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Jan/Fev/Mar 2007
www.tavolarpg.com

UM FINAL DE SEMANA NA
PRAIA DOS NOIVADOS
Aventura para Tagmar 2

CONTOS
Lâmina Prateada
O QUE É RPG ?
Acessórios

LIVE ACTION
Ficando Louco... Ao vivo!

GOLPE DE MESTRE
Quando a descrição não basta
RPG & SOCIEDADE
RPG & Identidade Cultural

PINCÉIS & ESCAMAS

Arte-Final

RESENHAS
Call Of Cthulhu
RPG Quest IV
Dead Lands Rigor Mortis
Aventura para

Call of Cthulhu
e GURPS
 EDITORIAL
Novos Objetivos
Novos Objetivos?
Quando contei para alguns, o título do editorial dessa edição, muitos deles me
perguntaram quais seriam esses “novos” objetivos. Capa:
Sempre acreditei que, caso a Távola RPG alcançasse uma boa aceitação de
Charles MOS
público, seria natural o crescimento dela em todos os sentidos. Desde a criação de
novas edições especiais, netbooks, até uma expansão do portal, com a inclusão de um
fórum arrojado e dinâmico, etc.
Felizmente, os elogios crescem cada vez mais, assim como o número de
leitores e consequentemente, de colaboradores, fazendo disso, uma alavanca para
atingirmos nossas metas.
Serão feitas “edições para impressão” de todas as edições da Távola, para
02 - O que é RPG ?
aqueles que gostam de imprimi-la sem gastar o cartucho de tinta inteiro da impressora. Acessórios
Essa nova versão vai possuir elementos gráficos mais restritos, pra atender esse obje- 04 - RPG & Sociedade
tivo. RPG & Identidade Cultural - Influên-
Ainda nesse mês, vamos começar a disponibilizar Netbooks completos para cias pessoais na criação de persona-
download. Serão aventuras, cenários, adaptações e suplementos para os mais varia- gens
dos sistemas. Alguns deles, já são conhecidos de vocês, como o Titanic, e o Ariathis,
que desta vez serão apresentados em um outro formato, possuindo uma atualização,
08 - Call of Cthulhu
não só gráfica, mas com uma inclusão de material escrito (uma tendência a partir de 25 Anos
agora). Outros Netbooks apresentarão material inédito, e como sempre, de qualidade. 12 - RPG Quest IV
Mas para tudo isso acontecer sem prejudicar o andamento da revista, esta- Aventuras Orientais + Boosters
mos alterando a periodicidade da revista de Bimestral para Trimestral. Pode parecer Packs
um regresso, mas não é. Com isso teremos ainda mais prazo pra manter e melhorar
15 - Deadlands
nosso material com maior qualidade e sem atrasos.
Em breve, nosso novo portal vai estar on-line, e além de um novo visual, va-
Bem vindo ao Estranho Oeste, Par-
mos incluir vários novos atrativos para deixar você cada vez mais à vontade em nosso ceiro
site. 19 - Rigor Mortis
Para essa edição, demos uma atenção especial ao nosso Mestre do horror, Aventura para Call of Cthulhu e
H.P.Lovecraft, com uma dose tripla de Call of Cthulhu. Na seção de Live Action, “Fi- GURPS
cando Louco... Ao vivo!”, nas resenhas... “Call of Cthulhu - 25 anos”, e é claro, nossa
aventura de capa... “Rigor Mortis”, que além de ser para seu sistema original, vamos
44 - Um Final de Semana na Praia
suprir também os jogadores de GURPS. Ainda em resenhas... Dead lands e RPG dos Namorados
Quest volume quatro. Temos também a aventura vencedora do concurso Tagmar 2 Aventura para Tagmar 2
realizado no final do ano passado, “Um final de Semana na Praia dos Noivados”. Na 67 - Live Action
seção de contos, não deixem de ler... “Lâmina Prateada” !!. Ficando Louco... Ao vivo!
Nas demais seções regulares... RPG & Sociedade tem como tema “RPG &
Identidade Cultural - Influências pessoais na criação de Personagens”, O que é RPG?,
71 - Pincéis & Escamas
explicando aos iniciantes sobre “Acessórios”, Golpe de Mestre como sempre perfeito Arte Final
em “Quando a descrição não basta” e a aula continua em Pincéis & Escamas com “Arte 74 - Golpe de Mestre
Final”. Quando a descrição não basta
E aguardem, nesse ano teremos muito mais novidades!!
76 - Contos
Lâmina Prateada
Equipe Távola RPG
85 - Informativo

Equipe Távola RPG

*Coordenadores: Fernando “Wild Joker”A.Celso Júnior & Charles M. Oliveira Santos

*Colunistas: Alessandro Franzen, Elara Leite, Iara “Tiamat”Coutinho e Eliezer Andreoli.
*Revisão: Lucas Chavez #3
*Ilustraram essa edição: Adelson “Hiroshi” Tavares, Alexandre Belmonte Oliveira, Charles M. Oliveira Santos
*Colaboradores: Alexandre Belmonte de Oliveira, Augusto César da Fonseca Neto, Bruna “Lola” Cruz, Breno “D” Pascal, Clara Von Veigi, Daniel “Insano...” de Paula, Daniel
“Talude” Paes Cuter, Fernanda “Moolight” Celso, Fernando Rodrigues Fontana, Fred “Xaal” Borges, João Norberto Steves, Leandro “Lucifer Abaddon” Zerbinatti de Oliveira,
Leonardo de Andrade, Lucas Bonini Salvego, Lucas Domingues Lima, Marcelo Rodrigues, Marcus Alexandre Leitão Guedes, Marcus Vinícius Lopes dos Reis, Nelson
Rodrigues, Olga Gomes Hazin, Pedro Henrique Nogueira Penido, Rafael Cortez Sanches, Rogério de Mello Godoy, Rubens “Ramalokion” São Lourenço, e Tobias “Griever”
Oliveira.
Agradecemos a TODOS que colaboraram, ao pessoal do OPERA RPG, a REDERPG e a Spell Forever. Nos desculpem se esquecemos de alguém.
Távola RPG é uma publicação trimestral gratuíta. www.tavolarpg.com
Todos os jogos são trademarks de seus respectivos autores/proprietários, usados aqui com o propósito de resenha.
As matérias, idéias e opiniões contidas na revista são de responsabilidade dos seus devidos autores.

1
 O Q UE É RPG ?
Acessórios
Em uma aventura de RPG, a imaginação é o
limite. Mas existem diversos tipos de acessórios e arti-
fícios pra deixar o jogo ainda mais divertido e atraente:
dados, planilhas de personagens personalizadas, mi-
niaturas, tabuleiros, mapas envelhecidos, velas, trilha
sonora... E muito, muito mais...
Planilhas, lápis e papel.
As planilhas são algo bem comum em uma se-
ção de RPG... É entregue uma cópia da ficha de per-
sonagem para cada jogador, aonde se anotam as in-
formações do personagem e as mudanças ocorridas
nele durante a sessão, e lápis e papel para anotações
diversas do narrador e dos jogadores.
Algumas fichas (que também chamamos de pla-
nilhas) são personalizadas levando em conta os tipos e
classes de cada personagem existentes num sistema/
ambientação de RPG.
Lápis e papel pra anotar as alterações no perso-
nagem e escrever
Os Dados
Os dados de 6 faces, já são muito conhecidos,
afinal, quem nunca jogou War, Banco Imobiliário ou al-
gum, dos diversos jogos de tabuleiro que o usam? Mas
muito dos diversos sistemas de RPG, não usam apenas
esse tradicional dado de 6 faces, e usam alguns dife-
rentes do convencional. Eles exploram diversas figuras
geométricas o que resulta em dados de 4, 8, 10, 12, 20,
30 e até mesmo 100 faces.
Mas muitos que não entendem uma partida de
RPG estranham o uso de dados no jogo, fazendo-os
pensar que ele é um jogo competitivo, um jogo de tabu-
leiro convencional, ou até mesmo algum tipo de jogo de
2
Por Fernando “Wild Joker” Júnior
azar. A explicação para esse acessório, está na mecâ-
nica do jogo. Em uma aventura de RPG, existem diver-
sos eventos aleatórios e para representar essa aleato-
riedade das partidas da forma mais imparcial possível,
as regras dos sistemas de RPG definem o sucesso ou
o fracasso numa ação.
Quando um jogador tenta fazer alguma coisa
complexa, competitiva, desafiadora, que exige uma ha-
bilidade do personagem em questão, o jogador faz um
teste e rola os
dados, e o resul-
tado desse teste,
dentro das regras
de cada sistema,
com o número
dos dados, defi-
ne se houve um
sucesso ou um
fracasso.
As... Cartas?
Sim... Cartas... Sejam elas feitas de forma per-
sonalizada para um sistema específico, ou as tradicio-
nais cartas de baralho e até mesmo as de Tarô.
Elas geralmente têm a mesma função dos da-
dos, mas algumas vezes elas também são usadas para
ajudar a construir personagens.
Miniaturas
Essas são com certeza um dos acessórios mais
apreciados pelos RPGistas.
Miniaturas são figuras caprichosamente produ-
zidas na forma de nobres heróis, monstros, e algumas
vezes naves e veículos. Muitas são feitas de plástico
emborrachado, ou ainda de metal, mas ainda são en-
 Miniaturas, Dados e um Tabuleiro personalisado: Isso
sim, é um jogo de RPG !!

contradas várias delas feitas de chumbo. Ahhh sim... Os Livros

Elas são usadas no lugar dos personagens
quando for representar algum evento (muitas vezes,
Combate) aonde à localização de cada um é impor-
tante. Geralmente elas são posicionadas em cima de
um mapa ou hexagonal ou quadrangular que repre-
sentam o local aonde os personagens se encontram,
e seguem regras especiais de movimentação dentro
desse “tabuleiro”.
Ora...
Os Livros! Desde os livros de regras até os su-
plementos que enriquecem as seções e o cenário.
Existem suplementos com mais armas, arma-
duras, feitiços, novas aventuras... Todos com certeza,
acessórios muito bons e deveras úteis.

Mapas, Trilhas Sonoras... O importante é ter a consciência que os aces-

sórios servem para deixar a partida mais agradável e
Existem diversos outros “Acessórios Opcio- divertida, enriquecendo a maneira de se jogar.
nais” que podem ser usados pra deixar a partida mais
divertida. Eis alguns exemplos: - É possível jogar RPG sem dados? Sim.
- Seu personagem encontrou um mapa de um - Planilhas? Pra quê?
tesouro antigo? O Mestre lhe entrega um mapa feito - Cartas? Deixe-as para o truco e o pôquer.
em casa, tentando imitar o encontrado pelo seu perso-
nagem. Esses artifícios são chamados de Props (Não Os acessórios são divertidos, mas não são es-
deixe de ler o Golpe de Mestre dessa edição, para senciais, já a imaginação, sim, é indispensável, sendo
mais detalhes.). o acessório mais importante para o RPG.
- Está jogando uma aventura épica? Que tal
colocar a trilha sonora dos Filmes do Senhor dos Anéis
ou de Alexandre o Grande tocando de fundo? Pode ter
certeza que é empolgante.
- Uma aventura de horror? Experimente jogar
a luz de velas. As sombras começarão a adquirir for-
mas!

3
 RPG & S OCIEDADE

RPG e Identidade Cultural - Influências

pessoais na criação de personagens
Por Elara Leite
Ilustrações: Charles MOS

Cada povo tem sua própria identidade cultural: próprios e costu-

um conjunto de costumes que caracteriza, identifica – e mes de grupo.
de certa forma rotula – as pessoas como iguais entre Narrar ou partici-
si. Outras esferas sociais também têm a sua identidade par de uma aventu-
cultural própria. Exemplo: O Brasil é mundialmente co- ra rpgística é entre-
nhecido por seu carnaval, em nível de país; enquanto laçar culturas míti-
Utah, nos EUA, é um estado culturalmente conhe- cas e reais em um
cido por ter o maior número de membros de A mundo de aspectos
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos próprios, figurando
Últimos Dias (Mórmons), em sua entre o ficcional e
população. Aparentemente o racional, entre
são coisas distintas, diferentes mundos
mas devido à reli- culturais.
gião, diversos cos- A identidade cultu-
tumes brasileiros e ral é formada por di-
mundiais, como beber, ferentes costumes
por exemplo, uma prá- que se mesclam a
tica bastante comum em superstições e ou-
festas carnavalescas, não tras coisas, como o
será aceita pela maioria das que você lê, o que
pessoas de Utah. Da mesma você vê, quem governa
forma, muitos brasileiros con- seu país e muito mais.
sideram absurda a proibição do Ela serve tanto para in-
sexo antes do casamento, algo dividualizar quanto para
absolutamente normal para os socializar, diferenciando
membros desta Igreja. A explica- uma pessoa das outras,
ção? Cultura, formação de identida- porém unindo-a a elas
des. pelo senso comum. A
Seguindo o mesmo caminho, partir da identidade cul-
pequenos núcleos culturais formam-se tural individual, que influencia outras no meio ao seu
em cada bairro, em cada rua, em cada lar, (e por que redor, vão se formando clãs, grupos, comunidades, ci-
não?), em cada grupo de RPG. Um bom jogo de RPG dades, Estados, países, mundos, universos. Tudo isso
trabalha ora como formador de uma identidade cultural interligado em uma rede infinita de possibilidades, onde
nítida, ora como espelho de uma identidade cultural já tudo é mutável. Sentiu-se lendo a introdução de um li-
construída. O Role Playing Game é um socializador de vro de RPG? Não estranhe, nossa vida tem mais de
larga escala, e como tal, além de criar amizades sólidas Role Playing Game do que se imagina.
entre os jogadores, contribui para códigos lingüísticos Freqüentemente, quando preparando fichas de

4
personagens, seus colegas podem perguntar a você
que personagem escolherá para jogar, com a intenção
Pesquisa
de escolher personagens que tenham semelhantes
Escolher um determinado personagem tem
– ou até mesmo dissonantes – temperamentos, para
mais a ver com a identidade cultural do que se imagi-
uma melhor adaptação do grupo – ou mesmo para pro-
na por aí. Comumente determinadas características do
por desafios de interpretação. Dessa forma, diferentes
personagem são na verdade espelho de características
e fictícias identidades culturais estarão fundidas em um
pessoais, ou mesmo conflitantes. Uma pesquisa recen-
mundo cultural próprio do cenário em que o grupo joga-
te realizada com cinqüenta rpgistas mostra que suas
rá.
identidades culturais podem, na maioria das vezes, ser
Assim como em um chat seu nick é a primei-
uma alavanca para interpretações melhores, bem como
ra identificação pessoal, nos RPGs – especialmente
a utilização, no personagem, de características confli-
eletrônicos – o personagem muitas vezes é o modo
tantes do jogador pode proporcionar desafios de inter-
como uma pessoa se apresenta para o grupo. É co-
pretação.
mum encontrar um colega de mesa de jogo na rua e
De certa forma, a escolha de arquétipos de per-
dizer: “Como vai Príncipe dos Elfos!?” – ou algo do tipo.
sonalidade diferentes das que o jogador possui, de-
Certamente muitos ao redor não entendem o código
monstra uma tentativa de aprimoramento da persona-
lingüístico desenvolvido pelos envolvidos no diálogo,
lidade real, como algo que transcende, algo que está
porque ele faz parte de um código cultural próprio, uma
além da cultura da realidade.
identidade cultural restrita aos envolvidos no colóquio.
Esta pesquisa foi feita tendo como base cinco
Como na vida real encontramos diversos arqué-
questões básicas:
tipos de personalidade ao nosso redor, todos frutos de
um determinado meio, com identidades culturais distin-
1. Qual seu sistema favorito?
tas, assim também ao escolher um determinado perso-
2. Que tipo de personagem você costuma
nagem, é fácil deparar-se com um mundo de possibili-
escolher?
dades e combinações possíveis na formação de iden-
3. Por que esse tipo de personagem?
tidades culturais fictícias. Muitas vezes nossa visão de
4. Você considera estas características
mundo influencia na criação de um personagem, quan-
como traços da sua personalidade?
do há uma certa tendência a escolher um determinado
5. O que você considera que influencie
arquétipo de personagem com base em características
mais: seus padrões culturais na sua interpretação ou o
próprias do jogador. O mesmo pode acontecer ao inver-
jogo na sua vida real?
so: o personagem ajuda o jogador a desenvolver uma
determinada característica, como a desinibição.
O objetivo foi analisar até que ponto as carac-
Um processo parecido ocorre na hora do
terísticas pessoais influenciam no desenvolvimento de
Narrador escolher os NPCs que farão parte da aventura.
personagens. Acompanhe os resultados nos gráficos:
A escolha dos personagens é o que dá dramaticidade à
Crônica, é o que insufla vida ao cenário. Um Narrador
pode escolher determinados personagens para haver
choques de interpretação com o grupo durante o jogo,
como pode escolher NPCs que colaborem diretamen-
te com os personagens dos jogadores, na intenção de
ajudar ou mesmo provocar intrigas. Dessa forma, di-
ferentes identidades culturais fictícias se entrelaçam,
criando mundos bastante próximos do real, em termos
de representação pessoal.

Inicialmente, questionou-se o sistema favorito

dos entrevistados (Gráfico 1). Alguns escolheram mais
de um, estando contemplados também no gráfico aci-
ma. O objetivo disso é saber até que ponto atualmente
os sistemas têm se popularizado. Conforme a análise,
D&D é ainda, juntamente com Storyteller, o sistema

5
 dores numéricos no gráfico. Maior
parte dos entrevistados prefere jogar
com personagens afeitos ao comba-
te, magos ou personagens ligados
à magia. Alguns na mesma propor-
ção preferem variar sempre. Os 40%
restantes preferem personagens
políticos ou manipuladores, artistas,
sobreviventes ou ainda personagens
ligados à religião.
A questão seguinte respon-
de o porquê da escolha deste
tipo de personagem por parte dos
entrevistados.(Gráfico 3)
A grande maioria dos entrevis-
tados prefere a escolha de carac-
terísticas específicas que desafiam
a interpretação, seja pela diferença
no que diz respeito ao restante do
grupo, seja pelo gosto de interpretar
algo destoante da realidade do joga-
dor. Logo após seguem os jogadores
que preferem certos tipos de perso-
nagens por serem ideais para sub-
tramas e histórias paralelas, sendo
personagens mais elaborados, com
histórias de vida e identidades cul-
turais muitas vezes desconhecidas
de todo o grupo. Os outros 50% es-
colhem certos tipos de personagens
tendo como base personalidades
equilibradas, utilidade para o grupo,
adaptabilidade à diferentes ambientações, segurança e
determinação, além das pessoas que jogam desde o
início com o mesmo personagem, caso mais aplicado a
alguns narradores que também participaram da pesqui-
sa.
A questão seguinte (Gráfico 4) está intrinseca-
mente ligada com os perfis sugeridos acima, pois por
meio dela pôde ser verificada a afinidade dos jogado-
res com seus personagens por meio de características
comuns.
A pergunta é: Essas características podem ser
consideradas como suas? Aqui encontra-se o ponto
mais popular. Gurps vem logo em seguida, empatado
chave da questão. Mais da metade dos entrevistados
com sistemas como o Sirius, Nexus e RPGquest.
(60%) considera que a escolha de características dos
O Gráfico 2 trata do segundo questionamento
seus personagens leve em conta, total ou parcialmente,
da pesquisa, que objetivou descobrir quais os tipos de
características comuns a eles e aos personagens ela-
personagens mais escolhido pelos rpgistas:
borados. Outros 30% ficam em dúvida quanto à questão
Neste momento pode-se perceber uma gran-
e 10% consideram que seus personagens nada tenham
de pluralidade de qualidades, arquétipos pessoais e
a ver com suas características.
outras características relevantes. Algumas pessoas
Dessa forma, pode ser percebido o quanto os
preferiram responder mais de um tipo de personagem
padrões culturais dos jogadores influem em seus per-
que costuma escolher na hora de começar a jogar uma
sonagens e dessa forma na criação de identidades cul-
crônica, estando também representados como indica-
turais fictícias análogas às reais, como pode ser cons-

6
tatado através do próximo – e último gráfico. (Gráfico
5)
Os padrões culturais são, para 70% dos entre-
vistados, uma influência maior no jogo do que o jogo
em suas vidas reais. Há ainda 20% que não permite
nenhum tipo de influência nem de padrões culturais
próprios no jogo, nem do RPG em sua vida real.
Como pôde ser observado, a identidade cultural
influencia mais do que se imagina na formação do per-
sonagem. Da mesma forma, o fluxo inverso ocorre de
maneira mais suave nesta grande trama real e fictícia
de entrelaçamento que é o Role Playing Game.

* Obs: Os números da pesquisa são aproximados,

e vez por outra foram arredondados para evitar dí-
zimas.

7
 R ESENHAS
CALL OF CTHULHU
25 ANOS
“Não está morto aquele que eternamente
pode jazer,
E com a chegada de estranhas eras, até mes-
mo a morte há de morrer!”
James, o louco, já foi uma pessoa normal,
sim! Antes de chegar no Sanatório Arkham ele era
um simples professor, com um emprego normal e
uma vida até um tanto medíocre. Mas lendas con-
tam que um dia, nos corredores reservados da
biblioteca da Universidade de Miskatonic fez uma
descoberta maior do que sua mente poderia supor-
tar, de um nome que jamais deveria ser pronuncia-
do, registrado em um livro que jamais deveria ter
sido escrito. A princípio o acharam meramente ex-
cêntrico, mas com o passar do tempo James de-
fendia suas teorias absurdas com mais e mais fer-
vor, beirando a violência e causando comentários
indesejados vindos de seus colegas de profissão. A
comunidade científica o aturou como bufão durante
algum tempo, mas ninguém precisou mandá-lo para
o Arkham, ele veio por conta própria, tão maluco
quanto uma barata coberta por inseticida. Ele criou
um mundo próprio, na qual existem seres interga-
lácticos, tão antigos quanto o próprio tempo, que
se fixaram no planeta Terra, e aguardam, dormindo
silenciosamente, sua chance de regressar ao poder
que sempre lhes pertenceu, na qual a raça humana,
por apenas um instante, tomou deles. Qualquer um
diria que James é incorrigivelmente louco, até ele
duvida se existe realmente tal misterioso livro de
indizíveis conhecimentos... Mas eu não, eu acredi-
to nele, tudo o que diz é verdade, e você também
deveria acreditar, pois este meu amigo... Este é o
incomensurável insano mundo de Call of Cthulhu.
8
Por Eliezer Andreoli
- H.P. Lovecraft
Call of Cthulhu é um
jogo de horror baseado nos
contos do mestre Howard
Phillips Lovecraft, considerado
o maior gênio da literatura do
horror no Séc. XX. Neste jogo,
esqueça grandes poderes, ma-
gias devastadoras, disciplinas
mirabolantes, ou qualquer ou-
tra aptidão heróica. Neste jogo
você representará um perso-
nagem comum (chamado aqui
de Investigador), nada diferente de você, seus amigos
ou seu mestre (chamado neste jogo de Keeper of Ar-
cane Lore – Guardião dos Conhecimentos Arcanos...
Ou simplesmente Keeper), sendo estes personagens,
segundo as regras, extremamente frágeis e fracos.
Isso pode parecer estranho, mas esse é o grande trun-
fo deste RPG, porque quando se tira os holofotes de
personagens com poderes impressionantes, é possível
dar vida aos inimigos, vilões e demais monstros, criar
reais desafios e voltar o RPG para o que realmente in-
teressa, a história.
Em um jogo de Call of Cthulhu, geralmente os
personagens, vivem em um mundo exatamente igual
ao nosso, com a diferença que forças sinistras operam
secretamente, visando o retorno dos Grandes Antigos
(Greath Old Ones), uma raça de seres intergalácticos
tão antigos quanto o próprio tempo e tão poderosos
quanto deuses. A ação começa quando os investiga-
dores descobrem algo, direta ou indiretamente, ligado
aos Grandes Antigos, e devem estes salvarem o mundo
(ou apenas suas próprias vidas) contando apenas com
qualquer equipamento disponível a qualquer pessoa
normal e com habilidades completamente mundanas,
sendo ainda arriscado, por isto, ser mandado direta-
mente à uma instituição de cuidados psiquiátricos.
As aventuras são diversas, geralmente ocorrem
de um plot pequeno e simples, mas que a própria am-
bientação e regras fazem com que se tornem desafios
mortais. Um simples fantasma em uma casa assom-
brada pode ser um grande desafio aos investigadores
e erradicar um culto maléfico de uma cidade pequena
e supersticiosa pode tornar-se tema uma épica campa-
nha.
A História
O conceito original deste jogo foi Dark Worlds
(Mundos Negros), concebido por Sandy Petersen mas
jamais publicado. Sua idéia era de transformar os con-
tos de H.P. Lovecraft em jogos de RPG, o que conse-
guiu lançado, em 1981, Call of Cthulhu, homônimo de
um dos contos de maior sucesso de Lovecraft.
Sua primeira publicação atendeu aos padrões
da época, uma caixa onde vinham livretos com regras,
tendo como base uma simplificação do sistema BRP
9
utilizado até então no jogo Rune Quest. Os livretos ti-
nham ilustrações mostrando personagens desvendan-
do lugares misteriosos e lutando contra monstros ma-
léficos, e o jogo tinha como foco principal personagens
comuns lutando contra as forças do mau.
A idéia pareceu simples e descompromissada,
mas ela evoluiu a partir do lançamento do primeiro li-
vro de aventuras: Shadows of Yog-Sothoth (Sombras
de Yog-Sothoth), na qual os investigadores descobriam
um culto maléfico ao redor do mundo com a finalidade
de exterminar a raça humana, cuja busca começava
próximos à sua residência e com o tempo se estenderia
à lugares distantes e exóticos do mundo. Esta simples
campanha deu idéia para uma série de continuações
que existem até hoje, tais como, Fungi From Yuggoth
(Fungos de Yoggoth – que na literatura de Lovecraft sim-
bolizava Plutão), que mais tarde seria conhecido ainda
como Curse of Cthulhu (Maldição de Cthulhu) e Day of
the Beast (Dia da Besta); além de Spawn of Azatoth e
Masks of Nyarlathotep (Máscaras de Nyarlathotep, re-
conhecida como melhor campanha já publicada para
Call of Cthulhu). Todas essas aventuras tinham ainda
uma semelhança muito maior com os filmes de Indiana
Jones do que exatamente a literatura de Lovecraft, mas
isso só ajudou a popularizar ainda mais o jogo pois este
formato era muito admirado pelos jogadores da época
(e até os de hoje), afinal, em 1981, Indiana Jones e os
Caçadores da Arca Perdida havia acabado de estrear
nos cinemas.
Shadows of Yog-Sothoth não foi importante para
o jogo e para o RPG apenas por ser o primeiro suple-
mento de Call of Cthulhu, mas também por definir um
novo padrão para aventuras de RPG – o Jogo Inves-
tigativo – até então pouco conhecido, onde o Mestre
utilizavam pistas físicas, escrevendo cartas ou fazen-
do outros tipos de pistas como se fossem “rastros” dos
NPCs, tendo-se assim uma enorme interatividade com
o jogo. Call of Cthulhu foi, então, um pioneiro em jogos
que prezavam mais para a interpretação, fincando um
marco em uma época onde imperava os jogos Matar-
Pilhar-Destruir e de Dungeon Crawler, onde importava
muito mais os números e muito menos a história.
Em suas primeiras aparições, Masks of Nyarla-
thotep e Horror in the Orient Express (Horror no Ex-
presso do Oriente – uma famosa e verdadeira linha de
trem que cruzava a Europa) traziam exóticas e sórdidas
pistas em suas caixas, cartas em letras esquisitas, ar-
tefatos, e até um ídolo quebrado que os Investigadores
poderiam reunir suas peças ao longo da campanha.
Até o momento, houve o lançamento de uma in-
finidade de aventuras e suplementos para Call of Cthu-
lhu que já está em sua 6º edição, ostentando o prêmio
Origins Award como um dos melhores RPGs de todos
os tempos, dividindo este prêmio com apenas outros
5 sistemas, dentre eles os “pesos-pesados” GURPS
e Dungeons&Dragons. Em sua Edição Especial de ou desvantagens e nem habilidades especiais, tudo se
20 Anos, ganhou ainda o Origins Awards de Melhor resume aos personagens apenas em Atributos e Perí-
Apresentação Gráfica em um Livro-Produto de 2000, cias, e o sistema de evolução de personagens não é
definindo novamente um novo padrão de qualidade a nem por níveis e nem por pontos, um sistema totalmen-
livros de RPG, concorrendo inclusive com o luxuoso te diferente na qual só se pode evoluir o personagem
Dungeons&Dragons. através da interpretação (e acreditem, funciona!).
Sandy Petersen hoje é conhecido como um dos As regras de combate são ainda mais simples,
programadores de Doom III, e sua criação completou na resumem-se a apenas 3 páginas no livro de regras, e
data de 13 de Novembro de 2006, singelos 25 anos. acreditem, é mais do que o suficiente para gerar um
sistema realista, onde qualquer investigador sensato
O Jogo vai evitar os combates assim como pessoas normais
também evitariam. Um tiro de um 38 é mais do que sufi-
O jogo é baseado nos contos do mestre do hor- ciente para matar qualquer personagem mediano, e um
ror, Howard Phillips Lovecraft e seus “discipulos” que soldado treinado com um rifle é uma verdadeira arma
criaram uma mitologia conhecida como Cthulhu Mythos mortal, ou o é pelo menos contra outras pessoas, pois
(Mitos de Cthulhu). Esta mitologia coloca os investiga- aqui, existem seres com atributos muito além dos frá-
dores em contato com um mundo idêntico ao nosso, geis seres humanos.
com exceção que existem seres de imenso poder longe Além disso, Call of Cthulhu é o legítimo possui-
dos olhos mundanos e conhecimentos proibidos que ja- dor de um dos melhores conjuntos de Regras de Sani-
mais deveriam ser transmitidos. O ponto principal aqui dade que se pode encontrar. O sistema é tão bom que
neste cenário é justamente lidar com O Desconhecido, o RPG passou a ser conhecido pelo único sistema onde
tendo-se como base a célebre frase de Lovecraft: “O os personagens terminam a campanha piores do que
maior e mais antigo temor do ser humano é o próprio começaram.
medo, e o mais intenso tipo de medo é o medo do des-
conhecido”.
E assim como o mundo de Call of Cthulhu é idên-
tico ao nosso, não poderiam faltar cenários históricos. O
mais comum é ambientar o jogo nos EUA da década de
1920 (era que Lovecraft baseou seus próprios contos),
nas cidades fictícias criadas por Lovecraft: Dunwith,
Innsmouth, Martin’s Beach, Clark’s Corners, e a própria
Arkham, onde se situa a Universidade de Miskatonic e
o Sanatório Arkham. Todas estas cidades são situadas
em Massachussets e esse conjunto é chamado de Lo-
vecraft Country (Província de Lovecraft).
Contudo o jogo não se resume dessas cidades,
podendo acontecer do cenário ser ambientando em
locais exóticos, como a Selva Amazônica, Pirâmides
do Egito, Guiana Francesa, China, Antártida, Palesti-
na, etc. O período de tempo também não se resumo à
1920, podendo haver aventuras em plena era vitoriana
no melhor estilo Sherlock Holmes, no nosso tecnológico
presente, ou até no futuro distante e onde mais o mes-
tre conseguir imaginar. Enfim, este sistema é genérico
o suficiente para comportar diversos tipos de cenário.
Quanto às regras, simples é a palavra que as
define! Visando maior interpretação e interação com a
história e menor quantidade de regras, em sua sexta
edição, o livro com 320 páginas, tem apenas 45 pági-
nas destinadas às regras. Nada mau para um jogo que
existe há 25 anos! Algumas regras estranhas também existem para
Todos os testes aqui são baseados no sistema temperar ainda mais a interpretação. Regras para tem-
de Porcentagem (no d100 ou d%) o que simplifica de- po de estudos e compreensão de tomos ou artefatos
mais as coisas. Este sistema não comporta vantagens antigos. Regras para Magia. Tudo muito simples e de
facílima aprendizagem e aplicação.

10
 Lançado pela Chaosium, com 320 páginas, a
Contudo, as regras desse sistema estão longe
sexta edição com capa tipo brochura tem preço suge-
de serem maravilhas. Há jogadores que julgam as re-
rido de U$34,95 (é possível encontrar com capa dura
gras simples demais, outras suficientes, outros ainda
também), ou sua versão comemorativa de 25 anos com
que são ultrapassadas, mas o fato que algumas regras
a capa dura com a arte da primeira edição com preço
são ruins. A pior característica das regras é a neces-
sugerido de U$44,95. Pode ser encontrado em Inglês,
sidade de se fazer contas no meio do jogo, apesar de
Espanhol, Francês, Japonês, Alemão, Italiano, Polo-
não ser nenhuma equação complicadíssima, uma mera
nês, Finlandês, Húngaro e até Russo (em uma versão
conta de multiplicação ou divisão durante o jogo pode
pirata). Pode ser adquiridos via lojas especializadas
ser um verdadeiro balde d’água no clima da aventura.
importadoras sob encomenda, por sites de comercio
eletrônico internacionais ou ainda pelo próprio site da
E aí? Vale a pena? editora – www.chaosium.com.
Para interessados em conhecer um pouco mais,
Após 25 anos de existência, pode-se considerar a Chaosium disponibiliza para download gratuito uma
Call of Cthulhu um verdadeiro clássico. Todos deveriam versão simplificada do livro básico: o Cthulhu Quick
jogá-lo ao menos uma vez na vida, apesar do estilo de Start que pode ser baixado do link http://www.chao-
jogo poder não ser compatível com os gostos alguns sium.com/article.php?story_id=87.
grupos. Que você tenha um bom jogo e terríveis pesa-
Contudo, o grande problema aqui é adquirir delos.
essa obra. Em 1999 a Devir Livraria prometeu lançar
a sexta edição desse jogo em português simultanea-
mente com seu lançamento oficial nos Estados Unidos,
o que não aconteceu, a Devir prometeria (por meio do
Recado RPG) por mais duas vezes o lançamento de
O Chamado de Cthulhu, mas todos sabem que acaba-
mos ficando a ver navios. Para piorar sua versão em
inglês acaba sendo vendido pelas livrarias daqui a um
preço que ultrapassa os R$120, muito acima do preço
sugerido pela editora. Uma pena pois um jogo de tal
porte deveria ser trazido para cá o quanto antes, pois
proporciona um tipo de jogo que não temos por aqui, e
que acaba sendo suprido por outros sistemas que não
chegam a ser tão bons.

