EDIÇÃO 006

JUNHO/20

NESTA EDIÇÃO:
AVATAR: A LENDA DE AANG
PARA SAVAGE WORLDS
E MAIS: ESTREIA DA COLUNA PAPO DE DESIGNER COM "SIMULAÇÃO X NARRATIVA?"
EM TEORIA DE JOGOS: "QUANDO MECÂNICAS DÃO VIDA A UM RPG" EM HORA DE AVENTURA
MONSTRO: OS GOEMUL DA SÉRIE KINGDOM PARA SAVAGE WORLDS E CASTELO FALKENSTEIN
Conecte-se ao nosso Universo
em plena expansão!

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EDITORIAL ÍNDICE
Como prometido, a Rolepunkers está de volta, e agora men-
salmente. Esta é a primeira edição dentro do Punkverso e nos-
sa ideia é trazer a revista inicialmente com uma adaptação para
Savage Worlds e mais três artigos variados, porém, como vai AVATAR: A LENDA DE AANG...............................02
perceber, esta edição conta com quatro artigos pois Junho é o Enfrente a nação de fogo com esta adaptação de Avatar: A Lenda e Aang para
mês dos namorados, então, temos um artigo temático de pre- Savage Worlds.
sente.
É importante ressaltar que a partir do fim do mês de Maio (e
ao longo de Junho) nossos dias foram marcados por manifes- SIMULAÇÃO VS NARRATIVA...............................16
tações nos EUA contra o racismo institucional, e, no Brasil, por Estreia da coluna Papo de Designer. Afinal de contas como a tal Regra de ouro
manifestações contra o Fascismo. A Rolepunkers não está aqui é vista por um Game Designer.
para levantar nenhuma bandeira política, porém acreditamos
que é bom deixar claro que o Fascismo, que sempre está a es-
preita em tempos de crise, não deve ser tolerado. A revista bem MONSTRO: GOEMUL.......................................21
como este editor que vos fala, são contra qualquer regime au- Diretamente da série Kingdom, apresentamos os Goemul, zumbis coreanos
toritário, além de serem a favor da diversidade e é importante para usar em seus jogos de Castelo Falkenstein e Savage Worlds
deixar isso bem claro.
Quando decidimos adicionar um texto sobre Romance no
RPG, a primeira reação do conselho editorial foi "a maioria dos
textos sobre isso só falam de romance hétero, então temos que
QUANDO MECÂNICAS DÃO VIDA A UM RPG..........25
Como as mecânicas casam com a narrativa de um cenário? Confira como Hora
ir além disso". Você pode achar que isso não tem necessidade
de Aventura RPG casa bem os dois.
e/ou que questões de diversidade e de gênero não devem se en-
volver com o RPG, mas acreditamos que é nossa função abrir
esses debate e deixar bem claro que RPG é para todos!
Por fim, aproveite a volta da Rolepunkers mensal, nossa in- ROMANCE NO RPG..........................................29
tenção é trazer cada vez mais conteúdo de qualidade para os Aproveitando que Junho é o mês dos namorados, que tal um 'De Mestre Para
jogos da RetroPunk. Mestre' falando sobre romances no RPG?

– Fernando del Angeles

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO CRÉDITOS
EDITOR
Fernando "del Angeles" Pires
CONSELHO EDITORIAL
AKANNI BRASIL Daniel Martins, Eder Marques,
Game designer, escritor e músico.
G. Moraes
IDENTIDADE VISUAL
G. Moraes
CLARICE FRANÇA DIAGRAMAÇÃO
Escritora, roteirista e editora do site Nebulla. É uma das roteiristas do primei- Fernando "del Angeles" Pires e
ro e segundo Gibi de Menininha e autora do romance A Guardiã do Sonhar. G. Moraes
REVISÃO
Daniel Martins e Eder Marques
ENCHO CHAGAS ARTE INTERNA
Pesquisador e desenvolvedor de jogos, especialista em experiência do
Editoras originais e Internet (algumas editadas
usuário, campeão mundial do Game Chef 2013 com o jogo Pulse.
por G. Moraes)
ARTE ORIGINAL
Fabricio Fagundes (Ruiva e o Dragão)
IVAN COLUCHI
Escritor, joga RPG desde 1996 e seus favoritos são Castelo Falkenstein e
Fate, mas está sempre disposto a conhecer jogos novos.
ADAPTANDO Savage Worlds

AVATAR:
A LENDA DE AANG
Á
gua, Terra, Fogo, Ar. Há muito tempo, as nações
viviam em paz e harmonia. Tudo isso mudou
quando a Nação do Fogo atacou. Só o Avatar
domina os quatro elementos e pode impedi-los. Mas,
quando o mundo mais precisa dele, ele desaparece.

POR CLARICE FRANÇA

 ADAPTANDO
A franquia Avatar é um universo
muito grande, com várias fases e mo-
mentos específicos. Nesta adaptação, vamos
abordar o cenário presente em Avatar: A Lenda de Aang.
O mundo é dividido em quatro forças: as Tribos da
Água, o Reino da Terra, a Nação do Fogo e os Nômades
do Ar. Nesse universo, algumas pessoas são dobradores,
ou seja, conseguem manipular um dos quatro elemen-
tos: Água, Terra, Fogo e Ar. O único capaz de dominar
todos os quatro elementos é o Avatar.
O Avatar é a ponte entre o mundo espiritual e o mun-
do físico, tendo contato com os dois mundos e sendo res-
ponsável por manter o equilíbrio entre eles. Sempre que
um Avatar morre, outro renasce no próximo elemento
do ciclo. Antes de Aang, Avatar nascido entre os Nôma-
des do Ar, o Avatar era o dobrador Roku, que vinha da
Nação do Fogo. Antes dele, o Avatar vinha do Reino da
Terra e, antes, das Tribos da Água.
As quatro nações viviam em harmonia, porém, após a
morte do Avatar Roku, a Nação do Fogo começou uma
guerra para dominar todos os outros povos do mundo,
o que levou à extinção dos Nômades do Ar. Após a mor-
te de Roku, era deles que nasceria o próximo Avatar, e a
Nação do Fogo queria impedir a sucessão.
Ao conhecer sua função no mundo e sem saber como
lidar com a responsabilidade, Aang, um garoto de 10
anos, recusa o papel de Avatar e foge de casa. Na fuga, é
pego em uma tempestade e, para sobreviver, se congela
dentro do mar. Só após 100 anos Aang acorda, encon-
trando um mundo completamente dominado por uma
guerra que já durava mais de um século.
Pensando nesse cenário, as aventuras no universo de
Avatar: A Lenda de Aang se passam em um contexto
de guerra, seja antes de o Avatar acordar, ou depois
que ele já começa a lutar contra a Nação do Fogo. Sua
campanha, então, pode ser sobre os últimos dias dos
Nômades do Ar, ou sobre um grupo rebelde que está
em uma missão pelo Avatar para derrotar a Nação do
Fogo.
As histórias também não precisam ser sobre guerra
e conflitos. Avatar também é uma história sobre auto-
conhecimento, sobre relacionamentos e amizades. Boa
parte desse universo também fala do mundo espiritual,
do poder das dobras e elementos mais fantásticos. To-
dos esses elementos podem ser explorados no cenário,
assim como outros assuntos que o Mestre e os Jogadores
acreditem que valha a pena abordar no jogo.
Outra opção é construir um AU (alternate universe:
universo alternativo) em que a guerra seguiu um ca-
minho diferente ou outros acontecimentos mudaram o
rumo da animação original.
CRIAÇÃO DE PERSONAGENS
A criação de personagens em Savage Worlds é rápida e
dinâmica. Vamos passar pelos aspectos mais importan-
tes da criação de personagens e ver como eles se encai-
xam no universo de Avatar: A Lenda de Aang.
3
Savage Worlds
RAÇAS
Existem animais e criaturas diferentes, como o bisão
voador de Aang, mas a única raça jogável nessa adapta-
ção são Humanos; portanto, as regras válidas para essas
fichas de personagens são as da raça Humano de Savage
Worlds.
□ Adaptável: Humanos começam com qualquer Van-
tagem de nível Novato a sua escolha. Eles devem
atender aos Requisitos da Vantagem normalmente.
COMPLICAÇÕES
Complicações são falhas de seu personagem, tornando
a vida de seu herói, ou dos companheiros dele, mais di-
fícil durante as aventuras.
Todas as complicações no livro-base de Savage Worlds
podem ser usadas nas campanhas de Avatar. Um perso-
nagem “Sem Dobra” não é considerado uma desvanta-
gem, já que isso não dificulta sua capacidade (como é o
caso de Sokka na animação), mas significa que os meios
que ele tem para lutar e resolver problemas são outros.
NOVAS COMPLICAÇÕES
NAÇÃO DO FOGO (MENOR)
Caso o personagem não esteja na própria Nação do Fogo
ou em uma das colônias da Nação do Fogo do Reino da
Terra, dobrar fogo ou demonstrar que é da Nação do
Fogo causa problemas com outras pessoas. Membros da
Nação do Fogo rolam Persuadir com -2 ao lidam com
pessoas de outras nacionalidades.
 ADAPTANDO Savage Worlds

NÔMADE DO AR (MAIOR)
Por supostamente não existirem mais
Nômades do Ar, revelar que é um dobrador
de ar, ou usar a dobra em público, faz com que as pes-
soas ao redor fiquem atentas ao personagem, além da
possibilidade de o denunciarem para a Nação do Fogo.

ATRIBUTOS
Os atributos principais da criação de personagens de
Savage Worlds continuam os mesmos: Agilidade, Astú-
cia, Espírito, Força e Vigor.
Em vez de habilidades mágicas, conjurações, anteceden-
tes arcanos etc., as manifestações fantásticas de poderes em
Avatar se dão por meio das dobras dos elementos. Para isso,
a Perícia Arcana para as Dobras será baseada em Espirito.

PERÍCIAS
A forma de pontuar e quantificar perícias na adaptação
de Avatar segue a mesma das regras-base de Savage
Worlds. Atletismo, Conhecimento Geral, Furtividade,
Perceber e Persuadir são perícias básicas e começam
com um d4 gratuito para todos os jogadores, além de 12
Já a perícia Ocultismo pode ser usada nesse univer- mo pode ser referida como Conhecimento Espiritual
pontos para distribuir nessas e em outras perícias.
As perícias Eletrônica e Hackear não se aplicam ao uni- so, mas com uma diferença: em vez de ser definida nesse cenário.
verso de Avatar, por conta do cenário. Tecnologias mais como “o conhecimento e experiência com o paranor-
avançadas só vão aparecer nesse mundo anos depois de a mal”, como escrito no livro-base de Savage Worlds, VANTAGENS
Nação do Fogo ser derrotada. Além dessas, a perícia Psiô- no cenário de Avatar entende-se como “o conheci- Vantagens, como o nome indica, são aspectos do per-
nicos também não se aplica, por não se encaixar com o ce- mento e experiência com o mundo espiritual”. Inclu- sonagem que trazem benefícios para ele e seus compa-
nário. sive, caso o mestre e os jogadores prefiram, Ocultis- nheiros durante a aventura.

