EDIÇÃO 028

ABRIL/22

NESTA EDIÇÃO:
DEMON SLAYER
PARA SAVAGE WORLDS
E MAIS: TRABALHO COLETIVO EM MOUSE GUARD
MONSTRO: ZUMBIS FUNCIONAIS (ATÉ DEMAIS)
FERRAMENTAS DO MESTRE: NPCS EM UM PISCAR DE OLHOS
Conecte-se ao nosso Universo
em plena expansão!

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EDITORIAL ÍNDICE
Volta e meia surge uma discussão sobre jogar certo ou erra-
do. Uns dizem que se você não joga conforme o livro manda,
está jogando errado, outros que o importante é se divertir. Po-
rém acho que não é tão preto no branco assim. DEMON SLAYER PARA SAVAGE WORLDS..............03
Esse assunto veio a minha mente quando estava escutando Demônios existem e representam um perigo para a humanidade. Mas tam-
uns alunos combinando uma mesa de RPG – pessoal com 15-16 bém existem os caçadores de demônios. E é aqui que você entra.
anos – e a forma como o Mestre ia falando como sério o jogo,
como seria feito, raças e etc, deu para ver que eles estavam pre-
parando algo baseado no d20, mas que tinha tanta informação
AQUILO QUE PAIRAVA SOBRE DANIEL PRESTES.....15
Um conto pertubador para Rastro de Cthulhu baseado na aventura "Aqui-
nova que era quase um sistema novo. Confesso que eu quase
lo Que Perdura no Vale".
me meti, para ensinar "o que era RPG" para eles, porém lem-
brei de quando comecei a jogar e, apesar de não ter sido tão
radical em mexer em sistema – até porque não jogava D&D e NPCS NUM PISCAR DE OLHOS...........................19
sim Gurps e 3D&T – meus amigos e eu fazíamos alterações no Dificuldade em criar NPCs? Seus problemas acabaram! Temos aqui algumas
sistema, não a ponto de quem conhecesse o sistema não con- dicas para você não travar na criação de personagens menos importantes.
seguisse se localizar, mas que precisaria de uns 5-10 minutos
explicando como jogávamos.
Esses meus alunos estão jogando errado? Por um lado sim, ZUMBIS FUNCIONAIS... ATÉ DEMAIS..................23
afinal de contas mexer no sistema sem se preocupar com o game Fichas de Zumbis com habilidades extras, baseados em jogos famosos, para Terra
design por trás de tudo aquilo afetava a experiência e pode aca- Devastada
bar estragando a experiência de alguns. Por outro lado o fato de
entender o sistema, ajustá-lo a suas expectativas e à sua forma
de jogar, entender que cada sistema foi criado para uma propos- TRABALHO EM EQUIPE....................................27
ta etc, a meu ver, faz parte do amadurecimento de se jogar RPG. Mouse Guard é um jogo que vai além de enfrentar monstros e que preza mui-
Quando moleques nós também queríamos saber mais de to o trabalho em equipe.
poderes grandiosos e histórias mirabolantes do que jogar um
RPG em que o sistema não quebre após duas sessões...
COMUNIDADES EM TDSW.................................31
Crie suas próprias comunidades em Terra Devastada... e Selvagem com
– Fernando "del Angeles" Pires
base no sistema de QG do – antigo – compêndio de Superpoderes.
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO CRÉDITOS
EDITOR
Fernando "del Angeles" Pires
CONSELHO EDITORIAL
CLARICE FALCÃO Daniel Martins,
Escritora, roteirista e editora do site Nebulla. É uma das roteiristas do primeiro e
G. Moraes, Pedro Feio,
segundo Gibi de Menininha e autora do romance A Guardiã do Sonhar.
Rodrigo "Bigg" Campos
IDENTIDADE VISUAL
ENCHO CHAGAS G. Moraes
Pesquisador e desenvolvedor de jogos, especialista em experiência do usuário,
campeão mundial do Game Chef 2013 com o jogo Pulse. DIAGRAMAÇÃO
Fernando "del Angeles" Pires,
G. Moraes
FERNANDO "DEL ANGELES" PIRES REVISÃO
Combinando a multi classe Editor da RetroPunk/tradutor/professor tentando
Laís Franco
ganhar o XP sagrado de cada dia.
ARTE INTERNA
Editoras originais e Internet (algumas editadas)
GUILHERME KORN
Game designer, professor e autor de RPGs. Passa seus dias pensando sobre
jogos, e quando tem tempo, age como ser humano.

MIGUEL "BEHOLDER"
Mestre de RPG em tempo integral, farmacêutico nas horas vagas. Podcaster
do RPGLendas e Mix do Universo. Aguardando o RPG de Mesa existir em
realidade virtual.

TCHELO ANDRADE
Escritor e Game Designer. Acredita fielmente que os jogos vão salvar o
mundo, pessoa por pessoa.
ADAPTANDO Savage Worlds

O
s mais velhos sempre falam para não sair tarde da noite. Dizem que demônios comedores de
gente podem aparecer a qualquer momento, vagando pelas ruas escuras ou mesmo longe das
cidades. Alguns afirmam que eles podem até mesmo entrar dentro da sua casa. Ninguém está
seguro. As lendas urbanas também falam sobre uma organização secreta de caçadores de demônios,
agindo em segredo para manter o Japão seguro. Se eles existem mesmo… devem estar fazendo um
bom trabalho…

3 POR ENCHO CHAGAS

 ADAPTANDO
Demon Slayer, ou Kimetsu no Yai-
ba, é uma animação japonesa que aca-
ba de chegar à sua segunda temporada,
recebida com muita expectativa depois do sucesso da
conclusão do mangá, da primeira temporada animada,
e do filme Mugen Train. Ficou famosa pela qualidade
excelente de animação, intensas cenas de ação, e um en-
redo dramático e emocionante.
O anime segue a história de Tanjiro Kamado, um jo-
vem camponês cuja família é assassinada, exceto uma
de suas irmãs, Nezuko, que acaba se transformando em
um demônio. Tanjiro parte então em uma jornada para
tentar salvá-la, se juntando a uma organização secreta
de matadores de demônios e treinando para combater
essa ameaça sombria, ainda que prefira fazer isso à sua
própria forma: caridosa, ética, e gentil.
Nesta matéria você vai encontrar tudo que precisa
para criar qualquer tipo de caçador de demônios, ou até
criar seu próprio demônio, e trazer este universo para
sua mesa de Savage Worlds.
KISATSUTAI - OS CAÇADORES DE
DEMÔNIOS
O Japão passa pela era Taisho, quando começou um gran-
de processo de urbanização das cidades por influência
dos países ocidentais, após o fim da era Meiji. Não exis-
tem mais samurais andando nas ruas, agora dominadas
por veículos a motor e bondes elétricos. Mas enquanto os
olhos do governo se viram para fora do país, as noites são
dominadas por uma crescente atividade de demônios. E
a única arma contra eles são os Kisatsutai, uma tropa se-
creta de guerreiros, não reconhecidos pelo governo.
As espadas dos Kisatsutai são conhecidas como Lâminas
Nichirin, capazes de absorver a luz do Sol, a maior fraqueza
dos demônios. Além das espadas, os Kisatsutai se especiali-
zam em estilos de respiração conhecidos como Kokyu Ho.
Tais técnicas são bastante tradicionais entre os caçadores, to-
das derivadas de um mesmo estilo original, a Respiração do
Sol, e então ensinadas de mestre para discípulo, evoluindo
e se alterando a cada nova geração. A maioria dos estilos
conhecidos tomam como inspiração os elementos da natu-
reza, como água, fogo, terra, ou ar, porém existem estilos
inspirados em flores, animais, ou até emoções, como amor.
CRIAÇÃO DE PERSONAGENS
Normalmente todos os personagens são caçadores de
demônios, já que não há outra forma de enfrentá-los
senão com uma Lâmina Nichirin. Claro, o personagem
pode adquirir essa arma de forma alternativa, ou até de-
senvolver suas próprias técnicas de respiração.
Porém os jogadores podem também optar por jogar como
um demônio e não um caçador, mas isso apenas pode acon-
tecer em condições especiais. Para ser jogável, em hipóte-
se alguma o demônio deve consumir carne humana, pois
isto o levaria a perder sua humanidade. Alguns conseguem
aplacar sua fome apenas com consumo moderado de san-
gue, outros podem adquirir energia de outras formas, como
dormir por longas horas a fim de conservar energia, como
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Savage Worlds
Nezuko faz na série. Entrar em combate e utilizar seus pode-
res pode exaurir rapidamente suas forças, e eventualmente
despertar novamente sua fome por carne humana.
Para garantir que sua partida seja o mais similar possível à
experiência do desenho animado, os jogadores contam com
um uso diferenciado do sistema de poderes, usado em con-
junto com os ataques de sua espada. Além disso, duas novas
perícias a serem usadas com seus respectivos Antecedentes
Arcanos: Concentração Total (Espírito), para caçadores, e
Controle de Sangue (Espírito), para demônios. Estas são as
únicas formas de conexão de humanos ou demônios com o
sobrenatural. Neste universo não existem quaisquer outros
tipos de antecedentes, como Magia, Psiquismo, Fé, etc.
NOVA RAÇA
ONI (DEMÔNIO)
Apesar de numerosos, os demônios não possuem muitas
formas para se reproduzirem. Quase todos os demônios
do Japão foram criados pelo mesmo demônio, o demônio
original, Muzan Kibutsuji, do qual sabe-se muito pouco.
Existem demônios que foram capazes de criar sua própria
prole livres de Muzan, mas além de serem bem mais fracos
em nível de poder, não conseguem sobreviver por muito
tempo antes de serem morto por um caçador ou outro de-
mônio. Por causa dos efeitos gerados pelo sangue de Mu-
zan, e uma maldição que os acomete, os demônios criados
por ele são extremamente competitivos e nunca agem em
conjunto, sendo assim bastante solitários e desorganiza-
dos.
 ADAPTANDO
Mesmo um demônio jovem já nasce
poderoso. Eles possuem força sobre-hu-
mana, rápida regeneração, e apenas podem
ser mortos se tiverem sua cabeça decepada por uma Lâmina
Nichirin, que absorve a luz do Sol. Nem mesmo uma espada
comum ou as habilidades de outro demônio são suficientes.
Todo demônio possui uma fome incontrolável de san-
gue e carne humana, e a cada pessoa consumida se torna
mais e mais forte, mas também cada vez mais distante
de sua humanidade. Alguns se alimentam o suficiente
para desenvolver poderes especiais, conhecidos como
Arte Demoníaca de Sangue. Cada arte é bastante única e
relacionada em parte a algo que o atormentou em vida.
Outra fraqueza é uma substância produzida pela flor de
Wistéria. Esta é uma flor bem comum, que age como vene-
no quando em contato com a pele dos demônios. Elas costu-
mam crescer como cipós e trepadeiras, penduradas em ga-
lhos de árvores e criando “cortinas” de flores que repelem a
presença dos demônios, como é o caso da montanha Fujika-
sane, onde ocorrem os exames de admissão dos Kisatsutai.
□ Armadura Natural: Demônios possuem uma pele ex-
tremamente dura, que concede armadura natural 2.
□ Fome: Demônios anseiam por carne humana, pois é sua
maior fonte de poder. Mesmo após desenvolver formas
alternativas de ganhar forças, a fome continua pertur-
bando o demônio e forçando-o a cair em tentação. Se a
qualquer momento o demônio consumir carne huma-
na, aquele jogador perde o controle do personagem.
□ Imortal: Um demônio nunca morre por acúmulo de
Savage Worlds
ferimentos. Ao invés disso, ele fica incapacitado. A
única forma de ser morto (além da exposição ao Sol)
é tendo sua cabeça cortada por uma Lâmina Nichirin.
□ Regeneração rápida: Demônios podem tentar uma
rolagem de cura natural a cada rodada, mesmo que
estejam incapacitados.
□ Corpo aprimorado: Demônios são mais resistentes
e fortes que humanos. Começam com um D6 em
Força e Vigor.
□ Vulnerabilidade ao sol: Se expostos à luz do Sol, os
demônios têm uma rodada para se proteger ou fugir.
Caso não consigam, se tornam pó imediatamente.
□ Vulnerabilidade a Wistéria: A flor de Wistéria é ve-
nenosa para demônios, e soluções podem ser cria-
das a partir da planta. Tocar a planta em seu esta-
do natural causa um ferimento automático, que não
pode ser regenerado por sua regeneração rápida ou
poderes, apenas por cura natural. Além disso, so-
frem uma penalidade de -4 para resistir aos efeitos
causados por venenos à base de Wistéria e recebem
+4 de dano por ataques com armas envenenadas.
NOVAS PERÍCIAS ARCANAS
CONCENTRAÇÃO TOTAL (ESPÍRITO)
A Concentração Total é a principal técnica que permite
que os Kisatsutai consigam enfrentar demônios, mais for-
tes e mais ágeis, de igual para igual. Porém é uma técnica
que exige muito do corpo do usuário, podendo cansar e
até imobilizar o corpo do caçador depois de utilizada.
5
 ADAPTANDO
□ Aprimoramento físico: Ao inge-
rir uma grande quantidade de ar, o caça-
dor é capaz de utilizar seu corpo de forma ex-
tremamente eficiente ou além de seus limites. O jogador
pode fazer uma rolagem desta perícia para acrescentar
+1 em sua próxima rolagem de qualquer outra perícia,
exceto conhecimentos. Cada ampliação aumenta este
bônus em +1. Um teste de Concentração Total para Apri-
moramento Físico pode ser feito mesmo antes de outras
ações, inclusive uso de Estilos de Respiração, sem tomar
tempo. Depois de realizar a ação e descarregar a energia
acumulada, o personagem aumenta um nível de fatiga.
□ Controle corporal: O personagem pode fazer um teste da
perícia para ignorar os efeitos causados por ferimentos ou
fadiga até o final da rodada. Além disso, a Concentração
Total pode ser utilizada para, enquanto o personagem
permanecer imóvel e concentrado, retardar o efeito de ve-
nenos ou sangramentos e acelerar cura natural. Com um
sucesso em uma rolagem de Concentração Total, ele pode
cortar pela metade a duração e efeitos de um veneno ou
dobrar a velocidade de sua cura natural, ou cortar em um
terço/triplicar se conseguir uma ampliação.
□ Sem ar: A perícia pode ser utilizada até mesmo quan-
do o caçador não tem como pegar ar, como debaixo
d'água ou em ambiente poluído, aproveitando ao má-
ximo o oxigênio que já está em seus pulmões. A cada
uso de Concentração Total sem pegar novo fôlego,
reduza em uma rodada a duração determinada pela
rolagem de Prender a Respiração, da perícia Nadar.
CONTROLE DE SANGUE (ESPÍRITO)
Para conjurar os poderes conhecidos como a Arte Demonía-
ca de Sangue, é necessário aprender a controlar seu sangue.
Esta não é uma técnica aprendida através de treinamento,
mas sim desenvolvida de forma inata após o consumo de
carne humana, sangue, ou outra forma alternativa.
NOVAS COMPLICAÇÕES
MARECHI (MENOR)
Você possui um sangue extremamente raro, que o torna
delicioso para demônios. Demônios sentem seu cheiro e
sabem que você é um Marechi, caso se aproximem a curta
distância. Uma única gota é capaz de levar um demônio à
insanidade, e se alimentar da sua carne é equivalente a 50
humanos comuns. Entre humanos isso nunca fez diferen-
ça, ou tampouco pode ser detectado. Mesmo membros da
sua família não desenvolveram a mesma característica.
NOVAS VANTAGENS
ANTECEDENTE ARCANO (ARTE DEMONÍACA DE
SANGUE)
Requisitos: Experiente, Raça (Oni), perícia Controle do
Sangue D6+
□ Perícia Arcana: Controle do Sangue (Espírito)
□ Pontos de Poder Iniciais: 10
□ Poderes Iniciais: 1
Normalmente, demônios precisam consumir bastante
carne humana antes de começar a desenvolver sua Arte
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Savage Worlds
Demoníaca de Sangue. Para os raros demônios que encon-
tram formas alternativas de aumentar seu poder, esse é um
processo ainda mais demorado. Porém demônios podem
adquirir poderes de um estágio acima do mínimo exigido.
□ Auto mutilação: O demônio pode causar um ferimen-
to em si próprio para recuperar 3 pontos de poder.
ANTECEDENTE ARCANO (ESTILO DE RESPIRAÇÃO)
Requisitos: Novato
□ Perícia Arcana: Concentração Total (Espírito)
□ Pontos de Poder Iniciais: 10
□ Poderes Iniciais: 3
Cada Estilo de Respiração gira em torno de uma mani-
festação específica, que deve ser escolhida pelo jogador
durante a criação de personagem. Os Kisatsutai treinam
cada uma das técnicas de seu Estilo em forma de Katas:
movimentos pré-determinados que utilizam o máximo
do potencial corporal do Kisatsutai. Em jogo, os Katas
representam o uso de vários poderes combinados aos
ataques com suas espadas.
□ As lâminas que mudam de cor: As Lâminas Nichi-
rin podem canalizar as manifestações conjuradas
pelo Kisatsutai. Após uma rolagem de Concentra-
ção Total, o poder fica armazenado, sendo lançado
automaticamente durante o próximo ataque com a
Lâmina Nichirin. Caso o jogador queira concentrar
e atacar no mesmo turno, ele pode fazê-lo utilizan-
do as regras de Ações Múltiplas, ou adquirindo uma
das vantagens de Concentração Total.
 ADAPTANDO
AFINIDADE DE ESTILO
Requisitos: Novato, Antecedente Ar-
cano (Estilo de Respiração)
Este Kisatsutai tem grande afinidade com seu Estilo
de Respiração, sendo capaz de conjurar múltiplos po-
deres com mais facilidade. O personagem ignora uma
penalidade de até -2 de redução causada pelo uso de
Ações Múltiplas para conjurar e atacar no mesmo turno.
AFINIDADE DE ESTILO APRIMORADA
Requisitos: Experiente, Antecedente Arcano (Estilo de
Respiração), Afinidade Elemental
Com mais treinamento e domínio das técnicas de seu
Estilo, o Kisatsutai consegue criar ainda mais efeitos si-
multâneos enquanto ataca. A penalidade ignorada pela
vantagem Afinidade de Estilo aumenta para até -4.
CONCENTRAÇÃO TOTAL CONSTANTE
Requisitos: Experiente, Antecedente Arcano (Estilo de
Respiração)
Após um duro treinamento, o Kisatsutai se torna capaz
de manter os efeitos de sua Concentração Total ativos
durante todo o dia e inclusive enquanto dorme. O joga-
dor não precisa mais fazer rolagens da perícia Concen-
7
Savage Worlds
tração Total para adquirir o bônus de Aprimoramento
Físico, somando o bônus passivamente em todas as suas
rolagens de perícias (exceto conhecimentos). O valor do
bônus é relativo ao dado na perícia Concentração Total.
Um D6 soma +1, um D8 soma +2, e por aí em diante.
NOVOS EQUIPAMENTOS
LÂMINAS NICHIRIN
As Lâminas Nichirin são katanas de qualidade excep-
cional, forjadas com um raro minério escarlate. A partir
da pepita escolhida pelo novato após a Seleção Final, o
ferreiro forja uma espada personalizada. Estas lâminas
são conhecidas como “lâminas que mudam de cor”, jus-
tamente por se adaptarem à índole e habilidades ao pri-
meiro contato com o Kisatsutai.
KATANA COM LÂMINA NICHIRIN
□ Tipo: Espada Longa
□ Dano: For+d8
□ Peso: 1,5kg
Observações: Lâminas Nichirin absorvem a luz do
Sol, uma das únicas fraquezas dos demônios. Demô-
nios só podem ser mortos caso tenham a cabeça dece-
pada por uma Lâmina Nichirin.
 ADAPTANDO Savage Worlds