11
 VOCÊ É O HERÓI !
RPQ Quest - Volume 4
Aventuras Orientais
No EIRPG foi lançado o
quarto volume do RPGQuest,
além de três boosterpacks para
Neokosmos. Esse é dedicado
às aventuras orientais que
abrangem dois bolsões de Ar-
cádia: Os Reinos de Jade (Que
na Terra representam a China
e Coréias) e Reinos do Sol Na-
scente (Japão e Tigres asiáti-
cos). A capa usada no livro se-
ria adotada no, por enquanto,
cancelado AnimeRPG - Japão Feudal e as ilustrações
seguem os padrões dos anteriores.
No início, temos a introdução aos props e ao
cenário, na qual avisa que terá duas partes: Essa, a
primeira e a ambientação e monstros no próximo. Ao ler
a descrição é possível relacionar os reinos arcadianos
criados com forma-pensamento com países reais como
Hanói, capital do Vietnã, Hokkaido, a segunda maior
ilha do Japão e Tai Wan, aonde há muitos hi-brasileiros.
Os reinos mais importantes são Tokugawa eNobunaga
nos Reinos do Sol Nascente e Wu, Shu, Wei no Império
de Jade. Os líderes destes impérios estão descritos na
parte de NPCs.
Logo depois, segue a parte de construção dos
personagens com as Classes Yamabushi (Clérigo
dedicado à deusa Amaterasu), Ninja, Samurai, Ronin,
Monge Shaolin, Shinobi, Kunioichi (Sedutoras assassi-
nas profissionais), Wu Jen (Magos) e Komuso (Bardos).
O Monge possui mais Habilidades Especiais, a maio
ria designada do Ataque de Musou que é, nos filmes e
games, quando o personagem sai atacando todo mun-
do e acerta todos. Do resto, o livro segue o padrão dos
outros até os NPCs. Cada exército possui personagens
típicos como samurais, imperadores, generais e guer-
reiros e NPCs vindos do Romance of a Three Kingdoms
12
Por Daniel “Talude” Paes Cuter
(Sangokushi) e outra referência a cultura dos animes/
mangás/HQs norte americanas como Kenshin (Ruruoni
Kenshin, mas inspirado em personalidade real) e Genin
Electra (Referência a personagem do Demolidor). Logo
após, os Monstros, são poucos: Os Kappa (Demônios
aquáticos) e suas variações, o vampiro Kiang-Shu, Oni-
Bargong e o Dragão Prateado.
A seguir, o wargame, na qual ficou um prob-
lema: Como se começa o jogo? Seria melhor revisar
a parte das regras dele, para ficar mais fácil para os
iniciantes. Para quem já joga wargame, assimilará as
regras bem.
Ao final, o RPGQuest 4 mantém o nível dos an-
teriores, com regras calibradas que estarão melhores
com o lançamento do Módulo Básico e um cenário que
será ampliado no RPGQuest 5. As regras do Wargame
estão meio confusas, mas nada que a prática ajudará
a jogar.
Personagens:
Kyo, Discípulo de
Hattori Hanzo, Kyo teve
de abandonar sua Escola
para ficar com a princesa
Akiko, do clã dos Tokuga-
wa.
Tashiro, um dos
mais promissores komu-
sos do Reino do Sol Na-
scente, utiliza-se de sua
flauta mágica para conju-
rar poderosos feitiços.
Lo Mao chuen, amigo de Tashiro, também é um
komuso, mas utiliza-se de seu tambor para conjurar e
controlar as forças da natureza .
Kagi Iga, colega de Kyo, deixou a escola junto
com seu amigo por não concordar com os métodos de
Hattori Hanzo e hoje ambos precisam fugir dos ninjas
do clã Hattori.
Kaoru é uma Shinobi a serviço das forças de
Wu, mas que teve a sua vida salva por Kagi e acabou
 se juntando ao grupo de
heróis para tentar acabar
com a guerra.
Li Tai Wu Jen
independente, que trab-
alha com os Caminhos
Elementais. Juntou-se ao
grupo por sua amizade
com Lo e Tashiro e hoje
cuida da parte pirotécnica
do grupo.
Monstros:
Nesta edição, existem 6 tipos de monstros dife-
rentes para os heróis enfrentarem, além de exércitos
de 5 Impérios diferentes, totalizando mais de 80 minia-
turas de papel (Monstros + Cavaleiros) e 216 counters
de soldados.
Os monstros deste título são:
5 Kappas, 1 Kappa Feiticeiro, 1 Vampiro Kiang
Shi, 4 Oni-Kappas, 2 Oni-Bargong,
1 dragão Prateado e 36 counters de soldados
Kappa.
Exércitos:
Nobunaga - 5 Samurais, Musashi, Genin Elek-
tra, yamabushi, Raposa de Jade, Zhen Ji, Lu Bu,
Tokugawa - 5 samurais, Kenshin, Zatoichi, Yam-
abushi, Princesa Akiko, Satochi e Mochizuki,
Wu - 6 Guerreiros, Pai Mei, Yu Shu Lien, Xiahou
Yuan, Xu Chu, Sima Yi e Cao Cao
Shu - 6 Guerreiros, 3 monges shaolin, Zhang
Jian, Sun Shang Xian, Sun Quan e Sun Jian
Wei - 6 Guerreiros, Wang Lang, Gwan Yu, Shi
Jing, Sun Tsu, Li Mu Bei e Liu Bei.
E mais 36 counters de Soldados/Guerreiros para
cada um dos 5 Impérios.
13
RPQ Quest - BoosterPack III
O terceiro Boosterpack apresenta 26 tipos de
personagens e monstros diferentes para os heróis en-
frentarem, totalizando 26 miniaturas de papel.
Este Boosterpack envolve as Classes Básicas
de Personagens do livro NEOKOSMOS:
Aedos, Bárbaro, Batedor, Campeão, Ladino,
Mago, Feiticeiro, Guerreiro e Sacerdote, nas versões
masculina e feminina de cada uma delas. Também traz
as classes de prestígio Oráculo, Ekdromos e Caçador
de Monstros.
Este Booster é uma bela aquisição tanto para
quem tem o excelente cenário NEOKOSMOS quanto
para Mestres que queiram miniaturas para usar com os
personagens do RPGQuest2.
Como monstros, o Boosterpack traz o Drakone
de Astarte, uma criatura única resultado de uma ex-
periência fracassada de alquimia. Ele surgiu de uma
idéia de Aventura, onde um feiticeiro poderoso a serviço
de Hades tenta criar um monstro mágico para servi-lo
utilizando-se de alquimia, fazendo uma fusão mágica
de um basiliskos com um drakone. A criatura resultante,
um lagarto com 6 patas com os poderes combinados
das duas feras, acaba matando o feiticeiro e fugindo
para as florestas próximas de Eumastapolis. Esta fera
ficou conhecido como o Drakone de Astarte.
Também tem um Gigante das Montanhas, raça
de gigantes que vivem nas montanhas a Oeste de Sal-
menia, próximos à nascente do rio klexigoras. Os gi-
gantes da Montanha não são nativos de Neokosmos,
mas são uma raça bondosa que poderá ocasionalmente
auxiliar os heróis em suas jornadas
RPQ Quest - BoosterPack IV
O quarto Boosterpack apresenta 13 tipos de
personagens e monstros diferentes para os heróis en-
frentarem, totalizando 33 miniaturas de papel.
Este Boosterpack envolve personagens do livro
ASTARTE:
Doris, Proxnor, Straton, a Bruxa neta de hecate,
7 soldados da Brigada de Demóstenes, Althea e seus 2
guarda-costas, 7 Zoi Mavroi e 3 Zoi Mavroi Líderes.
Também traz 6 Automatoi (guerreiros mecânic-
os), o Líder Automatoi e Khalios, o Gigante de Prata
(a maior miniatura até agora do RPGQuest!), que é
uma estátua forjada em prata pelo Mestre artesão de
Calímia, usada na defesa da cidade de Pyleos.
A Ave de Ouro é um automatoi construído para
controlar as Aves de Bronze, que aparecem no RPG-
Quest2. Com ela em jogo, o alcance dos disparos das
penas metálicas das aves de bronze é aumentado em
2 casas, podendo ser acumulado até 4 casas extras de
distância.
14
RPQ Quest - BoosterPack V
O quinto Boosterpack apresenta 11 tipos de per-
sonagens e monstros diferentes para os heróis enfren-
tarem, totalizando 32 miniaturas de papel.
Este Boosterpack envolve personagens de uma
idéia de aventura chamada “Um convidado das 1.001
noites”. Ela trata de um gênio Asura Dambas que foi
aprisionado há muito tempo em uma garrafa e que es-
tava sendo levado para Velha Arcádia para ser vendi-
do em um bazar quando uma tempestade (no Mar de
Poseidon) destruiu o navio onde ela estava.
Depois de muitos meses à deriva, a garrafa che-
gou às praias de Astarte e foi encontrada por acaso por
um bestial.
Com o Asura obedecendo suas ordens, o bestial
está se preparando para atacar as cidades próximas
e cabe aos heróis impedir. Para derrotar o gênio, os
heróis precisarão negociar com uma bruxa conhecida
como “a medusa de astarte”, que vive nas montanhas
do Oeste.
O Booster inclui um Líder Bestial, bestial Xamã,
Medusa de Astarte, 8 bestiais, 5 guerreiros bestiais, 1
comandante bestial, 9 amphisbenai, 3 lobos gigantes, 1
unicórnio e 1 Amphisbaena Gigante.
 Deadlands
Bem-Vindo ao Estranho Oeste, parceiro...
Em 1996, a empresa
Pinnacle lançou um sistema
próprio, cujo objetivo era per-
mitir aos jogadores simular as
aventuras em um velho oeste
americano recheado de horro-
res sobrenaturais. Deadlands:
The Weird West foi lançado em
uma edição única que conquis-
tou o prêmio Gamma-Origins
(o oscar da industria do RPG
americano) de inovação. Seu
autor, Shane, inicialmente usava sua família para re-
alizar os testes de jogabilidade deste revolucionário
RPG, bem como foi graças a muitas idéias deles que
Shane conseguiu moldar o cenário de horror mistura-
do ao notório senso de aventura dos livros e filmes de
cowboys.
O Sistema
Deadlands usa um inédito sistema que mantém
o clima de velho oeste na mesa de jogo. Utilizando uma
combinação de cartas de baralho, dados de múltiplas
faces e fichas de poker, o sistema entretém e cativa
tanto mestres como jogadores sem perder a velocidade
e periculosidade que o velho oeste possui.
O jogo utiliza todos os tipos de dados (d4, d6,
d8, d10, d12 e d20), porém não é como você está pen-
sando. Diferente de D&D que utiliza estes dados ex-
clusivamente para dano de armas, Deadlands emprega
estes dados especiais também para realizar os testes
de resolução do personagem. Dessa maneira, um per-
sonagem usa os dados para seus atributos a fim de de-
monstrar as diversidades físicas e mentais que existem
entre os homens e mulheres do Estranho Oeste.
15
Por Alessandro Franzen
Basicamente para realizar qualquer tipo de re-
solução em Deadlands, é preciso saber qual é a co-
ordenação e qual o seu atributo para aquela ação. A
coordenação é a quantidade de dados que o jogador
irá rolar enquanto que o atributo define o tipo de dado.
Todos os testes em Deadlands têm o objetivo de igualar
ou superar um número de dificuldade estabelecido pelo
Delegado (é assim que o Mestre do Jogo é chamado).
Exemplo: Tex possui a perícia Cavalgar com
coordenação 3 e o atributo que a governa é d6 (média
humana). Dessa maneira, Tex deve rolar 3d6 para sa-
ber se consegue bater a dificuldade estipulada pelo De-
legado para o salto que ele deseja realizar sobre uma
ravina, a fim de escapar de 3 bandoleiros.
Diferente de outros sistemas, Deadlands possui
um método diferente de rolar os dados. Assim que um
teste de perícia é anunciado, o jogador deve rolar sua
coordenação com o atributo que a governa e escolher
um dos muitos resultados que teve... Apenas um único
resultado é necessário para se comparar com a dificul-
dade, porém se o dado obtiver resultado máximo, este
é chamado de Ás e deve-se rolar novamente somando
o novo resultado. Só existem 5 números de dificuldades
no jogo: 3 (a prova de falha), 5 (justo), 7 (trabalhoso), 9
(difícil) e 11 (incrível). Claro que existem modificadores
de situação que podem fazer a diferença.
Exemplo 1: A dificuldade de se saltar a ravina
é justa (5) e Tex tenta a sorte! Seus 3d6 conseguem
resultados 2,4,5. Que sorte dana, Tex! O cavalo salta e
passa o obstáculo sem problemas!
Exemplo 2: Vamos ver a mesma cena só que
iremos considerar um novo rolamento de dados. Tex
consegue 5,5 e 6. Opa, parceiro! Tex fica com o resulta- das aleatoriamente em um saco. Estas fichas são co-
do 6 (Ás que é o máximo do d6) e rola de novo soman- locadas na frente do jogador e são usadas conforme
do... Ele consegue um 6 novamente, que sorte dana a vontade do mesmo. Cada vez que uma ficha branca
Tex, mais um Ás! E por fim consegue um 2, totalizando ou vermelha é usada, o mestre pode sortear aleatoria-
incríveis 14 (6+6+2)! mente uma para si. Se o jogador usar uma ficha azul
O baralho funciona como sistema de iniciativa ou lendária, o Delegado não pode tirar nenhuma para
geral, serve para definir a criação de elixires para os al- si. Como bem observado, essas fichas são a essência
quimistas e desenvolvimento de engenhocas dos cien- do jogo já que os jogadores recebem elas como ex-
tistas loucos, ativação de magias para os feiticeiros etc. periência baseado nas condições determinadas pela
Cada personagem possui um baralho em jogo, exceto aventura, além de servirem como recompensa por atos
os usuários de magia, cientistas loucos e outros que heróicos e dramáticos.
foram tocados misticamente pelo mundo dos espíritos
que usam dois baralhos de verso diferentes.
As fichas de poker são em três cores (brancas,
vermelhas e azuis) e representam a sorte de cada um
em Deadlands, sendo que são usados para melhorar o
personagem, negar dano, ativar habilidades especiais,
adicionar dados e resultados em um teste, etc. As fi-
chas são dadas aos jogadores quando realizam uma
façanha heróica, porém dependendo do tipo da ação
ousada, o Delegado pode dar um determinado tipo de
ficha como recompensa. Existe uma ficha especial de
cor preta que só é adicionada ao banco de fichas após
o grupo de aventureiros Ter terminado uma aventura.
Esta ficha diferente é chamada de ficha lendária e pos-
sui habilidades únicas! Porém um jogador só pode tê-la
em mãos se conseguir tirá-la no sorteio inicial de cada
sessão de jogo. A ficha lendária representa os feitos do
grupo de jogadores que são contados pelo Estranho
Oeste, fortalecendo a história de seu heroísmo ou vi-
lania.
Todos os personagens e o Delegado de Dea-
dlands recebem por aventura 3 fichas que são sortea-

16
 Um outro detalhe a ser levado em conta, é que
este é um jogo de faroeste e terror, logo existem me-
canismos que o Delegado utiliza para verificar como o
personagem reage diante ao medo. Um teste de bravu-
ra é requisitado em momentos específicos. Caso falhe,
há uma tabela que o Delegado pode conferir os resul-
tados. Mesmo que o jogador não esteja com medo, o
personagem dele há de reagir de acordo. Se o trauma
for muito alto, este é capaz de adquirir algum tipo de in-
sanidade ou pode morrer do coração antes que alguém
perceba.
O combate é mortal e é feito por gravidade de
ferimentos em determinado local do corpo, não existem
pontos de vida. Quando um ataque é bem sucedido,
verifica-se o dano que pode ser negado ou reduzido
pelo gasto de fichas coloridas por parte do personagem
alvo. Uma vez que estiver sem fichas, você está sem
sorte. Em um clássico duelo sob o sol do meio-dia, ne-
nhum dos envolvidos pode gastar fichas para enganar
a morte.
Os Personagens
A criação dos personagens segue três fases
distintas, a primeira envolve você criar um conceito
para seu personagem. Não existem classes ou níveis
em Deadlands, mas estereótipos que podem servir de
base para seu personagem, variando desde pistoleiros
e índios até a feiticeiros jogadores de cartas que vagam
pelo território. A Segunda fase é tirar 12 cartas de um
17
baralho e compará-los numa tabela. O naipe define a
coordenação do atributo principal enquanto o valor da
carta define o tipo de dado. A coordenação do atributo
nada tem haver com a coordenação da perícia... São
coisas distintas, pois a coordenação da perícia é com-
prada depois, a fim de usar o atributo no teste apropria-
do.
Se o resultado for um curinga (joker), deve-se
verificar se o personagem possui passado misterioso
benéfico ou maléfico. Este passado misterioso pode ser
uma parte somente conhecida pelo Delegado ou de co-
nhecimento do personagem... O passado misterioso é
uma ferramenta útil ao Delegado para montar histórias
sobre este personagem em uma campanha.
Após verificado que tipo de dados o jogador pos-
sui e em quais quantidades, é hora de distribuí-los pela
ficha. As perícias são compradas após saber a quanti-
dade de pontos de desenvolvimento que nasce da so-
matória de três atributos (Cognição, Espírito e Esperte-
za). O máximo que uma coordenação de atributo pode
ter na criação do personagem é 5, porém coordenação
superior a este limiar são consideradas especializações
e são muito difíceis de se alcançar durante o jogo, com
as fichas gastas em melhorias de personagem.
A terceira e última fase é comprar vantagens e
desvantagens para seu herói do Estranho Oeste. Os
diversos suplementos de Deadlands permitem uma
customização fantástica, limitando o jogador apenas a
sua própria imaginação. Por fim, o jogador recebe 250
dólares para gastar em equipamento... É um montan-
te de dinheiro considerável, já que determinadas coi-
sas custam centavos
e outras, tal como um
cavalo simples, custa
cerca de 150 dólares!
Aqueles que
desejam andar pelo
terreno da magia ar-
cana, misticismo indí-
gena ou usar poderes
divinos, entram em
uma quarta fase que é
a de selecionar estes
conhecimentos. A dife-
rença entre poder divi-
no e arcano é que os
Abençoados (o este-
reótipo de religioso de
Deadlands) não preci-
sam se preocupar com
falhas de suas magias
arcanas, mas preci-
sam se manter fiéis a
sua doutrina religiosa
e longe do pecado, a
fim de conservar seus poderes.
Claro que no Estranho Oeste as coisas nunca
são o que parecem... Dessa maneira, caso você seja
morto em alguma ocasião, há possibilidade de ainda
continuar jogado como um Sofredor (morto-vivo). Afi-
nal de contas, estamos em uma terra onde os espíritos
malignos procuram corpos para possuir e continuar a
aterrorizar os vivos.
O Cenário
Estados Unidos, 1876. A guerra civil ainda não
terminou devido ao fato que horrores foram libertados
por um shaman índio chamado Raven, que desejava
expulsar o homem branco de suas terras. Ele e um gru-
po de seguidores foram até os territórios de caçada no
mundo espiritual e abriram um portal sombrio, aonde
os antigos Manitous (demônios indígenas) vieram ao
mundo mortal. Este pacto somente beneficiou os Mani-
tous e ao próprio Raven, pois este fora renegado pelas
outras tribos indígenas ao propor tamanho sacrilégio.
Para alcançar os Manitous, Raven realizou um ritual
antigo que causou o grande terremoto que fragmentou
a Califórnia, transformando-a no chamado Grande La-
birinto e desencavou um novo tipo de mineral: a Pedra-
18
Fantasma (Ghost Rock). Isso desencadeou uma nova
corrida econômica para os mineradores da região, sem
falar da nova guerra das ferrovias!
Dessa maneira, o velho oeste se tornou um local
estranho e bizarro. Local onde coisas horrendas andam
pela noite e os mortos se erguem das covas. A violência
apenas ajudou os Manitous a continuarem a propagar
o medo pelo território selvagem. O medo é sua fonte de
poder e alimento, desta forma quanto mais terrores fo-
rem perpetrados, maior a chance de locais se tornarem
Terras Mortas (Deadlands). As energias místicas dos
Manitous afetaram as mentes de brilhantes cientistas
que criam engenhocas movidas com as fantasmagóri-
cas energias da Pedra-Fantasma, praticantes de magia
descobriram que seus encantamentos realmente fun-
cionam, praticantes de artes marciais notaram que o
Chi é agora uma força a ser reconhecida.
Os Estados Unidos estão divididos em União
(Norte), Confederados (Sul) e Nações Indígenas que
apoiam ou repudiam algum dos lados do conflito. Este
barril de pólvora é uma enorme terra de oportunidades
para todos que quiserem tentar sua sorte... Mas a gran-
de questão é se você será capaz de sobreviver aos hor-
rores e trazer justiça a essa terra sem lei?
Rigor Mortis
Uma Aventura para
Call Of Cthulhu e GURPS

Por Clayton Mamedes

e Eliezer Andreoli
Ilustrações: Charles MOS
 Esta é uma aventura de investigação basea-
da nos contos de H.P. Lovecraft e sua ambientação
em Arkham. Os personagens dessa aventura serão
chamados de Investigadores, e serão compostos por
membros formados da Faculdade de Ciências Bio-
lógicas da Universidade de Miskatonic. Os persona-
gens poderão ser médicos em diversas especialida-
des, biólogos, microbiólogos, farmacêuticas, psiquia-
tras, ou outros que compreendem o ramo médico. O
mestre ainda deve incentivar aos jogadores criarem
personagens o mais próximos de uma pessoa co-
mum, escolhendo em primeiro lugar sua profissão,
depois criando sua história e apenas por último fazer
definitivamente a planilha de personagem. Os inves-
tigadores deverão ter bons conhecimentos em suas
profissões, alguns conhecimentos mundanos oriun-
dos de passatempos ou outras atividades paralelas,
e quase nenhum conhecimento em combate (afinal,
serão médicos e não soldados). O mestre também
deve incentivar seus jogadores a lançarem menos
os dados e a interagirem mais com a história e com
eles mesmos, novamente, esta é uma aventura de
investigação e seu sucesso depende unicamente de
raciocinar sobre um problema.
A aventura está aqui apresentada não tem um
formato cronológico exato, isso quer dizer que esta
não está detalhada minuciosamente acontecimento-
por-acontecimento e pode ser jogado completamente
não - linearmente. O mestre deve sentir-se livre para
adaptar esta aventura, criando maiores ou menores
detalhes. Como o tempo de duração da aventura não
está definido, podendo estender-se para semanas
em tempo de jogo, o mestre poderá até tornar deste
roteiro uma pequena campanha conforme o mestre
lidar com os detalhes dos eventos descritos. Fora
isso recomendamos o mestre preparar bem a aven-
tura antes de iniciá-la, pois você quer surpreender os
jogadores e não a você mesmo, certo?
A aventura é preparada para ser jogada em
GURPS ou Call of Cthulhu, mas pode ser facilmente
adaptada para qualquer outro sistema, afinal o que
importa mesmo aqui é a história! Para mestres de
GURPS, recomenda-se deixar à mão a Tabela de Ve-
rificação de Pânico, como todas suas regras na ponta
da língua. Aqueles que ainda tiverem disponibilidade
do GURPS Horror e quiserem utilizar-se das regras
opcionais de Verificação de Pânico ali descritas, sin-
tam-se a vontade. Caso você adapte esta aventura
para outros sistemas, lembre-se de providenciar al-
guma regra de sanidade ou verificação de pânico,
pois ela será importante no desenrolar da aventura.
Mestres de GURPS podem ainda pedir a
seus jogadores algo inusitado – personagens de 50
pontos! Isso vai apimentar ainda mais as coisas. Se
20
adaptar esta aventura para outros sistemas, lembre-
se de pedir para os jogadores que criem persona-
gens os mais fracos possíveis para aquele sistema.
Pode parecer estranho, mas essa é um dos grandes
trunfos desse jogo.
Se você pretende jogar esta aventura, seja
consciente e pare de ler aqui, qualquer informação
pode comprometer esse jogo, pois se trata de uma
aventura investigativa. Se você é o mestre, então,
vamos à história.
Informação para o Mestre
Não se preocupe e nem se sinta na obriga-
ção de transmitir o que está contido nas Informações
para o Mestre aos jogadores em qualquer momento
da aventura. Aqui se encontram detalhes cujo objeti-
vo é exclusivamente a ambientar o mestre e ajudá-lo
a desenvolver a história e não necessariamente pre-
cisa ser descoberta pelos jogadores.
Em 1917, um estudioso das artes necromânti-
cas instalou-se na pequena cidade rural de Shellbur-
ne Falls, a fim de ter privacidade em seus estudos.
Fixou-se como um fazendeiro e ganhou a confiança
e amizade da população tendo uma pequena cer-
vejaria que fornecia para a própria cidade. Com o
tempo, através da análise de um antigo tomo, o Cul-
tes des Goules, Kevin Brooks conseguiu criar uma
espécie de variante de um terrível encanto contido
naquele livro profano – A Podridão da Cova. A va-
riante do encanto provou ser muito mais forte do que
o feitiço original, e muito além das capacidades de
Kevin Brooks de controlá-lo. O encanto saiu de seu
controle e acabou infectando grande parte da cidade,
e a ele mesmo.
Devido às suas semelhanças com doenças
degenerativas, a real natureza da epidemia perma-
nece em segredo para aqueles que não possuem
os conhecimentos profanos de Brooks, que deses-
peradamente tenta encontrar um contra-feitiço e en-
quanto isso a cidade inteira é dizimada pela estranha
Peste.
O Dr. Clark Crawford, o único médico cirurgião
da pequena cidade, ao se ver impotente para tratar
a estranha doença, entrou logo em contato com o
Departamento de Controle de Doenças do governo,
clamando por ajuda. Algumas semanas se passaram
até que o Dr. Mendel e uma equipe de mais três ho-
mens chegassem à pequena cidade. Contudo, quan-
do chegaram constataram uma cena repugnante de
uma terrível epidemia, corpos ainda vivos em esta-
do de putrefação em um hospital improvisado e uma

