Operação Pandora - Karyu Densetsu

OP ER AÇ ÃO PA ND OR A
ALLANA DILENE
Felipe Pereira Borges garuwars@gmail.com

OPERAÇÃO PANDORA
Baseado no RPG - KARYU DENSETSU
por Thiago Rosa e Nina Bichara
Allana Dilene
2019

Todos os direitos reservados a Nina Bichara e Thiago
Rosa, 2019.
Autora: Allana Dilene

Texto adicional: Thiago Rosa
Capa: Mariana Petrovana
Edição e Diagramação: Nina Bichara
Artes internas: Odmir Fortes, RAFAELLA RYON
Catálogo de artes livres - Pixabay
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens,

organizações, lugares e situações são fruto da imaginação
deste autor ou usados como ficção. Qualquer semelhança
com fatos reais é mera coincidência.
Proibida a reprodução total ou em partes, através de

quaisquer meios.

SUMÁRIO
Capítulo 1 - A Divisão Pandora _________________________ 6
Pontapé inicial _____________________________________ 7
A Jurisdição da Divisão Pandora _____________________ 8
Sendo um agente e conduzindo histórias______________ 9
Os principais cargos da Divisão ______________________ 9
Capítulo 2 - Técnicas e especialidades de um agente ____ 10

Caminhos _______________________________________________ 10
Trunfos _________________________________________________ 11
Técnicas_________________________________________________ 12
Equipamento ____________________________________________ 19
Capítulo 3 - A Aventura ______________________________ 24
Narrando a Aventura ________________________________ 25

Protagonistas______________________________________ 26
A Operação Pandora _________________________________ 29
Cena 01: A desertora _________________________________ 32
Cena 02: É hora de botar pra quebrar... códigos ________ 40
Cena 3: Na boca do monstro __________________________ 48
Cena 4: Se eu cair, que seja do alto _____________________ 54
Epílogo _____________________________________________ 62

APRESENTAÇÃO
O mundo de Karyu Densetsu é similar à nossa Terra, mas
há diferenças. A primeira é que a força do espírito é
indiscutivelmente real e de conhecimento público. A
segunda é que existe uma dimensão paralela conhecida
como Outro Mundo um enorme monstro que veio do lado
de lá causou o Desastre de 99, marcando a Terra para
sempre. Apesar dos poderes incríveis e alguns seres
estranhos, quando as pessoas olham pela janela em Karyu
Densetsu, a vista é bem parecida com a que você teria se
fizesse a mesma coisa.
No Brasil a comunidade de inteligência brasileira ainda

está se acostumando ao panorama mundial cheios de yuzas
e shen. E a forma mais eficiente de lidar com o sobrenatural
é utilizando-o. A Divisão Pandora da ABIN é responsável
por casos envolvendo nagen, focus e shen. Essas são as suas
histórias.
Operação Pandora apresenta dois novos Caminhos, um

novo Trunfo, oito novas Técnicas e o equipamento
especializado da Divisão Pandora para suas campanhas.
Além disso, a aventura introdutória permite que seu grupo
participe da fundação da Divisão!
LEMBRE-SE, permaneça VIGILANTE.

Uma pasta escorrega sonoramente pela mesa, alguns
papéis deslizam com o movimento. Nomes saltam à vista,
acompanhados de algumas fotos. Em uma delas, o nome
do ex-aprendiz do Círculo do Dragão e hoje diretor
das Indústrias Tolwyn. Cético, seu superior indaga:
“Esse é o seu dossiê? Você pretende enquadrar o

magnata Evan Wilson com um... crime sobrenatural?
Um cientista morto... Experimentos? Você não está
vendo seriados demais? ”

Capítulo 1 - A Divisão
Pandora
Em 1999, o governo brasileiro criou a ABIN – Agência

Brasileira de Inteligência. Essa ação foi, em parte, motivada
pelos eventos ocorridos no mesmo ano (o surgimento do
Ifrit e o conhecido Desastre de 99 e as operações que
moveram esforços globais para sua destruição), mas foi
também fruto de um trabalho já em andamento. O
estabelecimento de uma agência de inteligência brasileira
era muito significativo após a redemocratização do país,
especialmente pelos usos de informações de cunho
ideológico e político no período da ditadura militar. Não
muito depois disso um dos agentes alertou da necessidade
de investigações que fossem direcionadas para os
problemas do contato da terra com o Outro Mundo.
Embora a criação da Agência tenha se dado no mesmo

ano do Desastre de 99, levou algum tempo para que a
Divisão Pandora fosse oficialmente reconhecida. Mas em
menos de um ano a Divisão Pandora deixou de ser uma
subdivisão da unidade antiterrorista com baixo orçamento
para ser um departamento independente e agitado.
Este braço sobrenatural da ABIN, nomeado Divisão

Pandora (à boca pequena apelidado de “departamento
mula-sem-cabeça”, embora ninguém tenha a coragem de

dizer isso na frente do Diretor), é hoje uma das seções de
maior atividade na agência.
Pontapé inicial
Embora a ABIN fosse legitimada e exercesse suas
atividades no país, os recursos (humanos, financeiros e
tecnológicos) empregados na investigação e levantamento
de informações sobre os shen e o Outro Mundo eram parcos
no início dos anos 2000, visto que apenas o Círculo do
Dragão os estudava desde os anos 40. O resto do mundo não
sabia muito, resultando em conhecimento desatualizado
ou pouco confiável. Assim, nos próximos anos diversos
pesquisadores pelo mundo iniciaram suas buscas para
entende-los. Poucas descobertas foram tão inovadoras
quanto as pesquisas do Dr. Von Nagen e as indústrias
Tolwyn
Este fato, somado à popularização das técnicas de

manipulação de focus e do uso no nagen, logo chamou a
atenção dos diretores da ABIN. Conforme yuzas iam sendo
admitidos nos concursos da Agência, essa noção de
urgência na vigília dessas técnicas e da influência do outro
mundo se tornou latente. Mas ainda não era o suficiente
para convencer os diretores a dedicarem um setor inteiro
ao assunto.
Foi necessário um evento de grandes consequências para

que fosse dada a devida atenção. Este evento foi a Operação

Pandora e a descoberta de certos experimentos envolvendo
humanos e shen. Uma vez concluída a operação, seus dados
foram o principal motivador para a criação da Divisão.
A Jurisdição da
Divisão Pandora
A Divisão Pandora da ABIN
é um serviço de inteligência e
vigilância. A sua função
principal é investigar ameaças
sobrenaturais, reais e
potenciais, defendendo civis e
garantindo que nada vá contra
os interesses do povo
brasileiro. Assim, a divisão
espera impedir que intenções
perniciosas encontrem solo
fértil.
Suas missões podem tomar diferentes formas, seja

ajudando shen perdidos ou com energia desbalanceada a
encontrarem seu lugar na terra, ou mesmo criando grandes
operações de investigação para barrar criminosos, como os
Piratas do Céu ou a Chanku, uma máfia nacional que
organiza campeonatos de luta clandestinos.

Sendo um agente e conduzindo
histórias
Os alicerces desta história são ação e a investigação. Para
serem bem-sucedidos, os protagonistas precisarão ser
sagazes, exímios lutadores e pensar como investigadores.
Se tiver dúvidas sobre como conduzir uma história

dentro da agência, inspire-se em outras histórias de
investigação, especialmente aquelas que envolverem
grandes conspirações e/ou mistérios sobrenaturais:
Arquivo X, Law and Order - SVU, Psychopass etc.
Elas normalmente seguem a seguinte estrutura:
 Apresentação do problema a ser investigado.

 Introdução dos protagonistas.
 Complicações e reviravoltas culminando em uma
emocionante resolução no final.
Os principais cargos da Divisão

Oficiais de inteligência, agentes de inteligência,
diretores, agentes duplos e detetives. Todos passam pelo
concurso da ABIN, mas têm formações e habilidades
variadas.

Capítulo 2 - Técnicas e
especialidades de um agente
A lei não protege as pessoas. São as pessoas que protegem a lei. O
povo sempre detestou o mal e procurou formas dignas de viver. Esses
sentimentos ー e o acúmulo desses sentimentos pessoais ー são a lei.
ー Akane Tsunemori, Psycho Pass
Como um funcionário público faz para enfrentar

ciborgues assassinos, rastrear fantasmas e trocar socos com
ogros gigantescos? No resto do mundo, realmente isso não
é nada fácil. No Brasil, porém, o pessoal da Divisão Pandora
sempre consegue dar um jeitinho. A seguir apresentaremos
alguns elementos de customização para deixar seus
personagens com a cara do Brasil e da Divisão Pandora.
Caminhos
Policarpo
Você é um verdadeiro patriota e ama o Brasil acima de
tudo. Por causa disso, você tem dificuldade em admitir os
problemas do país.
Eventos:
 Mencionar a grandiosidade do seu país.
 Dar argumentos fracos a respeito de alguma
crítica contra o Brasil ou suas instituições.