4
 ADAPTANDO
As regras para esse cenário fun-
cionam como as regras-base. Cada jo-
gador pode usar qualquer ponto de Com-
plicação que sobrar para selecionar Vantagens, sendo
que cada uma delas custa 2 pontos de Complicação.
NOVAS VANTAGENS
CONTATO COM O MUNDO ESPIRITUAL
Requisitos: Novato, Espírito d8+
Essa vantagem permite que o jogador tenha uma gran-
de conexão com o Mundo Espiritual, podendo entrar em
contato com os espíritos dessa dimensão e até entrando
nela caso necessário. Ter essa vantagem permite que o
personagem entre em contato com o Mundo Espiritual
sem os redutores (verificar regra sobre entrar no Mundo
Espiritual), e além disso o portador dessa vantagem ga-
nha +2 de bônus quando tenta entrar em contato com o
Mundo Espiritual durante um solstício ou em um lugar
mais espiritual.
A vantagem também permite um bônus +1 em Conhe-
cimento Espiritual. Qualquer forma de aprendizado de
dobra, com essa vantagem, faz com que o tempo para
aprender o novo poder caia pela metade.
APRENDIZ DA LÓTUS BRANCA
Requisitos: Novato
A Ordem da Lótus Branca é uma sociedade secreta
que dissemina conhecimento pelas nações. Ela não se
limita à nações, tendo membros de todos os lugares
e liderada secretamente pelo General Iroh, da Nação
do Fogo. Os membros costumam ser mestres em suas
especializações (não só dobras). Essa vantagem indica
que o personagem é ou está sendo treinado por um dos
membros da Lótus Branca, portanto adicionam +2 em
Persuadir quando em uma Rede de Contatos. Consi-
derando que há pessoas da Lótus Branca espalhadas
pelo mundo, essa vantagem pode ser usada em qual-
quer lugar para encontrar um informante e conseguir
informações.
MEMBRO DA LÓTUS BRANCA
Requisitos: Experiente, Aprendiz da Lótus Negra
Como mencionado antes, os membros da Lótus Bran-
ca são mestres em suas especializações, portanto o per-
sonagem não pode ser iniciante, nem muito jovem, para
ter essa vantagem. Ele ganha +1 em Conhecimento Es-
piritual, +1 em Dobra e +1 em outra Perícia de Conheci-
mento a sua escolha.
JOGANDO COM O AVATAR
É provável que em sua mesa mais de uma pessoa se in-
teresse em jogar com o Avatar, porém, como bem devem
saber, não é possível. Existe apenas um Avatar de cada
vez, quando ele morre reencarna, sempre seguindo a or-
dem Fogo - Ar - Água - Terra. Roku, o Avatar antes de
Aang, era um dobrador de fogo, Aang (Ar) sendo suce-
dido por Korra (Água), logo depois de Korra seria um
Avatar dobrador de Terra.
5
Savage Worlds
Algumas sugestões de como usar o Avatar em seu
grupo de jogo:
□ Uma das personagens sendo o Avatar, e os demais
dobradores (ou não dobradores) o ajudando a sal-
var o mundo, como visto na animação. Inclusive
você pode adicionar personagens jogadoras da Ló-
tus Branca, tendo que proteger o Avatar enquanto
termina seu aprendizado.
□ Nenhuma personagem é o Avatar. As personagens
devem encontrar e proteger o novo Avatar, ajudan-
do em seu treinamento.
□ Nenhuma personagem é o Avatar. As personagens
estão vivendo os eventos derivados do que é visto
na animação.
□ O Avatar foi cooptado antes por uma organização
maligna e agora o Avatar é o vilão!
Você não precisa jogar dentro dos eventos vistos em A
Lenda de Aang (ou de Korra), você pode jogar, como já
disse acima, em um Universo Alternativo, ou jogar anos
no passado ou ainda, jogar após os eventos de Korra,
podendo apresentar um novo Avatar.
ANTECEDENTES DE DOBRA
Nesta adaptação, usaremos o modelo de Antecedentes
Arcanos para todas as habilidades dos personagens que
envolvam algum tipo de dobra de elemento. Aqui, essas
habilidades serão chamadas de Antecedente de Dobra.
Não é obrigatório que os personagens tenham essa van-
tagem, mas caso queiram jogar como um dobrador, pre-
 ADAPTANDO
cisam escolher uma das vantagens
dos elementos. Os poderes dos perso-
nagens só podem ter manifestações condi-
zentes com seus tipos de dobras.
A menos que o jogador queira interpretar um Avatar
(e para isso é preciso organizar com o mestre, dado o
papel do Avatar e o cenário do jogo), cada um só pode
escolher um Antecedente de Dobra. Eles são divididos
por elementos; portanto, são quatro grupos.
Todo jogador que escolher algum dos antecedentes
de dobra deve escolher o poder Manipulação Elemen-
tal, de acordo com o poder de dobra escolhido, além de
mais dois poderes.
A Dobra usa a Regra de Ambientação Sem Pontos de
Poder, onde não há o uso de Pontos de Poder e as ro-
lagens sofrem redutores igual a metade, arredondado
para cima do custo (base + modificadores), para mais
detalhes veja a página 167 do Savage Worlds Edição
Aventura.
ANTECEDENTE DE DOBRA (DOBRADOR DE ÁGUA)
□ PERÍCIA ARCANA: Dobra (Espírito)
□ PODERES INICIAIS: Manipulação Elemental +2
Personagens com esse antecedente são capazes de
manipular o elemento água em todas as suas formas,
podendo usá-las tanto para combate como para cura ou
utilidades do dia a dia. Os dobradores de água vêm das
Tribos da Água.
Savage Worlds
ANTECEDENTE DE DOBRA (DOBRADOR DE TERRA) utilidades do dia a dia. Os dobradores de ar vêm dos
□ PERÍCIA ARCANA: Dobra (Espírito) Nômades do Ar*.
□ PODERES INICIAIS: Manipulação Elemental +2 * É importante lembrar que, no cenário em questão,
Personagens com esse antecedente são capazes de os dobradores de Ar estão extintos. Uma possibilidade
manipular o elemento terra em todas as suas formas, é combinar com o Mestre um passado para seu perso-
podendo usá-las tanto para combate como para cons- nagem que faça sentido com o contexto. Por exemplo:
truções ou utilidades do dia a dia. Os dobradores de ter- a família do personagem conseguiu fugir dos ataques
ra vêm do Reino da Terra. da Nação do Fogo e vive refugiada no Reino da Terra,
escondendo seu poder para não chamar atenção de do-
ANTECEDENTE DE DOBRA (DOBRADOR DE FOGO)
□ PERÍCIA ARCANA: Dobra bradores de fogo.
(Espírito)
□ PODERES INICIAIS: Manipulação
Elemental +2
Personagens com esse antecedente
são capazes de manipular o elemento
fogo em todas as suas formas, poden-
do usá-las tanto para combate como
para aprimorar armas ou utilidades do
dia a dia. Os dobradores de fogo vêm da
Nação do Fogo.
ANTECEDENTE DE DOBRA (DOBRADOR DE AR)
□ PERÍCIA ARCANA: Dobra (Espírito)
□ PODERES INICIAIS: Manipulação
Elemental +2
Personagens com esse antecedente são
capazes de manipular o elemento ar em todas as
suas formas, podendo usá-las tanto para combate
como para aprimorar equipamentos ou
6
 ADAPTANDO Savage Worlds

LISTA DE PODERES BARREIRA

Seguem alguns exemplos de poderes
adaptados do livro-base de Savage Worlds
para se encaixarem no universo, além de algumas op-
ções de dobras mais especializadas.
Caso o jogador tenha uma ideia do que quer que seu per-
sonagem faça com sua dobra e ela não esteja listada, pode
sugerir a opção para o Mestre; assim, ele pode avaliar o nível
de dificuldade que o jogador precisa para realizar a dobra.
Aqui apresentamos apenas um resumo dos poderes,
para a descrição detalhada use o livro de Savage Worlds.
Como pode notar, usamos as manifestações como exem-
plos, mas pode adequar a manifestação da forma que me-
lhor se encaixar ao efeito visual que pretende. Alguns po-
deres tiveram seu estágio alterado para melhor refletir a
dificuldade de aprendizado nele na série. Use então a lista
como descrita abaixo. Além disso, as Distâncias que eram
baseadas em Astúcia passaram a ser baseadas em Espírito.
DOBRA DE TERRA
CAVAR
Estágio: Novato | Distância: Espírito | Duração: 5
Manifestação: Mesclar-se na terra e aparecer em ou-
tro lugar.
PROTEÇÃO
Estágio: Novato | Distância: Espírito | Duração: 5
Manifestações: Pedras e pedaços de terra se
acumulam ao redor do dobrador.
Estágio: Experiente | Distância: Espírito | Duração: 5
Manifestações: Parede de pedra/terra.
DEFLEXÃO
Estágio: Novato | Distância: Espírito | Duração: 5
Manifestações: Erguer rochas para se defender.
DEVASTAÇÃO
Estágio: Experiente | Distância: Espírito
Duração: Instantâneo
Manifestações: Terremoto, rachaduras no chão.
ENREDAR
Estágio: Novato | Distância: Espírito
Duração: Instantâneo
Manifestações: Envolver o inimigo com pedra/terra.
MANIPULAÇÃO ELEMENTAL
Estágio: Novato | Distância: Espírito | Duração: 5
Manifestações: Gestos simples.
RAJADA
Estágio: Novato | Distância: Modelo de Cone
Duração: Instantâneo
Manifestação: Chuva de Pedra.

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 ADAPTANDO Savage Worlds

DOBRA DE FOGO DEFLEXÃO DOBRA DE AR

EXPLOSÃO (BOLA DE FOGO)
Estágio: Experiente | Distância: Espírito x2
Duração: Instantâneo
Manifestações: Bolas de fogo.
CAMPO DE DANO (CAMPO DE FOGO)
Estágio: Experiente | Distância: Espírito | Duração: 5
Manifestação: Círculo de fogo ao redor do dobrador.
Estágio: Novato| Distância: Espírito | Duração: 5
Manifestações: Escudo elemental.
DEVASTAÇÃO
Estágio: Experiente | Distância: Espírito
Duração: Instantâneo
Manifestações: Explosões de fogo.
BARREIRA
Estágio: Experiente | Distância: Espírito | Duração: 5
Manifestações: Parede de fogo.
MANIPULAÇÃO ELEMENTAL
Estágio: Novato| Distância: Espírito | Duração: 5
Manifestações: Gestos simples.
DEFLEXÃO
Estágio: Novato | Distância: Espírito | Duração: 5
Manifestações: Rajada de vento
DEVASTAÇÃO
Estágio: Experiente
Distância: Espírito | Duração: Instantâneo
Manifestações: Redemoinho ou furacão.
TELECINESE (LEVITAR)
Estágio: Novato | Distância: Espírito x2
Duração: Instantâneo.
Manifestação: Uma brisa leve.

RAIO MANIPULAÇÃO ELEMENTAL

Estágio: Veterano | Distância: Espírito x2 Estágio: Novato | Distância: Espírito |Duração: 5
Duração: Instantâneo Manifestações: Gestos simples.
Manifestações: Raios saindo pelos dedos do
dobrador. RAJADA
Estágio: Novato | Distância: Modelo de Cone
RAJADA
Duração: Instantâneo
Estágio: Novato
Manifestação: Um leque de Vento.
Distância: Modelo de Cone
Duração: Instantâneo SILÊNCIO
Manifestação: Uma labareda de fogo. Estágio: Novato | Distância: Espírito
Duração: 5 (silêncio)
Manifestação: Uma ondulação no ar.