vala de mortos que ia se amontoando semana após
semana. Constataram que poderia ser tragicamente
contagiosa e tão logo fizeram isso abandonaram o
Dr. Crawford com seus pacientes.
O Dr. Mendel, por sua vez, retornou à Arkham,
tão abalado pelo que vira e pelo que poderia acon-
tecer que noticiou às autoridades competentes de
Washington para uma possível epidemia de propor-
ções devastadoras, que caso saísse do perímetro da
pequena cidade poderia em poucos meses contami-
nar todo o país. Após uma assembléia emergencial,
o Departamento de Controle de Doenças, junto com
o Exército decidiram então enviar uma tropa a fim
de colocar a cidade em quarentena e assegurar que
a doença fique contida no perímetro de Shellburne
Falls, e que se a doença não fosse detida, então as
ordens seriam para incinerar a cidade inteira pelo
bem maior da nação.
21
Enquanto isso, Dr. Cra-
wford, desconhecendo as ori-
gens nefastas da epidemia, já
tremendamente conturbado com
as fortes cenas que presenciava
todos os dias, e sabendo que
estava ele próprio contaminado
pela horrível doença tomou co-
ragem para contatar seus velhos
companheiros de faculdade que
ainda exerciam a função para
ajudar-lhe.
E então a história se ini-
cia.
Sobre Shelburne Falls
Shellburne Falls é o palco
desta aventura. É uma pequena
cidade rural, cuja principal fonte
de renda dos cidadãos é a agri-
cultura. Na cidade existe uma
grande fazenda plantadora de
cevada e cereais, com uma pe-
quena cervejaria que atende a
cidade. As casas são parcas e
bem dispersas, tendo entre elas
várias plantações. Até seria uma
boa idéia ir de carro para esta re-
gião, mas aqui não existem pos-
tos de gasolina, sendo a gasolina
acondicionada em tambores em
fazendas para uso em tratores e
máquinas pesadas.
A população aqui é extre-
mamente simples sendo típicos
caipiras cuja principal ocupação é cuidar do arado.
O centro da cidade resume-se a uma praça
pequena, com um coreto e algum comércio ao redor,
que é composta por uma mercearia que tenta vender
de tudo um pouco (mas nada sofisticado), uma loja
de ferragens (na qual pode encontrar algumas ve-
lhas armas e munição), uma mecânica para conser-
tos de tratores e máquinas pesadas (onde se vende
galões de gasolina), e um pequeníssimo correio. A
cidade não possui um telefone sequer. Na frente da
praça também pode ser visto uma Igreja Protestante
dirigida pelo Reverendo Charles.
Um pouco afastado do centro pode-se en-
contrar conjugado a uma bonita casa a única clínica
médica da cidade. O Dr. Clark Crawford é o médi-
co responsável e não têm ajudantes, e é aqui que a
aventura tem seu palco principal.
 1920, A Era de Ouro
Em boa parte do mundo anglo-saxão, a dé-
cada de 1920 foi uma época mágica. Logo após a
Grande Guerra (como era conhecida a Primeira
Guerra Mundial), até mesmo o mais pobre habitante
dos EUA sabia que estava morando no melhor país
do mundo, o palco ideal para pessoas ambiciosas
pudessem ganhar muito dinheiro com mercadorias
ilícitas – como o álcool, proibida na época.
Esta década também foi considerada de ouro
para o automobilismo, onde as primeiras novidades
surgiram. O carro popular do momento era o Ford A
(sucessor do Ford T). Partidas elétricas ainda eram
opcionais, onde era necessário dar partida com uma
manivela na maioria dos motores. Nesta época ain-
da eram comuns carros a vapor, mas também eram
inconvenientes, pois levavam cerca de dez a vinte
minutos para estarem prontos a andar e costumava
esquentar muito dentro da cabine.
A tecnologia tinha dado um grande salto. Ain-
da não existiam televisores, então esta é a era de
ouro do rádio também. Os jornais não costumavam
ter a quantidade de informações que existe hoje para
nós, mas eram veiculados duas ou três vezes por dia
e eram tidos como fonte principal de informação.
As áreas rurais, no entanto eram um caso a
parte. Seus cidadãos eram um tanto receosos contra
tecnologia, e apesar de alguns tratores começarem
a chegar nas maiores regiões agrícolas, a população
era geralmente contra as máquinas devido à recente
Revolução Industrial. Apesar de parecer exagerado,
eles acreditavam que as máquinas pudessem fazer
22
todo o trabalho do campo e deixariam milhares de
desempregados. A maioria das pequenas cidades
ainda sequer eram abastecidas com energia elétrica
(e este é o caso de Shellburne Falls), tendo a cidade
um gerador para casos excepcionais, como datas es-
peciais e festivas.
Capítulo 1
Plantação de Cadáveres
Cada Investigador recebe uma carta (Pista 1)
dirigida em seu nome de um médico chamado Dr.
Clark Crawford, seu amigo pessoal dos tempos da
faculdade. Recomendamos ao mestre tirar uma có-
pia desta carta e entregá-la fisicamente aos jogado-
res ao invés de simplesmente lê-la em voz alta, isto é
chamado Pista e é um dos recursos mais interessan-
tes de jogos de investigação.
A viagem de Arkham até Shellburne Falls
demora cerca de 10 horas e pode ser feita de duas
maneiras distintas: Viajar de carro ou ainda de trem
(uma viagem mais rápida e confortável, mas que limi-
ta ao personagem suas bagagens).
Chegando em Shellburn Falls, Dr. Clark re-
cepciona aqueles que vieram, o médico já não é
mais tão jovem quanto podiam se lembrar e apresen-
ta profundas olheiras e mau hálito. Após uma rápida
conversa de amigos, o médico, visivelmente pertur-
bado, começa a explicar a tal epidemia.
“Não sei como começou ou por onde, sei que
há mais ou menos uns seis meses ela começou! Os
primeiros casos eram isolados e, apesar de terem
seus efeitos devastadores, eu nunca achei que podia
se tornar uma epidemia. Bem, com as coisas do jei-
to que estão eu peço até desculpas de ter chamado
por vocês! Há algum tempo entrei em contato com
alguns agentes de controle de doenças do governo,
eles vieram, fizeram suas constatações e tão logo fo-
ram embora, não me ampararam, então não tinha a
mais quem recorrer. A epidemia se espalhou demais
e, bem, eu não sei nem por onde começar! É melhor
que eu mostre a vocês ao invés de tentar explicar,
afinal, vocês não acreditariam em mim se eu simples-
mente contasse, pois essa doença contradiz tudo o
que aprendemos em nosso tempo acadêmico!”
Dr. Crawford então apanha algumas luvas e
máscaras e pedem para que os investigadores as
coloquem, mas o próprio médico não os coloca. Sai
de sua clínica conjugada com sua casa e leva os
personagens até um barracão perto da área rural. O
barracão, ao que parece é uma clínica improvisada,
com camas montadas às pressas pelos próprios mo-
radores. Logo quando se adentra a clinica improvi-
sada percebe-se um forte cheiro de carniça. Vários
pacientes estão sendo cuidados por mulheres da
pequena cidade que, percebe-se que são precaria-
mente treinadas.
Os pacientes, contudo, representam uma pre-
ocupação à parte. Todos eles apresentam estados
clínicos deploráveis, reclamando de muitas dores e
os gemidos preenchem todo o local da mesma forma
que o cheiro de carniça. O médico então começa a
se explicar:
“Esta doença parece ser um agente que faz o
sangue morrer e fazer com que as funções básicas
corporais sejam mais lentas, o que faz com que o
corpo comece a se degenerar em vida.”
Os pacientes apresentam a carne arroxea-
da como se o sangue estivesse estagnado. Moscas
voam no ambiente. Alguns pacientes apresentam bo-
lhas de pus emergindo da pele, unhas caindo e den-
tes apodrecidos e frouxos, além do cabelo caindo. Se
forem observadores, eles vêem uma das enfermeiras
aplicando injeção em um dos pacientes utilizando um
vidro rotulado como “Morfina”.
Se questionado, o Dr. Crawford diz que estes
pacientes estão infectados apenas a algumas sema-
nas. Todos personagens neste momento devem rolar
um teste para manterem sãos devidos às cenas for-
tes presenciadas (GURPS - Verificação de Pânico :
Call of Cthulhu - Teste de Sanidade 1/1d2).
Dr. Crawford ainda diz:
“Estes casos não são os mais graves, vamos
olhar então o meu paciente que mais tempo sobrevi-
veu a esta doença.”
Sai do barracão pedindo aos investigadores
que o acompanhem, se dirige à um casebre, aparen-
temente a residência de alguém, mas o mato já está
um tanto alto, e parece que a residência não recebe
cuidados ou limpeza por algum tempo. Adentrando o
casebre, o forte cheiro pútrido é notado, Dr. Crawford
pede para que os investigadores o acompanhem até
um quarto aos fundos, cuja porta está fechada com
um cadeado. Ao abrir a porta um cheiro insuportável
de morte escapa daquele local (talvez um teste de
HT ou Con seja necessário para suportar permane-
cer no local) e um corpo cadavérico jaz em cima de
uma maca. Bolhas de pus abertas e fechadas com-
põe sua pele completamente arroxeada, muitas mos-
cas voam por esta sala e alguns vermes podem ser
23
vistos andando sobre e sob a pele do paciente, suas
mãos e pés não possuem mais unhas sua boca aber-
ta revela a total ausência de dentes. Seu couro cabe-
ludo está desprovido de cabelos onde muitos deles
estão espalhados pela maca ou pelo chão.
Dr. Crawford pergunta aos investigadores o
que acham do corpo. Um teste (GURPS – Medicina
+ 4 ou IQ : Call of Cthulhu – Medicine x2 ou Ideia)
revela o óbvio, o corpo está aparentemente morto já
há alguns dias. O médico aceita a resposta e pede
um pouco de atenção, chega próximo ao corpo e
sacode-o um pouco no ombro chamando pelo nome
de “Joseph”. O homem então abre os olhos e olha
diretamente para o médico, que pergunta se ele se
encontra bem e se as dores melhoraram, o homem
diz em um sotaque caipira arrastadíssimo misturado
com uma voz grotesca: “a dô foimbora dotô, mai tô
cu fômi”. Após essa fatídica cena um novo teste é re-
querido (GURPS – Verificação de Pânico –4 : Call
of Cthulhu – Sanidade 1d2/1d4).
Dr. Crawford diz a Joseph que vai enviar uma
enfermeira com comida, sai do quarto, o tranca no-
vamente, e vira-se para com um ar realmente contur-
bado, dando a idéia do quão desesperado está com
esta doença.
“Joseph está contaminado à apenas 12 sema-
nas! Se em apenas três meses conseguiu denegrir o
corpo de um homem que tinha uma saúde de ferro
como ele, imaginem o que pode fazer com mulheres
e crianças.”
Dr. Clark, se questionado, também afirma que
os seres humanos não são os únicos a serem ataca-
dos pela estranha doença, têm-se notícias também
de animais que morreram.
O médico de Shellburn Falls diz ainda que
existia mais um local que deveriam ver, fecha o ca-
sebre, retorna à sua casa, onde em frente está esta-
cionado seu Ford modelo A. Girando a manivela na
frente do carro, dá-lhe a partida e leva então os per-
sonagens a mais ou menos 10 minutos para fora da
cidade e mais 5 para dentro do mato (em uma trilha
previamente feita). Clark estaciona o carro e diz aos
investigadores que vejam por si mesmos o que há
“atrás do morro” e que ele ficaria no carro, pois não
aguentava mais olhar para aquilo.
Quando os investigadores olham além do
morro vêem simplesmente pilhas de cadáveres pu-
trefatos em diversos túmulos coletivos, com muitos
vermes andando por eles e corvos contaminados pela
doença comendo os restos e alguns outros já mortos
e depenados junto com os cadáveres. Há mortos de-
mais para serem contados. Alguns apresentam es-
pasmos pós-mortem e é possível ter até a impressão
que algum corpo está se movendo. (GURPS – Veri-
ficação de Pânico –6 : Call of Cthulhu - Teste de
Sanidade: 1d2/1d8).
Voltando para o carro o Dr. Clark, chorando,
implora Pelo Amor de Deus que os personagens o
ajudem a erradicar esta estranha epidemia de suas
terras.
Capítulo 2
Micropistas
Após a oportunidade que o Dr. Crawford deu
aos personagens de determinar a gravidade da si-
tuação, chega a hora então de agir, podendo iniciar
imediatamente se preferir.
O mestre deve atentar-se ao tempo nesta
aventura, alguns testes deverão ser realizados com
um tempo determinado para serem concluídos e fa-
lhas poderão fazer os dias se passarem sem grandes
resultados nas investigações. O mestre deve estar
atento também a possíveis noites sem dormir que os
investigadores enfrentem e deve penalizá-los pelo
cansaço.
O mestre ainda deve deixar os investigado-
res livres para agir, o estilo investigativo requer que o
mestre tenha paciência e imaginação. Deve aprender
a não dar dicas para os jogadores e evitar diálogos
longos com eles sobre descobertas, resumindo-se
propriamente a responder questões dos jogadores.
Nesse âmbito, os investigadores podem fazer diver-
sas coisas, juntos ou separados, e o mestre tem que
estar pronto para qualquer coisa. Essa seção vai aju-
dá-lo quanto a isso.
Na clínica conjugada com a casa do Dr. Clark
existe um útil laboratório, e apesar de que ajudaria se
os investigadores trouxessem seu próprio material,
já que o do Dr. Clark é escasso, este será um útil
centro de análises e palco de um bom período deste
capítulo.
Considere aqui, que caso os investigadores
utilizem apenas o material do Dr. Clark, penalidades
podem ser aplicadas pela escassez de materiais, e
podem aumentar ainda mais caso muitas análises
sejam feitos ao mesmo tempo. Ferramentas, utensí-
lio ou aparatos domésticos podem ser usados como
ferramentas aqui, mas podem aumentar ainda mais
a penalidade. Em GURPS de –1 a –10 (em casos
extremos) e em Call of Cthulhu de metade a um
quinto.
Algumas ações que os investigadores pode-
rão querer fazer são:
24
Analisar os Mortos
A ingrata tarefa de realizar autópsias nos ca-
dáveres da cova coletiva pode ser realizada, mas não
antes do mestre pedir por um teste para saber se o
investigador tem capacidade de fazê-lo sem vomitar
por cima do cadáver putrefato. (GURPS – HT : Call
of Cthulhu – Con x 5). Este teste poderá ser refeito
quantas vezes quiser, mas o mestre deve atentar-se
com o tempo decorrido para que o investigador se
estabilize para realizar sua tarefa.
Após 1 hora de autopsia e mais 2 horas de
análises biológicas (o que provavelmente vai preci-
sar do laboratório do Dr. Clark) e mais alguns tes-
tes o investigador chega a uma única conclusão:
Nenhuma! Os cadáveres parecem absolutamente
normais. Não há qualquer prova física que os corpos
apodreceram mais rápido do que o normal a não ser
pelo testemunho do Dr. Clark ou pela consequente
comprovação dos investigadores. No corpo podem
ser encontradas algumas bactérias e parasitas, mas
todos relacionados com doenças comuns ao campo,
não podendo nenhuma ser relacionada à causa-mor-
tis. (Para a autópsia: GURPS – IQ –10 Medicina –4
, Cirurgia –2 ou Autopsia : Call of Cthulhu Medi-
cine : Para a análise biológica: GURPS – Biologia
–2, Microbiologia, Parasitologia : Call of Cthulhu
- Biology).
Fazer análises sanguíneas e biópsia nos
doentes.
Podem existir diversas finalidades para essa
pesquisa, então o mestre deve estar atento para
transmitir aos jogadores apenas as informações per-
tinentes apenas à pesquisa que mencionaram fazer.
Cada descoberta precisa de testes de Biolo-
gia, Microbiologia, Medicina-2 (CoC: Medicine /
2), Farmacêutica-2 (CoC: Pharmacy / 2), ou rela-
cionados. Cada exame demora uma hora para ser
concluído, e caso o resultado seja uma falha, uma
hora de exames foi consumida não tendo resultado
algum.
O uso de técnicas apropriadas (segundo o
critério do mestre), poderia conferir algumas bonifi-
cações nos testes.
Eis algumas informações sobre a doença,
cada item é passada para os jogadores conforme
forem realizando os exames com finalidades espe-
cíficas:
1. O sangue dos doentes apresenta sérias de-
composições estruturais, como se estivesse
 coagulando aos poucos, quanto mais avança-
da a doença maior a decomposição. Este fato
pode indicar a causa das mortes;
2. O tratamento mais eficaz até o momento são
drogas fortíssimas que diminuem o metabolis-
mo do corpo, além de diversas doses diárias
de Morfina utilizada apenas para apaziguar a
dor dos enfermos, mas isso não cura a doença,
apenas faz o doente poder viver mais e com
menos dor;
3. A derme e epiderme (pele) demonstram dege-
neração avançada, como se fossem retiradas
de cadáveres. Às vezes moscas depositam
ovos em doentes e vermes comuns a defuntos
costumam aparecer em alguns casos. A putre-
fação é inevitável, mesmo se conservado em
geladeiras ou formol;
4. Não é encontrada nenhuma forma de bactéria,
vírus ou parasita que poderia ser o agente cau-
sador da doença;
5. Não é possível ser determinado o método de
contágio, se pelo ar, contato ou ingestão.
Analisando Psicologicamente os
Pacientes
Durante os exames, podem ser notados di-
versas anomalias psicológicas com os pacientes. Se-
ria interessante neste ponto serem aplicados testes
de Psicologia ou Psiquiatria com os seguintes resul-
tados:
1. Um pequeno teste psicológico revela que os
portadores da doença têm seu raciocínio deca-
ído conforme a progressão da doença, quanto
mais a doença progride, mais debilitado torna-
se o raciocínio;
2. Um pequeno teste psicológico revela tam-
bém que os doentes tornam-se cada vez mais
agressivo com o desenvolver da doença.
Examinar outros cidadãos locais para
determinar áreas de contágio
Pode ser que os investigadores queiram ana-
lisar outros moradores para determinar se existem
pessoas contagiadas que ainda não foram identifi-
cadas. Isto é um trabalho mais minucioso que requer
muita paciência por parte dos investigadores. Testes
de Medicina, Biologia, Microbiologia, etc poderão
ser efetuados, mas a única maneira até então desco-
berta (necessitando de conclusões dos exames nos
pacientes primeiro), é verificar quem apresenta dege-
25
neração celular no sangue ou derme. O Dr. Crawford
já conhece nesse ponto alguns sintomas da doença
(para maiores detalhes veja a seção A Variante d’A
Podridão da Cova).
O exame pode ser feito de duas formas dis-
tintas, coleta de sangue e amostras de derme da po-
pulação para posterior análise no laboratório do Dr.
Crawford ou um rápido exame médico na população.
Ambos podem ser efetuados com relativa eficiência,
mas o método rápido recebe uma penalidade de –2
a –4 em GURPS (dependendo do modo como for
empregado, a critério do mestre) ou dividido por
2 em Call of Cthulhu. O primeiro método é o mais
demorado, consumindo uma média de 10 minutos
para locomover-se e atender cada cidadão, mais
uma média de 15 a 20 minutos para analisar cada
amostra coletada para um exame minucioso, ou um
exame rápido de 5 minutos com penalidades de –4
em GURPS ou dividido por 2 em Call of Cthulhu.
O segundo método demora cerca de 15 a 20 minutos
para cada cidadão, mas um exame médico minucio-
so pode demorar mais em uma comunidade que é
naturalmente tímida e introspectiva.
Alguns moradores realmente estão contami-
nados em estágios primários da doença. Para fim de
impacto, faça os investigadores descobrir a primei-
ra vítima de contágio, após verificarem duas ou três
pessoas, e sentirem que nada está errado, quando
uma pequenina garota – Evelyn, 8 anos – é identifi-
cada como contaminada.
Algo interessante pode ser notado aqui após
a maior parte da população estar examinada, mas é
recomendado ao mestre dar apenas dicas sutis sobre
isso. Se mapeado, a notícia é que os moradores da
região mais Vermelha pontada no mapa (do mestre)
são os que mais apresentam o contágio, enquanto
que nos da região Amarela a ocorrência da doença é
bem menos percebida e na região Amarela (menor)
apenas um único caso poderá ser descoberto. Res-
pectivamente a região Vermelha é a maior parte no
lado esquerdo enquanto que a Verde é a menor parte
inferior direita.
Na região A ainda existe a fazenda de Kevin
Brooks, um rico plantador de cevada e cereais com
uma adega e pequena cervejaria para produção pró-
pria e para a cidade. Maiores informações quanto
aos exames neste estabelecimento adiante.
Analisar outros tipos de formas de vida
que podem estar contaminadas
Segundo o Dr. Crawford, não apenas seres
humanos contraíram a doença, alguns animais tam-
bém foram vistos com os mesmos sintomas. Testes
de Biologia, Veterinária, Botânica, etc podem reve-
lar quemuitos animais, de diversos tipos (aves, gado,
mamíferos em geral) apresentam o mesmo quadro,
variando de intensidade de espécie para espécie,
aparentando ser mais fulminante em mamíferos.
Um exame nos vegetais revelará que estão
normais, mesmo assim, pelo bom senso, seu consu-
mo não é indicado.
O exame na vida marinha é a mais intrigante,
pois pode revelar algumas pistas sobre o caso. Para
maiores informações veja a parte “A Análise das
águas do Riacho”.
Acontecimentos Paralelos
Em alguns momentos, podem ocorrer alguns
acontecimentos mais detalhados, essa seção cobre
isso.
Colhendo amostras do
moribundo Joseph
Antes da cena “O despertar de Joseph”,
aquele que tentar tirar amostras de sangue do Jo-
seph será mau sucedido pois este encontra-se ex-
tremamente agitado e arredio. Mais a frente estão
as estatísticas do Joseph Reanimado, caso precise
realizar algum teste resistido, utilize aquelas esta-
tísticas. O Dr. Crawford no entanto consegue acal-
má-lo simplesmente conversando e consegue então
colher as amostras. É possível perder mais de meia
hora apenas com isso.
Analisando o Dr. Clark Drawford
Em algum momento os investigadores podem
sentir-se atraídos a analisar a situação clínica do Dr.
Crawford. Caso isso aconteça, faça com que os jo-
gadores realizem seus testes normais, mas o mes-
tre deve ficar atento, pois o Dr. Crawford pode apre-
sentar certa resistência, mas não física, pode tentar
convencer os investigadores que está bem ou tentar
mudar o material coletado ou mesmo os resultados
caso tenha chance.
Após a análise, o resultado é o que poderia
ser esperado. O Dr. Clark também está contamina-
do. Neste ponto poderia o mestre lançar algum co-
mentário de paranóia nos jogadores dizendo que se
o Doutor se contaminou, eles também deveriam ter
cuidado!
26
O Despertar de Joseph
Em algum momento propício e inesperado
(escolhido pelo mestre), retornando à clínica improvi-
sada do Dr. Clark, um teste de percepção (GURPS:
Visão : Call of Cthulhu: Search) pode mostrar que a
cabana na qual o médico mantém o moribundo Jose-
ph está com a porta aberta, assim como a porta tran-
cada do quarto dos fundos, coisa que o Doutor não
costuma fazer. Ao aproximar-se, é possível notar um
corpo no chão da cabana, o corpo é de uma das en-
fermeiras, o corpo apresenta contusões e provavel-
mente a pobre mulher morreu por perda de sangue
e por um enorme corte em seu abdome, um teste de
Medicina ou Fisiologia revela que os órgãos inter-
nos parece ter sido rasgados e partido em pedaços
que estão ausentes. Um grito pode ser claramente
ouvido vindo do barracão com a clínica improvisa-
da. A voz é de Clark. Indo para o barracão nota-se
alguns dos corpos de doentes jogados no chão com
alguns membros arrancados e jogados pelos cantos.
Uma pequena olhada mostra que os membros estão
mordidos por dentes pouco afiados.
Após uma corrida ao barracão vê-se então o
que realmente está acontecendo. Dr. Clark está sen-
do atacado por Joseph, que está em pé, apesar de
cambaleando. Seus lúgubres grunhidos não pare-
cem ser qualquer forma de comunicação, apesar de
dizer palavras semi-compreensíveis como “fome” e
“comer”. Joseph não poderá ser persuadido, o único
modo de pará-lo agora é destruindo-o.
O Corpo Reanimado de Joseph
GURPS
ST 13; IQ 1; DX 8; HT 15
RD: Nenhum, mas recebe apenas 1 ponto de dano
contra GDP, um quarto de dano de armas de fogo
do tipo CONT (excluindo espingardas) e metade do
dano de qualquer outra arma (incluindo espingarda).
Ataque: Mordida: DX, Dano GDP-4; Soco: DX+2,
Dano GDP-2.
Extra: Um teste de Verificação de Pânico-6 é requeri-
do logo quando o investigador avista Joseph.
Call of Cthulhu
STR 16; CON 17; SIZ 12; DEX 8; POW 1; APP 0; INT
1; EDU 0; Damage Bonus + 1d6; PVs: 14; Move 6
Armor: Nenhum, mas recebe apenas 1 ponto de dano
de armas perfurantes, um quarto de dano de armas
de fogo (excluindo espingardas) e metade do dano
de qualquer outra arma (incluindo espingarda).
Ataque: Mordida: 30% Dano: 1d3; Soco 40% Dano:
1d3+db
Sanity Loss: 1d2/1d8
Mary e seu filho West
Em algum momento pouco oportuno para os
investigadores, uma mulher vai conversar procurá-
los. Ela começa a implorar para que eles “salvem”
seu filho, West, e seu marido Joshua, que estão
doentes, mas não querem pedir ajuda ao Dr. Clark
Crawford por ventura de algum dinheiro que a família
deve ao doutor.
Mary é ignorante quanto à doença, não sabe
o que é. Diz que seu filho e seu marido começaram a
ter uns “comichões” e depois a pele dele ficou estra-
nha. “Ielis num mais si levanta da cama não sinhô. I
pareci qui ficaru a vida toda sem tomá banhu.” – diz
a velha Mary.
Na casa de Mary, em um quarto dos fundos
encontra-se Joshua e West, ambos em estado ter-
minal da doença, apesar de que Joshua encontra-se
realmente morto a esta altura, West parece estar em
um estado semelhante ao de Joseph. Os investiga-
dores têm diversas formas de lidar com isso, princi-
palmente se isto ocorrer antes ou depois do evento O
Despertar de Joseph. Dependendo como lidem com
27
esta parte, poderão perder o respeito e a colabora-
ção dos populares, principalmente se tiverem idéias
pouco ortodoxas, violentas ou mesmo que venham a
profanar o corpo moribundo de West.
Caso levado para o mesmo casebre que Jo-
seph está (ou estava), West tem a chance de 20%
em dois dias de tornar-se um Corpo Reanimado.
A Análise das águas do Riacho
É possível em algum momento que os investi-
gadores analisem a água da região em busca de pis-
tas sobre o contágio da doença. Os poços e poucos
encanamentos e reservatórios de água não apresen-
tação nenhum problema, mas se analisada a água
do riacho, dependendo da localização examinada,
apresentará algumas preocupantes anomalias.
Para melhor entendimento o curso d’água foi
dividido em 4 setores, representados pelas letras de
A a D no mapa do mestre; se forem analisadas amos-
tras separadas de cada setor, a única que não apre-
senta qualquer anomalia é a do Setor B, enquanto
todas as outras encontram alguma anomalia.
O exame da água é intrigante: amostras do
riacho contem um grande número de impurezas, tais
como dejetos fecais, bactérias anaeróbias (utilizadas
em fermentações de cerveja), e dois componentes
TOTALMENTE DESCONHECIDOS, que reagem ao
cloro formando um precipitado amarelo ouro. Vale
ressaltar que apenas a água do riacho apresenta
estas peculiaridades, os poços da região parecem
normais;
Um Sucesso Decisivo (1/4 em Call of Cthu-
lhu) em Química ou Microbiologia revela outro as-
pecto interessante: no setor A tem-se a maior con-
centração de impurezas, porém essa quantidade não
varia com o percurso d’água, como se a água já vies-
se contaminada do solo. Essa concentração só varia
a partir do setor C, onde tem-se o encontro com o se-
tor B do riacho, aumentando assim o volume d’água,
diluindo a concentração dos poluentes. A conclusão
é a seguinte: seja o que for, está contaminando a
água na sua nascente, ou o lençol freático partindo
da nascente do setor A.
As Nascentes
Seria lógico, a esta altura, pesquisar nas duas
nascentes do riacho:
A Nascente A situa-se na propriedade de Ke-
vin Brooks, onde a água brota de um buraco borbu-
lhante no chão, e apresenta alto grau de impurezas.
O solo em volta da fonte parece firme e exceto pelas
impurezas encontradas, tudo parece normal.
Já a Nascente B (conforme designada no
mapa) localizada a noroeste da cidade, entre um pe-
queno paredão de rochedos, é de acesso relativa-
mente difícil, mas não impossível. Alguns testes de
Escalada podem ser requeridos. Com boa disposi-
ção pode-se escalar o pequeno paredão e apreciar
a queda d’água onde nasce o rio: análises aqui não
mostrarão nada suspeito.
Com estas informações os investigadores já
possuem uma boa base para continuar a investiga-
ção.
Capítulo 3
Ação e Reação
Em algum momento os investigadores podem
querer (e devem) entrevistar alguns residentes locais,
um alvo potencial é Kevin Brooks, dono da fazenda
onde se encontra a nascente contaminada.
Brooks é um homem forte, com cerca de 40
anos, amigável e hospitaleiro, usa um perfume muito
forte e responde aos investigadores tudo que estiver
ao seu alcance. Quando ficar claro que eles procu-
ram a fonte da doença, Brooks se mostrará perturba-
do se confrontado com testes de Psicologia, dizen-
do que ficou surpreso por sua propriedade despertar
atenção. Brooks, sendo o responsável pela doença e
sabendo que os investigadores não encontrarão ves-
tígios físicos sobre a epidemia, permitirá aos inves-
tigadores realizarem estudos em sua propriedade,
apenas fica um tanto receoso em mostrar sua casa
por dentro.
Kevin Brooks na verdade contaminou-se com
sua própria criação, e procura uma cura; o perfume
forte é para disfarçar o odor de carne podre que ele
já começou a exalar. O curioso que ele não aparenta
estar doente, mas está utilizando uma poderosa má-
gica de ilusão que já conhecia.
Outra fonte interessante de informação seria
rastrear o primeiro caso da doença. Uma rápida pro-
cura no pequeno Hospital Municipal revelará que o
primeiro caso data de seis meses atrás: um rapaz
chamado Samuel Giggs foi internado e morreu cinco
semanas depois. Giggs trabalhava em uma adega
no centro da cidade, especializada na revenda de
cerveja. Nota-se aqui nova conexão com a fazenda
de Brooks Samuel foi também o primeiro caso noti-
ficado, uma conversa com Brooks pode revelar que
alguns trabalhadores da fazenda morreram cerca de
um mês antes de Giggs, mas não foram notificados
às autoridades. Caso a cerveja comercializada neste
28
estabelecimento seja analisada no laboratório, po-
derão ser descobertas através de testes de Biologia
as mesmas impurezas encontradas nas águas da fa-
zenda de Brooks.
A Lenda do Grande Javali Albino
Interrogar trabalhadores rurais será de pouca
valia. Trabalhadores da fazenda de Brooks e regiões
próximas podem falar sobre uma estranha lenda lo-
cal: quando saem para caçar a noite eles podem ver,
às vezes, uma imensa criatura branca (referida como
“O Javali Albino”) andando pelo mato, que devora fe-
rozmente suas presas e deixa um rastro de porco;
seria um javali branco? Até poderia, mas não existem
javalis na região. Os trabalhadores e moradores lo-
cais que estão próximos à fazenda de Brooks pare-
cem temer muito esta criatura e alguns dizem já tê-la
visto, dando muita importância a estranha criatura.
O Sítio
Neste ponto, retornando das rotinas de cam-
po, os personagens podem presenciar várias pesso-
as descendo de trem ainda em movimento, seguindo
sua viagem normalmente. Essas pessoas vestem
fardas e estão fortemente armadas. O mesmo pode
ser visto nas principais saídas da cidade, onde cami-
nhões do exército fecham a cidade criando barrica-
das onde brigadas se escondem. Um Caminhão pas-
sa pela cidade com um general do exército fala em
um “cone” que amplia sua voz. Informa que a cidade
está em quarentena e que nenhum cidadão pode-
rá deixar a cidade até segunda ordem. O caminhão
percorre todas as ruas da pequena cidade até infor-
mar a todos os habitantes sobre esta norma. Apesar
de muito assustados, nenhum cidadão se manifes-
ta contra. A partir de agora o clima estará cada vez
mais tensa, a guarnição do exército a partir de agora
acompanharão quase todos os movimentos dos per-
sonagens, que também estarão impedidos de deixar
a cidade pelo motivo que for, e estarão em suas colas
até o final da aventura.
O Dr. Richard Mendel do Departamento de
Controle de Doenças juntamente com três outros ho-
mens (respectivamente Dr. Walter Farber, Ph.D em
Microbiólogia, Dr. Manuel Almeida, Parasitólogo e
o Dr. Robert Redford, Ph.D em Fisiologia) montam
uma barraca onde estabelecem um laboratório muito
superior ao do Dr. Crawford e iniciam suas próprias
pesquisas tão imediatamente quanto a barraca este-
ja montada.
O General Warren Justice comanda um pelo-
tão de mais de 30 homens com ordens de colocar a
cidade em quarentena absoluta, ordenando inclusive
que atirem em qualquer pessoa que esteja tentando
fugir da cidade sem autorização.
Capítulo 4
No coração da Besta
A esta altura da aventura os investigadores
já devem ter presumido que existe algo de estranho
com a fazenda de Brooks, infelizmente os trabalha-
dores não deixarão mais ninguém entrar na fazen-
da, e qualquer tentativa de falar com Brooks será em
vão, os trabalhadores darão as mais esfarrapadas
desculpas, mas o fato é que ele não poderá mais ser
encontrado. Uma olhada no mapa da fazenda de Ke-
vin Brooks revela alguns pontos de interesse:
• Um pequeno barracão a oeste abriga o ma-
quinário para produção da cerveja e pode ser
alvo de investigação;
• A casa de Brooks é grande mas possui nada
fora do comum;
• A casa não possui porão;
Cervejaria
É fácil adentrar nesse barracão, principal-
mente à noite; vale lembrar que Brooks permitiu que
os PC’s fizessem investigações, mas bisbilhotagem
não será tolerada! Ainda há um bom número de tra-
balhadores na fazenda, incluindo leões de chácara,
que poderão alertar Brooks, o exército ou agir por si
próprios em caso de invasão. A exata natureza da
reação é deixada para o Mestre decidir conforme as
ações dos investigadores.
Uma olhada no barracão será bem produtiva.
Um sucesso em Percepção (GURPS: Visão : Call of
Cthulhu: Spot Hidden) revelará que, na chaminé do
forno de fermentação, há um cano adicional, descen-
do através do piso de madeira. Seguindo este duto
pode-se encontrar um pequeno alçapão, suficien-
temente grande para permitir a passagem de uma
pessoa, levando a um túnel vertical com escadas de
metal nas laterais.
Explorando o Subterrâneo
Este túnel desce cerca de 4 metros, continu-
ando horizontalmente. O cano da chaminé também
desce e segue pelo teto do túnel horizontal, junto
com um conjunto de tochas laterais. Pode-se perce-
29
ber as marcas de ferramentas e garras nas paredes
de terra batida; este túnel horizontal segue adiante e
alguém com senso de direção pode dizer que estão
dirigindo-se para o norte.
O túnel termina em uma grande câmara sub-
terrânea (Mapa n.º 1) onde todo o mistério pode ser
resolvido.
Nesta câmara o duto da chaminé termina em
um outro forno, este repleto de ossos humanos, uma
grande mesa de madeira abriga dois corpos mutila-
dos, instrumentos cirúrgicos rústicos, uma machadi-
nha e anotações sobre anatomia. Uma estante no
canto oeste guarda títulos obscuros incluindo o Ars
Necromantia e outros de menor importância. Outra
mesa de menor porte contém coisas mais interes-
santes: Uma caixa contendo vários frascos e caixas
com líquidos coloridos, plantas estranhas e esquisi-
tos pós, ao lado de duas cartas, notas em uma lin-
guagem estranha ao lado de uma cópia do Cultes
des Ghoules, lampiões e um revólver velho calibre
.38.
É neste local profano que Brooks realiza as
suas pesquisa necromânticas, encoberto pelas tre-
vas e pelo disfarce de agricultor.
Em um canto está a razão da contaminação
da água: como esta câmara foi escavada no solo
e próxima à nascente, uma parte do lençol freático
foi descoberta e escorre pela parede do aposento;
neste canto Brooks joga restos de suas experiências
como restos humanos e outros dejetos concentrados
no canto onde o lençol d’água mostra-se!
Ainda no forno deste aposento (que mostra
sinais de uso recente) encontra-se um pedaço de
uniforme de soldado; Brooks provavelmente matou o
militar e escapou da cidade com o disfarce.
Após averiguarem este aposento todos os
investigadores deverão verificarem suas sanidades.
(GURPS: Verificação de Pânico -6 : Call of Cthu-
lhu: 1/1d8).
O ataque do terrível Javali Albino
Certa noite um lobo foi morto por estar no es-
tábulo da fazenda de Brooks, o pobre animal acabou
sendo mutilado pelos empregados. Brooks pegou o