 Se meter em confusão para defender a imagem do
país.
Reviravolta:
 Perceber que uma bandeira é apenas um pedaço
de pano.
Macunaíma
Você pode até ser um herói, mas não tem nenhum
caráter. Sempre procura uma forma de ter menos trabalho
e de se dar bem.
Eventos:
 Enganar alguém.
 Encontrar uma forma de evitar trabalhar.
 Conseguir que outra pessoa resolva um problema
que você criou.
Reviravolta:
 Tomar vergonha na cara.
Trunfos
Perito
Você não se interessa tanto assim por essa coisa toda de
artes marciais e violência. Pode ser por falta de
oportunidade, falta de aptidão ou alguma forma de
pacifismo. O que importa é que você não é um lutador tão

bom quanto outros protagonistas, mas compensa isso com
habilidades mundanas.
Você distribui apenas 4 pontos no seu estilo de luta,

nenhum valor pode ser maior que 2 e você não tem nenhum
ougi. Porém, você tem doze pontos para adquirir
Ocupações.
Técnicas
Análise Tática
Requisitos: Razão 4
Alguns lutadores confiam mais na análise lógica e no poder
do raciocínio que nos músculos. Treinando sua prontidão e
criando uma vasta gama de planos, eles lutam mais com a
mente do que com o corpo.
Como uma ação extra, faça uma jogada de Razão (Vigilante)

contra a tensão. Caso obtenha sucesso, você pode usar
Razão para fazer jogadas de ataque ou calcular dano de
ataques (escolha um sempre que realizar um ataque) até o
final da cena.
 Ougi: Você tem vantagem na jogada de Razão.

 Sincronização: Você pode usar sua Razão para
jogadas de ataque e para calcular dano.
 Nagen: 4

Antecipação Tática
Requisitos: Análise Tática
O poder de antecipação e planejamento de alguns lutadores
beira o sobrenatural. Porém, não se trata de leitura de
mentes ou previsão do futuro. É apenas a aplicação mais
direta da lógica, eliminando hipóteses até que uma resposta
surja.
Como uma ação, enquanto tiver a técnica Análise Tática

ativa. Faça uma previsão e escolha uma ação a ser realizada.
Por exemplo, “se o ninja vai correr até a casa, vou atirar
nele”. Caso a previsão aconteça até o começo do seu
próximo turno, você pode realizar a ação declarada como
uma reação.
 Ougi: Você tem vantagem nas jogadas para

realizar sua ação declarada.
 Sincronização: Você pode escolher duas ações em
vez de uma. Porém, ainda realiza apenas uma
delas quando o gatilho acontece.
 Nagen: 4
Armeiro de Improviso
Requisitos: Excelência Verdadeira, Engenheiro 3
Bons armeiros criam armas lendárias em forjas ancestrais e
laboratórios de altíssima tecnologia. Se aproveitando do
poder dos espíritos ou do progresso da civilização, eles são

capazes de criar ferramentas de combate inigualáveis. Um
armeiro excelente faz a mesma coisa em uma caverna com
uma caixa de sucata.
Como uma ação, você pode pegar uma arma e modificá-la

com suas ferramentas. Ela recebe uma característica de
arma adicional (Karyu Densetsu, página 109) à sua escolha.
Ao final da cena, faça uma jogada de Razão (Engenheiro)
contra a Tensão. Em caso de sucesso, sua modificação se
desmancha e a arma volta ao normal. Em caso de fracasso,
a arma se desmancha junto com a modificação.
 Ougi: Você tem vantagem na jogada de Razão.

 Sincronização: Adicione uma característica
adicional à arma.
 Nagen: 4
Fascinação Feérica
Requisitos: Excelência Verdadeira, Artista 3
A fascinação através da dança e do canto é atribuída a fadas,
especialmente no folclore gaélico. Muitos acreditam que as
histórias de fadas encantando humanos estejam
relacionadas a habilidades dos shen e algumas até
estão. Mas muitas vezes esta hipnose é desenvolvida por
exímios artistas, peritos em encantar.
O artista começa a praticar sua arte (definida por alguma

especialização que ele tenha da Ocupação Artista). Todos

que conseguem ver (ou ouvir, no caso de música) a
apresentação precisam fazer uma jogada de Vontade contra
sua Presença (Artista). Os que falharem têm a atenção
completamente dominada pela arte e não podem fazer nada
além de contemplá-la.
A Fascinação Feérica requer concentração total. Enquanto
usa essa técnica, o artista não pode realizar nenhuma outra
ação.
 Ougi: Você tem vantagem na jogada de Presença.

 Sincronização: Você pode fazer uma ação extra
sem quebrar sua concentração.
 Nagen: 4 por rodada
Lembrança da Lama (Terra)

Requisitos: Amplificação Sensorial, Sentido
Sísmico, Zanshin
Expandindo o uso de todos os seis sentidos, você pode
tocar o solo e “ver” o que aconteceu naquela região no
passado. O alcance é igual a sua Aura x10 em metros
quadrados. As visões são borradas, imprecisas, como
sombras vistas contra uma parede. Por exemplo, você pode
saber que duas pessoas passaram correndo pelo local, mas
não pode dizer detalhes de seus rostos ou quais roupas
estavam usando.

 Ougi: Você pode testar Razão (Vigilante) contra a
tensão. Caso tenha sucesso, o narrador lhe dirá
um detalhe adicional sobre o que ocorreu.
 Sincronização: Você tem uma visão muito mais
clara, distinguindo detalhes específicos como
formato, tamanho e peso. Ainda não é possível
detectar cores.
 Nagen: 4 para a mesma cena, 7 para o mesmo dia,
10 para o dia anterior, +10 para cada dia além dele.
Se o solo for coberto (por exemplo, por asfalto)
aumente o custo em +1. Caso não seja o térreo,
aumente o custo em +1.
Oráculo do Orvalho (Água)

"Se eu fosse a chuva, poderia unir meu coração ao de outro
alguém? Assim como ela une os eternamente distantes céu e terra. ”
ー Bleach
Requisitos: Instinto 4, Médium
Os espíritos da chuva são muito curiosos e sabem um pouco
sobre tudo. Durante a chuva, um médium pode usar essa
técnica para fazer uma pergunta de sim ou não, como uma
ação extra. Caso tenha sucesso em uma jogada de Presença
(Místico) contra a Tensão, ele consegue uma resposta. Os
espíritos só conseguem responder sobre a área coberta pela
chuva.

Um médium pode tentar usar essa técnica mesmo que não
esteja chovendo. Nesse caso, ele deve se direcionar a uma
poça d’água, piscina ou outro corpo de água parada, como
uma ação. A jogada de Presença é feita com desvantagem,
mas em caso de sucesso os espíritos respondem sobre o que
aconteceu nas cercanias do corpo d’água.
 Ougi: Você tem vantagem na jogada de Presença.

 Sincronização: Você pode fazer duas perguntas.
 Nagen: 4
Prontidão Perpétua
Requisitos: Excelência Verdadeira, Vigilante 3
Muitos yuzas consideram o zanshin como o ápice da
percepção humana. O uso de um sexto sentido indicaria a
transcendência dos limites da humanidade. Dentre os
usuários de focus mais mundanos, especialmente aqueles
que ativaram suas auras sem sequer perceber, os cinco
sentidos são mais valorizados.
A Prontidão Perpétua indica esse estado avançado de

percepção, parecido com de um predador em busca de sua
presa. Como uma ação extra, todos os seus sentidos ficam
mais aguçados. Até o final da cena, o usuário tem vantagem
em qualquer jogada para perceber alguma coisa.
 Ougi: Uma vantagem adicional em jogadas para

perceber.

