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APLICADO I
PROFESSORES:
CAP PM JAILSON DAMASCENO DE JESUS SANTOS
Graduado em Segurança Pública
Graduando em Direito
E-mail: jalcoml@ig.com.br
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 6
2 DIREITO E MORAL 7
4 FONTES DO DIREITO 10
6 RELAÇÃO JURÍDICA 12
7 ORDENAMENTO JURÍDICO 13
8 O DIREITO OBJETIVO 15
9 O DIREITO SUBJETIVO 15
10 O DEVER SUBJETIVO 16
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20 HOMICÍDIO 47
22 LESÃO CORPORAL 65
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23 ABANDONO DE INCAPAZ 68
23.1 Conceito 68
23.4 Casuística 69
24 OMISSÃO DE SOCORRO 69
24.1 Conceito 69
27 MAUS TRATOS 71
27.1 Conceito 71
27.4 Casuística 74
28 RIXA 74
29 ABUSO DE AUTORIDADE 75
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30.1 Calúnia 80
30.2 Difamação 80
30.3 Injúria 81
REFERÊNCIAS 82
BIBLIOGRAFIA 83
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Apresentação
Cap PM Adenilton
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É interessante iniciarmos nossa abordagem por este tópico, haja vista, tratar-se de
um tema polêmico para aqueles que terão contato pela primeira vez no estudo desta
ciência jurídica, porém sem ter a oportunidade, face não estar em um curso regular da
graduação, de um aprofundamento nos estudos. Isto por que não existe um consenso
sobre o conceito de DIREITO. Desta forma, vê-se logo que não é tarefa das mais fáceis,
dada a enorme quantidade de visões ideológicas que a envolvem. Por isso vamos nos
servir de definições fornecidas pelo mestre Rubem Nogueira, que afirma em sua obra:
“direito é a ciência normativa da conduta social do homem”.Outra definição é fornecida
por RADBRUCH (1940, p.4): “o conjunto das normas gerais e positivas, que regulam a
vida social”. Ou ainda, “conjunto de normas de conduta impostas para regularizar a
convivência humana”. Como expomos, não existe uma definição única, todavia, todas
possuem a mesma essência. Origina-se a palavra “direito” do latim directum, significando
aquilo que é reto, que está de acordo com a lei. Nasceu junto com o homem, que é um
ser eminentemente social. Destina-se a regular as relações humanas. As normas de
direito asseguram as condições de equilíbrio da coexistência dos seres humanos, da vida
em sociedade.
Imaginem e reflitam: como seria uma sociedade sem normas reguladoras de
conduta? Qual o nosso papel como policial frente a tais normas?
2 DIREITO E MORAL
O ser humano não é um produto simples da natureza, mas o resultado do convívio
com outros homens. Por isso, apesar de sua sociabilidade, há nele, sempre, algo de
próprio, tipicamente individual, que não se dissolve no social nem se torna comum. Assim,
não é possível negar que o homem jamais se desnuda, por completo, de seus instintos
egoístas, motivo pelo qual não se consegue apagar, nem mesmo superar, a sua
inclinação, muito natural, de fazer prevalecer os seus interesses quando em confronto
com seus semelhantes. Além disto, todo arcabouço social, respaldado no aparato que
visam a adaptá-lo, não consegue suprimir ou reduzir o seu livre arbítrio na escolha de
como se comportar. Parece indiscutível, no entanto, que se cada qual fosse permitido
socialmente como bem lhe aprouvesse, deixando-se governar pelo seu egoísmo e
ambição, tendo como medida de ação o seu poder e a fraqueza do outro, a vida em
comunidade seria intolerável e praticamente impossível o avanço para formas superiores
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FATOS SOCIAIS
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4 FONTES DO DIREITO
Formas de revogação:
– Quanto ao conteúdo
- Quanto à forma
b) Expressa – quando a lei revogadora diz quais os textos da lei anterior são
revogados.
c) Tácita - a lei revogadora nada diz a respeito dos textos revogados, seu
conteúdo e que é incompatível com o texto da lei anterior, seja total ou parcialmente.
6 RELAÇÃO JURÍDICA
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7 ORDENAMENTO JURÍDICO
A abordagem sobre este tema, em posição abaixo dos tópicos acima elencados,
difere da disposição normalmente encontrada nas obras jurídicas. Agimos assim, por
vislumbrar tornar, desta maneira, mais fácil sua assimilação.
Recorrendo ao dicionário jurídico (PLÁCIDO E SILVA, 2003), vem à baila a
seguinte conceituação para Ordenamento Jurídico: “complexo de regras e princípios
ditados pelo poder público, como normas obrigatórias, para que se regulem e se protejam
todas as relações e interesses dos cidadãos entre si, e entre eles e o próprio Estado, no
intuito de manter a própria ordem social e política do estado”.
Desta forma, podemos afirmar que existe o Ordenamento Jurídico Brasileiro,
sendo, justamente, o conjunto de normas vigentes no nosso país regulando nossa
sociedade. Como também existe o Argentino, Colombiano, etc.
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É a regra social obrigatória imposta a todos, que venha sob forma da lei ou mesmo
sob a forma de um costume, que deva ser obedecido.(PLÁCIDO E SILVA, 2003)
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Por isso, o direito objetivo acaba sendo confundido com o próprio direito positivo.
Mas a distinção deve ser feita, para um melhor entendimento.
O direito objetivo corresponde à norma jurídica em si, enquanto comando que
pretende um comportamento. Lembrem do exemplo citado.
O Direito Positivo é a soma do direito objetivo com o direito e o dever subjetivo
(NUNES, 2003).
9 O DIREITO SUBJETIVO
10 O DEVER SUBJETIVO
A doutrina não faz com clareza a distinção entre direito e dever subjetivos, e nem
as classificações que explicitam o direito objetivo falam no surgimento de um direito e de
um dever subjetivo.
A noção de dever subjetivo é imanente ao conjunto de normas jurídicas objetivas.
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O direito subjetivo está limitado por um dever subjetivo. Todo aquele que vai
exercitar seu direito subjetivo só o pode fazê-lo até certo ponto. Justamente o dever
subjetivo. Ou seja, não pode haver abuso. (NUNES, 2003).
As exceções a esse limite estão nos direitos subjetivos inerentes à própria pessoa,
como direito à vida, à honra, à imagem, etc.
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Reúne as normas que tem por matéria os particulares e as relações entre eles
estabelecidas, cujos interesses são privados, tendo por fim a perspectiva individual.
