EDIÇÃO 020

AGOSTO/21

NESTA EDIÇÃO:
CHRONO TRIGGER
O CLÁSSICO RPG PARA SAVAGE WORLDS
E MAIS: HABITANTES DA FLORESTA AMAZÔNICA PARA MOUSE GUARD
CONTO RASTRO DE CTHULHU: VISITANTE ILUSTRE
DE MESTRE PARA MESTRE: MENOS É MAIS
Conecte-se ao nosso Universo
em plena expansão!

apoie
o ra ! !
ag
Site E-mail Loja Punkverso

Facebook Instagram Twitter Youtube Discord Podcast

EDITORIAL ÍNDICE
Ok que a data já passou, mas feliz dia dos pais para todos
os pais e mães que acompanham a RetroPunk!
E falando de dia dos pais, ontem gravei um podcast com CHRONO TRIGGER PARA SAVAGE WORLDS..........07
meu filho Pedro, de 10 anos, falando do começo dele no RPG Um dos maiores clássicos do RPG eletrônico para Savage Worlds. Viaje pelas
e um dos assuntos, claro, foi a inserção de crianças nos jogos. eras com Crono, Lucca e Marle.
Trazer filhos, sobrinhos, afilhados e os amigos deles pro
RPG deveria ser uma missão de todos nós, é fato que o pú-
blico de RPG atual é formado, majoritariamente por homens VISITANTE ILUSTRE.........................................21
acima dos 30 anos, então há uma necessidade de renovação Um grupo de cultistas se preparar para recepcionar um visitante de outro
do público de jogadores. Essa renovação até ocorre, mas de mundo, uma visita que mudará o mais novo membro para sempre.
forma um pouco mais lenta do que acredito que seja o ideal.
Claro que jogar com crianças não é a mesma coisa que jo-
gar com adultos, é necessário ter um pouco mais de paciên-
PREPARANDO SUA SESSÃO: MENOS É MAIS.........26
Dicas úteis de como preparar sua sessão, seja em railroad ou sandbox, inserin-
cia na explicação – simplesmente jogar o livro e mandar ler
do seus jogadores no processo.
a regra nem sempre pode funcionar – e há a clara diferença
de expectativas. A maioria dos jogadores na faixa de ida-
de igual a do meu filho são ligados em desenhos e animes
como Naruto e afins, jogos como Fortnite e similares. Há
HABITANTES DOS TERRITÓRIOS.......................30
Animais da floresta amazônica em suas mesas de Mouse Guard. Fichas e
que se entender que eles, na maioria das vezes, querem vi-
dicas de como inseri-los em seu jogo.
ver essas aventuras e talvez não liguem para salvar o reino
élfico ou destruir um artefato de poder que esta nas mãos
de um ser maligno. JOGO SEM MORTE..........................................34
Mas jogar RPG com filhos e filhas e outras crianças não é Como mestrar uma sessão sem matar seus personagens? Isso poderia criar
só passar o bastão adiante, mas também é passar bons mo- uma sensação de invencibilidade?
mentos com eles

– Fernando "del Angeles" Pires ELEMENTOS SCI FI EM 4AD...............................38

Traga um toque de Ficção Cientifica para suas mesas de Four Against Dar-
kness com estas novas tabelas.
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO CRÉDITOS
EDITOR
IVAN COLUCHI Fernando "del Angeles" Pires
Escritor, joga RPG desde 1996 e seus favoritos são Castelo Falkenstein e CONSELHO EDITORIAL
Fate, mas está sempre disposto a conhecer jogos novos. Daniel Martins,
G. Moraes,
Rodrigo "Bigg" Campos
MARCELO AUGUSTO GALVÃO
Escritor de ficção fantástica, joga RPG desde os anos 90. Ainda que goste IDENTIDADE VISUAL
dos clássicos, atualmente tem preferência por RPGs com regras leves e G. Moraes
minimalistas. DIAGRAMAÇÃO
Fernando "del Angeles" Pires,
MATEUS HERPICH G. Moraes
Mestre em Neurociências, autor de fantasia, terror e mistério, produz REVISÃO
também conteúdo de RPG. Em seu canal no YouTube, narra e comenta Pedro Feio
sobre vários sistemas - quanto mais, melhor!
ARTE INTERNA
Editoras originais e Internet (algumas editadas)
RUBENS ALVES
Autor, amante de RPGs indie e defensor do RPG como modo de aprender
tolerância e se conectar com novos pontos de vista. Também gosta de
escrever alguns contos quando tem oportunidade.

WILLIAN CLASSEN
Designer veterano, professor experiente, programador novato. Tenta melhorar o
mundo com jogos e ganhar mais progressos no jogo e na vida

YURI BRAVOS
Entusiasta de testar novos sistemas e toda semana quer começar quatro
mesas diferentes. Mais narrador que jogador, descobriu que narrar o
ajudou a jogar melhor.
 RESENHA Brancalônia

A
baixo a Fantasia Épica, que venha a Fantasia Spaghetti!
Reduzir Brancalônia a “D&D Italiano” é tão grosseiro
quanto trocar molho de tomate por ketchup. Por baixo das
regras já conhecidas de D&D, do humor macarrônico e de todas as
referências a obras italianas, Brancalônia é um RPG malandro, cara-
-de-pau e sem medo de tirar sarro de si mesmo. Portanto, tire a cera
do ouvido pra me escutar melhor e venha conhecer o Reino de Talha.

POR MATEUS HERPICH

 RESENHA
FANTASIA ÀS AVESSAS
A fantasia medieval é um gênero que
costuma se levar muito a sério. Os heróis
são todos valorosos, os vilões são sempre terríveis,
cada frase é um discurso inspirador ou uma profe-
cia sinistra. Isso certamente cansa e não é à toa que
muitos deixaram este gênero de lado. A todos que se
sentiram representados, recomendo dar uma chance
à Brancalônia.
Pra começar, as personagens não têm nada de he-
róicas e, na verdade, não passam de Canalhas: he-
roínas ébrias e salafrários encardidos, trambiqueiras
e canastrões, cavaleiras de moral dúbia e bárbaros
charmosos, bucaneiros, charlatãs, párocos, vagantes,
a ralé do Reino, as buchas de canhão, a raspa do ta-
cho das companhias mercenárias… em resumo: aque-
les que aparecem quando se precisa de um herói, mas
todos estão ocupados.
Brancalônia tem dois lados: um cômico e absurdo, ou-
tro pé no chão e brutal. Ambos os estilos se engalfinham
no cenário, mas é o cômico que leva a melhor, e não tem
nada nas regras que não tenha sido pensado para ser
engraçado. Desde os nomes cheios de trocadilhos até re-
gras para disputas ridículas, não dá para levar a sério os
Canalhas.
Brancalônia
REGRAS PARA CANALHAS
Temos regras para Brigas de Taberna (combates não-
-letais), Folga e Folia, Transgressões, jogos de apostas
e muitas outras oportunidades dos Canalhas gastarem
umas moedas, testarem a sorte e quebrarem a cara.
Por outro lado, as regras de Descanso dos Canalhas,
Heróis de Baixo Escalão e Equipamento Ruim deixam
bem claro que não dá pra resolver tudo na base da
violência: se curar das feridas e olhos roxos leva mais
tempo do que em um jogo habitual de D&D, as perso-
nagens são menos poderosas e suas armas e armadu-
ras costumam cair aos pedaços nos piores momentos.
Dessa forma, fugir, ludibriar, subornar ou simples-
mente cair, mas cair rindo, são conclusões possíveis e,
ainda por cima, incentivadas pelas regras, tornando a
vitória — quando os Canalhas finalmente provarem
que não são são um bando de imprestáveis — ainda
mais satisfatória e digna de uma comemoração que
vai abalar a cidade.
Em vez de explicar cada uma das regras de Branca-
lônia para tentar convencê-los de que este é o melhor
cenário de D&D — até porque vocês podem baixar de
graça o Guia Rápido de Brancalônia no site da RetroPunk
—, eu vou mostrar para vocês a sequência de absurdos
e ridículos que um Bando de Canalhas (nada de “gru-
po de aventureiros” por aqui) é submetido em cada
aventura.
4
 RESENHA
UM BICO
BRANCALONIANO
Imagine a seguinte situação: os Canalhas são
contratados para matar o dragão que aterroriza uma das
províncias do Reino, uma terra de saltimbancos e agiotas
chamada Galaverna. Nosso elenco é composto por um
frei brigão, uma crédula cavaleira errante, um milagreiro
que nunca tomou um banho sequer na vida e uma bru-
xa agoureira carregada de parafernálias sobrenaturais.
Se esta fosse uma típica partida de fantasia medieval, os
aventureiros buscariam conhecimento sobre o dragão em
bibliotecas empoeiradas, invadiriam seu covil matando
monstros e lacaios, enfrentariam a terrível fera de fogo e
voltariam para casa com pilhas e pilhas de ouro.
Mas isso aqui é Brancalônia, nosso grupo é feito de
Canalhas imprestáveis, atrapalhados e cheios de si, en-
tão as coisas funcionam diferente.
Pra começar, o bando não tem tempo de reunir infor-
mações sobre esse tal dragão porque nossa cavaleira er-
rante luta contra seu vício em jogos de aposta – e perde
toda vez —, então está devendo dinheiro para o “pa-
drinho” de uma família criminosa. Sem tempo nem de
vestir as calças, o bando começa a aventura fugindo da
cidade. O único que conseguiu um mínimo de informa-
ções foi o frei, perguntando a um Canalha aposentado,
mas ele estava bêbado na ocasião. Metade da conversa
o homem santo não lembra, a outra metade ele ouviu
errado.
O Condottiero (o narrador da nossa partida de Bran-
calônia) rolou em uma tabela de rumores e determinou
que o frei descobriu a localização aproximada do covil
deste dragão, uma caverna na face norte de uma monta-
nha e que a fera é um terrível ser cuspidor de fogo.
Tudo mentira, é claro, porque o povo de Brancalônia
gosta de inventar e exagerar suas histórias. O bando, po-
rém, não sabe disso e parte às pressas, famintos e mal
equipados, rumo a esta montanha.
ESTRADAS QUE NÃO LEVAM A LUGAR
ALGUM
O caminho passa por uma floresta densa que dizem ser
lar de fadas, e dessa vez isso é verdade! O problema é
que as fadas têm um jeito especial de fazer as coisas,
uma magia conhecida como Extravaganza (exagere na
pronúncia do X), e suas trilhas andam em círculos, le-
vam para cima e para baixo e nunca chegam a lugar al-
gum. Os Canalhas passam dias vagando por essa flores-
ta, sem nada para beber além de água de poça de sapo e
comendo apenas macarrão sem molho.
Eventualmente, eles dão um jeito de sair, talvez quan-
do a bruxa parar de fingir que conhece o caminho e eles
finalmente perguntam por direções. A grande monta-
nha se ergue diante deles, imponente demais para os
Canalhas e espirais de fumaça escapam de fissuras na
rocha. Parece um lugar terrível e eles dariam no pé se
soubessem o caminho de volta, mas, sem alternativa, o
bando começa sua escalada.
5
Brancalônia
Subir a montanha é uma aventura à parte, e, quan-
do finalmente adentram o covil do dragão, os Canalhas
têm uma surpresa: onde devia estar a terrível fera de
fogo, eles se deparam com um bando de brigantes. São
eles que assolam o interior de Galaverna, soprando ber-
rantes estridentes e queimando as fazendas, espalhando
rumores na cidade para o povo acreditar na existência
de um dragão e deixá-los em paz.
Bom, então foi tudo um mal-entendido, e graças aos
Santos do Calendário não existe dragão algum. Já pen-
sou? Esses Canalhas tendo que enfrentar um dragão de
verdade? O grupo se prepara para dar meia-volta quan-
do Abelarda, a líder dos brigantes, diz que, agora que
eles sabem a verdade, ela vai precisar matá-los.
Realmente, esperar por uma solução pacífica seria
exigir demais da sorte, e quem manda em Brancalônia
é o Azar. O frei estala os punhos, o milagreiro come-
ça a rezar e a cavaleira tenta lembrar onde foi que ela
deixou a sua espada, mas a agoureira tem uma ideia
melhor: e se eles se unirem ao bando de brigantes? A
ideia parece absurda, mas de um jeito interessante, e
uma negociação tem início. Antes do raiar do dia to-
dos estão roucos e embriagados, mas, um acordo é fe-
chado e, em vez de matarem o “dragão”, os Canalhas
agora fazem parte de seu bando.
RESENHA
RISCOS OCUPACIONAIS
E é então que chegam os temidos, os terríveis, os pio-
res dos piores: os Agentes da Equitalha.
Todos os Canalhas são procurados pela
justiça, obviamente, e suas Transgressões
variam desde interrupções de execução
pública até o roubo do porco sagra-
do de Santa Polenta. Cada uma des-
sas contravenções aumentou sua Ta-
lha – a recompensa por sua cabeça ou
captura, e um fator de orgulho para um
verdadeiro Canalha. Mas se há quem co-
meta crimes, há aqueles que vão atrás dos
criminosos, estes cães-de-caça são os caçado-
res da Equitalha e eles os seguiram até aqui.
“Obrigado por fazerem o nosso trabalho e encontrar o
covil destes vilões”, diz o líder dos caçadores, carregado
de desdém. “Agora, por que vocês não…”
Nunca saberemos o que o renomado caçador de Ta-
lhas diria, porque uma garrafa vazia cruza o ar e se es-
patifa em sua cabeça.
Que reine o caos!
UMA AUTÊNTICA BRIGA DE
TABERNA
Barris rolam pelo chão atropelando os in-
cautos, cabras berram e correm por entre
as pernas, panelas se tornam armas e suas
6
Brancalônia
tampas, escudos. Alguém é jogado pela janela e volta
coberto de lama, distribuindo socos e pontapés sem se
preocupar com quem está atingindo. A Equitalha é boa
no que faz, mas os Canalhas são maus. Eles jogam sujo
e, unindo forças aos recém-adquiridos aliados, são eles
que levam a melhor.
Depois da intensa briga, não há tempo para descansar:
o esconderijo na montanha foi comprometido, então é
hora de procurar um novo covil. Mas primeiro, o bando
de Canalhas vai gastar tudo que encontraram nos bolsos
de seus oponentes e torcer para nunca mais verem suas
caras feias.
ADENTRE BRANCALÔNIA!
E assim é um bico brancaloniano: mais anárquico do que
heróico, começando na sarjeta e terminando na taberna,
porém atravessando aventuras fantásticas e surpreen-
dentes, para as quais os Canalhas certamente não esta-
vam preparados – e muito menos o Condottiero! Se você
e seu grupo quiserem renovar a tão desgastada fanta-
sia medieval, ou se quiserem tirar sarro de seus clichês,
Brancalônia os aguarda.
Pela Talha!
 ADAPTANDO Savage Worlds

C
riado pelo "Dream Team" da Square e publicado em 1995 para o console
SNES, contando uma história épica que mistura fantasia medieval, ficção
científica e viagem no tempo, Chrono Trigger é considerado por muitos fãs
como um dos melhores JRPGs e talvez até um dos melhores jogos de todos os tem-
pos. Esse artigo busca trazer as inovações de Chrono Trigger no aspecto mecânico
e narrativo para o sistema SWADE.