corpo do canino e levou para o seu laboratório, onde
o remodelou com partes de outros animais (pele de
urso, patas de porco) e o trouxe de volta à vida para
obedecer às suas ordens. O seu cão tem um peque-
no probleminha: sua carne não pára de apodrecer,
mesmo antes de contrair a “doença”. Afim de reme-
diar isso, Brooks o remenda com pedaços de tecido
e arames e até mesmo outros pedaços de carne, re-
sultando em um ser de aparência horripilante.
Apenas algumas de suas aparições fora do
covil foram o suficiente para criar a Lenda do Javali
Albino. Brooks aproveitando-se da supersticiosidade
dos populares, solta seu cão zumbi as vezes para
afugentar camponeses e trabalhadores e mantê-los
longe de seu laboratório secreto, onde sua nefasta
criação fica pela maior parte do tempo e seus uivos
ecoam pelas paredes de terra escavadas.
Em algum momento propício de distração, o
Javali Albino atacará os investigadores por invadirem
o covil de seu mestre.
Guardião do Subterrâneo:
O Grande Javali Albino
GURPS
ST 17, DX 8, IQ 1, HT 17
Deslocamento: 6; Esquiva 6; RD Especial; DP 1
RD: Nenhum, mas recebe apenas 1 ponto de dano
contra GDP, um quarto de dano de armas de fogo do
tipo CONT (excluindo espingardas) e metade do dano
de qualquer outra arma (incluindo espingardas).
Ataque: Mordida - DX+4 (12). Dano: GDP-2 e um su-
cesso teste de HT para não contrair a doença, caso
o investigador já não o tenha contraído.
Extra: O investigador que presenciar a terrível esta
nefasta criatura, deverá fazer um Teste de Verifica-
ção de Pânico -8.
30
Call of Cthulhu
Str 17, Con 17, Dex 8, Siz 10, Int 1, App 0, Pow 5.
HP: 14, Move 8, Damage Bônus: +1d6
Ataque: Mordida – 20%. Dano 1d6+db
Armor: Nenhum, mas recebe apenas 1 ponto de
dano contra ataques perfurantes, um quarto de dano
de armas de fogo (excluindo espingardas) e metade
do dano de qualquer outra arma (incluindo espingar-
das).
Skills: Spot Hidden 40%, Track 80%.
Sanity Loss: 1d2/1d6+1
Capítulo 5
Salvando Shellburn
Falls(?)
Agora fica evidente que a doença não possui
causas naturais e que será impossível conseguir a
cura por meios convencionais. Os personagens nes-
se ponto deverão ter os itens encontrados no labo-
ratório profano de Brooks e poderão analisá-los. As
cartas que Kevin Brooks deixou, assim com a caixa
de elementos estranhos, mais o Cultes des Ghou-
les propõe aos PCs todos os subsídios que precisam
para “salvar” Shellburn Falls da epidemia.
As cartas provém alguma informação sobre
Brooks e seu estranho correspondente. Na segun-
da missiva, J.M. diz que envia informações sobre um
contra-feitiço. Tem-se, contudo dois problemas aqui.
O Cultes dês Ghoules é escrito em Francês, se ne-
nhum investigador souber esta língua, as chances de
cura estarão então reduzidas imensamente. Por sor-
te, Dr. Clark Crawford fala Francês, mas isso se ele
ainda estiver vivo.
É necessário um tempo de estudo para pre-
parar-se para realizar o contra-feitiço, para isso é
necessária sete dias de leitura “rápida” dos Cultes
des Ghoules (uma leitura mais detalhada para um
estudo mais aprofundado poderia demorar meses),
para cada dia o investigador em questão (ou o Dr.
Crawford) deve ser bem sucedido em um teste de
Francês, ou o dia de estudos é perdido. Em GURPS,
cada teste bem sucedido de leitura adiciona uma pe-
nalidade cumulativa de -3 e ao final da leitura o inves-
tigador deve rolar um teste de Verificação de Pânico
-21 pela conseqüência de adquirir tais conhecimen-
tos profanos, em troca seria como se o personagem
tivesse estudado 200 horas uma perícia, assim ele
ganha 1 ponto de personagem na perícia Mitos de
Cthulhu (IQ Difícil). Em Call of Cthulhu a perda de sa-
nidade é 1d4/1d10 (considere apenas a metade pois
se está fazendo uma leitura rápida e menos apro-
fundada), o personagem ganha então 3 pontos em
Cthulhu Mythos.
O Cultes dês Goules ainda não é a chave para
o contra-feitiço, mas sim a fonte de compreensão so-
bre ele. O livro trata de muitos aspectos ritualísticos
da Necrofagia e Necrofilia, mas o mais importante
sobre ele é um capítulo que discute a linguagem dos
Goules, que na verdade é um tanto simples e pode
ser aprendida – a linguagem em que foi escrita a nota
enviada por J.M. sobre o contra-feitiço.
Mais dois dias serão necessários para a tra-
dução e compreensão do contra-feitiço, mais um dia
inteiro para seu aprendizado, totalizando três dias de
trabalho. Cada dia de trabalho deverá ser represen-
tada por um teste de Francês e um teste de IQ ou
Idéia, dois testes bem sucedidos são necessários
para finalizar a tradução, mais um último dia para o
teste de IQ ou Idéia. Nesse ponto é possível que o
investigador que compreendeu toda a leitura possa
transmitir os conhecimentos para outros, com um
teste bem sucedido de IQ e Idéia de ambas as partes
e mais um dia inteiro dedicado ao estudo.
Após tudo isso, os investigadores terão co-
nhecimento suficiente para desenvolverem a cura.
Eles aprenderão que na caixa estão ervas, temperos,
incensos e pós que vieram diretamente de uma mis-
teriosa terra chamada Terra dos Sonhos (Dreamlan-
ds). Ali são encontrados respectivamente os ingre-
dientes para se produzir um preparado chamado Pó
de Kzhoba, capaz de curar algumas enfermidades.
Contudo, existe um preço a pagar pela cura. Aquele
quem criar o Pó de Kzhoba deverá despender parte
de sua essência neste preparado. Em termos práti-
cos, o investigador em GURPS deverá despender 2d
pontos de Fadiga para cada porção de Pó de Kzhoba
que preparar, e em Call of Cthulhu, 2d6 Magic Points,
assim a confecção deste remédio pode demorar a
ser feito.
Para preparar o Pó de Kzhoba, o investiga-
dor deve simplesmente moer uma porção das ervas,
tritura-las junto com os pós e impregná-los com a
fumaça dos incensos enquanto proferem um canto
maléfico na língua estranha dos Goules. Esse pro-
cesso demora cerca de 3 horas para cada porção
feita. Após concluído o preparado deve ser aplicado
em toda a pele do indivíduo e também ingerido jun-
to com água. Como efeitos colaterais o investigador
irá sentir-se mau, dores horríveis irão dilacerar seus
músculos e a impressão inicial é que tudo deu errado.
O investigador cairá então em um sono profundo, e
acordará 5 horas depois completamente regenerado.
Expectadores que acompanhem o processo irão ver
a pele do corpo em questão absorvendo o pó e rege-
31
nerando-se. Após isso o investigador estará também
imune a novos contágios.
A imensa má notícia no entanto, é que os in-
gredientes que contém na caixa não são suficientes
para a cidade inteira! Apenas 7 ou 8 porções pode-
rão ser preparadas, assim os ingredientes são sufi-
cientes apenas para os próprios investigadores, o Dr.
Crawford e mais alguns caso existam. Os investiga-
dores terão que conviver com o fato de que jamais
puderam (ou poderiam) salvar as pobres pessoas
daquela cidade. Afinal, quem disse que a corrupção
não faz parte da vida?
A intervenção do exército
Apesar dos investigadores precisarem de mui-
to tempo para estudar o Cultes dês Goules, aprender
a profana escrita dos Goules e finalmente o contra-
feitiço para criar o tal Pó de Kzhoba, talvez eles não
tenham todo esse tempo disponível, seja por causa
da doença, onde algum investigador pode estar con-
taminado junto com o Dr. Crawford, seja por causa
do exército que anda lá fora se mobilizando como
um grupo de extermínio em prol da nação. O relógio
é inimigo dos investigadores nesse momento.
O exército vai tomar os seguintes atos nos
próximos dias, a ordem e o intervalo desses aconte-
cimentos fica a cargo do mestre pois é interessante
que ele adeque a situação ao ritmo dos investigado-
res:
1. Queimar os corpos na vala de cadáveres fora
do perímetro da cidade;
2. Exames médicos em TODOS os cidadãos de
Shellburne Falls periodicamente, os investiga-
dores e o Dr. Crawford estarão incluídos nessa
lista, se alguém estiver infectado pela maldi-
ção, o Dr. Mendel saberá;
3. Queimar as casas vazias;
4. Em certo momento, o Dr. Mendel e seus aju-
dantes vão começar a raptar, sem qualquer es-
crúpulos, algumas pessoas na cidade, estando
contaminadas ou não, e se contaminadas em
diversos graus de avanço da maldição. A in-
tenção é realizar estudos diversos. É possível
algum investigador ser capturado, o que aca-
baria em uma missão de resgate;
5. Em momentos mais duros, o exército começa-
rá a desapropriar casas e queimá-las, separan-
do as famílias e populares entre zonas de não
contaminados e contaminados em diversos
graus de avanço da maldição , acomodando-
os em tendas improvisadas como albergues.
 Poderá ser cada vez mais difícil neste ponto os
investigadores reunirem-se, tendo que usarem
de artifícios para tal;
6. Caso duas semanas se passem sem que os
investigadores consigam se curar, serão aco-
metidos pelos tempos mais perturbadores, o
exército começará a exterminar as pessoas
com maior avanço da maldição e em seguida
incendiando suas casas e os corpos dentro de-
las;
7. Caso o tempo ultrapasse as três semanas e os
investigadores continuem sem a cura para a
maldição, novas chacinas acontecerão, tendo
como alvo sempre os casos mais avançados,
podendo os investigadores e o próprio Dr. Cra-
wford estarem dentre as vítimas;
8. Com um mês após os personagens terem
descoberto a cura, caso ainda não a tiverem
produzido, será tarde demais, o exército junto
com o Dr. Mendel decidiram finalmente colocar
um fim na “epidemia”, erradicando a cidade do
mapa. Neste ponto, se os investigadores ainda
não fugiram, esta é a hora.
Em qualquer caso, será impossível aos inves-
tigadores convencerem os soldados, o Dr. Mendel e
seus ajudantes ou mesmo o General Warren que
aquilo tudo faz parte de uma maldição vinda de outro
mundo, ou qualquer outra explicação que os investi-
gadores dêem.
A fuga de Shellburne Falls
Estando ou não curados da maldição, em al-
gum momento os investigadores irão querer sair de
Shellburne Falls vivos, e para isso devem fugir do
exército e seu cerco. Alguma idéia mirabolante pode
acontecer, mas todas as casas (principalmente se
separados) serão bem vigiadas pelo exército (que
começou a apresentar também alguns casos de con-
taminação).
As exatas possibilidades de escapar de Shell-
burne Falls será colocado à cargo do mestre, pois
a aventura avançada como está já deve ter havido
alguma forma maturada de fugir da cidade, e depen-
dendo do caso, o mestre deve usar o bom senso para
lidar com a situação.
Alguns modos de escapar da cidade incluem,
mas não se restringem à:
Correr: A mais infeliz forma dos investiga-
dores terminarem suas carreiras, principalmente se
conseguiram vencer a maldição. Os soldados que
32
vigiam as casas e a cidade não deixarão desaperce-
bido um grupo de pessoas correndo pelos campos.
Furtivos: Sair da cidade na furtividade é pos-
sível, mas requer um pouco de habilidade, coisa que
médicos da cidade provavelmente não terão. Mas é
possível.
Escondendo-se: Uma das maneiras mais
inteligentes que os investigadores podem encon-
trar é simplesmente não fugirem da cidade, mas sim
esconder-se no laboratório subterrâneo de Kevin
Brooks até o exército julgar a cidade exterminada e
ir embora. Claro que isso pode representar dias a fio
passando fome, mas pelo menos existe água no la-
boratório e os investigadores não terão mais proble-
mas de serem contaminados novamente (mas eles
não precisam saber disso).
Disfarçando-se: Existe uma possibilidade
dos investigadores disfarçarem-se de soldados rou-
bando a farda de alguns deles. Se interagir com qual-
quer soldado, existe uma chance enorme do disfarce
ser revelado, então o mais inteligente aqui a ser feito
é simplesmente valer-se do disfarce e cair fora rapi-
dinho.
Na bala: Existe a possibilidade também dos
investigadores acharem que é hora de arregaçar as
mangas e apertar o gatinho! Bem, não devo dizer que
médicos com parcas armas não serão páreos para
soldados treinados e isso pode acabar em confusão.
Além do mais, com o silêncio do interior, um mero tiro
tem seu barulho ecoando por quilômetros, fazendo a
cidade inteira saber que existe um tiroteio.
Epílogo
Caso os investigadores vençam a doença, e
consigam finalmente sair de Shellburne Falls, a cida-
de será totalmente incinerada nas próximas semanas
que se seguem e gradativamente será totalmente re-
novada. Se os investigadores retornarem à nefasta
cidade anos depois, o cenário terá mudado muito,
os riachos não mais existirão e a fazenda de cereais
agora será uma fábrica têxtil com piso de concreto
e pavimentação à seu redor. Da população original
de Shellburne Falls não sobrou ninguém, exceto tal-
vez pelo Dr. Crawford se este permaneceu vivo. Não
poderá ser encontrado nenhuma notícia em nenhum
jornal ou periódico sobre Shellburne Falls, é como
se a cidade foi completamente renovada e ninguém
ficou sabendo de epidemia ou fato algum.
Agora eles poderão ler os livros com mais
calma. A leitura do Cultes dês Goules de modo com-
pleto leva meses, mas concedem aos investigadores
em GURPS até mais 400 horas de treino e estudos,
concedendo assim mais 2 pontos de personagem na
perícia Mitos de Cthulhu (IQ Difícil), mas realizando
um Teste de Verificação de Pânico -30. Em Call of
Cthulhu o investigador perde seus pontos totais de
sanidade conforme lê o livro e concede ao investiga-
dor +12 pontos na perícia Cthulhu Mythos.
Poderá acontecer dos investigadores quere-
rem saber mais sobre os Goules e as Dreamlands,
poderão inclusive devotar o restante de suas vidas à
isso. Mas este já é assunto para outras aventuras.
Apêndice
Mapas
É recomendado ao mestre ter uma cópia de
cada mapa apresentado nesta aventura. O mapa de
Shellburne Falls tem duas versões, a dos jogadores
e a do mestre, isso para evitar indução de comporta-
mento nos jogadores perante informações importan-
tes.
Legenda do Mapa do Mestre de Shellburne
Falls
1. Praça Central
2. Comércio
3. Casa e Consultório do Dr. Crawford
4. Cervejaria de Kevin Brooks
5. Para a cova coletiva
6. Acampamento dos Militares
A. Nascente ‘A’ do riacho
B. Nascente ‘B’ do riacho
C. Intersecção das águas do riacho
D. Água utilizada pela maioria dos habi-
tantes.
Cultes Des Goules
Escrito por François Honore-Balfour, o Comte
d’Erlette, o Cultes des Goules foi publicado na Fran-
ça em 1703 (logo o livro é em Francês). Ele alega a
existência de necromancia e necrofilia na França por
volta do século XVIII. O autor descreve uma socie-
dade de ladrões de túmulos, detalhando seus rituais
e práticas. Atos de Negrofagia e necrofilia (alimen-
tar-se de e fazer sexo com mortos, respectivamente)
eram impostas na cerimônia de iniciação, os mem-
bros referiam-se como “goules”. Outros atos envol-
vendo o propósito de ressurreição - ou no mínimo
reanimação - dos mortos com os objetivos de adora-
ção e conjugação também são relatados. Somente
33
o original francês é conhecido. No mínimo quatorze
cópias devem existir, incluindo esta em posse dos in-
vestigadores.
Podridão da Cova
Esta é a magia original que Brooks acabou
modificando. Através da ingestão de uma mistura de
restos humanos a vítima é amaldiçoada e começa
a sofrer uma estranha degeneração:seu corpo pa-
rece que morreu,mas esqueceram de avisar. Come-
ça com irritações espalhando-se pela pele, com o
passar dos dias atinge todo o corpo. Após, feridas
abertas e tumores surgem na pele. O doente come-
ça a apresentar um aspecto cadavérico e, depois,
um odor de carne apodrecida. Em estágios avan-
çados os dentes, unhas e cabelo começam a cair;
pus surge das feridas abertas e a vítima permanece
em constante dor, que não é aliviada nem com os
anestésicos mais fortes. Em seu estágio final a pele
começa a cair, expondo a carne podre abaixo; neste
ponto é difícil distinguir um doente desfalecido de um
cadáver exposto ao clima durante 4 ou 5 semanas. A
vítima viver por CON semanas. Durante este tempo
a aparência da vítima cai até ao mínimo possível e
também 2D4 CON são perdidos. Contudo esta magia
não reduz CON abaixo de 1.
O custo por utilizar a magia, em Call of Cthu-
lhu é de 1 pontos de POW permanentes, além de 1d6
Sanity Points. Ver o resultado final custa 1d8 Sanity
Points adicionais. A vítima perde 1d6 Sanity Points
por semana, sendo que na penúltima semana o cus-
to é de 1d8 Sanity Points e na semana final 1d10.
Em GURPS, o custo para se utilizar a magia
é de 10 Pontos de Fadiga mais 10 Pontos de Vida,
além de 1 ponto permanente de HT e um teste de
Verificação de Pânico -10. Ver o resultado final custa
um teste de Verificação de Pânico -15. A vítima deve
fazer um teste de Verificação de Pânico por semana
com uma penalidade cumulativa de -3 por semana.
Podridão da Cova: Variante de Brooks
É exatamente idêntica à original, com algu-
mas exceções: Primeiro: não é preciso realizar todo
o complexo ritual e a mistura para ter efeito; Segun-
do: A maldição pode ser transmitida como uma doen-
ça comum, do amaldiçoado a outros (foi justamente
esse o ponto que Brooks não conseguiu controlar);
Terceiro: a Magia mata muito mais rápido do que a
primeira, o doente pode morrer em dias e não mais
em semanas como a primeira. No final do processo
adquire ainda uma irracionalidade descomunal e a
terrível doença da Necrofagia (assim também como
os Ghouls).
Brooks conseguiu criar uma verdadeira epi-
demia, começando com uma cobaia em seu labora-
tório, depois passando ao seu cão, para ele, seus
empregados e depois para a cidade inteira através
da contaminação do rio. Cada pessoa precisa pas-
sar em dois testes de Constituição (GURPS: HT :
Call of Cthulhu: Com x5) por dia para não con-
trair a doença; se houver contato direto com doentes
ou semelhante pode-se fazer um teste adicional por
dia. Uma vez contraído a doença, deve-se refazer o
teste de constituição uma vez por dia. A cada falha
que o investigador obter no teste, este avança em
um estágio da doença, sendo todos os sintomas são
cumulativos.
Estágios da Doença:
1º Estágio: Nenhum efeito visível ou sensí-
vel. Exames detalhados indicam alguma estranha
perturbação nas células sanguíneas, anomalias às
vezes abundantes em alguns pontos, outras vezes
escassas em outros;
2º Estágio: Nenhum efeito visível. O perso-
nagem começa a sentir algumas coceiras leves.
3º Estágio: Nenhum efeito visível. As cocei-
ras se intensificam e o personagem começa a sentir
formigamentos pela pele.
4º Estágio: A pele começa a se arroxear nas
áreas onde mais existem coceiras. O investigador
começa a sentir dormência nos membros. Um ligeiro
mau hálito pode ser percebido e este não é resolvido
com higiene bucal.
5º Estágio: As coceiras e formigamentos
aumentam, existe a sensação de coceiras internas,
exatamente abaixo da pele e começam a incomodar
muito. Irritação, Mau Humor e Impaciência são per-
ceptíveis em vítimas a partir deste estágio (GURPS:
personagem adquire a desvantagem Mau Hu-
mor). Algumas dores musculares são sentidas até
nas mais saudáveis pessoas. Um imenso mau hálito
pode ser percebido da vítima e é notável agora que
este odor vem diretamente do estômago. (GURPS:
Teste de Reação -3)
6º Estágio: Dores de cabeça, tontura, náu-
sea. Um mau cheiro exala do corpo da vítima e pode
ser sentido sem dificuldades. Grandes dores mus-
culares e câimbras são sentidas pelo paciente. Aqui
o personagem deve começar a realizar testes de
constituição para qualquer atividade física pesada,
uma falha indica um acesso de câimbras (GURPS:
HT : Call of Cthulhu: Com x5). A pele começa a
34
apresentar manchas arroxeadas. (GURPS: Teste de
Reação Total -5). Um exame sanguíneo detalhado
neste ponto revela células sanguíneas coagulando
enquanto ainda dentro do corpo.
7º Estágio: Perda de raciocínio e capacidade
de concentração. Qualquer teste que exija concen-
tração será realizado com uma penalidade (GURPS:
-2 a -4 : Call of Cthulhu: Metade do teste). As náu-
seas aumentam e quase comida alguma é digerida
pelo estomago, sendo comum dores estomacais e
vômitos, o único alimento que não é rejeitada é car-
ne crua ou carne putrefata. As unhas começam a se
soltar e cair, assim como o cabelo ou pelos do corpo.
A pele começa a ficar azulada ou arroxeada causada
por uma arritmia cardíaca. Bolhas de pus começam
a ser notadas nas áreas mais sensíveis do corpo.
(GURPS: Testes de Reação -8). A vítima começa a
apresentar-se facilmente irritável e sob extremo es-
tresse (GURPS: Adquire a desvantagem Fúria e
Impulsividade).
8º Estágio: As unhas e cabelos remanescen-
tes caem. A pele está putrefata e um mau cheiro in-
suportável já pode ser sentido. Bolhas de pus podem
ser facilmente percebidas. A vítima perde muito de
sua capacidade de raciocínio, tato, visão, paladar e
audição (GURPS: -4 em qualquer teste, inclusive
HT : Call of Cthulhu: metade em qualquer teste) e
tendem a perder completamente o ânimo (GURPS:
Adquire a desvantagem Preguiça). Neste estágio
a vítima começa a se aparentar muito com um cadá-
ver, moscas e outros vermes começam a pôr seus
ovos na carne e não é incomum que esses ovos se
choquem e larvas saiam do corpo. (GURPS: Testes
de Reação tem Falha Automática). Mesmo que o
personagem obtenha sucessos nos testes de Cons-
tituição, a partir daqui ele começa a perder 1 Ponto
de Vida por dia, podendo mesmo assim ser aplicados
Primeiros Socorros ou Medicina para curar este dano.
Nenhum alimento pode ser digerido pelo estômago
da vítima, exceto carne crua ou putrefata, e todas as
penalidades por sentir fome poderão ser aplicadas
(GURPS: 1 Ponto de Fadiga por cada refeição
perdida; Call of Cthulhu: -1 Magic Point, Str, Con
e Dex por dia. Em ambos os casos os pontos só
podem ser recuperados comendo carne crua ou
putrefata seguido de descanso).
9º Estágio: Este é o início do estado terminal
da vítima. Se o personagem até aqui ainda conse-
guia andar ou mesmo desempenhar algumas tare-
fas, agora isto é praticamente impossível (GURPS:
Qualquer teste -10, inclusive HT : Call of Cthulhu:
1/5 de qualquer teste, inclusive Con). O perso-
nagem começa a perder automaticamente 1 Ponto
de Vida por dia permanentemente (não poderá ser
curado), este dano representa partes do corpo que
estão morrendo, ou mesmo se desprendendo do cor-
po. A boa notícia é que as dores começam a cessar
(pela ausência de tato do personagem), mas a fome
se intensifica. Neste estágio a vítima já começa a ter
desejos por carne crua e fresca e por carne morta e
putrefata. Neste estágio, é impossível não confundir
a vítima com um cadáver a não ser por um exame
médico minucioso ou por testemunharem o corpo se
movendo sem aparentemente ser espasmos post-
morten.
10º E último estágio: Caso a vítima da do-
ença seja um Investigador, então neste momento o
controle do personagem passa ao mestre e o inves-
tigador pode dar-se como morto. Se a vítima con-
seguir sobreviver até aqui, ele tem 25% de chance
(GURPS: 3d contra NH 8) de tornar-se um Zumbi
movidos pela Necrofagia. Se a chance foi atingida, o
corpo permanece ativo por até 2d6 horas, onde cai-
rá inerte após por ter seus nervos e músculos com-
pletamente degenerados, porém ainda poderá apre-
sentar alguns espasmos pós-morte. Zumbis que não
conseguirem comer outros seres humanos caçarão
animais e caso também não consigam, comerão a
si próprios. Se esses 25% não for atingido o corpo
simplesmente torna-se inerte, o que não significa que
a pessoa morreu, mas apenas que seu corpo está to-
talmente consumido pela doença, nervos e músculos
estão inúteis. A partir daí a vítima morre em até 2d6
horas.
Estatísticas dos Mortos que Andam
GURPS
ST 17; DX 9; IQ 6; HT 15
Deslocamento 3; Esquiva 0; RD Especial; DP 0
Ataque: Mordida – NH 9 – Dano 1d-2
Especial: Armas que causam dano em GDP, incluin-
do armas de fogo causam apenas 1 ponto de dano
(exceto espingarda que causa metade do dano).
Qualquer outra arma causa metade do dano que nor-
malmente causaria (role o dano normal e divida por
dois, arredondado para cima).
Call of Cthulhu
STR 15; CON 15; SIZ 13; POW 1; DEX 7; INT 3
Move 6; HP 14; Damage Bonus +1d4
Attack: Bite 30% - 1d3; Punch: 40% - 1d3+db
Armor: Nenhum, mas armas de empale (incluindo ar-
mas de fogo, exceto espingarda que causa metade
do dano) causam apenas 1 ponto de dano. Todas as
outras armas causam metade do dano que normal-
mente causaria (role o dano normal e divida por dois,
35
arredondado para cima).
OBS.: É planejado que nesta aventura aconteçam
no máximo dois casos de Mortos que Andam, mas
o mestre poderá aumentar esse número se desejar
uma aventura mais “apimentada”.
Personagens
Abaixo uma coletânea de NPCs desta aven-
tura.
Dr. Clark Crawford
Médico obstinado
O Dr. Crawford formou-se junto com os Inves-
tigadores na Universidade de Miskatonic (ou outra
qualquer). Depois de formado, retornou à sua cidade
natal – Shellburne Falls, onde tornou-se um respeita-
do médico-geral e cirurgião da cidade. Permaneceu
exercendo sua função por mais de cinco anos com
total aprovação da população, e mesmo depois do
falecimento de seus pais, não abandonou a cidade
que continua considerando seu lar, mas ainda per-
manece solteiro e sem filhos. Não acredita no sobre-
natural e não é supersticioso como a maior parte dos
populares.
GURPS
ST 8; DX 9; IQ 15; HT 10
Deslocamento: 5; Esquiva 5; DP 0; RD 0
Vantagens: Imunidade; Reputação +2 (Médico em
cidade pequena)
Desvantagens: Vício (Tabaco); Código de Honra (Ju-
ramento Médico)
Perícias: Cirurgia 14; Diagnose 15; Fisiologia 14;
Francês 14; Medicina 16; Primeiros Socorros 16
Call of Cthulhu
Str 8; Con 13; Siz 12; Dex 9; App 10; Int 15; Pow 13;
Edu 18
San 43; HP 13; Damage Bonus: 0
Skills: Biology: 60%; First Aid: 80%; Medicine 80%;
Pharmacy: 40%; Psychology: 50%; Psychoanalisis:
40%.
Kevin Brooks
Pesquisador das Artes das Trevas.
Kevin Brooks já foi humano, hoje é algo a
mais, ou pelo menos assim ele gosta de imaginar.
Em 1837, Kevin ainda um jovem, foi aceito em uma
pequena seita francesa, Les Goules, onde pratica-
va necrofagia e necrofilia (comer e praticar atos se-
xuais com cadáveres, respectivamente), e acredi-
tavam que com isso o físico, mental e espiritual se
elevariam. Logo tornou-se muito grande para os Les
Goules, e foi aceito em uma seita ainda maior, que
não pertence à este mundo, lá conheceu um ser de
imenso poder, Mordigian, considerado o Deus dos
Goules, lá foi voluntário à um rito que o tornou meio
Goule (se até agora o leitor não conseguiu fazer a
distinção: Goule é Ghoul em Francês), aumentando
suas capacidades físicas e perceptivas, além de tor-
nar-se incrivelmente longevo. Com o tempo apren-
deu as artes necromanticas descritas por Balfour em
seu livro que descrevia diversos cultos de ghouls ao
redor do mundo, e também fora dele. Após décadas
de estudo em um outro mundo paralelo, alcançado
apenas pelo espírito, retornou a Terra, onde recusou-
se à ser idolatrado pelos Lês Goules que enxerga-
vam em Brooks a “evolução” do ser humano. Para
conseguir privacidade e continuar seus estudos das
artes negras, mudou-se para a pequena cidade de
Shellburne Falls nos Estados Unidos, onde utilizou
seus conhecimentos de enquanto jovem para criar
uma cervejaria como fachada para seus obscuros e
secretos estudos necromanticos. Queria ele colabo-
rar com os Goules que os acolheram criando uma
variação poderosa de um feitiço respeitado pelos
Sacerdotes de Mordigiam para punir seus crimino-
sos – A Podridão da Cova. Seus estudos foram ex-
tremamente bem sucedidos, mas o resultado final
não pôde ser controlado pelos seus ainda não tão
hábeis conhecimentos necromanticos, criando assim
a temível epidemia. Após contagiar-se, Kevin Brooks
aprendeu uma magia ilusória que impedia que outros
o vissem como doente.
GURPS
ST 12; DX 13; IQ 14; HT 12
Deslocamento 6; Esquiva 6; Aparar 9; RD 2; DP 1
Vantagens: Reputação (Dono de Cervejaria) + 2; Hi-
poalgia; Olfato Aguçado +2
Desvantagens: Fanatismo (Mordigian); Sadismo;
Compulsão e Segredo (Necrofagia e Necrofilia)
Perícias: Agronomia 10; Alemão 14; Briga 14; Disfar-
ce 11; Fabricação de Cerveja 10; Fisiologia 14; Fran-
cês 16; Inglês 14; Mitos de Cthulhu 10; Língua dos
Goules 16; Necromancia 12; Ocultismo 14; Revolver
12.
Magias: Podridão da Cova 16; Variante da Podridão
da Cova 10; Máscara Ilusória 14.
Call of Cthulhu
Str 12; Dex 13; Com 14; Siz 14; App 8; Int 14; Pow
16; Edu 14
36
Move 9; HP 14; Damage Bonus +1d4
Weapons: Claws 30% - 1d6+db; Bite 30% - 1d6
Armor: 2.
Skills: Burrow 60%; Climb 85%; Hide 60%; Jump
75%; Listem 70%; Sneak 80%; Spot Hidden 50%
Magias: Podridão da Cova; Variante da Podridão da
Cova; Máscara Ilusória.
Sargento Warren Justice
Paladino Nacionalista
Ostentando algum porte físico e de cabelos
muito bem aparados, Warren é um típico militar, du-
rão, machão e gosta de ser respeitado por isso. Ele
tem ordens à cumprir e não vai deixar-se persuadir a
ir contra elas. Ele acredita no bem maior da nação,
nem que para isso deva incinerar uma cidade intei-
ra.
GURPS
ST 12; DX 13; IQ 9; HT 11
Deslocamento 6; Esquiva 6; Aparar 10; RD 1; DP 0
Vantagens: Hierarquia Militar x2; Hipoalgia; Pronti-
dão
Desvantagens: Código de Honra (Juramento Militar);
Intolerância
Perícias: Arma de Fogo - Pistola 16; Briga 16; Camu-
flagem 12; Condução 13; Furtividade 14; Interrogató-
rio 13; Serviço Secreto 12
Call of Cthulhu
Str 12; Dex 14; Con 12; Siz 14; App 11; Int 10; Edu
13; Pow 15
San 70; HP 13; Damage Bonus +1d4
Weapons: .45 Pistol 60% - 1d10+1; Punch 70% -
1d3+db
Skills: Climb 50%; Drive Auto 45%; Fast Talk 40%;
Hide 40%; Persuade 35%; Spot Hidden 40%
Dr. Richard Mendel
Cientista Corrupto
Dr. Richard Mendel, Ph.D. em Microbiologia,
foi chamado por Dr. Crawford no início da epidemia,
não sendo este de grande ajuda para a cidade. O Dr.
Mendel foi na verdade avaliar a situação da cidade e
ajudar no que pudesse, mas ficou ao mesmo tempo
aterrorizado e maravilhado com o que presenciara
nos campos de mortos, pois simetricamente à terrível
situação de uma cidade estar morrendo aos poucos
com aspectos grotescos e inumanos; estaria ali uma
chance única para o Dr. Mendel estudar uma terrível
doença e entrar nos anais da história. Não é preciso
dizer o que o Dr. Mendel escolheu, entrou em conta-
to com Washington e com o Exército, aumentou ain-
da mais os fatos que puderam ser constatados pelo
exército nas próximas semanas. O presidente, pre-
ocupado com a situação nacional tomou a sua mais
difícil e horrenda decisão – enviando o exército para
sitiar a cidade e erradicá-la caso necessário.
GURPS
ST 9; DX 9; IQ 16; HT 9
Deslocamento 4; Esquiva 4; RD 0; DP 0
Vantagens: Memória Eidetica
Desvantagens: Intolerância; Excesso de Confiança
Perícias: Diagnose 14; Fisiologia 18; Medicina 16;
Microbiologia 20; Parasitologia 16;
Primeiros Socorros 15; Química 12; Zoologia 13
Call of Cthulhu
Str 8; Dex 10; Con 8; Siz 12; App 12; Int 16; Edu 21;
Pow 10
San 28; HP 10; Damage Bonus: nenhum
Skills: Biology 90%; Chemistry 30%; First Aid 65%;
Medicine 50%; Parasitology 70%; Pharmacy 50%;
Zoology 40%;
Walter Farber
Primeiro pupilo do Dr. Mendel
Formado como Mestre em Ciências no cam-
po de Microbiologia, Walter Farber acompanha seu
antigo professor – Dr. Mendel – em suas incursões
no Departamento de Controle de Doenças. Farber
ainda é um puxa-saco de primeira linha, evita fazer
qualquer coisa no trabalho que não seja autorizado
ou pedido diretamente pelo Dr. Mendel, o que o faz
motivo de chacota até mesmo de seus outros cole-
gas.
GURPS
ST 9; DX 11; IQ 13; HT 11
Deslocamento 5; Esquiva 5; RD 0; DP 0
Perícias: Diagnose 12; Fisiologia 15; Medicina 13;
Microbiologia 17; Parasitologia 14;
Primeiros Socorros 15; Química 10; Zoologia 11
Call of Cthulhu
Str 7; Dex 12; Con 12; Siz 13; App 14; Int 13; Edu 17;
Pow 12
San 46; HP 10; Damage Bonus: nenhum
Skills: Biology 90%; Chemistry 30%; First Aid 65%;
Medicine 50%; Parasitology 70%; Pharmacy 50%;
Zoology 40%;
37
Robert Redford
Responsável Estudante
Ainda cursando a faculdade de Mestre em Ci-
ências em Fisiologia, Robert Redford espera alcan-
çar patamares maiores na vida seguindo o exemplo
do Dr. Mendel, cuja admiração acabou se abalando
assim que o doutor anunciou a possível erradicação
de Shellburne Falls. Robert Redford foi convencido
pelo doutor que apesar de parecer crueldade, seria
uma forma de salvar milhares de outras pessoas
de uma possível epidemia em nível nacional, mas
mesmo assim, Redford tem suas dúvidas se existe
necessidade disto. Este será parcialmente receptivo
aos investigadores.
GURPS
ST 10; DX 12; IQ 12; HT 10
Deslocamento 5; Esquiva 5; RD 0; DP 0
Perícias: Diagnose 12; Fisiologia 17; Medicina 13;
Microbiologia 10; Parasitologia 12;
Primeiros Socorros 15; Química 10
Call of Cthulhu
Str 7; Dex 12; Con 12; Siz 13; App 14; Int 13; Edu 17;
Pow 12
San 46; HP 13; Damage Bonus: nenhum
Skills: Biology 80%; Chemistry 20%; First Aid 65%;
Medicine 40%; Parasitology 30%; Pharmacy 40%
Manuel Almeida
Jovem Cientista
O representante de menor grau em experiên-
cia do time de cientistas é o latino Manual Almeida.
Chileno, este Bacharel em Parasitologia veio aos
EUA estudar na Universidade de Miskatonic à pedido
de um parente influente em Arkham. Manuel é um jo-
vem extrovertido na casa dos 20 anos. Tem grandes
dúvidas quanto às decisões do Dr. Mendel e evita
realizar seu trabalho quando sabe que isso prejudi-
cará a vida dos populares de Shellburne Falls. Em
certo momento, discutirá com o Dr. Mendel, que o
“julgará” contaminado e o deixará à sorte junto com
outros populares. Poderá ser de grande ajuda aos
investigadores para esclarecer o ponto de vista dos
militares, porém não vai contar a todos quanto esse
problema.
GURPS
ST 10; DX 11; IQ 14; HT 12
Deslocamento 5; Esquiva 5; RD 0; DP 0
Vantagens: Sorte
Desvantagens: Estigma Social (Latino) -1
Perícias: Diagnose 12; Fisiologia 13; Medicina 13;
Parasitologia 15;
Primeiros Socorros 15; Trovador 12
Call of Cthulhu
Str 11; Dex 12; Con 12; Siz 11; App 16; Int 15; Edu
15; Pow 14
San 53; HP 12; Damage Bonus: nenhum
Skills: Art: Trovador 30%; Biology 50%; First Aid 65%;
Medicine 40%; Parasitology 30%; Pharmacy 40%
Soldados
As mãos e dedos de Justice
Existem ao todo 40 soldados nessa cidade,
todos muito bem armados contando com uma pis-
tola calibre 45 cada um, com um pente de recarga.
Alguns ainda carregam além da pistola ou uma Cara-
bina calibre 45 ou uma Submetralhadora Thompson
(Tommy Gun) – podem ser encontradas estatísticas
para todas essas armas nos manuais básicos.
No geral, os soldados não serão de grande
ajuda. Pode ser que alguns simpatizem com os in-
vestigadores ou com populares (principalmente se
algum deles for um membro atraente ou exótico do
sexo feminino, e que não esteja contaminado). Con-
tudo, os soldados não tem qualquer informação so-
38
bre a missão, apenas recebem ordens e as cumprem,
e com exceção de um ou dois, a maioria dos soldados
sequer liga para explicações.
Soldados tendem a maltratar além do necessá-
rio investigadores ou populares com grau avançado da
epidemia, sendo que alguns deles têm muito medo de
contrair a terrível doença, como acontecerá com pelo
menos um quarto do contingente.
GURPS
ST 12; DX 13; IQ 10; HT 12
Vantagens: Hipoalgia; Hierarquia Militar x1; Visão Agu-
çada +2; Ouvido Aguçado +2
Desvantagens: Código de Honta (Juramento Militar)
Perícias: Armas de Fogo (Carabina) 15; Armas de
Fogo (Pistola) 16; Armas de Fogo (Submetralhadoras)
14; Camuflagem 13; Condução 13; Furtividade 14; Me-
cânica 10
Call of Cthulhu
Str 12; Dex 14; Con 13; Siz 14; App 10; Int 10; Edu 13;
Pow 13
San 40; HP 14; Damage Bonus +1d4
Skills: Climb 50%; Drive Auto 45%; Fast Talk 40%;
Handgun 60%; Hide 40%; Mechanical Repairs 30%;
Persuade 35%; Rifle 50%; Sneak 40%; Spot Hidden
40%; Submachine Gun 40%
Legenda do Mapa do Mestre de Shellburne Falls

