Bruno Souza (order #22826640)

John Bógea fala sobre Terra

Devastada e seus projetos em
um bate-papo com a RolePun-
kers. Além disso, prepare-se
para enfrentar zumbis e a má-
fia italiana em uma aventura
empolgante escrita por Jefer-
son ‘Kalderash”.

Pág. 12
RPG Indie: Afinal
o que é isso? 4
Resenha: Terra
Devastada 8
Resenha exclusiva de Este
Corpo Mortal, um jogo sobre
Entrevista: John Bogéa 12
magia e paixões 100% colabo-
rativo que usa uma mecânica
Presságio 19
de apostas para resoluções de Colaboração 25
conflitos Resenha: Este Corpo
Mortal 26

26
Rastro de Cthulhu: Uma
30
Pág. Nova Abordagem
Uma Escopeta para a
Máfia Italiana 34
Promoção 40

Bruno Souza (order #22826640)

 ROLEPUNKERS
Edição 01 — Novembro de 2011

Editorial de Reestreia

Há pouco mais de ano a RetroPunk publicava a edição zero da Rolepunkers. Muito tem-
po se passou sem uma nova edição e à medida que a editora publicava novos títulos, se fazia
necessário um espaço para apresentar material extra para seu público. A ideia principal da
revista continua a mesma: promover o material da editora e apresentar conteúdo extra para
ser usado nas mesas de jogo.
Então você irá encontrar nesta e nas próximas edições da Rolepunkers, material relacio-
nado à Rastro de Cthulhu, 3:16 Carnificina Entre as Estrelas, Fiasco, Terra Devastada e também
para os vindouros Este Corpo Mortal – você encontra uma resenha exclusiva nesta edição,
Litle Fears Pesadelo, SavageWorlds, Espírito do Século entre outros títulos.
Mas a RolePunkers não será apenas da RetroPunk, ela será aberta a todos os sistemas e
cenários de RPG, sempre com um olhar mais atento ao RPG Indie – se não sabe o que vem Editores:
a ser isto, recomendamos a leitura do primeiro artigo desta edição. Fernando del Angeles, Fábio Silva, Guilherme Moraes

A revista será bimestral e contará com matérias relacionadas a hobby, aventuras prontas, Identidade visual e arte final:
adaptações e resenhas; tudo com o objetivo de tornar as aventuras ainda mais divertidas. John Bogéa

Além do texto sobre RPG Indie e da resenha de Este Corpo Mortal, nesta edição encontra Revisão:
uma resenha do Terra Devastada, assim como uma entrevista com seu autor, material para Guilherme Moraes
Rastro de Cthulhu e Terra Devastada, além de uma promoção de reestreia da Rolepunkers.
Colaboradores:
Agradecemos desde já a todos que vão ler esta edição e qualquer dúvida, sugestão, crítica Jeferson ‘Kalderash’
ou se quiser enviar material para ser publicada nas edições futuras, é só nos procurar no
Imagem de capa:
twitter @Rolepunkers, ou entrar em contato em nosso email rolepunkers@retropunk.net. Capa de Este Corpo Mortal; Artista: Jennifer Rodgers
Os Editores
Agradecimentos:
Erick Patrick do RPG do Mestre, Escocês Voador,
Tifa Valentine, Jeferson ‘Kalderash’, João Mariano,
Jonh Bogéa, Moises Saraiva deLuna

Bruno Souza (order #22826640) 3

 RPG Indie
Afinal o que é isso?
Por Fernando Del Angeles

RPG Indie – ou RPG independente – é algo que parece estar na moda

nesta fase do RPG nacional. Mas afinal de contas, o que diabos vem
a ser RPG Indie? A resposta para essa questão pode não ser
tão simples, ou pelo menos não ter uma resposta
padrão.
Ao invés de afirmar o que é Indie,
não seria melhor abrir um debate
para que o entendimento sobre
esta questão seja mais comple-
to? Para isso, ninguém melhor
do que os próprios RPGistas que
consomem e produzem o tal In-
die para responder a esta pergunta.
Abaixo estão reunidas as opiniões de
alguns membros da blogosfera RPGís-
tica e autores de RPG nacional.

Para poder dizer o que é RPG

Indie nós podemos começar
pelo termo contrário, então, o
que seria RPG mainstream? Para
mim, RPG mainstream é que aquele que a
maioria joga, que se tornou o sinônimo de
RPG. Só para exemplificar isso, se pensar-
mos em Heavy Metal logo vem a nossas
cabeças, e principalmente na cabeça daque-
les que não são conhecedores a fundo, ban-
das como Iron Maiden e Metallica, o mesmo
funciona no RPG. Quem nunca, ao explicar o
que era RPG para leigos, acabou fazendo com-

4
Bruno Souza (order #22826640)
 parações à Caverna do Dragão e Senhor dos Anéis? Com
isso podemos concluir que o RPG mainstream está li-
gado à fantasia medieval e não por acaso o RPG de
maior sucesso mundial é o D&D.
Claro que nesse bolo podemos incluir outros siste-
mas e outros gêneros, como por exemplo, o Mundo das
Trevas e o sistema Storyteller/Storytelling, que tornou os
vampiros tão populares entre os RPGistas durante os
anos 90.
Assim o que difere disso poderia ser considerado
Indie. Um RPG de piratas com regras próprias sobre
isso poderia se encaixar nessa ideia, mas ainda tería-
mos a questão de editoras grandes x editoras Indies e
nesse assunto poderia ser incluindo a quantidade de li-
vros impressos e a questão mercadológica, mas prefiro
não entrar em uma área desconhecida por mim.
Mas no final, Indie ou mainstream é apenas uma
nomenclatura e não deve existir rivalidade entre os
dois, nada proíbe quem joga D&D de jogar um Terra
Devastada e vice versa. Na verdade, quanto mais RPGs
existirem, melhor para nós jogadores.”
Fernando del Angeles,
Editor da Rolepunkers
Apenas depois que aceitei escrever sobre
RPG Indie é que fui realmente pensar so-
bre o tema. E minha primeira pergunta
foi bem simples: O que diabos é RPG In-
die? (Seguida de uma daquelas carinhas bem próprias
de anime em que a pessoa não faz ideia sobre o que está
falando).
É pessoas, é muito triste assumir isso, mas cá es-
tou eu, com alguns bons anos de RPG nas costas e não
sabia que RPG Indie é, nada mais nada menos que,
RPG independente. Que vergonha. Minha maravilho-
Bruno Souza (order #22826640)
sa (vergonhosa e curta) conclusão sobre a maravilha
do mundo dos RPG Indie é que precisamos de mais,
muito mais, RPG Indie.
Enquanto RPG mainstream é uma maravilha, tem
todo um apoio logístico para acontecer, e toda a fama
que merece e lutou para conquistar, o RPG Indie tam-
bém está aqui para marcar presença.
Há tantas possibilidades que fiquei impressionada,
(tem até um Indie RPG Award todo ano desde 2002!),
os autores que se empenham tanto para fazer um tra-
balho de qualidade e tudo sem o apoio das grandes (ou
de quaisquer) editoras...
Sou a favor do RPG Indie, dou apoio a ele e, princi-
palmente, à divulgação deles!
Meu apoio e respeito a todo autor de RPG Indie.”
Tifa LockhartValentine
Colaboradora do RPG do Mestre
Se pudesse pegar uma espada e sair pelo
mundo, o que realmente gostaria de ter?
Um castelo, uma odalisca, um Dragão,
um bordel? Não posso dizer ao certo, afi-
nal existem tantos elementos que tornariam nossas
simples vidas interessantes, que não me atreveria a
elencar quais gostaria mais. Em se tratando do univer-
so no RPG é bem isso que o Indie representa, a cons-
trução de um jogo com elementos diferentes do tradi-
cional, objetivando estabelecer um sonho, uma história
onde a mecânica contribua com o grupo, de forma si-
milar a esta nova época em que vivemos, cheio de mu-
danças e laboriosidade.”
Jefferson ‘Kalderash’
Colunista do blog Paragons
O que é RPG Indie? No fundo “Indie” é
mais um daqueles rótulos, uma daquelas
designações cuja interpretação do seu
significado, quer através de analogias ou
traduções diretas, não consegue contemplar a soma de
todas as partes. Não mais do que em “Roleplaying
Game”, por exemplo.
Àparte de ser uma produção de autor, de pequena
circulação e poucos recursos ou de ter sido histori-
camente motivado por uma agenda de publicação de
uma dada comunidade online, um RPG Indie prima
por tentar incluir alguma inovação, na perspectiva do
seu criador, quer na apresentação quer na experiência
de jogo que promove.
Normalmente é despojado de todos os elementos
que sejam acessórios ao foco dessa experiência que se
quer bastante específica. Pretende-se que o sistema de
jogo se torne, nas mãos dos jogadores, uma ferramenta
de grande precisão para se conseguir chegar sem esfor-
ço a uma diversão de escopo limitado, mas garantida-
mente intensa. O escopo normalmente prende-se com
a emulação de um dado género como o “horror espa-
cial” e não tanto a simulação de um universo fictício
tal como uma “sociedade monstruosa e suas conspira-
ções sobrenaturais”.
Algumas das vezes as inovações apresentadas pelos
RPGs Indie não são mais do que a consolidação de téc-
5
 nicas anteriormente apresentadas noutros RPGs agora
apresentadas numa forma mais elegante, nem que seja
pelo design das suas regras ou na clareza do texto de
jogo. Algumas dessas diferenças por vezes não sobre-
vivem a uma inspeção mais cuidada, pois mostram-se
como sendo conceitos efémeros pouco consubstancia-
dos por testes de jogo recorrentes ou pelo próprio en-
genho do seu autor.
Mas quanto àqueles RPGs Indie que trazem algo de
novo? Essa tal experiência fascinante a partilhar sem
falta com outros aficionados deste hobbie? Bem, es-
ses eu pretendo jogá-los a todos e espero que os outros
RPGistas também, pois um mundo cheio de alternati-
vas não é só por si um mundo mais enriquecedor, mas
também um mais completo.”
João Mariano
Blog Sopa de RPG e
Podcast Ludonautas
RPG Indie, para mim, é todo aquele RPG
publicado de forma independente, sem
ter uma editora tradicional bancando as
coisas. O Indie ali não seria uma forma
carinhosa — cof, fresca, cof — de abreviarmos inde-
pendente, não? Além disso, os RPGs Indies costumam
ser lançados, primeiramente, em formatos além livro
impresso, como o PDF, HTML ou mesmo em posts de
6
Bruno Souza (order #22826640)
blog. Se vir algum RPG sendo lançado dessa forma,
você, provavelmente, estará diante de Indie.”
Erick Patrick
Blog RPG do Mestre
É extremamente difícil definir o que é a
subcultura Indie e quais são seus elemen-
tos centrais. Seria a posição de negação
dos ditames mercado como definidor da
produção? Seriam os atores envolvidos? Seriam os cri-
térios de produção? Ou talvez o público alvo?
As mesmas dificuldades de definição são encontra-
das quando perguntamos “o que define um RPG como
Indie?” Eu começaria respondendo o que NÃO define
um RPG Indie: o sistema e o cenário. Não podemos fi-
car contentes em achar que fantasia medieval ou vam-
piros modernos não podem tecer as histórias de um
RPG Indie, da mesma forma que o fato de um sistema
usar o D20 e se basear em 6 atributos de personagem
automaticamente o classificam como mainstream.
Em minha opinião, a forma mais importante de
definir um RPG como Indie está relacionado com a
postura editorial. Sim, afinal você, editor de um novo
livro, pode decidir entre “oferecer um produto que
todo mundo vai querer comprar” ou “oferecer um
produto diferente de tudo o que está aí disponível”. A
postura Indie passa, necessariamente, pelo desapego a
padrões de consumo; Indie nesse caso está relacionado
com “independente dos modelos pré-definidos pelo
mercado”.
Mencionei que o sistema e o cenário não são sufi-
cientes para definir um RPG como Indie. Mesmo as-
sim, eles ajudam a ter essa percepção, pois é também
uma característica da cultura Indie fazer experimenta-
ções com o que as pessoas ainda não tiveram coragem
ou oportunidade de criar. É possível ser Indie repetin-
do uma fórmula consagrada, mas é bem mais difícil.
Aqui, Indie significa “independente do que já foi pro-
duzido anteriormente”.
Mas muitas vezes, mesmo os produtos mainstream
não conseguem satisfazer por completo seus consumi-
dores. Acaba surgindo dessa maneira a necessidade
daquele pequeno grupo por um produto específico, e
a produção Indie entra aqui com força (em qualquer
ramo de produção cultural). Às vezes, o objetivo da
produção Indie é satisfazer apenas aquele pequeno ni-
cho; Indie pode ser lido aqui como “independente da
opinião da maioria do público”.
Os RPGs Indies nunca irão dominar o mercado
(esse nunca foi seu objetivo), mas é desejável que exis-
tam em grandes números, pois eles são sem dúvida
importantes medidores de tendências e preferências
de uma parcela importante dos jogadores. Ouso dizer
além: a quantidade de lançamentos Indies revela a
criatividade e a capacidade de se renovar da subcultu-
ra RPGística. Ficar cego aos Indies é também perder
no longo prazo a capacidade de ser um transgressor, é
ficar para sempre preso em velhas práticas enfadonhas
e viciadas, comiserando-se na mesmice.”
Escocês Voador
Blog Mestre Velho e
Colunista do blog RPG do Mestre
RPG independente é a chance do autor
tentar novas formas de jogo, conceitos di-
ferentes e releituras, já que ele não tem
obrigação nenhuma com modelos famo-
sos de design e mercado. O RPG Indie é o Pulp de
hoje.”
JonhBogéa
Blog Sala 101 e
Autor de ‘Terra Devastada’
Bruno Souza (order #22826640)
 Terra
Devastada
Conheça o primeiro
RPG de zumbis
lançado no Brasil
Por Fernando Del Angeles

Ninguém pode negar que o gênero está em alta. Filmes de zumbis têm se
destacado e, além disso, há também quadrinhos e até mesmo um recente se-
riado que apresentou um grande retorno e garantiu continuação logo nos pri-
meiros episódios. Para completar, faltava um título de RPG dessas criaturas
horrendas que aprendemos a amar – desde que bem longe de nós. É claro que
já existem títulos gringos como o Shotgun Diaries – trazido para o Brasil pela
RedBox – All Flesh Must Be Eaten e Outbreak: Undead, mas um título nacional
era algo novo. Novidade essa que a parceria entre John Bogéa a Retropunk
trouxe para todos em um livro conta com 128 páginas.
O conteúdo do livro é bastante agradável: ele começa com um diário de um
juiz chegando à uma pequena cidade do Amapá e como as coisas vão mudando
e se transformando em uma verdadeira Terra Devastada. Todos os capítulos
possuem um pequeno conto introdutório que ajuda na ambientação do cenário
e traz ideias para o Mestre dos Mortos – ou Mestre apenas – de como conduzir
uma aventura com zumbis.