 Sincronização: Você assume a iniciativa.
 Nagen: 2
Último Tiro (Projétil)

Sobrou uma. Pode ser a minha especial. ー Vash the Stampede,
Trigun
Contar munição é muito chato. Os únicos tiros que

realmente importam são o que inicia um combate e aquele
que o termina. Porém, o último tiro de um verdadeiro
atirador é dramaticamente efetivo.
Para usar essa técnica, o atirador precisa estar
empunhando uma arma com a capacidade Projétil e precisa
tê-la disparado pela menos uma vez nessa cena. Como uma
ação, ele dispara a arma novamente, esgotando sua
munição. Esse tiro é feito com vantagem e, caso acerte,
consegue um splash automaticamente. Porém, a arma não
pode mais ser disparada até o final da cena.
 Ougi: Você pode combinar Último Tiro com

manobras de Projétil como Disparo de Nagen.
Depois de usar Último Tiro, a técnica não pode ser
usada de novo até o final da cena.
 Sincronização: Some sua Aura ao dano.
 Nagen: 4

Xeque-Mate
Requisitos: Análise Tática, Antecipação Tática
Ainda que leve tempo cada segundo analisando o oponente
é uma vantagem a mais. Se essa cartada final não funcionar
mesmo o melhor estrategista fica em maus lençóis.
Xeque-Mate pode ser usado apenas enquanto Análise

Tática estiver ativa. Como uma ação extra, o usuário
designa seu próximo ataque como o golpe decisivo que vai
encerrar a luta. Esse ataque causa 1 ponto de dano a mais
para cada rodada antes do anúncio desta técnica. Caso seu
dano seja superior ao Limiar de Proteção do alvo, ele sofre 2
ferimentos em vez de 1. Se o oponente não for derrotado por
esse ataque, faça uma jogada de Razão contra a tensão. Se
falhar, o usuário tem seus planos despedaçados e sofre
desvantagem em todas as jogadas até o final da cena.
 Ougi: Você ganha +3 no dano para cada 2 rodadas

da luta.
 Sincronização: Você ganha uma vantagem na
jogada de ataque para cada ponto de dano
adicional recebido pela duração da luta.
 Nagen: 4
Equipamento
Esses são alguns dos itens de alta tecnologia disponíveis
a agentes da Divisão Pandora.

Besouro: Os drones da Divisão Pandora foram
apelidados carinhosamente de “besouros”. De aparência
quase esférica e com um chassi preto lustroso, poderia ser
confundido com o inseto homônimo se alguma espécie
chegasse a sessenta centímetros de comprimento. O
besouro pode ser controlado pelo celular ou por óculos
digitais. É munido de uma câmera e pode ser usado para
acessar fisicamente sistemas eletrônicos que não estejam
conectados à internet, sem a necessidade da presença física
do agente.
Caneta Câmera: O que parece uma discreta caneta

esferográfica é na verdade uma câmera. Normalmente ela é
pendurada no bolso da camisa. Tem capacidade para
registrar duas horas de vídeo antes de precisar ser
recarregada.
Canhão Sônico: Essa arma pode facilmente ser

confundida com uma escopeta; a diferença é o cano em
forma de funil e os aros concêntricos que o rodeiam. A arma
dispara uma onda vibratória (um Projétil) que prejudica o
equilíbrio da vítima. Um alvo atingido pelo canhão sônico
sofre desvantagem em jogadas de Agilidade até receber
cuidados médicos. Os efeitos não são cumulativos. Uma

vítima com Aura 1 ou mais pode usar uma ação extra para
testar Vontade contra a tensão e ignorar os efeitos até o
começo de seu próximo turno.
Grilo: Esse pequeno dispositivo se parece com um

pendrive com um botão vermelho. Quando conectado a
uma fonte de energia (qualquer entrada USB) seu botão é
pressionado, o grilo preenche todas as ligações telefônicas
num raio de trinta metros com estática, tornando a
comunicação impossível.
Óculos Digitais: Esse par de óculos escuros inclui uma

discreta tela interna que permite contato com o controle de
missão, exibição de mapas, realização de chamadas
telefônicas e acesso à internet. Uma pequena câmera
permite tirar fotos com uma piscada sugestiva. Agentes que
usem os óculos digitais como uma espécie de celular hands-
free fora do horário de trabalho recebem chamadas
disciplinares, mas é difícil resistir à tentação.
Soneca: A pistola TTV2 calibre .45 é um modelo das

Indústrias Tolwyn que não se tornou muito popular devido
a seu altíssimo custo de produção. Essa arma versátil
dispara balas através de cargas magnéticas, permitindo o

uso de tipos exóticos de munição. Por não usar propulsão
por explosão, a arma ficou numa área cinza das leis de porte
de arma brasileiras. Quando finalmente chegaram a uma
decisão jurídica, a TTV2 .45 já estava desacreditada
mundialmente devido a seu altíssimo custo de produção e
acabou comprada a preço de banana pelo governo.
Atualmente, é a arma padrão da Divisão Pandora, cujos
agentes a apelidaram de Soneca devido a seu potencial não-
letal. Soneca é uma arma de Projétil que usa munições
exóticas; trocar o pente requer uma ação extra e concede
efeitos dependendo do material, como: Debilitante
(borracha), Letal (diamante), Longa (alumínio) ou Perigosa
(fósforo).
Traje Tático: Embora sejam mais facilmente

identificados por seus ternos e crachás, os agentes da
Divisão Pandora possuem um uniforme de combate usado
nas raras situações em que o confronto direto contra seres
sobrenaturais é a única opção. Esse traje cinza de kevlar é
protegido por placas de cerâmica e denadorita.

Mais importante que
seu bônus de +1 no
Limiar de Proteção é a
vantagem que concede
contra todas as jogadas
para resistir contra os
efeitos de focus.

Capítulo 3 - A Aventura
Este livro também traz a você a chance de participar da
operação que lançou as bases para o surgimento da Divisão
Pandora. A operação constou na revelação de um esquema
de pesquisas com cobaias sencientes (seres humanos e shen)
mantida clandestinamente pela megacorporação Tolwyn.
ATENÇÃO!
Este não é um livro independente; trata-se de um
cenário e aventura do RPG Karyu Densetsu. Portanto,
suas regras devem ser observadas e você precisará do
livro básico para jogar.
Esta aventura acontece em algum momento passado,

entre 1999 e 2002. A operação Pandora foi um grande
acontecimento e a proposta é que os jogadores tenham a
oportunidade de participar disso. Mas, se quiser jogar na
atualidade, você pode usar ideias, fichas e desdobramentos
dessa aventura em um cenário atual do mundo do dragão de
fogo, quando a Divisão já está atuando a todo vapor.

Narrando a Aventura
A aventura está estruturada por Cenas, que deverão ser
utilizadas para guiar o andamento da história. A trama não
é nada muito diferente das histórias de investigação
comumente encontradas.
Deve-se levar em conta, porém, que Karyu Densetsu é

um jogo que fala do poder da alma humana, pelos âmbitos
espiritual e pessoal. Dê oportunidade para seus
Protagonistas brilharem e se desenvolverem, evoluindo
com o andamento da história. Também é possível mesclar
a aventura sugerida com outras ideias, coadjuvantes e
intrigas.
Os elementos narrativos serão apresentados em cenas (e,

assim, facilitar a distribuição de pontos de karma) que
guiarão a história até a resolução do conflito. Cada cena tem
um objetivo padrão, que poderá ser alcançado total,
parcialmente, ou mesmo não ser alcançado pelos
Protagonistas (a ideia é que eles tenham sucesso, mas
imprevistos acontecem).
Para dar um pouco mais de cor ao seu jogo, sugerimos

que sejam criadas novas cenas relacionadas ao passado ou
às motivações individuais dos Protagonistas. Adapte caso
necessário.
Ter arcos de desenvolvimento ajuda a manter o

interesse no jogo, além de individualizar uma experiência

que poderia ser encarada de maneira casual e sem
compromisso. Além disso, a evolução de personagens em
Karyu Densetsu é diretamente relacionada à maneira como
os personagens conseguem evoluir em seus Caminhos,
trabalhar seus Laços e ganhar Karma, como é explicado
nos capítulos 5 e 7 do livro básico do RPG. Portanto, não
deixe de dar atenção individualizada a seus Protagonistas.
Protagonistas
Aqui temos algumas funções que podem servir como
conceito para os personagens e coadjuvantes que
participaram da operação de alguma forma. Os jogadores
podem optar por usar alguns deles como seus
protagonistas.
Todos eles podem ser incluídos momentaneamente

como coadjuvantes ou aliados, mas lembre-se que o
coadjuvante não deve roubar do protagonista seu papel.
Eles poderão ser o laço de algum jogador, ou talvez até
desaparecer no decorrer do jogo após pedir ajuda aos
jogadores.
Yuza agente da ABIN