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 ADAPTANDO Savage Worlds

VELOCIDADE DOBRA DE ÁGUA MANIPULAÇÃO ELEMENTAL

Estágio: Experiente Estágio: Novato | Distância: Espírito | Duração: 5
CURA Manifestações: Gestos simples.
Distância: Espírito
Estágio: Novato | Distância: Toque |
Duração: 5 (velocidade)
Duração: Instantâneo RAJADA
Manifestação: Aumentar a velocidade de corrida do Estágio: Novato | Distância: Modelo de Cone
Manifestação: Tocar a vítima usando dobra de água.
dobrador com o vento. Duração: Instantâneo
DEFLEXÃO Manifestação: Uma manifestação elemental.
VOAR
Estágio: Novato | Distância: Espírito | Duração: 5
Estágio: Veterano | Distância: Espírito | Duração: 5
Manifestação: Uma bola de ar se forma abaixo do
Manifestações: Escudo elemental de água. REGRAS DE AMBIENTAÇÃO
dobrador. BARREIRA APRENDENDO NOVAS TÉCNICAS DE DOBRA
Estágio: Experiente | Distância: Espírito| Duração: 5 Aprender a ser um mestre na dobra de qualquer elemen-
Manifestações: Água (em formato de gelo). to é algo que leva tempo. Pelo fato de as dobras serem
DEVASTAÇÃO muito versáteis, mesmo sabendo alguns movimentos,
Estágio: Experiente | Distância: Espírito muito também vai da imaginação do dobrador e, nesse
Duração: Instantâneo caso, do jogador.
Essa ferramenta funciona como justificativa para a com-
Manifestações: Redemoinho.
pra de um jogador do antecedente Novos Poderes. Todas
ENREDAR essas formas levam tempo, então use essas sugestões de for-
ma narrativa em sua mesa, enriquecendo o treinamento.
Estágio: Novato | Distância: Espírito
Algumas técnicas, contudo, exigem uma atenção
Duração: Instantâneo
maior. Para isso, há algumas maneiras de os persona-
Manifestações: Gelo, vinhas (com dobra de água,
gens terem mais contato com seus poderes:
controlando a água dentro das plantas).
□ Meditação: Essa é uma técnica mais usada por do-
FANTOCHE (DOBRA DE SANGUE) bradores de ar, mas todos podem tentar. Ela é a que
Estágio: Veterano | Distância: Espirito | Duração: 5 exige mais tempo e é focada em habilidades que pre-
Manifestações: Controle de sangue. cisam de controle, como conseguir evoluir da dobra
de fogo para a dobra de raio. A meditação faz que o
dobrador entre em contato com seus poderes internos

9
 ADAPTANDO
e entenda como eles funcionam.
Aprender técnicas assim, por conta
própria, é o processo mais demorado.
□ Pergaminhos: Os pergaminhos são os tutoriais do
mundo de Avatar. Eles podem ser encontrados em
comércios ou em áreas de contrabando e geralmen-
te não são baratos. Aprender uma técnica de dobra
com um pergaminho leva metade do tempo da me-
ditação, já que existe um componente explicativo e
visual no qual o dobrador pode se basear.
□ Mestre do elemento: A forma mais eficiente de
aprender uma nova técnica é procurando um mes-
tre do elemento. É difícil, entretanto, convencer um
deles a ensinar um aluno que ele não conheça. Fa-
zer um mestre do elemento concordar em ensinar
pode, inclusive, envolver uma missão a mais para
o grupo. Dessa maneira, o dobrador pode aprender
até duas técnicas de dobra ao mesmo tempo.
MUNDO ESPIRITUAL
Algumas aventuras podem levar os jogadores até o
mundo espiritual. Não é fácil entrar em contato com o
mundo espiritual, nem mesmo para o Avatar. Há, po-
rém, algumas formas de tornar isso possível.
□ Espírito: Algumas criaturas espirituais fazem a traves-
sia entre o mundo físico e o mundo espiritual. Quando
um humano entra em contato com uma dessas criatu-
ras, seja acidental ou propositalmente, pode ser trans-
portado para o mundo espiritual fisicamente.
□ Lugares Espirituais: Existem alguns lugares es-
pecíficos no mundo físico que servem como pon-
tes para o mundo espiritual, por serem locais com
grande contato entre os dois mundos. Por exemplo:
Oásis Espiritual (Tribo da Água do Polo Norte) e
Vale do Esquecimento (Nação do Fogo).
□ Solstício: Os solstícios acontecem duas vezes por
ano. Nesses momentos, os dois mundos estão mui-
to próximos, portanto é o melhor momento para
tentar atravessar de um lugar para o outro. Algu-
mas pessoas mais espiritualizadas (com a perícia
Espiritualidade) conseguem inclusive fazer isso
por meio de meditação.
Para entrar no mundo espiritual de maneira consciente,
sem ser pego por algum espírito, é preciso fazer um teste de
Espírito. Todos os personagens têm uma penalidade de -1
nesses testes, menos dobradores de ar ou personagens que,
por algum motivo em seu histórico, tenham grande contato
com assuntos espirituais ou com monges de maneira geral.
EQUIPAMENTOS
Os equipamentos no mundo de Avatar podem ser her-
dados ou comprados. A moeda pode ser: peças de ouro,
peças de prata e peças de cobre. Uma moeda de ouro
vale cem moedas de prata e uma moeda de prata vale
cem moedas de cobre. Todos os jogadores começam
com 500 peças de prata.
Considerando o mundo de Avatar, há objetos e jogos
que podem ser usados do livro-base de Savage Worlds,
10
Savage Worlds
além de armas: arco, flecha, virote, aljava, martelo, pá,
braçadeiras, elmo, escudo, adaga, bastão, espada, ma-
chado etc. O Mestre precisa lembrar que é um mundo
sem maiores tecnologias, mesmo na Nação do Fogo, que
é o lugar mais avançado tecnologicamente do universo.
PAI SHO
Pai Sho é um jogo para dois jogadores.. A lenda diz que
o jogo foi inventado pelos espíritos, e se tornou popular
entre os seres humanos.
É um jogo de estratégia e acaso, com cada cultura ten-
do desenvolvido suas próprias regras e variações do
jogo. Antes de a existência do grupo ser revelada pu-
blicamente no final da guerra contra a Nação do Fogo,
a Ordem da Lótus Branca (uma sociedade secreta que
dissemina conhecimento pelas nações) usou o Pai Sho
para identificar seus membros, formando uma flor de
lótus com os azulejos do jogo.
PLANADOR
Os nômades do ar não criaram nenhum item usado espe-
cificamente como arma. Com as asas dobradas, porém,
os planadores eram manejados de maneira semelhante
aos cajados tradicionais dos monges e podiam ser usa-
dos para amplificar sua dobra de ar. Um golpe direto do
planador dá For+d4 de dano.
Dobradores de ar podem usar um planador para voar
(+2 no poder Voar). Por ser dos Nômades do Ar, o pla-
nador é um item raro hoje em dia. Nenhum vendedor
negociaria um deles por menos de 5 peças de ouro.
ADAPTANDO
BUMERANGUE
É uma Pequena arma em forma de L, feita de metal. Quando
jogado corretamente, o bumerangue faz um caminho curvo
antes de retornar a seu ponto de origem. Essas armas cos-
tumam ser usadas mais pelos guerreiros da Tribo da Água.
Um golpe de bumerangue causa For+d6 de dano (a menos
que seja feito de material especial, o que também o deixa
mais caro – normalmente, ele custa algumas peças de cobre).
CRIATURAS
BISÃO VOADOR
O bisão voador, também conhecido como o bisão do
céu ou bisão aéreo, vivia nos templos aéreos junto
com os nômades do ar. O bisão voador mais notável
foi Appa, o guia animal do Avatar Aang e seu princi-
pal meio de locomoção durante a guerra. Alguns bi-
sões também vivem na Nação do Fogo, em uma ilha
da tribo Bhanti.
□ Atributos: Agilidade d10, Astúcia d6, Espírito d6,
Força d12, Vigor d8
□ Perícias: Atirar d10, Atletismo d10, Lutar d8,
Perceber d6
□ Movimentação: 6; Aparar: 7; Resistência: 14
□ Habilidades Especiais
□ Esmagar: Bisões ignoram até 4 pontos de penali-
dades por Escala quando atacam com suas garras.
For+d8.
□ Rajada de Vento: Bisões podem mandar rajadas
direcionadas de vento para empurrar seus inimi-
11
Savage Worlds
gos. Eles podem escolher um alvo ou um Modelo
de Cone e usam sua perícia Atirar para a rolagem.
Aqueles que são afetados devem fazer uma rola-
gem de Força (com -2 se o elemental conseguiu
uma ampliação) ou são atirados a 2d6 quadros.
Qualquer um que acerte um objeto rígido (como
uma parede) recebe 2d4 de dano não letal.
□ Tamanho +6: São enormes bisões.
□ Voo: Bisões voam com Movimentação 12.
LÊMURE VOADOR
O lêmure voador é um animal pequeno e energético.
Eles atualmente correm risco de extinção, já que a maio-
ria vivia com os Nômades do Ar.
□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d6, Espírito d10,
Força d4, Vigor d6
□ Perícias: Atletismo d8, Furtividade d8, Perceber d6
□ Movimentação: 6; Aparar: 2; Resistência: 3
□ Habilidades Especiais:
□ Mordida/Garras: For.
□ Tamanho -2: Do tamanho de um gato
□ Visão no Escuro: Lêmures ignoram penalidades
por Penumbra e Escuridão.
□ Voo: Lêmures voam com Movimentação 9.
PINGUIM-FOCA
Animais nativos da Tribo da Água, como o nome indica,
são uma junção de pinguim e foca, tendo fisicamente
mais características do primeiro.
 ADAPTANDO
□ Atributos: Agilidade d8,
Astúcia d4, Espírito d6, Força d8,
Vigor d8
□ Perícias: Atletismo d8, Furtividade d8, Lutar d4,
Perceber d6
□ Movimentação: 8; Aparar: 4; Resistência: 6
□ Habilidades Especiais:
□ Mordida: For+d6.
□ Velocidade: dado de corrida d10.
UNAGI
O unagi é uma enguia enorme, poderosa e carnívora, ca-
paz de disparar grandes jatos de água. Geralmente pode
ser encontrado próximo às ilhas Kyoshi, no Reino da Terra.
□ Atributos: Agilidade d10, Astúcia d4, Espírito d8,
Força d12+4, Vigor d12
□ Perícias: Atletismo d8, Furtividade d8, Lutar d12,
Perceber d12
□ Movimentação: 10; Aparar: 8; Resistência: 16
□ Habilidades Especiais:
□ Mordida: For+d8.
□ Robusto: A criatura não sofre um ferimento por ser
Abalado duas vezes.
□ Tamanho+6: Uma enorme enguia.
TOUPEIRA-TEXUGO
A toupeira-texugo é um mamífero enorme e cego, na-
tivo do Reino da Terra. Criaturas principalmente sub-
terrâneas, os texugos foram os primeiros a dominarem a
dobra da terra e os instrutores originais com os quais os
humanos aprenderam essa arte pela primeira vez.
□ Atributos: Agilidade d10, Astúcia d4, Espírito d6,
Força d12, Vigor d8
□ Perícias: Atletismo d10, Furtividade d10, As lendas dizem que os dragões foram extintos, porque
Intimidar d6, Lutar d8, Perceber d8
□ Movimentação: 8; Aparar: 6; Resistência: 11
□ Habilidades Especiais:
□ Vantagem: Dobra de Terra
□ Mordida: For+d6.
□ Tamanho +5: Do tamanho de um rinoceronte.
FALCÃO MENSAGEIRO
O falcão mensageiro é um pássaro de tamanho médio que
pode ser usado para transportar rolos de mensagens em
caixas amarradas a suas costas, com fitas coloridas diferen-
tes usadas para indicar a importância ou o destinatário. Es-
ses falcões são usados para entregar mensagens por toda a
Nação do Fogo e em suas colônias no Reino da Terra.
□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d6, Espírito d6,
Força d4, Vigor d6
□ Perícias: Atletismo d8, Furtividade d8, Lutar d6,
Perceber d10
□ Movimentação: 3; Aparar: 5; Resistência: 2
□ Habilidades Especiais:
□ Mordida/Garras: For+d4.
□ Tamanho -3: Do tamanho de uma ave comum.
□ Voo: Falcões mensageiros voam com
Movimentação 48 quadros.
12
Savage Worlds
DRAGÃO
O dragão é o praticante original da dobra de fogo, já que
foi o primeiro ser capaz de respirar fogo. Como tal, os
dragões são altamente respeitados pela Nação do Fogo.
os dobradores de fogo, buscando glória, ganhavam sta-
tus ao conquistar um dragão. O último foi supostamen-
te morto pelo general Iroh, da Nação do Fogo.
□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d8, Espírito d10,
Força d12+6, Vigor d12
□ Perícias: Atletismo d10, Conhecimento Geral d6,
Furtividade d8, Intimidar d12, Lutar d10,
Perceber d12, Persuadir d10
□ Movimentação: 8; Aparar: 7; Resistência: 20 (4)
□ Habilidades Especiais:
□ Armadura: +4, Pele Escamosa.
□ Esmagar: Dragões ignoram até 4 pontos de
penalidades por Escala quando atacam com suas
garras.
□ Golpe de Cauda: For+d4. A criatura pode fazer um
ataque livre contra até dois oponentes na lateral ou
atrás dela, sem penalidade.
□ Medo: (-2) Qualquer um que veja um poderoso
dragão deve fazer um teste de Medo -2.
□ Mordida/Garras: For+d8.
□ Sopro de Fogo: Dragões sopram fogo causando
3d6 de dano.
□ Robusto: A criatura não sofre um ferimento por ser
Abalado duas vezes.
 ADAPTANDO Savage Worlds

□ Tamanho 8 : Enorme.
Dragões são criaturas
enormes, com mais de 12 metros de
comprimento do nariz até a cauda e pesando mais
de 15 toneladas.
□ Voo: Dragões têm uma Movimentação Voando de 24
quadros.