O gentil Tanjiro Kamado teve sua família massacrada pelo demônio mais antigo do Japão,
e jurou persegui-lo até descobrir como salvar sua irmã Nezuko de se tornar um demônio
completamente. Para isso se tornou um Kisatsutai, um caçador de demônios. Sua Nichirin possui a
lâmina preta, conhecida por ser carregada por caçadores que não costumam sobreviver por muito tempo…
□ Raça: Humano
□ Atributos: Agilidade d6, Astúcia d6, Espírito d8, Força d8, Vigor d6
□ Perícias: Atletismo d6, Concentração Total d6, Lutar d8, Perceber d8
□ Movimentação: 6; Aparar: 6; Resistência: 5
□ Vantagens: Antecedente Arcano (Estilo de Respiração), Duro de Matar, Golpe Poderoso, Noção do Perigo,
Novos Poderes, Prontidão
□ Complicações: Código de Honra, Heróico, Inimigo (Muzan Kibutsuji)
□ Equipamento: Lâmina Nichirin (Dano For+d8, PA 4) WTANJIRO KAMADO
□ Poderes (Manifestação: Água): Aumentar Característica, Ferir, Proteção Ambiental, Rajada, Rapidez

A irmã de Tanjiro, foi transformada em demônio na mesma noite em que sua família foi massacrada. Porém
sua força de vontade e vínculo com seu irmão foram suficientes para que ela resistisse à sua fome e não consu-
misse carne humana, o que a permitiu manter parte de sua consciência humana. Para compensar, ela precisa
entrar em um estado de torpor, dormindo por dias entre cada missão, sendo carregada por seu irmão dentro de
uma caixa, que também a protege do contato com a luz do Sol.
□ Raça: Oni
□ Atributos: Agilidade d4, Astúcia d6, Espírito d6, Força d12, Vigor d8
□ Perícias: Atletismo d6, Controle do Sangue d6, Intimidar d6, Lutar d6
□ Movimentação: 6; Aparar: 5; Resistência: 7
□ Vantagens: Antecedente Arcano (Arte Demoníaca de Sangue), Novos Poderes
□ Complicações: Jovem, Leal, Mudo, Pequeno
□ Ataques: Garras (For+d6, PA 1)
WNEZUKO KAMADO □ Poderes: Crescimento/Encolhimento, Aumentar Característica, Explosão

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 ADAPTANDO Savage Worlds

Um caçador de extrema agilidade e poder, mas extremamente medroso e com baixa auto esti-
ma desde pequeno. Treinado por um grande mestre do Estilo do Trovão que conseguiu ensiná-lo
uma única forma de Controle de Respiração, mas uma das mais poderosas. Zenitsu costuma se aco-
vardar sempre que está na presença de um demônio, porém, ao perder sua consciência, assume uma personalidade
confiante e temerosa.
□ Raça: Humana
□ Atributos: Agilidade d10, Astúcia d6, Espírito d4, Força d6, Vigor d6
□ Perícias: Concentração Total d8, Ladinagem d6, Lutar d8, Perceber d6
□ Movimentação: 6; Aparar: 6; Resistência: 5
□ Vantagens: Antecedente Arcano (Estilo de Respiração), Golpe Poderoso, Ligeiro
□ Complicações: Almofadinha, Cauteloso, Covarde, Hesitante
□ Armas: Lâmina Nichirin: Dano For+d8, PA 4 WZENITSU AGATSUNA
□ Poderes (Manifestação: Eletricidade): Aumentar Característica, Raio, Rapidez

Um caçador valentão, musculoso, e extremamente cabeça dura, mas também dono de um rosto belo e angelical.
Por vergonha de suas feições femininas, usa uma enorme máscara de javali. Cresceu vivendo entre animais nas
montanhas, desenvolvendo um estilo de luta bruto e natural, nada ortodoxo em comparação às tradições dos Ki-
satsutai.
□ Raça: Humana
□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d4, Espírito d4, Força d8, Vigor d8
□ Perícias: Atletismo d6, Concentração Total d6, Intimidar d6, Lutar d8, Perceber d8, Provocar d8,
Sobrevivência d6
□ Movimentação: 6; Aparar: 6; Resistência: 6
□ Vantagens: Ambidestro, Antecedente Arcano (Estilo de Respiração), Atraente, Brutamontes, Lutar com Duas
Armas
□ Complicações: Boca Grande, Excesso de Confiança, Invejoso, Sem Noção, Teimoso
□ Equipmento: Lâmina Nichirin (Dano For+d8, PA 4)
WHASIBIRA INOSUKE □ Poderes (Manifestação: Natureza, Bestial): Ferir, Rapidez, Visão Distante

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 ADAPTANDO Savage Worlds

CONTO SELVAGEM: A Os jogadores devem descrever seus personagens e o

SELEÇÃO FINAL
Outro ano se passa, outra Seleção Final tem
início. Todos os anos jovens guerreiros de todo o Japão
são enviados por seus mestres para Fujikasane, tam-
bém conhecida como a montanha do Pôr do Sol. O ritual
apenas é conhecido por ex-combatentes Kisatsutai, que
entendem o rigor deste teste e por isso preparam seus
alunos duramente antes de enviá-los.
Nesta aventura, os personagens terão de sobreviver
por sete dias em uma montanha cheia de demônios. Ao
final do sétimo dia, aqueles que sobreviverem receberão
suas espadas e finalmente serão chamados pela primei-
ra vez de caçadores de demônios.
Os jogadores devem criar personagens iniciais, de ní-
vel Novato, ou jogar com as Cartas Selvagens aqui apre-
sentadas para simular os eventos do anime (menos Ne-
zuko, que por ser Oni sequer pode passar pela porta de
entrada).
que estão fazendo. Convém perguntar a cada um como
se sente agora, prestes a encarar um desafio do qual sabe
que não há volta.
Esta área inteira é cercada por Wistéria, uma espécie
de cipó coberto por flores violeta. Um grande portão to-
rii é a porta de entrada para a floresta que cobre toda a
montanha. De lá saem duas garotas carregando lanter-
nas, aparentemente gêmeas idênticas, bem mais jovens
que a maioria ali presente. As duas estão vestidas com
kimonos de boa qualidade, mas extremamente frágeis
ao se considerar o perigo desta região e a proximida-
de dos demônios. A sincronia entre as duas, e seu olhar
distante, e um sorriso misterioso, torna toda a situação
ainda mais tensa e bizarra. Eventualmente as duas co-
meçam a falar, ao mesmo tempo:
“Nós agradecemos a presença de todos esta noite. A mon-
tanha possui centenas de demônios que foram capturados por
nossos caçadores ao longo do ano. Eles não podem deixar a
montanha por causa das flores de Wistéria que cercam a base
da montanha, porém… não há mais Wistéria além deste pon-
to, apenas demônios. Vocês terão de sobreviver aqui por 7 dias
para passar pela Seleção Final. E agora… por favor sigam seu
caminho.”

