EDIÇÃO 017

JUNHO/21

NESTA EDIÇÃO:
CASTLEVANIA
MATE VAMPIROS EM SAVAGE WORLDS
E MAIS: CAVALOS DIFERENTES EM DEADLANDS
ROLANDO OS DADOS: ARTEFATOS ESTRANHOS EM RASTRO DE CTHULHU
TEORIA DE JOGOS: AS CARTAS EM CASTELO FALKENSTEIN
Conecte-se ao nosso Universo
em plena expansão!

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EDITORIAL
Quando a Rolepunkers 00 saiu em setembro de 2010, ela
foi inteiramente focada em Rastro de Cthulhu, o primeiro
sistema que a RetroPunk estava publicando naquele final
de ano. Em novembro de 2011 a edição 001 era lançada,
dividindo suas páginas em alguns sistemas, Terra Devas-
tada, Este Corpo Mortal, o próprio Rastro de Cthulhu. As
edições seguintes ganharam o reforço de Espírito do Século
e Savage Worlds.
Ao reviver a Rolepunkers na edição 006, já dentro do
Punkverso, alguns destes sistemas deixaram de ser publi-
cados pela RetroPunk, mas muitos jogos novos ganharam
as páginas da revista e hoje temos tantos jogos bacanas
que a revista é pequena demais para todos eles. Rastro
de Cthulhu e Savage Worlds estão ai há muito tempo na
editora e têm suas páginas cativas, os demais, Castelo Fal-
kenstein, Hora de Aventura, Mouse Guard, Terra Devasta-
da, Tiny Dungeon e Four Against Darkness vão revezan-
do a cada edição, e ainda temos por vir City of Mist, The
Dark Eye, Brancalonia, Rei Amarelo e mais. Aos poucos a
revista vai ficando pequena para o tanto de jogos bacanas
que publicamos. E claro, ainda há espaço para os artigos
multissistema.
Assim, mês a mês, a gente consegue abranger e dar su-
porte a todos os sistemas da casa.
– Fernando "del Angeles"
ÍNDICE
CASTLEVANIA PARA SAVAGE WORLDS................07
Castlevania chegou ao fim na Netflix, mas isso não precisa ser o fim das his-
tórias. Você pode jogar as suas em Savage Worlds e nós te damos o ponto de
partida para isso nesta adaptação.
PORTADAS: EPIDEMIA E CAOS...........................21
Um distrito para você usar em suas campanhas de Retropunk RPG, um lugar
onde seus Defeitos irão lutar com um sistema excludente.
ARTEFATOS ESTRANHOS..................................25
Artefatos para suas campanhas de Rastro de Cthulhu, com ideias que irão
levar seus jogadores à insanidade.
RAÇAS E RACIALIZAÇÃO NA FANTASIA................30
Um debate que tem ganhado o mercado gringo de RPG sobre raças em
RPGs de Fantasia e nós trazemos esse debate até você.
O USO DAS CARTAS EM CASTELO FALKSNETEIN....34
Castelo Falkenstein é inovador por vários motivos, um deles é o uso de cartas
em seu sistema de jogo – algo explicado pelo cenário.
POR UM PUNHADO DE CAVALOS........................38
Uma pequena expansão nas regras para usar cavalos de uma forma mais
variada em Deadlands.
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO CRÉDITOS
EDITOR
FÁBIO BENCHIMOL Fernando "del Angeles" Pires e Nina Bichara
Praticante da nobre arte do RPG por mais de duas décadas, sabe que a CONSELHO EDITORIAL
vontade de explorar mundos fantásticos nunca termina! Daniel Martins,
G. Moraes e Rodrigo "Bigg" Campos

FRANCO GUGLIELMONI IDENTIDADE VISUAL

Escritor, Mestre de RPG, aspirante a arqueólogo e investigador do oculto. G. Moraes
Quando não escreve, está pensando no que escrever. Fanboy de Savage DIAGRAMAÇÃO
Worlds e Rastro de Cthulhu. Ainda em busca do TPK perfeito Fernando "del Angeles" Pires e
G. Moraes
RAY GALVÃO REVISÃO
Tradutora, escritora, streamer e, nas horas vagas, um mulherão incrível. Fernando "del Angeles" Pires
Feministona, ela se dedica a projetos que ampliem vozes femininas e
trabalha para aumentar a diversidade no cenário do RPG. ARTE INTERNA
Editoras originais e Internet (algumas editadas)

RUBENS ALVES
Autor, amante de RPGs indie e defensor do RPG como modo de aprender
tolerância e se conectar com novos pontos de vista. Também gosta de
escrever alguns contos quando tem oportunidade.

VITOR MATTOS
Tradutor, revisor, escritor e crítico. Comunista, exploro temas como crítica
marxista da literatura e RPG, materialismo histórico em world-building e RPGs
como ferramentas da crítica e pensamento libertador.

YURI BRAVOS
Entusiasta de testar novos sistemas e toda semana quer começar quatro
mesas diferentes. Mais narrador que jogador, descobriu que narrar o
ajudou a jogar melhor.
 RESENHA City of Mist

CONHECENDO A
CIDADE DAS BRUMAS

S
eria muito fácil eu chegar aqui pra vocês falando que City of Mist
é um jogo fantástico, com um cenário incrível e envolvente e mui-
tas ideias e possibilidades interpretativas a serem exploradas,
uma parada tão supercalifragilisticexpialidoce que eu fico até sem fô-
lego. Seria fácil, daria um texto ótimo, e todo mundo ficaria satisfeito.
Mas, para desespero do Fernando (que, francamente, já devia espe-
rar, vindo de mim), eu vou na verdade contar um causo.

POR RAY GALVÃO

 RESENHA
E se o que você queria era só uma
avaliação objetiva, saiba que eu quem
traduzi o jogo, então tenho a autoridade
de quem se debruçou sobre cada detalhe do cenário e
do sistema para dizer que é incrível, você vai amar, por
favor jogue. É um misto de Deuses Americanos com Ci-
dade Invisível com Apocalypse World, com toques de
Brumas de Avalon e um quê daqueles filmes antigos de
detetive, tudo isso amarrado por um sistema Powered
By The Apocalypse (PBTA), que, pra quem não sabe
muito bem, é aquele tipo de RPG em que a ficha de per-
sonagem tem frases e conceitos em vez de números e
valores, e é preciso encaixar esses conceitos no contexto
narrativo para empoderar suas ações. Ai, gente, não im-
porta. Detalhes, detalhes. Só confiem na call.
E prestem atenção nisso aqui, que é importante (é tipo
minha missão como emissária desse jogo passar essa
mensagem):
Empolgada com o sistema e cansada de UM CERTO
RPG MEDIEVAL, decidi mudar minha mesa de quarta
para o City of Mist. Os jogadores empolgaram bastante,
já que está todo mundo exausto desses CERTOS RPGS
MEDIEVAIS. Mas esse não é o ponto: claro que os joga-
dores empolgaram, a premissa é incrível! Imagina só,
viver uma pessoa com uma lenda dentro de si, com po-
deres, mistérios e essas coisas de crescimento pessoal,
podendo misturar as mitologias e trabalhar temas mais
complexos e profundos e... nossa, uau! Como negar?
Como não desejar sair da mesmice pra viver uma his-
tória investigativa em que, diferente dos RPGs de terror
que a gente conhece, a personagem pode sim mergulhar
no mistério, pode sim ir até o fundo da investigação sem
correr o risco de morrer ou de enlouquecer e se perder
simplesmente por adquirir conhecimento (sim, Love-
craft, isso foi um cutucão).
Mas esse causo não é sobre a empolgação dos jogado-
res ou as possibilidades incríveis do cenário. Também
não é sobre as bases do PBTA, que, pra quem não co-
nhece, a gente resolve em 10 minutos de conversa (ou
em um dos muitos artigos e coisas que tanto a editora
quanto nossos parceiros estão preocupados em lançar).
Esse causo é sobre o processo de criação de personagem.
E é sobre dois jogadores especiais, Juju e Andressa, que
obviamente tiveram os nomes trocados para não pode-
rem ser identificados. Mais do que sobre eles: é sobre a
reação deles ao sistema.
Cheguei com a ideia, contrabandeei algumas informa-
ções privilegiadas, e começamos a pirar. E o Juju é incrí-
vel, porque ele me levanta e pira comigo. Logo estávamos
pensando nas mil possibilidades de Mythos que pode-
ríamos explorar, pensando em como construir uma per-
sonagem incrível. Ele optou por fazer alguma coisa com
Exu, ou com forças motrizes de Exu, uma divindade da
religião que ele segue e a quem muito admira. Juju pen-
sou logo numa personagem potente, avassaladora, que
carregasse seu Mythos com toda a pompa e filosofia.
Andressa, por sua vez, é uma jogadora que sempre
me faz voltar pro chão. E não de um jeito ruim, não. Ela
4
City of Mist
sempre subverte minhas expectativas e me faz confron-
tar a realidade de que, como mestre ou narradora ou
sei lá o quê, eu não sei de tudo, não posso esperar tudo,
não tenho o controle de tudo e nem sempre interpreto
tudo certo. Tenham Andressas nas suas mesas, porque
faz muito bem.
Andressa decidiu fazer o mito de Hércules. E eu con-
fesso que, diante de tantas possibilidades incríveis de
exploração filosófica, a princípio achei meio xoxo. Tan-
to mundo pra viver, sabe? Você pode fazer o Mythos
do salto evolutivo, pode fazer a dúvida, pode fazer a
própria ideia dos pactos, pode explorar a ideia de fogo
purificador, de ritual, de sei lá. Pode trazer lendas brasi-
leiras, como o boitatá ou a mula sem cabeça, pode explo-
rar até nossas lendas urbanas, como o et bilu e o chupa
cabra. Diante de todas essas possibilidades, o que é um
semideus grego meio bundão?
Bem, a gente aqui não se prende nos julgamentos de
um livro pela capa, e Andressa é uma das minhas joga-
doras favoritas (essa mesa de quarta é toda de julgadores
favoritos), então deixei meus preconceitos pra lá e segui
em frente. E sugiro que você faça isso também porque,
ao longo desse causo, você vai ver como a Andressa foi
genial, e eu e o Juju simplesmente não tínhamos enten-
dido o jogo.
É porque City of Mist não é um jogo sobre lendas,
sobre Mythos. É um jogo sobre pessoas. Quem você é
no seu Logos, na sua vida mundana, importa tanto ou
mais que sua lenda, seu Mythos, seu mistério. Não é tão
 RESENHA
óbvio para alguém que, como eu, tá
acostumada a pensar em relações en-
tre mundano e mistério com referências
como Deuses Americanos, Cidade Invisível e por aí vai.
Até o próprio Lovecraft faz a gente cair um pouco nessa
armadilha, trazendo o mitológico como uma coisa tão
importante e inacessível, tão maior que nós. E City of
Mist não tem essas referências como base.
Codificada no sistema está a necessidade de que a
vida mundana da personagem tenha força suficiente
para bater de frente com o Mythos. Então, se você, como
eu e Juju, faz uma personagem mística e fantástica que
abraça, vive e transmite a lenda dentro de si, que não
faz nada além de carregar sua mensagem abertamente
por aí, você não vai conseguir evoluir a ficha da per-
sonagem. Porque é contradizendo seu Mythos (ou seu
Logos), que você evolui a personagem. Se não tem con-
tradição, não tem evolução.
Explico: Cada personagem começa com 4 temas, que
representam aspectos principais da sua vida. Deve ha-
ver pelo menos um tema de Mythos, que representa essa
força especial e lendária dentro de você, e pelo menos
um tema de Logos, que representa sua vida mundana.
Esse tema de Logos (e isso é muito importante) não pode
trabalhar o seu Mythos. Pode parecer uma informação
meio óbvia, mas, durante a criação de personagem, é
uma coisa bem difícil de atentar.
Os temas têm 3 pontos positivos e 1 fraqueza e evo-
luem juntando Atenção, o que só acontece se suas ações
City of Mist
forem atrapalhadas pela fraqueza do tema (mesmo que
não o envolvam diretamente). A cada x marcadores de
atenção, você ganha uma melhoria de tema, que vai au-
mentando seus poderes. Até aí, tudo beleza, certo?
Só que a sua personagem também tem uma carta es-
pecífica dela, com informações e questões que não de-
pendem dos temas. Essa carta de personagem pode ser
melhorada com momentos de evolução. E como juntá-
-los? Isso mesmo: perdendo temas. Quando você perde
um tema, cada ponto de melhoria é traduzido em pon-
tos de progressão. A cada x pontos de progressão, você
ganha uma melhoria de tema.
E como perder um tema?, você me pergunta. Ora pois,
muito simples: cada tema de Logos representa uma certe-
za na vida da personagem, como por exemplo “sou uma
mercenária e não falho nos meus contratos”, assim como
cada tema de Mythos tem um mistério, como “quem foi
o responsável por me transformar num morto-vivo?”. Se
essa personagem hipotética se vê, por exemplo, numa si-
tuação em que foi contratada para matar um hacker, mas
esse alvo oferece respostas, matá-lo seria negar a busca
do Mythos por essa resposta. E não matá-lo seria burlar o
contrato, o que vai contra a certeza do Logos. Claro que é
uma situação hipotética que pode ser melhor trabalhada
de muitas maneiras interpretativas, mas vocês entende-
ram a ideia. Cada vez que você vai contra um tema, você
marca quebra (Logos) ou dissipação (Mythos). Quando
marcar uma quantidade suficiente, você perde o tema, e
cada melhoria se converse em pontos de progressão.
5
 RESENHA
Ou seja: a evolução da personagem
depende necessariamente dessa con-
tradição entre Mythos e Logos. Se você
fizer como eu e Juju, que queríamos uma personagem
super incrível que abraçasse e envolvesse seu Mythos,
essa contradição se perde, e a personagem fica impossi-
bilitada de evoluir. Claro que dá pra trabalhar essa ideia
e criar contradições, mas é importante entender que a
personagem que vive completamente seu Mythos é uma
personagem que os jogadores não conseguem controlar
bem. Existe um estado de Avatar, que é quando você
perde todos os seus Logos, e ele dura pouco, é tipo um
super poderzão, e, quando acaba, você perde a perso-
nagem ou começa com ela do nada. O mesmo também
acontece para uma personagem só Logos, que é consi-
derada uma Dormente. Ela age por algum tempo, mas
tem um poder tão intenso de negar tudo que é Mythos e
mistério que de fato atrapalha as outras personagens (e
os outros Portais que existem por aí) e não dura muito.
Ou seja: tanto o domínio total do Logos quanto o do
Mythos são “endgames”, são superpoderes que deixam
a personagem mais em evidência que as outras durante
seu breve período de duração e resultam numa mudan-
ça drástica (ou na perda) da personagem em questão.
Em 15 minutos explorando o jogo, Andressa foi capaz
de compreender esse detalhe que eu, como tradutora,
que li todo o sistema e no fim das contas já sabia dis-
so, não tinha entendido ainda tão profundamente, não
tinha traduzido esse conhecimento na criação de per-
sonagem, só tava empolgada com a ideia que eu tinha
feito do jogo. (E também não dá pra dizer que ela tinha
entendido o jogo inteiro e eu não tinha entendido nada.
Calma lá, homens. Tem muitas questões e pormenores
na ficha, e qualquer mestre de cerimônias precisa estar
ligado e presente para ajudar os jogadores a criarem
bons temas, que possam ser de fato úteis para empode-
rar as ações das personagens.)
A Hércules de Andressa (é uma mulher) só tem um
tema de Mythos: os doze trabalhos (que traduzimos
com ajuda da força sobrenatural da lenda). São três te-
mas de Logos: O acidente, no qual ela foi responsável
pela morte de toda a sua família (atrelando seu Logos ao
Mythos de Hércules); o alcoolismo, que surgiu a partir
desse trauma; e seu treinamento de boxeadora, a pro-
fissão que ela perdeu e está tentando recuperar. Em um
só tema, seu Mythos, Hércules, traz o aspecto da força
incomum e que ela não consegue controlar direito, mas
também a narrativa de redenção: na lenda, Hércules pre-
cisava cumprir 12 trabalhos para se redimir por, num
momento de loucura, ter matado toda a sua família.
A tendência é que, ao longo do jogo, a personagem de
Andressa vá perdendo seus temas de Logos conforme
explora seu Mythos. Vivendo essa contradição, ela vai
pouco a pouco evoluindo a personagem até ter temas
de Mythos mais poderosos e muitos momentos de evo-
lução. Porque City of Mist é um jogo sobre personagens
comuns com poderes lendários, uma contradição implí-
cita já no mote do sistema, e algo que não podemos es-
6
City of Mist
quecer enquanto exploramos as maravilhas incríveis do
cenário.
City é um jogo lindo. É um jogo que obriga você a lan-
çar um olhar mais amoroso para a parte mais mundana
da personagem, a parte que no geral empolga menos.
Ninguém acha mais incrível trabalhar na prefeitura que
ter a habilidade de voar, por exemplo. Mas a parte len-
dária, a parte que voa, que transcende a realidade, não
é a parte que você joga. É a parte que você tenta atingir,
tenta descobrir, tenta negar ou se entregar por inteiro.
A parte que você vai interpretar, as nuances de com-
portamento e os momentos emocionantes que vai viver
são a vida mundana da sua personagem. É a parte co-
mum, que a gente teima em achar sem graça, mas que é
o que nos move a cada dia.
Como jogadores, eu espero que vocês consigam en-
contrar poder nessa contradição, que possam ver mais
significado e importância na parte que é nossa, que é
conhecida, que é comum. Como mestres de cerimônia,
espero que vocês entendam a importância de permitir
que seus jogadores vivam a história mundana que eles
querem e precisam viver, com o toque de misticismo
que cada um quiser levar. Que vocês possam conduzir
os jogadores por essa trama de contradições e ajudar as
personagens a descobrirem forças incríveis em sua iden-
tidade comum.
Porque City of Mist não é um jogo sobre lendas. É um
jogo sobre pessoas.
ADAPTANDO Savage Worlds

