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SEJA BEM-VINDO AO CALABOUÇO DA THEXUGA!

Lok’tar. Eu me chamo Iracema Doge, conhecida como Thexuga e sou mestra veterana
de RPG. Já narro há algum tempo em mesas presenciais e online. Em minha jornada
de vida sempre busco trazer diversos conteúdos para a mesa e solucionar o problema
de quem tenta iniciar nesse universo que é o RPG de mesa. Também apresento um
canal chamado Calabouço da Thexuga, na qual abordo temas como Star Trek, RPG,
Gameplay & Ciência. Deixarei o link no final do texto.

Agora vamos falar sobre essa revista: tenho como fundamento espalhar o conteúdo
sobre RPG, tirar dúvidas, trazer novidades, compartilhar experiência & divulgar o
trabalho de outras pessoas que também se dedicam diariamente para estar presente
na mesa. Mas não estou sozinha nessa jornada: em cada revista tenho a colaboração
de pessoas com o mesmo propósito de compartilhar informações a todos e ajudar
com esse projeto. Ao final de toda revista terá o nome de cada colaborador e aliado
que aceitou de bom grado participar dessa aventura, levando até você conteúdos
novos sobre RPG de mesa!

Embarque nessa jornada.

Acesse nosso canal: https://www.youtube.com/c/thexugaduquesa

RPG NÃO É UM SIMPLES JOGO
Glaucio “Kratzar” Schueler
RPG ou Role-Playing Game, em sua tradução direta, quer
dizer jogo de interpretação. Mas ele não é um simples
jogo, é mais do que isso, ele mexe com a imaginação e a
criatividade. Em resumo, RPG educa, socializa e diverte.
Mas ainda existem muitas dúvidas em saber o que é, e
como se joga.
Bem, a primeira regra do RPG é ser divertido. Tudo começa
com uma história na cabeça, lápis, papel, alguns dados e
os livros básicos do estilo a ser jogado. Nesses livros estão
as regras básicas, as características dos personagens,
desafios, monstros e tesouros, descrição de ambientes e
terrenos e etc. Isso é de grande valia na hora da criação da
história e onde ela será ambientada.
Numa sessão de RPG, quase tudo é possível. Então, como
começar? Toda mesa de RPG, vamos dizer assim, tem um
narrador e seus personagens. O narrador, também chamado
de Mestre do Jogo ou DM (Dungeon Master), é o responsável
pela criação e condução da história a ser vivenciada pelos
jogadores/personagens. Ao criar a história, o Mestre monta
os desafios que irão interferir direta e indiretamente em
cada envolvido na crônica.
Mas aí você pergunta: Como assim? Antes de iniciar uma
sessão, o Mestre e seus jogadores irão escolher qual será
o estilo do jogo. Medieval, Terror Gótico, Futurista, etc. A
partir daí, o Mestre cria a história principal que irá motivar
e incitar a participação dos jogadores que irão criar sua
ficha com os dados de seus personagens. Mas o Mestre
pode mudar o rumo da história ao longo de uma sessão?
Sim, pode. A dica nesse caso é saber exatamente o início e
o fim da história.
O meio da crônica sofrerá alterações ao longo da sessão,
conforme as decisões dos jogadores. Os desafios, enigmas
e prêmios precisam estar lá e o mestre tem que saber o
que acontece se der certo ou errado. Mas muitas surpresas
vão acontecer nesse interim e a ideia é essa. Torcemos para
isso acontecer! Claro que é impossível ser um visionário ao
ponto de acertar exatamente a decisão a ser tomada, mas
é preciso ter grandes doses de bom senso, criatividade e
lógica. Parece difícil, mas não é. Na verdade ser Mestre é
tão divertido quanto ser jogador. Mas o que preciso para ser
um jogador? Imaginação. Se pensar um pouco, irá perceber
que o RPG está o tempo todo em sua vida.
Quer um exemplo? Você está na calçada, esperando o
semáforo fechar para você atravessar a rua. Os carros estão
vindo em alta velocidade. Você já tem uma escolha: esperar
ele fechar e atravessar em segurança ou tentar atravessar
entre um intervalo e outro. E aí, o que vai fazer? No primeiro
caso, você não terá risco nenhum. Irá para o outro lado em
segurança e tudo bem. No outro caso, irá enfrentar um
turbilhão de emoções, irá pensar se corre ou se fica, irá
usar suas habilidades de esquivar, correr, pular, etc.
DICA: Na vida real, escolha sempre a opção mais segura.
Outro exemplo: Está em casa, debaixo das cobertas e
de repente seu telefone toca. Vai atender ou não? Você
escolhe atender. É aquele seu amigo baladeiro chamando
para uma festa daquelas. Ir ou não ir? Se ficar em casa,
vai economizar grana. Ir para a festa, vai beber, dançar, se
divertir. E aí? Qual será a sua escolha? Ficando em casa,
com certeza não terá nada para contar. Agora, indo para
a balada, sabe lá o que pode acontecer. Toda decisão gera
consequências.
Jogar RPG é mais ou menos isso. O Mestre narra uma
situação e o jogador decide o que fazer, usando as
habilidades do personagem que escolheu seguindo todas
as características dele, mudando o destino da história e
do herói. Jogar RPG é sentir a emoção real de uma história
fictícia. É divertir-se muito com seus amigos e ter histórias
para contar depois. Lembrando que a palavra de ordem é
DIVERSÃO!
Bem, é isso! Bom jogo!
ESCRITORES AMADORES NO CENÁRIO
CAÓTICO DE CRISE ECONÔMICA NO BRASIL
Angelo Gabriel

