EDIÇÃO 010

OUTUBR O /2 0

NESTA EDIÇÃO:
THE LAST OF US 2
PARA SAVAGE WOR LDS
E MAIS: FER RAMENTAS DE MESTR E COM " PONDO AS CARTAS NA MESA"
DE MESTRE PARA MESTRE: BEM E MAL NO RPG
TEORIA DE JOGOS: RASTRO DE CTHULHU NA ATUALIDADE
Conecte-se ao nosso Universo
em plena expansão!

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EDITORIAL ÍNDICE
Outubro tem Rolepunkers em dobro!
Graças ao esfoço de nossos apoiadores – tanto do punk-
verso quanto de nossos jogos no geral – batemos a meta THE LAST OF US 2.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
social de 150 compartilhamentos no post que liberava a Ro- Aprenda a sobreviver neste mundo Selvagem cheio de oponentes, sejam hu-
lepunkers The Dark Eye e assim teremos uma edição espe- manos ou infectados. go
jo
cial e gratuita focada no nosso novo jogo que em breve vai tem resenha de
novo na pag 16!!

-
pintar por ai, porque ele já está garatindo no Brasil. Então
se quiser conhecer mais de The Dark Eye e já ter material RASTRO DE CTHULHU NA ATUALIDADE.. . . . . . . . . . . . . . 19
de jogo só acessar AQUI! Nina Bichara nos traz os desafios e dicas de narrar Rastro de Cthulhu na atua-
E se ainda não tem RPG o bastante para jogar, em breve lidade.
teremos mais um. Four Against Darkness, um RPG com a
possibilidade de jogar solo – e também de forma tradicio-
nal em grupo – bem leve, rápido e ótimo como porta de en-
BEM X MAL NO RPG.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
trada para quem nunca teve contato com RPG, nas páginas
Como lidar com o Bem e o Mal no RPG, suas nuances de cinza e sua ligação
desta edição você terá uma resenha para saber mais do que
com a legalidade.
vem por ai.
Falando em lançamentos, já está no ar o Financiamento
Flex dos baralhos de Savage Worlds (Aventura, Poderes e
Estados) e você pode ajudar a acelerar a sua chegada ao UM CONTO DE PRIMAVERA.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Brasil, só conferir o projeto AQUI. Acompanhe a jornada de Connie pelas interpéres dos Territórios em sua mis-
Como podem ver, o final de ano da RetroPunk está a todo são da Guarda.
o vapor, The Dark Eye, Four Against Darkness, Baralho de
Savage Worlds, o que mais teremos por ai? PONDO AS CARTAS NA MESA.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Você já deve estar ciente que o baralho de ação é importante para Savage
– Fernando del Angeles Worlds e que o baralho de aventura é a mecãnica opcional mais obrigatória de
todas. Mas como elas deixam o Savage Worlds ainda mais selvagem?

ARSENAL MATEMÁTICO.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Tabelas de itens mágicos e uma lista de efeitos inesperados para sua mesa de
Hora de Aventura RPG.
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO CRÉDITOS
EDITOR
CLARICE FRANÇA Fernando "del Angeles" Pires
Escritora, roteirista e editora do site Nebulla. É uma das roteiristas do primeiro
e segundo Gibi de Menininha e autora do romance A Guardiã do Sonhar. CONSELHO EDITORIAL
Daniel Martins,
G. Moraes, Nina Bichara e Rodrigo "Bigg"
DANIEL MARTINS Campos
Criador de conteudo, editor de vídeos e jack of all trades na Retropunk. Sempre
buscando um projetinho a mais do que eu consigo dar conta com tranquilidade. IDENTIDADE VISUAL
G. Moraes
EDSON JUNIOR DIAGRAMAÇÃO
Podcaster e Aficionado em T.I. Fundador do BaconQuest e Narrador de RPG Fernando "del Angeles" Pires e
nas horas vagas. G. Moraes
REVISÃO
FÁBIO MEDEIROS Nina Bichara
Psicólogo, Mestre e Doutorando em Educação pela UFSC. Trabalha com a
formação de professores para uso de mídias digitais e metodologias ativas, ARTE INTERNA
Game Designer Educacional. Editoras originais e Internet (algumas editadas)

NINA BICHARA
Editora e revisora. Autora do jogo Karyu Densetsu e de diversos
suplementos. Quando sobra tempo comanda turmas de escrita criativa.

STEFANO " STIFA" AIRES

Biólogo, professor universitário. Autor do Punkverso, coautor do cenário
Raklot, pintor de miniaturas, DJ e ninja nas horas vagas.

YON JUSTINO
Tradutor, personal trainer, nerd fitness, autor do Punkverso, mestre sádico
(mas justo), e artista marcial e aventureiro nas horas vagas.
ADAPTANDO Savage Worlds

A
h então você vai passar a integrar as ron-
das? Uma pena que estejamos tendo de
promover pessoas cada vez mais jovens,
mas o ataque daquela horda, de fato, quase aca-
bou com a nossa pequena comunidade.
Bom, vamos ao que interessa né?! Sei que al-
gumas coisas que vou falar aqui talvez não se-
jam novidade, mas sabe como é, meu trabalho é
garantir que todos saibam o que precisam saber.
Então vou passar por todos os pontos, a começar
pelo início disso tudo.

POR DANIEL MARTINS

 ADAPTANDO
SOBREVIVÊNCIA NO
PARAÍSO 101
O MUNDO
Acredite ou não já vivemos em mundos onde o lugar
que você mais queria estar eram os centros das cidades,
shoppings, escolas (ok, esse último nem tanto), mas jus-
tamente os lugares que mais queremos evitar hoje em
dia. Isso tudo começou há 25 anos atrás, em 2013. Sabe
o Cordyceps? Então, até aquele momento era um fun-
go que atacava somente insetos! Aposto que disso você
não sabia, hein?! Mas como essa porcaria pulou de uma
formiga pra um humano não vem ao caso (até porque
eu também não saberia te responder), o fato é que o fun-
go evoluiu de uma maneira a se tornar ultra contagioso
e extremamente rápido em dominar o hospedeiro. Daí
até onde estamos é fácil de imaginar né? Caos mundial,
pessoas perdendo a cabeça, negacionistas dizendo que
não passava de uma conspiração comunista ou gripezi-
nha e num piscar de olhos parece que voltamos a uma
espécie de pré-história onde ao invés de dinossauros te-
mos criaturas que já foram humanas e espreitam por aí
resmungando eternamente. Dizem que mais de 60% da
população foi contaminada…vai saber.
UNIDADES
Vamos começar com alguns nomes que você vai se de-
parar muito por aí, seja em notas rasgadas, pinturas em
altares ou mesmo pichações nas paredes.
FEDRA
O fato é que quando o bicho pegou e as cidades preci-
saram ser isoladas a galera da FEDRA é que ficou res-
ponsável por cuidar das zonas de quarentena. Eles eram
uma agência do governo e tinham a responsabilidade
de manter tudo sob controle, mas claro que com o pas-
sar do tempo a forma como agiam e tratavam as pes-
soas, punindo quem queria sair das cidades, racionando
comida e escolhendo alguns para privilegiar (sim, isso é
da nossa natureza e sempre vai acontecer, não se iluda)
acabou gerando uma série de grupos rebeldes e parami-
litares para combatê-los. O resto da história você já sabe
né…diz que hoje ainda existem cidades controladas por
eles, talvez o último resquício do que existia do antigo
governo que conhecíamos.
VAGALUMES
Eu lembro bem de quando surgiram os Vagalumes, talvez
o primeiro grande grupo que conseguiu se organizar de
fato e fazer frente à FEDRA. Eles diziam que seu objetivo
era restabelecer um governo mais justo e buscar a cura
para o fungo. O fato de a FEDRA tratá-los como terroris-
tas me faz pensar que esses caras realmente tinham força
para conseguir algo. Você não viveu esses tempos, mas a
primeira coisa que um poder dominante fazia (ou ainda
faz) quando tinha um grande rival que podia realmente
lhe incomodar era transformar esse rival em um gigantes-
co inimigo imaginário opressor e maléfico que suposta-
mente ameaçava a todos. Cuidado com essas opiniões (só
4
Savage Worlds
não marque bobeira, porque hoje em dia realmente tem
muita gente barra pesada aí fora). Ninguém sabe ao certo
o que aconteceu, mas o fato é que pouco a pouco não ou-
víamos mais falar dos vagalumes, não víamos mais suas
marcas nas paredes nem seus idealistas tentando conver-
ter as pessoas. Talvez tenham perdido a razão pela qual
lutavam, talvez tenham perdido as esperanças ou talvez
tenham mesmo sido oprimidos pelo governo, o fato é que
hoje eles não estão mais por aí como estavam. Talvez al-
gum pequeno grupo aqui ou ali, mas tem uns caras que
meio que tomaram o lugar deles.
LOBOS (WLF)
Hoje em dia, pelo menos aqui na área, o grupo que você
precisa se atentar são os Lobos. um dia eles se auto pro-
clamaram a Frente de Libertação de Washington, mas
atualmente acho que eles mesmos já chamam uns aos
outros de Lobos. Tanto que até usam o bicho como sím-
bolo. Eles estão por aí já há uns 15 anos e conseguiram
construir uma verdadeira fortaleza em Seattle. Eu nunca
estive em uma de suas bases, mas já matamos alguns de-
les que carregavam algumas fotos. Coisa de louco! Um
refeitório gigante, academia, e sabe lá mais o quê. Com
certeza até canil esses putos tem, porque volta e meia
você vê alguns deles com cães farejando as coisas por aí.
Ao que parece são liderados por um tal de Isaac. Não
conheço o cara, mas o que sei é que eles ficaram meio
bitolados e hoje em dia meio que se consideram a nata
da nata, sabe? Prendem quem não é do grupo deles, e há
 ADAPTANDO
quem diga que torturam e matam para
obter informações. Há algum tempo ti-
nham uns caras, os Caçadores, que eram
meio malucos assim também. Saíam atacando todo
mundo que encontravam para roubar recursos.
Temos sorte que esses caras dividem espaço com uns
outros malucos que deixam eles ocupados demais para
saírem por aí querendo dominar tudo.
SERAFITAS (CICATRIZES)
Essa galera são os Serafitas, mas pode chamá-los carinho-
samente de Cicatrizes. Isso porque todos eles têm um corte
escroto na cara, dizem que é parte de algum ritual bizarro
de iniciação. Esses malucos são uns carequinhas que an-
dam assobiando por aí e atirando com arcos. Eles seguem
uma mulher que chamam de Profetisa. Em algum mo-
mento essa doida veio com um papo maluco de que tudo
isso da infecção aconteceu por que a humanidade estava
vivendo em função das máquinas e estaríamos sendo cas-
tigados, tanto que eles vestem uns mantos bem simples, só
usam armas brancas e andam por aí escrevendo palavras
de salvação e montando altares para ela em tudo quanto é
lugar. Uma vez eu vi um dentro de um furgão da FEDRA
kkkkk. Você vai ouvir eles dizerem uma baboseiras tipo
“que ela me guie pela tempestade” e coisas assim. É sabi-
do que eles vivem em uma ilha que chamam de Refúgio, e
pelos seus hábitos já até posso imaginar aquele monte de
casinhas de madeira e palha. Malucos ou não, se ouvir um
assobio no meio do mato é melhor se esconder.
Savage Worlds
CASCAVÉIS
Certa vez encontramos uns malucos que se chamavam
de cascavéis. Eu realmente não sei a pira que essa ga-
lera tem em ficar se dando esses nomes e achando que
é super daora. Esses são uns retardados escravagistas.
Basicamente pegam andarilhos por aí, levam para seus
refúgios e fazem com que executem trabalhos para man-
terem seus pequenos grupos no “conforto”. Dizem que
eles deixam alguns dos prisioneiros serem mordidos por
infectados para fazer umas lutas entre infectados depois
que os mesmos se transformam. Ta doido! Por aqui você
não precisa se preocupar, demos conta de todos. Pelo
que vimos em suas anotações eles tinham vindo de um
outro grupo que ficava em Santa Bárbara, na Califórnia.
Particularmente acho que não vale a pena descer até lá
para lidar com esses doentes.
LOCALIDADES
Já que eu mencionei o tal do Refúgio, dos Serafitas, dei-
xa eu falar de mais dois lugares importantes:
JACKSON
Essa é uma comunidade até que bem grandinha e que
fica a algumas dezenas de quilômetros ao norte. No ge-
ral, eles não buscam confusão e nós temos uma relação
até que cordial com essa galera, já chegamos até a trocar
mantimentos. Eles são bem maiores do que nós, então
evite causar algum problema, beleza? Nossas rotas de
rondas não conflitam com as deles e de certa forma uma
5
 ADAPTANDO
comunidade ajuda a outra à sua ma-
neira. As rondas deles e as nossas dei-
xam toda essa região um pouco mais segura
da presença de infectados.
SEATTLE
A maior lembrança do que outrora foi uma cidade grande
que temos aqui perto. Hoje até tenho saudades de todo aquele
trânsito, aquela gente andando pra lá e pra cá, mas as únicas
coisas que vemos nas cidades hoje são animais silvestres, an-
darilhos e infectados. Seattle está totalmente arruinada. Par-
te dela foi bombardeada ainda na época em que o governo
pensava que podia controlar tudo isso. Eles fizeram isso em
vários lugares. Muito cuidado ao entrar nos prédios, muitos
estão com suas estruturas completamente comprometidas e
não é incomum o chão ceder e você cair fazendo um baita
barulhão. Excluindo o perigo da queda em si, você sabe que
fazer barulho demais nunca é bom né? Seja por atrair infecta-
dos ou mesmo andarilhos e outros grupos.
Acho que já é hora de eu explicar um pouco sobre os
infectados que você vai encontrar nas suas rondas.
TIPOS DE INFECTADOS
Uma vez que uma pessoa seja mordida, arranhada ou
infectada pelo Cordyceps de alguma forma ele age ra-
pidamente no corpo daquela pessoa transformando-a
bizarramente em questão de dias. Quando mais tempo
passa, mais grotesca vai ficando aquela pessoa. Aliás, já
nem as chamamos mais de pessoas, são infectados.
CORREDORES
Esses são os que mais você vai encontrar por aí. Criaturas
que ainda estão nos primeiros estágios da infecção pelo
Cordyceps. Dizem que esse estágio dura apenas algumas
dezenas de dias, mas eu, particularmente, já vi um mesmo
corredor por mais de um mês. Ele tava preso num charco.
Um belo dia eu acho que já estava meio irritado e cansei
de passar por lá e ficar ouvindo aqueles gritos horrorosos
e lamurientos. Esses danados ainda possuem visão e são
extremamente irritadiços. É comum ouví-los gemendo
em dor e agonia enquanto perambulam sem rumo por
aí. Sua aparência ainda é praticamente a de um humano
normal, tirando alguns machucados, veias ressaltadas e
muito sangue de suas vítimas pelo corpo. Com o tempo
você até vai achar fácil de lidar com eles, chegando ao
ponto de arrebentá-los no soco, mas não se iluda, é fácil
fácil levar um arranhão ou mordida quando tem dois ou
três deles avançando sobre você.
ESPREITADORES
Aqui o bicho começa a pegar um pouco mais. Esses des-
graçados parece que desenvolveram uma espécie de
instinto de caça, o que os torna muito mais perigosos
do que os Corredores. Além de também enxergarem,
esses putos sabem ficar em silêncio quando estão indo
atrás de suas “presas” ou quando estão à espreita delas.
Sabe quando os fungos se espalham pelas paredes dos
lugares? Não? Já te explico então, mas saiba que essas
pragas muitas vezes se camuflam no meio de um monte
6
Savage Worlds
de fungos em paredes e superfícies à espera de alguma
possível presa. Embora tenham ainda uma aparência
humanóide já é possível perceber muitas deformidades
advindas do Cordyceps, como pedaços de fungos proe-
minentes na cabeça e outras partes do corpo.
ESTALADORES
Sério, só de lembrar daquele "clek clek clek" já me gela
a espinha. Esse é o barulho que os Estaladores fazem
e que usam como um sonar para se localizarem. Sim,
eles não enxergam, mas não se iluda porque isso não faz
deles menos letais, pelo contrário, vi poucas pessoas so-
brevivendo a um ataque de Estalador. Punhos e armas
brancas contra esses caras? Nem pensar! É tudo na bala
mesmo, no máximo um arco e flecha, e se for, que você
acerte logo naquela couve-flor que eles tem no lugar da
cabeça. Nunca pare em frente a um estalador, pois mes-
mo que você fique imóvel, aparentemente o sonar des-
ses demônios pode sentir nossos batimentos cardíacos
quando estamos muito perto ou algo assim e dificilmen-
te você vai ter tempo de reagir.
TRÔPEGOS
Os Trôpegos têm esse nome pela forma esquisita como
caminham. Eles são grandes, disformes e lentos. Quase
abobados. Aqui o Cordyceps se concentra nas costas e
ombros do bicho, mas em um volume tão grande que
o deixam extremamente pesado e meio que “penden-
do” pros lados. Daí o nome, sacou? Mas não se engane,
 ADAPTANDO
sua falta de velocidade não faz deles
inimigos fáceis de se abater, pois além
de serem extremamente resistentes, aquele
monte de feridas fedorentas que eles carregam nas cos-
tas expele uma porra de um gás meio ácido que pode te
matar fácil, fácil. Então muito cuidado com a distância
que mantém desses troços. Ah, mesmo depois de mor-
tos normalmente eles ainda causam uma última explo-
são, então fica ligado, porque já vi gente morrendo de
bobeira indo cutucar um Trôpego depois de abatido.
BAIACUS
Dizem que leva anos até um hospedeiro chegar nesse
estágio, onde seus corpos já viraram praticamente um
amontoado de fungos grossos e malcheirosos que che-
gam a lembrar uma armadura cheia de coisas que pa-
recem olhos e feridas asquerosas. Os Baiacus são lentos
como os Trôpegos, mas ainda mais fortes, podendo ras-
gar uma pessoa ao meio com extrema facilidade. Acre-
dite, isso não é uma cena bonita de se ver. Então, se não
por você, poupe seus companheiros dessa memória. Eles
7
Savage Worlds
também conseguem lançar partes dos seus corpos pútri-
dos que além de machucar um monte também liberam
toxinas. Acredite em mim, se vir um desses e não tiver
como fugir não economize na artilharia. Esqueça pisto-
las, arcos e coisas do tipo, aqui o negócio são bombas
e armas muito pesadas. Se possível um lança-chamas,
pois o fogo além de machucar muito esses montes de
bosta ainda retarda eles por algum tempo.
REI DOS RATOS
Sério, aqui a coisa fica séria. Dizem que em Seattle foi
encontrado um infectado que não era bem um infecta-
do e sim uma massa disforme de um monte deles jun-
tos. Parada bizarra! Um cara falou que antigamente isso
acontecia de tempos em tempos com os ratos, eles se em-
bolavam de uma tal forma no meio da sujeira que meio
que suas caudas ficavam coladas e eles se comportavam
como se fossem uma criatura só. A esse fenômeno de-
ram o nome de Rei dos Ratos e assim carinhosamente
nomeamos esse monstro bizarro. O mais estranho é que
disseram que mesmo sendo um bolo bizarro gigante e
fedorento ele era absurdamente veloz. Espero que tenha
sido mesmo um acontecimento isolado.
ESPOROS
Agora que você já sabe tudo que pode encontrar por aí
afora deixa eu voltar em uma informação que é a questão
dos fungos e dos esporos. Principalmente quando você
estiver embrenhando em grandes construções em cidades
 ADAPTANDO
como Seattle, em alguns subterrâneos e
locais do tipo. De alguma forma o fungo
se espalha de tal forma que começa a tomar
todo o lugar, subindo por paredes e criando até umas es-
pécies de cogumelos escrotos gigantes. Em alguns casos
esses fungos estranhos soltam os esporos, saca? É tipo
uma fuligem que fica no ar. JAMAIS respire essas coisas.
JAMAIS! Por isso nós sempre andamos com essas más-
caras de gás. Inalar os esporos pode te transformar em
um infectado. Nós não sabemos bem o quanto deles você
pode ou não respirar, mas pra que se arriscar a descobrir
isso né? Da mesma forma, se eu fosse você, daria prefe-
rência para usar umas blusas de manga comprida, calças
jeans e coisas assim. Nunca se sabe quando uma criatura
dessas vai te dar um arranhão mais fundo ou mesmo uma
mordida. Acredita que uma vez eu vi uma mina se safar
de virar uma infectada porque o corredor mordeu bem
na parte em que a manga da camisa dela tava dobrada?
Sabe lá se o bicho tava com os dentes meio moles, mas o
fato é que ela se safou! Então já sabe: 1) sem mordidas ou
arranhões e 2) JAMAIS respirar os Esporos.
Acho que terminamos com o nossa aula "Sobrevivên-
cia no Paraíso 101". Agora volte para casa e pense bas-
tante sobre tudo o que falamos. Se for o caso até ano-
te algumas informações para que você não esqueça de
nada. Quando estiver ok pode se apresentar para co-
meçar suas primeiras rondas, ou talvez até integrar um
grupos que esteja indo colher mantimentos.
Boa sorte e tente não morrer!
REGRAS DE AMBIENTAÇÃO
The Last Of Us não é um jogo sobre sair por aí colecio-
nando corpos de zumbis pelo chão, ele é um jogo sobre
decisões difíceis, sobre muitas vezes ter de fazer algo
que você jamais imaginou e lidar com perdas para as
quais não se está nunca preparado. Então vamos apre-
sentar abaixo algumas regras que vão lhe ajudar a pas-
sar essa sensação. Além delas sugiro fortemente a uti-
lização das regras apresentadas no Terra Devastada e
Selvagem (que você pode baixar AQUI a versão atuali-
zada para SWADE gratuitamente) para adicionar uma
camada de drama e peso nas ações das personagens
e suas consequências. Regras como as "características
pessoais" e os "traumas" trazem todo aquele peso dra-
mático que vemos em The Last Of Us 2.
Em resumo a característica pessoal é uma frase que
demonstra o que move a sua personagem e os traumas
são situações pelas quais as personagens passaram e
que marcaram profundamente suas almas. Isso tudo im-
pacta na convicção das personagens, algo que funciona
meio que como a sanidade, apresentada no compêndio
de Horror de Savage Worlds (que você pode encontrar
na RetroStore).
VANTAGENS E COMPLICAÇÕES
Além das vantagens e complicações presentes no Terra
Devastada e Selvagem, seguem algumas outras ideias
para você utilizar nessa adaptação:
8
Savage Worlds
COMPLICAÇÕES
OBCECADO (MAIOR)
Começou como um objetivo, um dever, algo que a per-
sonagem acreditava intimamente que precisava realizar
ou ir atrás e pouco a pouco esse objetivo começou a per-
mear tudo na vida daquela personagem.
Quando você é obcecado por algo, aquela coisa está
no pano de fundo de tudo o que você faz, até porque,
não tem porque fazer algo que não seja ou não colabore
com sua obsessão.
Sempre que a personagem tiver de fazer algo que não
esteja ligada à sua obsessão ela precisa fazer um teste de
espírito com -2. Caso falhe, ela simplesmente não conse-
gue se desviar do seu foco.
VANTAGENS
IMUNE AO CORDYCEPS
Requisitos: Só pode ser comprada na criação de perso-
nagem.
De alguma forma seu organismo é imune aos efeitos do
Cordyceps. Isso não quer dizer que seu corpo elimine o
vírus, mas o deixa ali como que descansando sem se ma-
nifestar. Você ainda é uma pessoa infectada, porém não
apresenta nenhum sintoma da evolução do vírus. É possí-
vel ter variações dessa vantagem onde a personagem sofre
uma penalidade de -1 em alguns momentos ou é acome-
tida por alguma condição, mas o vírus nunca vai matar a
 ADAPTANDO Savage Worlds

