retangular encrustada de depósitos minerais do terreno que
por tanto tempo não foi perturbado. Ele era incrivelmente
forte e grosso, mas tão velho que nós finalmente o
forçamos a se abrir e nos deleitamos com a visão de seu
interior.

Muito - surpreendentemente muito - ainda restava do sujeito


apesar do passar de quinhentos anos. O esqueleto, apesar
de esmagado em algumas partes pelas mandíbulas da
coisa que o havia matado, se manteve inteiro com
surpreendente firmeza, e nós nos deliciamos com o crânio
limpo e branco e os longos, firmes dentes e os buracos
vazios dos olhos que algum dia já brilharam em febre
mortuária tais quais os nossos brilhavam naquele momento.
No caixão estava posto um amuleto de aparência exótica e
curiosa, que aparentemente costumava ser usado em volta
do pescoço do falecido. Ele tinha a estranhamente
convencional forma de um cão alado agachado, ou uma
esfinge com a face semi-canina, e o amuleto era
requintadamente esculpido em clássico estilo oriental a
partir de uma pequena peça de jade verde. A expressão em
suas feições era de extrema repelência, com notas de
morte, bestialidade e malevolência. Ao redor da base
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estava escrito algo em uma linguagem que nem eu nem St


John conseguimos identificar; e no fundo, estava gravado
um grotesco e formidável crânio, como se fosse a marca de
seu criador.

Foi imediatamente após contemplarmos esse amuleto que


nós sabíamos que precisávamos possuí-lo; que tão

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somente aquela relíquia seria nosso tesouro daquele
túmulo centenário. Mesmo que sua forma não nos fosse
familiar nós a teríamos almejado, mas conforme
observamos mais de perto nós vimos que ela não nos era
de toda desconhecida. O amuleto era de fato alheio a toda
a arte e literatura que leitores sãos e equilibrados
conhecem, mas nós o reconhecemos como o artefato
mencionado no proibido Necronomicon do Árabe
Enlouquecido Abdul Alhazred; o símbolo espiritual pavoroso
do culto comedor de corpos da inacessível Leng, na Asia
Central. Com todo o cuidado nós traçamos as sinistras
origens descritas pelo velho demonologista árabe; origens,
ele escreveu, vindas da manifestação obscura sobrenatural
das almas daqueles que aborreceram e abocanharam os
mortos.
Tomando o objeto de jade verde, tivemos nosso ultimo
vislumbre da cor esbranquiçada e do olhar cavernoso de
seu dono e fechamos o túmulo como estava quando o
encontramos. Enquanto nos apressamos para fora daquele
lugar repugnante, o amuleto roubado no bolso de St John,
nós pensamos ter visto os morcegos descendo em
formação até a terra que nós tão recentemente havíamos
vasculhado, como se procurassem por alguma maldita
nutrição profana. Mas a lua de outono brilhava fraca e
pálida, então não podíamos ter certeza.

Então, novamente, enquanto zarpávamos no dia seguinte


para longe da Holanda e de volta para nosso lar, pensamos
ter ouvido ao fundo o uivar distante de algum cão
gigantesco. Mas o vento do outono gemia triste e abatido,
então não podíamos ter certeza.

Pouco menos que uma semana após nosso retorno à


Inglaterra, coisas estranhas começaram a acontecer. Nós
vivíamos em reclusão; sozinhos, sem amigos, e sem servos
em alguns poucos quartos de nosso pequeno casarão em
um ermo e afastado brejo; assim nossas portas eram
raramente perturbadas pelas batidas de um visitante.

Desde então, no entanto, nós passamos a ser perturbados


por o que parecia ser um frequente farfalhar na noite, não
só ao redor das portas mas também das janelas, tanto as
de cima quanto as de baixo. Em uma ocasião pensamos ter
visto um grande e opaco corpo escurecendo a janela da
biblioteca enquanto a lua brilhava contra ela, e em outra
vez acreditamos ter ouvido guinchos e asas batendo não
muito longe. Em cada ocasião nossa investigação não
revelava nada, e nós começamos a aceitar as ocorrências
como se fossem fruto de nossas imaginações que ainda
ecoavam em nossos ouvidos o distante uivar que
pensamos ter ouvido no adro holandês. O amuleto de jade
então repousava em um nicho no nosso museu, e por
vezes nós queimávamos uma estranhamente perfumada
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vela perante ele. Nós lemos muito no Necronomicon de


Alhazred sobre suas propriedades, e sobre a sua relação
com os espíritos e os objetos que ele simbolizava; e
ficamos perturbados com o lemos.

Então o terror veio.