Vivemos em uma era de informação e tecnologia, uma jogador ou outro mestre, e então o RPG me apresentou
geração que forjou seus próprios sistemas voltados para sua face mais lúdica, a possibilidade de criar meus próprios
fluidez e a simplificação da regra, dando muito enfoque a cenários com minhas próprias eras, mitologia, politica,
interpretação e a interação com o cenário, nessa linha temos exércitos e inimigos.
grandes representantes como 7 Mares, Numenéra e outros.
Sinto que o RPG evoluiu muito desde a saudosa década Talvez nunca tenham falado para você meu querido leitor,
de 90 quando comecei a jogar e mestrar. Sistemas como mas o RPG possibilita a nós jogadores e mestres o poder
Gurps e Tagmar que tem em seu cerne o foco na realidade de deuses de forjar nossos mundos conforme nossa
e em regras complexas perderam a força, e o foco foi todo vontade, forjar ganchos narrativos e criar nossos próprios
transferido para a jogabilidade simples, interpretação e sistemas caseiros com foco na interpretação, nas regras ou
interação com o cenário a volta do personagem do jogador. no equilíbrio perfeito delas. Escrever cenários de RPG, é
Outro detalhe importante é que jogos que visam jogabilidade como ver mundos inteiros se formando bem na sua frente,
rápida ou “one shot” se tornaram muito populares, sendo personagens memoráveis sendo criados em sua mente e
os principais representantes desse estilo o Old Dragon da ganhando forma conforme você escreve e divide aquela
Editora RedBox e o Mighty Blade RPG da editora “Coisinha imagem com outras pessoas, uma nova sensação que só
Verde”. Tambem temos o seguimento de terror, tendo como a leitura de livros prontos não pode proporcionar. No fim,
principal representante o Call of Cthulhu e outros jogos que quando você finalmente termina de escrever o cenário,
simulam um apocalipse zumbi. você entende a complexidade que e o enorme prazer que é
ser escritor, e passa a dar valor aos homens e mulheres que
Diferente da década de 80-90 onde os nerds eram se lançam no mundo do RPG em um país onde a leitura é tão
hostilizados, hoje em dia se dizer geek ou nerd é motivo
de orgulho, e isso vem se reproduzindo profundamente na
cultura da nossa sociedade. Ser nerd hoje em dia é algo que
está em alta e o RPG não é diferente. O acesso ao netflix e
a majestosa série Stranger Things mostrou ao mundo o que
é o RPG de forma simplificada, trazendo muita gente para
descobrir esse mundo, e não é incomum em comunidades
de RPG de mesa encontramos novos jogadores buscando
sistemas para se iniciarem e até mesmo cenários, pois bem,
é sobre isso mesmo que iremos falar, iremos dar foco na
criação de cenários e na dificuldade atual de se lançar um
livro de RPG de forma independente.