POR FRANCO GUGLIELMONI

 ADAPTANDO
Antes de começar, preciso ser sin-
cero, nunca joguei os videogames da
franquia (por favor, não me queimem na
fogueira). Mal a conhecia por nome antes da série es-
trear na Netflix. Mas depois de devorar a primeira tem-
porada, fiquei apaixonado pelo universo. Simplesmen-
te magnífico. Aguardei ansioso pela segunda, depois a
terceira e por fim, a quarta temporada. Então fiz uma
breve pesquisa internet afora, mas não esperem mui-
tas referências dos jogos, a série foi meu foco para esta
adaptação.
AMBIENTAÇÃO
Ambientada na Europa do século XV (15), em espe-
cial, na Wallachia. A Igreja, em sua caça às bruxas ou
qualquer sinal de heresia, estava em alta. Cortes reais
estavam na segurança (ou quase) de seus Castelos, e o
povo lutando por mais um dia. A casa Belmont extin-
ta. Oradores levam conhecimento de cidade em cidade.
Há Vampiros sedentos arquitetando esquemas. Hordas
de criaturas da noite perambulam por aí. Muitas delas,
experimentos de Mestre de Forja dedicados. Contos de
fadas, lendas e folclore parecem esconder verdades ter-
ríveis. O inferno é um lugar bem quente para tirar fé-
rias, e a Morte está à espreita. Um mundo bem parecido
com o nosso, certo? Apenas uma versão mais sombria e
perigosa.
Num mundo como esse, caçadores de monstros têm
trabalho de sobra, magos e oradores podem aprender
coisas novas. Suas aventuras podem se passar antes dos
eventos da série, quando os Belmont ainda tinham re-
nome e Drácula assolava a Wallachia. Ou depois, como
filhos dos personagens principais. Talvez até durante,
como parte das forças da Igreja na luta contra as hordas
do inferno.
NOVAS COMPLICAÇÕES
ATRAÇÃO PERIGOSA (MENOR)
Assim como Hector, você gosta de apanhar de Vampira
bonita. No geral, seu personagem não sabe como expli-
car, mas figuras belas, poderosas ou de autoridade, se-
jam Vampiros, Demônios ou mesmo humanos, atraem
sua atenção, te deixando vulnerável e exposto. Você re-
cebe -2 em testes de Perceber e Persuadir se estiver na
presença de sua atração. Em combates, você está per-
manentemente Distraído, até que a fonte de sua atração
esteja longe o suficiente de você (fora de cena).
Você deve definir com seu Mestre quem é sua fonte
de atração. Se não conseguir pensar em nada, leve em
consideração Personagens com as Complicações Ar-
rogante, Excesso de Confiança ou Heróico, ou com as
Vantagens Aristocrata, Atraente, Carismático, Famoso
ou Rico. Caso a fonte de atração morra, desapareça ou
esteja distante, você pode arranjar uma fonte substituta
(de forma permanente ou temporária, sua decisão). Ou
seja, para validar a complicação, aqui ou ali, você sem-
pre acaba sendo atraído por alguém. Hector é o melhor
8
Savage Worlds
exemplo, foi manipulado facilmente por Carmilla, de-
pois logo se encantou por Lenore, e provavelmente não
irá parar por aí.
EXCOMUNGADO (MENOR OU MAIOR)
Você não tem permissão de entrar em igrejas. Então se
você entrar e pegar fogo, esteja avisado. Na versão Me-
nor, o personagem possui crenças e ideais, ou apenas
um estilo de vida, que vão de encontro com a Igreja e
Deus, ou quase isso. As pessoas o vêem como herege.
O personagem recebe -2 em Persuadir para lidar com
membros do Clero e indivíduos religiosos.
Na versão Maior, a penalidade é de -4 e o personagem
é de fato excomungado pela Igreja. Isso pode gerar sé-
rios conflitos com as leis e o Clero locais, podendo ser
perseguido, ameaçado ou mesmo ferido. Esta complica-
ção se assemelha com Forasteiro, mas neste caso, é afe-
tada apenas em relação à Igreja.
INGENUIDADE (MENOR OU MAIOR)
É um mundo cruel. Você tentou ser razoável, honesto
e pacífico. E mesmo assim você continua cometendo os
mesmos erros. Você não acredita que está acontecendo
de novo. É um absurdo. Você não consegue. Continua
fazendo as mesmas coisas esperando um resultado dife-
rente. É a definição de insanidade.
Como complicação Menor, você até entende um pou-
co das coisas, mas só as mais óbvias. Apesar de saber
identificar quando ocorrem, não sabe o que os sarcas-
 ADAPTANDO
mos e ironias significam de verdade.
Fato é que, uma hora ou outra, gestos
simples conquistam sua confiança, pes-
soas que erraram podem ser perdoadas, segundas chan-
ces existem apenas para que você seja enganado mais
uma vez. Embora talvez não haja uma terceira. Se seu
personagem sofrer consecutivamente sessões a fio, ele
pode substituir esta complicação por outra que repre-
sente seu estado de espírito atual, por exemplo: Fobia,
Hábito, Inimigo, Sem Escrúpulos, Sensível, Vergonha,
Vingativo.
Como complicação Maior, as pessoas zombam de você
e ainda o fazem rir junto, sem entender do que está rin-
do. Não importa quantos erros e injustiças foram come-
tidos contra você, sempre existem segundas, terceiras,
até sétimas chances. Você não entende o mundo, mas
o mundo te entende tão bem, que um breve sorriso e
meias palavras são o suficiente para conquistar sua leal-
dade outra vez. Você vê o melhor nas pessoas, mas elas
só te mostram o pior lado delas. Mesmo assim, após in-
cessante e desgastante sofrimento, algo dentro de você
começa a aparecer. A complicação então se torna Menor.
PACTO/DÍVIDA COM ENTIDADE (MENOR OU MAIOR)
Em algum momento, seja por desespero, poder, ou o
que for, seu personagem fez um pacto com alguma en-
tidade, seja ela divina ou infernal, cabe decidir. O fato
é que algo pode ter dado errado, seu estilo de vida pre-
cisa ser reconsiderado para atender os pormenores do
Savage Worlds
acordo, sua nova aparência é demoníaca ou angelical. A
diferença entre complicação Menor e Maior depende in-
teiramente da natureza e origem do pacto ou da dívida.
Pactos com a Morte ou Deus representam sérias conse-
quências em caso de quebra no acordo ou “pagamentos”
altos. Entidades menores ou benefícios temporários são
flexíveis, podendo ser renegociados ou apaziguados, mas
continuam sendo perigosos. Lembre-se que é uma com-
plicação, ela deve gerar conflito ou causar problemas.
SOTURNO (MENOR OU MAIOR)
Silencioso, introspectivo, reflexivo, melancólico, pouco
expressivo e amante do vinho. Seu personagem é uma
alma maltratada pela vida. Talvez tenha perdido algo ou
alguém que era importante para você. Ou algum evento
mexeu com seu ânimo e sua vivacidade. Agora as ma-
nhãs são cinzentas, as tardes chuvosas e as noites frias.
Como complicação Menor, você ainda vê sentido na
vida e tem, mesmo que pouco frequentes, momentos de
alegria e felicidade genuína, mas no geral, ficar sozinho
e distante é uma rotina da qual está acostumado. Mes-
mo assim, uma boa companhia e um pouco de emoção
quinzenal tem seu valor e calor.
Como complicação Maior, seu personagem parece estar
em um luto eterno. A vida já perdeu sentido e cor. Sorrir
é apenas uma vaga lembrança e a felicidade um conceito
esquecido nas brumas do seu coração. Solidão e vinho
(ou sangue), são sua única companhia. Você tem pouca
disposição para lidar com as coisas, não por preguiça ou
9
 ADAPTANDO
cansaço físico, sim por simples desin-
teresse e cansaço mental. É fácil te tirar
do sério, mas cada nova explosão de raiva
parece esgotar mais e mais a pouca energia que lhe resta.
NOVAS VANTAGENS
DE ANTECEDENTE
BELMONT
Requisitos: Novato
Você é um Belmont. Sua família jurou proteger a hu-
manidade de Vampiros e Demônios, e durante gerações,
eles mantiveram esse legado. Talvez você seja um primo
perdido, um sobrevivente da excomunhão, ou mesmo
um descendente de Trevor, fato é que cabe a você hon-
rar o nome de sua família e enfrentar as forças do infer-
no. Você recebeu treinamento e estudo adequados para
caçar monstros. Adicione um modificador de +2 em seu
Ocultismo, Perceber e Sobrevivência quando estiver li-
dando, identificando ou caçando criaturas (dependen-
do do contexto, é possível aplicar o bônus em Conheci-
mento Geral e Persuadir, ficando a critério do Mestre).
ORADOR
Requisitos: Novato, Astúcia d6
Os mais jovens acreditam que as palavras falam mais
alto que as ações. Bem, palavras são o que os Oradores
fazem. A história é uma coisa viva. O papel está morto.
Oradores são curadores de conhecimento e informações,
tomos enciclopédicos vivos, mas sua tradição contempla
apenas o âmbito oral. Nada de escrita. Nômades, levam
conhecimento de lugar em lugar. Você é um deles. Rece-
be +2 em Conhecimento Geral e possui uma rerrolagem
gratuita na Perícia (pode ser aplicada em outras Perícias,
mas apenas em testes que envolvam conhecimento acerca
do assunto, critério do Mestre). Além disso, você conhece
um número de idiomas igual ao seu dado de Astúcia.
MESTRE DE FORJA (ANTECEDENTE ARCANO)
Perícia Arcana: Forjar (Espírito)
Poderes Iniciais: 1 (Conjurar Aliado)
Poderes Disponíveis: Conjurar Aliado (Criaturas da
Noite), Ressurreição, Zumbi.
O inferno é habitado por humanos que foram contra a
vontade de Deus. O profeta Maomé (que a paz esteja com
ele) diz que um dia o inferno será esvaziado, que não mais
restarão humanos, e suas portas baterão ao vento. E che-
gará um momento em que sua devoção será aperfeiçoada.
Pela sua mão misericordiosa, Deus eleva os condenados
do inferno para cumprirem sua penitência na Terra como
seus soldados. Você é um Mestre de Forja. Pode pegar de-
mônios do inferno e instalá-los em corpos mortos na Terra.
Uma habilidade aprendida em muitos anos.
Para tal, é necessário um Instrumento de Forja (a se-
guir), podendo começar o jogo com um de sua escolha.
Você não pode aprender ou usar outras magias além
das disponíveis para o seu antecedente, no entanto, você
ainda pode ter outros antecedentes arcanos.
10
Savage Worlds
DE COMBATE
ADRENALINA MÁGICA
Requisitos: Experiente, Antecedente Arcano (Magia),
Conjurar d6+
Assim como Sypha, você se sobressai em combates.
Suas experiências e o dinamismo de suas habilidades
permitem que você estude, planeje e execute magias de
forma tática e eficiente. Durante combates, você pode
ignorar 2 pontos de penalidade em testes de Conjurar e
pode fazer uma rerrolagem gratuita.
ADRENALINA MÁGICA APRIMORADA
Requisitos: Heróico, Adrenalina Mágica
Como acima, mas ignora até 4 pontos de penalidade.
DE PODER
FORJADOR
Requisitos: Experiente, Antecedente Arcano (Mestre de
Forja), Forja d6+
Sua devoção foi aperfeiçoada. Você pode ignorar 2
pontos de penalidade em testes de Forjar e pode fazer
uma rerrolagem gratuita.
FORJADOR INFERNAL
Requisitos: Heróico, Forjador
Como acima, mas ignora até 4 pontos de penalidade.
 ADAPTANDO
PROFISSIONAIS
CAÇADOR DE MONSTROS
Requisitos: Novato, Astúcia d6, Ocultismo d6+, Sobre-
vivência d6+
Jogue uma moeda para o seu Caçador. Seu persona-
gem ganha a vida caçando e matando bestas. Talvez você
faça parte de alguma sociedade, grupo ou atue sozinho,
fato é que as pessoas buscam seus serviços quando uma
Criatura da Noite está à solta. Sua formação pode ter
sido informal, por conta, risco e muitas cicatrizes, ou ter
recebido estudo e treino adequado para tal. Caçadores
recebem +1 em Ocultismo, Perceber, Persuadir e Sobre-
vivência para lidar, identificar e caçar criaturas (ou ne-
gociar preços e informações).
CAÇADOR DE MONSTROS VETERANO
Requisitos: Veterano, Caçador de Monstros
Além dos benefícios anteriores, seu Personagem rece-
be uma rerrolagem gratuita em testes de Ocultismo, Per-
ceber, Persuadir e Sobrevivência relacionados ao ofício.
11
Savage Worlds
REGRAS DE AMBIENTAÇÃO
Bem, novas regras não se fazem necessárias para emu-
lar a Europa de Castlevania. Basta utilizar as Regras cer-
tas já disponíveis no Livro de Regras. Acredito que a
combinação adequada para compor a sinfonia da noite
de série seja a seguinte: Convicção, Cura Rápida, Heróis
sem Armadura, Mais Pontos de Perícia, Múltiplos Idio-
mas, Nasce um Herói e Sem Pontos de Poder.
INIMIGOS
Sabendo do que Isaac é capaz, seria impossível adap-
tar ou prever todas as formas de criaturas que podem ser
forjadas. Para essas mais especiais, utilize-se do bestiário
no Livro de Regras e dos Compêndios de Fantasia, Fic-
ção Científica e Terror para novas aberrações vindas do
inferno. As estatísticas a seguir refletem apenas Criaturas
da Noite genéricas, como as vistas em Gresit e Targoviste.
CRIATURAS DA NOITE
□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d4, Espírito d6,
Força d6, Vigor d8.
□ Perícias: Atirar d6, Atletismo d6, Furtividade d6,
Intimidar d6, Lutar d6, Perceber d6.
□ Movimentação: 7; Aparar: 5; Resistência: 6
□ Habilidades Especiais: Considere quantas ou to-
das que quiser.
□ Atordoar, Infecção, Paralisia ou Veneno, Chifres/
Garras e Mordida, Visão no Escuro, Medo, Resi-
liente/Muito Resiliente, Voo.
 ADAPTANDO Savage Worlds