Agente concursado da ABIN, esse yuza sabe que há algo
de podre no reino da Tolwyn, mas não é especialista em

assuntos sobrenaturais. Se não for um Protagonista, pode
atuar como Coadjuvante que peça ajuda a alguns
Protagonistas, ou mesmo ser o responsável por designar a
missão.
Yuza místico
Essa protagonista não tem afiliação com a ABIN, mas foi
contratada como consultora especial em assuntos
sobrenaturais. Ela tem suas próprias preocupações:
espíritos menores (aqueles que conseguem atravessar o
tecido entre os mundos com mais facilidade) estão
desaparecendo com uma frequência alarmante, e poucas
pessoas parecem interessadas em investigar.
Caçador do Círculo do Dragão

Esse Protagonista foi contatado diretamente pelo Agente
da ABIN. Se preferir, pode até agir de maneira isolada,
conhecendo e se aliando aos outros no decorrer do jogo.
Esse personagem pode estar agindo nos interesses do
Círculo, mantendo em vista a movimentação energética
nas Indústrias Tolwyn, ou pode ter um de seus laços
afetados pelos eventos da aventura.
Ninja contratado
Esse Protagonista não sabe quem o contratou, não se
importa com a eternamente mutável balança do poder, mas
recebeu instruções diretas do clã Tendou: infiltrar-se na
investigação da ABIN, angariar os segredos envolvidos e
manter olhares atentos ao que a Divisão sabe e no magnata

da Tolwyn, Evan Wilson. O clã tem interesses particulares,
e caso o executivo se revele uma ameaça, eliminá-lo pode
ser uma opção. Como (e se) ele irá manter sua verdadeira
motivação um segredo dos outros é algo a ser conversado.
Ciborgue das Indústrias Tolwyn

Essa personagem só está viva pela intervenção das
tecnologias Tolwyn. Após um grave acidente, ela recebeu
diversos implantes, e suas novas habilidades acabaram por
lhe conseguir um emprego nas IT.
Ela só acabou metida na operação porque os últimos

trabalhos despertaram desconfianças: missões das quais
ela não sabe bem o resultado, operações sendo levadas a
cabo sem o aval das chefias devidas. Seu trabalho, por
enquanto, é proteger os interesses da empresa de
intervenções externas, mas como proceder quando tudo
parece tão errado e escuso?
Todos estes protagonistas se envolveram na operação

através do contato e delação de Julia, que os personagens
irão conhecer nas próximas cenas.
Parte das suas descobertas foram também reveladas no

livro Contos de Almas em Chamas, no conto Negociações
Escusas.

A Operação Pandora
Contexto
A descoberta de uma matriz energética limpa, barata e
abundante foi a grande responsável pelo salto financeiro
das Indústrias Tolwyn. Segredo guardado a sete selos pelo
alto escalão da corporação, a exploração da denadorita
permitiu uma rápida expansão da multinacional pelo
globo. No Brasil não foi diferente: oferecendo preços
competitivos em produtos quase exclusivos, a empresa
acabou se espalhando pelo país.
Essas atividades, corriqueiras no ramo econômico,

costumam passar despercebidas pela grande população,
especialmente em uma metrópole como São Paulo.
Grandes atuantes da economia mundial destinam recursos
através de smartphones, negociando grandes quantias de
dinheiro por videoconferências e reuniões regadas a café e
cigarros.
Como qualquer empresa de grande porte, a Tolwyn

aterrissou facilmente no Brasil usufruindo de benefícios
fiscais, o que atraiu por si só a atenção de certos
departamentos da Polícia Federal. Movimentações
financeiras estranhas e a denúncia de um ex-assessor de um
deputado levaram a polícia a uma investigação fiscal. No
maior sigilo possível, foram concedidas autorizações
judiciais para grampos telefônicos, e os assuntos

levantados iam além de arranjos fiscais. Isso acabou
chamando a atenção de um yuza agente da ABIN, que se
prontificou a investigar correlatos sobrenaturais.
A verdade, porém, é que ele estava trabalhando

praticamente sozinho. Os assuntos relacionados aos shen e
ao Outro Mundo poderiam render algum prestígio
acadêmico, mas dentro da Agência, ainda existia certo
preconceito regado a um infindável repertório de piadas
sobre a credibilidade do ramo. As Indústrias Tolwyn
certamente atraíam a atenção da ABIN, mas menos pelos
seus acordos com o Outro Mundo e mais pela sua crescente
importância política e econômica, além, claro, da produção
armamentista exclusiva. Controlar a entrada desses
artefatos no país e impedir que eles caíssem nas mãos do
crime organizado. Além de monitorar comunicações com
interesses internacionais, estas eram prioridades mais
importantes para a Agência.
Interesses por todos os lados

Outras pessoas e grupos também estavam interessadas
nas atividades da Tolwyn na metrópole paulistana. O
Círculo do Dragão, a instituição que mais se dedicou a
estudar os shen e o domínio das artes sobrenaturais,
mantém olhos atentos às atividades da multinacional,
especialmente no que diz respeito ao enriquecimento da
denadorita. A alta cúpula do Círculo teme o que pode advir

da manipulação do misterioso minério de maneira
descontrolada. Além disso, o Círculo desconfiava de tanto
protecionismo em relação ao desenvolvimento dos
produtos Tolwyn.
Os clãs que comandam o crime organizado fora do país

também têm emissários interessados nas atividades das
Indústrias Tolwyn. Embora quase todos eles, como os clãs
Tendou, Iga e Koga, sejam muito arraigados aos seus
métodos e tradições em artes marciais, eles têm interesse
em saber o que podem enfrentar no “mercado”. O
desenvolvimento tecnológico encabeçado pela empresa
não se restringe à criação de próteses para pessoas com
necessidades especiais, mas também inclui alterações
corporais mais invasivas e a fabricação dos exotrajes.
Embora eles sabidamente diminuam o poder espiritual de
yuzas ativos, fechar os olhos para esse tipo de atividade
seria um grande descuido.
A Missão
Uma denúncia selou o destino do Agente Yuza. Recursos
limitados, uma agência descrente de sua teoria, a ajuda de
indivíduos interessados e de motivações pouco claras,
compõem o início das investigações oficiais contra o
conglomerado Tolwyn, cuja sede brasileira fica em um
prédio de muitos andares e vidros espelhados, em plena
Avenida Paulista.

Cena 01: A desertora
Evan Wilson passou a ser uma figura de destaque na
sociedade paulista desde a chegada das Indústrias Tolwyn
no país. Notícia em publicações financeiras e científicas, ele
é o CEO e o rosto da empresa. Evan advoga publicamente
pelos vários benefícios que os implantes e outros produtos
da Tolwyn podem trazer à vida das pessoas incapazes de
utilizar o focus, além de casos de reabilitação. Para Evan, a
IT vende a tecnologia que permitirá o surgimento do
humano mais que humano.
Vários órgãos regulatórios fizeram visitas à Tolwyn

(Vigilância Sanitária, Inmetro), e a empresa anda
financiando diferentes pesquisas nas universidades,
voltadas normalmente para a biotecnologia. Nada, porém,
denota atividade explicitamente suspeita.
Há, porém, um claro interesse nos seres do Outro

Mundo, com editais abertos em parceria com os governos,
voltados para as ciências humanas, especialmente aqueles
com foco nas lendas brasileiras. Aparentemente, o folclore
brasileiro está profundamente relacionado aos seres
encontrados no Outro Mundo. Há também um grande
braço da indústria de olho em possíveis atividades de shen
no Rio de Janeiro.