Assim como todo jogador de RPG veterano ou não, eu

cheguei a um ponto que os cenários oficiais não supriam
mais minhas necessidades, e senti a vontade de explorar
novos mundos, mundos criados conforme minha própria
vontade. Mundos nunca antes explorados por nenhum
desvalorizada e onde a população prefere mil vezes ficar
na frente do celular lendo besteiras ou vendo televisão do
que realmente ler um livro e aumentar seus horizontes.
Como sabemos, tudo nesse país é complicado, inclusive
abrir sua editora, ou simplesmente tentar viver da arte
de se fazer RPG. Infelizmente lidamos com um país onde
conseguir uma patente de direito intelectual geralmente é
caro (feito por advogados) ou trabalhoso e demorado como
quando é feito pela Biblioteca Nacional. Indiretamente
isso atrapalha no avanço do RPG em nosso país,
muitos escritores bons deixam de lado seus
cenários incríveis com medo de serem
plagiados ou pelo fato de não terem
dinheiro para conseguirem patentear o
que escreveram, isso se repete com
ilustradores e desenhistas que
não desfrutam de leis especiais
e mais “blindadas” para
proteger a arte desenvolvida
por eles.
No fim, se o escritor
consegue fazer o cenário,
testa-lo em sua mesa
de forma exaustiva, e mostrar ao comprador que a obra está pronta, e que só falta
consegue patentear na
biblioteca nacional, vem o
grande problema de conseguir
dinheiro para ilustradores,
para designers ou conseguir
que sua ideia seja aceita por
uma editora que tenha capacidade
financeira para conseguir levar o
projeto a frente, isso tudo em tempo
e forte crise econômica. Por essa razão
muitos escritores entregam suas esperanças a sites de
“financiamento coletivo”, algo que nem sempre da muito
certo, pois como sabemos o site não trabalha de graça
e muitas vezes cobra até 13% do valor total para que a
pessoa utilize o site, ou seja, num projeto padrão de 45mil
o site leva 5.850 reais, sendo assim você tem que colocar
essa folga e 13% nos cálculos da meta total.
“Microempresários” do ramo do RPG que seguem por esse
duvidoso caminho tem que saber calcular muito bem a
meta, e conseguir o apoio de grandes youtubers da área
“RPGistica” e geek para divulgar o trabalho e conseguir atrair
clientes suficiente para o projeto. É importante lembrar que
o site é o menor dos problemas, temos também as gráficas,
a patente do conteúdo escrito e da marca da empresa, bem
como os ilustradores e designers, sendo assim nunca é
algo barato, e quanto mais pessoas compram o livro, mais
encarece o processo, pois é comum colocar “brindes” para
atrair o cliente conforme o pacote que ele adquire, e muitas
vezes esses brindes encarecem mais ainda o projeto, e
não é incomum encontrarem financiamentos coletivos que
acabam explodindo a data de entrega e desanimando o
público alvo.
Sendo assim você escritor independente, recomendo
fortemente que não abandone sua paixão, mas antes de
fazer um financiamento coletivo, é altamente recomendável
que você já tenha o seu livro pronto e patenteado na
biblioteca nacional, sendo esse último razoavelmente fácil
(porem um tanto trabalhoso) de forma que com cerca de 50
reais e alguma paciência você consiga proteger sua obra de
plagiadores e pessoas má intencionadas. Se você realmente
quiser partir para o financiamento coletivo, é importante
apenas a questão de formatação e de ilustração, dessa
forma mostra ao comprador que o processo de entrega
será mais rápido e passa maior confiança ao comprador/
colaborador do projeto. Outro passo importante é pesquisar
muito e fazer os cálculos corretamente, e buscar sempre
outros escritores ou editoras que passaram por esse
processo de financiamento coletivo, essa forma você terá
a experiência de quem viveu na pele todo o processo e
saberá como proceder. Por fim, em tempos de crise, ser
um escritor independente é como ser um espartano frente
aos persas na Batalha das Termópilas. Apesar disso, se
você realmente ama RPG, e realmente sente prazer em
ver o olhar de admiração dos seus amigos na mesa quando
você mostra um novo cenário, não há burocracia ou falta de
apoio nenhum que possa te abalar, porque tudo feito com
amor e dedicação se torna mais fácil.
A ERA DOS DRAGÕES
Davi Fontebasso
A divisão de tempo está baseada na luz e na escuridão a
princípio, o tempo é contado entre os disparos dos “Pilares
Ele mentais” e a iluminação que eles causam. Por isso essa
passagem de tempo é chamada de “Passo”, e cada “Passo”
tem seu nome e ordem de acordo com seu respectivo “Pilar”.
O “Passo da Terra” inicia o que é chamado de “Caminhar”,
um “Caminhar “é a soma de tempo de 6 “Passos”, durante
o “Passo da Terra” a luz é de um marrom escuro, causando
uma impressão não muito alegre, neste período o local
mais iluminado são as terras de Anihceku, o lar dos Drapsis,
e também durante estes momentos podem acontecer
anomalias como terremotos, tempestades de areiae, dizem,
até o nascimento de novas montanhas.
O “Caminhar” continua com o segundo “Passo”, o “Passo
daÁgua”, que ilumina muito mais as terras de Oap, território
dos Drizards, comsuas luzes azuis esverdeadas que causam
lindos efeitos nos céus, porém deixamquase em penumbra
as terras de Arbil. Durante este período é relativamente
comum a ocorrência de chuvas, tempestades e grande
aumento do volume das águas.
O “Passo da Madeira” é o terceiro do “Caminhar” e talvez
com aparência semelhante ao primeiro “Passo da Terra”,
mas o tempo parece ficar um pouco mais úmido, o “Passo
da Madeira” origina-se de Chensu, a casa dos Dreois, e
ilumina muito mais essas terras, deixando Chientu muito
pouco iluminada. Chuvas também são comuns durante este
“Passo” e algumas vezes a conhecida “Chuva de Pólen”
que distribui belas plantas por todo lugar. Aqueles que
trabalham com plantações afirmam que este é o “Passo”
correto para se iniciar qualquer plantação e também o
melhor para colheitas.
Ainda temos o “Passo do Fogo” que ilumina as terras de
Arbil, terra natal dos Drauzos, com sua luz avermelhada e
quente, mas em contrapartida deixa em sombras leves as
terras de Oap, este é um “Passo” que chega a ser bastante
temido por alguns, pois não é completamente incomum
durante este
período chuvas de
pedras flamejantes
ou mesmo de fogo.
Então temos o “Passo de
Cristal” vindo de Chientu,
terra dos Dracetos, que
possivelmente é o mais
brilhante dos “Passos”, porém
desse brilho todo pouco chega a Chensu
que fica na penumbra. Dizem que é
durante este “Passo “que os veios de
Cristal nascem e algumas vezes seu brilho
pode ser tão intenso que impossibilita a visão.
E, por fim, temos o “Passo Vazio” vem de todas as terras,
sendo feito pelos 5 “Pilares” ao mesmo tempo, ele marca o
final do que é chamado “Caminhar” trazendo o imprevisível,
as cores das luzes misturam-se em todos os céus de todas
as terras por igual e tudo pode acontecer desde a linda
“Chuva de Polém” até a temida “Chuva de Fogo”, ou mesmo
nada. Por esse motivo esse “Passo “é considerado pela
maioria um momento de descanso, folga e reflexão, assim
a maior parte dos trabalhadores e comércios estarão em
folga neste dia.
A cada 5 “Caminhares” é contado o que se chama de
“Pequena Jornada” e cada “Pequena Jornada” recebe o
nome de um dos Caminhos Mágicos Vitais, nesta ordem:
“Pequena Jornada do Corpo”, “Pequena Jornada da Mente”,
“Pequena Jornada da Alma” e “Pequena Jornada do Chi” e
a soma de todas essas “Pequenas Jornadas” é chamada
de “Jornada do Ser” e a cada 5 “Jornadas do Ser” temos a
chamada “Unidade”.
Assim o tempo dos seres é medido em “Unidades”, eu, por
exemplo, tenho 57 Unidades e comemoro meu nascimento
no “Passo do Fogo” do “4ºCaminhar” da “Pequena Jornada
do Chi” da “1ª Jornada do Ser”.
TEMPO MESTRE
UM ARTIGO PARA DM’S EXPERIENTES OU NOVATOS
Alvaro Oliveira
É difícil ter uma ideia. Há pessoas extremamente
interessantes que passam a vida sem sequer terem uma
ideia. Podem-se ter ideias em qualquer área, mas é raro
ter uma ideia, qualquer ideia. É um exercício criativo que,
para além de uma prática, depende também do acaso. É um
motivo de festa, de comemorar.
O mestre vive nesse devir inconstante de criação e
recepção de ideias. É na abstração de uma ideia em que
se pode dizer “vamos desenvolver uma campanha”, ou
seja, vamos celebrar. A entrada num jogo maravilha os
jogadores: o estabelecimento do cenário e da narrativa, o
acontecimento que atrai os personagens para a trama – um
assassinato, um ataque a uma vila ou cidade, um mistério
que ronda um local (ou mesmo os próprios personagens) – e
que, no caminhar da trama, entre o caos e a ordem (afinal,
o mestre vive entre o dilema do planejamento ordenado e
a improvisação caótica), os jogadores, e o próprio narrador,
se deslumbram com diálogos fascinantes, batalhas épicas,
locais absurdos e fantásticos, amizades candentes, tramas
minuciosas e mirabolantes. Como disse, as ideias são raras,
não acontecem todo dia, às vezes depende do acaso mais
do que a prática. Deitado num sofá em tédio, numa leitura
vagarosa, ou num sono profundo, uma narrativa pode vir
a nascer. Logo, manter a narrativa em nível elevado é
uma problemática para muitos mestres (principalmente
iniciantes). Ao fim de uma primeira aventura, que
geralmente surpreende os jogadores positivamente, a
ideia pode vir a se esvaziar. Não se acham ganchos para dar
continuidade, o desenvolvimento de NPCs e facções deixam
a desejar, as aventuras se repetem. Parece ser necessário
esperar outra ideia.
A espera de uma nova ideia pode ser longa demais, e a
pressão dos jogadores em saber o final de uma narrativa
torna-se uma pressão para o próprio mestre em desenvolvê-
la. Jogadores veteranos de RPG já estão cansados de saber
o enorme trabalho que o mestre tem e da importância de
seu papel: a criação de um mundo novo ou pelo menos
um conhecimento minucioso e detalhado de algum já
existente, planejamento constante, desenvolvimento
de dungeons e personagens cativantes... A lista é longa.
Enquanto os jogadores basicamente pensam apenas nas
ambições e motivações de seus personagens e nas soluções
de problemas que estes enfrentam, o mestre pensa
justamente nos problemas a serem resolvidos, tarefa que
é, obviamente, mais exaustiva. Mestres passam a semana
pensando quais serão os próximos passos para a próxima
sessão, para onde podem ir seus aventureiros, que desafios
podem enfrentar, quais as consequências de suas escolhas.
Desenham mapas, escrevem textos, elaboram noções
políticas, econômicas e sociais para seu mundo, concebem
teologias e filosofias. Comparativamente, jogadores jogam
uma espécie de xadrez: reagem à movimentos que o mestre
faz. O mestre, por sua vez, joga um hiper-xadrez com
quatro dimensões diferenciadas e peças mais complexas
com papeis dos mais diversos. Pra piorar, as recompensas
são escassas. Diferentemente dos jogadores, não se ganha
ouro, itens mágicos, experiência e a satisfação da vitória. A
recompensa do mestre é o reconhecimento dos jogadores,
quando estes se lembram disso.
Todo esse discurso prolixo acerca da ideia e da função
do mestre serve para elucidar um pouco o problema de
“como manter o nível da narrativa”. A conclusão que posso
tirar é que o verdadeiro mestre do jogo é o tempo. Infelizmente, não contamos com uma equipe de colaboradores para
desenvolvermos campanhas prontas e na maioria das vezes não somos pagos para isso. Contamos apenas com nosso
trabalho intelectual individual, e ainda temos nossa vida pessoal para lidar que muitas vezes não tem nada a ver com
o mundo imaginário e especulativo que criamos para nos divertir. O tempo dita as regras quando se trata de manter a
narrativa em alto nível e com coerência. O tempo, no entanto, sendo o mestre, também lida com improvisações de seus
jogadores. Há maneiras de ganhar tempo para desenvolver suas ideias no próprio jogo. Use de clichês. Um clichê, na medida
certa, e nunca envelhece. Usando-os no momento adequado, em situações secundárias, por exemplo, eles podem manter
os jogadores envolvidos na trama enquanto você planeja o que vem a ser realmente importante na sua narrativa. E esses
clichês, essas situações secundárias (ou sidequests, como é costume chamar), podem também desencadear acontecimentos
surpreendentes até para o próprio mestre e se conectar de maneira orgânica e natural na narrativa principal. Assim, a
constância dos encontros com os jogadores permanece, todos se divertem e o mestre pode até achar ai um caminho para
criar suas ideias de maneira mais rápida. Vale ressaltar, ainda assim, que os jogadores devem respeitar o tempo do mestre.
Os jogadores podem dar um passo que o mestre ainda não se sente confortável em narrar por não ter pensado absolutamente
nada a respeito. É o momento de talvez encerrar a sessão.

