ESPECIAL TINY

ABRIL/21

EDIÇÃO ESPECIAL
TINY DUNGEON
UM RPG MINIMALISTA
RPG MINIMALISTA, COMO NARRAR?
GANCHOS: HISTÓRIAS QUE PRENDEM E O VALE DOS CORVOS
DE MESTRE PARA MESTRE: RESUMO DE REGRAS
Conecte-se ao nosso Universo
em plena expansão!

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EDITORIAL
O tempo de abrir as portas das masmorras, desenrolar os perga-
minhos e destravar cadeados de calabouços chegou…
Uma das maiores dificuldades do meu dia - e aposto que
do seu também - é ter tempo. As coisas para arrumar se
acumulam, o trabalho nunca pode esperar, as louças des-
cansam sobre a pia e sempre há algo a fazer. Sentar para
jogar com os amigos se tornou uma história um pouco dis-
tante, memória de outros tempos.
Nestes dias corridos não guardo na memória o suficiente
para poder narrar. Mas talvez, agora poderemos fazer isso.
Ou pelo menos, foi com isso em mente que a Retropunk
trouxe o Tiny Dungeon.
Na primeira leitura eu já sabia seus testes principais. Pi-
lha de 2d6, com um resultado 5 ou 6 você passa no teste. Só
isso. E ainda trouxemos um resumo das regras nas orelhas
do livro. Eu poderia montar uma mesa agora. Talvez, de-
pois de ler esta revista, você também chame alguém para
jogar. Pode ser este o momento perfeito para ensinar seu
filho a jogar, a ficha é simples e o importante é se divertir.
Espero que você também possa, nestes dias atribulados e
difíceis, tirar um tempo para desafiar o fantástico e se dis-
trair na leveza de uma jogada de dados e de um desafio
vencido.
– Nina Bichara
ÍNDICE
RESENHA TINY DUNGEON................................03
Tiny Dungeon está chegando e hoje você fica conhecendo um pouco mais so-
bre este RPG Minimalista.
NARRANDO UM RPG MINIMALISTA.....................07
Mas afinal de contas, como narrar e jogar esse tal de RPG Minimalista? Neste
artigo você já conhece um pouco mais deste estilo de jogo.
PEQUENAS MASMORRAS GÓTICAS.....................11
Como dar um tom gótico à fantasia medieval de Tiny Dungeon. Além disso
alguns monstros novos para sua mesa.
PEQUENOS CALABOUÇOS, GRANDES COMBATES....15
Um resumo das regras de combate de Tiny Dungeon e suas opções de comba-
te que deixam o jogo mais ou menos simples.
HISTÓRIAS QUE PRENDEM...............................20
Aproveitamos um dos microcenários apresentados no Tiny Dungeon para
trazer algumas ideias de como aproveitá-lo
VALE DOS CORVOS...................................................24
Uma região com personagens importantes, localidades, inimigos e ganchos
para sua mesa de Tiny Dungeon.
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO CRÉDITOS
EDITOR
CLARICE FRANÇA Fernando "del Angeles" Pires
Escritora, roteirista e editora do site Nebulla. É uma das roteiristas do primeiro CONSELHO EDITORIAL
e segundo Gibi de Menininha e autora do romance A Guardiã do Sonhar. Daniel Martins, G. Moraes, Nina Bichara e
Rodrigo "Bigg" Campos
IDENTIDADE VISUAL
IVAN COLUCHI G. Moraes
Escritor, joga RPG desde 1996 e seus favoritos são Castelo Falkenstein e Fate,
mas está sempre disposto a conhecer jogos novos. DIAGRAMAÇÃO
Fernando "del Angeles" Pires e
G. Moraes
MARCELO AUGUSTO GALVÃO REVISÃO
Escritor de ficção fantástica, joga RPG desde os anos 90. Ainda que goste
Pedro Feio
dos clássicos, atualmente tem preferência por RPGs com regras leves e
minimalistas. ARTE INTERNA
Earl Geier, Editoras originais e Internet (algumas
MIGUEL "BEHOLDER" editadas por G. Moraes)
Mestre de RPG em tempo integral, farmacêutico nas horas vagas. Podcaster
do RPGLendas e Mix do Universo. Aguardando o RPG de Mesa existir em
realidade virtual.

OLIVER BALBI
RPGista desde os 13 anos, professor, tradutor, revisor e escritor. Acredita
que a língua é a chave que abre todos os mundos. Quer tornar o RPG cada
vez mais inclusivo e seguro para todes.
RESENHA Tiny Dungeon

O QUE É TINY
DUNGEON?

T
iny Dungeon é um sistema muito poderoso.
Digo isso depois de ter passado muitas horas
debruçado em cima do livro lendo palavra por
palavra e revisando cada linha. Sou um leitor ávido
de sistemas. Já são mais de 13 anos de hobby e fiz
testes com todos os tipos que encontrei, tanto mes-
trando quanto jogando, para achar o que eu realmen-
te gostava. Por isso posso dizer sem ressalvas: Tiny
Dungeon é um sistema muito poderoso.
Simples.

