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FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA

ADAIL MOREIRA ALBUQUERQUE

A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DA NR-10 E NR-35 EM PEQUENOS E


GRANDES PROVEDORES DE INTERNET

MORAÚJO - CE
2021
FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA
ADAIL MOREIRA ALBUQUERQUE

A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DA NR-10 E NR-35 EM PEQUENOS E


GRANDES PROVEDORES DE INTERNET

Artigo Científico Apresentado à Faculdade


Única de Ipatinga - FUNIP, como requisito
parcial para a obtenção do título de Especialista
em Engenharia de Segurança do Trabalho.

MORAÚJO - CE
2021
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A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DA NR-10 E NR-35 EM PEQUENOS E


GRANDES PROVEDORES DE INTERNET

Adail Moreira Albuquerque

RESUMO

Este trabalho faz uma explanação a respeito dos provedores regionais de internet atrelados as
comunicações por fibra óptica e aos seus colaboradores responsáveis pela construção das redes ópticas na
prática. Estes trabalhadores se submetem a dois principais riscos diante da execução de seus serviços,
sendo eles: altura e possível contato com a rede de energia elétrica situada nos postes das concessionárias
de energia. Com isso, objetiva-se expor a aplicação da NR-10 e NR-35 no cotidiano desses trabalhadores
a fim de preservar vidas e trazer segurança do trabalho dos mesmos. O estudo é construído a partir de
uma revisão da literatura, onde foram usados 15 artigos científicos na língua portuguesa e inglesa, que se
adequavam a temática abordada. Portanto, identificou-se a partir do estudo que a importância da
aplicabilidade efetiva das normas de segurança no trabalho é primordial para a diminuição dos casos de
acidentes no ambiente de trabalho.

Palavras-chave: Provedor de internet. Técnicos de Telecomunicações. Redes Ópticas.


Normas Regulamentadoras. NR-10. NR-35. EPI (Equipamento de Proteção Individual).

Introdução

Atualmente com a ascensão das tecnologias e a facilidade que os objetos se


comunicam, necessita-se cada vez mais de redes de comunicações que suportem e
ofereçam grandes taxas de transmissão de dados. Com o passar dos dias tem se visto
muito falar em internet das coisas. Segundo Singer (2012), essa definição nos traz uma
rede de abrangência mundial, pois a ideia desse conceito é a conexão de objetos que
trocam informação entre si.

Com o cenário da comunicação em que se vive, é imprescindível a utilização de


meios que proporcionem a troca de informação de forma rápida, confiável e estável.
Keyser (2014) elenca as principais características das redes constituídas por fibras
ópticas, mostrando a capacidade que esse meio de transmissão possui.

Para a construção dessas redes ópticas, os provedores de internet por meio de


seus técnicos de telecomunicações, executam os serviços de montagem, em sua maioria,
de forma aérea, ou seja, utilizando postes de propriedades das concessionárias de
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energia elétrica para a fixação dos cabos e equipamentos. Dessa forma, os colaboradores
se submetem à altura de trabalho em um poste e a rede de energia elétrica lá localizada.

Os acidentes ocorridos com trabalhadores que executam seus serviços em altura,


geralmente causam fraturas, como também danos a terceiros que estejam em trabalho
também em campo, ou até mesmo com transeuntes que porventura estejam próximos no
momento do ocorrido.

Outro tipo comum de acidentes com técnicos de telecomunicações, é o choque


elétrico, pois as vítimas dessas descargas elétricas apresentam queimaduras, justamente
porque a corrente elétrica atinge o organismo através do revestimento cutâneo. Devido à
alta resistência da pele, a passagem da corrente elétrica produz alterações estruturais no
organismo. As queimaduras provocadas pela eletricidade diferem daquelas causadas por
efeitos químicos, térmicos e biológicos.

A eletricidade pode ocasionar queimaduras de diversas formas e podem ser


classificadas como: Queimaduras pelo contato direto, quando se toca uma superfície
condutora energizada; Queimaduras pelo arco voltaico, quando o arco elétrico é
caracterizado pelo fluxo de corrente elétrica através do ar; Queimaduras por vapor
metálico, quando na fusão dos contatos elétricos há emissão de vapores e derramamento
de metais derretidos. Em caso de acidentes por arco elétrico, as consequências são muito
severas, devido alta energia térmica liberada durante o mesmo. As queimaduras
provocadas pelo arco elétrico, destroem os tecidos do corpo e em casos de trabalhos em
altura o risco de queda é eminente devido a alta pressão provocada pela explosão no
local da ocorrência. (SILVA e MICHALOSKI, 2016).

