[A FITA] Diego Astaurete

“Monstros são reais e fantasmas

são reais também. Vivem dentro
de nós e, às vezes, vencem”

- Stephen King
 Sempre me perguntei quando é que deixaria de pensar em escrever um livro de RPG e passaria realmente a
escrever um.
Foi na noite de quarta feira do dia 06/06/2012, eu estava em frente ao computador buscando inspirações para
escrever um RPG de terror/horror, queria falar sobre aventureiros mirins que enfrentavam monstros que vieram para
aterrorizar seu bairro, ao melhor estilo “Cine Trash” e “Sessão da Tarde” juntos, mas sentia que isso não me agradava
de alguma forma. Dei uma lida no acervo que se encontra no blog “garagem RPG”, e lá pude ter contato com a forma
de jogo que realmente me agrada, os RPGs de narrativa compartilhada. Meu acesso a material sobre game design
ficou restrito naquele espaço (o que não foi nada ruim, muito pelo contrário), e tudo que sei devo ao pessoal da
“Garagem” que se disponibilizou a traduzir ou a juntar alguns conteúdos de muito valor para mim. Nessa noite eu
resolvi ver um filme chamado “Atividade Paranormal 3”, foi ai que um clarão invadiu minha mente, vou fazer um
RPG ao melhor estilo Found Footage, e nos dias que seguiram eu pesquisei sobre o assunto e vi o que poderia ser
utilizado em um jogo de RPG, e fui filtrando o tema, chegando ao jogo que batizei de A Fita, um jogo que utiliza a
narrativa compartilhada para simular histórias de terror feitas com câmeras amadoras.”
- Diego Astaurete
RETROPUNK PUBLICAÇÕES
Autor: Diego Astaurete
Edição e Arte: John Bogéa
Diagramação adicional de G. Moraes
Editor Geral: G. Moraes
Agradecimentos: Primeiramente a minha família Marcia, Claudemir
e Davi, por tolerarem minhas noites de sono perdidas, a Izabela Alvim,
por motivar esse meu sonho, ao amigo John Bogéa por acreditar no
meu trabalho e me ajudar a transformá-lo em realidade, ao Guilherme
Moraes pela oportunidade única concedida em sua Editora, ao blog
’’Garagem RPG’’ por me emprestar as ferramentas necessárias para forjar
minhas idéias, ao amigo Rodrigo Chaves (Knibba) por suas diversas
sinopses, ao Matheus Bueno Funfas por suas ideias, ao Jairo Borges
Filho e a Carolina Neves que se colocaram à disposição para revisar
todo o material na maior boa vontade, aos novos amigos, Franciolli
Araujo, Ricardo Mallen, Eduardo Caetano, João Mariano, Daniel de
Sant’anna, João Pedro Torres, Alberto Miranda, Carlyle Sguassabia,
Pedro Ziviani, Júlio Matos, Paulo Diovani Gonçalves, Fábio Silva,
Cleber Crepaldi, Daniel Nóbrega, pela paciência e boa vontade em ler
todos os meus rascunhos e me darem dicas que vieram a enriquecer o
material de jogo, aos velhos amigos principalmente, Wallace Marques
Avila, Iago Coelho Salezze, Luiz Fernando Gonçalves, Michel 1a. Edição: Outubro de 2014
Thompson, Igor Neves, Leonardo Goltara, de alguma forma todos ISBN: 978-85-64156-XX-0 (impresso) e 978-85-64156-XX-0 (pdf)
vocês me ajudaram.
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de
Playtesters: Wallace Marques Avila, Luiz Fernando Gonçalves, Igor 19/02/1998. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por
Neves, Michel Thompson, Ricardo Mallen, Alberto Miranda, Fábio quaisquer meios, sem autorização prévia e por escrito da editora e
Silva, John Bogéa, Eugênio Cavalcante, Carlyle Sguassabia, Charles do autor.
“Lenin”, Paulo Diovani Gonçalves, Matheus Funfas, Fernando Fumis, É permitido a impressão da Fichas de jogo (encontradas no final
Cleber Crepaldi, Jairo Borges Filho, João Pedro. deste livro) para uso pessoal. www.retropunk.net
[Conceitos do Jogo] ..... pág 08
[Regras do Jogo] ........ pág 30
Histórias bizarras e lendas urbanas....pág 66

[Exemplo de Partida] .... pág 78

[Fichas de Jogo] .........pág 94
D
esde que me mudei para essa casa, nos
últimos meses ocorreram alguns fatos
muito estranhos... Tudo começou na
semana passada. Notei passos estranhos
no corredor enquanto tentava dormir,
mas não liguei muito, deveria existir uma explica-
ção racional para o que estava acontecendo.
Minha filha de 13 anos, Duda, dormia na parte de
baixo de nosso duplex, enquanto eu, meu marido e
minha outra filha dormíamos na parte de cima, mas
toda manhã eu acordava com Duda dormindo no
chão do meu quarto. Ela alegava ouvir os mesmos
barulhos que eu durante a noite e dizia que sombras
estranhas se projetavam da parede do seu quarto for-
mando expressões humanas de tristeza enquanto ela
tentava dormir. Certa vez ela veio correndo deses-
perada até mim porque seu abajur pegou fogo. Eu,
racionalmente, disse a ela que provavelmente havia
acontecido um curto na instalação elétrica da casa.
Meu marido nunca se conformou com esse baru-
lho da mesma forma com que eu me conformei.
Ele sempre descia as escadas para ver como estava
Duda e sempre tentava encontrar a origem dos ruí-
dos, mas era praticamente impossível achá-la. Há
umas semanas atrás ele estava sentado em frente ao
computador quando repentinamente deu um pulo
pra trás, sentindo como se algo tivesse rasgado sua
costela e ao levantar a camisa, notamos marcas de
unha. A webcam estava ligada naquela hora e conse-
guimos registrar uma imagem bizarra das mesmas
expressões faciais tristes que Duda teimava em nos
dizer, abraçando meu marido...
Depois desse dia eu passei a ver as sombras tristes a
todo momento com no canto dos meus olhos sem-
pre que estava sonolenta. Teve uma noite em que
nós estávamos assistindo televisão em meu quarto
(nesse momento já havíamos espalhado várias câ-
meras para filmar tudo o que acontecia dentro da
casa), meu marido levantou e desceu correndo para
o pavimento térreo, na hora pensei que algo tinha
acontecido a nossa filha mais nova, mas quando vol-
tou ele jurou ter visto a sombra caminhando pelo
corredor próximo a porta de nosso quarto e indo
em direção ao andar de baixo, aquela foi à primeira
noite que fiquei realmente apavorada... Até então eu
havia pensado que o arranhão que ele sofreu tinha
sido um mero acidente. Algum tempo depois, as
aparições tinham cessado e acabamos deixando de
lado tudo o que aconteceu, foi então que meu mari-
do (pois prefiro não me identificar e nem a ele) so-
freu um acidente enquanto trocava uma lâmpada na
sala, caindo da cadeira, ele quebrou a perna e acabou
internado por uma semana.
Eu até achava que poderia ser um fantasminha tra-
vesso pregando peças na gente, mas a coisa começou
a ficar séria. Ele machucava as pessoas, era algo real-
mente mau, ali, dentro da minha casa. Foi quando
alguns dias atrás minha filhinha mais nova veio até
a mim gritando assustada, dizendo ter visto a verda-
deira expressão da sombra, que sorria pra ela e ten-
tava pegá-la. Ela se matou um dia depois, deixando
a família completamente abalada, principalmente
com o bilhete que ela havia deixado: “Tive que par-
tir mamãe, por favor, verifique a câmera.”
[Conceitos do Jogo]
“Atenção, este vídeo contem cenas fortes
que podem incomodar. Você foi avisado”
- Alien Abduction: Incident in Lake
County - Dean Alioto, 1998.

