FALSAS LUZES

ESCRITO POR

FÁBIO FIRMINO E MIKKA CAPELLA

RETROPUNK PUBLICAÇÕES
CRÉDITOS DA EDIÇÃO BRASILEIRA
Autor: Fábio Firmino e Mikka Capella
Revisor: Eder Marques
Diagramação: Fernando “del Angeles” Pires
Revisão de Diagramação: G. Moraes
Arte Nacional: Fabricio Fagundes
Revisão Geral: Fernando “del Angeles” Pires e G. Moraes
Gestor de Linhas: Nina Bichara
Gestor de Projetos: Fernando “del Angeles” Pires
Gestor Administrativo: Daniel Martins
Editor Geral: G. Moraes

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1a Edição, Novembro/2020

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 ÍNDICE
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................. 04
O Ovo de Shivra............................................................................................................................. 04

UM DIA DE CAÇA...................................................................................................................... 05
Aqueles Estranhos Estão em Apuros... Opa, Nós Também.................................................... 05
Que Porra Aconteceu Aqui?......................................................................................................... 06
Não é Uma Cratera de Cristaus................................................................................................... 09
Eu Vejo Dois de Você?.....................................................................................................................10
Mikkah e Raphaelus...............................................................................................................11
Personagens.....................................................................................................................................12

ECOS DA CIDADE................................................................................................... 13
O Demônio do Desejo.....................................................................................................................13
Prelúdio.............................................................................................................................................14
Ei! Isso é Meu!..................................................................................................................................15
Onde Foi Que a Gente Se Meteu?.................................................................................................16
Não é o Ovo Que Me Preocupa, Somos Nós!............................................................................. 20
Fabian Coldsoul...................................................................................................................... 23
Fudeu!................................................................................................................................................24
Personagens.................................................................................................................................... 25

ÀS PORTAS DA MORTE.......................................................................................................... 28
Prelúdio............................................................................................................................................ 28
Sussuros............................................................................................................................................29
Histórias de Fantasmas................................................................................................................. 30
Caminhos e Encruzilhadas.......................................................................................................... 36
O Fim da Escuridão....................................................................................................................... 38
Epílogo............................................................................................................................................. 40
Personagens.....................................................................................................................................41

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 FALSAS LUZES
Todos pensam que não há dragões em Ehlerrac. Alguns dizem
que nunca passaram de lendas e personagens fabulosos, outros
postulam que foram extintos muito tempo antes do cataclismo. Bem,
nada disso é verdade. Ou melhor, tudo isso são meias-verdades.
INTRODUÇÃO
E m meio ao gelo e a neve, escondida nas
montanhas Pilares do Céu, há uma ca-
verna cheia de tesouros. Quantidades in-
calculáveis de ouro e joias, acumulados ao
longo de eras, e um número ainda maior
de pergaminhos e antigos tomos, repletos
de sabedoria antiga, há muito considerados
perdidos. Tudo isto pertence à Shivra, uma
dragonesa, a última de sua espécie. Ela vive
solitária em sua fortaleza de pedra escondi-
da nas montanhas, exceto quando se disfar-
ça, assumindo um rosto humano para visitar
as cidades remanescentes e ver como as ra-
ças sobreviventes estão se virando sem o sol.
De tempos em tempos, contudo, Shivra
precisa hibernar. Enquanto ela dorme, sua
fortaleza é protegida por um elfo guardião.
Apenas um elfo conhece o segredo da dra-
gonesa, numa espécie de ofício familiar, pas-
sado de geração em geração.
Desta vez, Shivra dormiu após um esforço
que a deixou especialmente feliz – ela botou
um ovo! Em breve, não estará mais sozinha,
não será mais a última de sua espécie... Ou
ao menos esta é a sua esperança.
O atual guardião da fortaleza, Mikkah,
tem um irmão gêmeo de quem não foi capaz
de guardar o segredo. Ele se chama Rapha-
ellus. Na verdade, os irmãos, pela primeira
vez na história, alternavam-se no ofício de
guardiões, e enquanto um vigiava o sono
de Shivra, que pode durar décadas inteiras,
o outro estava livre para aproveitar o que a
vida tem de melhor.
Mikkah pensava que ter um irmão gêmeo
era uma bênção, que os deuses tinham di-
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vidido o seu ser, de maneira que o encargo
não fosse pesado demais para nenhum dos
dois. Na alma de Raphaellus, porém, cresceu
a esperança de ver o sol brilhar novamente
quando ele conheceu os Filhos do Sol.
Nossa história começa precisamente quan-
do Raphaellus, após ter roubado o ovo de Shi-
vra com um séquito de fanáticos dos Filhos
do Sol, foge a caminho de Refúgio, onde pre-
tende entregá-lo a Tergan Thrall. Raphaellus
não é perverso. Ele sente em seu coração o
peso da traição cometida, mas acredita que o
sacrifício do que pode ser a última esperança
da raça dos dragões realmente reacenderá o
sol. Ele está disposto a pagar o preço.
Seu irmão, por outro lado, sente-se dolo-
rosamente responsável. Foi ele quem, afinal
de contas, decidiu dividir o encargo que lhe
havia sido confiado por seu pai. E é em nome
dessa herança, da memória de seu pai, que
Mikkah caçará Raphaellus e tentará recupe-
rar o ovo, mesmo que para isso precise matar
o próprio irmão.
O OVO DE SHIVRA
Shivra é uma dragonesa de pérola. Seu ovo
não se parece com um ovo comum e dificil-
mente será reconhecido pelos Personagens
dos Jogadores. Ele tem formato esférico, não
oval, e se parece com uma pérola cintilante
do tamanho de uma bola de futebol. Sua cas-
ca é muito dura e pesada, de maneira que ele
não sofrerá qualquer dano se cair no chão.
O ovo de Shivra será facilmente confundido
com uma gema preciosa gigante.
 UM DIA DE CAÇA
U m Dia de Caça é o arco introdutório
para esta pequena campanha para Win-
ter Eternal, que contará com três arcos. Foi
escrito para um grupo de no máximo cinco
Jogadores, com Personagens Novatos. Ape-
sar disso, ele também pode ser jogado como
um Conto Selvagem ou, ao seu critério, como
arco introdutório ou em qualquer momento
de uma campanha própria. Naturalmente,
você também deve se sentir livre para ajus-
tar os desafios, de maneira que eles conti-
nuem interessantes para um grupo maior ou
composto por personagens de Estágios mais
avançados. Você pode alterar qualquer deta-
lhe da história, da maneira que julgar melhor
ou mais apropriado para a sua diversão e a
de seu grupo de amigos. Lembre-se, Ehler-
rac, em sua mesa, é o seu mundo.
Drogan, a orgulhosa cidade dos anões.
Quando o líder, Keldir Redaxe, convocou
uma expedição à Vastidão Gélida, os aven-
tureiros aceitaram o desafio esperando en-
contrar apenas uma nova cratera de cristais
solares. Ao se depararem com desconheci-
dos em apuros no meio do caminho, porém,
eles se verão, de repente, em meio a uma in-
trincada trama de segredos da qual não há
escapatória e que pode facilmente custar as
suas vidas. Neste dia de caça, nada é o que
parece. Nossos heróis terão de chegar à ver-
dade antes que seja tarde demais.
CENA 1
AQUELES
ESTRANHOS ESTÃO
EM APUROS... OPA,
NÓS TAMBÉM!
A aventura começa em Drogan, ou, como
alguns preferem chamá-la, nOs Degraus.
Isso não significa, contudo, que os Persona-
gens dos Jogadores devam ser, necessaria-
mente, de Drogan. Eles podem ser naturais
de qualquer cidade, de qualquer uma das
raças disponíveis no Livro Básico de Winter
Eternal, e também podem ter qualquer ocu-
pação – ou nenhuma ocupação. Seja como
5
for, os PJs estarão em Drogan quando o líder
da cidade, o orgulhoso anão chamado Keldir
Redaxe, emitir uma convocação, solicitando
exploradores corajosos o bastante para se
aventurarem na Vastidão Gélida em busca
de uma nova cratera de cristais solares.
A maneira como isso vai acontecer é indi-
ferente. Talvez os PJs estejam todos reunidos
na Taverna da Toupeira Vesga, bebendo cer-
veja, quando um emissário vier pregar o avi-
so no mural. Outra possibilidade é que eles
estejam assistindo ou participando de uma
partida de Gillgresh no ginásio da cidade
quando o próprio Keldir, em pessoa, fizer o
anúncio da expedição. Há muitas outras ma-
neiras de introduzir jogadores neste cenário.
Diga aos Jogadores que seus Personagens es-
tão em Drogan e pergunte a eles o que estão
fazendo.
De qualquer modo, cada participante da
expedição receberá um traje antifrio, supri-
mentos e um pagamento equivalente a 500
peças de ouro se uma nova cratera for en-
contrada. Isso deve ser motivação mais do
que suficiente para aventureiros em busca
de oportunidades. O que Keldir Redaxe não
lhes dirá, no entanto, é que Drogan está na
corrida para descobrir novas crateras de cris-
tal já há algum tempo. Esta não é a primeira
expedição convocada, mas, se eles voltarem
vivos, será a primeira bem-sucedida.
A expedição será orientada a seguir na
direção sudoeste do Drogan, pelos túneis
subterrâneos que levam à vila Última Luz.
O plano é que os exploradores entrem na
Vastidão justamente pela vila, pois o objeti-
vo da expedição é varrer aquela região, onde
começa a cordilheira de montanhas Pilares
do Céu. Nenhuma cratera de cristais foi en-
contrada ainda naquele quadrante.
Antes de chegar à vila Última Luz, porém,
os exploradores encontrarão o caminho im-
pedido. O frio cortante obrigará os PJs a ves-
tirem seus trajes antifrio, se eles ainda não os
estiverem usando, e a neve vinda lá de fora
indicará que o teto desmoronou.
Não há outro caminho. O grupo terá de
sair para a Vastidão antes do planejado.
 Dadas às condições sempre adversas do
clima em Ehlerrac, esse tipo de coisa não é
exatamente incomum. Túneis e Arcadas so-
frem danos e precisam constantemente de
reparos. Contudo, se algum dos PJs quiser,
poder rolar Perceber -2 para analisar os da-
nos na Arcada, uma rolagem bem-sucedida
revelará vestígios de explosão. Talvez aquele
desmoronamento não tenha sido acidental.
Do lado de fora é noite e a escuridão reina
absoluta. Quando o grupo usar alguma fon-
te de luz para enxergar o caminho a frente,
muitas pegadas desordenadas poderão ser
vistas na neve. Pelo menos mais um grupo
de pessoas passou por ali há não muito tem-
po. Alguns metros de caminhada depois, os
PJs já poderão ouvir os ruídos de um comba-
te vindos da mesma direção em que se pode
ver uma claridade tênue e tremeluzente.
O grupo que passou antes dos PJs é o
dos Filhos do Sol, liderados por Raphaellus.
Implacavelmente caçados por Mikkah, eles
também encontraram o túnel desmoronado e
caíram numa armadilha de Amoras de Luz.
As amoras, por sua vez, começaram a brilhar,
atraindo uma matilha de Lobos de Gelo. O
grupo de Raphaellus contava com 5 homens,
dos quais dois já estarão mortos quando os
PJs chegarem até eles. A matilha tinha 8 lobos,
todos famintos. Dois morreram, restam seis.
Role Perceber para os lobos. Tão logo a
matilha sinta o cheiro dos PJs, eles também
serão atacados. Este é um bom momento
para sacar as cartas no Baralho de Ação.
Após o combate, deixe que o grupo interaja
com os NPCs. Eles mentirão, é claro. Rapha-
ellus perdeu dois de seus melhores homens.
Ele sabe que está sendo caçado pelo irmão e
está bastante assustado por ter sido forçado
a enfrentar a Vastidão Gélida. Vai se apresen-
tar, então, como um comerciante de Refúgio
surpreendido pelo infortúnio. Agradecerá à
Ihlanar pela presença dos PJs e lhes oferecerá
dinheiro para escoltá-lo, e aos remanescentes
de seu grupo, até algum lugar seguro.
CENA 2
QUE PORRA
ACONTECEU AQUI?
A jornada pela Vastidão Gélida é perigo-
sa, mas também pode ser entediante e nos-
sos heróis terão alguns dias de caminhada
6
por um imenso deserto de gelo, ao lado de
Raphaellus e de seus dois companheiros
sobreviventes. Aproveite este momento de
tranquilidade para introduzir uma cena de
Interlúdio (ver Edição Brasileira de Savage
Worlds) e faça com que Raphaellus e seus
dois companheiros participem.
Lembre-se de que os NPCs estão men-
tindo para os PJs sobre praticamente tudo,
então esta cena ficará especialmente diver-
tida se você criar pequenas contradições e
incoerências em suas histórias. Por exemplo,
Raphaellus lhes disse que era um comer-
ciante de Refúgio, mas de repente poderá
contar alguma passagem de sua infância em
Drogan. Seja como for, não chame a atenção
dos Jogadores para isso, não lhes peça testes.
Tente parecer natural, não-intencional, para
que eles percebam apenas se estiverem pres-
tando atenção. Uma possibilidade muito in-
teressante para a dinâmica do jogo é a de que
eles venham a se dar conta dessas inconsis-
tências apenas algum tempo depois da cena.
Você também pode aproveitar o Interlú-
dio para dar pistas subjetivas sobre a rela-
ção de Raphaellus com o irmão, de maneira
que os Jogadores possam fazer a relação das
ideias mais tarde, quando tudo se revelar.
Ele não dirá tenho um irmão gêmeo chama-
do Mikkah, que está me caçando e quer me
matar, mas poderá dizer fiz algo ruim para o
meu irmão e espero que ele possa me perdo-
ar algum dia.
Durante todo o tempo em que estiver em
companhia dos PJs, Raphaellus estará com o
ovo de Shivra dentro de uma bolsa de couro
que ele não largará nem para dormir. Em ne-
nhuma hipótese ele deixará, de livre vonta-
de, quaisquer dos PJs verem dentro da bolsa,
muito menos tocá-la.
AVALANCHE
Mais ou menos no terceiro dia de viagem,
o grupo enfrentará em desfiladeiro. Bons
exploradores sabem que devem evitar ba-
rulhos ao máximo quando se atravessa um
desfiladeiro. Toda cautela, porém, não salva-
rá os PJs. Independente do caminho que eles
estiverem seguindo, Mikkah, em cima das
montanhas, provocará uma Avalanche (ver
Livro Básico de Winter Eternal) para forçá-
-los na direção de um acampamento aban-
donado de mineradores.
 Neste momento, o Mestre deve pedir um
teste de Perceber de todos os PJs. Quem for
bem-sucedido no teste ouvirá, antes da ava-
lanche cair, o som abafado de uma explosão
e poderá fazer o teste de Agilidade a seguir
sem o redutor de -2. Com uma ampliação no
teste de Perceber, um PJ especialmente sa-
gaz não apenas ouvirá a explosão, mas tam-
bém verá, nitidamente, a silhueta não-identi-
ficada de uma pessoa em cima da montanha.
Durante a avalanche, aconteça o que acon-
tecer, um dos companheiros de Raphaellus
desaparecerá. Quando tudo tiver acabado,
os PJs terão apenas o caminho do acampa-
mento a sua frente.
O ACAMPAMENTO
ABANDONADO
O acampamento talvez não estivesse no
caminho dos PJs antes da avalanche e é pro-
vável que passasse despercebido por eles.
As tendas estão armadas junto à encosta de
uma montanha, na beira do que poderia ser
uma cratera de cristais solares. Já a alguma
distância, é possível ver que se trata de um
acampamento de mineradores completo.
A cratera, no entanto, não está mapeada e
quando os PJs se aproximarem, verão que to-
das as tendas são relativamente novas e não
parecem ter sido montadas há muito tempo.
Causará estranheza aos PJs, portanto, o fato
do acampamento encontrar-se vazio. Ali não
há absolutamente ninguém.
A verdade sobre este acampamento é que
ele foi montado há poucos meses, por uma
expedição que partiu de Drogan antes da dos
PJs, quando Keldir Redaxe a convocou com o
mesmo objetivo – encontrar uma nova cratera
de cristais solares. A expedição desapareceu
na Vastidão, nunca enviou qualquer mensa-
gem e seus integrantes foram dados como
mortos... o que não está tão longe da verdade.
Quando chegaram ao lugar em que os PJs
agora encontram seus rastros, eles acredita-
ram ter descoberto uma cratera de cristais.
O lugar, de fato, se parece com uma cratera
de cristais e eles não demoraram a montar o
acampamento e começar a trabalhar. Contu-
do, o que eles pensaram ser uma cratera de
cristais solares revelou-se, na verdade, um
gigantesco ninho de Vermes de Gelo, cheio
de túneis labirínticos escondidos sob fina ca-
mada de neve branca.
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O acampamento está vazio porque seus
ocupantes, todos, foram devorados. Tra-
balhando na escuridão total que o trabalho
exige, eles não perceberam o perigo até ser
tarde demais.
Como tudo tem dois lados, a morte trá-
gica dos antecessores dos PJs lhes dará
algum tempo. Os vermes se alimentaram
bem, então agora estão dormindo. Se in-
vestigarem o acampamento e seus arredo-
res cuidadosamente, talvez os PJs descu-
bram a verdadeira natureza do lugar antes
que os vermes acordem famintos outra
vez; mas eles terão de fazer isso enquan-
to lidam com a perseguição implacável de
Mikkah, que não sabe a diferença entre
eles e os fanáticos Filhos de Sol que acom-
panham seu irmão.
AS PISTAS
Do lado de fora do acampamento, e por
toda a encosta da pseudo-cratera, é possí-
vel encontrar equipamentos de mineração
espalhados. Em nenhuma parte, no entanto,
há qualquer vestígio de cristais solares, nem
mesmo pequenos fragmentos. Se nenhum
Jogador perguntar por essa informação, o
Mestre poderá, ao seu próprio critério, re-
velá-la a um PJ que julgue especialmente
perspicaz, se ele for bem-sucedido em um
teste de Perceber.
Na borda da pseudo-cratera, um teste de
Perceber (-2) revelará o que, à primeira vista,
parecem diversas entradas de cavernas – na
verdade, os buracos de verme. Eles existem
por toda a extensão dessa encosta, numa
miríade interminável de túneis que passam,
inclusive, embaixo do acampamento.
Dentro do acampamento propriamente
dito, os PJs encontrarão alguns itens rele-
vantes. As tendas são equipadas com aque-
cedores de ambiente e mecanismos de trava.
Algumas delas estarão fechadas. Abrir uma
tenda fechada exige um teste bem-sucedido
de Ladinagem. Se o arrombador não tiver
gazuas, o teste será feito com uma penalida-
de de -2.
QUARTO 1 – ABERTO. Dentro do quarto
1 há duas camas, dois trajes antifrio com a
insígnia de Drogan (exatamente como os dos
PJs) e um par de óculos de visão no escuro;
QUARTO 2 – ABERTO. Dentro do quarto
dois há apenas duas camas;
 QUARTO 3 – ABERTO. Duas camas,
duas lanternas e um galão de óleo;
QUARTO 4 – TRANCADO. Duas camas,
um traje antifrio de Drogan e um diário de
viagem escrito no idioma Anão, em nome de
Josiah Khor;
QUARTO 5 – ABERTO. Duas camas e
um armário trancado. Dentro do armário,
que deve ter pertencido ao curandeiro do
grupo, seis frascos de poção:
• duas poções de cura;
• uma poção de invisibilidade;
• uma poção de aquecimento;
• duas Misturas Revigorantes de
Berghuul;
ARMAZÉM – TRANCADO. Três jogos
de corda e arpéu, uma besta automática, um
derretedor de neve, um dispositivo de igni-
ção, pólvora, gazuas, uma bússola e um ge-
rador de parede de gelo;
DEPÓSITO – TRANCADO. No depósito
seriam estocados os cristais solares extraídos
da cratera. Como não há cristais, este apo-
sento tem apenas alguns caixotes vazios;
TENDA COMUNAL – ABERTA. Na ten-
da comunal há uma mesa comprida e dois
grandes bancos de madeira. Em cima da
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mesa, algumas canecas espalhadas, ainda
sujas de cerveja;
COZINHA – ABERTA. Panelas e demais
utensílios, uma fogueira portátil e uma gar-
rafa alquímica;
DISPENSA – TRANCADA. Cerveja, vi-
nho, água, uma caixa de tabaco, quantidade
suficiente de rações e um baú refrigerado
com carne congelada. Se os PJs quiserem
consumir a carne, o Mestre deve permitir e
lhes pedir que tirem uma carta do Baralho de
Ação depois. Cartas de Ouros e Copas sig-
nificam que está tudo bem, a carne foi bem
preservada pelo gelo. Por outro lado, uma
carta de Paus ou Espadas significa que o in-
feliz precisará da poção de cura no armário
do curandeiro. Caso contrário, o PJ passará
mal e receberá um nível de Fadiga.