Neste contexto, este trabalho objetiva elucidar a importância da correta e ampla


aplicação das Normas Regulamentadoras de Segurança do Trabalho de números 10 e
35, para com os referidos profissionais a partir de uma revisão da literatura disponível.

Desenvolvimento

A fim de atingir os objetivos sugeridos, foi empregado o recurso metodológico,


a pesquisa bibliográfica do tipo revisão de literatura, onde foram analisados artigos
científicos, efetuada através da análise de materiais já publicados na literatura e
lançados no meio eletrônico.
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Além disso, o corrente estudo se discorre diante das circunstâncias de trabalho


dos colaboradores de provedores de internet que estruturam as redes ópticas de acesso à
internet. Neste ponto de vista, estabeleceu-se duas principais vertentes para serem
abordadas que norteiam o trabalho.

1. Os perigos enfrentados pelos os técnicos de telecomunicações no


cotidiano de montagem de redes de comunicações ópticas.
2. A relevância da execução das atividades dos técnicos de
telecomunicações em consonância com a NR-10 e NR-35.

De início, expõe-se uma visão do cenário das telecomunicações em especial as


comunicações ópticas em paralelo com seus colaboradores. Posteriormente, a situação
de trabalho juntamente com as adversidades por eles enfrentadas.

Em um país, o setor de telecomunicações é parte fundamental para sua


infraestrutura, sendo assim, componente relevante para o desenvolvimento econômico e
social. Nos últimos anos, a demanda desse setor tem crescido bastante. No entanto, para
que se possam ser disponibilizados, com maior qualidade, a um número crescente de
usuários, é necessário a criação de redes de comunicações e utilização de sistemas e
meios eficientes, tal como: comunicação óptica. (MOREIRA, 2018).

Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações, existe no mínimo um


provedor em operação em cada cidade do país e 60% das redes de fibra óptica vêm dos
provedores regionais. (LEE, 2013). Segundo Celso Motizuqui diretor de vendas da
Furukawa Brasil, neste ano de 2021 o número de redes ópticas em quilômetros poderá
crescer 13,5%. Com efeito, a geração de emprego neste setor é grande, já que se
necessita de profissionais capacitados para o perfeito funcionamento.

Conforme menciona Costa (2018), em 2018 mais de 200 mil trabalhadores


ocupam as chamadas “equipes de campo”, colaboradores que estão expostos as diversas
condições e riscos, atendendo aos clientes ou os projetos de expansão das redes. Dentre
eles que fazem parte das equipes estão os instaladores, cabistas aéreos e subterrâneos,
técnicos em fibras ópticas e técnicos de rede.

Os diversos locais de atividade dos trabalhadores de telecomunicações vão


desde os postes de energia elétrica nas ruas até os postes dos jardins nas residências.
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Têm-se ainda atividades em galerias e caixas subterrâneas. Nesses serviços os riscos


mais graves, estão o choque elétrico e a queda de alguma determinada altura.

No dia a dia é imprescindível à necessidade de subir em escadas bem próximas


das redes elétricas, além das condições adversas de exercer atividades em dias chuvosos
e por vezes em período noturno. O cotidiano dos profissionais de telecomunicações de
campo é em sua maioria diante de redes de energias elétricas aéreas. No Brasil, o
choque elétrico no ambiente de trabalho é um dos principais motivos de acidentes
graves. (MATTOS, 2009).

Define-se choque elétrico como reação do corpo humano ao ser atingido por
uma corrente elétrica. Os riscos à segurança e saúde dos trabalhadores expostos a
energia elétrica são por si só muito elevados, podendo levar a lesões graves e até mesmo
a morte. Ainda de acordo com o mesmo autor, em serviços com eletricidade o
trabalhador fica exposto a riscos de acidentes com consequências diretas: choque e arco
elétrico e com consequências indiretas: quedas, batidas, incêndio, explosões de origem
elétrica, queimaduras, entre outros. (BASSETTO, 2017).

Os fatores que expõem os trabalhadores ao risco de choques elétricos vão


desde projetos inadequados de linhas de transmissão e distribuição, inexistência de
procedimentos de manutenção das instalações e dos equipamentos, isolamento de cabos
e outros.