Rpg? O que é isso?
O Role-playing game, popularmente conhecido como
RPG (em português: “jogo de interpretação de papéis”), é
um tipo de jogo colaborativo (onde não há vencedores ou
perdedores) em que os jogadores contam histórias como se
estivessem ao redor de uma fogueira, encarnando os perso-
nagens dessas histórias. Para que a partida se desenvolva,
é necessário que haja um conjunto de regras que ditem os
direitos e os limites dos jogadores, onde cada tipo de jogo
possui seu próprio conjunto de normas pré-estabelecidas.
Nos RPGs convencionais ainda existe o “Mestre de Jogo”
que é como se fosse o arquiteto da história ou juiz das regras.
Mas A Fita não é um RPG convencional e dispensa o Mes-
tre de Jogo, dando aos jogadores o poder necessário para ar-
quitetar e mediar a história (todos são Mestres e todos são jo-
gadores), o que exige de todos os jogadores um envolvimen-
to muito maior com a história, pois eles participarão o tempo
todo da criação de conteúdo com o objetivo de enriquecê-la,
ou seja, A Fita é um Jogo Narrativo de contar histórias.
Neste jogo é desnecessário se apegar ao seu Personagem
ou aquele item específico que poderia salvá-lo durante um
[ 10 ]
momento de perigo, aqui o objetivo não é vencer, não existe
o “seu” Personagem, o que temos é o seu ponto de vista
sobre uma determinada situação e como isso irá influenciar
as ações dos outros jogadores.
É extremamente importante estar aberto a opiniões
alheias, se outro jogador lhe der uma boa sugestão sobre
uma determinada cena, aceite-a, mesmo que isso o coloque
em uma situação desconfortável. A história fica bem mais
rica e a sua cena bem mais interessante.
Ao criar cenas ou editá-las, não pense em se dar bem
em cima dos outros, A Fita não se trata disso, a proposta
é justamente colocar os jogadores em situações de tensão,
envolvidos em dilemas morais e amorais, sem tirar o foco
da diversão.
A fita
“Ei, esperem, esperem. Vocês ouviram isso? Ouviram isso?”
- Cloverfield
Quando as filmadoras começaram a surgir nos lares das
pessoas, as fitas de vídeo eram utilizadas para gravar mo-
mentos especiais, como festas de aniversário, casamentos,
formaturas e os primeiros passos de um bebê, nenhum mi-
nuto era desperdiçado, pois não existiam os privilégios que
chegaram junto com as novas tecnologias.
Com o início da era digital ficou muito mais fácil para
qualquer pessoa registrar um momento com uma filmado-
ra, temos a disposição computadores e sua webcams, celu-
lares com resoluções absurdamente altas, que não deixam
escapar nenhuma cena, e câmeras mais potentes do que as
utilizadas no Século XX, capazes de filmar e instantanea-
mente enviar tudo para a internet. Por que então chamar
este jogo de A Fita se não vivemos mais no Século XX?
A Fita é um termo anacrônico poético, fazendo referên-
cia às filmagens imprecisas, sujas e desgastadas das clássi-
cas fitas de vídeo VHS, que combinam perfeitamente com
o medo, a dor e o isolamento vivido pelos personagens
durante a partida. Além disso, o jogo como um todo, é uma
homenagem aos primeiros filmes que utilizaram o Found
Footage como estilo para contar sua história, onde todos
eram feitos através da perspectiva da câmera que utilizava
fitas de vídeo como forma de armazenar seus filmes.
[ 11 ]
A experiência de jogo
A Fita é um jogo de terror que tem como objetivo criar
um momento trágico captado por diversas câmeras de
vídeo em perspectivas diferentes, utilizando a narrativa
compartilhada como ferramenta que possibilite que isso
aconteça.
Quando se está filmando algo, você só pode confiar no
que vê na sua frente. A periferia de sua visão torna-se um
ambiente perigoso para se visitar, não olhe, alguma coisa
estará no pé da sua cama enquanto você dorme, atrás de
você enquanto cospe a pasta de dentes na pia do banheiro
ou quem sabe o olhando através da fresta da porta do seu
quarto à noite enquanto você tenta dormir. O que o vê
não possui nome e nem forma, se você presenciou ou o
nomeou, sinto informar que os seus minutos estão conta-
dos e não há mais nada que possa ser feito pela sua vida.
Durante uma sessão de A Fita os jogadores assumem
o papel de Diretores e Editores que devem construir
cenas, locações e personagens com base em um acordo
feito por eles sobre o tipo de história que vai ser conta-
da, utilizando um conjunto de regras desenvolvido es-
[ 12 ]
Diego Astaurete
pecificamente para esse fim. O papel de Diretor do Filme
é desenvolver uma cena, enquanto os outros jogadores na
função de Editores irão alterar o destino das cenas que eles
não acharem que estão de acordo com a proposta do filme.
Do que se trata o
found footage?
“O operador de câmera que fez essa gravação foi devorado
por índios canibais.” Sánchez, que o gênero fez sucesso. Na trama três jovens
- Holocausto Canibal
O estilo Found Footage, usado principalmente para criar
uma atmosfera de suspense, trata-se de uma história con-
tada a partir de fragmentos de filmagens amadoras, uma
história do ponto de vista da câmera, transmitindo para o
espectador uma visão limitada e angustiante dos fatos. O
objetivo é transmitir medo pelo realismo mostrado durante
a reprodução do vídeo, isso inclui nomes reais dos protago-
nistas, data do caso ocorrido e o que aconteceu com cada
um após o término da história.
O primeiro a usar esse estilo foi o controverso filme
italiano  Cannibal Holocaust  (1980), dirigido por Ruggero
[ 13 ]
Deodato, que conta a historia de uma equipe de filmagem
que some enquanto faz um documentário sobre tribos indí-
genas da Amazônia. O estranho foi que, logo após esse fil-
me, o gênero não fez tanto sucesso, isso porque gerou toda
uma polemica por de trás do diretor que recebeu ameaças
e acusações de ter assassinado todo o elenco, sendo todos os
acontecimentos desmentidos mais tarde com exceção da
morte dos animais que foram reais. Mas foi em A Bruxa
de Blair (1999), dirigido por Daniel Myrick e Eduardo
saem para investigar uma floresta em que acreditam estar
vivendo a criatura que empresta o nome ao titulo do filme,
mas eles desaparecem misteriosamente e uma fita de vídeo
contendo as gravações feitas por eles é encontrada.
No Found Footage ninguém está a salvo, não importa se
os personagens são pessoas com boa conduta ou se são de-
pravados, se o vídeo está na posse de alguém, algo extrema-
mente trágico aconteceu com quem estava sendo filmado e
nenhum deles voltou pra contar o que foi.
Outras interessantes produções Found
Footage: Alien Abduction (1998); The
Zombie Diaries (2006); REC (2007); Diário
dos Mortos (2007); Atividade Paranormal
 (2007); The Poughkeepsie Tapes (2007);
Home Movie (2008); Cloverfield (2008);
Evil Things (2009); REC 2 (2009);
Atrocious (2010); Atividade Paranormal 2
(2010); Haunted Changi (2010); Monsters
(2010); Troll Hunter (2010); Grave
Encounters (2011); Megan Is Missing
(2011); The Tunnel (2011); Atividade
Paranormal 3 (2011); The Devil Inside
(2012); Poder Sem Limites (2012); Apollo
18 (2011); Chernobyl: Sinta a Radiação
(2012); REC 3 (2012).
O vídeo misterioso
“A Câmera é minha e vou dar o fora daqui!”
- Rec 2
Para algumas pessoas, uma câmera de vídeo serve para
registrar agradáveis momentos da vida, sejam eles de suces-
sos profissionais, momentos pessoais, dentre outras coisas.
A questão é que em raros casos, essas fitas acabam regis-
trando um momento desagradável e trágico.
Quem sobrevive a esses eventos acaba compartilhando
com os outros, exprimindo seus sentimentos, dizendo o que
sentiu naquele momento onde sua fé estava depositada e que
[ 14 ]
só queria que tudo voltasse a ser como antes. Mas os que de-
saparecem sem deixar nenhum vestígio, os que claramente já
deixaram esse mundo, dependem da boa vontade de pessoas
curiosas e empenhadas em descobrir o conteúdo da gravação
para entender o que realmente aconteceu.
O conteúdo do vídeo é algo realmente trágico, os paren-
tes das vítimas talvez não estivessem preparados para o que
fossem encontrar e teriam o árduo trabalho de desvendar
tudo que talvez tivesse sido encontrado no fundo de um
lago, nos esgotos de uma cidade, em uma cabana no meio
da floresta a mercê de fungos e bichos que poderiam des-
truir as imagens.
Cada minuto é precioso, um sorriso no rosto, uma confis-
são, um flagra, qualquer coisa. Para a família das vítimas na
verdade acaba sendo o único conforto e ao mesmo tempo
a maior dor. Toda aquela felicidade da turma que saiu de
férias para a casa no campo (ou uma expedição ao Himalaia
de cunho totalmente científico) são momentos que preci-
savam ser registrados. Talvez o fato é que teria sido tudo
uma brincadeira de mau gosto, todos prefeririam que tives-
se sido, mas muitas das histórias são reais e elas merecem
ser divulgadas.
[ 15 ]
Luiza Chedieck
O conceito do terror
“Sinto como se algo ruim fosse acontecer comigo.” Antes dos filmes de terror, cheios de efeitos especiais as-
- Lake Mungo
O Terror é um sentimento que parte de um estímulo
psicológico baseado na sua interpretação, imaginação ou
crença gerando uma resposta de alerta para o seu corpo,
deixando você totalmente nervoso, com as pernas tremen-
do e suando frio.
Exemplo de situação característica do
Terror dentro do Found Footage: Em REC
(2007), do diretor Jaume Balagueró e Paco
Plaza, a personagem principal em certo
ponto da trama se vê em uma situação
totalmente desesperadora, onde a luz do
cômodo em que ela estava se apagou, e o
amigo que a acompanhava se viu obrigado a
ligar a visão noturna de sua filmadora,
criando um ambiente completamente
desconhecido para os dois, desconfortável
e ao mesmo tempo angustiante, onde o mal
estava sempre à espreita.
[ 16 ]
Fazendo terror
sustarem as pessoas em frente à televisão durante a noite,
as pessoas ficavam com medo a moda antiga, através das
histórias contadas por outras pessoas, sem auxílio de qual-
quer meio de comunicação que temos hoje em dia, apenas
oralmente. Tente contar sua história naturalmente, da mes-
ma maneira que você contou para seus amigos quando seu
primo se engasgou comendo pipoca na festa de aniversário
que foram na infância, só que troque o humor pelo terror.
Não seja nem dramático e nem relapso demais, não use pa-
lavras que você não usaria normalmente, dê a impressão
que você está sofrendo ao contar a história e simule certo
desconforto ao contá-la.
Encontre uma maneira de mencionar casualmente al-
guns detalhes que são relevantes para a história, se você
se deparar com qualquer coisa misteriosa ou incomum que
te faça travar enquanto os outros jogadores estiverem ao
redor da mesa, tente pensar em uma maneira de prendê-los
novamente ao clima da história, improvise se necessário.
Digamos que você tenha colocado os personagens para
encontrar um esqueleto de cachorro em sua história sobre
um serial killer, talvez esse assassino tenha apetite por ca-
chorros, isso soa ridículo? Talvez sim, mas nada impede a
improvisação, desde que você seja plausível.
Dependendo de como esse fato for trabalhado, talvez a si-
tuação inusitada torne a história ainda mais perturbadora.
Dicas:
• Não sorria enquanto estiver descrevendo uma
Cena. Você quer estabelecer um clima sombrio,
então mantenha o foco.
• Leia histórias de terror e pense em maneiras que
você possa adaptá-las a sua forma de narrativa.
• Às vezes um clima bom é melhor do que um
ruim, ele pode gerar uma falsa segurança para
os personagens, aterrorizando-os quando eles
estiverem se sentindo seguros demais. Alfred
Hitchcock certa vez disse: “Não há nada mais
assustador do que uma porta fechada”, isso quer dizer
que pode ser mais assustador simplesmente nunca
explicar o que aconteceu com os personagens da
história, do que tentar esclarecer demais certos
fatos que deveriam ser misteriosos.
[ 17 ]
Elementos do
found footage
“O cinegrafista desapareceu misteriosamente depois de
gravar seu último vídeo documentário, A Maldição. O
conteúdo é algo realmente chocante.”
- Noroi.
Uma das primeiras coisas que você notará sobre o Found
Footage é como a câmera se comporta: Ela nunca fica pa-
rada sobre uma superfície, faz movimentos rápidos e não
foca exatamente no centro da história. A visão periférica de
quem assiste a gravação é inexistente, isso faz com que os
telespectadores fiquem a mercê de qualquer coisa que im-
previsivelmente salte para o primeiro plano do vídeo. Dife-
rente de qualquer outro tipo de gênero de terror, aqui o que
vemos é a gravação pelo ponto de vista da câmera de um
dos personagens da história, que estará perturbado e com
medo de tudo o que vem a sua mente, adentrando em locais
escuros, sem saber exatamente pra onde está indo. Sabendo
que algo ruim está para acontecer, mas não sabe quando.
Em Atividade Paranormal 3 (2011), dirigido pela dupla
Henry Joost e Ariel Schulman, um dos momentos mais
[ 18 ]
Cleber Crepaldi
perturbadores é quando um dos protagonistas da história
resolve acoplar sua câmera a um suporte de ventilador, fa-
zendo com que ela vire lentamente de um lado para o ou-
tro, isso gera uma expectativa enorme em quem assiste ao
filme, pois sempre que a câmera volta ao seu ponto inicial
ficamos tensos achando que a qualquer momento algo bi-
zarro estará diante de nossos olhos.
Em The River (2012), série criada por Oren Peli (Atividade
Paranormal) e Michael Green (Heroes, Kings e Smallville),
com produção executiva de Steven Spielberg, ficamos sa-
bendo a história de Emmet Cole (Bruce Greenwood), um
explorador de vida selvagem de um canal televisivo, que
desaparece durante um trabalho na Amazônia. Seis meses
depois surge uma pista de que ele pode estar vivo, o que faz
com que seus familiares e amigos encarem uma arriscada
jornada para tentar encontrá-lo. Utilizando muitas vezes
a câmera em 1ª pessoa, a série abusa do estilo documental.
Em Apollo 18 (2011), vemos uma equipe de astronautas
que é mandada à Lua para uma investigação “desconheci-
da”. A nave Apollo 17 foi à última a ser lançada com mis-
são para lá, mas há indícios que a NASA enviou mais uma
nave, a Apollo 18, com dois tripulantes para uma missão
[ 19 ]
secreta. As filmagens foram encontradas, editadas e o filme
mostra o que aconteceu na missão, que seria o motivo da
NASA não ter mandado mais o homem para a Lua.
O filme O Último Exorcismo (2010) se assemelha muito
ao filme A Bruxa de Blair porque realmente parece ser um
documentário, mostrando entrevistas com a população da
cidade que contam sobre a família de uma garota que está
possuída. Na história, o padre Marcus sempre realizou
exorcismos, mas acabou perdendo a sua fé e a vontade de
realizá-los. Ele é famoso no ramo e acaba recebendo uma
carta de um pai desesperado por sua filha estar possuída
pelo demônio. O padre aceita, com a condição de ficar fil-
mando este que seria o último exorcismo que realizaria.
O perigo está no que você
não vê
O Found Footage faz você acreditar que há sempre algo
ruim a espreita, mas o mesmo não é revelado, pelo menos
não tão facilmente. Faça menção, conte sua história, crie
mitos, mas nunca deixe tudo totalmente explicito, o perigo
deve ser misterioso, deixe que ele se manifeste no imaginá-
rio dos jogadores e dos personagens.
 Em Lake Mungo (2008) dirigido por Joel Anderson, Ali-
ce Palmer morre acidentalmente num lago local. Depois
que o corpo foi reconhecido, os pais e o irmão começam a
presenciar manifestações sobrenaturais em casa ou nas suas
imediações e começam a surgir várias fotografias e vídeos
onde parecia poder ser possível ver a silhueta da jovem. É
iniciada então toda uma investigação paranormal que não
só vai abalar a comunidade local como vai pôr a tona o ver-
dadeiro segredo por trás da morte de Alice.
No filme Cloverfield (2007), do diretor Matt Reeves, cin-
co jovens de Nova Iorque organizam uma festa de despedi-
da para um amigo na mesma noite em que um monstro do
tamanho de um arranha-céu arrasa a cidade. Os telespec-
tadores ficam a maior parte do filme sem saber do que se
trata realmente a ameaça, mesmo sendo uma criatura capaz
de destruir uma cidade inteira.
Em Chernobyl Diaries (2012), produzido por Oren Peli,
um grupo de seis jovens que decide passar suas férias na
cidade de Pripyat, onde moravam operários que trabalha-
vam na usina nuclear de Chernobyl, famosa pelo aciden-
te nuclear ocorrido em 1986 que deixou pelas contas do
então governo soviético uma média de 15 mil mortos. Lá
[ 20 ]
eles descobrem que não estão sozinhos, estão sempre sendo
observados, até que aos poucos eles começam a morrer um
por um, o mal se revela aos poucos e de forma sutil.
Não há escapatória
Outro elemento que contribui para o terror do Found
Footage é que não há como escapar da entidade que espreita
os protagonistas.
Em a Bruxa de Blair, os três estudantes universitários
logo perceberam que não só estavam perdidos na floresta,
mas que também não havia como escapar da criatura que
as perseguia.
Em REC é possível escapar dos infectados (eles não são
sobrenaturais como em A Bruxa de Blair ou o demônio em
Atividade Paranormal).  No entanto as pessoas do prédio
não estão autorizadas a escapar do complexo de aparta-
mentos porque as autoridades as isolaram.  O que é mais
preocupante? Saber que a sociedade os trancou lá dentro
por considerá-los perigosos, ou estarem presos no mesmo
ambiente que pessoas infectadas por algo que as tornaram
violentos monstros canibais?
 Em The Tunnel (2011), dirigido por Carlo Ledesma, o
filme nos convida a seguir Natasha e a sua equipe de fil-
magens numa investigação para descobrir os verdadeiros
motivos pelos quais o lago subterrâneo localizado debaixo
da estação de Saint James, na Austrália, passou de ponto
turístico a zona interditada. Nesse filme nem todos os pro-
tagonistas morrem no final, mas de alguma forma parte de-
les ficou dentro daquele túnel, isso, querendo ou não, é um
tipo de morte devido ao trauma sofrido por eles.
Em The Last Broadcast (1998), dirigido por Stefan Avalos
e Lance Weiler, uma equipe de televisão, juntamente de um
paranormal, decidem fazer uma transmissão ao vivo do meio
de uma mata deserta, onde supostamente vive uma entidade
sobrenatural conhecida como “Demônio de Jersey”. A trans-
missão é interrompida e a equipe desaparece misteriosamen-
te, porém ninguém sabe a que se deve esse acontecimento.
A dura realidade
Às vezes A Fita convida o espectador a sentar-se e testemu-
nhar cenas de extrema violência ou tortura. O jogo também
confunde as “funções” dos personagens dentro da história,
[ 21 ]
colocando de lado qualquer conceito maniqueísta, isto é,
nem sempre o protagonista é o “mocinho” da história a ser
contada e nem tão pouco o operador de câmera é a vítima.
Em Aconteceu Perto da Sua Casa (1992), por Rémy Bel-
vaux e André Bonzel, uma equipe de filmagem segue um
assassino em série em sua matança. Ao longo do caminho,
Ben explica como ele mata suas vítimas e como utiliza as
diferentes estratégias que emprega, mostrando em seguida
que a equipe de filmagem lentamente fica cada vez mais
envolvida nesses crimes.
Em The Poughkeepsie Tapes (2007), do diretor John Erick
Dowdle, ao serem descobertas centenas de fitas de vídeo
contendo cenas de torturas, mortes e desmembramentos
numa casa abandonada, o reinado de terror de um assassi-
no em série é revelado e torna-se a mais perturbadora cole-
ção de homicídios já vista pelos detetives locais.
A quebra dos valores
morais
Em cada um desses filmes, vemos os personagens fican-
do cada vez mais apavorados, loucos ou morrendo. No final
temos a perda de toda a esperança, quando a vítima essen- • Corpos se contorcendo em posições
normalmente impossíveis também são
cialmente desiste e permite que todas as emoções aflorem. bastante comuns.
Essa atitude demonstra toda a humanidade dos protago-
nistas, mostrando que são exatamente como nós quando
atingimos nosso ponto de estresse diante de uma situação
desesperadora e que não conseguimos entender.
Exemplos de situações em filmes do gênero:
• Móveis se mexendo sozinhos;
• Pessoas levitando enquanto dormem;
• Corpos sendo arrastados de forma
violenta;
• Sons incomuns vindos de cantos obscuros
dentro de casa;
• Objetos entram em combustão do nada;
• Um vulto passa em frente à câmera dando
um susto em quem está por perto;
• Os personagens na maioria das vezes esta-
rão em lugares cada vez mais sombrios;
• Qualquer coisa que estiver assustando
os personagens aparecerá nas câmeras
enquanto eles não têm intenção de
filmar, por exemplo, quando esquecem
a câmera em um cômodo vazio e algo que
remeta a um ser sobrenatural passa em
frente a ela;

