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ANO I Edição Out/2020

Revista da
Indústria da
Construção

REVICON

CAPA
REGULAMENTAÇÃO
DA PROFISSÃO DO
ENGENHEIRO CLÍNICO
EDITORIAL REVICON OUT/2020

Revista da
Indústria da
Construção

REVICON
Chegamos à quinta edição da Manufacturing para um melhor desem-
revista Revicon. Neste mês o foco é a penho das empresas. A edição especial
reinvenção, onde os artigos presentes conta com a participação de: Matheus
trazem debates e soluções relacionados Batista, Débora Fernandes, Iasmin
ao âmbito da Engenharia. Entre os Jaime, Murilo Leal e Jackeline Lares
temas abordados está: o transformador Vasconcellos. Uma ótima leitura!
de aterramento e sua aplicação na
cogeração, a regulamentação da Equipe Revicon
prossão do engenheiro clínico, a
modelagem da informação da constru-
ção e perspectivas atuais de automação
e robótica, além da utilização do Lean

Revista Revicon – Revista da Indústria da Construção


Ano 2020, n.4, outubro de 2020
Periodicidade: Mensal
Diretor Geral: André Torres
Conselho Editorial: Elysia Cardoso
Colaboração: Lívia Melo e Sara Brandão
Projeto Gráco: New Desing – Anderson Amaral
Local de publicação: Goiânia, Goiás, Brasil
Rua 147, n° 303 – Setor Marista, Goiânia - GO
editorial@revicon.com.br

NOTA: Os artigos assinados exprimem conceitos de responsabilidade de seus autores,


coincidentes ou não com os pontos de vista da redação da Revista.
ARTIGO REVICON OUT/2020

TRANSFORMADOR DE ATERRAMENTO E
SUA APLICAÇÃO NA COGERAÇÃO
Autor: Matheus Batista – Eng. Eletricista, Associado e Diretor de Eventos ABEE-GO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS mantido sem caminho à terra, na ocorrência de
uma falta fase-terra existe a possibilidade de
Gostaria de falar sobre um equipamento ocorrência de surtos de sobretensão transitórios
do sistema elétrico que convive com a antítese de que capazes de danicar a isolação de equipa-
ser muito utilizado e pouco conhecido, o mentos. Assim sendo, ao manter um sistema
Transformador de Aterramento. Esse dispositivo é isolado com o artifício do transformador de
aplicado em sistemas de transmissão ou distribui- aterramento, dispositivos que são dimensionados
ção de energia elétrica alimentados em delta com relação à possibilidade da ocorrência de
(sistema isolado, três fases sem neutro) para sobretensões poderão possuir uma classe de
suprir a sua principal desvantagem: a inexistência tensão menor, caso das isolações e dos para-
de um caminho de retorno de correntes para raios.
defeitos envolvendo à terra.
Dito isso, podemos inferir que para se
De maneira geral, o que ocorre é que em utilizar das vantagens de um sistema isolado,
um sistema à 3 (os) o uxo de corrente se dá pela devemos eliminar essa perigosa fragilidade
ddp (diferença de potencial) tida entre 2 fases. criando um mecanismo robusto, que viabilize a
Dessa forma, se ocorrer uma desconexão de uma alta sensibilidade aos defeitos à terra (principal
fase, a corrente não seguirá mais este caminho. vantagem do sistema aterrado), por isso o uso do
Na prática, o que postulamos é que o sistema em Transformador de Aterramento propiciará a
delta possui uma insensibilidade para defeitos à sensibilidade aos defeitos à terra e a eliminação
terra (1Ø-terra), ou seja, se um cabo advindo de dos mesmos.
um barramento que opera em delta cai ao solo, a
corrente é somente de natureza capacitiva, muito Uma aplicação que está bastante recor-
pequena e que dicilmente será identicada pela rente em nosso Estado é a implementação da
proteção para sua correta eliminação. Gosto de cogeração em plantas industriais existentes, seja
dizer que a proteção não irá 'enxergar' a falta. ela através de usinas térmicas, solares ou hidráu-
licas. Esse é um caso para a aplicação do trans-
Outra razão para se implementar esse formador de aterramento e que gostaria de tratar
dispositivo de aterramento está relacionado ao aqui como forma de elucidar o discutido até o
fato de que em um sistema elétrico trifásico que é momento.

Figura 1. Cogeração

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É bastante usual transformadores de elétrico está em transformação em função da