□Atributos: Agilidade d8, Astúcia d6, Espírito d6, Força d8, Vigor d8
□ Perícias: Atletismo d10, Conhecimento Geral d6, Furtividade d6, Ladinagem d6, Lutar d10,
Ocultismo d8, Perceber d8, Persuadir d4, Provocar d6, Sobrevivência d6
□ Movimentação: 6; Aparar: 8; Resistência: 7
□ Complicações: Excomungado (Maior), Desagradável (Menor), Leal (Menor)
□ Vantagens: Belmont; Corajoso; Cura Rápida; Rápido; Arma Predileta Aprimorada (Estrela do Amanhecer);
Bloquear; Brigão; Corredor; Esquiva Aprimorada; Lutar com Duas Armas; Nervos de Aço; Reflexos de Com-
bate; Varredura Aprimorada; Acrobata; Caçador de Monstros Veterano; Provocador

WTREVOR BELMONT

□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d10, Espírito d8, Força d4, Vigor d6
□ Perícias: Atletismo d6, Conhecimento Acadêmico d8, Conhecimento Geral d10+2, Conjurar d10, Curar d4,
Furtividade d6, Lutar d4, Ocultismo d6, Perceber d6+2, Persuadir d6, Pesquisar d6
□ Movimentação: 6; Aparar: 4; Resistência: 5
□ Complicações: Heroica (Maior), Leal (Menor), Guiada (Menor)
□ Vantagens: Antecedente Arcano (Maga); Oradora; Prontidão; Adrenalina Mágica Aprimorada; Esquiva Apri-
morada; Canalização; Concentração; Maga
□ Poderes: Barreira; Cura; Deflexão; Explosão; Manipulação Elemental; Raio; Rajada; Voar

SYPHA BELNADES

12
 ADAPTANDO Savage Worlds

□Atributos: Agilidade d10+2, Astúcia d10, Espírito d8, Força d10+2, Vigor d12
□ Perícias: Atletismo d8, Ciência d6, Conhecimento Geral d8, Furtividade d8, Lutar d10,
Perceber d8+2 Persuadir d6
□ Movimentação: 8; Aparar: 9; Resistência: 10
□ Complicações: Cauteloso (Menor), Ingenuidade (Menor), Leal (Menor), Soturno (Menor)
□ Vantagens: Ligeiro; Prontidão; Rápido; Arma Predileta Aprimorada (Espada de Herança); Atacar Primeiro
Aprimorado; Bloquear Aprimorado; Contra-Ataque Aprimorado; Focado; Frenesi; Retirada Aprimorada
□ Habilidades Especiais: Fraquezas (Água Benta e Estaca), Invulnerabilidade, Mordida/Garras, Morto-Vivo,
Mudança de Forma (Lobo), Teleporte (Igual ao Poder), Voo

WALUCARD

□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d8, Espírito d10, Força d6, Vigor d8
□ Perícias: Atletismo d8, Cavalgar d6, Conhecimento Geral d4, Batalha d8, Furtividade d8, Intimidar d6,
Perceber d8, Persuadir d4
□ Movimentação: 6; Aparar: 4; Resistência: 4.
□ Complicações: Código de Honra (Maior), Ingenuidade (Menor), Soturno (Menor).
□ Vantagens: Mestre de Forja (Antecedente Arcano); Arma Predileta Aprimorada (Adaga de Forja); Contra-
Ataque; Corredor; Esquiva Aprimorada; Focado; Acrobata; Forjador Infernal
□ Poderes: Conjurar Aliado (Criaturas da Noite), Ressurreição, Zumbi.

WISAAC

13
 ADAPTANDO Savage Worlds

□Atributos: Agilidade d6, Astúcia d8, Espírito d6, Força d6, Vigor d6
□ Perícias: Atletismo d6, Conhecimento Geral d8, Batalha d6; Forjar d10, Furtividade d6, Lutar
d6, Ocultismo d6+2, Perceber d6, Persuadir d4
□ Movimentação: 6; Aparar: 5; Resistência: 5
□ Complicações: Atração Perigosa (Maior), Ingenuidade (Maior).
□ Vantagens: Mestre de Forja (Antecedente Arcano); Forjador; Erudito (Ocultismo); Investigador
□ Poderes: Conjurar Aliado (Criaturas da Noite), Zumbi.

WHECTOR

□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d10, Espírito d10, Força d12+3, Vigor d12
□ Perícias: Atletismo d8, Batalha d8, Conhecimento Geral d10, Furtividade d10, Intimidar d10+2, Lutar d10,
Perceber d10+2, Persuadir d12+2, Provocar d10
□ Movimentação: 8; Aparar: 9; Resistência: 10
□ Complicações: Arrogante (Maior), Impulsiva (Maior)
□ Vantagens: Muito Atraente; Ligeira; Prontidão; Rápida; Atacar Primeiro Aprimorado; Bloquear Aprimorado;
Contra-Ataque Aprimorado; Focada; Frenesi; Retirada Aprimorada; Agitadora; Ameaçadora; Humilhar;
Vontade de Ferro; Provocadora; Réplica
□ Habilidades Especiais: Crianças da Noite, Fraquezas (Água Benta, Estaca, Luz do Sol), Invulnerabilidade,
Mordida/Garras, Morta-Viva, Névoa, Senhora Vampírica, Teleporte (Igual ao Poder), Voo

WCARMILLA

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 ADAPTANDO Savage Worlds

□Atributos: Agilidade d8, Astúcia d10, Espírito d10, Força d12+2, Vigor d12
□ Perícias: Atletismo d8, Conhecimento Geral d10, Furtividade d10, Intimidar d8, Lutar d6,
Perceber d10, Persuadir d12+2, Performance d8+2
□ Movimentação: 6; Aparar: 5; Resistência: 10
□ Complicações: Guiada (Maior), Leal (Menor), Teimosa (Menor)
□ Vantagens: Carismática; Muito Atraente; Cativar a Multidão; Confiável; Elevar o Moral
□ Habilidades Especiais: Encantar, Fraquezas (Água Benta, Estaca, Luz do Sol), Invulnerabilidade, Mordida/
Garras, Morta-Viva, Névoa, Voo

WLENORE

□ Atributos: Agilidade d10, Astúcia d4, Espírito d8, Força d12+3, Vigor d12
□ Perícias: Atletismo d10, Batalha d6, Cavalgar d8, Conhecimento Geral d4, Furtividade d8, Intimidar d8,
Jogar d6, Lutar d12, Navegar d8, Perceber d6, Persuadir d6, Provocar d8, Sobrevivência d8
□ Movimentação: 8; Aparar: 9; Resistência: 12.
□ Complicações: Arrogante (Maior), Boca Grande (Menor), Desagradável (Menor)
□ Vantagens: Brutamontes; Furioso; Ligeiro; Atacar Primeiro; Bloquear; Pugilista; Corredor; Esquiva
Aprimorada; Frenesi Aprimorado; Impiedoso; Lutar com Duas Armas; Coragem Líquida; Provocador
□ Habilidades Especiais: Fraquezas (Água Benta, Estaca, Luz do Sol), Invulnerabilidade, Mordida/Garras,
Morto-Vivo

WGODBRAND

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 ADAPTANDO Savage Worlds

□Atributos: Agilidade d6, Astúcia d10, Espírito d6, Força d6, Vigor d6
□ Perícias: Atletismo d4, Ciência d8+, Ciência Estranha d10, Conhecimento Acadêmico d8,
Conhecimento Geral d8+2, Conjurar d8, Furtividade d6, Lutar d4, Ocultismo d6, Perceber d6,
Persuadir d8, Pesquisar d8
□ Movimentação: 6; Aparar: 4; Resistência: 5.
□ Complicações: Curioso (Maior), Guiado (Menor), Ingenuidade (Menor).
□ Vantagens: Aristocrata; Carismático; Ciência Estranha (Antecedente Arcano); Magia (Antecedente Arcano);
Impulso; Linguista; Artífice; Engenhoqueiro; Mago; Erudito x2 (Ciência e Conhecimento Geral)
□ Poderes (Ciência Estranha): Atordoar; Cegar; Confusão; Devastação; Explosão; Ressureição
□ Poderes (Magia): Banir; Detectar e Ocultar Arcano; Dissipar; Fantoche; Iluminar; Proteção; Proteção Ambiental;
Proteção Arcana
WSAINT GERMAIN

□ Atributos: Agilidade d10, Astúcia d6, Espírito d8, Força d12+4, Vigor d12+4
□ Perícias: Atletismo d10, Batalha d10, Cavalgar d10, Conhecimento Geral d6, Furtividade d6, Intimidar d10,
Lutar d12+2, Perceber d6, Persuadir d6
□ Movimentação: 8; Aparar: 12; Resistência: 15
□ Complicações: Guiada (Maior), Excesso de Confiança (Maior)
□ Vantagens: Brutamontes; Furiosa; Ligeira; Musculosa; Arma Predileta; Guerreira Marcial; Atacar Primeiro;
Bloquear Aprimorado; Pugilista; Calculista; Corredora; Esquiva Aprimorada; Frenesi Aprimorado; Focada;
Golpe Poderoso; Impiedosa; Reflexos de Combate; Varredura Aprimorada; Presença de Comando; Mestre Es-
trategista; Fervor; Inspirar; Líder Nato; Mantenham a Formação; Mestra das Armas; Especialista (Lutar)
□ Habilidades Especiais: Fraquezas (Água Benta, Estaca, Luz do Sol), Invulnerabilidade, Mordida/Garras, Mor-
ta-Viva
WSTRIGA

16
 ADAPTANDO Savage Worlds

□Atributos: Agilidade d6, Astúcia d10, Espírito d8, Força d4, Vigor d6
□ Perícias: Atletismo d6, Ciência d8+2, Ciência Estranha d8, Conhecimento Geral d8, Curar
d10+2, Furtividade d6, Perceber d6, Performance d6, Persuadir d8, Pesquisar d8, Sobrevivência d4
□ Movimentação: 6; Aparar: 2; Resistência: 5
□ Complicações: Heroica (Maior), Pacifista (Maior)
□ Vantagens: Carismática; Ciência Estranha (Antecedente Arcano); Curandeira; Artífice; Erudita (Ciência e
Curar)
□ Poderes: Ajuda; Cura; Detectar e Ocultar Arcano; Dissipar; Iluminar; Proteção Ambiental; Proteção Arcana; Sono

WLISA TEPES

□ Atributos: Agilidade d12+4, Astúcia d12+2, Espírito d10+2, Força d12+4, Vigor d12+2
□ Perícias: Atirar d10, Atletismo d12, Ciência d10, Ciência Estranha d10, Conhecimento Acadêmico d12,
Conhecimento Geral d12, Conjurar d12, Curar d8, Furtividade d12, Intimidar d12, Lutar d12+2,
Ocultismo d12, Perceber d12, Persuadir d12, Pesquisar d10, Psiônicos d10
□ Movimentação: 9; Aparar: 12; Resistência: 14.
□ Complicações: Soturno (Maior), Desejo de Morrer (Menor), Vingativo (Maior)
□ Vantagens: Antecedentes Arcanos (Ciência Estranha, Magia e Psiônicos); Carismático; Ligeiro; Linguista;
Resistência Arcana Aprimorada; Atacar Primeiro Aprimorado; Bloquear Aprimorado; Pugilista; Contra-
Ataque Aprimorado; Corredor; Esquiva Aprimorada; Finta; Frenesi Aprimorado; Golpe Poderoso; Impiedoso;
Reflexos de Combate; Retirada Aprimorada; Varredura Aprimorada; Todas as Vantagens de Liderança; Artífice;
Engenhoqueiro; Senhor Conserta Tudo; Vontade de Ferro; Mestre das Armas; Especialista (Lutar)
□ Poderes: Todos que quiser.
□ Habilidades Especiais: Crianças da Noite, Encantar, Fraquezas (Água Benta, Estaca, Luz do Sol),
Invulnerabilidade, Mordida/Garras, Morto-Vivo, Mudança de Forma, Névoa, Senhor Vampírico, Teleporte
WDRÁCULA (Igual ao Poder), Voo

17
 ADAPTANDO Savage Worlds

ARSENAL ESTRELA DO AMANHECER migo explode. Extras explodem em um modelo peque-

Suprimentos especiais, armas lendá-
rias e itens mágicos para auxiliar seus he-
róis na luta contra Vampiros, Demônios e outros peri-
gos da noite e do inferno.
SAL
Mata Demônios. Com uma ação, pode ser ungido em
lâminas, adicionando +2 ao dano. O efeito dura por d4
turnos. Outra alternativa são bombas de sal (distância
3/6/12, 3d6 de dano, modelo pequeno de explosão).
O legado da Família Belmont. A matadora de Vampi-
ros. Um Mangual forjado especialmente para o combate
contra sanguessugas e bestas do inferno. Encontrada por
Trevor no Arsenal dos Belmont (segunda temporada).
Propriedades: Dano For+d8. Alcance 6. Ignora o bônus
por escudo. Ampliação no ataque deixa o inimigo Preso.
Contra Vampiros e Demônios soma +4 ao dano. O dano
não abala o inimigo, causando automaticamente um ní-
vel de ferimento. Em caso de ampliação no dano, o ini-
no ou médio. Cartas Selvagens explodem em modelo
médio ou grande (variando conforme tamanho e nível
da ameaça).
LÂMINA DE RAJA-PUTRA
Encontrada e usada por Trevor (quarta temporada) du-
rante a visita às catacumbas de Targoviste. Segundo ele,
um louco caçador de vampiros norueguês viajou até a
Índia e convenceu o mestre de armas dos clãs Raja-Pu-
tra a forjá-la. Uma arma versátil, servindo como lâmina

ÁGUA BENTA
Queima e fere Demônios. Frascos, superfícies molhadas ou
respingos causam 1d4 de dano e deixam o inimigo Distraído
até o final de seu próximo turno (imersão causa combustão
instantânea). Com uma ação, pode ser ungida em lâminas,
adicionando +1 ao dano. O efeito dura por 2 turnos.

CHICOTE CONSAGRADO
Usado por Trevor para combater Vampiros e Demônios.
Uma arma versátil e elegante.
Propriedades: Dano For+d6. Alcance 3. Ampliação no
ataque deixa o inimigo Preso. Contra Vampiros e De-
mônios soma +2 ao dano e, em caso de ampliação no
dano, o inimigo explode. Extras explodem em um mo-
delo pequeno ou médio. Cartas Selvagens explodem em
modelo médio ou grande (variando conforme tamanho
e nível da ameaça).