[ 22 ]
[ 23 ]
Lucas Pietro
J
á faz três anos que fui para o Japão
cursar a faculdade de direito, ainda
sinto muita falta do meu pai e da minha
irmã mais nova. Desde que minha mãe
se foi, eles têm sido tudo pelo qual eu
sempre lutei para dar uma vida melhor.
A última vez que eu os vi foi durante as férias
quando voltei para a Tailândia, no aniversário
da pequena Lau na Ilha de Bansha, onde eu
nasci. Sempre falei com meu pai pelo telefone,
ao menos uma vez por semana, ele dizia que Lau
estava sendo uma boa menina e que o sonho dela
era ser advogada assim como a irmã mais velha.
Finalmente quando tive uma folga na faculdade
fui até a ilha, dessa vez com meu namorado e mais
dois amigos, queria muito que minha família o
conhecesse, e estava muito empolgada em rever
meus entes queridos. Tudo ocorreu de forma um
tanto quanto estranha, como Bansha é quase um
vilarejo, não existe aeroporto por lá, então tivemos
que pousar em Bangok e alugar uma barca para
podermos chegar até a ilha.
Bem, o governo não se pronuncia sobre o ocorrido,
alegam que a ilha nunca foi habitada, apenas
serviu de abrigo para japoneses na Segunda Guerra
Mundial, mas eu vivi lá durante toda a minha
infância, a minha casa ainda está lá, o meu quarto
e também o meu diário. Só não consegui encontrar
os habitantes e quando cheguei a casa, a televisão
estava ligada apenas na estática, e na mesa de
centro havia uma fita de vídeo que desde então
venho tentando arduamente recuperar os dados.
Passaram dois anos desde então. Meu namorado
me largou, disse que eu não queria seguir em
frente e meus amigos foram juntos com ele. Não
tenho ido à faculdade e nem dormido direito,
cada vez mais sigo em direção do fundo do poço
e o mérito disso são os preciosos dois minutos e
quarenta e cinco segundos que consegui recuperar
da fita de vídeo. Nesse momento meu pai filmava
Lau fazendo castelos de areia na praia com um céu
vermelho acima deles. Pensei ser um problema do
vídeo, mas um forte clarão foi emitido de um farol
que se encontrava no topo da ilha e não pude ver
mais nada. Apenas ouvi...
— Pai, meu castelo de areia caiu.
— Não se preocupe filha, venha para a luz.
Depois disso a fita avança para momentos em que
varias pessoas se enforcam pulando do farol e a
estática voltava a aparecer.
Preciso desvendar o mistério dessa fita, preciso
saber o que aconteceu...
[Regras do Jogo]
“Não importa o que digam. Temos que
gravar o que está acontecendo aqui.”
- Angela Vidal [REC]
A estética do terror
Toda a narração feita pelos jogadores acontece pela pers-
pectiva da câmera de vídeo que algum dos personagens da
história está carregando ou que está instalada em alguma
Locação. A câmera nada mais é do que um micro espaço
onde tudo acontece, e o que ela não consegue captar sim-
plesmente não deve ser levado em consideração na hora de
descrever uma cena. Através dela são transmitidos senti-
mentos como o medo, a alegria, o ódio e a tristeza, os jo-
gadores devem deixar bem claro que tipo de situação os
personagens estão enfrentando.
Nem todas as cenas devem ser coerentes, cortes bruscos
são fundamentais para transmitir a sensação de realismo,
pois nem sempre a câmera estará ligada já que a maioria
depende de uma bateria interna que a qualquer momento
pode acabar.
O controle da situação pode se perder totalmente, o
medo de algo ruim que pode estar acontecendo ao seu re-
dor se faz cada vez mais presente, o local aparentemente
seguro em que você estava já não existe mais, e agora algo
ou alguém espreita por perto, você não sabe de onde e nem
[ 28 ]
como isso chegou até aqui, nem o que isso quer de você e
muito menos como se proteger dele.
Bom senso
Para que A Fita seja uma experiência de jogo prazerosa,
as intenções dos jogadores devem oscilar entre a ousadia e o
bom senso. Por mais que seja interessante criar as cenas mais
marcantes dentro do jogo, você não é o único sentado à mesa
que tem boas ideias, na maioria das vezes as suas descrições
de cenas vão utilizar ferramentas criadas por outros jogadores
que por serem tímidos não conseguem transmitir em palavras
tudo o que pensam, então utilize sua facilidade em dialogar
para deixar brechas interessantes para que esse tipo de jogador
consiga desenvolver sua narrativa, assim todos se divertem.
Material para jogo
Para jogar A Fita, será necessária uma cópia da Ficha
de Registro, um cronômetro, Fichas para Locações, fichas
para Personagens, canetas e tokens, caso o grupo ache inte-
ressante para marcar os Pontos de Vídeo.
Exemplo: Michel, Luiz Fernando e Izabela
resolvem jogar uma partida de A Fita, para
 isso eles juntam uma Ficha de Registro,
canetas, um celular que venha com a função
de cronômetro e diversos botões de camisas
para marcar os Pontos de Vídeo utilizados
durante o jogo. Ao invés de utilizarem
folhas de papel grandes, eles deixaram
as fichas de Locações e de Personagens
(disponíveis para cópia no final deste
livro) sobre a mesa, tornando o jogo mais
dinâmico.
Características do jogo
A Ficha de registro: É onde os Diretores irão anotar to-
dos os dados referentes à sessão de jogo. A ficha também
ajuda os jogadores a manterem a ordem durante a narra-
tiva, relembra detalhes importantes, e facilita a vida dos
Diretores na hora de continuar descrevendo a Cena de um
amigo.
• Jogadores: Nome das pessoas que estão jogando
A Fita.
• Tipo de Vídeo: Se é Documentário, Aconteceu por
acaso ou Investigação.
• Época: Em que período se passa a história? Não
precisa ser a data exata, mas apenas o período em
[ 29 ]
que se passa, por exemplo, simplesmente anotar
que a história se passa nos anos 90 já seria o
suficiente para os jogadores entenderem como se
comportar.
• Lugar: Em que Cidade, Região ou tipo de
Ambiente se passa a história (Revelar apenas se
isso não interferir com o andamento da Narrativa).
• Exemplo de Filme: Um filme que possa ajudar
os jogadores a captarem melhor a Ambientação
da história que está sendo contada durante essa
partida.
• Sinopse: É o ponto de partida de onde os
jogadores irão desenvolver todas as Cenas, trata-se
de um breve resumo do que eles querem abordar
durante a sessão, como daqueles encontrados atrás
das capas de filmes nas locadoras.
• Duração da Fita: O tempo total do filme, mas
nada impede que os jogadores aumentem esse
tempo caso a história esteja interessante.
• Números da Hora Maldita: Registro de todos os
números responsáveis pelo aumento da Carga de
Tensão.
 Pontos de Vídeo: Quase tudo no jogo gira em torno dos
Pontos de Vídeo, você usa para criar câmeras, inserir tempo
de gravação nelas (o Diretor pode descrever 15 segundos
de cena para cada 1 ponto) e editar cenas (os Editores po-
dem editar uma cena por uma quantidade de pontos deter-
minada pelo Diretor). Com 3 Pontos de Vídeo também é
possível excluir um número qualquer da Hora Maldita, de
acordo com a vontade do Diretor da cena.
Fichas de Locações: Nessa parte, ficam registradas
quais locações foram criadas por esse jogador para se de-
senvolver uma cena.
Fichas de Personagens: Aqui os jogadores devem man-
ter as informações sobre a criação dos personagens utiliza-
dos durante a partida.
A Hora Maldita: Número escolhido pelos jogadores
para representar o aumento dos pontos de carga de tensão
narrativa da história.
Carga de Tensão: Representa o acúmulo de perigo no
jogo, ela dita o quanto os personagens estão encrencados.
[ 30 ]
O cronômetro
O cronometro tem como função marcar o tempo narra-
tivo que cada Diretor tem para descrever sua cena. Ele tem
15 segundos para descrever uma cena para cada Ponto de
Vídeo gasto no seu turno, podendo pensar a vontade sobre
a cena que quer descrever antes de ativar o cronometro,
mas, depois que o cronometro estiver contando, toda a des-
crição é considerada válida para o jogo. Caso um Diretor
não consiga descrever uma Cena até o final do seu tempo
de gravação que ele decidiu utilizar, ela é cortada imedia-
tamente, interprete isso como se o vídeo tivesse sido inter-
rompido, cortado no meio de uma cena. Caso ele consiga
descrever tudo antes do final da contagem do cronometro,
o tempo restante é perdido, mas caso aconteça de exceder
o limite de alguns segundos por descaso de quem estiver
marcando o tempo, não tem problema, desde que isso não
prejudique o andamento do jogo.
Exemplo: Diego sabe que a Câmera 3 está
em uma determinada Locação e que possui
45 segundos de tempo para descrição
de uma cena (3 Pontos de Vídeo), ele
então resolve usar 30 segundos dos
 45 existentes (2 Pontos de Vídeo).
Diego descreve uma Cena para os outros
jogadores torcendo para que o tempo seja
suficiente para pensar e descrever sua
parte da história de modo que todos do
grupo entendam.
Organizando o jogo
Os jogadores podem decidir entre si qual será a ordem
das suas ações, podem escolher a maneira preferida de se
ordenarem, jogando moedas, par ou ímpar, puxando pali-
tinhos, ou talvez começar pelo jogador mais extrovertido
seja uma ótima idéia para ajudar os outros jogadores a se
soltarem mais e a criarem cenas mais interessantes, inde-
pendente disso, aquele que começar o primeiro turno será
o Diretor da Cena, enquanto os outros jogadores serão os
Editores. A função do Diretor passa de jogador para joga-
dor na ordem que o grupo achar mais conveniente.
Exemplo: Temos três jogadores, John, Diego
e Wallace, que estão para decidir quem irá
ter o direito a começar a partida, como
Diego está por dentro de como funciona o
jogo A Fita, ele pede para ser o primeiro
Diretor, o grupo concorda, nesse momento
[ 31 ]
John e Wallace serão os Editores. No
próximo Turno John será o Diretor, e logo
após John, será Wallace.
Seguindo a ordem de iniciativa, temos o Turno, que é o
momento em que um dos jogadores se torna o Diretor da
história (cada jogador tem o seu turno, isto é, a sua vez de
dirigir a cena). A passagem de turno ocorre somente quan-
do um Diretor finalizar suas ações, ou quando o Ponto de
Vídeo estabelecido por ele para realizar sua cena cheguem
ao fim.
RODADA: Ao final de cada turno, um novo jogador
assume o cargo de Diretor, quando todos os jogadores ti-
verem assumido a direção significa que eles fecharam uma
rodada. Uma nova rodada se inicia seguindo a mesma or-
dem de turnos da anterior.
SESSÃO: Uma sessão é o período em que ocorre uma
partida de A Fita, esse tempo é dividido em inúmeras roda-
das, que por consequência são divididas em inúmeros tur-
nos durante a criação de toda a trama. Normalmente cada
história dura apenas uma Sessão de jogo, mas nada impede
que a mesma se estenda a mais de uma, como por exemplo,
outra câmera que filmou um ponto de vista diferente do
[ 32 ]
Lívia Von Sucro
que estaria acontecendo nos arquivos de vídeo da primeira
Sessão.
O Diretor
O Diretor acrescenta novos Personagens, Locações e/ou
cria Cenas dando continuidade à história. Ele tem direito a
vários tipos de ações diferentes, podendo realizá-las simul-
taneamente caso queira.
Um Diretor pode...