1. Praça Central
2. Comércio
3. Casa e Consultório do Dr. Crawford
4. Cervejaria de Kevin Brooks
5. Para a cova coletiva
6. Acampamento dos Militares
A. Nascente ‘A’ do riacho
B. Nascente ‘B’ do riacho
C. Intersecção das águas do riacho
D. Água utilizada pela maioria dos habitantes.

39
40
41
42
43
Um Final de Semana
na Praia dos Noivados
Aventura vencedora do Concurso Tagmar 2

Por Egon Cervieri Guterres

Arte de Alexandre Belmonte e
Charles MOS
1 - Introdução
Uma movimentada e descontraída festa local
vira uma imensa baderna com o surgimento de um
misterioso navio ao pôr-do-sol.
Esta é uma aventura para Tagmar, utilizando o
sistema de regras Tagmar-Daemon ou o sistema Tag-
mar 2, podendo ser jogada por grupos de qualquer
tamanho e nível, mas preferencialmente para grupos
iniciantes.
1.1 - Preparações, Recomendações e
Comentários Diversos
Você, Mestre, precisará do Tagmar 2 Módulo
Básico para Daemon ou o Manual de Regras do Tag-
mar 2. Alem de um destes livros será necessário o Livro
dos Reinos. Tenha certeza de estar familiarizado com
as regras de testes, combate e magia. Leia o capítulo
sobre Eredra no Livro dos Reinos para se familiarizar
com a geografia, sociedade e história recente desse
reino. Estes livros podem ser baixados gratuitamente
do site www.tagmar2.com.br.
Leia toda a aventura pelo menos duas vezes.
Procure imaginar em detalhes os lugares e as pessoas
que os jogadores encontrarão, pois assim será muito
mais fácil descreve-los e interpreta-los quando chegar
a hora. Sublinhe, rabisque, tome nota.
Todos os testes e termos de regras específicos
a cada sistema estará precedido da abreviação do sis-
tema a qual pertence: “TD” para Tagmar-Daemon e
“T2” para Tagmar 2, para facilitar a vida dos mestres.
O texto em destaque nas caixas Azuis podem
ser lido diretamente para os Jogadores, entretanto usar
as próprias palavras é mais recomendado. O restante
da aventura só pode ser lido pelo Mestre.
Na medida do possível, integre o passado dos
Personagens aos lugares e pessoas da aventura (veja
“ganchos”) – isso deixará a aventura mais pessoal e
interessante para eles (e todas as informações conti-
das no item seguinte serão automaticamente conheci-
das por eles).
Nada de sagas épicas! Nesta aventura os Per-
sonagens estarão meio que de férias, descansando
da vida atarefada. Eles encontrarão pessoas comuns,
de vida simples, que são até descritas de forma ca-
ricata e grosseira só para acentuar a idéia. Procure
manter esse clima de simplicidade bucólica no começo
do jogo, adicionando tensão, suspense e urgência na
medida em que a história prossegue. Não se acanhe
em adicionar algumas gotas de humor negro nesse
crescendo.
45
1.2 - História e Localização
Na região sudeste do Reino de Eredra, logo ao
norte da foz do Rio Quiris, fica a cidade de Nedima. An-
tes, um pequeno povoado de agricultores simples que
falam uma mistura fácil e agradável de malês central
e meridional; hoje, menos de dez anos depois, chega
quase ao porte de uma cidade de tamanho médio.
A mudança começou com a chegada de um
pequeno e rico clã de Volins. Valmar Olho Firme esco-
lheu o pacato vilarejo de Nedima por sua proximidade
com a foz do Rio Quiris. Além da posição estratégica,
a região também é privilegiada com os excelentes por-
tos naturais. No começo ele comprou barcos de Diam
e investiu no desenvolvimento da indústria pesqueira.
Com o sucesso da empreitada, passou a fabricar bar-
cos de pesca e de transporte de pessoas e cargas, o
que o deixou ainda mais rico. Ele, que é literalmen-
te o dono da cidade, é um empreendedor inteligente
que ocupa seu tempo gerenciando o negócio e deixa a
administração pública para um Conselheiro (escolhido
pelos cidadãos).
A cidade velha, que vem de uma antiga colô-
nia de agricultores e pescadores, tem cerca de cem
casinhas, fica na praia leste e foi a que menos sofreu
mudanças com a chegada dos Volins. Um moderno
centro foi erguido à distância de dois quilômetros do
antigo povoado e é o novo núcleo administrativo e fi-
nanceiro da cidade. Ali fica a prefeitura, a Academia,
o centro de comércio, algumas lojas, pequenos escri-
tórios e as casas mais nobres. Logo na praia ao norte
da parte velha da cidade foi construída uma enorme
rede de estaleiros de madeira – nesse complexo in-
dustrial trabalha boa parte da mão de obra da cidade,
seja pescando, construindo barcos ou movimentando
cargas. E, por fim, as fissuras entre essas três áreas,
além das zonas ao norte a ao oeste do novo centro,
foram ocupada pelos imigrantes que construíram gran-
des corredores de cortiços.
A produção nos estaleiros não para. Além das
ocupações normais com a pesca e o comércio, ele
também é um centro de pesquisa e desenvolvimen-
to de novas tecnologias. Todos os empregados re-
cebem capacitação especializada na Academia e os
engenheiros têm carta branca para inventar novas
soluções. Nem todas funcionam muito bem, é claro,
mas algumas dão frutos promissores – como um dos
últimos projetos, o Fura-Onda, um navio reforçado que
pode submergir até 90%.
Aqueles que não trabalham nos estaleiros en-
contram trabalho na agricultura e processamento de
alimentos. Na primavera é produzida (principalmente)
a batata, o pepino, o nabo, o repolho e o morango. No
verão ameno, a principal produção: o milho, o tomate,
a cebola, a abóbora e o abacaxi. E, finalmente, do final
do verão até o final do outono a cenoura, a batata-doce,
a espinafre e a berinjela. As conservas produzidas em
Nedima são muito apreciadas e chegam a praticamen-
te toda a costa leste do continente. Há ainda a opção
por trabalhar na construção civil, nas fábricas de queijo
ou nas vinícolas, que funcionam o ano todo.
Na Academia de Ciências da Natureza da Ter-
ra, do Céu e do Mar estão alguns dos melhores es-
pecialistas do reino, contratados pessoalmente para
lecionar por Valmar Olho Firme. Aqui são feitas pes-
quisas de engenharia naval, meteorologia, cartografia,
geologia e produção de alimentos. A Academia tam-
bém conta com um dos melhores centros cartográfico
do Reino. Os mapas aqui produzidos, especialmente
os náuticos, valem uma fortuna.
A festa mais importante do ano é o Festival da
Praia dos Noivados, que acontece na praia ao sul da
cidade, na semana que antecede a primeira saída dos
barcos de pesca depois da colheita. Pouco depois da
época de colheita do outono, as correntes marítimas
frias sobem a costa abarrotadas de cardumes que fo-
gem do frio que chega com o inverno no sul. Nessa
animada festa popular celebra-se o fim da colheita e o
início da melhor temporada de pesca com muita comi-
da e música.
1.3 - Sinopse
Na primeira parte da aventura os jogadores são
convidados a participar da festa. Várias oportunidades
para conhecer e interagir com os moradores locais
serão apresentadas. É altamente recomendável que
o Mestre explore essas oportunidades e dê aos Joga-
dores ampla liberdade de movimento para passearem
pelo festival.
A segunda parte da aventura inicia com a che-
gada de um estranho navio ao pôr-do-sol. A “carga”
do navio se espalha e causa muito tumulto por toda
a cidade. Depois de uma madrugada desgastante a
situação parece longe de terminar bem...
1.4 - Ganchos
Se o grupo for de iniciantes, você, Mestre, pode
acertar a história de alguns (ou todos, por que não?)
dos Personagens para que eles sejam naturais da re-
gião. Se não for possível, procure liga-los ao lugar de
alguma outra forma – seria interessante que eles ti-
vessem vários parentes e amigos na cidade ou pelo
menos já conhecessem as redondezas.
Os Personagens estão atrás de descanso – e
46
encontraram: bebida, praia e mulher bonita. Rever a
família e os amigos de infância. Tranqüilidade.
Os Personagens precisam de trabalho: há mui-
tas oportunidades de emprego na cidade. Por exem-
plo, uma das mais interessantes é a Academia. Duran-
te o festival ela fará seleção de aventureiros para tra-
balharem nas “linhas de pesquisas menos ortodoxas”
(exploração, busca, recuperação, escolta, etc.). É um
bom primeiro emprego para grupos iniciantes.
Os Personagens necessitam de transporte:
eles podem estar interessados em comprar (ou roubar!
Algo não recomendado para futuros heróis.) um barco
reforçado para realizar alguma outra missão. Talvez
simplesmente precisem de transporte para chegar a
outro lugar?
Os Personagens vieram a negócios: eles (ou o
patrão deles, se vierem como guarda-costas) vieram
comprar ou vender produtos ou informações. Barcos
para a guerra? Rações militares? Jóias? Instrumentos
musicais? Livros? Selas? Artesanato? Mapas? Afrodi-
síacos? Quem sabe o que eles querem é um emprés-
timo de Valmar Olho Firme.
Os Personagens vieram se apresentar ou com-
petir: um deles é um bardo e quer participar das festi-
vidades. Quem sabe em uma missão passada um dos
Personagens foi desafiado em alguma das competi-
ções do Festival?
Os Personagens espionam: uma cidade perdi-
da no meio do nada, que prosperou tanto na última
década e ninguém ouve o nome dela? Não é atacada
pelas vilas menores, nem incomodada pelas cidades
maiores... Não é estranho uma cidade ser tão furtiva?
Tem alguma coisa estranha aqui.
Os Personagens procuram alguém: alguém
que foi visto pela última vez na Academia, por exem-
plo. Um parente? Um amigo (ou inimigo) que será im-
portante numa missão futura?
Os Personagens buscam conhecimento: preci-
sam de mapas? Ferramentas? Tecnologia para cons-
truir alguma coisa em algum lugar? Vieram estudar as
vinícolas? Os processos de condimentação? Estuda-
rem na Academia para terem um futuro melhor?
Os Personagens querem casar! A si próprios
ou outra pessoa. E esse é o lugar certo! Fica melhor
ainda se você combinar com outras metas. Por exem-
plo, eles precisam encontram e convencer parentes de
um dos noivos, obter um certo vestido de casamento
no leilão e conseguir a benção de todos os clérigos
sobre as alianças.
Se vir uma oportunidade, abuse do melodrama
para trazê-los à aventura: um dos Personagens antes
de sair na última missão fez uma promessa ao primi-
nho deficiente físico de que o levaria (nas costas) para
ver o festival... E a pobre e velha mãe de outro pode
estar doente e esta é uma das poucas oportunidades
que ela tem para passar algum tempo junto ao filho...
Mas, só por garantia, é bom antes ter certeza de que o
Jogador gosta desse tipo de coisa – nunca se sabe!
2 - Bem Vindo à Festa
Os Personagens passam a noite nas com as
suas respectivas famílias ou em uma das hospedarias
no centro da cidade. Na manhã seguinte eles vão para
a praia ao sul da cidade.
Além da forte brisa do mar, dos pios das
aves marinhas e da areia fina vocês encontram um
grande e tumultuado espaço aberto. No meio des-
sa praça gigante há uma bela Rosa do Ventos de
azulejo colorido e uma alta coluna triangular bem
no meio.
Vocês chegaram pela direção Norte e vêem
que as barracas e atrações ficaram separadas pela
projeção dos pontos. Na direção Nordeste fica a
construção do templo de Ganis, deusa do Mar, e
em frente a ela, Noroeste, a construção do templo
gêmeo de Quiris e Liris, Plantio e Colheita. Na Les-
te/Sudeste estão as barracas de comida e bebida,
Na Sul fica o Palco de Pedra, onde quase todos es-
tão agora, e na Oeste/Sudoeste estão as lojinhas e
exposição de artesanato.
Os Personagens acabam no Palco de Pedra:
— E o velho pediu pela quarta vez a mesma
mulher em casamento neste mesmo local, haha, e
é por isso que hoje chamamos de Praia dos Noiva-
dos! – diz um baixinho narigudo e bochechudo so-
bre o Palco de Pedra.
Alguém comenta na multidão que a história
do ano passado tinha sido mais convincente, mas o
velho Conselheiro-Chefe da cidade continua o dis-
curso:
— Depois de começarmos o dia agradecen-
do e conhecendo mais sobre o deus da colheita com
o nosso querido clérigo Divânio, vamos aproveitar
bastante todas as atrações do festival deste ano!
— Não sei quanto a vocês, mas eu preten-
do começar pela deliciosa exposição de conservas,
haha, não deixem de passar por lá! Aproveitem que
estarão lá por perto para visitar o bazar de artesa-
nato também e participar do leilão. Ótimos lotes! Te-
remos ainda todas as já tradicionais competições:
concurso de beleza (haha), culinária, estribilhos po-
pulares, cabo de guerra e vários esportes de praia.
47
Peguem muitos prêmios, haha!
— Ah, antes que me esqueça de avisar, as
inscrições para a seleção de talentos serão do lado
das obras do templo gêmeo. Viram como as obras
estão progredindo rapidamente, haha, não é uma
beleza? Como já é costume, no fim do dia teremos
aqui mesmo a palestra sobre a deusa da colheita
Liris com o nosso querido clérigo Santínio. E depois
das preces daremos início ao lual! Música até o sol
raiar, haha! Aproveitem!!
Os Personagens dormiram demais e perderam
a cerimônia que abre o festival (Quiris, ao nascer do
sol) – se não houver entre eles algum clérigo prova-
velmente não se importarão muito com isso. Como
durante o dia a aventura é toda não-linear, peça aos
Jogadores que digam o que pretendem fazer. Ajuste
a progressão do tempo na aventura conforme for ne-
cessário, tendo o cuidado de passar a impressão de
continuidade.
Lembre-se que eles provavelmente estarão
acompanhados pelos familiares (que, aliás, reclamam
por terem se atrasado). Estes estarão sempre junto
aos Personagens, pedindo coisas, torcendo nas com-
petições (ou fazendo piadinhas, conforme o caso) e
arrastando-os de um lado para outro. Aquele Perso-
nagem que vive azarando as garotas em cada taverna
pela qual passa pode se ver forçado a fazer diversos
Testes de Atributo (TD: [Percepção], nível {DIFÍCIL}
T2: [Percepção], nível {DIFÍCIL} ) para encontrar no
meio da multidão seu pequeno bastardinho (que aca-
bou de conhecer)...
O comportamento dos Personagens nesta eta-
pa da aventura vai influenciar os acontecimentos pos-
teriores – exija interpretação.
3 - Vamos para a Praia
3.1 - Visita aos Templos
É provável que os familiares queiram começar
as visitas por aqui. A construção dos dois templos já
está pela metade. O Templo de Ganis, que fica do lado
do mar, está um pouco mais adiantado, com as colunas
já no lugar. Ele tem a forma de um grande quadrado e
a construção das faces é toda simétrica, de forma que
todas elas sejam sua “frente”. Neste local, diversos
clérigos estão reunidos, ocupados principalmente em
benzer alianças de casamento e bebês. Considera-se
fundamental obter as bênçãos de Selimon e Ganis an-
tes do casamento, ou a caprichosa deusa do mar pode
levar o pretendente. É curioso notar como algumas
noivas se empolgam com a idéia e começam uma ver-
dadeira gincana para conseguir o maior número possí-
vel de bênçãos. Nos arredores deste local, devido ao
ambiente altamente propício, também está localizada
a maior concentração de fofoqueiros da cidade – uma
boa(?) fonte de informações...
Já no outro lado da praça (NO) fica o Templo
do Plantio e da Colheita. Ele é comprido, espelhado no
meio e, ao contrário da primazia pelas formas fortes
e sóbrias do templo em frente, tem espaços menores
e mais decorados com estátuas e mosaicos. As duas
cúpulas centrais, com as estátuas de Quiris e Liris, já
estão prontas, entretanto falta todo o resto. Os agricul-
tores e comerciantes das barracas de comércio logo
ao lado vêm deixar pequenas oferendas como flores e
sementes nos pés das estátuas.
Logo ao lado da entrada da área do templo gê-
meo está a bancada onde são feitas as inscrições para
a seleção de aventureiros.
Numa placa:
A Academia seleciona profissionais audacio-
sos e determinados. / Viva novas aventuras! Viaje
e conheça o mundo! /// Adquira novas experiências!
Muitas oportunidades! / Boa remuneração. Seguro
familiar incluso. / INSCRIÇÕES AQUI!”
48
As inscrições (gratuitas) acontecem logo de
manhã cedo – se os Personagens gastarem muito tem-
po em outros lugares antes de passar por aqui elas já
estarão encerradas. Depois de assinar o termo, os ins-
critos (uns trinta, mais ou menos) são informados que
os exames acontecem em duas etapas. No período
da manhã, são realizados os testes de conhecimentos
(sim, prova escrita); depois do almoço as provas físi-
cas e, finalmente, no fim da tarde, as provas de habili-
dades específicas. A sessão mais abaixo (3.5 Seleção
de Talentos) cobre tudo isso em detalhes.
3.2 - Barracas de Comércio
Localizadas à Oeste/Sudoeste da grande praça
central. São muitas as barracas, vendendo os mais va-
riados artigos: condimentos, couro, móveis de madeira,
utensílios de metal, artesanato, afrodisíacos (concorri-
díssimos) e por aí a fora. Como tradicionalmente cada
agricultor dessa região consegue melhores resultados
plantando pelo menos seis variedades de produtos ao
longo do ano, a quantidade de diferentes tipos de con-
servas é enorme. O grande concurso de conservas é
um dos mais concorridos que existe. Os jogadores po-
dem passear e pegar provinhas nas barracas mais na
frente ou, caso tenham vindo para fazer negócios, ir
à parte de trás onde ficam as carroças e os estoques
para fazer grandes compras diretamente com os for-
necedores.
Na parte mais ao sudoeste, numa área isolada
por cordões, realizam-se os leilões (o melhor lugar, já
que a área com mais dinheiro fica logo ao lado). É pre-
ciso identificar-se e cadastrar-se antes de entrar, pois
ele não é aberto ao público em geral. Coloque, Mestre,
artigos que possam interessar aos jogadores, como
bons cavalos treinados, símbolos religiosos trabalha-
dos (não abençoados), roupas finas, jóias, panelas
de cobre, coleções de livros de literatura, ungüentos e
todo esse tipo de coisa (procure evitar armas e arma-
duras). A segurança é somente razoável, até porque
não há artigos de grande valor. Ah, lembre-se que os
jogadores estão acompanhados...
3.3 - Barracas de Comida
Ao entrarem nesta área os PJs são abordados
por uma cartomante de voz trovejante e pupilas palpi-
tantes:
— Gostaria de ler a sorte? Um “investimento”
de meras quatro moedas de prata”.
Ela olha para o personagem mais mal vestido
do grupo e acrescenta:
— Bom, podem ser três...
Caso aceitem, ela alisa o cabelo grosso e ole-
oso para trás e lê a mão do cliente:
— Madame Sinara vê... Você está em busca
do equilíbrio, para tomar decisões corretas, fazendo
as escolhas que levam ao desenvolvimento... Isso
envolve pessoas, e não somente o desejo individ-
ual... Nada se constrói sozinho, embora você não
possa projetar nos outros a fonte de sua realização
ou insatisfação...
Você, Mestre, pode encontrar mais previsões
desse tipo em qualquer jornal que tenha horóscopo
caso outros membros do grupo queiram saber sobre
seus futuros. Se recusarem ela devolve um olhar frio e
vai procurar outra pessoa.
49
O cheiro de frutos de mar e espetinhos de
carne de origem duvidosa enche o ar. Muitas bar-
racas amontoaram mesas pertinho da água e o “ba-
rulho” ao vivo chega de vários pontos. A fila para
comprar comida é grande e demorada. Volta e meia
vê-se a milícia arrastando um bêbado para fora do
mar. O lixo germina pelo chão...
Caso os personagens não tenham lembrado
de trazer comida de casa(!) terão que agüentar o em-
purra-empurra na hora do almoço. Todos os preços de
alimentos (consulte o Módulo Básico, cap. Pertences
ou o Manual de Regras cap. 6 Pertences e Afins) estão
no mínimo dobrados.
Em um ponto um pouco mais afastado, protegi-
da entre as pedras, montaram até um bordel, onde os
pais de família enfadados podem relaxar com cerveja,
dançarinas, etc.
Para chegar até esse lugar é preciso passar por
uma pequena arena de luta de animais. O lugar é mui-
to barulhento e apinhado de apostadores, mas pode
ser um bom lugar para jogadores iniciantes aprende-
rem o sistema de combate. Depois de feitas as devi-
das apostas, é claro, dois galos (o marrom Tinhoso e
o cinzento Espinhento) são liberados no cercado octo-
gonal. Faça o combate passo-a-passo, descrevendo
paternalmente todas as etapas e detalhes: a jogada
de iniciativa, ataque, defesa, pontos de vida, etc. Seja
criativo e faça uma descrição bem dramática dos gol-
pes marciais de cada lutador, para que a primeira vez
seja inesquecível. Depois do terceiro turno os treina-
dores pulam no ringue e se atacam com golpes de
cadeira e o que mais tiverem a mão (TD: regras de
armas improvisadas e arremesso, em T2: regras de
utilização de armas sem nível).
Assim que um deles cair, isso já no turno se-
guinte, o público começa a participar também do que-
bra-pau (peculiaridades do combate à distância). Pro-
vavelmente vai haver alguém que saiba usar magia
assistindo, então aproveite para acrescentar as regras
de combate com magia se os Personagens ainda esti-
verem no local. O dinheiro das apostas não será devol-
vido em hipótese alguma (ele será convenientemente
dividido entre os dois treinadores e o bicheiro depois,
mas ninguém sabe disso...).
3.4 - Competições no Palco de Pedra
No palco aconteceu o discurso que os Perso-
nagens ouviram no começo do dia. Aqui também vai
ocorrer o encerramento do dia ao por do sol, com a
cerimônia à Liris. Com a noite começa o festival de
música, que não tem hora para acabar.
 Durante a luz do sol, acontecem várias compe-
tições esportivas e artísticas no local, cada uma delas
conferindo aos vencedores “amuletos do festival”. Os
amuletos são esculpidos em madeira e vestidos no
pescoço por cordões de barbante. Eles não têm poder
algum, óbvio, mas podem conferir um bônus em Tes-
tes de:
TD: Perícia [Manipulação] nos subgrupos impres-
sionar, intimidação, lábia, liderança, manha ou se-
dução, conforme o caso, de [+5%] em interações
sociais com os outros freqüentadores do festival.
T2: Habilidades, grupo de [Influência], conforme o
caso, de [+1] em interações sociais com os outros
freqüentadores do festival.
Infelizmente, são tão feinhos que é até difícil de
vende-los. Lembre-se que os Personagens podem es-
tar acompanhados nas competições e que os parentes
podem querer participar também.
Cabo de Guerra: as competições acontecem
a cada duas horas. Cada time é composto por três
membros, que pagam 5mp para se inscrever, e preci-
sa vencer três disputas para levar o valor das apostas
(oito times, 40mp) e os três amuletos (um nó esculpido
em madeira).
TD: Veja no Módulo Básico, cap. Testes e Combate,
as regras de testes de Atributo vs. Atributo e Soma
de Atributos. Usando tais regras, o primeiro time
tem [Atributo Somado (22)] (12 + 10/2 + 10/2) e o
segundo tem [Atributo Somado (26)] (14 + 12/2 +
12/2).
T2: Veja no Manual de Regras, cap. 3, 2.1 Regras de
Atributos. O primeiro time tem [Atributo Somado
(+2)] (todos tem força +0, porém um com ajuda de
2, recebe um bônus de +2) e o segundo tem [Atri-
buto Somado (+3)] (O mais forte tem força +1, com
ajuda extra de dois, recebe um bônus de +2).
O terceiro time dará muito mais trabalho. Ele é
composto por marinheiros sarados (muito narcisistas)
que têm certeza absoluta da vitória e, entre um aceno
de mão para os fãs e um beijo atirado para uma garota
que esteja assistindo, deixam bem claro que ninguém
mais tem chance de ganhar:
TD: [Atributo Somado (32)] (17 + 16/2 + 14/2).
T2: [Atributo Somado (+4)] (um com força +2, com
ajuda extra de dois, recebe um bônus de +2)
Quem for pego roubando (magias, poções) é
desclassificado e fica impedido de participar de qual-
quer uma das competições.
50
Caçador da Praia: uma variante do jogo
queimada; também ocorre a cada duas horas (cabo
de guerra e queimada ficam se alternando). Doze pes-
soas competem, pagando 3mp de inscrição cada uma
delas. Todas elas jogam a iniciativa. Aquele que ven-
ceu desafia (leia-se escolhe) qualquer um dos outros
para entrar no círculo (raio 2m) desenhado na areia
(8m de distância). Ocorre uma disputa de atributos en-
tre o caçador:
TD: Atributo [Destreza] e a caça Atributo [Agilida-
de]
T2: Atributo [Agilidade] e a caça Atributo [Agilida-
de]
Caso a caça se esquive da pelota, continua no
jogo. O seguinte na fila de iniciativa escolhe então ou-
tro jogador para ser a caça (não pode repetir o mes-
mo), realiza seu ataque e assim sucessivamente. O
sobrevivente fica com as inscrições (36mp) e o amule-
to, uma bola esculpida. Ah, sim, a bolada dói bastante.
Em caso de acerto crítico, o jogador que não passar
por um:
TD: Teste de Resistência [Constituição], nível
{NORMAL}, perde 2PV e apaga por 1-3 x 10min.
T2: Teste de Resistência Física, contra força de ata-
que 1, perde 1pt de EF e desmaia por 1-3x 10min.
Tortas: tradicional concurso de comer tortas;
a mais acirrada das competições. Só acontece uma
vez, ao meio dia, apenas 40 vagas. As inscrições cus-
tam 2mp (valor para pagar pelas dez generosas fatias
de torta do competidor: duas de atum, duas de milho,
duas de frango com azeitona, duas de carne e duas
de presunto e queijo). Para devorar as tortas, não im-
porta a ordem dos sabores, são feitos dez Testes de
Atributo:
TD: [Constituição]
T2: [Físico]
Os seis primeiros {FÁCIL}, os dois seguintes
{MÉDIO} e os dois últimos {DIFÍCIL}. O competidor
que comer todas elas primeiro, vence, podendo haver
empate. Quem tiver o Aprimoramento Negativo – Gula
(apenas para TD) faz os dois últimos testes também
com nível de dificuldade {MÉDIO}. As tortas são de-
liciosas; assim que um dos jogadores experimentar,
diga para ele que certamente é uma das melhores
que ele já provou. Elas são feitas com a receita da
Tia Alba, que tem uma taberna na rua das pensões
no centro da cidade, além de uma legião de fãs. Entre
estes fãs estão o Dião, [TD: CON 18] / [T2: FIS +4],
um grandalhão meigo e desengonçado que cuida junto
com a mãe da cocheira na mesma rua da lanchonete;
os irmãos anões geologistas Merum, [TD: CON 16] /
[T2: FIS +3], Mauensir, [TD: CON 17] / [T2: FIS +4],
Kibor, [TD: CON 15] / [T2: FIS +3] e Chiram, [TD:
CON 15] / [T2: FIS +3], [TD:Gula], que quando não
estão trabalhando mapeando os recursos minerais da
região ficam estacionados devorando as tortas da Tia
Alba; e os pescadores sarados Niue, [TD: CON 12] /
[T2: FIS +1], [TD:Gula], Vanuatu, [TD: CON 14] / [T2:
FIS +2], [TD:Gula] e Samoe, [TD: CON 14] / [T2: FIS
+2], [TD:Gula], e eles são os principais adversários a
serem batidos para conquistar o amuletinho da torta.
Nota: esse amuleto, ao contrário dos outros, pode até
conceder um bônus negativo nas interações sociais, a
critério do Mestre. Só para lembrar, não jogue indivi-
dualmente para todos, apenas role e compare com os
valores de cada competidor!
Estribilhos Populares: quando se apro-
ximam do palco de pedra todos ouvem estribilhos
cantados a plenos pulmões. Trata-se do concurso de
estribilhos populares – e os tais estribilhos que eles
cantam não são música, são versos declamados em
ritmo. O objetivo é simples: fazer os outros cantarem
junto. O competidor fica no centro do palco e começa
um estribilho, normalmente simples, bem humorado e
relacionado ao cotidiano. Se agradar, o público canta
junto e os três jurados entregam o amuleto da boca es-
cancarada (sem dúvida o amuleto mais horroroso de
todo o festival). Bardos (e outras profissões, pelo nível
pré-definido) podem fazer seus Testes de Perícia/Ha-
bilidades [Artes(Canto)], nível de dificuldade definido
pela familiaridade com esse tipo de arte, mas é muito
mais divertido que o jogador interprete... Exemplo de
versos: “ela me deu tantos filhos / que eu já nem posso
contar”, “lá no alto daquele morro...” e por aí afora.
Musa do Festival: desfile de beleza que
acontece na metade da manhã. Os Personagens po-
dem votar na loira angelical, na ruiva de cabelo com-
prido, na ruiva de cabelo encaracolado, na morena de
cabelo curto ou na outra competidora, que está dez
anos e cinco quilos atrasada. Não que esta última seja
feia, pelo contrário, é até bem bonitinha – de rosto –,
mas a insistência dela já virou motivo de piada (ela
voltará a aparecer depois na história). Observação: a
loirinha angelical vence.
Há outras competições, como pesca e variados
esportes de areia, mas as inscrições só podiam ter
sido feitas até o dia anterior ao do festival. Fica para a
próxima...
51
3.5 - Seleção de Talentos
Como já foi dito, a “seleção de profissionais
versáteis e audaciosos” será realizada em três etapas.
No período da manhã, pouco depois do encerramen-
to das inscrições começa a prova escrita. Ela é cons-
tituída de cinco partes: conhecimentos gerais (Teste
de Atributo [Inteligência]), lógica e raciocínio (Teste de
Atributo [Percepção]), sobrevivência (Teste da Perícia/
Habilidade [Sobrevivência ou Rastreio ou Primeiros
Socorros ou Venefício]), ciências humanas (Teste da
Perícia/Habilidade [História ou Geografia ou Filosofia
ou Astronomia ou Teologia ou Agricultura]) e ciências
da natureza (Teste da Perícia/Habilidade [Ecologia ou
Botânica ou Zoologia ou Herbalismo ou Veterinária ou
Medicina]). Como as perguntas são relativamente sim-
ples, o PJ pode escolher a perícia com o maior nível
das listadas para responder essa etapa do processo
de seleção. Todos os teste são feitos em nível {FÁCIL}
– o que querem avaliar é apenas se o candidato tem
ou não condições mínimas de exercer o trabalho.
A etapa seguinte, prova física, acontece depois
do almoço (sim, logo depois das tortas). O primeiro dos
três exames físicos acontece na praia. Os candidatos
devem cruzar o mar até alcançar alguns bancos de
areia e depois voltar. A água não passa de 1,5m, sen-
do possível caminhar até as ilhotas de areia enfrentan-
do a correnteza. São dois Testes de Atributo:
TD:[Constituição]
T2:[FÍSICO]
Um nível {FÁCIL}, outro nível {NORMAL}, para
chegar ao banco de areia e outros dois testes, na or-
dem inversa, para voltar. Personagens que tenham a
(Perícia/Habilidade [Natação]) fazem todos os testes
no nível {FÁCIL}. Em caso de falha em um dos testes,
o personagem fica parado sem sair do lugar. Em caso
de falha crítica ele é arrastado pela correnteza (e res-
gatado depois). Terminada esta prova, os competido-
res são levados para um lugar mais reservado para re-
alizarem as provas de armas e combate. Primeiro eles
têm duas flechas (ou virotes, adagas de arremesso,
azagaias, etc.) para acertar um alvo distante. O teste
é {NORMAL} e basta acertar uma. Depois acontece o
teste de combate corporal. Usam-se armas de madei-
ra e o objetivo é fazer três toques (as armas não cau-
sam dano) no oponente. O oponente é um profissional
treinado que lutará com a mesma arma branca que o
candidato escolher com nível aproximado:
TD:[Arma Branca (25%/25%)]
T2:[Grupo de Armas (Total 5)]
 A terceira e última etapa acontece próximo ao
Então, de repente, não mais que de repente,
fim do dia, no mesmo local onde houve o teste de com-
sete simples passos trazem o completo caos a sua
bate. No teste de habilidade específico, cada Persona-
volta, transformando o ambiente num grande pan-
gem pode participar com um único Teste de Perícia/
demônio!
Habilidade dentro de cada um dos seguintes grupos:
[Avaliação de Objetos ou Falsificação], [Armadilhas ou
Arquitetura ou Mineração], [Idiomas ou Negociação], Um:
[Furtar ou Furtividade ou Manuseio de Fechaduras],
[Medicina ou Venefício ou Primeiros Socorros] e [TD: Um estranho barco começa se aproximar no
Ciências Proibidas (qualquer)] / [T2: Misticismo]. A horizonte a toda velocidade. Parece que estão quei-
demonstração de habilidades (ou entrevista) é feita di- mando toneladas de incenso colorido. Seria parte
retamente para juízes especializados, que normalmen- das festividades?
te proporão desafios simples, ou seja, testes {NOR-
MAL}, para comprovar os talentos do candidato.
É eliminado do processo de seleção o candi-
dato que não tiver obtido pelo menos quatro sucessos Dois:
(dos cinco possíveis da primeira etapa mais os três
da segunda e até sete da terceira). Os oito melhores As pessoas se aglomeram na praia para ob-
classificados são contratados. servar melhor. Várias explosões acontecem, princi-
Os aprovados recebem 35mp após assinarem palmente nas laterais do barco, que continua vindo
o contrato e são instruídos a se apresentarem para a a toda velocidade. Todos estão muito curiosos e
divisão dos grupos de trabalho e seleção das “linhas começam a ficar apreensivos.
de pesquisa” (ficam disponíveis para escolha no mu-
ral da sede) na próxima semana. Serão formados dois
grupos nível C de quatro membros cada. Quanto mais Três:
experiência o grupo adquire, maior o salário e a gama
de assuntos que ele pode escolher no mural (explora- O barco sai do mar e tomba estrondosa-
ção, busca, recuperação, escolta, etc.). Só por curio- mente na areia da praia! Uma grande explosão ar-
sidade, no momento há um grupo B e dois trios A em rebenta a parte inferior do casco! Voam destroços,
atividade. barris e caixas para todos os lados!

3.6 - Tantas Outras Coisas Quatro:

Adicione o que mais você desejar: brigas, fur- Os curiosos se aproximam para olhar o
tos, conspirações... O importante é que essas ramifica- grande vão aberto no casco. É nessa hora que eles
ções na história não entrem em conflito com o próximo têm a impressão de que incontáveis perninhas ou
capítulo. Agora a aventura começa de verdade. pulguinhas invisíveis (ou seja lá o que for) saem de
lá e passam correndo/saltitando por baixo das per-
nas da multidão e somem sem deixar rastro!!
4 - Confusão na Praia
Cinco:
Vocês observam o sol deixar seus últimos
Depois de um segundo de silêncio, a cu-
raios de claridade, reunidos no palco de pedra aguar-
riosidade volta a tomar conta dos presentes. Eles
dando o início do lual. Como aconteceu de manhã,
começam a abrir os barris e as caixas no meio dos
não conseguiram chegar a tempo de acompanhar a
escombros e descobrem várias mercadorias: roup-
cerimônia (do clérigo da Colheita) que poria fim nas
as, jóias, enfeites, tecidos e outros artigos de luxo.
comemorações do dia.
Começa a pilhagem!!
Enquanto esperam o resto do pessoal
chegar, vocês acompanham os músicos afinando
os instrumentos e a linda vencedora do concurso de
beleza aquecendo a voz, pois ela será a primeira a Seis:
se apresentar.

52
 Corre-corre para todos os lados. Todo mun-
do quer sua parte. Quebram-se caixas, arrombam-
se barris. No meio da correria, houve-se um grito.
Uma mulher gordona grita a plenos pulmões que os
objetos estão amaldiçoados, que estão carregados
de emoções negativas, que são uma armadilha!!”
Sete:
A gorda continua gritando, mas a turba não
dá atenção. Algumas pessoas da milícia gritam or-
dens. Muita confusão. A gorda não para de berrar.
Mais ordens da milícia – eles querem que as pes-
soas deixem os objetos. Ninguém obedece; pegam
tudo que for possível carregar e disparam em todas
as direções!!!”
—Isso é extremamente perigoso — Vocês
ouvem a cartomante Madame Sinara berrar para o
baixinho bochechudo (o Conselheiro-Chefe), que só
agora vocês percebem que estava ao lado de vocês
o tempo todo. — Essas coisas têm que ser recolhi-
das o quanto antes; estão impregnadas de magia!
Quando o baixinho ia abrir a boca para re-
53
sponder surge uma voz forte: — você está certa do
que diz, mulher?
É Valmar Olho Firme, que vem chegando em
seu cavalo.
O recém chegado, apesar do que disse,
parece não ter nenhuma dúvida quanto a veracid-
ade das afirmações da cartomante. Ele ordena que
Sazino, o chefe da milícia local, que estava gritando
ordens para a multidão agora a pouco, faça a busca
e a apreensão de todos os objetos que estavam no
barco imediatamente.
— Eu vou dar ordens para os homens para
impedir que qualquer pessoa cruze os limites da ci-
dade enquanto a situação não for resolvida. Você,
Conselheiro-Chefe, organize as coisas por aqui com
a cartomante e com o Sazino. Ei, VOCÊS, ajudem e
serão recompensados!”
Espera-se que os Personagens aceitem a pro-
posta. Caso isso não aconteça, Madame Sinara ficará
desapontadíssima com a falta de escrúpulos dos Per-
sonagens, que ficam de braços cruzados e/ou pen-
sando em dinheiro enquanto sua cidade natal está em
grave perigo. Lembre-se que eles provavelmente ain-
da estarão acompanhados de seus parentes. Se mes-
mo assim não quiserem cooperar, Madame Sinara os
ameaçará com a mais poderosa das maldições, que
aniquilará completamente com a virilidade de todos os
membros do grupo para todo o sempre!

— Comecem indo na direção daquelas pe-

dras ali no fundo – sejam rápidos – eu vi algumas
crianças correndo naquela direção! Berra a mulher
de cabelos revoltos e oleosos. Mas prestem aten-
ção! Não toquem nos objetos! Eles estão cheios de
emoções!

Acrescente em seguida:

— O quê? E vocês ainda me olham com

essa cara de “como é que vamos trazer o objeto pra
cá?” Sei lá! Usem uma vara ou um saco ou qualquer
coisa do tipo, droga! Será que eu tenho que pensar
em tudo? Andem! Andem logo!