PERSONAGENS IMPORTANTES
AANG
Aang é o último dobrador de ar. Cem anos antes do tempo
atual, ele foi informado pelos monges de que era o novo
Avatar. Recusando-se a aceitar seu destino, Aang fugiu
do templo em que vivia com seu bisão voador, Appa, e
ficou preso em um iceberg. Ele acorda cem anos depois.
□ Atributos: Agilidade d10, Astúcia d6, Espírito d10,
Força d6, Vigor d8
□ Perícias: Atletismo d10, Conhecimento geral d6,
Perceber d10, Persuadir d6, Furtividade d10,
Fé d10, Ladinagem d8, Lutar d10, Conhec.
Espiritual d10, Foco d10
□ Movimentação: 6, Aparar: 7, Resistência: 6
□ Vantagens: Antecedente de dobra (Avatar, dobra
todos os elementos), Famoso, Rápido, Arma
Predileta (planador)
□ Poderes: Barreira, Armadura, Devastação,
Deflexão, Levitar, Manipulação Elemental, Rajada,
Velocidade, Voar
□ Complicações: Desastrado, Guiado, Pacifista

13
 ADAPTANDO
KATARA
Katara é a única dobradora de água da
Tribo da Água do Polo Sul. Com seu irmão,
Sokka, libertou Aang do iceberg no qual ele estava pre-
so. Tendo sofrido muito com a guerra, perdendo a mãe
e se afastando do pai, que foi lutar pelo país, ela se junta
a Aang para ajudá-lo em sua missão.
□ Atributos: Agilidade d10, Astúcia d8, Espírito d10,
Força d6, Vigor d6
□ Perícias: Atletismo d8, Conhecimento geral d8,
Perceber d8+2, Persuadir d10, Furtividade d6, se tornando uma das dobradoras do elemento mais efi-
Lutar d10, Curar d10, Performance d6, Foco d10
□ Movimentação: 6, Aparar: 7, Resistência: 5
□ Vantagens: Antecedente de dobra (Água),
Carismática, Prontidão, Focada
□ Poderes: Barreira, Cura, Deflexão, Dobra de
Sangue, Enredar, Manipulação Elemental, Rajada
□ Complicações: Heroica, Leal
SOKKA
Sokka é o irmão mais velho de Katara, um dos últimos
guerreiros que sobraram na Tribo da Água do Pólo Sul de-
pois que seu pai e outros guerreiros foram para a guerra.
Desconfiado, ele concorda em ajudar o Avatar. Sokka não
é um dobrador, mas tem seus próprios meios de lutar.
□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d6, Espírito d8,
Força d10, Vigor d10
□ Perícias: Atletismo d8, Conhecimento geral d6,
Perceber d6, Persuadir d8, Furtividade d8, Ozai, portanto o suposto herdeiro da Nação do Fogo.
Lutar d10, Atirar d10, Provocar d8
□ Movimentação: 6, Aparar: 7, Resistência: 7
□ Vantagens: Impulso, Prontidão, Arma Predileta
(bumerangue e espada)
□ Complicações: Desconfiado, Excesso de Confiança
TOPH BEIFONG
Toph Beifong é a herdeira da família Beifong, que tem
certo status no Reino da Terra. Por ter nascido cega, sem-
pre foi superprotegida, mas aprendeu a dar seu próprio
jeito para fazer o que queria e aprender a dobra de terra,
cientes do reino.
□ Atributos: Agilidade d6, Astúcia d8, Espírito d6,
Força d10, Vigor d10
□ Perícias: Atletismo d10, Conhecimento geral d8,
Perceber d6, Persuadir d6, Furtividade d6,
Lutar d10, Foco d8, Intimidar d8, Jogar d10,
Provocar d10
□ Movimentação: 5, Aparar: 7, Resistência: 7
□ Vantagens: Antecedente de dobra (Terra),
Aristocrata, Corajosa, Brutamontes
□ Poderes: Barreira, Armadura, Cavar, Deflexão,
Devastação, Enredar, Manipulação Elemental,
Rajada
□ Complicações: Arrogante, Cega, Teimosa
ZUKO
Príncipe Zuko é o filho mais velho do Senhor do Fogo
Ele, porém, foi banido após desafiar um superior, o que
14
Savage Worlds
lhe rendeu uma cicatriz no rosto e a missão de ir atrás
do Avatar, pois só isso lhe faria recuperar a honra e o
direito de voltar para casa.
□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d6, Espírito d8,
Força d10, Vigor d10
□ Perícias: Atletismo d10, Conhecimento geral d8,
Perceber d8, Persuadir d6, Furtividade d8,
Lutar d10, Foco d8, Intimidar d8, Sobrevivência d6
□ Movimentação: 8, Aparar: 7, Resistência: 7
□ Vantagens: Antecedente de dobra (Fogo), Impulso,
Ligeiro, Furioso
□ Poderes: Barreira, Bola de Fogo, Campo de Fogo,
Deflexão, Devastação, Manipulação Elemental,
Raio, Rajada.
□ Complicações: Desconfiado, Inimigo (de Azula,
sua irmã), Teimoso
PERSONAGENS COMUNS
SOLDADO DA NAÇÃO DO FOGO
Soldados da Nação do Fogo são comuns de serem encon-
trados nas colônias da Nação do Fogo no Reino da Terra.
□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d6, Espírito d6,
Força d10, Vigor d8
□ Perícias: Atletismo d8, Conhecimento geral d6,
Perceber d8, Persuadir d6, Furtividade d8,
Lutar d8, Intimidar d8
□ Movimentação: 6, Aparar: 6, Resistência: 8 (2)
□ Vantagens: Antecedente de dobra (Fogo), Soldado
□ Equipamento: Armadura (+2), Lança (For+d6)
 ADAPTANDO
□ Poderes: Barreira, Bola
de Fogo, Campo de Fogo,
Manipulação Elemental, Rajada.
GENERAL DA NAÇÃO DO FOGO
Generais da Nação do Fogo costumam aparecer em lu-
gares específicos, áreas que eles pretendem conquistar
ou dentro da própria Nação do Fogo.
□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d8, Espírito d6,
Força d10, Vigor d8
□ Perícias: Atletismo d10, Conhecimento geral d6,
Perceber d8, Persuadir d6, Furtividade d8, □ Perícias: Atletismo d10, Conhecimento geral d8,
Lutar d10, Intimidar d10
□ Movimentação: 6, Aparar: 6, Resistência: 6
□ Vantagens: Antecedente de dobra (Fogo), Soldado,
Atacar Primeiro, Comando
□ Equipamento: Armadura (+2), Lança (For+d6)
□ Poderes: Barreira, Bola de Fogo, Campo de
Fogo, Manipulação Elemental, Rajada, Deflexão,
Devastação.
OFICIAL DO REINO DA TERRA
Os oficiais do Reino da Terra tentam manter suas maio-
res cidades em segurança contra novas invasões da Na-
ção do Fogo.
□ Atributos: Agilidade d6, Astúcia d6, Espírito d6,
Força d10, Vigor d10
□ Perícias: Atletismo d6, Conhecimento geral d6,
Perceber d8, Persuadir d6, Furtividade d6, marinha da Nação do Fogo, o grupo descobre que
Lutar d10, Intimidar d8
□ Movimentação: 6, Aparar: 7, Resistência: 9 (2)
□ Vantagens: Antecedente de dobra (Terra), Soldado
□ Poderes: Barreira, Armadura, Cavar, Enredar,
Manipulação Elemental, Rajada.
LUTADORES DA LIBERDADE
Um grupo de adolescentes, geralmente do Reino da Ter-
ra, que buscam sobreviver à guerra e atrapalhar a Nação
do Fogo da melhor forma possível.
□ Atributos: Agilidade d10, Astúcia d8, Espírito d6,
Força d6, Vigor d8
Perceber d8, Persuadir d6, Furtividade d8, Lutar
d8, Intimidar d6
□ Movimentação: 6, Aparar: 6, Resistência: 6
□ Vantagens: Atacar Primeiro.
IDEIAS DE CONTOS SELVAGENS
Caso você precise de ideias ou de algum ponto de par-
tida para suas aventuras no universo de Avatar, aí vão
algumas sugestões que se encaixam no momento em
que o mundo está vivendo de acordo com a época da
adaptação.
□ Missão de Resgate: O grupo de aventureiros faz
parte dos rebeldes que lutam contra a Nação do
Fogo. Esse grupo, especificamente, é liderado pela
general Gyeng Oshi. Após um confronto contra a
a general foi presa e precisa ser resgatada. O pro-
15
Savage Worlds
blema é que ela está em uma das prisões de segu-
rança máxima, A Rocha Fervente, o que deixa a
missão ainda mais complicada.
□ No Mundo Espiritual: Uma vila no sul do Reino
da Terra está passando por um problema: Vários
cidadãos estão desaparecendo depois que o sol se
põe. A princípio, os aventureiros são chamados para
ajudar, porque acredita-se que os responsáveis por
tudo são soldados da Nação do Fogo aproveitando
seu poder, mas os heróis descobrem que, na ver-
dade, estão sendo levados para o mundo espiritual
pelas ações de um espírito que vaga pela região.
□ Os Últimos Dragões: Existe um rumor correndo
pela Nação do Fogo de que o dragão derrotado pelo
General Iroh não era o último dragão da face da
terra – na realidade, ainda existiriam dois no antigo
templo dos Guerreiros do Sol. Um nobre da Nação
do Fogo oferece uma grande fortuna para aqueles
que trouxerem uma cabeça de dragão para ele.
□ Invasão do Polo Norte: O resultado da Batalha na
Tribo da Água do Polo Sul, em que Aang derro-
tou as forças do almirante Zhao, foi considerado
humilhante para a Nação do Fogo. Os heróis inter-
ceptam um falcão mensageiro da Nação do Fogo,
que diz que uma nova invasão será feita e que já
existem espiões infiltrados na Tribo, para ajudar a
tomá-la por dentro. Os heróis precisam viajar até
a Tribo da Água, encontrar os líderes da invasão e
impedir novos ataques da Nação do Fogo.
 PAPO DE DESIGNER

SIMULAÇÃO
VS
NARRATIVA

S
e você já joga RPG há algum tempo, certa-
mente já chegou a uma situação em que os
jogadores debatiam algo como “mas é im-
possível fisicamente alguém dar essa quantida-
de de ataques em um único turno”, ou então “eu
queria fazer igual ao Jack Sparrow e saltar nas cor-
das, chutando cinco piratas, e derrubando a vela
do navio em cima de outro grupo, tudo em uma
única ação… mas as regras não me deixam fazer
isso”. A discussão é simples: até onde as regras
deveriam limitar a narração? Quebrar as regras
em prol da diversão é justo?