O Direito Civil – Englobam as normas jurídicas que regem, entre outros, a capacidade
e o estado das pessoas, o nascimento, o fim, o nome, etc., as relações familiares,
etc.
O Direito Comercial – Engloba as normas jurídicas que regulam a atividade comercial,
assim como, relações entre empresários, que exercem as atividades com vistas ao
lucro.
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Mais uma vez vamos recorrer às lições do mestre NUNES (2003) para exposição
deste tópico.
A estrutura do ordenamento jurídico organizado é hierárquica. Por hierarquia legal,
entende-se que umas normas são superiores a outras, isto é, algumas normas para
serem válidas têm de respeitar o conteúdo, formal e material, da norma jurídica
superior.
Assim, por exemplo, se diz que uma lei ordinária é inconstitucional, quando
contraria a Constituição; que um decreto regulamentar é ilegal, quando contraria a lei
que lhe é superior (nesse caso o decreto regulamentar é, também, simultaneamente,
inconstitucional, porque contrariou – pelo menos – a hierarquia).
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Constituição Federal
Vê-se, desse modo, que no ápice do sistema “piramidal” está a Constituição Federal.
Note-se que as normas constitucionais estão no topo do sistema, porém dentro dele e não
fora. Dessa maneira, elas constituem o ponto de partida do ordenamento jurídico inteiro,
mas são já o primeiro momento efetivo, isto é, as normas constitucionais formam um
conjunto de regras que estão em plena vigência “dentro” do sistema desde a sua edição,
e que no caso da Constituição Federal (BRASIL, 1988) atual estão em vigor desde
05.10.1988.
A Constituição espalha no sistema toda sua influência. É o chamado princípio da
constitucionalidade, que obriga a que todas as outras normas de hierarquia inferior
estejam conforme seus fundamentos, sob pena de se tornarem inconstitucionais e
deixarem de pertencer ao ordenamento jurídico.
A seguir, na hierarquia do sistema jurídico estão as leis complementares, as leis
ordinárias, as leis delegadas, os decretos legislativos, resoluções e as medidas
provisórias, todos no mesmo patamar hierárquico.
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As leis complementares têm como função tratar de certas matérias que a Constituição
entende devam ser reguladas por normas mais rígidas que aquelas disciplinadas por leis
ordinárias e demais de mesma hierarquia. Por isso, o quorum legislativo exigido para sua
aprovação é especial, isto é, o de maioria absoluta, tal como preceitua a Constituição
Federal (BRASIL, 1988): “As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta”
(art. 69).
No passado a doutrina situava a lei complementar como intermediária entre as normas
constitucionais e as leis ordinárias e as outras da mesma hierarquia destas, ou seja, a lei
complementar era inferior à Constituição Federal (BRASIL, 1988) e superior à lei ordinária
e demais normas. É que existiam leis ordinárias que deviam sua validade às leis
complementares; logo, estas eram superiores.
Atualmente não há hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. A diferença entre
ambas diz respeito à matéria a ser legislada e ao quorum previsto para sua aprovação.
As leis complementares estão elencadas taxativamente na Carta Magna (BRASIL,
1988), que determina, como dissemos, que elas tratem de certas matérias importantes,
tais como: o Estatuto da Magistratura: “Lei complementar, de iniciativa do Supremo
Tribunal Federal disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes
princípios:” (art. 93); a organização e o funcionamento da Advocacia-Geral da União: “A
Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado,
representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei
complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de
consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo” (art. 131); a regulamentação
da dispensa do trabalhador contra despedida arbitrária ou sem justa causa: “São direitos
dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social: I – relação de emprego protegida contra despedida”. arbitrária ou sem justa causa,
nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros
direitos “(art.7º, I); o estabelecimento de condições para a integração de regiões em
desenvolvimento:” Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um
mesmo complexo geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução de
desigualdades regionais. §1º Lei complementar disporá sobre: I – as condições para
integração de regiões em desenvolvimento (art. 43, § 1º, I) etc.
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A seguir vêm as leis ordinárias. São elas fruto da atividade típica e regulamentar do
Poder Legislativo. Como exemplos de lei ordinária temos: o Código Civil, o Código de
Processo Civil (BRASIL; 1973), o Código Penal (BRASIL; 1945), o Código de Defesa do
Consumidor (BRASIL; 1990), a Lei de Falências (BRASIL, 1945) etc.
Conforme já dissemos, lembre-se que, da mesma forma que se pode falar em
inconstitucionalidade de uma lei e demais normas de hierarquia inferior à Constituição,
pode-se falar em ilegalidade das normas de hierarquia inferior às leis ordinárias e às
outras do mesmo plano.
Ao lado das leis ordinárias, no mesmo patamar hierárquico e na esfera federal, estão
as leis delegadas: “O processo legislativo compreende a elaboração de (...) IV – leis
delegadas” e “As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que
deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional” arts. 59, IV, e 68 (BRASIL; 1988),
respectivamente; os decretos legislativos: “O processo legislativo compreende a
elaboração de (...) VI – decretos legislativos” art. 59, VI (BRASIL,1988); e as resoluções: “
O processo legislativo compreende a elaboração de: (...) VII – resoluções” art. 59, VII; da
(BRASIL; 1988).
E, ainda, no mesmo patamar estão as medidas provisórias, previstas no ar. 62 da
Carta Magna (BRASIL, 1988); que dispõe: “Em caso de relevância e urgência, o
Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo
submetê-las de imediato ao Congresso Nacional, que, estando em recesso, será
convocado extraordinariamente para se reunir no prazo de cinco dias”.
O entendimento pleno da primeira parte desta apostila é fundamental para os assuntos
que agora virão à baila. Começaremos a trazer questões que abraçam o nosso cotidiano
e estão prescritos na carta magna. No primeiro tópico abordaremos o entendimento sobre
o texto dos artigos 1º e 2º (BRASIL; 1988) da Constituição. No tópico 02 vamos expor o
art. 5º, que trata sobre Direitos Fundamentais, todavia, extraímos apenas aqueles incisos
que se relacionam de forma mais contundente com nossa profissão.
Os comentários que se seguem foram retirados das obras do mestre Pinto Ferreira,
Bittencourtt (2003), Noronha (2003) e Alexandre de Moraes (2003).
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Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade
da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;V - o
pluralismo político.Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
(BRASIL, 1988, P.76).
13.1 REPÚBLICA
A república significa destarte uma forma não-hereditária, isto é, uma forma eletiva
de governo, e é princípio básico do sistema político brasileiro.
