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Predestinação e Milagres

por Vincent Cheung1


(Tradução: Nathan Cazé) 2

Jesus disse aos seus discípulos: “Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi” (João
15:16). A Bíblia ensina uma doutrina de eleição, ou predestinação. Antes de nos
tornarmos cristãos, éramos pecadores e ímpios até o âmago, de modo que por meio
de nós mesmos era impossível nos voltarmos em direção à justiça. Era impossível
para nós escolhermos qualquer bem espiritual. Se fossemos nos converter do mal
para o bem, alguma outra força fora de nós teria que nos transformar. Quando
aceitamos o evangelho e decidimos seguir a Cristo, foi porque Deus havia, em
primeiro lugar, nos escolhido antes da criação do mundo. Se você pensa que
realmente fez uma escolha de seguir a Cristo, está correto, mas sua escolha foi um
efeito da escolha anterior de Deus. A aceitação de Deus por você não foi um efeito
de sua escolha, mas sua aceitação de Cristo foi um efeito da escolha de Deus, uma
escolha que aconteceu muito antes de você ser criado. Como João disse: “Nisto
consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou
e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados”. E então acrescentou:
“Nós amamos porque ele nos amou primeiro”. É claro amamos a Deus, ou ainda
seríamos não salvos, mas o amamos porque ele nos amou primeiro e nos salvou.
Essa é a doutrina da eleição.
Porém, não é o ponto final dessa doutrina. A predestinação é para mais do que a pura
salvação, ou para dizer mais precisamente, a salvação envolve mais do que o mero
perdão dos pecados e a promessa do céu. A salvação em Cristo é um pacote completo
de bênçãos e responsabilidades. Não quero dizer que você precise alcançar essas
bênçãos e responsabilidades para alcançar a salvação. Não, quero dizer que quando
você recebe a salvação, essas bênçãos e responsabilidades também vêm com ela.
Portanto, não é que você precise alcançar o céu para ser salvo, mas que, porque você

1
Vincent Cheung é um pregador e escritor cristão.
Fonte: https://www.vincentcheung.com/2018/05/12/predestination-and-miracles/.
2
E-mail para contato: nhac27@hotmail.com. Disponível em: monoergon.wordpress.com. Fevereiro 2020.
Todos os versículos estão na versão Nova Versão Internacional.

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é salvo pela fé em Cristo, alcançará o céu. E se você não alcança o céu quando morre,
mas cai direto no inferno, significa que nunca foi salvo. Isso é simples, mas é
importante ter isso em mente, porque as pessoas tendem a parar de pensar dessa
maneira quando abordam tópicos com os quais são tendenciosas.
Deus nos escolheu e nos predestinou. Predestinou para quê? Havia mais a respeito
do que Jesus disse: “Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem
fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu
nome”. Deus nos predestinou para dar frutos. O que é esse fruto? O ensino cristão
geralmente pressupõe que o fruto se refere a efeitos espirituais e éticos, como
melhorias no caráter, obras de caridade e também obras do ministério, tal como
salvar pecadores e construir igrejas. Isso não está totalmente errado, mas a idéia
bíblica de fruto inclui muito mais, e Jesus claramente tinha outras coisas em mente
quando fez a declaração.
Até mesmo no mesmo versículo, podemos ver que Jesus tinha em mente não apenas
obras de pregação e caridade, porque Ele disse que Seus seguidores produziriam
frutos e que “meu Pai lhes dará tudo o que pedirem em meu nome”. Vida e ministério
evangélicos são caracterizados por respostas às orações. Que tipos de orações?
Espere, isso é mais fraco do que a maneira que Jesus disse isso. A doutrina da oração
na incredulidade histórica é que “Deus responderá às suas orações se for a vontade
d’Ele (independentemente do que Ele prometeu). Ou, você pode dizer que Ele
sempre responde às suas orações — às vezes Ele diz ‘sim’, às vezes ‘não’, às vezes
‘talvez’, às vezes ‘mais tarde’. Ou, quando você pede ovo, Ele lhe dá um escorpião,
de modo que, quando você pede crescimento espiritual, Ele lhe dá câncer para lhe
ensinar uma lição.” Entre nós, nunca aceitamos esse entendimento sobre oração. Nós
o reconhecemos como engano satânico. Mas Jesus nem mesmo disse: “Deus
responderá às suas orações” ou “Deus sempre responderá às suas orações”. Ele disse:
“Deus te dará tudo o que pedires”. É assim que Deus quer que pensemos sobre nosso
relacionamento com Ele. É assim que Ele quer que pensemos sobre discipulado. É
assim que Ele quer que pensemos sobre fé e oração. Deus me dará o que eu pedir
quando me aproximar d’Ele em nome de Jesus. Não é necessário se esconder por de
atrás de mil qualificações. Não existe escusas para mim ou para Ele.
Deus me dará o que eu pedir. Receberei o que eu pedir. O que eu peço, eu recebo. E
eu estou predestinado para isso. Então, sou escolhido para receber o que eu pedir.
Estou predestinado a receber o que eu pedir. Meu destino predeterminado é receber
o que eu pedir a Deus em nome de Jesus. Se você nunca ouviu isso, então você nunca