POR OLIVER BALBI

 RESENHA
A primeira coisa que acontece
quando você começa a ler o livro é
perceber o quanto tudo aquilo foi feito
para ser simples. Veja bem, há uma diferença imensa
entre simples e simplista. Algo simplista seria um siste-
ma desconexo que tentaria facilitar regras, mas acabaria
perdendo seu foco e sua alma no processo.
Simples é um sistema redondinho, que roda per-
feitamente. Com rolagens de dados rápidas e eficien-
tes, feitas para trazer para mesas de RPG acostumadas
com batalhas de 3h e sets de dados caríssimos, um
frescor de poucos D6 e batalhas rápidas. É um daque-
les sistemas que você pode sentar, montar persona-
gem, entender o mundo e começar a jogar na mesma
tarde.
Para mim é o tipo de livro, ou pdf, que você leva no
bolso. Todas as pessoas que jogam RPG sabem a dificul-
dade de juntar grupos para jogar. Acho que todas elas
também já passaram pela frustração de estarem com o
grupo todo no mesmo lugar, mas não terem as fichas e
os dados para rolar. É aí que, inicialmente, Tiny Dun-
geon se encaixa.
O livro de Tiny Dungeon é organizado para ajudar o
RPG a ser mais sobre jogar e menos sobre burocracias.
Sempre joguei sistemas com regras cheias de detalhes
e livros de 300 páginas para quem estivesse jogando e
ainda mais umas 300 para quem fosse mestrar. Eu ama-
va ler e entender cada regra, e gosto até hoje, mas devo
admitir que fiquei encantado com essa proposta.
A mecânica básica do jogo é a seguinte: você vai jogar
de 1 a 3 D6 e com um 5 ou um 6, você tem um suces-
so. Normalmente as rolagens são feitas com 2 D6, o que
pode te dar dados a mais ou a menos são vantagens e
desvantagens. O máximo de dados que você pode rolar
independentemente da situação são 3D6. Você pode au-
mentar a sua taxa de acerto para 4, 5 e 6, mas você nunca
vai rolar mais de três dados.
Isso por si só já é revolucionário. Para quem entrou no
RPG tendo que ter D20 para acerto, D8 para vida e D10 para
dano isso pode ser inicialmente estranho. Sempre tive a im-
pressão que os meus sets de dados não estavam completos,
não importando quantos eu tinha de cada. Achei reconfor-
tante saber que com 3D6 consigo mestrar uma sessão.
Aqui está o primeiro dos poderes desse sistema: ele
torna o RPG mais acessível. Os preços de conjuntos de
dados não param de subir. Muitos sistemas exigem que
você tenha de 2 a 3 livros para conseguir jogar e, prag-
maticamente, nem todo mundo tem como comprar. Tiny
Dungeon tem essa proposta minimalista, que traz den-
tro do livro básico todas as regras necessárias e muitos
antagonistas de tipos e níveis de dificuldades diferentes.
Além disso tudo, traz alguns microcenários prontinhos
para você só pegar seu grupo e mergulhar na história.
CRIAÇÃO AMPLA E RÁPIDA
Quando for definido em qual microcenário o jogo vai
se passar, está na hora de montar as personagens. O
primeiro passo é escolher a sua Herança. Muito mais
4
Tiny Dungeon
abrangente do que o conceito de raça, Herança nos lem-
bra que não é só uma questão genética que define quem
nós somos, mas também a cultura na qual estamos inse-
ridos.
Sua Herança vai definir seus pontos de vida, que são
fixos. Todas as personagens que forem arvorídeos, por
exemplo, têm 9 pontos de vida. Você pode jogar com
classes mais comuns de RPGs, ou inovar com raças pro-
postas pelo livro como os próprios arvorídeos, salimar,
karhus ou lagartinos.
Depois disso partimos para os traços, que se parecem
com as Vantagens de Savage Worlds. Não existe o con-
ceito de classes em Tiny Dungeon. Tudo o que você é ca-
paz de fazer está definido nos traços. Todas as persona-
gens começam com 1 traço que ganham da sua Herança
e mais três que podem ser escolhidos.
As opções são tão variadas e instigantes que eu sin-
ceramente não senti falta das classes. A customização
é bem divertida de fazer, e você acaba tendo a possi-
bilidade de montar personagens muito diferentes en-
tre si.
Uma coisa interessante é que a escolha da arma na
qual a sua personagem vai ser proficiente não está in-
cluída nos traços. Você pode escolher entre três grupos
de arma: corpo a corpo leve, corpo a corpo pesada e as
armas a distância. Dentre eles você escolhe a arma na
qual você se especializa. Por exemplo, escolhendo o gru-
po de arma corpo a corpo pesada, você poderia escolher
uma espada longa para se especializar.
 RESENHA
O que vai mudar entre as armas
é, basicamente, o alcance. São três ti-
pos de distância: Próximo, onde as armas
corpo a corpo leve e pesadas alcançam. Perto, onde as
corpo a corpo pesadas e as a distância atingem. Longe,
onde só as à distância chegam. As magias podem ser
lançadas em qualquer uma das distâncias.
Uma coisa que pode chocar veteranos é que a escolha
da arma não influencia no dano dela. Um acerto num
ataque vai causar sempre 1 de dano. Nas regras básicas,
não importa se você está usando uma adaga, uma pis-
tola ou uma bola de fogo, com as três você consegue ser
igualmente mortal. Me lembra aquelas cenas de filme,
nas quais uma faca por entre as costelas pode matar de
forma mais eficiente do que um tiro.
Algo que me deixou muito empolgado para montar per-
sonagens em Tiny Dungeon é que elas são mais pé no chão,
mais realistas, do que em vários outros sistemas. Ele se pro-
põe a trazer para o jogo de uma forma muito interessante
a resposta para as perguntas: Qual é a sua origem? Quem
você era antes de ser a pessoa de armadura pesada com uma
espada enorme lutando na guerra? Quem era a sua família?
Caímos tanto no clichê, minha família está morta e eu
estou vagando sozinhe pelo mundo desde criança, que
esquecemos que a maior parte das histórias não aconte-
ce assim. Ninguém nasce sabendo empunhar uma espa-
da e a maior parte das pessoas precisa trabalhar para vi-
ver. Por isso, durante a montagem de personagem você
precisa escolher o ramo da sua família.
Tiny Dungeon
O ramo da sua família é como se fosse a sua profissão passíveis de serem mudadas no decorrer do jogo e isso
pré aventureire. Você é filhe de padeiros? Ferreiros? Te- pode fazer parte da sua evolução como personagem.
celãs? Então você pode usar as habilidades relacionadas Na montagem de personagem de Tiny Dungeon resi-
à sua profissão com vantagem. Isso traz uma camada a de um dos poderes do sistema: a possibilidade de você
mais de profundidade para a sua personagem. Aquela criar uma personagem com a qual você se identifica.
ladra de mão leves pode saber aplicar sua força sovan- Essa identificação não precisa estar ligada a páginas e
do massa de pão. A maga que nunca empunhou uma páginas de regras. A complexidade é proposta muito
espada pode ter os dedos calejados de ter passado sua mais na criação da personalidade do que em mecânicas.
infância tecendo com sua avó. Você pode montar tanto uma aventureira mais padrão
Essa proposta abre mais um espaço de imersão na per-
para uma one shot quanto pensar nos detalhes dos 100
sonagem, bem como o próximo passo: a crença. Tiny Dun-
anos que seu fay viveu com a mesma leveza.
geon nos convida a pensar nos
valores e princípios antes de eles
serem colocados à prova e sem
envolver pontos, dados e recom-
pensas mecânicas. Com uma fra-
se simples, você monta um guia
de como interpretar a sua perso-
nagem que vai te ajudar a tomar
as decisões difíceis que possivel-
mente vão surgir no seu caminho.
Desafios sempre podem mu-
dar a forma como personagens
vêem o mundo. Se a matança
da guerra fizer seu coração de
ouro virar uma pedra de gelo,
você não vai ter que continuar
seguindo a mesma crença. Bem
como na vida real, crenças são
5
 RESENHA
CAMADAS DE
COMPLEXIDADE
Depois disso, sua personagem está feita e
pronta para ser inserida em aventuras das mais diver-
sas. Mas antes de passar para as aventuras, fica aqui
uma informação para aqueles que sentiram muita falta
de mecânicas mais complexas. O livro tem uma parte
de regras adicionais nas quais você encontra, por exem-
plo, como usar dano variável, traços de prestígio que
se aproximam bastante do conceito de classes e afins.
Assim você pode montar seu jogo com tudo o que gos-
ta, acoplando algumas partes e tirando outras, deixando
com a sua cara.
Esse é outro dos poderes de Tiny Dungeon, a forma
como ele é personalizável. Mesmo sendo mais minima-
lista ele tem um espaço para você escolher o que gosta
dentro das propostas que ele oferece. Além disso, abre
possibilidades para você montar as suas regras da casa
de forma simples e direta.
O livro de Tiny Dungeon é um prato cheio para quem
mestra. Não só pela questão da personalização das re-
gras, mas por ter tudo o que você pode precisar para
uma aventura. Todas as regras necessárias estão lá. Al-
guns dos microcenários são apaixonantes, outros são
completamente surreais. Como é um sistema adaptável,
as histórias apresentadas são muito diversas. Têm anta-
gonistas interessantes prontos e a proposta é que o XP
seja dado para o grupo todo e não de forma individual.
CENÁRIOS E MAIS CENÁRIOS
Nos microcenários existem muitos tipos de universo e as
informações que você precisa para começar as aventuras
estão em cada um deles, incluindo mecânicas adicionais
necessárias e antagonistas específicos. Você pode esco-
lher uma história mais comum e ser alguém se aventu-
rando por labirintos com tesouros incontáveis de onde
apenas uma pessoa voltou. Ou você pode escolher estar
apenas cuidando da sua vida vivendo na sua caverna
quando aventureiros gananciosos resolvem destruir o
seu lar e ainda te chamam de monstro!
Conhecer a sociedade goblin para além do estereóti-
po do batedor burro e entender a complexidade na qual
ela se baseia, viver num mundo em que o mal ganhou
e tudo bem, pois você ganhou junto, são possibilidades
reais. Estar num universo em que o País das Maravilhas,
o mundo do Mágico de Oz e a Terra do Nunca se cho-
caram e o Capitão Gancho e a Rainha de Copas tem um
romance, também é possível.
ANTAGONISTAS
Quanto aos antagonistas, o livro organiza de uma for-
ma que eu gostaria que fosse aplicada a mais sistemas.
Eles estão organizados em seis níveis de ameaça: bucha,
baixa, média, alta, heróica e solo. Dessa forma fica mais
simples de criar aquele combate que não estava progra-
mado, ou preparar as sessões certinho de acordo com
o nível de quem está jogando e você vai ter sempre um
dinossauro na manga quando precisar.
6
Tiny Dungeon
POR FIM...
Com regras práticas e adaptáveis, personagens rápidas de
montar e com a possibilidade de serem complexas e profun-
das, uma variedade enorme de microcenários e antagonistas
bem montados, Tiny Dungeon é um sistema que dá vontade
de jogar e mestrar. E da vontade de fazer isso agora! Pois é
organizado de uma forma que torna isso gostoso e possível.
Mais do que isso, Tiny Dungeon é um sistema muito
poderoso, pois traz em si a possibilidade de trazer mais
pessoas para o hobby. Ele pode ser usado como um óti-
mo RPG de entrada. Com foco mais narrativo, pode ser
usado para campanhas leves e curtas ou para campa-
nhas complexas, intrincadas e sinistras. Por ser simples,
pessoas que nunca jogaram vão se sentir mais bem-vin-
das e pessoas que nunca mestraram vão se sentir mais
confiantes para tentar iniciar.
Por precisar de pouca mecânica de rolagem de dados,
também tem o poder de trazer de volta pessoas que joga-
vam há anos e que perderam isso por causa da distopia
pandêmica na qual estamos vivendo. Muitas delas não se
adaptaram a plataformas com fichas programadas e com-
plexas. Além disso, jogar on-line pode ser um desafio para
jogos muito parados e lentos, pois perder o foco é muito fá-
cil. Tiny Dungeon traz o movimento e a versatilidade que
são necessários para sessões curtas e interessantes.
Tiny Dungeon é um sistema muito poderoso, pois tem
a possibilidade de se encaixar em vários contextos que
não eram contemplados e com isso manter vivo o hobby
de viver aventuras, por trás ou por dentro das histórias.
TEORIA DE JOGOS Tiny Dungeon

NARRANDO
UM SISTEMA
MINIMALISTA

T
iny Dungeon é um jogo minimalista, focado mais
na interpretação do que nas regras. Isso não signi-
fica bagunça ou falta de parâmetros para decidir
os resultados das ações. Apenas quer dizer que o jogo
se apoia mais em descrições e linguagem verbal do que
em mecânicas matemáticas. Por isso, é importante que
todos os participantes contribuam com detalhes narrati-
vos. Neste artigo, vou dar dicas de como usar e melho-
rar suas descrições para criar aventuras inesquecíveis de
Tiny Dungeon.