13.2 FEDERAÇÃO
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As ações dos policiais militares sempre deverão ter por base o respeito e a
proteção do Estado Democrático de Direito. Devemos ser os garantidores desta
conquista!
O poder estatal defende de tal modo organizado que os titulares que o exercem o
façam como servidores, e não como senhores do povo e como quem exerce uma função
sem lhe ter a propriedade permanente. É o que assinala Guenther Kuechenhoff em frase
lacônica e lapidar. Tal é sentido profundo de que o poder estatal emana do povo.
Poder legislativo é o que elabora, modifica, altera e emenda as leis, como ensina
Watson (1993). O referido Poder edita normas gerais, abstratas, impessoais, a que se dá
genericamente o nome de leis, que regulam o comportamento das pessoas. O processo
legislativo é rico e variado, comportando diversas espécies de atos normativos, várias
espécies normativas.
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O Poder Judiciário tem por finalidade aplicar a lei a casos concretos, decidindo os
conflitos de interesses. Através de juízes e tribunais o Estado substitui-se às partes
envolvidas em conflito, intervém de forma substitutiva à vontade dos litigantes em rota de
colisão, decidindo o direito a ser aplicado. Alvim (2004, p.149), em seu Curso de direito
processual civil, escreve: “Podemos, ainda, afirmar que função jurisdicional é aquela
realizada pelo Poder Judiciário, tendo em vista aplicar a lei a uma hipótese controvertida
mediante processo regular, produzindo, afinal, coisa julgada, com o que substitui,
definitivamente, a atividade e a vontade das partes”. Lessa (1915, p.110), em seu livro Do
Poder Judiciário, define-o da seguinte maneira: “O Poder Judiciário é o que tem por
missão aplicar contenciosamente a lei a casos particulares”.
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (BRASIL, 1988).
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território brasileiro. Desta forma se algum turista estrangeiro estiver passeando no Brasil
goza dos mesmos direitos.
Este inciso envolve os atos perpetrados pelo Movimento dos sem Terra (MST), no
tocante às invasões de propriedades. A Constituição (Brasil, 1988) garante o direito à
propriedade, contudo é necessário que ela atenda a sua função social. Ou seja, é
imperioso que atenda ao seu papel de produção (entendam que estamos nos referindo a
latifúndios). Conforme a garantia ou tutela jurídica constitucional da conservação,
ninguém pode perder a propriedade salvo por necessidade ou utilidade publica, ou por
interesse social.
Nos interessa de forma primeira, o interesse social que ocorre sempre que a
desapropriação tenha efeito para garantir a paz, o progresso ou o desenvolvimento da
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sociedade. A desapropriação só, e somente só, pode ser realizada pelo Estado, portanto,
todo ato desenvolvido pelo movimento dos Sem terra, realizado de maneira violenta e
estranha ao Estado é ilegal. Assim:
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal; (BRASIL, 1988).
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; XLI - a lei punirá
qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; XLII - a
prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos,
por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los,
se omitirem; (BRASIL, 1988).
XLVII - não haverá pena de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento;
e) cruéis; (BRASIL, 1988).
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“Todo homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente
até que sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público
no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa”.
(Declaração Universal dos Direito do Homem).Assim:
LVI -não são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
(BRASIL, 1988).
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voltarmos ao total arbítrio estatal. É necessário que todos os recursos legais sejam
esgotados. Assim:
O art. 302 do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941, p.1048) expõe quem se
considera em Flagrante delito:
a) está cometendo a infração penal; b) acaba de cometê-la; c) é perseguido, logo
após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que
faça presumir ser autor da infração; d) é encontrado, logo depois, com
instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da
infração.
Quais as espécies de flagrante?
Trataremos agora sobre leis penais ordinárias. Isto porque não é apenas o Código
Penal que estabelece condutas ilícitas e comina sanções. Há outras, como as leis dos
crimes hediondos (BRASIL, 1990), Estatuto da Criança e Adolescente (BRASIL, 1990),
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Estatuto do Desarmamento (BRASIL, 2003) e outras. É claro que vamos tê-lo como objeto
de estudo mais próximo, pois, encontra-se elencado em sua parte especial a grande
maioria dos delitos que envolvem o nosso serviço ordinário. Iniciaremos nossa
abordagem com uma síntese histórica e conceitual. Posteriormente, mostraremos sua
estrutura organizacional e partiremos para o estudo dos crimes em espécie.
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Fatos que hoje depõem contra a decência e a moral eram considerados delitos
gravíssimos haja vista. V.g., o Título XIII – Dos que cometem pecado de sodomia e com
alimárias – em que era queimado, até ser o corpo reduzido a pó, o homem que tivesse
relações carnais com um irracional, declarando os anotadores que o mesmo sucedia a
este.(BITENCOURT, 2003).
De acordo com Bitecout (2003) consagravam amplamente as Ordenações a
desigualdade de classes perante o crime; devendo o Juiz aplicar a pena segundo a
graveza do caso e a qualidade da pessoa: os nobres, em regra, eram punidos com multa;
aos peões ficavam reservados os castigos mais pesados e humilhantes.
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Desde 1940, dentre as várias leis que modificaram nosso vigente Código Penal,
(BRASIL, 1940) merecem destaque: a Lei n. º 6.416, de 24 de maio de 1977, que
procurou atualizar as sanções penais, a lei n. º 7.209, de 11 de julho de 1984, que instituiu
uma nova parte geral, com nítida influência finalista e a Lei 11.106/2005 que altera os
artigos 148, 215, 216, 226, 227, acrescenta o artigo 231-A, e revoga os incisos VII e VIII
do artigo 107, os artigos 217, 219, 220, 221, 222, o inciso III do caput do artigo 226, o §3º
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do artigo 231, e o artigo 240 do código penal. Dispositivos esses, que em sua maioria, são
referentes aos crimes contra os costumes.
A lei n. º 7.209/84(BRASIL, 1984), que reformulou toda a Parte Geral do Código de
1940, humanizou as sanções penais e adotou penas alternativas à prisão, além de
reintroduzir no Brasil o festejado sistema de dias-multa. No entanto, embora tenhamos um
dos melhores elencos de alternativas à pena privativa de liberdade, a falta de vontade
política, que não dotaram de infra-estrutura nosso sistema penitenciário, tornou,
praticamente, inviável a utilização da melhor política criminal – penas alternativas -, de há
muito consagrada nos países europeus.
O direito penal é o ramo do Direito Público interno que trata das normas que o
Estado estabelece, fixando os delitos, e as penas com que os delitos devem ser
reprimidos, bem como o conjunto de normas, jurídicas repressoras e preventivas dos
fatos prejudiciais á atividade e ao indivíduo chamados de crimes.