acoplamento com a concessionária possuírem o evidente ascensão da cogeração e merece nossa
esquema de ligação delta-estrela, onde o delta atenção nos pontos tratados.
está no lado da concessionária e estrela no lado
do consumidor, cuja situação está apresentada MINICURRICULO
na gura 1. Analisando o diagrama, é possível
perceber que na hipótese em que esteja ocorren- Matheus Batista possuí graduação em
do um paralelismo permanente entre o gerador e Engenharia Elétrica pela Pontifícia Universidade
a concessionária, ocorra uma falta monofásica Católica de Goiás. Pós-graduado no MBA de
na linha de distribuição que conecta a SE da Projeto, Execução e Controle de Engenharia
concessionária e o cliente, o DJc iria atuar com Elétrica pelo IPOG; Pós-graduado em
sua função instantânea por ser um barramento Engenharia de Segurança do Trabalho pela
com neutro solidamente aterrado (geralmente FEAD-MG, Pós-Graduado em Telecomunicações:
estrela no lado de BT do trafo), diferente disso o Prédios Inteligentes (IFG) e Docência do Ensino
DJi continuaria fechado com a geração operante, Superior na Faculdade Brasileira de Educação e
pois, o mesmo tem no lado do defeito esquema Cultura. Atualmente cursa pós-graduação em
delta do transformador TRi, com baixa sensibili- Sistemas Eletroenergéticos pelo IDS. Sócio
dade para faltas à terra. fundador e Diretor Comercial da VORBE
ENGENHARIA desde sua fundação.
A adequação mais sensata nesse caso
seria a aplicação do transformador de aterra- Neste tempo de atuação, já desenvolveu
mento criando um ponto de aterramento no lado atividades como responsável técnico da área
da linha conforme gura 1. Essa intervenção elétrica e segurança do trabalho, em projetos de
evitaria detecção tardia da falta por parte do DJi e Engenharia Diagnóstica, projetos de subestações
ainda promoveria a proteção contra transitórios 13.8 e 34.5 kV e execução de obras. Ocupa o
de sobretensão na linha. cargo de Diretor de Eventos da Associação
Brasileira de Engenheiros Eletricistas, seção
O assunto é extenso e abordado pelas goiás, eleita para o biênio 2017-2019 reeleita
normas internacionais e bibliograas que tratam para 2020-2021 e ainda Diretor de Tecnologia e
destes assuntos (ANSI/IEEE std 32, IEE std Planejamento da ABEE - NACIONAL. Tem
C57.110 e o livro do Beeman - 'Idustrial Power experiência na área de Engenharia Elétrica, com
Systems Handbook'), contudo, por conta de ênfase em Qualidade de Energia, sistemas de
fatores diversos, é uma situação pouco explorada potência e Segurança em Instalações Elétricas.
e algumas vezes até negligenciada. O sistema

abee-go.org.br

ABEE-GO
Associação Brasileira de
Engenheiros Eletricistas
Seção Goiás

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ARTIGO REVICON OUT/2020

REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO
DO ENGENHEIRO CLÍNICO
Autora: Débora Fernandes - Engenheira Biomédica

O Engenheiro Clínico, segundo o METODOLOGIA


American College of Clinical Engineering (ACCE),
é aquele prossional que aplica e desenvolve os Este artigo se propõe a analisar a dinâmi-
conhecimentos de Engenharia e práticas gerenci- ca regulatória da prossão do engenheiro clínico
ais às tecnologias de saúde, para proporcionar frente à normatização do CREA, do Sistema de
uma melhoria nos cuidados dispensados ao Saúde e das atribuições dos prossionais que, por
paciente. De acordo com a ANVISA, esse prossi- demanda, já exercem a prossão.
onal deve atuar como gestor de manutenção,
executor de intervenções e como agente de DESENVOLVIMENTO
melhorias, no que diz respeito à tecnologia de
equipamentos médico-odonto-hospitalares. No A dinâmica do reconhecimento e regula-
Brasil, a prossão vem sendo exercida há aproxi- mentação da prossão começa em 1998,
mados 40 anos, mas ainda não é regulamenta- quando é solicitado ao CREA, através da
da. Uma tentativa foi a partir da PL 5438/2020, Deliberação nº 002/98-CEP, que se exija o título
que gerou controvérsias entre partes interessadas de Engenheiro Clínico para projeto e execução de
e não foi à frente. Esse artigo visa descrever a equipamentos médico-hospitalares. A
situação legal da prossão no Brasil, de modo a Deliberação foi negada através da Decisão PL
contextualizar com a realidade vigente nos 0490/98, considerando que engenheiros eletri-
hospitais. cistas, mecânicos e ans já possuíam a competên-
cia.

Débora Fernandes

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Em 2014, uma solicitação da ABEClin (SUS) que responde pela grande maioria dos
(Associação Brasileira de Engenharia Clínica) deu atendimentos, e a inserção de novas carreiras
origem a um grupo de trabalho, nalizado pela nesse contexto depende de que haja aparato
PL 1843/2016 que decidiu, com base no Art. 7º legal.
da Resolução 1073/2016, que o requisito para
atuar como engenheiro clínico é ser engenheiro Longe de espelhos ideológicos sobre o que
de qualquer modalidade, e estar devidamente se concorda ou não acerca de direitos trabalhis-
registrado no CREA. Considerou-se a opção da tas, transformar a prossão de engenheiro em um
pós-graduação, ressalvando, porém, o direito do título a se dar 'por experiência'(desmantelamento)
engenheiro biomédico em exercer a prossão ou apenas via mestrado/doutorado (burocratiza-
tendo como base sua formação basal. ção) é sem dúvida uma perda para a saúde do
brasileiro. É uma questão de bom senso e quali-
Em 2020, o PL 5438/2020, proposta no dade.
Senado Federal, sugeriu a regulamentação da
prossão que, depois de fortemente rejeitada,
não teve prosseguimento. CONCLUSÃO

A prossão do Engenheiro Clínico é de


RESULTADOS E DISCUSSÕES extrema importância para o desenvolvimento da
saúde no País, especialmente no âmbito SUS. Em
A prossão do Engenheiro Clínico vem decorrência da pandemia da COVID-19, o Poder
sendo alvo de discussões desde quando, pratica- Público notou, mesmo que de forma irrisória, a
mente, começou a ser exercida. Descrita pelo importância desse prossional da saúde. É
Ministério da Saúde como “sub-área da necessário, no entanto, que os prossionais
Engenharia Biomédica”, há quem defenda sua estejam atentos ao processo de regulamentação,
regulamentação apenas para pós-graduados em de modo que venha garantir concorrência saudá-
Engenharia Clínica e, de forma mais exacerbada vel e desenvolvimento à área, não burocracia e
(como visto na PL 5438/2020), indo contra o desmantelamento.
preconizado no Art. 7º da Resolução 1073/2015,
diplomação strictu sensu. REFERÊNCIAS