personagem por sua própria evolução.

É fortemente recomendado que, caso
TABELA DE BUSCA DE ITENS
você queira utilizar essa vantagem, somente RESULTADO TIPO DE ITENS DESCRIÇÃO
uma personagem do grupo possa comprá-la. Trapos, pedaços de
1-3 Pano tecidos ou gaze
SILENCIOSO E MORTAL Álcool, combustível,
4 Inflamável
Requisitos: Veterano, Furtividade d8 bebidas
Movendo-se em silêncio você consegue se aproximar das Garrafas plásticas,
5-7 Recipiente vazio latas
vítimas, humanos ou infectados, e dar um ataque mortal,
Fitas adesivas dos
que normalmente mata ou incapacita suas vítimas. Adicio- 8 Fita mais variados tipos
ne um bônus de +2 nas suas jogadas de finalização.
Tesouras, facas, lâ-
9-10 Lâminas minas de barbear
NOVAS REGRAS DE AMBIENTAÇÃO 11 Pregos Pregos, parafusos e
semelhantes.
CRIAÇÃO DE EQUIPAMENTO IMPROVISADO Canos, barras de
Armas improvi- ferro,
Para esta adaptação vamos explorar uma mecânica muito 12-14 pedaços de
sadas
presente em The Last of Us 2 (e também em quase todo jogo madeira
de sobrevivência no apocalipse zumbi): a busca por itens, Barras de chocolate,
15 Alimento latas de conserva
mantimentos e como utilizá-los no mundo pós apocalíptico.
Cartas, bilhetes e
Durante uma incursão em uma cidade abandonada, po- anotações que fo-
16 Recordações ram deixadas pra
voado devastado ou localidade antiga os jogadores podem
trás
fazer uma rolagem de perceber para procurarem por itens
Munição para ar-
de interesse e que lhes possam ser úteis na criação de ou- 17 Munição mas de fogo
tros itens. Para cada sucesso e eventuais ampliações o joga- Análgésicos, anti
dor rola 1d20 e consulta a Tabela de busca de itens a seguir. 18 Remédios inflamatórios e de-
Após coletarem os itens os jogadores precisam seguir mais remedios
Itens quebrados, es-
a Tabela de receita de itens, onde podem consultar o que tragados ou inúteis
precisam para construir cada tipo de item e quais bene- 19-20 Nada útil de alguma outra
fícios cada um lhes proporciona. forma

9
 ADAPTANDO Savage Worlds

por ampliação para utilizar posteriormente em outras

TABELA DE RECEITA DE ITENS
receitas. A personagem sempre vai gastar pelo menos
RECEITA MELHORIA EFEITO
1 item da receita, independente da quantidade de am-
Baioneta Pode combater corpo a corpo c arma de fogo.
1 Lâmina + 1 pano + 2 Fitas pliações.
improvisada Dano For +1d4
2 Fitas + 1 Pano + 1 arma improvisada Arma reforçada Elimina penalidade de arma improvisada Uma falha no teste de consertar significa que não só
3 Fitas + 1 Pano + 2 Lâminas ou 1 caixa de não foi possível fazer a receita, como um dos itens da
Arma com pregos Elimina penalidade e causa For + d6 de dano
pregos + 1 arma improvisada mesma foi inutilizado. Rolar uma falha crítica significa
4 Fitas + 1 Pano + 3 Lâminas ou 2 caixas Arma com pregos que a personagem inutilizou todos os itens daquela re-
Elimina penalidade e causa For + d8 de dano
de pregos + 1 arma improvisada Aprimorada ceita e nenhum pode ser reaproveitado.
1 Recipiente vazio + 2 Fitas Silenciador Arma causa menos barulho ao disparar
QUANDO OS JOGADORES PODEM BUSCAR POR
1 recipiente vazio + 1 pano + 1 inflamável Molotov Causa 1d6 de dano
ITENS?
2 recipientes vazios + 1 pano + 1 Inflamá- Granada Fica a critério do mestre definir onde e quando os joga-
Explosivo causa 2d6 de dano
vel + 2 fitas + 2 caixas de pregos improvisada
dores podem fazer uma rolagem de perceber para bus-
3 recipientes vazios + 2 pano + 2 Inflamá- Granada improvisa- Explosivo causa 3d6 de dano
veis + 3 fitas + 3 caixas de pregos da aprimorada car por itens para suas receitas, bem como definir se ele
3 recipientes vazios + 2 pano + 3 Inflamá- acha algum item específico da tabela, sem a necessidade
Mina terrestre Explosivo de aproximação 4d6 de dano de rolagens.
veis + 4 fitas + 4 caixas de pregos
Merthiolate e As tabelas apresentadas anteriormente são suges-
1 Remédio + 1 pano Bônus de +1 em curar
Analgésicos tões, fique à vontade para alterar, incluir e modificar o
Antibióticos e
2 Remédios + 1 pano Bônus de +2 em curar que achar necessário para o melhor andamento do seu
compressa
jogo.
COMO CONSTRUIR ITENS IMPROVISADOS? que itens como armas improvisadas quebrem após al-
Uma vez que tenham encontrado os itens necessários gumas utilizações e assim as personagens precisam PERSONAGENS
para construir uma determinada receita é necessário sempre estar em busca de novos itens.). Cada amplia- Para efeitos desta adaptação vou considerar aqui as
realizar um teste de consertar. Um sucesso é suficien- ção na rolagem de consertar significa que a persona- personagens em suas motivações iniciais no jogo. Caso
te para que o item seja construído e a duração do mes- gem utilizou o material de forma tão otimizada que você não tenha jogado The Last of Us a sessão abaixo
mo fica a critério do narrador definir. (é interessante ela continua com uma unidade de um item da receita contém alguns spoilers do jogo.