POR IVAN COLUCHI

 TEORIA DE JOGOS
Diegético, adj. Derivado de die-
gese, aquilo que está dentro de uma
narrativa, interno a ela.
UM POUCO DE TEORIA
A crescente popularidade de sistemas minimalistas e
jogos old school trouxe à tona uma palavra estranha:
diegético. É um jeito erudito de rotular jogos narrativis-
tas. As regras desse tipo de sistema parecem ter muitas
lacunas, e têm mesmo. O objetivo é que você preencha
essas lacunas com julgamentos baseados nas descrições
do cenário e das ações das personagens.
Vamos supor que as personagens sejam um grupo de
caçadores de recompensas perseguindo um pirata e o
encontram na calada da noite, no meio de uma clareira,
enterrando um tesouro escondido. Em Tiny Dungeon,
não existem regras específicas para ataque surpresa. Mas
o inimigo está distraído, cavando um buraco, enquanto
as personagens das jogadoras estão nas sombras. Con-
siderando a configuração da cena, a Mestra pode decla-
rar que ele não percebeu a aproximação das caçadoras e
elas recebem vantagem no Teste de Iniciativa (ou talvez
o pirata receba desvantagem no dele). É uma decisão ba-
seada mais no contexto da cena do que em algum valor
numérico de percepção do alvo.
Basicamente, diegético significa que as soluções são
buscadas dentro da narrativa, mais do que em estatís-
ticas em uma ficha de personagem. Tiny Dungeon não
é um jogo completamente diegético, afinal, ainda usa
elementos aleatórios (as rolagens de dados) que são in-
fluenciados por características enumeradas na ficha de
personagem (como Traços e proficiências), mas certa-
mente é um sistema que favorece as decisões narrati-
vas. Ao ponto de que, se a jogadora fizer uma descrição
criativa e inteligente de como sua personagem vai tentar
superar um obstáculo, a Mestra pode considerar a ação
um sucesso mesmo sem rolar dados.
“Mestres podem determinar se a interpretação é o su-
ficiente para superar o Obstáculo e dar a você um suces-
so imediato sem precisar fazer o Teste.”
Tiny Dungeon,
Capítulo “Regras Básicas: Obstáculos”, pág 7
PERGUNTAS SÃO SUAS AMIGAS
Ao narrar aventuras de Tiny Dungeon, peça para as jo-
gadoras descreverem suas ações, personagens e itens. É
importante que essas descrições sejam mais longas e es-
pecíficas do que apenas algumas poucas palavras, como
“armadura” ou “elfo”. Todo item pode ter uma varieda-
de enorme de opções. Uma armadura pode ser nova e
reluzente, antiga e cheia de marcas de batalhas ou uma
colcha de retalhos, formada com peças de diversas arma-
duras diferentes. Pergunte onde a personagem encontrou
a armadura, de que material ela é feita ou se há algum
entalhe característico. Use perguntas para incentivar as
jogadoras a adicionarem detalhes às suas descrições.
8
Tiny Dungeon
Esses detalhes também podem ser úteis para criar
ganchos narrativos. Ao descrever seu guerreiro karhu, o
jogador conta que ele tem cicatrizes de quando sua vila
foi atacada por goblins e sua família foi morta? Ótimo!
Quero dizer, é horrível para a personagem, mas ótimo
para construção da aventura, dando um motivo a mais
para o guerreiro karhu se aventurar na masmorra. Tal-
vez ele perceba que os sinais tribais na entrada são idên-
ticos às marcas usadas pelos goblins que destruíram seu
lar.
Além de darem mais “sabor” ao jogo, descrições cria-
tivas e detalhadas podem garantir benefícios para as
personagens.
“Não tenha medo da criatividade — você pode ter es-
colhido se Especializar em adagas, mas há muitos tipos
de adagas com as quais você pode armar sua Aventurei-
ra, como punhais, katars e estiletes.”
Tiny Dungeon,
Capítulo “Criação de Aventureiro”, pág. 23
RECOMPENSAS
Mestres podem julgar que a descrição de um item ou
ação são relevantes o suficiente para gerarem algum be-
nefício na rolagem de dados. Vamos imaginar que uma
das personagens do grupo é um espião elfo que está ten-
tando se infiltrar em uma festa onde armas são proibi-
das. Mesmo sabendo da restrição, ele quer entrar com
 TEORIA DE JOGOS
uma lâmina escondida. Como essa
arma está descrita na lista de equipa-
mentos da personagem pode fazer toda a
diferença na hora de passar despercebida pela revista
na entrada da festa. Uma “adaga cerimonial incrusta-
da com joias” será bem mais difícil de esconder do que
uma “faca com lâmina retrátil”.
É importante ressaltar porque a personagem está re-
cebendo o benefício, seja ele uma vantagem na rolagem
de dados ou um ponto a mais de dano em um ataque.
A Mestra deve deixar claro que foi a descrição ou in-
terpretação criada pela jogadora que permitiu o bônus.
Isso incentiva as jogadoras a investirem em narrações
mais detalhadas e, aos poucos, a resolução diegética se
tornará um hábito.
Tiny Dungeon
“É encorajado que Mestres recompensem a interpretação semânticos toda vez que um Tocado pela Magia quiser
sempre. Então, uma descrição particularmente detalhada fazer um feitiço. O livro de regras dá alguns exemplos,
de um ataque pode causar mais de 1 ponto de dano ao seu que foram compilados na tabela a seguir. Essa compila-
inimigo, caso quem estiver mestrando assim decida.” ção também inclui outras sugestões de feitiços separa-
Tiny Dungeon, dos entre Sutis (para Tocados pela Magia) e Poderosos
Capítulo “Regras Básicas: Combate”, pág. 10 (para Estudantes de Magia).
EFEITOS
EFEITOS SUTIS
PODEROSOS
MAGIA SUTIL • Pequenas ilusões, lu- • Ressuscitar uma
Um ponto em Tiny Dungeon onde a escolha das palavras criatura
zes ou sons • Criar ou banir
usadas para descrever uma ação é extremamente relevan- • Moldar um elemento mortos-vivos
te é no caso de Tocados pela Magia. São personagens que (como a chama de uma • Exorcismo
não conseguem usar feitiços poderosos através de perga- • Regenerar ferimentos
vela ou um pouco de água) graves
minhos ou livros mágicos, como Estudantes de Magia. • Mover objetos pequenos • Transformar uma
Porém, conseguem usar energia mágica intuitivamente, • Aliviar a dor de um feri- criatura
manipulando o ambiente ao seu redor e gerando efeitos • Teletransportar
mento para auxiliar na cura • Comando mental
sutis. Como as regras deixam bem claro, “efeitos sutis são
as palavras-chave” para os Tocados pela Magia.
RUA DE MÃO DUPLA
“Efeitos sutis são as palavras-chave quando estamos Não são apenas as jogadoras que precisam caprichar
falando do Traço Tocado pela Magia. Então, não espere nas descrições. Mestres também devem oferecer narra-
convocar os mortos, ou lançar meteoros sobre seus ini- ções vívidas do cenário e das Personagens Não-Jogáveis
migos.” (PNJs). Não significa despejar uma tonelada de infor-
Tiny Dungeon, mação em cima das jogadoras sempre que suas persona-
Capítulo “Regras Básicas: Magia”, pág. 18 gens entrarem em um novo ambiente. Isso sobrecarrega
os participantes e não deixa espaço para a exploração do
É útil para o bom andamento do jogo que Mestres e jo- cenário.
gadores concordem sobre a definição de “efeitos sutis” Quem estiver narrando pode apresentar os detalhes
antes do início da aventura. Isso evitará longos debates mais óbvios do ambiente e permitir que as jogadoras
9
 TEORIA DE JOGOS
decidam no que querem focar. Nes-
se momento, fazer perguntas é uma
ferramenta essencial para todos os envol-
vidos. As jogadoras podem questionar sobre elementos
específicos do cômodo e a Mestra pode perguntar como
as personagens estão investigando (tocando ou apenas
olhando? com ou sem uma fonte de luz?).
A mesma dica narrativa para jogadoras também é vá-
lida para Mestres: evite descrições curtas e genéricas.
Uma “parede construída com blocos irregulares de pe-
dra, coberta com mofo e musgos” é mais interessante
do que uma simples “parede de pedra”. A forma como
as personagens estão interagindo com o ambiente tam-
bém pode permitir que elas aprendam mais detalhes re-
levantes. Ao tocar a parede, a personagem perceberia
que os blocos irregulares de pedra são instáveis e que
a construção pode ser facilmente demolida. A narrado-
ra pode considerar que ela talvez não ganhasse acesso
aos detalhes estruturais se estivesse apenas observando
com os olhos.
MUITA CALMA NESSA HORA
Em momentos de tensão e embate, é fácil esquecer de
descrever detalhes ou querer acelerar a narração para
pular direto para a rolagem dos dados. No entanto, já
deve ter ficado bem claro quão fundamental é a inter-
pretação em uma aventura de Tiny Dungeon. A rola-
gem de dados será diretamente influenciada pela des-
crição que você fizer.
Tiny Dungeon
Uma narração detalhada pode ajudar na estratégia
de combate das personagens. Por exemplo, se a Mestra
descreveu que a ponte de madeira onde estão duelando
tem tábuas quebradas, o jogador pode tentar empurrar
o alvo para um desses pontos. Isso não significa que a
narradora precisa descrever todas as nuances do am-
biente a todo momento, desde a umidade do ar até o
tom de marrom de cada uma das tábuas. Aí, já é exage-
ro. Mas é essencial oferecer um senso espacial para que
as jogadoras possam incorporar elementos do cenário às
descrições das suas ações.
O mesmo vale para descrições de personagens. Um
salimar que carrega uma espada de duas mãos não terá
nenhuma dificuldade em um combate a céu aberto, com
amplo espaço para seus ataques, mas poderá receber
desvantagem em um túnel apertado.
Fazer perguntas que incentivem as descrições, ofere-
cer detalhes aos jogadores e recompensar interpretações
criativas são mecanismos que podem, aos poucos, en-
riquecer a narrativa do seus jogos de Tiny Dungeon. E
utilizar os elementos do cenário para preencher as la-
cunas das regras se tornará cada vez mais instintivo e
intuitivo.
10
FERRAMENTAS DE MESTRE Tiny Dungeon

PEQUENA MASMORRA
GÓTICA
A
s sombras serpenteiam pelas ruas de um vilarejo decadente. Um relâmpago
estilhaça o céu noturno, enquanto morcegos voam sob o luar prateado. Lobos
enormes uivam nas colinas, aterrorizando os corações de pobres camponeses.
E do alto de um castelo, um nobre amaldiçoado observa a tudo com um sorriso de pre-
sas pontiagudas e manchadas de vermelho…