O DIÁRIO DE JOSIAH KHOR
O item mais interessante que os PJs encon-
trarão nos abrigos, sem dúvida, é o diário
de Josiah Khor, que, pelo que tudo indica,
liderou a expedição que partiu antes deles
e montou aquele acampamento de mine-
ração. Em suas primeiras páginas, o anão,
conterrâneo dos PJs que forem naturais de
Drogan, fala animadamente da convocação
da expedição e de suas expectativas de viver
grandes aventuras na Vastidão Gélida e enri-
quecer extraindo cristais solares.
Nas páginas seguintes, a alegria de Josiah
arrefece, cedendo lugar ao tédio dos dias
quase indistinguíveis da noite no deserto de
gelo em meio àquelas montanhas. O anão,
então, recupera algum fôlego quando seu
grupo encontra a cratera. Ele reservou cerca
de três páginas só para falar da festa que fi-
zeram na primeira noite, quando seu interes-
se romântico por Naveena, a curandeira do
grupo, finalmente foi correspondido.
Há mais um registro sobre Naveena, quan-
do Josiah relata que ela se recusou a trocar de
lugar com alguém chamado Keith, para dor-
mir em sua tenda. A partir desse ponto, o tom
do anão se torna irremediavelmente sombrio.
Josiah registra que não foi encontrado ne-
nhum cristal no primeiro dia de mineração.
Já no segundo dia, seus homens não volta-
ram da cratera. Há alguns dias sem nenhum
registro, então Josiah escreve que agora eles
tinham se tornado poucos. Alguma coisa os
estava matando e eles precisavam descobrir
o que era. Dois dias depois, Josiah menciona
que não havia cristais solares naquele lugar
amaldiçoado e que, no dia seguinte, os que
sobraram fariam uma última incursão aos
túneis sob a montanha. Eles tentariam en-
contrar sobreviventes antes de partir.
O anão termina pedindo a proteção de
Thalrec. Não há mais nenhum registro de-
pois disso.
Ler o diário de Josiah Khor é uma ação indi-
vidual, exige conhecimento do idioma anão e
leva 1+1d4 horas. Qualquer PJ que decida es-
tudá-lo não poderá fazer mais nada enquanto
lê. O grupo poderá se reunir depois para ou-
vir o que o leitor do diário descobriu.
CENA 3
NÃO É UMA
CRATERA DE
CRISTAIS!
Ao longo da segunda cena os Jogadores
ficarão entretidos com o mistério do acam-
pamento abandonado. É possível que alguns
PJs estejam fazendo o esforço de relacionar
os acontecimentos, mas a maior parte do
9
grupo possivelmente terá abstraído a pre-
sença de Raphaellus e seu único companhei-
ro sobrevivente.
Raphaellus aproveitará algum momento
de distração para tentar roubar a poção de
invisibilidade e a bússola. Ele planeja usar os
PJs como distração para fugir de Mikkah.
O evento de transição entre a segunda e
a terceira cena, no entanto, será a morte do
último companheiro de Raphaellus. Atenção
nesta parte. A morte do último companheiro
de Raphaellus é um ponto de virada na tra-
ma, então a percepção de ritmo é muito im-
portante. Neste caso, percepção de ritmo se
traduz na escolha do momento apropriado
para encaixar a descrição da cena.
Por exemplo, os PJs estarão cansados e
provavelmente precisarão dormir. Isso pode
acontecer durante a noite, então. Os PJs serão
violentamente acordados pelos gritos de de-
sespero do elfo. Como não podemos prever
as escolhas dos Jogadores e a forma como as
coisas vão acontecer na segunda cena, esta é
apenas uma sugestão.
Seja como for, os PJs encontrarão o compa-
nheiro de Raphaellus morto, com a garganta
cortada. Perto do corpo, escrita em sangue,
a palavra “TRAIDOR”, em élfico, com letras
garrafais.
Se o corpo for encontrado dentro de uma
das tendas, haverá um rasgo na lona endure-
cida, pelo qual passam flocos de neve e entra
o vento gelado lá de fora. Um teste bem-su-
cedido de Perceber revelará que o rasgo foi
feito pela parte externa, com uma lâmina
muito afiada – possivelmente a mesma lâmi-
na que cortou a garganta do cadáver.
Se ainda não estava claro que existe uma
perseguição em curso, agora estará. Os PJs pro-
vavelmente pressionarão Raphaellus em busca
de respostas e o elfo mudará a sua história.
Se antes ele dizia ser apenas um comer-
ciante de Refúgio que foi surpreendido
por adversidades inesperadas, agora ele
dirá que foi pago para transportar um item
até Refúgio e instruído a protegê-lo com a
própria vida, se necessário. Numa tenta-
tiva de virar o jogo, Raphaellus dirá que
não fez perguntas ao contratante, mas, por
suas vestes e insígnias, ele devia ser um
membro dos Preservadores, e que, possi-
velmente, há um fanático dos Filhos do Sol
os caçando.
 Se perguntado sobre a natureza do item,
Raphaellus dirá que nunca o viu, nem sabe
do que se trata. Seria algo muito perigoso,
que já lhe foi entregue naquela bolsa fechada
e, por motivo de segurança, o contratante lhe
fez jurar que não abriria ou deixaria outra
pessoa abrir.
Um teste bem-sucedido de Perceber é su-
ficiente para revelar a mentira, mas espere
pela reação dos PJs. Se eles deixarem claro
que não acreditaram na história, tentarem
intimidar Raphaellus ou pegar sua bolsa a
força, o elfo fugirá. De qualquer forma, ele
vai tentar fugir na primeira oportunidade,
porque sabe que agora é apenas questão de
tempo até Mikkah apanhá-lo.
Quando Raphaellus correr para longe dos
PJs, alguns metros adiante o chão cederá sob
seus pés. Ele vai cair num dos túneis de ver-
me de gelo que passam por baixo do acam-
pamento. Se os PJs estiverem logo atrás,
cairão também (aplique 1d6 de dano). Caso
contrário, poderão descer até os túneis usan-
do as cordas e arpeis do armazém.
OS TÚNEIS
Os túneis formam um emaranhado de
caminhos cilíndricos tortuosos que não
obedecem a nenhuma lógica. Os vermes
que habitam o ninho simplesmente esca-
varam a esmo, enquanto se movimenta-
vam, obedecendo ao instinto natural de
sua espécie – criar armadilhas para os se-
res vivos da superfície. Deste modo, eles se
conectam de maneira irregular, a esquerda
e a direita, algumas vezes subindo, outras
vezes descendo, aproximando-se da su-
perfície em alguns pontos, distanciando-se
em outros.
À primeira vista, parecem cavernas co-
muns, mas suas paredes estão cobertas de
muco congelado e têm, em todos os túneis,
praticamente o mesmo diâmetro – cerca de 4
metros. Se algum Personagem tiver a perícia
Conhecimento Geral ou outra que o mestre
julgar adequada, neste momento um teste
poderá ser permitido para identificar que
aquele lugar não é uma cratera de cristais
solares, mas um imenso ninho de vermes de
gelo.
Os vermes estão adormecidos, mas a mo-
vimentação nos túneis irá acordá-los a qual-
quer momento. Enquanto os PJs estiverem
10
seguindo o rastro de Raphaellus, faça com
que ouçam grunhidos indecifráveis e gutu-
rais, que são, na verdade, a respiração dos
vermes. A frequência e a altura dos ruídos
são proporcionais à preocupação dos PJs
com o silêncio de seus passos.
Para a tensão ficar ainda maior, eles po-
derão encontrar rastros de sangue seco nos
túneis, e os restos dos trajes antifrio destroça-
dos e ensanguentados dos membros da pri-
meira expedição. Talvez um osso do braço
ou as falanges dos dedos de alguém.
Uma vez dentro dos túneis, encontrar uma
saída antes dos vermes despertarem deve
ser tratado como uma Tarefa Dramática
Difícil. A Tarefa Dramática se resolve após
6 marcadores de tarefa em 4 rodadas e sem
penalidades para cada um dos personagens,
a menos que uma carta de Paus seja tirada do
Baralho de Ação. Neste caso, os PJs pegaram
um caminho errado e farão a rolagem sub-
sequente com uma penalidade de -2. Caso
algum jogador deseje, ele pode abrir mão de
sua rolagem naquela rodada para ajudar um
companheiro.
CENA 4
EU VEJO DOIS DE
VOCÊ!
A Tarefa Dramática no final da Cena 3 deter-
mina se os PJs encontram uma saída dos túneis
antes que os vermes despertem. Por sua vez,
encontrar uma saída dos túneis determinará
em que condições se dará o combate que virá
a seguir. Os PJs enfrentarão vermes de gelo em
qualquer hipótese, e, se ainda estiverem nos tú-
neis, terão uma penalidade de -2 na defesa em
virtude do espaço apertado.
Independente disso, eles encontrarão o
primeiro verme ao mesmo tempo em que ele
encontrará Raphaellus. Preocupado apenas
em fugir, o elfo fez barulho demais. Quando
deu por si, já estava diante da criatura enor-
me e pálida, com sua bocarra arreganhada e
cheia de dentes.
De onde estão, não há nada que os PJs pos-
sam fazer. Eles ouvirão Raphaellus gritar e
se encolher junto à bolsa com o ovo de Shi-
vra, preparando-se para enfrentar a morte.
No último instante, porém, Mikkah aparece-
rá, empurrará o irmão para longe e receberá
o ataque da criatura em seu lugar.
 MIKKAH E
RAPHAELLUS
GUARDIÕES DE SHIVRA
MIKKAH
Mikkah é o Guardião da fortaleza de
Shivra de fato e de direito. Por incontá-
veis gerações, sua família tem servido
aos dragões, guardando-os e protegen-
do-os, sobretudo da maldade dos hu-
manos, orcs e goblins. Agora, Shivra é o
último dragão que resta em Ehlerrac e,
mais do que nunca, precisa da proteção
de seu guardião. Ela conseguiu botar
um ovo, esperança para a sua espécie e,
depois disso, exausta, hibernou. Quan-
do o ovo foi roubado, Mikkah sentiu-se
terrivelmente culpado. Ele está disposto
a fazer qualquer coisa para reparar o
erro que cometeu ao confiar no irmão.
• Atributos: Agilidade d10, Astúcia d8,
Espírito d8, Força d6, Vigor d10
• Perícias: Atletismo d8, Furtividade d10,
Intimidar d8, Lutar d12, Perceber d8,
Ocultismo d8, Sobrevivência d12+1
• Movimentação: 8; Aparar: 8;
Resistência: 7
• Idiomas: Anão, Comum, Élfico
• Complicações: Código de Honra,
Desastrado, Leal (Shivra)
• Vantagens: Andarilho das Neves,
Antecedente Arcano (Milagres),
Ligeiro, Sangue Quente
• Poderes (20 pontos): Armadura,
Aumentar/Reduzir Característica,
Campo de Dano (Fogo e Calor),
Cura, Explosão (Fogo), Rajada (Fogo)
11
RAPHAELLUS
Contra todas as regras, Raphaellus
foi treinado pelo irmão, Mikkah, para
ser um guardião de Shivra. A atribuição
é semelhante à dos paladinos e confere
benefícios parecidos. O Guardião de
Shivra recebe o Antecedente Arcano
(Milagres) e acesso a uma série de po-
deres, cuja manifestação é o fogo e o
calor. Nunca houve, antes de Mikkah e
Raphaellus, dois Guardiões de Shivra
ao mesmo tempo, mas, embora isso seja
uma quebra de tradição, não foi consi-
derado um pecado. A traição de Rapha-
ellus, com sua adesão aos Filhos do Sol,
por outro lado, é incontestavelmente
uma traição. Por causa disso, na altura
dos acontecimentos desta aventura, ele
não tem acesso aos poderes de guardião.
• Atributos: Agilidade d8, Astúcia d8,
Espírito d4, Força d6, Vigor d4
• Perícias: Furtividade d8,
Investigar d6, Ladinagem d6,
Lutar d10, Perceber d8, Persuadir d6,
Ocultismo d8
• Movimentação: 6; Aparar: 7;
Resistência: 4
• Idiomas: Anão, Comum, Élfico
• Complicações: Delirante (Reacender
o Sol), Desastrado, Inimigo (Mikkah)
• Vantagens: Andarilho das Neves,
Ladrão, Sangue Quente
 Esta será, possivelmente, a primeira vez
que os PJs encontrarão Mikkah frente a
frente. O elfo não usa um traje antifrio. Com
sua magia, ele é capaz de manter seu corpo
aquecido, mesmo na Vastidão. Porém, a pe-
sada capa com capuz e a balaclava que está
usando ocultam o seu rosto. Quando ele re-
ceber o golpe e cair, sua face será revelada.
O parentesco entre os dois elfos ficará claro,
porque eles são praticamente idênticos.
Mikkah não morrerá imediatamente com
a mordida do verme, porque havia conjura-
do a proteção do poder Armadura. Ele ainda
terá tempo – e energia – para conjurar uma
rajada de fogo sobre o verme, o que dará tem-
po de ação aos PJs. Depois disso, não partici-
pará mais do combate e um segundo verme
surgirá.
Os PJs terão de lutar contra os vermes de
gelo. Após o combate, se Raphaellus tiver
tido a oportunidade de roubar a poção de
invisibilidade e a bússola, ou se nenhum
dos PJs tiver se preocupado em capturá-lo,
ele terá fugido. Existem duas possibilidades
aqui – Raphaellus fugiu com o ovo ou ele foi
capturado e o ovo está com os PJs. Em qual-
quer das hipóteses, Mikkah, às portas da
morte, conversará com os PJs e, sem nenhu-
ma outra opção a não ser confiar neles, lhes
dirá toda a história.
12
Mikkah não se atirou na frente do verme
para proteger o irmão traidor, mas o ovo
da dragonesa, que era sua responsabilida-
de. Agora, ele fará o último pedido de um
moribundo aos PJs – se estiverem com Ra-
phaellus, Mikkah lhes pedirá que subam as
montanhas Pilares do Céu para devolver o
ovo à sua mãe, que dorme sem saber do que
aconteceu. Se Raphaellus tiver conseguido
escapar, Mikkah lhes pedirá que sigam o ir-
mão até o seu provável destino em Refúgio,
o enclave dos Filhos do Sol, onde vive o líder
da seita, Tergan Thrall.
PERSONAGENS
LOBOS DE GELO
Ver Livro Básico de Winter Eternal, página
149.
FANÁTICOS FILHOS DO SOL
Estatísticas genéricas para todos os acom-
panhantes de Raphaellus.
• Atributos: Agilidade d6, Astúcia d6,
Espírito d4, Força d8, Vigor d6
• Perícias: Atletismo d6, Atirar d8,
Furtividade d6, Lutar d8, Perceber d8
• Movimentação: 6; Aparar: 5;
Resistência: 5
• Complicações: Leal (ao culto)
• Equipamento: Adaga (For+d4),
Espada Curta (For+d6), Besta (2d6,
15/30/60), Traje Antifrio.
VERMES DE GELO
Ver Livro Básico de Winter Eternal,
páginas 151/152.
 ECOS DA CIDADE
A vida parece frágil, mas consegue se
adaptar às condições mais adversas. Os
anões de Ehlerrac, por exemplo, encontra-
ram nos túneis e cavernas o isolamento na-
tural contra o frio insuportável do exterior.
Eco, ou o assentamento que seria chamado
de Eco, surgiu em uma dessas galerias sub-
terrâneas. Seu isolamento térmico e acústico
natural permite uma vida suportável, ou até
mesmo agradável, para diversas raças.
A proliferação das cidades, entretanto,
traz inconvenientes às vezes perigosos. A
criminalidade cresceu muito em Eco, mesmo
com a ação implacável da Guarda de Pedra.
A ganância dos anões tornou o mercado da
cidade muito famoso, populoso e interessan-
te. Isso atraiu todos os tipos de investidores
e empreendedores, especialmente os sem ne-
nhum escrúpulo e os criminosos.
Os PJs da aventura “Um Dia de Caça”,
depois de passarem dias bem desagradáveis
na Vastidão, serão levados contra a vontade
para o mercado de Eco, onde se depararão
com os problemas de uma grande cidade.
Cairão em uma arapuca onde serão pressio-
nados por um grande jogo de forças. O ovo
de Shivra é apenas a ponta de um iceberg de
intrigas cósmicas que misturam sociedades
secretas, mistérios do além-túmulo e o em-
bate entre deuses e demônios.
O DEMÔNIO DO
DESEJO
Em Cataratas da Morte há uma grande
fenda para o mundo espiritual escondida
bem debaixo do nariz de seus habitantes (ver
Livro Básico de Winter Eternal, pág. 139). Os
únicos seres vivos que sabem de sua exis-
tência são os necromantes de maior posição
dentro da sociedade dos Sem Voz. Entretan-
to, nem mesmo eles sabem exatamente o que
está do outro lado da fenda; os magos estão
muito mais preocupados em impedir que
ela se abra e uma quantidade incalculável de
fantasmas e outras criaturas entre no mundo
dos vivos.
De fato, há algumas coisas do lado de lá
agindo para que a fenda cresça aos poucos.
13
Uma delas escapou da vigilância dos Sem
Voz e caminha invisível entre as pessoas. Seu
nome é Dohrmiann, um demônio do Inferno
do Horror que costumava perambular pelo
mundo dos mortos atormentando as almas
amarguradas com seus desejos não realiza-
dos em vida. Ele tem um apetite voraz pela
angústia de desejos não realizados e espera-
va encontrar em um mundo sem sol mais de-
sespero e agonia do que estava acostumado
a ver entre os mortos.
Qual não foi a sua surpresa ao perceber,
entretanto, que uma das maiores qualida-
des da vida é ter esperança. Diferente dos
rumores que ouvia dos moribundos, muitos
habitantes de Ehlerrac estavam conseguindo
se virar muito bem, levando uma vida consi-
derada até boa, dadas as circunstâncias.
Como retornar para o inferno de onde
veio seria inviável – há o risco de se confron-
tar com os Sem Voz e chamar a atenção para
si de divindades poderosas – Dohrmiann
buscou pelo continente aqueles que nutris-
sem um desejo bem poderoso e impossível.
Pessoas obstinadas que, por mais que fa-
lhassem, ainda buscariam seu sonho com
todas as suas forças, mesmo que cada der-
rota doesse como uma adaga de gelo enfiada
profundamente em seus estômagos. Não de-
morou muito para que encontrasse Tergan
Thrall e os Filhos do Sol.
Um dos Filhos de maior confiança de Ter-
gan Thrall chama-se Douglas Dervin, um
clérigo de Ihlanar que se afiliou ao grupo por
desejar, do fundo do coração, que Ehlerrac
voltasse a ser o que era. Entretanto, os diver-
sos fracassos e o fanatismo cego de Tergan
mergulharam o coração do clérigo no de-
sespero, tornando sua alma um prato cheio
para Dohrmiann.
Por meio de sonhos, o demônio apareceu
para o sacerdote com a aparência de Ihlanar e
incutiu em sua cabeça que o sol estava morto e
que precisava ser trazido do mundo espiritual
através de um ritual que deveria ser feito em
Cataratas da Morte. Um ritual que, sem ele sa-
ber, abrirá a fenda espiritual para sempre.