18
 ADAPTANDO
dupla, tripla ou mesmo quádrupla,
na forma de cruz.
Propriedades: Pode matar Vampiros.
Dano For+d8 (lâmina dupla) ou For+d8+2 (lâmina tripla/
cruz). Contra Vampiros soma +4 ao dano. Em combate
corpo-a-corpo deixa o inimigo Distraído por d4 turnos
(Trevor explica que vampiros são predadores evoluídos e
que formas geométricas grandes em seu campo de visão
os confunde e causa pânico). Pode ser arremessada (Dis-
tância 3/6/12).
ESPADA HERANÇA DE ALUCARD
Espada longa mágica. Pouco é explicado sobre ela, além
do que é visualmente apresentado. Sabemos com certe-
za que ela flutua e pode ser usada sem a necessidade de
ser, de fato, empunhada, através da vontade de Alucard.
Além disso, parece nunca perder o fio e ser indestrutível
por meios físicos. Ao longo da série ninguém tentou se
apossar ou pegá-la emprestada, representando um vín-
culo mágico com Alucard. Para esta adaptação, algumas
liberdades foram tomadas.
Propriedades: Dano For+d8+2. Movimentação 12.
Arma mágica, sem requisito de força mínima. Precisa se
vincular ao usuário (requer uma semana, ao final dela,
o usuário deve ser bem-sucedido em um teste de Espí-
rito). Se empunhada, funciona como uma arma normal.
Alternativamente, a Espada pode lutar por conta pró-
pria, seguindo a vontade de seu usuário e o deixando de
mãos livres. Isso conta com uma ação livre e requer ape-
nas um sucesso em Espírito para funcionar. Os ataques
por sua vez são rolados normalmente, como se estivesse
sendo empunhada.
ESCUDO HERANÇA DE ALUCARD
Um escudo mágico. Indestrutível, capaz de aparar to-
dos os tipos de ataque.
Propriedades: Aparar +3. Cobertura -2. Sem requisito
de força mínima. Precisa se vincular ao usuário (requer
uma semana, ao final dela, o usuário deve ser bem-su-
cedido em um teste de Espírito). Protege contra ataques
físicos e mágicos, reduzindo o dano pela metade.
ADAGA DO PACTO DIVINO
Reconstituída por Trevor (quarta temporada). Segun-
do ele, um ferreiro-feiticeiro louco forjou a adaga para
cumprir um pacto unilateral de assassinato-suicídio
com Deus. Trevor acaba usando a adaga como último
recurso na luta final contra A Morte.
Propriedades: Arma mágica poderosa. Pode destruir
qualquer criatura ou entidade. Em adicional, seu usuá-
rio deve sacrificar-se.
INSTRUMENTO DE FORJA
Mestres de Forja trabalham com um instrumento, cada
qual tem o seu. Isaac usa uma adaga, enquanto Hector
usa um martelo (anteriormente moedas). A mágica tem
que ser focada em um instrumento. Tem que ser espe-
cial, feito do zero, de forma muito particular, ou não vai
funcionar.
19
Savage Worlds
Propriedades: Independente de qual seja o instru-
mento escolhido, ele permite a forja de Criaturas da
Noite. Tomando a adaga de Isaac como exemplo, além
de usá-la da forma convencional e como instrumento
de forja, ele também é capaz de estancar ferimentos
usando o fogo infernal que emana dela. Mestre e joga-
dor devem estabelecer qual o instrumento e benefícios
adicionais.
ESPELHOS MÁGICOS
Estes itens aparecem com destaque e frequência ao
longo da série. Vampiros e Magos parecem ter um in-
teresse maior neles. O próprio Drácula possui alguns
exemplares em seu castelo. Espelhos Mágicos pos-
suem finalidades específicas e alguns deles apresen-
tam traços de personalidade. É sugerido em diálogos
que os melhores espelhos sejam aqueles confecciona-
dos nos Cárpatos, ou pelos povos dos Cárpatos (uma
cadeia de montanhas que se estende da Europa Cen-
tral até o Leste Europeu, predominante na região da
atual Romênia, que abriga a Wallachia e a Transilvâ-
nia). A seguir, os três tipos de espelhos e alguns dos
exemplares vistos na série.
Comunicação: Espelho mágico destinado para comu-
nicação de indivíduos, normalmente distantes entre si. O
melhor exemplo são os espelhos utilizados por Varney,
Carmilla, Hector e Saint Germain na última temporada.
Eles funcionam como uma “videoconferência mágica”,
permitindo chamar, atender ou recusar as “ligações”.
 ADAPTANDO
Distância: Além da funcionalida-
de anterior, estes espelhos podem ler
ou interpretar os pensamentos do usuá-
rio. Como o espelho no Arsenal dos Belmont, usado por
Alucard e Sypha para localizar e capturar o castelo de
Drácula. Ou o que Isaac recebe de presente do Colecio-
nador, em Tunis, no qual ele pôde visualizar a localiza-
ção de Hector. Neste caso, o Espelho é dito como “orgu-
lhoso”, exigindo que seu usuário o chame de “Senhor
Espelho” para ser utilizado.
Transmissão: Este talvez seja o mais raro e mais po-
deroso dos Espelhos pois funcionam como portais,
sendo possível passar objetos, ou mesmo criaturas, por
ele. Entre os exemplares na série temos o Espelho de
Drácula, no qual Isaac é arremessado no deserto, e o
espelho do Mago, o qual Isaac usa para invadir o cas-
telo de Carmilla.
GANCHO DE AVENTURA
O PIRATA DAS ESTRADAS
Simion, o autointitulado Pirata das Estradas, coman-
dava uma “tripulação” de bandidos e um “navio pira-
ta” (veleiro com rodas de carroça acopladas) puxado
20
Savage Worlds
por quatro cavalos (Kraken, Sereia, Tartaruga e Tritão).
Ele atuava na região próxima de Lindenfeld, onde não
era levado a sério nem mesmo por suas vítimas. Ves-
tindo-se igual um capitão de verdade, assim como seus
“marujos”.
Após diversos fracassos, decidiu fazer um ataque ou-
sado a Lindenfeld, só para encontrar a cidade queimada
(após os eventos da terceira temporada). Ele se aprovei-
ta da situação, acolhendo os remanescentes e fundando
uma cidade pirata, chamada Nova Simenfeld, atraindo
todo tipo de escória para seu bando. Entre eles, uma du-
pla de magos alquimistas que buscam os segredos do
Priorado. Simion se auto-intitula o Rei Pirata e inicia um
reinado de saques com a ajuda de sua corte de magos.
Os saques começam a alarmar cidades e vilarejos vi-
zinhos, alguns relatos contam sobre aberrações huma-
noides, nem humano, nem criatura da noite, algo ainda
mais horrendo, participando dos ataques. A Igreja ou a
Nobreza regente pode solicitar um grupo de caçadores
que investigue e elimine a ameaça (os Jogadores). Al-
ternativamente, os personagens jogadores podem estar
de passagem pela cidade pirata. Percebendo o antro de
indivíduos de moral questionável e os relatos de “coisas
que não deveriam existir” assombrando a cidade pela
noite, o grupo começa a investigar por conta própria
como a cidade cresceu tão rápido e quem são os magos
da corte.
GANCHOS Retropunk

PORTADAS
EPIDEMIA E CAOS
P
ortadas é um distrito que foi dominado recentemente pela SecureTech. Apesar disso, a megacor-
poração já causou mudanças físicas e psicológicas evidentes por lá. Portadas sequer é o nome oficial
do distrito, mas é como o chamam atualmente. Isso porque a SecureTech instalou, efetivamente,
portões por todo o distrito, setorizando-o e restringindo a capacidade de ir e vir da população.
Depois de uma série de protestos por conta de preços abusivos, as ações dessa corporação cresceram expo-
nencialmente, financiada por bem mais que os super-ricos. A SecureTech adquiriu a corporação-gestora anterior
e implantou, pouco a pouco, um permanente estado de sítio. Fez isso através do seu plano de assinatura que
garante a possibilidade de circular nos setores ‘premium’, isto é, nobres ou que te força a perambular por setores
‘básicos’, a saber: periféricos.

POR YURI BRAVOS

 GANCHOS
Na concepção de alguns, o distri-
to se tornou mais seguro e tranquilo,
onde é possível passear com seus lulus-
-da-pomerânia-elétricos sem se preocupar com pro-
testos rompantes ou subtrações involuntárias de bens.
Para aqueles que estão confinados a coisa é completa-
mente diferente. Eles são invisibilizados e impedidos de
acessar serviços de qualidade. Do alto dos seus aparta-
mentos luxuosos, os super-ricos sequer sabem o que se
passa nos setores pobres. E nem querem.
Entrar no distrito exige uma inscrição gratuita com
trinta dias de teste. Ela dá acesso aos setores básicos e
7 dias de visitas a setores intermediários. Não é preciso
dizer que Defeitos são incapazes de fazer uma assinatu-
ra. A entrada precisa ser clandestina.
RESTRIÇÃO DO DIREITO DE IR E VIR
A primeira aberração de Portadas é a segregação física
do distrito em setores. O acesso aos setores são dados
por planos de assinatura. Os planos premium permitem
ir e vir nos setores nobres, os básicos, lhe impedem de
andar entre os ricos. Essa segregação espacial impede
acesso a trabalhos, produtos e serviços melhores, for-
çando um ciclo de miséria permanente.
Além disso, ele é fonte de outras distorções sociais, como
a invisibilidade dos mais pobres. As notícias que passam
nos setores nobres de Portadas não contam o que acontece
nos setores básicos. Ou, se contam, trazem informações al-
teradas e revisadas de acordo com o gosto do consumidor.
SALTADORES
Os Saltadores lutam de forma direta contra os portões
da SecureTech. Eles abrem brechas entre setores e mas-
caram os neurochips invasores por algumas horas para
que façam o que for preciso nos setores nobres. Incluin-
do sabotar a SecureTech ou os meios de comunicação.
OPORTUNIDADES
1. Uma grávida está prestes a dar à luz. Ela fez todo
seu neo-natal passando por brechas para um setor inter-
mediário, pois sua gravidez é de risco. Ela vai precisar
de escolta e ajuda para ter seu parto feito noutro setor.
2. Os Saltadores precisam abrir uma nova brecha e
contratam pessoas capazes de hackear o sistema de
vigilância do setor-alvo para permitir a abertura.
3. A SecureTech aprendeu a decifrar o mascaramen-
to dos Saltadores de forma mais rápida, é preciso en-
contrar uma nova forma de programação.
4. A facção dos Vendados está com um plano de pro-
testo que inclui implodir um portão pelo lado premium,
alguém precisa implantar as bombas previamente.
5. Um dos setores básicos está em lockdown por
conta da Epidemia e está desabastecido de alimentos a
preços acessíveis, a população começa a passar fome.
6. Após abrirem uma brecha diretamente para um
setor premium, junto aos Vendados eles decidem se-
questrar uma celebridade para chamar a atenção para
situação da Epidemia.
Leia mais sobre a Epidemia Setorizada mais adiante.
22
Retropunk
Mascarar chips é delicado, quanto mais horas fora, mais
difícil. Conseguir um par de horas é tranquilo. Passar um
dia inteiro, exige dedicação. O prestígio com a facção indica
quanto tempo eles estão dispostos a investir em mascarar
você. Eles cobram ainda assim, mas nunca irão mascarar
alguém só pela quantidade de FV que pode pagar.
Noreen Sk8 - Especialista (Mascaramento de Neu-
rochips): Uma mulher afro com um monóculo escuro
implantado na sua têmpora esquerda. Ela é uma das
supervisoras de mascaramento dos Saltadores e possi-
velmente a primeira voz de autoridade que encontrarão
dentro da facção. Ela avalia quanto tempo de mascara-
mento é possível oferecer para cada pessoa. Ela também
negocia a entrada e saída de Defeitos em Portada.
FALÊNCIA ECONÔMICA
As assinaturas caríssimas dos super-ricos garantem pro-
dutos de qualidade e por preços “justos” com políticas
de cashback ou de pontos durante vendas. Para os as-
sinantes básicos, nenhuma benesse dessas e preços evi-
dentemente inflados nas suas prateleiras. Obviamente,
os pobres só sabem disso quando invadem setores ‘pre-
mium’ através das brechas dos Saltadores.
Estar preso em determinados setores restringe inclusive
a oferta de trabalhos. Os salários pagos nos setores ‘bási-
cos’ são mais baixos do que o mesmo trabalho em setores
‘premium’. A SecureTech tem um add-on de recrutamento,
obviamente pago, que mais extorque dinheiro por oportu-
nidades pífias que outra coisa. A classe média de Portadas
 GANCHOS
adora e defende esse add-on, já que
usualmente pode pagar por ele e é pre-
ferida diante dos assinantes do plano básico.
A COLHEITA
Uma facção que trabalha junto dos Saltadores para contra-
bandear produtos de melhor qualidade, incluindo, nota-
damente, alimentos. Eles mantêm também hortas clandes-
tinas, o que é escandalosamente ilegal. A SecureTech tem
um braço de biossegurança que entende a produção casei-
ra de alimentos como um risco potencial. Não à toa, recen-
temente A Colheita tem sido perseguida por esse motivo.
O QUE SE VÊ NOS ESPAÇOS DA COLHEITA
1. Plantações hidropônicas subterrâneas, ilumina-
das por lâmpadas especiais.
2. Cultivo de cogumelos comestíveis em armários
dissimulados nas fachadas de prédios.
3. Um caminhão-outdoor que esconde dentro de si
uma mini-feira móvel, que sempre estaciona em luga-
res diferentes.
4. Kits de sementes e bulbos para hortas domicilia-
res em sacos de comida fast-food.
5. Um bonsai realmente grande de árvore frutífera,
que é uma espécie de matriz para produção de mudas
e colheita de frutas.
6. Estantes colméias em que cada célula tem uma
muda preservada em um micro-habitat semelhante à
natureza original.
Pequenas feiras com horários e locais sempre diferen-
tes acontecem para troca e venda de alimentos produzi-
dos e contrabandeados pela Colheita. Elas também são
uma chance de intercâmbio de informações.
FabulousVert - Potente: Ninguém daria nada por ele,
dada sua baixa estatura e estilo color blocking. Ainda assim,
FabulousVert é o principal organizador das feiras ambulan-
tes da Colheita. Ele é surpreendentemente resistente e mais
de uma vez segurou as pontas contra os guardas da Secure-
Tech enquanto os feirantes e frequentadores da feira fugiam.
23
Retropunk
VIGILÂNCIA TOTALITÁRIA
Nos setores básicos, privacidade é bem escasso.
Ruas e até mesmo corredores internos de condomí-
nios são vigiados por andróides flutuantes. Os pla-
nos de assinatura exigem a concordância com ter-
mos de uso que incluem a vigilância ‘para garantia
de segurança’.
Com potentes microfones integrados, esses dróides
conseguem captar sons de espaços privados próximos.
Poucos lugares, muito bem resguardados dentro de
apartamentos são realmente seguros.
COMO FUNCIONAM OS DRÓIDES-ESPIÃO
1. Através de rotas pré-estabelecidas, podendo es-
tacionar em pontos de interesse.
2. A partir de georreferenciamento, identificando
aglomerações não usuais para então averiguá-las.
3. Através se sensores de calor, independentemente
da função de rastreio dos neurochips.
4. São controlados remotamente por empregados
da SecureTech.
5. Os dróides contam com programação de machi-
ne learning e estão ficando cada vez mais espertos e
independentes.
6. Há usuários com assinatura básica que oferecem
informações aos dróides em troca de prêmios.
 GANCHOS
VENDADOS
Enquanto os Saltadores e A Colhei-
ta tentam agir à revelia da SecureTech, os
Vendados dão murro em ponta de faca. Eles criam cam-
pos de ruído estático para inutilizar os microfones dos
dróides espiões, se confrontam de frente com as equipes
de segurança e, não poucas vezes, organizam protestos
e ataques aos portões entre setores.
Ainda que as três facções muitas vezes trabalhem jun-
tas, as relações com os Vendados são um pouco mais di-
fíceis. Eles não querem ganhar tempo ou dar um jeitinho
de se manter, eles querem virar a mesa do status quo o
quanto antes. Quando estão em ação, sempre usam ven-
das que cobrem dos olhos até a nuca, para evitar identi-
ficação.
0lho Negr0 - Alternador: Dizem que é o líder dos Ven-
dados. Correm muitas histórias sobre ele e sobre seus
feitos. Acessá-lo não é tão difícil, encontrar com ele, sim.
0lho Negr0 sempre opta pela via mais pungente. Como
Alternador, é capaz de propor sutilezas e reviravoltas.
Sua principal característica, contudo, é saber fazer um
discurso inflamado.
EPIDEMIA SETORIZADA
Nas últimas semanas, os setores básicos estão sofrendo com
uma epidemia. Por serem mais densos, a doença se espalhou
rapidamente. Há poucos médicos e a SecureTech tem barra-
do atualizações de assinatura para evitar contágio em seto-
res intermediários ou premium. O setor de biossegurança
Retropunk
está impondo também um lockdown em setores com mais DESCOBRINDO PORTADAS
casos, sem nenhuma proposta de suporte para manutenção Nem todas as opções das tabelas são auto-excludentes,
do mesmo, além da repressão violenta aos desobedientes. a maioria delas podem ser verdade concomitantemente.
As três facções existentes nos setores básicos agora Role um dado para cada uma delas para estabelecer as
articulam formas de protesto e reação contra tais des- informações disponíveis inicialmente e decida, a medi-
mandos. O auxílio de Defeitos de fora tem sido essencial da que o jogo anda, que outras informações são verda-
para acelerar as coisas, já que muitos distritos estão sob deiras e como elas se relacionam entre si.
vigilância pesada, dificultando as ações. As facções apresentadas agem juntas contra a Secure-
RUMORES Tech, mas nem sempre concordam sobre como fazer isso.
1. A epidemia foi criada e espalhada pela própria A SecureTech pode e irá se aproveitar dessas desavenças
SecureTech para genocídio controlado da população para colocar uma contra as outras, e seguramente usará da
de assinatura básica. sua influência para colocar os cidadãos contra todas elas.
2. Os noticiários levantam como hipóteses a contami- Ajudem Portadas a se livrarem da tirania dos portões!
nação por alimentos produzidos de forma clandestina e ca-
seira. “Especialistas” no assunto reforçam o pensamento.
3. Correntes em aplicativos de mensagens instantâ-
neas estimulam crenças em remédios não relacionados
à doença, o que aumenta a procura por brechas para
adquiri-los em outros setores.
4. Ao visitarem outros setores através de brechas,
constata-se que ninguém fora dos setores básicos sabe
da ocorrência da epidemia.
5. Poucos dos setores básicos sabem, mas os setores
premium já receberam a vacinação contra a doença.
6. Há meses as mudanças de planos de assinatura
básicas para intermediárias têm dado problemas, o que
indica que a SecureTech e seu braço de biossegurança
sabiam da doença e não fizeram nada a respeito.
24
 ROLANDO OS DADOS Rastro de Cthulhu