• ...adicionar um novo Personagem para a história
ao custo de 4 Pontos de Vídeo;
• ....adicionar uma nova Locação para a história ao
custo de 2 Pontos de Vídeo;
• ...adicionar Tempo em uma Câmera já existente ao
custo de 1 Ponto de Vídeo para cada 15 segundos
que queira gravar;
• ...inserir uma nova câmera no jogo (Câmeras novas
começam sem Tempo);
• ....descrever uma cena envolvendo Personagens e
Locações que já existam pela perspectiva de uma
câmera que está no local.
[ 33 ]
Exemplo: No papel de Diretor, Michel
decide criar uma nova Locação para a
história que ele e seus amigos estão
contando, gasta 2 Pontos de Vídeo pra
isso e dá vida a um misterioso sótão feio
e sujo, a história que eles contam é
sobre um grupo de jovens que vai filmar
manifestações paranormais dentro de uma
casa abandonada (que nesse caso é um
conjunto de varias locações).
Ele também cria um personagem extra,
alguém que julga importante para compor a
cena, e que em algum momento vai entrar
na história. Gasta mais 4 Pontos de Vídeo
pra isso, mas decide ainda não dar um
nome pra esse personagem nem descrevê-lo
demais, ele vai aparecer rapidamente, como
um vulto, depois,em cenas posteriores, ele
pensará melhor sobre o que fazer com ele.
Então Mark resolve inserir ali uma
Câmera fixa que irá nomear de Câmera 4,
gasta mais 4 Pontos de Vídeo pra isso,
(provavelmente uma câmera de segurança da
corretora do Imóvel), devido a existência
de outras câmeras dentro de sua história.
Agora que ele já criou uma Locação, um
Personagem e uma Câmera, gasta mais 2
 Pontos de Vídeo para inserir na Câmera
30 segundos de Tempo. Ele pensa um pouco
sobre a cena que quer criar, liga o
cronômetro e começa a descrever sua cena
pela perspectiva da câmera que acabou
de inserir no jogo, e sabe que precisa
concluir a descrição em até 30 segundos.
Os Editores
Enquanto um jogador for o Diretor, todos os outros jo-
gadores serão os Editores da Cena que ele dirigir. Eles de-
cidirão se a descrição do Diretor está conveniente para a
história. Caso não esteja (com base no próprio julgamento
dos Editores – às vezes arbitrário), eles podem pagar Pon-
tos de Vídeo ao Diretor para alterar/excluir/criar elementos
e acontecimentos da cena.
Quando o Diretor termina de descrever sua cena, os Edi-
tores podem...
• ...Aprovar a Cena, onde tudo acontece exatamente
como o Diretor disse, ela é anotada normalmente
na Sinopse do jogo.
• ...Editar a cena. Caso um ou mais Editores não
gostem da decisão tomada pelo Diretor, eles podem
[ 34 ]
alterar, excluir ou criar elementos e acontecimentos
na Cena. O Diretor define o custo dessa edição
(algo que pode variar de 1 a 3 Pontos de Vídeo),
que deve ser pago pelos Editores ao Diretor (os
Editores podem juntar seus pontos para pagar o
custo exigido pelo Diretor – O Diretor nunca deve
impossibilitar uma possível edição de cena). A cena
pode ser editada quantas vezes forem necessárias, os
Editores geralmente tomam as decisões em grupo,
mas se os Editores discordarem entre si, o Diretor
pode iniciar um leilão de Pontos de Vídeo pelo
direito de editar a sua cena.
A quantia de pontos paga ao Diretor concede 1 Ponto de
Vídeo ao Editor da cena, ou no caso quando temos mais de
um, os pontos pagos no leilão também são concedidos aos
Editores, divididos de forma equivalente.
Outras ações que podem ser feitas, porém elas não se re-
petem no mesmo turno.
• ... Aumentar ou diminuir em 1 ponto a carga de tensão
narrativa pagando3 ponto de vídeo.
• ...Excluir 1 número da hora maldita pagando 3 Pontos
de Vídeo.
• ...Anular uma manifestação da hora maldita pagando
2 Pontos de Vídeo, esse recurso é interessante para
os Diretores que estão sem ideias para uma cena
envolvendo um clima pesado naquele determinado
momento. De qualquer forma, o número em evidência
não é validado, podendo cair no próximo turno
normalmente.
Exemplo: Edu e Leandro, na posição de
Editores, insatisfeitos com a direção
de uma cena que envolveu uma criança em
uma boate onde estava rolando uma festa
de masoquistas, oferecem ao Diretor 1
Ponto de Vídeo em troca da exclusão da
criança. Artur, na posição de Diretor,
pensa na proposta, mas acha que a criança
é importante para destacar a imoralidade
aquela cena, ele pede 2 Pontos de Vídeo
para aceitar a edição. Os Editores
conversam entre si, e topam pagar o preço
exigido pelo Diretor, juntam seus Pontos
de Vídeo e pagam o custo da exclusão da
criança, isso concede 1 ponto de vídeo de
retorno para cada Editor.
[ 35 ]
As cenas
Em A Fita, uma Cena é um acontecimento dentro da
história do jogo, um pequeno fragmento da história narra-
da pelo Diretor dentro de um determinado tempo (crono-
metrados em diversos frames de quinze segundos) inserido
em uma determinada Câmera que está em uma determi-
nada Locação, seja esta câmera portátil (na mão de algum
personagem) ou uma câmera fixa (instalada no próprio
aposento). As cenas são sempre descritas pela perspectiva
da câmera de vídeo escolhida pelo Diretor.
Exemplo: Max resolve narrar uma cena
que se passa em um uma recepção de
um hospital abandonado, onde alguns
desavisados transitavam em busca de
diversão e filmavam tudo com o celular.
Então logo após narrar a entrada deles
no aposento ele faz uma breve anotação do
ocorrido na própria ficha do Personagem:
Câmera 1 (celular) Algum dos indivíduos
no recinto filma a entrada da recepção
abandonada e se queixa do fedor local,
alegando que deve ter algum bicho morto
por ali.
Os Pontos de Vídeo
Os Pontos de Vídeo são a moeda corrente do jogo, usados
para criar Câmeras fixas e portáteis, inserir Tempo em uma
Câmera, criar Locações, criar Personagens, editar as Cenas
ou diminuir à Hora Maldita. Cada jogador começa com 20
Pontos de Vídeo, mas essa quantia pode ser alterada livre-
mente pelos jogadores antes de iniciarem a partida.
Durante o jogo, os Pontos de Vídeo vão rodar bastante
nas mãos dos jogadores, os Editores vão pagar ao Diretor
caso queiram editar uma cena, e o Diretor vai custear essa
edição como achar mais justo (geralmente de 1 a 3 pontos).
Quando esses pontos são inseridos em uma Câmera para
gerar Tempo, saem do jogo, não pode ser mais negociados,
ou seja, vão para a contabilização total da duração do vídeo.
Eles também são gastos para reduzir os números da Hora
Maldita dentro do jogo, pois às vezes a situação estará tão
tensa e caótica que a melhor coisa a se fazer é aliviar um
pouco a tensão, de qualquer forma pagando 3 Pontos de Ví-
deo um Diretor pode eliminar um número a sua escolha de
Hora Maldita que esteja ativo em jogo, consequentemente
acabará diminuindo 1ponto de Carga de Tensão Narrativa.
[ 36 ]
A hora maldita
Ao iniciar a partida, os jogadores deverão estabelecer
um número de 0 a 9 para representar “A hora maldita”,
sempre que esse número aparecer no cronômetro na
marca dos milésimos de segundos, ao para-lo no final da
descrição de uma cena, o Diretor responsável deverá mar-
car 1 ponto de carga de tensão narrativa no jogo. Então
o próximo Diretor deverá obrigatoriamente narrar uma
cena de carga de tensão narrativa baixa, média ou alta,
dependendo da quantidade já acumulada (consulte as ta-
belas de efeitos e níveis de carga de tensão narrativa para mais
detalhes), independente de que tipo de história esteja se
desenrolando no momento.
A partir de 3 cargas de tensão narrativa (veja no pró-
ximo tópico) os jogadores deverão escolher mais um nú-
mero para representar a hora maldita, e sempre que esses
números aparecerem no cronômetro, novos números de
hora maldita deverão ser acrescentados ao jogo, ficando
muito mais fácil de surgirem cargas de tensão narrativa.
Nota: A Hora Maldita só vale para os milésimos de se-
gundo, pois eles são mais rápidos. Em alguns cronômetros
 [ 37 ]
John Bogéa
você encontrará dois números, em outros você encontrará
três, fique a vontade para decidir quantas unidades valerão
na hora de contabilizar o efeito.
Exemplo: Alfeu está participando de uma
sessão de A Fita, onde seu grupo escolheu
o número 3 para iniciar a hora maldita.
Depois de terminar de narrar uma cena de
15 segundos seu amigo que estava marcando
o tempo diz que o número 3 apareceu na
última unidade de marcação do cronômetro,
ou seja, isso significa que Alfeu junto
com seus amigos deverá escolher mais
um número ainda não utilizado para
representar a Hora Maldita, e assim o
jogo vai ficando cada vez mais perigoso
com o acúmulo de números, lembrando que o
próximo Diretor após Alfeu será obrigado
a narrar uma cena de acordo com a carga
de tensão narrativa acumulada até agora.
[ 38 ]
Carga de tensão narrativa
É um elemento, personagem, situação ou acontecimento
que entra na cena de forma extremamente dramática levan-
do aquele pedaço da história a um destino trágico, a carga
de tensão narrativa é invocada quando o número da hora
maldita aparece no cronometro no final de uma descrição de
cena. Ela vem a princípio como algo sutil, pequenos aciden-
tes talvez, porém à medida que os pontos vão aumentando
coisas piores irão surgir, eventos sobrenaturais extremos, as-
sassinatos, uma reviravolta que mostra que o aparente herói
da história na verdade é um vilão sanguinário, enfim, sem-
pre que o jogo adquirir 3 pontos de carga de tensão narrativa,
o desfecho da cena deverá ser terrível e algum personagem
irá morrer, revelar-se como algo maligno ou coisa pior, esses
pontos são cumulativos, e a cada 3 adicionais outros perso-
nagens vão tendo desfechos terríveis dentro da história.
O acumulo de carga de tensão narrativa dentro da his-
tória tende a tornar uma partida de A Fita cada vez mais
tensa, mesmo que as pessoas não morram elas sofrem, seja
de forma física ou psicológica. A morte dentro da narrati-
va acaba se tornando algo bem subjetivo, existem destinos
ainda piores ocultos na mente dos jogadores, em regras esse Efeitos para carga
peso dentro da narrativa é denominado Carga de Tensão
de tensão narrativa
Narrativa, uma ferramenta que auxilia os jogadores a amar-
rar os personagens e a história. • Carga baixa
– Pequena manifestação de perigo, nada sério.
Exemplos de efeitos de carga de tensão
narrativa: • Carga média
- Em Atividade Paranormal, podemos – Bem, alguém sente na pele o perigo a espreita.
considerar uma carga de tensão narrativa • Carga alta
quando o demônio ataca fisicamente a – A presença do perigo traz um fim indesejável para
protagonista, e três cargas de tensão
narrativa ao final do filme, quando ela um dos personagens, morte ou coisa pior.
mata o próprio marido.
- Em Cloverfield além de temos a criatura Carga de tensão
gigante destruindo Nova York, temos
também inúmeros fatores que podem ser narrativa e seus efeitos
considerados cargas de tensão narrativa
em diferentes níveis, como os prédios 1. Carga baixa
desabando, o fogo, a infecção causada na 2. Carga média
população e por ai vai.
3. Carga alta
4. Carga baixa ou média
5. Carga baixa ou média
6. Carga alta
7. Carga baixa ou média