Tergan não se deixou convencer tão facil-
mente. Em princípio, ele chegou a ameaçar o
clérigo de expulsão do grupo caso tentasse
fazer algo tão estúpido. A convicção de Dou-
glas, entretanto, colocou a própria convic-
ção de Tergan em cheque, diminuindo-o na
frente dos outros membros. Por fim, Tergan
cedeu, mas entregou a Douglas a responsa-
bilidade de reunir o grupo e partir em busca
dos itens do ritual, entre eles o ovo de certo
dragão de pérola…
EM BUSCA DOS INGREDIENTES
Apesar de fanático e desesperado, Dou-
glas ainda mantém a postura bondosa e se-
gura dos clérigos de Ihlanar. Não foi difícil
para ele descobrir e ganhar a confiança dos
elfos guardiões da dragonesa, nem con-
vencer o idealista Raphaellus a entrar para
os Filhos do Sol e roubar o ovo. Entretan-
to, alguns itens ainda estavam faltando e o
momento certo para a realização do ritual
estava se aproximando. Além do ovo da dra-
gonesa, ele precisava de um pedaço de cris-
tal vermelho, fragmentos da alma de um elfo
e um pedaço do sol morto. Não havia tempo
a perder.
A rede dos Filhos do Sol possui contatos
e informantes em todas as cidades de Ehler-
rac. Douglas ofereceu aos contrabandistas
mais competentes do continente uma peque-
na fortuna para aqueles que encontrassem os
itens que faltavam.
O pedaço do sol foi encontrado por um
mercenário chamado Athestan. Os Preserva-
dores, por meio de testes alquímicos, desco-
briram que alguns dos meteoros que caíram
após o cataclisma eram fragmentos do sol
de Azagar. Amostras dessas rochas foram
alquimicamente analisadas e três foram ates-
tadas como verdadeiras, estando muito bem
guardadas nas bibliotecas mais importantes
dos Preservadores: uma na Morada Esme-
ralda, uma em Ochrem e outra em Eco.
Douglas contratou Athestan para roubar o
fragmento de Eco. Seu plano consistia em ir
a Eco pegar a rocha e depois partir para Re-
fúgio, onde se encontraria com Raphaellus e
o ovo. Depois, faltariam apenas os dois últi-
mos itens: o cristal, que pode ser conseguido
com um contrabandista de cristais em Eco, e
a alma. A alma ele daria um jeito de conse-
guir em Cataratas da Morte, subornando ou
ameaçando um dos necromantes, enquanto
faria os últimos preparativos para o ritual.
14
Tudo correria muito bem, se não fosse um
grupo de aventureiros surgir no local errado
e na hora errada…
PRELÚDIO
Na aventura Dia de Caça, nossos heróis
haviam acabado de ver seu temível algoz
transformar-se em mártir. O elfo Mikkah,
guardião da dragonesa Shivra, se atirou na
frente dos vermes de gelo para tentar salvar
a única cria viva de sua senhora, perdendo a
própria vida. Com suas últimas forças, Mi-
kkah pediu aos PJs para conduzirem em se-
gurança o ovo até o ninho onde a dragonesa
hiberna, nas montanhas Pilares do Céu.
Entretanto, os PJs encontram-se agora no
meio da Vastidão, completamente perdidos.
É importante que o Mestre controle, neste
momento, o quanto de ração ainda possui
o grupo, para aumentar a dramaticidade.
Os PJs saíram dos túneis em um lugar bem
distante do acampamento abandonado, en-
tão não fazem a menor ideia de onde estão.
Se alguém abrir o diário de Josiah Khor em
busca de informações, encontrará anotações
sobre esses túneis dizendo que se estendem
para o norte até se aproximarem da entrada
do grande túnel que conduz a Eco. A outra
opção seria voltar pelos túneis e encarar os
vermes de novo…
Se Raphaellus tiver escapado com o ovo
e os PJs estiverem seguindo-o, é preciso um
teste de Sobrevivência para perceber que
seus rastros na neve se dirigem para o norte.
Se os PJs capturaram Raphaellus, ele não diz
nada sobre sua intenção, mesmo sendo ame-
açado. O elfo ainda tem esperança de conse-
guir o ovo e toda oportunidade que tiver ele
usará para pegá-lo e escapar.
Torne este momento o mais desolado que
puder. Durante um dia inteiro de caminhada,
os PJs encontram somente a solidão, a escu-
ridão e o frio. A travessia pelas montanhas é
difícil e, mesmo com o traje antifrio, o risco de
avalanches e o terreno acidentado reduzem
a velocidade do grupo a cerca de metade do
normal. Faça com que a ração deles esteja aca-
bando ao final do primeiro dia. Se desejarem
caçar, um teste bem-sucedido de Sobrevivên-
cia (-2) é necessário para descobrir alguns ga-
fanhotos congelados embaixo da neve.
Se os PJs seguirem pela Vastidão a esmo,
o Mestre pode colocar a caravana da Cena 1
para encontrá-los no dia seguinte, no meio
da neve. Faça surgir uma nevasca para inco-
modar os PJs durante a madrugada. Além
dos túneis que seguiam terem ficado impe-
didos, a nevasca fez a caravana se perder.
No dia seguinte, a caravana encontra os PJs
e prossegue seu caminho de volta para os
túneis.
No meio da madrugada, PJs de ronda po-
dem fazer um teste de Perceber para notar
um lampejo de luz que se movimenta na
escuridão da Vastidão. Se os PJs estiverem
em deslocamento durante a madrugada, es-
colha um personagem aleatório para o teste
e ele, caso seja bem-sucedido, percebe que
esse lampejo os segue à distância, mas desa-
parece rapidamente se confrontado. Se o PJ
conseguir uma Ampliação no teste, ele nota
que o lampejo tem a forma de um homem
alto que se desloca sem fazer barulho. Esse
vulto luminoso é o fantasma de Mikkah que,
por não ter conseguido cumprir sua tarefa
sagrada, acabou tendo sua alma ligada ao
ovo pelo dever.
CENA 1
EI! ISSO É MEU!
No dia seguinte de caminhada em direção
ao norte, os aventureiros avistam, ao longe,
uma caravana de grandes bois almiscarados
transportando carroças cobertas. São cerca
de seis carroças, cada uma levada por dois
bois. Um grupo grande, de cerca de vinte
pessoas de diversas raças, tenta conduzir
os animais da melhor maneira possível pela
Vastidão Gélida. Um mago humano mantém
com dificuldade um feitiço de calor para ten-
tar preservar os animais. Se os PJs se apro-
ximarem amigavelmente, a caravana não os
atacará, afinal estão todos no mesmo barco.
Dois bois de uma carreta empacaram no ca-
minho e um grupo de grayns parecendo-se
com buldogues tenta puxá-los pelas rédeas.
Os animais estão perturbados com o frio e se
mostram bastante arredios.
Um teste bem-sucedido de Espírito, mo-
dificado por qualquer vantagem que o PJ
possua sobre animais, permite que o perso-
nagem acalme os bois para a caravana poder
continuar. Se o PJ fizer um teste de Força (-2)
para forçar o movimento dos bois, eles ficam
ainda mais irritados. Neste caso, o Mestre
deve puxar uma carta. Se o naipe for de es-
15
padas ou copas, os bois ficam mais raivosos
e atacam qualquer um que se aproxime, pre-
cisando ser acalmados com um teste bem-
-sucedido de Espírito (-2).
Se tudo correr bem, a caravana aceita os
PJs e pode até fornecer-lhes um pouco de ra-
ção de viagem. Eles tiveram de sair do túnel
devido a um desmoronamento e agora con-
tornam pela Vastidão até a próxima entrada,
cerca de duas horas a partir dali. Aproveite o
momento para um pequeno Interlúdio.
A caravana partiu de Drogan em direção
a Eco para vender itens no grande merca-
do. Algumas carroças são conduzidas por
anões e levam as insígnias da família Firefor-
ge, os líderes de Eco, com alguns soldados
da Guarda de Pedra fazendo a segurança.
O mercado de Eco tornou-se muito conhe-
cido devido ao investimento que Grukdar
Fireforge tem feito no comércio; negociantes
riquíssimos de toda Ehlerrac têm ficado in-
teressados em comerciar em Eco devido às
taxas bastante amigáveis que Gruktar tem
cobrado para estrangeiros.
Se Raphaellus não estiver com os PJs,
qualquer pergunta a alguém da caravana so-
bre ele resulta em uma negativa. Ninguém
o viu por ali. Raphaellus passou pelo lugar
onde estão muito antes, seguindo em dire-
ção à entrada do grande túnel. Seu objetivo
é esconder o ovo no enclave dos Filhos do
Sol de Eco, esperando conseguir transporte
seguro até Refúgio.
PERCALÇOS DE VIAGEM
Após duas horas de muita neve e bois
irritadiços, os PJs e a caravana chegam ao
grande túnel. A entrada é uma caverna cuja
bocarra se abre aos pés de uma montanha,
grande o suficiente para a passagem dos bois
e das carroças. Ela é guardada por um grupo
de Guardas de Pedra, que somente autori-
zam a entrada após identificarem os guardas
das carroças dos Fireforge.
Dentro do túnel, a temperatura agradável
traz alívio a todos os viajantes. Até os bois
almiscarados relaxam, permitindo-se serem
conduzidos com mais facilidade. O ambien-
te é ricamente iluminado e há diversas pes-
soas transitando com velocípedes, montarias
ou mesmo a pé. Tropas da Guarda de Pedra
garantem a segurança, portando cornetas
de aviso semelhantes às dos Andarilhos. A
grande presença de líquen de rocha e fungos
coloridos proporciona uma bela paisagem
para decorar a travessia.
Mantenha um clima amigável aqui, para
que a próxima cena seja mais impactante.
Os PJs mais amigos dos animais poderão
dar nomes a alguns dos bois, ou tentar uma
amizade com os grayns carrancudos. Alguns
anões abrirão garrafas de cerveja escura para
comemorar a saída da Vastidão. O momen-
to é perfeito para curas e tratamento de PJs
feridos.
Cerca de meia hora depois, entretanto, os
PJs percebem que não há lugar seguro em
Ehlerrac. Uma gangue de goblins gatunos
passou a seguir a caravana à distância. Os
goblins ficam espalhados entre os transeun-
tes para não chamarem a atenção da Guarda,
mas estão prontos para se juntar quando for
dado o sinal.
Se Raphaellus tiver escapado sem o ovo, ele
tentará emboscar o grupo combinando com os
goblins o plano para pegar o ovo. Sem sucesso,
como veremos a seguir. Se não, os goblins ata-
carão a caravana em busca dos itens valiosos
destinados ao mercado de Eco, algo de que
todos entre Eco e Drogan já estão sabendo (o
investimento do Roncapança no comércio en-
volve propagandas maciças das feiras e haverá
uma especial daqui a poucos dias). Se Rapha-
ellus tiver escapado com o ovo, os PJs o avista-
rão entre os transeuntes no momento em que
os goblins começarem a agir.
O plano é bastante simples, mas infalível
na cabeça dos goblins. Um grupo de três
goblins distrai as pessoas cometendo um pe-
queno furto em algum dos transeuntes. Nes-
te momento, a Guarda age fazendo o que
sempre faz: tocando a corneta e cercando a
área, impedindo todos de avançar até pega-
rem os ladrões. Enquanto isso, outros dois
goblins sorrateiramente soltam os estribos
dos animais, libertando-os das carroças. Por
fim, um último goblin toca freneticamente
uma nova corneta, roubada de um guarda,
sendo ajudado pelos dois anteriores que chi-
coteiam o lombo de quantos bois eles pude-
rem para assustá-los e dar início à confusão.
Faça essa cena acontecer de maneira bem
rápida para pegar os PJs de surpresa. Se ti-
verem avistado Raphaellus à distância, tanto
melhor. Ao tentarem chegar até ele, os PJs
são impedidos pelo primeiro toque da Guar-
16
da e ficam frustrados. O segundo toque e o
estouro da boiada acontecem logo depois,
dando aos PJs muito pouco tempo para ra-
ciocinar. Se Raphaellus tiver sido capturado,
é a sua oportunidade de escapar.
Trate o estouro como o ataque de um boi
almiscarado a cada PJ que estiver em seu ca-
minho (use as estatísticas dos touros do Sa-
vage Worlds). Deixe os bois correrem alea-
toriamente pelo túnel, atacando todo mundo
e derrubando transeuntes, montarias, guar-
das e veículos. Ao mesmo tempo, um bando
de goblins, surgidos praticamente do nada,
ataca a caravana e os PJs, roubando a maior
quantidade de coisas que puderem.
Lembre-se: os goblins fazem de tudo para
evitar um confronto direto, aproveitando a
confusão como puderem para roubar e es-
capar. Coloque pelo menos dois goblins as-
saltando cada PJ, abordando-os de surpresa.
Faça-os derrubar todos os pertences dos PJ
no chão e levar tudo que puderem.
Durante a bagunça, pelo menos um dos
goblins conseguiu encontrar o ovo, rouban-
do-o dos PJs ou de Raphaellus (sim, Rapha-
ellus também ficou preso na confusão e aca-
bou sendo vitimado pela ação dos goblins).
Uma pérola do tamanho de uma bola de fute-
bol é algo bonito e brilhante demais para um
goblin abrir mão, então eles fazem de tudo
(use sua criatividade) para conseguir levá-lo,
até arriscar a própria vida se necessário.
Ao final, os jogadores veem o ovo sendo
levado pelo túnel em direção a Eco por um
bando de goblins que não fazem a menor
ideia do que ele seja. Além disso, percebem
que Raphaellus sumiu.
CENA 2
ONDE FOI QUE A
GENTE SE METEU?
O caminho pelo túnel ocorre sem mais in-
terrupções. A Guarda de Pedra redobrou a
segurança depois do fiasco com os goblins,
então os PJs não têm mais com o que se pre-
ocupar até chegarem a Eco (como se já não
estivessem preocupados o suficiente).
Após cinco dias de viagem, os PJs avistam
o Rio Negro e, poucas horas depois, os por-
tões de Eco. Bandeiras, enfeites e movimento
indicam que está havendo um grande evento
na cidade. Os portões ficam abertos durante
o dia e há centenas de pessoas zanzando pe-
las entradas, numa algazarra infernal. Gruk-
dar Fireforge resolveu criar uma grande feira
para atrair mais comércio e riquezas para a
cidade e a anunciou para os quatro cantos de
Ehlerrac. Sua ação foi tão bem-sucedida que
Eco encontra-se agora com três vezes o nú-
mero normal de pessoas, uma multidão agi-
tada e desorganizada que está dando muito
trabalho para a Guarda de Pedra.
O ambiente está no mais absoluto caos.
Dezenas de animais, pessoas e mercadorias
constantemente entram e saem dos arma-
zéns. No mercado há várias barracas mon-
tadas, frequentadas pelos mais diversos
tipos de pessoas. O barulho é incessante:
as pessoas reclamam umas das outras, ani-
mais grunhem enquanto trombam entre si,
comerciantes anunciam seus produtos usan-
do instrumentos barulhentos para chamar a
atenção. Tudo isso é amplificado pelas refle-
xões nas paredes dos túneis de Eco, fazendo
os aventureiros sentirem em seus tímpanos
o motivo da cidade ter esse nome. Todos os
testes de Perceber envolvendo sons durante
o dia são feitos com um modificador de -4
(sim, está pior do que o normal!)
Procurar o ovo no meio dessa algaravia
será uma tarefa complicada, mas os PJs
não têm outra opção. O grupo pode esco-
lher se dividir para andar pela cidade, ou
andarem todos juntos. As subcenas a se-
guir acontecerão cronologicamente na or-
dem em que estão descritas (a menos que
algo especifique o contrário). Se o grupo se
dividir, o Mestre irá narrá-las nesta mesma
ordem, com pouco tempo de diferença en-
tre elas. O local do início de cada subcena
está marcado no mapa abaixo pelo seu nú-
mero (nº 1 para a Subcena 1, nº 2 para a 2 e
assim por diante).
SUBCENA 1 – O ROUBO DO SOL
Na saída de uma das pontes sobre o Rio
Negro, os PJs encontram a Dra. Miranda
Goldwig, uma arqueóloga que anda pela ci-
dade à procura de mercenários. Ao seu lado
está uma figura sinistra, um homem pálido
coberto por um manto negro, que observa
os PJs como se os vasculhasse à procura de
alguma coisa.
Miranda aborda os PJs e se apresenta,
perguntando se eles estariam dispostos a
17
fazer-lhe um serviço (ela paga bem). Ela de-
seja recuperar um material importante que
foi roubado da biblioteca dos Preservadores.
A figura de manto se apresenta somente se
abordada pelos PJs. Seu nome é Fabian Col-
dsoul, um mago de Cataratas da Morte.
O item estava guardado na biblioteca dos
Preservadores e, na noite anterior, o cofre
onde estava havia sido arrombado e ele su-
miu. A ordem deu queixa do roubo à Guar-
da de Pedra, mas a arqueóloga teme que os
guardas dificilmente tratariam o roubo de
um pedaço de pedra como prioridade com
tantas pessoas circulando em Eco.
Caso os PJs perguntem mais detalhes acer-
ca do item roubado, Miranda diz que é um
fragmento de rocha muito importante para
a civilização de antes do cataclisma e estu-
dá-lo é fundamental para a ciência dos Pre-
servadores. De fato, a rocha é um pedaço do
sol, mas a arqueóloga esconderá esse dado o
quanto puder; há pessoas muito insanas em
Ehlerrac e essa informação certamente atrai-
ria a atenção de membros dos Filhos do Sol
ou outros fanáticos.
A biblioteca fica do outro lado da cidade,
perto dos portões próximos às cataratas. Caso
os PJs apareçam para averiguar, são condu-
zidos para um cofre arrombado (um teste de
Perceber bem-sucedido mostra que o dano
foi feito por um golpe com um instrumento
contundente pesado). Eles também podem
conversar com os cientistas que não têm in-
formações a dar, ou com os seguranças, que
possuem duas pistas: um estrondo ouvido
durante a madrugada e um homem branco
alto e forte usando um capuz, que foi visto
rondando a biblioteca pouco antes de perce-
berem a falta do fragmento. Sim, é Athestan.
Os PJs são os únicos a investigar o ocorrido;
ninguém da Guarda de Pedra apareceu.
SUBCENA 2 – UM ATO DE
BONDADE
Um dos PJs avista um homem humano
de boa aparência sendo roubado por um
jovem pequenino que corta a tira de sua
bolsa com uma faca. O homem examina,
distraído, um globo de voz sendo vendido
em uma das barracas, sem perceber a ação
do ladrão. Há Guardas de Pedra não muito
longe dali, mas os PJs estão mais próximos
e podem chegar até o ladrão muito mais rá-
pido.
Os PJs podem não se importar e continuar
em seu caminho, podem chamar os Guardas,
avisar ao homem que ele está sendo roubado
ou agir diretamente contra o ladrão. Se os PJs
gritarem para chamar os Guardas ou para
avisar a vítima, o ladrão dará uma facada no
homem e sairá correndo pela multidão, até
ser perdido de vista. O homem ficará grave-
mente ferido e deve ser socorrido imediata-
mente, ou morrerá.
Se os PJs tentarem se aproximar, um teste
de Furtividade (+2) é suficiente para pega-
rem o ladrão desprevenido. Ele reage, mas
seu intuito é mais escapar do que ferir al-
guém. Se capturado, não dirá nada de útil (é
um ladrão comum) e os Guardas de Pedra o
levarão para a prisão.
Seja capturando o bandido, seja curando
o homem depois dele ser esfaqueado, os PJs
criarão uma dívida de honra com a vítima.
Seu nome é Wolfgang Cobbler e ele é dono
de uma fábrica de sapatos em Ochrem. Ele
pretende abrir uma loja em Eco, mas veio
primeiramente conhecer a cidade e parou
para ver o mercado. Se o PJ tiver boa apa-
rência e comportamento amigável, o Sr Co-
bbler lhe diz que vai participar de uma festa
na propriedade dos Fireforge e que gostaria
muito de encontrá-lo na ocasião para recom-
pensá-lo apropriadamente. A festa será na
noite de hoje.
18
SUBCENA 3 – ATITUDES
SUSPEITAS
O mercenário contratado pelos Filhos do
Sol, Athestan, encontra-se perambulando pe-
los armazéns de Eco. Sua aparência é intimi-
dadora: ele é alto, muito branco, com olhos
azuis gélidos e uma careca que normalmente
fica coberta por um capuz preto. Na cintura,
carrega uma maça que parece ser bastante
pesada.