Estar à beira de uma decisão legal que, na ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA


promessa de regulamentar, acabaria por des- CLÍNICA. ABEClin.org.br. 2016. Acessado em 22
mantelar e burocratizar o exercício da Engenharia de set de 2020.
Clínica no Brasil, leva a reexões acerca da Disponível em:<http://www.abeclin.org.br/>.
necessidade que tem o país desses prossionais.
Com quase 7 mil hospitais, sendo públicos por BRASIL. Conselho Federal de Engenharia e
volta de 3 mil deles, no Brasil não há sequer Agronomia - Resolução 1.073/2016.
prossionais formados o suciente para ocupá-
los, seja em Engenharia Biomédica ou especiali- BRASIL. Conselho Federal de Engenharia e
zação para Engenharia Clínica. Agronomia - Decisão PL 1843/2016.

Regulamentar a prossão do Engenheiro BRASIL. Conselho Federal de Engenharia e


Clínico não é uma mera formalidade, nem Agronomia - Decisão PL 0490/98.
mesmo reserva de mercado, 'classismo' ou sindi-
calismo. Regulamentar a Engenharia Clínica é ANVISA. Agência Nacional de Vigilância
necessário para a inserção do prossional no Sanitária. CAP. 4 - A ENGENHARIA CLÍNICA
contexto da saúde, o que já aconteceu no mundo COMO ESTRATÉGIA NA GESTÃO HOSPITALAR.
há 20 ou 40 anos, dependendo do lugar. Por ser
um país que possui um Sistema Público de Saúde

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A MODELAGEM DA INFORMAÇÃO DA CONSTRUÇÃO,


COMO UMA MEDIDA DE CONTROLE A PANDEMIA
NA CICLO DE VIDA DA CONSTRUÇÃO
Autora: Iasmin Jaime - Arq. Me.
Administrar edifícios tem se tornado um
desao principalmente no cenário atual, mas a
utilização de tecnologias permite que esse proces-
so seja facilitado. A aplicação de softwares e
sistemas de gestão e gerenciamento permitem
que atividades relacionadas ao Facilities
Management sejam facilmente executadas. Um
sistema de gerenciamento integrado permite que
as organizações gerenciem, analisem e relatem
informações sobre a operação e manutenção de
edifícios.

No Brasil ainda discutimos pouco sobre a


operação e manutenção de edifícios, a gestão de
espaço, de ativos, de sustentabilidade e a manu-
tenção das instalações são assuntos distantes
para as incorporadoras, construtoras e também
para o mercado imobiliário. Mas ao mesmo
tempo um assunto urgente e que reete direta-
mente no momento que estamos vivendo, discu-
Iasmin Jaime
te-se o cenário pós-pandemia, mas pouco se fala
de como estratégias de gestão que podem auxili-
ar e criar diretrizes para o 'novo normal'. uma mudança em todo processo do ciclo de vida
da construção. O decreto Nº 10.306 de abril de
2020 estabelece a utilização do BIM na execução
O BIM tem se tornado direta ou indireta de obras e serviços de engenha-
uma proposta de ria realizada pelos órgãos e pelas entidades da
valor na melhoria administração pública federal. Um decreto
recente, mas uma discussão antiga e que precisa
da eficiência, coleta, de visibilidade, am de melhorar e ampliar a
trasmissão e aplicação do BIM no Brasil.
compilação de registros
Mesmo com o estabelecimento de decre-
de informações tos, criação de normas, ainda gerenciamos
pouco os espaços sejam eles públicos ou priva-
dos. O BIM tem se tornando uma proposta de
valor na melhoria da eciência, coleta, transmis-
A Modelagem da Informação da são e compilação de registros de informações,
Construção, ou mais conhecido como BIM (Buil- sejam elas geométricas atreladas aos objetos do
ding Information Modeling), trouxe na sua aplica- modelo ou todo o conjunto de informações
ção uma série de reexões para a Indústria da (notas, garantias, contratos etc.) que a construção
Construção Civil e também na gestão de serviços, de um novo edifício pode gerar.