Para algumas pessoas do setor, isso parece ser o segundo
paraíso para a pesquisa brasileira. E isso bem poderia ser
verdade, se não fosse uma morte acidental: Dr. Marcos
Vilela, um pesquisador a trabalho da Tolwyn, faleceu em
um acidente dentro de seu laboratório. Com a investigação
em segredo de justiça, o caso chegou à ABIN, que está
tentando montar esse quebra-cabeças.
Uma pessoa inquieta e talvez paranoica, no entanto,

parece ter começado esse trabalho, somando vários relatos
de desaparecimento de shens em diferentes locais de São
Paulo. Essa pessoa é Julia, uma analista contratada
recentemente pelas Indústrias Tolwyn, e que começou a
juntar essas peças. Sem saber bem a quem recorrer, ela fez
com que denúncias anônimas chegassem à ABIN. E
escolheu o momento que julgou estar mais visível, e que
teria menos chance de ser silenciada de maneira discreta.
Em busca da verdade
Os textos destacados em caixa cinza trazem descrições e
eventos que deverão ser lidos em voz alta, como esse que
segue abaixo.
Em volta do estádio, muitas filas se formam. Os mais

prevenidos já compraram seus ingressos, enquanto um
tanto de outras pessoas se dirige à bilheteria, na
esperança de encontrar bons lugares. Cambistas gritam

preços a plenos pulmões, e a cena antecipa a animação
das pessoas. São as eliminatórias para o Circuito Mundial
de Lutas! Dessa etapa sairão os nomes dos atletas que
deverão representar o Brasil no CML.
Várias pessoas em diversas idades perfilam-se e
conversam animadamente sobre seus favoritos. Alguns
nomes soam familiares, mas sempre há aquelas
surpresas de atletas que superam expectativas e se
destacam, chegando até às finais. Não é o nome famoso
de algum atleta que chama a sua atenção, porém. Apenas
um nome consegue atrair tanta atenção ultimamente:
Julia.
A delatora e a delação
Julia é assistente júnior e trabalha nos laboratórios da
Tolwyn. Conseguiu o emprego com a ajuda do professor
Vilela, e fazia, na maior parte do tempo, análise estatística
de dados coletados pelos outros analistas e cientistas
envolvidos em diferentes projetos. De engenharia genética
a implantes, passavam pela mesa de Julia os mais variados
tipos de trabalhos que poderiam ser patenteados pela
Tolwyn. Apesar do contrato de sigilo com um salário
generoso, as análises mais recentes traziam conclusões
eticamente questionáveis.

Pelo que ela conseguiu pescar, a empresa estava
utilizando de cobaias humanas – ou quase isso, se você
considerar os shen – em algum projeto secreto. Ela
continuou a investigar, mas na surdina; fez também cópias
dos arquivos. Embora sua ideia inicial fosse de conseguir
algum ganho pessoal com aquilo, o “acidente” envolvendo
o professor Vilela a colocou em alerta.
Assustada, tentou se cercar de alguma garantia. Seu

primeiro contato foi com a lei – quis negociar uma delação
premiada, algum programa de proteção a testemunhas,
mas começou a se sentir perseguida. Por vezes teve a certeza
que seus eletrônicos pessoais (celular, tablet) estavam
sendo hackeados e monitorados. Isso fez com que ela
buscasse outras fontes e contatos que poderiam tirá-la
dessa situação.
Em uma tentativa de sobrevivência, Julia marcou o

encontro com o seu contato no evento mais badalado e
cercado de yuzas na cidade: as classificatórias do Circuito
Mundial de Lutas. Sua ideia é de esconder-se bem debaixo
dos narizes de seus perseguidores -- ela acredita que os
agentes da Tolwyn não teriam coragem de agir contra ela
tão publicamente.
Vestida com a camisa promocional da torcida de algum

atleta, na fila de ingressos, ela se aproxima do seu
contato. Nas costas, uma mochila de nylon simples; no
rosto, olheiras indiscretas denunciam noites insones. Ela

olha desconfiada para os lados, esperando que alguma
ameaça apareça da próxima esquina.
Esta é uma situação perfeita para os protagonistas serem

introduzidos de maneira mais natural na narrativa: Julia
fez contato com alguém do grupo ou mesmo com vários,
prometendo diferentes informações.
Julia está à beira de um ataque de nervos, e desenvolveu

paranoia e crises de pânico, mas não hesitará em recorrer a
qualquer ajuda que possa ter. O encontro não ocorrerá sem
percalços. Há agentes e capangas da Tolwyn infiltrados na
plateia, e os medos da jovem têm algum fundamento – ela
esteva sendo seguida. Quando Julia der indicações de
seguir o protagonista com quem estabeleceu contato,
atravessa a multidão um grito alto e incisivo.
“ALI ESTÁ ELA! FOI ELA QUEM ME ROUBOU! ”

Um homem alto ergue acusador o indicador: “Foi ela,
eu tenho certeza! Me devolve, sua safada! ”, o que causa
uma comoção digna de nota.
Julia, apesar de alarmada e com o emocional
fragilizado, discretamente deposita um cartão de
memória no bolso de seu contato, e pede, nervosa, para
saírem dali o quanto antes. Os transeuntes e pessoas
próximas começam a tecer comentários e um
burburinho começa a ganhar forma. Os dois se veem

isolados quando “guardas” vestindo ternos e óculos
escuros se aproximam.
São agentes da Tolwyn, disfarçados de segurança do

evento, que vão cercando os personagens.
Sugestões ao Narrador
Oferecemos algumas possibilidades para o andamento
deste evento. Não deve ser difícil utilizar o clichê de
“Protagonistas que se unem contra uma ameaça maior”.
Se todos os personagens buscarem Julia por motivos
diversos, eles deverão impedir que ela seja levada pelos
agentes da Tolwyn. Uma possibilidade para dar um bom
andamento à cena é permitir que os Protagonistas
interajam entre si antes da ação dos agentes da Tolwyn.
Eles podem ter informações desencontradas uns dos
outros, e desconfiados das intenções, podem tentar
sondar entre si. O grupo pode agir de maneira pouco
entrosada inicialmente, mas, quando se veem cercados
por uma terceira parte, precisam juntar esforços para
evitar que Julia seja levada.
Uma outra maneira seria um Protagonista assumir o

papel de Julia nessa aventura. Isso daria um maior senso
de gravidade à situação, e poderia também permitir um

maior entrosamento dos jogadores. Essa escolha requer
muitas mudanças na aventura, mas pode trazer
elementos interessantes à experiência de jogo.
Brutamontes Tolwyn
Aura: 1. Trunfo: Ciborgue
Atributos: Agilidade 4, Força 4, Razão 4, Instinto 2,
Presença 1, Vontade 2
Ocupações: Engenheiro 2, Trapaceiro 2, Vigilante 2
Implantes: Braços, Computador, Exotraje
Atributos Derivados: BdV: 10, LC: 0, LD: 11, LP: 12
Estilo de Luta: Agarrão 0, Bloqueio 2, Combo 0, Evasão
0, Golpe 2, Projétil 2
Especial: 2 vantagens em jogadas de Força, vantagem
em jogadas de Agilidade, 3 caixas de ferido, canhão
(Projétil, Perigoso, dano 4)
Resolução
Durante a luta, a população se afasta, e a depender da
proporção que os eventos tomem, a segurança do evento ou
mesmo autoridades oficiais poderão intervir, para garantir
a segurança do público. Embora essa aventura assuma o
sucesso dos protagonistas, é bom que existam alternativas.
Caso os agentes da Tolwyn tenham sucesso, outras

possibilidades de resolução podem ser exploradas: o cartão

de memória deixado com um dos protagonistas servirá de
porta de entrada para o resto da investigação, e o sequestro
de Julia poderá servir como motivação para os
protagonistas continuarem a investigar.
Caso os protagonistas consigam impedir o sequestro,

Julia começará a apresentar um mal-estar minutos depois
da luta. Ao chegarem ao esconderijo da analista, estará tão
mal que será de pouca ajuda – um dos agentes teria
conseguido envenená-la, não com uma dose mortal, mas
forte o bastante para deixá-la enferma e delirante. Suas
falas não fazem muito sentido; é hora de os protagonistas
compartilharem as informações que têm e resolverem se
seguem juntos ou separados.
Guiar um jogo com muitos Protagonistas separados

pode ser complicado. Assim, é importante mantê-los
investidos no que está acontecendo. Previamente em
cenas individuais, eles podem adquirir pedaços de
informação diferentes e aproveitarem esse momento para
compartilhá-las e se conhecerem melhor. Ou podem se
dividir para despistar os Brutamontes Tolwyn e se
encontrarem depois; o que servir melhor para engajar os
jogadores.

Cena 02: É hora de botar pra
quebrar... códigos
O ambiente é pouco mais que um galpão. Telas refletem

as luzes de outras telas, mostrando câmeras de segurança
que desvelam a movimentação de quase todo o
quarteirão ao redor do lugar. Além de alguns
computadores, uma máquina de café, cartelas de
comprimidos sem caixa e restos de comida chinesa, a
mobília é escassa e conta com poucos luxos. O esconderijo
da analista de dados poderia ter saído de um filme de
hacker dos anos 90 com baixo orçamento.
Caso os Protagonistas tenham sido bem-sucedidos em

evitar o sequestro de Julia, ela estará sedada pelos agentes.
As coisas que ela fala não fazem sentido, como: “o sujeito
azul deve ter morrido”, “eles não vão demorar a me
encontrar”, “os seres voadores vão aparecer para você
também, grandalhão”.
Com algum esforço os protagonistas conseguirão que ela

diga a senha de acesso aos arquivos coletados. Talvez ela
possa revelar, de maneira mais didática, alguma das
informações da seção Arquivos (para)normais da pág. XX.