Outro risco muito recorrente para esses colaboradores de provedores de


internet é a execução das atividades em altura. Esse fator é inerente a esta atividade
ocorrendo assim acidentes de trânsito, já que são executadas tanto em ruas, sendo estas
com declives, aclives, etc. Como também, onde a atividade se torna mais difícil, é nos
centros urbanos, além dos carros, existem transeuntes em ruas, muitas vezes estreitas e
de acesso complicado.

As legislações correntes obrigam as empresas a aplicação de forma amplas as


Normas Regulamentadoras de Segurança do trabalho. Assim, muitas empresas do setor
de telecomunicações possuem seus Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho (Sesmt), NR-4, porém não atendem as condições
mínimas das demais normas regulamentadoras, se preocupando prioritariamente, em
atender seus aspectos formais e legais. (CARDOSO, 2017).
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Os treinamentos ministrados para os profissionais muitas vezes são


negligenciados pelos empresários, pois a proficiência dos instrutores, conteúdo
programático e aprendizado dos instruídos não se submetem a critérios de avaliação.
Desse modo, indagações podem ser feitas: atende realmente a recomendação da
legislação? A resposta é sim, já que a dificuldade de fiscalização pelos órgãos
competentes é recorrente. Outra indagação a ser feita é: atende a necessidade do
trabalhador, para que este exerça suas atividades com segurança? Nem sempre pode-se
afirmar que sim, pois há empresas com limitações financeiras e culturais, estabelecendo
assim carência de recursos materiais e humanos. (CARDOSO, 2017).

Por meio da Portaria Ministro De Estado Do Trabalho e Emprego nº 598 de


07.12.200 a Norma Regulamentadora de número 10 estabelece:

[...] os requisitos e condições mínimas objetivando a implementação de


medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e
a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em
instalações elétricas e serviços com eletricidade. 

Da mesma forma, através da Portaria MTE 593/2014 a Norma


Regulamentadora de Nº 35 estabelece:

[...] os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em


altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a
garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou
indiretamente com esta atividade.

Conforme também a NR-35, os trabalhos executados a mais de 2,00 metros do


menor nível considerado em campo e com risco de queda, são considerados trabalhos
em altura. Pode ser caracterizado também pelo nível do solo em que o trabalhador
desempenha a atividade, sendo uma combinação de movimentos atléticos, que exigem
controle mental e a aplicação de segurança ou de alpinismo quando no posicionamento
em cordas. (VALPECOVSKI, 2014).

Analisar os riscos envolvidos em determinada situação de trabalho e usar o


equipamento adequado, nem sempre é suficiente para impedir um incidente. Sempre é
necessário ter em conta a segurança de todo o sistema ali envolvido, já que em uma
situação de queda, as forças exercidas podem superar a resistência dos materiais
circundados.
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Assim, se faz necessário a adequação dos locais de fixação de cordas ou de


outros equipamentos, a distribuição das forças geradas na queda, evitando que o
impacto seja inteiramente transferido para o trabalhador e a correta utilização de todos
os instrumentos situados no sistema. (VALPECOVSKI, 2014).

Antecipadamente a qualquer atividade a ser realizada, deve se sempre registrar


a Análise Preliminar de Risco, APR, a qual deve ser preenchida e assinada por
profissional autorizado pertencente a empresa. Estes profissionais da equipe de campo
devem possuir o treinamento e o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) adequado à
atividade. Em eventual condição adversa, como por exemplo, algum trabalhador sob
efeito de droga ou se algum EPI estiver danificado ou faltando, as atividades poderão
ser suspensas pelo fiscal da empresa.

Desta forma, para a execução da obra, todas as condições de trabalho que


constam na APR devem ser atendidas. Outro fator obstante para as atividades em redes
de fibra óptica é o tempo chuvoso, ou mesmo nublado com alto índice de umidade do
ar, pois há grande risco de ocorrer choques elétricos devido à proximidade dos cabos de
fibra óptica à rede elétrica. (VALPECOVSKI, 2014).

Os profissionais que trabalham em provedores de internet devem passar por


treinamentos de acordo com os riscos a ser submetidos em suas atividades diárias.
Portanto, em sua maioria devem passa por treinamentos de práticos de forma segura
voltados para a eletricidade e altura.