10
 ADAPTANDO Savage Worlds

Nascida já no meio de toda essa confusão de infecção do Cordyceps, Ellie é uma jovem corajosa,
porém muito geniosa. Sua vida mudou quando foi mordida por um infectado e descobriu que era,
aparentemente, imune às manifestações do vírus. Acabou conhecendo Joel em sua jornada até a sede dos
Vagalumes em busca da cura que tinha dentro de si, o que Joel acabou não permitindo que acontecesse, uma vez que
Ellie morreria no processo. O tempo passou e a vida seguia normal na pequena comunidade de Jackson, até que, em
meio a fuga de uma horda, no que seria mais uma patrulha, Joel é brutalmente assassinado por um grupo de Lobos
bem em frente à Ellie. A dor da perda é insuportável e Ellie precisa descobrir a verdade e buscar sua vingança.
□ Atributos: Agilidade d10, Astúcia d8, Espírito d6, Força d6, Vigor d6
□ Perícias: Atirar d10, Atletismo d8, Cavalgar d6, Conhecimento Geral d4, Cura d6, Furtividade d8,
Ladinagem d8, Lutar d8, Performance d6 (violão) Perceber d8, Persuadir d6,
□ Característica pessoal: Eles vão pagar por isso!
□ Tormento: Viu Joel ser assassinado na sua frente W ELLIE
□ Movimentação: 6; Aparar: 6; Resistência: 5 Convicção: 5
□ Vantagens: Imune ao Cordyceps, Corajosa, McGywer, Silenciosa e Mortal, Invisível a infectados
□ Complicações: Obcecada (vingar Joel), Peculiaridade (sempre recarrega depois dos disparos), Procurada
(Menor - alguns vagalumes ainda sabem que ela está viva).

Dina é uma jovem doce e cativante, sem medo de julgamentos. Durante uma festa em jackson ela e Ellie se bei-
jaram e estão nas fases iniciais de um romance. Ao saber que a "namorada" sairia em uma jornada em busca de
vingança Dina decide ir junto para ajudar Ellie em sua busca.
□ Atributos: Agilidade d6, Astúcia d8, Espírito d6, Força d4, Vigor d4
□ Perícias: Atirar d6, Atletismo d8, Cavalgar d6, Curar d6, Conhecimento Geral d4, Furtividade d6, Ladinagem
d6, Lutar d8, Perceber d6, Persuadir d6
□ Característica pessoal: Alguém precisa ser sensato nessa situação!
□ Tormento: Perdeu uma pessoa durante uma patrulha por ter sido displicente
□ Movimentação: 6; Aparar: 6; Resistência: 4 Convicção: 5
□ Vantagens: Corajosa, Invisível a infectados
W DINA □ Complicações: Heróica, Leal

11
 ADAPTANDO Savage Worlds

Depois de ter o pai assassinado a sangue frio por Joel, Abby buscou vingança incansavelmente
até que finalmente conseguiu seu objetivo e o bastardo que assassinou seu pai pagou por seus cri-
mes. O sangue frio com que agiu acabou afastando alguns de seus amigos, mas fazer o que, né?!
□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d6, Espírito d6, Força d10, Vigor d8
□ Perícias: Atirar d10, Atletismo d10, Cavalgar d6, Conhecimento Geral d6, Curar d6, Furtividade d8,
Ladinagem d6, Lutar d10, Perceber d6, Persuadir d6
□ Característica pessoal: Nada vai me impedir de fazer o que eu quero.
□ Tormento: Perdeu o pai enquanto ele buscava a cura para o Cordyceps
□ Movimentação: 6; Aparar: 7; Resistência: 6 Convicção: 5
□ Vantagens: Corajosa, McGywer, Silenciosa e Mortal, Invisível a infectados, Musculosa
□ Complicações: Obrigação (Menor - Lobos), Leal, Impulsiva W ABBY

Desde pequeno Lev sempre teve dificuldades de aceitar seu corpo e as obrigações que eram impostas pelos Se-
rafitas. Quando foi chegada a hora de assumir uma função naquela sociedade e sua função seria a de esposa, ele se
revoltou, raspou a cabeça e assumiu a função que sempre quis: a de soldado.
□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d8, Espírito d6, Força d6, Vigor d4
□ Perícias: Atirar d6, Atletismo d6, Cavalgar d4, Conhecimento Geral d6, Curar d4, Furtividade d8,
Ladinagem d6, Lutar d4, Perceber d6, Persuadir d4
□ Característica pessoal: Só quero ser eu mesmo.
□ Tormento: Sua mãe e sua sociedade o renegaram quando ele disse que queria ser um soldado
□ Movimentação: 6; Aparar: 4; Resistência: 4 Convicção: 5
□ Vantagens: Arma predileta (arco e flecha), Atirador
W LEV □ Complicações: Voto (Menor - Serafistas), Leal, Impulsivo

12
 ADAPTANDO
INFECTADOS
CORREDORES
□ Atributos: Agilidade d6, Astúcia d4, Espírito d4,
Força d6, Vigor d6.
□ Perícias: Atletismo d4, Lutar d4, Perceber d6.
□ Movimentação: 6, Aparar: 4, Resistência: 7
□ Habilidades especiais:
□ Garras/mordida: For +d4
□ Fraqueza (cabeça): Golpes na cabeça de um
infectado tem +2 de dano.
□ Morto-Vivo: Resistência +2; O infectado recebe
bônus de +2 para se recuperar de estar Abalado;
ataques localizados não causam dano adicional.
ESPREITADORES
□ Atributos: Agilidade d6, Astúcia d6, Espírito d4,
Força d6, Vigor d6.
□ Perícias: Atletismo d6, Lutar d6, Perceber d8,
Furtividade d8.
□ Movimentação: 6, Aparar: 5, Resistência: 7
□ Habilidades especiais:
□ Garras/mordida: For +d4
□ Fraqueza (cabeça): Golpes na cabeça de um
infectado tem +2 de dano.
□ Atacar Primeiro: Sempre que algum sobrevivente
entra em seu alcance, este infectado pode realizar
um ataque gratuito;
□ Morto-Vivo: Resistência +2; O infectado recebe
Savage Worlds
bônus de +2 para se recuperar de estar Abalado;
ataques localizados não causam dano adicional.
W ESTALADORES
□ Atributos: Agilidade d6, Astúcia d6, Espírito d6,
Força d8, Vigor d8.
□ Perícias: Atletismo d4, Lutar d10, Perceber d8,
Furtividade d8.
□ Movimentação: 5, Aparar: 7, Resistência: 8.
□ Habilidades especiais:
□ Garras/mordida: For +d4
□ Fraqueza (cabeça): Golpes na cabeça de um
infectado tem +2 de dano.
□ Ataque Letal: Dificilmente alguém sobrevive a um
ataque de um Estalador. Sempre que conseguem
uma ampliação em uma rolagem de Lutar seu
ataque visa a cabeça ou pescoço, provocando assim
+4 de dano.
□ Morto-Vivo: Resistência +2; O infectado recebe
bônus de +2 para se recuperar de estar Abalado;
ataques localizados não causam dano adicional.
□ Sonar: O infectado é capaz de notar mudanças
sutis no ambiente podendo localizar com facilidade
seres vivos. Ele recebe Perceber e Sobrevivência +2
contra seres vivos.
□ Cego: Como defeito Maior do livro básico de
Savage Worlds.
13
ADAPTANDO
W TRÔPEGOS
□ Atributos:Agilidade d6, Astúcia d4, Espírito d6,
Força d10, Vigor d10.
□ Perícias: Atletismo d4, Lutar d10, Perceber d8
□ Movimentação: 5, Aparar: 7, Resistência: 9
□ Habilidades especiais:
□ Garras/mordida: For + d8
□ Fraqueza (cabeça): Golpes na cabeça de um
infectado tem +2 de dano.
□ Ataque Letal: Dificilmente alguém sobrevive a um
ataque de um Estalador. Sempre que conseguem
uma ampliação em uma rolagem de Lutar seu
ataque visa a cabeça ou pescoço, provocando assim
+4 de dano.
□ Morto-Vivo: Resistência +2; O infectado recebe
bônus de +2 para se recuperar de estar Abalado;
ataques localizados não causam dano adicional.
□ Explosão de ácido: A cada 1d4 rodadas o infectado
causa uma explosão de dano que afeta quem
está adjacente causando 2d6 de dano. No turno
imediatamente após a sua morte o fenômeno de
repete.
□ Fraqueza: Recebe +4 de dano de fogo.
W REI
W BAIACUS
□ Atributos: Agilidade d6, Astúcia d4, Espírito d6,
Força d12, Vigor d12.
□ Perícias: Atletismo d4, Arremessar d8, Lutar d10,
Perceber d8
14
Savage Worlds
□ Movimentação: 6, Aparar: 7, Resistência: 10
□ Habilidades especiais:
□ Garras/mordida: For + d8
□ Fraqueza (cabeça): Golpes na cabeça de um
infectado tem +2 de dano.
□ Ataque Letal: Dificilmente alguém sobrevive a um
ataque de um Estalador. Sempre que conseguem
uma ampliação em uma rolagem de Lutar seu
ataque visa a cabeça ou pescoço, provocando assim
+4 de dano.
□ Morto-Vivo: Resistência +2; O infectado recebe
bônus de +2 para se recuperar de estar Abalado;
ataques localizados não causam dano adicional.
□ Arremesso Tóxico: os Baiacus conseguem
arremessar partes de seu corpo repletas de toxinas
que causam For + d4 de dano.
□ Explosão de ácido: A cada 1d4 rodadas o infectado
causa uma explosão de dano que afeta quem
está adjacente causando 2d6 de dano. No turno
imediatamente após a sua morte o fenômeno de
repete.
□ Fraqueza: Recebe +4 de dano de fogo.
DOS RATOS
□ Atributos:Agilidade d10, Astúcia d6, Espírito d4,
Força d12, Vigor d12.
□ Perícias: Atletismo d10, Arremessar: d8, Lutar d12,
Perceber d8
□ Movimentação: 8, Aparar: 8, Resistência: 10
 ADAPTANDO
□Habilidades especiais:
□ Garras/mordida: For + d10
□ Morto-Vivo: Resistência +2; O infectado
recebe bônus de +2 para se recuperar de estar
Abalado; ataques localizados não causam dano
adicional.
□ Arremesso Tóxico: o Rei dos Ratos consegue
arremessar partes de seu corpo repletas de toxinas
que causam For + d6 de dano.
□ Proliferação: Mediante Quando o Rei dos Ratos
receber dano ele desprende um infectado do seu corpo
para que este lhe ajude em combate. O infectado pode
ser um Corredor ou Espreitador ou Trôpego.
□ Fraqueza: Recebe +4 de dano de fogo.
GANCHOS DE AVENTURAS
□ Faz 3 dias que o último grupo que foi buscar manti-
mentos no hospital em Seattle já deveria ter voltado.
O caminho até Seattle é tranquilo, a coisa começa a
ficar feia quando vocês descobrem que um grupo de
Serafitas está acampado bem em frente ao hospital.
Será que nosso pessoal está lá dentro encurralado?
Será que foram pegos pelos Serafitas? Ou Será que
é tarde demais?
□ Na última ronda você e sua equipe se depararam
com um grupo de Lobos que parecia estar fazendo
um reconhecimento da região próxima à comunida-
de. Vocês descobriram o acampamento deles e fo-
ram implacáveis. Ou melhor, quase. Um deles fugiu
Savage Worlds
e com certeza vai voltar com reforços para vingar
seus companheiros. Pelo tempo de viagem deve de-
morar umas duas semanas até que eles voltem. Es-
tará a comunidade apta a se defender ou seria me-
lhor fugir? Jackson é uma opção?
□ Durante uma busca por suprimentos seu grupo ouviu
gritos a algumas ruas de distância. Vocês se espreita-
ram e viram algo no mínimo curioso: Infectados ma-
taram um pequeno grupo de sobreviventes, porém
dois deles sobreviveram ao ataque mesmo um deles
tendo sido mordido. Vocês já estavam preparando o
rifle quando ouvem uma parte da conversa dos so-
breviventes onde um deles pergunta se o outro está
bem e este diz que essa não foi a pior das mordidas
que já tomou, mas que vai tomar mais cuidado tanto
para não ser mordido quanto para não deixar que os
outros vejam a ferida. Como assim alguém foi mor-
dido e não está desesperado por estar com os dias
contados? Como assim não foi a pior das mordidas?
Vocês já ouviram uma lenda de que antigamente os
Vagalumes teriam encontrado alguém que era imune
ao Cordyceps, mas claro que isso é só uma lenda…
□ Uma pessoa chega na comunidade e diz que preci-
sa de ajuda para encontrar um assassino que vive
em Jackson. Ela passa as características físicas do as-
sassino e pede por mais informações: quando sai de
Jackson? Para onde vai? Com quem? Esse assassino
precisa pagar pelo que fez e vocês serão muito bem
recompensados por essa informação.
15
RESENHA Four Against Darkness

FOUR AGAINST
DARKNESS
A
proposta do RPG Four Against Dar-
kness é muito simples: É um RPG
solitário, em que você desbrava uma
dungeon e todos os obstáculos dentro dela.
A ideia desse RPG é ser um jogo fácil, com
mecânicas simples e fácil de aprender.
Não é preciso muitas coisas para começar
uma aventura de Four Against Darkness. O
que você realmente precisa é do livro com as
regras do jogo, uma folha de papel para de-
senvolver a masmorra e um lápis para fazer
as anotações. Como o nome indica, cada par-
tida desse RPG é composta por um grupo de
quatro personagens contra a escuridão que se
aventuram nessa dungeon misteriosa. O nível
de perigo vai depender da sorte do jogador.