POR ENCHO CHAGAS

 PAPO DE DESIGNER
Muitos RPGistas de longa data se
lembrarão da famosa Regra de Ouro,
escrita em tantos livros de regras: “As
regras não importam, o importante é se divertir”. Mas
neste artigo vamos falar sobre design de jogos, e ten-
tar levantar essa questão por uma ótica mais técnica. In-
felizmente, para um designer, não é boa prática deixar
para o jogador o papel de árbitro.
Não é objetivo deste texto te fazer parar de jogar seu
jogo favorito, ou determinar se ele é certo ou errado. Mas
talvez possa agregar um pensamento extra que, even-
tualmente, o ajude a encontrar o jogo certo para você e o
seu grupo. Aqui vou lembrar um pouco da história des-
se debate. Ah, e claro, também é um convite para que te-
nhamos sempre mais autores, preocupados em avançar
a linguagem e as técnicas de produção dos nossos jogos,
coletivamente.
REGRA DE OURO
Como já a citei, acho que seria bom discutir um pou-
co mais sobre o porquê dessa frase ser tão abominada
entre autores de jogos mais recentes. Ela veio desde os
primeiros RPGs, ainda na década de 70. “Não importam
as regras” é algo que continuamente precisava ser evo-
cado nos momentos em que jogadores queriam deixar
sua imaginação voar, e muitas vezes as regras atuavam
como limitadores. Aquele dragão com 2000 pontos de
vida, que acaba gerando um combate tedioso e infinito,
e o Mestre acaba por matar ele antes da hora pra dar
continuidade à sessão. Ou o crítico indesejado na rola-
gem de ataque contra um personagem importante, de
repente “não dá tanto dano assim” para que ele possa
seguir na aventura. Os exemplos são inúmeros, e a apli-
cação dessa regra é muito constante.
Como você deve ter imaginado, realmente é necessá-
rio dos jogadores, principalmente do Mestre, uma de-
senvoltura não só para saber como quebrar as regras,
mas principalmente a experiência sobre o controle do
ritmo da aventura. A Regra de Ouro é particularmen-
te mais cruel com novos jogadores, que dependem das
regras e mecânicas para ter segurança para jogar mais
tranquilamente, e o manual, por sua vez, em casos onde
as coisas não funcionam, sugere que mestre e jogadores
deveriam se virar para resolverem a questão É notório
como muitos autores ao longo das décadas se esconde-
ram atrás da Regra de Ouro para dar pouca atenção a
balanceamento de recursos, ou falta de clareza de deter-
minadas regras. Ou muitas vezes a completa ausência
de regras para situações específicas. Como chamamos
entre desenvolvedores: uma muleta de design.
Uma comparação que sempre faço nos meus textos,
especialmente no texto que escrevi para o blog da Re-
tropunk Destrinchando o Papel do Mestre, publicado
no começo de 2020: “Imagine se para jogar Super Mario
você precisasse de um jogador mais experiente”. Como
designer é seu papel que seu jogo seja perfeitamente cla-
ro e que contenha todas as ações possíveis, para que seu
jogador não entre nesse tipo de situação. É básico no de-
17
sign de qualquer jogo, não só o RPG: regras não devem
restringir os jogadores, mas sim estabelecer os parâme-
tros da experiência do jogo. O futebol é jogado com as
pernas por ser um desafio característico do jogo, e não
porque “pegar com as mãos” é errado. As regras devem
ser as ferramentas da diversão, não os inibidores.
Infelizmente no RPG muitos jogos já são escritos con-
tando que o RPGista já conheça alguns conceitos bási-
cos, e essa cultura da comunidade pode chegar a ser es-
sencial para uma boa experiência. Se o seu jogo depende
de um conhecimento que não está descrito no manual
de regras ou da experiência do Mestre ou grupo de joga-
dores, provavelmente você tem um problema.
Uma teoria famosa conhecida como “Big Model”, es-
crita por Ron Edwards (autor de Sorcerer), trouxe uma
nova frase para substituir a Regra de Ouro: “O sistema
importa”. Isso significa que os jogadores não devem se
impor às regras por nenhuma razão, assim como acon-
tece no game design de qualquer outro tipo de jogo.
SIMULACIONISMO
O Big Model gera uma questão de design: “como diabos eu
vou conseguir considerar no manual absolutamente todas
as opções de ação que por ventura possam surgir na mente
abençoada de cada jogador?”. É, isso é um problema mes-
mo, que foi resolvido de diversas formas ao longo dos anos.
Você já deve ter visto sistemas que criam uma rolagem
genérica que serve para qualquer ação não estipulada no
livro, ou então um espaço em branco na sua ficha para
 PAPO DE DESIGNER
anotar aquela perícia que o autor
não tinha pensado antes. Outros ten-
tam criar as ferramentas que permitirão
aos jogadores criarem seus itens, classes, ou até novas
regras. E sempre tem o caso do GURPS, que realmente
tentou abarcar absolutamente tudo, tendo perícias tão
específicas como demolição sub aquática. Cada escolha
de design reflete a intenção do autor e a experiência que
ele projetou para seus jogadores, ora trazendo mais rea-
lismo, ora deixando no campo fantástico, ou deixando
para o jogador a responsabilidade.
O termo jogo “simulacionista” foi popularizado por
outro texto famoso de design do Ron Edwards, a Teoria
GNS (os dois saíram mais ou menos na mesma leva),
que difere jogos entre Gamistas, Narrativistas, e Simula-
cionistas. Seriam tipos que diferem tanto a intenção dos
jogadores como o corpo de regras criado para viabilizar
esse intento. Os Gamistas seriam aqueles em que a gra-
ça do jogo está nas regras em si, e as estratégias e dinâ-
micas oriundas delas para que o jogador possa vencer;
os Narrativistas seriam aqueles que focam na criação e
narração de histórias, motivações dos personagens, etc;
18
e os Simulacionistas seriam os jogos em que a simulação
e “realismo” são o foco, portanto as regras precisam ser
consistentes o suficiente para que os jogadores explorem
o máximo daquela “realidade virtual”. Note que os três
casos já não consideram a Regra de Ouro. Por exemplo
os jogos narrativistas não consideram que o foco é o role
play ‘apesar’ das regras, mas sim as regras trabalhando
para garantir aos jogadores uma experiência narrativa.
Mas cito o GNS aqui apenas a título de informação,
porque pessoalmente não concordo com estas divisões.
Elas não são exatamente úteis para tipificar jogos, já que
a maioria dos RPGs apresentam aspectos dos três tipos,
e muitas vezes é a composição do grupo que vai deter-
minar o “tipo” final do jogo, já que boa parte dos sis-
temas são tão dependentes do Mestre para conduzir a
história. Também não concordo com os parâmetros que
são usados para separar esses jogos. Mas eu vou reinter-
pretar os termos, para dar sequência ao argumento que
faço aqui, separados por parâmetros mais claros.
Eu acredito ser mais relevante, e mais simples, adotar
apenas duas divisões para essa discussão: Simulacionis-
mo, quando queremos que o sistema cuide da fisicalidade,
capacidades e limites dos personagens; e Narrativismo,
quando queremos que o sistema cuide da própria capaci-
dade dos jogadores de contar histórias. Dentro destas di-
visões é possível perceber que eu tipifiquei praticamente
todos os RPGs existentes como simulacionistas e, se você
não conhece muitos jogos de RPG indie, provavelmente
nem entendeu o que eu quis dizer por narrativismo…
 PAPO DE DESIGNER
NARRATIVISMO
Vamos considerar a seguinte ação de
um jogador de RPG: ele pretende golpear o
inimigo com sua espada. Em um sistema simulacionis-
ta (pela leitura que eu apresento neste texto) o jogador
precisaria fazer uma rolagem, provavelmente conside-
rando sua força ou destreza com a arma, comparando-a
à resistência ou esquiva do inimigo, e então aplicando
um dano, relativo à arma, à sua vitalidade. O sistema
tenta regrar e simular cada aspecto físico da cena.
Em um sistema narrativista essa mesma cena poderia se
dar de diversas formas, dependendo da intenção do jogo.
Ao invés de simular a ação em si, as regras se preocupam
com a narração da cena. Quem define o que acontece, o joga-
dor ou o Mestre? Ele está golpeando com que objetivo, para
assustar, para afastar, para se impor, para defender alguém,
ou simplesmente matar o alvo? E qual a relevância daquele
personagem à história? Em muitos jogos a rolagem define se
será o jogador a narrar a cena ou o Mestre, não importando
dano da arma ou se o inimigo será vencido em um só gol-
pe, ou sequer limitando o jogador a tomar uma única ação.
Em outros a intenção do jogador define que rolagem fazer,
e não seu atributo físico, já que ele age de formas diferentes
em tipos de situações diferentes. O sistema determina re-
gras para coordenar a narração da história, com preocupa-
ção sobre as motivações, intenções, e consequências para o
personagem, e não com a fisicalidade da cena.
Naturalmente, como já temos uma longa tradição de jogos
razoavelmente derivados de Dungeons & Dragons, não te-
mos um número muito grande de exemplos completamen-
te narrativistas. Mas podemos perceber como a influência
dessa corrente de design traz elementos narrativistas para
muitos jogos. Em Mouse Guard por exemplo, ao final de
um conflito, os jogadores devem negociar com o Mestre a
resolução dos acontecimentos baseado na somatória de re-
sultados ao longo de toda a cena. Se os ratinhos vencem por
muito pouco, o Mestre ainda pode puni-los ou colocar um
preço para impedi-los de conquistar seu objetivo, forçando
os jogadores a fazerem sacrifícios. Os personagens sequer
têm características como pontos de vida, apenas podendo
ser mortos durante uma destas resoluções, como um preço
a ser pago durante uma derrota mais dura. A vida de seu
personagem é um recurso dentro do jogo.
E QUE DIFERENÇA ISSO FAZ?
Em 2014, em defesa deste argumento, o autor John Wick
(Lenda dos 5 Anéis, 7º Mar) fez um texto que gerou a
fúria de jogadores de RPG por toda parte. Ele dizia que
D&D não era um RPG, porque não o permitia verdadei-
ramente interpretar seu personagem, limitado por um
quorum de mecânicas que mais pareciam um xadrez do
que um jogo de contar histórias. Como exemplo ele citava
uma cena de Eclipse Mortal, em que Vin Diesel enfren-
tava vários personagens com uma caneca… e qual seria
o dano de uma caneca? Qual a rolagem de resistência
contra canecas? Canecas dão algum bônus de aparar ar-
mas inimigas? Apesar da linha de argumentação de John
Wick ser grosseira, e o fato de boa parte dos seu jogos
19
fazerem exatamente o que ele critica, perceba como essa
é uma discussão antiga e ainda polêmica dentro do RPG,
mesmo com tantos jogos narrativistas já consagrados.
A minha intenção aqui ao propor esta discussão tem
mais a ver com o potencial desta linguagem que é tão pou-
co explorada por autores de jogos de contar histórias. Ape-
sar de ter jogado RPG desde criança, eu comecei a estudar
game design pelos jogos digitais e tabuleiro, onde inova-
ção e criatividade são quesitos obrigatórios. Mas não no
RPG, cuja comunidade parece tranquila rejogando os mes-
mos jogos há 40 anos. Meu primeiro jogo narrativo, Pulse,
inclusive recebeu logo de cara os primeiros cumprimentos
da comunidade: “isso aí não é RPG”. Honestamente não
vejo problema da comunidade querer continuar jogando
os mesmos jogos, mas é um incômodo ver como os autores
têm dificuldade para sair dos mesmos paradigmas.
Há também a longa e antiga discussão semântica sobre
o termo RPG, o debate sobre se jogos em que não há es-
pecificamente role play, interpretação de papéis, se deve-
riam ser chamados de RPG. E, de fato, vários dos jogos
mais modernos não têm muito role play. Na gringa se usa
o termo “story game”, ou jogos de história, para classificar
alguns desses jogos, mas nunca são distanciados de outros
RPGs de mesa. Ah sim, porque se formos mesmo entrar
na discussão semântica teríamos que ver se o RPG de com-
putador também tem ou não roleplay, e se essa sigla já não
perdeu seu sentido original há muito mais tempo que a
chegada dos narrativistas indie. Se o RPG já se tornou mes-
mo um termo guarda chuva, ou se precisaríamos de um
 PAPO DE DESIGNER

termo raiz, é algo que beira o impos-

sível de se determinar e impor/educar
a comunidade. Já estive de todos os lados
desse debate, e hoje apenas defendo que precisamos criar
e explorar mais, independente do nome dado.