A cena se inicia quando um dos PJs avista
Raphaellus entrando acompanhado em um
armazém abandonado de Eco (não é neces-
sário nenhum teste para isso). Seu acompa-
nhante é Athestan. Para os PJs se aproxima-
rem, precisam ser bem-sucedidos em um
teste de Furtividade (+2) para não serem no-
tados. Por sorte, os barulhos da cidade estão
ao seu favor neste momento.
Um teste de Perceber (lembre-se do mo-
dificador de -4) é necessário para que o PJ
consiga escutar a conversa dos dois, a não
ser que uma Ampliação tenha sido conse-
guida no teste de Furtividade (neste caso, o
teste de Perceber é desnecessário porque o PJ
conseguiu se aproximar o bastante sem ser
notado).
Raphaellus conta ao mercenário sobre os
PJs, sobre a morte de seu irmão e sobre o
ovo que foi roubado pelos goblins. Athes-
tan dá um leve sorriso de canto de boca,
mas se limita a dizer que o serviço será
feito.
Por fim, o mercenário dá as costas para
Raphaellus e se prepara para ir embora. O
elfo pergunta indignado:
– Ei, isso é tudo? Onde poderemos nos encon-
trar para você me entregar o ovo?
– Eu não lhe darei o ovo.
– Como assim?
O mercenário vira o rosto para encarar o
elfo com seus olhos frios.
– O ovo irá para as mãos certas, que não são
as suas.
Depois disso, o mercenário sai do arma-
zém e anda pela cidade. Se os PJs o segui-
rem, o perderão de vista quando ele se mis-
turar à multidão que abarrota o mercado.
Raphaellus sai pouco depois e ruma para
uma pensão próxima aos portões, onde está
hospedado. Os PJs poderão segui-lo até lá ou
abordá-lo antes.
 A pensão é pequena e desprotegida, en-
tão os PJs podem, sem muita dificuldade,
capturá-lo antes de entrar, invadi-la para en-
frentá-lo lá dentro ou esperar que ele saia no
início da noite para verificar seus pertences.
Ele não carrega mais que um traje antifrio,
objetos pessoais não comprometedores e
mantimentos de viagem. Se esperarem Ra-
phaellus sair, perdem os acontecimentos da
Subcena 4.
Se o abordarem, podem forçá-lo a falar.
Raphaellus está desanimado com sua si-
tuação e se sente frustrado por ter perdido
o ovo. Um sucesso no teste de Intimidar é
suficiente para que ele conte aos PJs tudo o
que sabe.
Ele entrou para os Filhos do Sol porque
tinha esperança de trazer o sol novamente,
mas não esperava que seu irmão chegasse
ao ponto de caçá-lo e sente muito pela sua
morte. Se perguntado sobre o ovo, ele diz
que seria usado em um ritual muito pode-
roso que, segundo os membros da ordem,
traria o sol novamente. Ele desconhece mais
informações sobre esse ritual, mas sabe que
há outro ingrediente que se encontra nesta
cidade.
Se perguntado sobre a ordem, ele diz que
conhece poucos membros, mas todos os que
conheceu são pessoas muito importantes
para a sociedade. Ele ouviu falar de Tergan
Thrall, mas nunca o viu pessoalmente e sabe
quase nada sobre ele. Uma pessoa de quem
ele se recorda bem é um clérigo de Ihlanar
muito bondoso, chamado Douglas Dervin,
que o convenceu a entrar para a seita. Seu
plano era encontrá-lo em Eco, numa festa
que acontecerá na propriedade dos Firefor-
ge, para ambos levarem o ovo para Refúgio
em segurança.
Se perguntado sobre o homem com quem
se encontrou, ele diz que estava seguindo
uma determinação da ordem caso algo des-
se errado, mas nunca o havia visto antes. Ele
sabia da descrição de Athestan e onde ele
estaria.
O que os PJs farão com Raphaellus a partir
de agora depende somente deles. De qual-
quer forma, Raphaellus não demonstra ser
um mau caráter por completo; talvez alguém
mais iludido que de má fé, e essa pode ser
uma oportunidade dele se redimir, se lhe for
dada a chance.
19
SUBCENA 4 – PEGA LADRÃO!
Há vários goblins espalhados pelo merca-
do, afinal, o que não falta são itens chama-
tivos para atiçar sua curiosidade. Devido à
má fama da raça, os Guardas de Pedra não
tiram os olhos deles e um mínimo toque em
qualquer mercadoria sem o consentimento
do vendedor é o suficiente para que sejam
repreendidos.
Um dos goblins, entretanto, carrega algo
muito especial em sua mochila. Seu nome é
Itchy “Sarnento”, o líder da gangue que ata-
cou os PJs nos túneis de acesso a Eco. Itchy
enfrenta um terrível dilema: a joia que en-
controu é linda, parece ser valiosa, mas seu
grupo precisa ter o que comer e quem tem
fome, tem pressa. Depois de muito pensar (e
incentivado pelas reclamações de seu ban-
do), para seu desgosto, Itchy decidiu vender
o ovo da dragonesa no mercado de Eco ou
usá-lo para trocar por comida.
Os PJs conseguem identificar Itchy no
meio da multidão. Um teste bem-sucedido
de Perceber mostra que ele carrega uma mo-
chila com algo do tamanho da joia roubada.
Não há nenhum outro goblin perto dele.
Se os PJs resolverem simplesmente cor-
rer atrás do goblin, o ladrão os perceberá e
fugirá pelo mercado, tentando ao máximo
despistá-los. Resolva a cena como uma Ta-
refa Dramática Difícil (6 marcadores de
tarefa em 4 rodadas), os Pjs devem escolher
um personagem que realizará a tarefa dra-
mática rolando Atletismo, os demais podem
ajudá-lo (contribuindo com um bônus de
+1 no caso de um sucesso ou +2 em caso de
ampliação) rolando Persuadir (Pedindo para
sair da frente, gritando pega ladrão), Intimi-
dar (mostrando sua arma, ou gritando com
todos), Conhecimento Geral (conhece um
atalho), Atletismo (jogando coisas para atra-
palhar Ichy), ou qualquer outra abordagem
que o Mestre ache interessante. Torne a cena
o mais atrapalhada possível: itens do merca-
do sendo derrubados, pessoas sendo atrope-
ladas, guardas gritando e correndo atrás de
ambos, mercadores reclamando, se divirta.
Aproveite que as ruas estão lotadas.
Se o goblin não for alcançado, Itchy pulará
o muro de uma grande casa já quase no final
da cidade, do lado da grande queda d'água.
Essa casa nada mais é que a propriedade dos
Fireforge, os líderes de Eco, a construção
mais bem guardada de toda a cidade. Há
quatro soldados da Guarda de Pedra mui-
to bem armados na entrada e outros qua-
tro rondando o muro. Nenhum, entretanto,
parece ter visto o goblin entrar. Para os PJs
tentarem invadir, precisarão superar um tes-
te de Atletismo e outro de Furtividade (-2)
para pular o muro como o goblin. Qualquer
tentativa de convencer os guardas a entrar é
infrutífera; eles dizem para a pessoa voltar
somente na hora da festa.
Para os PJs se aproximarem sorrateira-
mente do goblin na rua, devem ser bem-
-sucedidos em um teste de Furtividade
(+2) para que Itchy não os perceba. Se isso
acontecer, os PJs poderão capturá-lo e pegar
o ovo. Um teste de Intimidar bem-sucedido
é o suficiente para fazer o goblin não reagir.
CENA 3
NÃO É O OVO QUE
ME PREOCUPA,
SOMOS NÓS!
Dependendo do desenrolar dos aconte-
cimentos, as seguintes informações podem
estar com os PJs:
• Um pedaço de rocha foi roubado da
biblioteca dos Preservadores;
• Haverá uma festa na propriedade
dos Fireforge para pessoas de fora da
cidade;
• Há um mercenário na cidade em busca
do ovo que está trabalhando para os
Filhos do Sol;
• Raphaellus é um membro dos Filhos
do Sol e o ovo é um ingrediente de um
ritual misterioso que pretende trazer o
sol novamente;
• Outro ingrediente para o ritual
encontra-se em Eco;
• Há um clérigo chamado Douglas
Dervin que é membro dos Filhos do Sol
e estará na festa dos Fireforge.
Neste momento, o ovo pode estar com Ra-
phaellus, com os PJs ou com Itchy “Sarnen-
to”, que se escondeu na casa onde ocorrerá
a festa. Há vários motivos para os PJs irem
à festa dos Fireforge, mesmo se já estiverem
com o ovo. Se, ainda assim, eles preferirem
não ir à festa, passe direto para a Cena 4.
A propriedade começa a receber os con-
vidados cerca de duas horas após o início
20
da noite. A iluminação da cidade se reduz
no período noturno, mas a dos arredores
da casa dos Fireforge permanece iluminada
como se fosse dia. Uma fila começa a se for-
mar e os seguranças somente permitem a en-
trada mediante apresentação do convite. A
Guarda de Pedra redobrou a vigilância nas
ruas próximas.
Sons de equipamentos mecânicos podem
ser ouvidos saindo da propriedade. São pro-
duzidos por engenhocas semelhantes a glo-
bos de voz, mas do tamanho de mochilas e
que emitem música.
Há algumas maneiras dos PJs entrarem na
festa, algumas mais seguras do que outras.
As mais seguras dependem de quem eles
ajudaram na Cena 2. A Dra. Miranda Gol-
dwig e o Sr Wolfgang Cobbler podem ser
encontrados na fila de convidados, ainda do
lado de fora. Qualquer PJ que os tenha aju-
dado anteriormente poderá pedir a eles para
deixá-los entrar como seus acompanhantes.
Cada convite dá direito a um grupo de con-
vidados.
Outro convidado que também está na
fila é o clérigo de Ihlanar, Douglas Der-
vin. Se Raphaellus estiver do lado dos
PJs, ele poderá entrar na festa com o clé-
rigo e os PJs como seus acompanhantes
(deixe os jogadores usarem sua criativi-
dade para explicar o que estão fazendo
ali). Um teste de Persuadir bem-sucedi-
do é necessário para convencer o clérigo.
Dervin não confia completamente em Ra-
phaellus devido à ligação de sua família
com a dragonesa.
Os PJs também podem tentar invadir, é
claro. Há cerca de quatro Guardas de Pe-
dra na porta, mais dois verificando os con-
vites e, pelo menos, mais cinco nos arredo-
res, prontos para reagir ao sinal da menor
confusão. Dentro da casa, há ainda mais
quatro fazendo a vigília. Subir o muro re-
quer um teste bem-sucedido de Atletismo
e outro de Furtividade contra dois guardas
para cada PJ.
Ao entrarem, os PJs estão livres para tran-
sitar pela propriedade. A casa está iluminada
por lâmpadas a gás nas paredes. Os mapas
mostram os diversos cômodos do andar tér-
reo e do segundo andar. As cenas acontecem
à medida que os PJs forem passando pelos
cômodos.
TÉRREO
Hall de Entrada: Grukdar Fireforge cum-
primenta todos os convidados no hall. O
anão está sorridente, com roupas elegantes e
fumando um cachimbo caro. Ele é simpático
e tem o costume de falar alto (BEM alto) e ba-
ter nas costas de pessoas que acabou de co-
nhecer. Seu jeito irreverente é espaçoso, mas
sincero; ele realmente quer atrair a simpatia
de tantas pessoas quanto puder. Há cerveja
escura e canapés de insetos sendo servidos
em todos os lugares. Após a entrada de to-
dos, o hall ficará vazio.
Jardim Central: No centro da casa há um
grande jardim com uma pilha de pedras e
musgo formando uma fonte que deságua
em um pequeno lago artificial. Diversos co-
gumelos rodeiam o jardim, das mais varia-
das cores. Se os PJs estiverem perambulando
por ele, sentirão uma presença estranha lhes
observando. Um teste bem-sucedido de Per-
21
ceber mostra que uma pessoa surge no refle-
xo das águas do lago. Uma Ampliação entre-
ga sua identidade: o elfo morto Mikkah. Se
os PJs tentarem falar com ele, ele não respon-
derá. Neste mesmo momento, o necromante
Fabian está observando-os das sacadas do
segundo andar. Ao tentarem chamá-lo, ele
se esconde.
Cozinha: Dentro da cozinha, uma multi-
dão de empregados se prepara para servir os
próximos canapés. A cozinha é ampla, com
um grande forno de pedra de onde saem os
mais variados quitutes. Os empregados es-
tão ocupados demais para dar atenção aos
PJs. Se Itchy “Sarnento” tiver fugido para a
propriedade, ele estará aqui. Um teste bem-
-sucedido de Perceber pode detectá-lo es-
gueirando-se para pegar os canapés do for-
no depois que os empregados saírem. Teste
o Perceber de Itchy se ele for notado desta
maneira; se bem-sucedido, ele tentará fugir
para o cocho. Os empregados então o veem
correndo e chamam os guardas. Se ele esca-
par dos guardas e dos PJs, Athestan o encon-
trará no cocho e ficará com o ovo. Se os PJs
o surpreenderem, o goblin lhes entregará a
joia.
Quartos dos Empregados, Dispensa,
Adegas e Poço: Há alguns empregados aqui,
se arrumando, pegando ingredientes, be-
bidas e recolhendo água para as próximas
etapas da festa. Não há nada significativo
acontecendo nesses cômodos.
Cocho: O cocho é como uma garagem
a céu aberto, um abrigo para montarias e
veículos. É aqui que Douglas Dervin se en-
contra com Athestan depois da reunião do
salão principal. O mercenário informa sobre
a situação atual do ovo e dá a descrição dos
PJs para o clérigo. Ao ver os PJs na festa, o
clérigo os identificará.
22
SEGUNDO ANDAR
Salão Principal: No salão principal há di-
versos convidados, alguns dançando ao som
da música mecânica tocada ao lado. O Sr.
Wolfgang Cobbler e o clérigo Douglas Der-
vin encontram-se neste salão, em uma roda
de conversas. Entre eles se encontra Natasha
Firespear, irmã do atual líder de Ochrem, e
um comerciante de cristais chamado Devon
Gumbler. A roda de figurões conversa sobre
investimentos na cidade de Ochrem, e Dou-
glas se mostra interessado em pedir finan-
ciamento para a construção de um grande
templo de Ihlanar, para “trazer mais luz” à
cidade. Douglas também se interessa pelos
cristais oferecidos por Devon, especialmente
os vermelhos (que Devon diz serem perigo-
sos, mas gostando da ideia de comerciar com
Douglas). Após conversarem, Douglas é cha-
mado por um dos seus servos pessoais para
se encontrar com Athestan no cocho.
 Salão Nobre: No salão nobre estão as pin-
turas de todos os Fireforge e suas esposas,
desde a criação de Eco. Há instrumentos de
som no salão nobre produzindo as músicas
que animam a festa. Esses instrumentos são
a última aquisição de Grukdar para a cidade;
a festa era só um pretexto para demonstrar
seu funcionamento para os convidados e
poder subir o seu preço. O anão faz questão
de mostrar como são operados, aumentando
seu volume na frente dos convidados. Os
presentes se mostram interessados, dando
sorrisos amarelos, mas por dentro eles te-
mem que a cidade fique ainda mais baru-
lhenta do que já é.
Biblioteca: A Dra. Miranda Goldwig en-
contra-se na biblioteca folheando alguns
livros dos Fireforge. Ela naturalmente puxa
papo com os PJs, perguntando se avançaram
nas investigações do roubo da pedra. Ela
está disposta a confiar mais neles e acaba di-
zendo do que se trata realmente o fragmento
de rocha, explicando sua origem solar.
Jardim Superior: Há aqui diversas cadei-
ras onde os convidados podem se sentar
com livros, bater papo ou beber cerveja escu-
ra e vinho. Nada de relevante acontece neste
cômodo;
Quartos: os quartos estão vazios e de por-
tas fechadas até o momento em que Fabian
e os PJs entrarem neles (ver cena a seguir).
Corredores: os corredores internos para os
cômodos do segundo andar são abertos, com
corrimões que permitem a visão do jardim do
térreo. Neles, uma figura sinistra espreita os
PJs: o mago Fabian Coldsoul, um necromante
da ordem dos Sem Voz. Ele veio à festa com
a Dra. Miranda, mas desde que bateu o olho
nos PJs ele viu a alma de Mikkah os acom-
panhando. Mikkah o tem perturbado desde
então, aproveitando sua capacidade de ouvir
os mortos para convencê-lo a falar com os PJs.
Fabian os segue silenciosamente à distân-
cia e os PJs podem vê-lo de vez em quando,
espiando. Quando eles passarem pelos cor-
redores e estiverem sozinhos, o Sem Voz os
abordará, dizendo:
– Preciso que vocês me acompanhem. Eu sei
o que carregam/estão procurando (a escolha das
palavras aqui vai depender de os PJs estarem com
o ovo ou não).
Os PJs podem simplesmente acompanhar
o necromante, ou abordá-lo para maiores ex-
23
FABIAN COLDSOUL
SEM VOZ
Quando seus dons de ver e falar com
espíritos se mostraram quando ainda era
criança, a família de Fabian o levou do
paraíso verde de Morada Esmeralda para o
ar sombrio de Cataratas da Morte. Lá, Fabian
encontrou os Sem Voz, uma organização
discreta, voltada à pesquisas sobre o
além-túmulo e a ajudar as pessoas a se
comunicarem com seus parentes falecidos. A
missão parecia nobre por si só, mas somente
quando Fabian alcançou o mais alto nível da
ordem ele descobriu sobre a Fenda da Morte
e que havia muito mais em jogo.
Fabian estava em Eco acompanhando sua
amiga, a Dra. Miranda Goldwig, que divide
com ele o interesse pelos registros antigos.
Ao se deparar com os PJs e deixar a alma de
Mikkah falar por seu corpo, percebeu que os
Deuses o haviam colocado em uma missão
fundamental para a existência de Ehlerrac.
• Atributos: Agilidade d4, Astúcia d10,
Espírito d8, Força d4, Vigor d6
• Perícias: Conhec. Geral d8, Conjurar d8,
Pesquisar d6, Perceber d8, Persuadir d6,
Ocultismo d10
• Movimentação: 6; Aparar: 7; Resistência: 4
• Idiomas: Anão, Comum, Élfico
• Equipamento: Símbolo da Ordem dos
Sem Voz, Livro de Magia
• Vantagens: Antecedente Arcano (Ma-
gia), Conexões (Sem Voz), Erudito, Mago
• Complicações: Anêmico, Código de
Honra
• Poderes (20 pontos): Adivinhação, Banir,
Barreira, Campo de Dano (Frio), Detectar
Arcano, Intangibilidade, Medo, Obscure-
cer, Raio (Frio), Sono, Telecinese
plicações. Se questionado sobre o que está fa-
zendo, o necromante diz somente o seguinte:
– Trago uma mensagem dos que não têm voz
neste mundo.
Em seguida, ele pede que o sigam até um
dos quartos que está de portas fechadas.
Fabian entra no quarto, pedindo que os PJs
entrem sem fazer barulho. Apenas uma leve
penumbra ilumina o cômodo, produzida
pela luz exterior que passa pelas frestas das
pesadas cortinas. Se algum PJ quiser acender
as luzes, o necromante pedirá que não faça
isso.
Dentro do quarto, Fabian diz que um anti-
go companheiro de jornada deseja falar-lhes,
e fecha os olhos. Ao abri-los, uma luz forte
o envolve e por cima de seu corpo surge a
forma espectral de Mikkah, o elfo guardião.
– Finalmente posso falar-lhes. Meu tempo é
pouco nesta forma, mas tenho muito a dizer. Há
um grande ajuntamento de… coisas do outro
lado, coisas que planejam invadir o seu mundo.
Uma fenda, uma brecha entre mundos está sendo
forçada e pode se romper se as chaves certas forem
usadas. O ovo de Shivra é uma dessas chaves, mas
há outras. Não ouçam o clérigo, ele está sendo en-
ganado. Não é o sol que eles trarão. É a morte!
Neste momento, a porta do quarto é aber-
ta. Douglas Dervin, depois de falar com
Athestan, passou a seguir os PJs. Ele entra
no quarto na hora em que a alma de Mi-
kkah começa a se desvanecer. Tudo que ele
faz é olhar para o fantasma na sala, sorrir e
sair. Depois que Mikkah desaparece, o ne-
cromante volta a si. Do lado de fora, a festa
prossegue normalmente.
O clérigo encontrou o ingrediente que fal-
tava.
CENA 4
FUDEU!