Pode-se afirmar também que o Direito Penal é ramo do Direito Público, porque o
delito geralmente representa um ataque direto aos direitos do indivíduo; atenta sempre de
forma mediata ou imediata, contra os direitos do corpo social, além do que a aplicação
das Leis penais não fica ao arbítrio da iniciativa ou do poder dos particulares, cabendo ao
Estado, através do poder público, processar e julgar o delinqüente.
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal. (BRASIL, 1940).
Assim:
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Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado. (BRASIL, 1940).
Crime impossível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. (BRASIL,
1940).
Título II
DO CRIME (BRASIL, 1940).
16.2 Divisão dos ilícitos penais
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Noção de crime: Embora o CP (BRASIL, 1940) não defina o que seja crime, devem
ser apresentados seus conceitos material e formal.
Crime doloso
Crime culposo
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Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato
previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. (BRASIL, 1940).
O dolo, que pode ser direto (1ª parte do inciso) e indireto (2ª parte do inciso) gira
em torno da vontade e finalidade do comportamento do sujeito, a culpa não cuida da
finalidade da conduta (que quase sempre é lícita), mas da não observância do dever de
cuidado pelo sujeito, causando o resultado e tornando punível o seu comportamento.
Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de
necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou
no exercício regular de direito. (BRASIL, 1940).
Excesso punível
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Estado de necessidade
Outro exemplo: Numa gruta há duas pessoas e oxigênio para uma só. Uma delas,
para sobreviver, mata a outra e, com essa atitude, salva-se.
Legítima defesa
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Hipótese em que o crime não é cometido por uma só pessoa, mas duas (ou mais)
pessoas concorrem (isto é, contribuem, cooperam) para a prática do ilícito penal. O CP
(BRASIL, 1940) distingue duas espécies de concurso:
1º Co-autoria. São co-autores os que executam o comportamento que a lei define como
crime. É a realização conjunta, por mais de uma pessoa, de uma infração penal. Co-autoria é
em última análise a própria autoria. Exemplo. No roubo, um ameaça enquanto o outro recolhe
o dinheiro da vítima.();
2º Participação. O partícipe é quem, mesmo não praticando a conduta que a lei define como
crime, contribui de qualquer modo, para sua realização. Existem duas formas de participação:
a) Participação moral (ou instigação). A pessoa contribui moralmente para o crime, agindo
sobre a vontade do autor, quer provocando-o para que nele surja à vontade de cometer o
crime (chama-se determinação), quer estimulando a idéia criminosa já existente (é a
instigação propriamente dita). b) Participação material (ou cumplicidade). A pessoa contribui
materialmente para o crime, por meio de um comportamento positivo ou negativo (ex.: a ação
do vigilante, emprestando a arma, ou a omissão desse mesmo vigia, não fechando a porta
que deveria trancar, para facilitar o roubo).
Só há um crime para todos os co-autores e partícipes. A culpabilidade, porém é individual,
respondendo cada um “na medida de sua culpabilidade”. Ao aplicar a pena, deve o juiz levar
em consideração a reprovabilidade do comportamento de cada um, co-autor e partícipe,
individualmente.
17 NORMAS DA PARTE ESPECIAL DO CP (BRASIL, 1940).
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20 HOMICÍDIO
20.1 Homicídio doloso (1940, BRASIL)
Art. 121 – matar alguém: Pena – reclusão, de seis a vinte anos (BRASIL, 1940)
Conceito . É a eliminação da vida humana extra – uterina praticada por outra pessoa. Se
a eliminação for intra-uterina, o crime praticado será o de aborto.
Objetividade jurídica . É o bem jurídico que a lei pretende preservar quando incrimina
uma determinada conduta.
No caso do homicídio é a vida humana extra-uterina
Sujeito Passivo. Pode ser qualquer ser humano após o nascimento e desde que esteja
vivo.
Qualquer conduta visando matar pessoa já morta caracteriza crime impossível por
absoluta impropriedade do objeto, e o agente não pode ser punido, nem mesmo por
tentativa de homicídio, em razão de expressa disposição legal, conforme estabelece o art.
17 do Código Penal. Ex: "A" defere facadas em " B ", que está deitado em sua cama,
sendo que, posteriormente, se prova que "B" já estava morto, pois havia se suicidado com
veneno. "A" não será punido, ainda que não soubesse da morte anterior de "B".
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vítima. Na prática, entretanto, tal aspecto causa calorosos debates no Júri, pois em regra,
a defesa sustenta tese no sentido de que o crime seja desclassificado de tentativa de
homicídio para crime de lesões corporais, enquanto a acusação pretende a condenação
pela tentativa. Para se saber a intenção do agente nos casos em que existe dúvida,
devemos, portanto, analisar circunstâncias exteriores como o objeto utilizado, o local onde
a vítima foi atingida, a quantidade de golpes etc.
Há que se diferenciar também a tentativa de homicídio do crime de lesões
corporais seguida de morte (art. 129 & 3º, do CP), posto que na tentativa o agente quer
matar a vítima e não obtém êxito na consumação por circunstâncias alheias à sua
vontade, enquanto no art. 129, & 3º , a situação é exatamente oposta já que o sujeito
quer apenas lesionar a vítima, mas acaba provocando, culposamente e, portanto, de
forma não intencional, a sua morte.
Já no caso da progressão criminosa, em que o agente inicia a execução do crime
querendo apenas lesionar a vítima e, depois de iniciado o ato executório, altera a sua
intenção passando a visar sua morte e cometendo novo ato de execução, haverá apenas
homicídio (consumado ou tentado, conforme o resultado), restando absorvidas as lesões
corporais anteriormente praticadas.
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Veja, por outro lado, que essa regra não se aplica quando o agente deixa de
efetuar novos disparos para economizar munição ou por achar que a vítima já está morta.
Não se configura a referida desistência quando, por exemplo, " Zezinho"
utilizando-se de arma branca " faca", com a intenção de matar " Marcos" atinge o mesmo
no braço. " Zezinho" não alcançando o seu objetivo ( morte de " Marcos") , ao tentar
novamente aparece uma Vtr da Polícia Militar fazendo ronda, "Zezinho" com medo de ser
preso desiste da sua intenção inicial e foge. " Zezinho" responderá por tentativa de
homicídio.
Elemento Subjetivo. É o dolo. Vontade livre e consciente de eliminar a vida humana
alheia. É também conhecido por animus necandi ou occidendi. Não se exige qualquer
finalidade específica.