Outras dicas são mais clichês, mas como já dito: clichês, na medida certa, nunca envelhecem. Que as ideias venham de
todos os lugares: assistindo noticiário ou vendo um filme (ou mesmo reality show, novela), jogando videogame, dormindo,
discutindo política nas redes sociais, estudando para a faculdade (ou escola)... Use de tudo e todos! Conversar com outros
mestres sobre seu jogo é um ótimo momento para ter uma troca de ideias. É uma infelicidade não poder compartilhar
com os jogadores o que pensamos para eles, por motivos óbvios. Mas acima de tudo, a leitura. Talvez a grande chave para
o desenvolvimento de uma narrativa seja justamente a leitura constante. “Ler é um ato civilizatório”, como diz o poeta
nigeriano Ben Okri. Num mundo em que cada vez mais se conta com noções imagéticas e sonoras para auxiliar, e as vezes
matar, a imaginação, o RPG vem servir como um certo movimento de resistência. Daí a importância da leitura para inspirar
ideias das mais diversas.
RPG NA PRAÇA
Grupo Tiamat RPG
Nos anos 2000 alguns jogadores de RPG da cidade de
Poá, em São Paulo, começaram a se reunir em um antigo
quiosque do playground na Praça dos Eventos da cidade
para rolar dados. Esses pequenos encontros foram tão
roleplaying games, o RPG na praça segue alguns objetivos
a seguir:
1° Mostrar que o RPG é algo muito positivo pra qualquer
pessoa que queira jogar.

bem sucedidos que não demorou para que outros grupos
se juntassem ao La Pipoca, como passou a ser conhecido
o grupo original. Logo, o que era uma reunião com poucos
jogadores passou a ser um evento informal que acontecia
todos os sábados e chegava a reunir mais de 60 jogadores,
feito inédito nas redondezas.
Com tantas pessoas, o La Pipoca passou a gerenciar as
mesas que iam se formando (fazendo sinopse das aventuras,
2° Incentivar a criação de grupos na região.
3° Reunir novamente grupos antigos que estavam
afastados.
4° Esclarecer em palestras o que é RPG.
5° Mostrar pra todos que ideias simples podem se
transformar em aventuras épicas em poucas horas.
6° Manter os grupos da região em contato permanente.
7° Trocar ideias e informações sobre RPG na região.
8° Aprimorar as aventuras dos grupos existentes na
região.

direcionando jogadores para as mesas, entre outras 9° Aprimorar os narradores.

pequenas tarefas), além de realizar aventuras próprias. 10° Conquistar novos jogadores na região.

Muitos novos grupos se formaram a partir desses encontros,

alguns dos quais existem até hoje mas, infelizmente, o la O RPG na Praça é realizado sempre em Agosto na cidade

Pipoca deixou de existir alguns anos após o início de suas de Poá, zona leste do estado, e é direcionado tanto para
atividades e os encontros de RPG ficaram suspensos… Até jogadores experientes quanto para os iniciantes que
alguns anos atrás. queiram aproveitar um sábado de diversão.

No início de 2013, Eduardo e Almeida, membros do O encontro desse ano já está sendo planejado e em breve
antigo grupo, conversaram sobre um possível retorno dos o Grupo Tiamat comecárá a fazer a divulgação e a receber
encontros e outras pessoas juntaram a esse projeto como as sinopses das aventuras de quem queira mestrar/narrar.
organizadores e membros de apoio. Assim surgiu o Grupo
Nos vemos em breve. Bons dados até lá!
Tiamat, idealizador e responsável pelos encontros anuais
RPG na Praça realizados desde então, além de encontros
quinzenais (hoje em pausa) chamados de Polo RPG, todos
gratuitos.

Hoje, diferente dos idos anos 2000, o encontro é realizado

no salão de eventos da mesma praça. Espaço maior significa
mais visitantes e mais atividades. Além das mesas de RPG, os
encontros contam com partidas de cardgames, boardgames
e de swordplay. Como os encontros ocorrem em uma praça
pública da cidade, muitos dos novos jogadores estavam
apenas de passagem pelo local quando se depararam com
o evento e seguem firmes nos novos hobbies.