7 POR WILLIAM CLASSEN

 ADAPTANDO
Spoiler Warning: Chrono Trigger
é um jogo repleto de surpresas e plot
twists, e é impossível fazer um discur-
so aprofundado da série sem estragar algumas dessas
revelações, essa adaptação traz alguns spoilers sobre
o jogo.
CRIAÇÃO DE PERSONAGENS
A criação de personagens segue os mesmos passos e
regras apresentados no livro base de SWADE. Como o
cenário possui um elemento de viagem no tempo, equi-
pamentos de praticamente qualquer período histórico
podem ser adquiridos pelos personagens, desde que os
equipamentos existam na era da qual o personagem é
proveniente.
Se você está utilizando a regra de ambientação Ele-
mento Natural (ver adiante), cada personagem escolhe
um Elemento Natural durante a criação de seu persona-
gem.
RAÇAS
As raças abaixo representam as principais raças mostra-
das no jogo. Como essa adaptação assume que os per-
sonagens dos jogadores são excepcionais, todas as raças
começam gratuitamente com a vantagem Antecedente
Arcano se forem cartas selvagens. Extras não recebem
essa vantagem, exceto pelos Místicos, que são natural-
mente mágicos.
HUMANO
Humanos são a raça dominante do planeta e a única que
pode ser encontrada em todos os períodos históricos, da
pré-história ao futuro.
□ Adaptabilidade: Humanos começam com uma Van-
tagem gratuita.
□ Extraordinário: Humanos começam com a vanta-
gem Antecedente Arcano.
MÍSTICOS (FIENDS)
Místicos são criaturas mágicas criadas pelos magos de
Zeal em 12,000 BC, onde eram usados como serviçais
ou guardas. Com a queda de Zeal e o declínio da habi-
lidade mágica dos humanos, os místicos adquiriram in-
dependência e se espalharam pelo mundo, criando suas
próprias cidades e vilas.
Existem inúmeros tipos diferentes de místicos, cada
um com aparências, tamanhos e poderes diferentes. As
habilidades raciais apresentadas abaixo representam
um místico de tamanho e forma semelhantes às de um
humano, como Slash e Flea ou inimigos como os Free-
lancers, Henchs, Servants e até mesmo Nagas. Para fa-
zer Imps, adicione as habilidades raciais Tamanho -1 e
Perícia 1d4 em uma perícia à sua escolha. Para místicos
monstruosos ou significativamente diferentes de huma-
nos, use as regras de criação de raça do livro base de
SWADE.
□ Aptidão Mágica: Místicos são seres naturalmente
mágicos e começam com as vantagens Anteceden-
8
Savage Worlds
te Arcano (Dom) e ★Magia, Místicos também come-
çam com 1d4 na perícia Conjurar.
□ Inimigo Racial (humanos): Místicos têm uma longa
história de escravidão sob os humanos e se ressen-
tem disso, eles sofrem -2 em rolagens de Persuadir
quando lidam com humanos.
REPTITES
A primeira espécie inteligente do mundo, os reptites são
uma raça antiga de humanóides répteis de sangue frio,
com escamas verdes ou roxas e cabeças grandes. Repti-
tes são mais inteligentes e fisicamente capazes do que
humanos, mas são incapazes de utilizar magia, por te-
rem sido praticamente extintos antes que a mesma fosse
desenvolvida.
□ Brigão: Reptites costumam lutar sem armas e come-
çam com a vantagem Brigão.
□ Escamas: As escamas duras dos Reptites aumentam
sua Resistência em +1.
□ Resistente: São naturalmente fortes e resistentes,
começando com d6 em Vigor em vez de um d4. Isso
aumenta o Vigor máximo para d12+1.
□ Intelecto: São naturalmente desenvolvidos e inteli-
gentes, começando com um d6 em Astúcia em vez de
um d4. Isso aumenta a Astúcia máxima para d12+1.
□ Extraordinário: Reptites começam com a vantagem
Antecedente Arcano.
□ Sangue Frio: São seres de Sangue Frio e precisam
ficar expostos ao Sol ou outra fonte de calor por
 ADAPTANDO
uma hora a cada 24. Se não tiverem o
contato necessário, recebem automa-
ticamente um nível de Fadiga por dia até
ficarem Incapacitados. No dia seguinte à Incapaci-
tação, morrem. Cada hora gasta descansando sob o
sol restaura um nível de Fadiga.
□ Mundano (Maior): Reptites existiram principal-
mente, na pré-história, quando a magia não existia.
Reptites possuem a Complicação Mundano (Maior).
□ Inimigo Racial: Reptites tem uma inimizade com
humanos devido à sua fraqueza e falta de respeito
pelo planeta. Eles sofrem -2 em rolagens de Persua-
dir quando lidam com humanos.
ROBÔS
A espécie dominante do futuro, devido à sua capacida-
de de sobreviver nas condições apocalípticas do planeta
destruído por Lavos. As habilidades apresentadas abai-
xo representam um robô da série R, como Robo ou Atro-
pos, ou qualquer outro robô humanóide.
□ Construto: Robôs adicionam +2 para se recuperar do
Estado abalado, não respiram, ignoram um nível de
modificadores de Ferimentos e são imunes a venenos e
doenças. Construtos não podem se curar naturalmente.
Curar Robôs requer a perícia Consertar, tal ação durará,
a cada tentativa, uma hora por nível de Ferimento atual
do alvo e não é limitada pela “Hora de Ouro”
□ Extraordinário: Robôs começam com a vantagem
Antecedente Arcano.
Savage Worlds
□ Forasteiro (Maior): Robôs subtraem 2 de rolagens
de Persuadir quando interagem com qualquer indi-
víduo que não seja um robô. Robôs geralmente são
considerados como objetos ou monstros pelos de-
mais, e não como indivíduos.
□ Mundano (Menor): Robôs não são seres vivos orgâ-
nicos e, portanto, são incapazes de utilizar Magia,
eles possuem a complicação Mundano (Menor).
□ Despreparado: Robôs não começam com um d4 nas
perícias Furtividade e Persuadir, pois foram fabri-
cados para realizar tarefas específicas e não passam
pelo mesmo processo de aprendizado geral que ou-
tras raças.
NOVAS VANTAGENS
ANTECEDENTE ARCANO (TÉCNICA)
□ Perícia Arcana: Atletismo (Agilidade) (ou Lutar,
veja abaixo)
□ Poderes Iniciais: 1
□ Pontos de Poder: 5
Técnicas são poderes que utilizam a energia mágica
do usuário para ampliar habilidades atléticas ou mar-
ciais, criando efeitos aparentemente sobrenaturais. Pes-
soas com esse antecedente arcano geralmente utilizam
armas específicas como a Manifestação de suas técnicas,
o poder raio, por exemplo, pode ser uma onda de cho-
que lançada a partir de uma espada (como a Tech Wind
Slash, de Crono), uma pessoa sem a arma necessária
9
 ADAPTANDO
não pode utilizar o poder (caso te-
nha uma arma semelhante, uma ada-
ga ao invés de uma espada, por exemplo,
ela pode tentar “improvisar” o poder, mas recebe uma
penalidade de -2).
Ao escolher a Manifestação de um poder, o persona-
gem pode optar por utilizá-lo como uma técnica corpo-
-a-corpo, ao fazer isso, a distância do poder é substituída
pela distância da arma utilizada e o personagem utiliza
a perícia Lutar como perícia arcana para aquele poder.
No resto deste artigo, poderes utilizados como Técnicas
corpo-a-corpo possuem o símbolo antes de seus no-
mes.
Por fim, devido à sua origem marcial, nem todos os
poderes podem ser utilizados como Técnicas. Cabe ao
Mestre definir o que é válido como uma Técnica, mas
poderes como Falar Idioma, Limpeza Mental, ou Zum-
bi, por exemplo, vão além do escopo dessa vantagem
e podem ser considerados como impossíveis para esse
antecedente arcano, o Mestre também pode definir que
outros poderes, como Dádiva do Guerreiro, podem be-
neficiar apenas seu usuário.
MAGIA
Requisitos: Experiente, Antecedente Arcano (qualquer
um)
Em torno de 3,000,000 BC os humanos entraram em
contato com um pedaço de Lavos pela primeira vez, ori-
ginando uma mutação que eventualmente possibilitou
a utilização de magia por humanos e outras criaturas.
Em 12,000 BC, a magia era bastante comum entre huma-
nos, mas sua utilização foi diminuindo ao longo dos sé-
culos. De 600 AD em diante, a magia é vista como uma
habilidade tida principalmente pelos místicos, embora
humanos ainda tenham magia latente e alguns extraor-
dinários sejam capazes de utilizá-la.
Pessoas com essa vantagem são capazes de manifes-
tar seus poderes como Magia, poderes utilizados como
Magia seguem as mesmas regras que poderes “munda-
nos”, adquiridos com a vantagem Antecedente Arcano,
mas são anotados com um antes de seu nome, utilizam
a perícia arcana Conjurar (Astúcia) e tem acesso a mo-
dificadores especiais (ver abaixo), além disso, diversos
monstros encontrados no universo de Chrono Trigger
são particularmente vulneráveis a magia, enquanto ou-
tros são resistentes a ela.
Ao adquirir essa Vantagem, o personagem também
aprende uma Magia. Além disso, ele pode trocar um de
seus poderes existentes por uma Magia.
Modificadores Especiais:
Poderes utilizados como Magia também tem acesso
aos seguintes modificadores:
□ Distância Especial (+2): Esse modificador pode ser
utilizado em poderes com a distância Toque, o po-
der ganha distância igual à Astúcia do conjurador,
essa nova distância pode ser ampliada pelo modifi-
cador Distância ou Área Especial.
10
Savage Worlds
□ Área Especial (+3): Esse modificador pode ser uti-
lizado em poderes que afetam um alvo único e não
tem distância de Toque. O poder passa a afetar to-
das as criaturas em um Modelo de Explosão Grande
centrado no conjurador, incluindo o próprio.
DOUBLE TECHS
Requisitos: Novato, Antecedente Arcano (qualquer um)
Permite ao personagem combinar seus poderes com
os poderes de outro personagem que também tenha essa
vantagem, criando combinações de poderes. As regras
para combinar poderes são descritas em mais detalhes
nas Regras de Ambientação, abaixo.
Ao adquirir essa Vantagem, o personagem é capaz de
aprender duas Double Techs, essas Double Techs não
precisam ser escolhidas no momento da aquisição da
Vantagem, mas se deixadas “em branco”, só podem ser
escolhidas quando o personagem ganhar um Progresso.
O personagem também pode trocar uma de suas Doub-
le Techs por uma nova Double Tech quando obtiver um
Progresso.
NOVAS DOUBLE TECHS
Requisitos: Experiente, Double Techs
O personagem pode aprender duas novas Double Te-
chs escolhendo essa vantagem, as regras para escolher e
trocar Double Techs são as mesmas da vantagem Doub-
le Techs.
ADAPTANDO
Novas Double Techs pode ser selecionada mais de
uma vez, mas apenas uma vez por Estágio. Pode ser es-
colhida quantas vezes for desejada no Estágio Lendário,
mas só concede uma Double Tech adicional.
TRIPLE TECH
Requisitos: Heroico, Antecedente Arcano (qualquer
um)
O personagem com essa vantagem é capaz de utilizar
Triple Techs, conforme a Regra de Ambientação Triple
Techs, abaixo.
Ao adquirir essa Vantagem, o personagem é capaz de
aprender uma única Triple Tech. O personagem pode
trocar sua Triple Tech por uma nova quando obtiver um
Progresso.
NOVA COMPLICAÇÃO
MUNDANO (MENOR OU MAIOR)
O personagem é incapaz de utilizar Magia, ele pode ser
de uma era onde a magia ainda não existe, ou simples-
mente não ter o potencial mágico, essa falta de potencial
também faz com que o personagem seja particularmen-
te vulnerável a Magia.
Como uma Complicação Menor, o personagem é in-
capaz de ter as vantagens Antecedente Arcano (Dom) e
Magia. Além disso, o personagem tem -1 em Resistên-
cia contra dano causado por magias e -1 em Testes para
11
Savage Worlds
Evadir ou resistir contra magias.
Como uma Complicação Maior, além das penalidades
acimas, o personagem também não possui um Elemento
Natural.
NOVO PODER
FORMA MARCIAL
□ Estágio: Novato
□ Pontos de Poder: 2
□ Distância: Pessoal
□ Duração: Instantânea
□ Manifestações: Mudança física, mudanças na arma
usada, formas marciais, concentração.
A ativação desse poder é feita como uma Ação Li-
vre. Se a rolagem de perícia arcana for bem-sucedida, o
personagem ganha os benefícios de uma Vantagem de
Combate pelo resto da rodada até o começo de seu pró-
ximo turno. Com uma ampliação, o personagem recebe
a versão aprimorada da Vantagem (se houver), mesmo
que não cumpra os requisitos.
A Vantagem concedida por esse poder conta como
uma Manifestação que precisa ser escolhida quando o
poder é aprendido e não pode ser mudada livremente.
O personagem precisa ter o mesmo Estágio ou maior
que o requisito da Vantagem escolhida.
 ADAPTANDO
REGRAS DE
AMBIENTAÇÃO
ELEMENTO NATURAL
Após a criação da Magia em 3,000,000 BC, vários in-
divíduos nascem com um elemento natural, com o qual
tem afinidade, embora nem todos sejam capazes de ma-
nifestá-lo. Os elementos são:
□ Luz (inclui eletricidade)
□ Fogo
□ Água (inclui gelo)
□ Trevas
Personagens jogadores e outras cartas selvagens, bem
como quaisquer extras com habilidades mágicas, pos-
suem um elemento natural. Um Personagem recebe +2
de Resistência contra ataques de seu elemento natural.
Se o personagem é capaz de usar Magia, as manifesta-
ções de suas magias não podem conter outro elemento
que não seja o seu natural, a não ser que o personagem
tenha a vantagem Mago. Poderes (sejam magias ou não)
baseados no elemento natural do personagem custam