O motivo poderá constituir qualificadora (motivo fútil ou torpe) ou causa de
diminuição de pena (relevante valor social ou moral).
É admissível dolo eventual quando, por exemplo, no caso de morte decorrente de
disputa de “racha” de automóveis na via pública.
Como no exercício do policiamento ostensivo podemos nos deparar com
possibilidades de "racha". É importante entendermos o grau de reprovabilidade que o
legislador reserva para estes delitos. De certo, a grande maioria dos homicídios
praticados no trânsito é culposamente, por terem seus agentes violado algumas das
normas de condutas: imperícia, negligência ou imprudência.
Porém no caso de "rachas" a situação é diferente, pois não se trata de mera
inobservância do dever de cuidado, que ocorre quando os condutores desrespeitam o
limite de velocidade, realizam manobras proibidas etc, mas sim de pessoas que
organizam-se para uma competição sem qualquer outra motivação, querem simplesmente
extravasar certos sentimentos de frustração pessoal, ou seja, o objetivo é " estar na onda,
na moda", é se exibir para as outras pessoa achando estar numa posição superior ou
mesmo de super herói, "ser o retado!".
Esta atitude é reveladora de profunda desconsideração dos praticantes de "racha"
para com os bens jurídicos que colocam a sua frente: vidas humanas, integridades
corporais e mesmo bens matérias. Portanto, deve-se concluir que a conduta é dolosa,
com dolo eventual.
Nesse sentido, posiciona-se o Supremo Tribunal Federal:
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para matar o estuprador de sua filha. Como o privilégio é votado pelos jurados antes das
qualificadoras, o seu reconhecimento impedirá que o juiz coloque em votação, em relação
ao mandante, as qualificadoras de caráter subjetivo. Nesse caso ele poderá ser
condenado por homicídio privilegiado, enquanto o executor por homicídio qualificado.
b) Motivo torpe
É o homicídio causado por motivo vil, repugnante, que demonstra depravação
moral do agente. Ex.: matar para conseguir herança; por rivalidade profissional; por
inveja; porque a vítima não quis ter relação sexual; para que a família da vítima adquira
caixão em sua funerária; em razão de preconceito sexual ou em virtude de religião, etnia,
raça (desde que a conduta não tome a dimensão de um crime de genocídio descrito na lei
n.º 2.889/56,pela morte de inúmeras pessoas em razão do preconceito étnico ou racial);
matar o viciado por dívida que não pagou etc.
O ciúme não é considerado sentimento vil.
A vingança, se analisada de forma isolada, é um sentimento mau e, por isso, se
enquadraria no conceito de motivo torpe. Acontece, entretanto, que a vingança não é um
ato isolado, e significa, em verdade, retribuição a mal que anteriormente atingiu o
homicida ou seus interesses ou, ainda, seus familiares ou amigos. Em razão disso, a
doutrina entende que, se a vingança se originou de um antecedente torpe, haverá a
qualificadora, caso contrário não.
c) Motivo fútil (inciso II)
Significa matar por motivo de pequena importância, insignificante. Ocorre total
falta de proporção entre a causa e o crime. Ex.: matar dono de um bar que não lhe serviu
bebida; a esposa que teria feito jantar considerado ruim; em razão do comentário do
torcedor do Bahia na frente de um torcedor do Vitória; em virtude de um simples incidente
de trânsito etc.
Para que se inclua essa qualificadora é necessário que haja prova de um motivo
fútil qualquer. A ausência de prova do motivo não equivale a motivo fútil. È muito comum
não se ficar sabendo a causa do homicídio, e, nesse caso, a qualificadora não pode ser
reconhecida.
Tem-se entendido que ciúme não caracteriza motivo fútil.
Quanto à vingança, também se aplica o que foi falado em relação ao motivo torpe.
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ofensivo. Nesse caso, em tese, estaria também configurado o crime de dano qualificado
pelo emprego de substância inflamável ou explosiva, prevista no art. 163, parágrafo único,
II, do Código Penal. Acontece, entretanto, que o crime de dano qualificado fica absorvido,
pois que o próprio dispositivo mencionado esclarece que ele somente tem aplicação
quando não constitui crime mais grave. Trata-se de hipótese de subsidiariedade expressa.
d) Asfixia
É o impedimento da função respiratória.
A asfixia pode ser mecânica ou tóxica.
A asfixia mecânica pode dar-se por:
- Esganadura: constrição do pescoço da vítima efetuada pelo próprio corpo do
agente (com as mãos ou os pés etc.).
- Estrangulamento: constrição do pescoço da vítima com fios, arames ou cordas
que são apertados pelo agente.
- Enforcamento: causado pelo próprio peso da vítima, que tem o seu pescoço
envolto em corda ou similar.
- Sufocação: uso de objetos que impedem a entrada do ar pelo nariz ou pela
boca, como, por exemplo, introdução de pano na garganta da vítima ou colocação de
travesseiro em seu rosto.
- Afogamento: submersão em meio líquido.
- Soterramento: submersão em meio sólido.
- Imprensamento: impedimento do movimento respiratório pela colocação de peso
sobre a região do diafragma da vítima, de forma que, em face do peso ou exaustão, ela
não mais consiga fazer o movimento respiratório. É também chamado de sufocação
indireta.
De outro lado, a asfixia tóxica pode ocorrer por:
- Uso de gás asfixiante.
- Confinamento: colocação da vítima em recinto fechado não há renovação do
oxigênio. Se a vítima, por exemplo, é trancada dentro de um caixão e “enterrada”, existe a
asfixia tóxica por confinamento e não asfixia mecânica por soterramento.
e) meio insidioso
É o uso de uma armadilha ou de uma fraude para atingir a vítima sem que ela
perceba que está ocorrendo um crime, como, oito a dezesseis anos se, da tortura
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aplicada, resulta morte. Conclui-se, nesse caso , em razão do montante da pena (que é
inferior àquela prevista no art. 121, & 2º, III do CP) , que o resultado morte que qualifica a
tortura na lei especial é um resultado exclusivamente culposo ou, em suma, trata-se de
crime exclusivamente preterdoloso, em que o agente atua com dolo em relação à tortura e
com culpa em relação ao resultado agravador morte.
Temos, na atualidade, portanto, duas espécies de infração penal: o homicídio
qualificado pela tortura (art.121 &,III,do CP), em que o resultado morte é doloso e a pena
é de reclusão de doze a trinta anos, e o crime de tortura qualificada pela morte (art.1º, &
3º, da lei n.º 9.455/97), em que a morte é culposa e a pena é de reclusão de oito a
dezesseis anos. O primeiro é julgado pelo Tribunal do Júri, e o segundo, pelo juiz singular.
