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Concreto branco

Chapter · January 2005

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A. P. Kirchheim Alexandra Cruz Passuello


Universidade Federal do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
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Denise C.C. Dal Molin Luiz Carlos Pinto da Silva Filho


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Instituto Brasileiro do Concreto – Livro CONCRETO: CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Capítulo 46

CONCRETO BRANCO1

Ana Paula Kirchheim


Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Alexandra Passuello
Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Denise Carpena Coitinho Dal Molin


Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Luiz Carlos Pinto da Silva Filho


Universidade Federal do Rio Grande do Sul

46.1 Introdução
Seguindo a tendência da maioria dos mercados internacionais, consolidada no início
do século XXI, a construção civil no Brasil encontra-se envolvida em um processo de
modernização acelerada. A padronização de procedimentos, a racionalização de atividades,
a redução de desperdícios e o desenvolvimento de novos materiais e produtos, com
tecnologia avançada, fazem parte deste cenário.
Este panorama de inovação tem demandado e favorecido o surgimento e
desenvolvimento de concretos especiais. Durante muito tempo, as exigências relativas ao
concreto como material de construção ficaram limitadas ao adequado comportamento
mecânico; a durabilidade foi lentamente agregada aos requisitos de projeto. Com os avanços
ocorridos na tecnologia do concreto, começaram a surgir novas demandas de desempenho
para o concreto estrutural e, dentre outras, as questões estéticas começaram a ser
enfatizadas.
Nesse contexto o cimento branco estrutural entrou no mercado brasileiro, no início do
século XX. A versatilidade cromática que pode ser atingida com esse tipo de cimento
introduz uma nova esfera de criação, na qual ocorre a valorização da estrutura de concreto
como elemento estético. Uma gama de cores pode ser obtida com a inserção de agregados
coloridos, pigmentos inorgânicos e até mesmo adições minerais na mistura. Essas
possibilidades têm atraído o interesse de engenheiros e arquitetos, que buscam introduzir
diferenciais ou inovações em seus projetos. Como reflexo, observa-se um crescimento do
número de obras que utilizam o cimento branco em territórios nacional e internacional.

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Os autores agradecem a colaboração de Agenara Quatrin Guerreiro, Silvia Mônica Ximeno Chiaro e Thiago
Ricardo Santos Nobre.

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46.1.1 Aplicabilidade

Do final do século XIX aos dias atuais, houve uma grande evolução na forma com que
o concreto é fabricado e utilizado. Diferentes tipos de concreto foram criados e estudados.
No princípio, valorizavam-se fundamentalmente os concretos com boa resistência mecânica
e durabilidade. Todavia, com o passar do tempo e a ampliação de usos, novos requisitos
foram se impondo.
No contexto atual, a execução de concretos aparentes utilizando cimento Portland
branco, com ou sem pigmento, surge como uma proposta atraente e moderna, que oferece
novas possibilidades arquitetônicas, ampliando a aceitação do concreto como elemento de
composição estética.
O uso de concretos brancos ou pigmentados não é novidade. O cimento Portland
branco tem sido amplamente empregado na confecção de peças, normalmente não
estruturais, tais como argamassas de revestimento, painéis de fechamento, elementos de
pavimentação e peças pré-fabricadas de concreto. Um exemplo de utilização interessante,
que faz uso das potencialidades cromáticas desse tipo de concreto, vem do Departamento
de Rodovias de New Jersey, nos Estados Unidos, que testou barreiras para autoestradas
fabricadas com cimento branco e cinza (Figura 1). Um estudo comprovou que as peças
moldadas com cimento branco proporcionam melhor visibilidade, o que incrementa a
segurança do tráfego, principalmente à noite, quando acontece a maioria dos acidentes. Os
testes indicaram que a reflexibilidade das barreiras moldadas com concreto branco era
aproximadamente duas vezes maior do que a das moldadas com concreto cinza
(CONCRETE REPORT, 2002).
No Brasil, a utilização de concreto cromático iniciou no ramo de peças pré-fabricadas,
principalmente através dos pavimentos intertravados de concreto colorido, visto que o
emprego do cimento branco, nesse caso, permite maior fidelidade de cor. O sistema de
colocação desses elementos permite uma valorização do aspecto estético, pois o projetista
pode trabalhar com cores para criar formas e desenhos. Diversas praças e estacionamentos
foram construídos com esse material, assim como o pátio de escola visto na Figura 2, no
qual se criou um “mapa mundi” através da combinação de elementos coloridos.

Figura 1 – Comparação entre barreiras de concreto com Figura 2 – Exemplo de aplicação de elementos
cimento branco e cinza (CONCRETE REPORT, 2002). de pavimentação em concreto cromático.

Outra possibilidade de utilização envolve a fabricação de telhas de concreto pré-


moldadas. No Brasil já existem diversos fabricantes que utilizam cimento branco, pigmentado
em tons claros, para fabricação desse tipo de telha, como se pode ver na Figura 3.

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Figura 3 – Telhas de concreto branco pré-moldadas


(Fonte: http://www.milclassificados.com.br/imagen/maquina-fabricar-telhas-concreto-coloridas).

Nos Estados Unidos, o concreto branco, simples ou pigmentado, vem sendo utilizado
em peças especiais, como tampos de cozinhas, banheiros e bares, como se pode ver nos
registros da Figura 4. Nesses casos, a inclusão de pedras semipreciosas, fósseis e conchas
permite criar padrões únicos, que diferenciam e valorizam cada peça.

a) tampo de concreto b) tampo de concreto com c) tampo de concreto colorido com inclusão de
com figuras geométricas agregados claros. Fonte: fossil. Fonte:
de resina. Fonte: http://karapaslaydesigns.blogspo http://www.hawaiihomeandremodeling.com/article
http://www.renovationex t.com/2009/04/concrete- s/2006/September/Concrete_Accord
perts.com/kitchen- countertop-how-to.html
concrete-
countertops.asp
Figura 4 – Exemplos de utilização de concreto branco ou pigmentado em tampos

A execução de pisos coloridos não se restringe apenas aos executados com


elementos pré-fabricados de concreto. Pisos industriais com alta resistência ao tráfego de
pedestres e de automóveis estão sendo executados com concreto colorido moldado in loco,
como pode ser visto nas Figuras 5 e 6.

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Figura 5 – Execução de concretos cromáticos Figura 6 – Pavimento de concreto cromático moldado


moldados in loco. in loco em centro comercial da cidade de São Paulo.
BR.

Na Figura 7, pode-se observar o uso de partículas de vidro como agregado, em um


concreto decorativo usado na confecção de uma fonte na cidade de Palo Alto, nos Estados
Unidos. Com a movimentação da água, o desgaste da camada superficial de argamassa de
concreto branco deixou aparentes os agregados, proporcionando um efeito visual
interessante.

Figura 7 – Exemplo de utilização de concreto branco com agregado de vidro reciclado, em Palo Alto, EUA.

Nos últimos vinte anos, vem se intensificando o uso do cimento Portland branco
estrutural para confecção de concretos a serem usados em elementos estruturais,
principalmente na Europa. Até agora, o emprego desse material tem sido concentrado em
obras especiais, nas quais a cromaticidade do concreto faz com que ele possa ser
empregado como elemento de composição estética. Arquitetos reconhecidos
internacionalmente, como Santiago Calatrava e Richard Meyer, têm utilizado o concreto
branco com esse intuito, consolidando um estilo diferenciado em seus projetos
arquitetônicos. Podem-se citar, como exemplos de obras dessa natureza, a construção do
conjunto da Ciudad de las artes y las ciencias, em Valência, na Espanha (Figura 8), e a
Igreja Dives in Misericordia (Figura 9), em Roma, na Itália.

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Figura 8 – Ciudad de las Artes y las Ciencias, em Valência, ESP.

Figura 9 – Igreja “Dives in Misericordia, em Roma, IT.

Portugal, em particular, tem sido palco de várias obras que empregam o recurso do
concreto branco como solução de projeto, por influência do arquiteto português de prestígio
internacional, Alvaro Siza Vieira. Sua obra, entretanto, pode ser encontrada em vários pontos
do mundo além de Portugal. Destacam-se as construções do “Pavilhão da Expo’98” (Figura
10); da Torre do Tombo (Figura 11) e sua obra mais recente, a Biblioteca de Viana do
Castelo, inaugurada em 2008 (Figura 12), entre outras obras. Nero & Nunes (2000) salientam
que a adoção do concreto branco nessas obras foi justificada não só pela satisfação de um
requisito estético, mas também pela possibilidade de eliminação de revestimento e pelo
impacto positivo na durabilidade.

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Figura 10 – Pavilhão da Expo’98, em Lisboa, PT. Figura 11 – Torre do Tombo, em Lisboa, PT


(Fonte: http://fr.encarta.msn.com).

a) Fachada (Fonte: b) Vista interna (Fonte:


http://olharvianadocastelo.blogspot.com/2009/10/excentr http://www.congressobad.net/blog/?attachment_id=4
icidade-originalidade-absurdo.html) 05).

Figura 12 – Biblioteca Municipal da Cidade de Viana do Castelo, PT.

Como exemplo da utilização do concreto branco em pré-fabricados tem-se a obra


homônima da Basílica e Templo Expiatório da Sagrada Família, em Barcelona, do arquiteto
Catalão Antonio Gaudi. As partes superiores das colunas internas e o teto da nave central
(Figura 13b), e alguns acabamentos das fachadas (Figura 13a) foram moldadas a partir de
seus protótipos em gesso, seguindo o projeto original do arquiteto. Essa obra iniciou-se em
1882 e tem previsão de conclusão em 2030.

a) detalhes de uma das fachadas b) detalhes das colunas internas e do teto da nave central
Figura 13 – Basílica e Templo Expiatório da Sagrada Família, Barcelona, ESP.

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A série de imagens a seguir (Figura 14) ilustra outros exemplos da utilização corrente do
concreto branco em obras de diversos arquitetos europeus. Analisando esse conjunto, pode-
se verificar que os usos e aplicações desse material são bastante variados e que todas as
obras construídas são marcadas por um apelo estético muito grande.

Palácio de Congressos de Valência, Torre de controle do Aeroporto Casa da Música, Porto, PT.
ESP (Fonte: Barajás, Madri, ESP (Fonte: (Fonte:
http://www.vivirvalencia.com/upload http://upload.wikimedia.org/wikiped http://4.bp.blogspot.com/_S2Kb
s/pdi/-1410.jpg). ia/commons/thumb/4/49/MAD- xhOhdlM/TTgiD0diRiI/AAAAAA
LEMD_Torre_de_Control_desde_s AABck/YyUIv4dEdFw/s1600/C
u_base.jpg/220px-MAD- asa%2Bda%2Bm%25C3%25B
LEMD_Torre_de_Control_desde_s Asica.jpg)
u_base.jpg).

Arc de La Defense, Paris, FRA Viaduto do Aeroporto Francisco Sá Palácio de Congressos da


(Fonte:http://www.volker- Carneiro, Porto, PT (Fonte: Catalunha, Barcelona, ESP
goebel.biz/GrafikenLaDefense/luft1. http://oportocool.files.wordpress.co (Fonte:
jpg). m/2007/10/a3.jpg?w=420&h=315). http://www.nexotrans.com/fotos
/11614/pcataluna%20int.jpg).
Figura 14 – Exemplos de aplicações do concreto branco em obras europeias.

Na virada do século XX, o concreto branco estrutural começou a ganhar espaço nos
Estados Unidos. Em Montgomery, Alabama, no ano de 1997, foi executado um projeto
marcante pela combinação da cromaticidade do concreto com cimento branco com linhas
puras e riqueza de detalhes. O aeroporto de Dulles, em Washington D.C., também foi
executado com concreto branco e cinza. Ao final dessa obra, o consumo total de concreto de
cimento branco chegou a 10.000 m 3 (Figura 15). Já a sede da ASTM International
Headquarters, em West Conshohocken, Pensilvania, foi totalmente executada em placas de
concreto pré-fabricado branco, como se pode ver na Figura 16.

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Figura 15 – Aeroporto de Dulles, Figura 16 – Prédio da ASTM,


Washington D.C., EUA em Conshohocken, Pensilvânia, EUA
(Fonte: http://www.fairfaxcountyeda.org/images/dulles.jpg). (Fonte: Portland Cement Association-PCA,
1999b).