ENCONTRO NA MONTANHA DO PÔR

DO SOL
O Sol está se pondo no horizonte enquanto os primei-
ros jovens guerreiros começam a chegar. São cerca de
20 jovens, entre 16 e 20 anos de idade. A maioria está
séria, tentando se preparar mentalmente para o desafio
à frente, mas também existem alguns animados, ou ou-
tros completamente aterrorizados.

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 ADAPTANDO
As duas se curvam e aguardam
em silêncio até que todos passem pelo
portão e sigam para o interior da floresta.
SOBREVIVÊNCIA
A floresta é tão densa que dificilmente os jovens são ca-
pazes de discernir o dia da noite. O que garante que os
ataques dos demônios também possam acontecer even-
tualmente até mesmo durante o dia. Não existe qualquer
construção. Apenas a natureza selvagem. Nenhuma ou-
tra flor ou fruta cresce perto de Wistéria, o que significa
que para conseguir recursos todos terão de se aventurar
mais profundamente na floresta.
Os personagens estão inicialmente separados, preo-
cupados apenas em continuar vivos. Pergunte aos joga-
dores quais perícias ou habilidades eles podem utilizar
para sobreviver, seja conseguindo comida ou encon-
trando abrigo na floresta.
Os primeiros demônios não foram grande desafio, pro-
vavelmente recém transformados e longe de adquirir po-
der considerável. Mas a partir do segundo dia o cheiro dos
humanos começa a chamar a atenção de mais demônios,
que começam a atacar cada vez mais frequentemente.
Escolha um dos personagens para ser o primeiro a
combater um demônio. A qualquer momento, se perce-
ber que um dos personagens provavelmente vai fracas-
sar na luta, dê a chance a outro jogador para que faça
uma aparição repentina e ajude-o a vencer o oponente.
Os demônios não são nada sorrateiros, gritando e ros-
nando logo que percebem a presença do aspirante a ca-
çador. Mas rapidamente eles o alcançam. Não há como
fugir, já que o humano jamais conseguiria disfarçar seu
cheiro.
DEMÔNIO COMUM
□ Atributos: Agilidade d6, Astúcia d4, Espírito d4,
Força d10, Vigor d8
□ Perícias: Atletismo d6, Intimidar d6, Lutar d6
□ Movimentação: 6; Aparar: 5; Resistência: 6
□ Ataque: Garras For+d6
□ Armadura natural: 2
Após o combate, finalmente o guerreiro pode descan-
sar mais um pouco.
Depois desta cena, escolha dois outros personagens.
Estes terão de enfrentar juntos um demônio um pouco
mais forte. Escolha um deles para ser o primeiro a apa-
recer na cena.
É possível ouvir os rosnados se aproximando. Mais
um demônio parece estar em busca de alimento. Mas
pelo visto, o alvo desta vez não é você.
Os dois personagens se percebem. Um sendo perse-
guido pelo demônio, que parece ser bem mais forte que
os demais nesta montanha, o outro à curta distância,
mas ainda escondido. Se tentar fugir, ele sabe que o de-
mônio ficará apenas mais forte e rápido após se alimen-
tar, o que será um desafio ainda maior para ele depois.
Ambos sabem que a única forma é trabalhar juntos.
11
Savage Worlds
DEMÔNIO SANGRENTO
□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d4, Espírito d4,
Força d10, Vigor d8
□ Perícias: Atletismo d6, Controle de Sangue d6,
Intimidar d6, Lutar d6
□ Movimentação: 6; Aparar: 5; Resistência: 6
□ Ataque: Garras For+d6
□ Armadura natural: 2
□ Poderes: Andar nas Paredes, Aumentar Característica
□ Pontos de Poder: 10
Para cada personagem que se conhecer, pergunte aos
jogadores como eles lidam após ter contato com outro
jovem guerreiro. Será que eles preferem seguir seu ca-
minho sozinhos, ou decidem agir em conjunto após a
interação?
Para a próxima cena, escolha um personagem que ain-
da não combateu ou então chame novamente o primeiro
personagem, que combateu sozinho.
Após uma noite aparentemente sem eventos, um grito
seco de repente quebra o silêncio, seguido rapidamen-
te por uma risada pavorosa e outro grito de desespero.
Um jovem acaba de ser atacado ali perto, e outro prova-
velmente também não parece muito disposto a lutar.
Dê ao jogador a oportunidade de escolher se ele quer
deixar sua posição em segurança para ver o que está
acontecendo, ou quem sabe ajudar os demais. Se ele
não quiser, siga adiante diretamente para o capítulo “Te
Oni, o demônio das mãos”.
 ADAPTANDO
Ao se aproximar, é possível ver
uma clareira mais à frente onde o cor-
panzil enorme do demônio se prostra so-
bre um corpo completamente ensanguentado, prova-
velmente sem vida. O demônio parece ignorar o outro,
que grita e corre na direção oposta, até ser interrompido
por outro demônio, este bem mais magro e com olhos
profundos, que o cerca. O demônio sorri para ele:
“Ora ora… Mas para onde pensa que vai?”
Apenas após perceber o outro demônio, o primeiro
parece se interessar, se levantando e seguindo na dire-
ção deles.
“Ugh… você… nanico…? Esse é… meu.”
Os demônios parecem debater sobre quem ficará com
a presa, enquanto o jovem cai sentado, aos prantos, entre
os dois. É então que ambos percebem algo esquisito… e se
viram imediatamente na direção do personagem jogador.
“É MEU!”
12
Savage Worlds
O mais magro se lança em sua direção, mas o maior
o arremessa com um só golpe contra uma árvore. Apa-
rentemente eles esquecem completamente o jovem de-
sesperado no chão, ainda estático de medo, mas se pre-
parando para bater em retirada. Mas para a sorte do
personagem, em instantes o dia nascerá e a clareira se
tornará o fim destes demônios.
DEMÔNIO COMUM
□ Atributos: Agilidade d6, Astúcia d4, Espírito d4,
Força d10, Vigor d8
□ Perícias: Atletismo d6, Intimidar d6, Lutar d6
□ Movimentação: 6; Aparar: 5; Resistência: 6
□ Ataque: Garras For+d6
□ Armadura natural: 2
DEMÔNIO GIGANTE
□ Atributos: Agilidade d4, Astúcia d4, Espírito d6,
Força d12, Vigor d10
□ Perícias: Intimidar d8, Lutar d8
□ Movimentação: 5; Aparar: 6; Resistência: 8
□ Tamanho: +1
□ Vantagens: Brutamontes, Varredura
□ Ataque: Braço de pedra For+d8; Arremessar árvore
For+d6
□ Armadura natural: 2
Ambos querem a carne do humano, mas eles são com-
petitivos e orgulhosos demais para permitir que o outro
consiga fazer alguma coisa. Sempre que um desferir um
 ADAPTANDO
ataque contra o personagem jogador,
o outro o atacará, e assim eles agirão
por todo o combate. O personagem pode
tentar enfrentá-los ou sobreviver por 5 rodadas, quan-
do os primeiros raios de sol atingirão a clareira. Neste
caso, os demônios tentarão fugir, mas caso o persona-
gem consiga detê-los, ele poderá aniquilá-los.
Novamente, se a qualquer momento se tornar aparen-
te que o personagem jogador irá morrer, anuncie que
outros personagens jogadores se aproximam da cena.
TE ONI, O DEMÔNIO DAS MÃOS
Já é tarde da noite do último dia, e faltam poucas horas
para o final do teste. Com isso, os sobreviventes começam
a retornar em direção à saída da montanha. Uma névoa
toma completamente a região, dificultando a visão a lon-
ga distância e amplificando a sensação de frio e umida-
de que incomoda os personagens. Eles já estão exaustos,
com as roupas sujas, e as lâminas manchadas de sangue.
Todos os personagens fazem uma rolagem de Vigor
para determinar seu cansaço. Caso tenha sucesso com
uma ampliação, o personagem não recebe fadiga. Um
sucesso normal, recebe um nível de fadiga. Com uma
falha, ele recebe dois níveis de fadiga. E em uma falha
crítica, ele fica incapacitado.
Porém, mais à frente, um grito feminino estridente pode
ser ouvido, colocando todos em alerta. Alguns instantes de-
pois, uma estranha voz profunda e abafada, provavelmente
falando por trás de um obstáculo ou com dificuldade.
“Huh huh huh… Não tenha medo… Pode se aproximar… Eu
sei que você precisa passar por aqui para deixar este lugar…”
Escolha o personagem mais saudável para ter o pri-
meiro contato com a criatura e iniciar a cena.
O demônio não parece estar se movimentando, calma-
mente aguardando o próximo guerreiro para vir enfren-
tá-lo. Assim que o primeiro se aproxima, o demônio se re-
vela. É uma criatura extremamente bizarra, imensa, com
vários braços saindo por toda parte, a maioria se abraçan-
do e cobrindo todo o corpo. Não é possível ver seus pés,
pernas, barriga, ou pescoço. Apenas braços de diversos
tamanhos se enrolando e se contorcendo para cobrir cada
pequeno espaço. Do rosto apenas é possível ver do nariz
para cima, os olhos vermelhos bem grandes, e a cabeça
careca esverdeada, como toda a pele da criatura.
É então que a criatura fixa os olhos no personagem, e então
em sua espada. O demônio parece ficar primeiramente con-
fuso, e então empolgado assim que identifica alguma coisa.
O demônio reconhece algo no personagem. Pode ser
um broche, um colar, um detalhe em sua roupa ou es-
pada, ou sua máscara. O que quer que seja talvez nunca
tenha sido de grande importância para o personagem,
mas aquilo foi preparado e colocado por seu mestre logo
antes de se preparar para vir à montanha.
“HUH HUH HUH! Então o velho mestre mandou mais
uma raposinha para mim? Quantos foram até agora… ? Dez?
Doze? … QUINZE? E agora mais um! Por que ele mesmo
não vem até aqui, HEIN? JÁ SÃO CINQUENTA ANOS
QUE ESPERO PELA MINHA VINGANÇA!!!”
13
Savage Worlds
Nenhum monstro na montanha teve tempo para se ali-
mentar com mais de duas ou três pessoas, o que equilibra
razoavelmente o nível de poder dos demônios para o teste.
Porém se o que esse demônio estiver falando for verdade,
ele está em um nível de poder MUITO acima da média…
Ele não aguarda. De repente, e a uma velocidade impres-
sionante, ele lança três de seus braços na direção do perso-
nagem, que se esticam sem que ele precise sair de seu lugar.
A cada duas rodadas de combate, apresente outro per-
sonagem, ou grupo de personagens caso estejam traba-
lhando em conjunto. Não dê a eles a chance de escolher
se querem ou não lutar: o demônio é capaz de lançar
seus braços na direção dos novos oponentes, e até lutar
com todos ao mesmo tempo.
W TE ONI
□ Atributos: Agilidade d6, Astúcia d6, Espírito d6,
Força d12+2, Vigor d12
□ Perícias: Atletismo d6, Conhecimento Geral d6,
Intimidar d8, Lutar d8, Perceber d4, Persuadir d4
□ Movimentação: 1; Aparar: 8; Resistência: 11 (1)
□ Vantagens: Bloquear, Bloquear Aprimorado,
Brutamontes, Varredura
□ Ataque: Tapa For+d6
□ Tamanho: +2
□ Armadura natural: 4
□ Agarrar: Distância: curta, Dano: Força
□ Engolir: Um personagem engolido recebe 1
ferimento por rodada. Ele não tem espaço para
 ADAPTANDO Savage Worlds

desferir um ataque com sua espada,
mas pode tentar causar dano com o
uso de algum poder de dano direto.
Obs: Após agarrar um personagem, no turno seguin-
te ele tentará engoli-lo inteiro. O personagem pode
tentar vencê-lo em um teste de Força para se soltar,
ou os demais podem cortar aquele braço. Enquanto
ele abre os braços protegendo seu pescoço para en-
golir é uma excelente oportunidade para atacar seu
pescoço sem a proteção de sua armadura natural.
ce de aniquilar seus inimigos e garantir sua sobrevivência. Por
favor… o primeiro pode se aproximar e fazer sua escolha.”
Pergunte aos jogadores quem quer ser o primeiro.
Descreva as diferenças de cada pepita de minério, umas
maiores, outras mais lapidadas, ou com brilhos diferen-
tes. Nas regras do jogo essa escolha não faz diferença.
Então peça ao próximo jogador que faça o mesmo. Siga
até todos terem feito suas escolhas.
“As espadas demorarão cerca de quinze dias para ficarem pron-
tas, e serão levadas até você. Nós agradecemos a confiança de vocês
e esperamos poder contar com sua força daqui em diante. Até logo!”
As duas aguardam até que todos deixem o lugar, e final-
mente os personagens podem retornar. As semanas seguin-
tes são dolorosas, se recuperando da intensa semana a que
foram sujeitos. Mas nada perto do que ainda está por vir…

DE VOLTA PARA O MUNDO

O dia amanhece e os sobreviventes passam pelo torii que
os leva até a proteção das flores de Wistéria. O teste está
encerrado. Apenas os personagens jogadores sobrevive-
ram. As duas meninas aguardam, em frente a uma mesa
com várias pepitas de minério avermelhadas.
“Parabéns. Estamos satisfeitas de ver vocês em segurança. Pri-
meiramente vamos tomar suas medidas e encomendar seus uni-
formes, onde o ranque de vocês será gravado. Existem dez níveis:
Hinoe… Hinoto… Tsuchinoe… Tsuchinoto… Kanoe… Kano-
to… Mizunoe… Mizunoto. Vocês todos estão no nível mais baixo,
Mizunoto. Agora cada um de vocês receberá seu corvo Kasugai. Os
corvos Kasugai são utilizados primariamente para comunicação.”
Se a qualquer momento os jogadores começarem a
conversar, as duas meninas aguardam até que exista si-
lêncio completo, e então continuam.
“Hoje vocês terão a oportunidade de escolher o minério do
qual será feita a sua Lâmina Nichirin. Esta será sua única chan-

14
CONTO Rastro de Cthulhu

AQUILO QUE PAIRAVA SOBRE

DANIEL PRESTES

H
Um conto de 1999 para o seu tempo
orror existencial é o medo de viver, mas não o medo de viver por estar vulnerável à violência do
mundo, e sim o medo de existir por saber que você é uma criatura ardil o bastante para se tornar
um agente dessa violência.
Me chamo Helena Prestes.
E eu não nunca quis ser mãe, porque sempre tive medo das merdas que poderia fazer enquanto esti-
vesse viva. Entretanto, quando um sentimento de proteção te envolve com tanta força que você termina
esfaqueando um indivíduo para proteger seu filho, você sente o significado disso na alma.
Eu nunca quis ser mãe até a vida me forçar a isso.
A minha mão estava trêmula, mas não largava a faca, tinha medo que o corpo daquele sujeito caído no
chão, retornasse a vida e tentasse sufocar meu filho novamente.