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Considerando todo o ciclo de vida de uma zar a colaboração entre todos os agentes e a
construção, é perceptível que a fase operacional é interoperabilidade de diversas áreas. A norma se
atualmente a principal contribuinte no custo da aplica a todo o ciclo de vida de um ativo construí-
manutenção da edicação, esse valor chega a ser do evidenciando a importância dessas informa-
de cinco vezes maior que o custo inicial do investi- ções na operação e manutenção diária de uma
mento de uma edicação. Nos últimos meses edicação, além da importância da qualidade de
cou latente a necessidade ambiental e até cada informação entregue baseadas nos níveis
mesmo econômica de realizar o gerenciamento de detalhe e nos níveis de informação.
das edicações, em toda complexidade das
instalações existentes. Da necessidade de econo- O processo de construção virtual tem o
mia com gastos de manutenção e infraestrutura objetivo de realizar a integração dos diversos
básica (água, energia, gás etc.) até o gerencia- agentes, ativos e informações produzidas, logo a
mento da limpeza dos ambientes. gestão da informação é um processo BIM. A
integração de diversos modelos em um único,
Um grande problema existente na cadeira conhecido como modelo federado permite a
produtiva são os intervenientes e as trocas de realização de uma coordenação espacial de um
informações. Grande parte das construções edifício. No momento atual é importante que
brasileiras não aproveitam as informações no esses modelos ajudem no controle da pandemia,
decorrer de todo ciclo de vida da construção, e não apenas no pós-pandemia. É preciso pensar
muito menos da gestão e operação de edifícios. como a adoção desses modelos seja por meio de
Existe um problema latente na gestão da informa- simulações virtuais ou na operação dos edifícios
ção, e que precisa ser superado urgentemente criam novas soluções no processo de gestão,
para a 'real' aplicação do BIM. fornecendo conforto, higiene, manutenção e
infraestrutura adequada com um custo mais
A norma ISO 19650 apresenta questões baixo tanto para o gestor como para o usuário
importantes a m de otimizar a utilização dos nal.
dados, através da padronização é possível viabili-

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PERSPECTIVAS ATUAIS DE
AUTOMAÇÃO E ROBÓTICA
Autor: Murilo Leal - Eng. Eletricista, Associado e 2° Tesoureiro ABEE-GO
INTRODUÇÃO funcionamento do sistema e especicações de
compra ou manutenção;
Nos primórdios da computação, poucas - Sistemas de comunicação, e em especial, redes
pessoas tinham acesso ao hardware ou ao soft- de computadores;
ware. Com a popularização da informática, os - Instalações elétricas, pois toda planta automati-
computadores passaram a fazer parte do dia-a- zada exige potência e energia.
dia do ser humano e da sua cultura informal.
SOFTWARE ATUAL
A Automação e a Robótica tem sido especi-
alizações almejadas por engenheiros da modali- Após a invenção do CLP (Controlador
dade eletricista há anos. De fato, esses serviços Lógico Programável), esses dispositivos passaram
são valorizados pela eterna carência de prossio- a dominar os sistemas automatizados. Era impe-
nais experientes, e pela exigência de alta quali- rativo o desenvolvimento de uma norma para
dade e intolerância a falhas decorrentes do padronização desses equipamentos. Isso foi
capital envolvido neste mercado. Ainda hoje, alcançado pela norma IEC 61131 que normati-
ambas permanecem com uma certa mística, zou desde os requisitos de equipamentos e testes
provavelmente pela diferenciação de seus equi- de comissionamento até as linguagens de pro-
pamentos, pela utilização de termos próprios, ou gramação (parte 3). Essa norma prevê o desen-
pela ausência de marketing massivo sobre esses volvimento de lógicas para CLP na forma de:
assuntos.
1. Lógica Ladder;
A exigência de prossionais muito especia- 2. Blocos de Funções;
lizados fez com que a usabilidade, a acessibilida- 3. Texto estruturado;
de e a comunicabilidade destes ambientes não 4. Lista de Instruções;
evoluíssem na mesma velocidade dos sistemas 5. Gráco de Função Sequencial.
computacionais ordinários.
Diante tais fatos, quais seriam as perspectivas Existem softwares (CODESYS, por exem-
atuais dessas áreas? plo) que permitem a programação em qualquer
uma das formas citadas, permitindo a fácil con-
AUTOMAÇÃO E ROBÓTICA versão entre elas.
A parte 7 desta norma (IEC 61131-7)
A Robótica é um tipo especial de chega a denir o uso de linguagem de programa-
A u t o m a ç ã o , d e n o m i n a d a “A u t o m a ç ã o ção difusa (Fuzzy Control Language – FCL), uma
Programável”. Ambos assuntos estão profunda- abordagem importante da Inteligência Articial
mente relacionados. (IA).

Os conhecimentos necessários para o HARDWARE ATUAL


exercício dessas ênfases divergem um pouco
daqueles que atraem alunos para maior parte Numa primeira análise, a evolução do
dos cursos de engenharia da modalidade eletri- hardware de automação deveria seguir a dos
cista. São eles: componentes para computadores pessoais.
Os requisitos de segurança e estabilidade
- Programação de computadores em diversos dos sistemas, aliados ao alto grau de especializa-
níveis; ção dos usuários, pelo contrário, provocaram a
- Mecânica ou eletrônica, para a compreensão do permanência de microcontroladores clássicos (e

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de baixo custo como o 8051 e seus derivados) por e o controle remoto de plantas elementares, por
muitos anos. técnicos plantonistas através de celular, é uma
perspectiva atual bastante signicativa.
A mudança nesse cenário somente ocor-
reu posteriormente, devido à necessidade da ROBÓTICA
conectividade através de padrões como Ethernet
e protocolos abertos como o TCP/IP. A Robótica Industrial se manteve, por
muitos anos, acima de qualquer popularização.
A prototipagem através de dispositivos O alto custo dos robôs, assim como de todo
integrados com o Arduíno, abriram a possibilida- sistema a sua volta (valor equivalente ao do robô),
de do desenvolvimento de soluções por entusias- impediu o acesso tanto ao software quanto ao
tas em automação. hardware.

A solução encontrada foi a adoção de


simuladores computadorizados de robôs. Desta
forma, quando o programa é executado, os
movimentos 3-D que seriam provocados no robô
são representados na tela de um computador
comum.

Infelizmente, os programas especícos


para os melhores robôs, e que dariam o conheci-
mento prático denitivo sobre o assunto, são
muito caros.