8
Bruno Souza (order #22826640)
 Os capítulos são bem divididos e explicados, em
poucas páginas é possível ter uma boa noção do que
foi o Dia Z – dia em que começaram a correr as in-
formações do surgimento dos zumbis – com informa-
ções curtas e deixando espaço suficiente para que cada
um crie a origem da doença que devastou o mundo,
deixando apenas alguns conceitos pré-criados que
podem ser facilmente encaixados em qualquer nar-
ração. Uma grande sacada neste livro foi o uso de ‘re-
cortes de jornal’ para dar informações sobre o Dia Z
que passam um tom mais realístico para a doença e a
situação do mundo.
O segundo capítulo já começa a tratar do jogo,
citando algumas fontes de inspiração e em seguida
mostra um passo-a-passo para a criação dos persona-
gens de forma bem simples e de entendimento fácil.
O livro apresenta também sete personagens prontos
que representam algumas das figuras ‘folclóricas’ que
podem ser encontradas no Brasil.
Bruno Souza (order #22826640)
O jogo usa o sistema Acepção – sistema criado
também por John Bogéa sobe a licença Creative Com-
mons – e a criação dos personagens é fácil e voltada
muito mais para a criação de um background consis-
tente do que na construção de um matador de zum-
bis. Ele basicamente consiste em criar as Caracterís-
ticas que irão definir o personagem e que podem, no
decorrer do jogo, dar bônus ou redutores nas rolagens
de dados. Existem também as Condições, que repre-
sentam situações atuais do personagem, como esta-
do físico, emocional ou até mesmo seu equipamento,
além da Citação e do Drama, onde o primeiro repre-
senta uma frase que guia a vida e ações do persona-
gem e o segundo algo muito ruim que aconteceu com
o mesmo. Este sistema de criação de personagens
mais voltado para a história e sem tantos números é
algo que se encaixa como uma luva neste gênero, tan-
to que a sugestão é que seja criado o background do
personagem para só depois criar as características do
personagem em cima de sua história.
O terceiro capítulo é voltado para o sistema em si e
mostra que não é necessário se preocupar com regras
e mais regras para conseguir matar zumbis. O sistema
é muito intuitivo e se usa muito mais do bom senso
do que de regras e tabelas. As poucas vezes em que
é necessário consultar o livro é para usar uma única
9
 tabela – que pode ser facilmente decorada ou subs-
tituída pelo bom senso – é quando o personagem se
depara com alguma cena violenta e terá que testar
seu Horror. O Horror representa o quanto o perso-
nagem já está calejado pelas cenas deploráveis que
ele encontra dentro do cenário, que podem variar
de um encontro com um simples cadáver, passando
pela visão de ver seus amigos mortos e até mesmo ser
atacado por seus familiares e amigos zumbificados.
Não há uma tabela de dano ou de armas e tam-
bém não há necessidade para tal. Como já foi falado
acima, o jogo usa muito mais o bom senso do que
regras e tabelas. O próprio livro explica como re-
solver situações que envolvam armas e/ou ataques
dando exemplos de como lidar com esta ‘falta’ de re-
gras. Isto permite que o roleplay e a imersão no jogo
prevaleçam, sendo estes dois itens cruciais para um
bom jogo de horror e neste jogo estas ferramentas
são favorecidas.
Os dois capítulos seguintes são voltados para o
mestre e apresentam ideias de como preparar e con-
duzir uma campanha ambientada em um apocalip-
se zumbi. Tudo muito bem explicado e claro, sendo
bastante útil principalmente para mestres iniciantes
ou para quem nunca teve contato com RPG antes.
As explicações sobre os mortos são simples e tam-
bém deixam espaços para você poder encaixar sua
própria origem e funcionamento. Nesta parte tam-
bém são encontradas fichas de alguns zumbis para
serem usados ou que podem servir de base para a
criação de outros zumbis na mesa de jogo.
O capítulo final consiste em uma aventura pron-
ta para ambientar os jogadores e facilitar a vida dos
novatos no RPG ou no gênero de zumbis. A aven-
tura em si apresenta muitas ideias que podem ser
10
Bruno Souza (order #22826640)
aproveitadas e modificadas para serem usadas em sua
própria campanha.
A arte é bacana, feita pelo próprio John, ela ilus-
tra bem o livro e ajuda a criar a ambientação para o
leitor e o livro está repleto de imagens dispostas de
forma que não quebram o ritmo de leitura. O texto
possui letras grandes que ajudam na leitura, sem que
o leitor tenha que forçar a vista para lê-lo. A maior
crítica vem na hora da diagramação. Enquanto que
as imagens estão nos locais certos, há algumas caixas
de texto que simplesmente quebram o texto princi-
pal no meio do parágrafo e isso atrapalha um pouco
na leitura, o mais recomendado seria que essas caixas
de texto estivessem, pelo menos em sua maioria, logo
abaixo do fim dos parágrafos, favorecendo aind amais
a leitura.
Mesmo com esse pequeno problema, o visual do
livro está no nível de seu conteúdo. Todos os itens do
livro tais como imagens, recortes de jornal que pas-
sam parte da história do apocalipse zumbi e também
os quadros com texto que são pequenas anotações em
pedaços de papel fazem sua parte ao gerar uma am-
bientação do livro com o conteúdo do mesmo. Ainda
na parte visual, a ficha presente no livro não me agra-
dou, ela é feita imitando vários pedaços de folha de
papel, porém é mais uma questão pessoal do que um
grave problema deste livro.
O sistema de regras do ‘Acepção’ é muito simples
e serve perfeitamente para este jogo de horror, sendo
totalmente voltado para a interpretação e desenvolvi-
mento do personagem. As poucas rolagens de dados
também são muito simples: o jogador vê que caracte-
rísticas positivas e negativas se encaixam na situação,
sendo que cada característica positiv a acrescenta um
dado e a negativa subtrai um dado. Resultados pa-
 res significam um sucesso, enquanto resultados impares significa uma falha. Neste sistema não
existe uma ‘evolução’ do personagem, pelo menos não da forma a que estamos acostumados, com
pontos de experiência e/ou níveis. Mas mesmo assim os personagens podem ganhar, ou até mes-
mo perder características, no decorrer do jogo. Mais aqui uma vez entra o bom senso do jogador
e do mestre.
O jogo se inspira nos filmes de George Romero e, também na serie de quadrinhos e na serie
televisiva ‘The WalkingDead’, de onde foram retirados vários conceitos para serem usados. Mas
o jogo é totalmente adaptável para qualquer estilo de jogo de zumbis que o jogador e mestre de-
sejem, desde os antigos filmes de terror com zumbis lentos e burros que só assustam quando em
grandes grupos, passando pela ideia principal de ‘The WalkingDead’ onde o principal perigo não
são os zumbis e sim os humanos e além desses é possível criar facilmente zumbis bem perigosos
individualmente para quem gosta do estilo do game ‘Left 4 Dead’.
Em suma, Terra Devastada é um ótimo lançamento principalmente pela ausência de jogos
deste gênero em português e devido à sua simplicidade ele pode ser narrado para jogadores que
não conhecem suas regras e até mesmo para jogadores que nunca tiveram contato com RPG.
Além disso, o livro está com uma grande qualidade gráfica e representa um grande lançamento
nacional.

Ficha
técnica
Terra Devastada – Um jogo
narrativo de sobrevivência,
horror e zumbis
Paginas: 132
Editora: Retropunk
Publicações
Autor: John Bogéa
Cenário: Jonh Bogéa e Fabrício
Caxias
Preço de Capa: R$29,90
(impresso) e R$9,90 (PDF)

Bruno Souza (order #22826640) 11

 Entrevista com

John
Bogéa
Conheça o criador
de Terra Devastada
Por Fernando Del Angeles

É verdade que o RPG no Brasil tem passado por uma transformação, e seja boa ou
ruim, esta transformações está abrindo novos espaços que não eram explorados antes,
fazendo com que novas editoras consigam se destacar. No mês de Setembro saiu mais
um RPG nacional do forno, o primeiro que se utiliza da temática sobre zumbis. Terra
Devastada mal foi lançado e já está em sua segunda tiragem. Sucesso garantido de
John Bogéa.
ROLEPUNKERS – John, primeiramente se apresente para os leitores,
conte um pouco de você. Como foi sua entrada para o mundo do RPG?
John Bogéa – Rapaz, eu tinha tudo pra ser um super old schooler, comecei com
D&D da Grow. Eu era um garotinho que adorava jogos de tabuleiro (aliás, adoro até
hoje), e um dia minha mãe me deu de presente “a caixa do dragão vermelho”, achando
que era só mais um joguinho como outro qualquer, ela não fazia a menor ideia de que
aquilo ia mudar completamente a minha visão sobre jogos.
Como não conhecia nenhuma outra pessoa que jogasse aquilo, fui aprendendo na
marra, com meus amigos. Quando ficamos obcecados naquilo (e na época, com a nossa
idade, foi muito fácil ficar obcecado) arranjamos o Livro Vermelho em inglês (aquela
famosa caixa com personagens de nível 1 a 3), e um dicionário pra ajudar na tradução.
De lá para cá, passei por inúmeros jogos. Conheci coisas novas, novos cenários, novos
sistemas, novas experiências de jogos, se tornou parte do meu prazer com RPG.
O que tem jogado atualmente? Mantém um grupo regular?
Tenho jogado bastante coisa, mas nada regular. Sou muito mais mestre do que
jogador, e como sou totalmente promíscuo em relação ao RPG, este ano já experimen-

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Bruno Souza (order #22826640)
 tei D&D 4e, D&D 1e, World of Darkness, Vampiro: O
Réquiem, Vampiro: A Máscara, Geist: The Sin-Eaters,
Gurps (Conan e Gangsters à la Tarantino), Fiasco (se
tornou meu jogo de bar), 3:16 (cenário básico e uma
adaptação de Starcraft), Warhammer 40k: Deathwa-
tch, Warhammer 40k: Dark Heresy, Dragon Age, Ras-
tro de Cthulhu, M&M, Terra Devastada, Busca Final,
Poison’d... até onde me lembro.
Não tenho mais grupo regular, sou muito inquie-
to, quem me conhece sabe que não consigo jogar a
mesma coisa por muito tempo sem me meter em algo
totalmente diferente de uma hora pra outra. E com
as atividades da vida adulta (filhos, trabalho etc.) não
consigo mais me dedicar a jogos que requerem extre-
ma dedicação.
Quais sistemas e jogos você considera me-
lhor e por quê? (não vale o Acepção)
Bem, não tenho sistemas favoritos, acho que de-
pende muito da proposta de jogo e do tipo de histó-
ria que quero jogar. Quando experimento um jogo,
eu levo em consideração algumas coisas, a primeira
é se o sistema tem haver com o cenário proposto e se
ele vai me dar a experiência de jogo que quero expe-
rimentar. Não gosto muito de sistemas prolixos, com
coisas que os jogadores provavelmente nunca vão
usar, ou usarão muito pouco. Prefiro sistemas sob me-
dida, focados no tema. Gosto de saber que a mecânica
me leva ao cenário e o cenário me leva à mecânica.
Antes do lançamento do Terra Devastada
(TD) você já participava ativamente desse for-
talecimento do RPG nas mídias digitais?
Sim, há tempos participo de fóruns, grupos de
emails, blogs etc. Discuti muito, errei muito e estudei
muito antes de ter coragem de desenvolver qualquer
coisa. Tenho a internet como um laboratório e termô-
metro do que produzo. Isso ajuda o autor de RPG a
Bruno Souza (order #22826640)
mensurar o interesse real das pessoas em seu projeto,
e se vale a pena investir tempo e dedicação. Quem
está de fora, de longe, às vezes enxerga melhor de que
quem está muito perto (só não dê atenção aos trolls,
eles provavelmente são autores frustrados).
“Discuti muito,
Também tem muita bobagem na internet sobre errei muito e
RPG, muita imaturidade, muita falácia, costumes ter-
ríveis, como a necessidade estranha de ter que odiar estudei muito antes
uma coisa para gostar de outra, tipo torcedor de fute-
bol: “Se eu gosto desse time eu não posso gostar do
de ter coragem
outro”. Essas coisas só diminuem as pessoas, e, infe-
lizmente, emburrece o hobbie.
de desenvolver
A internet pode ser tão burra ou tão inteligente qualquer coisa”
quanto o internauta quiser, tudo depende de quem
está entre a cadeira e o monitor.
Atualmente é possível ver uma série de
discussões na internet sobre a era de ouro do
RPG no Brasil (anos 90) e outro lado que diz
que atualmente o Brasil vive melhores mo-
mentos com o lançamento com sucesso de tí-
tulos nacionais e editoras investindo em jogos
diferentes do usual. Onde você se situa nessa
discussão? “A internet pode
Bem, eu realmente não estou do lado de quem ser tão burra ou tão
acha que antes era melhor do que hoje. Provavelmen-
te há 10 anos atrás jamais seria possível pôr no mer- inteligente quanto
cado jogos como o Terra Devastada e Abismo Infinito.
Realmente não acho que os anos 90 foram a era de o internauta quiser,
ouro do RPG, talvez, no máximo, tenha sido para al-
gumas pessoas, mas não para todos. Para falar a ver-
tudo depende de
dade, pelo que me lembro, era uma pedreira. Tinha
muita gente jogando a mesma coisa, o RPG no Brasil
quem está entre a
estava estagnado, sem criatividade, repetitivo (com cadeira e o monitor”
poucas exceções). Hoje temos uma revolução criativa,
e o RPG se tornou mais democrático e acessível.
Acho que tem muito saudosismo ligado a essa teo-
ria da era de ouro ser nos anos 90 (e nerds são saudo-
13
 sistas por natureza). O sentimento é até aceitável, eu
também me diverti muito nessa época, mas não por-
que o cenário de RPG no Brasil era melhor, e sim por-
que era a MINHA época, onde eu fiz mais amizades,
tive melhores jogos e me posicionei como RPGista.
Discordo até do argumento de que antes tinham
mais jogadores do que hoje. O que acontece é que an-
tes a coisa era muito visual, os jogadores se encontra-
vam em convenções, lojas, points de jogo e etc. Isto é,
você VIA os jogadores, e julgava o sucesso do hobbie
de forma visual (o que, pelo tamanho do Brasil, não
fazia muita lógica). Hoje é tudo online, posso passar
a semana toda falando com centenas de pessoas sobre
RPG, sem necessidade de me encontrar com nenhu-
ma delas. Na internet, temos uma convenção inter-
nacional de RPG que dura 360 dias por ano, 24h por
dia, com a participação de autores de RPG nacionais
e internacionais, celebridades, informações, notícias,
vídeos, fóruns, debates e milhões de jogadores falan-
do sobre RPG. Hoje é bem mais “era de ouro” do que
antes, com certeza absoluta.
Qual a principal mudança no cenário
RPGístico brasileiro dos anos 90 para cá?
A criatividade, o ecletismo, a inteligência, a in-
teração entre jogadores, menos bitolagem, menos
preconceito, e o mais importante, a massificação da
internet... Só melhorou (apesar de ainda ter muita
gente que se recusa a superar os anos 90). As pessoas
que trabalham com RPG estão mais sensatas, com o
pé mais firme ao chão, mais abertas para novas ideias,
novas formas de negócio, etc. Estamos mais cientes
de nossas limitações, não só com RPG, mas com o há-
bito geral de consumir livros, que infelizmente ainda
é muito baixo (mesmo sendo melhor que anos atrás).
Também há um interesse maior em jogos fora do con-
vencional, fora dos velhos modelos de design.
14
Bruno Souza (order #22826640)
O sistema Acepção e a idealização do cenário
de TD foram totalmente elaborados por você?
A ideia inicial foi minha, mas como na época ti-
nha um grupo de amigos interessados em game de-
sign, chamado A Casa de Plástico, levei o projeto
pro grupo, e realmente tive muita ajuda. O Fabrício
Caxias embarcou na ideia de primeira, e agiu meio
como consultor, além, é claro, de escrever muita coisa
relacionada à ambientação.
O sistema foi ideia minha, eu meio que bati o pé
para fazê-lo o mais narrativista possível, além de que-
rer muito lançar algo ousado pro cenário brasileiro,
que ainda estava (talvez ainda esteja) muito viciado
em d20 (e olha que teve muita gente que me aconse-
lhava a fazer o Terra Devastada pro d20, nossa, muita
gente, mesmo, mas resisti bravamente).
Como surgiram as ideias e como foram co-
locadas em prática ao longo do tempo?
Bem, eu sou fã de cinema de horror, acho sensa-
cional a atmosfera do apocalipse zumbi (dos zumbis
inventados pelo Romero: mortos-vivos comedores de
carne que se multiplicam mordendo outros). Antes
de escrever qualquer coisa, comecei um longo proces-
so de pesquisa, assisti vários filmes, documentários,
séries, entrevistas e li vários livros, pra realmente en-
“As pessoas que
tender a atmosfera dos zumbis e entender os signifi- trabalham com RPG
cados e as decisões que os autores tomavam pra sus-
tentar essa atmosfera. A partir disso fiz os primeiros estão mais sensatas,
esboços do Terra Devastada (que, no início, teve vários
outros títulos: Mortuária, Terra Zumbi, Terra Z, Rise com o pé mais firme
of Dead, etc). Acho que todo o processo de desenvol-
vimento durou pouco mais de 1 ano e meio, e mesmo ao chão, mais abertas
nos últimos dias, ainda queria mexer em muita coisa.
Começar a escrever um RPG é fácil, difícil é se con-
para novas ideias,
vencer que acabou. novas formas de
negócio, etc. ”
 Porquê a criação de um sistema de jogo?
Não havia nenhum que se encaixasse com a
ideia proposta?
Além de não haver nada que se encaixasse com o
que eu queria, eu sou um completo apaixonado por
game design, simplesmente não conseguiria usar um
sistema pronto.
Terra Devastada tinha metas muito específicas, coi-
sas que eu não abria mão de jeito nenhum. Queria
um sistema em que eu pudesse criar todo e qualquer
tipo de personagem, de forma rápida e fácil, um sis-
tema em que o equilíbrio entre personagens não fosse
determinante para o jogo, em que as disparidades de
poder não dessem mais oportunidades a uns do que
a outros, que passasse a atmosfera de horror e letali-
dade dos filmes que eu gostava, em que o jogador pu-
desse fazer tudo que quisesse, tudo mesmo, sem pre-
cisar decorar fórmulas ou fazer equações complexas...
Tentei cumprir essas metas da melhor forma possível.
Ultimamente o gênero mais voltado para
a narração tem ganhado mais lançamentos,
você acha que isso pode afastar jogadores que
preferem o pilhar e matar (e ganhar XP)?
A preferência pelo gênero narrativista é um re-
flexo mundial, uma tendência. Há anos os jogadores
fora do Brasil já estão nessa. Acho que está havendo
um equilíbrio entre estilo narrativista e estilo gamis-
ta.
Por anos o gamismo tem liderado a preferência
dos jogadores, já que o próprio RPG foi criado a
partir de conceitos gamistas, e agora outras formas
de jogo começam a despontar e agradar pessoas que
antes, talvez, não gostassem de RPG justamente por
ser mecânico demais (ou infantil demais). Eu mes-
mo conheço pessoas que achavam que RPG era um
jogo de “matar monstros e ganhar níveis”, e não en-
Bruno Souza (order #22826640)
tendiam que RPG é, na verdade, um jogo de “contar
histórias”. O narrativismo tende a atrair um público
que antes estava órfão.
Nos eventos daqui de Belém, muita gente está co-
meçando no RPG por sistemas narrativistas, temos “Eu sou um
até uma mesa dedicada a novatos usando um sistema
narrativista simples chamado Interpreta (criado pelo
completo apaixonado
Rodrigo Ragabash). Como o jeito narrativista de jo-
gar é bem mais fácil e fluído que outros estilos, os jo-
por game design,
gadores se sentem mais livres, sem medo de “errar”. simplesmente não
E a ideia de publicar o TD, como surgiu? conseguiria usar um
Quando comecei a trabalhar em cima do TD, já
tinha a intenção de publicá-lo, ou por alguma editora,
sistema pronto ”
ou por conta própria. Só não sabia direito como ia
fazer isso.
Houve empecilhos que dificultaram esse
trabalho? Qual foi a maior dificuldade?
Acho que a parte mais difícil foi achar tempo. Es-
crevo um pouco pela manhã e um pouco à noite. Saio
de casa às 7h pra deixar meu filho na escola, e como
“Conheço pessoas
entro no trabalho só às 10hs, aproveito esse intervalo que achavam que
de tempo pra entrar em uma lanchonete, pedir um
café e ficar escrevendo no notebook. O Terra Devasta- RPG era um jogo de
da foi escrito praticamente todo assim.
matar monstros e
Como foi a entrada da Retropunk e do Gui-
lherme Moraes nessa empreitada? Eles já pe- ganhar níveis, e não
garam o trabalho finalizado ou chegaram a me-
xer nele?
entendiam que RPG é,
O Guilherme é um cara ótimo, trabalhar com ele na verdade, um jogo de
foi muito fácil, o cara realmente sabe o que quer, bem
profissional. No entanto, a minha única exigência foi contar histórias”
que o conceito visual e ilustrações ficassem totalmen-
te a meu cargo. Visualmente, o livro está exatamente
da mesma forma que saiu do meu computador.
15