Se os PJs não participarem da festa, o ne-
cromante Fabian Coldsoul os encontrará nas
ruas à noite. Ele abordará os PJs da mesma
maneira que faria na propriedade dos Fire-
forge, só pedindo que eles o acompanhem
até uma caverna escura da cidade. Na caver-
na, Mikkah aparecerá e dirá a mesma coisa
que diria aos PJs na festa. Só que, desta vez,
Athestan espreita os PJs sem ser visto, vê o
fantasma de Mikkah e logo sai dali para
avisar Douglas Dervin. Por fim, eles encon-
24
tram o clérigo de Ihlanar acompanhado de
Athestan e o restante do grupo dos Filhos do
Sol assim que saírem da caverna (ver cena a
seguir).
Se os PJs participarem da festa, logo após
o clérigo sair do quarto, os PJs veem-no se
despedindo do anfitrião e saindo da pro-
priedade dos Fireforge. Os PJs podem tentar
segui-lo ou não. De qualquer forma, pouco
depois de saírem, os PJs se deparam com o
grupo dos Filhos do Sol em uma rua escura
(ver cena a seguir).
MERCENÁRIOS E FANÁTICOS
Douglas está obcecado. A execução do
ritual está a um fio de se concretizar. O
ovo foi localizado, seja em suas mãos, seja
na dos PJs. O cristal vermelho está a cami-
nho através de um comerciante contatado
na festa dos Fireforge. O pedaço do sol foi
roubado por Athestan. Faltava apenas a
alma do elfo, mas Ihlanar parece ter sorrido
para ele; principalmente depois do que viu
no quarto/caverna (a depender da ação dos
PJs). Tudo o que precisa está ao alcance de
suas mãos.
Em uma rua escura de Eco, Douglas,
Athestan e um grupo de mercenários espe-
ram os PJs. Há um mercenário para cada PJ,
mais dois protegendo o clérigo. Os PJs po-
derão pensar que inicialmente eles querem
apenas o ovo, ou livrar-se deles se o ovo já
estiver com Athestan, mas Douglas tem ou-
tros planos.
Se os PJs não estiverem com o ovo, a ação
dos mercenários é tentar eliminá-los. Se os
PJs estiverem com o ovo, o clérigo se dirige
aos PJs com uma voz muito calma e controla-
da, quase bondosa, contrastando com a apa-
rência intimidadora de seus companheiros:
– Vocês têm algo que é nosso. Por favor, entre-
guem, e ninguém sairá ferido.
Os PJs podem entregar o ovo sem lu-
tar, claro. Neste caso, passe para a cena
depois da luta. Considerando que esta
possibilidade é bem pequena, ao menor
sinal de negação, Athestan mandará seu
bando atacar e matar os PJs sem piedade.
Estranhamente, ninguém da Guarda de
Pedra interfere na luta (estão todos su-
bornados).
Durante a luta, os mercenários tentam
distrair e matar os PJs, enquanto Athestan se
preocupa em pegar o ovo. Assim que Athes-
tan pega o ovo, ele se junta a todos os mer-
cenários para proteger Douglas até o clérigo
terminar o que deseja fazer (ver a seguir). Se
os PJs tiverem deixado o ovo em outro lugar,
Athestan captura um dos PJs e o ameaça de
morte para que o restante lhes leve até a joia.
Ele só soltará o PJ depois que estiver com o
ovo nas mãos.
Douglas, por sua vez, está mais preocupa-
do com o outro ingrediente. Há algum tem-
po, ele conseguiu em Cataratas da Morte um
artefato interessante: uma esfera de cristal
leitoso chamada Prisão de Almas, que tem a
propriedade de capturar almas se for recita-
do o feitiço certo. Aprender esse feitiço com
a rede de contatos dos Filhos do Sol não foi
difícil. O clérigo só não esperava ter a opor-
tunidade de testá-lo tão cedo.
Enquanto os PJs lutam contra Athestam e
seu bando, Douglas se aproxima do necro-
mante Fabian, puxa a esfera de cristal de sua
bolsa e começa a recitar o feitiço. Fabian pri-
meiramente olhará assustado (ele reconhece
o feitiço) e começará a brilhar como se incor-
porasse Mikkah novamente, mas desta vez
tenta resistir sem sucesso. Em três turnos,
a alma de Mikkah sai do corpo de Fabian e
vai para o cristal. Isso é visível para todos os
PJs. Depois disso, independente dos merce-
nários terem conseguido o ovo ou não, Dou-
glas foge com a alma de Mikkah, deixando
Fabian desmaiado no chão.
Esta cena pode terminar da seguinte forma:
• Douglas consegue a alma de Mikkah
e o ovo, partindo com os mercenários
restantes para fora da cidade de Eco
naquela mesma noite;
• Douglas consegue a alma, mas não o
ovo, e foge pensando em usar a alma
como moeda de troca para conseguir
o ovo;
• Douglas e os mercenários são
derrotados e os PJs agora podem tentar
conversar com calma com Fabian a
respeito do que disse o fantasma de
Mikkah.
Após a luta e depois de Fabian se recupe-
rar, os PJs podem falar com ele sobre o que
disse o fantasma (ele não se lembra de nada
do que aconteceu quando foi possuído por
Mikkah). Fabian explica sobre a Fenda dos
Mortos de Cataratas da Morte e diz que a
missão principal de sua ordem é mantê-la
25
fechada. Se o que Mikkah disse for verdade,
os Filhos do Sol estão sendo enganados para
abrir a fenda, algo que, se acontecer, conde-
nará todo o mundo.
A missão dos PJs toma nova proporção
agora. Proteger o ovo não significa apenas
a proteção de uma espécie e o cumprimen-
to de uma promessa feita a um moribundo.
Proteger o ovo significa impedir o fim de
toda Ehlerrac.
PERSONAGENS
GANGUE DE GOBLINS
A gangue de Itchy “Sarnento” é a sua fa-
mília. O que os une é algo muito mais forte
que laços de sangue: necessidade. As esta-
tísticas a seguir são genéricas para todos os
goblins, menos o líder.
• Atributos: Agilidade d8, Astúcia d6,
Espírito d4, Força d4, Vigor d6
• Perícias: Atletismo d8, Atirar d8,
Furtividade d10, Lutar d6,
Ladinagem d8, Perceber d6, Provocar d6.
• Movimentação: 10; Aparar: 5;
Resistência: 4
• Idiomas: Anão, Comum, Goblin
• Equipamento: Bastão improvisado
(For+d4), Funda (Alcance 4/8/16, Dano
For+d4)
• Infravisão: Goblins reduzem à metade
penalidades por escuridão contra alvos
vivos (arredondado para baixo)
• Tamanho -1: Goblins medem cerca de
um metro de altura
• Vantagens: Ladrão, Ligeiro
ITCHY “SARNENTO”
Itchy “Sarnento” é o líder de sua gangue
não por ser o mais corajoso, mas por ser o
mais medroso e astuto. Ele é quem sempre
está alerta quando os planos não dão certo
e, além disso, é mestre em escapar das enras-
cadas mais difíceis. Pena que o pobre diabo
não sabe no que se meteu.
• Atributos: Agilidade d10, Astúcia d8,
Espírito d4, Força d4, Vigor d6
• Perícias: Atletismo d10, Atirar d8,
Furtividade d10, Ladinagem d10,
Lutar d6, Perceber d8, Provocar d6.
• Movimentação: 10; Aparar: 5;
Resistência: 4
• Idiomas: Anão, Comum, Goblin
 • Equipamento: Lança pequena (For+d4)
• Infravisão: Goblins reduzem à metade
penalidades por escuridão contra alvos
vivos (arredondado para baixo)
• Tamanho -1: Goblins medem cerca de
um metro de altura
• Vantagens: Ladrão, Ligeiro, Seguidores
GUARDA DE PEDRA DE ECO
Os anões da Guardas de Pedra estão
estressados com o excesso de pessoas na
cidade. Qualquer provocação será respon-
dida da maneira mais rápida e ríspida pos-
sível. Afinal, tudo que queriam era poder
estar quentinhos em suas casas tomando
suas cervejas, longe dessa bagunça toda.
• Atributos: Agilidade d6, Astúcia d6,
Espírito d6, Força d6, Vigor d6
• Perícias: Atirar d8, Furtividade d6,
Intimidar d8+2, Lutar d8, Perceber d4
• Movimentação: 5; Aparar: 7;
Resistência: 7 (2)
• Idiomas: Anão, Comum, Élfico, Grayn,
Pequenino
• Equipamento: Cota de Malha (+2),
Elmo Aberto (+3), Espada Longa
(For+d8), Escudo Médio, Bestas
(Alcance 15/30/60, Dano 2d6)
• Visão no Escuro: Os olhos dos anões
são acostumados à escuridão do
subterrâneo, logo ignoram penalidades
de ataque por Penumbra e Escuridão
• Complicações: Lento
PEQUENINO LADRÃO DO
MERCADO
Desprezado pela sociedade que cresce ao
seu redor, este pequenino usa os meios de
que dispõe (que não são muitos) para sobre-
viver.
• Atributos: Agilidade d6, Astúcia d6,
Espírito d6, Força d4, Vigor d4
• Perícias: Atirar d6, Atletismo d8,
Furtividade d8, Ladinagem d8+2, serena e simpática. É carismático e envolven-
Lutar d4, Perceber d6
• Movimentação: 6; Aparar: 4;
Resistência: 4
• Idiomas: Anão, Comum, Goblin,
Pequenino
• Equipamento: Faca (For+d4)
• Tamanho -1: Pequeninos têm -1
em Tamanho e subtraem -1 da sua
Resistência
26
ATHESTAN
Athestan era um antigo membro da Guar-
da de Ochrem que descobriu o valor do
dinheiro e passou a agir por conta própria.
Leis, religião, família, tudo aquilo com que
os homens fingem se importar desmoro-
na ao ser confrontado com a quantia certa.
Como bons contratos só surgem para aque-
les com boa reputação, há um único código
de honra que Athestan obedece: a missão
será realizada, custe o que custar.
• Atributos: Agilidade d6, Astúcia d8,
Espírito d8, Força d10, Vigor d10
• Perícias: Atirar d8, Furtividade d8,
Intimidar d10, Lutar d10, Perceber d6,
Pesquisar d6, Provocar d6
• Movimentação: 6; Aparar: 7;
Resistência: 6
• Idiomas: Anão, Comum, Élfico, Goblin
• Equipamento: Maça pesada (For+d8)
• Vantagens: Arma Predileta (Maça),
Atacar Primeiro, Bloquear, Duro de
Matar, Seguidores
• Complicações: Anêmico, Arrogante,
Desagradável
MERCENÁRIOS DE ATHESTAN
Estatísticas genéricas para todos os merce-
nários.
• Atributos: Agilidade d6, Astúcia d6,
Espírito d6, Força d8, Vigor d6
• Perícias: Atirar d8, Furtividade d6,
Intimidar d6, Lutar d8, Perceber d8
• Movimentação: 6; Aparar: 6;
Resistência: 5
• Equipamento: Adaga (For+d4), Espada
Curta (For+d6), Besta (2d6, 15/30/60)
DOUGLAS DERVIN,
CLÉRIGO DE IHLANAR
Douglas possui uma aparência bondosa,
te, passando segurança e paz para aqueles ao
seu redor. Entretanto, em seus olhos não há
mais o brilho do outrora glorioso clérigo de
Ihlanar.
O demônio Dohrmiann se mostrou para
Douglas disfarçado da luz de Ihlanar. Agora,
as intenções do clérigo estão sendo manipu-
ladas por ele. Douglas ainda pensa que suas
intenções são boas, que seu desejo é trazer
ao mundo a glória do sol, a que ele se agarra
como o último fio de esperança. No fundo,
entretanto, seu coração está imerso no mais
profundo desespero. Se pudesse olhar para
si mesmo, veria seu eu mais íntimo aterrori-
zado dizendo: “Há trevas, só trevas, o mun-
do está condenado. Por que, então, adiar seu
fim?”
• Atributos: Agilidade d6, Astúcia d8,
Espírito d8, Força d6, Vigor d6
• Perícias: Conhecimento Geral d6,
Conjurar d6, Curar d6, Lutar d6,
Pesquisar d8, Perceber d8, Persuadir d8,
Ocultismo d8
• Movimentação: 6; Aparar: 7;
Resistência: 6
• Idiomas: Anão, Comum, Élfico, Grayn,
Pequenino
27
• Equipamento: Cajado de clérigo
(For+d4), Símbolo de Ihlanar, Mapa de
Eco, Informações sobre o Enclave dos
Filhos do Sol de Refúgio, Eco, Cataratas
da Morte e Ochrem, Prisão de Almas
(ver descrição da última cena)
• Vantagens: Antecedente Arcano
(Milagres), Carismático, Conexões
(Filhos do Sol), Erudito
• Complicações: Delirante, Leal (ao
culto)
• Poderes (20 pontos): Adivinhação,
Armadura, Atordoar (Explosão de
Luz), Banir, Cura, Deflexão, Detectar
Arcano, Dissipar, Explosão (Luz),
Fantoche, Iluminar, Socorro
 ÀS PORTAS DA MORTE
Somos feitos de sonhos. É o que nos faz
superar cada obstáculo, enfrentar diversos
combates, persistir, viver. O sonho é o nosso
combustível, o que nos move, o que nos faz
continuar tentando.
O que estamos dispostos a sacrificar por
nossos sonhos? Alguns são bons, outros ape-
nas parecem bons.
Os Filhos do Sol estão dispostos a sacri-
ficar tudo que têm em busca do seu sonho:
recuperar o sol de Ehlerrac. Eles acreditam
que estão muito perto disso. Douglas Dervin
apostou tudo o que tinha nessa busca: suas
crenças, sua reputação, sua fortuna. Ele já ul-
trapassou o ponto sem volta. É ir até o fim,
ou morrer.
Da mesma forma, cada pessoa, em cada
cidade de Ehlerrac, luta por seus sonhos.
Mesmo as pessoas pequenas, tão pequenas
que passam despercebidas na multidão, es-
tão dispostas a apostar tudo que têm para
crescer, melhorar, ter uma vida mais feliz.
Elas, muitas vezes, não têm nada para apos-
tar além da própria vida e suas vidas valem
muito.
Às Portas da Morte é uma aventura que
fala sobre sonhos fracassados. Para encerrar
o ciclo de três aventuras que se iniciou em
Dia de Caça, esta aventura lida com temas
delicados, como suicídio e violência contra
mulheres. Aconselhamos cautela ao lidar
com esses temas em suas mesas. A aventura
pode ser jogada sem os arcos das persona-
gens Ethienne e Grace, apesar do impacto
dramático certamente ser prejudicado.
Cataratas da Morte é um lugar lúgubre,
sombrio, triste e difícil. Almas vagam pelas
ruas da cidade arrastando dores, tristezas,
decepções e fracassos como se fossem cor-
rentes pesadas. Somado a tudo isso, uma
entidade perversa resolveu fazer seu ninho
nas tristezas dessa cidade. Criar sonhos e es-
peranças para depois destruí-los é o pão de
cada dia de uma criatura como Dohrmian-
n.O fracasso é o alimento desse demônio.
Por isso, esteja sempre atento às suas vitórias
e ao preço que está disposto a pagar por elas.
Às vezes ele é quase tão alto quanto o de um
fracasso.
28
PRELÚDIO
Após a montanha russa de acontecimen-
tos em Eco na aventura Ecos da Cidade, nos-
sos heróis precisam agir antes que seja tarde.
O que era apenas o resgate do ovo de Shivra
tornou-se uma questão de salvar toda Ehler-
rac da loucura desmedida dos Filhos do Sol
em sua ânsia de ressuscitar a estrela de Aza-
gar a todo custo.
Dependendo de como foi concluída a
aventura anterior, temos as seguintes situa-
ções possíveis:
POSSIBILIDADE 1
Os aventureiros conseguem ficar com o
fantasma e o ovo e precisam devolvê-lo à sua
mãe, nas montanhas Pilares do Céu
Se os PJs conseguiram recuperar o ovo e a
alma de Mikkah no arco passado, a aventura
está próxima de sua conclusão. O necromante
Fabian agradece profundamente aos aventu-
reiros e lhes diz que eles conseguiram evitar
que um terrível mal atingisse o continente.
Raphaellus diz que se arrepende de seus
atos e concorda em ir com eles até ao lar da
dragonesa. Lá, ele se prostrará diante dela
em sua forma humana e oferecerá a própria
vida em compensação pelo mal que causou.
O espírito de Mikkah surgirá, intercedendo
pelo irmão, contando tudo o que ele fez para
tentar recuperar o ovo (relate os feitos de Ra-
phaellus na aventura passada). Por ser paci-
fista, Shivra o perdoará, mas fechará a Ordem
dos Guardiões. Depois, ela se dirigirá aos PJs,
mostrando-lhes gratidão e oferecendo 1000po
a cada PJ. Este é o fim da aventura.
POSSIBILIDADE 2
Os aventureiros recuperam o ovo, mas per-
dem a alma do elfo, e Douglas Dervin parte
para Cataratas da Morte para iniciar o ritual
A alma de Mikkah pode estar com os Fi-
lhos do Sol. Neste caso, Raphaellus implora-
rá aos aventureiros que a recuperem. Ele está
realmente arrependido de tudo que fez e não
suportaria, além da morte do irmão, ver sua
alma submetida a sabe-se lá que tipo de tor-
mentos nas mãos de Douglas Dervin.
 Caso os jogadores resolvam ignorar a si-
tuação da alma de Mikkah e prefiram levar
o ovo até a dragonesa, Raphaellus desiste de
tentar convencê-los do contrário e diz que os
guiará até o covil de Shivra, um lugar cuja
localização apenas os guardiões conhecem.
Fabian diz que irá até Cataratas da Morte
para alertar aos Sem Voz sobre as intenções
dos Filhos do Sol e se despede de todos. No
caminho, quando estiverem na escuridão da
Vastidão, Raphaellus aproveitará a oportuni-
dade em que todos estiverem distraídos para
roubar o ovo e seguir para Cataratas, onde
pretende trocá-lo pela alma de Mikkah. Ele
acha que será capaz de convencer Douglas
Dervin a fazer isso (na verdade, é apenas sua
consciência o atormentando).
Os jogadores precisarão rastreá-lo nova-
mente e não o alcançarão até que ele chegue
à cidade. Em Cataratas, Raphaellus irá dire-
to ao Enclave dos Filhos do Sol e entregará
o ovo a Dervin, sendo morto em seguida.
Siga a aventura normalmente a partir da
CENA 1.
POSSIBILIDADE 3
Os aventureiros estão sem o ovo e sem a
alma de Mikkah, precisando recuperá-los
antes que Douglas Dervin inicie o ritual
Se os jogadores aceitarem resgatar a alma
de Mikkah, ou se eles tiverem perdido tanto
a alma quanto o ovo para os Filhos do Sol,
Fabian diz que é preciso que o grupo vá até
Cataratas da Morte para evitar que o pior
aconteça. Ele diz que irá ao Conselho Regen-
te da cidade para que eles os apoiem na caça-
da aos Filhos do Sol.
No caminho, Fabian conta aos aventurei-
ros sobre a importância da Fenda dos Mor-
tos de Cataratas da Morte. O necromante
pede aos PJs segredo sobre a Fenda, para
evitar incursões à cidade que só atrapalha-
riam o trabalho dos Sem Voz.
Raphaellus acompanha o grupo atento,
ouvindo em silêncio tudo o que Fabian diz.
Ele parece soturno, mas é possível que seja
apenas o resultado de sua consciência pesa-
da.Em uma das primeiras noites na Vasti-
dão, sem o menor aviso, Raphaellus desapa-
rece. Os jogadores só descobrirão isso no dia
seguinte. Se procurarem pelo ovo, verão que
ele não foi mexido. Para onde Raphaellus foi
sem o ovo e por quê?
29
Alimente qualquer desconfiança que os
jogadores tiverem nesta hora. Raphaellus já
mostrou, mais de uma vez,não ser alguém
confiável. Se tentarem seguir seu rastro, Fa-
bian dirá que não há tempo para isso; eles
precisam ir até Cataratas da Morte o mais
rápido possível.