Uma obra marcante executada em concreto pigmentado, localizada no centro da


cidade de Los Angeles, foi a catedral da Arquidiocese de Los Angeles (Figura 17). Nesse
projeto, o concreto de cimento branco foi empregado como base para obtenção de um
concreto de cor ocre, conseguida com a adição de pigmentos, preconizada pelo arquiteto
para lembrar as construções típicas da região.

Figura 17 – Catedral da Arquidiocese de Los Angeles, EUA.

No Brasil, no ano de 2000, em Sorocaba, no Estado de São Paulo, foi executada a


primeira edificação utilizando painéis pré-moldados de concreto branco (Figura 18). Dois
anos mais tarde, na cidade de São Paulo, foi executado um condomínio totalmente em
concreto de cimento branco (Figura 19). Essa obra apresentou um diferencial executivo
interessante pela exposição do agregado branco por meio da técnica de jato de areia,
alterando, desta forma, o resultado estético da superfície.

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Figura 18 – Edifício Flexotronics, Sorocaba, BR. Figura 19 – Panamerica Park, São Paulo, BR.

A utilização de concreto branco em estruturas de grande porte começou a ganhar


destaque no país com a execução da ponte Irineu Bornhauser (Figura 20), construída em
Brusque, no Estado de Santa Catarina, em 2004.

Figura 20 – Ponte Irineu Bornhausen, Brusque, BR (Fonte: http://www.piniweb.com.br/construcao/noticias/o-


desafio-tecnologico-de-concreto-e-aco-79612-1.asp).

Entre todas as obras em Concreto Branco realizadas até o momento no Brasil,


certamente a de maior relevância é o Museu Iberê Camargo, localizado na cidade de Porto
Alegre, inaugurado no ano de 2008 (Figura 21). O projeto do museu, de autoria do arquiteto
português Álvaro Siza, enfatiza o uso estético do concreto branco. A obra foi marcada por um
considerável investimento no desenvolvimento de uma tecnologia de aplicação adequada a
esse novo material. Esse estudo de caso forneceu grande parte dos dados disponíveis hoje,
no país, sobre esse tipo de material.

Figura 21 – Vista do Museu Iberê Camargo e detalhe da fachada com suas rampas, em Porto Alegre, BR.

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Outros usos marcantes do concreto branco incluíram a confecção do painel "Epopéia


Paulista" (Figura 22), na Estação da Luz do Metrô, em São Paulo. A obra, com cerca de 200
metros quadrados, foi concebida em comemoração aos 450 anos da cidade e executada em
concreto branco, pigmentado em amarelo e vermelho em alguns trechos.

Figura 22 – Painel "Epopéia Paulista", em São Paulo, BR.

46.1.2 Economicidade
A análise econômica associada ao emprego do concreto branco deve,
necessariamente, ser iniciada por uma reflexão quanto aos critérios a serem adotados para
realizá-la. É necessário partir do princípio de que o concreto branco é um produto diferente e
que tanto sua produção quanto a análise de sua competitividade demandam mudanças de
paradigma.
Em primeiro lugar, cabe salientar que a análise deve ser feita considerando que se
busca maximizar o valor total de retorno do investimento. Ou seja, devem-se agregar ao
cálculo todos os impactos, em termos de custos e benefícios, que podem ocorrer durante a
vida útil do produto. Adota-se, assim, uma visão sistêmica que considera os diversos fatores
que colaboram para a formação do valor desse produto.
No caso de um concreto tradicional, costuma-se admitir que os principais fatores que
afetam seu valor são a resistência e durabilidade. Ou seja, o concreto mais “econômico” é o
que apresenta maior resistência e vida útil mais extensa, para uma determinada unidade de
custo. Todavia, com a evolução de demandas e expectativas técnicas e sociais, outros
componentes começam a serem incorporados na análise de valor. Por exemplo, uma
dimensão de valor cada vez mais importante é o impacto ambiental. Concretos mais
“verdes”, ou seja, com menor custo ambiental, tendem a ser considerados como mais
valiosos.
Pode-se dizer que o valor do produto concreto branco, além de ser formado pelos
componentes tradicionais – resistência e durabilidade –, decorre, ainda, em grande parte, do
seu aspecto, dada a importância da dimensão estética nas obras executadas com esse
material. Neste caso, qualquer medida que incremente o valor estético pode ser considerada
como benéfica.
Feitas essas considerações, podem-se fazer algumas reflexões sobre o valor e a
eficiência econômica do concreto branco. Sob o ponto de vista do custo dos insumos, pode-
se admitir que o preço unitário do cimento branco é duas a três vezes superior ao do cimento
cinza. Além disso, é necessário empregar agregados selecionados e de fontes específicas, o

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que pode acarretar maiores gastos associados à sua produção, bem como ao seu transporte
e armazenamento.
Em relação ao consumo de cimento, os traços de concreto branco tendem a ter
consumos similares aos de concretos aparentes tradicionais.
Já analisando a questão sob o prisma do fator de eficiência, definido como o consumo
de cimento por MPa, pode-se concluir que o emprego do concreto branco pode ser mais
eficiente que o do concreto cinza convencional. Concretos brancos típicos, como os que vêm
sendo utilizados no país, apresentam consumos da ordem de 380 kg/m3 e resistências em
torno de 55 MPa. Portanto, cada quilograma de cimento gera aproximadamente 0.14 MPa
(fck=55 MPa / 380 kg/m3). Já um concreto de 20 MPa, fabricado com cerca de 250 a 300 kg
de cimento (dados típicos de concretos utilizados em Porto Alegre, RS), apresenta um fator
de eficiência em torno de 0.07 MPa/kg. Ou seja, o uso do cimento é bastante eficiente no
concreto branco, assim como no caso dos concretos de alto desempenho com cimentos
convencionais. Isso gera consequências importantes, pois a alta resistência do concreto
branco está associada a alta compacidade, derivada do uso de grande quantidade de pó e
de relação água/aglomerante baixa. A alta compacidade reduz a possibilidade de entrada de
fluidos e impacta positivamente na durabilidade do material. Dessa forma, as necessidades
de manutenção se reduzem, e a vida útil da estrutura é incrementada.
A questão do acabamento final também merece destaque. Os cuidados tomados com
a aparência do concreto branco geralmente acrescentam custos. Por exemplo, a mão-de-
obra para montagem das fôrmas é normalmente superior à tradicional, pois não se admite
que ocorram vazamentos de nata que comprometam a superfície do material. Além disso, as
fôrmas necessitam ser revestidas de material especial (fórmica ou compensado de alta
qualidade), ou seu reaproveitamento deve ser limitado (recomenda-se que as fôrmas sejam
usadas no máximo duas vezes). Embora isso conduza a um aumento de custo, a superfície
final resultante tem uma qualidade tão boa, que evita retrabalhos, remendos ou necessidade
de revestimentos ou pintura. Ou seja, o maior custo inicial é compensado pela dispensa de
atividades de acabamento.
Quanto à proteção, normalmente se aplica algum produto à base de silanos-siloxanos
ou silicatos para impermeabilizar os poros superficiais e reduzir a possibilidade de acúmulo
de sujeira. Esse cuidado, que não é comum em estruturas tradicionais, preserva o valor
estético e aumenta a vida útil da estrutura.
Por fim, sob o ponto de vista estético, podem-se obter ganhos significativos com a
utilização de um concreto cromático. Os concretos aparentes tradicionais, com totalidade
cinza-escuro, foram utilizados de forma bastante exitosa na composição arquitetônica, por
vários arquitetos e projetistas, dentre os quais se destaca Oscar Niemeyer. A restrição
cromática, todavia, limitava as possibilidades de composição e integração das peças na
estrutura e no entorno. O concreto cromático rompe essa barreira e amplia a esfera de
criação, proporcionando a geração de obras de alto valor artístico.
Existem ainda efeitos secundários, porém importantes, em relação à qualidade
estética. Para garanti-la, é fundamental implantar novos paradigmas de produção, com
controle cromático de insumos, sistemas de fôrmas de maior qualidade, cuidados na
execução e cura e acabamento superficial mais cuidadoso. Dessa forma, com um nível maior
de exigência e controle no processo de produção, o produto final tende a ganhar em termos
de qualidade e durabilidade.

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46.2 O Cimento Portland Branco Estrutural


O principal material usado na fabricação de concreto branco é o cimento Portland
branco estrutural. Nesta seção, apresentam-se alguns dados fundamentais sobre sua
composição, fabricação e comportamento.

46.2.1 Especificação
O cimento Portland é constituído por vários compostos, dos quais quatro (C 3S, C2S,
C3A, C4AF) são mais importantes e têm maior influência nas suas propriedades. Uma
comparação entre a composição média do cimento cinza e do cimento branco pode ser
visualizada no Quadro 1.

Quadro 1 – Compostos principais do cimento Portland (com base em: NEVILLE, 1997; LEA,
1970; TAYLOR, 1992; KIRCHHEIM, 2003).
Composto Composição em Abreviação Teores (%) Teores (%)
óxidos CP CINZA CP BRANCO
Silicato tricálcico 3 CaO.SiO2 C3S – alita 50 - 70 50 – 70
Silicato dicálcico 2 CaO.SiO2 C2S – belita 15 - 30 15 – 30
Aluminato tricálcico 3 CaO.Al2O3 C3A – aluminato 5 - 10 4 -13
Ferro aluminato 4 CaO.Al2O3.Fe2O3 C4AF – ferrita 3-8 1
tetracálcico

Pode-se notar, n quadro, que a grande diferença na composição química dos cimentos
Portland branco e cinza está na limitação do teor de C4AF. Para evitar a contaminação da cor
do produto final, o teor de ferro do cimento no cimento branco é reduzido, com consequente
aumento do teor de C3A, que é a mais reativa das fases do clínquer.
A quantidade mais elevada de C3A aumenta a reatividade do cimento portland branco,
pois essa fase se dissolve rapidamente em contato com a água, liberando grande quantidade
de calor (que chega a 300 cal/g, para a fase pura). Em qualquer tipo de cimento, para
controlar essa reação, mistura-se sulfato de cálcio ao clínquer durante o processo de
moagem, como explicam Mehta & Monteiro (2008).
A estrutura do C3A também é um fator importante na reologia do cimento branco.
Analisando os estudos relacionados à hidratação do C3A, verifica-se que duas formas
cristalinas desse composto podem ser encontradas em clínqueres industriais: a cúbica e a
ortorrômbica (TAYLOR, 1990). A forma ortorrômbica se diferencia da cúbica pela capacidade
de incorporar íons alcalinos (Na+, Fe3+ ou K+) na estrutura cristalina do C3A, em substituição
ao Ca2+ (REGOURD & GUINER, 1975).
Gobbo et al. (2004), a partir de um estudo efetuado com oito cimentos Portland
brancos e comuns, detectaram que os óxidos alcalinos encontrados nesses cimentos são
fundamentalmente Na2O, para o clínquer branco, e K2O, para o clínquer de cimento comum.
Essa distinção explica as diferenças verificadas entre os dois tipos de cimentos, relativas à
influência do C3A no início da pega.
Em relação às demandas normativas de composição química, a norma brasileira
ABNT NBR 12.989:1993 especifica alguns teores limites e exigências químicas para os
cimentos brancos, reproduzidas nos Quadros 2 e 3.

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Quadro 2 – Teores dos componentes dos cimentos Portland brancos (ABNT NBR 12989:1993).
Componentes (% em massa)
Denominação Classe Clínquer branco +
Materiais carbonáticos
sulfatos
Cimento Portland branco
25 – 32 - 40 0 – 25
estrutural 100 – 75
Cimento Portland branco
- 74 – 50 26 – 50
não estrutural

Quadro 3 – Exigências químicas para o cimento Portland branco (ABNT NBR 12989:1993).
Limites (% em massa)
Determinações químicas
CPB-25 CPB-32 CPB-40 CPB
Resíduo insolúvel (RI) 3,5 7,0
Perda ao fogo (PF) 12,0 27,0
Òxido de magnésio (MgO) 6,5 10,0
Trióxido de enxofre (SO3) 4,0 4,0
Anidrido carbônico (CO2) 11,0 25,0

Quanto às características físicas, existem duas diferenças básicas entre o cimento


branco e os cimentos cinza, as quais estão relacionadas entre si: finura e início de pega.
Como a brancura de um material tende a aumentar com o aumento da superfície específica,
os cimentos brancos são, em geral, moídos mais finamente que os cimentos convencionais.
Consequentemente, tornam-se mais reativos em contato com a água. Isso ocorre porque as
partículas menores se hidratam mais rapidamente, já que apresentam maior superfície
específica. Isso implica diretamente na curva de ganho de resistência com o tempo.
A norma ABNT NBR 12989:1993 especifica as exigências físicas e mecânicas para os
cimentos nacionais, que são reproduzidas no Quadro 4.