POR CLARICE FRANÇA

 RESENHA
Com certeza, uma das propostas mais
interessantes de Four Against Darkness é
a característica de funcionar como um RPG
solo. Há algumas opções de RPG solo no mercado, muitas
delas com propostas mais intimistas, em que o jogador inter-
preta um protagonista da história e os dados vão definindo o
que vai acontecendo a partir daí. Four Against Darkness tam-
bém tem desses elementos, mas ele traz a possibilidade do
jogador controlar todo um grupo de aventureiros, no estilo
mais clássico de aventuras de RPG de fantasia. Todo mundo
já jogou uma história de desbravar uma dungeon, mas é raro
podermos controlar todas as personagens do grupo.
Em Four Against Darkness, você é mestre e jogador.
Ao mesmo tempo que você determina certas coisas que
estão acontecendo, suas decisões nem sempre resulta-
rão em consequências que estão sob seu controle. No
final, quem decide são os dados.
O jogador pode escolher quem são suas personagens,
variando entre classes e raças diferentes, clássicas de
RPGs medievais. Entre elas estão:
□ Guerreiros – Fortes, resistentes e que também po-
dem usar equipamentos mágicos para deixar seus
ataques mais letais.
□ Clérigos – Personagens importantes, pois são res-
ponsáveis por curar os companheiros.
□ Ladinos – Sorrateiros e silenciosos, são bons em pas-
sar por inimigos escondidos e destrancar cadeados.
□ Magos – Toda a equipe precisa de uma pessoa que
use magia para facilitar a vida do grupo.
□ Bárbaros – Batem primeiro e perguntam depois, são
personagens muito resistentes, mas não se dão bem
com magia.
□ Elfos – Seres ágeis, conseguem usar bem armas le-
ves, arcos e flechas e também diferentes magias.
□ Anões – São ótimos para encontrar tesouros nas
dungeons, especialistas em pedras preciosas e bons
com muitas armas.
□ Halflings – Os mais sortudos da equipe, estão sem-
pre preparados para tudo e podem fazer estrago.
Isso permite que você crie uma equipe variada para
passar pela maioria dos obstáculos que aparecerem na
sua frente. Cada categoria de personagem possui habi-
lidades bem distintas. Em alguns tipos de combate, o
mais útil é ter personagens que possam causar dano a
distância. Em outros, é melhor ter personagens que se-
jam mais resistentes a danos diretos. E ainda há aqueles
momentos que só uma magia pode salvar a pele do gru-
po. Por isso é importante montar uma equipe diversifi-
cada antes de entrar na dungeon.
Além de escolher quem são suas personagens, você
precisa decidir os itens que cada uma delas usará du-
rante a aventura, já que, uma vez na dungeon, será
complicado sair para reabastecer. Parte da graça de
Four Against Darkness é gerenciar as diferentes habili-
dades e itens. Pode ser que você ache exatamente o que
falta para sua equipe dentro da dungeon – mas pode
ser que não. Novamente, isso vai depender do resulta-
do dos dados.
17
Four Against Darkness
Four Against Darkness é um sistema que funciona bem
para iniciantes. Além de não ter regras muito complexas, o
livro é bem explicativo e de fácil entendimento. À medida
que se vai lendo, já dá para começar a ir jogando. Além dis-
so, as partidas são curtas, com duração em torno de uma
hora.
Ao contrário de outros RPGs, montar a ficha de perso-
nagens de Four Against Darkness é bem simples e rápi-
do. Uma vez que decida quais personagens estarão em
sua equipe, o jogador começa a usar as tabelas do sis-
tema para ir montando as diferentes salas, com vários
obstáculos dentro delas. Além de monstros, há encon-
tros específicos que podem ajudar a equipe ou atrapa-
lhar ainda mais.
Por mais que seja, em princípio, um RPG solo, Four
Against Darkness também pode ser jogado por mais
pessoas ao mesmo tempo, com alguém fazendo o papel
dos obstáculos da dungeon, enquanto os outros jogado-
res interpretam as personagens.
Um risco que RPGs solos possuem é o de o jogo ficar
muito repetitivo depois de algumas vezes. Mesmo que
muita coisa dependa da sorte, à medida que o jogador
vai entendendo a mecânica do jogo, é possível que RPGs
solos acabem entrando em mais do mesmo. Four Against
Darkness possui monstros e obstáculos suficientes para
manter o interesse do jogador, ainda mais se, a cada par-
tida, a pessoa escolher variar as personagens que estão
na equipe.
O sistema de Four Against Darkness é simples e
 RESENHA
dinâmico. Não é preciso grandes
preparações para começar a jogar, já
que parte é escolhido na sorte, tendo o
potencial de surpreender os jogadores. Tudo é decidi-
do com 2d6, colocando os bônus necessários em rola-
gens específicas.
Por mais que seja uma aventura mais controlada e que,
na prática, aconteça em um mesmo cenário com várias
salas, dependendo de quanto tempo as personagens fi-
cam lá elas podem subir de nível. Não é possível subir
a mesma personagem de nível várias vezes seguidas,
mas é possível fazer todas irem evoluindo aos poucos. A
princípio, Four Against Darkness permite que os heróis
avancem até o nível 5.
Além das salas iniciais, as listas aleatórias do RPG po-
dem criar mais de 30 salas diferentes para os aventurei-
ros enfrentarem, e nem todas vão aparecer em um mes-
mo jogo – depende de quando os heróis vão encontrar
a saída. Mas, antes de isso acontecer, as personagens
enfrentarão vilões e conseguirão tesouros como recom-
pensas. Claro, se sobreviverem.
Os monstros não ficam apenas parados em um lugar,
guardando seus tesouros. Alguns deles andam pelos
corredores das dungeons, e podem ser perigosos para
os heróis, principalmente em um espaço limitado para
o combate. Além disso, alguns adversários podem não
atacar imediatamente. Outro fator que pode ser escolhi-
do pelas tabelas aleatórias são as reações dos monstros.
Alguns serão hostis imediatamente, outros podem ten-
tar enganar os heróis, há aqueles que vão fugir ou pedir
um favor. A reação das personagens, no entanto, depen-
de unicamente do jogador.
Talvez um dos aspectos mais interessantes de jogar
Four Against Darkness seja esse ambiente de labirinto
que o RPG traz. Existe um fator que é “procurar a saí-
da”, e não é tão simples quanto fazer o caminho de vol-
ta. Mas o que realmente dá essa sensação de descoberta
de lugares para o jogador é que nunca se sabe ao certo o
que a rolagem de dados vai colocar à frente. E uma vez
que uma dungeon tiver terminado, as próximas não se-
rão iguais, nem com os mesmos monstros ou até mesmo
personagens, que podem ser trocados caso o jogador
prefira.
18
Four Against Darkness
Apesar, contudo, de todas as possibilidades de Four
Against Darkness, por ser um RPG compacto e com
temas específicos, ele não permite variações além das
dungeons em si. Não há um grande universo para ser
explorado, ou NPCs marcantes que vão expandir o
mundo do RPG, mas isso não é um problema ou defei-
to do jogo.
A proposta de Four Against Darkness é bem específi-
ca, com um público alvo bem definido. No que se pro-
põe, o RPG dá uma variedade de alternativas e entrega
uma gama de aventuras bem divertidas, tanto de serem
jogadas em modo solo como compartilhando a expe-
riência com alguns amigos. Talvez a parte com menos
opções seja a das magias do jogo, que não tem muitas
opções como vemos em outros sistemas de RPG. Mas,
considerando as possibilidades de aventura, as opções
que existem para as personagens são boas e se encaixam
no estilo do jogo.
Four Against Darkness é uma ótima opção de jogo tan-
to para quem gosta de aventuras solo quanto para quem
prefere de explorar dungeons com os amigos. Também
é uma boa pedida para quem gosta do sentimento nos-
tálgico de derrotar monstros, pegar tesouros e desven-
dar lugares escondidos. No que se propõe a fazer, Four
Against Darkness é bem-sucedido.
 TEORIA DE JOGOS Rastro de Cthulhu

R ASTRO DE
CTHULHU
NA ATUALIDADE

R
astro de Cthulhu é um jogo focado na investigação
de seres bizarros e ocultos do Mythos ambientado
em meados de 1930. Neste artigo vamos subverter
um pouco esse cenário e modificar algumas premissas para
trazer esse jogo para a atualidade. Não é uma adaptação,
mas uma espécie de conjunto de ferramentas e considera-
ções úteis. Misturando um pouco da estranheza e bizarrice
com a velocidade e ansiedade dos tempos contemporâneos.

POR NINA BICHARA

 TEORIA DE JOGOS
Além das possibilidades de um
mundo mais rápido e mais focado
na correria dos dias e da interação do
bizarro com a tecnologia há outras considerações que
são importantes serem mencionadas na transposição
de Rastro para os dias atuais. Jogar no mundo con-
temporâneo cria todo um novo leque de possibilida-
des, incluindo a liberdade de ser quem você é. Aqui
não existe nenhuma dificuldade de colocar uma mu-
lher como um investigador ou médica de um grande
hospital analisando casos estranhos. E o bizarro pode
surpreender um grupo de amigos queer na saída de
uma balada, colocando-os em uma busca por pistas
para salvar sua comunidade. E assim como em Love-
craft Country ou no novo Candyman, com suas fortes
críticas ao racismo impregnado em nós, esse contexto
oferece momentos de reflexão em que podemos ten-
tar entender como o nosso passado marca de formas
difíceis e complicadas as nossas vidas — e também
compreender que nós temos hoje a força e a liberdade
para destruir toda e qualquer força, não importa quão
oculta e antiga seja.
Dito isto, podemos seguir em frente e imaginar as pos-
sibilidades de encontros com Aqueles que dormem seu
sono estelar.
Cercada por uma enorme pilha de livros, uma biblio-
tecária está indexando uma nova remessa de livros para
a faculdade. O semestre logo vai começar e alguns pro-
fessores solicitaram livros novos para suas disciplinas.
Um professor do curso de psicologia foi um dos que mais
solicitou, já é o décimo exemplar. Foi um sufoco achar
onde comprar os livros. Foram todos publicados há déca-
das atrás e os poucos que ela achou foram encomendados
de um pequeno site de sebos virtuais. Mas é o último que
ela tem que catalogar, algo sobre o mundo onírico e psi-
canálise.
Assim que ela digita o nome do livro e começa a in-
dexar os autores o computador pisca a tela. Ela suspira
com raiva e pensa quando é que a faculdade vai arrumar
aquelas coisas velhas. Para sua felicidade o livro não tem
ficha catalográfica. Ela folheia as páginas a procura de
referências e só acha algumas imagens e textos de teor
duvidosos. Eles falam sobre a intensa visão de um pa-
ciente que viu enormes colossos em forma de verme em
pesadelos recorrentes.
Ela digita o título na aba do navegador à procura das
informações para a ficha catalográfica. Há apenas uma res-
posta, um blog estranho que diz ter conseguido contato
com os autores dessa ‘maravilhosa’ obra. Ela manda um
email para o blog, só amanhã vai conseguir ligar pra ele e
terminar o trabalho.
Na volta pra casa ela sente a terra tremer um pouco sob
seus pés...
Não precisamos de um esforço muito grande para
imaginar forças ocultas se esgueirando no nosso dia
a dia. Nos metrôs quase vazios, na silenciosa volta
para casa tarde da noite, nos inflamados discursos
torpes de políticos mal intencionados, nos contatos
20
Rastro de Cthulhu
estranhos que estabelecemos virtualmente. E é im-
portante lembrar que entre as criaturas de rastro há
aquelas que são bastante beneficiadas por novas tec-
nologias. Aquelas que se adaptam bem ou aquelas
que se espalham com facilidade vão sempre estar
ativas.
O crescimento desenfreado das cidades também co-
meça a tocar em solos sagrados, lugares em que antes
haviam horrores enterrados e que agora têm sua terra
revolvida para criar fundação para um novo arranha-
-céu. Tudo na cidade move o oculto.
COMO PERMANECER OCULTO?
Há uma tendência humana muito natural de ignorar
aquilo que é estranho demais. De procurar as respos-
tas mais fáceis de digerir. Estamos ocupados, vivendo
e protegendo aquilo que amamos, então não estamos
particularmente dispostos a sair à procura de perigo se
não for realmente um grande problema. Apenas após
várias tentativas de chamar o controle de zoonoses que
você vai realmente dar atenção ao estranho cachorro
que aparece todas as noites para latir e arranhar a sua
porta . Ou então quando você acordar com o bafo quen-
te dele na sua cara no meio da noite. Num mundo de
anseios e muitas vozes, somos um coro comum de pe-
didos de ajuda. O vozerio esconde a verdade. E assim
o mundo oculto de seres bizarros permanece intocado
à nossa volta.
TEORIA DE JOGOS
COMO LIDAR COM A FACILIDADE DE
ACESSO À INFORMAÇÃO
Entre as várias coisas que deixam um certo receio so-
bre como lidar com a atualidade é a velocidade da in-
formação. Para descobrir algo em 1930 era necessária
toda uma movimentação e dedicação; horas e horas em
uma biblioteca para conseguir uma informação especí-
fica, enquanto hoje provavelmente bastariam apenas al-
guns toques no celular ou uma ligação rápida para um
pesquisador. A velocidade da informação não deveria
ser um problema. O foco de uma investigação não é só
achar uma informação, mas também interpretá-la e es-
colher quais boatos seguir. Então talvez uma forma in-
teressante de driblar isso é fazer o completo oposto, dis-
ponibilizar pistas demais numa informação viral pode
levar a um grande quebra cabeça contra o tempo.
Em meio a vários vídeos estranhos postados em uma
conta de investigação de mitos urbanos, há alguns que
podem ser reais, e outros não. Seguir uma pista falsa
pode custar bastante aos investigadores, tanto em tem-
po como em sanidade.
Outra coisa que pode ser muito interessante para o
Guardião é sempre atrelar os acontecimentos a um lugar,
ou seja deixar o cenário guiar parte da investigação. Então
uma vez que uma pista ou uma informação seja obtida
rapidamente o ideal seria atrelar alguma movimentação
para obtê-la. A intenção é evitar que a tecnologia se tor-
ne uma dor de cabeça ou solução anti climática, mas não
21
Rastro de Cthulhu
cortá-la do andamento do jogo. Fazer com que ela seja tão
natural quanto pode ser, parte essencial dos nossos dias.
Exemplo: Depois de obter as informações por e-mail a filha
da velha senhora solicita que as investigadoras vão até a casa,
pois a mesma se recusa a falar por telefone. Diz que há demô-
nios 'ouvindo' a linha.
Obter uma informação não quer dizer que você tem aces-
so e isso pode não depender só de recursos, mas também
de pessoas. Então uma vez que você tenha uma informação
confidencial, como por exemplo saber que existe um vídeo
de acesso restrito de uma empresa que avista uma Fera da
Lua, talvez seja necessário convencer um dos seguranças
noturnos a mostrá-la para o grupo de investigadores.
O OCULTO E A TECNOLOGIA
INTERFERÊNCIA
Diversos seres ocultos interferiam com tecnologias antigas,
rádios, câmeras fotográficas e etc. Essas interferências não
se perdem, só mudam a forma como interagem com novas
tecnologias; no lugar do filme fotográfico queimado, foto-
grafias que nunca focam no lugar certo e saem borradas
todas as vezes podem ser interferência de um Espectro Ga-
soso, Wendigo, Pólipos Voadores ou Coisas-Morcego.
Celulares que sempre tocam e não há ninguém do
outro lado. Playlists infinitas com vídeos que não con-
seguimos tirar os olhos podem ser Yithianos ou A Cor.
Conexões de internet que sempre ficam ruins em deter-
minados horários ou e-mails que nunca chegam aos re-
 TEORIA DE JOGOS
metentes podem ser mecanismos de
defesa ou interferência desses seres.
A grande questão é justamente que não
há limites para esses seres, já que muitos deles simples-
mente se adaptam para fazer parte do nosso mundo, en-
quanto outros estão tão avançados e acostumados a ter
que lidar com a nossa tecnologia inferior que já estão
completamente mesclados com a nossa realidade.
ALGORITMOS E OUVIDOS EM TODOS OS CANTOS
Um dos problemas da atualidade é a quantidade de
rastros e informações que temos disponíveis na in-
ternet. É uma arma muito poderosa para qualquer
tipo de ser que deseja controlar a humanidade ou
atrair seguidores. Caso os traços virtuais dos inves-
tigadores não seja protegido isso pode comprometer
muito a segurança de todos envolvidos. Seja na for-
ma de uma postagem inocente que inclui suas infor-
mações ou um aplicativo de fotos que todos estão
usando, mas que grava suas conversas e localização.
Isso pode fazer com que os cultistas sempre estejam
a um passo dos investigadores, sem que eles saibam
o porquê.
Para que isso seja feito de forma justa, o Guardião deve
deixar pistas de que o uso da tecnologia está compro-
metendo a segurança dos investigadores. Do contrário
só faria com que os investigadores se sintam paranóicos
e irritados.
INVESTIGAÇÕES
Um dos elementos que merece mais atenção nessa reima-
ginação do jogo para os nossos tempos presentes é cer-
tamente as investigações e a sua interação com o mundo
moderno. Claro que a maioria das habilidades não sofrem
mudanças significativas; por exemplo no caso do uso de
Pilotagem significa que você sabe dirigir e pode resolver
rapidamente um problema de locomoção do grupo. Mas
obviamente existem motoristas de aplicativo, metrôs e
etc., e estas coisas devem contar como interação. É bem
provável que uma jogada de dados seja necessária caso os
investigadores se encontrem numa situação onde tenham
que entrar numa Barganha com um motorista para con-
vencê-lo a ir até um estranho terreno baldio onde foram
reportados diversos desaparecimentos ou colocar o pé na
tábua e queimar os sinais vermelhos enquanto levam um
companheiro para o hospital.
Obter informações, mesmo na internet, geralmente
vai passar pelas seguintes habilidades:
Manha seria usada para saber o fórum oculto onde se
vendem livros estranhos e esquecidos ou itens roubados
ligados à horrores enigmáticos.
Criptografia também servirá para identificar mensa-
gens escondidas nos códigos-fonte de sites e aplicativos.
E entender suas funções obscuras depois de um tempo.
Ocultismo e Mythos irão funcionar normalmente
mesmo que a sua habilidade seja reunir informações
num pequeno site e dividir ele com conspiradores afic-
cionados como você.
22
Rastro de Cthulhu
E obviamente Reparos Mecânicos e Reparos Elétricos
vão incluir coisas da atualidade, como computadores e
celulares.
MONSTROS BIZARROS E ANTIGOS
Existe uma infinidade de monstros que são facilmente
transportados para a atualidade. Há alguns poucos que
se destacam por algumas das diferenças entre a nossa rea-
lidade e o jogo, então acrescentamos aqui apenas os que
podem parecer mais peculiares no presente momento.
Muitas dessas informações abaixo foram feitas pensando
também na expansão de seres bizarros contidos no Cria-
turas Terríveis que também está no catálogo da editora.
YITHIANOS
Especialmente os agentes Yithianos vão ter uma ação
bem mais efetiva, já que a tecnologia atual é mais desen-
volvida. E essa é uma das melhores armas desses seres.
Suas engenhocas tecnológicas serão mais bizarras e eles
podem até transformar um sinal de satélite transmitido
para uma TV em uma ferramenta para tomar os corpos
dos telespectadores.
OS SHAN E O MINDFULNESS
Uma das grandes modas dos tempos atuais, na tentativa
de controlar a ansiedade e a cobrança contemporânea,
são os adeptos ao mindfullness e a meditação. Os Shan
cuja tecnologia funciona com meditação concentrada
(Rastro de Cthulhu pag. 150) podem se beneficiar mui-
 TEORIA DE JOGOS Rastro de Cthulhu