Na tentativa de seguir o rastro dos Filhos
do Sol pelas cidades até Cataratas, quaisquer
pistas que descobrirem mostram que Dervin
está sempre dois passos à frente dos PJs. A
rede de informantes e espiões da ordem é tão
extensa que eles conseguem passar pelas ci-
dades com nomes falsos, sem serem notados
pela guarda local. Depois de passarem pelas
demais cidades, siga para a CENA 1.
CENA 1
SUSSURROS
Após alguns dias na Vastidão, os PJs che-
gam aos arredores do Rio Droba. O silêncio
da escuridão gélida é subitamente quebrado
pelos sons vindos das cataratas, que soam
como o sussurro de almas em agonia. O Dro-
ba flui para um abismo imenso do qual os
PJs conseguem vislumbrar apenas o ponto
onde a água precipita. É impossível precisar
a altura da queda d'água.
A torre central do governante se ergue no
centro de Cataratas da Morte em toda a sua
glória, com três pontos luminosos atuando
como os “sóis” da cidade. A essa distância,
os PJs já podem perceber que, mesmo duran-
te o dia, Cataratas da Morte é a cidade mais
escura que já visitaram.
Perto da entrada, os PJs avistam mais de
uma dezena de cadáveres em todo o caminho
até o portão. Se algum PJ resolver se apro-
ximar de um dos cadáveres ou mesmo se a
comitiva continuar avançando, os corpos co-
meçarão a se levantar do chão e se animarão
como zumbis! Peça um teste de Medo a to-
dos os PJs que nunca tiverem posto os pés em
Cataratas da Morte. Os que falharem tentarão
sair correndo, mas Fabian os impedirá, dizen-
do: “Acalmem-se. Estamos protegidos.”
Fabian levantará sua identificação de Sem
Voz para a sentinela do portão e um homem
soturno, de manto cinza como o do necro-
mante, descerá as escadas e o cumprimentará
silenciosamente. Ao seu comando, os zumbis
se afastarão e os portões serão abertos, dei-
xando a comitiva dos PJs atravessá-los.
 Junto do homem de manto cinza há al-
guns Mantos Marrons atuando como senti-
nelas da cidade. Algum PJ poderá perguntar
se alguma sentinela viu o grupo de Douglas
Dervin. Se der seus nomes, a sentinela verifi-
cará nos registros de entrada e dirá que não.
Se der sua descrição, a sentinela dirá que não
se recorda de ter visto ninguém com aquelas
características, mas lembrará que os postos
são trocados regularmente e as sentinelas
dos últimos dias já foram dispensadas.
Após atravessarem os portões, Fabian diz
que irá avisar da situação a Devan Gray e ao
Conselho Regente. O necromante pede que,
enquanto isso, eles investiguem outras áreas
da cidade à procura de pistas. Fabian indica os
seguintes locais onde podem conseguir algu-
ma informação: os bares do Distrito da Luz, a
torre dos Mantos Marrons (a “polícia” local) e
a Torre do Governante. Fabian solicitará a um
Manto Marrom para levá-los onde desejarem.
Enquanto se dirigem ao seu destino, vá-
rias coisas estranhas atraem a atenção dos
PJs. Sombras parecem caminhar pelas vielas,
observando-os. Algumas casas possuem ja-
nelas acesas que revelam vultos que somem
ao segundo olhar. Um grupo de crianças
brinca na grama de um jardim cantando a
seguinte melodia:
Coitado do Jack sem pelo,
Sem pele, barba ou cabelo,
A camisa esgarçou, a calça arriou
A barriga vazia o cinto apertou
Coitado do Jack sem pelo
Do Jack nada sobrou!
Ao se aproximarem, os aventureiros notam
que elas estão brincando com um crânio hu-
mano. Ao serem encaradas, as crianças enca-
ram de volta e seus rostos se deformam em
um grito ameaçador. Peça um teste de Medo
pelo susto. As crianças desvanecerão como
poeira no ar, enquanto os PJs escutam diver-
sos risos infantis saindo de bocas invisíveis.
CENA 2
HISTÓRIAS DE
FANTASMAS
Os PJs chegaram à cidade para impedir
um acontecimento cataclísmico, mas não
têm ideia de onde ou quando ele irá acon-
tecer. Fabian precisará convocar o Conselho
Regente para tratar do assunto e isso tomará
30
algum tempo. Até lá, os PJs precisam inves-
tigar a cidade em busca de alguma pista dos
Filhos do Sol ou de seus capangas, antes que
o rito de abertura da Fenda dos Mortos se
inicie.
Cataratas é uma cidade sombria, com uma
arquitetura fria e opressiva. A maior par-
te das casas é alta e de pedra, se parecendo
mais com fortes do que com casas normais.
Os PJs podem começar suas investigações
pela “delegacia” da cidade, a Torre dos
Mantos Marrons, ou fugir dessa atmosfera
sombria seguindo para o Distrito da Luz.
Eles também podem procurar a prefeita da
cidade na Torre do Governante, a constru-
ção mais alta no centro de Cataratas, mas a
encontrarão fechada. A prefeita encontra-se
fora da cidade.
Se os PJs seguirem para o Distrito da Luz,
passe para a SUBCENA 1. Se seguirem para
a Torre dos Mantos Marrons, passe para a
SUBCENA 2. As cenas não são excludentes,
os PJs podem seguir para ambos os lugares
se quiserem.
SUBCENA 1 – ANJOS
O Distrito da Luz é relativamente pró-
ximo à Torre do Governante e aos três sóis
artificiais que iluminam a cidade. É um local
agradável, cheio de pubs, música, restauran-
tes, teatros e, claro, movimento.
Descendo uma das ruas radiais, na esqui-
na marcada na figura com um X, há um bar
chamado Bar dos Sussurros. O movimento
das pessoas em frente mostra que o Bar dos
Sussurros está bem cheio. Há todos os tipos
de raças que perambulam por Ehlerrac aqui
e alguns Mantos Marrons fazem a vigilância
para evitar confusões.
Se os PJs resolverem observar o bar, per-
mita um teste de Perceber de cada um. Um
sucesso os faz ver o grupo de Athestan se
divertindo no Sussurros sem a menor ceri-
mônia. Um incremento indica que Athestan
também está no bar, conversando com um
homem bem vestido em outra mesa.
Se entrarem e resolverem engrossar com o
grupo ou com Athestan, o líder mercenário
imediatamente se levantará (ou se aproxima-
rá, se abordarem o grupo) e lhes dirá em voz
baixa, mas firme:
– Já esperava por vocês. Podemos resolver isso
de maneira amigável ou os Mantos Marrons po-
dem nos prender. Até conseguirem sair, teremos
feito tudo o que precisamos fazer. É isso mesmo
que querem?
Se os PJs insistirem no conflito, inicie o
combate.Há quatro capangas além de Athes-
tan. Na segunda rodada de combate, um
grupo de Mantos Marrons (um para cada PJ)
surge para prendê-los. Lutar contra os Man-
tos Marrons além de Athestan e seus capan-
gas será um pouco demais e provavelmente
os PJs serão presos. Só sairão da prisão na
noite da abertura da Fenda dos Mortos.
Se os PJs se acalmarem, Athestan dirá ao
próprio grupo para ir embora, que agora o
lugar ficou muito mal frequentado. Se os PJs
estiverem com o ovo, Athestan encara um
dos PJs e diz, antes de sair:
– Ambos temos algo que queremos um do ou-
tro. O que tem que ser feito será feito, mas vocês
podem ter o seu amigo de volta. Levem o ovo à
única casa vermelha e alta que há no Distrito dos
Elfos, não vai ser difícil de achar. Entrem pela
porta da frente e desçam pela escada do lado direi-
to. Haverá outra porta. Abram-na e façam a troca.
Nós estaremos vendo tudo, então não tentem ne-
nhuma gracinha.
Os PJs também podem tentar entrar no bar
sem chamar a atenção. Para isto, deverão ser
bem-sucedidos em um teste de Furtividade
+2 (devido ao bar estar cheio). Se os PJs falha-
rem no teste, Athestan se levantará e dirá ao
seu grupo para ir embora. Se os PJs estiverem
com o ovo, faça o mesmo diálogo acima.
Se os PJs conseguirem se aproximar de
Athestan furtivamente, ele estará conversan-
31
do em uma mesa isolada com um homem de
manto verde muito bem vestido. Os seguin-
tes trechos da conversa podem ser ouvidos:
– Preciso que seja legítimo. Temos meios de sa-
ber sefor uma falsificação.
– Imagine, meu senhor. Minha reputação es-
taria arruinada se eu oferecesse artigos falsos a
algum dos meus clientes. É legítimo e foi conse-
guido próximo à cratera dos orcs, da própria tribo
Redeye. Sabe, os Redeye são terríveis, mas pre-
cisam de dinheiro como todo mundo. Depois de
muitos anos de trabalho ganhando sua confiança,
conseguimos estabelecer um fluxo de comércio
com a tribo que tem sido satisfatório para ambos
os lados.
– Veremos, então. O pagamento será no ato da
entrega, como acertado.
– Claro. Peço apenas desculpas por não poder
lhe trazer em um lugar como este. Deve estar
ciente dos riscos que esse material apresenta se for
exposto em público...
– Sei de todos os riscos. Leve-o à casa alta e ver-
melha no Distrito dos Elfos e receba seu pagamen-
to. E, se for falso, nos veremos de novo e eu vou
querer mais que o meu dinheiro de volta.
– Tenho certeza de que ficará muito satisfeito,
meu senhor.
O homem se levanta e caminha para a sa-
ída do bar.
No balcão, o grupo de Athestan estará
bebendo e chamando a atenção das garço-
netes do bar. Apesar de não encostarem em
nenhuma delas, seus modos são grosseiros e
provocativos. Ei, delícia! Seu beijo deve ser
melhor que essa cerveja! Adoro esse andar,
doçura, parece uma cadelinha grayne coisas
do tipo.
Uma mulher surge da multidão e resol-
ve sentar entre eles. Ela tem os cabelos cas-
tanho-avermelhados e belos olhos verdes.
Suas roupas não são luxuosas, mas insinuan-
tes. Ela sorri e pede um gole de cerveja, que é
imediatamente entregue pelo atendente (um
mekkelion com cabeça de lagartixa). A moça
toma um gole e um dos capangas tenta ser
cavalheiro:
– Eu pago essa se me disser o seu nome, gra-
cinha.
– Meu nome é Grace. Se quiser mais, terá que
pagar mais que uma bebida.
– Que é isso, doçura? Só quero te conhecer me-
lhor! Você vai me cobrar só por uma conversa?
 Grace disfarça a desconfiança com um sor-
riso forçado. Ela termina de tomar a cerveja
e diz: Se quiser conversar, podemos ir a um lugar
mais reservado. Aqui tem muito barulho. Mas já
aviso, eu começo com 20 peças de ouro, adiantado.
O mal-encarado sorri e lhe dá as moedas.
Grace fica de pé e se encaminha para a saída
do bar. Ela não percebe que o homem troca
duas palavras com seu grupo antes de sair.
O restante do bando de Athestan sairá logo
depois.
O homem bem vestido que estava com
Athestan sairá do bar pouco depois do ban-
do. Se os PJs decidirem segui-lo, chegarão
até a casa vermelha no Distrito dos Elfos (ver
Cena 3). Se resolverem seguir os capangas
de Athestan, o bando irá atrás deGrace e do
primeiro capanga pela rua radial, se afastan-
do do centro da cidade. Eles claramente não
têm boas intenções com a moça.
Se forem atrás de Grace e do bando, verão
que eles entraram na primeira viela à esquer-
da, contornando o quarteirão. Na entrada da
viela,os PJsencontrarão algo inusitado: uma
luz pequena, mas muito brilhante, flutuan-
do na altura de suas cabeças. Há algo muito
puro vindo dela, puro como a luz de um anjo.
Se os PJs pararem, a luz voará ao redor deles
e seguirá para a viela, como se os estivesse
chamando. Se os PJs a atacarem, a luz fugirá
assustada e sumirá pelas ruas da cidade.
Se os PJs seguirem pela viela, pouco à
frente, em uma área mais escura, escuta-
rão um grito feminino. Grace está caída
no chão, com sua blusa rasgada e sobre
ela está o homem com quem falava no
bar, tentando fechar sua boca com a mão.
Outro está prendendo os braços da moça
enquanto um terceiro a ameaça com uma
faca na frente do rosto. O quarto está de
pé, abrindo o cinto da calça. Os homens
estão desarmados e não terão direito à
iniciativa, então, se os PJs quiserem lutar
contra eles, será um combate bastante rá-
pido. Depois que dois morrerem, os ou-
tros irão fugir.
Depois do combate, Grace estará cobrindo
o busto com os braços e olhará para os PJs
com raiva. Me deixem em paz! Me deixem! Se
os PJs resolverem deixar a mulher sozinha,
encontrarão, na viela por onde vieram, a
mesma luz que tinham visto antes. Ela se co-
locará em seu caminho.
32
Independente dos PJs saírem ou não, Gra-
ce pegará a faca de um dos capangas caída
no chão e apontará para o próprio peito. Eu
não aguento mais! Chega! Não aguento mais isso!
POSSIBILIDADE 1: Os PJs não impedem
Grace de se matar
Se os PJs não tentarem impedi-la de al-
guma forma, na rodada seguinte ela enfia-
rá a faca no próprio peito e cairá no chão
sangrando pela boca. A faca passará pelas
costelas e atingirá um dos pulmões. Grace
morrerá em instantes, sufocada pelo próprio
sangue. A luz rodeará o corpo da moça e irá
embora, chorando como um bebê.
POSSIBILIDADE 2: Os PJs impedem Gra-
ce de se matar.
Se os PJs tentarem falar com ela, Grace
contará sua história:
– Meu nome é Grace Stillborn, sou filha de
comerciantes. Há dois anos, saímos de Ochrem
para vender nossas mercadorias. Nossa carroça
estava cheia, venderíamos muito, sabe? Tería-
mos uma vida melhor. Quando passamos por
Saurm,fomos pegos por uma tempestade. Todas
as mercadorias e provisões foram perdidas. Mi-
nha mãe e minha irmã menor morreram. Mesmo
assim, meu pai conseguiu me proteger e viemos
para Cataratas da Morte. Assim que chegamos,
ele caiu com febre e faleceu. Eu fiquei sozinha.
Tentei de tudo: garçonete, atendente, comercian-
te, tudo. Mas a única coisa que consegui foi ser
prostituta. Quando perdi minha primeira filha,
pensei em largar essa vida. Mas como podia? O
que eu ia fazer? Esse seria meu primeiro traba-
lho depois da morte da minha filha. Nem pra isso
sirvo mais. Estou sozinha. Se eu morrer, nin-
guém chorará por mim.
Os PJs podem tentar acalmar Grace e con-
fortá-la. Grace largará a faca e dirá: Eu sou
uma covarde! Não tenho coragem nem pra
isso! E começará a chorar.
Neste momento, a luz aparece novamen-
te, mas agora rodeia o grupo e Grace. Grace
levanta os olhos e se assusta, principalmente
quando a luz começa a emitir um som como
um riso de bebê.
A luz termina de rodeá-los e segue nova-
mente pela viela, mas no sentido oposto ao
que levava ao bar. Se os PJs a seguirem, che-
garãoa um terreno baldio afastado do cen-
tro. A luz voa em círculos sobre um pequeno
montinho de terra. Grace para de frente ao
montinho e se ajoelha, maravilhada.
 – Foi aqui... Foi aqui que a enterrei. Amanda.
Meu único fruto. A única coisa boa que saiu de
mim.
De repente, um homem baixo,de manto
negro se aproxima. É um pequenino e, em
seu pescoço, carrega o símbolo de um crânio
estilizado com patas de aranha saindo da
nuca. Uma jogada simples de Conhecimen-
to Geral o identifica rapidamente como um
clérigo de Thalrec.
– Amanda jamais suportaria que você abando-
nasse as esperanças, minha jovem. Sua presença
neste mundo foi breve, mas suficiente para rece-
ber muito amor. Por esse amor, ela quer que você
viva. Pode vir servir em nosso templo. Há muito
que fazer e precisamos de uma pessoa como você,
que saiba amar a vida pura.
Grace se levanta e chora, abraçando o pe-
quenino. Ela lhe diz: Vocês sempre estiveram
por perto, mas eu nunca aceitei sua ajuda. Ele
sorri e lhe dá tapinhas nas costas. Tudo tem seu
tempo, querida. E pega sua mão.
– Obrigado, diz o pequenino aos PJs. Meu
nome é Hermann Gloom, do templo de Thalrec.
Talvez vocês não consigam entender ainda a im-
portância do que fizeram, não apenas para as pes-
soas que salvaram, mas para esta cidade.
– Há dois dias, tivemos uma revelação de Thal-
rec em nosso templo, como há muito não aconte-
cia. O deus apareceu em sonho para o sumo-sa-
cerdote, nos dizendo para salvar a maior parte de
vidas que pudéssemos neste ciclo de sete dias. O
sagrado ato da morte havia sido corrompido por
uma entidade maligna, algo que devorava o so-
frimento e o desespero dos desvalidos. Mas ele
também disse que um grupo de forasteiros viria à
33
cidade para lutar contra esse mal.
– Não sei qual a sua missão aqui, mas isso tam-
bém não me interessa. O que me interessa são as
vidas que salvaram e a quem deram esperanças,
impedindo esse mal, seja lá o que ele for, de se tor-
nar mais forte.
O pequenino agradece novamente e se di-
rige ao seu templo levando Grace. Se os PJs
perguntarem mais coisas sobre a Fenda ou
sobre esse mal, o clérigo responderá: O deus
nos revelou apenas o que nós devíamos saber, não
mais.
A luz de Amanda some completamente,
sem deixar vestígios. Se escavarem o mon-
tinho de terra, os PJs encontrarão apenas os
ossos de um bebê recém-nascido.
SUBCENA 2 – LEGADO
ANCESTRAL
A torre dos Mantos Marrons possui
uma aparência hostil e opressora.Uma
torre de pedra mal conservada construída
sobre calabouços,ao lado de uma prisão
onde há monstros e criminosos perigo-
sos. Das ruas próximas podem-se ouvir
os grunhidos e arranhões nas paredes dos
cárceres, alguns bem altos e ameaçadores.
Na entrada da torre, correntes pendendo
do teto fazem parte da decoração esparta-
na do local.
Uma descrição do seu interior pode ser
vista no Livro Básico de Winter Eternal, pá-
ginas 88 e 89.
Cinco Mantos Marrons estão presentes,
quatro soldados e um sargento chamado
Turgann. Turgann se aproxima dos PJs e ofe-
rece ajuda. Se os PJs contarem sobre Douglas
Dervin e os Filhos do Sol, Turgann anotará
tudo em um papel e entregará a um dos seus
soldados com a seguinte ordem:
– Entregue esta nota ao sargento Pfoster que
ele cuidará deste caso.
Se o Mestre tiver lido a aventura Algo Es-
tranho na Vizinhança (Livro Básico de Win-
ter Eternal, pág. 164), lembrará que Pfoster é
um Manto Marrom que foi subornado pelos
Filhos do Sol para encobrir suas atividades
ilícitas. Turgann faz parte do mesmo esque-
ma. Se os PJs já tiverem passado pela aven-
tura Algo Estranho na Vizinhança, mas não
conseguiram desmascarar o sargento, ainda
há uma chance de desconfiarem deste nome.
Se Pfoster tiver sido desmascarado, o pró-
prio Turgann cuidará do caso. De qualquer
forma, os Filhos do Sol saberão que os PJs já
estão na cidade. Turgann dispensará os PJs
dizendo que os Mantos Marrons cuidarão
do assunto assim que possível.
Os PJs não conseguirão mais coisa alguma
por parte dos Mantos Marrons e provavel-
mente sairão um pouco frustrados da torre.
É hora de agitar as coisas.
Pouco depois da esquina da torre com
a prisão, no lugar marcado com um X no
mapa, há uma aglomeração de guardas e
pessoas visivelmente irritadas. Éo horário de
visita aos presos e todos os visitantes são re-
vistados pelos Mantos Marrons em uma fila
imensa que é (mal) organizada em plena rua.
As visitas ficam liberadas por apenas uma
hora por dia, então a demora dos soldados
na revista irrita os visitantes que terão menos
tempo com seus parentes.