Quadro 4 – Exigências físicas e mecânicas para o cimento Portland branco (ABNT NBR 12989:1993).
Limites
Características e
Unidade CPB não
propriedades CPB-25 CPB-32 CPB-40
estrutural
Resíduo na peneira 45m % 12,0 12,0
Tempo de início de pega h 1 1
Expansibilidade a quente mm 5,0 5
3 dias  8,0  10,0  15,0  5,0
Resistência à
7 dias MPa  15,0  20,0  25,0 7,0
compressão
28 dias  25,0  32,0  40,0 10,0
Brancura % 78 82

46.2.2 Processo de Fabricação


O processo de fabricação do cimento cinza tradicional, amplamente conhecido,
consiste na mineração e britagem de matérias-primas selecionadas, seguida da preparação
adequada de uma mistura crua, denominada “farinha”, que é aquecida a uma temperatura
aproximada de 1.450ºC em um forno rotativo. Esse processo produz o clínquer, que,

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devidamente moído e misturado, em proporções adequadas, com sulfato de cálcio, origina o


cimento Portland.
A matéria-prima utilizada para a fabricação do cimento deve conter em sua
composição química os principais óxidos componentes do clínquer (CaO, SiO2, Al2O3 e
Fe2O3). O calcário e a argila são as matérias-primas mais comuns usadas como fonte dos
três primeiros. O minério de ferro é a principal fonte de Fe2O3, elemento importante que atua
facilitando a fusão da mistura, permitindo trabalhar com temperaturas de sinterização mais
baixas.
No caso da produção de cimentos brancos, como já foi mencionado, a presença de
Fe2O3 é indesejável, pois a coloração avermelhada típica deste elemento afeta a cor da
mistura final. Além do ferro, procura-se evitar a presença de outros oligoelementos que
induzem à coloração do cimento, tais como o Manganês (Mn), o Cromo (Cr) e o Titânio (Ti)
(BLANCO-VARELA et al., 1997).
A necessidade de usar matérias-primas selecionadas, isentas desses elementos,
encarece o processo de fabricação do cimento branco. Além disso, a ausência de ferro faz
com que seja necessário elevar a temperatura de queima do clínquer, o que afeta a dureza
dos nódulos de clínquer gerados, incrementando o tempo de moagem.
Além da restrição acerca da presença de ferro, para evitar a contaminação cromática
durante a moagem, usam-se nos moinhos bolas de cerâmica ou revestidas com cerâmica. O
combustível empregado na queima é normalmente à base de óleo ou gás, porque a
absorção de partículas em suspensão advindas da queima de certos materiais que compõem
outros combustíveis usados na fabricação de cimento cinza, tais como os utilizados durante
o co-processamento, pode interferir na coloração final do cimento produzido.
A necessidade de adoção de várias medidas para evitar a contaminação da cor eleva
o custo de produção do cimento branco, afetando seu preço final. Em termos internacionais,
o cimento branco pode custar até três vezes mais que o cimento cinza, como relatam Mehta
& Monteiro (2008), Hamad (1995) e Neville (1997).
Puertas et al. (2002) argumentam que o alto custo de produção é um fator que
restringe, em muitos casos, o uso de cimento branco. No sentido de superar esse
obstáculos, os autores citam estudos voltados para a investigação do potencial de atuação
como fundente de alguns materiais alternativos, como o par CaF2/CaSO4, o que permitiria
reduzir a temperatura de clinquerização. Já a incorporação de fluorita e de gipsita à farinha
permitiria eliminar o uso do caulim, com impactos positivos sobre o custo de produção.
Pallas (2002) faz uma ressalva com relação às reservas na divulgação do know-how
das indústrias de cimento branco, acentuando que a falta de informação sobre o processo de
produção limita os estudos e contribui para impedir o desenvolvimento de alternativas viáveis
de redução de custos.
Atualmente, nenhuma fábrica de cimento no Brasil produz cimento branco. Mesmo
havendo uma empresa brasileira que o vende com sua marca, o cimento branco é importado
do exterior. Os cimentos mais conhecidos e utilizados no Brasil são o da marca Alboorg, da
Dinamarca, e o da marca Tolteca, produzido pela CEMEX do México.
A partir de análise de dados de um relatório sobre a produção e o uso de cimento
branco, elaborado em 2003 (INTERNATIONAL CEMENT REVIEW, 2003), reproduzidos no
Quadro 5, pode-se observar que, além de ser a maior consumidora, com 27% do consumo
mundial, a Europa também é a maior produtora de cimento branco, seguida pela Ásia, na
qual predomina a figura da China.

14
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Quadro 5 – Produção estimada de cimento branco por região (International Cement Review, 2003).

Capacidade Nº de indústrias
Região Capacidade (tpa) Produção (tpa)
utilizada (%) cimenteiras
Europa 4150 3400 82 21
Ásia (só China) 4150 2700 65 >100
Região do
2625 1680 64 11
Mediterrâneo
Oriente Médio 2190 1290 59 15
Ásia (sem China) 2180 1290 59 15
América Latina 1360 1050 77 15
América do Norte 800 585 73 4

Isoladamente, a China é o país que mais produz cimento branco, seguida pela
Espanha, Turquia, México e Dinamarca. No âmbito da América Latina, somente o México e a
Colômbia possuem uma produção significante. As empresas internacionais líderes no
mercado de cimento branco são a Cemex e a Alboorg, seguidas pela Lafarge e Italcementi,
como pode ser observado na Figura 23 (INTERNATIONAL CEMENT REVIEW, 2003).

Figura 23 – Distribuição de mercado entre as empresas internacionais que produzem cimento branco.
(adaptada de INTERNATIONAL CEMENT REVIEW, 2003).

46.2.3 Comportamento
Os fatos de que o cimento branco possui teores superiores de aluminato tricálcico (C3A)
e é constituído por partículas mais finas, comparado com outros tipos de cimento, agem de
forma sinérgica no sentido de proporcionar aos concretos produzidos com cimento branco
tempos mais curtos de início de pega.
Devido a essa característica, as concretagens de elementos estruturais de grandes
dimensões de cimento branco necessitam ser muito bem controladas, pois tendem a
desenvolver picos de temperatura maiores, em virtude do elevado calor de hidratação
liberado nas primeiras idades.
Como já referido, para controlar essa reação, usa-se o sulfato de cálcio. A quantidade
de sulfato de cálcio necessária depende da sua reatividade, a qual é determinada
principalmente pela forma, finura e quantidade de água unida à molécula de sulfato de cálcio.

15
Instituto Brasileiro do Concreto – Livro CONCRETO: CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Normalmente, os sulfatos de cálcio utilizados na produção de cimento se encontram na


forma de gipsita (ou seja, sulfato de cálcio di-hidratado: CaSO4.2H2O), anidrita natural ou
anidrita solúvel (CaSO4).
A questão é que a estabilidade da gipsita, forma na qual o sulfato de cálcio é mais
comumente adicionado, depende da temperatura e umidade durante a moagem. A gipsita
pode se desidratar parcialmente quando exposta a temperaturas superiores à faixa de 90oC
a 130ºC, o que pode facilmente acontecer durante a moagem.
A gipsita, ao perder uma molécula e meia de água (formando o hemi-hidrato ou
CaSO4.0,5H2O), vai absorver e imobilizar parte da água de mistura ao se re-hidratar,
afetando a trabalhabilidade inicial da matriz cimentícia, o que pode resultar em um fenômeno
de falsa pega. Esse é um problema comum encontrado durante a produção de concretos de
cimento branco. A falsa pega ocorre sem a dissipação de calor e pode ser desfeita pela
agitação enérgica, sem adição de água.
A prevenção desse tipo de ocorrência demanda controles rigorosos tanto na indústria
(através da seleção de matérias-primas adequadas e da realização de ensaios de pega e
falsa pega antes da expedição do produto), como na própria obra (pelo controle da
temperatura dos materiais constituintes do concreto durante a estocagem e produção).
Já quando se usa o sulfato de cálcio diretamente na forma de anidrita, ou seja, na
forma desidratada, tem-se um efeito positivo na coloração do cimento, que fica mais branca,
mas a eficiência do sulfato de cálcio como regulador de pega é inferior (FONSECA &
NUNES, 1998), o que pode também afetar a trabalhabilidade em baixas idades.

46.3 Outros Materiais Constituintes


Além do cimento, na produção do concreto branco é importante efetuar uma adequada
seleção de agregados, materiais pulverulentos e aditivos, pois todos os constituintes
desempenham um papel relevante nas características e propriedades do material resultante.

46.3.1 Agregados para concreto branco

Como ocupam mais da metade do volume do concreto, é natural e esperado que os


agregados influenciem no seu comportamento. A relação entre o tipo e percentual de
agregado e a qualidade do concreto pode ser percebida tanto no estado fresco da mistura,
quanto após seu endurecimento.
A natureza do agregado e a sua granulometria são as características que mais afetam a
mistura do concreto. Quando se trata de concreto branco, a cor do agregado também é um
parâmetro de controle importante.
Inúmeros materiais inertes podem ser usados como agregados para produção de
concretos de cimento Portland branco, incluindo desde os calcários e as areias silicosas ou
argilosas, aos inertes de basalto, mármores e granitos (Figuras 24 e 25). Outros materiais
não tradicionais também podem ser empregados, dependendo da cor e dos efeitos estéticos
pretendidos, como o vidro. É importante, em qualquer caso, atentar para o teor de argila ou
de outro material qualquer e para as eventuais variações no agregado que podem ocorrer
durante o fornecimento, pois mesmo que esses teores sejam baixos, estes materiais
constituem um risco para a homogeneidade da mistura, principalmente da cor.

16
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Figura 24 – Agregados miúdos utilizados em concreto (LEVINSON & AKBARI, 2002).

Figura 25 – Agregados graúdos utilizados em concreto (LEVINSON & AKBARI, 2002).

Naturalmente, a escolha do agregado é influenciada pela sua disponibilidade na região


onde o concreto será produzido. Por exemplo, os agregados graúdos utilizados no Estado do
Rio Grande do Sul têm, predominantemente, origem basáltica, mas é possível obter bons
agregados de origem granítica e calcária. Como agregados miúdos, emprega-se,
normalmente, areia proveniente da dragagem dos rios da região.
O uso desses materiais já é consagrado para produção de misturas de concreto cinza.
No entanto, na produção de concreto branco, seu uso é discutível, já que estes agregados,
em função da sua coloração, podem alterar a cor final da mistura. Da mesma forma, em
outras regiões do Brasil, a escolha do agregado adequado deve ser analisada em função do
acabamento requerido à obra.
Os resultados de um estudo realizado por Levinson & Akbari (2002) comprovam a
interferência dos agregados na superfície de concreto utilizado para pavimentação. Os
autores avaliaram a reflectância2 de 32 misturas de concreto, usando dois tipos de cimento,
quatro tipos de agregado miúdo e quatro tipos de agregado graúdo. A Figura 26 apresenta o
aspecto visual de alguns dos concretos produzidos. Nota-se que a variação do tipo de
agregado impacta fortemente a aparência do concreto resultante.

Figura 26 – Concretos brancos com diferentes tipos de agregados (LEVINSON & AKBARI, 2002).

2
Refletância: proporção entre o fluxo de radiação eletromagnética incidente numa superfície e o fluxo que é
refletido.

17
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A opção por agregados claros acaba tornando mais fácil o controle da aparência
superficial das estruturas que fazem uso do cimento branco. Dentro desse panorama,
frequentemente são recomendados, como opção preferencial para produção do concreto
branco, os agregados provenientes da britagem de rochas calcárias (Figura 27).

