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HISTÓRIA ANTIGA

Livro: A evolução cultural do homem. Gordon Childe.


Capítulo 5: A revolução neolítica.
O capítulo fala sobre a mudança na atitude do homem em relação à natureza ao longo da história, especialmente
durante as épocas glaciais e após o seu término. O autor sugere que, durante as épocas glaciais, os seres humanos
não realizaram grandes modificações em sua abordagem em relação à natureza. Eles se limitaram a colher recursos
naturais, mas ao longo do tempo, melhoraram suas técnicas de coleta e aprenderam a selecionar o que coletavam.
Nesse período, a relação entre os humanos e a natureza era basicamente de coleta e uso dos recursos disponíveis. O
autor argumenta que, logo após o término das épocas glaciais, a atitude do homem, ou pelo menos de algumas
comunidades humanas, mudou drasticamente em relação ao ambiente natural. Isso teve consequências
revolucionárias para a espécie humana como um todo. Eles passaram a controlar a natureza, ou pelo menos a
cooperar de forma mais eficaz com ela. Isso provavelmente se refere ao início da agricultura e da domesticação de
animais, que permitiu uma produção mais estável de alimentos e o estabelecimento de assentamentos
permanentes. O capítulo também menciona que o período de mudança de atitude após as épocas glaciais é uma
pequena fração da história total da humanidade na Terra. Cerca de 15.000 anos são vistos como o período pós-
glacial, em contraste com um período anterior de aproximadamente 250.000 anos em que os humanos ou seres
semelhantes a humanos existiram na Terra. O autor diz que houve passos nos quais esse controle se tornou efetivo,
o autor destaca esse passos como revoluções. A primeira, transformou a economia humana, dando ao homem o
controle sobre o abastecimento de sua alimentação. O homem começa a cuidar da sua alimentação, plantando,
cultivando e domesticando espécies de animais. Uma escola alemã acreditava que essas funções eram divididas por
comunidades, enquanto uma apenas cultivava outra domesticava, não sendo uma tarefa exclusiva de uma
comunidade. Na Europa central e China ocidental, onde a agricultura mista foi predominante, os arqueólogos
encontraram indícios de que estas sociedades viviam apenas de produção agrícola e um pouco da caça. As
civilizações mais importante para a formação do legado cultural citado no livro tinha como dieta o trigo e a cevada,
que estão na base de sua economia. Para preparar esse alimentos é necessário um certo cuidado, no entanto, esses
cuidados são periódicos, ou seja, quem planta esses frutos pode ocupar-se de outras profissões. Devido escavações
bem sucedidas encontrou-se foices em cavernas palestinas, justamente com ferramentas adequadas a uma
economia de coleta, dando a concluir que o cultivo de cereais iniciou na Palestina, em em proximidades. A adoção de
uma economia produtora de alimentos influenciou a vida dos seres humanos. A comunidade coletora foi limitada,
devida ao abastecimento de alimentos que existiam na comunidade, esforços humanos não poderiam aumentar a
quantidade de peixe ou outros animais de caça. No entanto, a economia produtora rompe com ele limite imposto
pela coletora, para aumentar o abastecimento de alimentos bastava semear mais e colocar mais terras em uso,
tendo assim mais alimentos disponíveis a população. Os filhos voltam a tornar-se economicamente úteis, para os
caçadores, antes eram um peso, mais bocas para alimentar. Após escavações nessas áreas que a economia
produtora era principal, foi possível perceber um grande aumento populacional. Adotar a economia produtora não é
necessariamente sinônimo de adotar uma vida sedentária. O autor diz que essas comunidades adotavam a “cultura
da enxada ou horta”, é uma agricultura de pequena escala, tecnologia simples sua produção de alimentos é apenas
para sua subsistência.
O autor diz que Perry criou uma teoria sobre a origem da agricultura egípcia, no entanto, essa teoria é apenas
especulativa. Durante os períodos mais antigos os aldeamentos agrícolas no Vale do Nilo, a precipitação pluvial na
Ásia Menor e África do Norte era mais abundante do que atualmente, de forma que a irrigação não constituía
apenas o único método de crescer plantações. O cultivo de cereais expandiu rapidamente, por exemplo, no norte da
Síria, Iraque e o planalto Persa, a agricultura migratória explica essa expansão rápido. Para cultivar no Egito não era
simples, em seu estado natural especula-se que o Vale Do Nilo deve ter sido uma junção de pântanos, para cultivar
ali era necessário drenar os pântanos e limpá-los, tal tarefa, só seria possível para uma sociedade bem organizada e
equipada com ferramentas eficientes. Em praticamente todos os aldeamentos produtores de alimentos antigos tinha
como a indústria básica sendo a agricultura mista, além do cultivo de cereais, os animais foram criados para servir a
alimentação. Essa economia é característica da fase neolítica. Os animais destinados à alimentação era: gado de
chifre, carneiros, cabras, porcos e aves.
Gado de chifre: pastos ricos, estepes irrigados, vales com água natural, florestas não tão densas.
Porcos: pântanos ou matas.