Publicar por uma editora que já tem alguns
títulos lançados foi mais fácil?
Bem, acredito que uma editora com alguma expe-
riência é bem melhor, principalmente se a filosofia e
política da editora casa perfeitamente com a ideia do
projeto. Acho que a facilidade e sucesso depende de-
mais da afinidade entre autor e editora. Um tem que
acreditar na competência do outro.
Durante o período de playtests, tudo correu
como vocês imaginaram ou teve muito traba-
lho para acertar alguns pontos?
Sim, o período de playtest foi ótimo, todo mundo
respondeu bem ao chamado. Levei em consideração
todas as sugestões (é imprescindível que um jogo de
RPG passe por essa fase). Acho que o principal ponto
acertado nos Playtests foi a mecânica de Horror, que
de fato é a parte mais complexa do Terra Devastada.
Qual foi a importância do público ter conta-
to com o jogo antes de sua finalização?
O contato com o público foi o meu laboratório,
quando liberei as primeiras versões do jogo foi mais
para ver a reação e interesse das pessoas, se iam acei-
tar bem o jogo mesmo com um sistema pouco con-
vencional, bem diferente do que a maioria dos joga-
dores brasileiros estavam acostumados. Como teve
ótima receptividade, vi que estava no caminho certo,
e continuei desenvolvendo com mais empolgação.
A arte do livro é toda sua. Você desenha
profissionalmente ou é um hobby que se en-
caixou como uma luva para esse projeto?
Trabalho com comunicação social, sou diretor de
arte de uma agência de publicidade, apesar de ilustrar
algumas coisas profissionalmente, desenho mais em
16
Bruno Souza (order #22826640)
casa, sem intuito comercial, puramente por prazer.
Também faço um pouco com pintura em tela, mas
bem pouco, sempre acabo na prancheta ou no compu-
tador. E claro, isso serviu como uma luva pra minha
carreira insólita de escritor de RPG.
Apesar de o gênero poder ser ambientado
em qualquer localidade, você preferiu manter
uma ambientação no Brasil. Vocês pretendem
lançar algum suplemento que transforme as
principais cidades brasileiras em território de-
vastado pelos zumbis?
Sim, há um projeto de criar uma série de suple-
mentos de cenários de campanha ambientados em ci-
dades brasileiras, todos escritos por fãs. A ideia é que
os autores transformem sua própria cidade em um ce-
nário de apocalipse zumbi (ninguém melhor para isso
do que o próprio morador da cidade). Por enquanto
estamos chamando esse projeto de Zonas Mortas, e
já tenho um autor pra escrever o cenário ambientado
em Belém/PA.
Você cita como principal influência os fil-
mes de George Romero, mas percebo que há
uma forte influência também de Walking Dead
do Robert Kirkman, tanto a série televisiva,
como a HQ, principalmente no que diz respei- “A facilidade e
to ao principal perigo não serem os zumbis.
Em que nível estes autores de mídias diferen- sucesso depende
tes te influenciaram na criação do TD?
demais da afinidade
O Walking Dead também tem muito do cinema
romeriano, fica bem claro que o Kirkman tem nas entre autor e editora.
suas pesquisas muito do que o Romero ensinou, ele
talvez tenha acentuado ainda mais o que tinha de Um tem que acreditar
melhor nos filmes romerianos, que é justamente as
relações tensas entre os sobreviventes e até as milícias na competência do
de mercenários, mas os significados e intenções ainda
são os mesmos. Nas duas obras, vemos o quanto um
outro”
 ser humano desesperado (ou insano) pode ser peri- por fãs).
goso, muito mais perigoso que um zumbi. Como o
Walking Dead está mais em evidência, com uma série
Além do TD, já fechei com Retropunk o lança- “Walking Dead
mento de Abismo Infinito (um jogo de horror espa-
de quadrinhos de sucesso e uma série de TV, é natu-
cial), um cenário para 3:16 (que por enquanto ain- também tem muito
ral que as pessoas se foquem mais nele. Mas tudo faz
parte da mesma escola. E o Terra Devastada é só um
da não tem nome) e A Trama (um jogo de teorias da
conspiração), todos para o ano que vem (espero). do cinema romeriano,
mais um aluno dessa escola.
Por fim, obrigado pelo tempo que cedeu para
fica bem claro que
Já tivemos uma época em que vampiros
eram a grande moda (tendo até uma boa co-
responder essas perguntas e parabéns pelo Ter- o Kirkman tem nas
ra Devastada, pessoalmente eu gostei muito do
letânea de filmes lançados sobre o assunto).
Atualmente vemos que os zumbis, que nos
resultado final. Deixe um recado para os leito- suas pesquisas muito
res.
anos 70~80 tiveram também uma série de fil-
mes, estão voltando, digamos, aos holofotes. Procurem tornar nosso hobby mais inteligente,
do que o Romero
Você concorda com isso, acha que é uma ques- leiam mais (e não só livros de RPG), se informem
mais, abram mais as mentes para novas experiências.
ensinou”
tão de fase?
Nostalgia é um ótimo sentimento, mas saudosismo
Na verdade os Zumbis sempre estiveram aí, des-
pode cegar.
de os anos 70 (até antes, se for contar com os mitos
e histórias haitianas de zumbis vudú), sempre tive- E, por último, não adianta querer que o hobbie
ram filmes, HQs, livros etc., principalmente sobre os cresça sem o hábito do consumo. É estimulando o
zumbis modernos, os romerianos. Não sei se é uma mercado que o RPG vai crescer, e não com evangeli-
fase, pelo menos pra mim não é. Também não sei se zação rpgista.
os zumbis chegam a ser mais famosos (ou mais lu-
crativos) que vampiros, lobisomens ou outros seres “Não adianta
sobrenaturais mais charmosos. Mas se for uma fase,
espero aproveitá-la bem. querer que o hobbie
Há previsão de lançamento de alguma coi-
cresça sem o hábito
sa voltada para o TD ou até mesmo outro pro- do consumo. É
jeto seu?
Para o TD, por enquanto, quero escrever só mais estimulando o
uma coisa, um livro de campanha em um período
muito posterior ao Dia Z, em uma terra pós-apocalíp-
mercado que o RPG
tica, no melhor estilo Mad Max. Fora isso, nossa in-
tenção é manter com certa regularidade os suplemen-
vai crescer”
tos Histórias de Sobrevivência (livros com 3 aventuras
escritas por fãs) e o Zonas Mortas (cenários baseados
em cidades brasileiras devastadas, também escrito

Bruno Souza (order #22826640) 17

Bruno Souza (order #22826640)
 Presságio
Uma aventura pulp para
Rastro de Cthulhu
Por Fábio Silva

Esta aventura abre uma série que será lançada jun-

to a cada edição da revista digital Rolepunkers. Nela,
teremos um vislumbre de uma aventura pulp em es-
sência, podendo passar a purista com certa facilidade.
Ela visa introduzir as principais regras do sistema
GUMSHOE que é a essência do Rastro de Cthulhu,
um de seus pontos mais fortes.
Prepare-se para uma aventura cheia de mistério
investigativo, violência, intrigas e loucura. Esta foi
escrita tendo como base o filme Presságio (2009), um
clichê bem trabalhado de Alex Proyas (aconselhável
como fonte de inspiração e um bom filme).
Nesta aventura, os personagens irão lidar com
situações tão assustadoramente grandiosas que você
quase não irá se preocupar com cenas extras além do
que será apresentado aqui; acredite, à medida que a
verdade se revela os personagens lutarão para salvar
seus pescoços e, quem sabe, os de muitos outros (ino-
centes por sinal).
Note que as cenas são montadas de forma simples,
deixando muito da descrição e objetivo da mesma a
critério do Guardião.