[ 39 ]
[ 40 ]
Eduardo Caetano
 8. Carga baixa ou média
9. Carga alta
...e assim sucessivamente, lembrando sempre que a
cada 3 cargas de tensão os efeitos serão sempre de
carga alta.
Câmeras
Durante a descrição das cenas realizadas pelos Diretores,
uma câmera sempre deve estar presente no lugar em que
estão os Personagens, toda a narrativa deve ser baseada na
perspectiva dada por ela. A função das Câmeras é possibili-
tar uma narrativa dentro de uma Locação.
Exemplo: no filme O Caçador de troll
(2010) de André Øvredal, enquanto um
dos personagens está filmando um enorme
troll que aparece em cima de uma ponte de
madeira, o operador da câmera visualiza
uma locação em foco na sua lente, uma
ponte e também uma ribanceira sustentando
algumas arvores ao lado dela.
Cada jogador pode inserir no jogo a primeira câmera sem
custo nenhum, as demais custam 1 ponto de Vídeo cada.
[ 41 ]
Quando uma câmera é criada, deve se assumir que ela não
possui nenhum Ponto de Vídeo disponível, logo nenhuma
cena pode ser descrita pelo Diretor. O Jogador que quiser
utilizar uma câmera deve gastar no mínimo 1 Ponto de ví-
deo, que corresponde a 15 segundos de descrição de Cena,
terminado esse tempo, ele deverá ser descontado direta-
mente dos Pontos de vídeos total que já foram adicionados
a essa câmera.
Todos os Diretores têm acesso aos Pontos de Vídeo de
qualquer câmera, não importa qual Diretor tenha gasto os
pontos para adiciona-los. Adicionar tempo a uma câmera
pode ser considerada como uma ação livre e somente poderá
ser realizada pelo Diretor que estiver em poder do Turno.
O Ponto de vídeo é cumulativo, independente dos pon-
tos inseridos serem de Diretores diferentes, porém cada
câmera deverá ter seu tempo comprado individualmente.
Exemplo: Michel gastou 1 Ponto de
vídeo para adicionar 15 segundos a uma
filmadora em uma determinada Locação,
e John também gastou 1 Ponto de vídeo,
logo essa determinada câmera ficou com
o total de 30 segundos de Cena. Esse
tempo acumulado na câmera serve para os
Tipos de Vídeos
Para que a sessão tenha um caminho a seguir, ela
precisa do pontapé inicial, e esse trabalho fica a cargo
dos próprios membros do grupo antes de iniciarem a
partida. Durante a criação de um vídeo os jogadores
deverão escolher em que lugar e época a história irá se
passar, caracterizando assim melhor todas as Cenas. A
Fita trata-se de um RPG de terror, mas isso não significa
que as historias serão todas parecidas. Vejamos alguns
exemplos de narrativa Found Footage.
Documentário: A narrativa documental parte do
principio de que todos sabem exatamente o que estão
fazendo, ou seja, os protagonistas pegam a câmera e vão
atrás de algo com o objetivo de relatá-lo. Os personagens
possuem um profundo interesse no caso em questão
e no fundo a maioria acha que entende do assunto. O
importante é lembrar as seguintes características quando
se for narrar uma história de horror documental:
1. Como se trata de um documentário, os protagonistas
aparentemente sabem atrás de que eles estão indo,
ou pelo menos acham que sabem.
[ 42 ]
2. Todos eles devem ser úteis de alguma forma, de
acordo com o que for narrado.
Dica de filme: A Filha do Mal.
O Acaso: Os personagens estavam envolvidos em
alguma coisa que não era o foco central e objetivo da
trama principal, uma festa na praia, um baile, qualquer
coisa. O fato é que algo saiu de controle e eles estão
fora do ambiente comum, isso pode causar todo tipo
de pressão psicológica nos indivíduos, nesse tipo de
narrativa é importante que os jogadores abusem das
relações entre os protagonistas e na falta de experiência
que eles possuem em lidar com a atual situação em que
se encontram. Dica de filme: [REC]
Investigação: Algo fora do comum aconteceu no meio
em que os protagonistas vivem, e isso faz com que eles
partam em uma busca por respostas. Nesse tipo de
narrativa eles não sabem o que os espera, muito menos
entendem do assunto, o que eles podem fazer é terem
como companhia alguém que aparentemente entenda da
situação e os ajude. Dica de filme: Atividade Paranormal
 jogadores descreverem Cenas utilizando os
personagens da história, bastando apenas
que eles escolham quanto tempo precisarão
para cada ação de descrição de Cena que
forem utilizar.
Câmera Fixa - As câmeras Fixas são todas as câmeras
que estão presas a uma locação, como por exemplo, câmeras
de sistemas de segurança de um shopping Center, o sistema
de câmeras da policia instaladas nas ruas de uma cidade
etc. O objetivo é mostrar a história sob um ponto de vista
geral.
Câmera Portátil – As câmeras portáteis são as câmeras
carregadas pelos personagens, como celulares, máquinas
fotográficas que gravam vídeos ou câmeras de mão tradi-
cionais, dentre outros modelos de aparelhos com capaci-
dade de gravar vídeos. Esse tipo de câmera acompanha o
personagem pelos lugares que ele passa, adotando toda a
narrativa pela sua visão, e, se necessário, pode ser tranferi-
da para outros personagens, como se um tivesse passado o
aparelho para o outro.
Camêras Portáteis usam bateria, cada Ponto de Vídeo in-
vestido consome 1 Ponto de Bateria. Cada Bateria suporta
5 Pontos de Vídeo antes de descarregar e tornar a Câmera
[ 43 ]
inacessível. Pode-se recarregar a bateria a um custo de 1
Ponto de Vídeo para cada 1 ponto de Bateria recarregado.
Locações
As histórias passadas em A Fita ocorrem em diferentes
lugares, como qualquer um pode ter uma câmera e começar
a gravar um vídeo, as possibilidades praticamente não tem
limites, basta anotar o nome do lugar e uma característica
marcante que ele possua. Um quarto limpo e perfumado
em uma casa de campo é um exemplo de locação que pode
ser utilizado, enquanto que a casa que ele faz parte é o re-
sultado de um conjunto de locações. O Jogador que resol-
ver criar uma irá pegar uma ficha de Locação e irá descre-
ver o nome dela e uma característica marcante do lugar, o
ideal é que as locações que vão ser utilizadas durante o jogo
sejam coerentes com o tipo de história a ser contada e com
os personagens criados pelos jogadores.
Adicionando locações no
filme
Antes mesmo de se iniciar as ações no jogo, o Diretor de-
verá, durante a sua rodada, preencher uma ficha de Loca-
ção onde irá narrar seus acontecimentos, além de descrever
uma Característica Marcante desse lugar. A Locação pode
ser tanto um lugar agradável quanto um lugar ameaçador.
A câmera que o Diretor criar para essa Locação, ou mesmo
uma portátil de algum Personagem, irá revelar o lugar para
que o jogador possa narrar uma cena.
Cada jogador tem o direito de criar a primeira locação sem
custo nenhum, , já as demais locações custam 2 Pontos de Vídeo
cada.
Exemplos de locações baseadas em filmes
O filme Atividade Paranormal (2007)
dirigido por Oren Peli, usa locações como
um Quarto simples com Cama de Casal e Porta
que dá visão para a escada e corredor/ Sala
com sofá simples e estante com TV / Quintal
com piscina / Banheiro etc.
O filme Diário dos Mortos (2007) de George
A. Romero, usa locações inusitadas, como
por exemplo, um Trailer com uma bancada e
TV.
O filme REC (2007) de Jaume Balagueró e
Paco Plaza, utilizam um edifício inteiro
como um conjunto de Locações para contar
a história do filme, porém alguns locais
[ 44 ]
merecem destaque, como por exemplo, os
corredores / Apartamentos simples que
podem ser divididos em pequenas Locações.
O filme Cloverfield (2008), usa locações
abertas como as Ruas de Nova York, avenida
cheia de carros com fachadas de prédios e
Calçada com bueiros / Uma ponte danificada
com vista para a Estátua da Liberdade
decapitada / Metrô com túnel escuro e
depredado / Laboratório improvisado do
exército com cortinas de plástico e mesa
com aparelhos hospitalares etc.
Personagens
Em A Fita os jogadores não possuem personagens, a his-
tória tem. Os jogadores controlam qualquer personagem
desde que seja conveniente para a cena que ele esteja nar-
rando (sequer é necessário que exista um personagem para
cada jogador), os personagens, humanos ou não, são peças
que reagem as situações impostas pelos Diretores.
Todos os personagens da história que aparecem durante
o jogo, são inseridos pelo Diretor da vez (se o Diretor jul-
gar necessário inseri-lo). Um Personagem bem construído
é fundamental para o funcionamento de uma história e de
sua narrativa. O jogador através da sinopse deve criar per-
sonagens marcantes que consigam provocar no restante do
grupo as emoções desejadas, sejam elas de atração ou de
repulsa, amor ou ódio, preocupação ou indiferença.
Um personagem deve ser reconhecido pelos seus pro-
blemas, escolhas e relações que tiver durante o jogo. Cada
ação que ele vier a ter, cada palavra que sair de sua boca
será posta a prova perante os Editores como convincente
ou não para a história que vai ser contada. Assim como os
jogadores tem escolhas a serem feitas durante a vida, com
os personagens deles é a mesma coisa, ainda mais na situa-
ção de puro pavor que eles irão vivenciar, elas podem fazer
toda a diferença.
É fundamental que os personagens passem por prova-
ções ao longo da sessão, é nessas horas mais difíceis que
conhecemos melhor cada pessoa, e assim também deve ser
em uma narrativa.
As escolhas feitas pelo personagem muitas vezes podem
ser vazias, mas também é necessário que elas gerem mu-
danças em sua personalidade. A narrativa é mais eficiente
quando o personagem que começou a história seja transfor-
mado pelas suas ações. Pode ser uma mudança visível ou
Utilizando
Fotos Reais
nas Locações
Uma ideia interessante para utilizar em A Fita,
seria tirar fotos de Locações reais próximas da
sua casa (ou sua própria casa, por que não?)
e imprimi-las para utilizar no seu jogo, dessa
forma os jogadores poderiam contar histórias
com um tom bem mais realista. Imagine
uma ocasião onde acontecimentos bizarros
envolvendo sua casa e as redondezas pudessem
ser retratadas durante uma partida de RPG,
como o foco de A Fita está nas histórias de
terror, nada mais adequado, além disso, vai ficar
muito mais fácil para os jogadores identificarem
as Locações antes mesmo de ler as informações
nas fichas.
[ 46 ]
Matheus Funfas
uma mudança sutil, o importante é que isso irá enriquecer
o personagem e consequentemente a narrativa do grupo
que está jogando A Fita.
Adicionando personagens no filme: Durante a sua
rodada, um Diretor, se quiser, pode adicionar um perso-
nagem na história, alguma Característica Marcante que
ele venha a possuir também é essencial. O Diretor deverá
pegar uma ficha de personagem, e então adicionar as infor-
mações sobre ele. Lembrando que um personagem não é
necessariamente um mocinho, qualquer indivíduo que dê
ao grupo a chance de interpretá-lo é considerado um, desde
pessoas boas, bandidos e monstros.
Cada jogador, no papel de Diretor, tem o direito de criar o pri-
meiro personagem sem custo nenhum, já os demais personagens
custam 4 Pontos de Vídeo cada.
Deslocamento de Personagens: Os personagens são
descritos de acordo com a vontade do Diretor que os criou
com base em um consenso geral, e durante o jogo eles po-
dem ter que trocá-los de lugar devido a algum aconteci-
mento ou por vontade dos Editores, eles também podem
ir para um lugar ainda não revelado como forma de gerar
certo tom de suspense. Lembrando que a visão que o Di-
[ 47 ]
retor terá do novo ambiente será daquilo que for exibido
pela Câmera Portátil do personagem ou de alguma Câmera
Fixa já existente, caso a locação para onde o personagem foi
ainda não tiver sido criada, o Diretor não poderá utilizar o
benefício de nenhuma câmera para descrever uma cena ali.
Câmeras Portáteis sempre acompanham o personagem, e
tem mais mobilidade. Elas trocam de personagens de acor-
do com a narrativa do Diretor da vez.
Característica Marcante
É um traço evidente de um Personagem ou Locação,
algo que fica amostra para que provoque reações contra ou
a favor, como por exemplo, ser uma pessoa amável, fumar
compulsivamente, viciado em jogos de azar, ou, se forem
locações, características que remetam a moveis em desta-
que ou alguma atmosfera peculiar, como paredes cheias de
quadros antigos, estande com livros grossos, TV grande
ligada com estática, sombra de algo não identificado proje-
tada no chão, fonte de luz não identificada etc.
Uma pequena história sobre o vídeo
Registrar imagens era uma antiga ambição do homem,
ele achava que assim podia se comunicar de forma
mais eficiente com outros indivíduos de sua espécie, é
o que vemos nas pinturas rupestres, mensagens como
“Fui caçar”. Com a evolução das relações humanas,
o vocabulário expandiu-se e houve uma necessidade
maior de comunicação, sendo preciso à ajuda de outros
recursos para cumprir a meta, por exemplo, na China
antiga sabe-se que havia uma técnica de jogo de sombras
na parede para contar histórias, há mais de 7 mil anos
atrás. Pode ser considerado um dos primórdios da ideia
de projeção de filmes, um grande número de estudos
formou a base para a invenção do primeiro aparelho que
capta imagens pelos irmãos Lumiére.
[ 48 ]
palavra vídeo vem do latim eu vejo, é uma tecnologia
capaz de processar sinais eletrônicos, analógicos ou
digitais, com a função de capturar uma determinada
sequencia de imagens, gerando assim uma animação. O
tipo de fita utilizada influencia diretamente no tipo de
historia que os jogadores querem contar.
Quando você pensa em uma câmera ou filmadora, a
primeira coisa que vem a sua cabeça são aquelas mais
modernas, digitais e que cabem na palma da sua mão,
mero engano, esse aparelho é bem mais antigo do que
você imagina, mais ou menos na década de 50, quando
surgiu a primeira máquina que capturava em fita
magnética as imagens do vídeo ao vivo.
A duração do vídeo
O jogo é sobre um conjunto de vídeos, e dura o quanto
durar os vídeos dentro do jogo, pois só o que importa ser jo-
gado é aquilo que aparece em foco para quem está assistin-
do o filme. Alguns grupos de jogadores podem determinar
um tempo total para o filme, assim o jogo acaba quando o
tempo determinado do vídeo acabar. Geralmente 80 Pontos
de Vídeo são suficientes para se jogar uma boa partida de A
Fita com quatro jogadores, mas cada grupo pode configu-
rar esse tempo máximo como bem entender. Alguns grupos
também podem preferir simplesmente deixar o tempo sol-
to, dirigindo cenas até cansarem ou acharem que a história
está boa o suficiente para ter um desfecho emocionante, ou
até todos os Pontos de Vídeos e Tempo das Câmeras aca-
barem.
Finalizando a história: Enquanto Cenas ainda possam
ser descritas e Pontos de Vídeo estejam disponíveis duran-
te a partida, o jogo continua normalmente, porém se algum
Diretor achar que a historia atingiu seu clímax e deve ter-
minar naquele determinado momento ele precisa dizer “E
o vídeo acaba”. Se alguém ainda tiver Pontos de Video pode
evitar um final, ele pode elucidar algum mistério por meio
[ 49 ]
das Câmeras Fixas, mas se ninguém mais tiver pontos para
impedir o final, o jogo termina antes mesmo da duração da
fita de vídeo chegar ao fim.
Outra maneira do jogo terminar é extrapolando os nú-
meros da Hora Maldita. Quando todos forem escolhidos,
significa que é hora do vídeo acabar, os personagens já
passaram por muitos sofrimentos e o vídeo já deverá estar
macabro ao extremo.
Exemplo: Depois de algumas horas de jogo
em que o grupo de Izabela, Wallace e
Luiz Fernando narravam uma história sobre
um grupo de presidiários que estavam
sendo torturados por um sádico dentro de
uma prisão, Izabela acha que é hora de
terminar a partida. Então ela anuncia, “E
o vídeo acaba!”
- Wallace: Por mim está bem, gostei do
final duvidoso assim.
- Luiz Fernando: Mas espere ai um pouco,
os três presidiários que estão sob tortura
psicológica dentro da cela vão continuar
vivos? Está bem então, mas ainda não acaba
por aqui, como agora é a minha vez de ser
o Diretor da Cena irei elucidar um final
ao invés de impedir sua decisão Izabela.
 [ 50 ]
Rafael Gonçalves
 Vai ser uma Cena dentro da Locação sala
do Diretor do Presídio com moveis antigos
e empoeirados. Realizada pela câmera
portátil chamada aqui de número 3.
- Luiz Fernando: O sádico diretor do
presídio foca a filmadora no próprio
rosto com um grande sorriso amarelado,
parece que ele está olhando para a TV
que monitora a sala onde os presos gritam
ensandecidos por liberdade. Em seguida
ele deixa a filmadora sobre a mesa e
puxa de trás dos livros da estante uma
espingarda, deixando todos bagunçados,
sai da sala e não leva à câmera junto,
o aparelho continua focando na estante,
a única coisa que deu para perceber foi
o som vindo da TV, gritos de clemência
seguidos por três tiros secos.
Zoom
[Regra opcional] Então você ficou sem Pontos de Ví-
deo durante o jogo? Não tem problema. Pelo menos uma
vez por rodada você pode fazer o papel de Zoom dentro do
jogo, isso possibilita que você acrescente um detalhe narra-
tivo a cena de algum Diretor a sua escolha, entenda por de-
[ 51 ]
talhe narrativo qualquer sugestão que venha a enriquecer a
cena criada pelo Diretor do momento.
Exemplo: Enquanto John descreve uma cena de
uma mulher chorando em um banheiro enquanto
filma o próprio rosto, Diego que ficou sem
Pontos de Vídeo usa o Zoom, sugerindo a
John que a mulher se queixe de espíritos
vingativos estarem ferindo-a sempre que
tenta dormir. John pode acatar a ideia, ou
simplesmente ignorar, se ele não utilizá-
la, o Zoom ainda pode tentar inserir outra
ideia para outro diretor nessa rodada, ou
seja, ele não perde sua vez.
DADO DA VERSÃO DO DIRETOR
[Regra opcional] Um dado comum, de seis faces (d6),
que pode ser utilizado quando o jogador ficar sem pontos
de vídeo para decidir o que ele fará como Diretor na sua
próxima cena
O Diretor da cena faz a rolagem:
1. Narre uma cena de 15 segundos
2. Narre uma cena de 30 segundos
3. Narre uma cena de 45 segundos
 4. Narre uma cena de 15 segundos e adicione uma locação
5. Narre uma cena de 30 segundos e adicione um
personagem
6. Narre uma cena de 45 segundos e adicione uma câmera
O Diretor tem a opção de rolar o d6 novamente para ob-
ter um novo resultado, porém isso irá elevar em 1 ponto a
Carga de Tensão da próxima Cena.
Exemplo: Luiz Fernando está sem pontos de
vídeo, mas não gosta da idéia de ter que
usar a regra opcional “Zoom”, logo ele
opta pelo “Dado da versão do Diretor”,
então em seu momento como Diretor ele
faz uma rolagem, obtendo um número 3,
isso fará com que ele narre uma Cena de
45 segundos, o que na sua concepção é
muito tempo já que ele encontra-se meio
sem criatividade no momento. Ele resolve
fazer uma nova rolagem, mas está ciente
que isso acarretará no aumento de 1 ponto
na carga de Tensão em sua próxima cena, e
decide fazer mesmo assim, obtendo o número
1 na nova rolagem, o que lhe proporciona
15 segundos apenas para narrar um
acontecimento, que consequentemente será
mais sombrio que o anterior.