to disso. Assim como qualquer outro

tipo de magia mental.
Problemas atuais de stress, depressão e
etc podem estar relacionados com a Psicose Wendigo.

LUZ, TELAS E VISORES

Ameaças como A cor ou Caçadores Ultravioleta podem se
tornar um perigo real e abrangente em um mundo cheio
de telas e celulares conectados o tempo todo. Podem ser es-
palhadas silenciosamente pelo envio de um vídeo viral ou
por um feed de uma influenciadora famosa com milhões de
seguidores — mesmo que ela não tenha ciência disso.

INTELIGÊNCIAS ARTIFICIAIS E APRENDIZADO DE

MÁQUINA
O programa existe. E está embutido em seu código a liberda-
de para aprender de acordo com usuários, sem supervisão
ou seleção manual de temas. Se bots de notícias falsas já são
um problema atual, imaginem o quanto seria problemático
caso esses mesmos códigos estejam programados para atrair
curiosos para um site estranho, gerar desafios que levam os
usuários a postar fotos num local perigoso ou comer um fun-
go bizarro cheio de ‘sementes’ de Ser Ancestral. Cigarros ele-
trônicos com resquícios de Vapores Vampíricos ou pólipos
de diversas criaturas de origem vegetal, fúngica e afins. Ter a
possibilidade de disseminar informação mal intencionada é
uma arma poderosa e perigosa nos nossos dias.
Acho que já temos idéias o suficiente, não? Cuidado,
os rastros estão por toda parte.

23
DE MESTRE PARA MESTRE Multissistema

BEM X MAL

T
odos já passamos por momentos curiosos
ou estranhos quando tentamos interpre-
tar uma personagem. Traçamos seu pas-
sado em linhas gerais, pensamos na sua apa-
rência, elaboramos características psicológicas
gerais que servirão como guia na hora das to-
madas das decisões e tentamos dar o máximo de
profundidade àquela ficha bidimensional. Os
sistemas nos fornecem regras gerais para guiar
este conjunto de “coisinhas “ que reunimos com
tanto esmero, muitos fazem isso muito bem, ou-
tros deixam um tanto nas mãos dos jogadores/
narradores e um terceiro tipo restringe nossas
escolhas interpretativas com regras e mecânicas.

POR STEFANO " STIFA" AIRES

 DE MESTRE PARA MESTRE
Durante todo meu tempo de jogo,
uma das questões que sempre me in-
trigou muito, independente da regra era:
”mas o que faz um personagem ser bom ou mau”? Claro,
que sempre fazemos um paralelo a vida real, aí fica fácil
não é mesmo? Será? Os padrões de certo e errado, bem e
mal mudam ao longo do tempo. Moldados por costumes
sociais, religiões, tradições ou circunstâncias atípicas de
uma época: como pragas, fome ou guerras. As próprias
definições destas palavras tangem profundos debates fi-
losóficos e abrangem diversas áreas do saber. Longe de
mim tentar resolver questões milenares nessas poucas li-
nhas, o propósito aqui é dar uma visão simplista de como
abordar a interpretação e ação das personagens de uma
forma mais orgânica e fluida. O fato é que o bem e o mau
precisam ser aplicados em um contexto e nas próximas
linhas eu decidi quebrar esse contexto em tópicos para
tentar abordá-lo de forma um pouco mais objetiva dan-
do uma margem para discutir as ações das personagens
em jogo ou fora dele e dar maior coerência na forma que
mestres e jogadores lidam com as ações e com o curso da
história dentro do proposto para cada personagem.
MORALIDADE
Quando jogamos, na maioria dos sistemas, assumimos
o papel de nobres heróis e heroínas em busca de justiça,
glória ou riquezas. Uns têm motivos pessoais, outros são
verdadeiros arautos da bondade, realizando boas ações
sem nunca questionar. Raramente interpretamos vilões
ou personagens de ações questionáveis, em teoria. No
jogo esses dois espectros são quase sempre maniqueístas,
preto e branco, água e óleo. Se você ajuda alguém mau,
você é mau. Isso é particularmente verdade em sistemas
que usam alinhamentos baseados em mitologias cristãs.
Estes alinhamentos estão intimamente relacionados com
os valores sociais de um grupo específico e flexibilizados
dentro do cenário até certo ponto. E quando falamos de
valores, precisamos falar de Moral. O conceito por si só é
extremamente complexo, mas podemos simplificar para
um conjunto de regras de convívio, é a diferenciação de
intenções e decisões entre aquelas que são consideradas
próprias ou adequadas e as que são inadequadas.
Para explicar vamos utilizar um exemplo simples: “as-
sassinato é errado”. Quando olhamos para a nossa socie-
dade atual, este exemplo é absoluto e não tem discussão.
Dentro de jogo, no entanto, aplicamos isso desta forma?
Quantos saqueadores, capangas ou soldados inimigos
seu grupo já abateu? Quantas vezes o seu grupo atacou
primeiro? Quantos desses soldados se renderam após o
combate e quantos foram entregues às autoridades? Na
maioria das sociedades antigas ou universos distópicos,
conflitos eram resolvidos em combates mortais, seja por
defesa da honra, proteção ou cumprimento de ordens.
Onde está a linha? É importante tentar determinar em
conjunto com o grupo, no início da campanha a morali-
dade do cenário e das sociedades envolvidas.
Em diversos sistemas a moralidade de uma persona-
gem pode ser trabalhada com características como “san-
25
Multissistema
guinário”, “heroico”, “sádico”, “código de conduta” ou
“pacifismo”. Esperamos que uma personagem sangui-
nária seja brutal e impiedosa e que os seus inimigos se-
rão punidos com nada menos que o rigor da morte sem
possibilidade de perdão. Digamos que o jogador em
questão interprete isso bem e seja confrontado com um
inimigo indefeso, talvez uma criança ou um idoso ou só
alguém que não teve outra opção além de seguir aque-
le caminho. Sigamos adiante e suponhamos a persona-
gem o mate. Este personagem é mau? Muitas questões
podem ser levantadas a respeito do que o inimigo teria
feito, se era uma vingança justificável, etc. Mas será que
elas importam? O fato é que a linha moral deste perso-
nagem é diferente da que o jogador segue, e se dentro
do contexto aquilo faz algum sentido para o jogo, está
dentro da proposta e o grupo entende isso, então.. ok.
Vamos agora para o outro espectro, uma personagem
heróica é convocada para proteger uma vila que vem so-
frendo ataques sistemáticos e no meio do processo ela
descobre que os aldeões fazem sacrifícios humanos para
uma divindade X. Ela continua defendendo a vila pois
aquelas pessoas não podem se proteger e aquele é o seu
dever. Essa personagem é má? E se ela parar de proteger
a vila após descobrir tal fato, ela é boa? Se você conseguiu
responder estas perguntas de forma clara e objetiva é por-
que o contexto moral está definido mesmo que o sistema
de alinhamento e condutas no seu jogo não sejam claros.
Em sistemas onde a dualidade é grande e os alinhamen-
tos são restritivos essas escolhas e linhas a seguir são um
DE MESTRE PARA MESTRE
tanto mais claras, mas frequentemente é possível cair em
uma zona cinza. Uma de minhas personagens mais queri-
das era um ladino ninja treinado por ordens secretas com
códigos morais obscuros, mas era bondoso. Em um mo-
mento ele se viu em uma situação onde precisou se aliar
a demônios para que o ajudassem a deter uma divindade
maligna de invadir este plano. O acordo só era claro no
sentido que a personagem precisaria servir os lordes de-
mônios por um período, sem questionar. Segundo o sis-
tema, essa personagem se uniu a entidades do mau e por
isso ela seria má. Todas as magias do paladino detectariam
o mal no ladino. O paladino por obrigação de seus códigos
morais deveria detê-lo. Mas espere, ele estava tentando
salvar o mundo! Será que essa justificativa não é válida?
Conversando com o mestre decidimos que aquilo não era
uma atitude maldosa, mas sim um sacrifício e que se de-
pois ele viesse a cometer atos malignos em nome de seus
novos “chefes” ele deveria arcar com as consequências.
Essas consequências passam a ser os limites morais do seu
personagem e como dito antes o contexto é essencial para
determinar em quais atos elas serão aplicadas. Lembre-se
sempre que a moral da vida real pode ser completamente di-
ferente em jogo. Personagens longevos como elfos ou vam-
piros podem ter visões diferentes de moral daquela vigente
no cenário, seu apreço pelos vivos ou por valores munda-
nos é afetado diretamente pela sua existência. No entanto,
devem ser confrontados pela moral e regras de convívio do
cenário e lidar com os problemas resultantes disto.
26
Multissistema
LEGALIDADE
Um outro aspecto que muitas vezes é confundido com os
valores morais é a lei. Em cenários modernos muitas vezes
as leis são bem definidas e facilmente aplicáveis, em outros,
nem tanto. Aqui entramos em outro debate, nem tudo que
é moralmente certo é legalmente permitido. E nem tudo
que é permitido pelas leis é moralmente aceitável. Para o
nosso primeiro exemplo, imagine a seguinte situação: seu
grupo prendeu um capanga do vilão e ele se recusa a dar
informações. Quantos de vocês já estiveram em uma mesa
onde alguém sugeriu ou até mesmo foi em frente para ar-
rancar essas informações a força? Na maioria das socieda-
des modernas a tortura é ilegal e imoral independente do
que aquela pessoa tenha feito. Neste caso as personagens
precisam ser confrontadas tanto pela lei quanto pelo jugo
de seus pares. Já em cenários de espada e feitiçaria frequen-
temente somos apresentados a reinos escravistas, onde isso
é perfeitamente legal e normalizado. Personagens bondosos
ficariam imediatamente desconfortáveis com esta situação.
Em um exemplo mais brando, existem locais onde a ma-
gia é proibida. Se seu feiticeiro usasse uma cura mágica em
alguém ele seria mau? Certamente não, mas ele seria um
criminoso e seria perseguido por isso. A legalidade é repre-
sentada muitas vezes como ordem e caos e uma persona-
gem ordeira obedeceria às leis. Mas ela precisa fazer isso de
forma cega? Esta personagem não poderia tentar mudar as
leis? Tentar derrubar os tiranos e ajudar no surgimento de
uma sociedade onde leis seriam feitas de todos para todos?
As leis mudam, assim como a moral e embora muitas vezes
 DE MESTRE PARA MESTRE Multissistema

andem lado a lado, outrora elas serão O CAMINHO DAS PEDRAS □ O braço direito (filha/filho) do Imperador-Deus dis-
antagônicas, o que pode gerar conflito Muito foi dito e nada foi solucionado. A ideia aqui era am- cordou de suas ações autoritárias e opressoras e foi
entre personagens bondosos e ordeiros e pliar a capacidade de perceber as situações de dilema. Uma banido. Adeptos de sua linha de pensamento passa-
personagens bondosos e caóticos. Não hesite em criar pro- maneira simples de alinhar isso é conversar com o seu gru- ram a ser perseguidos e ostracizados com a força da
blemas consequentes de ações ilegais e dilemas morais para po explicando as leis e os valores morais do seu cenário. lei. Uma das personagens pode ser serva deste reino
o seu grupo, isso por vezes enriquecerá a história e o cresci- Faça uma lista do que é legal ou não e do que é considerado e o grupo se vê envolvido no conflito.
mento da interpretação no jogo. moralmente adequado no seu cenário, discuta com os seus □ As personagens são contratadas para suprimir um
jogadores no início da campanha e veja quais são as expec- grupo de rebeldes que está liberando escravos das
NEUTRALIDADE tativas deles. Essa conversa não só facilita seu rumo decisó- mãos do governo.
E aqui nós temos o “isentão”, aquela personagem que rio durante o jogo, como também evitará situações descon- □ O grupo é ordenado a proteger um político importan-
tanto faz. Que não toma um lado específico e frequen- fortáveis na mesa e temas que podem ofender ou machucar te. No processo descobrem que ele é autor de atos sór-
temente é entendida como alguém que pode fazer o que alguém. O intuito é divertir. Traçar linhas, limites e direções didos contra diversas pessoas e grupos minoritários.
quiser. Então... A neutralidade quase sempre passa por podem ajudar todo esse processo. Para facilitar a sua vida, □ As personagens investigam uma doença misteriosa e aca-
algum tipo de omissão, eu chamo de postura da Suíça seguem abaixo quatro ideias interessantes de dilemas entre bam encontrando uma possível cura que custará a vida
(nem tão neutra assim). Essa personagem tende a não se o bem e o mal para você explorar nos seus jogos: de uma centena de pessoas, mas poderá salvar milhões.
intrometer no conflito, preferindo que ele se resolva por
si e acatando o resultado. Muitas vezes essa decisão tem
um lado, o seu. Personagens neutras podem variar num
espectro de egoísmo e altruísmo. Ela pode decidir não
ajudar ninguém ou ajudar todo mundo independente do
lado. E isso também gera consequências. A inação pode
ser vista como um apoio velado ao lado mais forte e mui-
tas vezes acaba sendo, gerando uma série de conflitos
morais e éticos. Como ferramenta narrativa interessante,
esses personagens podem ser forçados a tomar uma deci-
são ou tentar uma via diplomática para o problema.
O personagem neutro é por natureza um sobreviven-
te e suas alianças vão variar de acordo com o que o be-
neficiará mais ou prejudicará menos.