Não há como os PJs saírem da torre sem
esbarrarem com essa multidão. Neste mo-
mento, um dos PJs (escolha ao acaso) sofre
um esbarrão de um jovem que continua
em direção ao Distrito dos Elfos. Depois da
aventura em Eco, é natural que os PJs fiquem
preocupados com suas coisas (ainda mais se
estiverem com o ovo de Shivra). O PJ que so-
freu o esbarrão pode verificar seus pertences
na mesma hora. Se não, depois que o grupo
passar pela multidão, diga que ele está dan-
do falta de alguma coisa. Sua bolsa de moe-
das acabou de ser roubada.
Os PJs podem gritar pelos Mantos Mar-
rons, mas os soldados estão muito ocupados
revistando a multidão impaciente. A única
34
alternativa é eles mesmos irem atrás do la-
drão. Use as regras de Perseguição (ver Edi-
ção Brasileira de Savage Worlds) para esta
cena. Essa é uma Perseguição padrão feita a
pé. Se o PJ só descobrir o roubo depois de
passar pela multidão, permita ao ladrão tirar
uma carta.
Se os PJs alcançarem o ladrão, perceberão
que é um jovem elfo em trajes surrados. As
feições do elfo são belas, mas suas roupas de
frio estão rotas e malcuidadas (ele certamen-
te está passando frio). Quem tiver Conheci-
mento Geral pode fazer um teste. Com um
sucesso, perceberá que o seu fenótipo é típi-
co da nobreza élfica.
O jovem tentará se defender com uma
pequena faca. Se os PJs o atacarem ou se ele
estiver ferido devido à perseguição, todos
os presentes ouvirão subitamente um grito
sobrenatural dizendo PAREM! Entre os PJs e
o ladrão, surgirá a imagem translúcida e bri-
lhante de um elfo em trajes nobres. Seu rosto
está parcialmente descarnado, revelando os
ossos sob a pele, mas o que permanece mos-
tra que era muito belo em vida.Teste Medo
com os PJs. O jovem ladrão, apavorado, vol-
tará a correr e desaparecerá pelas vielas da
cidade. Se os PJs não conseguirem se aproxi-
mar do ladrão, o fantasma aparecerá em seu
caminho, impedindo-os de segui-lo. Teste
Medo da mesma forma.
O fantasma veste uma longa capa presa
com um broche ricamente elaborado com
o desenho de uma árvore de tronco grosso
cheia de galhos e raízes. Seus cabelos são
longos e uma tiara sobre sua cabeça mostra
sua condição de nobreza. O espírito lumino-
so lembra um pouco o de Mikkah, só que é
ainda mais alto e imponente.
– Por favor, deixem-no fugir. Vocês recupera-
rão o que perderam. Apenas imploro que me ou-
çam primeiro.
– Meu nome é Albus Copperleaf, sou um
duque élfico de antes do fim do sol. O rapaz é
Ethienne Copperleaf, nosso último descendente.
Nossa família dominava as florestas desta região
e nosso palácio ficava em um grande carvalho,
quase tão antigo quanto a nossa linhagem. Nos-
so carvalho se foi e os únicos descendentes que
sobraram foram o jovem Ethienne e sua irmã,
Aurora. Por favor, ajudem-no que lhes mostra-
rei como recuperar seus bens e serei eternamente
grato.
 Os PJs poderão pedir algo em troca de sua
ajuda. O fantasma não lhes dará nenhum
objeto, mas possui informações preciosas.
Albus é um espírito antigo que sabe mui-
tas coisas sobre a cidade, apesar de não se
importar muito com seus habitantes (ele
não sabe nada sobre os Filhos do Sol). Ele
conhece as criaturas que vivem nos túneis,
sabe das ruínas da torre que havia onde a
cidade foi construída e, principalmente, sabe
que a Fenda dos Mortos está nessas ruínas.
Ele dará qualquer uma dessas informações
desde que salvem Ethienne. Se os PJs concor-
darem em ajudá-lo, o fantasma continuará:
– É lamentável que o último de nós viva como
um bandido. Sua mãe morreu de tristeza por per-
der tudo que tínhamos: casa, parentes, respeito.
Ethienne se esforçava para cuidar da irmã e conta-
va histórias de nossa família antes do fim do sol,de
nossa força, de nossa coragem. Pelas histórias, ele
descobriu que sementes do nosso antigo carvalho
haviam sido plantadas nesta cidade. Há cinco
anos, descobriu que um broto começou a crescer
perto da Torre do Governante. Como esse broto,
Ethienne entendeu que nossa linhagem poderia
nascer de novo.
– Só que a vida foi dura. Sem conseguirem em-
prego, ele e a irmã tiveram que roubar para sobre-
viver. Aurora foi presa e faleceu ontem na hora em
que os três sóis foram apagados. A sua morte foi
demais pra Ethienne. Hoje, ao anoitecer, ele pre-
tende destruir o broto e dar cabo à própria vida.
Albus pedirá aos PJs para estarem per-
to da Torre do Governante na hora em que
os sóis da cidade forem apagados. O broto
de carvalho ainda é baixo (uns quinze cen-
tímetros de altura), mas ergue-se como um
pequeno príncipe entre a grama pálida e
acinzentada dos jardins.
Após o desligar dos sóis, Ethienne se pros-
trará sozinho em frente ao broto, segurando
sua faca e visivelmente transtornado. Os PJs
precisam convencê-lo a não cometer suicí-
dio. Possíveis argumentos que podem usar:
• Os PJs podem pedir que ele se junte
ao seu grupo. Ethienne é muito hábil e
corajoso e será um aliado valoroso na
luta final.
• Os PJs podem convencê-lo a procurar
Hermann Gloom, o clérigo de Thalrec
(ver SUBCENA 1). Um sucesso simples
em um teste de Persuadir (ou uma boa
representação, a critério do Mestre) é
suficiente.
35
• O Mestre pode deixar os PJs
resolverem tudo nos dados com testes
de Persuadir. Serão permitidas três
tentativas e precisam ser obtidos três
sucessos (cada incremento conta como
um sucesso a mais).
POSSIBILIDADE 1: Os PJs não convencem
Ethienne a não se matar
Se o Mestre achar que os argumentos dos
PJs não foram convincentes, Ethienne dará
um golpe com sua faca na raiz do broto de
carvalho e o arrancará com um puxão. Ele
então grita: Nenhuma vida é eterna! Nada de
bom dura aqui. Em seguida, joga o broto no
chão e corta a própria garganta.
Um Manto Marrom se aproxima do gru-
po, vê o corpo do elfo perto dos PJs e pergun-
ta: O que aconteceu aqui? Peça uma rolagem
de Persuadir dos PJs. Se falharem, eles serão
levados à delegacia dos Mantos Marrons
para prestarem depoimento. O sargento
Pfoster ou Turgann os receberá e pressionará
até que caiam em contradição, quando então
aproveitará a oportunidade para prendê-los.
Se os PJs forem presos neste ou em qualquer
momento da aventura, perderão imediata-
mente o ovo de Shivra (Pfoster o levará aos
Filhos do Sol) e sairão somente na noite do
ritual de abertura da Fenda, quando Fabian
finalmente conseguirá libertá-los.
POSSIBILIDADE 2: Os PJs convencem
Ethienne a não se matar
Se os PJs conseguirem convencer o elfo a
não se matar, Ethienne jogará a faca no chão
e abaixará a cabeça. Eu falhei, ele diz. Neste
momento, outros dois fantasmas aparecerão
ao lado da pequena árvore. São duas elfas,
os espíritos da mãe de Ethienne e de Aurora,
sua irmã. A mais nova se aproxima e lhe diz:
– Você pode sempre tentar de novo se continuar
vivo. E me levará aonde for. Enquanto eu olhar
para você, verei que ainda estamos no mundo, que
ainda podemos fazer a diferença. Nós estaremos
vivos através de você.
Diversas vozes sobrenaturais de repente
ecoam: Nós estaremos vivos através de você.
Uma multidão de espíritos brilhantes de el-
fos em trajes nobres surge, ocupando com-
pletamente a pequena praça. Todos encaram
o jovem Ethienne.
Os espíritos desvanecem aos poucos. Albus
é o último, agradece e lhes dá toda informação
que puder. A Fenda dos Mortos se encontra
imediatamente abaixo da Torre do Governan-
te e há um caminho até ela através de uma pas-
sagem que começa em um bueiro para onde
o fantasma aponta, muito perto dali. Ele tam-
bém diz que há Rastejadores do Esgoto pelo
caminho, então é importante que os PJs andem
constantemente olhando para cima.
CENA 3
CAMINHOS E
ENCRUZILHADAS
O rito está próximo e os PJs precisam en-
contrar a Fenda dos Mortos. Há duas manei-
ras de conseguirem achar o caminho até ela:
através do bueiro indicado pelo fantasma de
Albus Copperleaf ou pelo caminho que se
inicia na casa vermelha do Distrito dos Elfos.
O caminho a partir do bueiro é mais rápido e
oferece menos perigos. O caminho pela casa
vermelha é mais longo e mais complicado.
Há também uma terceira maneira, que se-
ria acompanhando Fabian depois dele liber-
tá-los da prisão (ver CENA 4).
POSSIBILIDADE 1: Os PJs vão à Casa Ver-
melha
Os PJs poderão chegar até a casa vermelha
de duas formas: depois de falar com Athes-
tan, que lhes propõe a troca, ou depois de se-
guir o comerciante de cristais que encontram
no Bar dos Sussurros.
A casa vermelha é uma construção de pe-
dra parecida com um pequeno castelo de
arquitetura élfica. Ela possui telhados cor
de barro e uma pintura vermelha sobre as
pedras que faz um contraste interessante
com a argamassa branca. Há uma pequena
torre em formato cilíndrico com um telhado
pontudo e uma janela de madeira totalmen-
te fechada. A porta principal está num nível
acima da calçada,chega-se até ela através de
uma escada de madeira terracota. É a única
entrada visível, pois as janelas são altas e es-
tão todas fechadas. Não há luzes.
Se estiverem seguindo o comerciante, ele
sobe a escada que leva à porta da frente. Ele
leva uma grande sacola com algo que parece
ser bem pesado. Os degraus rangem a cada
passo devido à umidade. O comerciante for-
ça a porta até abri-la. Há uma estranha pe-
numbra que pode ser vista dentro da casa e
nada mais. Depois que o comerciante fecha a
porta, nada mais se escuta ou se vê. Mesmo
36
que os PJs esperem por muito tempo, não
verão o comerciante sair.
Os PJs podem entrar pela mesma porta. A
madeira parece estufada devido à umidade,
então eles precisarão forçá-la um pouco. Não
há necessidade de testes, mas o barulho do
arrastar da porta ecoará por dentro da casa.
Lá dentro, pequenos lampiões a querosene
iluminam toscamente, permitindo apenas
a visão da sala de entrada. Ela está vazia, o
piso é de madeira desgastada e, como a por-
ta, estufada. Há apenas uma escada que sobe
e outra que desce nas laterais opostas. O am-
biente é úmido e o cheiro de mofo é muito
forte. Ao fundo, há uma passagem para ou-
tro cômodo vazio.
A escada que sobe fica do lado esquerdo
da entrada e leva à torre mais alta. Lá, há um
quarto abandonado cheio de poeira e mofo
com uma janela trancada por dentro que, se
aberta, dá sua visão para a rua. Os PJs não
encontrarão mais nada aqui.
A escada que desce fica do lado direito
e, ao fim, há uma porta fechada. A porta
segue o mesmo padrão das outras: aver-
melhada, desgastada e estufada. Mas há
algo mais. Peça um teste de Perceber do
PJ que chegar até ela. Se for bem-suce-
dido, ele verá pequenas linhas sulcadas,
diferentes das rachaduras da madeira
estufada. Essas linhas parecem ser símbo-
los. Um teste bem-sucedido de Ocultismo
mostrará que se trata de uma espécie de
feitiço de proteção, um incremento indica
que é um selo mágico trancando alguma
coisa.
Na parte de cima da porta, um pequeno
tríscele pode ser visto.
 Se os PJs forçarem a porta, perceberão
que ela não está trancada, mas range como
a da entrada. O interior é ainda mais escuro
e úmido, mas a temperatura é menos fria.
Há uma luz bruxuleante após uma curva em
um túnel que é a única iluminação visível.
De resto, eles mal podem ver o ambiente ao
seu redor.
Se acenderem alguma fonte de luz por
equipamento ou magia, perceberão que se
encontram numa espécie de caverna arti-
ficial, cujas paredes são pedras emassadas
umas nas outras. A caverna segue para a luz
bruxuleante, mas há uma abertura lateral
que é visível apenas se os PJs tiverem uma
fonte de luz ou puderem enxergar no escuro.
Se andarem em direção à luz, verão, cin-
co metros à frente, um corpo caído no chão.
Uma observação minuciosa mostrará que é o
comerciante, morto e sem a sua sacola. Um
teste bem-sucedido de Perceber revelará que
ele foi atingido por algo muito pesado. Seus
ossos faciais estão partidos e a cabeça está es-
tourada na nuca devido ao impacto contra a
parede de pedra. Sangue quente escorre de
sua boca.
Uma ampliação no teste de Perceber
mostrará que o comerciante foi jogado com
muita violência contra as pedras. Ele está
voltado para uma parte da caverna comple-
tamente escura.
Se alguém resolver investigar a abertura
lateral, verá que ela dá em uma câmara me-
nor. No canto oposto à entrada, há uma pi-
lha grande de pedras. Duas pequenas luzes
se acendem perto do topo da pilha. A pilha
se ergue e começa a se mover. O chão treme
a cada passo que ela dá.
Um Golem de Pedra estava na condi-
ção Aguardando e esperou os PJs estarem
próximos o bastante para atacar. Conduza
o combate normalmente e imponha uma
condição de -2 aos ataques dos PJs que não
puderem enxergar no escuro, se não houver
outra fonte de luz. A criatura não sofre essa
penalidade.
Se os PJs sobreviverem e seguirem pelo tú-
nel iluminado, verão,no final, uma abertura
que dá diretamente para um pequeno cór-
rego cruzando o caminho. Os PJs chegaram
ao interior de uma grande vala coberta por
uma grade e o cheiro da água corrente é acre
e podre. Este é o sistema de esgotos de Cata-
37
ratas da Morte. A partir daqui, eles seguem
pelos esgotos como se tivessem descido pelo
bueiro.
POSSIBILIDADE 2: Os PJs entram pelo
bueiro indicado pelo fantasma
Entrar pelo bueiro permite que os PJs che-
guem à rede de túneis dos esgotos sem preci-
sarem enfrentar o Golem de Pedra. Uma es-
cada à lateral do bueiro leva-os diretamente
ao poço onde o esgoto é despejado.
PROSSEGUINDO...
Os PJs chegam a uma espécie de poço
onde o veio de esgoto é despejado. Um novo
tríscele, idêntico ao que se encontra na casa
vermelha, indica uma saída para um novo
túnel à frente.
Os trísceles foram marcados pelos Filhos
do Sol para eles se orientarem, mas o sím-
bolo pertencia ao antigo mago que vivia no
local sobre o qual Cataratas da Morte foi
construída. Se algum PJ quiser saber algo
sobre o tríscele, permita um teste de Ocul-
tismo ou Conhecimento Geral. Um sucesso
é suficiente para saber que o símbolo se rela-
ciona ao mago, mas somente um incremento
permite entender seu significado. O tríscele
mostra a união de três mundos: o dos vivos,
o dos mortos e os infernos.
Seguindo em frente, os PJs passam por um
labirinto de canos e esgotos, com seu cami-
nho indicado pelo símbolo. Só que eles não
estão sozinhos. Sem eles saberem, Athestan
e seus mercenários estão seguindo-os pelos
túneis desde a casa vermelha. Eles não farão
um ataque direto aos PJs neste momento,
porque conhecem esses esgotos o suficiente
para saber que talvez não precisem sujar as
mãos.
Conforme o fantasma de Albus avisou,
há criaturas escondidas observando os PJs
do alto. Quando os PJs passaram do poço
e entraram nos túneis de esgoto a frente,
chamaram a atenção de 1d10 Rastejadores
do Esgoto, que começaram a segui-los. Se
os PJs estiverem olhando para cima, se-
guindo a orientação do fantasma, permita
um teste de Perceber para notar o ataque.
Um sucesso basta para que as criaturas
sejam descobertas: jogue iniciativa nor-
malmente. Caso contrário, faça o ataque
das criaturas primeiro, com a habilidade
Envolver.
 Se os PJs vencerem, precisarão andar mui-
to pouco para chegar à torre do mago, que
fica exatamente sob o centro de Cataratas da
Morte. Eles chegarão na hora certa.
CENA 4
O FIM DA ESCURIDÃO
Exatamente embaixo da Torre do Gover-
nante há um grande portal de pedra cheio
de inscrições e um tríscele grande na parte
de cima. O estilo arquitetônico do portal não
se parece com nada que os PJs já viram. Um
teste bem-sucedido de Conhecimento Geral
mostrará que se trata de uma construção an-
terior à explosão do sol.
Passando pelo portal, há uma câmara sub-
terrânea ampla, que parece ruínas do mesmo
estilo arquitetônico da entrada. As paredes
desabadas e os pilares rachados indicam que
o local foi destruído há muito tempo, mas a
estrutura não colapsou.
Os PJs podem chegar até este ponto de
duas formas. Uma delas é atravessando a
galeria de túneis, que passa pelo Golem de
Pedra e pelos Rastejadores do Esgoto. Outra
possibilidade é, caso tenham sido presos e
resgatados por Fabian, serem levados à for-
taleza dos Sem Voz e de lá chegarem à Fenda
por uma passagem conhecida apenas por al-
guns necromantes.
POSSIBILIDADE 1: Os PJs entram na câ-
mara pelo esgoto
Se os PJs chegarem à câmara da Fenda
pelos túneis de esgoto, alcançarão as ruínas
antes do ritual começar. Uma leve penumbra
azulada ilumina o ambiente, vinda da racha-
dura brilhante flutuando no ar. Ela tem o ta-
manho de um homem alto. Ao seu redor, três
pessoas com o manto dos Sem Voz entoam
feitiços. De suas mãos, uma energia sutil e
fria é emanada até a rachadura. As três estão
completamente concentradas no que fazem
e o esforço é visível em seus rostos suados.
Antes dos PJs chegarem perto dos ne-
cromantes, eles ouvirão zumbidos de setas
sendo disparadas e atingindo em cheio os
guardiões da Fenda. As setas parecem vir de
várias direções diferentes. Cada necromante
é atingido por duas setas, em diferentes pon-
tos vitais. A fenda, imediatamente, começa a
brilhar mais forte e a crescer.
Douglas Dervin surge de algum lugar
com quatro membros dos Filhos do Sol. Os
38
cinco estão vestidos com mantos dourados
com o símbolo da ordem estampado em
suas costas.
Se entrarem escondidos na câmara, os PJs
poderão tentar um ataque surpresa agora.
Entretanto, eles não possuem uma visada
direta de Douglas Dervin. Os outros Filhos
do Sol estão ao redor dele. Qualquer teste de
Atirar para tentar atingir Dervin será feito
com um redutor de -2. Antes, permita que
Dervin faça um teste de Perceber. Lembre-se,
ele é uma Carta Selvagem.
Se Dervin percebê-los ou se os PJs entra-
rem na câmara sem se preocupar em serem
vistos, dispare nos necromantes normal-
mente e faça Dervin entrar com seus quatro
acompanhantes, dizendo:
– Nos encontramos no fim da escuridão, no
alvorecer do verdadeiro dia. Não façam nada, há
mercenários aqui com bestas apontadas para to-
dos vocês. Em segundos estariam todos mortos.
Entreguem-se e os deixaremos contemplar uma
nova era e o fim de toda a desgraça que se abateu
sobre este planeta.
Se os PJs estiverem com o ovo, Douglas
Dervin estende a mão e lhes diz: Entreguem-
-me o ovo de Shivra.
Há seis mercenários escondidos com bes-
tas armadas e apontadas para os PJs. Se os
heróis tentarem algo, faça-os tirar uma carta:
apenas um coringa ou uma carta de espadas
permite que ajam primeiro. Qualquer carta
de ouros ou copas faz os mercenários darem
tiros de aviso que atingem o chão. Uma carta
de paus faz os mercenários dispararem nos
PJs, um disparo para cada um. Além disso,
Athestan surge dos túneis com o que restou
de seus capangas, também armados e pron-
tos para atacá-los.