POR MARCELO AUGUSTO GALVÃO

 FERRAMENTAS DE MESTRE
Uma das características mais in-
teressantes do Tiny Dungeon é a sua
versatilidade ao usar regras simples, in-
clusive ao criar cenários. Desta forma, uma Mestre pode
inventar com facilidade uma ambientação além daquela
tradicionalmente associada aos RPGs de fantasia, fugin-
do assim do lugar comum como elfos, anões, goblins,
dragões etc. Entre os inúmeros derivados da fantasia,
um cenário que combina com Tiny Dungeon é aquele
com atmosfera gótica.
A ficção gótica é um tipo de literatura que surgiu na
Europa do século XVIII, enfatizando emoções fortes e
uma mistura única de terror e prazer com tragédia e ro-
mance. Caracterizado pela ambientação sombria e ma-
cabra, ela se tornou um gênero que dá destaque às cons-
truções isoladas e decadentes — castelos, monastérios,
mansões, prisões, manicômios —, amores proibidos, se-
gredos de família, insanidade e violência. E ao sobrena-
tural também: assombrações, demônios, vampiros, lobi-
somens e outras criaturas abomináveis que desafiam a
ordem natural. Com o passar dos séculos, a ficção góti-
ca se estenderia por outras mídias como cinema, rádio,
música, televisão, quadrinhos, videogame e, como não
poderia deixar de ser, RPG.
O GÊNERO
O gótico tem suas próprias convenções e características
que lhe diferenciam de outros gêneros. Por exemplo,
para combinar com a atmosfera gótica, é recomendável
que o nosso cenário seja numa época similar aos séculos
XVIII e XIX da Europa (mas nada impede que a Mestre
e as Aventureiras escolham um pano de fundo históri-
co diferente para as aventuras, como uma trama gótica
no Brasil colonial do século XVII). Os habitantes desse
lugar seriam humanos, logo, não existe a presença das
outras Heranças que temos em Tiny Dungeon, ou, no
mínimo, elas são muito raras. Por outro lado, o que não
falta nesse mundo são monstros!
Vamos ver como podemos adaptar algumas das ca-
racterísticas de um cenário gótico para o RPG:
□ Isolamento: fazendas, vilarejos, cidades e castelos,
assim como instituições religiosas, prisionais e de
saúde, estão isolados da civilização. Até existe con-
tato entre eles e a capital do reino, mas não é tão
frequente, talvez por se encontrarem em um local
de difícil acesso, cercados por montanhas ou pânta-
nos. Ou por despertarem desconfiança com notícias
— infundadas ou não — de uma praga que dizimou
boa parte da população décadas antes e ainda per-
sistiria, ou por boatos de que a floresta aos arredores
abriga abominações diversas. Também é possível
que, ao invés de apenas de uma região, a aventura
toda se passe em uma nação isolada de outras por
cordilheiras, rios ou mesmo que esteja em uma ilha
remota.
□ Segredos: as tramas das aventuras apresentam se-
gredos que colocam em jogo a reputação, honra e
até a vida de personagens (sejam os Aventureiros
12
Tiny Dungeon
ou PDJs). Pode ser um segredo de família como re-
lações incestuosas, algo proibido pela Igreja (ver a
seguir) após “catequizar” os “pagãos” que venera-
vam panteões profanos. Isso, no entanto, não impe-
de que algumas famílias retornem secretamente aos
velhos hábitos para garantir a sua linhagem, impe-
dindo assim que seus integrantes se misturem com
forasteiros e maculem a genealogia.
Da mesma forma, o nascimento de uma criança com
sérias malformações e que, contra todas as expectati-
vas, sobreviveu é algo que causaria desonra à família,
a tal ponto que ela agora vive escondida no porão de
uma mansão decadente, sendo tratada feito um animal
selvagem. Uma outra possibilidade de segredo fami-
liar seria a de uma maldição lançada séculos atrás, na
qual o primogênito perde o controle sob a lua cheia e se
transforma em um licantropo, causando destruição e a
morte de inocentes. Nessa mesma linha, um aristocrata
pode ter feito um pacto com um vampiro para obter
imortalidade diante de uma doença sem cura; agora,
ele faz de tudo para esconder sua condição dos entes
queridos, enquanto tenta lutar contra a sede de sangue
humano.
Outro tipo de segredo é o relacionado ao culto que
certas pessoas ainda prestam à divindades que a Igre-
ja pensou ter extirpado. São seitas com poucos inte-
grantes, de camponeses a nobres, que se reúnem nas
profundezas das florestas ou dos pântanos pela noite;
ali, bruxas e bruxos entram em contato com espíritos
 FERRAMENTAS DE MESTRE
antigos. Nessas noites, conspirações
são arquitetadas para tentar derrubar
o poder eclesiástico e assim retornar aos
tempos de adoração politeísta.
A própria Igreja, por sua vez, tem seus segredos para
esconder dentro da instituição. Autoridades em altos
cargos encomendando o assassinato de rivais pelos
mais diversos motivos: ciúmes, inveja profissional, dis-
cordância de opiniões e, é claro, ganância. Orgias entre
sacerdotes, sacerdotisas e fiéis em monastérios, gerando
crianças bastardas. Boatos de seitas secretas dentro da
Igreja cujo pensamento se assemelha bastante com o de
alguns cultos heréticos e, o pior de tudo, idolatram de-
mônios.
Existe ainda o segredo do conhecimento proibido.
Este é o objetivo de homens e mulheres que buscam
por uma maneira de alterar a ordem natural das coi-
sas ao conceberem criaturas abomináveis, seja através
da ciência, alquimia ou magia. Neste último caso, não
é incomum que façam pactos com demônios ou usem
artefatos místicos de lugares distantes, como do Les-
te Longínquo (onde existem guerreiros que, ao invés
de armas, usam apenas mãos e pés para lutar) ou das
terras do além-mar, habitada por pagãos que vene-
ram divindades antropomórficas e que enterram seus
mortos em construções piramidais. Qualquer que seja
o meio, o resultado é a criação de aberrações que de-
safiam a vontade da Igreja e que nem sempre podem
ser controladas.
Por último, as Aventureiras também têm segredos a
esconder. Qual é o motivo de terem deixado o sacerdó-
cio para levar uma vida de aventuras? Por que buscam
por redenção? Seriam maculadas por alguma maldição?
□ Poder corrompido: muitos séculos atrás, a Igreja
dominou toda a região (ou nação), impondo pela
Palavra e Espada sua visão monoteísta e levando à
extinção qualquer outra religião que não passasse a
venerar a Divindade Única e Verdadeira. Esta, por
sua vez, é representada no mundo por uma Auto-
ridade Suprema, líder da Igreja, que segue as pala-
vras das Escrituras Sagradas ditadas pela divinda-
de. Para garantir a ordem, é preciso um exército de
caçadores de bruxas, inquisidores, exorcistas e sol-
dados com mosquetes.
Mas a imagem de santidade que reveste a instituição
não passa de uma fachada. Por dentro, ela é maculada
por facções que lutam pelo poder, numa — na maioria
das vezes — guerra silenciosa cheia de intriga e corrup-
ção (conforme indicado anteriormente). Essa divisão é
uma fraqueza que pode ser explorada pelos adversários
da Igreja.
Dependendo da aventura, a instituição pode ser alia-
da ou inimiga dos Aventureiros.
OS PERSONAGENS
Uma vez que esse cenário é humanocêntrico, vamos pre-
cisar usar a regra opcional dos Traços de Prestígio para
dar alguma variedade aos Aventureiros:
13
Tiny Dungeon
CAÇADORA DE MONSTROS
Monstro bom é monstro morto. Seu principal objetivo
na vida é eliminar aberrações malignas como vampiros,
licantropos, assombrações, múmias, demônios e des-
mortos que caminham sobre o mundo. Para selecionar
esse traço, você precisa ter Resoluto.
Quando você tem Vantagem contra um desses mons-
tros acima, seus ataques causam 2 de dano ao invés de 1.
Você pode escolher ter Desvantagem em um ataque
contra um monstro no qual normalmente teria Vanta-
gem para fazer um Ataque Mortal. Se o ataque acertar,
o monstro alvo deve fazer um Teste de Defesa com Des-
vantagem. Se falhar, o alvo morre. Se passar, sofre 2 de
dano. Após usar essa habilidade, você deve rolar um
d6. Se o resultado for 1, você não pode fazer um Ataque
Mortal até descansar por 6 horas.
ESPIRITUALISTA
Eu vejo gente morta o tempo todo. De algum modo,
você consegue se comunicar com os espíritos dos mor-
tos e pedir ajuda deles. Para tanto, deve obter antes o
traço Tocado pela Magia ou Estudante da Magia e assim
ganhar a Disciplina Magia Espectral:
□ Poltergeist: igual à magia Arremessar. O espírito in-
vocado faz que objetos se movam ou sejam arremes-
sados e destruídos.
□ Fasmofobia: igual à magia Perturbar. O fantasma se
materializa por alguns instantes diante do alvo.
□ Negócios inacabados: similar ao traço Levantar os
 FERRAMENTAS DE MESTRE
Mortos. Aqui, o espírito tem 2 Pontos LOBISOMEM
de Vidas (Baixa) e toma forma dentro PV: 14 (Heroica)
de um raio de 9 metros do espiritualista, Descrição: Estas criaturas bestiais são vítimas de uma
obedecendo às ordens deste. O fantasma ganha os maldição de família ou foram transformadas após se-
traços Furtivo e Voo, começando seu turno no fim rem mordidas por outro lobisomem.
do turno do espiritualista. Traços:
□ A morte é apenas o começo: faça esse teste com □ Pés Ligeiros
Desvantagem. Se conseguir, o fantasma se solidifica □ Destroçar
para drenar 1 Ponto de Vida do alvo, fazendo que □ Mordida
você ganhe esse ponto (Pontos de Vida que ultra- □ Regeneração: no começo do seu turno, o
passem o seu máximo são perdidos).
lobisomem recupera 1 Ponto de Vida, a
não ser que tenha sido ferido antes com
MONSTROS objetos de prata.
LORDE VAMPIRO REVIVIDO
PV: 14 (Heroica) PV: 14 (Heroica)
Descrição: Estes vampiros são geralmente vilões char- Descrição: Criados geralmente por cientistas
mosos, trágicos e incompreendidos, mas que precisam que ousam desafiar a natureza, esses golems de
saciar a sede por sangue e poder. carne humana podem até possuir um resquício
Traços: de inteligência.
□ Voo: Pode voar até 18m por Ação. □ Traços:
□ Carismático □ Duro de Matar
□ Convocar criaturas da noite: Como uma Ação, convoca □ Resoluto
1 rato (PV:4, Traços: Evasivo, Furtivo), ou 1 lobo (PV:6, □ Forte
Traço: Destroçar) ou 1 morcego (PV:4, Traços: Voo, □ Corpo grotesco: igual à ma-
Evasivo e Furtivo) em um raio de 9 metros. A criatura gia Perturbar. Na primeira
começa seu turno no fim do turno do vampiro. vez que encontrar um ini-
□ Transformação: Uma vez por dia, pode se transfor- migo, faça um Teste com
mar em rato, lobo ou morcego. Desvantagem. Se obtiver su-
14
Tiny Dungeon
cesso, um inimigo sofre Desvantagem em todos os
Testes até o começo de seu próximo turno.
ARMAS DE FOGO
As armas de pederneira (como pistolas e mosquetes) es-
tão disponíveis para esse cenário, sendo Armas à Dis-
tância e custando de 5-15 peças de Ouro. Ambos os mo-
delos só disparam um tiro por vez, portanto, possuem a
característica de que é preciso uma Ação para car-
regar e outra para atirar.
Para quem quiser aprimorar o combate
com esse tipo de arma de fogo, recomen-
da-se a regra de Dano de Arma
Variável. Por outro lado, armas
de pederneira levam mais tem-
po para recarregar do que nor-
mal; a sugestão é que precisem
de duas Ações contínuas ou
só possam ser recarregadas
no fim de um combate. Mas
nada impede que, no caso das pis-
tolas, uma Aventureira leve mais de
uma na hora de enfrentar mons-
tros.
DE MESTRE PARA MESTRE Tiny Dungeon

PEQUENOS
CALABOUÇOS,
GRANDES COMBATES
T
iny Dungeons 2ª Edição tem a proposta de simplificar a sua jogatina,
transformando aquela sessão cheia de cálculos, regras e opções em
uma aventura fluida, minimalista, prática e cheia de interpretação.
Bem, o combate de TD2E busca o mesmo objetivo, dando mais valor a es-
tética e a interpretação e menos as “matemáticas”!