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ouviu a doutrina bíblica da predestinação, nunca ouviu a doutrina bíblica da oração,
nunca ouviu a doutrina bíblica do nome de Jesus e nunca ouviu a doutrina bíblica de
discipulado. Apenas alguns versículos antes, Jesus disse: “Se vocês permanecerem
em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e
lhes será concedido. Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e
assim serão meus discípulos” (15:7-8). Receber o que pedimos a Deus está
entrelaçado em todo o Seu discurso com as noções de dar frutos, de ser Seus
discípulos e amar uns aos outros. Assim, receber o que pedimos a Deus é tão
difundido quanto o próprio evangelho. Não pode ser retirado e jogado fora sem que
se destrua todo o evangelho e, portanto, também a nossa salvação. Aqui, dar frutos
é quase a mesma coisa que receber o que pedimos a Deus, e, ao receber o que
pedimos a Deus, mostramos que somos discípulos verdadeiros de Cristo.
A tradição ensina que mostramos que somos discípulos quando demonstramos quão
bem toleramos Deus quando Ele não responde às nossas orações. A incredulidade
histórica sugere que mostramos que somos discípulos quando mantemos nossa
palavra de lealdade a Ele mais do que Ele mantém Sua palavra de bênção para nós!
Isso deveria supostamente ser bom fruto. Isso supostamente deveria ser um
verdadeiro discipulado. Mas Jesus disse que mostramos ser Seus verdadeiros
discípulos quando permanecemos n’Ele, temos Suas palavras em nós e depois
pedimos o que desejamos e recebemos o que pedimos de Deus. Veja, somos
discípulos ou não? Se somos discípulos, devemos deixar o mestre definir o que
significa ser discípulos. As pessoas dizem que mostramos que somos discípulos
permanecendo fiéis quando não recebemos o que queremos de Deus — quando Ele
nos desaponta e parece quebrar Suas promessas. Mas Jesus disse que mostramos que
somos discípulos pedindo o que queremos e recebendo o que queremos. Decida.
Aceite o que Jesus disse e seja cristão, ou rejeite o que Jesus disse e saia pela porta.
Saia! E pare de se chamar de cristão.
Falo aos forasteiros, é claro, porque essa doutrina de Jesus sempre foi aceita entre
nós, para que possamos ter o que queremos de Deus mediante a fé. Os forasteiros
sempre dizem: “Mas, e o abuso?” Que abuso? Jesus disse algo sobre abuso? Ou você
é mais ortodoxo do que Ele era, ou mais inteligente do que Ele, para saber algo que
Ele não sabia? Se você afirma ser Seu discípulo, então cale a boca e obedeça ao seu
mestre. De qualquer forma, devemos tentar fazer proezas de fé tão extremas e
exorbitantes que estas se aventuram até mesmo além de o “tudo o que” antes de
começarmos a pensar sobre abuso. No momento, qualquer conversa sobre “abuso”