Muito mais que um simples dia para reunir jogadores de

TL-N, O MAIS NOVO SISTEMA
GENÉRICO BRASILEIRO
Ricardo Peraça Cavassane
O selo Tragos Games publicou, no fim do ano passado, um Proposição 3: Os conceitos são constantemente postos à
novo sistema genérico: o Tractatus Ludico-Narrativus, ou prova.

apenas TL-N. Ora, o que é um sistema genérico? Proposição 4: Os conceitos eventualmente sofrem dano.
Proposição 5: Os conceitos podem ser submetidos a
provas prolongadas.
Um sistema de RPG genérico pode ser usado em qualquer
Proposição 6: Os conceitos e personagens evoluem.
cenário, ambientação ou gênero, não se limitando, por
Proposição 7: O objetivo de um jogo narrativo é a diversão.
exemplo, à fantasia medieval. Um exemplo famoso de
sistema genérico – que tem genérico até no nome – é
O TL-N é resultado do encontro de dois projetos antigos
GURPS. No Brasil, temos o – por alguns adorado, por outros
do autor. Um é a criação de um sistema narrativo, simples
odiado – 3D&T, muito embora este não seja um sistema
mas completo, equilibrado mas livre. O outro é uma versão
realmente genérico, uma vez que ele é mais apropriado a
do autor de um sistema já existente, Risus, de John Ross.
ambientações num estilo mangá-anime-games.
O TL-N também foi influenciado por Blood & Honor, de
John Wick, e diversos jogos de John Harper. Outra grande
O TL-N é um sistema genérico focado na narrativa. Isso
influência foi o Interactive Toolkit, de Christopher Kubasik.
quer dizer que ele possui regras simples e abstratas, – você
poderá resolver todas as situações apenas rolando um par
A estrutura básica de qualquer personagem é muito simples:
de dados multifacetados – e que permitem a criação de
o personagem é construído com uma certa quantidade
praticamente qualquer tipo de personagem e de história,
de pontos – 10, em geral –, que são divididos entre seus
tendo sempre como foco a criação compartilhada de uma
conceitos. Porém, estes conceitos serão criados pelo
narrativa divertida e cativante.
próprio jogador, a fim de descrever todas as capacidades e
características do seu personagem. Quando seus conceitos
Além disso, o TL-N é um sistema altamente customizável,
são postos à prova – isto é, são confrontados pelos conceitos
podendo servir como base para a construção de RPGs
de outros personagens ou do próprio mundo –, o jogador
voltados a gêneros ou ambientações específicas. Por isso,
deve rolar um par de dados, determinado pelo valor de seu
ele está licenciado pela Creative Commons BY-SA. Isso quer
conceito, enquanto que o narrador rola outro par de dados,
dizer que todo o conteúdo do TL-N pode ser compartilhado,
e aquele que obtiver o maior valor é o vencedor. Vejamos
reutilizado e alterado, desde que a obra original e seu autor
um exemplo de um combate no TL-N:
sejam creditados e a obra derivada seja compartilhada pela
mesma licença.
[...] três samurais inimigos – Ikari, Takeda e Yasuke – estão
prestes a se sacar suas katanas e se enfrentar em um
O texto é dividido em sete proposições fundamentais, que
combate até a morte. O narrador pede por uma prova
são detalhadas e esclarecidas por diversas subproposições.
dos conceitos de samurai dos personagens a fim de
Esta estrutura é inspirada no livro Tractatus Logico-
determinar quem saca sua espada primeiro. Ikari obteve
Philosophicus, do filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein.
o maior valor, seguido de Takeda e de Yasuke, e ele
descreve que tenta, com um só movimento ascendente,
Proposição 1: No jogo narrativo, a narrativa é o princípio
desembainhar a lâmina e cortar o inimigo mais próximo,
e o fim, e o jogo é o meio.
Proposição 2: Os personagens são constituídos de que é Takeda, a fim de matá-lo. Ele tem sucesso na prova,
conceitos. e causa dano suficiente para reduzir o conceito de Takeda
 a 0. O jogador narra que seu ataque atinge o alvo enquanto ele desembainhava sua espada, atravessa sua armadura e
faz um corte fundo, e ele cai de joelhos, sangrando muito, à beira da morte. Yasuke (que teve o pior resultado na primeira
prova) narra que estava apenas começando a sacar sua katana quando o Takeda foi atacado, e que ele tentará enganar
Ikari, chutando-o, ao invés de atacar com a espada, a fim de pegá-lo de surpresa e desequilibrá-lo. Ele é bem sucedido,
e causa 1 ponto de dano a Ikari. O jogador narra que o oponente, atingido pelo seu chute, se desequilibra, ficando com
um joelho no chão. Agora é novamente a vez de Ikari. Ele quer atacar Yasuke, e os dois rolam seus dados. Yasuke, porém,
é quem sai vencedor, e o dano por ele causado reduz o conceito de Ikari a 0. O jogador narra que Ikari tenta levantar e
atacá-lo, mas que ele é mais rápido, desvia do ataque e dá outro chute, desta vez em suas costas, que o derruba no chão.
Takeda morrerá se não for socorrido; já Ikari está à mercê de Yasuke, que se aproxima dele e coloca sua lâmina em seu
pescoço. Ikari poderia usar outro conceito para tentar sair vivo do combate, mas o jogador diz que ele pede para ser morto
com honra. Agora cabe apenas ao jogador que controla Yasuke decidir o que fazer.

O autor espera que o TL-N possa ser usado por grupos em busca de um sistema rápido e que se adapte aos seus cenários –
e não o contrário – e também por designers em busca de uma estrutura sobre a qual construir seus jogos, de forma similar
ao Fate.

O TL-N já está disponível para download, através da loja virtual drivetrhuRPG, onde você poderá pagar o quanto quiser por
ele. Basta acessar esse endereço: http://www.drivethruRPG.com/product/199634/Tractatus-LudicoNarrativus.
CARTA DO DETETIVE THOMAS
Hugo Carvalho
22/11/1989
Escrevo estas linhas cansadas para que fique registrado os acontecimentos ocorridos no museu local semanas atrás, devo
dizer que apenas tomei esta decisão pois após incontáveis semanas de terapia, receio que o Dr. Borges, até então meu
psicólogo, não possua outra resposta se não me enviar para o lar dos loucos, ele teme de que não estou pleno em minhas
faculdades mentais e que fui abatido por alguma doença debilitante, teme que não sou capacitado de responder por meus
atos e que não irá demorar muito para que meus atos se tornem violentos ou inesperados, ele não me diz uma sequer
palavra sobre tal assunto, porém vejo em seus olhos, sinto o peso em suas palavras, a decisão pesa sobre seus ombros e
por este motivo escrevo estas linhas cansadas, na esperança de que você, leitor deste documento saiba da verdade, eu não
ficarei incomodado caso não acredite ou aceite a história que irei apresentar aqui, saiba que mesmo para mim, ainda é difícil
acreditar nos fatos que irei narrar a você, mesmo tendo presenciado os tais quais eu me refiro, por vezes você questionará
o que irei dizer da mesma maneira que questionei na noite do ocorrido, saiba que demorei semanas para aceitar as coisas
que vi e não espero que isso aconteça com você tão facilmente, mas se a palavra de um homem vale de algo, gostaria
de atestar que tudo que lhe digo é a mais pura verdade, portanto não jogue este documento fora ou o destrua quando
porventura se deparar com algo difícil de conceber, apenas termine de ler e se possível passe este documento adiante, pois
as verdades que pretendo proferir, devem atingir ao maior número de indivíduos, na esperança que um deles acredite em
minhas linhas cansadas, quando ler isto, provavelmente estarei em um sanatório tão dopado que serei incapaz de lembrar
meu nome, desta forma, ler este documento e passa-lo adiante, é o último desejo de uma alma ainda sã, que testemunhou
acontecimentos inimagináveis e agora padece nos corredores de uma loucura induzida. Meu nome caro colega é Detetive
Thomas, e dada as devidas apresentações, creio que possamos começar com meu relato.
 INDICAÇÃO DE LEITURA