POR TCHELO ANDRADE

 CONTO
Então, um desespero súbito me
abateu quando o meu pequeno Hei-
tor, de apenas um ano, começou a chorar
no seu berço. Não sabia se era um choro de medo dos
trovões incessantes, trazidos pela tempestade lá fora, ou
o desespero de ver a sua mãe esfaqueando seu pai.
Embora eu tentasse ser resiliente, inúmeras questões
tomaram a minha cabeça para entender esse desfecho.
Afinal, este momento que narro para você traz inúme-
ras questões, mas não é o começo. Para decifrar essa fa-
tídica noite chuvosa é preciso voltar ao início, fazendo
as perguntas certas.
Quem era o cadáver que jazia ao chão?
Seu nome era Daniel Prestes.
***
Muito antes de saber que algo pairava sobre ele, Da-
niel sempre teve medo das nuvens. E pelo que me lem-
bro isso tem a ver com seu pai e do tempo que ele mo-
rou no Vale do Sol, uma pequena comunidade rural aos
arredores da cidade de Nova Fronteira no interior do
estado de São Paulo.
Eles moravam num barraco sem energia elétrica, no
alto de uma colina. Aos nove anos de idade, Daniel pre-
cisou se virar sozinho, ele sentia que seu pai tinha prazer
em vê-lo triste. Havia sempre um sorriso no rosto bar-
budo quando ele dava uma notícia ruim para a criança.
Como na vez em que ele o tirou da escola, ou na vez em
que não tinha comida para o fim de semana, ou quan-
do o menino tinha que ser punido por roubar ovos de
galinha na vizinhança. Daniel sabia que seu pai adora-
va atormentá-lo com os infortúnios da sua própria vida,
pois toda vez que o fazia, o seu pai sempre se trancava
no quarto e rabiscava desenhos de nuvens. E a maneira
como o pai fazia aquilo, entoando cânticos distorcidos,
numa língua desconhecida, denunciava ao filho certo
prazer, certa felicidade.
Daniel passou a associar as nuvens como um presságio
da sua perdição. Toda vez que estava triste, as nuvens
se formavam sobre sua cabeça e ele tinha certeza que se
ficasse olhando aquele aglomerado de gotas diminutas,
sua existência seria tragada. Por isso, ele sempre amal-
diçoou a chuva. Lembro que na nossa lua de mel, eu o
peguei escondido no banheiro, murmurando palavrões
contra o chuvisco de verão lá fora.
A mãe de Daniel Prestes sempre foi um assunto des-
conhecido para ele, porém numa noite de abril de 1978,
aos soluços de um homem ébrio, o seu pai confessara ter
esquartejado a sua mãe. Daniel decidiu na infância que
não ficaria triste pelas barbaridades do pai, pois temia
que nuvens se formassem sobre sua cabeça a partir dos
seus sentimentos, mas naquele momento, uma melanco-
lia terrível se abateu e ele não pode conter o gosto amar-
go de saber que nunca conheceria sua estimada mãe.
E uma tempestade se formou naquele lugar enquanto
uma criança fugia para sempre do seu lar e do seu pai.
Pobre Daniel Prestes, ele não sabia que aquilo que pai-
rava sobre ele jamais o abandonaria, mesmo após sua
morte.
16
Rastro de Cthulhu
Em 1990, após viajar e fazer todo tipo de trabalho
manual, Daniel se estabeleceu em Nova Fronteira e às
pessoas o chamavam de “menino sorriso”, ele sempre
estava alegre e contente. Foi nessa época que o conheci,
eu jamais imaginei que aquele sorriso era também uma
forma de proteção. Nos apaixonamos durante o festival
de primavera, mas nosso romance durou pouco, meus
pais não queriam que eu me envolvesse com um homem
negro, sobretudo um homem negro e pobre.
Na tarde em que nos despedimos, caminhamos pelo
campo de girassóis e eu me lembro do seu abraço recon-
fortante, quente e doce. Nós ficamos ali por alguns mi-
nutos, até que lágrimas começaram a brilhar nos olhos
âmbar dele, e pela primeira vez eu pude ver o semblante
triste em Daniel, e não só isso, eu pude ver as partículas
úmidas do ar se formarem no céu em tempo recorde,
como num clipe de um filme. Eu não entendia bem os
contornos púrpuras e formas espectrais presas na nu-
vem, mas Daniel se recusava a olhar.
Então, com um último beijo, ele me deixou sozinha no
campo e correu para se abrigar, mas eu não me movi,
estava me sentindo sufocada, mas percebi que a nuvem
se mexia lentamente, seguindo Daniel até que sua figura
sumiu no horizonte e a chuva também. O gosto amargo
da água borrifada do céu demorou a sair da minha boca,
e eu desejei nunca mais ver aquela pessoa.
Até que tornei a vê-lo em 1996, Daniel estava deslum-
brante com aquele terno, naquela primavera. Foi como
se eu tivesse me apaixonado de novo por aquele sorri-
 CONTO
so. Daniel tinha mudado muito, ele
havia começado um negócio com um
amigo, uma rede de entrega de alimentos,
o que se tornou muito frutífero, possibilitando a abertura
de um restaurante elegante no centro de Nova Frontei-
ra. Meus pais não se queixaram de eu me casar com um
homem negro dessa vez, ainda mais quando este mesmo
homem quitou nossas dividas com o banco impedindo
que todas nossas posses fossem tomadas de nós. Daniel
foi o único homem negro que vi meu pai abraçando.
Nosso casamento foi no verão de 1998, e talvez esse
tenha sido o ano mais feliz da minha vida. Passei a me
chamar Helena Prestes e estava grávida do Heitor; pas-
samos nossa lua de mel em um hotel caro na beira da
praia de Copacabana e fizemos amor à luz do luar... Sin-
to muito se momentos inesquecíveis acabam ganhan-
do espaço mesmo sob uma memória desencadeada por
uma desgraça.
Entretanto, antes que a nostalgia ofusque ainda mais
meus próprios devaneios e segredos, é preciso falar so-
bre 1999 e dos erros que eu cometi. Sim, o ano em que o
mundo acabaria. Pelo menos o mundo de Daniel.
Quando Heitor completou um mês eu decidi que con-
taria a verdade, Daniel havia sido tão justo e bondoso
comigo, ele precisava saber. Morávamos em um sobrado
na região central, era barulhento, mas eu adorava aque-
la região, sobretudo pela variedade de videolocadoras
– alugar filmes era uma das coisas que mais gostávamos
de fazer juntos.
Rastro de Cthulhu
Daniel passou pela cozinha alegre carregando uma saco-
la de presentes consigo, um videogame de última geração
que funcionava com CD, um presente para o Heitor, dizia ele.
Mas eu não escutei direito, porque comecei a chorar en-
quanto tentava dizer a meu marido que aquela criança não
era seu filho. E que enquanto namorávamos eu me encon-
trava secretamente com um colega da faculdade.
Contudo, essa não fora a notícia que fizera ele correr
para longe naquela tarde. Meu pai entrou pela porta de-
sesperado, afirmando que a polícia tinha um mandato
de prisão contra Daniel. Algum problema com a Receita Fe-
deral. Aparentemente nos negócios que fizera com seu
sócio tinham sonegado todos os impostos possíveis.
A mesma face amarga de nove anos atrás tomou con-
ta do rosto do menino sorriso ao mesmo tempo que uma
forte chuva começou lá fora. Quando me dei conta, uma
nuvem tenebrosa havia coberto toda vizinhança e re-
lâmpagos púrpura não atenuaram a natureza sinistra
daquele evento. E assim como nove anos antes, eu vi
Daniel correr evitando a todo custo olhar para a forma
diabólica da nuvem que o acompanhava. Até que sua fi-
gura alta sumisse na esquina.
Para onde Daniel havia ido? Ele voltaria para casa, o
lugar onde passou uma difícil infância? Mesmo que seu
pai tenha morrido há quase uma década, seria difícil
voltar para lá, pois lá ele descobriria a verdade terrível a
respeito de si mesmo.
E por três meses eu não tive notícias de Daniel. Por
três meses eu o culpei por me fazer voltar a morar no
17
 CONTO
sítio com meus pais, por me tirar de
uma vida confortável, por me obrigar
a ser mãe e por me transformar em uma
assassina.
Todos esses eventos me colocam aqui.
E agora.
Todas essas lembranças foram para me certificar que
o ato violento que cometi foi para proteção. Um conceito
nobre em qualquer narrativa. Mas nesse momento tudo
parece tão incerto... Droga! O berço! Deixei o cadáver de
Prestes caído e segui o choro da minha criança, talvez hou-
vesse marcas em Heitor que fossem prova cabal do crime...
Todavia, quando me apoiei na lateral do berço para acudir
meu filho, eu vi e tive certeza do que Daniel estivera fazen-
do. Ele não estava sufocando o Heitor, ele apenas colocou
uma foto, nossa foto em família ao lado do seu travesseiro.
Na minha cabeça o filme era diferente, Daniel tinha vol-
tado para ceifar a vida de Heitor por ele não ser seu filho.
E agora meu julgamento se provou errado.
Eu deixei a faca cair e as gotas de sangue se espalharam
pelo chão no mesmo instante em que um forte vendaval
fazia as janelas do quarto baterem com força tão extrema
a ponto de sacudir a casa. O som dos trovões era incan-
sável e o frio só aumentava à mesma medida que o baru-
lho gotejante da chuva colidia contra o telhado. Eu nunca
tive medo da chuva, nunca até agora. Da onde estava, eu
podia ver lá fora uma forma arredondada e gasosa cada
vez mais baixa, como se a nuvem estivesse descendo dos
céus para a terra, devido ao seu peso, devido a algo está
se formando no seu interior, algo grotesco e inimaginável.
Alguma coisa na minha essência alertou sobre o perigo
daquilo, então eu agarrei Heitor em meu colo, apertei junto
ao peito para me certificar que ele estivesse totalmente en-
volto por mim. Seja o que estivesse vindo, eu não deixaria le-
vá-lo. Então um som surpreende se vez ouvir atrás de mim:
– Helena... você... tem que... me... matar – a voz de
Daniel Prestes era abafada, mas entendível. – Minha li-
nhagem é amaldiçoada...
Eu corri para acudi-lo, agora que tinha entendido
tudo, eu queria salvá-lo, mas Daniel sabia que não tinha
muito tempo, por isso, tratou de explicar tudo enquanto
pressionava a própria ferida:
– Eu achei um velho diário de meu pai, ele fez um
pacto com um culto muito antigo oferecendo todos seus
filhos como avatares das proles de um deus inominável...
E o nosso sofrimento seria o nutriente necessário para
fazer essas criaturas nascerem. Por isso, ele me maltra-
tava tanto...
– Querido, eu sinto muito – falei vendo o sangue se
espalhar ao nosso redor.
– Escute... eu estou aliviado que o Heitor não tem o
meu sangue. Porque essa maldição vai se encerrar comi-
go, mas eu sempre... o considerei um filho.
Daniel esticou os braços com muita dor e tocou a fron-
te de Heitor, que sentindo o breve calor daquele afago,
cessou seu choro. Em resposta, eu mostrei um sorriso
18
Rastro de Cthulhu
aliviado, talvez essa tenha sido a última vez que tenha
sorrido assim em toda a minha vida. Pois no mesmo ins-
tante um som horripilante foi emanado lá fora.
Alguma coisa viva e colossal estava destruindo a mi-
nha morada, enquanto se rastejava para adentrar. Da-
niel segurou minha mão com força e olhando para a faca
atrás de mim disse:
– Você tem que me matar!
– Não!
– Se eu não morrer... Essa coisa vai entrar aqui e matar
todos vocês...
– Eu... não...
– Helena... proteja nosso filho!
Durante um breve momento eu me virei e tive a leve
impressão de ver tentáculos gigantescos passarem pela
janela. Não sei ao certo, mas foi o choro do Heitor que
fez meu corpo se mover. Com um impulso me atirei no
chão para retomar a lâmina ensanguentada e com os
olhos fechados avancei sobre meu marido. Em um braço
carregava um bebê e no outro uma arma.
E a vida de Daniel Prestes cessou pelo meu ímpeto.
No mesmo instante, o temporal se apaziguou lá fora.
Aquilo que pairava sobre Daniel Prestes se foi. E eu
espero que tenha ido para sempre.
Eu estava abatida, trêmula, mal conseguia segurar
meu filho estava pronta para desabar em prantos. Foi
quando o céu voltou a ser azul e eu pude ver a feição do
meu amor, a feição de Daniel.
Mesmo morto ele permaneceu sorrindo.
 PAPO DE DESIGNER Multissistema

NPCS EM UM PISCAR
DE OLHOS

S
e existe uma coisa que dá trabalho pra gente que mestra são NPCs.
Dependendo do estilo da aventura/campanha, do que os jogadores es-
peram e mesmo do cenário, NPCs podem ser uma dor de cabeça das
grandes.
Este artigo é pra mostrar um pouco de como eu lido com isso nas minhas
mesas, e talvez mostrar pra vocês alguns possíveis caminhos para lidar com
seus NPCs. As regras que eu vou apresentar pra vocês são utilizadas com o sis-
tema Savage Worlds, mas vocês conseguem usar os conceitos em qualquer ou-
tro jogo que queiram, sem dificuldade. Eu mesmo peguei eles de outro lugar.