4.1 - Crianças Corajosas
Seguindo pela direção indicada, os Persona-
gens encontrarão três crianças entre as pedras: Belite,
Aganam e Natágua. Elas estão distraídas examinando
uma empunhadura de sabre decorada (sem lâmina).
Quando os Personagens se aproximam elas levantam
a voz em tom de desafio:
— O que vocês querem aqui?
Os garotos Belite, 10 anos, e Aganam, 9 anos,
e a garota Natágua, 9 anos, seriam crianças normais,
não fosse pelo fato de estarem sendo “influenciadas”
pelas sensações de “coragem, ousadia, intrepidez”,
que “vêm” da empunhadura. Qualquer místico do gru-
po percebe que há algo estranho com uma simples
olhada de relance no objeto. Outros personagens com
um Teste de Atributo [Percepção], nível {NORMAL}.
O problema: conseguir pegar (sem tocar, de
preferência) a empunhadura de sabre que está sob
controle dos pirralhos. O problema é que eles não es-
tão dispostos a entregá-la. Eles até aceitam negociar,
pelo menos no princípio: Belite e Aganam querem bas-
tante comida e Natágua quer uma roupa bem bonita
que fique bem nela. Eles também querem dinheiro,
3mo, uma fortuna. Quando os Personagens consegui-
rem as coisas que as crianças pediram, elas mudam
de idéia e desistem da troca.
Se tentarem o caminho fácil, ou seja, a intimi-
dação (e acredite, sempre tem alguém no grupo só es-
perando uma oportunidade) é que a situação complica
MUITO. As crianças não apenas estão totalmente imu-
nes a qualquer forma de intimidação, como também
reagirão com contra-intimidação. Elas estufarão o pei-
to, apontarão o dedo e levantarão a voz para os Per-
sonagens, sem se preocupar com as conseqüências!
Mesmo se os Personagens ameaçarem fisicamente
elas reagirão, seja enfiando o dedo sujo no olho (acer-
to automático), seja chutando a rótula – com muita
vontade – de quem fizer as ameaças.
Mas para complicar as coisas: se a coisa
fugir do controle, e você, Mestre, tem a obrigação de
lembrar os jogadores o tempo todo de que os fede-
lhos são apenas simples crianças que estão agindo
de forma estranha, uma turma de quatro marinheiros
sarados aparece. Eles estavam procurando por Sa-
moe, que desapareceu na confusão, quando ouviram
canalhas desalmados ameaçando pobres crianças in-
defesas e resolveram tirar a situação a limpo. Se os

54
jogadores forem rápidos em explicar a situação e não
foram muito longe nas ameaças, talvez, com muita di-
plomacia, consigam escapar do mal entendido. Caso
tenham forçado a barra com as crianças levarão uma
surra de remos de madeira.
Seja como for, as crianças desistem do obje-
to e atiram ele na água gelada — se vocês querem
tanto assim, vão pegar!
Por sorte ainda há alguma claridade e é possí-
vel vasculhar o lugar onde caiu a empunhadura (com
luvas, de preferência). Teste de Atributo [Percepção],
nível {NORMAL}. Caso alguém toque no objeto é pre-
ciso fazer um Teste de Resistência para não sofrer
seus efeitos:
TD: [Vontade] Nível {FÁCIL},
T2: [Resistência a Magia] contra força de ataque 1
4.2 - Mal Acompanhado no Escuro
Madame Sinara reclama da demora e critíca
a atitude dos personagens que ameaçaram as crian-
ças (como se ela soubesse minuciosamente tudo que
aconteceu...). Ela também xinga o infeliz que caiu sob
influência do objeto enquanto dissipa a magia e libera
a mente do miserável.
Vocês vêem que a cartomante providen-
ciou uma bancada de trabalho ali mesmo na praia,
e seu fiel ajudante Belo está organizando uma fila
de objetos recuperados para serem limpos por ela.
— A milícia está trabalhando na praia, tão agora re-
vistando o bordel porque muita coisa foi levada para
lá. Ora! Não quero nem imaginar o que deve estar
acontecendo lá dentro. Quero que vocês dêem uma
volta no centro da cidade para ver se alguma coisa
passou do bloqueio. Mas não demorem muito, que
já esta cheio de gatuno querendo passar a mão nes-
sas coisas aqui! É! To falando de VOCÊ aí no fundo,
não adianta disfarçar não! Ela aponta para alguém
na multidão. E VOCÊ e VOCÊ também! P****! Pen-
sa que eu não sei, C*******? VEM AQUI PARA VER
O QUE TE ACONTECE!
Caso os Personagens resolvam investigar as
pessoas que a bruxa gorda apontou, elas fogem rapi-
damente quando eles chegarem perto.
55
Logo depois da saída da Praia dos Noivados,
no sentido do centro da cidade, eles ouvem as lamú-
rias de uma mulher. É Tia Lisse, que chora baixinho,
visivelmente desesperada, na entrada de um bueiro.
— Ajudem, por favor!! Meu menino ficou estranho e
entrou nesse buraco escuro!! Chora a mulher.
O “menino” de quem ela fala é Dião, aquele
grandalhão abobalhado que passa a vida com o dedo
na boca que vocês encontraram no concurso de tortas.
O buraco do qual ela fala é uma das entradas para o
sistema de canais de esgoto que está sendo construí-
do no novo centro da cidade. As obras ainda estão no
começo, por isso os canais são curtos e estreitos. Está
completamente escuro lá em baixo.
O problema: encontrar Dião, convencê-lo a
sair do lugar e entregar o objeto que perturba o gran-
dalhão – o casaco que ele está vestindo, impregnado
com emoções “solidão, isolamento, insulamento”. Os
canais estão totalmente mergulhados no escuro, mas
para compensar são curtos e secos e Dião está para-
dinho escondido em um canto. O meninão também é
meigo e gentil, o que facilita sobremaneira as coisas.
Mas para complicar as coisas: o grande
problema é que Dião não está sozinho. Samoe, o mais
grandalhão e truculento dos marinheiros sarados tam-
bém está escondido nos túneis. Ele foi absorto por um
livro finamente encadernado que encontrou dentro de
uma das caixas. O livro está impregnado com senti-
mentos de “derrota, revés, arrependimento”, emoções
mais fortes e complexas do que as encontradas até
agora nos outros objetos.
Para resistir aos seus efeitos é preciso um Tes-
te de:
TD: [Atributo (Vontade)] nível {MÉDIO}.
T2: [Resistência a Magia] contra força de ataque 5
Existem nove chances em dez de que os Per-
sonagens encontrem e resgatem (se conseguirem)
Samoe no lugar de Dião, uma vez que os dois são
bem parecidos fisicamente, ainda mais no escuro. Po-
bre Tia Lisse! Pobre dos Personagens, que terão que
mergulhar de novo no bueiro atrás do Dião!
Samoe está muito perturbado, quase descon-
trolado. Caso se sinta ameaçado pode até mesmo ten-
tar estrangular quem estiver na sua frente. A solução
pacífica é a mais recomendada nesse caso, já que o
lugar é muito apertado para um combate armado efi-
ciente e magias que produzam efeitos como sono, ma-
nipulação, etc. têm grande chance de falhar contra as
pessoas que estão sendo influenciadas.
Resolvido o problema, os marinheiros sarados
que estavam procurando por Samoe agradecem por
terem encontrado seu amigo (quando foi que eles che-
garam?) e se desculpam, ou não, por terem batido nos
Personagens, ou ainda ameaçam bater muito mais,
caso tenham ferido Samoe.
O chefe da milícia local, Sazino, passa pelos
Personagens, pede um rápido relatório das coisas e
depois pega os objetos problemáticos para levar para
Madame Sinara. Tia Lisse pede que ele depois devol-
va o casaco que ela costurou para o filho, pois foi seu
presente de aniversário. Estranho. O casaco não esta-
va no barco como os outros objetos...
Os Personagens não têm tempo para pensar
no assunto, pois uma voz conhecida chama por eles
em tom de urgência.
4.3 - O Retrato
Um parente vem chamar um dos Personagens
– algo muito estranho está acontecendo na casa dele!
— O vovô voltou à vida!
Neste ínterim, passam no outro lado da rua
quatro anões carregando uma mulher e várias pesso-
as da milícia correndo atrás deles.
— Ei, aquela é a minha sobrinha!, grita Tia
Lisse. Sazino põe a mão na cabeça e suspira —
vocês vão lá resolver o problema de vocês, pode
deixar que a milícia cuida disso; depois a gente se
encontra lá na praia — e parte a galope.
O problema: quando o Personagem entrar em
casa encontra a família reunida na sala, em frente ao
retrato do vovô. Bem, pelo menos os parentes que fi-
caram em casa ou foram enviados de volta por medida
de segurança pelos Personagens quando a confusão
começou (talvez eles tenham se esquecido de man-
dar seus protegidos indefesos para um local seguro e
eles estiveram sendo arrastados a tiracolo esse tempo
todo...). As pessoas estão quietas, observado atenta-
mente o quadro, como se “ouvissem” o que ele fala.
Para ouvir o que o quadro diz é preciso falhar
no Teste de:
TD: Resistência [Vontade] nível {MÉDIO}.
T2: Resistência a Magia contra força de ataque 5
56
— Oi, oi, tem alguém aí? Eu não consigo ver
nada! Me traz aí um copo d’água, por favor! Sério,
não consigo ver nada! E também não consigo ouvir!
Puxa, como essa casa ta úmida! Tem alguém aí?
Mas para complicar as coisas: se algum
místico entre os Personagens fizer alguma análise,
Atributo [Percepção], nível {MÉDIO}, ou TD: Perícia
[Ciências Proibidas (qualquer uma que pareça rele-
vante)]
T2: Habilidade [Misticismo] nível {FÁCIL}, ou
ainda utilizar Entender / Metamagia, vai ter uma vaga
idéia de que dessa vez, ao invés de uma emoção já
pronta, a emoção vem do próprio objeto, como uma
memória ou qualquer coisa desse tipo. Ou seja, ele vai
concluir que é só mais um objeto “encantado com emo-
ções”. Entretanto, para a matriarca da casa é como ter
o falecido marido de volta – ela é a única que responde
aos pedidos do retrato:
— Tá bom assim, querido, ou quer que eu
traga aquele outro chinelo, não esse, não é? Como
assim você acha que está num lugar molhado? Mas
a parede está seca... Quer que pegue mais uma to-
alha? O suco já está saindo, não se afobe...
A pobre mulher está muito doente (lembra dos
ganchos?) e ao explicar para ela que o falecido não
voltou à vida...
—Como assim não voltou? Eu estou ouvin-
do ele com essas duas orelhas que a terra há de
comer!
Ao tentarem retirar o quadro...
— O que? Você não pode tirar o quadro da-
qui!
Os Personagens devem agir com muito cuida-
do pois toda essa bizarrice pode ser um choque grande
demais para esse pequeno corpo débil e encurvado.
Cada vez que os Personagens forem insensí-
veis ou impacientes com a pobre velhinha, que bem
pode ser a mãe de um deles, ela põe a mão no cora-
ção dando a entender que pode ter um colapso e cair
morta ali mesmo. Premie generosamente no final da
aventura o Personagem que for gentil e atencioso e
explicar para a velhinha a situação delicadamente. No
outro extremo, caso ela morra por “excesso de insen-
sibilidade”, não premie ninguém!
O quadro é grande e é preciso pelo menos
um carinho de mão para carregá-lo adequadamente.
Como ele ficava na sala de jantar e o velho era muito
rabugento (e folgado), o retrato vai o caminho inteiro
pedindo coisas como para passar o sal, não fazer tan-
to barulho com os pratos, alguém viu meu jornal, um
copo limpo, etc.
Nota: uma vez que a pessoa tenha ouvido a
voz do quadro ela não pode espontaneamente deixar
de ouvi-la se estiver a menos de 300m dele...
4.4 - Ela Quer Casar!
Quando chegam onde Madame Sinara está,
vocês vêem um grande tumulto.
Primeiro, tem uma fila enorme de gente es-
perando a “limpeza” de seus objetos. A fila de lim-
peza anda muito lentamente, pois Madame Sinara,
além de estar trabalhando sozinha, precisa ficar pa-
rando o serviço para anular os efeitos mais nocivos
que estejam agindo sobre as pessoas e os mem-
bros da milícia.
Ela também é constantemente interrompida
por gente que quer reclamar da demora – o que de-
ixa a mulher espumando de raiva.
Outro tumulto que se formou foi em volta dos
objetos apreendidos no bordel, notoriamente sobre
os objetos com emoções “libidinosas”. O sindicato
informal dos profissionais da área (cafetões e cia.)
está tentando “liberar” o lote do material em poder
da milícia, mas não está tendo muito sucesso.
Para coroar, vários vendedores ambulantes
de churrasquinho, sanduíche e doces já iniciaram
suas atividades para atender a toda essa demanda
de gente ociosa (e com fome). Como estamos em
uma data festiva, batuques e chocalhos foram im-
provisados para tirar um sonzinho enquanto o tem-
po não passa – o barulho é ensurdecedor.
Madame Sinara está em discussão acalorada
com uma mulher, as duas berram alto.
— Resolvam o problema dessa chantagista
vulgar, diz a cartomante para vocês.
O problema: o nome da chantagista é Valíria.
Ela, que é a filha mais velha do Comandante Alebal,
57
diz ter quatro objetos em seu poder e que os entregará
de bom grado em troca de um pequeno favor:
conseguir um bom marido para ela. Os Personagens
já encontraram com ela antes, durante o concurso de
beleza, e devem saber que ela é a encalhada número
um da cidade. Como já foi dito, ela não é feia – um
pouco cheinha e o narizinho calombudo chamam a
atenção, é verdade, mas não chegam a comprometer
muito – é, sim, marcada por uma má reputação de
desesperada.
Mas para complicar as coisas: o principal
entrave é o alto grau de exigência da moça. Como os
dois melhores partidos da cidade, o sobrinho de Val-
mar e Belo, não estão disponíveis, ela diz aceitar a
terceira, talvez até a quarta, posição. Se algum do Per-
sonagens se oferecer para casar com ela (sem ter TD:
[CARISMA 18], T2: [CARISMA +4], pelo menos) ela
o rejeita instantaneamente “sinto muito, mas você está
mais para sapo do que para príncipe”. Os Persona-
gens terão que encontrar (ou fabricar) um “príncipe en-
cantado” e convencer a mulher (e o suposto príncipe
também, é claro) de que são almas gêmeas. Tudo isso
no meio da confusão que o festival se tornou.
Como ela detesta pobretões, podem ser neces-
sários um bom banho e roupas adequadas para me-
lhorar o nível do candidato. E mulheres adoram flores,
doces e jantares românticos, de preferência com mú-
sica ao vivo.
E não basta “só” isso. Ela quer garantias de
que o casamento vai mesmo sair. Por ela o casamento
sairia agora mesmo...
Observação: se estiver muito difícil de resol-
ver a situação, os Personagens podem, por algum ou-
tro meio a critério do Mestre, descobrir que os objetos
estão escondidos em baixo da cama da chata enca-
lhada.
4.5 - Quatro Anões e uma Confeiteira
A cartomante continua ocupada metralhando
palavrões para a multidão que não para de recla-
mar.
O chefe da milícia, Sazino, pede um favor:
— Vocês lembram quando há algumas horas
atrás passaram correndo por nós uns anões carre-
gando uma mulher?
O problema: a equipe de geólogos anões
sempre foi apaixonada pelas deliciosas tortas da Tia
Alba, como foi visto no concurso do meio-dia. Agora
eles são devotos fanáticos... Eles seqüestraram Tia
Alba e fugiram com ela nos braços. A milícia perseguiu
os anões pela cidade toda, até que eles finalmente se
aquartelaram na confeitaria que fica no centro da ci-
dade. A milícia que cuidava do caso foi chamada para
prestar auxílio na investida contra o bordel e a situação
teve que ser deixada de lado.
Mas para complicar as coisas: os anões
estão fortemente influenciados por um lado de senti-
mentos de “devoção e adoração extremos” e por ou-
tro, ao mesmo tempo, de “avareza e mesquinhez”, ou
seja, querem todas as tortas só para o pequeno culto
deles.
As entradas da lanchonete foram bloqueadas
com barricadas; eles fazem ronda e montam guarda
em uma típica configuração de guerrilha. Tia Alba está
confinada na cozinha fazendo tortas, é claro. Ela até
se sente um pouco feliz por gostarem tanto dos quitu-
tes dela, mas está com sono e gostaria que deixassem
ela ir dormir logo de uma vez.
Os Personagens podem entrar no estabeleci-
mento de duas formas: ou escalam e entram pela jane-
la do andar superior ou entram pela porta da cozinha,
que pode ser arrombada, derrubada ou destrancada
com a chave extra que está embaixo do tapete.
A dificuldade que os anões impõem depende
do nível dos Personagens. Se eles forem iniciantes,
atacarão com armas improvisadas (perna de cadeira
e garrafa de vidro). Se forem mais experientes, usa-
rão armas de verdade. De qualquer forma eles lutarão
muito mal, perdendo automaticamente qualquer joga-
da de iniciativa e só agindo de dois em dois turnos,
pois estão explodindo de tanto comer torta.
Cabe ao mestre lembrar aqui aos jogadores,
que os anões não são inimigos, e que estão influen-
ciados, logo soluções pacificas ou não mortais devem
ter preferência.
Qualquer jogador que se aproximar de Tia Alba
deve fazer um Teste de:
TD: Resistência [Vontade] nível {MÉDIO},
T2: Resistência a Magia contra força de ataque 5
ou entrará automaticamente para a seita de
adoradores (repita o teste a cada 5mim se o jogador
não tiver o Aprimoramento Negativo Gula). Não há ob-
jeto encantado; é a própria Tia Alba quem está irra-
diando. Grande Problema...
58
4.6 - Mais Outro Tanto Para Complicar
as Coisas
Essa lista de eventos problemáticos (ou
minibuscas, se preferir) que ocupa o quarto, o quinto e o
sexto capítulos pode ser ampliada indefinidamente! Crie
seus próprios eventos e faça com que eles aconteçam
em seqüência ininterrupta, como, por exemplo, os
Personagens vão resolver algum problema na casa
de alguém, e aí percebem que o vizinho também está
com um problema, só que diferente, e então chega
nesse exato momento alguém gritando que tem outro
e quando eles estão a caminho encontram mais um,
etc.
As condições são simples: (a) proponha
uma situação que possa ser resolvida por diferentes
métodos, (b) os Personagens não podem descansar
em momento algum, devendo ficar em constante
movimento e (c) tudo termina com o nascer do sol.
O mais importante de tudo é que a Madrugada
Agitada seja muito longa e muito cansativa (porque é
mais divertido assim).
5 - O Dia Seguinte
5.1 - Guerra Religiosa
Finalmente nasce o dia, depois dessa noite
terrível que parecia não ter fim. Todos estão exaus-
tos e doloridos. Muito pior que vocês está a carto-
mante, que virou a noite dissipando os “pseudo-en-
cantamentos” sem descanso.
Ela está sozinha e imóvel, com a testa apoia-
da na bancada de trabalho improvisada no palco de
pedra. Quando vocês se aproximam ela levanta a
cabeça moribunda e dá um tapinha num livro de
capa finamente decorada:
— Vocês reconhecem isso? É aquele liv-
ro que estava com o marinheiro; acho que estou
começando a entender a situação. Estamos lasca-
dos...
— Na verdade é um diário. Diz aqui que
essas coisas que estão possuindo os objetos são
um tipo de fagulha ou faísca que se soltou de uma
grande magia que não foi bem feita. Deve estar
perdido em algum lugar por aí o objeto mestre, a
mãe das faíscas. Aqui não dá muitos detalhes, mas
é com certeza um objeto transparente. Fiquem de
olhos abertos.
— Ah, sim, antes que eu me esqueça, acho
 que estão distribuindo as recompensas lá nos pila-
res dos templos gêmeos. Todos foram para lá...
Ela boceja demoradamente:
— Uma última previsão para hoje: aquele
que me acordar se arrependerá amargamente... E
apaga.
A essa altura os Personagens estarão se sen-
tindo aliviados. Depois de uma madrugada longa e di-
fícil finalmente vem o merecido descanso e a mais que
merecida recompensa. Triste engano.
Chegando perto dos templos gêmeos vocês
não encontram uma recompensa, mas um círculo
de briga! E quem está brigando são justamente os
dois clérigos, Divânio e Santínio.
O motivo da briga não está muito claro – pa-
rece que a estátua de Liris é dois centímetros mais
baixa do que a estátua de Quiris (as estátuas têm
pelo menos dois metros de altura, sendo a diferença
totalmente insignificante), e isso foi motivo suficiente
para os dois se embolarem como cães de rua.
Outra coisa muito estranha é que o pessoal
ao invés de separá-los está fervorosamente insti-
gando o conflito.
O problemão: alguém encontrou na praia um
bonito véu e resolveu oferecê-lo para a estatua de Liris.
Os clérigos, que viraram a noite nesse local ajudando
as pessoas que foram influenciadas pelos objetos en-
cantados, acabaram por se tornar vítimas da emoção
“competição, disputa, rivalidade”.
E para complicar de vez: o poder do objeto
cresceu muito durante a noite e já está em um nível
totalmente diferente do que os Personagens enfrenta-
ram até agora. O véu está agindo, em menor escala,
sobre a multidão inteira. Ele irá influenciar automati-
camente o Personagem com menor valor do Atributo
INTELIGÊNCIA/INTELECTO com as emoções descri-
tas acima. Esse Personagem irá se lembrar de todas
aquelas vezes em que foi inferiorizado por outro mem-
bro do grupo (escolha aquele que mais pegou no pé do
infeliz). Seus sentimentos de inferioridade atingirão o
limite e ele irá tirar todas essas questões a limpo aqui
e agora! Essa é a prova definitiva para a unidade do
grupo!
O objeto é muito forte e nesse nível seu en-
cantamento não pode ser dissipado – ele precisa ser
destruído.
59
5.2 - Uma Escuridão na Luz
Os Personagens voltarão na Madame Sinara,
pois querem suas recompensas...
Voltando mais uma vez no palco de pedra
vocês encontram a cartomante brigando com al-
guém! Ela está montada ferozmente sobre uma
mulher, agarrando nos cabelos e dando bofetadas
no rosto.
Valíria escapa das garras da vidente e foge
rapidamente, assustada, com a cara toda vermelha
e o cabelo bagunçado.
— Essa vadia! E depois de tudo que eu fiz
por ela! Esbravece a cartomante.
— Querem saber da melhor parte? – con-
tinua vociferando a mulher — As malditas Fagul-
has são canibais! Essas m******* vão se devorando
umas as outras e ficando cada vez mais fortes e
espertas. Quando restar uma só, aí já não tem mais
jeito... Melhor fazer logo as malas e sumir desse
maldito lugar...
— Está tudo quieto demais... Aquela ava-
lanche de Fagulhas que fugiu do navio já deve es-
tar se aglomerando em algum lugar. E mesmo que
tivéssemos o objeto-mestre de nada ajudaria! JÁ
ESTAMOS CONDENADOS!
Ela pára de repente, assustada.
— Vejam lá! COMEÇOU!
Vocês vêem uma grossa coluna de fumaça
vindo da região pobre da cidade, a área dos cor-
tiços e casebres. Talvez o fogo já tenha começado
há algum tempo e só agora, com a luz da manhã,
ele está visível.
— Vocês são os únicos que podem fazer al-
guma coisa! – berra a mulher, pulverizando saliva
pela fenda entre os dentes da frente.
— Os homens da milícia acabaram de sair
daqui para resolver outro problema que apareceu
no centro, sem seu chefe, porque o Sazino desco-
briu que a mulher dele queria aproveitar a confusão
para fugir com o amante e se trancou na prisão com
os dois. O Valmar está bloqueando as saídas da
cidade para impedir que os objetos saiam. Só so-
braram vocês!
— Destruam o objeto maldito! AJAM! – grita
a velha bruxa gorda de olhos saltados.
O problemão: no meio da parte mais pobre
da cidade, onde o crescimento descontrolado empilhou
cortiços e casebres, arde uma fogueira descomunal.
Na base da fogueira estão muitas pessoas agindo de

forma estranha, como se fossem zumbis ou sonâmbulos
ou qualquer outra coisa desse tipo. Escravizadas, elas
atiram vários objetos para alimentar o fogo. Esse fogo
incomum não queima os objetos – todos encantados
por Fagulhas fracas, obviamente –, ele os envolve e
fica cada vez mais forte! Ele está quase atingindo o
estágio final da evolução, quando a Fagulha deixa de
ser Fagulha!
E para complicar de vez MESMO: os
Personagens (com exceção de um) não precisam
fazer qualquer jogada de resistência para evitar aos
possíveis efeitos de manipulação, pois a fogueira está
totalmente concentrada em manipular as “mentes
suscetíveis na região”. Ou seja, todos aqueles que
já foram influenciados até agora! Os Personagens
verão que o grandalhão Dião, a confeiteira Tia Alba, as
crianças mal educadas da praia, o marinheiro Samoe,
os anões geólogos e todas as outras pessoas que já
apareceram sendo controladas durante a aventura
estão em estado de transe em volta da fogueira. E
espiando para o lado verão até mesmo a velha vovó
doente caminhando lentamente, parecendo mesmo
um zumbi, coitadinha, indo em direção aos outros!
No meio da pilha de tranqueiras envoltas pelo
fogo está o objeto que precisa ser destruído. Entretanto
60
é muito difícil chegar até ele. Primeiro, porque os
“escravos” protegem o fogo com seus próprios corpos,
interpondo-se entre ele e os Personagens se eles
vierem muito perto. O fogo também é capaz de mandar
os escravos agarrarem um dos Personagens. Apenas
um, porque é difícil dar ordens tão complexas a tanta
gente ao mesmo tempo. Segundo, porque ele ataca
com grandes labaredas, que queimam MESMO, quem
passar da barreira de escravos. Cada Personagem
dentro do alcance de combate corpo-a-corpo deve
fazer um Teste de:
TD: Resistência [Agilidade] nível {DIFÍCIL},
T2: Resistência Física contra força de ataque 8
ou tomará TD:1d6 / T2: 3 pontos de dano
por turno. E, finalmente, terceiro, porque tem tanta
porcaria que cada ataque tem só uma chance em dez
de acertar o objeto certo.
Para apagar o fogo é necessário infligir 50
pontos de dano (água, gelo, terra, etc.). Isso dará aos
Personagens não mais do que cinco turnos para tentar
destruir o objeto encantado e exterminar de vez com
o problema (lembre-se, 10% de chance por ataque...).
Depois desse tempo a Fagulha volta a atacar, utilizando
dessa vez o elemento que foi usado para extingui-la
antes. Por exemplo, se utilizaram água para apagar
o fogo, a Fagulha assimilará o elemento e utilizará
trombas de água para atacar os Personagens. Essa
nova forma tem 10PV/EF a menos que a anterior, e
assim acontecerá sucessivamente cada vez que for
atacada, trocando de elemento e com menos PVs/EF
(40, 30, 20, 10), até ficar completamente incapacitada
(0PV/EF).
5.3 - Uma Luta Injusta
E no centro da cidade uma tragédia aconteceu
enquanto os Personagens estavam ocupados com
a fogueira. Numa luta desnecessária morreu o velho
comandante Alebal e seus poucos jagunços. Do lado
do corpo do velho jaz seu escudo todo amassado. O
objeto que deveria proteger o comandante acabou por
ser sua ruína – possuído por uma Fagulha do último
nível (como a da fogueira), o velho e sua turma foram
levados ao combate irracional.
Os membros da milícia presentes não foram
capazes de contornar a situação e não houve outra
saída senão reagir ao combate. Talvez se os Jogado-
res tivessem ido até Sazino e convencido ele, ele esta-
ria aqui no momento e tudo poderia ter sido diferente!
Quanta crueldade jogar isso na cara dos Personagens
– mas eles têm que aprender que suas ações influen-
ciam a história...
Se servir de consolo, Alebal não morreu triste.
Com suas últimas forças ele se despediu da filha mais
jovem e pediu que fosse enterrado junto com seus ho-
mens na propriedade da família.
6 - Conclusão?
E assim a longa aventura desse agitado final
de semana termina. A cidade está em frangalhos, as
pessoas exaustas. Não houve vencedores, apenas
sobreviventes.
Os Personagens finalmente conseguem des-
cansar e repor suas energias. Como recompensa, cada
um deles poderia subir um nível. Aqueles que melhor
interpretaram seus papéis merecem recompensas adi-
cionais. Seja justo.
Muitas questões ainda estão em aberto: de
onde veio o barco? Para onde ia? Quem está por trás
de tudo isso? Com que propósito? Perguntas sem res-
posta.
E muitos novos caminhos também estão aber-
tos agora – nossos aventureiros não descansarão en-
quanto não descobrirem o que causou tamanho dolo
em sua cidade. A aventura continua!
6.1.1 - Alguns breves comentários
finais
Sim, essa é uma aventura (como dizer?) um
pouquinho mais exigente na hora de mestrar. Os co-
adjuvantes são muitos e o ritmo é intenso, o que de-
manda um tantinho mais de jogo de cintura do Mestre.
Mas, coragem, não deixe a peteca cair. Os Persona-
gens/Jogadores irão surpreendê-lo – não há como
evitar. Alguns mestres tentam prever todas as coisas
que eles farão. Sinceramente, uma aventura não é um
manual de instalar chuveiro. Agarre o que você consi-
dera como a idéia principal e dê a eles toda a liberda-
de de se encrencarem ainda mais. O clérigo do grupo
resolveu fazer um discurso contra as rinhas de galo?
Espero que ele tenha sorte nos dados... Enfeitiçaram
um pobre diabo que tinha bebido demais para se casar
com Valíria? Suspire e aproveite...
Há muitos ganchos para aventuras futuras,
como investigar o barco misterioso ou trabalhar nas
“pesquisas” disponíveis no mural da Academia. Val-
mar pode ser tanto o melhor dos patronos como o pior
dos vilões. E os Personagens/Jogadores devem estar
com curiosidade de saber o que acontecerá/aconteceu
61
exatamente. Você, Mestre, não deverá ter grandes difi-
culdades em continuar a história.
7 - Apêndice: Biografias Selecionadas
Volin Tu-Portentã Valmar Olho Firme e
comitiva
Valmar é um homem sério que se veste de ma-
neira discreta. Sai sempre a cavalo e invariavelmente
acompanhado de três pessoas, seus dois filhos e o
afilhado. O filho mais velho é o braço direito do pai nos
negócios – suas habilidades comerciais são afinadís-
simas e é um grande gerenciador de recursos. O filho
mais novo (que já tem seus 20 e poucos anos) é um
carismático “bon vivant”, um “boa vida”. Ele costuma
representar o pai em ocasiões formais (festas, corte,
etc.) e suas habilidades em nada perdem para o irmão
mais velho. O afilhado é filho de um Pir-Portentã muito
amigo de Valmar. É velho costume entre algumas fa-
mílias de Volins a troca de filhos – Valmar enviou seu
filho do meio para ser criado pelo amigo e recebeu o
afilhado em troca. Esse tipo de tradição é muito forte e
o laço de sangue criado entre as famílias é considera-
do dos mais nobres.
Apesar de “mero” Tu-Portentã, Valmar goza de
grande poder político, pois presta serviços e favores
aos outros Portentãs, principalmente o empréstimo
de dinheiro e exportação de produtos agrícolas. Aliás,
uma de suas metas a médio e longo prazo é a criação
de uma “casa monetária de empréstimos” (ou seja, um
banco), que, além de gerenciar o dinheiro, também
terá padrões de peso e medida comerciais certificados
(pelas Academias), sendo aceitos em todo o continen-
te.
Dessa forma, Valmar compra sua relativa in-
dependência (autonomia) do restante do reino, pois
a maioria dos dirigentes Volins do grupo entende o
quanto serão beneficiados (o que não significa que
não haja intrigas). Tamanho poderio simplesmente ani-
quilaria qualquer tentativa de retomada do poder pelos
eredris.
Quanto ao combate, Valmar ganhou seu “Olho
Firme” de um ataque bem sucedido há muito tempo
atrás, quando incendiou um acampamento inimigo ati-
rando flechas incendiárias de dentro do rio, utilizando
cavalos nadadores treinados. Habilmente adestrado,
o cavalo de Valmar pisoteará sem cerimônia qualquer
um que tentar atacá-lo, e, estranhamente, o cavalo pa-
rece sempre saber quando alguém armado está por
perto (Valmar é imune a acertos críticos e nunca é
pego de surpresa quando está montado ou perto de
seu cavalo).
Por fim, o Volin está bastante animado com o
festival porque finalmente conseguiu engajar o casa-
mento entre seu afilhado e a filha do velho comandan-
te Alebal. O velho foi um dos poucos a opor-se ao con-
trole de Valmar sobre a cidade e agora finalmente sua
teimosia foi dobrada.
Conselheiro-Chefe Oldoínio
Já era o administrador da cidade ainda antes
de Valmar chegar. Como o Volin simpatizou com a in-
quieta inteligência e simplicidade do baixinho boche-
chudo, ele foi mantido no controle da administração
pública. Ele conta com o apoio de seis Conselheiros,
cada qual responsável por uma área diferente.
O Conselheiro-Chefe foi o responsável pela ur-
banização do novo centro da cidade – e sente muito
orgulho do progresso da sua comunidade. Ele é o or-
ganizador principal do festival.
Madame Sinara e Belo
Madame Sinara é uma gorda escandalosa de
olhos saltados. Ela tem a mania de dar ordens aos ber-
ros, pulverizando saliva pelos espaços entre os dentes
da frente. O que poucos sabem é que por baixo daque-
la cabeleira revolta e oleosa, dizem, jaz um verdadeiro
açude de capacidade mística.
O Mestre deve ignorar aqui as regras comuns
de magia em relação as anulações que a Madame Si-
nara faz, considerando-as como uma “mandinga” na-
tural, tipo uma “benzedeira”, ou ela sem dúvida preci-
sará ter dezenas de pontos de magia / karma, se não,
centenas.
Se provocada, ela saltará com violência no ini-
migo, agarrando-lhe os cabelos e mordendo-lhe o pes-
coço. Dizem as más línguas que nem mesmo um tiro
de catapulta pára esse touro feroz.
Belo é um dos homens mais bonitos do mundo,
praticamente um príncipe encantado, sempre arran-
cando suspiros das garotas. Ele é o fiel companheiro
de Madame Sinara, acompanhando e protegendo(?)
a cartomante onde quer que ela vá, sem nunca nem
mesmo olhar para outra mulher – e ninguém entende
bem o porquê.
Irmãos Clérigos Divânio e Santínio
Santínio é o irmão mais novo. Ele sempre quis
ser clérigo, desde pequeno, e agora é o representan-
te de Liris em sua comunidade. Divânio, cinco meses
mais velho (mesmo pai, mães irmãs), só percebeu a
vocação muitos anos mais tarde (clérigo de Quiris).
62
Cabe aqui uma explicação: o pai deles era casado com
a mãe de Divânio, mulher que acabou muito doente
durante a gestação. Todos achavam que ela morreria
antes de dar a luz ao herdeiro e, por diversas questões
que não vêm ao caso, a irmã acabou encarregada de
gerar o descendente o quanto antes. No fim, os dois
foram criados pela mãe de Santínio, pois a outra mu-
lher, apesar de viva até hoje, ficou inválida (não sai da
cama).
Essa confusão nunca importunou os irmãos,
que sempre foram muito unidos e educados. Nunca
se soube de uma única vez em que tenham brigado ou
sequer levantado a voz um para o outro.
Eles levam seus trabalhos a sério e são bem
vistos pela sociedade. No momento, dedicam-se de
corpo e alma na construção do templo gêmeo na Praia
dos Noivados – o maior de toda a região.
Crianças Belite, Aganam e Natágua
Crianças são caras, sujas e barulhentas – e es-
tas não são exceção. Os garotos Belite (10) e Aganam
(9) e a menina Natágua (9) passam o dia importunan-
do os mais velhos, principalmente quando se unem
aos outros bandos de crianças. Eles correm por todos
os lugares; sua única preocupação é não perder o al-
moço.
Pode não parecer, mas Natágua é a verdadei-
ra líder do grupo – essa precoce viborazinha de pés
descalços já é capaz de manipular sutilmente os dois
pobres garotos.
Marinheiros Sarados Niue, Tonga, Vanuatu,
Samoe e Tuvapu
O trabalho braçal tornou seus corpos fortes, vi-
gorosos e queimados do sol. São narcisistas e mulhe-
rengos. Quando não estão trabalhando nos estaleiros
ou nos barcos de pesca, eles passam o tempo juntos
bebendo e se divertindo. Todos são casados, têm um
monte de filhos e pelos menos duas outras namoradas
extras. Vêem o festival como uma oportunidade de en-
tretenimento e autopromoção.
Nota: eles fazem questão de andar sempre
sem camisa...
Anões Geólogos Merum, Mauensir, Kibor e
Chiram
Foram contratados por Valmar para realizar o
mapeamento dos recursos minerais da região. Merum
é o líder da expedição e o mais velho dos anões. Ele é
o cartógrafo do grupo encarregado de mapear as ca-
vernas. Mauensir é o especialista em formações ge-
ológicas e o responsável pelos relatórios. Os outros
dois, Kibor e Chiram, passam boa parte do tempo na
Academia estudando ligas metálicas. A expectativa é
produzir compósitos cada vez mais leves e resistentes
para utilizar na produção de barcos. Lembre-se que
eles não são guerreiros, logo suas capacidades de
combates não são boas.
Normalmente cobertos de terra ou fuligem de
carvão, apenas lavam-se para passar suas horas de
folga na taberna da Tia Alba, onde têm sua própria
mesa cativa.
Milícia Local Chefe Sazino
É o representante da lei em Nedima, respeita-
do pelos cidadãos. Comanda a Milícia local, um grupo
simples de soldados que rondam a cidade e resolvem
pequenas questões. Em ocasiões especiais (emergên-
cias) ele pode receber de Valmar o controle temporário
sobre algumas das tropas do exército Volin de Nedima
(cerca de oitocentos homens, excepcionalmente trei-
nados; ficam fora da cidade, perto dos estaleiros; tra-
balham como assalto e/ou apóio logístico – suprimen-
tos, montaria, marinha, comunicações, equipe médica,
engenharia, etc. – às outras tropas Volins de Eredra).
Nota: o controle efetivo das tropas pertence ao afilha-
do de Valmar.
Sazino não é de esquentar a cabeça e costuma
resolver todos os problemas atirando os infratores na
prisão por alguns dias – o que tem funcionado muito
bem em Nedima. Ultimamente não tem dormido devi-
do a problemas conjugais.
Tia Alba, Tia Lisse e Dião
Tia Lisse é mesmo tia de Tia Alba. Ela tem uma
cocheira na Rua das Pensões, no centro novo da ci-
dade. Ela aloja e trata dos animais dos hóspedes junto
com seu filho, Dião. Tia Lisse é muito amável, descon-
traída e profundamente dedicada ao filho, à sobrinha e
aos animais. Dião é um gigantão meigo e abobalhado
(uma queda quando era criança), sempre chupando
o polegar, incapaz de fazer mal a uma mosca. Todos
sabem quando ele se aproxima por causa do barulho
“ploc-plec” que ele faz com seus enormes pés chatos.
Ele também é alheio a enorme força que tem, sendo
capaz de carregar um potro ferido nas costas por dez
quilômetros!
Tia Alba mora com a tia e o primo. Ela é a dona
da taberna mais movimentada da Rua das Pensões.
Suas receitas de tortas e doces são as mais famosas
e apreciadas da região.
63
Velho Comandante Alebal e suas filhas Valíria
e Fersandra
O velho comandante Alebal era o maior proprie-
tário de terras da região. Os negócios não iam bem e
ele se viu obrigado a vender a maior parte para Valmar,
a quem ele via como perigoso adversário. Fato é que
ele nunca mais conseguiu comprar as terras de volta
e foi vencido pelo cansaço do tempo. Ele ainda tem
suas riquezas (dono de dois moinhos) e sua peque-
na milícia de jagunços (herança dos velhos tempos),
mas a melhor descrição para ele é “velho acomodado”.
Ultimamente algo tem espetado seu coração, o casa-
mento da filha mais nova Fersandra com o afilhado de
Valmar. Não que ele tenha algo contra o noivo, muito
pelo contrário, o rapaz é um ótimo partido e parece
gostar muito de sua filha. O que ele não quer mesmo
é ser abandonado – e por isso tem postergado ao má-
ximo o casório.
Valíria, a filha mais velha, já passou da época
de casar. Deixa-a enfurecida como isso já é até motivo
de piada na cidade. Bonita, gordinha e impulsiva, ela
já percebeu que agir dentro do razoável não a levará
para o altar. Agora então, com a proximidade do casa-
mento (perfeito) da irmã mais nova, seu nível de estro-
gênio está nas alturas.
Fersandra, a filha preferida, é linda como um
anjo. Inquestionável vencedora de todos os concur-
sos de beleza das últimas edições do festival, além
de incrivelmente linda é doce, gentil e educada. Está
dividida entre o casamento marcado com o afilhado de
Valmar e a tristeza do pai. É dela a apresentação de
abertura do lual – ela canta e toca harpa.
Fagulhas
Quando um místico deseja fazer alguma feiti-
çaria, ele imprime sobre a “magia” do ambiente (ou do
próprio corpo ou ainda algum objeto) a sua “vontade”.
Praticamente toda a magia necessária para realizar o
efeito é incondicionalmente possuída pela vontade do
mago. Foi então que alguém teve a (péssima) idéia de
que se fosse possível “difratar, difundir” a vontade do
mago seria possível aumentar a quantidade de magia
afetada, amplificando os efeitos da magia – e então
nasceram os Amplificadores de Magia. Conste o fato
que eles nunca funcionaram – seria necessário um
deus para construir um objeto desse tipo sem falhas
e usa-lo sem nenhum risco; entretanto, para que um
deus iria precisar de um objeto desses, uma vez que
sua magia já é naturalmente amplificada? –, mesmo
assim, vez por outra alguém tenta criar um. Como não
é possível para os mortais uma intimidade tão grande
com a magia, eles acabam invariavelmente defeituo-
sos. Quando o mago tenta usa-lo não é capaz de mo-
bilizar toda a quantidade de magia afetada no ambien-
te, resultando nas Fagulhas.
Fagulhas são, para simplificar, resíduos de ma-
gia que ficaram apenas ligeiramente “contaminados”
com as intenções do mago. Se o mago tentar usar ma-
gia elemental, as Fagulhas ficarão impregnadas com
esse elemento, por exemplo.
O que aconteceu no barco misterioso foi o se-
guinte: dois magos estavam lutando pela posse do
Amplificador, quando um deles tentou usar uma magia
para dominar a mente do outro. O Amplificador foi aci-
dentalmente ativado, resultado na produção de incon-
táveis fagulhas impregnadas de emoções humanas.
Os dois magos foram provavelmente “consumidos” no
processo, alimentando o Amplificador, afinal eles tam-
bém “são” magia (ou se teleportaram para longe, se
você quiser continuar a história por esse caminho). As
fagulhas imediatamente fundiram-se em todos os ob-
jetos humanos que haviam por perto no depósito do
barco. As que não conseguiram ou se fundiram ao pró-
prio barco (foi construído por humanos) ou iniciaram
uma feroz batalha. O barco, muito atormentado (!) com
8 - Mapas
64
a confusão no seu interior, correu para a praia...
É importante reparar como no começo as Fagu-
lhas possuíam apenas emoções simples e seu poder
de manipulação era pequeno. Mas, por outra caracte-
rística humana que ficou impregnada nelas, elas aca-
baram cada vez mais complexas e ambiciosas – como
seu tempo de vida, felizmente, é bem curto (durando
não mais que três dias até serem re-assimiladas na
natureza), elas passaram a devorar ferozmente umas
as outras em busca de poder.
A melhor maneira de combate-las é pelas ma-
gias de anulação. Outra opção é destruir o objeto na
qual estejam alojadas, e essa é a única alternativa
que funciona contra as Fagulhas adultas. Também é
possível, porém incrivelmente difícil, captura-las. Uma
fagulha capturada não se dissipa, passando a possuir
características de seu amo. Depois de muito tempo de
cativeiro e se devidamente desenvolvidas elas podem
transformar-se em fadas (dezenas de anos) e até mes-
mo em gênios (centenas de anos). Mas o esforço di-
ficilmente compensa. Para aprisioná-las pode-se usar
um espelho mágico circular, daqueles como o que Ma-
dame Sinara esconde tão bem entre os seios.
9 - Fichas dos PdM (Tagmar- DES 12
Daemon) AGI 16
INT 10
Observação: As fichas não estão totalmente WILL 12
completas – apenas os valores mais relevantes estão CAR 10
nas tabelas abaixo! Use a descrição disponível na PER 14
aventura e seu bom senso para improvisar onde for
preciso. IP 2
PV 21 + 24