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é apenas uma desculpa para nem sequer começar, para não acreditar nem mesmo um
pouco do que Jesus disse.
Ainda assim, que tipo de oração Jesus tinha em mente? Ou, o que Ele queria que
Seus discípulos pedissem a Deus para fazer por eles? Ele disse: “Deus te dará tudo
o que pedires”. O que era o “tudo o que” que Ele estava pensando? É claro que “tudo
o que” poderia incluir mais do que Ele tinha em mente; mas, se Ele tivesse algo
específico em mente, devemos saber sobre isso e investir tudo nisso primeiro. E, de
fato, o contexto deixa muito claro o que Ele estava falando.
No início do discurso, Jesus disse: “As palavras que eu lhes digo não são apenas
minhas. Pelo contrário, o Pai, que vive em mim, está realizando a sua obra. Creiam
em mim quando digo que estou no Pai e que o Pai está em mim; ou pelo menos
creiam por causa da evidência dos mesmos milagres” (14:10-11). A palavra é
traduzida como “obras” em algumas versões, e a versão que usamos oferece o
significado correto como “milagres”. Sabemos que as “obras” não podem se referir
à Sua pregação, porque Ele apenas disse: “As palavras que eu lhes digo...creiam em
mim quando digo...ou então creiam por causa das obras”. Ou seja, Ele disse: “Quero
que vocês creiam em minhas palavras, mas, se não, pelo menos creiam em minhas
obras”. Ele fez uma distinção entre Suas palavras e Suas obras. Se vocês não creem
por causa desta coisa, então creiam por causa da outra coisa. Assim, por meio de
Suas obras, Ele não quis dizer Suas palavras, ou Seu ministério de pregação, mas
sim Seu ministério de milagres. Posteriormente, no discurso, Jesus disse: “Se eu não
tivesse vindo e lhes falado...” (15:22), se referindo aos Seus sermões, e então Ele
disse: “Se eu não tivesse realizado no meio deles obras que ninguém mais fez”
(15:24), se referindo a Seus milagres. Ele novamente fez uma distinção entre Seu
ministério de pregação e Seu ministério de milagres. Não é uma questão de ênfase,
mas, neste contexto, Suas “obras” se referem apenas aos Seus milagres, e excluem
Seu ministério em doutrina e caridade.
Ele continuou: “Digo-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também as obras
que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo
para o Pai. E eu farei o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja
glorificado no Filho” (14:12-14). Novamente, Ele não incluiu ações ou eventos
relacionados a Suas palavras, tal como pregar. E Ele não incluiu ações ou eventos
relacionados à caridade, porque Ele acrescentou que essas obras se referem a coisas
que os discípulos “pediriam” para que acontecesse, e que esperariam que o próprio
Deus realizasse quando pedissem em nome de Jesus.