A programação das movimentações exige


formação no software especíco, conhecimento
de sistemas de coordenadas cilíndricas ou esféri-
cas, e física de forças e vetores.

Isso está mudando totalmente com o


advento dos Cobots ou Robôs Colaborativos. São
CONECTIVIDADE robôs destinados a interagir com seres humanos
em um espaço de trabalho compartilhado. Não
Uma exigência absoluta dos modernos existe risco para o ser humano trabalhando no
dispositivos de automação é a conectividade. mesmo ambiente.
Não existe mais espaço para equipamentos cujo
acesso seja complicado ou exija sistemas proprie-
tários. Bluetooth, wi- ou ethernet devem ser
sucientes para tais acessos.

A utilização de protocolos abertos de


automação (Modbus, por exemplo) em microcon-
troladores tem sido suciente para permitir a
integração com sistemas supervisórios remotos.

Sistemas supervisórios livres como o


ScadaBR possibilitam o desenvolvimento de telas
compatíveis tanto com computadores pessoais
quanto com celulares. A monitoração de alarmes

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A sua programação, por outro lado, é A programação das


muito simples: a movimentação é denida por
'way-poins' ou pontos críticos pelos quais o braço movimentações exige
mecânico do robô deve passar. A movimentação formação no software
completa do robô passa a ser uma coleção destes
'way-poins'.
específico, conhecimento
de sistemas de coordenadas
A programação dos esforços mecânicos
também é simplicada pela parametrização de
cilíndricas ou esféricas,
valores como 'peso máximo' de carga ou 'veloci- e física de forças e vetores.
dade máxima' de movimentação.

Toda movimentação cessa imediatamente


se ocorre o choque inesperado com qualquer
objeto ou ser humano.

CONCLUSÕES

A facilidade de programação de sistemas


de automação até utilizando Inteligência
Articial, é uma realidade.

A prototipagem possibilita um rápido


desenvolvimento de sistemas, inclusive para
Automação Residencial, permitindo a populariza-
ção deste setor, anteriormente disponível apenas
para residências de luxo.

A fronteira está hoje na redundância, ou


seja, na capacidade de um dispositivo substituir a
função de outro, em caso de defeito ou perda de
comunicação. Normas como a IEC 61850, para
a sosticada automação de sistemas elétricos,
estruturam versáteis arquiteturas de rede exata-
mente com esse objetivo.

Os robôs colaborativos, segmento que Murilo Parreira Leal nasceu em Brasília-DF.


está apresentando maior crescimento devido ao Engenheiro Eletricista (UFG - Universidade
seu baixo custo, apresenta grande facilidade de Federal de Goiás). Mestre em Engenharia Elétrica
instalação e programação. (Sistemas de Automação) pela Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo (USP). Autor do
Diante desses fatos, percebemos uma livro 'Lógica Matemática e Inteligência Articial'.
provável popularização da Automação e Consultor em Automação e Robótica. Professor
Robótica inclusive para novos setores, com a dos cursos de Análise de Sistemas, Engenharias
consequente necessidade de mais prossionais, Elétrica e da Computação na Uni-
sem entretanto, exigir deles uma grande expe- ANHANGUERA. Professor de cursos de pós-
riência especíca. graduação ministrados pela IDS Educacional e
Uni-ANPEX.

Fonte: (abee-go.org.br/2019/05/01/perspectivas-atuais-de-automacao-
e-robotica/)

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A UTILIZAÇÃO DO LEAN MANUFACTURING PARA


MELHORIA DA PRODUTIVIDADE NAS EMPRESAS
Autora: Jackeline Lares Vasconcellos - Mestra em Engenharia de Produção e Sistemas
INTRODUÇÃO

A losoa do Lean Manufacturing vem


ganhando adeptos desde a década de 80, princi-
palmente no âmbito automobilístico, que foi onde
tudo começou. O termo 'Lean' foi designado
inicialmente quando os americanos Womack,
Jones e Ross (1990) realizaram um estudo sobre a
indústria automobilística no mundo e o Sistema
Toyota de Produção, sistema de produção criado
pelos japoneses no período pós-guerra para
diminuir ou eliminar os desperdícios presentes na
indústria.

O Lean Manufacturing ou Manufatura


Enxuta, como também é conhecido, por meio de
uma variedade de ferramentas consegue imple-
mentar estratégias para obter a melhoria de
processos, melhoria da performance da empresa
com redução de custos, redução de desperdícios
e a maximização do lucro. A principal premissa
do Lean Manufacturing é enxergar dentro dos
processos/ serviços o que realmente agrega valor Jackeline Lares Vasconcellos
e o que não agrega, ou seja, aquilo que o cliente
realmente enxerga como valor e está disposto a desde o surgimento da indústria, a evolução do
pagar por ele. manual para a automação, produção em batela-
da tem foco na produção em grandes quantida-
Dessa maneira, o processo produtivo des o que reduz substancialmente a qualidade.
aumenta a eciência, a empresa reduz seu lead Os autores em contrapartida apresentam o lean
time de entrega e se torna mais exível às deman- como ferramenta de aumento da qualidade.
das do mercado. Em vez da busca por alto investi-
mentos por tecnologia, procura-se inicialmente Neste contexto, o artigo tem por objetivo
entender melhor os uxos de valor da empresa e o apresentar os princípios do Lean Manufacturing,
que pode ser melhorado. seus desperdícios, os segmentos de empresas que
mais tem pesquisado e desenvolvido projetos com
O Lean Manufacturing popularmente a losoa Lean e algumas das ferramentas
conhecido também como modelo de manufatura utilizadas para aumento de produtividades nas
enxuta, se tornou popular através do sucesso empresas.
obtido pela indústria japonesa (JUNIOR, 2019). E
tem ganhado notoriedade desde o seu surgimen- CONCEITOS E DEFINIÇÕES
to, resultando em produção cientíca e aplicação
prática em muitas empresas do segmento indus- “A produção enxuta nasceu com o objetivo
trial. de desenvolver processos e procedimentos
através da redução contínua de desperdícios em
Costa et al. (2019) faz uma analogia todas as suas fases como excesso de estoques nas