The higher the cement content in concrete, the more the colour of the cement
affects the appearance of the concrete. The colour of cement depends on the raw
materials used in its manufacture, and the fineness of the cement particles. The
Figura 27 – Agregados calcários utilizados em concreto.
colour of the same type of cement produced by different manufacturers may

As exigências de qualidadetherefore vary. Colour variation


das superfícies can also occur
de concreto in batches
aparente sãoof atingidas
the same cement
através do correto dimensionamento typeda espessura
produced e controle
by one supplier datimes.
at different opacidade da camada
superficial de argamassa que recobre o material. Nos concretos cinza, a opacidade é
facilmente conseguida, mesmo comTouma obtaincamada
an exact superficial
match when de pequena
patching espessura,
concrete, pois
it is preferable to a
use the
argamassa tem uma coloração escura. Em concretos brancos a espessura da camada
same supplier, and the same batch of cement. It is usually necessary to
superficial composta de argamassa deve ser maior para que se possa ter opacidade
substitute white Portland cement for some grey cement to produce a colour
suficiente e evitar que ocorra um sombreamento do agregado graúdo. Para isso é necessário
closely matching the surrounding concrete. The amount of white cement should
aumentar o teor de finos. A utilização de fíleres é uma estratégia positiva para atingir esse
be determined quer
objetivo, quer por razões de ordem econômica, by making test mixes
por razões deforordem
each individual
técnica, job.
poisIf uma
the original
excessiva dosagem de cimento implica concreteemmatrix
um ismaior
white, calor
a smallde hidratação
amount e maior
of grey cement may berisco de in the
needed
fissuração (FONSECA & NUNES, 1998). mix .[15]

Podem ser produzidos concretos aparentes com agregados expostos. Nesse caso,
pode-se lixar a superfície ou erodi-la
4.2 por meio de jatos de água, expondo o agregado, a
Aggregates
figura 28a apresenta as mudanças que ocorrem ao fazer este tratamento no concreto. O tipo
Aggregates are normally divided into fine and coarse aggregates, but there is a
de agregado será fundamental na estética e coloração da matriz. A Figura 28b mostra como
vast array of aggregates in the world, made up of thousands of different
as diferenças geológicas das rochas podem interferir no aspecto final da superfície de um
concreto com agregados expostos. geological types. The pictures below (Figure 8) depict how different geological
types and colours of aggregate affect the surface colour of concrete.

a) b) Figure 8: Aggregates influence the concrete surface


Figura 28 – Mudança na superfície do concreto branco (ALBOORG, 2006) (a) e interferência do tipo
geológico do agregado (ZHANG, 2005) (b) no acabamento final do concreto com agregados expostos.
40

18
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Em resumo, para produção do concreto branco, os agregados utilizados devem ser


escolhidos com cuidado, atentando para a tonalidade e contaminação por substâncias
pulverulentas que possam afetar a coloração.
Agregados finos de coloração mais escura podem influir fortemente na cor final do
concreto, já que o agregado miúdo envolve o agregado graúdo, enquanto os finos
preenchem os espaços entre os agregados graúdos que definirão a tonalidade da mistura,
mesmo quando esta for feita com cimento branco. A cor do agregado graúdo não influencia
tanto quanto a do miúdo, apenas quando este for exposto. No entanto, a tonalidade deste
agregado pode provocar sombreamentos na superfície do concreto, se exposto devido a
lascamentos de quinas, poderá interferir na estética do conjunto.

46.3.2 Aditivos

O uso de aditivos na fabricação de concretos já é amplamente difundido no meio


técnico. Nos dias atuais, é pouco comum um concreto ser produzido sem que seja
acrescentado algum tipo de aditivo, como plastificante, superplastificante, modificador de
viscosidade ou até mesmo um controlador de hidratação.
Os aditivos desempenham um papel fundamental na qualidade do concreto cromático,
em especial do concreto branco, dadas as características específicas do cimento branco e o
eventual emprego de agregados artificiais. Para assegurar uma consistência fluida ao
concreto fresco, que permita o seu adequado lançamento, torna-se praticamente obrigatório
o uso de aditivos plastificantes e/ou superplastificantes.
Geralmente, os superplastificantes mais tradicionais, à base de melamina ou naftaleno,
reduzem de 12% a 30% da água adicionada no concreto. Já os superplastificantes de
terceira geração, à base de policarboxilatos, apresentam taxas de redução de água de
amassamento superiores a 40%.Dada sua maior eficiência, este é o aditivo normalmente
empregado na fabricação do concreto branco.
Deve-se atentar para a coloração do aditivo, sendo recomendável usar formulações à
base de carboxilatos, melamínicos ou policarboxilatos, que tendem a ser líquidos de cor
clara, ao invés de aditivos à base de naftaleno sulfonado, que tendem a ser mais escuros.
Uma estrutura de concreto branco aparente, na qual a estética tem valor fundamental,
não deve, em princípio, apresentar nenhuma falha de concretagem, pois as eventuais
correções ou diferenças de textura ficarão visíveis, prejudicando a estética do local. Assim,
ao se dosar um concreto branco, é recomendável especificar valores de abatimento de
tronco de cone superiores a 180 mm, sendo comum dosar esse concreto de forma a garantir
que o material se espalhe e se auto-adense.

46.3.3 Adições minerais e pigmentos


O uso de certas adições minerais nas misturas de concreto é comprovadamente
favorável para o desenvolvimento da resistência e melhoria da durabilidade.
Diversos tipos de adições podem ser incorporados ao concreto. Dentre eles se
destacam os fíleres, a cinza volante, a escória de alto-forno, a sílica ativa e o metacaulim. No
caso de concretos brancos, o cuidado mais evidente é evitar o emprego de adições que
afetem de forma indesejável a cor, já que a fração fina presente na mistura terá forte
influência na coloração final do concreto.

19
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Os fíleres são geralmente inertes; no entanto, fornecem um efeito físico muito


importante, pois preenchem os vazios deixados pelos agregados, podendo melhorar
propriedades como coesão, compacidade, resistência e acabamento superficial. Deve-se
ponderar a sua utilização em função de sua tonalidade, pois cada tipo de fíler poderá
apresentar um índice de reflectância diferenciado. Por exemplo, fíleres calcário, silicosos e
de mármore, testados por Fonseca & Nunes (1998), apresentaram índice de refletância de
73, 78 e 82, respectivamente. Quanto maior o valor de refletância, mais claro o material e
menor o seu impacto na cor final do concreto.
Das adições quimicamente ativas, a cinza volante, embora seja muito utilizada em
concretos cinza convencionais, não se adequa aos concretos brancos, devido à grande
variabilidade das cores obtidas, já que os produtores não conseguem garantir
homogeneidade em sua produção. Inclusive, a norma inglesa BS EM 206-1BS 8500
(BRITISH CEMENT ASSOCIATION, 2000) não permite seu uso em concretos cromáticos.
A sílica ativa atua beneficamente no concreto de forma mais ampla que os fíleres,
devido ao pequeno tamanho de suas partículas (cerca de 0.1 m, aproximadamente 100
vezes menores que as do cimento), o que gera um efeito físico de empacotamento e uma
maior aceleração nas reações de hidratação do cimento, além do efeito químico pozolânico.
No entanto, sua tonalidade também é um fator agravante, devendo-se tomar cuidado com a
porcentagem utilizada na mistura. Teores maiores que 5% interferem na coloração do
concreto (PASSUELO et al., 2004c). Mas quando se refere à durabilidade, estudos
realizados por Kirchheim et al. (2004c) comprovam que essa proporção traz benefícios aos
concretos brancos produzidos, incrementando essa característica.
O metacaulim, da mesma forma que a sílica ativa, tem efeitos pozolânico e físico,
devido à sua composição química e finura. O metacaulim pode ser produzido de duas
formas. A primeira é a partir da calcinação da argila caulinítica em temperaturas que variam
entre 500ºC e 800ºC, com posterior moagem do material. Todavia, a utilização desse
material como adição em concretos cromáticos merece cuidados especiais, pois a tonalidade
final da adição se caracteriza por um tom rosáceo. Passuelo et al. (2004c) demonstram a
interferência da adição de sílica ativa e metacaulim na cor, o que pode ser observada na
Figura 29. As amostras com adição de sílica ativa possuem tendência ao cinza com o
aumento dos teores. Já as de metacaulim aproximam-se do alaranjado, tendo aparência
rosada.
A segunda forma de obtenção do metacaulim consiste na utilização do rejeito da
indústria do papel, sofrendo, da mesma forma, o processo de calcinação e moagem. O uso
dessa matéria-prima, além dos benefícios inferidos pela sua excelente atividade pozolânica,
ainda apresenta vantagens ecológicas por dar uma solução para a utilização dos resíduos da
fabricação do papel (SOUZA & DAL MOLIN, 2002). Além disso, por sua tonalidade
extremamente clara, torna-se muito atraente sob o ponto de vista colorimétrico.

Figura 29 – Aspecto dos corpos-de-prova com as adições de metacaulim proveniente da argila e sílica ativa.
(PASSUELO et al, 2004b).

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Muitos estudos vêm sendo realizados em concretos brancos com adição de elevados
teores (até 70%) de escória de alto-forno (EAF) ativada quimicamente ou não (LUBECK,
2008; BARIN, 2008; SIQUEIRA, 2008; DELLINGHAUSEN, 2009). Segundo os autores,
excelentes resultados podem ser obtidos frente à durabilidade e às propriedades mecânicas
dos concretos dosados. Mesmo utilizando EAF, o índice de brancura mínimo satisfatório
exigido pela NM 3:2000 de 78% foi obtido nos testes realizados quando em pastas com
100% de CPB, 100% de EAF, 50% CPB + 50% EAF e CPB + 70% EAF 30%.
No entanto, Dellinghausen et al. (2009) destacam que o aumento do teor de EAF
(testados os teores 0%, 50% e 70%) resultou em decréscimo nos valores de resistência à
compressão, de retração e de penetração de cloretos tanto para cimento cinza tradicional,
quanto para cimento branco. A diminuição no período de cura proporcionou maiores valores
de retração e de penetração de cloretos, tanto no concreto branco, quanto no cinza,
independentemente do teor de escória utilizado.
Além das adições minerais, existem
diversos tipo de pigmentos, como os óxidos de
ferro, cromo e cobalto, a figura 30 apresenta
algumas possibilidades de coloração do concreto
branco com estes pigmentos. Entretanto, é
importante salientar que nem todos eles são
adequados para serem utilizados na produção de
concretos cromáticos. Mehta & Monteiro (2008)
evidenciam que é necessário verificar se esses
produtos produzirão interferências nas
características de pega, no endurecimento e na
durabilidade, além de garantir estabilidade da cor
quando expostos à luz e às intempéries.
Figura 30 – Aspecto do concreto branco com
adição de pigmentos de colorações variadas
(ALBOORG, 2006)
Nesta linha, Aguiar (2006) estudou a influência do teor de adição de pigmentos na
resistência à compressão dos concretos de cimento Portland branco. A pesquisadora avaliou
dois tipos de pigmentos em três tonalidades, nos teores de 3%, 6% e 9%. Os resultados
indicaram que o aumento do percentual adicionado reduz, significativamente, a resistência à
compressão dos concretos, além de diminuir a sua trabalhabilidade no estado fresco. No
entanto, Piovesan & Dal Molin (2009) analisaram a influência da adição de pigmentos (até
10%) nas propriedades de durabilidade de concretos brancos. As autoras verificaram um
pequeno aumento na resistência à compressão, devido ao efeito físico provocado pelo
pigmento, que propiciou melhor empacotamento dos grãos na matriz cimentícia. Verificou-se,
também, que o teor de adição dos pigmentos não influenciou a absorção de água nem a
profundidade de carbonatação.

46.3.4 Sistemas de Proteção Superficial


Passuelo et al. (2006) verificaram a influência de diversos tipos de sistemas de
proteção na redução da taxa de absorção de água e na cor do concreto branco. Foram
analisados os impermeabilizantes acrílicos, os hidrorrepelentes à base de silanos e siloxanos
e os sistemas de hidratação secundária à base de silicatos. Os autores concluíram que todos
os sistemas de proteção analisados reduziram a absorção capilar do concreto e aumentaram

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a resistência à penetração de água. A cor do concreto branco não foi alterada quando
aplicado com os sistemas hidrofugantes à base de silanos e siloxanos nem com o produto à
base de silicatos. Esses materiais foram considerados adequados para a proteção das
superfícies de concretos cromáticos.