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Portanto, Jesus disse que qualquer pessoa que tenha fé n’Ele pode realizar os
mesmos milagres e milagres ainda maiores. Ele fixou Seu próprio nome nesta
garantia: “E eu farei o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja
glorificado no Filho”. Alguns cristãos continuam murmurando como um mantra:
“Para a glória de Deus, para a glória de Deus”, porém são cessacionistas. Como Deus
é glorificado? Jesus disse que é glorificado quando realizamos os mesmos milagres
que Ele realizou e milagres ainda maiores pelo poder do Pai, e em nome de Jesus.
Receber o que pedimos a Deus é o que significa ser cristão, Deus glorificando a si
próprio ao nos dar o que pedimos. Isso não é um aspecto opcional ou dispensacional
do discipulado, porque, de acordo com Jesus, isso é discipulado — obter o que
queremos de Deus, e especialmente milagres, em nome de Jesus.
Em seguida, Ele imediatamente disse: “Se vocês me amam, obedecerão aos meus
mandamentos” (14:15). O que Ele ordenou agora há pouco? Façam os mesmos
milagres, façam milagres maiores, glorifiquem o Pai pedindo “tudo o que”,
especialmente milagres. Ora, se alguém se recusa a realizar milagres, se recusa até
mesmo tentar, e até mesmo fala contra isso, quem tem autoridade para dizer que tal
pessoa ama a Jesus? Se você ousar, vá em frente. Eu certamente não tenho a ousadia
de dizer coisas melhores sobre alguém do que Jesus disse. Se Jesus disse que alguém
não o ama, confesso que sou totalmente incapaz de contradizer Ele. Não tenho essa
autoridade nem arrogância para desafiar Cristo na Sua face. E certamente não sou
estúpido o suficiente para insistir que tal pessoa o ama.
Nós nos limitamos a João 14 e 15, e nos restringimos a apenas alguns temas. Mas
Jesus continuou falando sobre isso, de modo que, em 16:23-24, ainda o ouvimos
dizer: “Naquele dia vocês não me perguntarão mais nada. Eu lhes asseguro que meu
Pai lhes dará tudo o que pedirem em meu nome. Até agora vocês não pediram nada
em meu nome. Peçam e receberão, para que a alegria de vocês seja completa”.
Quando algo é repetido tantas vezes e com tanta ênfase, muitos credos teriam
dedicado seções inteiras a este algo. De fato, os credos incluiriam doutrinas baseadas
em apenas algumas passagens bíblicas, às vezes em apenas uma só, e às vezes até
mesmo quando não há nenhuma! E mesmo aquelas passagens que os credos incluem
são muitas vezes distorcidas, a fim de promover suas doutrinas e tradições criadas
pelo homem. Certos itens que têm muito menos base bíblica são afirmados como
sendo testes de ortodoxia. No entanto, não ouvimos nada sobre o que Jesus ordenou
nos credos. Nada! Não ouvimos nada sobre pedir e receber os milagres que queremos
de Deus em nome de Jesus. Não ouvimos nada sobre ver isso como sendo fruto da
fé, como evidência do discipulado e como caminho para glorificar a Deus. É direta

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e explicitamente declarado como sendo o teste da ortodoxia, e como alguém poderia
reconhecer os verdadeiros discípulos (João 15:7-8). Contudo não ouvimos nada
sobre isso. Se o tópico é mencionado, é mencionado como sendo uma negação
oficial, que este cessou, ou está errado, ou algo assim. Por quê? Como Jesus disse:
“Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos”.
Tudo isso é para dizer que, de acordo com Jesus, se você foi escolhido para a
salvação, foi escolhido para realizar os mesmos milagres que Jesus realizou, e
milagres ainda maiores, para que o Pai seja glorificado pelo nome de Jesus. Se você
é cristão, esse é o propósito da sua vida. Se você não prega isso, então não conhece
a predestinação. Você pode muito bem ser um arminiano. Um arminiano que
acredita nas promessas de Deus é muito melhor do que um calvinista que nega as
promessas de Deus, que apela à “vontade de Deus” contra a palavra de Deus e se
recusa a permitir que Deus cumpra Sua palavra. Este é o pior tipo de herege. Isso é
teologia deformada. Isso é teologia anti-aliança. Apesar disso, os calvinistas têm
orgulho de ser cessacionistas, quando deveriam ter vergonha e temor.
Qual é melhor? Um calvinista que afirma acreditar na predestinação, porém que se
recusa a obedecer a Cristo e se recusa a dar frutos e fazer milagres, ou um pentecostal
que não acredita ou não entende a predestinação, mas que obedece a Cristo e que dá
frutos e faz milagres? O pentecostal deve se convencer pela doutrina bíblica da
predestinação quando lhe é explicada, mas mesmo em sua ignorância ele está agora
anos-luz à frente. Ele está vivendo o propósito de sua vida. O calvinista pode gostar
de falar sobre predestinação, mas se em doutrina e ação ele não se encaixa na
descrição de alguém que foi escolhido para a vida, então não temos fundamento para
crer que ele é um dos escolhidos. O calvinista tem uma compreensão medíocre da
predestinação, em primeiro lugar. Mesmo nas áreas em que ele parece concordar
com as Escrituras mais do que outras pessoas, suas formulações doutrinárias são
incompetentes e paradoxais. Ele é absurdamente fraco onde é o mais forte. Somado
com o fato de que o calvinista se recusa a aceitar o que Jesus disse que somos
predestinados a fazer e nos tornar, isso significa que ele nem sequer acredita na
predestinação bíblica. O calvinista que também é cessacionista não acredita em
predestinação assim como um pentecostal que é um arminiano. Aquele é apenas
mais hipócrita e desobediente.
Por meio da autoridade suprema de Jesus Cristo, eu repreendo toda doutrina, todo
credo, toda igreja, toda denominação, todo teólogo e toda outra coisa, pessoa ou
instituição que defende a doutrina da soberania divina, eleição, reprovação ou