POR GUILHERME KORN

 PAPO DE DESIGNER
Antes de começarmos, entretanto,
eu quero explicar os pensamentos que
me guiam ao utilizar as coisas que vou
descrever aqui. Eu já escrevi um artigo que fala sobre
isso, e nele eu falo de Princípios. Eu vou falar um pouco
sobre os dois que uso para NPCs:
Faça seus NPCs serem memoráveis, e nomeie todos.
Se eu vou ter trabalho de criar um NPC, que ao menos
ele seja impactante de alguma forma para a mesa de
jogo. Que ele seja único, que os jogadores lembrem dele.
Trate seus NPCs como carros roubados. Ainda assim,
são só NPCs. Podem ter nome, trejeitos próprios e etc, mas
são só NPCs. Eu jogo fora quando não preciso mais deles.
Agora que temos estes pensamentos organizados, va-
mos dar uma olhada no que fazer para ter NPCs prontos
em pouco tempo - ou em muito, você é que sabe como
vai usar o que eu tô colocando abaixo, na verdade.
NOME
NPCs precisam de nome. Porque são, geralmente, pes-
soas. E porque você nunca sabe quando os jogadores
vão pegar um NPC qualquer e, através das ações deles,
elevar a importância na história de um NPC.
Não existe uma regra geral de como construir nomes de
NPC. Mas existe um truque, muito simples, que todos vo-
cês fazem: usar a internet. Ha! Por essa vocês não espera-
vam, né? Tá, o truque é um pouco mais complexo que isso.
Primeiro, você pesquisa o embasamento do cenário que
está narrando. Se é medieval europeu tradicional, se é medie-
val celta, se é medieval oriental. Às vezes ele é atual, baseado
numa cidade. Às vezes ele é futurista. Enfim, você pega as re-
ferências do cenário – geralmente os livros trazem algo assim.
Com as referências em mãos, você vai na internet e
pega listas de nomes daquelas referências. É simples
desse jeito. Eu costumo fazer isso com alguma antece-
dência e deixar em um arquivo, ou um papel - ou mes-
mo no navegador quando mestro RPG online.
Ajuda horrores quando os jogadores mandam um
“mas qual o seu nome”.
“Meus jogadores estão conversando com um lojista. Ele já
tem uma Voz, e justamente por causa dela, eles supeitam do
indivíduo. Claro que suspeitariam, são jogadores desconfia-
dos. Eu prevejo a pergunta que vai surgir em instantes e olho
a lista de nomes que preparei pra esse cenário - Deadlands.
Um nome me chama atenção, curto, como o de um filho de
chocadeira sem escrúpulos deve ser.
A pergunta chega : Qual o seu nome, vaqueiro?
A resposta é rápida: E-e-eu me ch-sh-chamo Karl, s-senhor.
M-m-muito p-prazer.”
TREJEITOS
Aqui a coisa fica um pouquinho mais complexa. Mas
tem um truque pra isso, que justamente se baseia no fato
de que NPCs são descartáveis.
É interessante que todo NPC tenha uma forma de agir e/
ou falar. Pessoas são assim. Pessoas usam gírias próprias,
pronunciam palavras de forma própria. Pense (o máximo
de tempo que tiver) sobre isso e incorpore no NPC em ques-
20
Multissistema
tão. Com o tempo, isso vai ficando mais rápido, mais fácil.
Vamos chamar isso de Vozes, as Vozes dos NPCs (pra quem
leu IT, de Stephen King, a referência à Richie “Boca-de-Lixo”
Tozier fica clara aqui – pra quem não leu, é uma pena, pois
o filme de 2017 passou por cima disso com força, mesmo
sendo um bom filme, fica aqui a recomendação).
Agora, você sabe que só terá uma gama limitada de
Vozes para usar, não é?
Não é como se fôssemos atores profissionais - e mes-
mo eles têm seus trejeitos.
Aqui entra o truque, o macete, e a verdade: jogadores
esquecem NPCs com muita facilidade, não importa o quão
memoráveis vocês o façam.
Lembra que eu disse pra tratar os NPCs como carros
roubados?
Então, seus jogadores fazem isso naturalmente. Por-
que eles imaginam que são as estrelas da história – e eles
estão corretos nisso.
Portanto, o macete é claro: reutilize suas Vozes. Claro,
dê um espaço entre elas para que os jogadores esqueçam
das vozes, mas ainda assim, as reutilize. Mude um deta-
lhe aqui e outro ali – efetivamente criando outra Voz no
processo – mas reutilize-as.
Quando eu estava concebendo Vínculo Sombrio, eu
acabei interpretando Boony e Anne – a Ruiva – com vo-
zes muito parecidas. E isso foi antes de eu decidir que elas
eram irmãs de criação. Um dos jogadores salientou a se-
melhança das duas na hora, e eu tive que pensar no motivo
em questão de uma respirada. Por isso a história mudou
 PAPO DE DESIGNER
para abarcar a relação próxima das
duas, e eu gostei tanto disso que isso
entrou para a versão final da história.
Ou seja, um dos pontos mais importantes da história surgiu
dos jogadores da mesa de teste em notar que eu - sem perce-
ber – usei uma Voz parecida para duas NPCs importantes.
“Expandindo o exemplo acima, mas voltando no tempo um
pouco.
Os jogadores tinham chegado numa pequena vila, e precisa-
vam de suprimentos para continuar sua viagem para o norte.
Eles param na pequena loja do local
Eu penso um pouco, rápido, sobre o lojista, afinal a intera-
ção vai acontecer e meus jogadores adoram essas interações.
Eles gostam de interpretar praticamente tudo.
Meus pensamentos me levam a três palavras chave, que vão
compor os trejeitos, a Voz:
Cresceu como um ladrão
Gosta de lucrar, e passa os outros pra trás por isso
É um tanto medroso. Se disfarça como gago pra parecer frá-
gil, e evitar conflitos.
Pronto. Quando a interação começa, eu já tenho a Voz do
lojista pronta.
- Se-s-se-sejam b-b-bem-vindos, s-senhores! E-em que
p-pos-s-so a-aju-d-dá-los?”
MECÂNICAS
Aqui entra o pulo do gato mais importante, na minha
opinião - e uma mecânica que eu pretendo expandir e
incluir como regra de ambientação mais pra frente.
Multissistema
Eu vou ser muito, muito sincero com vocês: eu sou mui-
to preguiçoso como mestre/condutor de mesa (eu já escre-
vi uma série sobre como eu mestro, e falo dessa terminolo-
gia). Muito preguiçoso mesmo. Minha preparação é básica,
e eu tendo a seguir baseado nos inputs dos jogadores.
Entendam: eu sou muito, muito fã de jogos como Apo-
calypse World. Eu não gosto de perder tempo criando fichas
para NPCs, a não ser que isso seja muito, muito necessário.
Mas, às vezes, NPCs precisam de estatísticas. Como
eu faço? Principalmente no jogo que vou abordar aqui,
Savage Worlds, como eu faço isso?
Primeiro, a forma mais simples de todo mundo fazer:
eu vasculho os materiais que eu tenho. Os cenários, o
bestiário do livro básico, o site da Retropunk, o Punk-
verso. Se eu tô preparando algo, eu vasculho se tem al-
gum NPC/Monstro com as estatísticas que eu imagino
que determinado NPC teria, e dou uma leve modificada
– apenas quando necessário.
Assim, eu tenho estatísticas semi-prontas - ou mesmo
prontas - pra trabalhar. É simples e é direto.
Mas, eu tenho outro método, que vou compartilhar
com vocês. Eu chamo isso de
DADOS DE AÇÃO
Vamos ser diretos: nós só rolamos dados quando realiza-
mos algum tipo de ação, certo? As perícias e atributos e
poderes nos dão ferramentas para realizar essas Ações,
mas elas são apenas isso: ferramentas para as ações. Gati-
lhos para essas ações.
21
 PAPO DE DESIGNER
Bons gatilhos, de fato, principal-
mente para personagens importantes
como jogadores.
Mas NPCs, nossos carros roubados, não precisam dis-
so tudo. Não, eles são carros roubados que tem apenas
uma ou duas funções. Pra isso, eu costumo dar Dados
de Ação pra eles.
Como?
Simples:
Eu penso no que eles são bons em fazer. No que eles
são ótimos, no que eles são ruins. Esse tipo de coisa. E
atribuo dados pra essas coisas em específico. Vou mos-
trar num passo a passo abaixo:
PASSO 1: DEFINIR O “NÍVEL” DO NPC.
Aqui eu basicamente defino qual o dado mais alto que
um NPC vai ter. Extras comuns geralmente tem só o d6
como dado mais alto. Alguns extras, e os Cartas Selva-
gens mas básicos – quando eu só preciso promover um
Extra à isso, e não os construir do zero – podem ter d8.
Seres mais desafiadores, d10. Você entendeu.
Este é o nível mais alto que um NPC pode chegar, em
dados.
PASSO 2: DEFINIR O PIOR MOMENTO DELE…
Se no pasos anterior eu defino o que é o máximo que ele
pode chegar, aqui eu defino o mínimo. Geralmente é d4
-2. É simples, mas aqui eu já começo a mesclar com o
Passo 3 – o passo mais importante - que é nomear.
Eu penso no que é pior no NPC, nomeio, e coloco um
d4 -2 do lado. Se ele tiver que rolar isso, ele quase sem-
pre vai falhar.
PASSO 3: DAR NOMES AOS BURROS
Aqui é o passo mais importante. Eu nomeio uma lista
– tão grande quanto eu acho que preciso – e aplico os
dados que eu pensei.
Aquilo no qual o NPC é melhor em fazer - e isso pode
ser causar dano - eu coloco o dado mais alto que defini
no Passo 1. No que ele é pior, o Passo 2 já cuidou.
No restante, eu coloco dados menores, nunca chegan-
do no que o dado mais alto permite.
Vamos dar uma olhada no exemplo abaixo.
“Por algum motivo, o grupo decidiu enfrentar o lojista num
combate. É um simples 1 contra 1, mas o combate está para
estourar e eu não tenho estatísticas para o lojista - que eu no-
meei como Karl no exemplo acima.
Eu pego meu papel de anotações - é sempre importante ter
um desses em mãos, amigos - e começo a rabiscar. Karl é um
Extra como qualquer outro, então d6 será seu ponto alto. Karl
não é bom numa luta, então ele tem Combate d4 -2.
Vamos nomear as Ações de Karl de forma correta agora:
Negociação d6 - o ponto alto dele, e é um mercador. É o
mais correto e mais justo de colocar. (Isso aqui é Persuadir,
mas o uso é mais estreito, para um tipo de ação)
Roubar d4 - Bom, autoexplicativo né. Karl sempre quer
lucrar. Sempre. (A mesma coisa que acima, mas para Ladi-
nagem.)
22
Multissistema
Lutar d4-2 - Eu já havia definido que Karl não é bom nisso.
Na verdade ele é péssimo. (Nesse caso, usamos a perícia mesmo.)
Como Karl não tem armas naturais, eu decido que ele está
equipado com uma faca, e seu dano será sua rolagem de Com-
bate + o modificador da Faca.
O combate se inicia, e Karl provavelmente vai tomar uma surra.
Mas é assim que as coisas são, não é?”
Viram? Em apenas 3 linhas eu tenho estatísticas para
combate - e mais coisas - fechadinhas sempre que o NPC
precisar rolar dados. Sem medo, sem precisar procurar
no livro por estatísticas e etc.
Quem joga comigo sabe que meus NPCs nascem quase
todos assim. E geralmente não dá errado. E geralmente os
jogadores não ligam e só seguem curtindo a história que
estamos criando coletivamente. É bom. É rápido. É diver-
tido. É furioso - nós não perdemos tempo nos prendendo
à detalhes. É Savage Worlds até o caroço, não concordam?
Um último aviso sobre isso, só pra deixar claro: Eu
não quero que você mude sua forma de trabalhar com
NPCs. Nem de longe. Eu quero que você tenha mais
uma ferramenta pra fazer isso de forma dinâmica sem
perder tempo durante a mesa.
Se você nunca usou uma tática assim, experimente
uma vez, você pode gostar da velocidade, praticidade e
versatilidade disso. Se você já tem algo assim nos seus
jogos, pode desconsiderar isso tudo. Ou aprender mais
e incorporar isso na sua mesa.
Você é quem sabe o que faz atrás do escudo, de qual-
quer forma, não é?
 MONSTRO Terra Devastada

ZUMBIS FUNCIONAIS...
...ATÉ DEMAIS

Z
umbis! Zumbis por toda parte! Todos como uma grande multidão
sem rosto e coração, se tornando uma única massa disforme onde
ninguém se destaca. Isso costuma ser o suficiente para ambientar
uma aventura, talvez duas, mas chega um momento em que os zumbis se
tornam apenas uma parte do cenário.
Terra Devastada, prevendo isso, já oferece uma variedade de zumbis
funcionais capazes de causar muito mais problemas do que o simples “an-
darilho trôpego” que vemos sendo mortos com tanta facilidade nos filmes.