Bruno Souza (order #22826640) 19

 A Verdade Terrível
A Irmandade do Símbolo Amarelo (Rastro de
Cthulhu, pág. 164) está atuando na cidade caçando
uma colônia de mi-go (RdC, pág. 144) trazidos por
alguns antigos membros do Culto da Caveira que ali
residiam, e pretendem aniquilá-los bem como a vá-
rios humanos (culpados e inocentes de se envolverem
com as atividade da colônia).
A Irmandade do Símbolo Amarelo adora a Has-
tur (RdC, pág. 93) e pretende acabar com todos que
tenham ligação com os mi-go (RdC, pág. 144), sacri-
ficando-os em um ritual macabro para satisfazer a
fome de sua entidade maligna.
Mythos
O mythos e sua verdade serão devastadores para os
que se envolverem. Em determinado ponto, alguém
perdeu o controle sobre o sobrenatural (se é que em
algum momento o tiveram para si) e os responsáveis
não conseguem controlar algumas atividades que
acabaram tornando-se extremas. Em alguns lugares,
como a Estação Oeste, os funcionários, e até mesmo
alguns usuárioss agem de forma estranha, semelhan-
tes a zumbis, ou têm comportamento estranhos, reali-
zando atividades totalmente fora de seu cotidiano, ou
até mesmo fora de seus princípios morais.
A Estrutura
O Presságio
Os investigadores entram em contato com a es-
tranha mensagem deixada em suas portas e passam
a tentar entender o que está ocorrendo. Em suas pes-
quisas, descobrem que a mesma se trata de um aviso
para sacrfícios que ocorrerão nas duas próximas noi-
tes.
20
Bruno Souza (order #22826640)
Fogo na Estrada
Os investigadores, após seguirem as pistas deixa-
das na estranha mensagem entram em contato com
os primeiros eventos sobrenaturais. Estes aconteci-
mentos abrirão as portas para o primeiro contato com
Rogier Hugh e o descobrimento de mais informações
aterradoras com respeito as estranhas atividades que
ocorrem na região.
Encontro com Alex Morgam
Seguindo informações e pistas os investigadores
começam a relacionar os acontecimentos a estranhas
seitas que cultuam deuses mitológicos. Alex deixa
várias pistas dos acontecimentos em seus pertences
e de sua ligação com cultos e ritos sobrenaturais. O
primeiro passo para a insanidade.
A Estação Férrea
Todas as pistas mostram que o incidente ocor-
rido em “Fogo na Estrada” na verdade foi um rito
macabro que matou (sacrificou?) vários indivíduos
não identificados e que o mesmo ocorrerá na estação.
Tensos, os investigadores seguirão as pistas, entran-
do em contato com o Willie Parter que os informará
sobre o estranho comportamento das pessoas ali. Isso
pouco antes do grande sacrifício ocorrer bem diante
dos olhos dos investigadores.
Prólogo
Os investigadores encontram, ao acordarem pela
manhã, uma grande sequência de letras e número ca-
vados na parte de fora da porta de entrada de suas
casas. A mensagem de uma porta é a continuidade
da outra e quando decifradas parecem mostrar uma
verdade terrível!
Os investigadores serão tragados pelos mistérios
recorrentes da aventura de forma brusca, e descobri-
rão mais à frente que sua relação com a caça ao so-
brenatural acabou despertando a atenção de fugitivos
(por assim dizer sobreviventes) do Culto da Caveira.
Devido à realização de um macabro ritual que
trouxe a existência criaturas sobrenaturais (e cha-
mou a atenção da Irmandade do Símbolo Amarelo)
alguns de seus membros elouqueceram e são os res-
ponsáveis (dois deles especificamente) pelas marcas
nas portas dos investigadores. Eles tentaram chamar
a atenção de corajosos investigadores do sobrenatural
na tentativa de parar a atividade dos dois cultos, e a
mensagem mostra a quantidade de pessoas a serem
sacrificadas e onde serão mortas, bem como a prová-
vel maneira como isso será feito.
Cenas
As cenas a seguir podem ocorrer na ordem que o
guardião achar mais conveniente, sendo apenas ne-
cessário a cena “O Presságio“ como introdução a to-
dos os personagens.
O Presságio
Os investigadores já ouvem há algumas semanas
sobre as estranhas atividades nos arredores de algu-
mas fazendas, distante do centro urgano. Relatos so-
bre coisas assombrossas, pessoas “hipnotizadas“ ou
que têm o cérebro trocado, ou relatos de possessão.
Não enfatise muito estes pontos, deixe-os um pou-
co vagos. Não dê muitos detalhes. O Mythos tem que
ser isso: mitos! Deixe tudo meio sombrio até que o
primeiro passo seja dado.
 Marcas na porta
Após a descrição dos estranhos acontecimentos
(poderiam haver alguns recortes de jornais espalha-
dos em uma grande mesa, com marcas de café, para
reforçar) os investigadores (cada um em sua casa) no-
tarão a porta da frente destrancada e o pior, a parte de
dentro dela está toda arranhada.
Coletar Evidências (Pista Central): Ao avaliar a
porta destrancada, os investigadores notarão que ela
foi aberta sem esforço e os rabiscos na verdade não
são riscos aleatórios, são letras e números distribu-
ídos sem nenhuma ordem aparente. Ao observarem
melhor notarão que as letras formam palavras, nomes
de locais mais especificamente, sendo alguns deles
na cidade e outros fora. Até locais fora do estado ou
mesmo do país são mencionados nos estranhos ra-
biscos. Alguns locais interessantes da cidade que são
mencionados no final da lista na porta são: Fazendas
Hugh’s e a Estação Oeste, que servirão como o ponta-
pé inicial para a investigação.
Criptografia mostra que os números na verdade
são datas e outros valores relacionados, ligados aos
locais. História mostra que os locais mencionados
passaram por grandes catástrofes nos últimos 50 anos
(inclusive a primeira guerra mundial está listada na
porta). Usar Biblioteca (algumas horas pesquisando
na biblioteca pública da cidade, ou quem sabe em
um acervo pessoal) mostra que nas datas apresenta-
das para cada local aconteceu uma grande catástrofe,
natural ou não e que outros números na porta, além
das datas, parecem dizer a quantidade de pessoas que
morreram no evento.
A soma dos resultados dessas habilidades (quer
seja de um investigador apenas ou dos vários) mos-
trará que ocorreram vários eventos na história e que
eles estão registrados ali com suas datas específicas e
quantidade de mortos. O que é assustador é que duas
Bruno Souza (order #22826640)
datas ainda não ocorreram: os próximos dois dias e
a quatidade de mortos é assustadora, sendo 42 na fa-
zenda Fazenda dos Hugh’s e 79 na Estação Oeste.
Independente do nível de informação, o mímino
de conhecimento sobre um presságio horrendo sobre
o futuro gera um teste de Estabilidade de 2 pontos.
Aqui é onde o moderador deve usar de sua astúcia
para unir os investigadores caso eles não se conhe-
çam. É aconselhável que eles saibam da existência um
do outro, e quem sabe, sejam parceiros de investiga-
ção. Possíveis contatos poderiam ser trocados ou eles
poderiam se esbarrar na bilbioteca pegando os mes-
mos livros nas mesmas estantes.
Fogo na Estrada
Usar apenas Coletar Evidência na porta da casa de
cada investigador na cena anterior é o suficiente para
saber sobre algum estranho evento que ocorre aqui.
A presença dos investigadores apenas confirma isso.
A fazenda tem uma aparência imponente e tris-
te, chegando à morbidez. Campos de trigo dançam
à mais leve brisa, solitários, sem seus ceifeiros para
afagar-lhes a agitação. Ela tem um grande portão de
madeira que abre caminho para uma estrada que leva
até à casa de Rogier, cerca de 20 minutos de distância
a pé.
A casa é carcada por ranchos e poucos animais po-
dem ser vistos. Não haverá ninguém para recepcionar
até que se chegue mais próximo à grande casa. De um
dos ranchos um homem de aparência jovem e robus-
ta sai para cumprimentar quem quer que venha. Seu
nome é Sebastian e ele é o responsável pelos animais
do local.
História Oral (Pista Central): O atual e quase
solitário proprietário da fazenda é Rogier Hugh, um
senhor em seus prováveis 55 anos que anda bem agi-
21
 tado (e embriagado) nos últimos dias. A fazenda já foi
uma das mais movimentadas da região, com muitos
animais e empregados, mas após os estranhos eventos
nas montanhas da redondeza, as coisas começaram a
piorar.
Alguns poucos funcionários, que recepcionam os
investigadores antes do próprio Rogier chegar, como
empregadas, mordomos e camareiras, falam que es-
tranhos religiosos passam pelas estradas e cruzam os
campos ali próximos, com estranhas roupas. Se ques-
tionados, eles mostram as estradas e a possível mon-
tanha para a qual os “estranhos religiosos” parecem
migrar.
Investigando a Fazenda
Enquanto esperam por Rogier os investiga-
dores podem querer dar uma olhada na fazenda e nos
vastos campos mórbidos que se estendem por todo o
seu território. Não há muito que notar, além de cam-
pos abandonados e animais magros. Porém Coletar
Evidência encontrará estranhas pegadas nas partes
mais distantes da casa central, já aos limites da fazen-
da. São marcas do que parecem grandes patas, apesar
de não poder definir dedos, a forma é semelhante a
uma pata de ave, porém, o espaço entre um passo e
outro é absurdamente grande, como se quem quer
que fosse, pairasse no ar. Ocultismo pode ligar essas
pegadas à lenda do Abominável Homem das Neves
ou outras criaturas folclóricas (como o pé grande) que
o mestre julgar apropriado para a região em que se
passa a aventura, o que gera um teste de Estabilidade
de 2 pontos.
Conversando com Rogier Hugh
Após andarem um pouco pela fazenda Rogier
aparecerá para conversar com os investigadores, prin-
22
Bruno Souza (order #22826640)
cipalmente por mostrarem interesse nos estranhos
acontecimento nesses últimos meses.
Convencimento (Pista Central): Uma conversa
sobre as coisas que tem ocorrido na fazenda mostra
que tudo começou a ficar estranho quando as ativida-
des do que parece ser uma seita, começaram a ocorrer
nas montanhas da redondeza. Rogier revela que ten-
tou investigar o que havia lá (pensando ser um grupo
de salteadores ou algo similar) e a partir desse ponto
as coisas começaram a ficar estranhas para ele. Um
dos envolvidos, um certo Alex Morgan, de acordo
com o que Rogier conseguiu coletar de informações,
chegou a conversar com ele para acalmá-lo sobre os
homens que cruzavam a estrada, rumo às montanhas,
afirmando estarem realizando estudos sobre a fauna
local. Rogier diz ter descoberto que Alex Morgan é
um renomado arqueólogo que caiu no fracasso após
o envolvimento do mesmo em estranhas atividades
ligadas a rituais macabros.
Com o gasto de um ponto de Convencimen-
to (uma bebida no terraço em um papo mais íntimo)
os investigadores descobrem que seus funcionários
começaram a agir de maneira estranha, realizando
atividades totalmente fora de seus cotidianos e de
seus costumes morais. Muitos deles pareciam zum-
bificados. Ele passou a ouvir ameaças sussurradas por
estranhas vozes vindas dos cantos escuros, onde apa-
rentemente não havia nada. Até o dia em que teve
contato com a “estranha criatura”.
Ao longe pôde ver um estranho vulto, conta
ele, indo para as montanhas, na mesma direção que
os homens e que “aquilo” era totalmente fora do con-
texto de tudo o que ele conhecia.
Nesse ponto a conversa é interrompida (com
gasto de convencimento ou não) por um grito de ho-
mem, e ao longe os investigadores podem ver um dos
poucos funcionários que restam correndo em direção
a casa. Ao se aproximar o homem parece enfurecido
e avança na direção dos investigadores. Ele tem uma
Escopeta .20 (RdC, pág 186) na mão e corre mirando
nos investigadores.
Caseiro
Armas de Fogo: 2, Atletismo 5,
Briga 6, Vitalidade 5
Armas: Escopeta .20
(Arma Leve +0).
O homem atira furiosamente contra todos, e se a
munição acabar ele irá avançar usando a arma como
um porrete -1. Mesmo quanto controlado, de alguma
forma, ele não parece estar cônscio. A cena gera um
teste de Estabilidade de 3 pontos.
Se o guardião achar conveniente pode ter outros
funcionários furiosos. Logo após esse estranho evento
é possível ver ao longe uma grande nuvem de fumaça
vindo da direção dos campos de trigo. Rogier cai ao
chão em convulsão e vomita sangue quase sem parar.
Os funcionários e alguns transeuntes locais correm
desesperadamente para tentar fugir do fogo que se
espalha assustadoramente rápido. Teste de Fuga ou
Atletismo seriam interessantes pelo susto, mas uma
falha poderia resultar apenas em um pouco de asfixia
ou algo similar. Não mate os investigadores!
Mesmo medicina não consegue explicar o que
houve com Rogier. A cena com Rogier pede um teste
de Estabilidade de 3 pontos. O fogo se espalha rapi-
damente pelos campos alcançando a casa de Rogier e
matando 42 pessoas que ficaram presas entre os cam-
pos e a estrada. Rogier morre inexplicavelmente. A
fuga da fazenda em chamas pede um teste de Estabi-
lidade de 2 pontos.

Encontro com
Alex Morgam
Se os investigadores decidirem procurar por Alex
Morgam antes de ir às montanhas podem encontrar
informações facilmente com Usar Bibliotecas (Pista
Central) em arquivos de jornais.
Sobre sua carreira há pouco, falando apenas das
descobertas de antigos totens relacionados a religi-
ões há muito mortas, ou artefatos menores. Fala-se
também um pouco sobre seus escândalos envolvendo
seitas que muitos afirmam ter ligações com rituais
de sacrifícios humanos e o mais recente: sua morte
à dois dias!
Lá também consta sua relação com Roseta Puler,
uma herdeira dos afortunados Parter’s, donos das
linhas férreas da região. Ela mantém uma grande
disputa por parte do dinheiro das estações férreas da
região. Em alguns jornais consta o endereço de sua
última residência, na qual os investigadores podem
tentar conseguir alguma informação a mais.
A Casa de Alex
A casa é simples, em um bairro do subúrbio. Os
investigadores podem até achar estranho, devido as
grandes descobertas, e o dinheiro que parecia ter. Um
casebre caindo aos pedaços com móveis espalhados
(os investigadores podem usar suas habilidades para
entrar à força ou poderia gastar algum ponto em his-
tória oral, bajulação ou algo semelhante com os vizi-
nhos para poderem entrar sem chamar à atenção da
polícia).
Dentro há lixo e cheiro de comida podre. Ele pode
ter morrido há dois dias, mas provavelmente abando-
Bruno Souza (order #22826640)
nou a casa há bem mais tempo. Depois de vasculhar
usando Coletar Evidência (pista central) eles encon-
tram o Tomo Estilhaços de Eltdown de 1917 em In-
glês (RdC, pág.106).
Também encontram anotações espalhadas pelos
cantos da casa em diferentes línguas (latim e hebraico
se os investigadores possuírem alguma dessas línguas
– ou se alguém desejar adquirir neste momento seria
bem conveniente), junto a essas anotações, na língua
local dos investigadores os textos estão traduzidos de
forma grotesca e querem dizer algo como “sacrifício
ao Hastur e soberano...” “200 almas é o prêmio da
redenção...”.
Em um pequeno diário, na língua local, existe
uma anotação que chama à atenção dos investiga-
dores. Nela consta que na Estação Oeste ocorrerá o
sacrifício que completará as almas que os servos de
Hastur desejam oferecer. A data que consta é o dia
corrente a algumas horas apenas.
Lá não descreve detalhes de como tudo ocorrerá,
mas Alex escreve que Roseta provavelmente irá atuar
próximo das 07:00 PM), horário de pico da chegada
de carregamentos dos três que cruzam a cidade.
Nesse momento os investigadores sentem uma pre-
sença no quarto. E em um canto escuro, formando um
vulto na soleira da porta, Alex aparece quase zumbifi-
cado, seus olhos mortos e em seu rosto fúria. Ele não
está mais consciente e atacará os investigadores.
Alex Morgam
Armas Brancas: 2, Atletismo 5,
Briga 7, Vitalidade 6
Armas: Faca -1.
Se questionado ele não falará nada, apenas gritará
brandindo uma faca contra os investigares. Após ser
23
 controlado, ou espancado (ou coisa pior) pelos inves-
tigadores ele irá chorar desesperadamente, aos berros
Coletar Evidência (pista central): Finalmente
quando ouvem o trem vindo a certa distância, podem Pontas Soltas e
e soluços e nesse momento todos poderão ouvir sons
de ossos quebrando enquanto Alex se contorce em
notar que dos trilhos próximos a estação parece sair
faíscas de vários pontos diferentes. Futuros Rastros
dor. Nenhuma habilidade investigativa pode expli- Física mostra que o trem vem rápido demais para Se os investigadores conseguirem destruir a cria-
car o que está havendo ou o que houve com ele. Suas parar na plataforma. Um teste de Sentir Perigo com tura, o mal é sanado, temporariamente. As atividades
costelas ficam dobradas em estranhas posições e ele dificuldade 4 mostra que é melhor sair da plataforma, dos cultos poderão passar um tempo inativas até que
sangrará pelo nariz e vomitará sangue até que morra pois o trem parece vir muito rápido. Um teste de Psi- voltem a pôr em prática suas ideias macabras.
em poucos minutos. A cena é bizarra e todos que esti- canálise com dificuldade 4 mostra que as pessoas es- O Tomo encontrado na casa de Alex pode levar os
verem presentes devem realizar teste de Estabilidade tão em algum estado de hipnose leve, e não parecem investigadores a outras aventuras a procura de res-
de 3 pontos. responder por si. postas seguindo o Rastro de coisas ainda mais assus-
Ao longe, ao avistarem o trem, podem ver um vul- tadoras.
A Estação Férrea to pouco maior que um humanoide pairando sobre
ele. Isso gera um teste de Estabilidade de 3 pontos.
As cenas anteriores direcionam para a Estação
Agora é onde ocorre o conflito final. O trem vem em
Oeste de alguma forma. Se os investigadores chega-
toda velocidade e som de metal retorcendo pode ser
rem aqui antes de passar pelas outras cenas, descreva-
ouvido à medida que ele avança. Ao poucos ele co-
-a normalmente, se tentarem entrar em contato com
meça a descarrilhar e vem ferozmente na direção da
alguém, use de criatividade na conversa, tornando-a
plataforma. Algumas pessoas se apavoram e correm.
casual, ressaltando o fato de as coisas parecerem nor-
mais. Peça teste de Fuga ou Atletismo com dificuldade
4 para dar um pouco mais de tensão. Uma falha for-
A Estação Oeste fica a alguns minutos da Fazenda
nece apenas 1 ponto de vitalidade por pisoteamento.
Hugh’s, seguindo a estrada que pegou fogo. Mora-
Nada mais. O trem descarrilha e sobe na estação, na
dores e bombeiros apagaram grande parte do fogo e
direção de todos. Após um tempo, onde os investiga-
ainda é possível ver algum movimento. Se pergunta-
dores podem se reorientar, o momento onde a maio-
dos eles podem confirmar algumas mortes. O cheiro é
ria das pessoas fogem, eles podem ver uma criatura
forte e o fogo ainda pode ser visto ao longe, pintando
horrenda saindo do trem arrastando uma pessoa in-
a paisagem de um laranja macabro.
consciente. É um mi-go (RdC, pág. 144) pronto para
Os investigadores chegam à noite, próximo da atacar os investigadores. Teste de Estabilidade de 1
hora que indicava no diário de Alex. A estação está ponto (complementa os 3 anteriores por ter visto a
bem movimentada. Mais que o normal. Os investiga- distância).
dores podem notar certa indiferença das pessoas com
relação a eles. Caretas, pouca atenção, desdém. Todos
esperam na plataforma a chegada do próximo trem.
As pessoas não darão atenção se eles tentarem avisar
sobre alguma coisa.