Curando Julia
Existem diversas saídas para tornar Julia consciente.
Listamos abaixo alguns possíveis caminhos.
 A solução pode ser menos custosa com o uso da

Técnica Cura.
 É possível fazer uso de Telepatia, mas o
protagonista que o fizer desenvolverá a paranoia
e o sentimento de perseguição da analisa.
 Ou um personagem com habilidades mediúnicas
pode pedir favores a espíritos que tenham acesso
à mente humana ou a cura. Este ritual pode vir a
custar algo inesperado depois.
Caso falhem em acordar Julia, os protagonistas

precisarão quebrar a criptografia do cartão ou o
computador dela, e essa não será exatamente uma tarefa
fácil.
Julia não é uma hacker de filme, é competente e

paranoica. Inicialmente, a máquina pede uma senha, em
seguida, ela inicializa. Para surpresa dos agentes ela usa um
Cinlex, interface do início dos anos 2000. E os arquivos
estão criptografados.
Ciborgues com o Implante Computador podem ter uma

vantagem para fazer a ação.

Essa cena tem uma contagem regressiva que se inicia na
primeira tentativa de acesso aos arquivos. O sistema
utilizado está programado para efetuar uma chamada de
emergência à polícia caso uma senha errada seja digitada
em qualquer etapa do processo. Julia estava paranoica, mas
não contava que a Tolwyn estaria monitorando também as
chamadas policiais. Assim, se a primeira tentativa falhar,
uma equipe policial e um time de Brutamontes armados da
Tolwyn começam a se dirigir para o lugar onde estão os
protagonistas (vide a seção Complicações mais adiante).

Caso haja interesse em facilitar essa etapa, é possível
transformar o cartão de memória deixado por Julia em uma
maneira de fácil acesso aos dados: ele pode conter as
senhas, enigmas que levem os protagonistas até as
respostas, ou até mesmo conter um programa executável
que retire a criptografia dos arquivos. Isso não exime o
alarme de ser emitido. Não demora até que os Protagonistas
notem, através das câmeras, viaturas policiais e veículos da
própria Tolwyn.
Arquivos (para)normais
Entre os arquivos estão vários documentos de textos.
Estas são as entradas que chamam atenção:
“Cobaia X-99 trazida no último carregamento do Outro

Lado. Não resistiu à primeira intervenção. Após processos
de extração, apurou-se 30ml do Elixir Espiritual. ”
“Projeto Nave apresenta bons índices de

aproveitamento. Baixa rejeição, dosagem do Elixir
Espiritual vem sendo mantida estável. Projeto apresenta
boa performance com implantes. Sem sinais de deterioração
até agora.”
“O Elixir Espiritual demonstra, com o uso contínuo ou em

grandes quantidades, performances de caráter
excepcional, mas traz efeitos colaterais aos Projetos, como

inconstância mental e deformidades físicas. Manipulação
direta de genes apresenta resultados semelhantes.”
Será necessário inserir nas informações encontradas

pistas que interessem aos protagonistas, que os ligue a
algum laço ou ressoem de alguma forma pessoal.
Por fim, os personagens encontram um cronograma que

diz a data do experimento final, que será em dois dias, o
chamado Projeto Nave. Nesse ínterim os protagonistas
poderão levantar as informações restantes necessárias.
Dentro dos relatórios, várias menções a esse nome poderão
ser encontradas, em estados diferentes de avanço e
retrocesso. Dados como “a cobaia apresentou fortes enjoos
e comportamento agressivo, mas níveis de nagen
evoluíram satisfatoriamente”.
Debate interno
Deixe que os jogadores cheguem às próprias conclusões,
mas a suspeita de Julia é clara e as terminologias devem
ajudá-los: as chamadas cobaias são shen, sequestrados
deste ou do Outro Mundo, e são utilizadas como matéria
prima do chamado Elixir Espiritual. Os Projetos são as
cobaias humanas, que além de implantes Tolwyn recebem
doses maiores ou menores do tal Elixir Espiritual. Os
relatórios não são muito claros quanto aos métodos, mas os
seres do Outro Mundo são mortos ou destruídos no
processo.

Complicações
Enquanto eles conversam e debatem, seus antagonistas
não ficaram parados, e a cena deve culminar em uma
perseguição: algum dos protagonistas vê entre as câmeras
veículos da polícia local e uma jovem ciborgue alterada dos
pés a cabeça das IT.
A cena tem os seguintes caminhos:

 Um combate duplo seguido da fuga dos
protagonistas.
 O agente da ABIN pode tentar blefar e convencer
os policiais a pararem, alegando algo como
“questão de segurança nacional!”.
 O protagonista ciborgue pode argumentar coisa
parecida com Marfim, despistando e afirmando
que está cuidando dos curiosos.
 Uma fuga furtiva, deixando Julia para trás.
Se Julia estiver acompanhando os protagonistas e eles

estiverem desorientados, ela poderá compartilhar mais de
suas informações: o professor Vilela havia feito uma
ligação para Julia no dia do que viria a ser a sua morte, mas
suas frases não faziam muito sentido: “ele está me
obrigando a seguir com o projeto, ele está completamente
louco! Você precisa buscar ajuda e parar isso!”

Policiais
Aura: 0
Ocupações: Vigilante 1
Especial: Pistola (Projétil, dano 4)
Marfim, a mercenária da Tolwyn

Maria Eduarda é uma brasileira negra e albina,
nascida e criada na comunidade da Mangueira, no Rio de
Janeiro. Treinada com dureza pelo mestre Marcelo
“Martelo”, ela passou a adolescência toda longe de
encrenca e tinha um futuro como capoeirista.
Infelizmente, ao dirigir um carro após se machucar em
um treino, Duda e Martelo se envolveram em um
acidente grave. As duas pernas da jovem albina foram
amputadas. Somente uma campanha de financiamento
coletivo orquestrada por uma colega permitiu que eles
recebessem implantes.
Para Duda, porém, seu sonho de um futuro na capoeira
havia sido arruinado. Querendo se vingar do mundo, ela
passou a usar seu apelido de capoeira como codinome e
trabalhar como mercenária. Entre sua técnica e os
implantes, Marfim é uma oponente perigosíssima.

Aura: 1. Trunfo: Ciborgue
Ocupações: Atleta 2, Artista 2 (Dançarina), Trapaceira 2
Estilo de Luta: Agarrão 0, Bloqueio 0, Combo 2, Evasão 2,
Golpe 2, Projétil 0
Implantes: Pernas
Técnicas: Ciclone Humano, Estrela Cadente, Ginga de
Batalha (ougi), Imobilização
Equipamento: canhão sônico
Especial: 2 caixas de Ferido, vantagem em jogadas de
Agilidade.
Resolução
Após a perseguição e as informações reveladas, uma
coisa é certa: os protagonistas têm pouquíssimo tempo para
impedir o que quer que seja o Projeto Nave. Não há tempo
hábil ou dados o bastante para a emissão de um mandado de
prisão preventiva, não se sabe quem se deve prender, e o
alvo é uma megacorporação cheia de contatos de recursos.
A solução é uma investida direta às instalações da Tolwyn,
mas com os devidos cuidados.
As informações de Julia seguirão com os personagens,

seja no cartão de memória, seja com a própria analista (que,

a depender da resolução da fuga, pode até ficar para trás e
ser salva na Cena seguinte).
Cena 3: Na boca do monstro

Sem tempo hábil ou provas para conseguir um mandato
de busca e apreensão e com um mistério a resolver, a
solução de todas as dúvidas converge para a sede brasileira
das Indústrias Tolwyn. Como eles vão entrar no lugar é
uma questão que o grupo deverá planejar.
Caso Julia esteja junto dos personagens, poderá ajudar

os Protagonistas a entrarem no lugar de maneira discreta,
criando perfis de acesso. Ela não fará nada mais além disso,
porém; sua ajuda termina ali, pois não quer voltar para a
sede – uma vez lá dentro, eles deverão cuidar de si mesmos.
Se estiverem sozinhos, ofereça possibilidades para a

entrada: disfarces, invasão de sistemas, blefes, a criação de
uma distração, um desdobramento da investigação
envolvendo a morte do professor Vilela, ou deixe a
imaginação do grupo fluir.
Trabalhos internos
Uma vez dentro do grande prédio, os personagens
devem buscar a central de segurança, pista que deve ser dita

por Julia ou constar nos seus arquivos. Lá eles esperam
encontrar informações que complementem ou corroborem
a teoria debatida na Cena 02: vídeos arquivados dos
laboratórios, mais dados dos projetos, algo que revele quem
seria o cabeça do Projeto Nave e o que o professor Vilela
realmente estaria fazendo na hora de sua morte.
Os ambientes são imaculadamente limpos e bem

cuidados. Visto do alto, o prédio exibe seu heliporto,
porque as pessoas realmente ricas não se incomodam
com o trânsito da metrópole.
Internamente, o espaço climatizado protege do calor
abafado da ‘terra da garoa’. Feito de placas lustrosas em
tons de branco, verde-neon e azul, o prédio inteiro parece
querer afirmar: “somos o futuro”. Mas é um futuro de
pouca liberdade. Câmeras cobrem todas as salas e
corredores, e cada andar conta com um número razoável
de guardas, que parecem se comunicar por implantes.
O acesso a cada nível é controlado por cartões de acesso.