Com a situação dominada, Douglas Der-
vin iniciará o ritual. Ele retira de uma bolsa
dois cristais luminosos: um vermelho, reti-
rado do comerciante morto no Distrito dos
Elfos, e um azul, com a alma de Mikkah. Em
seguida, retira da bolsa um pedaço de ro-
cha escura, como um meteorito. Ele arruma
esses três ingredientes nos vértices de uma
cruz imaginária na frente da Fenda e deixa o
último para o ovo de Shivra.
Quando Douglas inicia os cânticos, a Fen-
da começa a reagir. Primeiro, ela brilha com
mais intensidade e fica maior do que um
cavalo. Depois,começa a se contorcer. Mãos
fantasmagóricas aparecem em suas laterais,
forçando a abertura. Diversas névoas bri-
lhantes emergem da rachadura e voam por
dentro da câmara. São espíritos que estão
invadindo o mundo dos vivos. Alheio a tudo
isso, Douglas parece estar em êxtase, até reti-
rar da sacola um último item: uma marreta.
O Filho do Sol atinge o cristal vermelho,
liberando uma energia vermelha e negra que
é imediatamente absorvida pela Fenda. Em
seguida, ele golpeia o meteorito e uma névoa
alaranjada se eleva, sendo também atraída
pela rachadura, que agora cresce até o tama-
nho de uma velocarruagem.
Todo o local começa a tremer e a ruir. O
crescimento da Fenda dos Mortos está aba-
lando as estruturas da própria torre. É neste
momento que chegam os Sem Voz e os PJs
têm uma chance de reação. Se os PJs tiverem
sido presos, eles chegam agora.
POSSIBILIDADE 2: Se os PJs forem presos
Se os PJs foram presos por algum motivo
(há algumas possibilidades durante a aven-
tura), Fabian, dias depois, usará sua influên-
cia sobre os Mantos Marrons para libertá-los.
Ele os levará à fortaleza dos Sem Voz e dirá
para irem à Fenda imediatamente. Os sinais
indicam que o ritual já começou.
Eles descem até uma passagem subterrâ-
nea e dali chegam à entrada da câmara. Os
PJs e os Sem Voz sentem o chão tremer à
medida que avançam. Quando alcançam as
ruínas, encontram os Guardiões mortos e a
Fenda do tamanho de uma velocarruagem.
PROSSEGUINDO...
O combate se inicia. Tire uma carta de ini-
ciativa para Fabian, uma para os Sem Voz,
uma para os mercenários escondidos, uma
para Athestan, uma para seus capangas e
uma para os Filhos do Sol, que acompanham
Douglas Dervin. O único que não participará
do combate é o próprio Douglas Dervin, que
está obcecado por terminar o ritual.
Recomendamos usar dez marcadores e
tirar um a cada rodada em que Douglas es-
tiver fazendo seu rito sem ser perturbado.
Cada vez que um marcador for retirado, to-
dos devem fazer um teste de Agilidade (ini-
migos também, faça um teste para cada gru-
po). Uma falha significa que um 1d8 de dano
é causado por algum pedaço da estrutura da
câmara, que está desmoronando. Na décima
39
rodada, o ritual estará terminado e a Fenda
dos Mortos estará completamente aberta.
O ritual será interrompido se alguém
atingir Douglas Dervin. Se o rito prosse-
guir, após duas rodadas a Fenda dos Mor-
tos ficará tão grande que rachará o teto da
câmara. Em três rodadas, ela quebrará o teto
e emergirá dos subterrâneos, passando a ser
vista do lado de fora. Em cinco rodadas, ela
já estará mais alta que a Torre dos Mantos
Marrons e todos que estiverem na Zona de
Verão conseguirão vê-la.
Se Douglas Dervin for atingido, cairá na
condição de Abalado e parará o ritual. Neste
momento, interrompa a retirada dos marca-
dores. A Fenda irá parar de crescer e o local
ficará estável. Douglas levantará as mãos
para os céus e pedirá pelo auxílio de Ihlanar.
Surpreendentemente, a deusa surgirá na
frente da Fenda.
O que parece ser Ihlanar é, na verdade,
Dohrmiann disfarçado. Nesta forma, ele tem
a aparência de uma bela mulher com mais
de seis metros de altura, olhos flamejantes,
pele e cabelos escuros, runas brilhantes sobre
o corpo, carregando uma espada. A cada ro-
dada, ela atacará qualquer um que ameaçar
Douglas, enquanto realiza um feitiço de Cura
para recuperá-lo.
Quando o clérigo estiver curado, ele con-
tinuará o ritual ainda mais empenhado que
antes. Volte a retirar os marcadores e a fazer
os testes de Agilidade.
Assim que se recuperar do primeiro gol-
pe, Douglas usará a marreta para destruir o
cristal onde estava aprisionado o espírito de
Mikkah. O fantasma do elfo se libertará, mas
imediatamente será sugado para a Fenda.
Ele tentará se agarrar na borda, mas demô-
nios menores surgirão do outro lado e tenta-
rão puxá-lo para dentro.
Neste momento, um guincho poderoso
é ouvido acima das cabeças dos PJs. Dos
céus, surge um imenso dragão de escamas
peroladas que ataca Dohrmiann disfarçado
de Ihlanar com um poderoso bafo de luz in-
candescente. Das costas do dragão, salta um
rapaz pequeno, com uma espada brilhante,
que ataca os demônios que agarravam o fan-
tasma de Mikkah. É Raphaellus, que chegou
sobre as costas de Shivra.
Quando Shivra pousa, todos os presentes
precisam passar em um teste de Agilida-
de ou ficarão Abalados por uma rodada. A
dragonesa, após atingir Dohrmiann, pousa
exatamente sobre o seu ovo e o pega imedia-
tamente com as garras. A aparição de Ihlanar
passa, então, a atacar a dragonesa, tentando
pegar novamente o ovo.
Se Etienne ou Grace não foram salvos,
Dohrmiann ,na forma de Ihlanar, evoca seus
fantasmas corrompidos e os coloca para pro-
teger Douglas Dervin. Os PJs terão de lidar
com eles, se quiserem encerrar o ritual, mas
Raphaellus poderá ajudá-los.
Faça um ataque de Dohrmiann à dragone-
sa a cada rodada. Se ele atingi-la, ela soltará
o ovo e Douglas o pegará para continuar o
ritual. Continue retirando os marcadores.
Quando terminarem os marcadores, Douglas Shivra alça voo com Raphaellus e aban-
quebrará o ovo e o ritual estará terminado. dona a todos. Com a ajuda dos Sem Voz
restantes, os PJs são retirados da cidade
CENA 5 pelos túneis subterrâneos. Os horrores de
debaixo da cidade, àquela altura, se torna-
EPÍLOGO ram menores que os de cima.
A cena terminará quando Douglas for
A partir desta noite, Cataratas da Morte
atingido novamente ou se ele quebrar o ovo
foi oficialmente fechada e posta sob quaren-
e completar o ritual. Se Douglas completar o
tena. Todos os acessos estão bloqueados e a
ritual, descreva o seguinte para os Jogadores:
cidade se tornou um território de demônios
POSSIBILIDADE 1: O ritual é completado
dominado por Dohrmiann.
Todo o chão ao redor da Torre do Gover-
POSSIBILIDADE 2: O ritual é interrompi-
nante desmorona, incluindo a própria Torre.
do novamente
Tudo parece estar sendo sugado para dentro
Se Douglas for atingido pela segunda vez,
da Fenda, até mesmo os feitiços de calor da
passará novamente à condição de Abalado. Ele
cidade. Em contrapartida, espíritos e outros
olhará para a Fenda e verá que não há nenhum
seres demoníacos jorram da abertura, se es-
sol chegando, que foi tudo em vão. Desespera-
palhando pelos céus de Cataratas da Morte.
do, gritará e acusará Ihlanar de tê-lo enganado,
Alguns descem ao solo e se materializam,
alimentando-o com esperanças vazias.
atacando os moradores. A cidade está em
Dohrmiann, na forma de Ihlannar, mes-
caos.
mo lutando contra Shivra, gritará ao PJ que
Enquanto isso, Douglas olha diretamente
atingiu Douglas: Mate-o, ou ele não parará
para a Fenda à sua frente, completamente
nunca. Mate-o, ou será o fim de tudo!
alheio à desordem que acabara de causar. A
Os PJs deverão decidir o que fazer:
falsa Ihlanar assume sua forma verdadeira, o
• Se atacarem Douglas: o clérigo não
monstro chamado Dohrmiann, que se volta
evitará a própria morte. Sua frustração
para ele e diz:
atingiu o ápice e a vida não significa
– Está feito, idiota. Não há mais o que esperar, mais nada para ele. Um golpe será
a Fenda está aberta. suficiente para matá-lo. Sua alma
– Mas e o sol? E nossa esperança? Fizemos abandonará imediatamente o corpo e
tudo direito, o que falta? irá para Dohrmiann, que assumirá sua
– O sol está aí dentro. Vá até ele! Vá vê-lo em forma verdadeira. O demônio estará
todo o seu esplendor. livre e poderoso o suficiente para se
Douglas se dirige à Fenda, completamente manifestar no mundo físico. Ele afastará
atônito e nem reage quando dois demônios a dragonesa, abrirá suas asas e alçará voo,
separam seu corpo em pedaços, puxando-o saindo da cidade em direção à escuridão
para dentro da abertura. da Vastidão Gélida. Certamente será um

40
 adversário poderoso, com quem os PJs
terão de lidar no futuro.
• Se pouparem Douglas Dervin: a falsa
Ihlanar sucumbirá ao último golpe de
Shivra e cairá, voltando à sua forma
verdadeira de demônio, porém sem
forças para se manifestar no mundo
dos vivos. Ele se dissolverá em chamas,
desaparecendo. Douglas será preso
pelos Sem Voz.
Em qualquer das duas opções, os Sem Voz
restantes agirão sobre a Fenda assim que o
caminho estiver livre, forçando-a com seu ri-
tual até ela voltar ao tamanho original.
Fabian se aproxima dos PJs e agradece
pela ajuda. Naquele momento, eles salvaram
Cataratas da Morte de se tornar um antro de
demônios que, certamente, se espalhariam
pelo resto do mundo. Seus nomes serão sem-
pre falados dentro da ordem, que estará em
dívida eterna com eles.
Shivra assume a sua forma humana e se
dirige aos PJs do lado de Raphaellus e do
fantasma de Mikkah. Raphaellus pede des-
culpas por ter sumido de repente e conta que
precisou ir até as montanhas Pilares do Céu
para informar à dragonesa do que aconteceu
com o seu ovo. A dragonesa o perdoou e
veio com ele resgatá-lo pessoalmente.
Shivra agradece aos PJs por lutarem por
seu filho e alça voo com Raphaellus em suas
costas.
PERSONAGENS
DOUGLAS DERVIN
– Ver Ecos da Cidade (pág. 26)
Douglas não irá parar até conseguir trazer
o sol de volta a este mundo.
ATHESTAN
– Ver aventura Ecos da Cidade (pág. 26)
Athestan cumprirá sua missãoaté o fim:
garantir que os Filhos do Sol farão o ritual
com todos os ingredientes necessários. Se
algumas mortes forem necessárias para isso,
tanto faz.
DOHRMIANN
Na forma de Ihlanar, Dohrmiann tem a
aparência de uma mulher bela, de longos
cabelos negros e a pele escura, com olhos
flamejantes e runas brilhantes espalhadas
41
pelo corpo. Em sua forma verdadeira, ele
tem uma cabeça de antílope, a pele vermelha
escamosa, enormes asas com penas negras,
mãos com garras e um corpo serpentino do
tronco para baixo.
• Atributos: Agilidade d8, Astúcia d12,
Espírito d10, Força d12, Vigor d10
• Perícias: Conhecimento Geral d10,
Conjurar d8, Lutar d10, Intimidar d8,
Ocultismo d10, Perceber d8,
Persuadir d12
• Movimentação: 6 (10 em voo);
Aparar: 7; Resistência: 19 (4)
• Idiomas: Todos
• Equipamento: Espada Incandescente
(For+d8, apenas na forma de Ihlanar)
• Vantagens: Antecedente Arcano
(Magia), Carismático, Mago
• Complicações: Arrogante, Cauteloso,
Forasteiro
• Habilidades Especiais:
₋ Armadura +4: Sua pele é mais
resistente que a de meros mortais
₋ Garras: For + d8 (apenas na forma
verdadeira)
₋ Medo: Rolagens de Espírito, em caso
de falha role na tabela de Medo
₋ Tamanho +8: O Demônio é realmente
grande
₋ Ataque de Cauda: (apenas na forma
verdadeira).
₋ Drenar Almas: a cada rodada em que
alguém perto de Dohrmiann morrer,
ele poderá fazer um teste de Conjurar
para absorver a alma do moribundo e
recuperar um nível de Ferimento sem
gastar ações para isso).
₋ Poderes (30 pontos): Dorhmiann tem
todos os poderes possíveis para si.
FABIAN COLDSOUL
– Ver Ecos da Cidade (Pág. 23)
Fabian precisa convencer os Sem Voz a
impedirem Douglas Dervin e os Filhos do
Sol.
ETHIENNE COPPERLEAF
Descendente de uma antiga linhagem de
nobres elfos, Ethienne hoje precisa roubar
para sobreviver. Entretanto, um grupo de
aventureiros deu a ele uma nova esperança
de resgatar a honra e a dignidade de sua li-
nhagem.
 • Atributos:Agilidade d8, Astúcia d6,
Espírito d6, Força d6, Vigor d6
• Perícias: Atirar d8, Curar d4,
Furtividade d6, Ladinagem d6, Lutar d8
• Movimentação: 8; Aparar: 6;
Resistência: 5
• Idiomas: Comum, Élfico
• Equipamento: Faca (For + d4), Arco de
família (Alcance: 12/24/48, Dano: 2d6+1,
CdT 1, 40 flechas)
• Complicações:Analfabeto, Desajeitado,
Desejo de Morrer
• Vantagens: Corajoso, Ligeiro
• Habilidade Especial: Visão no Escuro
RAPHAELLUS
Use a ficha apresentada em um Dia de
Caça (pág. 11) com a seguinte adição:
• Equipamento: Traje Antifrio Completo,
Espada Mágica (For + d6 +2 contra
seres de outros planos)
SHIVRA, A DRAGONESA
Despertar de um longo sono e descobrir
que seu único ovo, a esperança de sua espé-
cie, foi levado era demais para ela. Agora, o
elfo destinado a protegê-la está à sua frente,
implorando perdão. Shivra fará de tudo para
ter seu único descendente novamente seguro
em seus domínios.
• Atributos: Agilidade d8, Astúcia d8,
Espírito d8, Força d12+2, Vigor d12
• Perícias: Conhecimento Geral d10,
Conjurar d8, Curar d8, Lutar d10,
Intimidar d10, Perceber d12
• Movimentação: 8; Aparar: 7;
Resistência: 20 (4)
• Idiomas: Anão, Comum, Élfico, Goblin,
Grayn, Mekkelion
• Vantagens: Antecedente Arcano
(Magia), Carismático, Comando,
Corajoso, Duro de Matar, Presença de
Comando
• Complicações: Cauteloso, Curioso,
Pacifista
• Habilidades Especiais:
₋ Armadura +4:
₋ Ataque de Cauda:
₋ Bafo de Luz: 2d10 de dano por fogo
₋ Frenesi: Pode usar a Vantagem de
mesmo nome atacando com sua boca e
suas garras
₋ Garras/Mordida: For +d8
42
₋ Medo: Qualquer que veja este
imponente dragão deve fazer um teste
de medo
₋ Tamanho +8: Shivra é realmente
colosal.
₋ Poderes (30 pontos): Shivra tem todos
os poderes possíveis para si.
MANTOS MARRONS
– Ver Livro Básico de Winter Eternal (pág.
155)
Os Mantos Marrons já foram uma organi-
zação confiável em Cataratas da Morte, mas
há indícios de corrupção e suborno dentro
de suas fileiras.
MAGOS FILHOS DO SOL
Estes homens são alguns entre os mais
eruditos dos Filhos do Sol. Três magos re-
solvem acompanhar Douglas Dervin em seu
ritual insano.
• Atributos: Agilidade d6, Astúcia d8,
Espírito d6, Força d4, Vigor d6
• Perícias: Conjurar d6, Lutar d6,
Ocultismo d6, Perceber d6
• Movimentação: 6; Aparar: 5;
Resistência: 5
• Equipamento: Faca (For + d4), Livro de
Magia
• Vantagens: Antecedente Arcano
(Magia), Conexões (Filhos do Sol),
Erudito
• Complicações: Delirante, Leal (ao
culto)
• Poderes (10 pontos): Armadura,
Atordoar (Explosão de Luz), Banir,
Cura, Deflexão, Detectar Arcano,
Dissipar, Explosão (Luz), Iluminar,
Socorro.
SEM VOZ
Os Sem Voz são uma organização que
evita intrometer-se nos assuntos da cidade
que não envolvam o contato com espíritos.
Só que a Fenda dos Mortos, sua missão mais
sagrada, está ameaçada e eles precisam in-
tervir.
• Atributos: Agilidade d4, Astúcia d8,
Espírito d6, Força d4, Vigor d6
• Perícias: Conjurar d6, Lutar d4,
Ocultismo d8, Perceber d6
• Movimentação: 6; Aparar: 4;
Resistência: 5
 • Equipamento: Símbolo da Ordem dos
Sem Voz, Livro de Magia
• Vantagens: Antecedente Arcano
(Magia), Conexões (Mantos Marrons,
governo de Cataratas da Morte)
• Complicações: Código de Honra
• Poderes (20 pontos): Banir, Barreira,
Campo de Dano (Frio), Detectar
Arcano, Medo, Obscurecer, Raio (Frio),
Sono
MERCENÁRIOS DE ATHESTAN
– Ver Ecos da Cidade (pág. 26)
Total de mercenários: 6, alguns dos quais
os PJs encontram no Bar dos Sussurros.
MERCENÁRIOS DE DOUGLAS
DERVIN
Além dos mercenários que acompanham
Athestan, Douglas Dervin contratou alguns
com recursos dos Filhos do Sol. Tudo para
garantir que o ritual seja bem-sucedido. São,
no total, 6 mercenários escondidos nas ruí-
nas da Fenda dos Mortos, com suas bestas
apontadas para os que ameaçarem o traba-
lho do seu empregador.
• Atributos: Agilidade d6, Astúcia d6,
Espírito d4, Força d6, Vigor d6
• Perícias: Atirar d8, Furtividade d8,
Lutar d6, Perceber d6
• Movimentação: 6; Aparar: 5;
Resistência: 5
• Equipamento: Espada Curta (For+d6),
Besta (Dano: 2d6, Alcance: 15/30/60,
CdT 1, 10 setas cada mercenário)
43
GOLEM DE PEDRA
– Ver Livro Básico de Winter Eternal, pá-
gina 146
RASTEJADORES DOS ESGOTOS
– Ver Livro Básico de Winter Eternal, pá-
gina 150
ETHIENNE E GRACE
CORROMPIDOS
Eles eram pessoas como nós, tentando
sobreviver de todas as maneiras possíveis.
Infelizmente, não resistiram às muitas difi-
culdades da vida e acabaram sucumbindo.
Por seu desespero, Dohrmiann capturou
suas almas e as corrompeu, tornando-os
seus servos demoníacos e fantasmagóricos.
Seus espectros são versões monstruosas da
bela aparência que tinham em vida.
• Atributos: Agilidade d8, Astúcia d6,
Espírito d12, Força d8, Vigor d8
• Perícias: Lutar d10, Intimidar d12+2,
Perceber d12, Provocar d10,
Psiquismo d10, Furtividade d12+4
• Movimentação: 6; Aparar: 7;
Resistência: 6
• Habilidades Especiais:
₋ Toque da Morte: (a cada ataque bem-
sucedido, teste Psiquismo para ativar
este Poder. O fantasma atravessa seu
alvo com o ataque. Seu efeito é de
1d10+2 de dano, cancelando qualquer
resistência dada por Armadura. O alvo
sente-se como se estivesse congelado,
mas não há efeitos visíveis de frio).
₋ Etéreo: só podem ser atingidos por
magia ou armas especiais
₋ Medo –2: causam testes de Medo com
–2 quando visíveis.