POR MIGUEL "BEHOLDER"

 DE MESTRE PARA MESTRE
Mas calma! Isso não significa dei-
xar de lado o enlouquecedor prazer
das rolagens, ou coisa parecida! É para
isso que, neste artigo, trago um compilado mecânico,
prático e rápido das regras oficiais e opcionais da troca-
ção de porrada de TD2E!
Aqui você poderá, não só aprender sobre o combate
do sistema, mas ter uma fonte rápida e fácil para consul-
tar suas alternativas e possibilidades durante a sessão!
TESTES
Antes de qualquer coisa, TD2E propõe uma mecânica
de testes extremamente simples!
1. Você irá determinar quantos dados rolar. Nor-
malmente 2D6. Traços, Itens e outros modificadores
aplicados pelo Mestre denominados Vantagens e Des-
vantagens podem aumentar ou diminuir o número de
dados (veja sobre Vantagens e Desvantagens no ma-
nual).
2. Você procura entre os dados rolados algum resulta-
do 5 ou 6. Se houver pelo menos um deles, você passou
no teste. Caso contrário, você falhou.
Em termos de jogo, isso é um Teste contra um Obs-
táculo. Basicamente qualquer obstáculo proposto pelo
Mestre pode ser resolvido com imaginação e 2D6.
AÇÕES EM COMBATE
Uma vez que o combate comece, cada personagem tem
2 Ações. Essas ações podem ser usadas para atacar, se
mover, pegar um item, soltar um item, mover duas ve-
zes, atacar duas vezes etc.
Contudo, TD2E oferece mais ações do que o costumei-
ro atacar e mover. Veja abaixo a descrição de cada ação.
ATACAR
Quando um Aventureiro ataca, ele faz um teste contra o
obstáculo que é o alvo. Se conseguir algum 5 ou 6, acerta
e causa dano.
MOVER
Em TD2E não há uma regra que determine o desloca-
mento de cada criatura por ação. Esses valores devem
estar em comum acordo entre os Jogadores e o Mestre
antes do início do jogo.
Algumas sugestões são:
□ Determinar que 1 Ação usada para se mover é igual
a X metros de deslocamento ou X quadrados. O que
facilita quando se joga com tokens e grids.
□ Deixar que o Mestre determine quantas ações são
necessárias para o personagem se mover de onde
ele está até onde ele quer chegar.
DESVIAR
Quando um personagem se concentra em desviar, ele gas-
ta 1 Ação e recebe a oportunidade de ter uma defesa ativa.
Isso significa que, mesmo seu inimigo passando no
teste para feri-lo, você ainda poderá rolar 1D6. Se rolar 5
ou 6, evita o ataque que iria atingi-lo!
Esse efeito dura até o começo de seu próximo turno.
16
Tiny Dungeon
FOCAR
Ao gastar 1 Ação para ficar focado no combate, seu pró-
ximo teste para atacar um inimigo terá uma margem de
sucesso de 4, 5 ou 6, ao invés de apenas 5 e 6.
Apesar dessa ação não ser cumulativa, ela se mantém
ativa até ser usada ou até o fim do combate.
FAZER UM TESTE QUALQUER
Qualquer outra ação feita pelo personagem que o Mes-
tre considere precisar de um teste, obrigatoriamente
também custará 1 Ação.
INICIATIVA
Assim que um combate dá início, vem aquela rolagem
clássica para determinar quem começa e os demais sub-
sequentes na lista de turnos, algo denominado Ordem
de Iniciativa.
REGRA BÁSICA
Ela é resolvida rapidamente, com os testes básicos (2D6
+ modificadores) dos Aventureiros contra os Persona-
gens do Mestre (PdM). Os maiores valores começam.
Em casos de empates:
□ Empate entre Aventureiro e PdM: vence o Aven-
tureiro.
□ Empate entre Aventureiros: rerola até alguém
vencer.
□ Empate entre PdMs: o Mestre decide quem começa.
 DE MESTRE PARA MESTRE
REGRA OPCIONAL: GRUPOS
Para acelerar as coisas, ao invés da Or-
dem de Iniciativa considerar individual-
mente cada personagem, o Mestre pode comparar a maior
iniciativa dos Aventureiros com a maior do grupo de PdMs.
Se os Aventureiros vencerem ou empatarem, todos
eles começam, decidindo entre eles quem jogará primei-
ro, segundo etc. Essa alternativa oferece maior oportu-
nidade para estratégias e combinações de equipe.
Por outro lado, se o grupo de PdMs vencerem, será
o Mestre que irá se divertir com todas as suas criaturas
começando o combate!
ARMAS
Antes de realizar um ataque, o Aventureiro precisa de-
terminar com o que irá atacar. TD2E não propõe uma
lista de armas complexas, cheias de informações espe-
cíficas para cada item que devem ser anotadas na ficha.
O sistema oferece as Categorias de Armas:
□ Corpo a Corpo Leve: adagas, espadas curtas, rapieiras etc.
As armas dessa categoria são todas que se enquadram em
uma descrição ágil, leve, flexível ou escamoteável.
□ Corpo a Corpo Pesada: espada grande, machado
de guerra, lança etc. As armas dessa categoria são
todas que se enquadram em uma descrição bruta,
destrutiva, onde o peso e tamanho da arma importa.
□ À Distância: arco, besta, pistola etc. As armas dessa
categoria são todas as que propõem acertar um alvo
distante usando de alguma munição.
Tiny Dungeon
Você pode se perguntar: “Uma adaga não poderia ser
arremessada? Como funciona a kusari-gama que tem
uma corrente para maior alcance?”
Agora vem a parte divertida! Acordando entre o joga-
dor e o Mestre, não existe regra fixa. O próprio manual
sugere a invenção de regras de ouro onde podem-se in-
serir armas que se encaixam em duas categorias, ou que
podem ser usadas em outra em um arremesso etc.
Lembrando que existe a regra de Proficiência. Se o per-
sonagem não for Proficiente na categoria de armas que
esteja usando para atacar (arremessar uma lança, por
exemplo, mudando de Corpo a Corpo Pesada para À
Distância), ele sofrerá Desvantagem em seu ataque (veja
sobre Proficiência no manual).
O limite é sua imaginação! Mas e quanto ao dano delas?
REGRA BÁSICA
Em TD2E, qualquer ataque que acerte o alvo causará 1 pon-
to de dano aos Pontos de Vida (PV), indiferente da arma. O
QUÊ? SÓ 1!? Calma! Lembre-se que o balanceamento do jogo
não é medido apenas pelo dano que os personagens causam.
Um Esqueleto humano, segundo o manual, tem ape-
nas 1 PV. Logo, um ataque bem-sucedido, já é o bastante
para acabar com ele! A proposta é ser algo rápido e fácil
de calcular, além do fato de que uma adaga bem coloca-
da mata igual uma espada grande.
Mas, se mesmo assim, isso não te agrada, vamos à re-
gra opcional.
17
 DE MESTRE PARA MESTRE
REGRA OPCIONAL: DANO DE
ARMA VARIÁVEL
A categoria da arma define os dados de
dano que irão ferir os PV do alvo.
□ Corpo a Corpo Leve ou À Distância: 1d2+1 de dano.
□ Corpo a Corpo Pesada: 1d3+1 de dano.
ALCANCES E ZONAS
Mais uma vez, antes de realizar um ataque, um Aventu-
reiro precisa saber se alcança seu alvo. Em TD2E isso é
resolvido muito facilmente!
REGRA BÁSICA
O Mestre determina! Simples assim! Seja com uma ada-
ga, uma espada, uma lança ou uma carabina maquina-
da, o Mestre irá dizer se o ataque pode ser feito ou não.
Nessa regra, há um espaço muito bom para o jogador
interpretar seu Aventureiro durante o ataque, descre-
vendo como ele faria para garantir que haja alcance.
Por exemplo, o Mestre pode determinar que sua espa-
da não alcança aquele esqueleto cacarecado que está pró-
ximo, mas você pode argumentar que seu personagem é
muito acrobático e consegue se esticar muito no golpe.
Talvez o Mestre dê alguma penalidade, mas permita
o ataque, já que se mistura com um elemento que acres-
centa mais identidade ao personagem.
Agora… Se você acha que é muita liberdade ou sente
que os jogadores ficarão muito perdidos, segue a regra
opcional.
REGRA OPCIONAL: ZONAS
Nessa regra, os alcances são divididos em zonas! Em
cada zona, categorias de armas diferentes podem atacar
ou não.
□ Zona Próxima: pode-se atacar com as categorias de
armas Corpo a Corpo Leves, Pesadas e Magias que
descrevam essa zona.
□ Zona Perto: pode-se atacar com as categorias de ar-
mas Corpo a Corpo Pesadas, À Distância e Magias
que descrevam essa zona.
□ Zona Longe: pode-se atacar com as categorias de ar-
mas À Distância e Magias que descrevam essa zona.
ARMADURAS
Prezando o minimalismo, TD2E considera as armaduras
um elemento estético, sem qualquer interferência mecâ-
nica no combate, ainda que sua presença narrativa seja
interessante nas descrições de quando um ataque erra.
Contudo, há uma regra opcional para torná-las mais
úteis nos cálculos:
REGRA OPCIONAL: REDUÇÃO DE DANO
Assim como as armas, as armaduras passam a ser divi-
didas em 3 categorias. Cada categoria irá reduzir o valor
de dano, antes dele ser subtraído dos PV do alvo.
□ Armaduras Leves: Reduz o dano em 1, ao mínimo
de 0.
□ Armaduras Médias: Reduz o dano em 2, ao mínimo
de 0.
18
Tiny Dungeon
□ Armaduras Pesadas: Reduz o dano em 3, ao míni-
mo de 0.
Para saber usar cada categoria de armaduras, o perso-
nagem deve ter os Traços Adicionais Treinado em Ar-
madura X onde X é a categoria de armaduras (veja sobre
Traços Adicionais no manual).
É importante dizer que a regra opcional de Redução
de Dano DEVE ser usada junto com a regra opcional de
Dano de Arma Variável.
CRÍTICOS
TD2E não possui uma regra básica para sucessos e fa-
lhas críticas em combate, mas oferece regras opcionais:
REGRA OPCIONAL: ACERTO CRÍTICO
Se na sua rolagem, todos os dados caírem 6, você acaba
de conseguir um acerto crítico! O dano total que você
causou aumenta em 1.
Esse acerto crítico só é possível com armas que o per-
sonagem tenha se Especializado (veja sobre Especializar
no manual).
REGRA OPCIONAL: FALHA CRÍTICA
Se na sua rolagem, todos os dados caírem 1, você acaba
de ter uma falha crítica!
O Mestre deverá piorar a sua situação com algum
evento negativo, seja sua arma quebrar, você sofrer al-
gum dano, um inimigo ganhar alguma vantagem etc.
DE MESTRE PARA MESTRE
REGRA OPCIONAL BÔNUS: COMBATE
EM GRANDE ESCALA
Finalmente, uma das minhas regras opcionais favoritas!
Quando a coisa escala e precisamos resolver mais do
que um duelo ou uma briga de taverna, mas não quere-
mos rolar inúmeros dados e fazer inúmeras somas, essa
regra torna prática e eficiente uma batalha entre exércitos!
Nesse caso, as ações de combate como conhecemos de-
saparecem! As novas ações determinadas pelos Jogado-
res e pelo Mestre são chamadas de Comandos de Tropas.
Sempre que o personagem quiser deixar de dar coman-
dos e agir normalmente, ele retorna para suas ações nor-
mais, mas nessa rodada, as tropas sob seu comando, cha-
madas de Unidade, apenas repetem a última ordem dada.
Cada personagem tem 1 Unidade e esta tem os mes-
mo PV que o personagem.
Além disso, os testes realizados pela Unidade recebem um
bônus chamado Escala proveniente da Casa de onde vie-
ram. Quanto mais poderosa a Casa, maior o bônus. Como a
Casa não cabe no combate, não irei explicá-la aqui, mas você
poderá ler sobre ela em Criação da Casa no manual.
Resumidamente, as ações de Comandos de Tropas são:
□ Saraivada: Atacar com armas à distância. Em um ataque
bem-sucedido, cause 1 ponto + Bônus de Escala de dano.
□ Defender: Reúna seu exército por detrás de seus es-
cudos e faça um Teste ao ser atacado. Se bem-suce-
dido, negue todo o dano que seria causado a essa
unidade com esse ataque.
19
Tiny Dungeon
□ Carga: Em um ataque bem-sucedido, remova o esta-
do de Defender do exército inimigo, permitindo que
o próximo ataque cause dano a ele.
□ Pressionar: Quando você pressiona o inimigo se-
guindo em frente, você faz um ataque contra o inimi-
go. Se seu ataque for bem-sucedido, cause 2 pontos
+ Bônus de Escala de dano. Se não houver sucesso,
o exército inimigo faz um ataque extra contra você.
□ Recuar: Ao sinalizar o recuo, faça um Teste. Se hou-
ver sucesso, seu exército recua e é removido do
combate de forma segura. Se não houver sucesso, o
inimigo faz um ataque extra contra você.
ROLEM AS INICIATIVAS!
Foi um grande prazer conhecer um sistema tão agradá-
vel à primeira vista! Com uma carinha de simplicidade
e argumentos minimalistas, TD2E esconde um potencial
enorme para o roleplay, deixando de lado regras e me-
cânicas truncadas para dar espaço a imaginação e a ex-
periência quase livre de números.
Espero que gostem da pancadaria que essa belíssima
jóia do RPG de Mesa oferece, mas lembrem-se:
“A verdadeira coragem não está em saber quando
tirar uma vida, mas, sim, em quando poupar uma!”
— Gandalf.
 GANCHOS Tiny Dungeon