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Na noite de 24 de Setembro, 19--, eu ouvi uma batida na
porta de meu aposento. Imaginando que fosse St John,
pedi ao batente que entrasse, mas fui respondido apenas
por um riso estridente. Não havia ninguém no corredor.
Quando eu levantei St John de seu sono, ele declarou total
ignorância desse evento, e se preocupou tanto quanto eu
mesmo. Foi nessa noite que o distante, inquietante uivar
por cima do brejo se tornou uma certa e pavorosa
realidade.

Quatro dias depois, enquanto estávamos ambos no museu


escondido, por lá começou um silencioso, cuidadoso
arranhar na única porta que levava para a escadaria
secreta da biblioteca. Nosso terror era agora dividido, sendo
que, além de nosso medo do desconhecido, havíamos
sempre considerado o temor de que nossa coleção
macabra fosse descoberta. Apagando todas as luzes, nós
fomos até a porta e a abrimos de supetão; onde então
sentimos uma inexplicável corrente de vento, e ouvimos,
como se fosse muito ao longe, uma excêntrica combinação
de farfalhares, risos abafados, e um tagarelar articulado. Se
estávamos loucos, sonhando, ou em sã consciência, não
não tentamos determinar. Nós apenas percebemos, com a
mais sombria das apreensões, que o tagarelar
aparentemente desencarnado era sem sombra de dúvidas
era na língua holandesa.

Depois disso nós vivemos em crescente horror e


fascinação. Nos mantemos sobretudo na teoria de que
estávamos juntamente enlouquecendo em consequência de
nossa vida de excitações perversas, mas por vezes nos era
mais prazeroso dramatizarmo-nos como as vitimas de
algum temível terror rastejante. As manifestações bizarras
eram agora frequentes demais para se manter a conta.
Nossa casa solitária estava aparentemente viva com a
presença de algum ser maligno cuja natureza não
podíamos adivinhar, e por todas as noites aquele uivar
demoníaco rolava junto ao vento do brejo, sempre mais e
mais alto. Em 29 de Outubro nós encontramos, na terra
macia debaixo da janela da biblioteca, uma série de
pegadas absolutamente impossíveis de se descrever. Elas
eram tão desconcertantes quanto as hordas de grandes
morcegos que assombravam o velho casarão em números
crescentes nunca antes vistos.

O horror alcançou o cúmulo em 18 de Novembro, quando


St John, que andava para casa depois do anoitecer vindo
da sombria estação ferroviária, foi abordado por alguma
coisa carnívora terrível que o rasgou em fatias. Seus gritos
chegaram até a casa, e eu corri até a terrível cena a tempo
de ouvir o zunido de asas e de ver uma vaga sombra
nebulosa em silhueta contra a lua que se erguia.

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Meu amigo estava morrendo quando falei com ele, e ele


não podia me responder com coerência. Tudo que ele podia
fazer era sussurrar, “O amuleto - aquela coisa maldita -”
E então ele desabou, uma massa inerte de carne mutilada.

Eu o enterrei na madrugada seguinte em um de nossos


jardins negligenciados, e murmurei por cima de seu corpo

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um dos rituais demoníacos que ele amara em vida. E
conforme eu pronunciava a última sentença demoníaca eu
ouvi ao longe no brejo o distante uivar de algum cão
gigantesco. A lua estava em pino, mas eu não ousei olhar
para lá. E quando eu vi no brejo pouco iluminado uma larga
sombra nebulosa deslizando de uma colina para a outra, eu
fechei meus olhos e me joguei com o rosto contra o chão.
Quando eu me ergui, trêmulo, não sei quanto tempo depois,
eu cambaleei para dentro de casa e fiz chocantes
reverências perante o amuleto consagrado de jade verde.

Agora com medo de viver sozinho na antiga casa no brejo,


eu parti no dia seguinte para Londres, levando comigo o
amuleto depois de destruir com fogo e enterros o resto da
coleção impia do museu. Mas depois de três noites eu já
ouvia o uivar novamente, e antes de se passar uma
semana sentia estranhos olhares sobre mim sempre que
estava no escuro. Em um fim de tarde enquanto eu
caminhava pelo Victoria Ebankment para tomar um muito
necessário ar fresco, eu vi uma forma negra obscurecer o
reflexo na água de uma das lâmpadas. Um vento, mais
forte que o vento da noite, lançou-se por cima de mim, e eu
soube então que o que quer que tenha pego St John logo
pegaria a mim.