POR MIGUEL BEHOLDER

 MONSTRO
Pensando nisso, esse artigo traz
mais dez alternativas de zumbis (difí-
ceis de se enfrentar) tirados diretamente
dos cinco melhores jogos com essa temática de todos os
tempos! (Na minha opinião, é claro).
DELATOR
Diretamente inspirado de Back 4 Blood da Turtle Rock
Studios, este zumbi é uma versão ainda mais complica-
da de se lidar da Dama Morta (Terra Devastada, p. 99).
Provavelmente alguma espécie de mutação viral bizarra
ou variação do mesmo resultado “evolutivo”. Sua cabe-
ça está muito mais alta do que o normal e seu pescoço
foi grotescamente alongado pelas mutações, sendo co-
berto de pústulas e inchaços. Além de ser capaz de emi-
tir um grito estridente e poderoso sempre que percebe
uma criatura viva, atraindo as hordas na sua direção, ele
é capaz de “apontar” um alvo para a horda. Resumindo,
além de atrair mais zumbis ele consegue direcionar to-
dos os zumbis para um único alvo, mesmo que tenham
outras criaturas vivas nos arredores.
CARACTERÍSTICAS
Grita muito alto quando enxerga uma vítima; Grito
constante; Capaz de direcionar a horda para um úni-
co alvo; Magricela; Cabeça mole; Boca dilatada; Ágil;
Combate desesperado; Ataca com arranhões; Ataca com
mordidas; Concentra-se em apenas uma vítima; Perse-
guição constante.
QUEBRADOR
Também inspirado de Back 4 Blood, este zumbi é o
resultado de raras mutações que aconteceram com
humanos que morreram empalados ou presos em fer-
ragens ou destroços. Seu corpo passou a anexar es-
ses destroços, criando uma massa disforme de carne,
concreto, metal ou outras coisas que fornecem uma
carcaça resistente e muito útil para quebrar tudo em
seu caminho.
CARACTERÍSTICAS
Deformidade: carcaça de objetos; Pesado demais; Capaz
de amassar carros; Grande como uma cabine de cami-
nhão; Dificuldade para morder; Insistente; Consegue ar-
remessar objetos pesados; Bom de pancada; Aparência
asquerosa; Resistente.
CUSPIDOR
Inspirado no Left 4 Dead 2 da Valve, este zumbi não vê
a distância de seus alvos como um problema. Provavel-
mente é o resultado de humanos que sofreram suas mu-
tações em contato com substâncias ácidas. Seus corpos
se esticaram até alturas desconfortáveis, principalmente
na região do pescoço, suas bocas ficaram muito maiores
e mais grotescas e o fedor emitido pelo seus corpos faz
os olhos arderem.
24
Terra Devastada
CARACTERÍSTICAS
Mandíbula deslocada; Boca extremamente grande; Apa-
rência asquerosa; Fedor insuportável; Desajeitado; Mor-
dida fraca; Vômito ácido; Cuspe ácido à distância; San-
gue ácido; Dilatação estomacal.
BRUXA
Também inspirada em Left 4 Dead 2, este zumbi é um dos
mais ameaçadores e raros que já surgiu. Apelidada de bruxa
pelo seu comportamento noturno e o extremo incômodo com
fontes de luz, este zumbi costuma vagar de forma errante ou
escolher um canto escuro para se encolher e esperar. Enquan-
to faz isso, ela consegue reproduzir um som muito semelhan-
te ao choro, usando-o para atrair suas vítimas.
CARACTERÍSTICAS
Garras compridas; Grande força; Frenética; Capaz de si-
mular choro; Golpes certeiros; Furtiva; Estraçalha as ví-
timas; Hábitos noturnos; Persistente; Odeia focos de luz.
EVELINE
Em Resident Evil VII da Capcom, temos uma “va-
riação” fúngica do vírus que tem capacidades muito
maiores do que apenas criar algo que corre e morde.
Inspirado em Eveline, nome dado ao experimento, esse
fungo trouxe para o mundo uma ameaça completamen-
te nova. A criatura infectada pode permanecer com o
fungo incubado em seu corpo por anos, sem qualquer
sintoma exótico, parecendo estar gripado, com pesa-
 MONSTRO
delos ou sofrendo de ilusões. No
entanto, quando for conveniente, o
fungo passa a assumir o controle do hos-
pedeiro, deixando-o pálido, com veias saltadas e com-
portamentos animalescos que misturam a vontade de
devorar suas vítimas com a personalidade original da
pessoa.
CARACTERÍSTICAS
Grande força; Sente dor; Capaz de simular a pessoa in-
fectada; Usa armas e ferramentas; Luz incomoda; Furti-
vo; Esperto; Tem dificuldade em ferir pessoas queridas;
Resistente; Ágil.
BOLOR
Também inspirado em Resident Evil VII, o Bolor é uma
variação muito mais limitada de Eveline. Esse fungo pre-
to é como qualquer outro até infectar corpos e se alimen-
tar completamente deles. Após isso, usa todas as infor-
mações biológicas adquiridas para assumir uma forma
grotesca e deturpada daquilo que se alimentou e assim
ser capaz de infectar mais criaturas vivas, além de se ali-
mentar mais e mais usando a nova forma que adquiriu.
CARACTERÍSTICAS
Aparência grotesca; Aterrorizante; Tentáculos de fungo;
Grande força; Corpo maleável; Furtivo; Odeia focos de
luz; Não emite som; Ágil; Não consegue manejar obje-
tos.
Terra Devastada
EXPLOSIVO
Inspirados em Dead Island da Techland, esse zumbi
nada mais é do que uma gigantesca morada móvel de
uma quantidade incalculável de vírus. Enquanto suas
pernas são muito fortes e ágeis, seu tronco é extrema-
mente inchado, tornando-o quase incapaz de arranhar
ou morder, mas essa não é sua intenção. Quando per-
cebe estar próximo o bastante de uma criatura viva, o
tronco do zumbi infla e explode em pedaços de carne,
ossos e sangue, ferindo e contaminando qualquer um ao
seu redor.
CARACTERÍSTICAS
Aparência grotesca; Descoordenado; Pancada fraca;
Mordida fraca; Resistente; Explode ao se aproximar de
criaturas vivas; Explosão causa danos letais; Fedor terrí-
vel; Corredor ágil.
GRANADEIRO
Também tirados de Dead Island, são muitos dos cientis-
tas infectados pelos vírus enquanto usavam suas roupas
de biossegurança para trabalharem em ambientes con-
taminados com outras doenças ou substâncias tóxicas.
Seu apelido foi dado pelo seu método de defesa. Esses
zumbis sabem que sua carne é extremamente tóxica,
então tiram pedaços de si mesmos para arremessar em
seus alvos, para depois tentar devorá-los.
25
 MONSTRO
CARACTERÍSTICAS
Traje de proteção; Corpo tóxico; Bom
de arremesso; Corpo aterrorizante; Capaz
de se desmembrar; Persistente; Resistente; Lento; Capaz
de usar armas e ferramentas; Carregam tanque de oxi-
gênio nas costas.
ESTALADOR
Finalmente chegamos na minha série de jogos de
zumbi favorita: The Last of Us da Naughty Dog. En-
tre os zumbis criados pelos terríveis fungos, está o Es-
talador, um humano infectado que já teve seu corpo,
principalmente a cabeça, completamente consumidos
pelo fungo. Ele não é mais capaz de enxergar, mas
através de estalos extremamente incômodos, ele con-
segue ecolocalizar suas presas e destruí-las com gran-
de força.
CARACTERÍSTICAS
Grande força; Pancada forte; Mandíbula poderosa;
Cego; Aparência aterrorizante; Emite cliques perturba-
dores; Ecolocalização; Rápido; Combate desesperado;
Atento.
REI DOS RATOS
A besta suprema entre as evoluções fúngicas de The
Last of Us. Ele é formado com anos de infecção, onde
vários corpos precisam ser gradualmente contamina-
dos e mutados enquanto estão em contato. Esse proces-
so grotesco resulta em um colossal monstro disforme
praticamente incapaz de ser morto, pois conforme sofre
ferimentos, seus pedaços se separam e começa a atacar
separadamente.
CARACTERÍSTICAS
Força atroz; Resistência atroz; Tamanho de um furgão;
Ao ser ferido, se divide em versões menores; Aparên-
cia aterrorizante; Visão perturbadora; Fedor de ferir as
narinas; Destrambelhado; Destrutivo; Cego; Ecolocali-
zação.
ZUMBI BÔNUS: CABEÇA DE PIRÂMIDE
Em Silent Hill 2, da Konami, o Cabeça de Pirâmi-
de não passa de uma manifestação do protagonista,
mas trazendo ele para Terra Devastada, temos uma
monstruosidade, fruto de experimentos militares na
busca por uma bio-arma capaz de substituir os milita-
res. Como a terrível pandemia tomando os complexos
militares, o experimento ficou inacabado, mas ainda
“vivo”.
Sua cabeça piramidal é uma das partes da estrutura
que o continha, a única que restou em seu corpo digno
do monstro de Fransktein. Agora, essa criatura huma-
noide vaga pelas cidades com o único propósito de ex-
terminar a raça humana.
26
Terra Devastada
CARACTERÍSTICAS
Força atroz; Resistência atroz; Muito alto; Mesmo feri-
do, nada o faz parar até ter a cabeça destruída; Persis-
tente; Aparência aterrorizante; Sabe manipular armas e
ferramentas; Lento; Cruel; Esperto.
OUTROS JOGOS
E não se limite apenas a essas dez opções! Existem inú-
meros jogos com essa temática onde vários zumbis po-
dem ser facilmente adaptados para Terra Devastada. Al-
gumas menções honrosas são:
Dying Light da Techland que mistura zumbis de
comportamentos diurnos e noturnos com elementos de
parkour.
Days Gone da Bend Studio, que trabalha muito com
os conceitos de hordas incalculáveis e a busca e destrui-
ção de “ninhos” de zumbis.
Dead Rising da Capcom, onde os zumbis são traba-
lhados com muito humor, tendo uma narrativa que lem-
bra filmes como Zumbilândia.
Não faltam ideias para que as suas sessões de Terra
Devastada tenham infindáveis inimigos e durem o bas-
tante para uma longa campanha, sem necessariamente
se tornar uma sequência terrível como os filmes de Re-
sident Evil!
 TEORIA DE JOGOS Mouse Guard

TRABALHO EM EQUIPE

R
PG é uma atividade, na maioria das vezes, feita em grupo. Nada como estar em uma mesa com
amigos, rolar os dados e contar uma história em conjunto, não? A menos que você esteja jogando
um RPG solo, o elemento “coletivo” é essencial e afeta muito os rumos da aventura. Esse é o caso
de Mouse Guard, um RPG que precisa de um mestre e de alguns jogadores, que juntos vão criar uma
narrativa compartilhada.
Em Mouse Guard, você controla ratos. Eles são personagens sencientes, que falam e interagem como
outros personagens jogáveis de RPG. Nesse cenário eles formaram uma guarda para se proteger e pros-
perar.