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predestinação, porém, ao mesmo tempo, defende cessacionismo, ou, de qualquer
outra forma e mediante qualquer outra doutrina ou política, fracassa em também não
defender a doutrina de que qualquer pessoa que tem fé em Cristo deve realizar os
mesmos milagres que Ele realizou, e milagres ainda maiores, como sendo uma
questão de fé comum, fruto espiritual, discipulado e obediência.
Eu ordeno que cada um se arrependa em público, e ou revogue ou revise todos os
credos, doutrinas, políticas, credenciais e instituições históricas e atuais que
continuam a permitir ou apoiar tal resistência flagrante às promessas e mandamentos
diretos de Cristo. Aqui é onde minhas responsabilidades terminam com todos
aqueles que se enquadram na declaração. Não os posso forçar a mudar, mas é meu
dever testemunhar contra eles, para que Deus os confirme em sua desobediência e
multiplique sua culpa, ou então os desvie de sua iniquidade e destruição por Seu
Espírito. Quanto mais eles declaram conhecer a palavra de Deus, mais declaram
defender a fé, mais declaram apoiar as Escrituras, contudo persistem em sua
descrença e desobediência, mais se condenam.
Um verdadeiro discípulo de Jesus Cristo não é predestinado a crer na mera ideia de
predestinação, mas sim é predestinado a crer no que as Escrituras dizem que somos
predestinados e a produzir o que as Escrituras dizem que somos predestinados para
fazer — dar frutos, receber de Deus, e fazer milagres. Em nosso ministério, não
transformamos as pessoas em calvinistas e pentecostais. Valorizamos demais o
evangelho e nosso trabalho para buscarmos algo tão completamente idiota. Mas
fazemos discípulos para Jesus Cristo. Não aceitamos teorias estúpidas dos homens e
cuspimos em suas regras e rituais idiotas, em seus rótulos e tradições idiotas.
Novamente, não é que eles sejam suficientes como um ativo ou uma ameaça para
merecer muita atenção, mas valorizamos muito o evangelho e nosso trabalho de
modo a permitir que meros homens controlem nossa doutrina, nossa missão e nossa
consciência. Seremos tudo o que Jesus disse que deveríamos ser, e teremos tudo o
que Ele disse que deveríamos ter. Quem tenta roubar de nós qualquer coisa do
evangelho, pode queimar no inferno. Eles não precisam perecer — eles podem crer
em Jesus Cristo. Mas se eles querem desobedecer a Cristo, eles desobedecerão a
Cristo. E se eles querem queimar no inferno, eles podem queimar no inferno.
(Às vezes, os rótulos são convenientes, de modo que, por exemplo, se algumas
pessoas desejam nos chamar de calvinistas, pentecostais ou carismáticos, ou
qualquer outra coisa, nem sempre podemos negar isso. No entanto, esses são, na
melhor das hipóteses, apelidos, mas não identidades. Aqui é onde os tradicionalistas