UMA CONVERSA
Existe uma premissa básica de qualquer RPG, algo que
está escrito na maioria dos sistemas, que eu guardo como
fundamental: “RPG nada mais é que uma conversa en-
tre amigos”. Eu adoro essa frase, e amo cada Mestre que
explica o jogo para iniciantes começando com estes di-
zeres. Vamos completar, adicionando conceitos que es-
tão nas entrelinhas: “Uma conversa com o objetivo de
criar e contar histórias, mas dentro de um determinado
corpo de regras que dão estrutura ao jogo”.
Porquê gosto tanto dessa premissa? Essa é, para mim, a
única característica verdadeiramente fundamental desse
jogo. E perceba que ela não define o jogo como simulacio-
nista ou narrativista: ambos são uma conversa regrada,
com o objetivo de criar uma história coletivamente. Tudo
é RPG, desde que seja um jogo que acontece pela conver-
sa, a nossa voz atuando tanto como joystick ou como tela.
Agora se o jogo tem Mestre ou não, se usa dados ou
cartas, se tem ou não ficha de personagem, se os joga-
dores sequer comandam personagens ou não… isso são
opções de design a serem avaliadas pelo autor, a fim de
garantir que as regras irão gerar ou não a experiência
proposta aos jogadores.

20
 MONSTRO Castelo Falkenstein

GOEMUL
ZUMBIS COREANOS DE KINGDOM

D
e criaturas místicas à ícones da cultura pop, zumbis já tiveram
muitos altos e baixos na sua popularidade. Existem tantas histó-
rias com esses mortos-vivos que eles se tornaram um clichê, mas,
de vez em quando, surgem novas formas de apresentar zumbis que po-
dem surpreender e desafiar expectativas.
Esse artigo é sobre as duas versões de zumbis que aparecem na série co-
reana Kingdom, lançada pela Netflix em 2019 e que já se encontra em sua
segunda temporada. Se você ainda não assistiu a série, cuidado: o texto a
seguir tem spoilers!

POR IVAN COLUCHI

 MONSTRO
KINGDOM
Lançada em 2019, Kingdom é uma sé-
rie original da Netflix inspirada nos qua-
drinhos coreanos Kingdom of the Gods, criado por Kim
Eun-hee e desenhado por Yang Kyung-il.
A trama se passa na Coreia do Sul durante a dinastia
Joseon (entre 1392 e 1897) e tem o princípe herdeiro Lee
Chang como um de seus personagens principais. Tentan-
do descobrir mais sobre uma doença misteriosa que afe-
tou o rei, o príncipe procura um médico de renome na
região sul do reino. No entanto, o que ele encontra é uma
epidemia que transforma as pessoas em monstros devo-
radores de carne humana e que se espalha rapidamente.
No meio de batalhas contra os mortos-vivos, o príncipe e
seus companheiros também têm que lidar com tramas po-
líticas e clãs rivais que querem mantê-lo afastado do trono.
GOEMUL
A palavra “zumbi” não aparece em nenhum momento na
série e as personagens se referem aos mortos-vivos apenas
como goemul (monstro em coreano). Existem duas formas
diferentes que levam à criação de um goemul: quando a plan-
ta da ressurreição é utilizada em um cadáver ou quando um
indivíduo se alimenta da carne de um corpo infectado.
A planta da ressurreição é uma flor com pétalas roxas
que cresce em regiões frias, principalmente nas encostas
de montanhas. Ela pode ser preparada em uma poção
que, quando usada em um cadáver, faz com que ele retor-
ne como um goemul. Na série, esse método foi utilizado
para transformar mortos em armas de guerra, lançando
os zumbis contra uma invasão japonesa. Goemuls criados
dessa forma se alimentam de carne e sangue humano, po-
rém não transformam suas vítimas em zumbis. Pessoas
mordidas por essa versão de morto-vivo, que será chama-
da de goemul necrótico, ficam imediatamente doentes e
sua temperatura corporal começa a cair até um nível fatal.
Outra forma de se obter um goemul é quando alguém se
alimenta da carne de um cadáver infectado. Na trama, um
grupo faminto e abandonado pelas autoridades recorre ao
canibalismo como medida de sobrevivência. Sem saber, eles
acabam se alimentando de um cadáver que morreu por cau-
sa da mordida de um goemul necrótico. Quando isso ocorre,
o efeito é bem rápido: em questão de minutos, o indivíduo
morre e retorna como zumbi. Mortos-vivos criados dessa
forma serão chamados de goemul replicante, porque eles
são contagiantes e transformam suas vítimas em zumbis.
A forma como são criados e suas habilidades de contágio
são as principais diferenças entre os dois tipos de goemul.
Em todas as outras características, eles são semelhantes.
Goemuls têm uma fome insaciável de carne humana e
possuem sentidos aguçados, principalmente de olfato, que
permitem que eles farejem carne e sangue fresco com pre-
cisão. No entanto, eles são criaturas estúpidas, incapazes
de se comunicar, utilizar armas ou criar estratégias elabo-
radas. O grande perigo dos goemuls é a rapidez com que
eles contaminam suas vítimas, seja deixando-as incapaci-
tadas ou transformando-as em novos zumbis (a metamor-
fose demora de 15 segundos a 1 minuto).
22
Castelo Falkenstein
Goemuls podem ser destruídos com o método tradicio-
nal para matar zumbis: acertar a cabeça. Porém, eles pos-
suem outras fraquezas que os tornam particulares e que
podem surpreender as personagens dos jogadores. À pri-
meira vista, goemuls parecem se comportar como vampi-
ros, fugindo da luz do sol e hibernando durante o dia. A
verdade é que eles têm aversão ao calor e o sol faz com que
eles corram instintivamente para cavernas, poços, porões
ou qualquer outro abrigo. No entanto, em regiões frias ou
durante o inverno, quando a temperatura continua bai-
xa mesmo no sol, eles permanecem ativos durante todo o
dia e não fogem da luz solar. Por esse mesmo motivo, eles
também podem ser afastados com o calor do fogo.
Outra fraqueza dos goemuls é que eles evitam corpos
d’água, mesmo os mais rasos. Isso ocorre porque o quê os
transforma em mortos-vivos não é a planta da ressurreição
em si, mas sim um parasita que vive na planta e se aloja no
cérebro dos cadáveres. Esse parasita morre quando entra
em contato com água e essa é a única forma de curar um
infectado antes que ele se transforme. Como a transforma-
ção ocorre rapidamente, a pessoa mordida por um goemul
tem apenas alguns minutos para se livrar do parasita, mer-
gulhando na água. Cadáveres que já se transformaram em
zumbis morrem quando são colocados embaixo d’água.
A série não mostra quais seriam os efeitos caso a planta
da ressurreição fosse consumida por alguém que ainda está
vivo. Talvez o indivíduo ficasse doente, como as vítimas de
mordida do goemul necrótico, ou talvez virasse um novo
tipo de zumbi.
 MONSTRO
COMO USAR GOEMULS EM JOGO
Goemuls podem ser introduzidos em
suas aventuras como resultados de experi-
mentações com a planta da ressurreição. Na série, goemuls
são criados tanto propositalmente, para serem usados como
armas de guerra, quanto acidentalmente, quando pessoas
famintas e desesperadas comem a carne de um infectado.
Goemuls, assim como os zumbis tradicionais, são pouco
perigosos quando sozinhos, mas se tornam uma ameaça
muito maior quando em bando. Apesar de terem mais fra-
quezas do que um zumbi comum, isso acaba adicionando
elementos de surpresa. Na trama da série, por exemplo, as
personagens assumem que os goemuls são vampiros que
só saem de noite e acabam baixando a guarda durante o
dia. Mas, conforme o inverno chega, as personagens são
surpreendidas por mortos-vivos à luz do dia.
O Narrador pode introduzir primeiro o goemul necróti-
co, que deixa suas vítimas doentes, e, quando os jogadores
estiverem acostumados com esse tipo de morto-vivo, pode
colocar os replicantes em jogo. Isso fará com que as persona-
gens dos jogadores tenham que mudar suas estratégias de
como lidar com os zumbis, agora que eles se multiplicam.
A aversão dos goemuls ao clima quente e à água tam-
bém podem enriquecer o jogo ao forçarem os jogadores a
criarem estratégias que considerem as estações do ano e a
geografia (mapas serão muito úteis nessa situação). As per-
sonagens dos jogadores podem ter algum objetivo em uma
região mais fria e, conforme eles avancem em direção ao seu
destino, terão que lidar com goemuls cada vez mais ativos.
Castelo Falkenstein
Ou o objetivo pode ser fugir de uma região com temperatu-
ras baixas e ir para um local mais quente. Uma aventura que
se passe em regiões frias também significa que rios e lagos
estarão menos acessíveis, com suas superfícies congeladas,
tornando mais difícil o uso da água contra os goemuls.
A seguir estão algumas sugestões de como inserir os
goemuls em cenários específicos.
Castelo Falkenstein: a Ordem Hermética da Aurora Dou-
rada, a Antiga Ordem do Templo Ctônico e Le Carrefour de
la Tour Rouge (ou Quadrívio da Torre Vermelha) são ordens
mágicas envolvidas com necromancia que podem ser res-
ponsáveis pelos experimentos com a planta da ressurreição.
Goemuls também podem ser resultados de projetos ilegais
conduzidos por Cientistas Loucos. Seja qual for a origem, os
mortos-vivos certamente chamarão atenção dos Templários
ou do Segundo Compacto, que poderão reunir um grupo
de aventureiros para lidar com a situação.
Deadlands: além de serem responsáveis pela criação das
rochas fantasmas, os Manitou também criaram a planta da
ressurreição e sussurraram suas habilidades necromânticas
para cientistas incautos que passaram a usá-la em seus ex-
perimentos. Muitos desses experimentos são financiados
ou realizados pelas empresas do Dr. Hellstromme. O clima
da região norte é mais favorável aos goemuls, porém eles
podem ser usados mesmo em aventuras situadas no Sul. O
Labirinto, na Califórnia, por exemplo, está repleto de desfi-
ladeiros e cavernas que podem abrigar os mortos-vivos.
Weird Wars II: tanto a Ahnenerbe (grupo de pesquisa
associado à SS nazista) quanto a Unidade 731 (centro de
23
 MONSTRO
pesquisa de armas bioquímicas do
exército japonês) podem ter encontrado
a planta da ressurreição e iniciado experi-
mentos. Ou os zumbis podem ter sido criados pelos rus-
sos, após dominarem os segredos dos Filhos de Salomão.
A presença dos mortos-vivos no campo de batalha pode
ser proposital, usados como arma de guerra, ou pode ocor-
rer porque as experiências saíram do controle. As cidades
sitiadas e a destruição das linhas de suprimento (como
ocorreu em Leningrado e Stalingrado) podem levar a uma
situação semelhante à apresentada na série Kingdom,
quando um grupo desesperadamente faminto recorre ao
canibalismo e acaba se alimentando da carne de uma víti-
ma dos goemuls necróticos, gerando a variação replicante.
FICHAS PARA CASTELO FALKENSTEIN
GOEMUL NECRÓTICO
□ Habilidades Típicas: Educação [FRA], Percepção
[FRA], Compleição Física [EXC], Atletismo* [EXT].
□ Aversões: fogo (calor) e água.
□ Detectar vida: goemuls são capazes de detectar
seres humanos vivos num raio de trinta metros.
□ Infecção: ao ser mordida, a vítima deve fazer um
teste de Compleição Física contra um NH Extraor-
dinário a cada minuto. Se falhar, a vítima perde 2
pontos de Vitalidade. Se for bem sucedida, a vítima
não perde Vitalidade, mas continua infectada (e
precisa refazer o teste a cada minuto) até que seja
mergulhada em água ou morra.
GOEMUL REPLICANTE
Mesmas características de um goemul necrótico, mas
substitua a habilidade de Infecção pela habilidade de
Contágio.
□ Contágio: indivíduos mortos por um goemul repli-
cante retornam à vida como um goemul replicante.
A ressurreição ocorre de 15 segundos a 1 minuto
após a morte da vítima.
* Goemuls usam a habilidade Atletismo para atacar e
se defender (ver regra de Ataques Animais, na página
186 de Castelo Falkenstein).
FICHAS PARA SAVAGE WORLDS
GOEMUL NECRÓTICO
□ Atributos: Agilidade d6, Astúcia d4(A), Espírito d4,
Força d6, Vigor d6.
□ Perícias: Atletismo d4, Intimidar d6, Lutar d6,
Perceber d4.
□ Movimentação: 4; Aparar: 5; Resistência: 7.
□ Destemido: Imune a Medo e Intimidação.
□ Mordida: For+d4.
□ Morto-vivo: Resistência +2; +2 para se recuperar
de Abalado; sem dano adicional por Ataques
localizados; imune a doenças e venenos.
□ Infecção: qualquer um que seja Abalado ou sofra um
ferimento que seja resultado de um ataque de mordida
deve fazer uma rolagem de Vigor a cada minuto
após a mordida. Se falhar, a vítima ganha um nível
de fadiga. Se for bem sucedida, a vítima não ganha
24
Castelo Falkenstein
fadiga, mas continua infectada e precisa refazer o teste
a cada minuto até falecer ou ser mergulhada em água.
□ Agrupar: qualquer grupo de goemuls, mesmo
que pequeno, que consiga atacar um mesmo
personagem, pode receber um bônus de até +4 para
atacar este alvo.
□ Olfato Afiado: +2 nas rolagens de Perceber e
Rastrear feitas contra alvos vivos.
□ Fraqueza (Cabeça): Golpes na cabeça de um
goemul provocam dano +2.
□ Fraqueza (Água): goemul sofrem um nível de
fadiga para cada segundo que permaneçam
imersos em água.
□ Sem Mente: a Astúcia de um goemul é d4(A) ao
invés de d4. Ele não pode falar ou usar objetos. Se
há algo entre ele e sua refeição, é necessário um
teste de Astúcia para perceber algo simples a fazer,
como girar uma maçaneta, subir uma escada ou
dar a volta em um buraco ao invés de cair nele.
GOEMUL REPLICANTE
Utilize as mesmas características de um goemul necró-
tico, mas substitua a habilidade de Infecção pela habili-
dade de Contágio.
□ Contágio: indivíduos mortos por um goemul
replicante retornam à vida como um goemul
replicante. A ressurreição ocorre de 15 segundos a
1 minuto após a morte da vítima.
 TEORIA DOS JOGOS Hora de Aventura