[ 52 ]
 [ 53 ]
Pedro Malagoli
Onde e Quando foi feita essa gravação?
Filmes que se passaram entre inicio dos anos 80 e filmes
dos anos 2000 possuem uma realidade muito distante um
do outro, a tecnologia das câmeras transmite imagens
totalmente distintas, uma é suja e imprecisa, enquanto a
outra já está em formato digital, possibilitando imagens
muito mais nítidas para o Diretor visualizar.
Dependendo de quando foi feita a gravação, devemos
levar em consideração as filmadoras que existiram
durante aquele período, seria muito estranho se eu
contasse uma história passada no começo dos anos 80
onde um personagem que eu criei tira um celular do
bolso para tentar filmar algo que ele viu sobre o peitoril
de sua janela, já que nos anos 80 o que existia eram
câmeras pesadíssimas utilizadas para filmar vídeos
caseiros.
[ 54 ]
É necessário que os jogadores entrem em um consenso
de quais serão os limites de sua história para que a
mesma flua de forma coerente e proporcione uma
experiência de jogo produtiva.
Exemplo de ambientação para uma
história de A Fita: Wallace, Michel
e Igor resolvem criar uma história
que se passará no Texas, em meio a
uma fazenda no início dos anos 90,
onde os Diretores poderão utilizar
apenas câmeras daquela época, grandes
e desajeitadas. Como se trata de uma
história passada no interior, eles
assumem que será difícil achar por ali
Câmeras Fixas espalhadas pela fazenda,
sendo o ideal os jogadores utilizarem
apenas Câmeras Portáteis.
 [ 55 ]
Lucas Souza
[ 56 ]
Mikaelle Millan
Histórias bizarras e lendas urbanas
Nosso mundo está repleto de histórias bizarras e len-
das urbanas que vem sendo contadas através das gera-
ções, elas são capazes de mexer com o subconsciente do
ser humano e despertar nele o sentimento mais antigo de
todos, que é o medo. Muitas dessas lendas são idênticas,
mudando apenas alguns detalhes dependendo de qual
parte do mundo ela foi contada, já algumas histórias não
são lendas e sim inspirações em diversos filmes e livros
da cultura pop em geral, o que não fazem delas menos
interessantes. Como essas histórias estão presentes no
dia a dia de muitas pessoas, elas acabam se tornando um
prato cheio para jogadores criativos, capazes de arrepiar
até os cabelos dos mais céticos.
Os ganchos de história não precisam ser seguidos ao
pé da letra, eles só existem para que os jogadores tenham
uma base de como esquematizar um começo para a nar-
rativa que irão desenvolver durante a partida. Algumas
dessas histórias se passam no futuro, então como pode-
riam estar registrados em uma fita de vídeo? É isso que
acaba tornando tudo muito mais misterioso e bizarro.
Bloody Mary – Três jovens foram
encontrados mortos em um banheiro
dentro de uma casa onde acontecia uma
festa de formatura do ensino médio,
não se sabe ao certo a causa da morte,
mas um de seus amigos ouviu dizer que
uma brincadeira iria ser realizada
naquela noite, e o nome Bloody Mary foi
mencionado, foi tudo gravado.
A Gangue do Palhaço – Um grupo de pais
desconfiados decide seguir uma Kombi que
andava rondando o seu bairro, o estranho
é que dentro do veiculo andam sempre
alguns homens vestidos de palhaço que
distribuem doces pela vizinhança. Os
pais acreditam que essas pessoas são um
bando de seqüestradores de crianças que
agiram alguns anos atrás em uma metrópole
próxima da onde moram, agora cabe a
eles filmarem todos os passos desses
misteriosos indivíduos fantasiados e
levar as provas para a polícia.
Brincando com o copo – Depois de 10
anos, velhos amigos de escola resolveram
confraternizar em uma brincadeira
que costumavam fazer na infância, a
brincadeira do copo. Eles gravaram todo
o processo com uma filmadora enquanto
perguntavam nomes de entidades e tentavam
trazê-las para o plano material. Algo saiu
errado, e a presença que estava além da
compreensão deles adentrou o apartamento.
O Fantasma de Lucy Reinolds - A estranha
história começou no dia 21 de fevereiro de
1977, quando o corpo de Lucy Reinolds foi
encontrado pela polícia. A mulher, de 48
anos, estava caída no chão de seu luxuoso
apartamento em Chicago. Fora apunhalada
até a morte com uma caneta, tendo o corpo
parcialmente congelado por cubos de gelo
que estavam espalhados sobre ela, e dizem
os moradores das redondezas que a noite
pode se ouvir gritos da antiga moradora
queixando-se do frio e das perfurações na
pele.
Alguns curiosos foram tentar filmar a
residência para um programa sobre caça
fantasmas, mas eles não voltaram.
Contato - Na noite de 6 de dezembro de
1996, alguns amigos viram um círculo
branco de luz de 3 metros pairando sobre o
chiqueiro em uma fazenda. Debaixo daquele
objeto havia dois pares de luzes vermelhas
e verdes, cada uma do tamanho aproximado
de um farol de automóvel. Eles resolveram
filmar o ocorrido, mas encontraram mais
coisas alem das luzes.
A Face do fim – Nico Fortuna faleceu em 30
de Agosto de 2010 no Novo México, ou pelo
menos assim deveria ter sido já que todos
foram ao seu velório. Eis o susto que Nico
levou ao acordar algumas horas depois
debaixo de sete palmos de terra vestindo
um terno quente e com uma filmadora
digital sob o seu peito, provavelmente
jogada por algum dos seus sobrinhos.
Agora ele grava seus últimos momentos
enquanto tenta entender que sons estranhos
ocorrem à noite dentro de um cemitério.
O Voo – Asa Delta é um esporte que traz
muita adrenalina para os participantes,
alguns indivíduos mais ousados tentaram
praticá-lo durante a noite e resolveram
filmar tudo. O susto veio quando eles
perceberam uma face humana gigantesca
surgindo entre as nuvens quando o
céu foi cortado por um forte raio
que apareceu graças a uma tempestade
repentina.
Eles bem que querem pisar em terra
firme, mas de alguma forma o vento não
quer deixar isso acontecer.
Sombras em Marte – Depois de um pouso
de sucesso de três sondas na superfície
do nosso planeta irmão, os cientistas
finalmente vão poder estudar o que está
acontecendo em Marte em tempo real. Será
que o planeta está totalmente vazio?
Será que os cientistas estão preparados
para ver o que está além das câmeras dos
três robôs exploradores que desbravam o
curioso planeta vermelho?
Impacto - Pouco depois do nascer do
sol no dia 30 de junho de 1970, alguma
coisa vinda do espaço caiu sobre a
região central da Sibéria, na União
Soviética, o impacto foi tão forte
que foi detectado em sismógrafos que
estavam nos EUA. Alguns repórteres
americanos disfarçados foram até o
local tentar conversar com cientistas
que isolaram a área para ver se
conseguiriam uma entrevista, porém
a única resposta que receberam foi a
de que o objeto que se chocou contra
aquele território não diz respeito às
massas. Seria um disco voador? Um teste
de armas atômicas? Ou quem sabe um
anjo que caiu do céu? Esses repórteres
gravaram sua empreitada em tentar
conseguir esse furo de reportagem,
porém eles não estavam juntos das fitas
de vídeo encontradas dentro da bolsa
de um operador de câmera dias depois
enterrada na neve.
A Casa Sangrenta - Os investigadores
da divisão de homicídios da polícia de
Detroit estão acostumados com sangue.
É uma coisa que eles investigam,
juntamente com corpos de pessoas que
são mortas com armas de fogo, armas
brancas e que são até mesmo espancadas.
Mas eles não estavam preparados para a
visão de sangue sem corpo, especialmente
sangue saindo das paredes e empoçando
no chão da casa de um casal de cegos.
É algo difícil de acreditar, mas um
dos policiais resolveu filmar tudo, mas
parece que alguém que vive secretamente
dentro da casa junto ao casal não
gostou nada dessa ideia.
Assalto ao banco – Câmeras de segurança
de um banco não mencionado gravaram
um assalto que ocorreu à meia noite
de 20 de Abril de 2001. Enquanto os
assaltantes esvaziavam o cofre, alguém
estava tramando para que eles não
saíssem do estabelecimento, ou quem
sabe, alguma coisa.
Se metendo onde não é chamado - Um casal
de férias descobre algo perturbador num
rancho no Texas, e com uma filmadora
eles gravaram a sua experiência em
vídeo. O que aconteceu com os corpos
dos alienígenas que foram recuperados
do incidente de Roswell em 1947?
O Hospital - Alguns amigos decidem fazer
um documentário sobre um dos lugares
mais assombrados do mundo, um velho
hospital chamado Madre Helena que fica
na Venezuela. Há boatos de espíritos
e assombrações no local, e algumas
pessoas das redondezas preferiam morrer
a entrar nesse hospital assombrado.
Pirâmide de Gizé - Quatro amigos
franceses estão no Egito visitando
as pirâmides e ficaram fascinados
com a de Gizé, com suas passagens e
labirintos. Decidiram voltar à noite
com duas câmeras infravermelhas,
mais os celulares, para explorarem a
passagem proibida pelos guias, porém
um desabamento acontece separando os
amigos em duplas, uma com apenas a
câmera infravermelha para guiá-los e
a outra com uma estranha miragem na
escuridão.
Incêndio - Um reencontro de antigos
estudantes toma lugar no salão do 43o.
andar de um antigo prédio no centro do
Rio de Janeiro, entretanto, um incêndio
começa no 30o. andar cortando a energia
do prédio e bloqueando o acesso deles
aos elevadores e às escadas. Agora
entre a fumaça que invade a sala e as
pessoas esperando o resgate, ouvem-se
gritos; não de pavor, mas de morte.
Na porta - Rafael ouve à noite
constantes choques, do que parecem
serem pedras arremessadas na janela
do seu quarto, só acontecia quando
estava sozinho e quando olhava não
havia ninguém. Já começavam a dá-lo
como louco, por isso comprou uma câmera
para filmar os estranhos fenômenos; uma
noite quando ouvia os mesmos barulhos
correu para a rua: ninguém, e estava
deserta. Quando quis voltar para dentro
a porta encontrava-se trancada; eis que
uma pequena pedra acerta a sua cabeça.
Operação Policial - Uma ligação
desesperada da mansão dos Rockfeller,
uma ameaça de reféns, a polícia age,
luzes desligadas, ouvem-se gritos e um
grupo tático entra. As câmeras da mansão
estão ligadas e os policiais possuem
micro câmeras em seus capacetes, mas
nem isso consegue explicar como eles
estão morrendo um atrás do outro e os
gritos continuam.
Compasso - Duas amigas filmam enquanto
jogam a famosa brincadeira espiritual
do compasso na casa dos seus avós
aproveitando que estes saíram para um
cruzeiro. Depois de várias perguntas
para o espírito elas recebem um “não”
quando pedem para que ele vá embora,
reformulam a pergunta e indagam se ele
gentilmente as deixaria irem, a casa se
transforma em um labirinto impedindo as
duas meninas de saírem; e agora há algo
mais vagando pelos corredores.
Reality Show – Durante um Reality
Show famoso dentro de uma mansão, os
participantes começaram a ouvir vozes
estranhas enquanto tentavam dormir,
alguns objetos também tem levitado pela
casa de vez em quando. Os produtores
do programa disseram para os inquilinos
que triplicariam o prêmio caso eles
continuassem lá dentro, pois a audiência
estava indo muito além do esperado.
Será que essas manifestações
sobrenaturais são inofensivas? Como os
moradores da casa irão lidar com essa
situação enquanto as pessoas assistem
ao vivo e votam em quem sai e quem fica
lá dentro?
Bebendo demais – Um grupo de
arruaceiros bebe demais e sai à noite
com uma filmadora gravando cenas de
vandalismo cometidas por eles mesmos.
Nessa brincadeira eles vão invadir a
casa de uma velha senhora, mas ela não
é exatamente a pessoa frágil e inocente
que eles pensaram que fosse, e agora
vão sentir na pele.
Reconstituição – Alguns amigos
vão passar um fim de semana em um
acampamento na floresta a convite de
um deles. O que eles não esperavam era
que tudo faz parte de um plano para
reconstituir um crime macabro ocorrido
por ali cinco anos atrás por um
assassino que só pode ser visto pelas
lentes de uma filmadora.
Sangue em cena – Vampiros estão à solta
em uma pacata cidade, e eles resolveram
filmar todas as maldades cometidas
contra os habitantes que se aventuram
em sair de casa a noite. Um grupo de
pessoas tenta dar cabo deles, mas estão
completamente assustadas, enquanto veem
criaturas sobrenaturais invadindo seus
lares.
Viagem para o inferno – Casal resolve
filmar toda sua viagem até Las Vegas,
porém toda manhã quando acordam
percebem que na câmera há trechos de
vídeos deles dormindo, sendo que não
há sinais de arrombamento onde quer que
eles resolvam passar a noite.
Porta-malas - Um jovem rapaz caminha
tranquilamente por uma calçada voltando
da faculdade, ninguém percebe quando
ele foi desacordado com uma pancada na
nuca por duas pessoas e rapidamente
carregado para o porta-malas de um
carro, que saiu tranquilamente fazendo
a curva. O rapaz está agora com os
pés e mãos amarrados, o carro está em
movimento e a única fonte de luz provém
de um furo na tampa do porta-malas,
não consegue alcançá-lo, mas por sorte
encontra uma câmera de mão com a qual
pode apontar para o furo e ver o que
passa lá fora através do visor.
Barco - Dois amigos ficaram sabendo de
uma antiga lenda onde moram, sobre um
farolete que fica sobre as marolas a
algumas centenas de metros da praia,
a lenda era que se você fosse àquele
farolete às 02:30 da madruga de uma lua
cheia, um navio fantasma passaria ao
seu lado. Os dois amigos foram e cada
um deles levou uma câmera, chegaram
ao farolete às 2 horas por segurança e
esperaram, mas nada aconteceu, decidiram
voltar depois de um tempo, mas chegaram
a uma praia diferente da que estavam.
Avião - Um avião foi sequestrado por
um grupo terrorista, eles querem a
libertação de um dos seus líderes em
troca das vidas das pessoas no avião.
Enquanto isso, eles esvaziam as malas
no compartimento de bagagem dos seus
itens de valor, mas algo mais havia em
uma delas.
O sax - Um antigo teatro da cidade
era dito ser o lar de um antigo sax
pertencente a um talentoso músico que
também era um mafioso e que fora morto
ali mesmo no palco por um dos seus,
traído e jogado aos cães, premeditou
a morte dos envolvidos que foram a
cabo dias depois. Após o acontecido o
teatro fechou porque pessoas começaram
a desaparecer, terem a cabeça abatida
por algum holofote do palco ou apenas
se enforcarem por acidente em uma das
cordas que controlam as cortinas.
A Igreja - Uma igreja localizada em
colina numa cidadezinha do interior da
França foi abandonada nos anos 50 por
conta do seu difícil acesso, devido a
um padre que fora morto por um marido
traído, mas dizem que aos domingos o
próprio padre celebra a missa às 19:00
como sempre fazia.
Segredos entre a família – Louis
tem a estranha habilidade de dobrar
objetos de metal como chaves e moedas,
afetar instrumentos eletromagnéticos
à distância, parar e movimentar
ponteiros de relógios, dentre outros
dons esquisitos. Misteriosamente todas
as noites ele tem pesadelos e costuma
destruir todos os objetos do quarto,
então sua esposa resolveu filmar
secretamente o ocorrido para psicólogos
e médicos de todo o mundo avaliarem,
mas parece que com isso ela o irritou
profundamente, já que Louis tem um
ódio absurdo de câmeras e aparelhos que
captem a sua face.
O Ritual – Sádica família de japoneses
resolve filmar um sacrifício feito em
um quintal nos fundos de sua casa,
eles acreditam que a morte das filhas
pode impedir o despertar de um mal
adormecido no Monte Fuji, muitos
séculos atrás.
Kuro – Criança japonesa diz conseguir
falar com os mortos, ela tem dito
exatamente tudo o que eles mantinham
em segredo enquanto viviam com seus
familiares, foi então que um programa de
TV resolveu fazer um documentário sobre
a sua vida. Aos poucos a criança começa
a revelar detalhes comprometedores
sobre as pessoas envolvidas na produção
do filme, e um clima de desconfiança Magna câmera – Uma misteriosa câmera
começa a surgir entre eles. utilizada por um adolescente para
filmar suas manobras de skate começa
Visões de um futuro próximo – Estamos a revelar imagens impressionantes de
no ano 2090, todas as pessoas da terra seres feitos de luz voando pelo céu.
possuem micro câmeras implantadas nos O fenômeno só pode ser visto por quem
olhos, e as usam das mais variadas olha através da filmadora ou assiste à
formas. Vislumbre um mundo de prédios fita de vídeo utilizada para a gravação
colossais, carros flutuantes e muita do fato ocorrido.
poluição enquanto vivencia o dia a dia Um grupo de estudiosos de varias
de um policial local em sua luta contra religiões resolveu utilizar o aparelho
crimes bizarros contra a humanidade. para seguir o rastro de luz deixado
pelas criaturas luminescentes que os
H2O – Finalmente chegou o fim do mundo,
levou direto para uma caverna ao leste
porém ao contrario do que as pessoas
da Croácia, chamada de Boca do inferno.
imaginavam nada foi destruído e ninguém
morreu, não inicialmente. Uma misteriosa
força da natureza fez com que as pessoas
tivessem uma paixão compulsiva pela
água, chegando ao ponto de se afogarem
no mar simplesmente para ficarem perto
dela, e o que acontece é que durante
esse evento vários cientistas dominados
pela curiosidade resolveram documentar
tudo em fitas caseiras.
H
á três noites Tom não sabe o que é
dormir, desde que ele começou a gostar
de uma menina na internet não faz
outra coisa que não seja aparecer para
ela via webcam e fazer declarações de
amor sobre a futura união dos dois, ele a chama
de Lola, pelo menos esse é o perfil dela em uma
rede social onde se conheceram. Tom sempre
leva seu laptop para onde for, afinal de contas
sempre existe a possibilidade de falar com sua
amada, então por que desperdiçar a chance não é
mesmo? Em um dia aparentemente rotineiro ele
inicia uma conversa de vídeo com Lola quando
se surpreende por não encontrá-la esperando por
ele como de costume, mesmo com a câmera ligada
ela não estava sentada na cadeira. E continuou a
mesma cena por algumas horas, a cadeira dela em
primeiro plano, seguida de sua cama e ao fundo um
grande espelho, provavelmente utilizado para que
ela experimentasse suas roupas para sair em algum
baile ou festa em alguma boate. Cansado de esperar
por sua amada, Tom resolveu apertar o botão para
desligar a webcam, mas fora surpreendido por um
casal de idosos que adentraram o quarto chorando,
eles lamentavam a morte de alguém, e alguns
minutos depois foi possível compreender que o
casal eram o pai e a mãe dela. Eles se comportavam
de forma como se Lola estivesse morta e pior,
morta durante muito tempo atrás, como pode isso
ser verdade? Depois de alguns minutos eles saem
e fecham a porta do quarto, Tom se pergunta como
a câmera ligou e como ele conversava com Lola,
parecia tudo uma grande pegadinha, e por mais
algum tempo nada de Lola aparecer, nem nesse
dia e nem durante algumas semanas, foi quando
Tom recebeu um SMS dela, o convidando para dar
inicio uma conversa de vídeo. Ao ligar a câmera
Tom percebe que Lola não aparece, ao invés disso
pode-se ver uma presença escura e humanóide
no lado direito da porta, encarando Tom. Logo
após esse estranho evento a Internet começou a
perder conexão consideravelmente, e sempre que
a imagem voltava à tona a entidade estava em
posições e lugares diferentes dentro do quarto, de
cabeça para baixo, em posição fetal e até flutuando
sob o chão, foi então que ele perguntou para a
entidade, quem é você? E o ser aproximou-se da
câmera e sorriu dizendo: “Lola!”.
[Exemplo de Jogo]
“Não estamos mais sozinhos...”
- Grave Encounters.
 Em uma noite entediante de sexta feira, John, Diego e John: “A primeira coisa que temos que
fazer é preencher a Ficha de Registro e
Wallace resolvem se juntar para jogar A Fita. John sugere ver no que dá. Sugiro também que nossa
que a Sinopse escolhida poderia ser “Algo acontece por aca- Hora Maldita inicial seja o número 2.
so”, uma história que se passaria com uma atmosfera no- Todos concordam?”
ventista, onde um grupo de funcionários de uma empresa
Todos concordam!
qualquer em uma cidadezinha do sul da Califórnia resolve
fazer uma festa surpresa para um de seus colegas que está Diego: “Bem, como eu estou mais
familiarizado com o jogo, eu começo com
fazendo aniversário, mas algo sai errado quando um evento
o papel de Diretor, mas não vou narrar
bizarro acontece. nada nesse turno, irei apenas estabelecer
Diego e Wallace gostam da sugestão e topam dar inicio a alguns personagens e locações, logo
partida, e todos optam por fazer uma sessão de jogo rápi-
da, só enquanto estão no horário de almoço. Então deci-
dem decidem deixar o jogo rolar sem um tempo previa-
mente determinado. Vão ficar jogando enquanto estiver
divertido.
O grupo discute um pouco sobre a sinopse da história,
o que faz brotar várias ideias interesssantes que podem
ser utilizadas ao longo do jogo. Cada um deles pega 20
feijões, cada grão de feijão vai representar 1 Ponto de Ví-
deo. Cada jogador incia o jogo com 20 pontos.