27
CONTO Mouse Guard

UM CONTO DE
PRIMAVERA
E
ra primavera, e os dias e noites já estavam em harmonia. As noites de
inverno duravam mais do que os dias, mas na primavera, Sol e Lua divi-
diam o tempo igualmente.
Após a reunião do último inverno, a Guarda enviou vários dos seus através
dos Territórios para alertar à todos sobre seus resultados.
A partir dali, aumentariam o tamanho do plantio para que parte da colheita
pudesse ser estocada para o inverno. Conforme combinado com os represen-
tantes de cada uma das cidades e vilas dos territórios, parte do que colhessem e
produzissem seria enviado à Lockhaven para servir de provisões para quando
o frio e rigoroso inverno chegasse.

POR EDSON JUNIOR

 CONTO Mouse Guard

Para entregar o recado àqueles A neve ia aos poucos derretendo, e a luz do Sol que cada Uma rata esperta como ela sabia como driblar as dificul-
que não puderam vir, vários ratos da vez brilhava mais forte pintava a paisagem branca com as dades e escolher caminhos seguros através dos Territó-
Guarda saíram em missão, com uma car- cores vivas da natureza, florescendo um dia após o outro. rios. Uma ótima desbravadora e igualmente competente
ta que continha o selo de Lockhaven e a assinatura de Entretanto nem tudo eram flores. A primavera trazia ao caçadora, com uma grande habilidade em ler o clima,
Gwndolyn. povo dos Territórios muito trabalho e podia ser imprevisí- Connie era uma sobrevivente nata. E assim, com a velo-
Entre eles estava Connie, que viajaria sozinha até Do- vel às vezes. Seu início era marcado por nevascas, e confor- cidade da lebre à seu favor, a viagem até Copperwood
rigift e Gilpledge. Normalmente os ratos viajam em gru- me o clima ambiente esquentava, as chuvas começavam a foi tranquila e proveitosa. Lá, pode matar a saudade de
pos, mas ela já tinha experiência suficiente para fazer ficar cada vez mais frequentes. Enchentes devidas ao des- amigos antigos e descansar seu corpo e mente. Abaste-
esse tipo de missão sozinha, e também, a pequena rati- congelamento ou chuvas torrenciais não eram incomuns. ceu-se de mantimentos e deixou registrada a sua pre-
nha se virava melhor sozinha. Entretanto, não eram somente as reviravoltas no clima sença, para que a Guarda soubesse do progresso de sua
Connie, sabendo que a viagem seria longa, havia so- que preocupavam: Durante a primavera, os animais que missão, então partiu novamente.
licitado a ajuda de uma lebre, que tornaria parte da jor- hibernaram no inverno passado saem de seus covis fa- A lebre havia terminado sua parte do trabalho e par-
nada mais fácil. Apesar da personalidade forte, as lebres
mintos, enquanto outros procuram por seu par românti- tiria de volta para seu local de origem, então a jornada
eram valiosas aliadas. Havia um acordo simples: As le-
co, porque afinal de contas, não é essa a estação do amor? seguiria à pé a partir dali. Com a neve derretendo sob
bres carregavam os ratos através dos Territórios e o ra-
Mesmo sabendo disso tudo, Connie não se sentia inti- suas patas, seguia na direção sudoeste, em direção às
tos pagavam pelas viagens com comida. Gylham, como
midada. O mundo é assim e ela o admirava, não temia. Montanhas do Sul. O amanhecer trouxe um Sol forte e
se chama o leporídeo, iria levá-la até um assentamento
pouco depois de Copperwood, onde poderia encontrar
alguns amigos antigos e uma cama confortável para pas-
sar a noite.
Connie já tinha seus 27 anos e como Guarda de Pa-
trulha, já fazia missões importantes sozinha. A pequena
porém corajosa ratinha de pelos marrons fazia sua capa
esverdeada balançar através da floresta, montada em
uma lebre. Sua mentora Doris havia escolhido o verde
para simbolizar a ligação que Connie tinha com a natu-
reza. Por ser mais independente, corajosa e perceptiva,
sempre era escolhida para missões que envolviam lon-
gas viagens. Na natureza selvagem, se sentia em casa.

29
 CONTO
um céu limpo, anunciando um óti-
mo dia para se viajar, e ela não per-
deu tempo, partindo logo após um café
da manhã reforçado na Taverna do Velho Oswald, um
amigo de muito tempo atrás.
As primeiras horas do dia foram tranquilas e segui-
ram sem preocupações: Toda a natureza estava à favor
de Connie, ou pelo menos era nisso que acreditava. Con-
forme a tarde se aproximava entretanto, o céu começou
a se transformar e pesadas nuvens carregadas começa-
ram a lançar sombras por todos os lados e ameaçavam
derramar uma grande tempestade mais cedo ou mais
tarde. A jovem Guarda da Patrulha sabia que precisava
encontrar abrigo o mais rápido que pudesse, e então co-
locou-se a procurar. Quase uma hora depois conseguiu
encontrar um buraco aberto no tronco de uma árvore
antiga. Não era o mais confortável que poderia ter en-
contrado mas era seco e seguro, certamente serviria de
proteção durante a chuva que estava por vir.
Cansada após tanto procurar, Connie havia organiza-
do seu abrigo como podia, e usando um pouco de suas
habilidades de sobrevivência havia conseguido água
para matar a sede. Agora era só descansar e esperar a
chuva e o cansaço passarem. Não tardou e a brisa gela-
da que faz rodopiar folhas no ar anunciou que a chuva
havia chegado. Começou com apenas alguns pingos es-
paçados, distantes, num ritmo praticamente sincroniza-
do. Então a água que caía do céu se multiplicou expo-
nencialmente e o ritmo deu lugar à cacofonia furiosa de
uma tempestade, e Connie sabendo que nada poderia
fazer a não ser aguardar, pôs-se à dormir.
A primavera pode ser imprevisível às vezes, e para
o azar de nossa pequena rata de capa esverdeada, essa
noite lhe traria surpresas. O ninho havia sido abando-
nado algum tempo atrás, a árvore estava morrendo por
dentro, tornando seu tronco oco e esburacado, permi-
tindo que aos poucos a água fosse se infiltrando, até que
fosse completamente tomado por ela.
Connie acordou de madrugada sentindo sua capa
úmida e gelada, apenas alguns segundos antes de uma
grande corrente de água encontrar uma entrada naquele
tronco, através do ninho abandonado.
Por alguns segundos, tudo estava escuro, vertiginoso
e molhado. Ela não conseguia respirar e seu corpo gira-
va violentamente na enxurrada que a arrastava madru-
gada adentro. Suas patas pequenas tentavam se agarrar
a qualquer coisa que pudesse oferecer um pouco de es-
tabilidade para retomar o fôlego. Se ela não conseguisse
encontrar a superfície, em pouco tempo se afogaria.
Aos poucos foi tomada pelo desespero, seu único ins-
tinto era sobreviver, procurar uma saída para a superfí-
cie, sua jornada não poderia acabar ali. Era um membro
da Guarda e não desistiria, não depois que havia passado.
Não depois do último inverno, não depois de ter passado
pela traição de um dos seus, custando muito caro à todo
povo de Lockhaven, não depois de ter participado do fu-
neral de uma lenda viva da Guarda e ter presenciado o
cabeça quente de capa vermelha desistir.
30
Mouse Guard
“Diante dos maiores problemas, encontre a calma em
seu coração e você irá encontrar a resposta.”, Era o que
Doris sempre dizia em seu treinamento, e essa frase foi
dita e repetida por tantas vezes, em tantas situações que
Connie aprendeu a crer nisso, como se as palavras de
sua mentora houvessem sido escritas em seu coração. E
então, a calmaria veio. Não na noite chuvosa, pois essa
ainda castigava os Territórios sem misericórdia, mas em
seu coração. Ela ouvia os trovões ribombarem no céu, e
então abriu os olhos, procurando se orientar através dos
pequenos momentos tomados pela luz que os relâmpa-
gos deixavam no ambiente, até conseguir se nortear em
meio àquela imensidão de água e alcançar a superfície
em tempo suficiente para não se afogar.
Com a cabeça fora d’água e o ar entrando em suas ven-
tas, finalmente retomara controle de si e agora tentava
se agarrar à vegetação próxima.
Na primeira vez, foi por pouco. Na segunda, a planta
era frágil e não aguentou o peso dela junto da força da
água. Na terceira, no que parecia ser um grande galho
tombado, suas unhas chegaram a arranhar a casca, mas
não alcançaram à tempo o seu possível salvador. Entre-
tanto, em um movimento muito arriscado, Connie usou
toda a sua força e determinação agarrou com suas patas
traseiras um ramo que estava preso nesse galho, e no que
talvez tenha sido o destino intervindo, a nossa corajosa
aventureira conseguiu se agarrar, rapidamente subindo
no galho, que era grande o suficiente para aguentar seu
peso e oferecer alguma estabilidade.
CONTO Mouse Guard

Sentindo-se segura, Connie chorou em meio à escu-

ridão da noite, agarrada em um tronco que seguia com
a enxurrada, sabe-se lá até onde. Ela não havia desisti-
do, porém precisava deixar aquela angústia que tomava
conta de seu peito, vazar por seus delicados olhos.
Retomando o foco, ela então procurou orientar-se e
entre o clarão de um relâmpago e outro, encontrou uma
árvore de raízes altas e tronco largo, com uma copa vasta
e cheia de folhas que floresciam com na primavera. Lem-
brando-se do que havia aprendido sobre barcos alguns
anos atrás numa missão em Porto Sumac, ela manobrou
como pode o tronco, esperando fazê-lo chocar-se com a
árvore ou ao menos passar perto suficiente para que ela
alcançasse alguma de suas grandes raízes.
O conhecimento se mostrou mais do que útil quando
ela conseguiu alcançar a árvore, gastando suas últimas
forças para subir em seu tronco e se abrigar em uma ra-
chadura causada por um galho quebrado. Enfim, estava
segura. Quase sem nenhuma disposição e ferida, Con-
nie entregou-se ao cansaço e dormiu ali mesmo, quase
em pé, apertada e com frio, mas segura.
A chuva se arrastou pela madrugada e só cedeu próxi-
mo ao amanhecer. O Sol abriu caminho por entre as nu-
vens carregadas e o vento forte levou a tempestade para
além dos Territórios. Quando Connie acordou, o Sol já
estava alto e um calor que tentava desmentir qualquer
um que dissesse que choveu durante toda noite anterior
tomava conta daquele novo dia.
Ainda com dores no corpo, ela agradeceu por estar

31
 CONTO
viva. Desceu cuidadosamente o tron-
co da árvore, bebeu água de uma poça
que havia se formado entre as raízes da ár-
vore e caminhou em busca de comida. Não muito longe
dali, encontrou alimento e então se sentindo melhor pro-
curou descobrir onde se encontrava. Após várias horas
desbravando aquele terreno, encontrou-se à nordeste de
Gilpledge, e de cima de uma árvore já conseguia avistar a
montanha onde o pequeno vilarejo se encontrava.
Sem a carta com o selo da Guarda e assinatura de
Gwndolyn, ela teria de contar com sua posição, sua
capa e com o apoio moral de Delvan, o mestre artesão
que havia lhe ensinado como trabalhar a cerâmica há
vários invernos atrás. Não seria uma tarefa fácil conven-
cê-los a coletar ainda mais argila para transformarem
em cerâmica, que seria usada na armazenagem de grãos
em Lockhaven. Mas se nem uma furiosa tempestade de
primavera não havia detido a nossa brava Connie, não
seria a cabeça dura de alguns ratos que iriam impedi-la
de alcançar seu objetivo.
Ao entardecer daquele dia, ela rapidamente encon-
trou abrigo em uma brecha entre algumas rochas que
haviam descido da montanha em algum momento eras
atrás. Eram altas e grandes o suficiente para que tem-
pestade nenhuma conseguisse importuná-las. Com o
auxílio de alguns gravetos e grama macia, havia impro-
visado uma cama surpreendentemente confortável, e se
alimentando de sementes que encontrara pelo caminho,
encontrou descanso mais uma vez.
Mouse Guard
Nessa noite a natureza foi gentil com a pequena Guar-
da de Patrulha, e ela pode dormir e descansar tranquila-
mente, sonhar até. Sonhar com seus amigos em Lockha-
ven, com a família em Shaleburrow e com sua amada
Mentora, que havia se juntado ao Salão dos Grandes
Guardiões durante a batalha contra o exército de Mid-
night.
E com o coração aquecido com as lembranças e o cor-
po descansado dos últimos eventos que quase lhe custa-
ram a vida, Connie acordara presenteada por um lindo
nascer do Sol, que fazia uma festa de cores no céu, en-
quanto pássaros voavam alto em direção ao horizonte.
Acreditava que a partir de agora tudo iria bem, saindo
cedo e seguindo pelo campo de Dentes-de-leão estaria
em Gilpledge antes do Sol se por. De lá até Dorigift era
uma viagem tranquila, circundando a base da monta-
nha e tomando cuidado para não se aproximar do ter-
ritório dos texugos. Mas isso tudo eram coisas para se
preocupar outrora. Ali agora, era um novo amanhecer,
um novo dia, como uma nova vida para Connie, e ela se
sentia bem. E então, com o canto dos pássaros vindo de
alguma árvore próxima, retomou viagem.
Várias horas depois, o pôr do Sol no horizonte a sua
frente dava as boas-vindas ao vilarejo engenhosamente
construído em uma grande árvore. Com um sorriso no
rosto, alívio no peito e muita coisa para contar, Connie
havia chegado ao seu destino.
32
 FERRAMENTAS DE MESTRE Savage Worlds

PONDO AS
CARTAS NA MESA

O
Savage Worlds é bastante conhecido por suas
mecânicas que criam aventuras Rápidas, Di-
vertidas e Furiosas! Mas uma outra caracte-
rística também muito importante de suas mecânicas
que às vezes passa de forma sutil é sua capacidade
de gerar elementos de aleatoriedade que contribuem
para incrementar a experiência e narrativa, sem nun-
ca prejudicar a fluidez, ao mesmo tempo, dando aos
jogadores maior agência de suas personagens e al-
gum controle sobre o decorrer dos eventos dentro do
jogo.