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erram. Eles adotam e valorizam essas coisas como suas identidades, e então os
defendem como se defendessem suas próprias vidas. Ora, eles não são mais
discípulos de Cristo, mas sim seguidores de homens. Quando os rótulos levam a
limitações e mal-entendidos e idolatria, como costumam fazer, é melhor limitar seu
uso ou os descartar. Portanto, às vezes toleramos apelidos quando falamos aos
forasteiros, mas, entre nós, tendemos desprezá-los).
Nenhum cessacionista está qualificado para ensinar a predestinação. É assim como
ninguém que rejeita a expiação está qualificado para praticar evangelismo. Ninguém
que crê em menos do que todas as coisas maravilhosas que Deus predestinou para
nós deve falar uma palavra sobre a predestinação. A doutrina da predestinação de tal
pessoa sempre se tornará uma distorção e um desvio de direção. Independentemente
de qual rótulo ela se dá, e sabemos que as pessoas amam tanto seus rótulos, tal pessoa
é inimiga da doutrina e inimiga do evangelho. A mesma coisa se aplica a qualquer
pessoa que afirme crer nessas coisas apenas no papel, mas se recusa a defender e
ensinar o que Jesus disse sobre as mesmas obras e obras maiores, e se recusa a agir
pedindo e recebendo milagres de Deus em nome de Jesus, mesmo quando as
ocasiões adequadas surgem diante dela. Chamar a si mesmo de pentecostal ou de
carismático é tão tolo e inútil quanto se chamar de calvinista, quando, seja lá o que
você se chamar, você não crer ou não obedece à palavra de Deus. Tudo isso nada
mais é do que uma postura religiosa. Nada mais é do que arrogância piedosa. Não
há fé, ação ou poder por trás disso.
A Bíblia ensina predestinação, e a predestinação garante milagres pelo evangelho.
Portanto, a doutrina bíblica da predestinação deve garantir milagres. Se isso é
negado, então não é a doutrina bíblica da predestinação. Para ilustrar, Paulo escreveu
que aqueles que Deus de antemão conheceu, também predestinou, e aqueles que
predestinou, também chamou, e aqueles que chamou também justificou e aqueles
que justificou também glorificou. Se você tem uma coisa, você também tem a
próxima, e se você tem uma coisa, você também tem o restante. Você não pode dizer:
“Estou predestinado a ser justificado por Deus, mas não predestinado a ser
glorificado.” Não, é um só decreto e uma só doutrina. Estas são uma só, assim como
Deus é um só. Você não pode amar o Pai e odiar o Filho, mas quem tem o Filho
também tem o Pai. Se você não é predestinado para ser glorificado, então você não
é predestinado para ser justificado. Você não pode dizer que apenas os apóstolos
foram predestinados para serem glorificados, e é suficiente que você seja justificado.
E você não pode dizer que a justificação deixou de existir depois dos apóstolos ou
depois do primeiro século, mas que você pularia a justificação e passaria direto à

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glorificação. Não, é um só decreto de eleição e uma só doutrina de predestinação.
Você tem tudo o que pertence à predestinação ou você não tem nada disso.
Da mesma forma, você não pode dizer que está predestinado para a justificação, mas
não predestinado para milagres. Você não pode rejeitar a predestinação ao ministério
de milagres sem renunciar a toda outra coisa que pertença à predestinação, inclusive
sua conversão e justificação. Não há base bíblica ou método lógico para remover
cirurgicamente essa parte específica da salvação. Esta é uma só com o evangelho, de
modo que não é realmente uma parte, mas é tão boa quanto o todo. Você não pode
cortar o braço direito de Cristo, arrancar Seus olhos, cortar Suas pernas e decidir
ficar com o restante d’Ele, e ainda se considerar Seu discípulo ou até mesmo um
herói espiritual, um defensor da fé. Você não pode fazer de Cristo um monstro e
esperar escapar ileso. Cristo é um. Se você cortar parte d’Ele, você será cortado
d’Ele. Você não pode ter um Cristo modular. Se você rejeitar parte d’Ele, você perde
tudo d’Ele.
Esqueça os dons espirituais. O que isso tem a ver com o que estamos falando? Jesus
disse que qualquer pessoa que tenha fé pode fazer os mesmos milagres que Ele fez
e milagres ainda maiores, porque receberá tudo o que pedir a Deus (João 14:12-14),
e Ele disse que isso tem a ver com frutos, não com dons (João 15:7-8, 16). Portanto,
não estou pensando em nenhum dom espiritual. Eu estou falando sobre fruto
espiritual. Estou falando do fruto do discipulado comum. Estou falando sobre o que
acontece naturalmente quando qualquer pessoa permanece em Cristo e tem Suas
palavras habitando nela. Estou falando de obedecer a Jesus, quem nos disse para
fazer os mesmos milagres que ele fez, e milagres ainda maiores. Estou falando de
pedir o que eu quiser de Deus Pai, para que Ele seja glorificado pelo nome de Jesus.
Que todos os dons cessem, e isso não mudaria nada. Eu estou falando sobre
predestinação. Deus me escolheu e me designou para dar fruto, fruto que perdurará,
para que, seja o que for que eu pedir ao Pai, Ele me dará. Com isso, eu me mostro
ser discípulo de Cristo, e o Pai será glorificado no nome d’Ele. O fruto do discipulado
não cessou. O Deus que se glorifica não cessou. O nome de Jesus não cessou. Meu
amor por Cristo não cessou, de modo que eu obedeço aos Seus mandamentos de
realizar os mesmos milagres e milagres maiores, e para que Deus se glorifique ao
me dar o que eu pedir.
Se o fruto do discipulado cessou, então o próprio discipulado cessou, e isso significa
que ninguém pode ser um discípulo de Cristo, e isso, por sua vez, significa que
ninguém pode ser salvo e todos queimarão no inferno. Mas se alguém ainda pode