24
Bruno Souza (order #22826640)
 Colaboração
Venha nos ajudar a construir a RolePunkers
A Rolepunkers está iniciando uma nova fase, com
um novo formato, com uma nova equipe e com muito
mais material para trabalhar. Mas para crescermos
cada vez mais não podemos nós esquecer dos leitores
e do que eles têm a dizer. Por isso a Rolepunkers é
totalmente aberta a colaborações.
Você pode enviar Resenhas, Contos, Adaptações,
Aventuras, Artigos e até mesmo Ilustrações para o
e-mail Rolepunkers@Retropunk.net ou, em caso
de dúvida, também pode nos procurar no Twitter @
Rolepunkers. Nós sempre tentaremos dar uma res-
posta, mesmo que seja para avisar que o texto não
será aproveitado e por qual motivo, nossa intenção é
sempre manter um canal aberto e transparente com
os leitores e colaboradores.
Mas para isso você deve seguir algumas regras
básicas.
• Escreva “Colaboração” no campo assunto de seu
e-mail. Isso irá agilizar nossa leitura do que está
sendo enviado. O texto deve ser enviado em an-
exo em um arquivo Word.
• Envie sua matéria usando fonte arial 12 sem es-
paçamento entre os parágrafos e com o título ape-
nas em negrito.
• Não se esqueça de escrever seu nome no final da
matéria, para facilitar a identificação.
Bruno Souza (order #22826640)
• As matérias devem ser originais e inéditas, ou seja,
não podem ter sido publicadas em outra revista
ou blog.
• Temos interesse em material relacionado aos lan-
çamentos da editora Retropunk e também a maté-
rias relacionadas a outros RPGs Indies e até mes-
mo artigos com dicas de mestre ou que possam ser
considerados úteis para vários sistemas.
• Depois que avisarmos que usaremos o seu texto,
ou depois de publicado, você não pode publicá-
lo em outro lugar. Se por acaso avisarmos que o
texto não se enquadra com os padrões da revista
você está livre para usá-lo como bem entender.
Infelizmente nem sempre poderemos publicar
tudo o que é enviado e muitas vezes também não
poderemos publicar na edição seguinte. Existe um
planejamento de cada edição e devemos moderar a
quantidade de artigos de colaboradores com nossos
próprios artigos. Por isso tentaremos responder o
mais rápido possível dando um parecer sobre o pos-
sível uso ou não do texto, ou até mesmo sugerindo
alguma modificação.
Para incentivar as colaborações e para poder
retribuir o tempo e a criatividade dos colaboradores,
a Retropunk irá oferecer descontos em sua loja virtu-
al, a Retrostore. Estes descontos vão variar conforme
a quantidade de páginas e o tipo de material enviado.
Os descontos vão variar entre 10% a 50% em uma
venda dentro da Retrostore.
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 Este
Corpo
Mortal
A magia irá dominar o
próximo lançamento da
Retropunk
Por Fernando Del Angeles

‘Este Corpo Mortal’, originalmente lançado em 2006 – com uma segunda edição
em 2008 – sob o título original de ‘Mortal Coil’, pela editora americana Galileo
Games e escrito por Brennan Taylor, ganha agora sua versão em português pela Re-
tropunk. Brennan Taylor é um dos fundadores, juntamente com Ed Chada da Open
World Press, da Indie Press Revolution, que agrega mais de cem autores de RPG.
O jogo nos apresenta a possibilidade de criar um cenário de magia usando-se
de regras diferentes da maioria dos RPGs que existem. A primeira diferença que
se nota é a falta de dados para o jogo. ‘Este Corpo Mortal’ se utiliza apenas de
marcadores – podem ser usadas fichas de pôquer, peças de dama ou qualquer outra
coisa que possa ter quatro cores diferentes. Além disso, não há a necessidade de um
cenário pronto, na verdade o cenário será criado pelo moderador e pelos jogadores
durante o decorrer do jogo, cabendo-lhes apenas estabelecer alguns detalhes que
ajudarão nessa empreitada, tais como o Tom, que representa a atmosfera do cenário;
o Cenário, que na verdade é onde e quando se passará o jogo; o Sobrenatural, que,
como o próprio nome já diz, ajuda a definir os aspectos sobrenaturais que poderão
ser encontrados no cenário; o Nível de Magia; a Situação, que resume as prob-
lemáticas que serão enfrentadas pelos jogadores; e por fim temos os Vilões. A cri-
ação destes aspectos serve como uma bússola para o rumo que o cenário irá tomar.

26
Bruno Souza (order #22826640)
 Alguns podem achar estranho um jogo sem um
cenário totalmente definido, mas isso ajuda o cenário
se tornar único, pois a cada decisão dos jogadores e
do moderador, ele vai tomando um rumo diferente.
Mas claro que há algo que regula esse criacionismo.
Qualquer jogador tem o direito de invocar o Limite
de Credibilidade, onde os demais jogadores discu-
tem se o novo fato a ser inserido na trama e/ou no
cenário é aceitável ou não. Assim não há problemas
em se contradizer algo que já foi criado ou algo que
seja adicionado apenas para favorecer um jogador. No
fim, o que importa é se criar uma boa história e um
novo cenário com os fatos que vão ocorrendo durante
o jogo.
A criação de personagens é bem simples. Primeiro
é necessário a criação das Paixões que irão direcionar
a vida dos personagens – as Paixões são divididas em
Ódio, Amor e Dever – e podem ajudar ou atrapalhar
durante a campanha. O passo seguinte é dividir seus
pontos – determinados pela Graduação de Habili-
dade Inicial, quanto maior a graduação, mais pontos
terá – nas Capacidades, que funcionam da mesma
forma que os atributos que todos já estão acostuma-
dos. Entre eles temos Força, Graciosidade, Vontade e
Sagacidade, apenas nomes diferentes para algo que já
conhecemos. A seguir se criam as Aptidões que são
totalmente criadas pelos jogadores, sem a necessi-
dade de se consultar uma lista já pronta, podendo
deixar o personagem único. Este é um conceito pare-
cido com o do ‘Terra Devastada’, porém com algumas
diferenças sutis: as Aptidões recebem níveis de 1 a 5,
representando o quão o personagem é bom na área
em questão. O personagem em si já está pronto neste
momento, faltando apenas a distribuição dos marca-
dores que serão usados no decorrer do jogo.
O sistema segue uma mecânica onde é necessário
fazer uso de seus marcadores para inserir novos con-
ceitos a história, para se usar de habilidades sobre-
Bruno Souza (order #22826640)
naturais ou mágicas e também para realizar as suas
ações. Neste último, quanto mais marcadores, mais
chances da ação ser bem sucedida. Eis que surge out-
ro ponto muito interessante deste jogo. As ações de
todos os jogadores, incluindo o mestre, na rodada e
a quantidade de marcadores usados para a ação são
determinadas em segredo, sendo reveladas todas ao
mesmo tempo. Portanto, em momentos de conflito
entre personagens ou entre personagens e coadju-
vantes, vai depender de sua ‘aposta’ na ação. Quem
conseguir um maior número entre a soma de sua
Capacidade, na Aptidão em questão e no número de
marcadores gastos, vence a disputa. O problema é
que ninguém sabe que combinação entre Capacidade,
Aptidão e quantidade de marcadores será usada até o
momento da revelação.
As disputas funcionam como um jogo de pôquer,
pois os jogadores escolhem suas ações e apostam seus
marcadores nelas. Mas a grande questão é tentar adi-
vinhar que ações os outros jogadores e/ou o modera-
dor irão usar. A questão de vitória e derrota acaba não
dependendo apenas da capacidade dos personagens e
sim da capacidade dos jogadores descobrirem o que os
outros vão fazer. Logo, jogadores que tendem a usar
uma mesma estratégia, mesmo que imbatível inicial-
mente, pode acabar sendo derrotado pela repetição.
Lembrando que o confronto entre personagens é algo
opcional que vai depender do rumo da história.
O sistema começa simples e depende muito da ca-
pacidade de construir a cena dos jogadores. Porém,
em alguns pontos ele pode parecer um pouco compli-
cado, precisando de uma boa lida nos exemplos – do
qual o livro está repleto – ou no Apêndice II onde
mostra exemplos estendidos de resoluções de confli-
tos. Apesar disso o jogo acaba se tornando automático
depois de duas ou três sessões de jogo.
Outro problema que os jogadores podem encontrar
27
 e que o moderador deve usar seu ‘poder’ para resolver,
é a questão do Limite da Credibilidade, que pode tor-
nar o jogo lento se não houver um uso ponderado com
os jogadores o usando para discutir qualquer tipo de
situação, principalmente em situações que eles acre-
ditem estarem diretamente prejudicados. Para o uso
desta ferramenta do jogo é necessário o bom senso de
todos os jogadores e também que o principal foco de
todos na mesa seja o desenvolvimento da história e a
criação do cenário. Assim há a necessidade de se ater
a modificações que se mostrem interessantes para o
divertimento de todos e para a criação de algo em que
todos na mesa possam participar.
Um dos pontos altos do livro são as imagens de
cada capítulo que são as mesmas da versão original o
que é muito bom, porque Jennifer Rodgers conseguiu
trazer a essência do jogo em suas imagens que casam
perfeitamente com o ritmo do livro, algumas — como
esta ao lado — são bem brutais e adultas, mas a maio-
ria tenta e consegue se encaixar com o tema proposto
pelo assunto tratado no capítulo. Mas o principal é
que as imagens conseguem dar vida ao jogo, a ima-
gem de capa com um Odin decadente — para quem
não percebeu é só prestar atenção no olho ruim, nos
corvos tatuagem odal em seu braço — mostra bem o
clima do jogo.
Apesar de ter uma temática voltada para o uso de
magia, o sistema pode ser usado dentro de outros te-
mas, mas é claro que ele se encaixa como uma luva
nessa área, apresentando um sistema de uso de magia
novo, onde tudo vai sendo criado durante o jogo. Não
há uma lista de magias ou de possibilidades: o mo-
derador e os jogadores devem usar o bom senso para
criar tudo na hora conforme a situação. Este sistema
de uso da magia reflete muito mais a maleabilidade
da magia do que ter rituais prontos que dizem o que é
possível ou não e isso se encaixa com a ideia principal
que é criar e fazer com que todos os elementos sejam

28
Bruno Souza (order #22826640)
 desenvolvidos durante o jogo, assim um sistema mais
preso, como por exemplo, a lista de perícias mágicas
de Gurps, ou as magias divididas em círculos que vão
sendo aprendidas conforme o mago passa de nível em
D&D, tirariam toda a graça e o principal atrativo deste
jogo. Claro que nem tudo deve ser aceite pelos outros
jogadores e pelo moderador, pois é nesses momentos
que entra o Limite de credibilidade, já comentado
acima, impedindo elementos que não combinem com
o poder mágico em questão, ou elementos que servem
apenas para beneficiar um ou outro jogador.
Quem gosta de cenários já prontos com tudo mas-
tigado pode não gostar tanto deste jogo. Mas quem já
prefere cenários customizáveis ou criar seu próprio
cenário e inserir novos fatos à narrativa através da in-
terpretação e de um forma diferente de se jogar RPG
– afinal não há dados neste jogo – irá encontrar um
prato cheio ao jogar ‘Este Corpo Mortal’ e terá ótimos
momentos de diversão.

***
A pré-venda de ‘Este Corpo Mortal’ deve começar
em breve, mas ainda não há uma data de lançamento
estipulada. Até essa semana havia a intenção de se
realizar uma campanha de Crowdfunding, porém,
depois de ponderações e um bate papo entre o Guil- Ficha técnica
herme Moraes e alguns jogadores de RPG e bloguei-
ros aberto na recém-construída lista de discussão da
Retropunk, se decidiu fazer um lançamento conven- Este Corpo Mortal - Um jogo de
cional com pré-venda e com direito a um serie de paixão e magia, 100% colaborativo
‘badaluques’ como brindes. A princípio teremos al- Paginas: 182
guns packs, que ainda estão sendo desenvolvidos e
contarão, provavelmente, com fichas para serem usa- Editora: retropunk Publicações
das nas apostas. Autor: Brennan Taylor
Para mais informações acompanhe a Retropunk. Preço de Capa: Previsão R$ 38,50
net ou as próximas edições da Rolepunkers.