HISTÓRIAS
QUE PRENDEM

T
iny Dungeons é um sistema incrivelmente
simples e muito aberto, possibilitando as-
sim mundos e propostas de jogos muito di-
ferentes do que RPGs mais clássicos conseguiriam
abarcar. Um dos exemplos de microcenários que o
livro apresenta, e que foi um dos que eu mais gos-
tei, é o Histórias que Prendem. Em resumo, você é
uma criatura mitológica que precisa ser lembrada
e ter sua história contada pelos humanos para con-
tinuar viva.

POR OLIVER BALBI

 GANCHOS
Pode parecer simples de se re-
solver com algumas moedas para um
bardo ou outro, mas não é. Você precisa
viver e seguir a sua história original. Isso pode soar meio
confuso, então trouxe um exemplo de uma criatura que
todes conhecem: vampiros.
Sendo um vampiro suas regras vão ser bem diferen-
tes dependendo do lugar do mundo que você vive. Sua
aparência como Kian-Shi, algo parecido com um vam-
piro chinês, vai ser com pele esverdeada, unhas longas
e curvas e olhos estáticos e vermelhos. Você pode ser
abominável como o Kappa, pode desenvolver caudas
e pelos como o Strigoi ou ter a conhecida aparência do
Drácula.
Isso também vai influenciar em como você nasceu: fa-
zendo sexo com a sua avó, casando com uma bruxa, não
sendo batizade ou através da mordida vampiresca da
história clássica. Você pode ter medo de alho, incenso,
da cruz cristã ou ser afastado com amuletos. Para te ma-
tar pode ser necessária uma estaca no seu coração ou
você ser cozido vivo em vinho e depois enterrado.
Todas essas especificidades vão indicar o caminho
pelo qual a sua personagem é originalmente obrigada a
seguir. Seu objetivo no jogo deve ser algo que diverge de
forma praticamente oposta ao que é esperado de você.
Como vampiro seu objetivo pode ser voltar a andar sob
a luz do sol. Uma possível solução para o problema po-
deria ser influenciar alguém a escrever um livro com
uma história diferente. Que depois poderia virar um fil-
me sobre como vampiros podem andar sob o sol e a úni-
ca coisa que acontece é sua pele brilhar como se tivesse
purpurina.
SEGUINDO EM FRENTE
Mecanicamente isso é feito através de uma mecânica
adicional chamada de Ponto de História. Toda vez que
você consegue realizar uma ação bem-sucedida que vai
contra a sua história original você ganha um Ponto de
História. Com três pontos você pode alterar permanen-
temente uma informação sobre você.
O problema é que você tem que sobreviver a uma si-
tuação perigosa, que necessariamente precisa ser resol-
vida com um teste. Talvez aparecer para uma moça que
escreve muito bem, nos primeiros raios de sol da manhã
e sobreviver a isso ajude. Isso pode fazer com que ela
mude a ideia dela do que é um vampiro e colocando
essa ideia nova num livro, pode mudar a crença de mui-
tas pessoas.
Esse microcenário pode ocorrer em absolutamente
qualquer tempo e qualquer espaço. A proposta de his-
tória pode ser leve e divertida, parecida com o primeiro
filme de Monstros SA ou Pom Poko. Algo épico como
Deuses Americanos, também poderia ser muito interes-
sante, bem como algo assustador e obscuro como o capí-
tulo 2 de Os Irregulares de Baker Street, onde você seria,
obviamente, a fada do dente.
Trouxe aqui para vocês duas criaturas e um cenário
com histórias interessantes e que podem trazer algum
21
Tiny Dungeon
frescor ao clichê das criaturas míticas ocidentais padrão.
Além disso elas podem te trazer a inspiração que falta-
va para pesquisar tanto criaturas quanto cenários novos
para os seus jogos.
OS FINFOLK
Essa história vem de onde o Mar do Norte e o Oceano
Atlântico se encontram. Mais especificamente nas Ilhas
Órcades. De lá veio a lenda dos Finfolk. São um povo
foca e se acredita que enquanto estiverem na água, per-
manecem em suas formas de foca, mantendo apenas os
olhos inegavelmente humanos.
Com uma história que lembra a do boto cor-de-rosa, o
povo foca pode vir para a superfície e com isso tomam
uma forma humana. Algumas lendas dizem que só po-
dem vir à superfície no solstício de verão e outras que po-
dem vir toda nona noite, depende do lugar onde as his-
tórias são contadas. Quando vêm para a superfície, elus
retiram sua pele de foca, e se tornam criaturas humanas,
para voltar ao mar, precisam vesti-la de volta.
Essa crença gerou uma série de histórias românticas
com finais trágicos. Mas também surgiram lendas bizar-
ras nas quais quem roubava a pele de uma das criatu-
ras tinha um final terrível. Normalmente, o que se conta
é que essas pessoas eram homens que queriam manter
prisioneiras na terra, no final eles acabavam mortos de
formas bem violentas.
Os Finfolks são tidos como criaturas maliciosas e das
trevas. Eles têm esse nome por serem relacionados aos
 GANCHOS
Saamis, povos nativos da região da
Noruega. Os noruegueses cristãos
viam os Saamis como grandes feiticeiros,
com poderes de controlar o clima e de mudar de for-
ma, normalmente para uma foca. Os Saamis viviam no
norte da Noruega, lugar chamado de Finnmark e eram
nômades com uma religião shamã, que foi proibida pelo
cristianismo.
Para efeitos de jogo, você é um Finfolk, um rema-
nescente de um povo outrora glorioso. Vocês só con-
seguiram sobreviver e não serem extinguidos pelo
cristianimo tomando sua forma de foca e indo viver
permanentemente no mar. Porém, vocês não aguen-
tam mais e têm planos de voltar a morar em terra. Suas
histórias não contam vocês como criaturas feitas para
a batalha, nem contam que um dia vocês poderiam re-
tornar à superfície e isso faz você querer muito mudar
partes dela.
ZHONG KUI
A segunda criatura é o Zhong Kui. Existem várias histó-
rias sobre o surgimento dele e da sua lenda. De acordo
com os mitos, durante a dinastia Tang, ele estava viajan-
do com um amigo da sua cidade natal para participar
dos exames imperiais. Ele tinha tudo o que precisava
para ser o melhor do exame, mas por ter uma aparência
horrenda essa honra foi tirada dele.
Zhong Kui ficou furioso e se jogou nos portões do
palácio até quebrar o próprio crânio. Quando foi pa-
rar no inferno por seu suicídio Yama, o Senhor do In-
ferno chinês, viu potencial nele e deu a ele o nome de
Rei dos Fantasmas. Dali em diante ele deveria caçar os
fantasmas e demônios e levá-los de volta ao inferno.
No entanto, ele ficou realmente popular quando o Im-
perador Xuanzong ficou gravemente doente e teve um
sonho no qual viu dois fantasmas. O menor deles rou-
bou itens imperiais e o grande capturou o menor, tirou
seus olhos e os comeu. Depois do feito grotesco, Zhong
Kui se apresentou. Quando o imperador acordou, já não
estava mais doente.
Então ele mandou pintar um retrato de Zhong Kui
para afastar os demônios e a doença de sua casa e das
terras que comandava. Desde então Zhong é muito re-
tratado nas artes chinesas e japonesas. Ele viu símbolo
de proteção e se diz que se você tiver uma pintura dele
em sua porta, sua casa estará protegida. No ano novo
muitas pessoas fazem oferendas a ele com o mesmo pro-
pósito.
Usando a atual distopia que estamos vivendo com a
pandemia como cenário, daria para montar uma histó-
ria interessante. Você como Zhong Kui só pode ajudar às
pessoas que têm o seu retrato na porta, ou que pediram
a sua proteção no ano novo. Sua fúria vendo os demô-
nios que causam o coronavírus se espalhando cada vez
e deixando todes doentes faz você querer muito mudar
essa informação sobre você.
22
Tiny Dungeon
PARANAPIACABA
Não só grandes lendas e histórias antigas podem ser a
origem da sua personagem. Lendas urbanas também
são um território vasto e rico para se encontrar persona-
gens e também cenários para campanhas. Um exemplo
brasileiro é a vila inglesa Paranapiacaba em Santo An-
dré, interior de São Paulo.
A cidade é conhecida como a nossa Silent Hill. Da
mesma forma que no filme de terror, Paranapiacaba
é coberta por uma neblina densa, mesmo no perío-
do da tarde. Essa neblina é conhecida como O Véu
da Noiva. A história conta que no século XIX, a filha
de um dos operários foi proibida de se casar com um
dos engenheiros e por isso se matou pulando de um
penhasco. Ela já estava arrumada para o casamento,
com vestido e véu. Dizem que seu véu era tão compri-
do que quando ela pulou deixou o rastro branco que
cobre a cidade até hoje.
Chegando lá você é recebide por vagões de trem aban-
donados por todos os lados. Diz-se que os espíritos dos
operários que morreram durante a construção das es-
tradas de ferro nunca foram descansar. Por isso, mora-
dores sempre aconselham manter distância dos vagões.
Há relatos de que, à noite, quando a neblina fica mais
densa, pode-se ouvir pessoas rindo e conversando, mas
nunca vê-las.
Há também um tronco amaldiçoado no meio da ci-
dade. O que um dia foi árvore está lá há muito tempo
e já está tomada de podridão. O Pau da Missa é torto
 GANCHOS
num formato que dá a impressão de
que vai tombar a qualquer momen-
to. Lá eram colocados os folhetos com os
nomes daqueles que morriam na cidade. Reza a lenda
que todo aquele corajoso o suficiente para bater no Pau
da Missa três vezes exatamente a meia-noite consegui-
rá ver, em sonho, quem será o seu próximo familiar a
morrer.
Existe um casarão abandonado na cidade, no alto
da vila, que está interditado. Há duas lendas sobre fan-
tasmas nesse local. Dizem que seu dono, o engenheiro
Daniel Fox, com seus dois metros de altura, ainda é vis-
to vagando pela propriedade. A segunda história é a de
uma menina, que foi até lá e se perdeu. Ela nunca mais
foi encontrada, mas olhando a distância ainda dá pra
ver ela correndo por lá.
Cada dia mais pessoas vão para a cidade e com
isso, começaram a duvidar e desacreditar todas as
histórias. Os vagões estão ficando silenciosos a noi-
te e as casas antigas não tem mais crianças corren-
do pelos corredores ou brincando no balanço. Para-
napiacaba está perdendo sua história. Então está se
formando uma força tarefa com todas as criaturas
místicas de lá para a retomada do terror de Parana-
piacaba.
Esse é um ótimo cenário para colocar personagens
diversos. As personagens do grupo podem ser fantas-
mas, lobisomens, vampiros e podem todas viver por lá
e ter seus próprios interesses particulares. Em algum
Tiny Dungeon
momento se vêem obrigadas a, não só lutar pela mu-
dança da própria história, como também escolher um
lado na guerra para manter, ou não, a cidade amaldi-
çoada.
VAMOS DEIXAR AS HISTÓRIAS
NOS PRENDEREM?
Além de todas as dificuldades que as personagens
podem encontrar em seus enredos, todas elas têm
que se preocupar com uma coisa em comum: não
deixar suas histórias sumirem ou serem esquecidas.
Me disseram uma vez que toda vez que uma pessoa
deixa de acreditar em fadas, uma fada morre. Esse
é um medo constante, pois se você mudar uma his-
tória de mais ela pode se perder, ou pode ser con-
fundida ou mesclada com outra. Isso faria com que
uma guerra começasse para ver qual das criaturas
sobreviveria.
Esse é um microcenário muito rico, com uma infini-
dade de jeitos diferentes de ser explorado e com
um sistema de regras muito simples por trás.
Pode ser usado tanto para one shots quanto
para aventuras grandes e complexas. Então
venha se aventurar em narrativas eternas e
prove que você tem o que é necessário para
jamais cair em esquecimento.
23
GANCHOS Tiny Dungeon