um ponto de poder a menos (mínimo 1).
ANTECEDENTES ARCANOS EM
CHRONO TRIGGER
Quase todos os personagens em Chrono Trigger apre-
sentam dois tipos de poderes, poderes comuns, e ma-
gias. Magias são indicadas com antes do nome, para
refletir isso, a vantagem Antecedente Arcano (Magia)
foi removida e a vantagem Magia, descrita na seção de
vantagens deste artigo, foi adicionada. Quaisquer van-
tagens que tinham Antecedente Arcano (Magia) como
pré-requisito (como a vantagem Mago) passam a ter
Magia como pré-requisito em seu lugar.
Também com base no universo do jogo, nenhum per-
sonagem utiliza poderes que remetem à vantagem An-
tecedente Arcano (Milagres), e apenas uma personagem
(Azala) utiliza poderes que remetem à vantagem Ante-
cedente Arcano (Psiônicos), fica a critério do Mestre e
seu grupo permitir ou não a utilização desses tipos de
poderes.
É esperado que a maioria dos personagens tenha dois
tipos de poderes em seu repertório e, diferentemente
do que é descrito no livro, os personagens utilizam a
mesma reserva de Pontos de Poder para ativar todos os
seus poderes. Para compensar isso, o personagem sem-
pre baseia seus Pontos de Poder na vantagem que tiver
mais pontos e recebe 2 Pontos de Poder adicional para
cada Antecedente Arcano depois do primeiro.
DOUBLE TECHS
Double Techs ocorrem quando dois personagens com-
binam seus poderes para criar um efeito maior que a
soma de suas partes. A habilidade de usar Double Techs
exige a Vantagem Double Techs em ambos personagens
envolvidos.
12
Savage Worlds
MANIFESTAÇÕES
Assim como no caso de poderes comuns, cada Double
Tech possui uma manifestação específica, essa manifes-
tação precisa refletir as manifestações dos dois poderes
que a compõem, mesmo que um dos personagens possua
a vantagem Mago ou tenha diversas manifestações para
um único poder, a manifestação da Double Tech precisa
ser baseada em apenas uma dessas manifestações.
PODER BASE E PODER SUPORTE
Toda Double Tech possui um Poder Base, que dá for-
ma principal à Double Tech, e um Poder Suporte, que
empresta suas qualidades e modifica o Poder Base. Fire
Whirl é baseado no Cyclone de Crono, com o Flamethro-
wer de Lucca emprestando suas manifestação de fogo e
seu dano, já Aura Whirl é baseado na Aura de Marle,
com Whirlwind de Crono modificando sua área para
atingir um grupo maior. Mesmo que a Double Tech seja
composta por dois Poderes idênticos (como Raio+Raio,
no caso de Antipode Bomb), escolha um dos poderes
para agir como o Poder Base.
ATIVAÇÃO
Para ativar uma Double Tech, os personagens envol-
vidos precisam ser capazes de agir ao mesmo tempo
(geralmente com o uso de um coringa na iniciativa ou
usando a ação Aguardar) e precisam ambos estar no al-
cance da Double Tech (ver abaixo). O personagem cujo
poder é considerado o Poder Base faz uma rolagem de
 ADAPTANDO
sua perícia arcana para determinar a
ativação (e acerto, quando necessário)
da Double Tech, enquanto o outro persona-
gem, cujo poder é considerado o Poder Suporte, faz uma
rolagem de sua perícia arcana para dar Suporte (veja as
regras de Suporte no Savage Worlds Edição Aventura).
Quaisquer bônus ou penalidades agindo sobre um dos
personagens também afeta seu parceiro. Por exemplo,
se o Poder Suporte tem uma penalidade de -2 por Ações
Múltiplas, o Poder Base também recebe uma penalida-
de de -2, mesmo que não tenha feito ações múltiplas.
Fora isso, a ativação de uma Double Tech segue as
mesmas regras de uma ativação de poder comum, com
uma rolagem inferior a 4 gastando 1 Ponto de Poder de
ambos personagens, uma rolagem de 4 ou mais consu-
mindo os Pontos de Poder necessários mesmo que o po-
der erre ou seja resistido, e uma Falha Crítica infligindo
Choque de Retorno nos dois Personagens.
13
Savage Worlds
EFEITO
Uma Double Tech age como se o Poder Base fosse ati-
vado pelo seu personagem, com as seguintes alterações:
Manifestação: A Double Tech pode combinar Mani-
festações do Poder Suporte às do Poder Base, um Raio
de Fogo pode ser tornar um raio de Fogo E Gelo, por
exemplo. A Double Tech é considerada uma Magia des-
de que um dos poderes usados seja uma Magia.
Modificadores Base: O Poder Base recebe Modifica-
dores cujo custo seja igual ao custo do Poder Suporte,
uma Double Tech usando Rajada como Poder Base e Ex-
plosão como Suporte, por exemplo, poderia adicionar
os Modificadores Dano(+2) e Seletivo(+1) a seu efeito,
sem nenhum custo adicional. Na prática, isso é como
se o Personagem Suporte pagasse por Modificadores
do Poder Base. Esses modificadores, chamados aqui de
Modificadores Base, precisam ser escolhidos na criação
da Double Tech e não podem ser modificados livremen-
te a cada ativação.
Modificadores Adicionais: Caso os personagens en-
volvidos queiram gastar Pontos de Poder adicionais
para colocar mais Modificadores na Double Tech duran-
te sua ativação, o custo desses Modificadores pode ser
dividido entre ambos personagens de qualquer maneira
desejada. Seguindo o exemplo da Double Tech acima,
por exemplo, os personagens poderiam adicionar o mo-
dificador Dano Persistente (+2) à Double Tech e dividir
seu custo de forma que cada personagem gaste apenas
um Ponto de Poder.
 ADAPTANDO
TRIPLE TECHS
Combinações devastadoras de três
poderes diferentes, Triple Techs exigem a
vantagem Triple Tech por parte de seus participantes e
seguem as mesmas regras das Double Techs acima, com
as seguintes diferenças:
□ São formadas por um Poder Base e dois Poderes Su-
porte
□ A Triple Tech recebe, gratuitamente, modificadores
base cujo custo total seja equivalente a 3 Pontos de
Poder.
TECH POINTS
No jogo Chrono Trigger, a maioria dos personagens
possui 8 techs, 15 double techs e uma ou mais triple
techs. Embora o sistema de poderes de Savage Worlds
seja mais flexível que o dos jogos e muitas vezes per-
mita que um único poder aja como de maneira equiva-
lente a diversas Techs do jogo, os personagens ainda
precisam comprar a vantagem Novos Poderes múlti-
plas vezes para ter um arsenal de poderes similar ao
do jogo. Essa regra de ambientação é opcional e subs-
titui as vantagens Novos Poderes, Novas Dual Techs
e Novas Triple Techs por um sistema de Tech Points,
similar ao visto no jogo.
A cada Progresso adquirido, o personagem ganha
também um Tech Point, esses pontos podem ser gas-
tos entre uma sessão e outra para adicionar poderes,
manifestações, double techs e triple techs à lista de
Savage Worlds
poderes do personagem. Note que os personagens MEGASSAURO (65,000,000 BC)
ainda precisam ter as vantagens necessárias para uti- Apesar das pequenas asas em suas costas, esse dinos-
lizar esses poderes. sauro é incapaz de voar. Suas presas são utilizadas pela
tribo Ioka para criar armas.
□ Atributos: Agilidade d6, Astúcia d6(A), Espírito d6,
CUSTO EM TECH POINTS DE PODERES,
DUAL TECHS, TRIPLE TECHS E Força d12, Vigor d12
MANIFESTAÇÕES NOVAS □ Perícias: Atletismo d8, Intimidar d8, Lutar d8,
DESCRIÇÃO CUSTO Perceber d10
Manifestação nova de um poder conhecido 1 □ Movimentação: 6; Aparar: 6; Resistência: 16 (8)
Novo Poder 2 □ Vantagens: -
Nova Double Tech 2 □ Habilidades Especiais:
Nova Triple Tech 3 □ Armadura Física +8: A pele escamosa do Megassauro
é resistente a todos ataques, menos os mágicos.
□ Chifres: For+d6
MONSTROS □ Fraqueza (Luz): O Megassauro fica Atordoado
Os monstros abaixo são alguns dos monstros icôni- quando recebe dano de Luz ou eletricidade.
cos de diversos períodos históricos do jogo, bem como □ Sopro de Fogo: Megassauros sopram fogo
um dos Bosses enfrentados. A maioria dos monstros causando 3d6 de dano.
□ Tamanho 1: Megassauros medem cerca de 2,40m e
em Chrono Trigger possui fraquezas ou resistências
pesam mais de 300 kg.
específicas baseadas em magia ou em elementos. Caso
decida utilizar os Monstros já existentes no livro base OGAN (600 AD)
do SWADE, considere adicionar resistências ou vulne- Um monstro encontrado principalmente nas Montanhas
rabilidades específicas para deixá-los mais alinhados Denadoro, é territorial e agressivo, mas se torna frágil e me-
droso quando perde seu gigantesco martelo de madeira.
com os monstros do universo Chrono Trigger e tam-
□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d4, Espírito d4,
bém para contrabalancear o poder de fogo adicional Força d6, Vigor d8
garantido aos jogadores pelos Antecedentes Arcanos □ Perícias: Atletismo d8, Intimidar d4, Lutar d8
gratuítos e Double Techs. □ Movimentação: 6; Aparar: 8; Resistência: 6
14
 ADAPTANDO
□Vantagens: Arma Predileta
Aprimorada (Martelo de Madeira),
Varredura
□ Habilidades Especiais:
□ Garras: For+d4
□ Martelo de Madeira: For+d10
□ Martelo Terremoto: O Ogan bate com o martelo
no chão, todas as criaturas em Modelo de Explosão
Pequeno a partir do impacto devem fazer um teste
de Espírito-1 ou ficar Abaladas.
□ Pirofobia: Quando atingido por fogo, larga seu
martelo e luta só com suas garras.
□ Resistência Elemental: O dano de ataques
elementais é reduzido em 4.
15
Savage Worlds
NAGA (1000 AD)
Místicos inteligentes, com a aparência de humanos da
cintura para cima e de uma cobra da cintura para baixo,
conseguem se disfarçar de humanos de forma bastante
convincente.
□ Atributos: Agilidade d8, Astúcia d8, Espírito d6,
Força d6, Vigor d6
□ Perícias: Atletismo d6, Conhecimento Geral d4,
Conjurar d6, Furtividade d8, Intimidar d6, Lutar d6,
Perceber d4, Performance d4, Persuadir d8
□ Movimentação: 6; Aparar: 5; Resistência: 5
□ Vantagens: -
□ Habilidades Especiais:
□ Fraqueza Ambiental (Fogo e Luz)
□ Garras: For+d6
□ Magia: Nagas tem 10 pontos de Poder e conhecem
o poder Morosidade
CAÇA-RATOS (2300 AD)
Antigamente usado para exterminar pestes e ratos, esses
robôs se tornaram defeituosos ao longo dos anos, atiran-
do em qualquer criatura viva que se mova.
□ Atributos: Agilidade d10, Astúcia d4, Espírito d4,
Força d6, Vigor d6
□ Perícias: Atirar d8, Atletismo d4, Lutar d6, Perceber d6
□ Movimentação: 6; Aparar: 4; Resistência: 5
□ Vantagens: -
□ Habilidades Especiais:
□ Cabeçada: For+d4
 ADAPTANDO
□Choque: Choque atordoante
corpo-a-corpo, alvo deve fazer uma
rolagem de Vigor-2 ou ficar em Estado
Atordoado.
□ Construto: +2 para se recuperar do Estado Abalado;
não respira ou sofre por doença ou veneno.
□ Laser: 2d6, elemento Trevas
□ Sensor de Movimento: O Caça-Ratos faz um
Ataque Livre com seu Laser contra a primeira
criatura orgânica a se mover em cada rodada.
W GUARDIÃO (2300 AD)
Um gigantesco robô utilizado para guardar locais im-
portantes, como estoques de comida, controla dois dro-
nes menores (Bits) que o protegem e atacam qualquer
invasor.
□ Atributos: Agilidade d4, Astúcia d4, Espírito d6,
Força d12+3, Vigor d12+2
□ Perícias: Atirar d10, Perceber d10
□ Movimentação: 0; Aparar: 2; Resistência: 12 (2)
□ Vantagens: -
□ Habilidades Especiais:
□ Armadura: +2
□ Construto: +2 para se recuperar do Estado Abalado;
ignora 1 ponto de Penalidades por Ferimento; não
respira ou sofre por doença ou veneno.
□ Destemido: Imune a medo e intimidação.
□ Tamanho 6 (Grande): O Guardião tem 5 metros de
altura e pesa 10 toneladas.
Savage Worlds
□ Visão Noturna: Sensores ignoram penalidade por □ Destemido: Imune a medo e intimidação.
Iluminação. □ Visão Noturna: Sensores ignoram penalidade por
□ Contra-Ataque - Delta: Uma vez por rodada, se Iluminação.
atingido enquanto dois Bits estão ativos, todos os □ Planar: Bit constantemente plana a 30 cm do chão.
inimigos na área formada pelo triângulo entre o
□ Laser: 2d6 de dano (Trevas)
Guardião e os dois Bits sofrem 3d6 de dano do tipo
□ Mísseis: 2d6 de dano
Trevas (pode ser Evadido).
□ Contra-Ataque - AmpliTiro: Uma vez por rodada,
FICHAS DE PERSONAGEM
se atingido enquanto um Bit está ativo, contra-
Os personagens a seguir representam os personagens
ataca atirando um laser que causa 3d6 de dano do
do jogo num nível semelhante ao que estariam perto da
tipo Trevas.
metade do jogo, eles foram construídos usando as re-
□ Ataque AmpliTiro: Atira um laser em um inimigo por
cada Bit ativo, causando 3d6 de dano do tipo Trevas. gras comuns de criação de personagem e mais 9 Pro-
□ Reativar Bits: Se não tiver nenhum Bit ativo, gasta gressos cada. As fichas abaixo podem ser usadas pelos
uma rodada inteira para ativar dois Bits novos. jogadores ou podem servir como exemplo da utilização
das opções novas apresentadas nessa adaptação.
BIT
□ Atributos: Agilidade d10, Astúcia d4, Espírito d6,
Força d6, Vigor d6
□ Perícias: Atirar d8, Lutar d4, Perceber d8
□ Movimentação: 8; Aparar: 4; Resistência: 7 (2)
□ Vantagens: -
□ Habilidades Especiais:
□ Armadura: +2
□ Construto: +2 para se recuperar do Estado
Abalado; não respira ou sofre por doença ou
veneno.
16
 ADAPTANDO Savage Worlds