46.4 Características do Concreto Branco

46.4.1 Propriedades Mecânicas


As propriedades mecânicas do concreto estão diretamente relacionadas ao seu
potencial em resistir a esforços solicitantes. A resistência à compressão é a propriedade mais
analisada nas frentes de estudos, pois os seus valores são utilizados como principal
indicador da qualidade do concreto, mantendo correlação com praticamente todas as demais
propriedades, tanto mecânicas quanto de durabilidade.
Diversas pesquisas indicam que o cimento Portland branco estrutural, com mesma
dosagem de concreto, promove resultados de resistência mecânica similares e até
superiores aos encontrados em concretos e argamassas moldados com cimento cinza.
Benitez et al. (2002a) realizaram estudos comparativos entre um cimento branco e um cinza
(que corresponde ao CPV-ARI), utilizando dosagem para concretos convencionais. Foi fixado
o consumo de cimento em 3303kg/m3 e o abatimento do concreto fresco em 101cm, além
de ser utilizado aditivo plastificante e retardador de pega. Os valores encontrados para
resistência à compressão podem ser visualizados no Quadro 6. Os autores encontraram
valores de resistência à compressão, aos 7 dias, 20% maiores para os concretos moldados
com cimento branco do que com o cinza. Nos concretos com aditivo, a resistência à
compressão dos concretos brancos foi 35% maior, e a dos concretos cinzas foi 10% maior na
idade de 28 dias, quando comparados ao concreto de referência.
Benitez et al. (2002b), utilizando cimentos branco e cinza (CPV-ARI) de igual
categoria, dosaram concretos de alto desempenho, fixando o consumo de cimento em
4104kg/m3 e abatimento de 182cm, obtendo relação a/c de 0,35 e 0,40 para concretos de
cimento branco e cinza, respectivamente. Os valores de resistência à compressão nas
idades de 3, 7 e 28 dias podem ser visualizados no Quadro 7.

Quadro 6 – Resistência à compressão de concretos moldados com cimentos branco e cinza (CPV).
Norma Concreto com cimento branco Concreto com cimento cinza
Idade
Resistência à IRAM Referência c/ aditivo Referência c/ aditivo
compressão (MPa) 7 dias 32,4  0,8 35,51,3 26,81,0 34,71,4
1546
28 dias 35,6  1,2 48,11,7 31,71,6 38,01,2
Fonte: Benitez et al (2003)
Quadro 7 – Resistência à compressão de concretos moldados com cimentos branco e cinza (CPV).
Norma
Idade Concreto com cimento branco Concreto com cimento cinza
IRAM
Resistência à 3 dias 45,4  0,1 37,70,6
compressão
(MPa) 7 dias 56,0  1,2 47,90,6
1546
28 dias 60,0  3,9 53,4  2,7
Fonte: Benitez et al (2002)
Conforme os autores, esses valores de resistência poderiam ser considerados
comparáveis em função da diferença obtida na relação água/cimento, menor no caso do

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concreto produzido com cimento branco, já que esta relação variou em virtude da fixação do
abatimento.
Quando comparou concretos com emprego de cimento cinza e de cimento branco,
com mesma relação água/cimento de 0,55, Katz (2002) obteve resultados significativamente
maiores para os concretos moldados com cimento branco. Os valores de resistência
mecânica encontrados podem ser visualizados no Quadro 8.

Quadro 8 – Propriedades mecânicas de concretos moldados com cimento branco e cinza (KATZ, 2002).
Concreto com Concreto com
Idade
cimento branco cimento cinza
Resistência à 7 dias 36,8 21,6
compressão
(MPa) 28 dias 42,1 34,6
90 dias 58,9 -
Resistência à Flexão (MPa) 6,7 6,1
Resistência ao cisalhamento (MPa) 5,0 3,3
Módulo de elasticidade (Gpa) 23,1 22,7

Com relação à resistência à compressão, aos 28 dias, o concreto moldado com


cimento branco obteve valores 18% maiores que o moldado com o cimento cinza (KATZ,
2002). Mesmo para as demais propriedades mecânicas avaliadas (módulo de elasticidade,
resistência ao cisalhamento e resistência à flexão), os concretos moldados com cimento
branco sempre obtiveram valores superiores que os moldados com cimento cinza.
Kirchheim (2003) avaliou comparativamente cinco cimentos, dos quais quatro eram
cimentos brancos (CPB1, CPB2, CPB3 e CPB4) e um cimento cinza convencional (CPV-
ARI). Os resultados demonstram (Figura 31) que o CPV-ARI possui um desempenho
superior aos cimentos brancos analisados. No entanto, aos 28 dias, os resultados foram
bastante próximos, podendo se afirmar que os concretos com cimentos brancos analisados
(com exceção do CPB1, que logo após a pesquisa deixou de ser fabricado) possuem
desempenho similar ao concreto moldado com CPV-ARI.
45

40

35
fc (MPa)

30

25

CP-V
20 CP-B1
CP-B2
CP-B3
15
3 dias 14 dias 28 dias CP-B4
Idade

23
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Figura 31 – Resistência à compressão em função da interação entre o tipo de cimento e a idade (KIRCHHEIM,
2003).

O Centro de Investigaciones Avanzadas en Tecnologia del Hormigón (CIATH, 2002)


desenvolveu uma pesquisa utilizando concretos moldados com cimento Portland branco,
com e sem adição de pigmentos coloridos. Para esse estudo, foi definida a relação
água/cimento de 0,65 para concretos coloridos e 0,63 para concretos brancos, sendo
utilizados 7,0 e 9,0l/m3 de aditivo superplastificante para moldagem dos concretos branco e
colorido, respectivamente. Os resultados dos ensaios de compressão podem ser
visualizados no Quadro 9.

Quadro 9 – Resistência à compressão de concretos com pigmentos (CIATH, 2002).


Norma Concreto com cimento Concreto com cimento branco
Determinação
IRAM branco (MPa) pigmentado (MPa)
13,13 26,43
7 dias 28,35 28,97
28,29 28,01
Resistência à compressão 18,16 33,27
1546
(MPa) 38,14 33,78
28
39,39 37,07
dias
32,59 35,93
32,93 35,20

Mesmo com o emprego de traços diferentes, em função da quantidade de aditivo e


relação a/c, percebe-se que não há grande influência do pigmento na resistência à
compressão dos concretos.
O uso da sílica ativa em concretos cinza já está consolidado como benéfico na
resistência à compressão. Em concretos brancos, Kirchheim et al. (2004d) demonstram que
a adição de 5% de sílica ativa aumenta sua resistência à compressão, como mostra a Figura
32. Nela se observam que os concretos com adição de sílica ativa, quando comparados aos
sem adição, na relação a/agl 0,42, apresentaram, para as três idades (3, 7 e 28 dias),
acréscimo de resistência de 26,8%, 22,1% e 16,5%, respectivamente. O melhor desempenho
desses concretos pode ser atribuído à densificação da pasta de cimento hidratada,
proporcionada pela sílica, resultando em um refinamento de sua estrutura de poros,
promovendo, assim, o aumento da resistência mecânica.

55

50
Resistência à compressão (MPa)

45

40

35

sem adição
30
5% sílica ativa
24
25
3 7 28
Idade (dias)
Instituto Brasileiro do Concreto – Livro CONCRETO: CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Figura 32 – Resistência à compressão em função da interação entre a porcentagem de adição e a idade


(KIRCHHEIM et al, 2004d).

A influência do tipo de agregado em concretos moldados com cimento branco foi


analisada por Passuelo (2004). Foram verificados os valores de módulo e resistência à
compressão de concretos moldados com agregados graúdo calcário e basáltico e agregado
miúdo calcário e areia quartzosa, em concretos com e sem adição de sílica ativa, em três
relações água/aglomerante. Os valores potenciais dos concretos com 28 dias de idade
podem ser observados no Quadro 10. Os resultados demonstram claramente a influência
positiva da sílica ativa. Os concretos moldados com agregados graúdo e miúdo calcário
obtiveram maiores resultados de resistência à compressão, provavelmente em função do
melhor empacotamento granulométrico fornecido pelos finos presentes na mistura.
Quadro 10 – Resistência à compressão e módulo de deformação de concretos com diferentes agregados
(PASSUELLO, 2004).

Módulo de
Resistência à
deformação
compressão (MPa)
(Gpa)
agregado a/agl
graúdo/ Sílica 0,42 0,51 0,60 0,42 0,51 0,60
miúdo ativa
calcário/ 0% 63,8 47,2 37,1 41,2 33,7 28,4
calcário 5% 73,6 45,1 40,5 43,1 35,8 28,7
basalto/ 0% 49,9 39,9 29,0 43,7 33,4 33,8
calcário 5% 65,3 49,3 31,0 44,5 36,8 30,6
calcário/ 0% 51,2 38,9 31,0 39,2 31,9 30,4
areia 5% 61,9 44,2 31,1 36,2 35,6 37,1
0% 48,2 37,7 27,2 43,1 33,3 31,7
basalto/areia
5% 53,5 39,3 29,4 42,2 35,1 29,7

46.4.2 Durabilidade
A avaliação da durabilidade de um concreto é uma atividade complexa. Efeitos físicos,
químicos e mecânicos interferem no desempenho quanto à durabilidade, muitas vezes
atuando sinergicamente. Poucos estudos de durabilidade já foram realizados avaliando
concretos brancos. São descritos, a seguir, os principais resultados obtidos até o momento.

46.4.2.1 Absorção D’água

Diversos pesquisadores têm demonstrado que o cimento Portland branco estrutural


promove resultados de absorção de água por capilaridade semelhantes ou até superiores
aos encontrados em concretos e argamassas moldados com cimento cinza, nas mesmas
situações de dosagem.

25
Instituto Brasileiro do Concreto – Livro CONCRETO: CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Carvalho & Calavera (2002) investigaram a influência do tipo de cimento (branco e


cinza), da relação água/cimento e do tipo de pigmento incorporado ao concreto. O estudo
consistiu na exposição dos corpos-de-prova, durante um período aproximado de um ano, aos
seguintes ambientes: câmara de cura, ciclos de molhagem/secagem, exposição à radiação
ultravioleta e à intempérie. Sobre os corpos-de-prova curados em ambiente de laboratório
foram determinados, aos 35 dias de idade, as coordenadas cromáticas, porosidade,
absorção por capilaridade, profundidade de carbonatação, permeabilidade à água sob
pressão, e juntamente foi determinada a resistência à compressão. Para a determinação da
porosidade, os concretos foram ensaiados seguindo o método indicado pela ASTM C 642-06.
Os valores obtidos com relação à permeabilidade indicam que o concreto fabricado com
cimento branco é mais permeável que o fabricado com cimento cinza (CP-II).
Katz (2002) analisou a absorção de água de concretos moldados com cimentos
Portland branco e cinza. Os valores para ambos os concretos no ensaio de absorção capilar
foram similares, atingindo 0,58kg/m²/h½ para concretos moldados com cimento branco e
0,63kg/m²/h½ para concretos moldados com cimento cinza. Com relação à absorção total, os
concretos moldados com cimento branco e cinza obtiveram valores percentuais de 3,8% e
3,9%, respectivamente.
Analisando quatro concretos brancos de diferentes fabricantes (CPB1, CPB2, CPB3 e
CPB4) comparativamente a um concreto cinza (CPV), Kirchheim (2003) e Kirchheim et al.
(2004b) apresentaram os resultados que podem ser visualizados na Figura 33. O método
utilizado no estudo foi o proposto por Kelham (1988). Analisando-se os resultados, percebe-
se que todos os concretos brancos obtiveram redução dos valores, quando comparados ao
concreto moldado como referência, com exceção do concreto com cimento branco tipo 3
(CPB3), na relação a/c de 0.6. Isso confirma que concretos moldados com cimento Portland
branco possuem desempenho satisfatório, quando analisada a taxa de absorção de água por
capilaridade.
Kirchheim et al. (2004e), utilizando o mesmo método de ensaio, verificaram a
influência de dois tipos de adições (sílica ativa e metacaulim), em cinco teores (0, 2.5, 5.0,
7.5 e 10%), na capacidade de redução de absorção de água em argamassas produzidas
com cimento Portland branco estrutural
Taxa de(Figura
absorção34).
m édia

0,12
cpv

0,1 cpb1
cpb2
TA [(g/cm² * h1/2)]

0,08 cpb3
cpb4
0,06

0,04

0,02

0
0,4 0,5 0,6

a/c
Figura 33 – Taxa de absorção de concretos executados com cimentos cinza e brancos (KIRCHHEIM,
2003).