Para criar um sentimento crescente de tensão, insira as
seguintes situações enquanto os personagens se deslocam
pelo lugar. Elas podem acontecer sucessivamente ou ao
mesmo tempo, dividindo a atenção do seu grupo, só
atenção para que os contratempos não inviabilizem a
realização dos encontros mais importantes.

Câmeras acompanham toda a movimentação. Os
protagonistas podem tentar achar seus pontos cegos, como
em jogos stealth (Metal Gear, Deus Ex), desativá-las (com o
uso de técnicas ou implantes) ou hackeá-las e inserir uma
gravação em repetição em sua programação.
Além de câmeras, há também os guardas presentes no

local. Eles podem ser derrotados furtivamente, despistados
ou enganados. Caso um dos guardas demore a cair, poderá
soar um alarme.
Uma funcionária do administrativo que precisou ficar

até tarde faz perguntas inconvenientes aos
protagonistas. Se desconfiada, ela poderá chamar a
segurança discretamente.
Cartões de acesso clonados podem dar problema na hora

de liberar o acesso. Os protagonistas poderão hackear as
máquinas, pedir ajuda a algum shen com tendências
destruidoras de máquinas, ou tentar jogar blefes
convincentes para os guardas.
A central de segurança toma um andar inteiro do prédio,

e é o ambiente mais guardado. Com a morte do cientista
chefe, os experimentos estão oficialmente suspensos,
portanto, a entrada está restrita: apenas alguns
funcionários do alto escalão, a segurança e os
funcionários do administrativo. Os outros cientistas e
estagiários estão em licença paga.

A sala que tudo vê
Nos computadores centrais, os Protagonistas poderão
encontrar arquivos de vídeo de baixa qualidade que exibem
vários experimentos que aconteceram nas dependências da
Tolwyn: alguns envolvendo shen dos mais diversos tipos,
nos quais eram retiradas amostras de sangue, tecidos;
outros nos quais a resistência à dor dos shen era testada de

maneira cruel. Outros vídeos mostram os próprios agentes
sendo submetidos a tratamentos enquanto estão
inconscientes. E, o mais importante, é que em um deles está
gravado o incidente que causou a morte do professor
Marcos. Nenhuma das gravações tem som.
Amarrado a uma maca, Evan Wilson é assistido pelo

professor, enquanto este prepara diferentes frascos
retirados de uma maleta prateada. Medindo
cuidadosamente a quantidade de um líquido azul-
profundo em uma seringa, ele parece argumentar com o
CEO, que vocifera algo em resposta. Com uma expressão
derrotada, o homem injeta o líquido no homem, e isso
causa uma transformação assustadora em Evan.
Ele começa a convulsionar fortemente na maca, e
enquanto seus músculos parecem crescer de maneira
anormalmente rápida, o homem se liberta. Uma aura
parece cercá-lo, afastando vários dos móveis ao redor.
Uma luz branca toma conta da tela, para em seguida
mostrar o ambiente destroçado e o cientista caído no
chão.
Do alto de sua cúpula, o CEO não está alheio a toda essa
movimentação. Emitindo um alarme aos agentes com
implantes e dando ordens para que eles se livrem dos
protagonistas, enquanto ele começa a preparar seu plano
de contingência: sua fuga por helicóptero.

Cercados pelos lacaios, esse deverá ser o último desafio
dos personagens antes de chegarem até o grande
antagonista. Os agentes não têm ordens de eliminar os
protagonistas, apenas de prendê-los. Pessoas talentosas
podem servir aos planos do magnata, e ele está se sentindo
muito confiante.
Use nesse combate elementos do cenário que são

capazes de torná-lo muito dinâmico: janelas de vidro de
onde os antagonistas podem ser arremessados,
corredores estreitos que poderão afunilar os
combatentes, mesas de escritório, e mesmo extintores de
incêndio podem ser improvisados para incrementar o
combate. Use a ficha de Marfim e/ou dos brutamontes
Tolwyn.
Resolução
Derrotados ou vencedores, os Protagonistas chegam à
sala do CEO, que os observa triunfante, envolto em seu
sobretudo vermelho. Inebriado em orgulho e excesso de
confiança, graças ao efeito de uma de suas doses do Elixir
Espiritual, ele começa o seu discurso.

Cena 4: Se eu cair, que seja
do alto
Sentado na ponta de uma comprida mesa de escritório
com detalhes em denadorita, Evan vira sua cadeira de
espaldar alto para receber os protagonistas.
— Entregue o carregamento para Chanku e me deixe
aqui. — diz ele. Dispensando seu segurança pela porta dos
fundos e olhando confiante pela sala.
Ele veste um sobretudo vermelho de gola alta,
cobrindo-lhe o corpo que agora está desfigurado pelos
efeitos do Elixir Espiritual. Arrogante, ele aproveita
qualquer deixa dada pelos Protagonistas para explicar
seus motivos.
— Indivíduos tão talentosos e tão cegos por suas
próprias limitações. Eu já fui como vocês, tolo o bastante
para pensar que o único caminho para o verdadeiro
aperfeiçoamento era a manipulação do focus. Meu
talento e habilidade não foram o bastante, porém, para
me colocar a salvo dos shen, mas não importa: foi
também através deles que pude descobrir o verdadeiro
poder.
Deixe os jogadores debaterem um pouco com Evan. Ele é
um personagem arrogante, pretensioso e poderoso.

A história de Evan
Em sua juventude, Evan era um talentoso
yuza, membro do Círculo do Dragão.
Habilidoso e ambicioso, vindo de uma família
rica e influente, ele nunca se acostumou com pouco. Sua
determinação aliada à cobiça deixaram a cúpula da
organização meio hesitante quanto ao seu avanço. Assim,
em parte como atitude pedagógica, em parte por receio, a
cúpula resolveu reprová-lo no teste e ritual para os níveis
mais altos da organização.
De orgulho ferido, ele resolveu trilhar seus próprios

caminhos. Usou uma das conhecidas passagens para o
Outro Mundo, com o propósito de, de alguma forma,
retornar de lá mais poderoso. Cego pela raiva e
acreditando-se injustiçado, Evan acabou caindo vítima do
engodo de um ardiloso espírito do outro mundo. Nessa
negociação, Evan acabou sacrificando seu poder espiritual
em troca de conhecimento e acesso a outros rituais; e assim,
sua alma tornou-se incapaz de arder em chamas.
Desgraçado no Círculo do Dragão, que o expulsou, Evan

voltou seu olhar para a tecnologia. Com o dinheiro da
família, e dotado de conhecimentos novos, não foi difícil
tornar-se um investidor de grande calibre nas Indústrias
Tolwyn, e assim, ir galgando a passos largos sua ascensão.
Quando foi designado a comandar o braço brasileiro da

empresa em uma expansão, Evan viu a oportunidade de
financiar estudos de ética questionável.
Seu objetivo inicial era aprender sobre os shen, mais

exatamente sua conexão com o mundo espiritual. Não
tardou para que os experimentos levassem a sequestros de
shen que vinham ao nosso mundo por vontade própria,
laços de emoções ou sequestrados em incursões no Outro
Mundo. As experimentações levaram ao Elixir Espiritual,
que quando injetado em quantidades mínimas melhora a
canalização de nagen para ciborgues e jasq. Em
quantidades maiores, porém, ela começava a degenerar as
células hospedeiras. Inicialmente os pacientes
apresentavam desorientação, e em casos extremos, surtos
psicóticos. A exposição contínua e pesada ao Elixir
Espiritual tinha efeitos ainda desconhecidos. Entre eles
uma ampliação da força a níveis sobrenaturais.
Quando confrontado por Marcos Vilela, um dos

cientistas à frente do projeto, Evan conseguiu convencê-lo
com a promessa de financiar de outras pesquisas do
professor. Mas logo a situação escalou para ameaças à
família do estudioso. Sem saber a quem recorrer e o que
fazer, Vilela deu andamento ao projeto, tendo por cobaia
voluntária o próprio presidente. O resultado desse
experimento é a morte do cientista e o antagonista com
quem os protagonistas devem lidar agora. Evan não medirá
esforços para manter seu Elixir milagroso.