Um garoto comum de 17 anos que mora com sua mãe em uma casa na pequena cidade de
Truce em 1,000 AD. É um rapaz de poucas palavras, mas está sempre disposto a arriscar sua vida
pelos outros.
□ Raça: Humano
□ Atributo: Agilidade d8, Astúcia d6, Espírito d6, Força d8, Vigor d6
□ Perícias: Atletismo d10, Cavalgar d4, Conjurar d6, Conhecimento Geral d4, Dirigir d8, Furtividade d6,
Lutar d10, Perceber d6, Persuadir d4
□ Movimentação: 6; Aparar: 7; Resistência: 5
□ Elemento Natural: Luz
□ Vantagens: Antecedente Arcano(Técnica), Double Tech, Novos Poderes (x2), Rápido
□ Complicações: Heróico, Leal
□ Katana: For+d6+1 WCRONO
□ Poderes: Explosão, Raio, Forma Marcial (Frenesi), Raio, Cura, Explosão

A princesa de Guardia em 1,000 AD, seu verdadeiro nome é Nadia. É uma garota alegre que anseia por liberdade
e aventura, atitude que muitas vezes a coloca em desacordo com seu pai, o Rei, e faz com que ela fuja do castelo e
assuma o nome Marle
□ Raça: Humana
□ Atributo: Agilidade d6, Astúcia d8, Espírito d12, Força d4, Vigor d6
□ Perícias: Atirar d6, Atletismo d6, Conhecimento Geral d6, Foco d6, Furtividade d8, Intimidar d4, Lutar d4,
Perceber d6, Persuadir d8, Provocar d4
□ Movimentação: 6; Aparar: 4; Resistência: 5
□ Elemento Natural: Água (manifestado como Gelo)
□ Vantagens: Antecedente Arcano (Dom), Magia, Aristocrata, Atraente, Double Tech, Resistência Arcana,
Novos Poderes (x2), Pontos de Poder
□ Complicações: Almofadinha, Sensível (Menor)
□ Poderes: Cura, Confusão, Raio, Cura, Rapidez, Explosão
WMARLE □ Besta: 2d6

17
 ADAPTANDO Savage Worlds

Filha do inventor Taban em 1,000 AD, Lucca é amiga de infância de Crono e é ela própria uma
inventora genial responsável pela criação de muitas invenções extremamente avançadas para
seu tempo, como o robô Gato, o dispositivo de teleportação chamado de Telepod e a Chave de Portal
usada para viajar no tempo.
□ Raça: Humana
□ Atributo: Agilidade d6, Astúcia d12, Espírito d6, Força d4, Vigor d4
□ Perícias: Atirar d6, Atletismo d4, Ciência d6, Ciência Estranha d8, Conjurar d8, Conhecimento Acadêmico d6,
Conhecimento Geral d4, Consertar d10, Eletrônica d6, Perceber d6, Persuadir d4, Furtividade d4, Lutar d4,
Pesquisar d4
□ Movimentação: 6; Aparar: 4; Resistência: 4
□ Elemento Natural: Fogo
□ Vantagens: Antecedente Arcano (Ciência Estranha), Magia, Senhor Conserta Tudo, Double Tech, Pontos de WLUCA
Poder, Novos Poderes
□ Complicações: Visão Ruim (Maior)
□ Poderes: Rajada, Sono, Raio, Explosão, Explosão, Proteção
□ Pistola Flintlock: 2d6+1, CDT 1

Um robô da série R, de número serial R-66Y, Robo é encontrado e consertado por Lucca no Proto Dome em 2,300 AD,
e então se junta a ela e seus amigos na missão para impedir Lavos de destruir o mundo. É calmo, introspectivo e curioso.
□ Raça: Robô
□ Atributo: Agilidade d4, Astúcia d6, Espírito d4, Força d10, Vigor d10
□ Perícias: Atletismo d6, Ciência d6, Ciência Estranha d6, Conhecimento Acadêmico d4, Conhecimento Geral d6,
Consertar d4, Eletrônica d6, Furtividade d4, Lutar d8, Perceber d4, Persuadir d4, Pesquisar d4
□ Movimentação: 6; Aparar: 6; Resistência: 6
□ Elemento Natural: Trevas
□ Vantagens: Antecedente Arcano (Ciência Estranha), Antecedente Arcano (Técnica), Brutamontes, Double Tech,
Guerreiro Marcial
□ Complicações: Mundano (Menor), Forasteiro, Hesitante, Pacifista (Menor)
□ Poderes: Explosão (Manifestações: Sombra, Fogo, Luz), Raio, Forma Marcial (Frenesi), Cura
WROBO □ Punho: For+d6

18
 ADAPTANDO Savage Worlds

Um cavaleiro humano amaldiçoado por Magus para se parecer com um sapo, Frog é o guarda
pessoal da rainha Nadia de Guardia em 600 AD, é um honrado cavaleiro movido pela vontade
de proteger seu reino e vingar a morte de seu amigo e mentor Cyrus.
□ Raça: Humano
□ Atributo: Agilidade d8, Astúcia d6, Espírito d6, Força d8, Vigor d8
□ Perícias: Atletismo d8, Conhecimento Batalha d6, Conhecimento Geral d6, Conjurar d8, Furtividade d6,
Lutar d12, Perceber d6, Persuadir d4, Sobrevivência d6
□ Movimentação: 6; Aparar: 9; Resistência: 6
□ Elemento Natural: Água
□ Vantagens: Antecedente Arcano (Técnica), Magia, Arma Predileta Aprimorada (Masamune), Double Tech,
Novos Poderes, Golpe Poderoso
□ Complicações: Código de Honra, Feio (Maior) WFROG
□ Poderes: Raio, Cura, Explosão
□ Masamune: For+d10

A chefe da tribo Ioka em 65,000,000 BC, Ayla e seu povo vivem em constante guerra com os Reptites. Ayla é co-
rajosa e confiante, e acredita que deve fazer o que acha certo independente do quão perigoso ou arriscado isso seja.
□ Raça: Humano
□ Atributo: Agilidade d12, Astúcia d4, Espírito d4, Força d10, Vigor d10
□ Perícias: Atletismo d10, Cavalgar d4, Conhecimento Geral d4, Furtividade d6, Intimidar d6, Lutar d10,
Perceber d6, Persuadir d6, Sobrevivência d6
□ Movimentação: 6; Aparar: 7; Resistência: 9
□ Vantagens: Antecedente Arcano (Técnica), Pugilista, Double Tech, Rápido, Guerreiro Marcial, Novos Poderes
□ Complicações: Mundano (Maior), Excesso de Confiança
□ Poderes: Cura, Raio, Explosão
WAYLA □ Punho: For+d10

19
 ADAPTANDO Savage Worlds

Também chamado de Rei Demônio, Magus é um feiticeiro que comanda os místicos em sua
guerra contra o reino de Guardia em 600 AD.
□ Raça: Místico
□ Atributo: Agilidade d6, Astúcia d12, Espírito d10, Força d4, Vigor d6
□ Perícias: Atletismo d6, Conhecimento Acadêmico d6, Conhecimento Geral d6, Conjurar d10, Furtividade d4,
Intimidar d6, Lutar d8, Ocultismo d8, Perceber d4, Persuadir d6, Pesquisar d4
□ Movimentação: 6; Aparar: 6; Resistência: 5
□ Elemento Natural: Trevas
□ Vantagens: Antecedente Arcano (Dom), Magia, Pontos de Poder (x2), Mago, Canalização
□ Complicações: Desagradável, Desejo de Morrer, Voto (Maior), Inimigo Racial (Humanos)
□ Poderes: Explosão, Proteção Arcana
□ Foice: For+d10 WMAGUS

Azala é a rainha dos Reptites e possivelmente a figura mais poderosa de toda a pré-história graças a sua alta in-
teligência e poderes psíquicos.
□ Raça: Reptite
□ Atributos: Agilidade d6, Astúcia d12+1, Espírito d8, Força d6, Vigor d8
□ Perícias: Atirar d4, Atletismo d6, Conhecimento Geral d12, Furtividade d4, Lutar d6, Perceber d10,
Persuadir d10, Psiônicos d12, Sobrevivência d6
□ Movimentação: 6; Aparar: 5; Resistência: 8
□ Vantagens: Antecedente Arcano (Psiônicos), Brigão, Resistência Arcana, Pontos de Poder, Nervos de Aço
□ Complicações: Mundano (Maior)
□ Poderes: Proteção, Sono, Telecinese
WAZALA □ Socos: For+d4

20
 CONTO Rastro de Cthulhu

VISITANTE ILUSTRE

S
aiba que é uma honra fazer parte dessa irmandade secreta, Jack — disse meu
pai quando completei dezoito anos naquele inverno de 1935, para então pros-
seguir com um sorriso — Você tem um futuro brilhante conosco.
Naquela época, eu não sabia exatamente o que o velho Mordecai queria dizer —
na realidade, havia muita coisa que eu desconhecia. Como o fato de meu pai, e boa
parte da minha família, pertencer a uma organização clandestina com centenas de
anos de idade e que fazia de tudo para proteger um segredo maior por esses sécu-
los.
Um segredo que eles veneravam.
E agora havia chegado a hora de eu me tornar um irmão, ao final do encontro entre os
membros mais antigos do grupo. Era a ocasião em que decidiriam se eu faria parte do
que, até aquele momento, eu pensava ser uma inofensiva ordem fraterna, algo nos mol-
des da maçonaria — quanta ingenuidade da minha parte! — Após horas de deliberação
por trás das portas fechadas de uma sala, em uma mansão suntuosa nos arredores de
East Bay, eles concordaram com a minha aceitação.
Não demoraria muito para eu ser chamado para que foi o meu batismo de fogo.