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ser salvo pela fé em Cristo, então essa pessoa pode ser Seu discípulo, e o fruto do
discipulado é que o homem realizará as mesmas obras que Jesus realizou, e ainda
obras maiores, e que Deus será glorificado ao dar a ele o que ele pedir em nome de
Jesus. Este é o evangelho, e existe apenas um evangelho. Quem rejeita isso também
rejeita o evangelho, e também rejeita Jesus Cristo e a salvação. Estou repetindo isso
de várias maneiras, e faço isso porque é realmente tão direto e inegável quanto
parece, e não há uma versão fantasiosa disso, a menos que desejemos obscurecer o
ensino e suprimi-lo. Nós repetimos o que Jesus disse de várias maneiras, e muitas
pessoas ainda não entendem isso. Isso não “combina” com eles. E eles ainda não
conseguirão entender isso, porque eles não querem entender. Os hipócritas religiosos
continuam falando sobre a soberania de Deus, mas não respeitarão Sua decisão. Eles
não crerão nas Suas palavras nem obedecerão aos Seus mandamentos. Não há
salvação à la carte. Não cabe a você decidir se há cura e prosperidade proveniente
de Deus pela fé. Não cabe a você decidir se isso cessou ou se continua. Não cabe a
você decidir se Jesus quis dizer o que disse. Não cabe a você decidir se é possível
que homens e mulheres que creem em Cristo realizem os mesmos milagres e
milagres ainda maiores. E não depende de você — graças a Deus não depende de
você! — decidir o que o restante de nós pode pensar ou fazer. Porque amamos a
Cristo, faremos o que Ele disse. Se você se recusar a fazer o que Ele disse, se você
se recusar a ensinar o que Ele disse, ou se você falar contra o que Ele disse — se
você fizer isso —, então todos nós sabemos o que você é.
Se alguém alega amar a Jesus Cristo, então deixe-o mostrar isso pedindo e recebendo
milagres de Deus (João 14:11-15). Se alguém afirma estar em Jesus Cristo, então
deixe-o mostrar isso pedindo e recebendo milagres de Deus (João 15:7-8). Se alguém
afirma que as palavras de Cristo habitam nele, então deixe-o mostrar isso pedindo e
recebendo milagres de Deus (João 15:7-8). Se alguém alega dar fruto para Deus,
então deixe-o mostrar isso pedindo e recebendo milagres de Deus (João 15:8, 16).
Se alguém alega trazer glória a Deus, então deixe-o mostrar isso pedindo e recebendo
milagres de Deus (João 14:13, 15:8). Se alguém afirma ser escolhido por Deus, então
mostre isso pedindo e recebendo milagres de Deus (João 15:16). Mas se alguém não
pede e obtém milagres de Deus, se ele se recusa a tentar, e se ele fala contra isso,
então, de acordo com as palavras de Cristo, essa pessoa não ama a Cristo, não
permanece em Cristo, não tem em si as palavras de Cristo, não dá frutos a Deus, não
traz glória a Deus e ele não é escolhido por Deus.
Todos os argumentos são fúteis. Esse alguém está condenado pelo menos seis vezes
em um só trecho curto das Escrituras. Se ele ensina a predestinação, ele está