26
Instituto Brasileiro do Concreto – Livro CONCRETO: CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Figura 34 – Taxa de absorção da interação entre o percentual de adição e o tipo de adição (KIRCHHEIM et
al (2004e).

As menores taxas foram observadas nas argamassas moldadas com sílica ativa.
Destaca-se a redução significativa da taxa nas argamassas com sílica ativa em teores
elevados (5%, 7,5% e 10%), quando comparada às argamassas com adição de metacaulim
nesses mesmos teores. Para teores abaixo de 5%, não houve diferença representativa.
Barin (2008) analisou o desempenho de diferentes misturas de concretos produzidos
com cimento Portland branco com altos teores de escória de alto-forno, com e sem ativador
químico sulfato de sódio (Na2SO4), frente à absorção capilar. Foram adotados os teores de
adição de escória de 0% e 50%, sem e com ativador químico, nos teores de 4% e 7%. Para
cada mistura, três relações água/aglomerante (0,30, 0,42 e 0,55) foram utilizadas. Os
resultados obtidos indicam que a absorção capilar diminui com o aumento no teor de adição
de escória, em decorrência do fenômeno de refinamento dos poros.

46.4.2.2 Penetração de Cloretos

Quanto às pesquisas realizadas para caracterizar a suscetibilidade de concretos


brancos frente à penetração de cloretos, Mattos & Dal Molin (2003) realizaram estudo
comparativo em concretos moldados com cimento branco (CPB) e cinza (CPI), utilizando
agregado graúdo basáltico e miúdo quartzoso. Os concretos com CPI obtiveram menor
penetração de íons cloreto. Para a relação água/cimento 0,4, 0,5 e 0,6, essa redução foi de
23%, 9,4% e 1,1%, respectivamente. Uma das justificativas dada pelas autoras,
fundamentada em Mehta & Monteiro (1994), foi a incorporação de ar ocasionada pelo aditivo
nos concretos com cimento branco. Essa situação também pode ser explicada em função da
composição química do CPB, visto que a quantidade de aluminatos disponíveis para se
combinarem quimicamente com os íons cloreto, mesmo apresentando um maior teor de C 3A,
pode não ter sido suficiente para proporcionar um desempenho superior ao apresentado
pelos concretos com o CP I, devido à adição do fíler calcário. Zielinska (1972), citado por
Neville (1997), constatou que o CaCO3, normalmente presente no fíler calcário, reage com o
C3A e com o C4AF, resultando em monocarboaluminatos de cálcio
(3CaO.Al2O3.CaCO3.11H2O).

27
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Kirchheim et al. (2004c) analisaram o efeito da adição de 5% de sílica ativa em relação


à massa de cimento branco em concretos moldados com três relações água/aglomerante
(0.42, 0.51 e 0.60), frente à resistência à penetração de cloretos, por meio do método
proposto pela ASTM C 1202 (1992), obtendo os resultados apresentados na Figura 35.
6000

5500

5000

4500
Carga Passante (Coloumbs)

4000

3500

3000

2500

2000

1500

0,42
1000
0,51
0% 5%
0,60
a/c

Figura 35 – Penetração de íons cloreto em concretos brancos com adição de sílica ativa (KIRCHHEIM et al.,
2004c).

O aumento da relação água/aglomerante resultou no incremento na carga total


passante, devido ao aumento da porosidade da pasta. Conforme o critério de classificação
da resistência à penetração de cloretos da ASTM C 1202 (1992), os concretos sem adição
de sílica ativa, nas relações água/aglomerante 0,51 e 0,60, apresentaram alta penetração, ao
passo que os concretos na relação água/aglomerante 0,42 apresentaram penetração
moderada. Os concretos com adição de 5% de sílica ativa, nas relações 0,51 e 0,60,
obtiveram uma redução significativa da carga passante (30% e 43%, respectivamente),
obtendo uma penetração moderada. A maior redução se deu para os concretos na relação
água/aglomerante 0,42, com adição de sílica ativa; para estes, a penetração foi baixa,
obtendo uma redução de 46% na carga passante, quando comparados aos concretos sem
adição.
Andrade & Nobre (2005) avaliaram a penetração de cloretos em concretos moldados
com CPB e CPV-ARI por meio de ensaios não acelerados. Prismas-protótipos foram
moldados nas dimensões 10 cm x 20 cm x 50 cm e colocadas em soluções com
concentração de 3,5% de NaCl. Após o período de seis meses, os autores verificaram
concentrações de cloretos maiores que o teor de cloretos considerado limite para
despassivação – 0,4% em relação à massa de cimento – em todos os concretos avaliados.
Siqueira (2008) estudou a ação dos íons cloreto em concretos de CPB, substituídos
parcialmente por escória de alto-forno (EAF), com e sem ativação química. O ativador
químico foi eficiente em relação à resistência à compressão, pois as misturas sem o ativador
apresentaram resistências à compressão inferiores em relação à resistência do concreto de
referência. Entretanto, o uso de escória apresentou melhores desempenhos quanto à
penetração de cloretos. Em consonância com esses resultados, Dellinghausse et al. (2009)
investigaram a influência do teor de escória de alto-forno, do prazo de cura na penetração de
cloretos por imersão em solução de NaCl e na resistência à compressão axial de concretos

28
Instituto Brasileiro do Concreto – Livro CONCRETO: CIÊNCIA E TECNOLOGIA

compostos de cimento CPV-ARI e CPB-40. Os autores observaram que o aumento no teor


de escória resultou em menores valores de resistência à compressão e de profundidades na
penetração íons cloreto.

46.4.2.3 Resistividade elétrica

Lubeck (2008) avaliou o desempenho de concreto de CPB com substituição do


cimento por escória de alto-forno (EAF), com e sem ativação química, quanto à resistência
elétrica. A finalidade da pesquisa era avaliar a facilidade de acesso de agentes agressivos,
antes de instalado o processo corrosivo, bem como estimar a velocidade deste acesso
depois de estabelecido. Foram moldadas quatro misturas: uma de referência, a segunda com
50% de teor de substituição de escória por cimento, outra com 70% de teor de substituição, e
a quarta mistura com 50% escória, sendo também adicionados nesta última 4% de Na2SO4
como ativador químico. O autor verificou um aumento progressivo da resistividade à medida
que o teor de escória aumentava, além de constatar uma menor condutividade da solução
aquosa e um refinamento da estrutura de poros da pasta. Entretanto, a resistência à
compressão diminuiu com o aumento do teor de substituição. Porém, quando foi adicionado,
o ativador químico se mostrou eficiente no desenvolvimento da resistência à compressão,
ficando bem próximo dos concretos referências.

46.4.2.4 Profundidade de Carbonatação

Mesmo existindo poucas pesquisas que caracterizam a durabilidade frente à


carbonatação de concretos moldados com cimento Portland branco, os resultados de alguns
estudos demonstram o desempenho similar ou até superior aos dos concretos moldados com
cimento Portland cinza.
Como exemplo, o estudo de carbonatação realizado por Kirchheim (2003), em que
foram avaliados comparativamente cinco cimentos, dos quais dois cimentos brancos
nacionais (CPB1 e CPB2), dois importados (CPB3 e CPB4) e um cimento cinza convencional
(CPV-ARI), gerou modelos que permitiram traçar as curvas visualizadas na Figura 36.

16
Profundidade de Carbonatação (mm)

CPV
14
CPB1
12 CPB2
CPB3
10
CPB4
8

0
0.3 0.4 0.5 0.6 0.7
Relação água/cimento
Figura 36 – Curva prevista para profundidade de carbonatação de concretos confeccionados com cimentos
cinza e branco (KIRCHHEIM, 2003).

29
Instituto Brasileiro do Concreto – Livro CONCRETO: CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Ao analisar conjuntamente todos os concretos, nota-se que o concreto moldado com


cimento cinza obteve desempenho intermediário frente à carbonatação, quando comparado
com os moldados com cimento branco. Além disso, os valores praticamente se igualaram e
se aproximaram de zero para todos os cimentos na relação a/c=0,4.
Katz (2002) avaliou a profundidade de carbonatação em concretos moldados com
cimentos branco e cinza. O ensaio de carbonatação acelerada teve um teor de CO 2 de 5%,
com temperatura na faixa dos 30ºC e umidade relativa do ar em 60%. Os resultados
demonstram um melhor desempenho para os concretos moldados com cimento branco
(Quadro 11).

Quadro 11 – Profundidade de carbonatação de concretos moldados com cimentos branco e


cinza (KATZ, 2002).
.
Profundidade de

Topo Fundo Lados


carbonatação

Idade (dias)
CPB CPC CPB CPC CPB CPC
(mm)

0 3,1 2,7 0,7 1,5 1,5 2,3


3 6,3 8,8 4,5 6,6 6,2 10,9
7 7,4 13,8 5,9 10,8 7,3 12,8

46.4.2.5 Corrosão de Armaduras

A utilização de armaduras protegidas contra corrosão se torna indispensável na


produção de concreto branco aparente, principalmente quando a obra estiver em ambiente
agressivo. Evitar a corrosão é muito importante, pois, somada à degradação dos elementos
de concreto, a corrosão altera o efeito estético da estrutura. Vários fatores – tais como a
finura, reatividade e quantidade de cimento, a elevada fração de finos, a relação
água/aglomerante reduzida, a presença de sílica ativa e a reatividade do calcário –
contribuem para que o material seja resistente e apresente baixa permeabilidade. Essa
qualidade já pôde ser evidenciada em diversas pesquisas.
Em estudo realizado por Kirchheim et al. (2004c), todos os resultados de análise de
resistência à corrosão em concretos brancos foram superiores aos obtidos no experimento,
em condições semelhantes, com corpos-de-prova de concreto convencional. Foi verificada,
comparativamente, por meio de um ensaio de corrosão acelerado tipo CAIM (exposição de
cps em solução salina de 35 g/l de cloreto de sódio, com corrosão estimulada pela imposição
de ddp de 70 V), a eficiência de sistemas de proteção contra corrosão aplicada nas barras de
aço. Foram testados dois sistemas com adição de zinco e um de base epóxi, que foram
comparados a barras de aço comum e galvanizado. Os resultados demonstraram que todos
os sistemas de proteção das barras testados foram eficientes, reduzindo a intensidade de
corrosão em relação às barras não protegidas. As barras galvanizadas tiveram bom
desempenho, similar aos sistemas de proteção, com exceção dos pontos onde barras eram
cortadas, expondo o aço. Para aumentar a durabilidade, portanto, devem-se evitar cortes das
armaduras em obra e cuidar para que a camada galvanizada não seja significativamente
danificada por ações mecânicas.
Kirchheim et al. (2005b) compararam diferentes sistemas de proteção de corrosão de
armaduras na aderência entre as barras de aço e o concreto branco por meio do ensaio de
arrancamento direto. Foram testados três produtos de proteção contra a corrosão (à base de
zinco, epóxi e epóxi com zinco). Os autores constataram a perda de aderência

30
Instituto Brasileiro do Concreto – Livro CONCRETO: CIÊNCIA E TECNOLOGIA

estatisticamente significativa quando utilizados os sistemas de proteção devido à diminuição


da profundidade das nervuras.