POR MARCELO AUGUSTO GALVÃO

 CONTO
Nos tempos de colégio, lembro
bem do senhor Stephens, meu profes-
sor de Matemática, citar uma frase de He-
ráclito de Éfeso na qual o filósofo afirmava que o tempo
era como rio: você nunca poderá se banhar na mesma
água duas vezes, pois a água que já passou nunca pas-
sará novamente.
Era evidente que o senhor Stephens nunca ouvira
falar da Grande Raça de Yith. O que não chega a ser
uma surpresa: com exceção de algumas centenas de
afortunados neste planeta, como é o meu caso, a maior
parte da humanidade nunca soube da existência dela.
Muito menos de sua origem extraterrestre ou ainda
o seu magnífico poder das mentes hipercientíficas,
que lhes permitiu atravessar a vastidão do espaço e
chegar ao nosso planeta. Onde se dedicam a analisar,
registrar e obter conhecimento não só da Terra, mas
de outros lugares no universo — pois estou falando
de criaturas que projetam suas consciências para o
passado ou o futuro, pouco importando qual ponto
do espaço.
Os yithianos podem se banhar na mesma água do rio
quantas vezes quiserem, senhor Stephens.
***
— O visitante já deveria ter chegado — diz o irmão
Dankworth ao consultar pela terceira vez, em menos
de cinco minutos, o relógio de pêndulo na parede. Meu
pai, atrás do balcão da loja de antiquário do qual é pro-
prietário, apenas encolhe com calma os ombros magros:
— Deve estar preso no engarrafamento do final da tarde.
Enquanto eu tiro o pó de umas xícaras de porcelana com
quase dois séculos de idade, vejo o velho Mordecai tambori-
lando os dedos ossudos na superfície do balcão. A aparente
calma do meu pai é apenas fachada: ele está tão apreensivo
quanto Dankworth. Eu sei bem o que é isso, pois também
me encontro nervoso — afinal de contas, não é todo dia que
você vai conhecer um yithiano. Um deles havia publicado
dias antes uma mensagem cifrada nos classificados do East
Bay Gazette, publicação lida diariamente pelos meus irmãos
mais experientes, requisitando um encontro.
Dankworth se prepara para retrucar meu pai quando
a porta do antiquário se abre. Um homem corpulento e
de bigode grisalho entra, encarando o velho Mordecai.
Meu coração para de bater por um longo segundo, mas
é só até o estranho falar:
— Aqui não é a Charlotte’s?
Meu pai balança a cabeça, para então explicar que a
loja pela qual o homem procura fica no final daquela
mesma rua. Ele agradece e sai, quase esbarrando em al-
guém que passa pela porta.
Sinto os pelos dos braços e da nuca se arrepiarem ao
ver a pessoa colocar os pés na loja, ao contrário de Dank-
worth e do meu pai, que parecem não notar a presença
do yithiano que acabou de entrar. Mas eu até entendo
isso, pois aqueles homens certamente não esperavam que
a entidade alienígena — que viaja pelo tempo e espaço ao
trocar sua mente pela a de um hospedeiro humano — es-
tivesse ocupando o corpo de uma bela mulher.
22
Rastro de Cthulhu
— Existe um homem ameaçando minha missão — diz
ela, sem delongas. — O auxílio de vocês é requisitado
com urgência.
***
O irmão Dankworth estaciona o Ford dele a um quar-
teirão do apartamento do nosso alvo.
— Vamos esperar o sujeito sair e então entramos —
fala, observando com os olhos azuis o prédio de tijolos
escuros, localizado em um bairro de classe média de
East Bay. Ele então se volta para mim — Tente não fazer
alguma besteira, garoto. É bom lembrar que você só está
aqui por exigência da própria visitante. Por mim, conti-
nuaria ajudando seu pai no antiquário.
Eu não abro a boca para retrucar. Dankworth, que é
um pouco mais novo que meu pai, nunca simpatizou
comigo; na realidade, soube que ele se opôs à minha ad-
missão na organização porque me achava muito jovem.
Qualquer resposta da minha parte seria perda de tempo.
Mas numa coisa ele está certo: estou participando da-
quela missão por ordem da visitante.
Nos meus primeiros dias na irmandade, aprendi que
os yithianos viveram há milhões de anos no passado. É
dali que projetam suas consciências para o futuro, tro-
cando suas mentes pelas humanas, usando o corpo des-
tes para realizar suas pesquisas de campo. O problema
é que, às vezes, eles precisam de auxílio durante o tra-
balho — para ser mais preciso, da ajuda da Irmandade
Pnakótica.
CONTO
— O auxílio de vocês é requisitado com urgência —
disse a visitante no dia anterior. Quando percebeu quem
era a mulher diante do balcão, meu pai encerrou o expe-
diente mais cedo, trancando a porta do antiquário para
impedir que a conversa fosse interrompida.
Eu sabia que encontrar um integrante da Grande Raça
era um evento incomum. Meu pai me contou que havia
auxiliado um deles alguns anos antes do meu nascimen-
to. O irmão Dankworth, por outro lado, nunca avistara
um yithiano: o máximo de participação foi coletar ma-
terial que um deles precisará durante uma missão, mas
sem sequer conhecê-lo pessoalmente.
Aquele dia no antiquário era um momento histórico
para nós três. Escutamos cada palavra da visitante com
a mesma atenção que um judeu, muçulmano ou cristão
dariam se as divindades nas quais acreditam apareces-
sem diante deles. A hospedeira do yithiano era uma mu-
lher por volta dos trinta anos, de cabelos louros curtos e
pálidos, bem vestida; com uma voz tranquila, explicou
que sua missão envolvia pesquisas na biblioteca muni-
cipal. No entanto, um funcionário de lá suspeitava do
comportamento da hospedeira, cuja mente se encontra-
va no momento há milhões de anos no passado, ocupan-
do o corpo original do yithiano.
— Pelo que pude averiguar, o homem teve algum tipo
de relacionamento anterior com esta hospedeira tempos
atrás. — A visitante apontou para o torso. — Daí a sua
familiaridade com o comportamento original dela, o que
explica em parte a desconfiança em relação a mim.
23
Rastro de Cthulhu
Ao ocupar os corpos humanos, os yithianos têm acesso
parcial às recordações do hospedeiro, para que possam
copiar o comportamento original dele. Mesmo assim,
não há garantia que conseguirá reproduzir com perfei-
ção as atitudes, modos e idiossincrasias; alguém fami-
liarizado pode desconfiar de algo errado. No caso, o tal
sujeito estava seguindo a hospedeira, fazendo pergun-
tas insistentes e xeretando a vida dela. Mas o yithiano
descobrira algo pior: o homem estava montando uma
espécie de dossiê, relacionando o comportamento errá-
tico dela à práticas ocultistas e fenômenos paranormais.
— Meu receio é que tais arquivos possam criar proble-
mas se caírem nas mãos erradas. É por isso que vocês dois
— ela levantou o dedo indicador na minha direção e na
do irmão Dankworth — precisam achá-los e destruí-los.
— Lá vai ele — A voz de Dankworth me traz ao pre-
sente. Um homem de barriga grande e calvo, desce os
degraus com pressa. Elmore Shropshire é professor de
História na Universidade de Miskatonic em Arkham,
no estado de Massachusetts, e se encontra de licença em
East Bay a fim de realizar pesquisas na sua área de atua-
ção. Pelo que meu pai verificou, ele e a visitante, que
se chama Susan Furlong, foram namorados por algum
tempo quando morou em Arkham, na década passada.
Também descobrimos que ele guarda o dossiê em uma
escrivaninha no quarto onde mora naquele prédio.
— Espero que não esqueça do que precisa fazer —
diz Dankworth, colocando as luvas quando o professor
Shropshire entra em um táxi. O plano é simples: eu fico
 CONTO
de guarda na rua, enquanto o irmão
usa gazuas para entrar no apartamen-
to e sair de lá com os arquivos. Para uma
primeira missão, reconheço que minha função nela é
trivial, mas não deixa de ser uma oportunidade para
Dankworth mostrar seu desprezo por mim.
Saímos do Ford. Fico de olho no movimento da rua,
enquanto o irmão entra no prédio. Quinze minutos se
passam e nada anormal acontece, pelo menos até Dank-
worth retornar mancando, a bainha esquerda da calça
empapada de sangue.
— O imbecil tinha um cachorro em casa! — retruca
quando pergunto o que aconteceu. Mas logo minha
atenção se volta para uma fumaça negra que escapa pela
janela do apartamento de Shropshire. Dankworth sorri
diante da minha surpresa, para então explicar — Vi que
o professor tinha outros arquivos suspeitos, então resol-
vi que seria mais fácil se colocasse fogo em tudo.
— Mas nossa ordem não era essa! Além disso, pode
ser que pessoas se machuquem com o incêndio e...
— Se isso acontecer, será dano colateral, garoto. O que
importa é que o problema da visitante foi resolvido.
O irmão Dankworth, como descobrimos dias depois,
estava errado.
***
— Vocês atraíram atenção indesejada e atrapalharam
ainda mais meus planos — diz o yithiano, a voz mais
tranquila do que na primeira vez que o encontramos.
O East Bay Gazette de dias atrás está aberto em cima
do balcão do antiquário; com a voz monocórdica, a vi-
sitante lê um artigo que relata o incêndio criminoso no
apartamento e que se espalhou pelo resto do prédio. Os
bombeiros conseguiram controlar o fogo, mas o inciden-
te ainda resultou em duas pessoas internadas por intoxi-
cação e sem previsão de alta, além da morte do cachorro
que estava aos cuidados de Elmore Shropshire.
Eu engulo em seco ao saber daquela última notícia; meu
pai e Dankworth — que ainda está mancando — nada falam.
Mas havia informações que o jornal não revelou e nem
teria como saber: a visitante descobriu, nos dias poste-
riores ao incêndio, que o professor mantinha uma cópia
dos arquivos em outro lugar. E o pior: ele se preparava
para entregá-los a seus associados.
Meu receio é que tais arquivos caiam em mãos erradas.
Foi mais ou menos o que o yithiano disse quando nos
encontramos pela primeira vez. O motivo é que existem
hereges neste mundo, pessoas obstinadas em destruir o
trabalho feito pela Grande Raça de Yith. São jornalistas,
detetives, médicos, artistas diversos e até mesmo diletan-
tes e andarilhos que arriscam suas vidas patéticas para
atrapalhar os planos cósmicos daqueles que veneramos.
Suas mentes obtusas nem mesmo entendem que nossa
devoção aos yithianos nos traz recompensas inestimá-
veis. Como informações que eles adquirem em suas via-
gens pelo tempo: foi graças ao aviso deles que a Irman-
dade Pnakótica de East Bay não foi pega desprevenida
pela quebra da bolsa de 1929. Mas os presentes da Gran-
de Raça não se limitam à informações privilegiadas.
24
Rastro de Cthulhu
A visitante entrega ao meu pai uma folha de papel pau-
tado.
— Vocês devem reunir até amanhã todo o material
descrito nessa lista. Estarei aqui esperando para montar
o dispositivo e mostrar a você — ela se vira na minha di-
reção — o funcionamento dele e assim cuidar do nosso
problema de uma vez por todas.
As mentes dos yithianos são tão avançadas que eles
conseguem fabricar itens tecnologicamente impossíveis
para a nossa época, algo que poderia ser imaginado ape-
nas nas páginas dos pulps, nos programas de rádio ou
nas telas do cinema. Uma recompensa que nenhuma re-
ligião que eu conheço poderia oferecer aos seus fiéis.
E é assim que, dois dias depois, eu tenho em meu po-
der um dispositivo extraordinário.
***
Faltam poucos dias para o fim do inverno e o frio con-
tinua em East Bay. Ainda bem, pois assim posso vestir
meu sobretudo não só para me proteger do ar gelado,
mas também para esconder o dispositivo.
O professor Shropshire está agora morando em um
hotel no centro da cidade. Eu o observo desembarcar do
táxi na esquina, agarrado a uma pasta surrada de couro;
os passos dele na calçada são longos, apressados para
chegar ao seu quarto temporário. Naquele ritmo, ele vai
passar diante do beco escuro onde me encontro em pou-
cos segundos.
Tiro a luva da mão direita e sinto os dedos congela-
rem, mas eles logo se esquentam quando tocam no item
 CONTO
que carrego dentro do sobretudo. O
dispositivo é um pouco maior do que
uma lanterna e poderia até lembrar uma,
se não fossem os cabos e fios na sua superfície, além de
um pequeno interruptor no seu extremo oposto.
— Você tem apenas dois disparos — disse o yithia-
no horas antes, no antiquário. Ele passou um dia intei-
ro montando o apetrecho, nos fundos da loja, a partir
do material que nós havíamos conseguido. — Depois, o
dispositivo se torna inútil até ser recarregado.
Agora, não é só minha mão direita que está quente:
é todo meu corpo. Sinto o suor empapar meu chapéu e
minhas roupas; as pernas tremem e meu coração bate
contra o osso esterno como se quisesse escapar dali,
quando me deparo com uma verdade:
Serei um assassino em breve — pois meu batismo de
fogo é eliminar o professor.
O som dos passos dele ficam mais próximos. Sei que
não terei outra chance: pela manhã, ele vai voltar para
Arkham, onde se encontrará com os seus associados.
Que provavelmente vão deduzir que Susan Furlong não
é quem diz ser, colocando assim toda a pesquisa do yi-
thiano em perigo.
Não posso deixar aquilo acontecer. Eu fiz um jura-
mento de proteger um segredo.
— Professor? — digo, saindo das sombras e erguendo
o dispositivo. Shropshire arregala os olhos, mas esta é a
sua única reação, pois eu aperto o interruptor logo em
seguida: um facho de luz verde atinge o homem, que
treme por um segundo, até desabar na calçada gelada.
Pela manhã, a autópsia revelará que ele sofreu um der-
rame inesperado.
Um dano colateral — é isso que o professor se tornou.
Abro a pasta e pego o dossiê reserva, para então pros-
seguir com a missão. Meu batismo de fogo ainda não
terminou.
***
— Ei, garoto, é quase meia-noite! Isso não é hora… —
O homem que veio mancando abrir a porta da casa não
consegue terminar a frase. A luz verde envolve o seu
corpo e ele desaba morto, vítima de um ataque fulmi-
nante do coração.
***
Eu obedeci à risca as ordens do yithiano. Estamos a
sós no antiquário. Com as pontas dos dedos, a visitante
segura o dossiê que é lentamente consumido pelo fogo.
— Missão cumprida — diz quando só restam cinzas
dos arquivos. Ela se dirige para a porta, mas então muda
de ideia e me encara. Após um longo segundo em que
não sei o que fazer, o corpo ocupado pelo yithiano se
inclina na direção do meu ouvido e sussurra:
— Você tem um futuro brilhante, Jack.
E dizendo isso, a visitante ilustre sai pela noite gelada
de East Bay. Eu nunca mais a vejo.
***
25
Rastro de Cthulhu
Na realidade, eu a vejo mais uma vez. Ou melhor,
é Susan Furlong quem, no verão daquele mesmo ano,
caminha pelas ruas do centro de East Bay: o yithiano já
retornou ao passado, após apagar as memórias da moça
referentes ao período que ocupava o corpo dele, e de-
volver a consciência ao corpo humano original. Furlong
entra em uma lanchonete e eu faço a mesma coisa, me
sentando ao lado dela no balcão e a observando. Ela se
vira na minha direção depois de alguns segundos e, fa-
zendo uma careta de desprezo, vai esperar numa mesa
o seu pedido. Não deixo de notar os cabelos loiros des-
grenhados, as unhas roídas, o olhar macilento, além das
roupas desalinhadas: é sabido que algumas transferên-
cias de mentes são falhas, deixando traumatizados os
outrora hospedeiros.
Eu sorrio para a moça: ela nunca saberá da importân-
cia que teve na história da Grande Raça de Yith. Mas
meu sorriso não é só de pena, pois lembro das palavras
do yithiano que ocupava aquele corpo…
você tem um futuro brilhante, Jack
…e fico me perguntando o que ele — alguém que viaja
pelo tempo e espaço — quis dizer exatamente. De qual-
quer forma, pego meu carro e sigo para uma mansão
nos arredores da cidade, onde a irmandade fará uma
nova reunião para discutir quem substituirá o falecido
irmão Dankworth na hierarquia da organização.
FIM
DE MESTRE PARA MESTRE multissistema

PREPARANDO SUA
SESSÃO
MENOS É MAIS

E
xistem muitos modos para se preparar uma sessão. Alguns mestres não
conseguem começar a narrar sem ter todos os detalhes no papel, outros
preferem improvisar quase tudo e apenas ter uma ideia geral da trama.
Não existe um modo errado de preparar o seu jogo, mas o excesso de prepara-
ção pode ser prejudicial às vezes, especialmente quando o mestre em questão
ainda não descobriu o seu método preferencial de se organizar. Aqui estão
algumas dicas que podem fazer você perceber que quando se trata de prepara-
ção, às vezes menos é mais.

POR RUBENS ALVES

 DE MESTRE PARA MESTRE
A VISÃO DO MESTRE VS
A VISÃO DOS JOGADORES
Uma das grandes armadilhas no qual alguns
mestres caem é acreditar que a diversão que os jogado-
res terão ao jogar a aventura será equivalente a diver-
são que ele teve em bolar ela. Acredite se quiser, para
alguns mestres bolar a aventura é algo extremamente
divertido ao invés de uma obrigação cansativa. O pro-
blema é que somente o mestre conhece a fundo tudo
que planejou, os jogadores vão descobrindo todos os
detalhes durante o jogo. Isso pode criar algumas situa-
ções complicadas.
As vezes o mestre se recusa a adaptar ou descartar
parte da aventura que preparou. A Razão? É porque
ele sabe que aquela parte é divertida, ele se divertiu
ao planejar ela, não é mesmo? Mas as vezes os joga-
dores simplesmente não compraram a ideia, ou não
estão no clima certo para apreciar o que foi planeja-
do. Nesse caso existem dois rumos que essa situação
pode tomar:
□ O mestre se recusa a adaptar a aventura, pois acre-
dita que o que planejou é o ideal; nesse caso os joga-
dores podem acabar não se divertindo tanto.
□ O mestre muda o que planejou em prol da
diversão dos jogadores; nesse caso o mes-
tre agrada a mesa, mas pode ficar desani-
mado por ter planejado tanta coisa a toa.
Em ambos os casos o excesso de preparação acaba
multissistema
prejudicando a diversão de uma parte dos envolvi-
dos. Um estilo diferente de preparação evitaria que
isso acontecesse.
NOS TRILHOS VS SANDBOX
Quando há o excesso de preparação o narrador pode
acabar forçando o jogo a se manter dentro dos seus pla-
nos, isso faz com que o jogo fique muito nos trilhos, o
famoso railroad. Mas espere! Antes que comece a tirar
conclusões, não há absolutamente nada de errado com
um jogo nos trilhos.
Há diversos estilos de jogos, e dependendo do cenário
um jogo nos trilhos pode ser muito bom. Em um jogo de
terror, onde é preciso fazer com que os personagens se
sintam fora do controle da situação, a mercê do destino,
um jogo nos trilhos pode ser muito mais indicado do
que um jogo sandbox.
Sandbox, ou caixinha de areia é um estilo de jogo mais
livre, onde ao narrador prepara um playground cheio
de elementos, NPCs, inimigos, objetivos, empecilhos,
etc; e deixa os jogadores abordarem tudo isso no tem-
po e ordem que quiserem. Assim como alguns jogos se
beneficiam mais de um estilo nos trilhos, outros se be-
neficiam mais de um estilo sandbox. Uma campanha de
deadlands por exemplo, pode ser muito mais interes-
sante quando os jogadores chegam em uma cidadezi-
nha no meio do nada, e aos poucos vão conhecendo seus
segredos e desafios de acordo com o próprio interesse.
Eles vão enfrentar o xerife corrupto ou explorar a amea-
27
 DE MESTRE PARA MESTRE
ça no cemitério? Ou se aliar ao xerife
corrupto para conseguir se livrar da
ameaça?
Não existe estilo certo ou errado, errado é fazer uma
aventura ficar nos trilhos sem necessidade! As vezes o
excesso de preparação faz com que o mestre insista em
manter todos os seus planos, etapa por etapa, cada de-
talhe, isso faz o jogo ficar nos trilhos, quando não há
necessidade alguma disso.
NÃO PENSE EM ETAPAS, PENSE EM
GANCHOS
Não organize sua aventura como um roteiro de teatro,
onde determinada cena acontece primeiro e deve então
ser seguida de outra cena específica, em uma ordem que
não pode ser quebrada.
Pensar no jogo dessa forma faz com que aconteça um
excesso de preparação, e consequentemente o railroa-
ding que pode ser prejudicial. Ao invés disso pense em
pontos importantes de trama e os anote. Ao invés de
escrever “O grupo é atacado pelo Grayn mercenário
assim que retornam para a cidade após uma grande
nevasca, ele quer roubar a relíquia que o grupo encon-
trou nas ruínas” tente escrever algo mais vago, como
“O Grayn ataca o grupo em algum momento, deixando
pistas de que queria algo que o grupo carrega”. Se você
fizer suas anotações desse modo vai ser mais fácil de
encaixar os seus planos em qualquer momento do jogo
que for propício.
Às vezes os jogadores podem se meter sozinhos em
uma boa oportunidade para você usar os seus ganchos,
sem nenhuma interferência, isso vai fazer com que seja
mais fácil usar os ganchos, e os jogadores também vão
achar o mundo mais vivo, respondendo aos atos deles,
ao invés de achar que apenas estão passando por uma
cena pré-programada.
NÃO PENSE EM SOLUÇÕES
DETALHADAS
Quando pensar no modo que os PJs precisam solucio-
nar um desafio, não tente pensar de modo detalhado
demais a não ser que exista um motivo importante
para isso. Se um grupo de rippers precisar purificar
um artefato de sua maldição, não planeje um método
extremamente detalhado para isso, apenas faça uma
pequena anotação indicando que o artefato precisa ser
purificado. Há chances de que os jogadores inventem
um método engenhoso para conseguir seu objetivo.
Aprenda a ler as expectativas da mesa. Se eles pro-
porem uma solução simples, como quem chuta uma
resposta qualquer, não hesite em dizer que ela falha se
não for a correta, mas se perceber que os jogadores real-
mente se dedicaram, em mente, tempo e interpretação
para encontrarem uma resposta, cogite aceitar o que
eles tentaram, isso vai ser uma grande recompensa, ig-
norar o esforço dos jogadores pela simples trivialidade
de não bater com as suas anotações vai desanimá-los.
28
multissistema
TEMPO
Ao fazer um planejamento muito detalhado o mestre
pode acabar preocupado com o tempo de jogo neces-
sário para alcançar os objetivos, nem todos têm dispo-
sição ou tempo para jogar sessões de dez horas de du-
ração.
Esse é um outro motivo para não usar soluções deta-
lhadas. Quando o narrador fica preocupado que os joga-
dores não terão tempo de encontrar todos os ingredientes
para um ritual bem específico, ele pode acabar cortando
ou agilizando partes do jogo importantes, como momen-
tos de interpretação casual entre os jogadores.
Não ter soluções específicas em mente permite
que o narrador deixe os jogadores aproveitarem ce-
nas que estão divertidas sem se preocupar muito
com o tempo, se faltar pouco tempo para a solução,
sempre é possível permitir uma solução mais rápi-
da sem ficar sentindo que parte dos seus planos foi
descartada.
SESSÃO ZERO
O melhor modo de se certificar de que a expectativa de
todos os envolvidos esteja em harmonia é fazer a sessão
zero. Basicamente um encontro antes do primeiro jogo,
onde o narrador vai falar o que pretende fazer no jogo,
e os jogadores o que desejam que aconteça. Assim to-
dos podem acomodar suas expectativas. Os jogadores
se sentem mais confortáveis ao saber o que esperar de
um jogo, isso pode inclusive fazer com que eles aceitem
DE MESTRE PARA MESTRE
mais facilmente os momentos que o jogo pode não pare-
cer muito interessante, pois sabem o que podem esperar
no fim da linha.
Mas aqui estamos falando sobre como preparar ses-
sões, não campanhas, então como a sessão zero se en-
quadra? É simples, um dos melhores modos de se cer-
tificar de que a sessão vai correr bem é contar para os
jogadores o que pretende fazer. Alguns mestres podem
hesitar em dar informações, por temerem que isso vai
fazer com que o jogo perca a graça, mas não se alar-
me, você não precisa contar tudo que planejou. Algo
simples como “Ei gente, nessa sessão estou planejan-
do que vocês investiguem esses desaparecimentos” já
ajuda. Isso vai dar aos jogadores uma ideia do que es-
perar, eles vão buscar modos de se inserir nessa trama
naturalmente.
Quando os jogadores não tem nenhuma ideia do que
esperar, eles podem hesitar em se juntar a aventura (Es-
pecialmente em grupos que sempre estão esperando al-
gum tipo de armadilha por parte dos NPCs).
Mas também é possível e recomendado perguntar
aos jogadores como seus personagens vão se envol-
ver com aquilo. Ao invés do narrador pensar em um
gancho, ele pode fazer com que os jogadores pensem
em um gancho. Um dos jogadores pode dar a ideia de
que um dos desaparecidos é amigo do seu persona-
gem, enquanto outro pode ter sido contratado dire-
tamente para investigar o caso, etc. Isso faz com que
o envolvimento do grupo pareça muito mais natural,
29
multissistema
e dá a chance de explorarem a vida pessoal dos per-
sonagens e coisas que acontecem fora das sessões. É
claro que ter um mente um gancho próprio é impor-
tante, assim como trabalhar em conjunto. O narrador
tem muito mais informações do que os jogadores, ele
pode sugerir um modo de adaptar o gancho do joga-
dor para que se encaixe ainda melhor na sessão. Não
é preciso fazer uma sessão zero antes de cada sessão,
cinco minutos de conversa antes do jogo pode ser o
bastante para decidir ganchos em conjunto e ajustar
as expectativas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mantenha suas anotações simples. Pense quanto tem-
po o jogo vai durar, lembre que as vezes os jogado-
res podem tornar coisas simples em coisas compli-
cadas, remova partes desnecessariamente complexas
da aventura, ou até mesmo npcs cujo propósito não é
essencial. Tenha em mente que por mais simples que
sejam seus planos, os jogadores sempre tem a capa-
cidade de fazer os desafios se tornarem ainda mais
longos.
Com o tempo você vai aprender a reconhecer quando
há um excesso de elementos na trama e cortar isso das
suas anotações.
 FERRAMENTAS DO MESTRE Mouse Guard