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estações de trabalho e alto tempo de espera nos tante dentro do dia a dia da empresa.
processos. Essa constante preocupação em
identicar e eliminar desperdícios é uma das
características centrais do pensamento enxuto Vargas e Pinto (2019) consideram que o
bem como o aspecto da disposição do layout dos sucesso atribuído ao modelo lean, se dá pela sua
recursos transformadores” (SOARES e SILVA, exibilidade para se a adaptar a situações
2017). extremas, seja de altas demandas ou baixas. O
modelo se mostra eciente capaz, evitando
Rebechi e Pinto (2020) apontam como o quebras nanceiras ou perdas na produção.
capitalismo é agressivo e competitivo, dessa
forma surge a necessidade de controle de produ- Vasconcellos, Ferreira e Dos Santos (2019)
ção, viabilizando uma análise crítica dos proces- realizam um estudo com o objetivo de relacionar
sos e insumos que envolvem determinado proces- o lean manufacturing com a melhoria do desem-
so. O lean manufacturing é apontado nessas penho operacional da linha de produção, che-
situações como a melhor opção por começar suas gando ao resultado que os processos com maior
abordagens através dos desperdícios. aderência ao método têm melhor desempenho,
os demais não têm grandes melhorias no desem-
De acordo com Womack e Jones (1996) os penho.
cinco princípios do Lean Manufacturing são:
Felipe et al. (2017) apontam os sete princi-
1. Denir o que é valor, por produto e sob a pais desperdícios que o sistema lean manufactu-
ótica do cliente: O valor, reetido em seu preço de ring, tem como objetivo eliminar, são eles:
venda e demanda de mercado, deve ser denido
pelo cliente apesar de ser produzido pelo fabri- 1.Tempo de Transporte
cante. 2.Tempo de Espera
3.Excesso de Processamento
2. Identicar o uxo de valor para cada 4.Excesso de Produção
produto: Fluxos de valor são as atividades neces- 5.Defeitos e Falhas
sárias para a produção de todos os produtos, isso 6.Tempo de Movimentação
inclui todo uxo de produção, desde a matéria- 7.Excesso de Estoque
prima até chegar ao consumidor nal.
No que se refere ao desperdício de trans-
3. Fazer o valor uir sem interrupções: O porte é possível avaliar as movimentações desne-
uso do uxo contínuo proporciona a redução de cessárias de materiais, produtos ou informações.
esperas entre atividades e do nível de estoques. Resultando em aumento no tempo, esforço
Dessa maneira eliminam-se las e é possível desempenhado e custo, podendo acontecer entre
produzir em conformidade com o ritmo da fábricas, setores ou dentro de um único setor.
demanda. Muito parecido com o desperdício de transporte
cabe citar o desperdício de movimentação,
4. Puxar a produção: Puxar a produção é referente a movimentação desnecessária de
uma forma de controle da produção, as ativida- pessoas, ou seja, qualquer movimento que o
des de uxo iniciais (como um pedido) avisam as funcionário necessite realizar que não contribua
atividades uxo posterior sobre suas necessida- para gerar valor ao produto ou serviço é desper-
des, ou seja, tentando eliminar a produção em dício e deve ser eliminado.
excesso.
Dois tipos de desperdícios são gerados
5. Buscar a perfeição: Nunca se acomo- quando a produção não está bem nivelada com
dar com as melhorias implantadas no processo as demandas de mercado, são eles: excesso de
produtivo, buscar a melhoria contínua dentro dos estoque e excesso de produção. O excesso de
processos e manter o espírito de inovação cons- produção é o maior desperdício das empresas,