É possível que ocorra uma terceira hipótese: os agentes empregam a tortura
para, por exemplo, obter uma confissão da vítima e, em seguida, tencionando garantir a
impunidade desse crime, efetuam disparos de arma de fogo, provocando sua morte.
Nesse caso, teremos o crime de tortura simples em concurso material com o homicídio
qualificado – porque a morte visava assegurar a impunidade do crime anterior (art. 121,&
2º, V). Não pode ser aplicada a qualificadora da tortura ao crime de homicídio porque não
foi ela a causadora da morte do agente.
Há que se ressaltar, também que art. 4º da Lei n.º 9.455/97, expressamente
revogou o art. 233 do Estatuto da Criança e do adolescente, que previa crime de tortura
contra menores.
2) Quanto ao modo de execução (inciso IV)
a ) Traição
Em todas as qualificações desse inciso IV o agente, de alguma maneira,
dificulta a defesa da vítima. Na traição ele se aproveita de uma prévia confiança que a
vítima nele deposita (amizade, parentesco, casamento etc.) para alvejá-la em um
momento em que ela esteja desprevenida. Ex.: matar a esposa que está dormindo. Veja-
se que nessa qualificadora a relação de confiança já existe e o agente dela se aproveita
para matar a vítima. Por sua vez, se o agente busca tal confiança para poder se
aproximar e, assim, matá-la, estará configurada a qualificadora da dissimulação moral que
será estudada em seguida.
b) Emboscada
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Não é necessário que o próprio homicida tenha sido o autor do crime anterior,
quando isso acontece é evidente que ele responde pelo homicídio qualificado e pelo delito
antecedente. Porém, se um amigo ou parente havia cometido um ilícito e o agente mata
uma testemunha para evitar a punição daquele responderá apenas pelo homicídio
qualificado, e o parente ou amigo, pelo crime anterior.
- Vantagem do outro crime: matar co-autor de roubo para ficar com todo o
dinheiro ou a pessoa que estava fazendo o pagamento do resgate no crime de extorsão
mediante seqüestro.
Um indivíduo está sendo processado por ter participado de jogo
do bicho e mata uma testemunha que ia depor contra ele no
processo. Qual crime ele praticou ao matar a vítima?
Se a intenção do agente é assegurar a execução, ocultação, impunidade ou
vantagem de contravenção, como é o caso do jogo do bicho, não estará caracterizada a
qualificadora o inciso V, que exige que a agente tenha em mente “outro crime”. No caso
em tela, portanto, será aplicada a qualificadora do motivo torpe.
Nas hipóteses em que o homicídio é qualificado pela conexão (com fim de
assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime), o tempo
decorrido entre os dois delitos é indiferente. Assim, não afasta a qualificadora o fato de
alguém ter cometido certo crime a vários anos e, ao ser descoberto, matar uma
testemunha que poderia incriminá-lo. A qualificadora será aplicada.
O art. 121, § 4º, 2ª parte, foi introduzido no Código Penal pelo Estatuto da Criança
e do Adolescente (Lei n.º 8.069/90), para estabelecer que “se o homicídio é doloso, a
pena será aumentada de um terço, se a vítima é menor de 14 anos”.
Essa causa de aumento de pena aplica-se a todas as formas de homicídio
doloso: simples, privilegiado e qualificado.
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Caso seja aplicada a causa de aumento de pena do art. 121, § 4º, 2ª parte, não
será cabível a aplicação da agravante genérica do art. 61, II, h (crime contra criança), pois
isso constituiria irrefutável bis in idem.
O que fazer quando a vítima é alvejada em data em que ainda é menor de 14
anos, mas só vem a falecer depois de completados os 14 anos
Incide o aumento, nos termos do art. 4º do Código Penal, que, ao tratar do tema
“tempo do crime”, diz que uma infração se considera praticada no momento da ação ou
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
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Embora o suicídio não seja ilícito penal, a participação em tal empreitada é tida
como ação ilícita penal pelo ordenamento jurídico.
A grande peculiaridade do crime é: apenas há relevância penal se resulta da
conduta do suicida (influência pelo agente) lesão corporal de natureza grave ou morte.
É necessário que a vítima pratique os atos de execução visando à extinção da vida,
pois, se outrem o fizer não haverá participação em suicídio, mas homicídio. Também
haverá homicídio se a vítima não tiver qualquer capacidade de resistência à conduta
( induzimento, instigação...) do agente.
É crime comum quanto aos sujeitos, apenas ressalvando que o sujeito passivo
deve ter capacidade de resistência (não ter doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, criança de pouca idade etc.).
É necessário que seja certa a pessoa instigada.
A colaboração pode ser moral ou material, tratando-se de crime de ação múltipla.
No induzimento, o sujeito faz penetrar na mente da vítima a idéia da
autodestruição. Na instigação, a idéia é apenas acoroaçada pelo autor. O auxílio
secundário se explica na colaboração no mundo dos fatos que não chega a ser execução,
como emprestar a arma ou colocar o veneno ao alcance do braço.
Prevalece que não é possível o auxílio por omissão. O argumento expendido é que
o tipo menciona "prestar" auxílio. Nas outras formas (induzir e instigar), é possível
responder pela omissão, como no exemplo do pai que sabe que a filha menor está se
matando por discussão anterior e nada faz.
È irrelevante o tempo passado entre a conduta do agente e o resultado, devendo
apenas restar provado o nexo causal entre eles; é preciso que a conduta do agente tenha
realmente influenciado a vontade do suicida.
O Código Penal exige, neste crime, além do dolo, que consiste na vontade livre e
consciente de induzir, instigar ou auxiliar a vítima a suicidar-se, o cunho de seriedade que
o sujeito imprime a seu comportamento. Comenta-se brincando "o seu time Vitória foi
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22 LESÃO CORPORAL
O objeto Jurídico é a integridade física e psíquica da pessoa humana.
O crime é comum quanto aos sujeitos, salvo em dois casos qualificados, em que há
necessidade de ser cometido contra mulher grávida.
È crime de forma livre, permitindo a forma comissiva ou omissiva, material quanto ao
resultado e de dano.
A auto lesão não é apenada. Apenas haverá punição pela lesão reflexa a bem
jurídico alheio, como por exemplo, do estelionato para receber prêmio de seguro e para
ser dispensado do serviço militar.