QUANDO MECÂNICAS DÃO VIDA

AO CENÁRIO EM UM RPG

Jogador: Quais raças eu posso escolher?

Mestre: Qualquer uma.
Jogador: Como assim, qualquer uma? Não tem
uma lista pronta, não?
Mestre: Não daria pra listar raças de hora de
aventura, tem raça demais. Você simplesmen-
te escolhe um conceito de personagem e faz,
qualquer coisa é possível.
Jogador: Então eu posso ser um gambá gigante?
Mestre: Pode… mas por que um gam-...eu já vi
aonde isso vai dar.

POR AKANNI BRASIL

 TEORIA DE JOGOS
P
oucos desenhos na história
da animação americana con-
seguiram ser tão influentes
mundialmente quanto Hora de Aventura. O show mar-
cou um período de novidades e transição criando um
desenho que tivesse apelo para crianças, adultos e todas
as idades entre eles (com piadas de puns que parecem
ser universalmente populares).
Sou um fã do universo de Hora de Aventura a mais
tempo do que jogador de RPG, e fiquei com medo de
que o jogo fosse apenas uma variante temática de Dun-
geons and Dragons sem muita inovação ou um jogo me-
diano no geral. Por esse motivo, empurrei com a barriga
a tarefa de comprar o livro principal (o que acabou se
comprovando um erro por minha parte posteriormente)
por medo de me decepcionar com o jogo. Foi então que
recebi a cópia física por meio de um amigo que achou o
livro simplesmente maravilhoso e quis compartilhar a
experiência comigo.
Foi aí que ficou claro. A verdade sobre o jogo era o
oposto da ideia que eu tinha. Ao invés de encontrar uma
“reskin” de outro jogo, conheci algo original, criativo e
que, por motivos que ainda não compreendia na época,
faziam todos da mesa sentirem-se dentro de Hora de
Aventura.
O jogo é um ótimo exemplo de tradução da televisão
para jogos. Cada pedaço foi feito com um propósito em
mente, de forma que nenhuma parte do sistema é exces-
so: todas as mecânicas contribuem para você ter a expe-
riência espontânea, bizarra e divertida de ser um herói
no extraordinário mundo de Ooo.
Assim como Vampire: The Masquerade possui seu
icônico sistema de pontos de sangue para representar
o comportamento predatório de um vampiro, Hora de
Aventura possui suas próprias formas únicas de simular
seu (anormal) universo.
Além de um guia didático do mundo, o jogo tem di-
versas ferramentas dentro do próprio design que (inten-
cionalmente ou não) contribuem com a vivacidade que
o RPG dá ao cenário.
MECÂNICAS ENGENHOSAS
A criação de personagens é rápida, empolgante e limita-
da apenas pela sua própria vontade. Com atributos que
julgam desde sua habilidade de fala mansa até o poder
da sua teimosia, é possível criar o que quer que venha na
sua mente. Quer ser um besouro rinoceronte gigante que
é charmoso e carismático? É possível. Quer ser um ser ele-
mental que busca compreender melhor o mundo? É pos-
sível. Quer ser uma espiga de milho bem passada na man-
teiga? Estranho, mas é possível! O universo é tão flexível
que qualquer criatura colocada no desenho seria comple-
tamente plausível, e o sistema reflete isso logo na criação de
seu conceito de personagem. Sério, isso é muito maneiro.
Fora isso, as proezas dadas no livro são exemplos que co-
brem a maior parte dos poderes que costumamos pensar,
mas é oferecido um guia ainda para criação de proezas
com o seu Mestre, permitindo customização ainda mais
26
Hora de Aventura
avançada. Em essência, isso significa que você nunca vai
ter que jogar com dois grupos semelhantes (e muito pro-
vavelmente não vai) pois a imaginação é o limite.
Jogador: Meu personagem vai ser um construto no
formato de um saxofone chamado Tom Prestes. A
ideia é que ele seja meio bardo, fazendo as coisas
com música.
Mestre: A proeza canção mágica parece interessante
pra ele. Você pode aplicar um estado na sua
audiência quando tem sucesso em uma ação de
cantar. Aqui diz que pode ser qualquer estado,
aliás.
Jogador: ...Roubado.
Mestre: Não se preocupe... os monstros têm as mesmas
opções de habilidades que vocês… (risada maligna)
As cartas de estado adicionam consequências às suas
decisões, modificando a maneira que o mundo interage
com você (e vice-versa). Se um mago te transforma em
uma bolha de gosma verde ou uma acne gigante, um es-
tado esquisitão te dará dificuldades em interações sociais
agradáveis. Cair rolando de uma montanha pode te dei-
xar manco, assim como ver alguém que é muito simpáti-
co e atraente te deixaria bobo e enamorado. Suas ações e
aventuras não te afetam apenas em pontos de vida ou di-
ficuldade nos testes, elas moldam as interações do mun-
do como um todo. Mas não se preocupe. Cartas de estado
por padrão não duram mais que uma cena, a não ser que
você ainda seja uma espinha gigante...
 TEORIA DE JOGOS
Mestre: Você é empurrado pelo
Rei Gelado, caindo do barranco
rolando. Seu personagem agora está
mancando. Você recebe -1 em todas as rolagens
relacionadas a usar as pernas.
Jogador: Eita…
Mestre: ...quando você finalmente chega ao pé do
barranco, acaba atingindo uma trepadeira com
espinhos. Até se soltar, você está imobilizado.
Não pode fazer ações físicas exceto “soltar-se”.
Jogador: Caramba! Precisa de tudo isso, mestre?
Mestre: ...mas quando você achou que não podia
piorar, a bruxa dos vinhedos aparece para te
devorar. Para a sua sorte, ela se lembra que está
numa dieta estritamente vegetariana e te deixa
partir mancando.
Jogador: ...Eu tô confuso…
Mestre: Sim, anota esse estado também na sua ficha.
Magia sempre foi um tópico delicado entre designers
de jogos. Como balancear a liberdade narrativa na cria-
ção de personagem com dificuldade apropriada? Em um
jogo com foco nessa liberdade, é necessário ter um siste-
ma de magia que seja um reflexo do cenário: imprevisí-
vel e ilimitado, mas acima de tudo, consistente para os
jogadores. Magias poderosas devem ter um grande ris-
co para oferecer uma grande recompensa. Trabalhando
nesse simples conceito, magias para os jogadores não são
pré-definidas. Se um personagem é mago, ele escolhe a
escola de qual suas magias variam e pode criar seus feiti-
Hora de Aventura
ços de acordo com a necessidade. Conjurar feitiços dessa herói é um recurso ganho por ser… um herói! Quando o
forma custa pontos de saúde de acordo com a grande- seu herói enfrenta seus medos, sacrifica a si mesmo ou colo-
za do efeito desejado. Dessa forma, recria-se a atmosfera ca os indefesos como prioridade, você ganha um ponto de
de imprevisibilidade do desenho (quem imaginaria que herói. Essa mecânica é gasta recuperando pontos de vida,
o mago iria lançar uma muralha de gansos nos heróis?) adicionando dados extras a um teste, entre outros muitos
mantendo um balanceamento consistente de um RPG. efeitos diversos. Ao recompensar você por agir heroicamen-
Mestre: Eu passei a noite toda preparando esse te, o jogo te proporciona mais da sensação de como é ser
morro cheio de armadilhas. Está escuro é uma
tarefa difícil. Qualquer um que tentar subir vai ter
que enfrentar vários encontros se quiser recuperar
o tesouro no topo dele. Como eu sei que nenhum de
vocês tem magia de teletransporte, vocês já podem
se preparar pra subir o morro.
Jogador 1: Cara, e se eu criar um ganso pra ir até o
topo voando e buscar pra gente? Minha escola de
magia é só magias relacionadas a gansos, então...
Mestre: Quê?
Jogador 2: Se tu fizer isso a gente não precisa nem
levantar um dedo né? Só esperar a magia resolver...
mestre, se a magia for maior que primeiro nível, o
ganso pode ser imortal?
Mestre: Segundo as regras acho que sim...mas vai
gastar vida...e aí qual a gra-
Jogador 1: Eu crio um ganso.
Mestre: *suspiro*
Pontos de herói são um recurso feito para encaminhar a ex-
periência a um estilo específico de jogo. Funcionando como
um ponto de inspiração de mil e uma utilidades, o ponto de
27
 TEORIA DE JOGOS
Finn e Jake dentro deste mundo bizar-
ro. Ninguém é obrigado a ser um herói,
mas agir como um certamente será muito
mais gratificante(dentro e fora do jogo)!
Mestre: Você está em conflito. Por um lado, você
jurou que ao primeiro contato que tivesse com o
Conde de Limãograb, vingaria as dezenas de vidas
que ele arruinou ao ordenar guerra com sua vila
natal. Tendo ele indefeso e desarmado aos seus pés,
você poderia acabar com toda a sua maldade aqui
e agora. Mas fazendo isso, você perde o acesso
que só ele tem ao castelo secreto onde ele mantém
preso o povo limão.
Jogador: Por mais que minha obrigação com o meu
povo me tente a destruí-lo, esse não é meu dever
como herói. Eu o mantenho vivo para que possa
me mostrar o caminho do castelo...para salvarmos
mais vidas.
Mestre: Mandou bem! Por colocar a vida do povo
limão acima do seu código de honra, você ganhou
um ponto heroico!
Os atributos são diversificados e permitem maior cus-
tomização. Parece estranho na primeira vez descobrir
que o jogo possui nove atributos com nomes...exóticos.
Mas a única escolha real são seus três principais atribu-
tos, deixando para você escolher onde seu personagem
28
Hora de Aventura
será excepcional, sem focar onde ele é mediano. Seu he-
rói sempre tem tudo o que precisa em todas as situa-
ções? Então ele pode ter grande Jeitinho com as coisas
que carrega consigo. Talvez ele tenha mais Falastrice
com uma língua afiada, ou seja conhecido por conseguir
criar Confusão até mesmo em um chá com idosas (ma-
lignas, é claro). Seja no que for que seu personagem é
bom, o sistema fará você se sentir muito bom nisso.
Jogador: Se eu quisesse fazer um ninja do reino doce,
como eu poderia distribuir os atributos?
Mestre: Um ninja certamente precisa de confusão
pra se dar bem nas lutas. Esperteza pra proezas de
enganação e furtividade vem logo em seguida. O
terceiro atributo pode ser relacionado a algo que
ele faz quando não está...sendo um ninja.
Jogador: Talvez um pouco de cachola, pra mostrar
como ele é cabeçudo. Eu falei que ele é um pirulito?
Em um design ideal, toda mecânica do projeto final
cumpre um propósito. O maior sinal de bom design de
jogos é quando um jogo consegue proporcionar aos jo-
gadores a experiência intencional desse jogo. Desta ma-
neira, o universo de Hora de Aventura conseguiu ter sua
versão de RPG de mesa que não sabíamos que preci-
sávamos. Um sistema que permite grandes e pequenas
histórias, com heroísmo e vilania, com espaço para o bi-
zarro que às vezes chega a ser muito familiar.
 DE MESTRE PARA MESTRE

ROMANCE NO
RPG
N
ão é incomum encontrarmos jogos de
RPG eletrônicos que têm opção de ro-
mances, ou seja, a possibilidade de seu
protagonista ter um relacionamento amoroso
com um dos PNJs do jogo.
Isso é uma característica que também pode apa-
recer em RPGs de mesa, como é o caso do RPG
Monsterhearts, que um dos focos são os relaciona-
mentos entre os personagens. Há jogadores que
se divertem bastante quando esses aspectos são
incluídos em uma campanha.