POR YON JUSTINO

 FERRAMENTAS DE MESTRE
E nada representa melhor estes
elementos de aleatoriedade do que
os baralhos de cartas que podem ser
usados no sistema: As Cartas de Ação são uma par-
te praticamente indispensável do sistema; as Cartas
de Aventura são opcionais, mas geram reviravol-
tas narrativas tão interessantes que as tornam ex-
tremamente atrativas em qualquer mesa; o Baralho
de Estados e o Baralho de Poderes são acessórios
que facilitam o controle e agilizam certos elementos
dentro do jogo.
Mas como dizem os Rippers, “vamos por partes!”
LUZ, CÂMERA, CARTAS E AÇÃO!
As Cartas de Ação são talvez o baralho mais presente
no jogo. Este baralho tradicional com suas Copas, Paus,
Ases, Reis e Curingas é usado principalmente no ino-
vador e extremamente eletrizante sistema de iniciativa
do Savage Worlds, que, diferente de outros sistemas
mais clássicos e tradicionais, é inteiramente baseado
na aleatoriedade do saque das cartas a cada rodada,
gerando uma maior fluidez, velocidade e rotativida-
de da ordem de ação das personagens, mas que ainda
assim consegue favorecer ou dificultar as coisas para
aqueles com certas Vantagens, e ainda possui um emo-
cionante mecanismo de premiação quando o selvagem
Curinga é sacado – o que com certeza deve gerar gritos
de euforia em mesa quando um deles cai nas mãos de
um dos jogadores.
Além de serem usadas na iniciativa, Cartas de Ação
também são uma parte importante de outras regras de
ambientação, mini-sistemas e mecânicas presentes no Sa-
vage Worlds, como as regras de Perseguição, Interlúdios
ou Encontros. É muito fácil para os mestres usarem este
baralho sempre que precisarem gerar quaisquer elemen-
tos aleatórios dentro do jogo, até mesmo no improviso.
Exemplo: Cintia está narrando uma campanha de sobrevi-
vência num cenário nuclear pós-apocalíptico. Seus jogadores,
após uma viagem pelas areias da vastidão radioativa, decidem
explorar uma pequena vila abandonada que ela havia descrito
à distância. Como não preparou a vila previamente ela decide
que ao chegarem lá ela conduzirá um Interlúdio.
Ela então pede que cada um dos seus três jogadores sa-
que uma carta do Baralho de Ação para determinar o que
acontece. As carta são um 10 de Copas, um Ás de Espadas
e um 2 de Paus. Cada naipe oferece três opções de interlú-
dios para os jogadores escolherem e contarem uma história
do ponto de vista de suas personagens. Assim, um deles
passa um tempo praticando tiro em latas velhas enquanto
o outro fala sobre os chacais mutantes que eles combate-
ram no caminho, e logo em seguida o terceiro revela aos
seus companheiros seu segredo mais sombrio. Ao fim do
interlúdio, Cintia recompensa todos os seus jogadores com
um Bene cada um por participarem.
Cintia também poderia ter usado as Cartas de Ação para
gerar algum encontro aleatório na vila, usando os naipes
para determinar o que as personagens encontram: Inimi-
gos numa carta de Espadas (“salteadores do deserto”), per-
34
Savage Worlds
sonagens não jogadores com Copas (“uma família nômade
de ciganos mutantes”), algo de valor num naipe de Ouros
(“um depósito escondido com água, comida e ARMAS”),
ou algum obstáculo a ser vencido com uma cartas de Paus
(“essa ravina não estava aqui antes”).
“ VOCÊ CAIU NA MINHA CARTA
ARMADILHA”
Outro baralho que, quando usado na mesa, acrescenta
todo um novo sabor aos jogos de Savage Worlds é o Bara-
lho de Aventura. Estas cartas possuem cada uma imagens
específicas e títulos marcantes como “LÁ VEM A CAVA-
LARIA” ou “VESTIDA PARA MATAR”. Elas são usadas
apenas pelos jogadores e mantidas em segredo para o
mestre, podendo ser lançadas a qualquer momento para
gerar efeitos especiais relacionados a cada uma delas –
geralmente com grande impacto na mesa. Isto gera den-
tro do jogo um elemento selvagem e aleatório que pode
causar reviravoltas emocionantes dentro da narrativa, fa-
zendo, de forma muito divertida, com que os mestres se-
 FERRAMENTAS DE MESTRE
jam criativos e forçados a improvisar
e se adaptarem a coisas que acontecem
fora de seus planos dentro da aventura.
Isto faz com que os jogadores tenham um forma direta de
influenciar a narrativa dentro do jogo, seja convocando
aliados na Hora H, encontrando um artefato poderoso,
ignorando ferimentos completamente, recebendo uma
pista importante, causando mais dano em um oponente
mortal, dentre muitas outras possibilidades – SE tiverem
a sorte de sacar as cartas certas!
Cartas de Aventura também podem ser usadas como
uma forma de recompensa e premiação dentro do jogo
junto dos Benes e das Progressões. O mestre poderia,
por exemplo, premiar um Interlúdio com uma Carta de
Aventura, ou quem sabe, adicioná-las ao ganho de Con-
vicção em momentos de triunfo e tragédia.
Exemplo: Cintia pretendia que, quando seus jogadores
chegassem a vila abandonada no meio da desolação radioati-
va, suas personagens fossem atacadas em uma emboscada por
um grupo de outros sobreviventes desesperados e famintos.
Savage Worlds
E isto é exatamente o que acontece assim que eles pas- nagem está Abalada, Distraída, Vulnerável, Enredada,
sam pelas casas abandonadas. Presa, Esperando, Mirando ou Defendendo. Basta ver
Vendo que a maioria dos seus companheiros está fraca suas cartas. Isto torna o jogo ainda mais fluído, e portan-
e gravemente ferida, e eles estão em menor número, o que to ainda mais rápido, divertido e furioso – afinal, esta-
provavelmente resultaria neles sendo massacrados, Da- mos falando de Savage Worlds!
niel, um dos jogadores lança a sua Carta de Aventura que Em aventuras e campanhas que envolvam magia, po-
esteve guardando até o momento – uma “PAROLA”, que deres psíquicos, superpoderes ou outros tipos de pode-
obriga todos as personagens a pararem de lutar imediata- res sobrenaturais, o Baralho de Poderes torna-se uma
mente e ouvir o que o herói ou heroína tem a dizer por pelo
mão na roda praticamente indispensável para o mestre
menos 30 segundos.
e jogadores, facilitando a consulta e o acesso aos pode-
Agora Cintia vai ter de mudar completamente seus pla-
res possuídos pelas personagens.
nos diante da paz recém conquistada por uma argumen-
Cada carta descreve um dos poderes do sistema, com
tação particularmente convincente e uma rolagem de Per-
todas as informações relevantes como custo, alcance,
suadir cheia de Ases por parte da personagem de Daniel!
Quem sabe ela agora deve tirar da manga o bom e velho “o duração, efeitos e modificadores. Isso agiliza ainda mais
inimigo do meu inimigo...” o jogo e elimina a necessidade de parar para ficar con-
sultando os detalhes de uma determinada magia ou mi-
ESTADOS E PODERES lagre, já que o jogador ou jogadora terá em suas mãos as
Com a chegada da Edição de Aventura do Savage cartas relativas aos poderes do seu herói ou heroína, não
Worlds, outros dois baralhos se juntaram a família: O precisando se preocupar com poderes que não possui.
Baralho de Estados e o Baralho de Poderes.
O Baralho de Estados facilita bastante o controle e ma-
nutenção das diversas condições e estados que podem
afetar as personagens dentro do jogo, apenas com o au-
xílio visual das cartas junto a sua Ficha de Personagem.
Estas cartas podem mostrar quantos Ferimentos, e
também quanto de penalidade, uma personagem está
sofrendo. Da mesma forma servem para controlar o
quanto de Fadiga a aflige. É fácil saber se uma perso-
35
 FERRAMENTAS DE MESTRE
ROYAL STRAIGHT FLUSH
Os baralhos oferecem inúmeras opor-
tunidades para deixar seus jogos ainda
mais rápidos, divertidos e furiosos! Melhorando enor-
memente a experiência de jogo.
As possibilidades são tantas quanto as combinações
possíveis em uma partida de pôquer.
Como mencionado, a aleatoriedade gerada pelas Cartas
de Ação e do Baralho de Aventura, testa e estimula a criati-
vidade, capacidade de improvisação e adaptação do mestre.
Permitindo que aqueles com abertura e flexibilidade para
essa possibilidade se aprimorem bastante como narradores.
Aceitar toda essa fluidez e situações inesperadas tornam
qualquer aventura muito mais emocionante do que foi pre-
viamente planejado pelo mestre ou esteja sendo esperado
pelos jogadores. Ter de lidar na hora com esses elementos
aleatórios que simplesmente surgem sem aviso, podem
transformar completamente os rumos de uma determinada
cena, criando uma campanha viva e orgânica que cresce e se
desenvolve de forma espontânea e emocionante.
Afinal, o que se deve fazer quando seu grande vilão
é o último a agir na rodada, duas das personagens dos
jogadores tem Curingas e um deles coloca na mesa uma
carta que obriga o chefão a fazer um monólogo e contar
seu grande plano de dominação mundial?
Quais serão os novos rumos da campanha agora que
os heróis, graças às Cartas de Aventura, em uma única
sessão, conseguiram um patrono poderoso, um exército
aliado e um novo e inesperado inimigo mortal?
Savage Worlds
Você ainda pode inventar suas próprias regras e for-
mas de usar as cartas na sua mesa:
□ Que tal ao invés de serem entregues no início de cada
sessão, as Cartas de Aventura serem recebidas quando
um Curinga Selvagem é sacado, assim como os Benes?
□ Que tal as Cartas de Aventura serem puxadas, mas tam-
bém não serem vistas pelos jogadores até serem usadas?
O quão emocionante, imprevisível e selvagem isso seria?
□ E se ao invés de escolher seus poderes, os jogadores
os ganharem aleatoriamente sacando do Baralho de
Poderes? Talvez no seu cenário uma droga sintética
forneça superpoderes aleatórios por alguns minutos.
□ E se em seu cenário toda vez que alguém usa um poder,
a personagem sofre de um efeito secundário debilitante
representado por uma Carta de Estado puxada aleato-
riamente pelo jogador ou jogadora? “Depois de lançar
aquela bola de fogo naqueles goblins, era de se esperar
que a nossa feiticeira ficasse um pouco cansada”.
□ Que tal no início do combate cada jogador e o mes-
tre puxarem uma mão de Cartas de Ação e poderem
escolher a cada rodada qual desejam usar? Criando
um verdadeiro jogo de cartas pela iniciativa.
As cartas são mais um dos elementos que tornam a ex-
periência de se jogar RPG com o sistema Savage Worlds
ainda mais única e marcante.
Então, faça suas apostas, ponha as cartas na mesa, e
vamos ver o resultado!
Quem sabe no topo desta pilha de cartas não esteja
um Curinga esperando para sorrir para você!
36
ROLANDO OS DADOS Hora de Aventura

ARSENAL
MATEMÁTICO
PARTE II
O
s itens mágicos que aparecem no desenho Hora de Aven-
tura geralmente carregam uma história, e é reservado
um espaço especial durante os episódios para que eles
possam ser um pouco mais conhecidos pelo público, apesar de
muitos continuarem cercados de mistério. Mais do que uma lista
de itens para serem colocados em jogo, cada um dos itens pode
ser visto como uma semente para aventuras, como um motiva-
dor para ação do grupo de heróis.
Entregar um item mágico com um poder específico para o jo-
gador é uma maneira de sugerir como os conflitos podem ser re-
solvidos. Se um personagem ganhar o anel de invisibilidade, ele
pode ficar propenso a tentar resolver problemas desaparecendo
das vistas dos adversários. Se ele tivesse em sua posse o Martelo
de Borracha, a linha de pensamento provavelmente poderia ser
bem diferente na hora de tentar resolver um conflito.

POR FÁBIO MEDEIROS

 ROLANDO OS DADOS Hora de Aventura

Quando pensar em colocar um Mesmo que a personagem tenha dois, três, quatro ou ONDE? O QUE?
item mágico em jogo, leve em conside- mais braços, somente um item desse tipo poderá ser Arcos, Tiaras, Máscaras, Capacetes, El-
ração a quem pertenciam, ou quem criou vestido e utilizado por vez. Se ele colocar mais de um Cabeça
mos, Chapéus.
o item. Isto pode ajudar a criar um momento adequado reservado ao mesmo espaço, só funcionará o primeiro Amuletos, Colares, Cintos, Roupas, Ca-
na aventura para a aparição do item, fazendo com que que ele “vestiu”. Corpo
pas, Armaduras
os jogadores precisem solucionar um problema antes de Os itens que ficam na Mochila não estão ativos até o Braço Anéis, Braceletes, Escudos, Luvas
recebê-lo como recompensa, ou o item pode ser entre- jogador pegar e acioná-los, e para isso geralmente en- Mão Armas, Cajados, Varinhas, Instrumentos
gue também junto com uma demanda, uma missão a ser volve largar os itens que estão na mão. Segue a lista de Perna Calçados, Calças
cumprida. lugares do corpo em que os personagens podem utilizar Itens variados que geralmente ficam guar-
Durante a criação do personagem em Hora de os itens mágicos. Mochila
dados e são acionados esporadicamente.
Aventura RPG, cada jogador escolhe três equipa-
mentos que podem ajudar nos testes de algum atri-
buto, são itens comuns que podem auxiliar na reso-
lução de tarefas relacionadas. Já os itens desta tabela
são em geral mais fortes que um item comum, en-
tão deve ser levado em consideração um limite para
cada jogador. Como padrão é sugerido que eles não
sejam escolhidos pelos jogadores assim que o per-
sonagem foi construído, mas que sejam adquiridos
durante as aventuras, em virtude de suas ações e
experiências.
Além disso, como regra opcional, foi criado um sis-
tema de controle com relação a quantidade de itens
mágicos que podem ser utilizados. Desta forma os
itens são limitados de acordo com a parte do corpo
que eles ocupam. Para cada parte do corpo sugere-se
que o personagem tenha somente um item. Por exem-
plo, cada personagem só pode ter um item mágico a
ser utilizado no braço: anéis, braceletes ou escudos.

38
 ROLANDO OS DADOS Hora de Aventura

A lista a seguir tem 40 itens mági- #1 ANEL DA INVISIBILIDADE

19 Armadilha móvel
cos variados que podem servir para in- □ Onde usar: Braço
20 Chicote do Estalo □ Poder: Usuário se torna invisível
crementar as histórias no Mundo de OOO.
21 Chicote da Defesa □ Efeito Secundário: Cada vez que usa provoca o es-
# ITEM 22 Armadura Sabida quecimento de algo comum.