Aprimoramentos:
Samoe
(Marinheiro) - Patrono
- Código de Honra
- Intolerância
CON 14
FR 17 Perícias:
DES 10
AGI 10 - Ciências (Direito) 60%
INT 10 - Ciências (Heráldica) 25%
WILL 10 - Disfarce 25%
CAR 10 - Esportes (Natação) 30%
PER 16 - Falsificação 50%
- Furtividade 35%
IP 0 - Manipulação (vários) 35+%
PV 22 + 24 - Manobras de Combate 50+%
- Primeiros Socorros 30%
Aprimoramentos: - Rastreio 35%
- Subterfúgio 35%
- Corpo Fechado - Sobrevivência (vários) 40%
- Pontos Heróicos Magia:
- Gula
- N/D
Perícias:
Combate:
- Escutar 45%
- Esportes (Natação) 50% - Arco 50/0 (1d6+2)
- Manipulação (Intimid.) 45% - Briga 65/65 (1d3+1)
- Navegação 75% - Esquiva 55%
- Sobrevivência (Oceano) 55% - Espada Longa 70/70 (1d6+3)

Magia:
Dião
- N/D (Grandalhão meigo e abobalhado)

Combate:
CON 18
- Briga 50/25 (1d3+2) FR 20
Dano +2 p/ remo DES 10
AGI 10
INT 08
WILL 10
Chefe Sazino CAR 12
(Chefe da Milícia de Nedima) PER 14

IP 1
PV 25 + 24
CON 15
FR 15

65
 Aprimoramentos: Chefe Sazino
- Pontos heróicos (Chefe da Milícia de Nedima)
- Saúde de ferro
- Coração mole
Est 5
Perícias: Def M1
Ef 14(26)
- Animais (vários) 35+% Eh 35
- Manipulação (Empatia) 35%
Tipo de Ataque:
Magia:
- Espada
- N/D
L0 8
Combate: M0 5
P0 2
- N/D 100 21
75 16
50 11
25 6
Fis 7
Mag 5
10 - Fichas dos PdM (Tagmar 2) Mag 7

Dião
(Grandalhão meigo e abobalhado)
Samoe
(Marinheiro) Est 1
Def L1
Ef 15
Est 1 Eh 15
Def L1
Ef 13(16) Tipo de Ataque:
Eh 10
L0 -
Tipo de Ataque: M0 -
P0 -
- Punhal - Porrete (remo) 100 -
75 -
L0 2 L0 3 50 -
M0 -1 M0 0 25 -
P0 -4 P0 -4 Fis 4
100 14 100 14 Mag 4
75 11 75 11 Mag 6
50 8 50 8
25 5 25 5
Fis 1 Fis 1
Mag 1 Mag 1
Mag 3 Mag 3

66
 L IVE A CTION
Ficando Louco... Ao Vivo!
Era de se esperar que
o tenebroso mundo dos jogos
de horror, em algum momen-
to, fosse transportado para os
incríveis jogos de LARP (Live-
Action Role Play), e como um
bom jogo de horror é necessária
atmosfera e ambientação para
um clima tenso e quem sabe
até alguns sustos. A impressão
que dá em alguns momentos é
que se está vivenciando um fil-
me de terror, com monstros e tudo o mais. Vamos então
adentrar agora no misterioso mundo dos Live-Action de
Horror.
Ninguém sabe exatamente como surgiu, sabe-
se que o tema Horror é um artifício que pode ser usado
em qualquer sistema ou qualquer ambientação. Lives
de Vampiro podem tornar tanto o aspecto político e so-
cial quanto o de horror, enquanto que não raro um live
medieval pode apresentar uma bruxa que devora seres
humanos e que não pode ser vencida de modos tra-
dicionais. Na verdade o que faz o live de Horror são
momentos e o clima geral, sustos são bem vindos e
mistérios a serem resolvidos dão o tempero final.
E como é um live de horror na prática?
Um live de horror não é muito diferente de qual-
quer outro live, mas devido a sua natureza especial
este gênero contém muitas peculiaridades. O modo
mais fácil de enxergar um live de horror é compará-lo
a um filme de terror, o clima e ambientação devem ser
bem similares.
Assim como outros tipos de LARPs, aqui tere-
mos três tipos de participantes, os Jogadores, NPCs e
67
Por Eliezer Andreoli
Mestres. Os jogadores sempre estarão em maior nú-
mero de participantes, são eles que vão participar da
história. Os Mestres não jogam em nenhum momento,
exceto talvez para interpretarem poucos NPCs, e ser-
vem tanto como diretores para os NPCs quanto árbitros
resolvendo regras. Os NPCs (Non-Player-Character ou
Pesonagem não Jogador) também tem um conceito um
tanto diferente do que em outros LARPs, esse pode ser
tanto um NPC “Full-Time” (o tempo todo) ou um joga-
dor que recebe uma plot especial, desenvolve essa plot
mas continua agindo como um jogador, assim não é
raro encontrar lives de horror com muitos NPCs.
Existem ainda as regras básicas de seguran-
ça de todo o live (jamais toque em outro jogador, etc),
mas em lives de horror se preza muito pelo apelo visu-
al. Uma arma, uma faca cerimonial, sangue, tem que
ser convincente, portanto é um tipo de live que se deve
tomar várias precauções, ser rolado longe de olhos
alheios e com toda a segurança possível, o que torna
esse jogo, apenas por esses motivos, mais adulto. É
preciso muita responsabilidade para que ninguém (nem
mesmo os participantes) imaginem que alguma cena
dali é realmente verdadeira!
Apelos pelos outros sentidos humanos (olfato,
audição, etc) também são muito recomendados, mas
não é necessário exagerar na dose, podendo ser utiliza-
dos “efeitos especiais”, assim como no cinema, guache
para sangue, resina para gosmas estranhas, ovos po-
dres para cheiro de defunto, e assim por diante. Mons-
tros são bem vindos, assim como pessoas experientes
em maquiagens e figurino. Enfim, quanto mais convin-
cente for a cena, mais o jogador vai se sentir dentro de
um filme de terror.
Os personagens desse estilo de live são ge-
ralmente pessoas mundanas e normais, sem poderes
especiais, magias, super-habilidades ou talentos ex-
traordinários, e assim mestre olha a plani-
como uma pessoa lha do personagem
normal dos filmes de e decide através das
terror, os jogadores informações ali conti-
devem contar apenas das se o personagem
com seus talentos e consegue ou não
habilidades para se desempenhar uma
salvar, e então vêm ação. Todos os per-
um aspecto muito sonagens possuem
interessante desse atributos que variam
jogo. de 1 a 20 e uma lis-
Alguns grupos ta de perícias, então
de lives de horror gos- o que o mestre vai
tam também de insti- fazer é basicamente
tuir a regra “é proibi- observar se o perso-
do entrar em off”, ou nagem em questão
seja, a menos que se tem uma perícia ne-
esteja falando direta- cessária para reali-
mente com o mestre, zar sua ação e se o
é terminantemente atributo relacionado é
proibido “entrar em maior ou igual a uma
off” (ou seja desligar-se do personagem, e consequen- dificuldade pré estabelecida. Simples, funcional e tira
temente do live, por alguns momentos). O personagem a necessidade de fazer testes durante as partidas que
falará o que o jogador dizer, se o jogador precisa co- tiram a concentração dos jogadores envolvidos e até os
mer e beber então o personagem também precisa, e que estão próximos.
assim por diante. Um jogo sem interrupções pode ser O sistema de combate não poderia ser mais sim-
bem interessante para o clima, ou então já pensou um ples, com o auxílio de um baralho comum, cada jogador
jogador que vai ao banheiro descobre que ali foi palco saca uma carta e faz sua ação, compara as cartas e ve-
de um assassinato? Ou que descobre da pior maneira rificam o resultado deduzindo-se o valor de uma carta
que o ponche da festa tem gosto de sangue? Bem in- pela outra e comparando-se às planilhas, sem necessi-
teressante! dade alguma de consultar qualquer tabela que seja.
Além de regras, o Cthulhu Live também trás
Cthulhu Live inúmeras dicas de como fazer uma maquiagem con-
vincente, artefatos de argila, monstros gigantes (sim,
Nos Estados Unidos um dos LARPs favoritos é possível fazê-los), e até tentáculos de modo fácil e
de horror chama-se Cthulhu Live. Baseado no RPG de eficaz. Destaque para uma seção chamada “Rindo na
mesa Call of Cthulhu, este jogo segue a mesma linha Face da Morte” que mostra o que não se deve fazer em
de ação e o transporta com incrível eficiência para o um live de horror.
ambiente dos live-actions. Cthulhu Live já está em sua 3º edição e pode
Cthulhu ser adquirido em sites de comércio eletrônico interna-
Live tem diver- cionais.
sas peculiari-
dades, dentre Live de Horror, faça você mesmo.
elas estão um
sistema extre- Não é preciso ter um sistema especial, contudo,
mamente sim- para jogar um live de horror, muito pelo contrário, é
ples de criação necessário apenas alguma dedicação, organização
de personagens e algum conhecimento em efeitos especiais (internet
e um sistema existe para isso).
ainda mais sim- Para conseguir boas idéias de lives de horror é
ples de testes muito simples, basta ler um livro, ou assistir a um filme.
de perícias e Boas idéias virão pois a plot principal de um live de horror
atributos. Ba- é geralmente bem simples. E por falar nisso, para quem
sicamente o não sabe uma “plot” é o “Gancho” principal da história,

68
ou seja, o motivo pelo qual a para adquirir um artefato muito
história será desenvolvida. Pode raro que o professor ainda não
ser um monstro, uma máquina identificou, então o momento
de um cientista maluco, um bruxo da recepção será um Free-Play,
que se passa por pessoa normal o momento do leilão será uma
que quer realizar um ritual, um interação, e o momento que o
vírus que transforma as pessoas NPC vai adquirir o artefato será
em zumbis, enfim, qualquer idéia um Evento.
é válida para um live de horror o Uma maneira simples de
importante mesmo é saber como imaginar como se deve construir
trabalhar essa idéia. um Script é imaginar que está
Os personagens serão escrevendo o roteiro de um filme,
pessoas normais e não abra mas que vai deixar por conta dos
mão disso, pois apesar dos atores improvisar nos momentos
personagens aparentarem ser de “free-play” e “interação”.
mais frágeis do que em outros Ah, e é claro, existe
modelos de LARPs, essa é a uma máxima em lives de horror
grande sacada do live, pessoas para manter o clima da história.
comuns resolvendo problemas O personagem não sabe, e o
extraordinários. jogador também não. Um clima
A primeira coisa que os de mistério onde o jogador mescle
interessados em fazer um live de seus sentimentos e pensamentos
horror precisam saber é sobre com os do personagem mantém
o Script. Assim como em um uma aura de tensão digna de
filme o Script mostra a história filmes de horror e faz os jogadores
do live, cena a cena. Isso é bem imergirem na história como nunca
diferente de outros LARPs, mas antes. Então não abra mão de criar
é necessário e é preciso também Scripts misteriosos com o máximo
alguma dose de bom-senso de surpresas que conseguir.
para não desequilibrar o jogo ou torná-lo monótono. Lembre-se também que o live será como em um
Basicamente existem três tipos de cena: Evento, filme de horror, se não for convincente, os jogadores
Interação e Free-Play. podem até interpretar, mas não entrarão no clima, e o
O Evento é um momento do live que acontece grande barato do live de horror é justamente o jogador
algo com ou sem a intervenção dos jogadores, e que sentir exatamente o que o personagem está sentindo,
define os próximos momentos do live. Acabar a luz portanto use e abuse de efeitos especiais. Os efeitos
elétrica em uma casa, ouvir uma explosão, um grito, especiais não
ou o aparecimento de um monstro são exemplos de são caros, mas
Eventos. com o tempo
A Interação é quando acontecem Eventos que podem tornar-se
os personagens podem interagir, mas sem mudar a dispendiosos,
ordem ou efeito dos eventos apresentados. Uma briga então uma
entre NPCs, uma conversa secreta que alguém pode valiosa dica
ouvir ou a descoberta de uma cena de um crime são para os grupos
exemplos de Interação. de LARPs é
O Free-Play é o mais simples dos modos, sempre fazer
basicamente deixa-se os jogadores a vontade para um rateio do
interagirem uns com os outros, ou com NPCs da forma valor total
que lhe convier. Em alguns momentos, o Free-Play do live pelos
pode ou não definir o restante do live. participantes e
O desafio dos mestres então é criar uma história ir aos poucos
que contenha esses três elementos, quantas vezes construindo a
forem necessárias, desde que sejam equilibrados. Por Caixa de Efeitos
exemplo, se um antropólogo promove um leilão e uma Especiais (ou
recepção em sua residência para levantar fundos para PropsRoom
uma expedição, mas um NPC está ali exclusivamente como é chamado

69
no Cthulhu Live), essa caixa deve conter tudo o que se é
necessário para criar os efeitos especiais mais comuns
em lives de horror. Os itens mais básicos são um estojo
de maquiagem cinematográfica (mas maquiagem como
também serve em momentos de aperto), luz negra e
tinta invisível, talvez um estromboscópio improvisado
(dá pra construir um), guache de diversas cores e assim
por diante.
Vestuário é algo complicado e dispendioso,
portanto usufrua de tudo o que se puder aproveitar
de roupas velhas ou exóticas que alguém possua.
Brechós são uma boa fonte de recursos por um preço
acessível.
Como deu pra ver, o LARP de horror pode ser
bem mais complexo do que outros tipos, portanto aqui
é extremamente importante aos mestres definir tarefas.
Comida e bebida são essenciais portanto alguém
que possa fazer “o rango” é de imensa valia e pode
economizar dinheiro ao invés de comprar comidas
prontas. Como é necessário haver algum investimento
então é possível deixar alguém como tesoureiro,
encarregado pelas finanças e gastos. Maquiagem e
vestuário são assuntos para algum artista ou quem
sabe até alguma garota entusiasta. E assim por diante.
Claro que por último, mas não menos
importante, deve-se saber que para rolar um live de
horror é importante ter-se um local reservado apenas
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70
aos jogadores e longe de olhos alheios. Também não
é necessário rolar aventuras apenas de noite, onde
qualquer grito pode ser ouvido por qualquer visinho
mais atencioso, então aventuras durante o dia podem
resolver muitos problemas sem tirar realmente o clima.
E é claro, evite locais exóticos como meio do mato
ou algum casebre abandonado, apesar de ser muito
tentador são locais perigosos.
O LARP de Horror é um jogo mais sério
com um clima mais adulto que necessita de muita
responsabilidade, não apenas para com os outros
jogadores, mas também por possíveis transeuntes ou
expectadores inesperados. Planeje seus jogos, mate
os jogadores de medo mas com responsabilidade ok?
Morrendo de Medo
O LARP de Horror pode ser um jogo
extremamente mais complexo do que outros estilos e
exige muito mais dos mestres e jogadores, mas vale
muito a pena pois é um jogo imersivo e gratificante que
com certeza vai lhe render muitos causos para contar
mais tarde, então mão na massa, prepare a câmera e
tire muitas fotos do live, pois com certeza será um jogo
inesquecível.
 P INCÉIS & E SCAMAS
Arte Final
Saudações mortais,
Nessa edição tratare-
mos de um assunto um pouco
mais espinhoso, embora não
menos importante que propor-
ções... é a arte final.... porque
para chegar na obra de arte,
muito rascunho foi feito an-
tes...
Muito bem, arte final
é a forma como você finaliza
um desenho e o dá como con-
cluído. Pode-se considerar que um desenho ilustrado
também seja arte-finalizado, mas o termo que procuro
seria algo mais próximo do que se usa nos quadrinhos,
traços definitivos antes da cor.
Alguns desenhos são propositalmente em preto
em branco, e para se obter a riqueza maior de detalhes
e texturas apela-se para hachuras e trabalho elaborado
na arte final.
Feito o esboço, normalmente se transfere para
uma folha nova, usando-se mesa de luz (papel vege-
tal pros pobres, ou na raça mesmo) para um papel de
qualidade maior (mas para desenhos de aventuras e
cenários, já que não falamos de profissionais, pode ser
uma folha sulfite limpa).
Material:
Canetas nanquim: já usei muito, e a recomen-
dação principal é: limpe-as muito bem: parou de usar,
lave com água, muita água, um paninho pra limpar ,
tranquilo... dura anos e anos a fio.
Há no mercado canetas de pigmento que que-
bram bem o galho pra imitar o nanquim com a vantagem
que não precisa ficar lavando toda hora. Há espessuras
variadas.
Pincéis: 2 pincéis pêlo-de-marta Windsor &
Newton, tamanhos 00 (para pequenos detalhes) e 01
71
Por Iara “Tiamat” Coutinho
(90% do tempo uso este)
Nanquim: já que falamos do nanquim, nanquim
usado, já usei até escolar, difícil algum ficar ruim...nor-
malmente aguar a tinta e deixa-la em torno de 90% e
80% pra tinta correr melhor no papel
Guache Branco: marca boa, Talens,
Winsor&newton, mas uma que não seja aguada demais
serve.
2 potinhos de água: Sim, 2! Um pra limpar o
pincel do gouache branco e outro pros pincéis de nan-
quim!!! Isso é bem importante. Estas tintas não podem
se misturar NUNCA, principalmente quando se usa um
pincel de R$40,00...e outro detalhe importante, na facul
um professor sabiamente recomendou, não usar nunca
os mesmos pincéis com diferentes tipos de tinta.
Mesa de luz: Não é obrigatória, mas é legal pra
deixar o seu trabalho limpo das manchas de grafite. As
canetas “nanquim” descartáveis também falham muito
quando você passa borracha por cima delas. A mesa-
de-luz permite que você faça uma série de “montagens”
no seu desenho também (exemplo: Se as pernas do
seu personagem ficaram longas demais, você não pre-
cisa redesenhá-las todas. É só finalizar até certo ponto
e depois literalmente subir o rascunho atrás do papel
da arte-final. Resolvido o problema). O gozado de se
trabalhar com a mesa-de-luz é que você muda de um
extremo a outro. Se antes precisava do máximo de cla-
ridade possível, agora vai precisar da escuridão total
pra desenhar... Hehehe...
Finalização Digital:
Pegarei este exemplo de esboço para transfor-
mar em arte final digital....
1- Traços, e uma linha mais forte pra reforçar
aquilo que desenho para o desenho... 3- No photoshop (pode ser outro programa de
edição de imagens tbm) , utilizo níveis para clarear a
imagem e aumentar o contraste.

4- Com a imagem limpa pode-se diminuir de

600 para 300dpis. Assim o traço não corre riscos de
ficar com algum defeito. E para impressão mais do que
300dpis numa impressora caseira não faz diferença

2- Usando canetas de pigmento de diversas

espessuras limpei o desenho e o escaneei...
Normalmente escaneio utilizando 200dpis
– meus desenhos quase não são impressos, mas re-
comendo que se utilize 600dpis para se obter uma boa
resolução...

72
 7- Transforme o background do cenário tam-
bém em camada e o arraste para p desenho da elfa,
tomando o cuidado de coloca-lo atrás.
5- Tadinha da Elfa, ta solta no espaço. O Pho-
toshop pode exercer uma função semelhante a mesa
de luz e colar compor um cenário colando diversas
imagens...
Desculpem a falta de criatividade, mas o cená-
rio tosco é só ilustrativo.

6- Para se reunir as imagens, selecione todo
o espaço externo ao personagem,e, tranformando o
background em camada (layer) apague a área sele-
cionada.
8- em 8 passinhos simples, pumba, tem pronto
um personagem com cenário!!!! Limpinho e pronto pra
colorir!!!Ups! Falei demais... deixa para o próximo.
Dicas finais:

Como nas cores, a distância normalmente é

desenhada com menos detalhes, menos hachuras e
traços mais finos.
É isso ae pessoal!

73
 G OLPE DE M ESTRE
Quando a descrição não basta
Descrever um objeto importante dentro do jogo,
muitas vezes é algo complicado, principalmente se isso
acabar tomando tempo na sessão de jogo, devido ao
fato de ter de se repetir os detalhes, até a exaustão,
toda a vez que alguém deseja analisá-lo. O GM de hoje
irá demonstrar um método rápido de solucionar este
problema... Você já ouviu falar de “Props”?
1 – O QUE SERIAM PROPS?
“Prop” é uma abreviação da palavra inglesa “Pro-
perties” (suporte). É um termo muito usado em cinema
e televisão para definir todo e qualquer elemento visual
presente em uma cena, que não seja o próprio cenário.
Qualquer coisa grande ou pequena que é usada dentro
de uma cena é classificada como Prop. Mobília, vestu-
ário e até objetos que um ator ou atriz usa durante sua
atuação, recebem essa mesma classificação.
Assim sendo, como basicamente todo o Mestre
do Jogo e jogadores interpretam personagens, é justo
expandir este termo para nosso meio e ampliar sua de-
finição. Dessa forma, Props nas mesas de RPG e ses-
sões de LARPs é todo e qualquer elemento áudio-visu-
al que seja usado para auxiliar as pessoas envolvidas a
ver e ouvir com precisão aquilo que está sendo descrito
ou apresentado a elas. Lembre-se que uma imagem
pode até valer por mil palavras, logo um Prop vale mais
do que um bilhão delas.
2 – PROPS E LARPS
Obviamente, este autor está “chovendo no mo-
lhado” quando cita o termo Prop para aqueles que já
jogaram algum LARP em suas vidas. LARP nada mais
é do que Live Action Role Play (Interpretação em Ação
Real), ou seja, este tipo de variação do RPG de mesa
74
Por Alessandro Franzen
Ilustração: Charles MOS
que incorpora prontamente a definição de Prop já que
os envolvidos usam trajes e objetos para compor seus
personagens, caracterizando assim, atuação misturada
com jogabilidade.
3 – PROPS E RPG
Diferente do LARP, o RPG jogado em mesa não
utiliza-se com freqüência dos Props. Na verdade, mui-
tos mestres ignoram o poder de focalização que tal coi-
sa pode promover nas suas sessões de jogo.
Em qualquer partida de RPG um Prop pode ser
usado para focar a atenção do grupo. O Prop tem por
função apresentar algum tipo de objeto, local ou situa-
ção aos jogadores. Não estou dizendo que sua mesa
deva se tornar uma mini-versão do LARP, com o mes-
tre mudando de roupa a cada segundo para interpretar
este ou aquele personagem importante... Os Props a
serem usados em suas sessões de jogo são bem dife-
rentes dessa situação. Pra falar a verdade, muitos igno-
ram que já usam ou usaram algum tipo de Prop.
O Prop mais comum presente nas mesas são os
mapas, sejam estes parte de um material oficialmente
publicado por editora ou desenvolvido a base de ras-
cunhos a lápis em uma folha de caderno. Se analisar
verá que recai exatamente na definição que apresentei
inicialmente.
4 – UTILIZAÇÃO
Quantas vezes seus jogadores não encontraram
alguma carta, item, pessoa ou local durante as aventu-
ras, e forçaram a você repetir várias vezes a mesma
descrição, pois um ou outro ficou distraído durante a
explicação?
O Prop é um recurso útil ao Mestre do Jogo, já
que lhe poupa tempo e mantém a atenção dos seus
aventureiros na ambientação e situação. Cada mestre
deve se esforçar em transformar sua descrição em um
objeto real, para que os jogadores consigam tocá-lo ou
manuseá-lo.
Se eles encontram uma carta importante para
a trama, redija ela em seu computador e a imprima. Se
puder fazer isso usando papel antigo, melhor ainda.
Caso não tenha achado um, que tal envelhecê-lo com
café? Existem muitos métodos de se criar documentos
usando estes recursos. Outro exemplo, caso estejam
jogando um cenário de horror ou moderno e o Mestre
do Jogo diz que a pista está na página 34 de um livro
de Charles Dickens, coloque o referido livro na mesa
e deixe-os procurar. Se precisar de um cenário para
explicar melhor o que você desenvolveu para eles, use
fotos (ou desenhos) de localidades, ou até mesmo mi-
niaturas de papel, para montar aquilo que eles preci-
sarão ver.
sonoras (efeitos e trilhas sonoras), são considerados
excelentes Props, pois auxiliam a criar a atmosfera
adequada para o seu jogo.
Nunca subestime a capacidade de um Prop em
sua mesa, pois ele é uma ferramenta mais do que im-
portante para se contar uma história.
5 – LINKS UTÉIS
http://www.cthulhulives.org/toc.html
http://www.burningvoid.com/links/97
www.google.com.br
6 – OBJETOS ÚTEIS
Jornais, livros, revista, fotos antigas, CD de
trilhas sonoras, efeitos sonoros, fitas cassete, grava-
dores portáteis, anéis, bijuterias, miniaturas de papel,
latas, squeezes, cartões velhos, cartas escritas a mão,
documentos sem utilidade, mapas e tudo o mais que
você achar interessante.