[ 70 ]
vocês dois não possuem uma Cena para
exercerem o papel de Editores. Como a
primeira locação não custa pontos de
vídeo, irei criar uma cozinha com a
característica agradável, insiro uma
Câmera Fixa, daquelas de segurança, que
irei chamar aqui de Câmera A. Também
irei adicionar, sem nenhum custo, um
Personagem à história, Carlos, um homem
com seus trinta e poucos anos, bonito,
alto e bem vestido. Sua característica
será ‘muito curioso’”.

Wallace: “Por mim está bom Diego, não

acho necessário alterar nada no seu
turno.”

John: “Eu também acho que ficou bom,

por mim podemos prosseguir.”

Wallace: “Como Diego já criou um

personagem e a primeira locação, eu vou
gastar 1 Ponto de Vídeo na câmera da
cozinha (Câmera A), e irei descrever
uma cena de 15 segundos.” - Wallace
joga um grão de feijão de volta
dentro do pote, este ponto está fora
do jogo, só lhe resta 19 agora. Ele
pensa um pouco sobre a cena, aciona o

[ 71 ]
 cronômetro e começa a descrever a cena: -
“Cronômetro ligado: a câmera capta Carlos
colocando um bolo sobre a mesa, depois
ele abrindo o armário e pegando quatro
chapéus de festa e colocando-os ao lado
do bolo, ele parece ansioso com alguma
coisa, encerro a narrativa por aqui.” A
descrição consumiu appenas 11 segundos,
ainda restam 4 na Câmera A.