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também considerado como a fonte de todos os Defeitos e falhas, produtos que necessitam
outros desperdícios. ser recuperados ou sucateados. É comum encon-
trar defeitos tendo como causa: Instruções erra-
Como o próprio nome já sugere, a empre- das, solicitações incompletas, descumprimento
sa produz além do que é necessário, o que impli- de prazos, utilização de matéria-prima fora das
ca no uso de matérias-primas, mão-de-obra e características necessárias.
transporte desnecessário gerando um excesso de
estoque, o que usualmente acontece por falta de No Brasil, além dos sete desperdícios
coordenação entre demanda e produção. aborda-se a existência do oitavo desperdício,
chamado de desperdício do conhecimento
Sanomia (2018) aborda a questão da intelectual. Esse desperdício trata da não utiliza-
busca constante de formas de se agregar valor ção ou subutilização do talento, habilidade e
aos produtos associada a velocidade de aumento conhecimento das pessoas que estão envolvidas
das necessidades dos clientes. Dessa forma a na realização das atividades do processo produti-
redução de estoques evita um dos desperdícios, vo, com sugestões, ideias e críticas não aproveita-
exibilizando a linha de produção para que das.
sempre seja capaz de atender as demandas.
PRINCIPAIS FERRAMENTAS LEAN
Genari e Cecconello (2020) propõe o
desenvolvimento de um modelo de simulação Existem diversas ferramentas para se
para aplicação do lean, o ambiente criado permi- trabalhar quando tratamos do Lean, neste artigo
tiu ao grupo gestor a visualização completa dos trataremos a respeito de cinco ferramentas, são
processos produtivos, a utilização das ferramen- elas: Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV),
tas do método proporcionou opções de otimiza- Cronoanálise, 5S e Fluxo Contínuo.
ção produtiva.
MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR
O excesso de processamento pode ser
compreendido como uma ação que adiciona “É seguir a trilha da produção de um
mais valor do que os clientes estão dispostos a produto, desde o consumidor até o fornecedor, e
pagar. Desse modo, qualquer atividade custo e cuidadosamente desenhar uma representação
não valor, é candidata à investigação e elimina- visual de cada processo no uxo de material e
ção. Alguns exemplos desse desperdício podem informação. Então, formula-se um conjunto de
ser citados como a execução de processos com questões-chave e desenha-se um mapa do
ferramentas, procedimentos ou sistemas não estado futuro de como o processo deveria uir.
apropriados, além de etapas não necessárias no Fazer isso repetidas vezes é o caminho mais
processo. simples para que se possa enxergar o valor e,
especialmente, as fontes do desperdício.
O tempo de espera é qualquer atraso entre (ROTHER & SHOOK, 1999)”
o m de uma atividade de um processo e o início
da atividade seguinte. Períodos longos de inativi- A utilização do MFV é geralmente a etapa
dade de pessoas, máquinas, produtos, recursos inicial de um trabalho de Lean, pois em uma
de transporte ou informações, resultando em imagem o processo é retratado de ponta a ponta,
uxos pobres e longos lead times. desde os insumos, transformação do produto e o
produto nal.
Esse é outro tipo de desperdício comumen-
te encontrado dentro de um processo produtivo, a Com o desenho de MFV do Estado
citar: máquinas com longos setups, quebras de Presente de determinado processo é possível
máquinas, desbalanceamento de produção entre enxergar as oportunidades de melhoria que
setores que fabricam um mesmo produtivo ou que determinada atividade possui e através do mape-
tem dedicação compartilhada. amento é traçada a base de um plano de imple-

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mentação de ações para melhorar o Estado sa, seus principais fornecedores, rotinas de
Futuro do processo mapeado. entrega de matéria-prima, principais clientes,
No MFV também são inseridas informa- demanda mensal e diária e rotinas de expedição
ções sobre uxo de informações, ou seja, qual a do produto.
forma de planejamento de produção da empre-

Figura 1
Modelo de Mapeamento
de Fluxo de Valor

BENEFÍCIOS DO MFV 5S

Ÿ Ajuda a ver mais do que somente processos O 5S é formado por 5 pensamentos e representa-
singulares, mas em um uxo integrado de do por 5 palavras japonesas. São elas:
valor até o cliente nal
Ÿ Ajuda a identicar causas de desperdícios Ÿ Seiri: Senso de utilização: Refere-se à elimi-
Ÿ Integra o uxo de material com o uxo de nação do útil e inútil de uma área ou estação
informação de trabalho e o que não será necessário para
Ÿ Trabalha o design do Fluxo de Valor anterior- utilização.
mente a otimização do layout Ÿ Seiton: Senso de ordenação: Refere-se à
Ÿ Serve como base para melhoramentos organização de um setor. O material deve ser
práticos e para o plano de implementação organizado e guardado em local padrão.
Ÿ É mais útil que muitas análises quantitativas Ÿ Seisou: Senso de limpeza: Refere-se a elimi-
Ÿ Reúne diversas metodologias, foca no lead nar ou mitigar fontes de sujeira de um setor.
time, nos estoques e na exibilidade Ÿ Seiketsu: Senso de saúde: este é voltado aos
Ÿ Consequências de decisões podem ser três S anteriores, estabelecendo a eliminação
demonstradas das desordens, melhorar as condições de
Ÿ Serve como uma “língua” ou uma base de trabalho e cuidar sempre da saúde e higiene
comunicação bastante clara – ideal para pessoal.
trabalhos em equipe. Ÿ Shitsuke: Senso de autodisciplina: Refere-se
a manter tudo o que foi realizado nos outros
4'S, realizar auditorias para manter o padrão
que foi estabelecido.

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ARTIGO REVICON OUT/2020

CRONOANÁLISE ser realizado tanto em linhas de produção quanto


em células de produção” (DE OLIVEIRA e
A cronoanálise é utilizada para medição FENERICH, 2018).
de tempos, realizando uma avaliação inicial dos
tempos dos operadores para realizar determina- CONCLUSÃO
da atividade, além da coleta de tempos a cronoa-
nálise analisa as ferramentas, métodos e materia- O Lean tem como premissa a redução de
is utilizados para execução de uma tarefa. A desperdícios por meio de métodos e ferramentas
utilização de cronoanálise gera importantes citados neste artigo. Sozinho ou associado a
informações, através de suas avaliações é possí- outros métodos, escalas de análise e modelos
vel mensurar as tarefas que agregam valor, que produtivos, o Lean Manufacturing se mostra
não agregam valor e o que é incidental dentro de muito capaz em diferentes ambientes produtivos.
uma atividade.
Seja qual for o segmento se torna impor-
O Lean Manufacturing utiliza a cronoaná- tante o planejamento da linha de produção, e o
lise para descobrir em que parte do processo modelo de manufatura enxuta apresenta princípi-
existe desperdício de tempo o ou como reduzir o os que buscam reduzir desperdícios de tempo,
tempo do processo. Visando obter o máximo insumos e principalmente a manutenção de
rendimento do processo produtivo e com o estoque que se torna um custo para a maioria das
mínimo de investimento possível. empresas.