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condenado mais uma vez por sua hipocrisia. Ele adota uma ideia vazia de um decreto
eterno, porém rejeita o conteúdo do decreto eterno. A predestinação não é algo para
se brincar assim. Ela vai esmagá-lo como um inseto. Ao falar sobre predestinação,
ele mostra que tem consciência da doutrina, mas depois negando o que a
predestinação inevitavelmente implica e produz, ele testemunha contra si mesmo e
amaldiçoa sua própria alma. É como se ele anuncia a si próprio como sendo um
réprobo, predestinado ao fogo do inferno.
Para aqueles de nós que creem, a predestinação é boa notícia. A fé em nossos
corações é evidência de que fomos escolhidos para a salvação, predestinados para
bênção e grandeza. Fomos ordenados de antemão a seguir a Cristo, a permanecer
n’Ele e ter Suas palavras mantidas em nós, para que possamos pedir tudo o que
queremos, e isso será feito para nós. Como Ele disse: “Pedirão o que quiserem”. Não
importa o que a Bíblia diz, alguns de vocês sempre irão retorquir: “Sim, mas apenas
se for a vontade de Deus”. Hum...não, Ele fez questão de dizer: “Pedirão o que
QUISEREM”. Ele deliberadamente disse: “Pedirão o que vocês desejam”. Jesus
poderia ter dito “a vontade de Deus” quantas vezes Ele quisesse. Se Ele quisesse
dizer “a vontade de Deus”, ele teria dito “a vontade de Deus”. A vontade de Deus é
que você peça o que “quiser” ou o que “deseja”.
Se você insiste sobre a “vontade de Deus” nesse contexto, você muda a palavra de
Deus e expõe a si mesmo como sendo réprobo. Mas você ainda perde, porque Jesus
lhe disse a vontade de Deus. Ele lhe mandou pedir e receber os mesmos milagres
que Ele realizou, e milagres ainda maiores. A Bíblia diz isso diretamente na sua cara.
Por que você se recusa a fazer isso? Por que você se recusa a pedir pela vontade de
Deus, seu hipócrita? Você anda por aí dizendo: “A vontade de Deus, a vontade de
Deus”. Você anda por aí defendendo a doutrina da soberania divina e atacando as
pessoas que não creem como você. Você é tão orgulhoso da sua resolução que,
acrescentando ao nome do próprio Cristo, você se nomeia à moda dos homens que
estavam associados à doutrina. Mas quando a Bíblia lhe diz qual é a vontade de
Deus, você a rejeita. E quando alguém pede pela vontade de Deus ou ensina a
vontade de Deus, você a proíbe. Percebe? Você nunca se importou com a vontade
de Deus. Na verdade, você sempre foi muitíssimo contra ela.
A predestinação é boa nova para aqueles de nós que creem no evangelho, não para
aqueles que fingem crer, mas para aqueles que realmente creem. Fomos ordenados
de antemão a dar muito fruto, fruto que permanecerá. Fomos ordenados de antemão
a ter fé em Deus e amor a Cristo, para que obedeçamos a todos os Seus

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mandamentos. Fomos ordenados de antemão a realizar os mesmos milagres que
Jesus realizou, e milagres ainda maiores, porque Ele prometeu: “O que vocês
pedirem em meu nome, eu farei”. Fomos ordenados de antemão a recebermos
respostas as nossas orações — não apenas insipidezes vazias e providências vagas,
mas sim manifestações sobrenaturais exatamente do que queremos e do que
pedimos. Isso é o nosso destino. Você está predestinado a experimentar sucesso na
obra de cura e profecia. Você está predestinado a impor as mãos sobre os doentes e
vê-los se recuperar. Você está predestinado a receber visões e sonhos, línguas e
interpretações, e todo tipo de sinais e maravilhas em nome de Jesus. Então, como
está escrito: “Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que
pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós”. E é assim que
usamos a doutrina da soberania divina. Deus nos dará tudo o que pedimos em nome
de Jesus, e porque Ele é soberano, Ele fará “infinitamente mais” do que aquilo que
pedimos, e ainda mais do que aquilo que podemos pensar ou imaginar.

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