O GRUPO - DE SAULO MOREIRA

ESCRITOR PUBLICA SUSPENSE SOBRE RPG NA BIENAL DE 2016
Iracema Doge
Desde a adolescência, o timotense, Saulo Moreira cultiva o crua e direta, fazendo o leitor transitar entre o ódio
hábito de criar histórias. Mas foi apenas aos 32 anos que preconceituoso da misteriosa figura vestida em branco e
decidiu embrenhar-se na selva literária. Em poucos meses, vermelho e o desespero das vítimas. Além de demonstrar
estava pronto seu primeiro suspense intitulado “O Grupo”, o comportamento libertino e inconsequente de alguns
foi lançado em 03 de setembro, durante a 24º Bienal personagens.
Internacional do Livro de São Paulo pela Editora PenDragon.
Aproveitando da polêmica e infindável discussão sobre
O livro narra a trágica e perturbadora história de Júlio e a influência que jogos violentos e o RPG teriam no
Rodolfo. Amigos que cresceram jogando RPG (sigla do comportamento dos jovens. O autor debate também sobre
inglês: role playing game, algo como, jogo de interpretação
de personagens) com outros colegas. O primeiro, de origem
humilde, filho de pais separados, não teve apoio psicológico
ou financeiro para estudar e acabou se estagnando
acadêmica e profissionalmente. O outro, filho de uma típica
família de classe média, teve apoio nos estudos, passou em
Faculdade Federal e se mudou.

Apesar das diferenças socioculturais, os dois nutriam uma

verdadeira amizade. Após meses separados resolveram
reunir todo o grupo de amigos para passarem um feriado
inteiro jogando, bebendo e se divertindo em um sítio
isolado.

Então, o inesperado acontece, uma figura mascarada

persegue um dos integrantes do grupo dizendo que o
jogo é um pecado. Alega que somente sangue pode lavar
tal mácula e com um macabro ritual envolvendo velas,
pentagrama e artigos do jogo de RPG, assassina um dos
jogadores.

O suspense aborda a psique humana de uma maneira

as consequências que preconceito racial, intolerância religiosa, exclusão social e falta de apoio familiar teriam na formação
dos jovens.

O livro chamou a atenção de jogadores e não jogadores, sendo elogiado pela originalidade no tema. Também arrecadou
público de diversas idades e já conquistou ótimas notas e resenhas no Skoob.

“Muitos me elogiaram pela ideia de usar o RPG como pano de fundo em um livro de serial killer brutal e violento. Mas sempre
ressalto que não é apenas morte e sangue. Eu desenvolvo bem os personagens e as interações entre eles. E realmente há
uma discussão por trás disso tudo. Será que jogos são capazes de influenciar o comportamento dos jovens”? Diz o autor.
POESIA
Dani Easton (Danielle Panhozi)
Não me tenha como morto
Aquele que te jurou lealdade
Te segue sem pensar noutro
Pelos confins da eternidade
Enquanto teu corpo no conforto
Desfruta da humanidade

Perdi do corpo a carne crua

Sem chorar a perda minha
Fazendo fértil a terra nua
à vontade da Rainha
Defendendo a posse tua
Com a força que eu tinha

No outro mundo ouços gritos

Dos que lutam lado a lado
Das espadas os estrépitos
de inimigos aglomerados
que se denominam eruditos
mas não entendem o revelado

O anseio ao retorno clama

Mas o coração não faz pulsar
E a alma se perde no pesar
Por não defender minha ama
E ver morrendo devagar
Meu mundo e minha dama.