Bruno Souza (order #22826640) 29

 Rastro de
Cthulhu
Uma nova abordagem
Por Fernando Del Angeles

“Nas brumas da pré-história, deuses e monstros alienígenas caíram na Terra e guerrea-

ram pelo nosso planeta, liberando ciência cósmica e poderes inconcebíveis que afundaram
continentes e ferveram mares. Exaustos ou derrotados, Eles adormeceram profundamente
por eras e a raça humana iniciou suas atividades sem saber que estava sobre Suas sepul-
turas e túmulos. Mas há aqueles que querem procurar pelos fragmentos do conhecimento
que Eles deixaram para trás. Aqueles que querem aprender os segredos das estrelas, e os
verdadeiros nomes das dimensões. Aqueles que querem os poderes dos deuses mortos. Aque-
les que querem acordá-los.
Você está entre os poucos que suspeitam da verdade – sobre os deuses loucos no centro
do universo, sobre os Grandes Antigos que sonham em dizimar a vida na Terra, sobre os
extraterrestres que usam a humanidade em seus experimentos, sobre as lendas antigas do
eterno mal que estão todas se tornando realidade. Você precisa ter certeza de que ninguém
nunca descobrirá – ou o mundo vai acordar gritando.
Você deve evitar que as portas para o Exterior oscilem abertas – não importa se o custo
for sua vida ou sua sanidade. Você deve reunir as pistas em livros encadernados com pele
humana, em cadáveres eviscerados cobertos de linfa, e em inscrições encravadas em pare-
des construídas antes da evolução da humanidade. Você precisa ir onde as respostas estão,
e fazer o que precisa ser feito.
Mas você se atreve a seguir... o rastro de Cthulhu?”

É assim que se inicia o ‘Rastro de Cthulhu’, criado por Kenneth Hite, baseado
nos contos de HP Lovecraft e usando o sistema Gumshoe. Estes três parágrafos
acima mostram bem qual a ideia central deste RPG de horror ambientando nos
anos 30. O tema é muito adulto e preza o raciocínio lógico dos Investigadores que
tentam decifrar as pistas que vão encontrando. Nesta matéria não iremos falar
deste RPG que vocês já devem conhecer e que foi um grande sucesso, visto que,
em menos de um ano, toda a primeira impressão foi vendida e uma nova edição
acabou de sair. A ideia deste artigo é expandir os horizontes de quem gosta do tema
e da proposta deste jogo, tentando trazer novas opções e ideias para a mesa de jogo.

30
Bruno Souza (order #22826640)

Uma Nova Abordagem,
a Mesma Ambientação
Quem já leu o ‘Rastro de Cthulhu’, pode ter tido
essa sensação que, apesar de ele já ter um cenário de-
finido, é possível desenvolver outras ideias dentro do
mesmo gênero ou ainda inovar dentro de gêneros di-
ferentes.
Isso pode ser muito bem usado para aqueles que
não são fãs de jogos de RPG que usem apenas um ce-
nário, ou uma temática, fato este que é melhor preen-
chido por sistemas genéricos. O sistema Gumshoe se
encaixa perfeitamente com a temática investigativa,
porém abre espaço para outras pegadas, ainda volta-
das para a investigação e para o sobrenatural e o ocul-
to, ou não, principalmente se usarmos uma lingua-
gem mais Pulp, mas não necessariamente dentro do
universo criado por Lovecraft e seus colaboradores.
Podemos notar que ‘Indiana Jones’, ‘As Aventuras
de Tintin’ e ‘Tomb Raider’, tem um clima similar ao
‘Rastro de Cthulhu’ e podem muito bem servir como
cenários alternativos para quem busca mudar um
pouco e experimentar novas formas de interagir com
o sistema de regras. Mas vamos tentar exemplificar
isso.
Na cinessérie ‘Indiana Jones’, principalmente nos
três primeiros filmes, respectivamente de 1981, 84 e
89, em que a história se passa na década de 30, vemos
uma série de semelhanças com o ‘Rastro de Cthulhu’,
que também se ambienta no mesmo período, tendo
direito a mistérios míticos – cálice sagrado, pedras
místicas e a arca perdida – uma boa dose de ação e
recheado de partes de investigação e raciocínio lógi-
co. Inclusive, no segundo filme, ‘Indiana Jones e o
Templo da Perdição’, temos o herói lutando contra
um culto maligno indiano. Será que isso lembra algo?
O quarto filme de 2008, já se passa na década de
50 e já tem uma pegada mais científica, mas sem ir
contra as idéias apresentadas nos três primeiros fil-
mes onde as lendas sobre o misticismo não são tão
fantasiosas como deveriam. Este último filme apesar
de ter sua trama voltada para ficção científica ele ain-
Bruno Souza (order #22826640)
da pode se encaixar muito bem no sistema de regras
proposto.
‘Tomb Raider’ já possui uma ambientação con-
temporânea, mas não por isso deixa de se encaixar na
base apresentada no ‘Rastro de Cthulhu’ já que a se-
qüência de jogos apresenta a jovem arqueóloga Lara
Croft rodando o mundo em busca de artefatos que
muitas vezes apresentam poderes sobrenaturais das
mais variadas mitologias e fazendo a heroína enfren-
tar diversos perigos desconhecidos. Uma aventura
usando-se a ambientação de ‘Tomb Raider’ não seria
difícil de adaptar, tendo, talvez, a necessidade de se
criar novas habilidades ocupacionais e a alteração de
outras. Enquanto o foco do série de games é a aven-
tura e o uso das armas de fogo é algo bem comum,
o Guardião poderia colocar esse foco mais na parte
investigativa, tentando decifrar as pistas e os puzzles
que aparecem durante o jogo. É possível realizar uma
aventura – ou série de aventuras – se usando o pano
de fundo das histórias dos jogos com os personagens
no lugar da heroína e tendo-se em mente essa abor-
dagem com menos ação, pelo menos se a idéia é jogar
com o sistema Gumshoe. Não que não seja possível,
mas sim devido a sua proposta inicial.
Alguns mais ‘puristas’ podem achar essa aborda-
gem aventuresca demais, até mesmo para os padrões
‘pulp’, porém os elementos são muito similares e é
impossível que isso seja ignorado. Estes dois foram
apenas exemplos de como é possível usar a mesma
ambientação proposta no livro em outros cenários.
Além destes dois exemplos podemos citar ‘A Lenda
do Tesouro Perdido’, que consiste em dois filmes es-
trelados por Nicholas Cage; os livros de Dan Brown
e ‘As Aventuras de Tintin’, sendo que este é citado no
Apêndice 2 do ‘Rastro de Cthulhu’: Fontes e Recur-
sos, que possui suas histórias ambientados nas déca-
das de 30 e 40, com pouca coisa relativa ao sobrena-
tural, mas, assim como os dois exemplos anteriores,
com grande pegada investigativa e cheio de mistérios.
O grande problema destes exemplos citados acima
seria o não uso da mitologia criada por HP Lovecraft,
e para resolver temos duas opções: Ignorar esta mi-
tologia e usar apenas o sistema e o estilo de narração
que é proposto no livro básico, com a investigação em
primeiro plano, podendo utilizar outras mitologias
diversas com presença do sobrenatural ou algo mais
realístico, com aventuras mais voltadas para a investi-
gação de assassinatos em série tendo como exemplos
as séries ‘The Mentalist’, ‘CSI’, ‘Dexter’ ou ‘Fringe’.
Há Mil Anos...
Outra abordagem que cabe muito bem para este
gênero investigativo de terror é a fantasia medieval.
E antes que alguém reclame de que isso deturpa o
ideal de histórias criadas por Lovecraft é só lembrar
que um dos maiores colaboradores para a criação do
Mythos de Cthulhu, Robert E. Howard é também o
criador de Conan. Tanto que deuses pertencentes à
mitologia Cthulhiana também aparecem nas histó-
rias do cimério como Yog-Sothoth que na era Hibo-
riana era venerado como o deus canibal Yog, além das
presenças do deus sapo Tsathoggua e Dagoth, sendo
este último citado no filme ‘Conan o Destruidor’.
Howard tinha uma visão bem menos aterrorizante
dos grandes antigos, visto que na era Hiboriana os
humanos não ficavam loucos ao visualizar monstros
invasores espaciais, e acabavam enfrentando-os com
os músculos e com o aço.
A amizade de Lovecraft e Howard acabou fazen-
do com que os dois bebessem da mesma fonte, ou se
preferir, que Howard acabasse bebendo da fonte de
Lovecraft, visto que há várias citações em suas obras
que remetem a toda a mitologia criada por Lovecraft.
Então se o mestre Robert E. Howard criou um
universo medieval de magia e espada, um dos gêne-
ros que influenciou futuros escritores e vários RPGs,
usando a mitologia Cthulhiana, porque os jogadores e
mestres de RPG não podem beber dessa fonte e fazer
algo similar?
Há várias formas de se conseguir encaixar os
Myhtos de Cthulhu em uma campanha de fantasia
medieval e conseguir resultados variados, tanto com
vertentes mais pulp, como puristas, ou seja, para to-
dos os gostos.
Um exemplo de campanha purista nesse estilo é
esquecer a fantasia do medieval, ou pelo menos di-
minuí-la até um nível mais realístico, já que esse é
o forte das campanhas de ‘Rastro de Cthulhu’, onde
31
 o mundo real possui horrores inimagináveis que de-
vem se manter em segredo. É só pegar essa premissa
e transportar para um cenário medieval mais real,
quem sabe até mesmo histórico. A grande diferença
está no nível tecnológico da época e na mentalidade
medieval que acreditava e temia muito mais as lendas
obscuras. Então cabe ao Guardião transformar estas
lendas em algo real e fazer com que os camponeses se
apavorem com histórias de estranhas criaturas sur-
gindo nas noites densas da Europa medieval ou no
surgimento de cultos malignos que sacrificam huma-
nos que logo seriam investigados pela Igreja.
Uma pegada mais pulp pode ser muito bem basea-
da nas histórias de ‘Conan’, com povos cobra cultuan-
do um estranho e misterioso deus que deseja acabar
com todos os mamíferos da terra. No caso é possível
acrescentar mais ou menos fantasia, podendo inserir
raças fantásticas como elfos e anões, mais magia ou
menos magia. O maior cuidado é não deixar que o
terror presente nas histórias do Mythos de Cthulhu
se torne algo banal. A principal ideia do jogo é o ter-
ror de descobrir algo terrível e o horror de finalmente
descobrir o que não deveria, e provavelmente virar
uma casca vazia sem sanidade após ver o inenarrável.
Elementos como clérigos de uma sociedade poli-
teísta podem ser facilmente trabalhados dentro desta
ideia, podendo neste caso até mesmo inserir um deus
maligno proveniente das histórias de Lovecraft, ou
magos que retiram seus poderes de um estranho li-
vro com capa feita de pele humana. Se preferir, pode
apenas usar o monoteísmo como base e investir em
tramas usando a religião da Europa medieval e como
o surgimento de um culto maligno afetaria a vida
destas pessoas, principalmente dos aldeões que po-
deriam estar sumindo nas redondezas, ou ainda com
membros do clero tentando resolver esta questão, po-
dendo até mesmo usar as cruzadas neste sentido.
A Verdade Está Lá Fora
Um cenário que tem tudo a ver com a temática do
‘Rastro de Cthulhu’ é ‘Arquivos X’, afinal de contas
temos a investigação e o sobrenatural aliado ao sci-
-fi. Não seria muito difícil fazer uma campanha onde
os Investigadores fossem dos Arquivos X tentando
32
Bruno Souza (order #22826640)
investigar algo estranho que esteja relacionado aos
Mythos de Cthulhu. Você também pode esquecer o
Myhtos e trabalhar apenas na questão sobrenatural x
ciência que nunca eram bem elucidados no seriado.
Isto é algo que também é trabalho no seriado ‘Frin-
ge’ onde temos explicações científicas para eventos
sobrenaturais e a mesma pegada investigativa.
No primeiro exemplo, a questão da mitologia
cthulhiana pode estar inserida nas histórias, sendo
usadas como algo sobrenatural, mas real. Já no segun-
do exemplo, o seriado ‘Fringe’ já possui uma pegada
mais cientifica, explicando situações sobrenaturais.
Neste caso, esqueceríamos o Mythos e nos apegaría-
mos mais à investigação de situações anormais e nas
suas explicações cientificas.
Apenas Gumshoe
Outra opção para você que não é fã do gênero
apresentado pelo ‘Rastro de Cthulhu’ é usar apenas o
sistema em uma campanha investigativa, esquecendo
o sobrenatural. O sistema Gumshoe apresenta uma
simplicidade que consegue abranger grande parte do
que é necessário para conduzir uma campanha in-
vestigativa, principalmente com uma premissa que
agradou muito que é a garantia de que as pistas serão
encontradas se o Investigador estiver no lugar certo e
possuir a habilidade certa, coisa que, se depender dos
dados não pode ser dada como garantida, mas, mes-
mo com as pistas sendo encontradas, ninguém ga-
rante que elas serão interpretadas corretamente pelos
jogadores o que faz o jogo depender muito mais do
jogador do que dos números na ficha do personagem.
Isso combina demais com o gênero de campanha
baseada em investigação, fazendo com que os jogado-
res se esforcem a pensar, mas o sistema também prevê
que você possa não adivinhar tudo, afinal de contas,
esse é apenas um jogo de faz de conta, mas é claro que
tudo tem um preço.
Levar uma campanha sem o Mythos de Cthulhu
não requer muito trabalho, no máximo você irá igno-
rar as regras de sanidade. Assim é só pegar a maioria
dos exemplos já citados acima e usar sem as criaturas
monstruosas de Cthulhu, preservando assim a mente
 dos personagens, ou pelo menos grande parte dela.
Mas é claro que, assim como qualquer outro sis-
tema ou cenário, não agrada 100% dos RPGistas, e
isso é bom, senão teríamos apenas um ou dois jogos
de RPG rodando por aí.
Os Outros
Há inúmeros outros gêneros onde é possível se en-
caixar uma campanha de horror baseada nos Mythos
de Cthulhu, sendo que em alguns é possível usar o
sistema Gumshoe facilmente. Em outros talvez seja
melhor mudar o sistema, isso se você quiser voltar
sua campanha para outro gênero que não o investi-
gativo.
Só para dar um exemplo disso, vamos pegar o de-
senho animado da Liga da Justiça, onde houve um
episódio em que aparece um antigo deus esquecido
com uma enorme semelhança física à Cthulhu, que
aparece tentando retornar a terra e tendo relações
com a sociedade do planeta natal da Mulher Gavião.
Numa pegada mais supers, que provavelmente não se
encaixa na temática oferecida pelo sistema Gumshoe,
seria possível sair no braço com um deus antigo. A
temática do jogo ainda seria usada, mas com outro
sistema que se encaixasse mais com a proposta da
campanha.
Isso foge muito da idéia oferecida pelo ‘Rastro
de Cthulhu’, mas para os RPGistas que gostam de
dar uma pitada de terror em seus jogos é uma boa
pedida. Mas é claro que mesmo dentro do universo
de supers é possível jogar algo mais investigativo, já
que a própria Liga da Justiça possui membros como
o Questão, um lunático que acredita que existem con-
spirações em todos os lugares ou ate mesmo como o
Batman, que, não a toa, é considerado o maior dete-
tive do mundo.
Além dessa temática supers podemos imaginar
uma campanha de terror e investigação em variados
cenários. Um deles seria o faroeste, que recentemente
ganhou um filme que foge do convencional, ‘Cow-
boys e Aliens’, em que vemos aliens chegando à terra,
porém em pleno século XIX durante a expansão es-
tadunidense para a costa do Pacifico. Há a possibili-
Bruno Souza (order #22826640)
dade então de substituir os aliens por uma estranha
criatura aprisionada no novo continente que acaba
sendo descoberta pelos desbravadores americanos, ou
ainda ser descoberta uma tribo nativa que cultue um
deus antigo presente na mitologia cthulhiana. Ou se
preferir, como citado acima, esqueça o Mythos e use
apenas a temática investigativa. Estas ideias podem
ser facilmente encaixadas no Gumshoe, gerando uma
ótima campanha pulp.
Imaginar É Preciso
Apesar de este artigo mexer em muito com a
proposta apresentada pelo ‘Rastro de Cthulhu’ ele
ainda segue a proposta de todos RPGs, a IMAGI-
NAÇÃO. A imaginação dos jogadores de RPG não
deve ser limitada às propostas apresentadas em um
livro. Apesar de talvez o livro apresentar a melhor
temática para se ambientar aquele sistema ou aquele
cenário, isso não deve permitir que a imaginação
fique presa somente a isso. Os jogadores e principal-
mente os mestres têm o direito e o dever de não se
prender ao que é apresentado nos livros de sistema ou
de cenários, eles são apenas um guia e não uma ver-
dade absoluta que deve ser seguida ao pé da letra. Se
fosse assim, onde estaria a imaginação dos jogadores?
Então inove, jogue, veja se realmente funcio-
na na sua mesa e lembre-se de que, o que não é di-
vertido para você, pode muito bem ser divertido para
outras pessoas e vice versa. Apenas experimentando é
que você será capaz de saber o que funciona ou não.
33
 UMA
ESCOPETA
PARA A MÁFIA
ITALIANA
Aventura para Terra Devastada
Por Jefferson ‘Kalderash’ e revisado por Moisés Saraiva de Luna