Carneiros e cabras: podem vivem em secas, não no deserto, regiões montanhosas.
Cabras selvagens: provavelmente viviam nas montanhas da Eurásia. Os carneiros selvagens viviam nos mesmos
locais, tendo eles 3 variações: ovis musimo, pátria do urial e argali. Não existe carneiros selvagens na África, o que
nós dá indícios da redução de probabilidade de ter sido o Egito o iniciador da agricultura mista.
O período em que a economia produtora de alimentos se estabeleceu, foi durante uma crise climática. Devidos os
problemas climáticos, houve um desvio para o norte no Atlântico. Os aguaceiros que inundaram outrora a África do
N. e a Arábia foram desviados da Europa. E portanto, ocorre a seca.
Os caçadores habituaram-se utilizar os filhotes de animais selvagens para rituais ou diversão. Durante as secas o
caçados não só atrai os filhotes como os rebanhos inteiros, trazendo esses grupos para perto ele estará no caminho
de domesticar los. Portanto, ele terá de exercer critérios e discriminações no uso de sua reserva de carne. Ao abater
os mais rebeldes em relação a domesticação terá iniciado a criação seletiva, eliminando os mais rebeldes e
favorecendo os mais dóceis. Com o decorrer do uso dessa prática, e obtendo conhecimentos sobre os animais foi se
criando rebanhos que agora dependiam do homem. Esse resultado só pode acontecer se as condições climáticas
peculiares (secas) continuarem.
Os animais domesticados eram considerados fonte potencial de carne ou uma caça fácil. As descobertas sobre os
benefícios dos animais aconteceu lentamente, no entanto, foram importantes para as sociedades, como o leite da
vaca, o pelo das ovelhas e cabras. A lã das ovelhas é originada da criação seletiva, e era desconhecida pelos egípcios
ainda depois de 3000 a.C. Mas na Mesopotâmia, as ovelhas estavam sendo criadas por causa de sua lã antes mesmo
daquela data.
Se o número de animais forem pequenos, eles serão alimentados com os restos da colheita, mas em condições
climáticas normais, eles irão alimentar-se dos pastos naturais em torno do aldeamento. Mas quando o rebanho
diminuir drasticamente, árvores e Matos poderão ser derrubados para dar lugar ao pasto, em um vale de rio Campos
especiais eram limpos ou irrigados para servir de pasto. Talvez teriam plantações, colheitas e enceleiramento de
produtos destinados apenas aos animais. Em determinadas estações do ano, os animais poderiam ser levadas a
outros lugares que não houvesse mudanças no seu habitual.
Essas práticas não estão distantes de uma economia pastoril, no qual, o cultivo encontra-se insignificante. O
nomadismo exclusivamente pastoril é ilustrado por vários povos do velho mundo. Não é possível datar esse modo de
vida, já que os pastores não deixam muitos rastros para serem investigados pelos arqueólogos. Usam vasilha de
couro, vivem em tendas.
Independente da origem, a criação de animais trouxe ao homem um controle de seu abastecimento. A produção de
alimentos não substitui a coleta. O cultivo a princípio era visto como na atividade feminina, enquanto os homens
caçavam. No entanto, aos poucos a agricultura conquistou posição de indústria.
Após a segunda revolução, a caça torna-se um esporte ritual, ou uma indústria especializada praticada por
“profissionais” dentro da comunidade, ou por sociedades independentes, mas economicamente dependente da
civilização agrícola.
Dois aspectos da economia simples merece atenção: a produção mesmo a mais simples proporciona oportunidade
para o acúmulo de excedentes, os grãos não devem ser consumidos imediatamente, mas devem ser armazenados
para durar até a próxima colheita. Os animais protegidos contra a seca não deve ser abatidos, as vacas e cabras
novas devem ser poupadas e criadas para proporcionar leite e aumentar o rebanho, após esse entendimento, a
acumulação de um excedente torna-se mais fácil para o produtor de alimento do que os coletores. O
armazenamento dos grãos e carnes, resultará em excedentes que conseguirão alimentar a comunidade em períodos
de saca ou fracassos da colheita. Construindo as bases do comércio rudimentar, e com isso abrir o caminho para
uma segunda revolução. A economia é auto-suficiente. A comunidade simples, produtora de alimentos, não
depende, de importações obtidas pela troca com outro grupo. Produz e coleta todo o alimento de que necessita.
Vale-se das matérias-primas disponíveis em suas vizinhanças imediatas, para o equipamento simples de que precisa.
Essa autossuficiência não significa isolamento, essa prática pode colocar em contato várias comunidades
interessadas. O mundo neolítico deve ser visto como uma cadeia continua de comunidades.
Diversos grupos humanos e diferentes posições raciais, adotaram as mesmas ideias de cultivo e as adaptaram
perante suas necessidades.
“As diferenças que separam tão claramente as culturas neolíticas não são surpreendentes, tendo um vista o caráter
da economia, a autossuficiência de cada comunidade” (p. 94)
Desse isolamento cadê grupo desenvolve suas próprias culturas e costumes.