 Para a NR-10, o treinamento estabelecido é de 40h (quarenta horas)


para o curso básico de segurança em instalações e serviços com
eletricidade.
 Para a NR-10, o treinamento estabelecido é de 40h (quarenta horas)
para o curso complementar de segurança no Sistema Elétrico de
Potência.
 Para a NR-10, a reciclagem para ambos deve ser a cada dois anos.
 Para a NR-35, o treinamento é de 32h (trinta e duas horas) para
capacitação em trabalho realizado em altura.
 Para a NR-35, o treinamento em práticas de resgate em altura deve ser
16 h (dezesseis 16 horas).
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Uma observação a ser feita é a devida capacitação do profissional que irá


lecionar os treinamentos, pois este deve possui formação na área de Segurança do
trabalho, e esta, reconhecida pelos órgãos competentes atualmente vigente.

Conclusão

Em concordância com o que foi apresentado, as medidas de segurança devem


ser habitualmente observadas de maneira estrita a fim de evitar danos ao ser humano.
Porém, nem sempre a legislação é seguida ou mesmo observada.

Conforme já foi mencionado anteriormente, a insuficiência dos órgãos


fiscalizadores faz com que as empresas não estabeleçam como prioridade o
cumprimento de forma rigorosa as Normas de Segurança, ocasionando assim, acidentes
no trabalho.

Para isso, as medidas de controle podem ser interpretadas como um conjunto


de ações estratégicas de prevenção com objetivo de reduzir ou eliminar os riscos, ou
ainda manter sob controle os possíveis eventos indesejáveis.

O ideal seria que o empregador exigisse do empregado a observância das


diretrizes e obrigações das Normas Regulamentadoras de acordo com os treinamentos e
estudos; a utilização dos EPIs nas atividades que envolvam risco de acidentes, bem
como, orientá-lo e incentiva-o para o uso correto, guarda e conservação.

Cabe ao empregado cumprir, obedecer e incentivar companheiros que faça o


mesmo, evitando assim, acidentes graves e mortes no trabalho. Logo, o mais importante
a ser preservado é a vida, tornado as diretrizes das Normas de Segurança do trabalho
extremamente essenciais para o ambiente de trabalho dos funcionários, em especial os
técnicos de telecomunicações dos provedores de internet.

REFERÊNCIAS

SINGER, Talyta. Tudo conectado: conceitos e representações da internet das


coisas. Práticas Interacionais em Rede Salvador, 2012.

KEISER, Gerd. Comunicações por fibras ópticas. Porto Alegre: AMGH, 2014

MOREIRA, Adail Albuquerque. Projeto e Análise de uma rede GPON. Sobral, 2018.
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MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE). Norma Regulamentadora 10


– Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, 2004.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E DO EMPREGO (MTE). Norma Regulamentadora


35 para Trabalhos em Altura, 2012.

LEE, Kevin, 2013. Rede de fibra óptica transfere dados quase na velocidade da luz.
Disponível em: <http://idgnow.com.br/internet/2013/03/28/rede-de-fibra-optica-
transfere-dados-quase-na-velocidade-da-luz/>. Acesso em 25 out. 1

VASCONCELLOS, Armando José de Costa. Análise das condições de trabalho na


construção de estações e redes de telecomunicações: estudo de caso de uma empresa do
estado de alagoas. Universidade Estadual da Bahia, Mestrado em engenharia industrial.
Bahia, 2018.

CARDOSO, R. Desafio diário. Trabalhando com a pressão de prestar atendimentos e


resolver os problemas dos clientes no menor tempo possível, os técnicos de campo do
setor de telecomunicações veem, muitas vezes, sua saúde e segurança serem deixadas
em segundo plano. Novo Hamburgo: Proteção Publicações e Eventos, Edição 301,
janeiro de 2017, ano XXX.).

MATTOS, R.P.Choque Elétrico. Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança do


Trabalho –Sobes. 2009. Disponível em: < http://sobes.org.br/site/wp
content/uploads/2009/08/choque.pdf >. Acessado em: dez de 2017).

BASSETTO, Priscilla. NR-10: Segurança do trabalho com eletricidade, EPA,


UNESPAR/Campus de Campo Mourão, 2018.

CARDOSO, R. Desafio diário – Trabalhando com a pressão de prestar atendimentos


e resolver os problemas dos clientes no menor tempo possível, os técnicos de campo
do setor de telecomunicações veem, muitas vezes, sua saúde e segurança serem
deixadas em segundo plano. Novo Hamburgo: Proteção Publicações e Eventos, Edição
301, janeiro de 2017.

MARILENE, Valpecovski. Avaliação de riscos na implantação e na


manutenção de redes de fibra óptica na região de Curitiba. Curitiba, 2014.

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