1 Anel da Invisibilidade 23 Martelo de Borracha #2 ANEL DA EMPATIA

2 Anel da Empatia 24 Violão Resistente □ Onde usar: Braço
25 Flauta Encantadora □ Poder: Usuário sente o mesmo que a pessoa com
3 Cajado de Extremo Poder
quem está interagindo
4 Cetro do Jardim 26 Capa do Herói □ Efeito Segundário: Muda de cor para demonstrar o
5 Varinha da Ilusão Independente 27 Chapéu Chocante sentimento do usuário
6 Bota Estilosa 28 Espada da Forma Cruzada
#3 CAJADO DE EXTREMO PODER
7 Tiara da Princesa 29 Gancho □ Onde usar: Mão
8 Colar do Augúrio Vago 30 Pó-de-Voar □ Poder: Gera luz como uma tocha.
□ Efeito Secundário: Num momento de dificuldade, o caja-
9 Cinto de Ferramentas 31 Bracelete do Metamorfo
do pode salvar o usuário. Às vezes funciona, às vezes não.
10 Poção do Crescimento 32 Tesoura
11 Pergaminho do Caminho 33 Agulha e Linha #4 CETRO DO JARDIM
□ Onde usar: Mão
12 Calças em Dobro 34 Cartola
□ Poder: Quando fincado no chão faz brotar flores em
13 Espada do Sol 35 Espada de Ossos toda a sua volta.
14 Escudo da Lua 36 Mochila Essencial □ Efeito Secundário: As pessoas que o utilizam costu-
mam ter flores brotando por todo o seu corpo
15 Máscara do Herói 37 Sapato dos pés ligeiros
16 Elmo das Cores 38 Bola do Spoiler #5 VARINHA DA ILUSÃO INDEPENDENTE
17 Bracelete do Controle do Tempo 39 Apito da Discórdia □ Onde usar: Mão
□ Poder: Cria um efeito visual e sonoro que dura um
18 Tapete Limpinho 40 Lâmpada Mágica
minuto.

39
 ROLANDO OS DADOS Hora de Aventura

□ Efeito Secundário: O usuário #10 POÇÃO DO CRESCIMENTO #15 MÁSCARA DO HERÓI

descreve o que quer, mas uma vez □ Onde usar: Mochila □ Onde usar: Cabeça
criada, não tem controle sobre a ilusão. □ Poder: Toma um gole para crescer o tamanho. □ Poder: +1 Esperteza
□ Efeito Secundário: Toma dois goles para diminuir o □ Efeito Secundário: Ninguém reconhece quem está
#6 BOTA ESTILOSA tamanho. Uma poção tem 21 goles. usando.
□ Onde usar: Perna
□ Poder: +1 Maneirice e Falastrice #11 PERGAMINHO DO CAMINHO #16 ELMO DAS CORES
□ Efeito Secundário: Não faz barulho ao caminhar. □ Onde usar: Mochila
□ Onde usar: Cabeça
Brilha sempre que entra a primeira vez numa sala. □ Poder: Mostra o caminho que o usuário toma en-
□ Poder: +1 Cachola
quanto está segurando aberto.
□ Efeito Secundário: Apaga toda a informação se en- □ Efeito Secundário: Muda de cor para combinar com
#7 TIARA DA PRINCESA
rolar o pergaminho novamente a roupa do usuário.
□ Onde usar: Cabeça
□ Poder: Cria um quarto confortável na hora de dor-
#12 CALÇAS EM DOBRO #17 BRACELETE DO CONTROLE DO TEMPO
mir. O quarto desaparece logo após o nascer do sol.
□ Onde usar: Perna □ Onde usar: Braço
□ Efeito Secundário: Se o usuário não acordar e se
□ Poder: +1 Esperteza □ Poder: +1 Esperteza
olhar no espelho do quarto ao nascer do sol, a tiara
□ Efeito Secundário: Uma vez por dia a calça cria uma □ Efeito Secundário: Ao olhar para ele o usuário sabe
não funciona mais com ele.
duplicata sua, que faz os mesmos movimentos, mas quanto tempo falta para o sol se pôr.
em outra direção.
#8 COLAR DO AUGÚRIO VAGO
□ Onde usar: Corpo #13 ESPADA DO SOL
□ Poder: O usuário sempre sonha quando dorme □ Onde usar: Mão
□ Efeito Secundário: O sonho nunca vai acontecer de □ Poder: +1 Confusão
verdade. □ Efeito Secundário: Fica quente sempre que está sob
a luz do sol
#9 CINTO DE FERRAMENTAS
□ Onde Usar: Corpo #14 ESCUDO DA LUA
□ Poder: +1 Jeitinho □ Onde usar: Braço
□ Efeito Secundário: Acesso a um item pequeno da □ Poder: +1 Contatos e Esperteza
sua casa por dia. □ Efeito Secundário: Só funciona durante a noite

40
 ROLANDO OS DADOS Hora de Aventura

#18 TAPETE LIMPINHO #20 CHICOTE DO ESTALO #22 ARMADURA SABIDA

□ Onde usar: mochila □ Onde usar: Mão □ Onde usar: Corpo
□ Poder: +1 Esperteza
□ Poder: +1 Maneirice □ Poder: +1 Maneirice
□ Efeito Secundário: O personagem pode fazer os tes-
□ Efeito Secundário: Deixa um personagem Impres- tes para se armar com esperteza no lugar de Jeitinho
□ Efeito Secundário: Todo mundo que pisar nele fica
sionado e de atacar com esperteza no lugar de Confusão.
livre de qualquer sujeira.

#21 CHICOTE DA DEFESA #23 MARTELO DE BORRACHA

#19 ARMADILHA MÓVEL □ Onde usar: Mão
□ Onde usar: mão
□ Onde usar: Mochila □ Poder: +1 Músculos
□ Poder: +1 Músculos
□ Efeito Secundário: O martelo bate no alvo e volta para
□ Poder: +1 Contatos □ Efeito Secundário: Se você usar o chicote como uma a mão do usuário e o usuário é imune a relâmpagos.
□ Efeito Secundário: Imobiliza um personagem que reação, elimina uma condição causada naquele mo-
só poderá sair se falar o seu próprio nome. mento. #24 VIOLÃO RESISTENTE
□ Onde usar: Mão
□ Poder: +1 Falastrice e Maneirice
□ Efeito Secundário: Permite usar Maneirice no lugar
de Confusão para ataques com o violão

#25 FLAUTA ENCANTADORA

□ Onde usar: Mão
□ Poder: +1 Teimosia
□ Efeito Secundário: Enfeitiça insetos que ouvirem
uma bonita canção.

#26 CAPA DO HERÓI

□ Onde usar: Corpo
□ Poder: Flutuar, Ignora reduções de movimento
□ Efeito Secundário: A Capa do Herói está sempre
balançando como se estivesse ventando.

41
 ROLANDO OS DADOS Hora de Aventura

#27 CHAPÉU CHOCANTE #32 TESOURA #37 SAPATO DOS PÉS LIGEIROS
□ Onde usar: Cabeça □ Onde usar: Mão □ Onde usar: perna
□ Poder: Lança raios que deixam o □ Poder: Portal □ Poder: +1 Maneirice, +1 Falastrice
alvo Aturdido □ Efeito Secundário: Abre um portal para outra di- □ Efeito Secundário: O barulho dos seus passos é
□ Efeito Secundário: O chapéu funciona como um mensão sempre no ritmo de uma música.
pára-raios.
#33 AGULHA E LINHA #38 BOLA DO SPOILER
#28 ESPADA DA FORMA CRUZADA □ Onde usar: mochila □ Onde usar: Mochila
□ Onde usar: Mão □ Poder: Fecha portais para outras dimensões □ Poder: +1 Esperteza
□ Poder: +1 Músculos □ Efeito Secundário: Você pode usar para costurar te- □ Efeito Secundário: O usuário pode ver dentro da
□ Efeito Secundário: Permite usar Músculos no lugar cidos rasgados.
bola o desfecho ou consequência da ação que já está
de Confusão para ataques com a espada.
sendo executada.
#34 CARTOLA
#29 GANCHO □ Onde usar: Cabeça
□ Onde usar: Mão □ Poder: +1 Maneirice
□ Poder: +1 Maneirice □ Efeito Secundário: Sua roupa é alterada para sem-
□ Efeito Secundário: O usuário tem muito prestígio pre estar vestido apropriadamente para a ocasião
entre piratas.
#35 ESPADA DE OSSOS
#30 PÓ-DE-VOAR □ Onde usar: Mão
□ Onde usar: Mochila □ Poder: +1 Teimosia
□ Poder: Usuário pode voar por uma cena □ Efeito Secundário: +1 para interações contra mor-
□ Efeito Secundário:Um saquinho permite 5 usos. tos-vivos, mas mortos-vivos odeiam quem usa essa
espada.
#31 BRACELETE DO METAMORFO
□ Onde usar: Braço #36 MOCHILA ESSENCIAL
□ Poder: Transformação, só funciona no próprio usuário. □ Onde usar: Mochila
□ Efeito Secundário: Cada bracelete tem uma lista □ Poder: +1 Jeitinho
pré-definida de criaturas ou objetos que o usuário □ Efeito Secundário: Uma vez por dia você pode tirar da
pode se transformar. mochila um item normal indispensável para a situação.

42
 ROLANDO OS DADOS
#39 APITO DA DISCÓRDIA
□ Onde usar: Mochila
□ Poder: +1 Teimosia
□ Efeito Secundário: Quem ouviu o apito fala o opos-
to do que pretende durante a cena inteira.
#40 LÂMPADA MÁGICA
□ Onde usar: Mochila
□ Poder: +1 Cachola
□ Efeito Secundário: Quando for utilizada para um
teste de Cachola, se for bem sucedido, o persona-
gem recebe um sucesso magnífico a mais.
EFEITO INESPERADO
Como uma forma de criar mais situações interessantes
que limitam o uso dos itens mágicos, é possível determi-
nar diferentes interações entre itens que são utilizados
simultaneamente. As energias mágicas que se entrela-
çam acabam provocando perturbações com potencial
de gerar caos e momentos épicos inesperados. Caso um
único personagem tenha três ou mais itens ativos simul-
taneamente em sua posse, um efeito adverso acaba sen-
do desencadeado.
Segue a seguir uma tabela com possíveis resultados
para uma interação entre itens mágicos. Você pode
utilizar estes efeitos como sugestões para a sua des-
crição, ou role 2d6 na tabela abaixo para saber o que
acontece.
Hora de Aventura
nito estão presentes em muitas das tramas do universo
#2D6 EFEITO INESPERADO
cinematográfico Marvel. As jóias formam um conjunto
Energia mágica gera uma explosão - Os per- de itens, que vão somando suas forças, em Harry Potter
sonagens na área precisam fazer um teste de existem as relíquias da morte: a Varinha das Varinhas,
2
esquiva para não sofrerem uma condição ad- a Capa da Invisibilidade e a Pedra da Ressurreição que
versa definida pelo narrador.
também tem essa característica. Juntar itens para ter re-
Mudanças físicas no personagem - O portador
sultados maiores é uma boa forma de criar motivações
dos itens sofre uma mudança por definição do
3e4 para um campanha mais longa, com desfechos épicos.
mestre (exemplos: sua barba cresce, aumenta
Escolha seus itens e utilize para gerar histórias inesque-
sua altura, muda de cor).
cíveis!
Mudanças físicas no alvo - O alvo do efeito
mágico sofre uma mudança por definição do
5
mestre (exemplos: muda de sexo, sua barba
cresce, aumenta sua altura, muda de cor).
Efeitos visuais e sonoros - Fogos de artifí-
6 a 8 cio, barulhos muito altos, faíscas inofensivas
ocorrem em volta do personagem e dos itens.
Mudanças no ambiente - uma cachoeira, um
incêndio, as pedras viram geléia, uma tem-
9
pestade com raios se forma no local, o resul-
tado específico é definido pelo mestre.
O poder utilizado gera um efeito adicional re-
10 e 11
lacionado aos itens em posse do personagem
Interação arcana destrói um dos itens e jogue
12
novamente na tabela para outra alteração.
Os itens mágicos podem ser uma boa fonte de ganchos
e motivações para aventuras, então são um elemento va-
lioso para as aventuras. O Um Anel é o centro das ações
em O Senhor dos Anéis, assim como as Jóias do Infi-
43
 APOIADORES PUNKVERSO
BIBLIOTECÁRIO:
Alexandre Ferreira da Silveira, Fabiano de Jesus da Silva, Gabriel Alves Rodri-
gues, George Figueira, Hugo Monteiro Rodrigues, Ivan Coluchi, Jean Brandele-
ro, Joao Amadeu Nascimento Vieira, Leandro Yuji Dias Nobushige, Luiz Felipe
Bruno, Nina Bichara, Paulo Ramon Nogueira de Freitas, Rafael Lima do Monte,
Roberto "Necrobeto" Barreto Miyoshi Moreira, Tobias Cancian, Victor Henrique,
Victor Scudeler Bechelli, Wallas Pereira Novo

PUNKER II:
Amauri Antunes Pereira Junior, Artur Barroso Mirço, Bruno Mallavazzi, Car-
los Withe, Chrysthowam A. Santos, Daniel Diego Lacerda Cirilo, Daniel Tschie-
del, Denis Oliveira, Fabio Cesar de Carvalho, Fabio Ramalho Almeida, Felipe
Figueiredo Lacerda, Fábio Corrêa, Gustavo José Jordan Prado, Hades Oneiroi,
Helio Rodrigues Machado Neto, Igor Luís Gonçalves e Silva, Jefferson Donizetti
Oliveira, Jefferson Geovane, Kadu Araujo, Kirlian Vellarins Feijó Silvestre, Lu-
cas Barros, Luiz Fernando Rossafa Dias Macedo, Lyonn J V M dos Santos, Mai-
quel Leonel, Mateus Herpich, Maykel dos Santos Braz, Milton Vinícius Diogo de
Sousa, Nicholas Ataide Minora, Pedro Henrique, Pedro Moreno Feio de Lemos,
Rafael Panczinski de Oliveira, Ricardo Mallen M de Souza, Rodrigo Giesta Fi-
gueiredo, Rodrigo Oliveira, Sérgio Matuda, Thiago Roberto do Prado, Valdir
Possani, Victor A. Kichler Ferreira, Vitor Bornéo, Vitor Carvalho

MESTRE:
Emanuel Guilherme, Fernando Magalhães, Fábio Medeiros, Lucas Mestre Fer-
reira Alves, Luis Felipe Nadal Unfried, Marcelo Augusto Reis Silva, Miguel Sou-
za Silva, Patricia Brito, Peter Bidel Schwambach, Simone Rolim De Moura, Stefa-
no Aires, Yuri kleiton Araújo Sanches
CATARSE. ME/PUNKVERSO
 EDIÇÃO 011
NOVEMBRO/20

NA PR ÓX IMA EDIÇÃO:
GHOST OF TSUSHIMA
PARA SAVAGE WOR LDS
E MAIS: NAR RATIVA COMPARTILHADA EM DE MESTR E PARA MESTR E
ROLANDO O DADO: BIBLIOTECAS SECRETAS PARA CASTELO FALKENSTEIN
FERRAMENTAS DE MESTRE: REGRAS DE INFLUÊNCIA