VALE DOS
CORVOS
T
iny Dungeon é uma ótima escolha de RPG para
grupos pequenos e para quem está começando
a jogar. As regras são simples, e montar a ficha
não só é fácil como proporciona uma versatilidade
considerável para fazer personagens da forma que se
quiser, sem necessariamente cair em estereótipos es-
pecíficos do RPG de fantasia medieval.

POR CLARICE FRANÇA

 GANCHOS
O livro apresenta o conjunto de
regras e dá ideias de gancho para os
jogadores começarem, mas não necessa-
riamente apresenta um cenário próprio para que essas
aventuras aconteçam. O mestre tem total liberdade de
criar seu próprio mundo, ou se inspirar em um que já
exista. Pensando nisso, para ajudar no processo de cria-
ção, aí está o Vale dos Corvos, um cenário feito para am-
bientar as aventuras de Tiny Dungeon, com lugares já
prontos e possíveis pontos de partida para o grupo.
A seguir, serão apresentados exemplos de locais,
monstros e personagens, mas que podem ser adaptados
de acordo com a vontade do mestre.
BEM-VINDO AO VALE DOS CORVOS
O Vale dos Corvos é um lugar bonito, cercado por mon-
tanhas verdes com flores coloridas durante a primavera.
Mas para os recém-chegados que não estão acostumados
com a área, pode não ser o lugar mais amigável...
Dizem que a região recebeu esse nome pelo grande
número de corvos, usados para mandar recados e até
para transportar pequenos itens. Há uma lenda no Vale
que conta que, se um dia não se ouvir nenhum corvo na
região, é sinal de azar e de tempos difíceis chegando.
MONSTROS DA NÉVOA
Quando começa a anoitecer, uma névoa misteriosa e má-
gica toma conta da região, e desaparece quando o sol nas-
ce. Ficar na cidade do centro do vale, Rotendor, é a melhor
opção para qualquer viajante. Apenas os mais corajosos e
os que estão muito acostumados com a área se aventuram
pelo vale quando a névoa começa a cercar tudo.
HORROR DAS SOMBRAS
□ PV: 6 (Alta)
□ Descrição: uma criatura feita das sombras, que se
alimenta de viajantes desavisados que passam pelo
vale. Move-se sorrateiramente, se aproximando e
cercando a vítima antes de ser percebida.
□ Traços: Transpassar, Guerreiro da Escuridão, Furtivo.
ESPÍRITO PERDIDO
□ PV: 2 (Baixa)
□ Descrição: alma que se perdeu na névoa e acabou
sendo devorada por um Horror das Sombras, ou
apenas uma pessoa que sofreu um acidente e mor-
reu enquanto a névoa estava visível. Os gritos desse
tipo de espírito causam pesadelos nos viajantes.
□ Traços: Grito – na primeira vez em que uma Aven-
tureira ouve o grito de um desses espíritos, deve fa-
zer um Teste de Defesa; se falhar, estremece com o
grito em seus ouvidos, dando Vantagem em todos
os ataques contra ela.
CABANA MAL-ASSOMBRADA
Bem no meio do Vale dos Corvos existe uma cabana
que, dizem as pessoas que vivem ao redor, é mal-as-
sombrada. As pessoas não sabem quem mora lá, mas
25
Tiny Dungeon
o lugar, por mais que pareça mal-assombrada, se apre-
senta minimamente cuidado, não estando abandonado
no meio do Vale. Dizem também que um lobo ronda a
região.
Rumores na cidade podem dar uma luz aos aven-
tureiros sobre quem mora ali. Aventureiros que per-
guntarem ao alquimista Darcan, que mora em Roten-
dor, sobre a cabana e que conseguirem convencê-lo
a falar sobre ela descobrirão a verdade: Na cabana,
vive uma poderosa feiticeira chamada Lennah, que
prefere viver na sua e não se importa com qualquer
rumor sobre si. Seu lobo de estimação, Quartzo, cos-
tuma defender a cabana de Lennah contra qualquer
invasor.
Lennah vai se defender se for atacada, mas em geral
é amigável e até ajuda algumas pessoas que se perdem
na névoa, mas só se aproxima quando as pessoas per-
dem a consciência e as deixa perto de Rotendor antes
que acordem. Lennah também guarda um segredo: ela
cuida do dragão esmeralda que vive em uma caverna
subterrânea ao sul do Vale dos Corvos. E atenção: ela se
torna hostil caso aventureiros ameacem o bem-estar do
dragão.
FEITICEIRA LENNAH
□ PV: 7 (Alta)
□ Descrição: a feiticeira Lennah é uma mulher de cer-
ca de cinquenta anos. Ela mora na “cabana mal-as-
sombrada” que fica no meio do Vale dos Corvos e
GANCHOS
sabe andar pela região como ninguém. Carrega uma
lanterna especial, que emite uma luz azul e afasta as
criaturas da névoa, e assim consegue se movimen-
tar na região sem maiores problemas.
□ Traços: Guerreiro da Escuridão, Curandeiro e To-
cado pela Magia (Arquimaga da Magia Diamante).
LOBO QUARTZO
□ PV: 5 (Média)
□ Descrição: Quartzo é um grande lobo de pelagem
marrom e olhos brilhantes, que parecem uma pedra
preciosa – daí seu nome. Ele obedece às ordens de
Lennah e se torna hostil caso qualquer um ataque
sua dona.
□ Traços: Furioso e Guerreiro da Escuridão.
CAVERNA SUBTERRÂNEA
Existe um lago na parte sul do Vale dos Corvos – aparen-
temente, é apenas um local normal, mas caso um aven-
tureiro escolha nadar para a parte funda do lago pode
encontrar a entrada para uma caverna. É uma abertura
grande e difícil de ignorar, caso um aventureiro nade
fundo o suficiente e consiga enxergá-la. Fora do vale, há
rumores sobre a existência de tesouros de outras eras
escondidos na caverna, mas também dizem que há inú-
meras criaturas perigosas lá dentro.
A verdade é que a feiticeira Lennah, que mora na ca-
bana no meio do vale, costuma visitar o lago com al-
guma frequência para cuidar do dragão esmeralda que
26
Tiny Dungeon
vive na caverna subterrânea. O mestre pode escolher
qualquer inimigo ou organização para colocar dentro
da caverna.
A seguir, estão algumas sugestões de criaturas que
podem incrementar a aventura. O mestre também pode
escolher fazer uma segunda abertura da caverna, em al-
guma região do próprio Vale, ou um túnel subterrâneo
que leve para fora da região.
TROLL
□ PV: 8 (Alta)
□ Descrição: criatura imensa, sua aparência pode as-
sustar aventureiros. Não é inteligente, mas é forte e
agressivo, além de muito territorialista; então, aven-
tureiros precisam tomar cuidado nas regiões fre-
quentadas por essa criatura.
□ Traços: Furioso, Duro de Matar e Forte.
GIGANTE DE TERRA
□ PV: 10 (Heroica)
□ Descrição: humanoide imenso feito de terra, vive
em cavernas. Fera agressiva, ataca assim que iden-
tifica um inimigo e não costuma fazer prisioneiros.
□ Traços: Transpassar, Duro de Matar e Forte.
□ Cercado por Terra: qualquer ataque corpo a corpo
que acerte um gigante de terra força o atacante a
fazer um Teste de Defesa. Em uma falha, o perso-
nagem toma 1 de dano por conta de sua armadura
natural, que pode machucar inimigos.
 GANCHOS
MONSTRO DE LAMA
□ PV: 2 (Fácil)
□Descrição: espécie de zumbi coberto por
lama e barro. Move-se devagar e é fácil de derrotar,