ARTEFATOS
ESTRANHOS

E
xistem artefatos cujas capacidades estão
além da compreensão humana. Criados
por seres antigos para funções que só eles
discernem. Alguns desses são encontrados por
investigadores humanos, mas mesmo os maiores
especialistas têm dificuldade de discernir todos
os segredos. O que seus investigadores encontra-
ram?

POR RUBENS ALVES

 ROLANDO OS DADOS
ROLE 1D12 PARA DESCOBRIR.
1- O objeto lembra vagamente o for-
mato de uma pistola, o cabo é feito de um
metal fosco azulado, a partir dele saem diversos cristais
transparentes extremamente finos que lembram agulhas,
tendo entre 30 cm e 45 cm de comprimento. Os cristais
são frágeis e se quebram facilmente com impacto.
Efeitos: Quando apontado na direção de um objeto em
movimento, o objeto é desacelerado bruscamente. Uma
pessoa andando é parada onde está, já uma pessoa cor-
rendo pode tropeçar, um carro em alta velocidade pode
até mesmo se despedaçar com a força que o desacelera,
como se acertasse uma parede invisível (dano varia de
0 a 10 dependendo da velocidade do alvo, sendo 0 uma
pessoa andando, e 10 um avião em rasante). O cabo de
metal esquenta conforme o efeito do objeto é ativado, se
for usado em demasia pode até mesmo causar queima-
duras em quem o segura.
Investigação: Um teste de B|iologia ou geologia dif 4
permite descobrir que os cristais parecem crescer lenta-
mente a partir do metal, sem nunca parar, sua estrutu-
ra molecular dá indícios de que o cristal possa ser uma
forma de vida orgânica, crescendo somente a partir da
energia que o metal fornece. O metal é capaz de distor-
cer campos magnéticos quando aquecido. Ele não se
parece com nenhum material conhecido pelo homem, e
emite pequenos traços de radiação, brilhando levemen-
te no escuro. Sua resistência é maior que a de titânio, e
ele não pode ser deformado, mas pode ser derretido se
exposto a uma temperatura de até 4 mil graus celsius.
Propósito original: É uma ferramenta dos mi-go que
ajuda a “estacionar” objetos voadores.
2 - Uma chave de aparência bem ordinária, parece ser
feita de latão ligeiramente oxidado, com um modelo
simples.
Efeito: A chave afeta as memórias das pessoas que a
utilizam. Assim que se deixa de olhar para a chave todas
as memórias referentes a ela são esquecidas até que ela
seja vista de novo. Para todos os efeitos é como se a chave
nunca tivesse existido para aqueles que não estão olhan-
do para ela no presente momento. É possível registrar a
existência da chave em anotações, enquanto se tem ela
no campo de visão, mas se o investigador vai acreditar
nas próprias anotações varia de caso para caso. Quando
utilizada em uma fechadura antiga a chave pode abrir
qualquer porta, mas esta nunca se abre para onde de-
veria, ao invés disso um portal é criado para uma porta
diferente em um local a até 10 km de distância. A chave
nunca abre um portal para o mesmo lugar duas vezes,
e o portal fica aberto enquanto a porta estiver aberta.
Portais abertos podem criar estranhas correntes de ar e
também perturbar a mente dos que o observam (-1 de
Estabilidade).
Investigação: Para todos os efeitos essa é apenas uma
chave de latão, mas há inscrições nela, quase totalmen-
te apagadas devido ao manuseio constante, um teste de
mythos de cthulhu dif 5 revela como sendo um artefato
da grande raça de yith.
26
Rastro de Cthulhu
Propósito original: essa é uma das tecnologias pu-
ramente matemáticas que podem ser reproduzidas até
mesmo com tecnologias primitivas pela grande raça de
yith. Era utilizada como modo de transporte por mem-
bros da grande raça enquanto estes possuíam humanos,
entre o século 18 até o 20.
3 - Uma pequena esfera prateada semi transparente
que parece conter centenas de esferas menores, também
transparentes, que por sua vez também contém outras
esferas, dando uma ilusão de que o padrão se repete in-
finitamente.
Efeito: Qualquer um que segurar a esfera se torna ca-
paz de ver em todas as direções ao mesmo tempo, inde-
pendente da posição dos olhos, ou mesmo de cegueira.
A visão não só se torna de 360º como o usuário vê todo
o campo de visão ao mesmo tempo. Essa experiência
pode ser bastante assustadora,(- 3 de Estabilidade) da
primeira vez que é utilizada, mas uma vez que a mente
do usuário consiga se acostumar esse modo de visão se
torna mais confortável do que a natural. Aqueles que
usam a esfera durante muito tempo se sentem cegos
e debilitados sem ela, sofrendo de terríveis tonturas e
claustrofobia se ficarem muito tempo sem usar o arte-
fato, repita o teste de estabilidade uma vez por mês du-
rante 1 ano até que o personagem se acostume a sua vi-
são natural novamente.
Testes de Sentir Perigo, fFrtividade, combate em geral,
Condução e perseguição são realizados como se o per-
sonagem tivesse +6 graduações nelas.
 ROLANDO OS DADOS
Investigação: A esfera é sólida e
extremamente resistente, mas pode
ser destruída se for submetida à força o
suficiente, fazendo com que ela estoure como uma bo-
lha, desaparendo sem deixar vestígio. Examinar a esfera
com um microscópio revela que é impossível enxergar
qualquer estrutura molecular ou microscópica, as esfe-
ras dentro das esferas parecem apenas continuar infini-
tamente, sempre menores, para além da capacidade dos
microscópios atuais.
Propósito original: É o equivalente a uma “lente de
contato” para uma raça insetide mais avançada do que
os humanos, agora extinta.
4 - Um objeto que tem o formato cúbico, com algumas
alavancas e alças em lugares estranhos, como se o criador
tivesse feito o melhor para que a coisa fosse extremamen-
te difícil de se manusear para um humano, ou talvez nem
sequer tenha sido projetada para um humano. O Cubo é
extremamente pesado (70kg) e tem cerca de 30 cm.
Efeito: Se puxadas em uma determinada ordem as ala-
vancas podem causar um estranho efeito. O objeto mais
próximo de um dos vértices do cubo aumenta de tama-
nho, inchando, isso parece afetar a consistência do alvo.
Uma tora de madeira pode triplicar de tamanho, mas se
torna extremamente frágil, farelenta; uma barra de aço
pode ser aumentada, mas também perde consistência, se
tornando menos densa; o efeito também pode afetar ma-
téria orgânica, causando sangramentos conforme a pele se
rasga, esticando sob os músculos inchados, normalmente
Rastro de Cthulhu
o local afetado começa a gangrenar depois de alguns dias,
se não sofrer uma amputação preventiva. É como se o ob-
jeto trocasse densidade por volume, em termos leigos.
Cada ativação causa 2 de dano na área afetada, qual-
quer tipo de resistência é ignorada.
Investigação: Um teste de Geologia dif 3 revela que o
cubo é feito de rocha vulcânica, embora a datação seja
difícil de se precisar. É impossível desmontar o cubo,
mas destruí-lo revela algumas formas geométricas es-
tranhas feitas de obsidiana em seu interior.
Propósito original: Era usada como uma ferramenta
culinária pelos shan.
5 - Uma concha espiralada de cor negra azulada com
cerca de 20 cm, ela parece oca, mas às vezes pequenas
secreções de um líquido amarelo escorrem pela abertu-
ra, com um cheiro leve de amônia.
Efeito: Se colocada sobre a orelha ela permite escutar es-
tranhos sons, os sons não parecem seguir um padrão exato.
Quanto mais tempo se permanece escutando esses sons,
mais claros eles se tornam. Aqueles que utilizarem a con-
cha por tempo suficiente começam a escutar uma lingua-
gem estranha, que apesar de desconhecida parece transmi-
tir a informação diretamente para o cérebro sem precisar
ser traduzida. Essa linguagem revela pequenos segredos,
como pensamentos hostis das pessoas à volta, e seus se-
gredos sombrios. Aqueles que usarem a concha durante
muito tempo podem adquirir paranóia se não passarem
em um teste de Estabilidade(-1) a cada dia que utilizarem
a concha.
27
 ROLANDO OS DADOS
Investigação: Um teste de biologia
dif 2 revela que a concha não se pare-
ce com nenhum outro tipo de concha já
classificada. Abri-la ou quebrá-la revela que ela é cheia
de câmaras interiores que não seguem um padrão eu-
clidiano. Um teste de Química dif 4 revela que secreção
expelida de fato é, em sua maioria, amônia, o líquido
é expelido por uma pequena massa amorfa amarelada
que se resseca e morre rapidamente após ser exposta
aos elementos, caso a concha seja quebrada.
Propósito original: A concha são os últimos resquí-
cios de uma raça rival dos seres ancestrais, que após
uma guerra foram condenadas a ‘involuir” até chega-
rem à patética forma atual, com habilidades telepáticas
extremamente rudimentares.
6 - Um octaedro feito de um material similar a madre-
pérola. Quando a luz incide no ângulo certo as facetas
revelam inscrições, as inscrições não são sulcos, mas sim
hologramas dentro do padrão da madrepérola.
Efeito: Se decifrados (Criptografia dif 6) os conteú-
dos abrem a mente do investigador de um modo que
não deveria ser possível, permitindo a compreensão da
estrutura de qualquer língua escrita, como se ele a en-
tendesse profundamente. Essencialmente basta estudar
qualquer língua escrita durante algumas horas para a
compreender perfeitamente, até mesmo palavras que
não estavam presentes no material de estudo. Esse efei-
to só funciona para linguagens criadas por seres huma-
nos. Aqueles que conseguem decifrar o artefato perdem
estabilidade (-6) e começam a ter uma predileção maior
por se comunicar pela escrita, mesmo quando a comuni-
cação verbal seria mais prática.
Investigação: A superfície do objeto é coberta de ma-
drepérola, múltiplas camadas, de modo a gerar o efeito de
holograma. Um teste de Química ou Física (dif 4) indica
que, de alguma forma, os hologramas foram criados com
alguma fonte de calor aplicada de modo bastante preciso,
algo equivalente a um laser, embora essa tecnologia pos-
sa apenas ser teorizada na época atual. Abaixo dessas ca-
madas de madrepérola há uma pedra usada como base.
Propósito original: Era utilizada como dicionário por
diversas criaturas do mythos que desejavam compreen-
der as escritas humanas.
7 - O artefato se parece com uma antena de rádio, mas
a estrutura não usa linhas retas, apenas curvas. O objeto
tem cerca de 1 metro de altura do topo até a base. A an-
tena se acomoda em uma plataforma de madeira maciça
que parece ter sido uma adição tardia.
Efeito: O artefato pode ser usado para se comunicar
com os mi-go através de ondas de rádio especiais que
vão diretamente para a mente do usuário. Quando ati-
vada a antena parece crescer em tamanho, e as partes
curvas parecem vibrar e se mover, atravessando uma à
outra como se não fossem sólidas. Apenas os mi-go po-
dem iniciar uma transmissão.
Investigação: Um teste de Arqueologia dif 4 revela
que a base de madeira parece ter cerca de 9 mil anos de
idade. A antena é feita com uma liga de aço extrema-
28
Rastro de Cthulhu
mente moderna, na verdade, mais avançada do que as
técnicas usadas atualmente. Nenhum aparelho é capaz
de capturar os sinais que essa antena emite.
Propósito original: A antena é utilizada pelo mi-go para
contactar humanos e obter informações ou dar ordens.
8 - Uma pesada placa de pedra que pesa cerca de 1 to-
nelada, grande o bastante para que duas pessoas se deitem
sobre ela sem se tocarem. A pedra é coberta por inscrições e
símbolos estranhos. Sobre a placa repousa um corpo de um
homem morto perfeitamente preservado, trajando roupas
esfareladas e gastas da cultura de Cuxe, de origem núbia.
Efeito: A placa é capaz de colocar um ser vivo que deite
sobre ela em êxtase sem envelhecer, morrer ou sofrer com
a passagem do tempo. Assim que o ser é removido da pla-
ca o efeito acaba e o ser volta a vida (ou a se deteriorar, caso
estivesse morto). No momento a placa abriga um sacerdo-
te do reino de Cuxe, que era também um cultista.
Investigação: Um teste de Arqueologia dif 6, revela a
cultura ao qual pertencem as roupas do homem, assim
como sua posição como sacerdote. As inscrições na pe-
dra podem ser decifradas com um teste de Mythos de
Cthulhu dif 5 e revelam que a placa referência um dos
nomes de Nyarlathotep: “O esfolado”. As inscrições pa-
recem ser encantamentos que geram o efeito da pedra.
Propósito original: A pedra foi criada por cultistas
para que seu líder pudesse dormir até que chegasse a
hora certa de servir seu mestre.
9 - Uma massa de carne arroxeada do tamanho de uma
bola de futebol que lembra um tumor. A coisa parece
 ROLANDO OS DADOS
pulsar de leve, embora lentamente
(uma vez por dia), e exala um cheiro
forte de peixe podre e pus.
Efeito: Abrir a criatura com um corte, cirúrgico ou
brusco faz com o corte se abra mais, parecendo uma
boca, e começando a emitir um grito terrível. O som
atrai os abissais ou híbridos, caso o artefato esteja perto
da costa, mas caso esteja muito longe da costa, há 80%
de chance de nada acontecer, e 20% de atrair um outro
tipo de criatura. Após algumas horas o corte aberto na
criatura parece se regenerar e fechar.
Investigação: Um teste de Medicina dif 2 revela que a
massa roxa tem um metabolismo muito lento mas é ca-
paz de mutar rapidamente quando ferida, gerando cordas
vocais e pulmões para gritar. Caso o investigador consi-
ga continuar o exame vai aprender que a massa tem vá-
rios apêndices que servem para serem consumidos e gerar
energia, esses apêndices são venenosos se ingeridos por
um humano, causando falência em diversos órgãos. O ser
não parece comer ou recarregar suas energias de nenhuma
forma, como alguns insetos que não possuem boca após
a metamorfose, e apenas procriam antes de morrer. A es-
timativa é que, com esses apêndices, a coisa possa se sus-
tentar "viva" por 1 ano, mas o período pode ser encurtado
sempre que ela gasta energia gritando e se regenerando.
Propósito original: Era utilizado como um alarme pe-
los abissais, contra invasores.
10 - Um pequeno pote de tinta, de aspecto antigo, feito
de bronze, com o modelo de uma estranha criatura com
4 braços sobre a tampa. Ele contém um liquido negro
aguado que não parece muito bom para ser usado como
tinta. O líquido parece voltar a se acumular no pote de-
pois de utilizado, mas sem nunca transbordar.
Efeito: Beber o líquido causa dores terríveis, fazendo
com que todos os nervos do corpo acreditem que estão em
chamas, a dor vai piorando mais e mais até que, em seu
ápice, a vítima comece a convulsionar e tenha visões. Essas
visões revelam fragmentos de informações sobre Cthulhu
mythos. Quem ingerir o líquido pode perder estabilidade
(- 3), e ganha 1 graduação em Mythos de Cthulhu.
Investigação: Um teste de Química dif 4 revela que a
substância parece ser uma toxina similar a uma substância
encontrada em certas águas vivas, mas muito mais poten-
te. Não parece existir nenhuma explicação plausível sobre
como o líquido volta a surgir no pote após ser utilizado.
Propósito original: Foi criado por um feiticeiro para
ajudar a iniciar seus aprendizes na magia.
11 - Um espelho de mão ligeiramente oxidado com
um moldura de madeira descascada e apodrecendo.
Efeito: O espelho causa uma estranha sensação a quem
o encara, como se estivesse sendo observado. Ele também
revela criaturas invisíveis em seu reflexo, como pólipos
voadores e vampiros espaciais. Uma entidade vive no re-
flexo do espelho, e se alimenta das emoções de quem o
utiliza por muito tempo, deixando a vítima apática.
Investigação: Não há nenhuma explicação aparente-
mente para a habilidade estranha desse espelho. Todos os
materiais que o compõem parecem ordinários. Se o espe-
29
Rastro de Cthulhu
lho for quebrado um grito pode ser ouvido brevemente,
junto com uma fumaça negra que cheira a metal queima-
do. A entidade pula para o reflexo mais próximo depois
que o espelho é quebrado, de preferência outros espelhos
ou metais polidos, na ausência disso ele pode saltar para
o reflexo dos olhos de alguém, o hospedeiro não sofre ne-
nhum efeito colateral, nem se torna capaz de ver seres invi-
síveis, mas seus olhos funcionam como o espelho original.
Propósito original: Uma entidade particularmente
perigosa foi aprisionada no espelho décadas atrás.
12 - Um violino de baixa qualidade, ele tem menos es-
paço para cordas do que deveria e o verniz da madeira
está gasto.
Efeito: Quando tocado de modo apropriado (necessi-
ta um teste de Arte dif 3) o instrumento emite um som
bem diferente de um violino comum, fantasmagórico
e desagradavel para os ouvidos. Qualquer melodia to-
cada nele atraí algum desses efeitos climáticos: névoa,
chuva, granizo, neve, alta umidade.
Investigação: O material em si parece ordinário, mas
um teste de Física dif 6 revela que a construção do violi-
no, desde a posição das cordas até o formato da madeira,
no mínimos detalhes parece ter seguido um estranho pa-
drão matemático que é capaz de influenciar o clima local.
Propósito original: O violino foi criado por acidente
por um violinista mudo. A base matemática com que
foi construído foi inspirada por conhecimentos semi-es-
quecidos que ele aprendeu enquanto era possuído por
um membro da grande raça de yith.
DE MESTRE PARA MESTRE Multissistema