Ainda sim, eu não desisto

De estar talvez contigo
E pro meu lar poder voltar
Mesmo que morra aqui e nasça lá
E receba o castigo do infinito
Incessantemente eu vou lutar.
 RPG HOMENAGEADO
TORMENTA
GANCHINHOS DE TORMENTA
Felipe “RED” Cardoso
Todo mundo que conhece o cenário nacional Tormenta
RPG tem sua própria razão pra amar o jogo, um detalhe,
pequeno ou grande, que faz parte da grande colcha de
retalhos que constituem o maior, melhor e mais amado
cenário tupiniquim, mas chega um momento que todos
os jogadores viram para o mestre com a mesma pergunta:
”Quando vamos enfrentar a Tormenta?”
Isso obviamente é natural, a grande ameaça dá nome
ao cenário, faz parte da metade das ilustrações e está
profundamente entrelaçada com as historia do restante de
Arton. E nós, como mestre ficamos como, depois de uma
pergunta dessa? Obviamente também amamos a tormenta
e gostaríamos de colocar no jogo assim que possível, mas
a Tormenta é e deve ser dura, massiva, cruel, de forma que
até um grupo de veteranos sofreria ao enfrenta-la. Como
usar uma ameaça tão grande numa mesa de iniciantes, com
personagens de nível mais baixo?
O material oficial oferece ideias como cultistas da
tormenta, guerreiros corrompidos, e etc, existem até as
criaturas corrompidas pela tormenta que são mais fracas,
mas mesmo assim, os jogadores querem mais que isso, e
às vezes nós mestres ficamos sem ideia de onde e como
inovar. Eu trago aqui algumas singelas ideias que já usei/
pretendo usar ainda, pra dar uma variada na mesmice do
“cultista que quer invocar a tormenta” e “as criaturas que
estão corrompidas pela área de tormenta próxima ao vale”.
O Vendedor de Maravilhas: Um vendedor ambulante
chega a uma cidade/vila e começa oferecer penduricalhos
e consumíveis maravilhosos que ajudam em doenças,
fornecem proteções e todo tipo de coisa simples (para
os pjs) que aldeões só ouvem falar em lendas. O que ele
não sabe é que os itens que vende estão corrompidos
pela tormenta e aos poucos enlouquecem membros da
população que acordam a noite e cometem crimes. Ou será
que ele sabe? Cabe aos jogadores descobrir. Será que essa
busca não poderá levar ao fornecedor dos itens, que pode
ser uma cria da tempestade disfarçada? Será que existe
uma cura para quem usou os produtos?
Os Atormentados: Um pelotão do exercito do reinado
que acampava com o resto do batalhão foi coberto pela
chuva rubra durante a noite, viram seus colegas morrerem,
mas conseguiram fugir com vida, mas não sem deixar sua
sanidade pra trás. Agora eles viajam pelas regiões remotas
de Arton, atacando vilarejos na ilusão de que estão
liquidando invasores do reinado, deixando só destroços e
cinzas pra trás. Um duque ou general contrata o grupo pra
acabar com a ameaça dos guerreiros treinados, mas uma
clériga de Mara procura os jogadores com uma opinião
diferente (e com menos recompensa): os atormentados
são doentes, e devem ser capturados vivos para receber
tratamento. O que os jogadores vão escolher? A recompensa
maior para o serviço mais fácil ou seguir o caminho mais
complicado da piedade? E se eles decidirem ajudar, será
que o duque não ficara chateado e colocara mercenários
atrás do templo de Mara, afim de acabar com os soldados,
qualquer que seja o custo?
O Julgamento do Touro: Em um dos reinos dominados
pelos Minotauros os Lefou (e talvez qualquer um com traços
“suspeitos”) são capturados e levados a um “julgamento”
por um General do Império chamado Hitlun, esse julgamentos SEMPRE acabam não execução dos julgados, por crimes de
rebeldia ou de união com a tempestade. Uma irmã (não lefou) de um Lefou capturado procura os jogadores em busca de
ajuda pra salvar o irmão antes do julgamento acontecer. O que os jogadores irão fazer? Tentar salvar só o rapaz ou acabar
com os julgamentos de uma vez por todas? E como fariam isso? Iniciar uma pequena revolta? Encontrar outro minotauro
que não compartilha dos ideais de Hitlun e ajudasse os jogadores a derrubar o maluco? (afinal, Tauron protege TODOS os
mais fracos). Obs.: A ideia aqui obviamente e que a tormenta não esteja sendo a maior ameaça, espero que ninguém aqui
concorde com Hitlun...

O Chamado Rubro: Procurado por uma clériga de Lena ou um colega de profissão aventureiro os jogadores acabam
descobrindo que Lefou que levavam a vida normal há anos (sendo na cidade ou se aventurando por aí) começaram a
apresentar comportamentos estranhos em um determinado reino, mais tarde iniciando cultos a Tormenta ou atacando
oficias ou outras pessoas importantes. E obvio que muita gente já desconfiava dos Lefou, mas seus amigos sabem do
fundo do coração que tem algo errado. Cabe aos jogadores investigar. Será que existe uma pessoa poderosa e sorrateira
encontrando estes coitados e fazendo algo? Será uma aparição que os ataca nos sonhos? Um vírus magico que afeta só os
herdeiros da tempestade? Certamente alguém de Academia Arcana pode estar interessado em ajudar nas investigações.

Bem, essas são algumas ideais de como usar a Tormenta na campanha para os jogadores evoluírem até o ponto que realmente
poderão enfrentar a tempestade, e felizmente não sofrerem um “total party kill”. Espero ter ajudados e tendo outras
oportunidades pretendo ajudar mais. Amo Tormenta RPG e embora não tenha sido meu primeiro cenário foi o primeiro que
me prendeu por meses/anos, parabéns aos autores por continuar nesse mar complicado que é o mercado nacional.
 DE FRENTE COM A MESTRA
KIT RPG
POR ONDE COMEÇAR, MESTRAR & JOGAR
Iracema “Mestra Thexuga” Doge
Olá meu nome é Iracema Caroline Doge, mas sou conhecida
como Thexuga e sou mestra veterana de RPG. Hoje vou
trazer um pouco sobre como é mestra todos os tipos de
sistemas e como é narrar online, também vou abordar
um pacote do kit do que precisa para jogar ou narrar um
sistema online. Bom agora que já me apresentei vamos dar
continuidade, gostaria de começar com o tema de como é
ser mestre.
MESTRANDO TODOS OS SISTEMAS
A base de um sistema é muito importante para começar
sua campanha, se você tem problema em criar uma, comece
utilizando as campanhas prontas, é fácil e eficiente,
cada sistema exige um embasamento de regras e vem
acompanhado com um compendio de livros para auxiliar na
criação de personagens e conforme você narra a campanha.
Em relação a diversidade de sistema, se você nunca
entendeu por que cada sistema vem com uma enumeração
ou um nome diferente acompanhe aqui que vou explicar.
Diversidade de sistemas
Alguns sistemas já vêm fixado na história clássica do RPG,
até aí tudo bem, mas quando estamos mestrando isso pode
ser novidade e as vezes uma dificuldade, primeiramente
vamos entender os tipos de RPG que existe:
-Aventuras Solo: Geralmente são livros que vem
acompanhados de instruções que não vale ser burlados, os
resultados de ações já vêm descritos nos próprios livros, na
qual você faz uma escolhe e vem escrito para qual pagina
você deve prosseguir,
-RPG Live Action: Aqui as campanhas vão ser acompanhado
de um grande evento festivo que embora pareça apenas
uma festa, é na verdade uma campanha que está sendo
interpretada como uma peça teatral, Os jogadores se
vestem com o estilo da campanha e isso varia (pode ser
medieval, gótico, cyberpunk, pós-apocalíptico, etc....) e
pode dar uma liberdade maior.
-RPG Online: Isso vem sendo mais utilizado conforme
a globalização tecnológica aumenta, podemos ter mais
contatos virtuais e diversão online, eu costumo mestra
online pois tem mais jogadores e mais diversidade e
mobilidade de jogo, mais para a frente vou explicar como
fazer isso. Aqui você utiliza software como ferramentas de
produção e para quem é mestre até facilidade em relação
aos livros para estar utilizando na campanha.
-Play by E-mail ou PBF: É um estilo de jogo bastante
utilizado em fóruns, onde jogadores se inscrevem e
podem estar participando de uma narrativa intense e bem
diferente. O mestre posta suas ações e os jogadores reagem
a essas ações, existe um programa bem interessante que
se em quadra um pouco nesse gênero chamado 2ic.
Agora vou descrever um pouco sobre os principais
sistemas de RPG, o dungeons & dragons abreviado para
D&D originalmente foi desenvolvido por gary gygax, é
um jogo bastante denso em relação a história e criação
de personagens, cada jogador controla seu personagem e
suas interações com outros jogadores, os personagens se
encontram em um sistema de campanha medieval onde o
mestre narra os ganchos da aventura conforme o desenrolar
dela, durante o jogo os jogadores descrevem suas ações
em turnos rolando alguns dados para confirmar se sua ação
ocorreu perfeitamente ou teve alguma falha, nesse sistema
você também escolhe a tendência que seu personagem
segue e as divindades na qual ele se devota, más isso é de
livre escolha. O sistema inclui livros de auxilio como o livro
do jogador, o livro do mestre, o livro dos monstros e etc.
O sistema d/20 é um mecanismo bem interessante e fácil
de utilizar, Sempre que o jogador tenta realizar uma ação
ele joga o dado d20 para ver se teve sucesso na ação ou
não, existe a base de modificadores onde se pode adicionar
ou subtrair nas relevantes ações, ele não representa um
sistema genérico como gurps, ao invés disso o sistema
aborda uma variedade de formatos de adaptações por
várias editoras.
Defensores de Tóquio também conhecido como 3D&T é a
base de um sistema simples que busca satirizar os estilos
animes, mangás e estilo japonês. A produção do sistema
foi criada para se jogar em cenário inspirado em produções
japonesas, a base desse sistema foi utilizada de várias
formas para se criar uma evolução do jogo o próprio criador
Marcelo Cassaro deixou a seguinte frase:
“Você é autorizado a usar as regras de 3D&T em seus
próprios jogos, livros ou títulos, mas não os elementos
do mundo de TORMENTA. Para estes, você precisa da
autorização legal de seus autores. ”
— Marcelo Cassaro, Manual 3D&T Alpha, pág.12.
Esse sistema utiliza a base apenas do d6 para a realização
de todos os testes, para testes característicos aqueles
que determinam um grau de sucesso com o personagem
e é basicamente atribuído a soma de dados e resultados
determinado com cada personagem.
O sistema Daemon é bem mais matemático que os outros,
esse sistema visa realizar uma simulação real para cada
personagem através das capacidades próximas as nossas, o
sistema é composto por atributos, pericias, aprimoramentos
e poderes, seus testes são realizados em porcentagens por
meio de rolagem de dois dados de d10, essas pericias são
divididas em subgrupos, os pontos iniciais são baseados
em atributos de inteligência e na idade dos personagens.
Gurps é o famosos Sistema genérico e universal, sua
adaptação nos permite um livre acesso a criatividade
e criação de sistema o próprio nome já diz tudo, o
modulo básico dele contém informações a respeito da
norma e serve de apoio aos jogadores, o livro traz uma
introdutória, destinada a criação de personagens, o final
do livro é destinado aos mestres, traz tabelas de armas e
equipamentos. As mecânicas de personagens são divididas
em ter características atributos, habilidades e pericias.
Storyteller é um sistema que utiliza através de pontos e
dados, cada ponto em uma certa característica equivale
ao um d10 a ser jogado, esse sistema enfatiza a criação
de histórias. Os jogadores e o mestre desenvolvem uma
história com personagens desenvolvidos com diferencial,
os personagens devem vir com um preludio e para começar
os jogadores desempenham ações durante os turnos.
MESTRANDO ONLINE