HABITANTES DOS
TERRITÓRIOS
FLORESTA AMAZÔNICA

O território dos ratos em Mouse Guard tem um clima evidentemente temperado. Isso tem
influências claras sobre a flora e a fauna local. Contudo, na sua mesa a Guarda pode ser ex-
ploradora e encontrar caminhos que os levem a outros territórios nunca antes alcançados!
Para ajudar na ambientação nessas novas terras, dispõem-se aqui 12 animais habitantes
da Floresta Amazônica, embora você possa utilizá-los sem problemas para qualquer floresta
equatorial. Por questões de Educação Ambiental, boa parte dos animais escolhidos para se-
rem representados aqui são animais em situação de vulnerabilidade e risco de extinção, para
que possamos nos lembrar que essas espécies merecem ser protegidas e têm direito ao seu
habitat natural.

POR YURI BRAVOS

 FERRAMENTAS DO MESTRE
Evidentemente, há muitos outros ani-
mais que poderiam estar representados
aqui, alguns famosos como a onça-pintada e
a harpia. Contudo, os animais amazônicos são tão grandes
e, por vezes, perigosos, que talvez eles nunca pudessem ser
realmente enfrentados pela Guarda. Considere essa uma bre-
ve amostra do que pode vir a ser uma complicação animal.
COMO INSERIR FLORESTAS
EQUATORIAIS NO JOGO?
Esses animais não são nativos dos territórios dos ratos,
portanto, seria pouco verossímil que eles fossem encon-
trados lá. Talvez sua patrulha esteja numa missão de ex-
ploração, seja navegando para o mar do norte, seja na-
vegando para o mar ao sul ou ainda indo para além da
fronteira de cheiro em direção aos Territórios Inóspitos.
Em qualquer uma dessas possibilidades, o intento
pode ser encarado como uma missão longa, iniciando-se
no Verão e se estendendo por provavelmente duas ou
até três estações, se estiverem jogando uma campanha.
Se estiverem numa one shot, comece a aventura com a
patrulha desembarcando no território inexplorado. Não
faltarão oportunidades para inserir uma complicação
animal. Contudo, mais importante que fazer os ratos
enfrentarem cada um desses animais é apresentar a exu-
berância da floresta equatorial e dos animais que vivem
nela, seja por suas cores, por serem completamente des-
conhecidos (como macacos) ou pelo seu tamanho enor-
me. Foque na maravilha e no assombro da descoberta.
ANTA
A anta é o maior mamífero brasileiro. É um animal de há-
bito solitário e noturno. Ela tem uma coloração marrom
escura e uma pequena tromba móvel. São herbívoras e
dificilmente causariam problemas para os ratos, exceto,
talvez, por seu tamanho avantajado e sua alimentação.
Elas podem chegar a pesar 300 kgs e se um vilarejo esti-
ver no seu caminho ou próximo à sua fonte de alimento,
podem haver problemas. As antas têm gestações de ape-
nas um filhote e ele nasce com uma camuflagem de listras
e manchas que somem por volta de 8 meses de idade.
□ Natureza da Anta 6: Forragear, Fugir, Mover-se Si-
lenciosamente, Proteger os Filhotes.
□ Armas da Anta: (Quando filhote - Natureza 4)
□ Camuflagem: +2D para Manobra.
□ Gigante: o alcance do ataque da anta é maior que o
do arco de um rato.
CACHORRO-VINAGRE
São animais atarracados, com orelhas, pernas e cauda cur-
tas. Tem pelagem marrom-avermelhada e são gregários,
andando em pequenos grupos. São semiaquáticos e têm
dedos unidos por membranas. Alimentam-se normal-
mente de crustáceos, aves, anfíbios e pequenos répteis,
além de roedores como pacas e cotias, porém, podem se
alimentar de animais maiores, atacando em bando.
□ Natureza do Cachorro-vinagre 6: Latir, Caçar em
Bando, Nadar.
□ Armas do Cachorro-vinagre:
31
Mouse Guard
□ Mandíbulas Fortes: +1D para Ataques.
□ Latidos: +1D para Manobras.
GATO-MARACAJÁ
O gato-maracajá tem hábito noturno e se caracteriza por
seus olhos grandes e cauda longa. Eles escalam árvores
e são bastante ágeis no solo. Se alimentam de pássaros e
pequenos roedores. Sua pelagem conta com camuflagem
em forma de rosetas. São capazes de imitar os sons de
algumas de suas presas para atraí-las para emboscadas.
□ Natureza do Gato-maracajá 6: Caçar, Escalar, Cor-
rer, Brincar.
□ Armas do Gato-maracajá:
□ Garras retráteis: +1D para Ataque.
□ Camuflagem: +1s para Manobras bem-sucedidas.
□ Imitar Sons: +1s para Finta.
IRAPUÃ
Irapuãs são abelhas sem ferrão, porém muito agressivas,
podendo atacar outras abelhas e invadir outras colônias
para coletar mel. Elas usam fibras vegetais para fazerem
seus ninhos, por isso atacam botões florais, destruin-
do-os, e até mesmo troncos para coletarem resina, que
costuma sempre cobrir seus corpos. Essa resina também
permite a ela, quando ataca, grudar-se aos pelos do alvo.
Seu mel pode conter propriedades medicinais, mas pre-
cisa ser tratado previamente com um teste de Cozinhei-
ro Ob 3, do contrário, a ingestão pode causar a condição
Doente, pois tem a presença de bactérias.
FERRAMENTAS DO MESTRE
□ Natureza da Irapuã 3: Zumbir, Atacar outras Abe-
lhas, Fazer Mel.
□ Armas da Irapuã
□ Resina: +1D para Finta.
JOÃO-DE-BARBA-GRISALHA
Esse passarinho que habita as florestas mais densas
tem penugem marrom-avermelhada, com uma mancha
branca no papo. Chega a medir até 16 cm e seu canto é
dissílabo. Têm o hábito de construir ninhos com barro,
normalmente grandes em relação ao seu tamanho.
□ Natureza do João-de-barba-grisallha 3: Voar, Cons-
truir Ninhos de Barro, Esconder-se.
MACACO-ARANHA
Macacos-aranha tem braços bem mais longos que o tron-
co e se locomovem usando todos os membros, além de te-
rem uma pelagem quase sempre toda preta, exceto por um
triângulo branco na fronte. Dificilmente descem das árvo-
res, saltando de uma para outra com o apoio de sua cauda
preênsil. Eles emitem sons diferentes para se comunicarem
e usualmente andam em bandos. São frugívoros e insetívo-
ros, mas nas épocas de chuva, em que há poucos frutos, po-
dem comer casca de árvores, lagartas ou terra com cupins.
Se os ratos terão problemas com os macacos-aranha, será
nessas épocas de alimentação restrita. Ou se decidirem se
aventurar no alto de árvores para estabelecer suas cidades.
□ Natureza do Macaco-aranha 8: Escalar, Brincar, Vo-
calizar.
32
Mouse Guard
□ Armas do Macaco-aranha
□ Cauda Preênsil: +1s para Finta.
□ Silvos: +1D para Finta.
□ Inteligência Primata: +2D para Manobra.
PAVÃOZINHO-DO-PARÁ
Ave com penugem de coloração complexa e críptica,
com asas desproporcionalmente grandes e largas para
seu tamanho. Usa sua penugem colorida e com padrões
semelhantes a olhos para assustar predadores, com uma
pose de asas abertas e cauda erguida que as ostenta. Se
alimenta de insetos, crustáceos, rãs e peixes pequenos,
dando botes rápidos. É em geral dócil, podendo ser do-
mesticado.
□ Natureza do Pavãozinho-do-pará 4: Voar, Mostrar
as Penas, Caçar.
□ Armas do Pavãozinho-do-pará
□ Bote Rápido: +1D para Ataque.
□ Penugem Colorida: +1D para Manobra.
PIRANHA
Esse é um peixe onívoro, habitante de águas fluviais bar-
rentas, muito agressivo. Pode sentir a presença de san-
gue na água desde muito longe e possui dentes afiados.
Vivem em pequenos cardumes e são capazes de devorar
presas até os ossos em minutos. Seu tamanho reduzido
não mostra quão violentas e perigosas elas são.
□ Natureza da Piranha 7: Caçar, Nadar, Sentir a Pre-
sença de Sangue.
 FERRAMENTAS DO MESTRE
□Armas da Piranha
□ Dentes Afiados: +2s para Ataque.
□ Cardume Violento: +2D para Ma-
nobra.
SAPO-DE-CHIFRE-DA-AMAZÔNIA
Os sapos-de-chifre-da-amazônia crescem até cerca de 20
cm. Para chegar nesse tamanho, eles se alimentam in-
discriminadamente de qualquer criatura que caiba em
suas bocas. Sua coloração e chifres ajudam na camufla-
gem entre o chão cheio de folhas, onde normalmente
ficam semi-enterrados, apenas com a cabeça para fora.
São altamente territoriais e atacam com emboscadas. Se
alimentam de ratos, lagartos e até de outros sapos.
□ Natureza do Sapo-de-chifre-da-amazônia 5: Em-
boscar, Camuflar-se, Pular.
□ Armas do Sapo-de-chifre-da-amazônia
□ Camuflagem: +1D para Manobra.
□ Dentes Afiados: +1D para Ataque.
TAMANDUÁ-BANDEIRA
Solitários e de hábitos crepusculares, os tamanduás-ban-
deira são animais tranquilos e pouco territoriais. Eles cami-
nham bastante e, apesar de grandes e pesados, são capazes
de nadar e até mesmo de subir em árvores com suas gar-
ras dianteiras. Se alimentam exclusivamente de cupim com
uma língua bastante longa que sai da ponta do seu focinho
igualmente cumprido. Talvez ratos entomologistas tenham
problemas com tamanduás-bandeira, possivelmente será
algo momentâneo, ainda que signifique um ano de procria-
ção perdido. De qualquer forma, encontrar com um animal
desses deve ser um evento impactante pelas suas dimen-
sões.
□ Natureza do Tamanduá-bandeira 6: Comer Insetos,
Escalar, Nadar.
□ Armas do Tamanduá-bandeira
□ Garras Dianteiras: +1s para Ataque.
□ Erguer-se sobre as Patas Traseiras: +2D para Ataque.
□ Gigante: o alcance do ataque do tamanduá é maior
que o do arco de um rato.
TATU-CANASTRA
A maior entre as espécies de tatu, o tatu-canastra pode
chegar até 1,5m. Ele tem hábitos noturnos e vive parte de
sua vida enterrado nos buracos que ele mesmo cava. Se
alimenta de formigas e cupins, normalmente estabelecen-
do tocas próximas a formigueiros e cupinzeiros. Por isso,
é possível que os ratos entomologistas tenham problemas
com o tatu-canastra ou, se forem espertos, os sigam para
descobrir novos lugares de estudo. Os túneis que esse
animal cava abrigam também outras espécies e podem
ser aproveitados pelos ratos para agilizar construções.
Para isso talvez seja necessário espantá-lo primeiro.
□ Natureza do Tatu-canastra 5: Cavar túneis, Comer
Insetos, Esconder-se.
□ Armas do Tatu-canastra
□ Garras Poderosas: +1D para Ataque.
□ Carapaça Flexível: +2D para Defesa.
33
Mouse Guard
□ Agilidade Surpreendente: +1s para Finta.
TUCANUÇU
Também conhecido como tucano-toco, esta é a maior espé-
cie de tucano. Tem penugem preta, com manchas brancas
no papo e na cauda. O bico é bastante grande em compa-
ração ao corpo, muito alaranjado e forte, com uma mancha
negra na ponta. Usam ocos de árvore para dormir, virando
o bico sobre as costas e cobrindo-se com a cauda. Sua ali-
mentação é composta de frutas, insetos e artrópodes, ape-
sar de se alimentar de ovos de outras aves também. Talvez
causem problemas aos ratos na disputa por alimentação.
□ Natureza do Tucanuçu 4: Voar, Forragear, Comer
Insetos.
□ Armas do Tucanuçu
□ Bico Enorme: +1D para Ataque.
ESCALA DA ORDEM NATURAL
Para efeitos de comparação, segue a ordem da escala
da ordem natural, do menor para o maior:
□ Irapuã.
□ Rato jovem.
□ Rato, João-de-barba-grisalha.
□ Sapo-de-chifre-da-amazônia, Piranha.
□ Pavãozinho-do-pará, Tucanuçu.
□ Gato-maracajá, Cachorro-vinagre.
□ Macaco-aranha,Tatu-canastra.
□ Anta, Tamanduá-bandeira.
 TEORIA DE JOGOS Savage Worlds