RAÇAS E RACIALIZAÇÃO NA
FANTASIA

U
ma polêmica balançou a comunidade RPG internacional há uns meses atrás, em torno do artigo
de título “Diversity and Dungeons & Dragons” (Diversidade e D&D) da equipe de Dungeons &
Dragons da Wizards of the Coast. O artigo afirma que a Wizards está trabalhando desde a quinta
edição de D&D em “expressar a humanidade em toda a sua beleza de diversidade retratando personagens que re-
presentem uma gama de etnicidades, identidades de gênero, orientações sexuais e crenças.”, Querendo que “todos
se sintam em casa ao redor do tabuleiro, vendo reflexos positivos de si em nossos (da Wizards of the Coast) produtos.
“Humano” em D&D significa todos, não só versões fantásticas dos norte-europeus.”

POR VITOR MATTOS

 DE MESTRE PARA MESTRE
O artigo afirma ainda que “em nos-
sos 50 anos de história alguns povos do
jogo (D&D) – orcs e drows os maiores exem-
plos – têm sido caracterizados como monstruosos e malignos,
com descrições que são dolorosos reminiscentes de como gru-
pos étnicos do mundo real foram e continuam sendo tratados.
Isso não é justo, e não é algo que nós (Wizards of the Coast)
acreditamos.”
Assim, a equipe de D&D se comprometeu a mudar
certos aspectos do jogo, até mecânicas importantes como
o papel das “raças” em criação de personagem e sobre
os alinhamentos (bom, mau, etc.). Isso gerou várias rea-
ções, alguns a favor da iniciativa, outros contra, outros
achando insuficiente e hipócrita porque a Wizards con-
tinua vendendo materiais racistas, orientalistas e este-
reotipados sobre os povos da Ásia, África e povos origi-
nários da América.
Eu não quero ficar aqui comentando e descrevendo
essas diferentes opiniões, reagindo a reações, sincera-
mente acredito que a gente pode ir além. Acho que de-
vemos nos perguntar profundamente por que a “raça”
é algo tão presente e importante no gênero de fantasia
medieval? E como enfrentar esse problema de fato?
“RAÇA” NO MUNDO REAL E NO RPG
DE FANTASIA
É estranho pensar que um dos elementos mais pre-
sentes no gênero de fantasia, talvez o elemento mais
presente depois da magia, seja a presença de diversas
“raças” de seres humanóides, e, pior que estranho,
que muitas vezes essa racialização nos ambientes
fantásticos seja naturalizada, não questionada, ainda
pior que acusem de ideologização se problematizar
e se pensar radicalmente esse problema e que não
achem que seja igualmente por ideologia, diria eu
até mais ideológico, a naturalização da racialização
desses ambientes.
Uma raiz do problema está no “pai” do gênero fantás-
tico, Tolkien, e como ele constrói seu mundo na raciali-
zação dos mitos nórdicos. Tolkien produz um mundo
e narrativa reacionária em que a progressão do tempo
é degradação, cada era é mais violenta e menos divi-
na, seus heróis defendem o mundo idílico e feudal, de
reinos ancestrais, contra forças do progresso industrial
belicoso e destrutivo. E essas forças em conflito são ra-
ças, raças divina e ontologicamente criadas como raças,
umas humanizadas, numa visão de que ser humano (ter
história, ter cultura, ter agência, ter potência de fazer
seu destino) é ser branco e norte-europeu, e outras são
desumanas, não tem história nem cultura, são frutos de
degradação, são destrutivos, belicosos, escravos e escra-
vagistas, bárbaros, selvagens, sujos, deformados e, mui-
tas vezes, de pele escura ou de olhos puxados – aqui não
falo só de orcs inerentemente malignos, até os humanos
do leste e do sul são os desumanizados, malignos e sem-
pre alinhados a Sauron ou Morgoth.
31
Multissistema
“Mas, cara, isso é aí um falso paralelo, raça no mun-
do real e na fantasia são coisas diferentes.” Eu res-
ponderia perguntas assim com outras perguntas: Mas
então o que que é raça, tanto na fantasia quanto na
realidade, como são diferentes e como são parecidas,
como operam?
O conceito de “raças humanas” é uma categoria social
e historicamente construída, não significa a mesma coi-
sa em lugares e tempos diferentes, não existe uma dife-
renciação a priori, ontológica, do ser branco ou ser não-
-branco ou ser negro, essas categorias foram construídas
histórica e socialmente e, mesmo que não haja consenso
e uma mesma pessoa seja branca na América Latina e
não-branca, latina, na Europa e América do Norte, o “ser
branco” foi histórica e socialmente construído como a
universalização do ser humano, o civilizado, o ser polí-
tico e inteligente, o belo, o melhor, o modelo ideológico
a ser seguido com terapias e cirurgias de embranqueci-
mento, modelo de comportamento, apagamento da his-
tória e embranquecimento da cultura e o “não branco”,
o “ser” negro é ser o selvagem, o bárbaro, o feio, o escra-
vo, o criminoso, as tradições mortas, a não-história e a
falta de cultura e civilização – o desumano. O processo
histórico de racialização é o da universalização do bran-
co como humano e a desumanização do resto da huma-
nidade.
 DE MESTRE PARA MESTRE
E ser um constructo histórico e
social não faz ser nem um pouco
menos real (não é o argumento “somos
todos humanos”, que temos que deixar de pensar
nisso, não lutar contra a desumanização e pelas vi-
das pretas e pelo poder preto), só não é uma questão
ontológica, de teoria do ser, dada – não fomos, os
seres humanos, criados como raças diferentes nem
evoluímos geneticamente em seres distintos. Mas
no gênero de fantasia e em muitos RPGs por aí essa
mesma relação se mantém, mesmo que com diferen-
tes roupagens – ser humano e civilizado é ser dos
reinos feudais europeus, os protetores do mundo e
o “bem”, junto aos elfos que são isso à última conse-
quência, melhores que humanos em sua beleza, sa-
bedoria e imortalidade (e são brancos), e as “raças
malignas” mesmo que em nada parecidas com socie-
dades não-brancas (o que muitas vezes, e em Tolkien
em específico, não é o caso) elas ainda servem pra
universalizar os modelos europeus como única hu-
manidade, protetores do mundo e do bem.
E essa racialização é ainda pior num sentido simbólico
porque aí sim é na maioria das vezes ontológica, nesses
mundos criacionistas ou semi-criacionistas como a Ter-
ra Média e outros, as raças são criadas como raças, por
divindades ou seres superiores diferentes (mesmo não
sendo espécies diferentes porque se miscigenam entre
si sem problemas reprodutivos, não que ciência quei-
ra dizer muita coisa ou funcione no gênero), e as raças
Multissistema
se subdividem em mais raças, com mil tipos não origi-
nais de elfos… imaginem subdividir humanos em “altos
humanos”, “humanos da floresta”, “humanos escuros”
(que seriam os malvados)? No fim o que diferencia mui-
tas dessas raças é só fenótipo, cor de pele, ambientes que
vivem e supostamente seu caráter. É uma racialização
que por estar encoberta da “fantasia” do gênero conse-
gue ir pra uns lugares que não seriam tão bem tolerados
em outros gêneros.
(E isso além de que sociedades não europeias são
sempre os mais puros estereótipos: samurais e aladins e
indígenas canibais e “astecas” que fazem sacrifícios hu-
manos.)
DESRACIALIZANDO SEU JOGO
E apesar de todos os problemas do gênero, ele ainda
me fascina profundamente, me fascina isso que popu-
larizou Tolkien de criar povos e sociedades com deta-
lhe quase antropológico. Esse tipo de atenção, acredi-
to, tem que ir a um nível além do da naturalização da
racialização. Vou escrever umas dicas pra deixar isso
mais prático:
NÃO “COPIAR E COLAR” CULTURAS:
Se você, mestre e “worldbuilder”, quiser criar novos
povos e sociedades no seu mundo, faça um trabalho
maior que apenas reproduzir estereótipos, mergulhe
em pesquisa, leia tanto história quanto literatura,
não crie apenas um japão feudal ou império asteca
32
 DE MESTRE PARA MESTRE
com outro nome. Pesquise mais e
pegue o melhor dessas outras cultu-
ras, não o sacrifício de corações huma-
nos, mas a importância social e cosmológica do jogo
de pelota (jogo de bola) e ilhas artificiais cultiváveis
dos Mexicas, e aspectos de várias culturas marginali-
zadas, perseguidas e destruídas pela sociedade cristã
européia como a democracia direta, poder feminino,
liberdade sexual, propriedade coletiva, não-binaris-
mo sexual, florescimento de ciência e filosofia e arte,
riqueza, etc.
NÃO IDEALIZAR O “HUMANO” EUROPEU
Tanto no mundo real quanto em muitos mundos fantás-
ticos o “ser branco” é construído como universalização
do humano, um ser idealizado e heroico. Esse ser real
não é nem nunca foi nada disso, os reinos feudais eram
pobres, sujos, famintos, cheios de doença e guerras, os
nobres e reis deformados de casar-se entre primos e tios,
os camponeses, bucha de canhão para suas guerras, ha-
via servidão, casamentos infantis e forçados e mulhe-
res eram propriedades a ser trocadas. Essas sociedades
eram vistas como bárbaras por outras, e tiveram papel
secundário e periférico em redes muitos mais avança-
das de comércio, cultura e ciência da Ásia e África. Boa
parte das sociedades fantásticas que servem como re-
presentação da Europa feudal devem ser vilanizadas ou
ridicularizadas a demonstrar que não eram idílicos bons
reinos como são muitas vezes representados.
CONFLITO CONTRA O “MAL” NÃO É GUERRA
RACIAL/CIVILIZATÓRIA
Se você, mestre, e seus jogadores querem manter o con-
flito clássico heróis contra forças malignas, essas forças
não devem ser racializadas, ou se toda uma raça é escra-
va de um senhor das trevas ou necromante elas devem
ter a capacidade de se rebelar e libertar. E cruéis mestres
de escravos, torturadores, assassinos em massa, genoci-
das e outras representações do mal e horror não preci-
sam ser de uma “raça”.
GUERRA ENTRE POVOS OU “RAÇAS” NÃO SÃO
CRUZADAS DO BEM VS. MAL
E se você, mestre, e seus jogadores quiserem jogar
uma aventura clássica de guerra contra orcs, drows ou
qualquer conflito que coloque uma raça contra a outra,
não o faça de modo a um lado ser o do “bem” e ou-
tro o do “mal”. Guerras acontecem por vários motivos
mais interessantes: luta por território (pode ter havi-
do migração forçada de um povo por conta de falên-
cia ambiental – glaciação, inundação, seca, atividade
vulcânica, peste – ou por outra guerra, etc.), interesses
divergentes entre lideres dos povos, crenças políticas e
religiosas diferentes, mal-entendidos, ofensas antigas,
manipulação por uma força oculta maligna que ganhe
com uma guerra racial, etc. E nesses conflitos sempre
pode haver uma possibilidade de paz e acordo sem o
extermínio do outro.
33
Multissistema
CULTURAS E POVOS EM VEZ DE RAÇAS:
Talvez não haja nenhuma raça: elfos são humanos com
orelhas pontudas e melhor medicina e expectativa de
vida, orcs são humanos com dentes caninos maiores,
anões são humanos mais baixos mais adaptados para vi-
ver em minas e túneis, etc. E na criação de personagens
nenhuma raça teria penalidade de falta de inteligência
ou espiritualidade e etc. a não ser que por escolha do
jogador.
Ou mesmo se existam de fato raças que são espécies
inteiramente distintas, até alienígenas, entre si, só é
possível jogadores as interpretarem ou até as concebe-
rem se elas tem algo de “humano” em si, e o essencial
é isso eu acho, podermos jogar narrativas melhores
que as de raças malvadas ou inferiores, de eterno con-
flito racial, de diferença e desigualdade e estranha-
mento com o outro como algo essencial e ontológico,
mas jogarmos narrativas em que o humano em todos
é o mais importante, não uma “democracia racial” de
simples tolerância e cordialidade entre superior e in-
ferior e de invisibilização das contradições, mas nar-
rativas de um humanismo radical, de luta contra a de-
sumanização, de libertação.
 FERRAMENTAS DO MESTRE noruega suécia
Castelo Falkenstein