Esta é uma aventura de Terra Devastada onde
os zumbis são os menores dos seus problemas.
Os jogadores perceberão que viver em uma Terra
Devastada pelo holocausto zumbi não se resume
a sobreviver aos zumbis, trazendo bem o estilo
‘Romeriano’.
Por isso a aventura é muito útil para jogadores
iniciantes (4-5 jogadores seria um bom número)
que desejam se aventurar no primeiro RPG de
zumbis no Brasil.
Os personagens serão envolvidos em meio à
briga de duas facções que controlam uma cidade.
Se você já tem um cenário pode adaptá-los e uti-
lizá-los em sua cidade. Os personagens e os locais
devem ser alterados a gosto do narrador. Essa
aventura foi feita pensando justamente nisso, na
liberdade interpretativa dos fatos pelo narrador.
Este é apenas um guia que conta como a
história pode ocorrer e dá uma “ordem” para os
eventos, porém lembre-se, a Terra Devastada é
sua, faça o que você achar melhor para propor-
cionar diversão a seu grupo de jogadores.
Um breve
resumo
Augusto Casseli é o atual líder dos mafiosos
da cidade. Além de seus rompantes de fúria, é
conhecido por desde o início do “fim dos tem-
pos” não dar as caras em público.
Seu filho mais velho, Tarso Casseli, e o qual
todos pensaram ser o único que não seguiria com
os negócios da família, é o porta-voz da ainda po-
derosa facção italiana dos Casseli. Se o mundo
não estivesse tão destruído, talvez você pensasse
duas vezes antes de negociar com os carcamanos.

34
Bruno Souza (order #22826640)

OS PERSONAGENS
Os personagens de nossos jogadores estão imersos
no apocalipse zumbi, isso nós já sabemos, afinal você
está narrando Terra Devastada. Nessa busca por so-
breviventes, refúgio e comida, os PJs se deparam com
um supermercado completamente saqueado - aparen-
temente era a única fonte de alimentos do local - com
uma decoração macabra: marcas de bala e sangue em
suas paredes, chão e teto.
Tudo leva a crer que o italiano Laurentino de Mes-
si, encontrado morto no estabelecimento, foi alvejado
com vários tiros. Sua carteira ainda estava no bolso,
mas estranhamente três de seus dedos foram decepa-
dos. Ao olhar pela janela do supermercado, caso al-
gum dos jogadores observe com mais atenção, pode-
-se ler uma inscrição na parede do prédio à frente: “O
pedágio vai ser pago com o sangue dos Messi”, escrito
com sangue, ainda fresco.
Cena 01 – Aguardando reforços
Enquanto estão no supermercado, os jogadores
ficam seguros dos poucos zumbis existentes lá fora.
Mal sabem eles que as câmeras do local estão fun-
cionando e eles estão sendo observados há um bom
tempo. Da sala de controle, no andar superior e com
a porta trancada, dois dos homens da família Messi
observam-nos, vigiando-os, e nenhuma luz pode ser
vista do local. É só uma questão de tempo até os re-
forços chegarem.
A presença deles é um tanto óbvia: vieram aqui
procurar suprimentos, mas foram surpreendidos por
um bando da família Casseli, que matou Laurentino
e feriu Paolo. Marcus foi levado como prisioneiro e
Tobias seguiu com Paolo ferido na troca de tiros para
a sala de segurança.
O combinado era que se eles não retornassem na
última hora, um grupo de quatro homens viria para
ver o que estava acontecendo. Enquanto isso, Tobias
Messi ajudou Paolo Messi ferido, conseguindo há
poucos minutos ligar as câmeras do sistema. Eles ago-
ra veem o grupo dos jogadores, mexendo no corpo de
Bruno Souza (order #22826640)
Laurentino e conversando. Como não sabem se estes Cena 03 – Um
jogadores são novos recrutas do Casseli, e os perso-
nagens tiverem armas, logo pensarão que eles são os novo refúgio
homens do grupo mafioso rival. A esperteza é outro
elemento chave para
sobrevivência no apo-
Cena 02 – Os reforços chegaram calipse zumbi. Uma vez
Enquanto os personagens discutem e checam o lo- que os homens dos Messi
cal, um pick-up vem a toda velocidade da rua logo a deixam claro que volta-
cima, atropelando um, dois, três zumbis. Os homens rão de toda maneira, se
param na frente do supermercado, liderados por Ar- os personagens forem
mando, e caso vejam algum dos personagens, inicia- espertos, essa é a hora
rão um tiroteio, para tentar pegar os personagens de de procurar um novo
surpresa. Uma negociação pode ser a melhor saída, refúgio. O tiroteio, além
mas eles não desejam arriscar a sorte com gente des- de ter destruído os jane-
conhecida. lões de vidro, chamou a
atenção de vários zumbis
Caso os personagens não insistam em negociar, o próximos, e os mortos já
chumbo literalmente vai engrossar. Durante o emba-
vêm em direção ao lugar.
te, Tobias Messi resolve sair da sala quando notar, pe- Buscando um novo local para
las câmeras, que o caminho não está barrado, levando se esconder pela cidade - você, nar-
Paolo. Seu objetivo é chegar à porta dos fundos. Se (e rador fica livre para escolher qualquer lugar - agora é
quando) o fizer, os Messi irão fugir para buscar mais a vez de os personagens conhecerem quem manda de
reforços. Deixe claro para os PJs que esperar o retor- verdade nessa cidade devastada.
no dos Messi não é uma opção para eles, principal-
mente se algum deles estiverem feridos pelo recente
combate.
O SEGREDO
Numa negociação, os Messi vão apenas querer sa-
ber onde estão seus homens e pedir para que os per-
sonagens se entreguem. Os reforços, bem armados,
estão em quatro na pick-up, e com certeza ameaças
DOS CASSELI
Nessa parte, os personagens entrarão em contato
podem vir de ambos os lados. Para tentar alterar os com os Casseli, membros da máfia italiana que con-
rumos desse confronto, Tobias irá para o local onde trolam a vida das poucas pessoas sobreviventes da
os personagens estão e tentará surpreende-los. cidade. Sua sede fica no mini-shopping Asa Norte,
Nesse ponto, chegamos a uma emblemática situ- uma pequena galeria de lojas muito bem protegida
ação: Tobias pode dar vantagem aos homens lá fora que ainda conta com uma boa quantidade de arma-
sacando sua arma, ou ser pego por um personagem e mento, alimentação e homens para a sua proteção.
utilizado como moeda de troca. Lembre-se: estamos
no apocalipse zumbi e ninguém é bonzinho, todos
querem tirar vantagem, inclusive os personagens dos Cena 01 – Um novo refúgio,
jogadores. novos problemas
Enquanto buscam por um local para se esconder,
os personagens encontram um conjunto residencial,
seja de casas ou de apartamentos. Ao se dirigirem
para o local, uma mulher já idosa balança um lenço
35
 branco para um dos personagens, fazendo sinal para
entrarem.
A senhora Diona Campbell é uma das mais anti-
gas residentes do bairro, seu marido, o falecido Stu-
art Campbell era um veterano de guerra que sofria
com os traumas da idade. Ele sempre teve mania de
se preparar para a próxima guerra mundial, gastando
boa parte de sua gorda aposentadoria para construir
um bunker , o que salvou a vida de sua amada Diona
nesses tempos difíceis.
A velha senhora notou que os personagens não são
dessa região e teve esperança de que eles tivessem al-
guma notícia das outras cidades, quem sabe até sobre
seu neto Joshua que ela ainda alimenta esperanças de
reencontrar. Depois de acolhê-los, a senhora explica
que existem duas famílias rivais na cidade, os Mes-
si e os Casseli, na definição dela “ambos um bando
de drogados pervertidos, exploradores das pessoas
necessitadas de sua proteção em tempos difíceis para
sobreviver”.
Cena 02 – O golpe da velhinha
Enquanto estiverem na casa os personagens esta-
rão protegidos, mas um olheiro já os vinha seguin-
do, graças ao tiroteio no supermercado, quem sabe
eles possam até conseguir notar a pessoa que os está
seguindo? Fica a seu cargo, Narrador, decidir esta
parte. Todavia, o batedor é precavido e manterá, ao
menos, dois quarteirões de distância. Sem contar o
seu conhecimento das ruas e becos da cidade, uma
importante vantagem nestes dias de caos.
Ele não sabe ao certo quem são os personagens:
suas únicas certezas são as de que eles não têm ami-
zade com os Messi, e também não estão em vantagem
na casa dos Campbell. A velhinha serve chá, enquan-
to mostra aos personagens as fotos de seu neto e um
fuzil da Segunda Guerra em bom estado de conser-
vação pertencentes à seu marido. Ela parece não ter
muito, mas se sente bem em repartir o que tem, ou ao
menos é isso que ela aparenta.
36
Bruno Souza (order #22826640)
Em certo ponto da conversa, os personagens vão
ficar sonolentos (a velhinha Campbell vai dar o sinal
dizendo “Está com sono, meu filho? Quer se deitar
um pouco?”). Nessa hora, Joshua vai sair do armário
armado com um pé de cabra e atacar os personagens,
em uma puta desvantagem: desarmados, sonolentos
e pegos de surpresa. Se forem muitos, a velha Diona
vai puxar o fuzil e tentar amedrontá-los. Um blefe,
porém, pois mal sabem os jogadores que a arma
está emperrada há anos.
Se os personagens forem derrubados, você
já pode partir para a “Cena 03 – O que os Cas-
seli querem?”. No caso deles consiguirem der-
rubar Joshua, alguns homens dos Casseli que
estão à espreita das vitimas da senhora Camp-
bell, vão armar uma tocaia na entrada da casa
e na saída.
Por estarem em maior número, eles irão
abrir fogo contra os personagens para intimi-
dá-los, Tarso quer e precisa deles vivos, então
é bom que eles se rendam ou a paciência dos
Casseli irá acabar.
Cena 03 – O que os Casseli que-
rem?
Os personagens acordam, ou são trazidos
à força dependendo de como o encontro com
a velhinha se desenrolou, estando amarrados,
em uma sala escura e vigiados por dois homens.
Quando derem sinais de que estão acordando,
Felipe, o carcereiro, um homem que fala pouco e
tem um olhar intimidador, retirará a mordaça de
um por um e dará água. Com orgulho ferido, possi-
velmente um dos personagens pode se recusar ou ser
“malcriado”, então entrará em cena Jorge, o outro
carcereiro, que imediatamente meterá seu coturno na
boca do “rato” forasteiro.
Depois de um tempo, Tarso Casseli virá falar com
os personagens. Ele é um homem de pele morena,
baixa estatura, cabelos negros lisos e um maneirismo
com as mãos bem peculiar. O homem só deseja saber
quem são os personagens e o que eles estão fazendo
 aqui. Durante o interrogatório, Joshua, o filho de
Diona estará saindo do lugar com duas boas sacolas
de mantimentos, mas não sem antes passar na sala
onde os personagens estão, cumprimentar o senhor
Tarso e apenas olhá-los com desprezo.
Caso os personagens consigam convencer que não
são do lado dos Messi, Tarso Casseli concordará em
soltá-los, se eles puderem pagar o que ele pagou por
eles. O homem é realmente bem ardiloso, e ficará
com um dos personagens como refém em uma sala
separada (de preferência uma mulher ou o persona-
gem mais jovem), para forçar os outros a trabalharem
a seu favor. Inexistindo mulheres, ou jovens, para es-
colha, o carcamano pedirá para os personagens apon-
tarem quem será o refém, num ato um tanto cruel.
Cena 04 – Conhecendo o velho Augusto
Tarso não deseja fazer prisioneiros, tão pouco
manter reféns pois ele já tem homens suficientes.
Suas intenções para os personagens são um pouco
mais sórdidas. O velho Augusto Casseli se encontra
enclausurado pelo filho numa das salas da gerência
do mini-shopping, um local que só pode ser acessado
por ele, o que garante certa comodidade, já que só
o próprio Jorge, além de seu patrão, sabe do terrível
segredo do patriarca Casseli.
O velho Casseli foi acometido pela doença que
se espalha pelo mundo. Seu filho Tarso, sem ter
outra solução, mantém o velho preso nesse lugar,
e quando pode, joga algum forastei-
ro ou membro da família Messi
para manter seu pai ali-
Bruno Souza (order #22826640)
mentado. No fundo, ele acredita que um dia existirá
uma cura, e quando isso ocorrer, ele salvará seu velho
pai.
Tarso e Jorge vão levar o personagem escolhido
como refém enquanto os outros vão receber algumas
atribuições como roupas para lavar e a limpeza do lu-
gar, sempre, é claro, sendo vigiado por algum mem-
bro armado. Aproveite, narrador, para explicar como
é o local para os personagens, já que essa é a primeira
vez que eles estão vendo o interior do mini-shopping
Asa Norte.
O personagem ficará algumas horas na frente da
sala de Tarso Casseli, enquanto ele entrará para tratar
de assuntos com Jorge, e então, o capanga virá para
levar o personagem para a sala interior, onde o pró-
prio Tarso levará o personagem para conhecer o pa-
triarca dos Casseli. O Velho estará na segunda sala,
sentado numa cadeira alta de costas para a porta. Tar-
so deixará o personagem sozinho com o zumbificado
patriarca da família, observando por uma portinhola.
Enquanto isso...
UMA ESCOPETA
PARA A MÁFIA ITA-
LIANA
Os homens dos Messi não engoliram a armadilha
dos Casseli e querem vingança. Armando estará com
alguns de seus homens trazendo uma “horda dos
mortos”, usando como isca o corpo desmembrado do
batedor dos Casseli puxado por um carro. Enquanto
isso os Hermanos preparam suas armas e seus planos
para a invasão do lugar: eles querem
acabar com essa raça de
uma vez por to-
das. O
plano de Armando é usar os zumbis como distração
e entrar pela ventilação para um ataque surpresa, em
meio a isso os personagens estarão na linha de fogo.
Cena 01 – Saquem suas armas!
Os Messi chegaram!
Jorge avisa a Tarso que zumbis estão enchendo a
entrada. Como se soubesse que mais desmortos estão
próximos, o patriarca dos Casseli se ergue. O homem
fecha a portinhola que estava usando para ver seu pai
devorar o refém e sai para averiguar o que está acon-
tecendo. Tarso não tem preocupações já que o refém
não tem condições de reagir a seu pai zumbificado,
pelo menos é isso que ele acha.
Os personagens são orientados a se esconderem na
lavanderia, enquanto os “homens” tomam de conta
da parada, mal sabendo eles o que está por vir. Uma
rajada vigorosa atinge os Casseli pelas costas, Jorge
cai crivado de balas ao chão próximo de um dos per-
sonagens, enquanto os homens dos Messi saltam para
cima dos encurralados Casseli.
Cena 02 – Lutando
desesperadamente pela vida
Augusto Casseli atacará o personagem, corpos es-
tão espalhados por todos os lados. O cheiro pútrido
da morte impregna o lugar, a velha múmia vem em
direção ao personagem lentamente para consumir
sua carne. Caso os personagens consigam na cena an-
terior pegar a chave de Jorge e fugir, eles podem ten-
tar soltar o amigo, caso contrário, ele terá que acabar
com o zumbi no mano-a-mano e arrombar a porta, o
que será bem difícil.
Cena 03 – Empreendendo fuga
Em meio ao tiroteio resta aos personagens tentar
fugir do local, já que ambos os lados usam arma-
mentos pesados e nenhum deles tem ótimas
vantagens para oferecer aos persona-
gens dos jogadores, quem venc-
37
 er com certeza vai dar cabo deles.
Use o mapa para criar rotas de fuga, pois os zum-
bis já podem ter entrado por outro local e serão obs-
táculos mais que suficiente. Lembre-se que Armando
trouxe uma horda de mortos para o shopping. O es-
tacionamento deve estar lotado, bem como as saídas
laterais. Os personagens podem tentar conseguir al-
gumas armas e fugir, narrador isso fica a seu critério,
todavia não deixe o clima de pressão do tiroteio es-
friar. Se os personagens começarem a pensar demais,
uma bala perdida pode ser um bom aviso que é a hora
de correr.
Cena 04 – Fim
Os personagens seguem para um local seguro, ag-
ora eles já conhecem a cidade e seus problemas, têm
uma vingança pessoal contra os Campbell e ainda por
cima vão ter duas organizações mafiosas na sua cola.
Os zumbis são o seu menor problema.
Coadjuvantes e
Antagonistas
Tobias Messi
Membro da Família Messi, Tobias é um habili-
doso batedor. Antes do apocalipse zumbi, era apenas
um sobrinho vagabundo de Armando, no entanto,
depois do início do fim dos tempos, suas habilidades
naturais e sua paciência foram recompensadas com
um bom lugar na estrutura familiar.
Características e Condições:
Um homem de família, Sabe se esgueirar, Usar ar-
mas de fogo, Paciente.
Drama: Perdeu uma orelha em uma luta corporal
no Ensino Médio.
Trunfo: Conseguiu passar despercebido por um
pequeno grupo de zumbis.
38
Bruno Souza (order #22826640)
Horror 7 Convicção 12
Paolo Messi
Um bobalhão que nunca teve oportunidade de es-
tudar, Paolo era um caipira do interior trazido para a
cidade, na tentativa de aprender um ou dois truques
com seus primos da cidade. Ele já não tem mais pai
ou mãe, apenas a família com quem pode contar, se
trabalhar direitinho.
Características e condições: Um homem de
família, Bom atirador, Incapacitado, Bobalhão.
Drama: Perdeu os pais há alguns anos.
Trunfo: Consegue acertar um zumbi a 12 metros
de distância usando uma cartucheira.
Horror 13 Convicção 12
Armando Messi
O mais velho dos filhos de Leonardo Messi, Ar-
mando desde cedo carrega o fardo de liderar o grupo.
Seu pai, antes do apocalipse zumbi, foi morto numa
emboscada pelo patriarca dos Casseli, o que alimenta
seu ódio e desejo de proteger a família a todo custo.
Características e condições: Um homem de
família, Odeia os Casseli, Líder do bando, Armado
com metralhadora, Treinado para usar armas de fogo,
Desconfiado, Sabe ler as pessoas.
Drama: Teve o pai morto em uma emboscada.
Trunfo: Acertou alguns membros dos Casseli e
os mandou para o hospital anos antes do apocalipse
zumbi, quando seu pai ainda era vivo.
Horror 13 Convicção 20
Diona Campbell
A doce senhora Diona perdeu seu esposo durante
os primeiros dias da praga zumbi, isso a chocou de
uma maneira inacreditável. Enquanto se escondia,
ela recebeu a visita de Tarso Casseli e seus homens,
eles queriam levar Joshua, seu único familiar, para a
gangue. No entanto, a velhinha estava muito descon-
fiada e não aceitou de maneira alguma a ida do rapaz.
Tarso ameaçou tirar a proteção de sua família, eis que
então a velha Diona propôs um acordo nos seguintes
termos: “ela conseguiria novos recrutas para o grupo
em troca de sua proteção e algum alimento”. Mesmo
não acreditando nas palavras da velhinha, Tarso acei-
tou, só para receber na semana seguinte um bando de
forasteiros desacordados numa pick-up dirigido por
Joshua.
Características e condições: Acima de quaisquer
suspeitas, Ótima cozinheira, Velhinha simpática, Es-
perta como o diabo.
Drama: Ver seu esposo morto.
Trunfo: Conseguiu um acordo com Tarso Casseli
para manter Joshua em casa.
Horror 13 Convicção 12
Joshua Campbell
O jovem Joshua foi criado desde pequeno nas saias
da avó, tornando-se muito apegado e, por isso sempre
acaba por fazer de tudo para mantê-la feliz. Quando
os Casseli resolveram vir buscá-lo, não pensou duas
vezes e se agarrou à proposta de sua avó. Os primeiros
forasteiros entregues aos Casseli foram seus amigos
foragidos de uma pequena comunidade agrícola dos
arredores da cidade. Bastou que fossem feitas algu-
mas promessas e em poucas horas os rapazes estariam
em sua casa, tomando um gostoso (e batizado) chá.
Características e condições: Ama a vovó Diona,
Forte como um touro, Não tem escrúpulos, Armado
com pé de cabra.
Drama: Levou seus amigos de infância para a
morte certa.
Trunfo: Arremessou um zumbi em um carro para
salvar a vida de sua avó.
Horror 13 Convicção 12
 Felipe Casseli
Felipe Casseli é um primo mais jovem de Tarso,
um homem calado e de olhar recriminador. Sempre
está ao lado do primo para o que der e vier. Ele prefe-
re ações a palavras, um rapaz com a inteligência que
a máfia necessita.
Características e condições: Homem de família,
Fala pouco, Olhar intimidador, Armado com revol-
ver.
Drama: Ele sabe o que aconteceu com o patriarca
Casseli, mas nunca comenta.
Trunfo: Salvou o jovem Tarso de uma briga na es-
cola com vários moleques maiores.
Horror 5 Convicção 12
pai, mudaram drasticamente sua forma de pensar e
agir. Hoje, ele não valoriza a vida humana, apenas
aqueles que lhe são leais e com que tem algum laço de
sangue merecem viver, essa é sua única ligação com
a humanidade. Um homem ardiloso e cheio de ma-
neirismos na fala, parece não estar olhando enquanto
conversa, tem rompantes de fúria e medo que confun-
dem as pessoas.
Características e condições: Homem de família,
Sofre de transtorno bipolar, Ardiloso, Sádico, Segre-
do obscuro, Líder do Bando, Acredita na cura para a
praga.
Drama: Seu pai foi infectado pela praga.
Trunfo: Conseguiu tomar o controle da família
Casseli e manter seu pai escondido.
Horror 8 Convicção 18