46.4.2.6 Retração

A retração do concreto está associada à redução de volume causada pela utilização


da água durante o processo de hidratação do cimento, e à secagem causada pela
evaporação. As fissuras acabam sendo formadas porque, normalmente, as estruturas
possuem restrições a esse movimento, fato que provoca o desenvolvimento de tensões
internas na matriz cimentícia, normalmente caracterizada por uma baixa resistência à tração.
O cimento branco, conforme explicado anteriormente, é um aglomerante mais reativo
devido ao maior teor de C3A, além de ser caracterizado por partículas de menores
dimensões. Essa reatividade mais elevada normalmente leva ao desenvolvimento de
temperaturas maiores na estrutura, situação que provoca a geração de elevadas tensões
internas de tração no material. Além disso, o alto consumo inicial de água, exigido nas
reações de hidratação, provoca uma aceleração da secagem na superfície, gerando
elevadas tensões internas na camada superficial do concreto, as quais muito facilmente
superam a sua resistência a tração, provocando, assim, fissuração generalizada.
A verificação de problemas associados à fissuração do concreto branco de obras
recentemente realizadas no Brasil não é uma surpresa, tendo em vista a falta de pesquisas
específicas sobre o tema no país. Somente em 2009 foram realizados estudos que avaliaram
o desempenho de concretos brancos em relação à retração. Dellinghausen (2009) avaliou a
retração livre de concretos, substituindo parte do cimento (CPB e CPV) por escória de alto-
forno (EAF), nos teores de 0%, 50% e 70%. Os resultados obtidos pelo autor mostraram
reduções da retração na presença desse produto. Foram observados, também, maiores
valores de retração nos concretos produzidos com cimento branco em relação ao cinza
tradicional, inclusive nas misturas contendo escória. O estudo é de extrema importância para
encontrarem-se alternativas de adições minerais possíveis de serem utilizadas na produção
de concreto branco, haja vista a coloração clara desse resíduo. Entretanto, essas pesquisas
avaliaram somente a retração livre desses concretos. É necessário, ainda, avaliar o
comportamento desses materiais quando submetidos a situações reais de restrições.
Adições minerais expansivas, como o óxido de cálcio (CaO), também podem contribuir
na redução da retração para concretos armados produzidos com cimento branco. A
expansão controlada desse mineral compensa, em parte, a retração hidráulica do concreto,
criando, na presença das armaduras, uma forma de protensão química. Pesquisas realizadas
com cimento cinza convencional já demonstraram a eficiência dessa técnica, muito utilizada
nos Estados Unidos e na Europa na produção de pisos industriais. A Figura 37 mostra os
resultados obtidos nos estudos de Passuelo et al. (2007), em que foi avaliado o desempenho
de concretos contendo óxido de cálcio, em relação à retração/expansão restringida. Os
ensaios, realizados de acordo com a norma UNI 8148, mostraram que a adição de 31 kg/m3
de óxido de cálcio na mistura de concreto gerou uma expansão inicial no material,
postergando no tempo a sua retração.

31
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Figura 37 – Variação dimensional restringida do concreto com e sem a presença de óxido de cálcio e aditivo
anti-retração (PASSUELO et al., 2007).

Além da utilização de adições minerais, é possível compensar o quadro fissuratório do


concreto utilizando aditivos capazes de reduzir a retração. Os aditivos anti-retração, mais
conhecidos pela sigla SRA, provinda do termo em inglês shrinkage reducing admixture, são
substâncias químicas que provocam a redução da tensão superficial da solução presente nos
poros da matriz cimentícia, reduzindo, consequentemente, a tensão interna gerada pela
secagem do concreto. A Figura 38, extraída do trabalho de Collepardi (2006), mostra a
influência do aditivo SRA na redução da retração livre. A adição de 1% desse aditivo reduziu
a contração do volume linear em aproximadamente 50%.

Figura 38 – Influência do SRA na retração livre do concreto (COLLEPARDI, 2006).

Mais interessante ainda é o uso combinado de aditivos SRA com as adições


expansivas de óxido de cálcio. Os resultados das pesquisas de Passuelo et al. (2007)
evidenciam a eliminação completa da retração do concreto.
Collepardi & Passuelo (2005) puderam comprovar essa afirmação ao realizarem uma
pesquisa utilizando cimento branco e pigmentos na produção do concreto, que
demonstraram o mesmo comportamento anteriormente mencionado em relação à redução
da retração. Nesse estudo, a utilização de aditivos do tipo SRA também evidenciou a

32
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redução da retração restringida, e o uso combinado de óxido de cálcio com este aditivo foi
capaz de eliminá-la completamente.
O resultado da diminuição da retração do concreto é a redução da fissuração nas
estruturas. Isso acontece porque o desenvolvimento das tensões internas, provocadas pela
restrição da redução de volume, ocorre de forma mais lenta, dando, dessa forma, ao material
condições de desenvolver a sua capacidade mecânica. Assim, a resistência à tração do
concreto situa-se, por um período de tempo mais longo, em faixas superiores ao valor da
tensão de tração interna gerada na retração.
Passuello (2009) e Passuelo et al. (2009) mostrou a eficiência de aditivos SRA na
redução da abertura de fissuras de concretos convencionais. Os estudos dos pesquisadores,
que utilizaram o ensaio do anel sugerido pelas normas regulamentadoras americanas,
demonstraram uma redução aproximada de 40% na abertura de fissura quando 1% de
aditivo do tipo SRA foi adicionado à mistura de concreto. Além disso, os estudos avaliaram o
potencial da redução de fissuração quando fibras são utilizadas, bem como a sua
combinação com aditivos redutores de retração.
A ideia de utilizar fibras para reduzir as fissuras no concreto é propiciar uma maior
resistência à frágil matriz cimentícia, permitindo que os esforços de tração gerados possam
ser transferidos entre as fissuras, reduzindo, dessa maneira, o aumento das aberturas. A
intenção dos pesquisadores foi justamente modificar as duas características do concreto que
influenciam o desenvolvimento da fissuração, a retração e a fragilidade do material. O
resultado foi satisfatório, visto que a redução obtida na abertura das fissuras, medidas após
30 dias, foi superior a 88% quando microfibras e aditivos do tipo SRA foram utilizados
concomitantemente.

46.5 Tecnologia de Produção

46.5.1 Fabricação do Concreto Branco


As características do concreto nas primeiras idades são influenciadas pelo tipo de
cimento utilizado (reatividade, finura, composição química), afetando diretamente a
trabalhabilidade, a perda de abatimento, a segregação e exsudação, a retração plástica, o
tempo de pega e a temperatura de cura, refletindo-se no desempenho do concreto a longo
prazo.
Problemas relacionados à reatividade do cimento branco podem levar o concreto a
rápido endurecimento e perda de trabalhabilidade, principalmente quando o concreto for
executado em dias de temperatura elevada. Esse tipo de problema pode ser controlado
adicionando-se aditivos controladores de hidratação ao concreto, ou então utilizando-se água
gelada na mistura. Contudo, recomenda-se que seja feito um controle da temperatura
ambiental e que sejam evitadas as concretagens quando a temperatura ambiente superar
35ºC. De forma geral, a exposição de agregados e equipamentos de mistura e de
lançamento diretamente ao sol em dias muito quentes não é adequada. Esses
procedimentos simples contribuem para evitar a perda de água excessiva por evaporação
ou, então, o aumento da temperatura da mistura, que acaba acelerando as reações de
hidratação.
É importante também que a mistura do concreto seja adequadamente realizada em
betoneira de grande porte ou em caminhões betoneira específicos (Figura 39) para produção

33
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de concreto branco. A finalidade é evitar a alteração de cor por contaminação de materiais


remanescentes nos equipamentos.
Concretos autoadensáveis3(CAA) tornam-se tecnicamente interessantes na produção
de concretos brancos devido às facilidades que fornecem durante a execução e, quando bem
dosados, ao excelente acabamento obtido para a superfície. O uso do CAA é
economicamente viável em situações específicas, quando há, por exemplo, dificuldade para
o adensamento ou vibração do material ou, ainda, armaduras muito densas. Sabe-se que
uma estrutura de concreto branco, por ser aparente, não pode, em hipótese alguma,
apresentar falhas de concretagem, pois correções futuras ficam visíveis, prejudicando a
estética do local.
A grande resistência à segregação, aliada à fluidez do CAA, permite a eliminação de
macrodefeitos, tais como bolhas de ar e falhas de concretagem, responsáveis diretamente
pelas perdas de desempenho mecânico do concreto, da estética e durabilidade da estrutura.
É importante ressaltar que essa tecnologia acelera a execução da estrutura da edificação,
podendo haver um ganho de tempo da ordem de 20% a 25%. Na Figura 40, tem-se o
aspecto do espalhamento de um concreto autoadensável branco.

Figura 39 – Exemplo de caminhão Figura 40 – Concreto autoadensável branco – aspecto


betoneira. do espalhamento –  = 65 cm.

46.5.2 Preparo e Lançamento


Quanto ao lançamento e à vibração, é importante garantir que o concreto seja
bastante coeso para evitar segregação aparente. A ascensão de nata, geralmente, provoca
variações cromáticas na superfície, comprometendo o desempenho estético. Além disso,
cuidados referentes à vibração entre camadas são indispensáveis para se evitarem
manchas, bem como facilitar a liberação do ar aprisionado, limitando a formação de bolhas
de ar e poros superficiais no concreto. No entanto, a vibração deve ser homogênea ao longo
da altura do elemento, evitando-se que, na última camada, ocorra excesso de vibração, o
que poderá influenciar a cor do material.
Funis de lançamento são importantes, pois a aderência de nata à lateral das fôrmas
durante a concretagem das camadas mais profundas pode ocasionar problemas de
manchamento superficial. Entre o lançamento das camadas, resquícios de argamassa

3
Para informações mais detalhadas sobre Concretos autoadensáveis, consultar o Capítulo 48.

34
Instituto Brasileiro do Concreto – Livro CONCRETO: CIÊNCIA E TECNOLOGIA

aderidos à fôrma endurecem e perdem umidade, ficando com uma coloração mais clara em
relação ao concreto lançado em um segundo momento. A recuperação posterior desse tipo
de defeito é de difícil solução, pois resíduos de argamassas são incorporados na massa de
concreto, aparecendo como machas superficiais não passíveis de remoção.

46.5.3 Armadura e Fôrmas

Barras protegidas com pinturas do tipo epóxi, à base de zinco ou então galvanizadas
(Figura 41), além de prevenirem a corrosão da armadura, também evitam que a oxidação
e/ou corrosão, que normalmente ocorre nas armaduras deixadas expostas à umidade no
canteiro de obras, provoque manchas de escorrimento no concreto (Figura 42) durante a
execução da estrutura. As armaduras devem ser armazenadas em áreas cobertas e
elevadas do pavimento, de modo a evitar sujeiras e oxidação. O aço deve estar
completamente limpo, pois a presença de óleos, argila, lama, ferrugem ou outras impurezas
pode contaminar a superfície do concreto. Mesmo que todas essas precauções sejam
tomadas, faz-se obrigatória a pintura das armaduras de espera.
Para que o cobrimento especificado seja garantido, devem ser utilizados espaçadores
apropriados. Sugere-se que estes tenham o mínimo contato possível com a superfície do
concreto e, se possível, sejam feitos com material semelhante ao concreto executado. Na
Figura 40, pode-se observar um exemplo utilizado na obra do Museu Iberê Camargo, em
Porto Alegre, RS, onde o espaçador de argamassa, com o mesmo proporcionamento do
concreto, foi moldado em uma fôrma semicircular plástica.

Figura 41 – Detalhe da barra galvanizada dobrada Figura 42 – Aspecto das manchas por oxidação da
protegida com produto à base de zinco. armadura em superfície de concreto branco.

O aspecto a ser impresso no concreto depende, primeiramente, da escolha do


acabamento requerido à obra, podendo se optar por planos de impressão fornecidos pelas
fôrmas. As fôrmas podem ser manufaturadas em plástico, chapas de aço ou madeira e o
tipo de material utilizado e a textura irão determinar a aparência final do concreto (figura 43).