Glasgow mar do norte
Edimburgo
mar báltico


Galway Manchester
Dublin
Liverpool
Hamburgo
grã-bretanha
Amsterdã 
oo continente
continente de
de
Nova europA
Nova
cidades om prússia
ar i Praga
nte

europA

rior Leipzig
montanhas Plymouth
Colônia
florestas Bruxelas Frankfurt
Nurembergue
mares Le Havre
estradas  Estrasburgo

ferrovias frança München Buda/Peste

O USO DAS CARTAS EM

Nantes baviera
escala: 2,5 cm equivalem a 480 km Innsbruck
áustria Szeged
Lyon Varna mar negro

CASTELO FALKENSTEIN
Genebra Zagreb
Milão Veneza
Bordéus Belgrado
Trieste Bucareste

oceano Gênova
atlante San Sebastian itá Sarajevo
Toulouse Marselha Nice lia

A
Firenze Sófia
turquia 
pesar de ter uma sólida base de fãs apaixonados, uma dificuldade/resistência comum que en-
Valência Barcelona contramos dentre
ROMA aqueles que ainda não conhecem o sistema de Castelo Falkenstein é o fato

 de utilizarmos cartas de baralho ao invés de dados para a resolução de conflitos em geral, o que
Nápoles
Lisboa espanha pode dar a falsa impressão de algo complicado. Tirana
Por conta disso, o objetivo aqui é tentar clarificar um
pouco o uso das cartas, mostrando que, embora a princípio pareça estranho e até mesmo limitado, as
Caligari
mar mediterrâneo
Sevilha
mecânicas criadas para o cenário são bem interessantes, funcionais
 e dão um toque especial aos jogos!

Granada Palermo
Cádiz

POR FABIO BENCHIMOL

 FERRAMENTAS DO MESTRE
Antes de mais nada, é preciso ter
em mente que o sistema de Castelo
Falkenstein foi feito de modo a priorizar a
interpretação, construção da narrativa e da história jun-
to com o Anfitrião (Mestre). Logo, as regras e mecânicas
existem mais para estabelecer parâmetros e orientações
gerais do que para controlar e determinar em grande
medida o andamento do jogo... pelo menos foi a essa
conclusão que cheguei após ler o livro básico e alguns
dos suplementos!
Nesse sentido, Castelo Falkenstein talvez seja um dos
jogos mais voltados à interpretação dos personagens,
sendo plenamente possível, por exemplo, jogar até mes-
mo sem as cartas, usando apenas o bom senso e as orien-
tações gerais fornecidas no suplemento Comme Il Faut
(págs. 94-102).
Mas, para aqueles que ainda não alcançaram esse
nível de “elevação espiritual”, o mesmo suplemento
apresenta também, nas páginas 71-82, uma série de in-
formações úteis sobre a forma de usar as cartas e varia-
ções de regras. Vamos analisar algumas dessas opções
e mostrar prós e contras, na tentativa de auxiliar o seu
grupo a escolher o que melhor se adequar ao seu estilo
de jogo.
SISTEMA PADRÃO
Antes de analisarmos as variações de regras é interes-
sante resumir um pouco o sistema padrão e fazer algu-
mas considerações, até mesmo para termos uma base de
Castelo Falkenstein
comparação para avaliar as modificações propostas nas
variantes.
A regra padrão de Falkenstein, em síntese, confere
quatro cartas para cada jogador, que escolhe quantas
quer baixar a cada resolução de feito, somando pontos
ao seu nível de habilidade para conseguir realizar o fei-
to ou realizá-lo de forma espetacular. Cada vez que isso
acontece, as cartas baixadas são repostas. O Anfitrião
também recebe cartas, que podem ser usadas para ele-
var o nível de dificuldade dos testes ou para potenciali-
zar as ações dos NPCs.
Talvez um dos primeiros obstáculos para os novos
jogadores seja o fato de existirem diversas graduações
possíveis para sucessos, falhas e trapalhadas, as quais
envolvem algumas contas rápidas envolvendo a dificul-
dade do feito. Para um Sucesso Completo, por exemplo,
o jogador precisa alcançar um número (somando seu ní-
vel de habilidade e carta baixada) igual ou superior a
uma vez e meia o nível de dificuldade determinado pelo
Anfitrião.
Até que todos se acostumem com o sistema, isso pode
causar uma certa lentidão e quebra de imersão, fora que
nem todo mundo é assim tão ágil nas continhas… Uma
possível solução para que isso não atrapalhe o ritmo de
jogo é preparar de antemão uma tabela onde esses parâ-
metros já se encontrem calculados, de acordo com cada
dificuldade, indicando os valores necessário para suces-
sos parciais, totais, decisivos e etc, restando apenas ve-
rificar o número total que o jogador conseguiu no teste
35
 FERRAMENTAS DO MESTRE
e enquadrá-lo na categoria apropria-
da. A menos que o seu grupo tenha al-
guém que realmente goste de fazer essas
contas, a tabela poupa tempo e confere mais fluidez na
narrativa.
CARTAS NA MANGA!
Ainda no tocante às regras padrão, existe uma certa dis-
cussão a respeito do uso das cartas que, em tese, pode-
ria dar uma certa vantagem aos jogadores, dependendo
das cartas que tenham em mãos. Longe de querer “re-
solver” a questão, apresentamos apenas uma visão so-
bre o tema, sugerindo que cada grupo debata o assunto
internamente e chegue às conclusões mais adequadas
segundo seu estilo de jogo.
Um dos pontos mais “polêmicos” de Falkenstein é o
fato de que os jogadores, uma vez que tenham acesso
às suas cartas, terem a chance, de antemão, de planejar
ações nas quais muito provavelmente serão bem-suce-
didos. Muito embora essa possibilidade exista, isso nem
sempre dá resultado, já que não há como saber que tipo
de testes serão exigidos durante a sessão, e, via de regra,
as cartas são trocadas a cada teste ou a cada nova sessão,
não sendo possível, por exemplo, “guardar” aquele co-
ringa maroto para a sessão seguinte.
Mesmo assim, aqueles jogadores com predisposição,
necessidade ou vício de levar vantagem sobre as regras
de qualquer maneira possível, ainda podem tentar ob-
ter algum tipo de proveito, seja segurando uma carta
“boa” para um determinado tipo de ação durante toda a
sessão, na esperança de usá-la em um momento decisi-
vo, ou tentando desesperadamente fazer ações menores
para se livrar de cartas ditas “ruins” e renovar sua mão.
Embora o Anfitrião tenha alguns mecanismos para bre-
car tais iniciativas, isso pode gerar uma certa tensão na
mesa e quebrar o clima de imersão e diversão, que sem-
pre deve ser o objetivo de qualquer sessão de RPG.
Outro aspecto geralmente apontado é o fato de que,
dependendo de suas cartas, o Anfitrião tem o poder,
caso queira, de realmente inviabilizar qualquer ação,
somando uma carta tão alta à dificuldade que a torna
praticamente impossível de ser batida. Ainda que em
ocasiões pontuais, isso seja um recurso que pode ser uti-
lizado em prol da história, se for mal empregado pode
estragar o clima do jogo e acender o modo “Mestre X
Jogadores”, que geralmente não termina bem. Aqui, é
necessário que a relação de confiança entre Anfitrião e
jogadores esteja muito bem estabelecida, para que todos
entendam que, caso essa recurso seja usado, exista a cer-
teza de que foi em prol da trama.
FALKENSTEIN SEM CARTAS (REGRA
DO BOM SENSO)
Adentrando em nossa primeira variação de regras, te-
mos o Falkenstein sem cartas, ideal para aqueles que
sempre irão desconfiar de Pessoas com Cartas nas Mãos
e suas Motivações Malignas! Na chamada regra do bom
senso, a ideia é tornar o jogo ainda mais narrativo e ágil,
36
Castelo Falkenstein
cabendo ao Anfitrião simplesmente descrever o resul-
tado das ações dos jogadores, fazendo um comparati-
vo entre seus Níveis de Habilidade e o nível necessário
para alcançar o feito pretendido.
Ainda que isso torne o jogo mais próximo com a vida
real, onde você já tem uma ideia razoável de suas habili-
dades e do que você consegue fazer ou não, para alguns
essa variação torna os resultados “engessados”, uma
vez que o jogador não tem a possibilidade de se superar
e obter um resultado inesperado.
No entanto, caso o grupo realmente queira, a regra do
bom senso também permite o uso de cartas, sendo pos-
sível utilizá-las com uma contagem um pouco diferente
da normal, onde cada dois pontos elevam o seu nível de
habilidade naquele teste específico, permitindo assim, a
realização de feitos que normalmente não seriam possí-
veis, ou a melhora na qualidade do seu sucesso.
A reintrodução das cartas quebra um pouco o sentido
da variação de regras, além de tornar consideravelmen-
te mais fácil os personagens serem bem sucedidos em
suas ações, uma vez que, mesmo que nenhuma carta em
sua mão seja do naipe apropriado para o feito, ele ain-
da somaria 4 pontos, o que, segundo as regras variantes
e partindo de uma dificuldade base, poderia aumentar
o feito de uma Trapalhada para um Sucesso Parcial,
por exemplo. Talvez esse estilo de jogo possa ser usa-
do como uma forma de introduzir novos jogadores ao
sistema de Castelo Falkenstein, como uma versão light
antes de adentrar nas regras padrão do sistema.
 FERRAMENTAS DO MESTRE
REGRA DE KESSEL
Uma outra alternativa interessante do
Comme Il Faut (pg. 77), enviada por um fã
do sistema (identificado como “Kessel Run”) e, a princí-
pio, como sugestão apenas para o Anfitrião, pode tam-
bém ser expandida para os jogadores, caso concordem.
A ideia aqui consiste em o Anfitrião guardar as cartas
em sua mão apenas para o Grande Vilão e outros Inimi-
gos Importantes, sacando cartas aleatórias do baralho
de sorte todas as vezes em que isso for necessário para
ações de coadjuvantes, capangas e etc...
Isso supostamente dá aos Vilões um nível de estra-
tégia maior (ações de acordo com as cartas) e um alto
nível de aleatoriedade para os demais. Ao aplicar essa
variação aos jogadores, uma sugestão é que comecem o
jogo sem cartas e, ao precisarem complementar algum
teste, terem a opção de sacar até quatro cartas do bara-
lho da sorte.
Se o jogador irá sacar uma ou quatro cartas, fica a seu
critério, sacando uma de cada vez e escolhendo se quer
continuar a sacar ou não. Mas, ainda que ele sempre de-
cida sacar o máximo permitido, essas cartas serão com-
pletamente aleatórias, não permitindo nenhum tipo de
37
Castelo Falkenstein
estratégia. Outra alternativa é que o jogador saque as
quatro cartas de uma vez só e, caso decida não usar to-
das, o restante fica em sua mão até o próximo teste, oca-
sião na qual o jogador compra a quantidade de cartas
necessárias para completar quatro, e assim por diante.
POR FIM...
Em última análise, o sistema de regras padrão de Caste-
lo Falkenstein é bem leve se comparado a diversos ou-
tros sistemas, então, embora seja necessário algum tipo
de balizamento, limite ou maneira de resolução de con-
flitos, talvez a melhor opção seja de fato se entregar à di-
versão e confiar inteiramente no Anfitrião para guiar o
grupo em sua jornada pela Nova Europa. Alguns grupos
tendem a valorizar e estudar profundamente as regras,
e, embora isso não seja necessariamente um problema,
Castelo Falkenstein possivelmente apresenta a possibi-
lidade de uma “mudança de ares”, para que o Anfitrião
exercite ainda mais suas habilidades descritivas e os jo-
gadores possam experimentar diferentes estilos de jo-
gos e de interpretação de personagens, deixando livros
e anotações de bônus, modificadores e etc um pouco de
lado, afinal de contas, as sessões de Falkenstein não são
chamadas de Aventuras Recreativas à toa!
 FERRAMENTAS DO MESTRE Savage Worlds

POR UM PUNHADO DE CAVALOS

“Isso é o que queria falar para você. Ela está se sentindo muito mal, minha Mula. [...] Eu entendo que vocês estavam brincando, mas a Mula,
ela não entendeu!”
Pistoleiro Sem Nome (Por um Punhado de Dólares - 1964 - Dir. Sergio Leone)

N
a expansão do Oeste, assim como em outros períodos da história, os cavalos desempenharam um papel fundamental.
Eles eram o principal meio de transporte pelas vastas planícies. Mas eles não eram meros veículos. Cavalos são seres vi-
vos. Mais que um carro, eles precisam de cuidados. São também uma companhia para quem os monta. Pensando nisso,
e após revisitar alguns clássicos do gênero de Faroeste, quis trazer um punhado de cavalos para rechear suas aventuras no Oeste
Selvagem. O Velho Oeste serviu apenas de objeto de estudo, portanto é possível converter o material a seguir para qualquer ce-
nário/gênero. As informações a seguir foram adaptadas para Savage Worlds Edição Aventura.

