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Divergente e convergente – Como ser mais

criativo?
A gente encontra situações diversas e faz escolhas o tempo todo, algumas
mais básicas e outras mais complexas. Por exemplo, quando você precisa
abrir uma garrafa de vinho. Basta abrir a segunda gaveta (aquela dos
utensílios de cozinha) e pegar um saca-rolhas. Não há muito o que
escolher, na verdade, já que para sacar rolhas existe um recurso chamado
“saca-rolhas”, não é mesmo? Mas e quando você não tiver esse utensílio?
Como arrancar aquela rolha da garrafa?

É em momentos como este que a gente costuma pôr em prática o


pensamento divergente.

Pensamento divergente e pensamento convergente são duas operações


mentais estudadas por Joy Paul Guilford, um psicólogo norte-americano,
que desenvolveu uma teoria sobre a estrutura do intelecto, em 1955.

De um modo geral, o pensamento divergente diz respeito à capacidade de


gerar múltiplas soluções para um problema, enquanto o pensamento
convergente é a sua habilidade de inferir em uma resposta, fazer uma
escolha.

Tá, então você está falando sobre criatividade? Bingo. É sobre criatividade,
é sobre relacionamento interpessoal, sobre metodologia e sobre como
lidamos com nossos próprios pensamentos. Afinal, nem todas as rolhas da
vida dispõem de um saca-rolhas.

Os pensamentos divergentes e convergentes são complementares, mas


nunca simultâneos. Anne Manning, que trabalha com desenvolvimento
profissional em Harvard, ilustra isso em suas oficinas com um exercício bem
tangível. Primeiro ela pede que as pessoas fiquem de pé e estiquem os
braços tentando “alcançar o céu”.

Depois, ela pede para que se curvem e tentem alcançar o chão. Além de
um excelente alongamento, com esses movimentos, Manning busca
explicar que não é possível alcançar o céu (pensamento divergente) e os
pés (convergente) ao mesmo tempo (tá, se você for do Cirque du Solei,

talvez consiga ).

Dificilmente você conseguirá gerar alternativas, pensar em diferentes ideias,


se a todo momento você estiver criticando e analisando as ideias que acaba
de gerar. O convergente te direciona para decisão, enquanto o divergente te
faz criar. Essa pequena grande diferença é o que leva muitas equipes a
replicarem soluções pré-estabelecidas e se contentarem com mais do
mesmo.

Às vezes, até pensamos que estamos criando, mas, na


verdade, estamos apenas escolhendo o melhor saca-rolhas
da nossa gaveta de utensílios.
Partir de um rol de opções e escolher o que melhor se adequa é justamente
o que caracteriza o pensamento convergente. E não se engane, ele tem o
seu valor. Se não convergíssemos em algum momento, nunca chegaríamos
à ação e muitas coisas nunca existiriam (como esse blog).

A questão é saber em quais momentos vale à pena investir um pouco mais


de tempo em cada pensamento a fim de gerar mais ideias ou tomar
melhores decisões.

O Obama, por exemplo, ficou conhecido por declarar que só usava ternos
azuis ou cinzas, assim poderia ocupar o seu tempo com decisões mais
importantes.

Já o artista português Alexandre Farto, mais conhecido como Vhils, é


reconhecido por ver “a outra face da realidade” criando rostos em
superfícies que aparentemente não apresentavam nenhum potencial.

Nossa formação é direcionada para o pensamento analítico, para que


possamos considerar uma série de dados e informações e transformá-los
em ação. Para desenvolvermos o pensamento divergente e criativo é
preciso retomarmos a nossa criança interior. Lembra quando a tarefa era
desenho livre? Ou quando alguém fazia um rabisco e você tinha que criar
algo a partir daquele rabisco?

O pensamento divergente implica em olhar com outros


olhos, confrontar as suas verdades, conversar com
pessoas diferentes, caminhar por outros caminhos.
Não é por menos que algumas metodologias de projeto, de trabalho e de
pesquisa incorporam etapas que visam explicitamente a contemplação, a
imersão e a criação. O tradicional ciclo PDCA da Administração, por
exemplo, considera as fases de Planejamento, Desenvolvimento,
Checagem e Avaliação. Compare agora com Imersão (empatia), Definição,
Ideação, Prototipagem e Teste, que são as etapas do Design Thinking. É
claro que você pode exercer um pensamento divergente nas fases de
planejamento e desenvolvimento, mas quando o processo já direciona você
a ter um momento dedicado ao pensamento divergente, como é o caso da
Imersão e da Ideação, outras portas, janelas, caixas, gavetas e até alguns
portais cósmicos se abrem. Esse movimento entre o pensamento divergente
e convergente é também chamado de diamante da inovação.

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