Jorge Casseli
Jorge é o braço direito de Tarso, um homem vio-
lento e preparado, antes um criminoso condenado,
agora um mercenário profissional leal à família. Seu
ódio pelos Messi vem de uma troca de tiros, quando
sua ex-companheira, Amanda Casseli, sua prima de
primeiro grau, foi morta por uma bala perdida. Ele

Histórias de
tem absoluta certeza que um dia fará os Messi paga-
rem.
Características e Condições: Homem de Famí-
lia, Forte como um touro, Armado com uma subme-

Sobrevivência +
tralhadora, Odeia os Messi.
Drama: Perdeu sua amada em um tiroteio.
Trunfo: Já matou dois homens dos Messi, e ainda

Escudo do Mestre
contando.
Horror 9 Convicção 12

Tarso Casseli
Tarso Casseli é Engenheiro de Produção formado
apenas alguns meses antes do apocalipse zumbi. To-
dos realmente pensavam que este seria o filho pro-
Janeiro de 2012 na
Retropunk
missor do senhor Augusto Casseli. Porém, a notícia
da morte de sua mãe e a consequente doença de seu

Bruno Souza (order #22826640) 39

 Promoção
Super promoção de reestreia da revis-
ta digital Rolepunkers!
Para comemorar a volta da Rolepunkers iremos
iniciar duas promoções simultaneamente. A primei-
ra é bem fácil e depende exclusivamente da sorte dos
participantes – e um pouco de boas vibrações – já a
segunda vai depender da criatividade e da capacida-
de literária dos participantes. Vamos às explicações
então.
 Promoção do Twitter
Para receber um exemplar da aventura “Agonia de
St. Margaret” impresso totalmente grátis em sua casa
é só seguir o perfil da @Rolepunkers e da @Retro-
punkGD no twitter e mandar a seguinte mensagem:
 
“Eu quero ganhar um Agonia de St Margaret
que a @retropunkgd e a @rolepunkers vão sortear
dê RT e siga”
Cada um pode mandar a mensagem quantas vezes
quiser e para isso há um prazo bem grande, a promo-
ção se iniciará no dia 24/11/2011 – dia de lançamento
da primeira edição da revista – até o dia 16/12/2012.
O sorteio será realizado pelo sorteios.org e será di-
vulgado no twitter até o final de Dezembro. Após o
sorteio será enviada uma DM ao vencedor que terá 48
horas para responder e reclamar o prêmio, enviando
os dados necessários para o envio (nome e endereço
completo). Caso o vencedor não se manifeste em 48
horas um novo sorteio será realizado até que tenha-
mos um vencedor válido
É necessário que seja usada uma conta de twitter
40
Bruno Souza (order #22826640)
válida, ou seja, que não seja utilizada apenas para pro-
moções, que o participante siga o perfil do twitter da
Retropunk e da Rolepunkers e que ele tenha enviado
a mensagem acima a partir de sua conta.
O livro será enviado sem nenhuma despesa para
o vencedor e em troca apenas pedimos que ele envie
uma foto com o livro em mãos para publicarmos na
segunda edição do livro.
 
Promoção Contos Punks
Quer ganhar o último exemplar de ‘Rastro de
Cthulhu’ em capa dura? Quem sabe um exemplar de
‘Fiasco’, um ‘Terra Devastada’ ou um ‘3:16: Carnificina
Entre as Estrelas” e uma bag temática? Então leia as
instruções abaixo para saber como participar da pro-
moção da Rolepunkers em conjunto com a editora
Retropunk.
Para participar, vocês poderão enviar contos re-
lacionados a algum dos títulos da Retropunk, como
por exemplo, ‘Rastro de Cthulhu’, ‘Fiasco’, ‘3:16 Carni-
ficina Entre as Estrelas’ ou ‘Terra Devastada’ e além de
ter seus contos publicados na revista, poderão ganhar
prêmios para isso. É muito simples participar:
- Os participantes podem enviar seus contos a par-
tir do dia 24 de novembro até o dia 16 de Janeiro;
- Os contos devem ter mais de uma página e má-
ximo de quatro em fonte arial 12 com espaçamento
simples, incluindo o título;
- O conto deve ser original e inédito, ou seja, de
sua própria autoria e que nunca tenha sido publicado
em nenhum outro lugar, seja blog, revista, livro ou
outros;
- A temática do conto deve ser algo relacionado
aos lançamentos da Retropunk. Podendo mostrar um
investigador encontrando pistas que o levem até um
segredo sombrio de Cthulhu, uma desventura que
leve a um Fiasco, as missões da companhia 3:16 em
um planeta distante ou o ataque de uma horda zumbi
à sua cidade. Estes são apenas alguns exemplos, use
sua imaginação acima de tudo;
- Ao enviar o conto o autor deve informar no final
seu nome completo e e-mail de contato;
- Ao participar da promoção você está cedendo seu
conto para a Rolepunkers para ser usado como bem
entendermos, assim o conto não poderá ser utilizado
em publicações futuras sem o consentimento dos edi-
tores mesmo que não seja um dos quatro vencedores;
- A promoção irá premiar quatro contos de pessoas
diferentes, e além dos prêmios cada conto será publi-
cado em uma edição diferente. O conto que ficar em
primeiro lugar será publicado na edição 03, o segun-
do lugar na edição 04 e assim subsequentemente. Os
outros contos ainda podem ser publicados em edições
futuras;
- Os vencedores serão avisados por email até o dia
do lançamento da segunda edição da Rolepunkers:
para o envio do prêmio será necessário que o vence-
dor, após ser notificado, envie seu endereço. O prê-
mio será enviado gratuitamente.
- O primeiro lugar irá receber o último exemplar
em capa dura do ‘Rastro de Cthulhu’; o segundo lugar
irá receber um exemplar do ‘Fiasco’; o terceiro lugar
irá receber um ‘Terra Devastada’ e o quarto lugar rece-
berá um ‘3:16: Carnificina entre as estrelas’ e uma bag
temática.
- Os contos que não ficarem entre os três primeiros
ainda podem ser usados em edições futuras da Role-
punkers, nesse caso será usado o sistema de desconto
na Retrostore para colaboradores. Caso isso ocorra,
entraremos em contato.
 Nós da Rolepunkers esperamos que gostem detsa
promoção e das próximas que, com certeza, irão ocor-
rer. Agora não perca tempo e envie seu conto punk e
mande sua mensagem pelo Twitter.