A lesão corporal é constituída pela alteração negativa do organismo no sentido físico
ou psíquico. Se não ocorrer alteração, ou seja, essa for positiva (para extirpar órgão ou
tecido prejudicial ao organismo) não há que se falar sequer em conduta típica.
A dor, por si mesma, não constitui lesão corporal (embora seja elementar da tortura),
desde que desacompanhada de ofensa à incolumidade física.
O corre tentativa quando embora empregando meio executivo capaz de causar dano
à incolumidade física da vítima, por circunstâncias alheias à sua vontade, não consegue
chegar ao fim colimado.
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Incurabilidade da enfermidade também não significa para sempre, mas sim de acordo
com recursos atuais. A vítima não estar obrigada a submeter-se à intervenção arriscada
a fim de curar-se da enfermidade;
Perda ou inutilização de membro, sentido ou função:
Perda é a ablação do membro ou órgão. Inutilização é a inaptidão do órgão à sua função
específica. Atentar para a diferença entre a debilidade, inutilização e perda;
Deformidade permanente :
Dano estético de certa monta, permanente, visível, irreparável e capaz de causar
impressão vexatória. Devem ser levadas em consideração as circunstâncias pessoais da
vítima;
Aborto:
Deve ser preterdoloso, sob pena de crime de aborto em concurso.
22.5 Lesão corporal seguida de morte
É crime preterdoloso: o sujeito quer lesar e, por quebra de cautela, vem a causar a
morte. Não admite tentativa.
22.6 Lesões corporais privilegiadas
O §4º do Art. 129 do CP prevê três figuras típicas:
Motivo de relevante valor social;
Motivo de relevante valor moral;
Sob domínio de violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima.
Prevê ainda o §5º do mesmo artigo que, não sendo graves as lesões, pode-se
substituir a detenção por multa, se ocorre qualquer das condições anteriores ou se as
lesões são recíprocas.
È possível substituição, no caso de lesões leves, desde que incida o privilégio ou se as
lesões são recíprocas, no mesmo contexto de feto.
22.7 Lesão circunstanciada
Pena aumentada em 1/3, se a vítima for menor de 14 anos. Assim como no
homicídio, a idade da vítima deve fazer parte do âmbito cognitivo do dolo do agente.
22.8 Lesão corporal culposa
Pode ser simples e circunstanciada. Na simples, basta aplicar a teoria geral do
crime . Importante lembrar que a culpa levíssima, ou seja, aquela em que o dever
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ordinário de cautela não é claramente violado, não permite a punição por crime
culposo.
Aumenta-se de um terço a pena se o crime resulta de inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à
vítima, não procura diminuir as conseqüências de seus atos ou foge para evitar prisão
em flagrante.
23 ABANDONO DE INCAPAZ
Art. 133. Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes
do abandono: Pena: detenção de seis meses a três anos. § 1º. Se do abandono
resulta lesão corporal de natureza grave: Pena: Reclusão, de um a cinco anos. §
2º. Se resulta a morte: Pena: reclusão, de quatro a doze anos. § 3º. As penas
cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: Se o abandono ocorre me
lugar ermo; Se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou
curador da vítima. ( BRASIL, 1940)
23.1 Conceito
Incorre neste crime aqueles que assumem ou tem a responsabilidade de tomar
conta de uma ou de outra pessoas, e, dolosamente, não cumpre com o seu dever. Criam
para esta pessoa, que deverá ser débil e fraca, dependente de seu amparo proteção,
situação de perigo, ou deixando-o, embora, temporariamente, exposta ao risco.
Seu principal fundamento é que a pessoa indicada necessita da ajuda da outra
parte, para conservação de sua vida ou de sua saúde, e a separação da mesma, do local,
deve colocar em perigo sua vida ou sua integridade corporal. A ênfase está posta no
“abandono”.
Não há limitações legais para autoria. Qualquer um que tenha sob cuidado, guarda,
vigilância ou autoridade a pessoa objeto da tutela, pode cometer crime.
O crime pode ser praticado por ação (ex.: levar a vítima em um certo local e ali
deixá-la) ou por omissão (ex.: deixar de prestar a assistência que a vítima necessita ao se
afastar da residência em que moram), desde que, da conduta, resulte perigo concreto,
efetivo, para a vítima.
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23.4 Casuística
Carcereiro “ A” abandonou o serviço e um preso matou o outro.
R.: Art. 133, § 2º.
24 OMISSÃO DE SOCORRO
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro
da autoridade pública: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. § único - A
pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza
grave, e triplicada, se resulta a morte. ( BRASIL, 1940)
24.1 Conceito
No desempenho do policiamento Ostensivo, o PM irá deparar com situações em
que poderá ocorrer omissão de socorro para algum ferido, por exemplo.: Acontece
geralmente depois de um acidente provocado por um atentado ou vias de fato, em via
pública.
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O art. 304 do CTB não poderá ser aplicado ao condutor do veículo que, agindo de
forma culposa, tenha lesionado alguém, pois tal condutor responderá pelo crime especial
do artigo 303 do CTB e se havendo omissão de socorro terá a pena agravada (§ único,
III).
Qualquer outra pessoa que não preste socorro, responderá pelo crime do artigo
135 ("omissão de socorro").
27 MAUS TRATOS
Art. 136: Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade
guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia,
quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer
sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de
correção ou disciplina. Pena: detenção, de dois meses a um ano, ou multa. §
1º. Se de fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena: reclusão, de
um a quatro anos. §2º. Se resulta morte: Pena: reclusão, de quatro a doze
anos. §3º. Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 anos. ( BRASIL, 1940)
27.1 Conceito
O C.P. reserva o nome de maus tratos ao fato de o sujeito expor a perigo a vida ou
a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação,
ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de
meios de correção ou disciplina.
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sofrer nenhum tipo de violência, seja física ou moral. Porém, vê-se que a violência e
tortura ainda são freqüentes nas rotinas policias, nas delegacias de polícia e quartéis
militares. O agressor que comete crime deve ser denunciado, processado e condenado a
sanções penais, administrativas e civis.
27.4 Casuística
Encarregados de prisões que colocam os encarcerados a “pão e água”,
privando-os de alimentação ou reduzindo drasticamente a quantidade de
comida que lhes é fornecida;
Deixar de dar comida a presos ou dependentes de qualquer espécie, “a título de
castigo”. Comida ruim ou escassa, privação de sono, ofensas morais, propostas
de atos contra a natureza, trancar a vítima (quando, naturalmente, não se trata
de preso), mantê-la em estado de medo e sobressalto, impo-lhe tarefas imorais
ou degradantes;
Serviços exagerados, contínuos, ou que exigem esforços incompatíveis com a
capacidade física ou mental da vítima, ocasionando-lhe cansaço e desgaste.