JOGO SEM MORTE

H
olmes!” exclamei. “É realmente você? É mesmo possível que esteja vivo? Que tenha conseguido escalar aquele
abismo medonho?” “Um momento”, atalhou-me. “Tem certeza de que está em condições de conversar? Você
recebeu um grave choque com minha reaparição desnecessariamente dramática.”
– A Volta de Sherlock Holmes

Em campanhas de RPG, a morte de personagens costuma ser vista como um mal necessário. Por um lado, a imparciali-
dade dos dados e a natureza interativa e sem script dos RPGs significa que as mortes de personagens importantes em jogo
raramente acontecem quando esperadas, e muitas vezes acontecem prematuramente ou em momentos anti climáticos,
ao contrário de meios mais tradicionais como filmes e livros onde mortes costumam ter impacto narrativo e dramático.

POR WILLIAN CLASSEN

 TEORIA DE JOGOS
Por outro lado, a morte é um aspec-
to natural da vida, e é necessária para
manter a verossimilhança no universo do
jogo. Além disso, a possibilidade de morte é o risco que
faz as aventuras dos heróis terem peso e tensão, sem a
possibilidade de morte, os jogadores não precisam ser
cuidadosos em suas decisões, e as vitórias dos heróis
correm o risco de se tornarem vazias, já que não havia
um perigo real em primeiro lugar.
Equilibrar esses dois aspectos da morte é um dos tra-
balhos do mestre, e cada mesa tem seu estilo pessoal
na hora de tratar do assunto. Alguns grupos estão con-
fortáveis com aventuras perigosas, onde personagens
morrem o tempo todo e a vitória nunca é garantida, en-
quanto outros buscam um desafio que ofereça alguma
resistência, mas esteja dentro das capacidades dos per-
sonagens. Certos mestres irão favorecer rolagens atrás
do escudo, editando a experiência para evitar mortes
anti climáticas, enquanto outros preferem a transparên-
cia e a imparcialidade dos dados.
Nesse sentido, não existe um certo ou um errado. A
forma correta de lidar com as mortes em jogo depende
das preferências de cada grupo e do gênero da campa-
nha em questão. Uma aventura de terror provavelmente
terá uma dificuldade alta e mortes de personagens fre-
quentes, enquanto em uma aventura épica sobre salvar
o mundo o ideal seria que os personagens morressem
apenas em momentos dramáticos, se sacrificando para
garantir a vitória do grupo.
Mas existe uma opção diferente, uma que é bastante
utilizada em outros meios, mas vista com muito menos
frequência em RPGs de mesa.
E se o jogo não tiver mortes?
O que acontece se os heróis nunca morrem?
HERÓIS NUNCA MORREM
Heróis Nunca Morrem é o nome de uma das regras de
ambientação do Savage Worlds Edição Aventura, essa
regra propõe as seguintes alterações ao jogo:
□ Heróis que iriam morrer são apenas nocauteados.
□ Heróis morrem apenas em situações dramaticamen-
te apropriadas.
□ Vilões também nunca morrem!
Nesse artigo veremos como utilizar essa regra na sua
campanha. Como fazer pequenas alterações para ade-
quá-la a diferentes estilos de jogo e como manter um
jogo com tensão e consequências dramáticas mesmo que
os heróis sejam virtualmente imortais na narrativa. Para
começar, vamos ver algumas vantagens no uso dessa re-
gra:
DESENVOLVIMENTO DE PERSONAGENS
Personagens que duram mais tempo, sejam eles heróis
ou vilões, tem mais chances de se desenvolverem. Muita
vezes os heróis e (principalmente) vilões de uma histó-
ria podem deixar a campanha antes que o grupo tenha
uma chance de aprender mais sobre eles e vê-los crescer
dentro da narrativa. Heróis Nunca Morrem é uma ótima
35
Savage Worlds
oportunidade para a criação de personagens mais pro-
fundos, com motivações e objetivos de longo prazo, vis-
to que o grupo inteiro tem uma garantia maior de que
esses personagens sobreviverão por mais tempo.
DIFICULDADE
Em livros, filmes e games, os heróis constantemente en-
frentam forças muito acima de capacidade e são cons-
tantemente expostos a perigo mortal, mas conseguem
triunfar. Isso só é possível, é claro, porque em histórias
não-interativas o autor é onisciente e onipotente, e pode
garantir que seus personagens terão a ideia ou a ajuda
correta no momento necessário. Em vídeo games, os
personagens podem morrer constantemente, mas a pos-
sibilidade de salvar e repetir um desafio infinitas vezes
significam que a vitória costuma ser garantida, desde
que o jogador seja persistente.
Em RPGs, os personagens dos jogadores não são pro-
tegidos pela história (embora alguns mestres deem uma
ajudinha de vez em quando) e mecânicas de salvar o
jogo ou repetir um encontro não costumam ser usadas,
isso coloca o mestre num dilema: reduzir o perigo de
suas aventuras ou arriscar a possibilidade de vários per-
sonagens mortos?
Com Heróis Nunca Morrem, o mestre tem a liberdade
para aumentar os perigos e o desafio para os jogadores,
sem correr o risco de acabar com uma história prematu-
ramente.
TEORIA DE JOGOS
DICAS PARA UTILIZAR HERÓIS
NUNCA MORREM
Agora que você se interessou em fazer um jogo usando
essa regra de ambientação, vamos para a parte prática.
Aqui veremos como incorporar a regra ao universo do
jogo, como criar tensão e drama em situações onde já
sabemos que os personagens irão sobreviver, como criar
condições de falha alternativas para as missões do jogo,
bem como outras ideias para a sua mesa.
EXPLICANDO A SOBREVIVÊNCIA DOS
PERSONAGENS
Uma das primeiras considerações necessárias ao se usar
essa regra de ambientação é encontrar formas de expli-
car a sobrevivência dos personagens dentro da narrati-
va do jogo, um personagem não pode levar um tiro no
peito e sobreviver só porque a regra diz que sim. Como
explicar a sobrevivência desse personagem?
Existem algumas formas comuns empregadas em his-
tórias que podem ser úteis nessa situação, a primeira é a
ideia de que os personagens dos jogadores simplesmen-
te são mais sortudos que a maioria: a bala que atingiria o
coração do herói foi parada pelo medalhão de sua famí-
lia, o vilão que caiu da montanha conseguiu cair na água
e ter sua queda amortecida, a flecha que atravessou o
guerreiro não atingiu nenhum órgão vital. Essa tradição
é muitas vezes descrita com o termo plot armor: os per-
sonagens não morrem porque, de certa forma, são pro-
36
Savage Worlds
tegidos pela história e o universo parece conspirar pela
sua sobrevivência. Esse método é bastante utilizado em
histórias de ação, onde o público já sabe que o herói vai
vencer, e o que importa é descobrir como ele vai vencer.
Outra justificativa bastante utilizada, principalmente
em animações japonesas e histórias de super heróis, é
a ideia de que os personagens simplesmente são mais
resistentes do que a média. Aqui, os heróis podem con-
tinuar lutando apesar de sangramentos graves e ossos
quebrados, nesse tipo de universo com personagens so-
bre-humanos não é inesperado que eles constantemente
sobrevivam a ferimentos mortais e consigam voltar para
a ação algum tempo depois.
Por fim, uma justificativa muito comum para a sobrevi-
vência estendida dos heróis e vilões pode ser a ideia que,
apesar de se enfrentarem, nenhum dos lados quer matar
o outro. A relação entre batman e o coringa é um exem-
plo bastante icônico dessa dinâmica: batman se recusa a
matar até mesmo o pior dos criminosos, e o coringa se re-
cusa a matar batman porque se diverte vendo os esforços
do herói. Essa dinâmica também pode ser observada no
mundo real, em tempos de guerra, muitas vezes é preferí-
vel tomar prisioneiros à executar o lado derrotado, os pri-
sioneiros inimigos podem ser trocados por aliados presos
pelo outro lado, interrogados por informação ou usados
como trabalho. Na sua mesa, os heróis derrotados podem
ser presos e forçados a escapar da prisão e recuperar seus
equipamentos sempre que chegarem em situações onde
normalmente seriam considerados mortos.
 TEORIA DE JOGOS
Um quarto método, usado princi-
palmente por video games, é a ideia de
um “respawn” dentro do universo do jogo.
Em Dark Souls, muitos dos personagens são mortos
vivos marcados pela darksign, forçados a reviver sem-
pre que morrem, mas sempre perdendo um pedaço de
sua sanidade, até se tornarem hollows completamente
enlouquecidos. Em Bioshock, o personagem é revivido
dentro de uma vita-chamber. Em Borderlands, um novo
clone do personagem é gerado pela New-U Station sem-
pre que ele morre. Essa dinâmica funciona melhor em
universos fantásticos ou de ficção científica, onde ideias
de ressurreição ou clonagem fazem mais sentido. Nesse
caso específico, não se trata exatamente de um Heróis
Nunca Morrem. Os heróis e vilões podem sim morrer,
mas podem voltar à vida com tanta facilidade que a
morte se torna inconsequente.
OS CUSTOS DA “MORTE”
Caso você queira adicionar Heróis Nunca Morrem à sua
campanha, mas ainda esteja incerto sobre abraçar com-
pletamente o espírito da regra, um bom meio-termo é
adicionar pequenas consequências mecânicas e narra-
tivas à morte de um personagem. Isso faz com que a
morte (ou quase) morte não seja permanente e definiti-
va como seria em um jogo normal, mas também não se
torne algo trivial. Algumas consequências possíveis:
O personagem…
...rola na Tabela de Lesões e ganha uma Lesão perma-
nente
...perde um Bene (se tiver algum)
...tem um atributo ou perícia reduzido até o fim da
sessão, ou até se curar
...não recebe um Avanço em sessões onde teria morri-
do
...recebe uma Complicação
...perde uma peça de equipamento
CRIANDO DRAMA E TENSÃO
Em uma campanha convencional, os riscos e a condi-
ção de derrota do grupo costumam ser simples: a vida
dos personagens está em jogo, e eles sempre podem
morrer em ação. Em um grupo utilizando as regras do
Heróis Nunca Morrem, é importante que o mestre con-
siga estabelecer riscos e condições de derrota alternati-
vos para suas aventuras.
Como criar drama e tensão quando os jogadores sa-
bem que seus personagens não irão morrer? Como fazer
as vitórias serem suadas e conquistadas contra persona-
gens que não podem ter suas vidas ameaçadas?
AMEAÇANDO TODO O RESTO!
Familiares, amigos, pessoas inocentes, a cidade intei-
ra...É extremamente importante que os vilões tenham
objetivos que vão além de acabar com a vida dos heróis
- já sabemos que isso eles não vão conseguir -, no lugar
37
Savage Worlds
disso, vamos utilizar vilões que estão tentando mudar o
mundo ou atacar os personagens de forma indireta.
Dano colateral e mudanças radicais no mundo são a
regra nesse tipo de jogo, digamos que os personagens
estão no zigurate amaldiçoado enfrentando Maggarth,
O Necromante, e acabam sendo derrotados no combate
final. Em uma campanha comum, provavelmente todos
os heróis morreram, a campanha acabou e o grupo se
prepara para sua próxima campanha.
Com Heróis Nunca Morrem, os jogadores não tem
essa sorte. Agora que o ritual foi finalizado e mortos-
-vivos caminham pelo mundo tudo, os heróis precisam
lidar com as consequências de seu fracasso, ou se rea-
grupar e preparar uma segunda investida para conser-
tar seus erros!
NUNCA ME PEGARÃO...MORTO!?
Heróis Nunca Morrem é uma regra de ambientação mui-
to interessante do SWADE, apesar de não trazer muitas
alterações mecânicas ao jogo, ela pode transformar com-
pletamente a experiência da sua mesa. Na sua próxima
campanha, tente implementar essa regra, pensando nos
pontos abordados nesse artigo, e divirta-se!
 ROLANDO OS DADOS Four Against Darkness

ELEMENTOS
SCI FI EM 4AD

M
asmorras guardam muitos segredos. Até
mesmo segredos de outros mundos (ou
eras), como artefatos metálicos que emi-
tem luzes e sons ou criaturas inorgânicas cheias de
fios. Talvez as personagens dos jogadores sejam
capazes de entender a estranha tecnologia desses
achados ou apenas os considerem como um tipo
diferente de magia.
Este artigo apresenta tabelas de elementos de
ficção científica e sugestões de como introduzi-los
em suas aventuras de Four Against Darkness.