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Instituto Brasileiro do Concreto – Livro CONCRETO: CIÊNCIA E TECNOLOGIA

(a) fôrmas de plástico lisa com impressão (b) impressão dos veios da madeira
de negativos nas fôrmas empregada nas fôrmas
Figura 43 – Aparência do concreto frente aos diferentes tipos de fôrmas (ALBOORG,
2006)

Ao se executar em obra um concreto branco, primeiramente deve-se observar a


execução das fôrmas, para evitar problemas de perda de nata por falta de estanqueidade
nas arestas, no fundo e no entorno das chupetas dos tirantes.
Marcas indesejáveis são geradas no desencontro das fôrmas, mostrado na Figura 44.
Essas marcas são ocasionadas pela falta de estanqueidade que causa a fuga de nata
(Figura 45), comprometendo o acabamento superficial, além de facilitar o aparecimento de
zonas com falhas de concretagem (Figura 46). É fundamental a utilização de fôrmas com
dimensões e esquadro muito bem controlados, além de um sistema de escoramento muito
bem planejado (Figura 47) e ajustado. Um dos fatores que auxilia no controle da perda de
nata e na melhor definição das juntas de concretagens é a adoção de entalhes no topo e
laterais dos elementos estruturais.
Com relação ao desmoldante, deve-se optar por algum tipo que não interfira no
acabamento superficial do concreto. Desmoldantes à base de cera são uma opção
econômica e interessante. A utilização de desmoldante minerais também é uma
possibilidade, mas antes deve ser verificado se não poderá manchar a superfície final. Outra
forma possível é a adoção de colagem de fórmica no compensado ou o uso de plástico ou de
compensado plastificado de boa qualidade. Nesses casos, pode-se eliminar a utilização de
desmoldantes. Na execução do Museu Iberê Camargo as fôrmas de compensado naval
foram utilizadas até duas vezes, para evitar possíveis manchas na superfície do concreto
(Figura 48).

Figura 44 – Aspecto de espaçador Figura 45 – Aspecto da parede-protótipo

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para concreto branco. com problemas de desencontro das fôrmas.

Figura 46 – Detalhe de zonas com fuga de nata. Figura 47 – Detalhe do escoramento e fôrmas.

Figura 48 – Aspecto das fôrmas após utilização.

De maneira geral, pode-se dizer que a qualidade e estanqueidade do sistema de


fôrmas é um fator fundamental para garantir a boa aparência de um elemento de concreto
branco aparente.
O correto escoramento das fôrmas é imprescindível. A sequência de fotos da Figura
49 e 50 apresenta a técnica utilizada no museu Iberê Camargo. Um ponto importante de ser
destacado refere-se à utilização de escoras que não manchem o concreto.

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Figura 49 – Aspectos da técnica de construção empregada no Museu Iberê Camargo – escoras (cortesia:
Fundação Iberê Camargo).

Figura 50 – Detalhes de elementos estruturais em concreto branco do Museu Iberê Camargo


(cortesia: Fundação Iberê Camargo)
46.5.4 Desforma, Cura e Proteção
A desforma nas primeiras idades é positiva no sentido de se evitar o manchamento do
concreto pelas fôrmas. Por outro lado, com o concreto mais jovem, é necessário mais
cuidado em relação à preservação das arestas e ao controle de fissuração. Sugere-se que
sejam mantidos alguns perfis de proteção nessas zonas, desde que se evitem escorrimentos
sobre o concreto branco. Além disso, a cura é fundamental para que não ocorra retração do
concreto, com consequente fissuração. Como não se dispõe de estudos sobre o efeito de
películas de cura sobre a cor do concreto ao longo do tempo, a cura com água ainda é a
melhor opção (Figura 51)4.
Quanto à proteção, é fundamental cobrir a superfície logo após a desforma, para evitar
o acúmulo de sujeira e a ocorrência de manchas (Figura 52). O material de cobertura,
entretanto, deve permitir a perda de umidade e não deve ocasionar manchamento.

Figura 51 – Exemplo de processo de cura do Figura 52 – Sistema de proteção


concreto utilizado no Museu Iberê Camargo. física contra sujidade durante a execução.

4
Para mais detalhes sobre água na cura do concreto, consultar o Capítulo 9.

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Estudos realizados na Finlândia mostram que a cor de elementos de concreto brancos


utilizados em rodovia se mantém bem após um período de tempo considerável. Testes
realizados por Passuelo et al. (2005) mostram que, durante o primeiro ano, a tendência é de
um clareamento da estrutura por um processo de perda de umidade. Após esse período,
começam a surgir sinais de sujidade. No entanto, a reduzida porosidade do material,
especialmente quando protegido, não favorece a acumulação de partículas.
Dos métodos de proteção, considera-se, com base nos testes levados a cabo, que os
mais adequados são os sistemas de impermeabilização à base de silanos-siloxanos,
seguidos dos sistemas à base de silicatos. Os sistemas superficiais de base acrílica tendem
a amarelar com o passar do tempo, comprometendo a cromaticidade. A sequência de
imagens apresentadas nas Figuras 53 e 54 apresentam as etapas de acabamento (limpeza)
e aplicação do sistema de proteção à base de silicatos, utilizados no Museu Iberê Camargo.

Figura 53 – Limpeza da superfície (cortesia: Fundação Iberê Figura 54 – Aplicação do sistema de


Camargo). proteção a base de silicatos (cortesia:
Fundação Iberê Camargo).

46.6 Manutenção
Uma grande vantagem na utilização de concreto branco é o baixo custo de
manutenção, a qual pode ser feita com uma lavagem com jato de água de intensidade
controlada, geralmente com o auxílio de soluções de limpeza.

46.7 Tendências
Nos últimos anos, alguns países na Europa concentraram suas pesquisas no
desenvolvimento de materiais construtivos capazes de autoeliminar da sua superfície alguns
tipos de gases liberados no processo de poluição. A intenção dessas pesquisas tem sido
desenvolver produtos que, além de reduzir as atividades e os custos de manutenção das
estruturas, contribuem na melhoria da qualidade do ar, garantindo, dessa forma, a presença
de ambientes mais saudáveis e autossustentáveis.
A técnica utilizada foca no processo da fotocatálise, que, mediante a presença da luz
do sol, acelera o processo de oxidação que normalmente ocorre na natureza. Um exemplo
do processo é a fotossíntese realizada pelas plantas, que absorvem o CO2 presente na

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atmosfera e liberam oxigênio. A inserção de produtos fotocatalíticos nos materiais de


construção contribui na decomposição mais rápida dos poluentes. Assim, previnem a
acumulação dos poluentes nas superfícies das edificações, pois agem sobre compostos
biológicos e sobre alguns poluentes primários, como aqueles produzidos pela combustão de
motores de veículos (monóxido de carbono, óxidos de azoto (NOx) e outros compostos
orgânicos voláteis), promovendo a oxidação ou reduzindo-os a elementos menos nocivos. Os
elementos gerados nesse processo são posteriormente eliminados pela água da chuva,
deixando a superfície com aspecto limpo ao longo do tempo.
O dióxido de titânio (TiO2) é um dos materiais fotocatalíticos mais utilizados na
fabricação dos produtos denominados autolimpantes, pois é altamente reativo, característica
que facilita o processo fotoquímico quando exposto à luz do sol. A inserção de dióxido de
titânio no cimento branco tem sido intesamente investigada por pesquisadores europeus. Na
Itália, a empresa Italcementi já comercializa um cimento com essas características, o TX
Millenium.
A primeira aplicação de um concreto com cimento “autolimpante” foi feita na obra da
Igreja Dives in Misericordia, mencionada na seção 46.2. Depois do sucesso obtido com seu
uso nessa obra, a técnica vem sendo usada em muitas outras construções, tanto para
garantir um adequado aspecto estético, quanto para facilitar a manutenção da estrutura.
Algumas construções que usaram esse tipo de concreto incluem: o Residencial The
Commodore (Ostend, Bélgica, 2005); Ciments du Maroc’s Headquarters (Casablanca,
Marrocos, 2005); Centro de Artes Dramáticas (Montreuil, França, 2007) e a Sede da Air-
France (Paris, França, 2006).

46.8 Normatização na Fabricação de Concreto Branco

Quanto às normas mundiais existentes, podem-se citar as europeias referentes ao


cimento (NF EN 197-1 – Composição, especificações e critérios de conformidade para
cimentos correntes e concreto de cimento branco) e à produção de concreto (NF EM 206-1 –
Especificação, desempenho, produção e conformidade).
Com relação ao desempenho dos concretos com propriedades fotocatalíticas, seguem
as normas italianas:
 UNI 11238-1 – Determinação da degradação catalítica de micropoluentes
orgânicos no ar. Parte 1: materiais fotocatalíticos cimentícios;
 UNI 11247 – Determinação da degradação catalítica de dióxidos de azoto por
materiais inorgânicos fotocatalíticos; UNI 11259 – Determinação da atividade
fotocatalítica de ligantes hidráulicos. Método de ensaio com Rodamina.
Quanto a testes feitos com propriedades fotocatalíticas, são seguidas as seguintes
normas:
 ISO 22197-1 – Cerâmica fina (cerâmicas avançadas, cerâmica técnica
avançada) – Método de ensaio para desempenho da purificação do ar de
materiais semicondutores fotocatalíticos. Parte 1: Remoção do óxido nítrico.
No Brasil, apenas o cimento branco é regulamentado a partir das normas citadas no
item 46.2.1. Até o momento, nenhuma norma que determine os cuidados na produção, as
especificações e o desempenho do concreto branco foi estipulada. Cabe aos usuários
utilizarem as normativas brasileiras quanto à produção do concreto convencional, atentando
aos cuidados que garantam a satisfação estética requerida ao produto.

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Instituto Brasileiro do Concreto – Livro CONCRETO: CIÊNCIA E TECNOLOGIA

46.9 Considerações Finais

A análise da literatura disponível indica que os concretos executados com cimento


Portland branco apresentam comportamento similar aos executados com cimento Portland
cinza, com acréscimo de valor estético.
Dadas as premissas para utilização de um concreto cromático arquitetônico (boa
aparência, ausência de revestimento, qualidade do acabamento superficial), as misturas
empregadas tendem a apresentar excelentes características sob o ponto de vista mecânico e
de durabilidade. O alto teor de finos, o uso de aditivos e a reduzida relação água-
aglomerante resultam num material altamente resistente, de alta compacidade e com uma
densa camada de cobrimento. Pode-se, ainda, optar pela adição de pozolanas ao concreto,
melhorando ainda mais essas propriedades, ao mesmo tempo em que se trabalha na
cromaticidade do produto final. De fato, cabe iniciar estudos, similares aos empregados na
fabricação de tintas, sobre como projetar e produzir misturas de cores e matizes variadas a
partir da incorporação de adições ativas ou inertes, de baixo custo, o que abriria novos
horizontes para o emprego dos concretos cromáticos.
Cabe, ainda, destacar que o uso de um concreto que tem função estrutural e de
acabamento permite a eliminação das etapas de aplicação de revestimento, que são caras e
consomem uma quantidade considerável de tempo. Os ganhos de produtividade e as
economias de material e mão-de-obra podem justificar o emprego de um concreto com custo
unitário superior aos tradicionais, como é o caso do concreto branco.
Evidencia-se que essa nova tecnologia demanda mudanças de paradigma em termos
de produção. O controle de todas as etapas, visando evitar a contaminação cromática, é
fundamental. O emprego de uma adequada tecnologia de produção e de sistemas de
controle é crítico para garantir a qualidade e homogeneidade do concreto produzido. A
tecnologia de fôrmas e as técnicas de lançamento são fundamentais para assegurar um bom
acabamento. A cura, como sempre, é um fator vital para permitir que o concreto mature em
condições adequadas. O know-how adquirido permite afirmar que a tecnologia, se bem
assimilada e implantada, é eficiente e promove acréscimos de valor na estrutura de concreto
resultante. Desde que haja treinamento e conscientização da equipe, evidencia-se que é
possível produzir um concreto branco de grande qualidade, boa aparência e adequada
durabilidade.
Cabe lembrar que as características dos concretos cromáticos proporcionam ganhos
em termos da vida útil e do custo global, incluindo custos ao longo do tempo. O concreto
branco aparente promove acabamento diferenciado, dispensando as atividades de pintura e
manutenção ao longo do tempo. Proporciona também a criação de ambientes e superfícies
muito reflectivas, possibilitando a redução da necessidade de iluminação artificial e
favorecendo a diminuição do desperdício de energia elétrica, ponto muito importante para as
questões de meio ambiente e sociedade. Além disso, a comprovação das excelentes
características de durabilidade, evidente nos estudos realizados, indica que as obras de
concreto cromático manterão um nível de desempenho elevado por um considerável período
de tempo. Isso é muito importante, pois, dado seu apelo estético, as obras civis produzidas
com esse tipo de material acabam se tornando monumentos para as cidades, como é o caso
do Museu Iberê Camargo e da Ponte Irineu Bornhausen no Brasil, assim como inúmeras
outras obras na Europa.

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Instituto Brasileiro do Concreto – Livro CONCRETO: CIÊNCIA E TECNOLOGIA

46.10 Referências Bibliográficas


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