POR CLARICE FRANÇA

 TEORIA DE JOGOS
Existem situações, em mesas de
RPG, que podem ser resolvidas com
uma rolagem de sorte, feita por um joga-
dor específico. Na maioria das vezes, porém, é preciso
que o grupo se una para sair de uma situação complica-
da e conseguir o melhor resultado, criando uma tática
para vencer um combate ou algum plano para passar
por um desafio no cenário.
SOBRE MOUSE GUARD
Mouse Guard é um sistema que propõe o trabalho cole-
tivo não só na mecânica, dando opções de várias habi-
lidades e personagens especializados, e também reforça
isso na criação do cenário. Neste texto, vamos ver algu-
mas das situações em que o sistema encoraja esse tra-
balho coletivo e como você pode aproveitar esse tema
dentro da sua aventura.
O começo do livro de Mouse Guard, como muitos
outros RPGs, apresenta o cenário do jogo e explica
como chegamos a uma situação em que se interpre-
tam ratinhos, que fazem parte de uma guarda espe-
cial. Apesar de os ratos terem consciência de seres
humanos e habilidades para lutar, o resto do RPG
não carrega elementos fantásticos. Não espere en-
contrar outros animais do dia a dia que sejam sen-
cientes também.
No passado do universo de Mouse Guard, os ratos vi-
viam em lugares específicos e em situações precárias,
lutando diariamente pela sobrevivência. Como era cada
um por si, eles precisavam se virar da melhor forma
possível contra predadores e ameaças ambientais, mas
sofriam muito por estarem isolados e com poucos recur-
sos à disposição.
O que fez a “sociedade dos ratos” mudar para melhor
foram as construções de “porções seguras” em território
selvagem, abrigos em que os ratos podiam se unir para
melhorar suas vidas. O trabalho coletivo dessa socieda-
de fez que os ratos conseguissem construir uma fortifi-
cação segura e mudar o rumo que a comunidade seguia
até o momento.
Esse primeiro centro foi chamado de Lockhaven;
logo outros foram encontrados pelas florestas, mos-
trando que a comunidade de ratos podia ser maior e
mais forte do que se pensava. Dessa forma, Lockha-
ven escolhe ajudar todas as outras comunidades que
conseguir.
Existem muitos inimigos de ratos em Mouse Guard.
O ambiente ao redor de seus refúgios não é o mais ami-
gável, e é bem fácil encontrar animais predadores de
ratos, ou pelo menos grandes o suficiente para causar
problemas nas comunidades. Um grupo de vários ra-
tos, no entanto, consegue ter uma chance contra essas
ameaças.
Isso acontece com outros RPGs de maneira geral.
Quem nunca esteve em um grupo que enfrentou um ini-
28
Mouse Guard
migo muito mais forte que os membros da equipe, mas
conseguiu derrotar a ameaça com o trabalho coletivo e
um pouco de sorte nos dados?
Em Mouse Guard, você joga com os ratos da guar-
da, que ajudam os povoados prestando serviços pelo
bem da comunidade. A grande maioria das funções
diz respeito a ações que não podem ser executadas
por apenas um elemento. Como um único rato vai
fazer patrulhamento e caçar predadores ao mesmo
tempo? Talvez um rato consiga mediar um confli-
to sem precisar de grande ajuda, mas vai precisar
de muita sorte para que uma missão de resgate seja
bem-sucedida.
TRABALHANDO EM GRUPO
Além de apresentar o elemento do trabalho coletivo no
cenário, Mouse Guard também oferece mecânicas que o
jogador pode aproveitar, focadas nesse tema.
Quando você cria uma ficha de Mouse Guard, pode
escolher para seu personagem laços de Amigo/Aliado,
Inimigo/Rival e um Mentor. Esses personagens, que fa-
zem parte do passado, podem ser chamados para auxi-
liar em alguma tarefa. Os mentores, inclusive, podem
auxiliar ainda mais e oferecer conselhos para os joga-
dores.
 TEORIA DE JOGOS
Entre as habilidades disponíveis
na ficha, existe uma chamada “Círcu-
los”, que indica o quão bem conectado é
seu personagem. Com os testes de Círculos, você pode
criar uma rede de Contatos, que também tem um espa-
ço específico na ficha.
Outra forma de evidenciar o esforço coletivo está na
parte do RPG na qual os obstáculos são explicados: a
seção “Trabalho em Equipe”. Isso faz que os outros
personagens do grupo possam ajudar a rolagem de
quem está fazendo o teste, aumentando as chances de
sucesso. Essa mecânica também pode ser usada em
conflitos, como confrontos físicos ou negociações e in-
terpretações.
29
Mouse Guard
OPÇÕES DE CONFLITOS
As sugestões de aventuras e missões prontas em Mouse
Guard já incentivam os jogadores a trabalhar em equipe
na maior parte das vezes, mas o mestre pode aproveitar
a temática para ampliar a mensagem:
□ Grandes inimigos: Na natureza, existem vários
animais predadores naturais dos ratos, grandes o
suficiente para causar problemas para os persona-
gens dos jogadores. Faça que o grupo encontre uma
grande cobra, ou um predador voador, como uma
coruja.
□ Obstáculos naturais: Se os obstáculos da natureza
podem ser um problema para humanos, para ratos
podem ser muito piores. Uma missão de patrulha
pode precisar enfrentar uma chuva torrencial, uma
missão de resgate pode precisar superar um incên-
dio ou um tronco de árvore pode estar caído no meio
do caminho.
□ Necessidade de recursos: Uma campanha mais
longa pode expandir ainda mais essa ideia. Além
de os personagens precisarem melhorar as pró-
prias fichas, podem necessitar de ajuda de aliados.
De repente, os jogadores estão se preparando para
uma grande batalha e apenas os aliados certos po-
dem fornecer os recursos que facilitarão muito a
vida do grupo.
TEORIA DE JOGOS
□ Construção de um forte: Existem várias cidades e
fortalezas em Mouse Guard. Um dos objetivos de
campanha de seu grupo pode ser montar um novo
lugar – um espaço para ratos que ainda não arruma-
ram casa, ou uma área mais segura depois de uma
catástrofe natural. Ninguém constrói um forte em
um dia; então, o trabalho coletivo aqui é importante.
Há uma seção no livro, “Criando o seu próprio po-
voado”, que dá mais detalhes sobre como construir
uma área própria.
□ Aumento do risco: Isso depende muito do tipo de
mesa e do grupo que está jogando. Caso todos os
jogadores estejam de acordo, é interessante mostrar
que o trabalho solitário pode ter consequências. Um
dos personagens pode acabar tentando fazer algo
sozinho e morrer em consequência. Caso a mesa não
esteja disposta a matar um personagem, a morte de
um NPC que resolveu agir sozinho também pode
passar essa ideia.
□ Perigos por todo lado: “Muito perigo para uma
equipe” é uma seção do livro de RPG que fala sobre
vários obstáculos, que podem se dar na sequência
um do outro ou simultaneamente. O trabalho cole-
tivo auxilia muito o grupo de jogadores, mas as si-
tuações podem continuar desafiadoras mesmo com
muita ajuda.
□ Criação de estratégias: Os ratos também vão para
guerra e Mouse Guard fornece mecânicas para com-
bates táticos. É muito difícil que essas estratégias se-
30
Mouse Guard
jam montadas por apenas um jogador, então apro-
veite essas situações para criar momentos em que os
jogadores precisam se unir para pensar no melhor
resultado.
Todas essas situações vão exigir trabalho coletivo
e também uma variedade de habilidades no grupo.
Quem joga RPG há algum tempo sabe que um bom
grupo é composto por personagens diferentes. Eu
posso jogar com um ratinho muito esperto, ao pas-
so que meu amigo pode jogar com um que é muito
ágil, e outra pessoa pode ter o personagem carismá-
tico da equipe. Todas essas habilidades são úteis em
momentos diferentes, e nenhum personagem vai ser
bom em tudo.
Isso vale para os PNJs de seu forte também, assim
como aliados. Além de ter vários personagens para au-
xiliar você na campanha, eles podem ser úteis também
para ficar em seu forte novo. Há uma lista de profissões
de PNJs que podem ser contratadas no livro base de
Mouse Guard.
Diante de tantas possibilidades, depende do grupo
escolher a melhor maneira de usar a temática de tra-
balho coletivo de Mouse Guard. Como o próprio jogo
diz: “Todos os ratos devem prosperar ou todos fracas-
sarão”.
 FERRAMENTAS DO MESTRE Savage Worlds

COMUNIDADES EM
TERRA DEVASTADA...
E SELVAGEM!
E
m cenários de Apocalipse Zumbi, seja em filmes, séries ou jogos de vi-
deogame, é comum os sobreviventes buscarem um local seguro para se
abrigar, seja o Shopping de Madrugada dos Mortos, Alexandria em The
Walking Dead ou, de onde veio a inspiração para esse artigo, as comunidades
de Days Gone.

POR FERNANDO "DEL ANGELES" PIRES

 FERRAMENTAS DO MESTRE Savage Worlds

Em Days Gone, assim como aconte- algum dos habitantes querendo que um irmão mais CRIANDO SUA COMUNIDADE
ce nas temporadas mais atuais de The novo seja encontrado ou que tentem resgatar algum Primeiramente, cada jogador começa com 5 Pontos de
Walking Dead, somos apresentados a vá- objeto de valor que ficou para trás. Por outro lado, Construção por estágio. Então, um grupo com 4 perso-
rias comunidades, cada qual com sua liderança e tam-
podem encontrar resistência daqueles que não veem nagens Novatos teria 20 Pontos de Construção, enquan-
bém com seus aspectos. Já que encontrar esses abrigos
é algo complicado, no jogo em questão, uma comuni- com bons olhos estes “heróis” e “heroínas” que só to um grupo com 3 personagens Experientes teria 30
dade acaba tendo acesso a recursos como armas e veí- chamam a atenção e se metem em encrenca, ou até Pontos de Construção.
culos de acordo com o lugar que decidiram se insta- mesmo serem alvo de inveja. Os conflitos não aca- Os Pontos de Construção podem ser ganhos, a crité-
lar. Tentando representar essa ideia de comunidades bam por existir um abrigo. rio do Mestre de Jogo, quando uma personagem muda
e de deixar sua construção customizável na mão dos
jogadores, apresento este sistema baseado na criação
de QGs do Compêndio de Super Heróis – que é bem
divertida!

COMUNIDADES EM SUA NARRATIVA

Você pode apresentar as Comunidades apenas como
um porto seguro para onde suas personagens vão
para recuperar suas feridas e se reequipar. Porém
você também pode dar mais vida a elas, dando to-
ques únicos, descrevendo como seus habitantes se
comportam, como é a localidade em si e os tipos de
equipamentos disponíveis nela. Se essa comunidade
for bem abastecida, ela pode ser atacada por outros
grupos.
Além disso, os próprios habitantes dela podem
reagir às personagens, sendo os “heróis” e “heroí-
nas” do local, com certeza terão um tratamento di-
ferenciado. Por vezes podem existir missões mais
individualizadas disponíveis como, por exemplo,

32
 FERRAMENTAS DO MESTRE Savage Worlds

de estágio, podendo assim melhorar habitantes ficar menor que o necessário para manter os LOCALIZAÇÃO
sua comunidade. Use esses pontos para espaços especializados que a comunidade possui. Isso O quão bem escondida é sua comunidade?Aqui vamos
comprar melhorias em cada um dos seg- representa que esses espaços ainda estão lá e ainda são dar modificadores em qualquer teste para que encon-
mentos adiante usados, mas não há pessoas o suficiente para mantê-las trem seu esconderijo.
Essa forma de evolução da comunidade não leva em Uma comunidade com Localização nível 0 seria bem à vis-
funcionando adequadamente.
conta os feitos das personagens durante a história con- ta, com todos sabendo onde fica. Enquanto uma de nível 3
Ex. A Igreja da Salvação é uma Comunidade com 4 es-
tada, com isso quem estiver mestrando pode “esquecer” estaria mais escondida na mata ou ainda dentro de uma rede
a proposta de ganhar mais pontos de construção a cada paços especializados, cerca de 100 habitantes e nível de de túneis, uma de nível 5 seria um lugar muito bem escondi-
vez que as personagens sobem de Estágio ou dar esses condição 3. Porém após um ataque, cerca de 30 pessoas do e difícil de ser rastreado. Isso mostra o quanto os persona-
pontos mediante as ações das personagens, como, por morreram, ficando assim abaixo da quantidade Mínima gens podem ter que se preocupar em proteger o local.
exemplo, quando o grupo atrai mais habitantes para a de pessoas necessárias para manter estes espaços, com
LOCALIZAÇÃO
comunidade ou mediante a conquista de recursos úteis isso, o nível de condição cai, temporariamente para 2
REDUTOR/BÔNUS CUSTO
para o crescimento. até que mais pessoas entram na comunidade. (Use as +2 0
Regras de Batalha em Massa da página 133 do Savage +1 1
TAMANHO
Aqui não necessariamente estamos falando de espaço Worlds Edição Aventura). 0 3
físico da comunidade, mas sim o número de espaços TAMANHO -1 5
próprios para abrigar unidades especializadas que po- -2 7
ESPAÇOS MÍNIMO DE
dem ajudar os sobreviventes. Além de representar tam- CUSTO -4 10
ESPECIALIZADOS HABITANTES
bém um número mínimo de habitantes da comunidade 0 0 1
necessário para que aqueles espaços especializados fun- 1 1 20 CONDIÇÃO
cionem. 2 3 40 Determina o estado da comunidade, ferramentas, dos
Se o Mestre de jogo desejar controlar esse número de 3 5 60 espaços especializados e até mesmo moral de seus habi-
habitantes e ele cair, alguns espaços podem deixar de 4 7 80 tantes, conferindo bônus/redutores quando aplicáveis.
funcionar adequadamente. Logo se a quantidade de ha- 5 10 100 Uma condição zero representa um abrigo improvisa-
bitantes cair abaixo do mínimo necessário para manter 6 13 150 do ou uma comunidade em seu início de criação com
aquela quantidade de espaços especializados, o Mestre espaços precários e ferramentas improvisadas. Já um de
7 16 200
determina que o nível de Condição (ver a seguir) cai em nível 3 mostra que é um espaço já organizado e com as
8 20 250
1, e assim em diante para cada vez que a quantidade de ferramentas adequadas.