Note que Wallace teve tempo livre para pensar na sua

cena, os 15 segundos comprados com 1 ponto de vídeo
só passaram a contar quando ele acionou o cronôme-
tro e começou a descrevê-la. Os pontos de vídeo (neste
exemplo, os grãos de feijão), são a moeda corrente dentro
do jogo, sempre que se adiciona mais tempo em uma câme-
ra, os pontos são convertidos em segundos, e é descartado
do jogo. Os Editors podem negociar seus pontos para fazer
alterações na cena, pagando pontos para Diretor que criou
a cena.
John: “Agora que sou o Diretor, vou
acrescentar mais um personagem a história,
uma mulher loira de cabelos curtos e
casaco branco, muito bem vestida, seu nome
é Karen, sua característica será, sorriso
contagiante. Lembrando
que é meu primeiro personagem, então
não vou pagar nada por isso.”
Diego: “Minha ação como Diretor agora
será descrever uma Cena, então adiciono
1 Ponto de vídeo a Câmera A (somando 15
segundos aos 4 restantes, totalizando 19
segundos restantes). Cronômetro ligado:
A mulher de vestido branco fala algo com
o homem ao seu lado, mas não da para
escutar devido a alguns ruídos estranhos,
ele apenas confirma com a cabeça e ela

[ 72 ]
 acena para alguém que está fora do foco
da filmadora. Usei 14 segundos, ainda
restam 5. E Aproveito para adicionar
mais um Personagem na Cena, dessa vez
gastando 4 Pontos de vídeo, um homem
calvo de terno cinza, seu nome é Marcos
e sua característica é a timidez, ele é
quem aparece agora junto aos personagens
já existentes.”
Wallace: “Gostaria de utilizar meu
direito de Editor para alterar algo
nessa cena, aceitaria 1 Ponto de Vídeo
para retirar a característica timidez
desse homem careca de terno cinza? Eu
gostaria que sua característica fosse
medroso.”
Diego: “Bem, não vejo problema, por mim
tudo bem (-1 Por criar o careca +1 pela
Edição de Wallace em querer trocar a
característica do careca = 0 de custo
pra mim), no fim das contas ainda saio
ganhando.”

Wallace passa de um de seus Pontos de Vídeo para

Diego. Diego ganha pontos extras, mas teve que acei-
tar as alterações de Wallace a respeito do personagem
que acabou de criar.

[ 73 ]
Wallace: “É minha vez, vou adicionar
uma câmera de mão para Karen (um
celular), que chamarei aqui de Câmera
B, e adicionarei 2 Pontos de Vídeo
nela. Cada Ponto de Vídeo adiciona
15 segundos de cena e consome 1 ponto
de Bateria. Cronômetro ligado: Karen
solta gargalhadas enquanto filma os
dois homens, e também diz a eles que a
qualquer momento o aniversariante vai
chegar, mas eles apenas dizem para ela
se acalmar. Pronto, usei 28 segundos,
sobraram 2.”

Diego: “Por mim e pelo John está tudo

ok, nada fora do normal, porém, a Hora
Maldita apareceu ao final da sua cena,
agora devemos escolher outro número
para representá-la junto com o 2, eu
opto pelo número 4, e a próxima cena
narrada por John deverá ser uma cena
com 1 carga de tensão.”

John: “Tudo bem, 1 ponto de Tensão,

isso quer dizer que tenho que inserir
uma pequena manifestação de perigo.
Eu posso fazer isso. Irei descrever
uma Cena pela Câmera B, gasto 2 Pontos
de vídeo e somo 30 segundos aos 2

[ 74 ]
restantes da última cena, totalizando
32 segundos, além de consumir mais dois
pontos de Bateria (1 ponto de bateria
para cada ponto de Vídeo). Cronometro
ligado: Karen chama discretamente a
atenção de todos e diz ter visto um
vulto através da janela, possivelmente
o aniversariante que estava para entrar
no recinto a qualquer momento. Carlos
passa em frente à câmera caminhando
apressado mas com batante cuidado para
não fazer muito barulho, vai até o
interruptor perto da porta para apagar
a luz. Apesar da câmera não estar
focando a mesa, pode se ouvir o som
de cadeira arrastando e alguém sentando
nela, dando a entender que Marcos se
sentou. Ok, terminei, usei 23 segundos,
não tenho mais nada para acrescentar,
ainda restaram 9 segundos na Câmera B.
Alguma alteração na cena, Editores?”

Diego: “Por mim essa Cena passa

tranquilo!”

Wallace: “Por mim também.”

Diego: “No papel de Diretor, minha

ação é descrever outra Cena, irei

[ 75 ]
adicionar mais 1 Ponto de vídeo na
Câmera B, somando mais 15 segundos aos
9 restantes, totalizando 24 segundos .
Isso também consome o último ponto de
Bateria nessa Câmera. Cronômetro ligado:
Karen se posiciona atrás da mesa do bolo,
de frente para a porta, pode-se ver a
cabeça de Carlos e de Marcos na lateral
da câmera que também olham para a porta,
como se esperassem o aniversariante
entrar a qualquer momento.
A porta de acesso à cozinha range
enquanto lentamente vai abrindo, os dois
indivíduos sendo filmados por Karen
não conseguem conter o anseio de ver a
cara do aniversariante, porém não se
via ninguém do outro lado. Sem entender
o que está acontecendo Carlos vai até o
outro cômodo averiguar o porquê de a porta Durante seu turno Diego mandou Carlos para uma Lo-
abrir e ninguém ter entrado na cozinha. O cação inexistente, é uma ação válida, porém ninguém pode-
que acontece é...”
rá focar câmeras nele enquanto não houver sido criada uma
Wallace: “Corta!” Locação para onde ele está.
John: “O seu tempo acabou, já passaram Wallace: “Bacana, por mim nada de Edição,
24 segundos, o vídeo dessa cena acaba porém à Hora Maldita aparece novamente,
inesperadamente aqui. Além disso, a aumentando a carga de tensão do jogo para
bateria da Câmera acabaou. Esta Câmera 2, e devemos escolher outro número que
está fora do jogo por enquanto.” também representará a Hora Maldita, dessa

[ 76 ]
vez será o 1, e eu deverei narrar uma
Cena de tensão com carga de tensão
nível 2.”
John: “Antes disso, como Editor,
gostaria de adicionar um elemento
a sua Cena: marcas de mão sujas
aparecendo na janela, sendo que
ninguém está do lado de fora. Aceita?”
Diego: “Por mim está bem, mas você me
paga 2 Pontos de Vídeo e seu elemento
entra em Cena então.”
John: “Estou achando meio caro o
preço que você está me cobrando por
algo tão simples, pode baixar?”
Wallace: “John, como achei sua ideia
interessante, vou te ajudar a pagar os 2 20 segundos. Cronômetro ligado:
pontos de vídeo que o Diego está cobrando, A partir da Câmera A dá para ver que a
darei 1 Ponto pra somar ao seu e pagar o TV ligou sozinha, sua estática começa a
Diego.” variar de forma um tanto mais padronizada,
tomando cursos diferentes do comum, como
Diego: “Ótimo, com 1 Ponto do John e 1 se os pequenos traços de luz estivessem
Ponto do Wallace eu aceito que minha cena tentando se agrupar e formar um desenho
sofra a edição feita pelo John, fizemos estranhamente bem elaborado. A luz
um bom negócio.” finalmente se agrupa, concentrando todos
Wallace: “Vou narrar uma Cena na Câmera os pixels no centro da tela, e, para o
A utilizando 1 Ponto de Vídeo, somando horror das pessoas, assume a forma de
15 segundos aos 5 restantes, totalizando uma face humana bizarra. Karen e Marcos

[ 77 ]
começam a gritar de desespero. O rosto
se movimenta e esboça expressões que
lembra vagamente expressões humanas,
mas de forma horrível, desproporcional,
simulando algum tipo de dor extrema.
A boca abre, como se a figura de luz
quisesse gritar um pedido de ajuda,
depois range os dentes de ódio e
encara os espectadores com um olhar
fechado, como se tivesse raiva deles.
Ok, usei meu tempo inteiro, todos os
20 segundos.”

John: “Ok, não quero editar nada.”

Diego: “sem alterações! Cena

perfeita.”
John: “Minha vez. Gasto 2 Pontos de
Vídeo, um para criar a Locação onde está
Carlos, uma recepção com a característica
sombria, e o outro para adicionar também
uma terceira Câmera fixa ao recinto,
chamada aqui de Câmera C. Além disso,
vou descrever uma Cena na recepção, e
acrescento mais 1 Ponto de Vídeo para
adicionar 15 segundos a Câmera C. Ok,
Cronômetro ligado: Carlos da uma volta
pela recepção para ver se encontra quem
(ou o que)abriu a porta da cozinha,
quando de repente, sente um calafrio
subir a espinha, deixando-o tenso e
assustado. Continua caminhando, dessa vez
com mais atenção, a gritaria que veio de
lá o assusta um pouco, mas ele permanece
calado e atento. De repente a luz do
cômodo começa a piscar, incicialmente
com longos intervalos entre uma piscadela
e outra, depois de forma tão fenética
que confunde a percepção. Alguns objetos
são arremessados do balcão para o chão,

[ 78 ]
fazendo um barulho ensurdecedor. As
coisas ficaram bizarras demais para
Carlos, ele chegou no limite do seu
controle e entra em pânico. Em desespero
ele tenta correr, mas é arremessado
contra a parede por uma força invisível.
Ao se levantar nota-se em sua expressão
um sorriso maléfico, como se tivesse
sido possuído.”

Wallace: “Percebo que o jogo está

chegando ao seu clímax, pois a Hora
Maldita apareceu novamente, e o próximo
número para representá-la será o 7
podemos prosseguir com Diego agora
descrevendo uma cena com carga de
tensão 3.”

Diego: “Sim, chegamos a um ponto crucial

da história, minha vez agora, vou
descrever uma cena também, adicionando
2 Pontos de Vídeo (30 segundos) a
Câmera A. Cronômetro ligado: Ainda na
cozinha, Marcos e Karen se assustam
ao ouvir o barulho feito na recepção,
como se alguém tivesse jogado vários
objetos no chão, a câmera também mostra
quando Marcos entra em desespero e
procura se esconder atrás de Karen ao

[ 79 ]
ver o corpo de Carlos entrar levitando
no recinto. Muitos gritos podiam ser
ouvidos, os dois estavam com muito
medo do que acontecia diante de seus
olhos, Carlos se contorcia no ar como
se fosse um boneco de pano, até que
começou a engatinhar no teto da cozinha
balbuciando nomes desconhecidos. Usei os
30 segundos cravados.”

Wallace: “Mais 1 Ponto de Vídeo (15

segundos) para criar uma cena, isso
ta ficando sinistro, e vou de Câmera
A ainda. Cronômetro ligado: Enquanto
Carlos anda pelo teto em direção aos
seus amigos, pode se notar no canto
da tela da câmera uma figura sombria de
cabeça pra baixo, presa ao teto, ela sorri
para a câmera como se estivesse vendo seu
espectador. Usei todo meu tempo também.”

John: “Adiciono 2 Pontos de Vídeo na

Câmera B, para recarregar 2 pontos da
Bateria e ainda adiciono 1 Ponto de Vídeo
para ganhar mais 15 segundos nessa Câmera
(o que gasta 1 dos pontos de Bateria que
acabei de recarregar). Cronômetro ligado:
Percebe-se que o celular de Karen cai
no chão quando sua câmera foca no teto

[ 80 ]
da cozinha, a lâmpada no teto começa
a piscar continuamente enquanto mãos
começam a aparecer de todos os lados,
elas brotam como tentáculos na parede,
gritos ensurdecidos pela escuridão
podem ser ouvidos ao longe, como se
fossem lentamente engolidos pelas
trevas que tomavam todo o lugar. Ok,
usei 12 segundos, sobraram mais 3. Além
disso, o vídeo acaba por aqui pra mim,
alguém quer elucidar algum mistério
que ficou pra trás? Ou podemos dar essa
história por encerrada?”

Wallace: “pensei em passar o celular

de Karem para outro personagem e
continuar com essa Câmera B com outro
personagem... mas acho que não, a cena
tá ótima assim e uma Câmera Portátil
sem bateria me daria muita dor de
cabeça, não quero gastar tantos Pontos
de Video.”

Diego: “Vou elucidar um detalhe para o

final, adicionando mais um ultimo Ponto
de vídeo a Câmera B, somando mais 15
segundos aos 3 restantes e usando o
resto da Bateria. Cronômetro ligado:
Karen pega o celular e diz para as

[ 81 ]
pessoas que forem ver esse vídeo, que
digam a família dela que ela ama muito
todos eles, a sua pequena filha Luiza,
seu Marido Stephan, seus pais e seus
irmãos, depois disso o vídeo é cortado
bruscamente, seguido de um rugido
infernal vindo da outra sala, e o
celular desliga.”

[ 82 ]
[Fichas de Jogo]
 Ficha de Registro
JOGADORES:
HORA MALDITA
TIPO DE VÍDEO:
0 1 2 3 4
ÉPOCA:
5 6 7 8 9
LUGAR:
PONTOS DE TENSÃO
DURAÇÃO DA FITA:

SINOPSE:
 Locação
QUE LUGAR É ESTE?

Anexar
câmeras
fixas
CARACTERÍSTICA MARCANTE:
 Personagem
QUEM É ESTÁ PESSOA?

Anexar
câmeras
portáteis
CARACTERÍSTICA MARCANTE:
 Câmera Câmera
fixa portátil
TEMPO RESTANTE NESTA CÂMERA: TEMPO RESTANTE NESTA CÂMERA:
1 PONTO DE VÍDEO = 15 SEGUNDOS 1 PONTO DE VÍDEO = 15 SEGUNDOS

Bateria
 Câmera Câmera
fixa portátil
TEMPO RESTANTE NESTA CÂMERA: TEMPO RESTANTE NESTA CÂMERA:
1 PONTO DE VÍDEO = 15 SEGUNDOS 1 PONTO DE VÍDEO = 15 SEGUNDOS

Bateria