Evan Wilson
Por baixo do sobretudo, Evan Wilson tem pernas
biomecânicas, que lhe conferem mais agilidade e golpes
poderosos. A pele apresenta uma textura escamosa e
áspera, concedendo-lhe uma maior proteção física. Seu
temperamento difícil, porém, está ainda mais instável
pela exposição contínua ao Elixir, e ele pode facilmente
ficar descontrolado durante a luta. Golpes mal calculados
e decisões pouco inteligentes podem oferecer janelas de
atuação para os protagonistas.

Aura: 2. Trunfos: Ciborgue, Prodígio (Razão)
Ocupações: Engenheiro 3 (Cibernética), Místico 3
(Rituais)
Implantes: Computador, gerador, pernas, arma
implantada (garras; Precisa, Perigosa)
Técnicas: Evan já foi um grande mestre de focus.
Felizmente para os protagonistas, ele não pode acessar
todo o conhecimento que tem.
Especial: 2 caixas de ferido, 2 vantagens em todas as
jogadas de Razão, vantagem em jogadas de Agilidade,
pode gastar 1 ponto da Barra de Vigor para obter
vantagem em qualquer jogada.
Elixir Espiritual: Como uma ação, Evan pode
consumir uma dose de Elixir. A primeira dose causa um
efeito equivalente à técnica Músculos de Aço (KD, página
94). Cada dose adicional aumenta a Tensão em um.

O Elixir Espiritual
Quando ciborgues e usuários de jasq consomem o elixir,
o Limiar de Canalização deles aumenta em 2 até o final da
cena. Porém, quando o efeito acaba, o usuário faz uma
jogada de Força contra a Tensão. Se falhar, fica ferido. Se o
elixir for usado em duas cenas seguidas ou por um
personagem com Limiar de Canalização zero, ele dá acesso
a um shintai (geralmente Músculos de Aço) enquanto
deforma o corpo do usuário. Quando isso acontece, o
usuário perde um ponto da Barra de Vigor
permanentemente. Os efeitos do elixir são diferentes para
Evan devido ao tanto de poder que perdeu no seu pacto.
O embate
O plano de Evan é fugir com as amostras restantes, uma
vez que ele já chamou seu helicóptero privado, o que pode
acontecer quando for conveniente durante o combate ou

caso a Tensão chegue a 6. Depois de se explicar e de tentar
convencer algum dos protagonistas para a sua causa, ele
tentará se dirigir à cobertura, e assim está armada a cena
final.
Evan pode ter acesso a algumas informações pessoais

dos protagonistas, coisas que possam ajudá-lo em sua
tentativa. Caso haja um personagem ciborgue, Evan
poderá usar a cartada de “você só está vivo por nossa
intervenção”, por exemplo. Ele também nutre um ódio
irracional por shen, e caso haja algum shen ou hanyo no
grupo, este será seu primeiro alvo.
Este combate deve ser eletrizante e cheio de reviravoltas.

Ele é a cena com maior clímax na aventura. Ele pode ter
diversos finais, terminando com nenhuma, pequenas ou
grandes perdas ou até na apreensão de Evan.
Quando encurralado, Evan lutará cara a cara com os

jogadores. Mesmo sem seus poderes místicos, ele é um
oponente perigosíssimo. Graças aos seus implantes, ele é
muito resistente e pode bater muito pesado. Quando está
sob o efeito do elixir, Evan pode usar suas garras
cibernéticas para atacar com vantagem causando dano 7 (e
retirando 2 pontos da Barra de Vigor num acerto). Como
não tem técnicas, Evan usa e abusa de retaliação; lembre-se
de que ele tem Aura 2, podendo retaliar duas vezes na
mesma rodada caso não precise usar uma ação extra para se
mover. Caso a Tensão comece a baixar, lembre-se que você

pode aumentá-la sem dar karma adicional através de doses
adicionais do elixir.
Resolução
Caso Evan seja preso, ele será julgado culpado, porém
por não ser brasileiro, será extraditado. Caso os
personagens o matem, isso será considerado legítima
defesa, mas as consequências disso poderão se desdobrar
em uma futura campanha mais longa. As atividades das IT
ficarão prejudicadas no Brasil, mas a empresa irá buscar
combater a imagem danosa com ações de incentivo nos
mais diversos ramos.
Encoraje pequenas resoluções individuais dos

protagonistas – os objetivos foram cumpridos? Que
consequências isso trouxe para cada um?

Epílogo
Reveladas as verdadeiras circunstâncias envolvendo a
morte do professor, além do potencial ramo de crimes
sobrenaturais, os agentes levam as provas que recolheram.
Isso faz com que a ABIN crie uma divisão voltada a casos
envolvendo os seres do Outro Mundo e tudo o que diz
respeito às técnicas dos yuza - a Divisão Pandora.
Agentes que inauguraram o departamento poderão

convidar outros protagonistas a prestarem o próximo
concurso para a agência. Os protagonistas que iniciaram a
operação Pandora poderão atuar como “consultores”,
contribuindo com seus diferentes backgrounds.
Esse prólogo pode dar origem a outras histórias e

operações emocionantes. Os agentes podem continuar suas
investigações arriscadas e empolgantes.

ESTE SUPLEMENTO É PARTE DO RPG KARYU DENSETSU.
VENHA JOGAR E VIVA SUAS PRÓPRIAS HISTÓRIAS CHEIAS
DE EMOÇÃO E AÇÃO.
ENGAJE NAQUILO QUE TE MOVE!

Operação Pandora - Karyu Densetsu

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OP ER AÇ ÃO PA ND OR A

Felipe Pereira Borges garuwars@gmail.com

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Autora: Allana Dilene

Catálogo de artes livres - Pixabay

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens,

Proibida a reprodução total ou em partes, através de

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Capítulo 2 - Técnicas e especialidades de um agente ____ 10

Capítulo 3 - A Aventura ______________________________ 24

Narrando a Aventura ________________________________ 25

A Operação Pandora _________________________________ 29

Cena 01: A desertora _________________________________ 32

Cena 02: É hora de botar pra quebrar... códigos ________ 40

Cena 3: Na boca do monstro __________________________ 48

Cena 4: Se eu cair, que seja do alto _____________________ 54

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No Brasil a comunidade de inteligência brasileira ainda

Operação Pandora apresenta dois novos Caminhos, um

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“Esse é o seu dossiê? Você pretende enquadrar o

Felipe Pereira Borges garuwars@gmail.com

Em 1999, o governo brasileiro criou a ABIN – Agência

Embora a criação da Agência tenha se dado no mesmo

Este braço sobrenatural da ABIN, nomeado Divisão

Felipe Pereira Borges garuwars@gmail.com

Este fato, somado à popularização das técnicas de

Foi necessário um evento de grandes consequências para

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Suas missões podem tomar diferentes formas, seja

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Se tiver dúvidas sobre como conduzir uma história

Elas normalmente seguem a seguinte estrutura:

 Apresentação do problema a ser investigado.

Os principais cargos da Divisão

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Como um funcionário público faz para enfrentar

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Você distribui apenas 4 pontos no seu estilo de luta,

Como uma ação extra, faça uma jogada de Razão (Vigilante)

 Ougi: Você tem vantagem na jogada de Razão.

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Como uma ação, enquanto tiver a técnica Análise Tática

 Ougi: Você tem vantagem nas jogadas para

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Como uma ação, você pode pegar uma arma e modificá-la

 Ougi: Você tem vantagem na jogada de Razão.

O artista começa a praticar sua arte (definida por alguma

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 Ougi: Você tem vantagem na jogada de Presença.

Lembrança da Lama (Terra)

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Oráculo do Orvalho (Água)

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 Ougi: Você tem vantagem na jogada de Presença.

A Prontidão Perpétua indica esse estado avançado de

 Ougi: Uma vantagem adicional em jogadas para

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Último Tiro (Projétil)

Contar munição é muito chato. Os únicos tiros que

 Ougi: Você pode combinar Último Tiro com

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