Como havia dito antes a forma de jogar RPG online se tornou um sucesso atualmente, essas tecnologias nos forneces
encontros que proporciona uma aventura genuína, eu mestro online e com isso não vi nenhuma dificuldade para estar
fazendo isso. Para começar é bem simples escolha qual software você vai usar para se comunicar com seus jogadores, eu
sugiro o Skype que tem junto alguns roladores de dados embutidos, mesmo assim recomendo baixar um rolador de dados.
Minha experiência, normalmente eu fecho um grupo pelo facebook na qual já deixo explicito o sistema que vou mestra e
também minhas exigências, como quantos jogadores vou aceitar ou o grau de dificuldade que vou estar trazendo para a
mesa, o kit sugestivo que vou deixar é independente você é livre para alterar ou acrescentar o que quiser!

KIT MESTRE: software que vai reunir os jogadores, livro do Mestre, livro do jogador, livro do sistema, monstros e afins,
rolador de dados, pdf, ganchos, nota editável, fichas editáveis, fichas dos npcs e músicas para ambientação.

KIT JOGADOR: software recomendado pelo Mestre, livro do jogador, ficha editável, rolador de dados, pdf e livro especifico
da classe se for escolher alguma classe que peça exclusividades como (magos, feiticeiros, necromantes e etc.…).

Nas escolhas de temas é uma base bem simples é bem genérica como os próprios nomes já diz, como estilo gótico, futurístico,
pós apocalíptico, cyberpunk, steampunk, medieval e entre outros, essa base é bem simples pois os temas geralmente se
enquadram com a escolha de sistema. Espero que tenha ajudado a todos e é isso aí lok’tar ogar.
 E X P E D I E N T E E CO L A B O R AÇ ÃO
IDEALIZAÇÃO E ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
Iracema “Mestra Thexuga” Doge
www.facebook.com/thexuga
www.facebook.com/MestraThexuga
www.youtube.com/c/thexugaduquesa

DESIGN E DIAGRAMAÇÃO
Mateus Pegoraro
www.behance.net/mateuspegoraro
www.behance.net/ajnadeisgn
www.facebook.com/mateuspegoraro
www.facebook.com/ajnadesignbr

TIRINHA
Lucas de Oliveira Ferreira - www.facebook.com/CarneiroMedieval

ILUSTRAÇÃO DA CAPA
Bianca de Triana Franco - www.facebook.com/trianna.b

ILUSTRAÇÃO VAMPIRO
Jean “Mestrinho” Castro
(45) 999245553
www.facebook.com/mestrinhoart
jean_mestrinho@hotmail.com

CONTEÚDO
Glaucio Schueler - RPG não é um jogo

Angelo Gabriel - Escritores Amadores no Cenário Caótico de Crise Economica No Brasil.

Alvaro Oliveira - Tempo Mestre

Danielle Panhozi - Poesia

Hugo Carvalho - Carta do Detetive Thomas 22/11/1989 - O Chamado do C’thulhu

Davi Fontebasso - Era de Dragões

Ricardo Peraça - TL-N, o mais novo sistema genérico brasileiro

www.drivethrurpg.com/product/199634/Tractatus-LudicoNarrativus

Felipe “RED” Cardoso - Artigo Tormenta

INDICAÇÃO DE LEITURA
Saulo Moreira - Escritor do livro O Grupo
www.facebook.com/saulo.moreira.90
Skoob do livro: www.skoob.com.br/livro/596320
www.lojapendragon.com.br/o-grupo