POR IVAN COLUCHI

 ROLANDO OS DADOS
COMO INTRODUZIR
FICÇÃO CIENTÍFICA EM
SUAS MASMORRAS
Four Against Darkness se passa em um cenário de fan-
tasia medieval, com todos os elementos recorrentes des-
se gênero. Mas, por ser um jogo modular montado por
tabelas, pode facilmente receber elementos de outros
estilos. É só substituir uma ou outra tabela padrão por
uma tabela com as características do gênero desejado.
As mecânicas de combate e exploração continuam as
mesmas, o que muda são as descrições dos itens e cria-
turas.
Para introduzir os elementos desse artigo em suas
aventuras, apenas substitua as tabelas padrão de Four
Against Darkness pelas equivalentes apresentadas nes-
te artigo. Todas as outras tabelas continuam as mesmas.
Você pode utilizar as três opções de tabelas presentes
neste artigo, se quiser que os elementos de ficção cien-
tífica sejam mais frequentes, ou apenas uma ou duas
delas, se quiser que a tecnologia seja mais rara.
Na parte narrativa, existem algumas formas de justi-
ficar a inclusão de tecnologia, robôs e alienígenas. Se-
guindo o espírito de aleatoriedade do jogo, role d6 e
veja na tabela a seguir como a tecnologia foi parar na
sua masmorra.
Four Against Darkness
Pouso forçado. Uma nave alienígena caiu pró-
ximo do covil dos monstros. Eles saquearam o
1-2 estranho veículo, obtendo tesouros tecnológicos,
e algumas criaturas que sobreviveram à queda
agora andam pelos corredores da masmorra.
Portal para um novo mundo. Experimentos com
teletransporte, hiperespaço ou buracos negros
feitos por civilizações alienígenas abriram um
portal dimensional no meio da masmorra. Itens
e criaturas passaram para a nossa realidade e
3-4
estão espalhados pelos cômodos a serem explo-
rados pelas aventureiras. Talvez o portal ainda
esteja aberto e leve para um novo nível, cheio de
terrores alienígenas. Talvez a missão das perso-
nagens seja encontrar e fechar o portal.
Passado remoto. A tecnologia não vem de ou-
tro mundo, mas é resquício de uma civilização
avançada que deixou de existir há milhares de
anos. Os habitantes da masmorra encontraram
5-6
um estoque subterrâneo antigo cheio de mara-
vilhas tecnológicas. Até mesmo algumas criatu-
ras do passado que estavam dormentes acorda-
ram e agora vagam pelos corredores sombrios.
NÍVEL DE DIFICULDADE: DIABÓLICO!
Os desafios apresentados neste artigo são indicados
para grupos com personagens que já alcançaram o 3º ní-
vel. Você pode usar as tabelas a seguir contra um grupo
iniciante, mas isso deixará a masmorra mais mortal do
que se você usar as tabelas padrões do livro básico de
39
 ROLANDO OS DADOS
Four Against the Darkness. Se perso-
nagens de nível 1 e 2 sobreviverem em
uma masmorra criada com os elementos
deste artigo, será uma grande vitória. Comemore!
Você também pode usar os elementos deste artigo em
conjunto com o suplemento Inimigos Diabólicos, que tam-
bém é planejado para personagens que já alcançaram o 3º
nível.
TABELA DE TESOUROS
TECNOLÓGICOS
Substitui a Tabela de Tesouros Mágicos apresentada na
página 29 de Four Against Darkness.
Para adicionar um grau extra de dificuldade ao jogo, você
pode considerar que as personagens precisam analisar os
artefatos tecnológicos antes de conseguirem usá-los, já que
são muito diferentes dos itens comumente encontrados em
uma masmorra de fantasia medieval. Para identificar o obje-
to, um integrante do grupo pode gastar uma pista ou pode
fazer um teste para desvendar enigmas (página 21 de Four
Against Darkness). Caso seja bem-sucedida no teste, a per-
sonagem entende como utilizar o artefato. Se o resultado for
uma falha, a investigação danifica o objeto e ele não pode
mais ser utilizado (alguns itens têm um efeito negativo ex-
tra, de acordo com a tabela a seguir). Caso a personagem
gaste uma pista (página 48 do livro básico), ela consegue
identificar o objeto sem precisar fazer um teste.
Four Against Darkness
TABELA DE TESOUROS TECNOLÓGICOS (D6)
Granada. Uma cápsula metálica com um botão vermelho. Poder de ataque igual a d6+3. Se estiver usando a
1 regra de identificar objetos explicada acima e a personagem falhar no teste, a granada explode, causando 1
ponto de dano a cada aventureira do grupo.
Gel cicatrizante. Um tubo plástico cheio de gosma verde com aroma de ervas. Cura todos os pontos de vida
2
de uma única personagem. Uso único. Pode ser utilizado por Bárbaros.
Disruptor visual. Uma pulseira com um visor circular que projeta uma cópia holográfica distorcida sobre
a imagem real da personagem. Essa distorção faz com que os inimigos tenham dificuldade em focalizar
3 golpes contra quem está usando o disruptor (personagem recebe +1 para testes de Defesa). Bateria sufi-
ciente para dois combates. Mesmo sem energia, é uma pulseira bem trabalhada e pode ser vendida por 2
peças de ouro.
Bastão taser. Bastão metálico de 50 cm de comprimento com dois espinhos que soltam faíscas em uma das
pontas. Funciona como uma arma de mão esmagadora com bônus de ataque +2. Não pode ser usado por
4 Bárbaros. Se estiver usando a regra de identificar objetos explicada acima e a aventureira falhar no teste,
essa personagem recebe 1 ponto de dano de choque (mas o taser não é inutilizado e pode ser usado normal-
mente depois disso).
1d6 pílulas de adrenalina. Pequenas cápsulas laranjas que devem ser ingeridas pela personagem. Bônus
5 de +1 para defesa e ataques físicos (corpo a corpo ou a distância) durante uma única rodada. Não dá
bônus para lançar magias. Pode ser utilizado por Bárbaros.
Scanner analisador. Um óculos que ajuda a analisar dados, projetando informação em suas lentes. Bônus
6
de +1 para decifrar enigmas ou desarmar armadilhas.
TABELA DE CHEFÕES TABELA DE ABERRAÇÕES
TECNOLÓGICOS TECNOLÓGICAS
Substitui a Tabela de Monstros Bizarros apresentada
Substitui a Tabela de Chefões apresentada na página
na página 33 de Four Against Darkness. Derrotar uma
32 de Four Against Darkness. Derrotar um Chefão Aberração Tecnológica dá direito a um teste de XP (com
Tecnológico dá direito a um teste de XP. exceção dos Nanorobôs).
40
ROLANDO OS DADOS Four Against Darkness

TABELA DE CHEFÕES TECNOLÓGICOS (D6)

Planta carnívora alienígena. Nível 5, 6 pontos de vida, 3 ataques por turno, tesouro normal. Uma massa
vegetal cheia de vinhas que se movem como tentáculos e bolsões com ácido para digerir suas vítimas. An-
tes do combate, as personagens podem fazer um teste de enigma (página 21 de Four Against Darkness). Se
1 forem bem-sucedidas, elas percebem que a planta só está com fome e pode ser subornada com uma ração
(toda vez que as personagens passarem pelo cômodo da planta). Caso falhem no teste para desvendar o
enigma ou não tenham uma ração para entregar, a planta irá lutar até a morte.
Robô enorme. Nível 5, 6 pontos de vida, 2 ataques por turno, 2 rolagens de tesouro. Ataques esmagadores
2
causam -1 de dano contra o robô enorme. Reação: luta até a morte.
Robô assassino. Nível 6, 4 pontos de vida, tesouro -1. Unidade robótica programada para matar. Reação: lutar
3
até a morte.
Criatura alienígena. Nível 6, 5 pontos de vida, tesouro +1. Podem ser um homenzinho verde, um humanói-
4
de parecido com elfos ou uma criatura insetóide. Reação (d6): 1-2 foge, 3-4 luta, 5-6 luta até a morte.
Senhor do Caos Intergaláctico. Nível 6, 7 pontos de vida, 3 ataques, 3 rolagens de tesouro. Antes da luta, role d6
para determinar se o Senhor do Caos Intergaláctico tem alguma habilidade especial: 1-2 nenhuma habilidade, 3-4
granada (antes do combate, todas as personagens devem fazer uma rolagem de defesa contra nível 5 ou perdem 2
5
pontos de vida), 5-6 raio paralisante (antes do combate, todas a personagens devem fazer um teste de defesa contra
nível 4 ou não podem atacar no primeiro turno). Quando o Senhor do Caos Intergaláctico morrer, você recebe uma
pista (página 48 do livro Four Against Darkness). Reação (d6): 1-2 pede suborno (200 PO), 3-6 luta até a morte.
Monstro armado até os dentes. Nível 7, 8 pontos de vida, 2 rolagens de tesouro. Uma das criaturas da
masmorra que encontrou um estoque de armas e armaduras futuristas. Role d6 para decidir qual é o
monstro que está armado até os dentes, cada um deles tem uma característica particular:
1 - orc (2 ataques por turno)
2 - ogro (cada ataque causa 2 pontos de dano)
6 3 - minotauro (halfling não podem usar sorte no combate contra o minotauro)
4 - demônio (vontade +1)
5 - troll (regenera 1 ponto de vida em seu turno de ataque, a não ser que seja atacado com fogo ou ácido
ou se um ataque corpo a corpo cortante for feito quando ele estiver com 0 pontos de vida)
6 - homem-cabra (entra em frenesi no início do combate, trate-o como nível 8 na primeira rodada)
Reação (d6): 1 pede suborno (250 PO), 3-4 luta, 5-6 luta até a morte.

41
ROLANDO OS DADOS Four Against Darkness

TABELA DE ABERRAÇÕES TECNOLÓGICOS (D6)

Mutante tóxico. Nível 5, 4 pontos de vida, tesouro normal. Um monstro da masmorra foi contaminado por
um patógeno desconhecido e virou uma massa disforme de braços, bocas e garras. Qualquer personagem
1 que tome dano do mutante tóxico deve passar em uma rolagem contra veneno nível 3 ou perder 1 ponto de
vida extra. Halflings adicionam seu nível nessa rolagem. Reação: luta até a morte.
Sistema automático de defesa. Nível 6, 5 pontos de vida, tesouro -1. Uma unidade cibernética de combate com
2
braços mecânicos terminados em canhões laser e motosserras. Reação: luta até a morte.
Holograma de combate. Nível 4, 4 pontos de vida, sem tesouro. Sempre que as personagens voltarem para o cômo-
3
do onde enfrentaram o holograma, terão que enfrentá-lo novamente. Reação: luta até a morte.
Nanorobôs. Criaturas minúsculas que coletam pedaços de metal para realizar reparos em outras máqui-
nas. É impossível lutar contra eles, pois são uma nuvem de mini partículas. Encontrá-los não dá nenhum
4
teste de XP. O grupo perde d6 objetos de metal nesta ordem de preferência: peças de ouro (10 PO equiva-
lem a 1 item perdido), armas, itens mágicos.
Horror cósmico. Nível 6, 6 pontos de vida, nenhum tesouro. Essa criatura desafia toda mente racional
com sua forma desconexa, sons inumanos e movimentos que desafiam as leis da gravidade. Antes do
5 combate, todas as personagens devem fazer um teste de defesa contra nível 5. Quem falhar no teste, fica-
rá paralisada pelo terror e não poderá atacar em seu primeiro turno de combate. Reação (d6): 1-2 foge, 3-4
luta, 5-6 luta até a morte.
Cientista maluco. Nível 7, 7 pontos de vida, 3 rolagens de tesouros, vontade +1. Um habitante da mas-
morra começou a usar a tecnologia misteriosa para realizar experimentos em cobaias aprisionadas. Esse
cientista maluco também preparou uma armadilha para capturar mais vítimas. Antes do combate, role
um teste de defesa contra uma armadilha de gás venenoso nível 4 (ignorando escudos e armaduras). Per-
6
sonagens que falharem no teste recebem 1 ponto de dano. Se o cientista maluco for derrotado, você pode
libertar as cobaias. Caso faça isso, obtenha uma pista (página 48 do livro Four Against Darkness), mas
role para monstros errantes (página 47 de Four Against Darkness) já que as cobaias fazem barulho ao fu-
gir. Reação (d6): 1-2 pede suborno (200 PO), 3-4 luta, 4-5 luta até a morte.

42
 APOIADORES PUNKVERSO
BIBLIOTECÁRIO:
Bruno Vassalo da Silva, Caio Toledo, Fabiano de Jesus da Silva, Gabriel Alves Ro-
drigues, Ismael da Silva Machado, Ivan Coluchi, Jacqson Reis Santos, Jefferson de
Araújo Lima da Silva, Joao Amadeu Nascimento Vieira, Leandro Campos, Luis Gus-
tavo Remistico, Luiz Felipe Bruno, Matheus Gonzaga, Mattheus Belo, Nina Bichara,
Paulo Ramon Nogueira de Freitas, Pedro de Souza, Ricardo Rosa Dos Santos, Rober-
to "Necrobeto" Barreto Miyoshi Moreira, Ronald Tunner de Souza Santos, Thallys
de Freitas Soares, Victor Hugo Scatamburlo, Victor Scudeler Bechelli

INVESTIGADOR SELVAGEM:
Claus Tessmann, David Castro da Silva, Felipe Dos Santos Silva, Gabriel Amabile
Boscariol, Gene Cavalcante, Gustavo Aurélio Cooper, Icaro Victor Oliveira, Jack Ber-
tin, Marcelo Augusto Galvao, Mari Ricci, Patricia Brito, Paulo Fabricio Maciel, Rafael
da Silva Lopes, Rafael Tokarski Ribas, Rodrigo Carvalho Dias, Rodrigo Giesta Fi-
gueiredo, Tiago Luiz Mairink Barão, Wilson Maranha Totti, Ádilla Arantes Pereira

PUNKER:
Amauri Antunes Pereira Junior, Artur Barroso Mirço, Chrysthowam A. San-
tos, Denis Oliveira, Emanuel Guilherme, Fabio Carvalho, Felipe Figueiredo, Fe-
lipe Menezes Machado, Fábio Corrêa, Gustavo José Jordan Prado, Hades Onei-
roi, Igor Luís, Jefferson Geovane, Kadu Araujo, Kirlian Silvestre, Lauro Ângelo
Gonçalves de Moraes, Luiz Fernando Rossafa Dias Macedo, Lyonn Jarrie Valla-
dares Mirandela dos Santos, Maiquel Leonel, Mateus Herpich, Maxwell Araujo
Santiago Tavares, Milton Diogo, Nicholas Ataide Minora, Rafael Panczinski de
Oliveira, Renata da Silva Bruscato, Ricardo Mallen Machado de Souza, Sérgio
Ricardo Almeida Matuda, Valdir Possani, Vitor Bornéo, Vitor Carvalho. Vítor
Alves Patriarcha

MESTRE:
Daniel Diego Lacerda Cirilo, Franco Guglielmoni, Fábio Medeiros, Lucas Mes-
tre Ferreira Alves, Luis Felipe Nadal Unfried, Miguel Souza Silva, Peter Bidel CATARSE.ME/PUNKVERSO
Schwambach, Stefano Aires, Yuri kleiton Araújo Sanches
 EDIÇÃO 021
SETEMBRO/21

NA PRÓXIMA EDIÇÃO:
CAÇADORES DE TROLLS
PARA SAVAGE WORLDS
E MAIS: O CÃO DE CAÇA PARA RASTRO DE CTHULHU
ATRÁS DO ESCUDO: BAILES PARA THE DARK EYE
DE MESTRE PARA MESTRE: TRAPAÇAS DENTRO E FORA DO JOGO