POR FRANCO GULIELMONI

 FERRAMENTAS DO MESTRE Savage Worlds

MANEJO BATALHA □ Atributos: Agilidade d12+2; Astúcia d6 (A);

Cavalos agora possuem um modificador Cavalos corajosos e resilientes. Como sugere o nome, Espírito d10; Força d8; Vigor d8
de manejo. Ou seja, alguns cavalos possuem podem participar de tiroteios, caçadas e perseguições □ Perícias: Atletismo d10; Lutar d4; Perceber d4
naturalmente um temperamento arisco e rebelde, en- sem se intimidar pelos perigos. Vantajosos para curtas □ Movimentação: (ver Raça); Aparar: 4;
quanto outros se mostram bem responsivos e fáceis de distâncias e conflitos, mas se cansam facilmente em jor- Resistência: 6 (+ Bônus de Tamanho por Raça)
lidar. Normalmente, esse modificador é determinado nadas longas. Todos são treinados. □ Vantagens: Ligeiro.
pela raça (a seguir), mas cavalos únicos podem ter valo- □ Atributos: Agilidade d8; Astúcia d6 (A); Espírito d8; □ Habilidades:
res diferentes dos comuns a sua raça. A decisão final fica Força d12; Vigor d12+2 □ Coice: For+d4, na frente ou na traseira, conforme
por conta do Mestre. Esses modificadores devem variar □ Perícias: Atletismo d8; Lutar d8; Perceber d4 desejado.
entre -2, -1, 0, +1 e +2. □ Movimentação: (ver Raça); Aparar: 6; □ Tamanho: Ver Raça.
Resistência: 10 (+ Bônus de Tamanho por Raça)
KM/8H DIA □ Vantagens: Corredor; Soldado. RAÇAS
□ Habilidades:
Outra informação nova, útil com as regras de Viagem, NOME TAM. MOV. KM/8H
□ Coice: For+d6, na frente ou na traseira. DIA MANEJO CUSTO
é quantos quilômetros diários, a cada oito horas, cada
□ Tamanho: Ver Raça. American
raça aguenta percorrer. Ultrapassar essa capacidade
Standard 2 12 42 0 600
pode prejudicar a saúde e bem estar do animal. Nestes
bred
casos, considere modificadores negativos nos testes de RAÇAS Arabian
cavalgar, diminuição no Manejo, redução de velocida- 1 14 46 +2 1500
NOME TAM. MOV. KM/8H Pureblood
de, ou testes de vigor (do animal) por conta da Fadiga. DIA MANEJO CUSTO
Nokota 1 13 44 +1 850
Quem sabe até usar Machucados e Escoriações. Andalusian 2 9 46 -1 700
Thorough
Ardennes 3 8 46 +1 1000 2 12 42 +1 1000
bred
RAÇAS E CLASSES Nonius 2 8 46 0 850 Notas: Podem ser encontrados livres na natureza.
Existem incontáveis raças de cavalos pelo mundo. Não
faria sentido adaptar todas. O intuito não é deixar o jogo CORRIDA
mais complexo, mas oferecer alternativas para as mon- Velozes e ágeis, são cavalos ideais para percorrer distân- PASSEIO/VIAGEM
tarias com um pingo de veracidade. Para isso, algumas cias o mais rápido possível. Alguns são cavalos de elite. São cavalos comuns, para passeios e viagens. Possuem
raças comuns no Velho Oeste foram divididas em Clas- Em contrapartida, podem ser bem exigentes nos cuida- bom custo-benefício entre as montarias. Não são nada
ses. Veja a seguir. Os nomes das raças foram mantidos dos e manejo. Não são muito fortes ou vigorosos. Todos excepcionais, mas são montarias confiáveis e pouco
em Inglês. são treinados e possuem um manejo responsivo. exigentes. Podem desempenhar várias funções de for-

39
FERRAMENTAS DO MESTRE Savage Worlds

ma satisfatória, como corridas, tocar o gado e até pu- TRABALHO

xar arado. Ótimos companheiros para o dia-a-dia. Geralmente são
□ Atributos: Agilidade d10; Astúcia d6 (A); Espírito encontrados em ranchos e fazendas arando terra, tocan-
do gado, entre outras atividades. São uma ótima opção
d8; Força d8; Vigor d8
de custo-benefício para vaqueiros e caçadores. Não exi-
□ Perícias: Atletismo d10; Lutar d4; Perceber d4 gem muitos cuidados e seu manejo é simples.
□ Movimentação: (ver Raça); Aparar: 5; □ Atributos: Agilidade d8; Astúcia d6 (A); Espírito d6;
Resistência: 6 (+ Bônus de Tamanho por Raça) Força d10; Vigor d10
□ Vantagens: Ligeiro. □ Perícias: Atletismo d8; Lutar d6; Perceber d6
□ Habilidades: □ Movimentação: (ver raça); Aparar: 4;
Resistência: 7 (+ Bônus de Tamanho por Raça)
□ Coice: For+d4, na frente ou na traseira, conforme
□ Vantagens: Corredor; Ligeiro.
desejado. □ Habilidades:
□ Tamanho 1: Ver raça. □ Coice: For+d4, na frente ou na traseira, conforme
desejado.
RAÇAS □ Tamanho: Ver Raça.

NOME TAM. MOV. KM/8H

DIA MANEJO CUSTO RAÇAS
American
2 10 52 +1 200 NOME TAM. MOV. KM/8H
Saddlebred DIA MANEJO CUSTO
Morgan 1 10 48 0 150 American
1 10 52 0 200
Mustang 1 11 56 -2 - Paint
Notas: Não podem ser comprados, apenas domados. Notas: Podem ser encontrados livres na natureza.
Encontrados livres na natureza. Perceber +2 para Cobras. Appaloosa 1 10 60 +1 350
Tennessee Notas: Podem ser encontrados livres na natureza.
2 11 54 0 260
Walker Dutch
2 10 56 0 250
Turkoman 2 10 54 1 250 Warmblood
Notas: Podem ser encontrados livres na natureza. Missouri
2 11 54 +1 400
Cavalo do Deserto. Perceber +2 para Cobras. Fox Trotter

40
 FERRAMENTAS DO MESTRE Savage Worlds

TRAÇÃO VÍNCULO NÍVEIS DE VÍNCULO

Estes cavalos são usados para puxar veí- O elo entre cavaleiro e cavalo é determinante em situa-
VALOR DESCRIÇÃO
culos de tração, como carroças, charretes e di- ções de risco. Use a tabela a seguir como referência. Valor inicial para cavalos desconhecidos ou des-
ligências. Normalmente não são usados como montaria, treinados. Não é possível gastar Benes (através
mas em casos de necessidade, eles são uma opção viá- FORJANDO VÍNCULO da Vantagem Elo Animal) para Cavalgar ou qual-
vel e resiliente. São excelentes cavalos de viagem, uma A cada duas semanas consecutivas com o animal, consi-
quer outra perícia do animal. Isso reflete a falta
vez que percorrem boas distâncias e aguentam carregar derando os devidos cuidados e o tempo gasto com trei-
1 de sintonia e desobediência do animal. Rolar 1
peso. nos e cavalgadas, é possível fazer um Teste de Vínculo.
no dado de Cavalgar (independente do selva-
□ Atributos: Agilidade d6; Astúcia d4 (A); Espírito d6; O teste usa o Espírito do personagem e é resistido contra
gem) representa uma Falha Crítica. Vantagens
o Espírito do Animal. Modificadores de Manejo se apli- como Senhor das Feras e Vaqueiro sobem automa-
Força d12+2; Vigor d12
cam neste teste. Sucesso: O Vínculo com o animal aumen- ticamente o Nível do Cavalo para Nível 2.
□ Perícias: Atletismo d6; Lutar d4; Perceber d4
ta em 1 nível. Ampliação: O Vínculo aumenta em 1 nível Este é o valor padrão para Cavalos já conhe-
□ Movimentação: (ver Raça); Aparar: 4;
e na próxima tentativa é possível rerrolar o teste. Falha: O cidos e treinados. Ou o valor inicial para per-
Resistência: 8 (+ Bônus de Tamanho por Raça)
Vínculo permanece igual até a próxima tentativa. Falha sonagens com as Vantagens Senhor das Feras e
□ Vantagens: Soldado. Crítica: O vínculo diminui em 1 nível (não menos que Ní- Vaqueiro. A partir deste nível Benes (através da
□ Habilidades: vel 1) e a próxima tentativa recebe um modificador de -1. 2
Vantagem Elo Animal) podem ser usados, assim
□ Coice: For+d4, na frente ou na traseira, conforme
como demais benefícios de Vantagens. Rolar 1
desejado. DOMANDO no dado de Cavalgar (independente do selva-
□ Tamanho: Ver Raça. Algumas raças podem ser encontradas livremente na na- gem) ainda representa uma Falha Crítica.
tureza, em manadas. Esses cavalos selvagens não servem Montarias fixas ou bem treinadas. Reflete o
RAÇAS de montaria a menos que sejam domados. Para domar um 3 elo ideal entre cavaleiro e cavalo. Não há ne-
cavalo selvagem é preciso capturar um espécime e treiná- nhuma penalidade mecânica neste nível.
NOME TAM. MOV. KM/8H
DIA MANEJO CUSTO -lo. Isso requer um mês inteiro de tentativas de treino. Ao Montarias mais antigas e bons cuidados geram
Belgian final deste período, o personagem deve fazer uma rolagem uma excelente dinâmica. A partir deste nível,
2 8 52 -1 280 4
Draft de Cavalgar resistida contra o Espírito do animal. Modifi- os modificadores negativos de Manejo não se
Mula 1 7 42 -2 80 cadores de Manejo e Vantagens se aplicam aqui. aplicam em testes de Cavalgar.
Shire 3 9 52 0 400 SUCESSO Cavaleiro e Cavalo são um só. Personagens
Suffolk O animal é domado com sucesso e pode ser usado como 5 podem rerrolar testes de Cavalgar (exceto Fa-
2 8 52 0 350
Punch montaria. Ampliação: O animal é domado e seu manejo lha Crítica).

41
 FERRAMENTAS DO MESTRE Savage Worlds

melhora em 1 ponto. Falha: O animal automaticamente um Vínculo Nível 2 com qualquer ca- SENHOR DAS FERAS
é muito arisco e não responde ao treino. valo desconhecido ou destreinado. Também ignoram Além do texto no livro, Senhor das Feras concede auto-
Uma nova (e última) tentativa pode ser feita. dois pontos de penalidades para qualquer rolagem de maticamente um Vínculo Nível 2 com qualquer cavalo
Se falhar novamente, o animal é Indomável. Falha Crítica: Cavalgar e podem gastar Benes para Absorver dano de desconhecido ou destreinado e permite rerrolar testes
O animal é Indomável. (Cavalos Indomáveis não servem sua montaria (usando o vigor do Cavalo). Cada sucesso para Domar cavalos selvagens.
de montaria e nenhuma nova tentativa pode ser feita).
e ampliação negam um Ferimento. Isso reflete a habili-
EQUIPAMENTOS DE MONTARIA
dade em desviar de obstáculos, disparos e outros peri-
VARIAÇÕES DE VANTAGENS gos.
ITEM PESO CUSTO NOTAS
Sela
VAQUEIRO (VARIAÇÃO DE ÁS) 6 15 Causa assaduras.
Comum
Requisitos: Novato; Agilidade d6; Cavalgar d6 ELO ANIMAL Sela de Apenas para Cavalos de
Além do texto no livro, Elo Animal concede +2 para tes- 8 50
Vaqueiros são cavaleiros experientes que possuem Viagem Batalha.
uma conexão especial com sua montaria. Isso concede tes de Vínculo ou para Domar cavalos selvagens. Arreios e
2 5 Para reposição.
Rédeas
Proteção
10 700 Armadura +1 (torso).
Leve
Notas: Armadura +3 (tor-
Proteção so); +2 (cabeça); +1 (per-
25 1500
Pesada nas). Apenas para Cavalos
de Batalha ou Tração.

Agora só é preciso escolher um cavalo e sair caval-

gando pelo Oeste Selvagem, e não se esqueça de levar
maçãs e cenouras em uma sacola, sua montaria vai te
agradecer. Boa cavalgada!

42
 APOIADORES PUNKVERSO
BIBLIOTECÁRIO:
Alexandre Ferreira da Silveira, André Luiz Marcondes Pontes, Fabiano de Jesus da
Silva, Gabriel Alves Rodrigues, João Amadeu Nascimento Vieira, Leandro Campos,
Luis Gustavo Remistico, Luiz Felipe Bruno, Marcos Rafael Machado, Matheus Gon-
zaga ,Nina Bichara, Otto, Paulo Ramon Nogueira de Freitas, Roberto "Necrobeto"
Barreto Miyoshi Moreira, Thallys de Freitas Soares, Victor Henrique, Victor Hugo
Scatamburlo, Victor Scudeler Bechelli, Wallas Pereira Novo, Walter Cordova Souza

INVESTIGADOR SELVAGEM:
Claus Tessmann, Felipe Dos Santos Silva, Fernando de Souza Alves, Fernando
Henrique Sacco Moreira, Gene Cavalcante, Gustavo Aurélio Cooper, Icaro Victor
Oliveira, Jack Bertin, Marcelo Augusto Galvao, Mari Ricci, Patricia Brito, Paulo Fa-
bricio Maciel, Pedro Henrique Barboza Alves, Rafael da Silva Lopes, Rafael Tokarski
Ribas, Rodrigo Carvalho Dias, Tiago Luiz Mairink Barão, Ádilla Arantes Pereira

PUNKER:
Amauri Antunes Pereira Junior, Artur Barroso Mirço, Bruno Vassalo da Silva,
Chrysthowam A. Santos, Daniel Tschiedel, Denis Oliveira, Emanuel Guilherme,
Fabio Carvalho, Fabio Ramalho Almeida, Felipe Figueiredo, Felipe Menezes Ma-
chado, Fábio Corrêa, Gustavo José Jordan Prado, Hades Oneiroi, Helio Rodrigues
Machado Neto, Igor Luís, Jean Brandelero, Jefferson Geovane, Kadu Araujo, Kir-
lian Silvestre, Lauro Ângelo Gonçalves de Moraes, Lucas Barros, Luiz Fernando
Rossafa Dias Macedo, Lyonn Jarrie, Maiquel Leonel, Mateus Herpich, Maxwell
Araujo Santiago Tavares, Maykel dos Santos Braz, Milton Diogo, Nicholas Atai-
de Minora, Rafael Panczinski de Oliveira, Ricardo Mallen Machado de Souza,
Rodrigo Giesta Figueiredo, Sérgio Ricardo Almeida Matuda, Valdir Possani, Vi-
tor Bornéo, Vitor Carvalho, Vítor Alves Patriarcha, Yon Justino

MESTRE:
Cristian Rodrigo, Daniel Diego Lacerda Cirilo, Fábio Medeiros, Lucas Mestre
Ferreira Alves, Luis Felipe Nadal Unfried, Miguel Souza Silva, Peter Bidel Sch- CATARSE.ME/PUNKVERSO
wambach, Stefano Aires, Thiago Jansen, Yuri kleiton Araújo Sanches
 EDIÇÃO 019
JULHO/ 2 1

NA PRÓXIMA EDIÇÃO:
ELDER SCROLLS V: SKYRIM
PARA SAVAGE WORLDS
E MAIS: UM GUIA HISTÓRIA PARA RASTRO DE CTHULHU
MONSTRO: NECTUROS, UM NOVO MONSTRO PARA SAVAGE WORLDS
ATRÁS DO ESCUDO: O PÂNTANO FAMINTO PARA THE DARK EYE