No dia seguinte eu cuidadosamente empacotei o amuleto


de jade verde e naveguei de volta para a Holanda. Que
piedade me seria dada por devolve essa coisa para seu
silencioso dono adormecido eu sequer imaginava; mas eu
sentia que precisava tentar tomar qualquer atitude
concebivelmente lógica. O que o cão era, e por que ele me
perseguira até então, ainda eram questões vagas; mas eu
ouvi o uivar pela primeira vez naquele adro antigo, e todos
os eventos subsequentes incluindo o sussurro de morte de
St John serviram para conectar a maldição com o nosso
roubo do amuleto. Por isso eu afundei nos mais profundos
abismos do desespero quando, em uma estalagem em
Rotterdam, eu descobri que ladrões haviam me despojado
desse meu único meio de salvação.

O uivar estava alto naquela noite, e pela manhã eu li sobre


um feito anônimo no quarteirão mais vil da cidade. A ralé
estava em pânico, pois naquela criminosa habitação
coletiva fora feita uma matança que ultrapassara os limites
de qualquer outro crime cometido na vizinhança. Naquele
ninho esquálido de ladrões uma família inteira havia sido
rasgada e mutilada por uma coisa desconhecida que não
deixou nenhum traço, e aqueles por perto ouviram por toda
a noite um distante, profundo e insistente uivar como o de
um cão gigante.

Foi então enfim que me pus de pé novamente no insalubre


adro em que uma pálida lua de inverno projetava sombras
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medonhas e árvores sem folhas se curvavam carrancudas


de encontro a grama murcha, geada e às lapides trincadas,
e a igreja coberta de vinhas apontava um irrisório dedo para
um céu nada amigável, e o vento da noite rugia maníaco
vindo de pântano congelados e mares frígidos. O uivar
estava então muito distante, e cessou completamente
enquanto eu me aproximava do túmulo que por uma vez já

Receba Notificações
havia violado, e fui assustado por uma enorme horda
anormal de morcegos que pairavam estranhamente ao meu
redor.

Eu não sei por que fui até lá vindo de tão longe senão para
rezar, ou balbuciar súplicas insanas e pedir desculpas para
a calma coisa branca que lá dentro repousava; mas,
qualquer que fosse minha motivação, eu ataquei a terra
meio congelada com um desespero parte meu e parte vindo
de uma força dominante além de eu mesmo. A escavação
foi muito mais fácil do que eu esperava, mesmo que em um
ponto eu tenha encontrado uma interrupção bizarra; quando
um abutre magro se arremessou do céu frio e se pôs a
bicar freneticamente a terra do túmulo até que eu o matei
com um golpe de minha pá. Eu finalmente alcancei a caixa
retangular apodrecida e removi a tampa úmida. Esse foi o
ultimo ato racional que eu realizei em minha vida.

Pois enfiado naquele caixão centenário, coberto por uma


série de morcegos enormes e sinuosos que dormiam,
estava a coisa ossuda que meu amigo e eu havíamos
assaltado; não limpo e plácido como nós tínhamos o visto
antes, mas coberto de sangue pisado e farrapos alheios de
carne e cabelo, e ele me encarava com malícia e
consciência com os buracos dos olhos fosforescentes e
presas pontiagudas e ensanguentadas que bocejavam
zombeteiras do meu destino inevitável. E foi quando aquilo
uivou de sua mandíbula sorridente um uivar profundo e
desdenhoso como o de um cão gigantesco, e eu vi que ele
segurava em suas garras sangrentas e imundas o perdido e
fatídico amuleto de jade verde, que eu apenas berrei e corri
para longe como um idiota, meus gritos logo se dissolvendo
em repiques de riso histérico.

A loucura corre pelo vento das estrelas… garras e presas


afiadas em séculos de corpos… gotejando morte montado
numa legião de morcegos vinda das ruínas preto-noite dos
templos enterrados de Belial… Agora, enquanto o uivar
daquela monstruosidade morta e sem carne se torna mais e
mais alto, e o farfalhar e guinchar dos malditos diabos
alados se torna mais e mais próximo, eu devo buscar com
meu revolver o esquecimento que é meu único refúgio do
que não tem nome e que não deve ser nomeado.

(Tradução atrasadíssima feita pelo meu amigo Vírgula de Copas, e que eu tive que dar uma surra no infeliz pra

.
ele terminar de fazer, portanto os créditos são para esse vagabundo, apesar de que paguei pro infeliz è__é)

Nossa, eu não sei vocês, mas esse cachorro me lembrou


um bocado os Cães do Inferno, que aparecem no seriado
Supernatural, se eles foram baseados em Lovecraft não
seria uma surpresa, afinal de contas o próprio autor é
interpretado na série em um dos episódios. Mas e vocês, o
que acharam?
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Por Iscai NM Postado às 4:30 PM 0 Comments

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