mas pode ser um problema se estiver em grande nú-
mero.
□ Traço: Preso por Barro – um ataque direto do Mons-
tro de Lama exige um teste de Defesa da aventurei-
ra. Em uma falha, a personagem ataca com desvan-
tagem porque fica mais lento com o barro espalhado
pelo corpo.
DRAGÃO ESMERALDA
□ PV: 22 (Solo)
□ Descrição: Não se conhecem muitos dragões com
as escamas de cor esmeralda. Esse é um dragão que
vive em uma caverna subterrânea e atravessa o lago
do Vale dos Corvos quando deseja sair para caçar e
voar. A caverna é seu reino e nela ele guarda grandes
quantias. As outras criaturas da caverna se afastam
sempre que o dragão passa pela área para ir ao lago.
□ Traços: Guerreiro da Escuridão, Perspicaz, Oportu-
nista, Memória Eidética.
□ Raio da Aurora (Ataque a Distância): Teste de 2d6
contra um alvo. Com um sucesso, quaisquer alvos
adjacentes ao alvo também recebem 1 ponto de
dano.
□ Mordida (Ataque Corpo a Corpo): Teste 3d6 contra
um alvo a 3 metros do oponente.
Tiny Dungeon
□ Ataque de Cauda: Teste 2d6. Com um sucesso, to- TAVERNA CANECA QUEBRADA
dos os alvos adjacentes e o atacante são empurrados A taverna é o ponto mais movimentado de Rotendor.
a 3 metros de distância. Não é grande como a das cidades maiores, mas é um
lugar confortável, com bebidas por um preço bem em
ROTENDOR conta e também algumas opções de quartos no andar de
A cidade fica ao norte do Vale dos Corvos. Existe uma cima, para aventureiros que queiram descansar durante
estrada estreita de pedra que guia o caminho pelo vale a noite. Faz alguns anos que a Caneca Quebrada não
até a cidade. São poucos moradores na cidade, e nem to-
tem um bardo fixo, então o pequeno palco fica aberto
dos amistosos com viajantes. Os únicos que estão mais
para quem quiser usar e, às vezes, a própria taberneira
dispostos a falar com aventureiros são a taberneira e a
aproveita para tocar sua flauta.
ferreira.
Urail, a taberneira, é de longe uma das pessoas mais
As pessoas de Rotendor não são ruins – só são re-
simpáticas de Rotendor. É uma elfa de pele e cabelos es-
ceosas e acreditam facilmente em lendas e em possí-
curos, com tatuagens no braço esquerdo e traz sempre um
veis sinais, que podem ser lidos como sorte ou azar.
É um lugar que pode ser um abrigo para aventureiros
que não querem enfrentar o vale durante a noite, por
conta da névoa, e também um bom lugar para a mes-
tre começar a aventura com uma missão ou um segre-
do escondido.
A seguir, são apresentados alguns pontos que podem
ser usados nas aventuras e personagens específicos. A
mestre sempre pode povoar a cidade da maneira que
quiser, usando Rotendor com NPCs originais que sir-
vam para a aventura em mente.
Há alguns poucos guardas que protegem a área e cos-
tumam impedir a entrada e a saída das pessoas da ci-
dade durante a noite, quando a névoa toma conta da
região do vale.
27
 GANCHOS
sorriso no rosto. Ela se importa com
o bem-estar da cidade e também busca
ajudar aventureiros que aparecem por lá
de vez em quando. Urail conhece a feiticeira Lennah e
costuma sugerir que os aventureiros não sigam para o
sul, para evitar um encontro com o dragão esmeralda.
CASA DA FERREIRA
A casa de Vozla, a ferreira da cidade, chama a atenção em
Rotendor por ser uma loja com arquitetura do povo lagar-
tino e ter uma casa na parte de cima. O lugar é um pou-
co mais bagunçado do que uma loja deveria ser, mas é a
melhor opção para os aventureiros conseguirem itens de
qualidade, como armas e armaduras. Além disso, a ferrei-
ra pode consertar objetos danificados e dar uma sugestão
ou outra de como derrotar os inimigos na região do Vale.
Vozla é uma lagartina que parece estar sempre em-
burrada, mas na verdade ela é simpática e gosta de fa-
zer piadas que nem sempre as pessoas entendem, mas
sempre são feitas com boa intenção. Muito inteligente,
a ferreira gosta muito de seu trabalho e de criar suas ar-
mas e armaduras com detalhes, porque acha que esses
itens precisam ser úteis e, na medida do possível, boni-
tos também, por que não?
LABORATÓRIO DO ALQUIMISTA
No fim de uma rua sem saída de Rotendor há uma ca-
sinha pequena e muito bem organizada. Alguns mora-
dores têm receio de ir lá, porque já ouviram barulhos
Tiny Dungeon
esquisitos de explosões e Darcan, o alquimista dono da
casinha, costuma estar sempre bem na dele. O laborató-
rio, porém, é uma parada importante para aventureiros
que queiram conhecer mais da região ou comprar po-
ções variadas. Além disso, o mestre pode querer que a
missão comece por um pedido do alquimista.
Darcan é um anão com poucos cabelos e que, ao con-
trário do que se acha comum em outros anões, não tem
uma grande barba, apenas um bigode ruivo. Ele é bem
tímido, mas sempre oferece chá para as visitas. Costuma
ser um homem de poucas palavras, menos quando está
explicando algum de seus experimentos ou se for ne-
cessário dividir algum tipo de conhecimento. Lennah e
ele e são bons amigos – a feiticeira só aparece na cidade
para visitá-lo.
TORRE DOS CORVOS
A torre tem apenas quatro andares, mas é a construção
mais alta de Rotendor. É uma estrutura pública e abri-
ga vários corvos treinados pela população para levar
e buscar recados ou pequenos itens. Os aventureiros
têm livre acesso ao local e podem usar os corvos como
meio de comunicação da forma que lhes for mais con-
veniente.
Costuma haver pelo menos um guarda perto da tor-
re para proteger os corvos, já que eles são uma das
poucas fontes de comunicação de Rotendor com ou-
tras regiões.
28
 PUNKVERSO
UM MULTIVERSO DE
POSSIBILIDADES
Curtiu essa edição especial e gratuita da Rolepunkers? Então saiba
que há muito mais de onde essa veio.
Todo mês os apoiadores do Punkverso recebem uma edição da Role-
punkers que, além de artigos semelhantes a estes que você viu aqui
traz também uma adaptação para Savage Worlds. Já tivemos adapta-
ções de Final Fantasy VII, Avatar: A Lenda de Aang, Jedi: The Fallen
Order, The Last of Us 2 e muitas outras.
Além disso, também temos aventuras para os sistemas da RetroPunk
– e sim, teremos também aventuras dos nossos novos jogos – descon-
tos, sorteios de vale compras e kit de produtos entre os apoiadores.
Enfim, há recompensas para todos os gostos, com certeza você irá en-
contrar uma uma que combina com o que você busca.
Por ser um financiamento o Punkverso traz uma de suas caracte-
rísticas principais: METAS EXTRAS!
Quanto mais pessoas apoiando mais recompensas podemos en-
tregar, nesse momento já temos metas extras batidas e em busca
para bater cada vez mais.
Então, o que está esperando para explorar os vários mundos da
RetroPunk?

Acesse CATARSE.ME/PUNKVERSO