28 RIXA
Art. 137 Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena - detenção,
de quinze dias a dois meses, ou multa. Parágrafo Único. Se ocorre morte ou lesão
corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de
detenção, de seis meses a dois anos. ( BRASIL, 1940)
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maioria ou de todos, preferiu o código criar um tipo que permita a punição pela simples
adesão à briga, alcançando, assim, a totalidade dos participantes."
È um crime de perigo para a vida e a saúde das pessoas, que é a sua objetividade
jurídica.
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo ou passivo do crime de rixa, porém é
necessária a participação, de, no mínimo, três pessoas, ainda quando uma ou várias
delas sejam inimputáveis. Instalada a confusão, com lesões corporais ou vias de fato e
não se podendo determinar exatamente a ação de cada um, haverá crime de rixa.
Não há necessidade de que todos os participantes sejam identificados, bastando a
certeza de que eram três ou mais os envolvidos. Havendo dois sujeitos apenas, haverá
vias de fato ou lesões corporais recíprocas. Na rixa todos são, ao mesmo tempo, sujeitos
ativos e sujeitos passivos.
29 ABUSO DE AUTORIDADE
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militar não se cuida, a competência será da Justiça Comum Estadual. È valido salientar
que a jurisprudência do STF orienta-se a tal procedimento ( STF, RT 589/443).
A constituição em vigor, em seu Art. 5º, trata dos direitos e garantias individuais.
Discrimina, em seus 77 incisos, as regras básicas dos direitos de todos os cidadão
brasileiros.
Ao afirmar o caput do art. 3º da lei em questão, que constitui abuso de autoridade
"qualquer atentado", afastada restou a figura da tentativa. De fato, é impossível a figura
da tentativa nos crimes de atentado.. Damásio de Jesus é categórico em dizer que : " não
admite tentativa: nos crimes definidos no art.3º da Lei 4.898, de 9.12.65 ( crimes de abuso
de autoridade)" ( Direito Penal, Saraiva, 1978, 3ª ed., vol. 1º, p.309).
A primeira figura caracterizadora do abuso de autoridade é a liberdade de
locomoção. Todo o cidadão o direito de locomover-se, transportar-se para onde deseje,
sem limitações, ressalvados os casos expressos em lei ou por imperiosas necessidades
ditadas pelo Estado.
Destarte, não se poderá falar em violação de liberdade de locomoção daqueles que
ameaçam a paz, a segurança e o bem -estar- social dos demais cidadãos, como do
Estado, pelo que não constituem abuso de autoridade as detenções e recolhimentos de
dementes, ébrios, pessoas que causem escândalos. ( RT 298/66 - TJSP: " As detenções
que se limitem ao indispensável para impedir escândalo público do trottoir não constitui
ato ilegal".
Por fim, " A Polícia pode prender em flagrante delito ou no cumprimento de decisão
judicial. Pode também pôr em custódia os ébrios, desordeiros e loucos, durante o tempo
estritamente indispensável para resguardar a tranqüilidade pública. Fora destes casos,
toda prisão é arbitrária, ilegal e criminosa. As autoridades que judiciais, quer policiais,
também não tem direito de fazer vir o cidadão à sua presença para prestar declarações,
informações ou depoimentos, sem prévia designação de dia, hora e lugar em que o ato
haja de ser praticado." ( RT 397/56, 518/366).
Na alínea b trata-se da violação de domicílio. Este delito é tipificado no art. 150 do
Cídigo Penal ( BRASIL, 1940). Age com abuso de autoridade, consistente na violação de
domicílio, o funcionário público que, no exercício de sua funções ou a pretexto de exercê-
las, entra ou permanece em casa alheia ou em suas dependências, contra a vontade de
quem nela habita.
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autoridade, desde que seus fins seja lícitos e não contrariem preceitos de ordem
pública.
O artigo quarto da lei em estudo estabelece de forma mais concreta as formas
de abuso de autoridade. È fundamental que seja analisado e discutido para que
haja uma compreensão mais acertada destas tão importantes normas.
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De certo, existem infinitos casos que podem gerar dúvida quanto a legalidade
da ação policial, porém, devemos ter certeza que todas as nossas ações devem
ser baseadas na Lei e sempre em razão dela devemos atuar.
30 CRIMES CONTRA A HONRA
A legislação penal comum (Código Penal), ou seja, esta, somente será aplicada
quando não ocorrer uma das hipóteses da legislação especial (Código Eleitoral, Código
Militar, Lei de Imprensa).
Subjetiva – é o juízo que se faz de si mesmo, o seu amor próprio, sua auto-estima;
ela subdivide-se em honra-dignidade (diz respeito aos atributos morais da pessoa) e
honra-decoro (refere-se aos atributos físicos e intelectuais); a injúria atinge a honra
subjetiva, pois isso se consuma quando a própria vítima toma conhecimento da ofensa
que lhe foi feita.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, exceto aquelas que gozam de imunidades, como
os parlamentares (deputados e senadores quando no exercício do mandato) (art. 53,
CF); os vereadores nos limites do Município onde exercem suas funções (art. 29, VIII,
CF); os advogados quando no exercício regular de suas atividades não praticam
"difamação" e "injúria", sem prejuízo das sanções disciplinares elencadas no Estatuto
da OAB.
Elemento subjetivo: dolo; não basta praticar a conduta descrita no tipo, exige-se
que o sujeito queira atingir, diminuir a honra da vítima e seriedade na conduta; se a
ofensa é feita por brincadeira ou a intenção da pessoa era repreender (ou aconselhar) a
vítima não há crime.
30.1 Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a 2 anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre
quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível a calúnia
contra os mortos. (BRASIL, 1940)
Difamação
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Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena -
detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. Exceção da verdade. § único - A exceção
da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é
relativa ao exercício de suas funções. (BRASIL, 1940).
30.2 Injúria
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"O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato
puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou
fora, sem prejuízo das sanções disciplinares junto a OAB" (art. 7°, § 2°, do Estatuto da
OAB).
30.5 Retratação
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante
queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão
corporal. § único - Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça,
no caso do n. º I do art. 141 (contra o Presidente da República, ou contra
chefe de governo estrangeiro), e mediante representação do ofendido, no
caso do n. º II (contra funcionário público, em razão de suas funções) do
mesmo artigo. (BRASIL, 1940).
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA
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