33
FERRAMENTAS DO MESTRE Savage Worlds

CONDIÇÃO RECURSOS
REDUTOR/BÔNUS CUSTO DADO DE RECURSOS CUSTO
-2 0 d4-2 0
-1 1 d4 1
0 3 d6 3
+1 5 d8 5
+2 7 d10 7
+4 10 d12 10

RECURSOS ESPAÇOS ESPECIALIZADOS

Determina a escassez ou abundância de recursos, sejam
eles alimentos, ferramentas ou armas. Sempre que al-
guém precisar de algo mais incomum ou específico role
o dado de recurso, em caso de sucesso o que ele dese-
ja está disponível, em caso de falha não e no caso de
falha crítica, o nível do dado de recursos diminui em
1 por um mês. Este dado deve ser rolado sempre que
passar um mês na história para determinar os níveis de
medicamentos, alimentos, munição e combustíveis em
estoque. É rolado apenas uma vez, em caso de sucesso,
os estoques de todos os itens estão razoáveis, durante
o mês vigente; em caso de ampliação, cada ampliação
significa um mês a mais de tranquilidade; em caso de
falha, algum dos itens (escolha aleatoriamente) está com
estoques baixos e irá acabar em alguns dias; em caso de
falha crítica, todos os estoques estão baixos demais, aca-
bando em alguns dias.
Cada espaço Especializado representa algo construído
ou conquistado que tem as ferramentas necessárias para
o seu fim. O estado deste espaço e de suas ferramentas
depende do nível de Condição.
Centro de Convivência (1 ponto): usado para reu-
niões e descanso no geral. Local que o líder pode usar
para conversar com os habitantes, inspirá-los e motivá-
-los. (rolagens sociais são afetadas pela condição).
Garagem (2 pontos): Não é só onde guardar veículos,
mas também serve como uma oficina. (rolagens de con-
sertar são afetadas pela condição, portanto lembre-se de
usar os redutores ou somar nas jogadas).
Biblioteca (2 pontos): Não só onde se encontram os
livros de vários assuntos, mas também mapas e outras
informações úteis. Como identificar plantas venenosas
ou como conservar carne e frutas. (rolagens de Pesqui-
sar são afetadas pela condição).

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 FERRAMENTAS DO MESTRE Savage Worlds

Centro Médico (variável): Enferma- Fazenda/criação de gado (3 pontos): A comunidade

ria. Seu custo depende do profissional ARMAMENTO cultiva e cria seu próprio alimento, com este recurso ali-
de saúde. Os jogadores podem usar sua pró- ARMAMENTO CUSTO mento sempre estará disponível, exceto com um erro
pria perícia Curar (afetada pela condição) se for maior Nível 1: Armas brancas improvisadas, crítico na rolagem de Recursos mensal. Neste caso ele
alguns bastões de metal. Sem armas de 0
que a do profissional. fogo. precisará ser reabastecido ou acabará em um mês. Se
(As rolagens de Curar são afetadas pela condição) Nível 2: Bastões de madeira e metal, al- não for reabastecido neste mês em que houve a falha
gumas armas brancas elaboradas. Uma 1 crítica, estará sujeito as regras de falha normalmente a
CENTRO MÉDICO ou outra pistola
cada mês que não for reabastecido através de uma mis-
PROFISSIONAL DADO DE CURAR CUSTO Nível 3: Armas brancas elaboradas, pis-
tolas, um ou outro fuzil ou submetra- 3 são. Depois de reabastecido (considere que se encontrou
Nenhum d4-2 1 lhadora, explosivos improvisados animais para procriação ou sementes e adubo para as
Curioso d4 3 Nível 4: Pistolas para quase todos, um plantações) ele passa a funcionar como descrito inicial-
Enfermeiro d6 5 bom número de fuzis e submetralhado-
5 mente.
ras, granadas, uma ou outra metralha-
Médico d8 7 dora Combustível (3 pontos): Estoque de combustível, com
Especialista d10 10 Nível 5: Fuzis e metralhadoras disponí- este extra o combustível sempre estará disponível, exce-
veis, granadas e explosivos. Um lança 7
Especialista Veterano d12 15
foguetes
to com um erro crítico na rolagem de Recursos mensal.
Nível 6: Qualquer arma possível pode Neste caso ele precisará ser reabastecido ou acabará em
Laboratório Especializado (3 pontos): dedicado a um 15
estar em seu estoque um mês. Se não for reabastecido neste mês em que hou-
assunto de pesquisa ou estudo como Biologia, Química, ve a falha crítica, estará sujeito às regras de falha nor-
engenharia etc. EXTRAS malmente a cada mês que não for reabastecido através
(As rolagens de Conhecimentos Acadêmicos e Ciên- Defesas (2 pontos): Muros, armadilhas, organização e táti- de uma missão. Depois de reabastecido (considere que
cias relacionadas ao assunto escolhido são afetadas pela cas. As defesas podem ser desde um simples muro de madei- se consertou os dutos de alimentação ou se encontrou
condição) ra, até muros de concreto com vigias treinados, dependendo um grande estoque) ele passa a funcionar como descrito
Celas (2 pontos): local para manter prisioneiros vivos. do nível de Condição. Assim, quando forem atacados os de- inicialmente.
(as rolagens feitas para interrogar, ou impedir fugas são fensores adicionam o nível de condição em suas rolagens. Passagem secreta (2 pontos): Saídas secretas em caso
afetadas pela condição) Gerador (3 pontos): Energia Elétrica movida a gaso- de necessidades.
Armamento (variável): O armamento é o estoque de sua lina, isso fornece luz quando necessário e até alguns Veículos (variável): Há um (ou mais) veículos dis-
comunidade, representando o tipo de armas que podem ser confortos, mas não é algo que possa ser gasto de forma poníveis (a menos que destruídos durante a história).
encontradas lá. Para escolher algo específico, role o dado de leviana. Com este Extra a energia passa a ser um dos re- Eles podem não estar sempre disponíveis ao grupo de
recursos, modificado pelas condições da comunidade. cursos afetados pelas rolagens mensais de recurso. jogo por estarem em outra missão, mas estão sempre em

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 FERRAMENTAS DO MESTRE Savage Worlds

prol da comunidade (para que ele seja LIDERANÇA

exclusivo do grupo pague um custo extra A liderança de sua comunidade pode ser simples-
igual metade de seu custo, arredondado para mente escolhida pelos jogadores ou decidida numa
cima). Cada tipo de veículo tem um custo e cada vez que rolagem de forma aleatória. Além de decidir a forma
é comprado dá direito a um veículo desse tipo. de liderança é possível rolar aleatoriamente para as
intenções do lider.
VEÍCULO
TIPO DE VEÍCULO CUSTO TENDÊNCIA DA LIDERANÇA
Moto 2
D6 TENDÊNCIA DA LIDERANÇA
Carro comum 3 A liderança é autoritária e visa apenas seus interes-
1
Minivan 4 ses ou do grupo que representa.
Pick-up ou Van 5 A liderança é autoritária, mas visa os interesses da
Jipe 6 comunidade, pode até mesmo entrar em conflito
2
Caminhão comum 7 com a comunidade, desde que seja para um bem
Caminhão grande ou caminhão tanque 8 maior.
A liderança finge estar agindo em prol da comu-
Jipe com arma veicular* 9
nidade, mas tem seus próprios interesses, po-
Tanque 15 3
dendo agir contra a comunidade pelas costas se
Helicóptero 20
necessário
Avião monomotor/ hidroavião 25 A liderança é boa para a comunidade, os interesses
4
Helicóptero militar* 30 de todos estão acima dos seus pessoais.
Barco a motor pequeno 4 A liderança é boa para a comunidade, apesar de ter
Lancha pequena 6 acordos secretos ou ações questionáveis que podem
5
Lancha com arma veicular* 10 fazê-la sair do poder, isso foi feito para o bem de
todos.
A liderança é fraca e cede facilmente a pressões, se-
* A arma destes veículos é uma metralhadora média 6
jam internas ou externas.
(30/60/120, 2d8+1, PA 2, cdt 3), para armas adicionais
consulte o mestre.

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 FERRAMENTAS DO MESTRE Savage Worlds

MISSÕES
Como podem ver, a própria comunidade vai deman-
dando missões, principalmente se tiver poucos pontos
LIDERANÇA
dedicados a ela. A necessidade de alimentos, mais ha-
D10 LIDERANÇA DESCRIÇÃO
bitantes, ou de armamentos vai fazer com que o grupo
Não há uma liderança definida, cada um segue suas próprias ordens, apesar de ser possível existir uma lis-
Liberdade tenha que sair e vasculhar. A cargo do mestre as missões
1 ta de regras simples como não roubarás, não matarás e etc. As decisões coletivas são feitas por votação de
democrática poderiam fornecer:
todos os participantes da comunidade.
Lei do mais □ 1 ou 2 pontos de Comunidade para melhorá-la
2 Não há uma liderança definida, mas os mais fracos sabem que a violência que manda.
forte □ xd10 novos habitantes (onde x é a quantidade de
Existe um líder eleito – possivelmente algumas pessoas próximas que o auxiliam em alguns pontos – este
dados a ser definida pelo narrador)
3 Democracia líder muda de tempos em tempos e pode ser retirado da liderança por votação popular. Provavelmente
existe uma lista de regras bem definidas.
□ Um NPC importante
Existe um líder que se colocou nessa posição através da força e aqueles que questionarem seu poder irão □ Bônus temporário no dado de recursos
Autocracia do
4 sentir sua ira. Pode existir uma lista de regras, mas também pode ser que o líder decida as coisas conforme □ Algum extra temporário (que pode, a cargo do Nar-
mais forte
a necessidade. rador se tornar efetivo se pagando metade de seu
Existe um líder que se colocou nessa posição devido a necessidade de alguém para liderar estas pessoas
Autocracia da custo arredondado para cima)
5 num momento complicado, ele tenta fazer o melhor para eles. Pode desejar passar esse cargo adiante quan-
necessidade □ Bônus temporário no nível de armamento
do as coisas estiverem mais tranquilas, ou pode ter gostado do poder e não pretende largá-lo.
Existe um líder que se autoproclamou Rei – ou pessoas que o proclamaram assim – ele pode liderar para
6 Monarquia
seu povo ou para seus próximos. Ele irá se manter no poder até escolher um sucessor a seu trono.
Uma religião lidera a comunidade. Com isso as leis do local estão atreladas aos dogmas religiosos. O líder pro-
7 Teocracia vavelmente é um dos líderes da religião, mas pode ser também um grupo de líderes que tomam as decisões de
forma conjunta.
Alguém tomou o poder – ou foi dado a esta liderança – e portanto faz o que acha melhor para a comunida-
8 Ditadura
de. Tende a fazer de tudo para se manter no poder.
Um grupo de pessoas decide as coisas por aqui por meio de votações. Pode ser um grupo fechado que não
9 Conselho
escuta sua comunidade, ou um grupo mais aberto a ideias externas.
A comunidade é governada por militares – oficiais ou não – e portanto segue uma lógica de patentes, sendo
10 Militarismo
o líder o general em questão.

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 APOIADORES PUNKVERSO
BIBLIOTECÁRIO:
Bruno Vassalo da Silva, Gabriel Alves Rodrigues, Ismael da Silva Machado,
Jefferson de Araújo Lima da Silva, Joao Amadeu Nascimento Vieira, Leandro
Campos, Luis Gustavo Remistico, Luiz Felipe Bruno, Matheus dos Santos Gon-
zaga, Mattheus Belo, Nina Bichara, Paulo Ramon Nogueira de Freitas, Roberto
"Necrobeto" Barreto Miyoshi Moreira, Thallys de Freitas Soares, Victor Hugo
Scatamburlo, Victor Scudeler Bechelli, Wallas Pereira Novo

INVESTIGADOR SELVAGEM:
Alessandro Vorussi Correa, Claus Tessmann, Felipe Dos Santos Silva, Fran-
co Guglielmoni, Gabriel Amabile Boscariol, Gene Cavalcante, Gustavo Aurélio
Cooper, Icaro Victor Oliveira, Marcelo Augusto Galvao, Marcelo Passamani Ma-
chado, Milton Vinícius Diogo de Sousa, Patricia Brito, Rafael Panczinski de Oli-
veira, Rafael Tokarski Ribas, Rodrigo Carvalho Dias, Thiago Henrique Ferreira,
Tiago Dienstbach

PUNKER:
Amauri Antunes Pereira Junior, Chrysthowam A. Santos, Denis Oliveira, Ema-
nuel Guilherme, Fabio Cesar de Carvalho, Felipe Figueiredo Lacerda, Felipe Me-
nezes Machado, Fábio Corrêa, Guilherme Fabricio, Gustavo José Jordan Prado,
Hades Oneiroi, Igor Luís Gonçalves e Silva, Jefferson Geovane, Kirlian Vellarins
Feijó Silvestre, Lauro Ângelo Gonçalves de Moraes, Luiz Fernando Rossafa Dias
Macedo, Maiquel Leonel, Mateus Herpich, Miguel Souza Silva, Nicholas Ataide
Minora, Rafael de Lima, Renata da Silva Bruscato, Ricardo Mallen M de Souza,
Sérgio Matuda, Valdir Possani, Vitor Bornéo, Vitor Carvalho, Vítor Alves Pa-
triarcha

MESTRE: CATARSE.ME/PUNKVERSO
Fábio Medeiros, Marcelo Augusto Reis Silva, Peter Bidel Schwambach
 EDIÇÃO 029
MAIO/22

NA PRÓXIMA EDIÇÃO:
CONHEÇA O ANEL PRÍSTINO
ELDEN RING PARA SAVAGE WORLDS
E MAIS: REVOLUÇÕES SOCIAIS PARA SAVAGE WORLDS
MONSTRO: OS HORRORES DE BLOODBORNE PARA RDC
ATRÁS DO ESCUDO: BOSQUE DAS KODAMAS PARA TINY DUNGEON