POR CLARICE FRANÇA

 DE MESTRE PARA MESTRE
Falar sobre romances no RPG sem-
pre levanta a questão de que relacio-
namentos costumam ser vistos a partir de
uma ótica padrão cis-heteronormativa*, não só no meio
do RPG como na cultura pop de maneira geral.
O objetivo deste texto é discutir romances dentro de
aventuras de RPG, como possibilidade narrativa ou
como uma mecânica mais definida. Isso pensando sem-
pre que essa também pode ser uma alternativa para in-
cluir diversidade nas mesas de RPG.
A primeira pergunta que podemos nos fazer é: Por
que colocar romance em uma aventura de RPG? Afinal,
não é um aspecto essencial para que a história aconteça.
Isso pode variar de acordo com a história. A missão
que o grupo recebeu pode ter sido passada por um prín-
cipe que pede que seu namorado seja resgatado. Em ce-
nários que envolvem questões políticas ou investigação,
também é possível encaixar relacionamentos amorosos
que podem ser o ponto central de um conflito.
Por exemplo, o grupo precisa de convites especiais
para entrar em uma festa onde um assassinato está pro-
gramado para acontecer. Uma das formas de resolver
isso é um dos organizadores fornecendo esses convites.
* Cis-heteronormativo: O padrão imposto pela sociedade
em que todas as pessoas devem ser hétero e cis. Hétero é
aquela pessoa que se sente atraída pelo gênero oposto e cis é
a pessoa que se identifica com o gênero ao qual foi designada
ao nascer.
Ele só aceita entregar os convites para um personagem
que é íntimo dele, por uma questão de confiança.
Algo que faz com que o jogador se sinta conectado
com a mesa é o quanto ele se relaciona com o que está
vivenciando dentro da aventura do RPG. Essa cone-
xão pode ser feita de inúmeras formas, seja porque
é um momento em que se pode bater na cabeça de
inimigos sem pensar muito ou porque os jogadores
estão muito preocupados com o que suas decisões no
jogo vão resultar.
A existência de relacionamentos amorosos é uma fer-
ramenta que pode auxiliar essa conexão. Isso pode co-
meçar desde a construção do passado do personagem.
Por exemplo, o passado de um personagem bardo diz
que ele começou a fazer sucesso com as músicas que fez
pensando em seu amado.
Esses aspectos trazem elementos que o mestre pode
usar para enriquecer a jornada de cada personagem
dentro da história. E se o mestre revela, em uma missão,
que esse namorado do bardo está correndo perigo? Isso
pode afetar o que o jogador vai decidir fazer com seu
personagem.
O romance pode ser usado pelo mestre para trazer
tensão na aventura. Por exemplo, em uma aventura que
envolva mistério, o grupo precisa descobrir quem está
por trás dos problemas. Em algum momento, a aventu-
ra revela que o PNJ responsável é o interesse romântico
de um dos personagens do grupo. Isso pode mudar a
reação dos personagens quanto à essa revelação.
30
Os relacionamentos podem acontecer também entre
personagens dos jogadores. Por exemplo, os dois únicos
halflings do grupo podem se aproximar porque só eles
entendem o que é serem subestimados.
Nem todo sistema de RPG precisa ter uma regra para
relacionamentos. Por mais que RPG envolva testes para
ações, isso pode ser feito apenas na interpretação e no
jeito que a história se desenrola.
Há alguns sistemas de RPG que trazem opções de
mecânicas que podem ajudar nos romances, como
“Flertar” ou “Seduzir”. Existem também aqueles que
consideram o status de Aparência do personagem para
definir se uma tentativa de flerte funciona ou não.
Então o mestre pode combinar com os jogadores que,
sempre que eles quiserem tentar o romance com algum
PNJ, eles precisam fazer uma rolagem de dados. No caso
de Savage Worlds, uma das opções seria rolar Persuadir.
Em jogos de RPG eletrônico, há uma mistura de mecâ-
nica com narrativa nesse ponto. Às vezes, não é só fler-
tar com o personagem que vai funcionar, mas também o
que você faz perto do PNJ, se ele concorda com o prota-
gonista ou não.
Existem aspectos de RPGs eletrônicos que podem ser
adaptados para o RPG de mesa. Além de interagir com
o interesse romântico, o jogador precisa tomar algumas
“decisões” que, de um ponto de vista de game design,
permita que o romance aconteça.
Por exemplo, no jogo Mass Effect 2, em certo momen-
 DE MESTRE PARA MESTRE

to, o protagonista, comandante She-

pard, precisa separar uma briga entre
duas personagens, Miranda e Jack. As
duas são opções de romance. Se Shepard flertou com
Miranda durante o jogo inteiro, mas fica do lado de Jack,
o romance é bloqueado e vice-versa.
No rpg de mesa o Mestre pode usar essa mesma me-
cânica para romances, por exemplo: o interesse. O inte-
resse romântico não terá interesse em um personagem
do jogador que ficou do lado do seu inimigo.

DIVERSIDADE IMPORTA
Considerando alguns RPGs eletrônicos com opções de
romance, é comum encontrar situações em que os ro-
mances só existem de um ponto de vista heteronormati-
vo. Na primeira versão de Baldur’s Gate 2, as opções de
romance eram só heterossexuais.
Quando a representação aparece, na maioria das vezes, os
personagens LGBTQ+ não conseguem o mesmo tipo de re-
presentação que os personagens cis-heteronormativos. Ainda
pensando na franquia Baldur’s Gate, na versão Enhanced Edi-
tion dos dois jogos foram incluídos mais romances. Entre eles,
dois eram LGBTQ+, o meio-orc Dorn e a vampira Hexxat. O
problema é que ambos são do alinhamento Neutro Mau, re-
forçando o estereótipo do personagem LGBTQ+ vilão.
Como construir um ambiente em sua mesa de RPG
que seja inclusivo e aberto a todas as orientações sexuais
e identidades de gênero?
Uma forma de começar é incluindo personagens

31
DE MESTRE PARA MESTRE
LGBTQ+ na narrativa. O grupo de heróis precisa en-
contrar um casal de heróis que, em um primeiro mo-
mento, é formado por um homem e uma mulher. Por
que não por dois homens? Duas mulheres? Uma mu-
lher e uma pessoa não binária? De repente, pode ser
um relacionamento não monogâmico. No RPG ele-
trônico Dragon Age: Inquisition, a Imperatriz Celene e
Briala possuem um passado juntas independente das
ações do jogador.
Nosso mundo é formado por pessoas de inúmeras
sexualidades e identidades de gênero, com vários
tipos de relacionamentos, então se espera que isso
aconteça no RPG também. Talvez um PNJ homem
não aceite flertes de uma personagem mulher por-
que ele é gay, como é o caso de Dorian em Dragon
Age: Inquisition. O mestre também pode querer que
mais de uma opção de romance seja possível com
cada personagem, então ele avisa que todos os per-
sonagens são bissexuais ou pansexuais. Um exemplo
disso é em Dragon Age 2, onde todos os romances (do
jogo base) podem se relacionar com um protagonista
homem ou mulher.
Uma das partes mais interessantes de romances no RPG
é poder explorar as possibilidades fora do padrão cis-he-
teronormativo, até porque já é uma representatividade
que falta na mídia de maneira geral.
Sexualidade e identidade de gêneros são alguns dos
muitos aspectos que fazem parte de uma pessoa e, por-
tanto, também de um personagem. Considerando ainda
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que muitos RPGs eletrônicos colocam limitações nos ro-
mances (o que também acontece por conta do game de-
sign), o RPG de mesa pode ampliar essas possibilidades.
RESPEITE OS LIMITES
Todas as pessoas que estão em uma mesa de RPG têm
seus limites. Eles podem não necessariamente ser gati-
lhos, mas são coisas com as quais o jogador, ou até o
mestre, não querem ter de lidar em um momento de la-
zer.
Nem todo jogador vai se sentir confortável com o seu
personagem tendo um romance, muito menos em inter-
pretar essas situações, e tudo bem. O fato de existir a
possibilidade de romance no RPG não significa que to-
dos precisam fazê-lo.
Isso inclui respeitar a orientação sexual e a identida-
de de gênero de todos os envolvidos, jogadores e per-
sonagens. Um jogador, ou mesmo o mestre, que “faz
piada” de um personagem por ser gay está sendo ho-
mofóbico, e essa atitude não deve ser encorajada ou
permitida.
Assim como tantos outros aspectos de RPG, roman-
ces podem enriquecer a experiência e trazer muitos
elementos novos para a aventura. E são uma boa for-
ma de incluir personagens LGBTQ+, para que cada
vez mais o meio do RPG, e a sociedade como um
todo, seja mais inclusivo e respeitoso com minorias
sociais.
 APOIADORES PUNKVERSO
BIBLIOTECÁRIO
Alexandre Ferreira da Silveira; Diego Augusto Sousa Moreira;
Nina Bichara; Roberto "Necrobeto" Barreto Miyoshi Moreira;
Victor Scudeler Bechelli; Wallas Pereira Novo

PUNKER II
Amauri Antunes Pereira Junior; Artur Barroso Mirço; Carlos Withe;
Chrysthowam A. Santos; Denis Oliveira; Fabio Cesar de Carvalho;
Fabio Ramalho Almeida; Felipe Figueiredo Lacerda; Fábio Corrêa;
Fábio Medeiros; Hades Oneiroi; Helio Rodrigues Machado Neto;
Hugo Rebonato; Igor Matheus; Jefferson Geovane; Kadu Araujo;
Kirlian Vellarins Feijó Silvestre; Leandro Miranda; Lucas Barros;
Luiz Fernando Rossafa Dias Macedo; Lyonn J V M dos Santos;
Maiquel Leonel; Marcos Vinicius Alexandre Mancini;
Mateus Herpich; Milton Vinícius Diogo de Sousa; Pedro Henrique;
Pedro Moreno Feio de Lemos; Rafael Figueiredo;
Rafael Panczinski de Oliveira; Sérgio Matuda; Thiago Goulart Prietto;
Thiago Roberto do Prado; Valdir Possani; Victor A. Kichler Ferreira;
Vitor Carvalho

MESTRE
Emanuel Guilherme; Guilherme Sassaki; Lucas Mestre Ferreira Alves;
Patricia Brito; Peter Bidel Schwambach; Simone Rolim de Moura;
Stefano Aires; Yuri Kleiton Araújo Sanches

CATARSE.ME/PUNKVERSO