O melhor Prop é aquele que você consegue

produzir com elementos fáceis de se encontrar. Não é
necessário forjar uma espada cheia de detalhes, basta
ter uma foto ou desenho que a represente. Aqueles
que sabem usar Photoshop, Illustrator, Coreldraw ou
outra ferramenta gráfica terão resultados melhores,
mas isso é questão do tempo e dedicação de cada
um.
Na internet existem sites que oferecem Props
pré-desenvolvidos em PDF, prontos para serem preen-
chidos e/ou impressos. Outros até ensinam a construir
rapidamente determinados tipos de objetos, mas como
todas as coisas necessita-se de muita pesquisa, tanto
dentro como fora da rede mundial de computadores,
para se criar o Prop mais indicado para sua aventura.
Como eu sempre falo, o trabalho de um mestre é pes-
quisar constantemente novas formas de criar aventu-
ras e entreter seus jogadores.
Por fim, CDs, contendo efeitos sonoros e trilhas

75
 C ONTOS

Lâmina Prateada Por Olga “Draconnasti”

Ilustrações: Adelson “Hiroshi” Tavares

76
 A Velha da Vila
Lâmina Prateada? Sim, já ouvi esse nome. Era
como Thallon chamava sua filhinha... “Minha pequena
Lâmina Prateada...” ele dizia... que os deuses a
tenham. Ela era uma criança tão gentil, apesar de não
ter nascido normal como a gente.
Nós a chamávamos de Killd, porque soava
bonito e forte, assim como ela era. A criança nasceu
no meio do inverno, aqui na comunidade. Filha de uma
qualquer que nosso líder, Thallon, trouxe para cá e que
se engraçou com ele. Essa desnaturada partiu dois
anos depois de ter parido a menina, deixando o bom
homem arrasado. Killd cresceu bem apesar disso, pois
o pai dela soube fazer a coisa do jeito certo.
Uma coisa que eu nunca entendi direito foi o
motivo de Thallon ter iniciado ela desde pequena com
a espada. Eu sempre achei que ela ficaria melhor
como uma linda mocinha cuidando da casa para seu
marido que, sem dúvida, ela arrumaria fácil, fácil, a
uma guerreira suja de sangue. Bom, vai entender as
razões dele?
Tudo ia bem até a menina completar onze anos.
Thallon convocou todo mundo da comunidade para
uma reunião geral, até Killd tava lá! Todo mundo tava
preocupado, incluindo o vagabundo do Hammah, um
elfo negro que se diz amigo de Thallon. Isso me fez
perceber que o assunto era realmente sério. Thallon
contou pra todo mundo que a mãe da coitadinha era
um monstro, um dragão, se não me engano.
Killd ficou muito zangada ao saber disso e
acabou brigando com o pai, ali, na frente de toda a
vila e fugiu. A gente tentou segurar ela, só que ela se
debateu com tanta força que machucou muita gente.
Ainda hoje eu tenho a cicatriz daquele dia...
Urgrash, o melhor batedor e amigo de juventude
de Thallon foi atrás dela com um pequeno grupo. Eles
nunca mais voltaram. Hammah nos disse que Urgrash e
os demais tinham sido pegos por um grupo de Dragões
Púrpuras que estavam pelas redondezas Era difícil
ouvir o elfo negro falar daquele jeito.
Oito anos se passaram e Killd não voltou
para casa. Todos nós, até Thallon, perdemos nossas
esperanças em reencontrar a menina. Não se sabe
onde foi, com quem esteve, se está viva ou morta. O
pai dela se culpa ainda pela fuga dela. Que os deuses
o ajudem a não enlouquecer...
- Medina,
A mais antiga moradora da vila Faris
77
O Ladrão
Eu sabia que Airin era um dragão, sabia que
esse também não era o seu verdadeiro nome. Lâmina
Prateada foi o sobrenome que eu escolhi dar para
minha filha, Killdare, ao invés do meu.
Nunca quis que ela ostentasse o nome de um
criminoso quando precisasse vagar além das fronteiras
do território, algo que ela sem dúvidas, ia querer fazer.
Era minha filha, não era? Permiti que aprendesse a lutar
e aproveitar a força que herdou da mãe por esse motivo.
Sequer imaginei que minha dócil filhinha pudesse ficar
tão furiosa quanto naquele dia em que contei a verdade
sobre ela.
Reconheço que errei em não tê-la preparado
para isso, mas parece que o sábio Bahamut a preparou.
Ele lhe enviou sonhos sobre dragões dourados e
prateados se elevando aos céus, lutando contra hordas
de dragões vermelhos e negros. Naquele dia eu percebi
o quão parecida com minha amada Airin ela era. Ambas
odiavam mentiras.
Minha Killd fugiu cheia de raiva por mim.
Urgrash se ofereceu para ir buscá-la e levou alguns de
seus batedores, mas não retornaram. Hammah, que os
seguiu oculto com sua magia, os viu encontrar minha
filha e serem interceptados pelos Cavaleiros Dragões
Púrpuras. Segundo ele, os malditos foram atraídos
pelos gritos nervosos de Killd e interpretaram como um
rapto. Tudo piorado pelo fato de Urgrash ter sido um
meio-orc...
Hammah tentou impedi-los de matar Urgrash
e levar minha filha, mas foi obrigado a fugir, pois não
tinha chances contra seis Dragões “Lilases”, como ele
os chama, sozinho. Não posso culpá-los por isso, nem
os cavaleiros dragões, que nada mais faziam que seu
trabalho, e nem a Hammah.
Desculpe... Esse assunto ainda me dói no peito...
mas está longe de terminar... Airin tinha que saber o
que aconteceu. Era a mãe de minha filha, não era?
Ela não me pareceu muito abalada com a
mensagem, no entanto suas palavras, escritas na
carta que recebi de um de seus seguidores, muito me
trouxeram paz... Ela mandou um pequeno grupo de
cavaleiros para encontrá-la. Eu nem imaginava que ela
tinha tanto poder assim...
Mas ninguém a viu... por longos três anos...
Sim, os cavaleiros de Airin a encontraram! Um
deles a encontrou e a levou até a presença dela. Minha
amada me enviou a mensagem que muito alegrou meu
coração, mas essa alegria durou pouco... Eu teria que
passar mais tempo sem ver minha filha. Airin, a Guardiã
Sagrada, a mandou para a Ordem de Bahamut, para
ser treinada. “Para cumprir o destino que o Senhor dos
Dragões Bons encolheu para ela”, em suas palavras...
Cheguei a procurá-la pessoalmente, deixando
Hammah no comando do acampamento. Mas ela se
manteve em sua decisão de não trazer Killd até concluir
seu treinamento e se tornar uma serva do seu deus-
dragão.
Por mais que eu tentasse lhe mostrar minha
dor... Por mais que eu prometesse que não deixaria
Killd fugir novamente... Ela não me permitiu vê-la...
Entendo sua posição. Ela não queria que minha
presença diante de minha filha a fizesse desviar de seu
treino. Apesar de ter ficado com ela apenas por dois
invernos, Airin mostrou saber muito bem sobre suas
reações... Mas eu era o pai... Também era meu direto
ver a minha filha...!
Novos anos amargos seguiram, até a aterradora
notícia da morte da Guardiã de Sagrada pelas mãos
de caçadores aventureiros. Cheguei a pensar que teria
perdido todo o contato com os cavaleiros da Ordem de
Bahamut, porém eu felizmente me enganei.
Dois jovens de aparências bem distintas
apareceram na estrada sul e se apresentaram como
paladinos do Dragão de Platina. Hammah reconheceu
seus símbolos e os trouxe a mim. Por eles fiquei sabendo
que minha Killd está bem, apesar de muito abalada
pela morte da mãe. O rapaz de cabelos dourados, que
havia se apresentado a mim como o “Dragão do Sol”,
garantiu-me que cuidaria da minha filha e que mandaria
notícias dela, por sua irmã de aparência tenebrosa, que
se apresentou como o “Dragão da Lua”.
Desde então minha vida tem sido apenas
alimentar esperanças de que um dia eu poderei rever
minha preciosa filha. Seis meses se passaram desde
a primeira visita do casal de irmãos. Lunna, o “Dragão
da Lua” tem vindo nos dar notícias sobre os passos
de Killd em intervalos sem constância, o que vem me
enervando ao longo dos dias.
Eu, que nunca rezei aos deuses, hoje peço para
que a protejam, e que mantenham as garras de Susail
longe dela...
- “Thallon”,
Líder dos ladrões da Floresta do Rei.
78
O Nobre Cavaleiro
Nós a encontramos sozinha e assustada na
Floresta. Era um pouco esquisita, com aquela pele
branca, quase prateada, e o cabelo metálico. Reagiu
quando nos aproximamos dela, chegou a morder e
arranhar... parecia um animalzinho arisco. Mas depois
a gente entendeu o porquê dela ter ficado daquele jeito.
Tinha um orc feioso e uns quatro caras estavam atrás
dela. Todos do bando de Thallon.
Foi uma boa batalha.
Na época, eu era um mero aspirante a Dragão
Púrpura e tentei lutar ao lado dos meus colegas e meu
mestre. Claro que não consegui acompanhá-los, pois
eram muito melhores que eu, no entanto, fui eu quem
percebeu o maldito elfo negro escondido entre as
árvores. Chamei a atenção de Ivan, o mais velho dos
Dragões Púrpuras, e ele pos o asqueroso pra correr
com pouca resistência.
Tentamos prender o meio-orc e seus amigos
criminosos, mas eles resistiram muito. Um dos nossos
caiu gravemente ferido pelas mãos sujas do coisa-feia e
nós conseguimos pegá-los. A garota gritava feito louca
e deu trabalho pra ser levada. Foi preciso desacordá-
la. Estava muito agitada e gritava sem parar em uma
língua que eu até hoje não entendo.
A deixamos no templo de Estrela Vespertina e
punimos o orc e seus comparsas com a morte, como
estavam sentenciados todos os membros do bando
daquele ladrão escorregadio. Depois disso, eu, por ser
o mais jovem do grupo, procurei ficar um pouco com
a garota. Foi preciso quase um dia inteiro pra fazê-la
dizer seu nome: Hylia.
Hylia tinha uns onze ou doze anos na época,
não lembro ao certo, pois minha memória nunca foi
muito boa para idades. Mas era forte como um cavalo e
eu descobri isso quando aquela monstrinha desacordou
um guarda que a empurrou para abrir caminho. Aquilo
deu uma bronca muito grande. Mestre Igros precisou
intervir para não açoitarem a garotinha.
Tirando o gênio difícil que ela tinha, ela até que
era bonitinha. Pena que agia muito como um menino.
Não queria saber de vestidos e bonecas, apenas caçar
e treinar com a espada. Felizmente ela conseguiu uma
família caridosa que a adotasse e que fosse paciente
com ela.
A família Pedrazul era bem abastada. Lidavam
com comercio, eu acho. Eles a acolheram e tentaram
ensiná-la as boas maneiras que uma moça deveria
aprender, o sonho de qualquer garota normal da idade
dela. Mas não, ela fugia das aulas de etiqueta e vinha
falar comigo, sobre espadas e técnicas de combate.
O pior é que ela sabia muito sobre batalha
corporal... perguntei, intrigado, se ele ia desistir assim tão fácil, ele
Acabei conseguindo convencer os pais dela a me mostrou uma medalha de prata com uma lança e
deixá-la ficar um pouco no templo de Helm, O Deus- um par de asas de couro cunhadas e me disse “Não se
Guardião, e ver se lá ela acalmaria sua impetuosidade. meta nos assuntos da Lâmina Prateada.”.
A princípio, os próprios clérigos não acharam uma boa Aquilo me deixou curioso, no entanto, o Mestre
idéia, mas depois, até mesmo mestre Igros percebeu o não me deu tempo de investigar nada referente a tal
talento daquela garotinha. Lâmina. Eram missões e mais missões sob o argumento
Eu nunca tinha visto alguém tão novo, de eu me redimir de minha falha... Ainda hoje eu gostaria
principalmente com aquela idade, obedecer ordens de saber o que aconteceu com ela...
sem questionar e ser tão bem sucedido nos treinos
como Hylia. Ela pareceu estar muito bem-familiarizada - Berem,
com a hierarquia. Dragão Púrpura de Estrela Vespertina
Dois anos se passaram e a família dela decidiu
se mudar para a capital de Cormyr. Ela ainda estava em
treinamento e pediu para ficar até concluir aquela parte.
Os pais dela não queriam deixar, mas cederam quando
O Dragão Dourado
eu me comprometi a levá-la até Suzail.
Pra que eu fiz aquilo...?
Killd, Killd, Killd... Uma ótima garota. Esperta,
Ela terminou sua parte após dois meses e nós
forte vigorosa... E outras coisas que não lhe dizem
começamos nossa viagem. Meu mestre me ordenou ir
respeito.
sem um grupo de escolta, como um teste para mim. Por
Fui incumbido por Ela para encontrar a criança,
quatro dias, tudo correu tranqüilamente. Os problemas
pelo menos foi assim que a chamaram. Pensei que
começaram quando a gente se aproximou da orla da
realmente se tratasse de uma criança e não daquela
Floresta do Rei.
diaba de chifres que cruzou o meu caminho na Floresta
Além de problemas com animais e pequenos
do Rei. Bem, continuando...
goblinóides, uma estranha sensação de estarmos
Eu estava indo rumo à Estrela Vespertina, local
sendo seguidos me tomou. Eu olhava para trás
que me informaram ter sido a morada da garotinha,
constantemente, mas não via nada. A Floresta pareceu
quando ela apareceu de repente. Quase não deu tempo
ficar estranha, como se ela não quisesse nos deixar
de parar o cavalo.
sair de lá. Eu já tinha escutado falar nisso, diziam que
Eu tomei um baita susto, pois aquela garota
era obra do elfo negro do bando de Thallon. Contavam
tinha as mesmas feições de minha senhora. Estava
na época que ele havia enfeitiçado alguns pontos para
mais que claro para mim que aquela garota magra e
facilitar suas investidas na região. Para piorar tudo isso,
forte, de quatorze anos, era a filha dela.
Hylia tornou a ficar geniosa. Começou com respostas
Killd veio em minha direção, dizendo que um
ligeiras e mal-educadas, depois passou a levantar a
homem cheio de más-intenções estava atrás dela. Não
voz, se impondo as minhas decisões. Achei que isso
precisei perguntar qualquer coisa para saber que ela
fosse “coisa de momento”, sabe? Por causa disso eu
mentia, mas minha prioridade era apenas levá-la até
preferi deixá-la um pouco mais solta.
a presença da Lâmina Prateada. Tomei-a em minha
Se eu soubesse que Hylia era dissimulada
montaria e a conduzi até o estabelecimento onde eu
daquela forma, eu nunca teria pedido para acompanhá-
tinha passado a noite anterior. Durante o percurso, não
la em uma viagem dessas...
me dirigiu a palavra, e assim continuou mesmo quando
Ela me disse que queria se banhar no rio e eu
chegamos à estalagem.
deixei. Claro, eu não ia olhá-la no rio! E ela aproveitou
A atendente do estabelecimento sorriu ao me
minha compostura para fugir... Aquela... Aquela...
ver novamente e logo veio saber se eu tinha esquecido
monstrinha!
algo. Contive o riso ao ver que ela ficou confusa ao ver
Certo, eu não vou negar. Eu gostava dela,
a pequena Killdare comigo, então lhe pedi novamente
porque ela me lembrava minha irmã, que se casou e
um quarto e uma refeição para dois.
foi morar longe. Ambas eram orgulhosas e fortes, não
Não saí de seu lado por um momento sequer. Se
podiam ver alguém sendo injustiçado pelos lugares que
essa mocinha era tão esperta como eu tinha escutado
sempre se envolviam...
minha senhora me alertar, então ela iria tentar fugir de
Eu tive que dar a noticia da fuga dela e levei
mim. Então, tratei de ganhar sua confiança.
muitas broncas por isso. Fui chamado de irresponsável
Não dormi muito na primeira noite. Precisava
e mandado de volta ao templo de Helm. Quando
ficar de olho nela e vi que ela também estava de olho
cheguei, Mestre Igros não se alarmou e me disse que
em mim. Foi a primeira vez que me senti sem-graça, o
não havia nada que pudesse ser feito. Quando eu

79
jeito foi tentar conversar um pouco.
Comecei devagar, perguntando o que uma
garotinha como ela fazia sozinha na orla da Floresta do
Rei, mas ela não quis responder. Pensei que ela fosse
me dar trabalho para contar alguma coisa, mas ela se
tornou mais cooperativa quando eu disse que era um
paladino da Ordem de Bahamut. Parece que Thallon
andou falando de nós para ela.
Apresentei-me para ela, de modo informal, e
disse que estava a sua procura por ordem da senhora
Asterian. Ela não entendeu a princípio, no entanto aquilo
não fez muita diferença. Aquela foi uma das poucas
noites em que dispensei a agradável companhia de
uma donzela em detrimento de minha grande missão.
Senti-me como uma babá...
Dez dias foram o suficiente para chegarmos
ao nosso destino. Mal avistei os portões da ordem
e fui agraciado com a visão das asas de minha
Senhora abertas ao sol. Asterian nos deu boas vindas
pessoalmente e ordenou que levassem sua filha para
dentro do prédio. Lá, a garota ganhou um medalhão de
Lâmina Prateada, mostrando a todos nós que daquele
dia em diante a jovem era uma das nossas e deveria
ficar sob nossa proteção até chegar a hora dela assumir
seu lugar na região.
80
Killd estava assustada com tudo. Apesar de ser
uma mestiça, filha de um humano com uma “dragoa”,
que a Senhora me perdoe por usar essa palavra, ela
nunca tinha visto uma, isso era certeza. Passamos a
chamar a garota de senhorita Killdare e a mim, coube o
seu aprendizado básico sobre a região. Dessa vez, eu
me apresentei formalmente, como “Dragão do Sol”. De
babá a guia, essa história começou a ficar divertida.
Ela tornou a dar um pouco de trabalho,
mostrando total desinteresse em qualquer coisa que
não envolvesse batalhas. Vendo isso, eu levei a questão
aos altos sacerdotes e à minha Senhora. Todos foram
unânimes: a senhorita Killdare deveria aprender o uso
da espada.
E sem questionar, eu obedeci.
Ela já tinha uma boa base e talento, mas não
tinha a experiência. Continuei sendo seu tutor, tanto para
sua formação social na região, quanto na sua formação
como guerreira. Aos poucos, ela se aproximou de mim,
querendo saber sobre minha função na Ordem e no
local. Saciei as dúvidas dela, sobre mim e sobre o deus-
dragão a quem cultuo até hoje. Ela mostrou interesse
e eu prontamente a encaminhei para o destino que
Bahamut escolheu para ela.
Treinei-a com mais severidade e lhe ensinei
sobre o Dragão de Platina. Tornei-a minha escudeira
e a levei para fazer as rondas pelas vilas e assistir aos
julgamentos dos criminosos. A fiz ser um exemplo entre
os escudeiros e nunca me senti tão satisfeito por isso.
Senhora Asterian se mostrou muito orgulhosa
quando a senhorita Killdare completou dezesseis
invernos e a presenteou com a espada e a armadura
que ainda hoje ela verga. Nesse dia, se comemorou
uma grande festa em sua honra, mas eu evitei ficar lá
por muito tempo. Tinha assuntos a resolver.
Nunca gostei quando o “Dragão da Lua” aparecia
no meio da noite para me dar alguma mensagem,
principalmente quando ela estava em meu quarto. Ela
sempre dava um jeito de sumir com algo meu.
No entanto, naquele dia, ela queria apenas
conversar.Foi a primeira vez, em tantos anos.
Assim como Killd, aquela a quem chamamos
de “Dragão da Lua” também é uma mestiça, e é muito
temida por causa disso. Era a filha de minha mãe com
um dragão negro. Passamos por vários assuntos até
chegarmos na senhora Asterian. Foi então que ela me
contou sobre os Zentharins cobiçarem as riquezas da
Lâmina Prateada. Isso me preocupou muito.
Juramos em silêncio proteger a filha da Senhora.
Juramos que aqueles cavaleiros malignos jamais poriam
as mãos.
Os dias fluíram como a água do riacho e
Killd cresceu. Sua força era invejada por muitos dos
cavaleiros mais experientes da ordem e sua capacidade
de liderança fez com que a senhora ficasse orgulhosa.
Aos dezessete foi sagrada paladina, algo que causou
certo desconforto aos mais antigos. Para silenciá-
los e por pedido da própria garota, eu “fui designado”
para acompanhá-la por um tempo. Na verdade, eu me
ofereci para isso...
Quando saímos em busca de pequenos
problemas para serem resolvidos, ela me pediu para
não chamá-la de “Killdare” e sim de “Hylia”. Perguntei-
lhe o motivo, apesar de já imaginá-lo. Queria preservar
sua localização do próprio pai.
Com certeza o velho Thallon procurava sua filha
pelo nome verdadeiro, não pelo nome que a senhora
Asterian sussurrou magicamente em seu ouvido após
seu nascimento. Nome que apenas ela e minha senhora
sabiam.
Sim, ela ainda estava sentida com tudo o que
houve...
Coisas aconteceram, claro. Criminosos para
punir, ensinamentos para pregar, pessoas para
ajudar...
Ela sempre se abriu comigo sobre qualquer
coisa que a perturbasse, incluindo os sonhos que tinha
desde a infância e que nunca os contou aos outros.
Sonhava com dragões dourados e prateados voando
furiosos contra dragões vermelhos e negros em uma
81
tarde sangrenta.
Um aviso de Bahamut, sem dúvida...
O orgulho de minha Senhora não durou muito.
Durante uma de nossas viagens, soubemos que a
senhora Asterian fora assassinada em seu covil e que
seu tesouro fora roubado. De imediato, voltamos para a
Ordem e vimos o que de fato fora feito.
Não, não, eu não o farei. Não contarei o que
vimos. Foi algo horrível demais para ser contado a
crianças como vocês.
Killd ficou abalada demais, porém conseguiu
se recuperar em menos de duas semanas e seguiu
em frente. Jurou reaver tudo o que fora tomado pelos
criminosos e devolver o tesouro ao lar da senhora
Asterian. Nem eu sabia que ela tinha ficado tão forte.
No período de um ano, ela se aprimorou de
forma que não fazia mais sentido acompanhá-la.
Gradualmente fui retomando minhas funções na Ordem
enquanto Killd cumpria com as dela, viajando para não
muito longe da região.
Deixei-a vagar pelo reino, tinha aprendido
o suficiente para trilhar seu caminho sem minha
interferência. Era isso que eu julgava, e foi um grave
erro.
O Forte Zenthil voltou seus olhos malignos para
a filha da Lâmina e lançou suas mãos sobre ela. Killd
corre grande perigo, eu sei disso e tenho perdido o sono
por causa disso.
Um descuido de um de seus companheiros a
fez vacilar em sua crença no Dragão de Platina. Ela
quase morreu na ocasião e depois rejeitou escutar o
que eu tinha a dizer sobre o que estava acontecendo
com ela. Foi a primeira vez em que duvidei estar diante
da filha da Lâmina Prateada que eu havia salvado e
treinado arduamente.
Recentemente ouvi boatos de que ela estaria
distante, em companhia de Iczos, um mercenário do
Forte e servo de Tiamat, o Dragão Cromático. Procurei-
a em todos os lugares possíveis, mas ela escapou de
minhas mãos da mesma forma que escapou dos Dragões
Púrpuras, dos Cavaleiros de Helm e de Thallon...
Sinto que a estamos perdendo. Sinto-a
escorregar pelos meus dedos e que eu, mesmo
tentando puxá-la com todas as minhas forças, estou
fracassando miseravelmente. Não posso perdê-la para
o Forte... Não posso perdê-la para os servos da Rainha
dos Dragões Malignos... Isso nos tornaria inimigos
mortais, seria o fim da Ordem e o fim de tudo pelo qual
ansiei recuperar...
Que Bahamut a mantenha no caminho por Ele
escolhido e que a proteja dos Senhores Zentharins...
Por que eu já não posso fazer mais nada...
- Lorde Leonard,
Paladino da Ordem de Bahamut
 O Dragão Negro
A lua cheia de Sellune brilhou clara e límpida
antes de ser ocultada pelo manto de Shar, deusa da
escuridão. Eu avisei a meu irmão de que aquilo não
era bom presságio e ele me mandou ficar alerta ao que
estava por vir.
Killdare nasceu no auge do inverno, filha da
senhora Asterian com o ladrão Thallon, e fruto de um
capricho de ambos. Das trevas, eu presenciei tudo. Seu
crescimento, seu desenvolvimento, seu aprendizado e
sua descoberta amarga.
Seus sonhos eram os mesmos que eu e
meu irmão tínhamos quando crianças. Dragões se
digladiando em uma tarde vermelha. Aquilo tinha dado
rumo às nossas vidas, por mais frio e cruel que ele
fosse.
Quando ela fugiu, fui eu quem a guiou na direção
dos Dragões Púrpuras. Estava na hora de fazê-la trilhar
o caminho para o qual ela foi designada. Os homens de
Thallon foram rechaçados para longe da criança e uma
família de tolos humanos a adotou.
Em seus sonhos, sussurrei palavras em seus
ouvidos, dando continuidade ao que ela precisava
aprender de verdade. Precisava acreditar em algo maior
que o que lhe fora ensinado pelas casas onde passou.
Precisava ser preparada para a verdade enquanto eu
entrava em contato com os cavaleiros da Ordem.
Quando meu irmão a encontrou, eu pude
descansar um pouco. Killdare era geniosa e cabeça-
dura demais, mesmo para a minha vasta paciência.
Perfeita para o meu querido irmãozinho...
Com a criança sob seus cuidados, eu poderia
pôr meus planos em dia. Desapareci por uns tempos,
pois não queria ser interrompida. Faltava pouco...
A ambição dos Zentharins me atrapalhou muito.
Meus servos me informaram sobre um provável plano
para roubarem os tesouros da senhora Asterian, algo
que eu não podia permitir. O último componente que
faltava estava lá...
Alertei àquele tolo do meu irmão, mas não foi o
suficiente. Assim como eu, eles não se incomodaram e
esperar a noite mais escura para agirem. E eu cheguei
tarde demais. Pouco restara do vasto e rico covil da
grande Lâmina de Prata.
Ainda haviam pilhas de moedas douradas e jóias
preciosas próximas ao ninho de gelo e galhos secos,
no entanto... A senhora jazia esfolada e desfigurada em
sua forma majestosa.
Apenas tive tempo para alertar os Cavaleiros e
partir em uma caçada furiosa contra os saqueadores
assassinos. Felizmente eu os encontrei antes dos
guerreiros e os guiei até os portões do Inferno...
82
Foi lamentável, mas a peça de meu interesse
não estava com eles.
Reportei o assassinato ao meu irmão e me
coloquei de reclusão por minha falha para com a
senhora Asterian. Eu não sou ingrata a ponto de não
me sentir mal pela morte do único ser que me aceitou,
mesmo sabendo que eu sempre agiria pelas sombras.
Meu estado de penitência não durou o tempo
que eu pensei que duraria...
Meu irmão deu ordem para que eu saísse da
reclusão para vigiar a criança e fizesse o que fosse
necessário para mantê-la no caminho certo. No entanto,
creio que seja um pouco tarde para isso.
- Lunna,
Paladina Negra
A Lâmina Prateada
“Sonhar com dragões é normal?” Sempre me
fiz essa pergunta, mas nunca consegui encontrar a
resposta. Às vezes eu achava que era por que eu era
diferente das outras pessoas do acampamento. Sentia-
me uma estranha em minha própria família e isso me
dava a impressão de ser inferior aos demais.
Antes de minha chegada á Ordem, eu sequer
alimentava esperanças sobre minha mãe, que me
abandonou quando eu tinha dois invernos incompletos.
Foram meu pai e os demais do acampamento quem
cuidaram de mim, me deram comida, roupas e treino.
Sabia que meu pai era um ladrão procurado, apenas
porque irritou o nobre errado no momento errado. Para
assegurar sua própria pele e as dos companheiros, ele
forjou aliança com os Cavaleiros de Bahamut.
Minha força era descomunal para uma criança,
o frio do inverno nunca me foi incômodo, minha pele
coberta por escamas de prata quase translúcida... Não,
eu nunca fui humana, apenas tentaram me fazer pensar
assim...
Quando comecei a sonhar com dragões de prata
e ouro batalhando nos céus contra dragões vermelhos
e negros, eu comecei a me sentir diferente. Sonhos
assustadores que sempre me preenchiam com medo e
preocupavam meu pai, que eventualmente murmurava
o nome de minha mãe ao me ouvir falar deles.
Descobri ser uma mestiça aos onze anos e
odiei meu pai por não ter me contado antes. Hammah e
Urgrash também sabiam de tudo e nunca me contaram.
Ainda me pergunto se não o fizeram por ordem do
meu pai ou porque não queriam fazê-lo. Não que isso
importe agora, pois no mesmo dia em que me contaram
a verdade, eu fugi do acampamento.
 Eu não queria voltar para lá, estava furiosa com À noite eu sentia que havia alguém ao meu
todos, principalmente com meu pai... Ele mandou que lado, alguém que eu não conhecia, mas que parecia
viessem atrás de mim e eu entrei em desespero pela velar meu sono. Meus sonhos com dragões passaram
primeira vez... Os Dragões Púrpuras apareceram de a serem mais tranqüilos durante esse período. Como
repente... Não consigo lembrar de muita coisa sobre se meu pai estivesse ao meu lado, acariciando meus
aquele momento, exceto de Urgrash gritando seu hino cabelos prateados enquanto eu dormia.
de batalha e Hammah usar de suas flechas de veneno. Berem não parecia gostar disso e me repreendia
Devo ter desmaiado ou coisa assim... Até aquele dia, quando eu me mostrava distante. Não foram poucas as
eu nunca tinha visto uma carnificina de verdade... vezes que lhe respondi com acidez, mais comuns ainda
Despertei dias depois, em um templo dos eram meus pensamentos de fugir do aborrecimento
Dragões “Lilases” e, caramba! Hammah toca piano que ele vinha sendo para mim. Bastou-me apenas
muito melhor que o pessoal de lá! Mesmo sem saber
tocar piano direito! Eles me contaram que eu tinha sido
“salva” do bando de meu pai, pelos Cavaleiros Dragões
Púrpuras, e que Urgrash tinha sido punido com a morte.
Aquilo doeu muito...
Foi um rapaz chamado Beren quem me acalmou.
Na época ele era apenas um escudeiro do senhor
Darius e estava sob a proteção do senhor Igros. Eu já
tinha escutado Hammah falar deles com certo respeito,
mesmo sem eu ter entendido isso na época.
Sem ter para onde ir, e eu me recusava a dizer de
onde eu tinha vindo e o que estava fazendo na Floresta
do Rei, fui acolhida por uma família de mercantes.
Eles tentaram me ensinar sobre a profissão, mas meu
interesse maior era brigar. Não era difícil eu arrumar
uma confusão ou duas por dia e causar algumas fraturas
nos meninos, principalmente os mais velhos que
gostavam de impor autoridade. Para conterem minha
agressividade, me deixaram ter algum treinamento com
espadas no Templo de Helm. Berem estava sempre ao
meu lado, me ajudando.
Mesmo com todo o luxo que eu tinha como “filha”
de um mercador, eu sentia que algo estava errado. Eles
falavam muito de meu pai. Falavam que tinham que
pegá-lo para que ele não causasse mais prejuízo aos
viajantes. Referiam-se a ele como um bandido perigoso
que vivia com seus comparsas... Sem saber, eles me
incluíam nesse termo pejorativo e me magoavam.
Muitas foram às vezes em que eu cheguei a pensar
que eles falavam a verdade... Eu queria sair de lá por
causa disso...
Esperei, esperei por quatro anos que me
pareceram quatro longos séculos. Naquele tempo eu
não sabia esperar como minha parte dracônica me
ensinaria posteriormente. Meus pais adotivos decidiram
morar na capital e eu os convenci a irem na frente para
que eu pudesse concluir parte de meu treinamento. Foi
o suficiente...
Dois meses depois de meus pais adotivos, eu
estava na estrada com Berem, recém-sagrado Dragão
Púrpura. Tudo foi estranho durante o caminho, parecia
que alguém estava seguindo nosso rastro. Ele mesmo
sentia isso, e mesmo tentando não demonstrar, eu
percebia.

83
aproveitar da minha própria vaidade e pedir-lhe para mãe me presenteou com uma parte de seu tesouro.
aproveitar que estávamos perto de um rio para que eu Uma armadura, uma espada prateada e um colar de
pudesse tomar um banho. O dia estava quente, porém safiras. Tudo parecia ser calmo, com poucas mudanças
mesmo assim ele relutou em permitir, como se prevesse em minhas rotinas de vigílias, mas os deuses não o
minhas intenções. quiseram.
Sequer tirei a roupa quando ele se afastou Alguém invadiu o covil de minha mãe enquanto
do leito. Corri direto para a outra margem, pouco me ela repousava e a assassinou friamente. Quando
importando se elas ficariam molhadas ou se eu ficaria eu soube disso, voltei correndo de onde estava e a
doente por isso. Naquele momento só me importava encontrei profanada. Carne e ossos, bem como seu
fugir do Dragão Púrpura, da mesma forma como eu tesouro, roubados. Jurei por Bahamut que vingaria essa
tinha fugido de meu pai. ofensa ao poder dos grandes dragões.
Corri o máximo que agüentei, até tropeçar de dor Muito já encontrei em meu caminho, inclusive
e cansaço nas pernas. Eu queria fugir para longe, não um dos assassinos da Lâmina Prateada, no entanto,
importava para onde, desde que não fosse para Estrela sei que o caminho ainda é muito longo. Parece que o
Vespertina ou para as profundezas da Floresta do Rei. verdadeiro alvo deles sou eu, a Filha da Lâmina, mas
Pelo menos era isso que eu imaginava na época. ainda não consegui encontrar nenhum motivo para tal.
Feliz acaso ou planejado, Leon me encontrou... Quase que eles conseguiram...
Desde então eu apenas vivi para servir ao Dragão de Minha vergonha, quase trilhei o caminho obscuro
Platina e minha mãe, Asterian, A Lâmina Prateada...Mas, dos Zentharins, para amenizar minha fúria. Naquele
claro, eu demorei a perceber essa segunda parte... momento, nem mesmo Leon conseguiu apaziguar o que
Eu nunca consegui sentir nela o que sentia pelo eu sentia arder no peito. Curiosamente, foi um servo
meu pai, assim como meus sonhos nunca pararam... de Tiamat, um inimigo, quem me mostrou o caminho
Foi Leon quem me ensinou tudo o que sei hoje de volta, e mesmo que ele não saiba disso, eu lhe sou
e me ajudou a aperfeiçoar o que eu já sabia. Ele esteve imensamente grata.
ao meu lado tanto nos momentos mais felizes que eu Eu pude ajudar a salvar sua tribo do Forte Zenthil
tive na Ordem de Bahamut, quanto nos meus momentos graças a isso...
mais críticos... Espero que os Zentharins estejam preparados
Um dia, ele e eu retornávamos à Ordem pela para quando eu resolver visitá-los. Farei com que eles
estrada da Floresta do Rei, quando me lembrei de que paguem por tudo e conheçam o verdadeiro significado
aquele caminho era uma rota frequentemente atacada da fúria divina dos dragões.
pelos aldeões liderados pelo meu pai. Tentei prevenir
Leon sobre isso, mas ele disse apenas para confiar
nele. Em certo trecho, ele levou dois dedos aos lábios
e imitou o piado de um falcão. Não demorou para
que ouvíssemos uma resposta sob o mesmo código.
Foi então que ele me contou que meu pai e seus
companheiros não atacam os membros da Ordem de
Bahamut por conta de um acordo feito entre ele e meu
pai.
O bando protegeria o acesso do território da
Lâmina Prateada e os servos do Rei dos Dragões os
deixariam em paz. Mas parece que alguns rapazes
andaram afoitos demais e a Ordem precisou tomar
medidas mais drásticas. E conhecendo bem Leon,
“medidas drásticas” não significam meros períodos de
reclusão...
Eu apreciava sua companhia por ele ser forte e
ter grande sabedoria para julgar os criminosos, e hoje
continuo apreciando, mas não mais dessa forma. O
tenho como algo muito alem de um tutor. Ele é meu
salvador, meu amigo e meu amante. O único homem a
quem dei a honra de minha primeira noite, escondida
de todos.
Os invernos passaram e eu fui sagrada paladina
de Bahamut, e sucessora da Lâmina Prateada. Minha

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