FLUXO CONTÍNUO Tudo isso de forma direta ou indireta afeta


no aumento da qualidade do produto, sem
O objetivo desta ferramenta faz jus ao dúvida também na tão buscada agregação de
nome, ou seja, que a produção tenha um ritmo valor ao produto o que mostra uma grande
sem paradas ou interrupções. Para iniciar um eciência do Lean ao que é proposto pelo
trabalho de uxo contínuo é importante observar método. Com as intervenções através da utiliza-
as seguintes etapas: ção da losoa Lean ca evidente a melhoria no
foco em atividades que agregam valor, melhoria
na produtividade e eciência das empresas,
1. Na primeira etapa, é importante a processos mais inteligentes sendo demandados
denição de conjuntos e famílias de produto a quando existe real necessidade de produção
partir de uma análise detalhada das operações (orientado ao cliente) e não direcionado a esto-
para cada componente a ser fabricado e usado. que, melhor utilização de recursos internos e a
atrativa característica de obter expressivos resul-
2. Na segunda etapa, é desenhado o tados sem necessidade de grandes investimentos.
alinhamento de todas as famílias de produto na
sequência dos processos produtivos que serão REFERÊNCIAS
aplicados.
WILSON, Lonnie. Como implementar manufatura
3. Na terceira etapa, é realizada uma enxuta . Nova York: McGraw-Hill, 2010.
observação crítica sobre cada processo visando FELIPE , Vitor et al. Application of Lean
reduzir tempo, esforços e desperdícios. Construction Philosophy in the Productive Process
of a Civil Construction Sector's
“Produzir em um uxo contínuo signica movi- Company/Aplicacao da Filosoa Lean
mentar e processar apenas um produto por vez, Construction no Processo Produtivo de uma
durante uma série de processos contínuos, sendo Empresa do Setor de Construcao Civil. Revista
que cada etapa se realiza apenas o que é exigido Exacta, v. 15, n. 4, p. 77-90, 2017.
pela etapa seguinte. Normalmente também JÚNIOR, Raimundo Cezário Mota. Avaliação de
chamado de one piece ow, o uxo contínuo pode implementação lean manufacturing: estudo de

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caso no setor de manutenção de uma siderúrgica Suporte a Aplicação dos Conceitos do Lean
de grande porte. Revista Produção Online, v. 19, Manufacturing. Scientia cum Industria, v. 8, n. 2,
n. 3, p. 981-1000, 2019. p. 30-40, 2020.
VARGAS, Tiago Bernardino; PINTO, Geraldo SOARES, Paula Cristina; SILVA, Raino Cezara.
A u g u s t o . L E A N M A N U FAC T U R I N G, Resultados obtidos com a implementação de
FLEXIBILIDADE E A INDÚSTRIA BRASILEIRA. conceitos de Lean Manufacturing em uma indús-
Ideação, v. 21, n. 2, p. 159-175, 2019. tria metal–mecânica. 2017.
REBECHI, Claudia Nociolini; PINTO, Geraldo DE OLIVEIRA, Leonardo Mailho; FENERICH,
Augusto. Da lean manufacturing à smart factory: Francielle Cristina. IMPLEMENTAÇÃO DE
a comunicação nos processos de organização do CONCEITOS DO LEAN MANUFACTURING NO
trabalho no capitalismo contemporâneo. Revista PPCP EM AMBIENTE ETO: UM ESTUDO DE CASO
Contracampo, v. 39, n. 1, 2020. EM UMA EMPRESA DE COMUNICAÇÃO VISUAL.
COSTA, Endria Rayana da Silva et al. Aplicação Trabalhos de Conclusão de Curso do DEP, 2018.
das ferramentas do Lean Manufacturing em uma
fábrica de congelados em Manaus. 2019. BIOGRAFIA
SANOMIA, Patricia Eiko. Implantação da meto-
dologia Lean Manufacturing em uma fábrica de Jackeline Lares Vasconcellos é Mestra em
móveis para laboratório do Centro-Leste Paulista. Engenharia de Produção e Sistemas pela PUC-
2018. Trabalho de Conclusão de Curso. GO (2020), possui pós-graduação em Gestão da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Qualidade e Engenharia de Produção e gradua-
VASCONCELLOS, Luis Rigato; FERREIRA , da em Engenharia de Produção pelo Centro
Fernando Coelho; DOS SANTOS, Marcos Souza. Universitário Franciscano do Paraná. Trabalha
A relação das práticas do Lean Manufacturing e o como consultora de Serviços e Tecnologia e
desempenho operacional: um estudo no setor de Inovação no Instituto SENAI de Tecnologia em
autopeças. Revista Gestão & Tecnologia, v. 19, n. Automação - Goiás, atuando em consultorias
5, p. 276-295, 2019. relacionadas ao processo produtivo em diversos
GENARI, Clefer; CECCONELLO, Ivandro. A segmentos industriais.
Simulação Computacional como Ferramenta de

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