É possível levantar a teoria de que o isolamento jamais aconteceu, é que a autossuficiência econômica nunca tivera
sido alcançada. A comunicação entre diferentes grupos poderia levar a um comércio regular e a especialização
intercomunal. É estimado pelo arqueólogos que o comércio/intercâmbio na zona árida do Mediterrâneo foi rápido e
amplo.
O autor diz que os “tempos neolíticos” pode ser qualquer coisa entre 8000 a 10000 a.C. Utilizar o termo “civilização
neolítica” é perigoso pois se aplica a uma variedade de grupos culturais.
Durante a revolução neolítica o cultivo de terra se torna perceptível pela primeira vez na África do N. e na Ásia
Menor, tinham uma maior precipitação pluvial. Na Europa as florestas haviam substituído as tundras e estepes. O
homem foi então obrigado a lidar com a madeira, portanto, foi criado o celte de pedra polida (Machado) e esse
então era a marca da “época neolítica”. Não podemos dizer que o celtes foi um resultado da nova economia, pois,
outras ferramentas eram encontradas. “O celte de pedra não é, portanto, um indício infalível da economia neolítica,
no sentido aqui usado, de produção autossuficiente de alimento” (p.97). Mas graças ao celte e sua durabilidade, o
homem consegue iniciar a carpintaria.
“O preparo e armazenamento de cereais podem ter aumentado o valor de recipientes que suportassem o calor e
pudessem encerrar líquidos. Uma característica universal das comunidades neolíticas parece ter sido a manufatura
dos potes. A cerâmica pode mesmo ter sido descoberta antes do início da economia produtora de alimento.” (p.97)
A descoberta da cerâmica está paralelamente com o controle e utilização da modificação química. O homem
preciosos controlar essas modificações para tornar o objeto bonito. As condições locais e o tipo de artigo e
combustível determinavam a cor do pote. A arte do ceramista mesmo em sua forma mais simples já era complexa,
envolvia a utilização de vários processos distintos.
Entre as mais antigas aldeias neolíticas no Egito e Ásia Menor é possível encontrar os primeiros indícios de uma
indústria têxtil. Roupas manufaturadas, tecidas com linha e mais tarde lã, começam a concorrer com as roupas de
peles ou saias de folhas. Para isso, era necessários materiais adequados. A indústria têxtil não exigia apenas
conhecimento de substâncias especiais, mas era necessário também entender sobre criação de animais e cultivo de
algumas plantas. Apenas algumas condições podem preservar o produto têxtil, um exemplo é o tear.
Na fase neolítica não existia especialização do trabalho, no máximo havia uma divisão de atividade entre os sexos. As
ciências aplicados do período neolítico foram transmutas pelo que chamamos de sistema de aprendizado.
Os artesanatos neolíticos foram apresentados como indústrias domésticas, essas tradições são coletivas pois,
arqueólogos encontraram em uma aldeia neolítica uma uniformidade monótona.
As casas das aldeias neolíticas no Egito e Europa estavam dispostas em ordem regular, tudo isso não era por acaso, é
isso significava uma organização social que coordena e controla as atividades comunais. As atividades cooperativas
comuns da era neolítica encontram expressão exterior nas instituições sociais e políticas. Essas instituições foram
reforçadas por sanções mágico-religiosas, por um sistema de crenças e superstições. As novas forças controladas
pelo homem devem ter regido sobre as perspectivas do homem. Mas não podemos saber que forma as instituições e
crenças neolíticas assumiram.
A segunda revolução neolítica criou sistemas de crenças mágico-religiosas. Mesmo após a revolução a vida
continuava precária para os camponeses autossuficientes. Qualquer mudança climática repentina poderia significar
fome. Eles não tinham a quem recorrer. No entanto, quando o povo acredita ter descoberto um sistema de magia
para atrair bons momentos climáticos essa crença torna-se um consolo em maior aos terrores da vida.
Não há provas da existência de chefias nos primeiros cemitérios e aldeias neolíticos, não havia diferença entre os
túmulos, não existam alguns mais belos que outros. As lápides grandes e bonitas surgem na Europa Ocidental e
setentrional, período no qual a segunda revolução já estava em vigor. As casas tinham tamanhas superiores ao
normal. Houve uma crescente participação da mulher no abastecimento de alimento, mas isso não é afirmação de
uma elevação na situação social. Quando as noções religiosas podemos fazer algumas suposições, durante a segunda
revolução os mortos tiveram maior cuidado, tratavam melhor deles, eles eram cuidadosamente enterrados em
túmulos. Os cultos da fertilidade e os ritos mágicos para ajudar ou obrigar as forças de produção podem ter tomado
um maior destaque. Pequenas estatuetas de mulheres de pedra ou marfim foram encontradas nos campos da velha
idade da pedra. As antigas civilizações orientais celebravam um “casamento sagrado” a união entre um “rei” e uma
“rainha”, representado por divindades. Não sabemos em qual ponto o homem havia concebido qualquer noção de
divindade, é difícil distinguir ideias surgidas e difundidas depois da segunda revolução com as desenvolvidas pela
primeira.

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